Relatório DLA Piper Avaliação Digital de Saúde Mental
Introdução • Os riscos psicossociais e o stress são os maiores desafios relacionados com a segurança e a saúde no trabalho, tendo um impacto significativo na saúde de pessoas, organizações e economias nacionais; • Esses riscos são decorrentes de um contexto social de trabalho problemático, numa perspetiva mais global, e défices na conceção, organização e gestão do trabalho, numa perspetiva mais específica. As causas mais referidas para o stress relacionado com o trabalho são a insegurança laboral, a carga de trabalho excessiva, bem como o assédio e a violência no trabalho. • As consequências desses riscos podem surgir no âmbito psicológico, físico e social. Manifestações comuns envolvem stress relacionado com o trabalho, ansiedade, esgotamento e depressão; • Cerca de metade dos trabalhadores europeus considera o stress um fator comum no local de trabalho, contribuindo para cerca de 50% dos dias de trabalho perdidos, sendo frequentemente objeto de incompreensão e estigmatização; • Os riscos psicossociais devem ser abordados enquanto problema organizacional e não falha individual, sendo controlados da mesma forma que outros riscos de saúde e segurança no local de trabalho. Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho
Introdução O Avaliação Digital de Saúde Mental é imprescindível para dar início a um bom plano de gestão de saúde e segurança ocupacional. Auxilia a: • Criar consciência dos riscos e suas potenciais consequências; • Identificar quem pode estar em risco para problemas de saúde mental; • Determinar se as medidas preventivas são adequadas ou se algo mais deve ser feito; • Prevenir o aparecimento de doenças, quando realizado precocemente; • Hierarquizar, priorizar riscos e definir medidas de controlo; • Automatizar o sistema de recolha de dados, análise, e emissão de relatórios; • Concretizar a organização, sistematização e controlo da informação.
A ação de Avaliação Digital em Saúde Mental está alinhada com o objetivo Saúde e Bem-estar da ONU
Objetivos A Avaliação Digital de Saúde Mental foi desenvolvida com os seguintes objetivos: • Promover a sistematização dos dados, permitindo agilidade, controlo e consolidação da informação em saúde mental; • Identificar fatores de risco para a saúde mental e hierarquizar o risco populacional; • Gerar indicadores globais e relatórios específicos, produzindo um dashboard analítico com visão dos dados em tempo real; O presente relatório foi elaborado com o principal objetivo de: • Orientar a tomada de decisão em relação à saúde mental dos colaboradores, apresentando informações relevantes sobre a população estudada.
Método Metodologia • Para este levantamento, foi utilizado uma metodologia transversal, consistindo numa única recolha de dados; População: • Foi realizada uma entrevista/questionário, considerando toda a população de trabalhadores do escritório de Lisboa, de 90 trabalhadores; • Para o cálculo do tamanho mínimo da amostra, foram adotados os seguintes parâmetros: margem de erro (percentagem que descreve em que medida a resposta da amostra representa uma aproximação ao “valor real” da população) de 5% e nível de confiança (medida do nível de precisão com que a amostra reflete a população dentro da margem de erro) de 95%. Assim sendo, foi estabelecida uma base de, pelo menos, 73 participantes; • Até ao momento, foram recolhidos os dados de 79 colaboradores.
Método Protocolo: • O instrumento de recolha consistiu numa entrevista estruturada composta, principalmente, por questões acerca de hábitos referentes à saúde mental, sintomas psicológicos e psiquiátricos, fatores de risco no trabalho e COVID-19. O referido protocolo digital de recolha de dados foi desenvolvido especificamente para esta população, com base na literatura; Logística: • As entrevistas foram realizadas de forma virtual, preenchidas através de um link enviado para os participantes, de 4 a 19 de março de 2021; Ética: • Nenhuma questão da entrevista foi obrigatória de modo a preservar a liberdade dos participantes. Os dados foram recolhidos sem identificação permitindo o anonimato da amostra.
Resultados Amostra • Atingiu-se 88% do total da população-alvo (90), num total de 79 participantes. • Estes dados foram recolhidos durante um período de 16 dias, tendo o pico da adesão ocorrido no primeiro dia.
Resultados Amostra • A amostra foi maioritariamente, constituída por advogadas de 31 e 40 anos, casadas e com mestrado.
Resultados Riscos gerais: contexto profissional 22,79% A estratificação “Risco no contexto profissional” refere-se aos seguintes parâmetros: • Características do trabalho • Ambiente de trabalho • Carga de trabalho • Liberdade e autonomia • Comunicação • Responsabilidade • Exigência emocional • Exigência cognitiva • Cooperação no trabalho • Exposição à violência no trabalho • Recompensas e benefícios no trabalho • Satisfação com o trabalho • Compatibilidade do trabalho com características individuais • Satisfação com aspetos da organização • Limite entre as exigências do trabalho e a vida privada • Exigências emocionais e cognitivas do teletrabalho • Aspetos positivos e negativos do teletrabalho Observa-se que esta população apresenta, na sua maioria, risco baixo no que se refere a questões diretamente relacionadas ao trabalho, com prevalência de 23% de médio e alto risco Os riscos encontrados apesar de exacerbados, são riscos já existentes em momento pré pandemia.
Resultados Destaques contexto profissional • Foram identificados domínios onde a população apresentou maior risco, no que se refere ao contexto de trabalho. • A população estudada reportou aumento de funções - porém com pouca evolução formal na carreira -, exigência emocional e cognitiva e elevada carga de trabalho.
30,38% Resultados Riscos gerais: fatores ambientais • A estratificação “Fatores ambientais” refere-se à prática de atividades físicas, ao uso do tempo livre, rede de suporte e apoio, vivências no último ano e fontes de stress na rotina. • Quase 40% da população encontra-se em médio risco neste parâmetro avaliado. Os principais responsáveis são as fontes de stress na rotina diária, com destaque para o impacto da pandemia, sono e trabalho.
59,49% Resultados Riscos gerais: condições e sintomas • A estratificação “Condições clínicas e sintomas” refere-se a diagnósticos de transtornos psiquiátricos, risco de suicídio e sintomas de depressão, ansiedade, stress e problemas com o sono. Do total, 59% da população apresentou risco médio ou alto neste parâmetro, revelando um impacto das questões emocionais no estado de saúde destas pessoas.
Resultados Destaques condições e sintomas • Em “condições clínicas e sintomas” destacaram-se os sintomas de stress, com 50% da população a apresentar sintomas moderados e graves. • A nível dos sintomas de sonolência e fadiga, 44% da população apresenta sintomas moderados e graves.
Resultados Riscos gerais: Destaques condições e sintomas • Foi observado que 86% e 77% dos colaboradores optaram por não responder a algumas questões relacionadas com a realização de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico e acerca de sintomas depressivos, respetivamente. A opção “Não informado” nos gráficos engloba os indivíduos que passaram pela questão sem responder, apenas passando à pergunta seguinte. • Essa falta de respostas nessas questões específicas pode indicar um viés de desejabilidade social, revelando uma tendência em tomar decisões considerando a maneira que os outros podem avaliar nossas escolhas e postura. • A elevada prevalência de pensamentos negativos (31%) denota a presença de sintomas depressivos, independentemente dos mesmos terem sido ocultados.
Conclusões • A amostra estudada apresentou um risco elevado para: exigências no trabalho, sintomas de sono e fadiga, stress e tabagismo, sendo os fatores de risco mais prevalentes na presente recolha de dados. • Pode concluir-se que a mudança sustentável para um estilo de vida saudável, tendo a saúde integral como um valor, orientando os advogados a realizarem escolhas saudáveis de forma autónoma e a identificarem recursos que beneficiem a sua qualidade de vida será um importante resultado desta iniciativa. Com estes resultados pretende obter-se uma melhor gestão de recursos (financeiros, humanos e físicos). • Por se tratar de uma ferramenta digital que consolida informações em saúde em tempo real (e não uma pesquisa estanque) conforme novos ciclos de recolha sejam realizados, bem como novas informações sejam incorporadas no painel analítico, será possível não só acompanhar as mudanças no perfil epidemiológico e de necessidades da população ao longo do tempo, como também, avaliar e aprimorar as ações em termos de custo-efetividade, direcionando o investimento para as verdadeiras exigências da população alvo. • Aliar inovação e tecnologia ao processo de gestão, incluindo a consolidação da informação, monitorização, coordenação e planeamento, considerando os dados relativos a cada estrato e às suas especificidades, potenciará certamente o envolvimento da população-alvo em comportamentos saudáveis. • Conhecer os dados da população é o primeiro passo para planear ações baseadas em evidências, que tenham como objetivo impactar os comportamentos relacionados com a saúde, reduzindo a ocorrência e a gravidade de patologias e sintomas, aprimorando assim, a saúde mental e a qualidade de vida desta população. • Risco Médio e Alto: Cabe destacar que, apesar do Risco Alto estar relacionado a sintomas patológicos, o Risco Médio também é preocupante, já que é um indicador fundamental para podermos evitar o avanço para o Risco Alto, atuando de forma preventiva.
Search
Read the Text Version
- 1 - 39
Pages: