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Revista Sophia nº 80

Published by Editora Teosofica, 2021-04-09 19:46:06

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião.

Nesta edição:
• Ao leitor: Fonte de descobertas;
• O legado da sabedoria – Joy Mills;
• O caminho espiritual – Valéria Marques de Oliveira;
• O que é a verdade – Radha Burnier;
• No centro do universo – Brian Swimme;
• Compaixão e contemplação – Deepa Padhi;
• Mecanismos de sobrevivência – Walter Barbosa;
• Cuidadores da Terra – Christina Pateros;
• As quatro emoções mais elevadas – Ayya Khema;
• O ego, a força e o poder – Edi Bilimoria.

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www.revistasophia.com.br ANO 17 • Nº 80 R$ 16,00 Cuidadores da Terra Nos Andes, principalmente no Peru e na Bolívia, os quechua, descendentes dos incas, preservam ensinamentos ancestrais que ensinam a viver em harmonia com a Natureza O caminho As quatro emoções No centro espiritual mais elevadas do universo

Editora Teosófica SHUTTERSTOCK novos horizontes para viver melhor 616P-1l9ai-g83rau63e12c32op47ma98rp04ar63:ar, www.editorateosofica.com.br

SHUTTERSTOCK Cartas Sophia 80 Assuntos especiais Ao leitor Fonte de descobertas Sou colunista e editorialista do jornal da minha região e pretendo citar artigos da revis- 4 ta SOPHIA para divulgá-la ainda mais. Ela é espetacular, aconselho a todos assinar e com- O legado da sabedoria prar. São assuntos especiais e muito bem edi- Joy Mills tados. E o preço é bem razoável, comparado a outras revistas. 5 Aldo Nunes – São Pedro (SP) O caminho espiritual Valéria Marques Fonte de luz de Oliveira Sem dúvidas, a revista SOPHIA tem sido 10 uma fonte de luz para mim. Desde o primeiro exemplar que tive em mãos até as últimas edi- O que é a verdade ções publicadas, não me lembro de nenhuma Radha Burnier matéria que não me fosse interessante, relevan- te ou, como na maioria das vezes, necessária! 14 Por isso, ao por minha visão sobre suas páginas, tenho a certeza de que a cada texto evoluo, No centro do universo me transformando em uma melhor versão de Brian Swimme mim mesmo. 16 Gabriel Assunção Martins – Brasília (DF) Compaixão e contemplação Alimento para a vida Deepa Padhi A revista SOPHIA é um alimento na minha 22 vida. É maravilhoso quando a recebo. Passo um olhar rápido nos textos para me encher de uma Mecanismos de “chuva”de palavras, de assuntos relacionados sobrevivência com a Teosofia. Depois começo a ler, estudar Walter Barbosa os textos, devagar. Leio, sublinho as partes mais significativas e deixo a revista na cabeceira da 28 cama para, todas as noites, reler algo que tenha chamado a atenção. Levo-a sempre quando via- Cuidadores da Terra jo, vou ao médico, ao dentista, quando preci- Christina Pateros so esperar. Não consigo mais ficar sem o meu exemplar. Já faz parte da minha vida. 30 Maria da Graça Gonçalves Vinholi – As quatro emoções Campo Grande (MS) mais elevadas Ayya Khema Evolução do conhecimento 34 Tenho sido um leitor assíduo da SOPHIA e considero de elevada qualidade o material dis- O ego, a força ponibilizado pelos grandes estudiosos da Teoso- e o poder fia. Seus textos, de leitura fácil e agradável para Edi Bilimoria quem deseja evoluir em seus conhecimentos, me induzem a me aprofundar nos temas através 40 de outras obras específicas. Eduardo Cordeiro da Silva – Três Pontas (MG) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica: (61) 3322-7843, comercial@editorateosofica ou [email protected] FOTOS: PIXABAY

[ AO LEITOR ] Fonte de descobertas Olá! Esta é a SOPHIA nº 80, outras pessoas e, contrariamente ao ciência era totalmente materialista, uma revista que busca trazer para que somos capazes de produzir na e a religião, dogmática. A filosofia era você conteúdos que trafegam pela área tecnológica, o grau de incerteza dissociada da qualidade de vida das área da espiritualidade, ciência, re- e inexatidão é amplo e variado. pessoas, que não é apenas material, ligião, filosofia e autoconhecimento, mas tem relação direta com o estado dentro de uma perspectiva de livre Sobre a vida, que normalmente de espírito de cada um. investigação direcionada à verdade. percebemos apenas pelo lado exter- Com uma apresentação que encanta no, desde a concepção até a destrui- Liderado por Helena Petrovna pela beleza de suas imagens, ela pro- ção pela morte, quase nada sabemos Blavatsky e Henri Steel Olcott, foi cura despertar a sensibilidade e uma sobre os aspectos ocultos que produ- iniciado o movimento teosófico consciência sempre mais elevada. zem as maravilhas que podemos ob- moderno, que busca explorar, livre servar no ser humano e na natureza. de crendices e superstições, com o Nós, seres humanos, somos mui- maior grau de verdade e exatidão to orgulhosos do nosso pretenso do- Se no campo tecnológico há ele- possível, as realidades ocultas na mínio sobre a Natureza. Hoje temos vado nível de exatidão naquilo que Natureza. De lá para cá, muita coisa aviões a jato que podem nos deslocar, o ser humano é capaz de produzir, mudou. É impressionante como um em algumas horas, a qualquer parte no terreno existencial somos igno- pequeno número de pessoas que do planeta. Temos comunicação ins- rantes sobre o movimento cíclico pense adiante, que tenha a coragem tantânea que permite falarmos com da vida no processo de despertar da de desbravar áreas da consciência qualquer pessoa, vendo sua imagem consciência para níveis sempre mais ainda não exploradas, rompendo pelo celular, estando ela conectada amplos e elevados. barreiras de preconceitos que vi- também por um celular em qualquer goraram por séculos, é capaz de in- outro lugar do mundo. Em todas as Felizmente hoje a ciência tem fluenciar a consciência da humani- áreas, os avanços tecnológicos pro- se interessado por explorar e tentar dade inteira. Hoje o ecumenismo é duzem maravilhas. entender o que talvez seja para ela o uma realidade, sendo amplamente maior mistério: a consciência. Já se aceito em muitas regiões do planeta. Todavia, as questões essenciais descobriu que há consciência nos ve- A ciência começa a explorar a cons- inerentes à vida humana permane- getais e nos animais. No ser humano, ciência, área que era da religião, cem ocultas. Quem somos? De onde o que se observa é a existência de ní- que, por sua vez, vem se libertando viemos? Onde estaremos daqui a cem veis de consciência que variam mui- de superstições, de dogmas e de fa- anos? Somos apenas o corpo físico to, desde as mentes mais obtusas até natismos. A filosofia está deixando que em algum momento morrerá? os gênios que mudaram os destinos de ser mera especulação intelectual da humanidade inteira. para tentar questionar o viver e a Quando entramos no terreno da qualidade das relações. existência, muito pouco sabemos Há 144 anos, um pequeno gru- sobre os fatos básicos que subjazem po de pessoas, na cidade de Nova Esta é a estrada onde SOPHIA à vida. Aí vamos buscar respostas na Iorque, iniciou um movimento que trafega. Você quer conhecer a si religião, em crenças, em ideias de iria significar um ponto de virada na mesmo? Quer compreender, sempre trajetória humana. Naquela época, a o mais amplamente possível, este movimento extraordinário chama- EDITORA TEOSÓFICA Diretor Comercial: Edição: do vida, em sua expressão objetiva e KIE-KER/PIXABAY Eduardo Weaver Usha Velasco subjetiva, oculta e revelada? Então Setor de Indústrias Gráficas Revisão: venha conosco. Que SOPHIA possa SIG Q. 6, Lt. 1.235 REVISTA SOPHIA • JUL/AGO 2019 Zeneida Cereja da Silva ser para você uma fonte de inspira- Brasília-DF - CEP 70.610-460 Tradução: ção e de descobertas. Fone: (61) 3322-7843 Editor-chefe: Edvaldo Batista de Souza E-mail: editorateosofica@ Marcos Luís Borges de Resende Design gráfico: Boa leitura! editorateosofica.com.br Coordenadora editorial: Usha Velasco Site: www.editorateosofica.com.br Zeneida Cereja da Silva Marcos Luís Borges de Resende Conselho Editorial: Impressão: Diretor da Editora Teosófica Diretor-Presidente: Ígor Mendonça Câmara Gráfika Papel e Cores Ígor Mendonça Câmara Marcos Luis Borges de Resende Distribuição nacional: Diretor-Financeiro: Marília Cossermelli Total Express Publicações Marcos Resende Pedro Oliveira Diretor de Produção: Sergio Moraes * As imagens utilizadas são de Ricardo Lindemann Valéria Marques de Oliveira responsabilidade do editor-chefe Zeneida Cereja da Silva 4 SOPHIA • JUL/AGO 2019

KIE-KER/PIXABAY SOPHIA • JUL/AGO 2019 [ OCULTISMO ] O‘salebgeaddooridaa O legado do qual somos herdeiros é uma sabedoria total, da qual cada princípio é apenas um aspecto do ‘todo. A sabedoria desabrocha numa sequência natural de compreensão Joy Mills* Aqueles cujas vidas, de alguma maneira, foram tocadas pela filoso- fia teosófica tornaram-se herdeiros de uma grande tradição de sabedoria imortal. O conhecimento dessa tradi- ção pode ser obtido pelo estudo, pela contemplação e mesmo pelo debate sobre os princípios da sabedoria. Mas a sabedoria, em si, deriva de um co- nhecimento total no qual a compre- ensão é constantemente expressada nos nossos modos de vida. O legado de sabedoria do qual atualmente so- mos herdeiros é de tal natureza que, a não ser que sejamos transformados por sua qualidade vital, pode se trans- formar numa posse estéril, trancada em livros e inacessível à experiência. Uma premissa fundamental apre- sentada no livro A Doutrina Secreta 5

sugere a existência de uma sabedoria doria desabrocha numa sequência acumulada, verificável pela experiên- natural de compreensão. cia e que pode ser testada por premis- sas científicas. Pode-se dizer que esse O mais importante entre os prin- conhecimento, atestado por gerações cípios é a premissa fundamental de de videntes e sábios, constitui um que existe uma realidade universal pentagrama de lei, que encontra seu na qual tudo está fundamentado, resumo último no ser humano. cuja essência é consciência absoluta incondicionada. O real é totalmente Nas mãos de seus guardiões, que imaterial, como a ciência hoje está são os Adeptos da Sabedoria, este descobrindo e demonstrando; a rea- conhecimento é muito mais do que lidade é, não importa o que aconteça uma coleção de doutrinas; é um todo no campo de força universal de infi- em evolução tão vivo quanto o uni- nita potencialidade. Estamos incrus- verso, que é sua expressão visível. tados nessa realidade una, e todas as Reunir fatos não é encontrar a sabe- “realidades” transitórias obedecem doria; colocar sobre a mesa todas as às leis da realidade universal e indi- partes de um relógio não é experien- visível. Sua qualidade primordial é ciar o seu mecanismo, muito menos percepção, consciência (chit), e por entender o tempo. O legado do qual isso o universo é, em tudo e por tudo, somos herdeiros é uma sabedoria consciente e vivo; em si mesma e por total, da qual cada princípio é ape- si mesma essa realidade é existência nas um aspecto do todo, e o todo é a perene (sat), e sua natureza essencial expressão de uma consciência onia- é harmônica em qualidade (ananda), barcante que é o universo. Confor- permitindo por sua própria natureza me nos foi transmitida pela notável que a beleza e a bem-aventurança da mensageira H.P. Blavatsky, a sabe- ordem surjam em sequência natural. Realidade dinâmica Assim, a segunda premissa sur- ainda não foi contada, mas existe um DAWN RASMUSSEN/PIXABAY ge da primeira: o universo e todas as pulso. A pulsação rítmica no escudo formas fenomenais são manifestação magnético que envolve o planeta sur- periódicas da realidade primeva. A ge do vento solar. No interior da ves- matéria é uma excrescência, uma eje- te magnética, a atmosfera da Terra se ção da realidade, um artifício da rea- expande e se contrai.” O batimento lidade que opera de dentro para fora. pulsante da realidade se desdobra para A matéria é a precipitação da energia, revelar suas próprias privações, para se jamais divorciada de sua fonte, mas definir em fronteiras, pois no interior aparecendo externamente como de- da realidade primeva há o dinamismo monstração transitória da realidade de sua própria natureza. una; o universo de existência projeta o universo de processo. Essa projeção A palavra fohat foi aplicada a es- é periódica, de acordo com o ritmo se dinamismo. O campo universal é inerente à consciência. Em toda par- existência não operacional. A ativa- te ocorre a pulsação da realidade, às ção no interior do campo universal vezes acelerada até a autopercepção, da realidade daquilo que é conhecido como no ser humano, às vezes desace- no Ocultismo como fohat resulta em lerada até ciclos quase imensuráveis, universos operacionais, que são tran- como nas eras geológicas. sitórios e temporais, e constituem as sombras através do real. Não faz muito tempo, um cientista noticiou: “A pulsação do planeta Terra Daí a terceira premissa: o univer- so é chamado maya porque tudo nele 6 SOPHIA • JUL/AGO 2019

é temporário, embora seja suficiente- mente real para os seres conscientes que nele se movem. Aquilo que foi trancado em simultaneidade no inte- rior do real universal revela-se agora, sequencialmente, nos processos de tempo e evolução; consequentemen- te, é chamado maya, pois está sujeito à mensuração. O ser humano, como ser autoconsciente, aprende a utilizar o tempo, a trabalhar através do tempo e com ele, a atingir o processo de evo- lução. Em consequência, o indivíduo é a medida de todas as coisas, como também o medidor de todos os pro- cessos, manipulando tanto o tempo quanto o processo. O quarto ponto do pentagrama é a premissa de que tudo no univer- so, em todos os reinos da Natureza, é dotado de uma consciência de seu próprio tipo, em seu próprio plano de percepção. Uma vez que a realidade fundamental, indivisível e imaterial é totalmente consciente, o fenomenal, embora constitua uma sombra sobre essa realidade, ainda tem raízes na consciência primordial e deve, por- tanto, participar da consciência. Tudo está embutido no real, re- velando-se nas sequências de tempo. Consequentemente, de acordo com a quinta premissa, o universo é con- trolado de dentro para fora. Desenho, padrão e forma são emergentes. Podemos, portanto, visualizar os cinco pontos principais da sabedo- ria perene, um pentagrama de lei ao qual toda a natureza se adapta e que encontra expressão última no ser hu- mano. Tradicionalmente o símbolo do ser humano é a estrela de cinco “Reunir fatos não é en- contrar a sabedoria; co- locar sobre a mesa todas as partes de um relógio não é experienciar o seu mecanismo, muito me- nos entender o tempo.” SOPHIA • JUL/AGO 2019 7

pontas; cada ponta representa uma ULRIKE LEON/PIXABAY “O ser humano está lei universal que ele, por sua própria comprometido a pro- natureza, corporifica. Sua tarefa, en- mover todo o processo te. No casulo ocorre um processo qua- tão, é tornar-se a lei que representa. do qual ele é parte. Es- se miraculoso: todos os órgãos larvais se comprometimento desaparecem, reduzidos a uma emul- Por mais amplo que seja o alcance exige uma autotrans- são viscosa, sem forma nem estrutura do ser humano, por mais que ele cres- formação a partir do distinguível. Numa reorganização que ça, deve ainda permanecer na Terra; interior. A analogia que a biologia não consegue explicar, di- seus pés devem estar plantados em melhor explica isso é a rigida por um misterioso dinamismo algum lugar, pois deve sempre haver metamorfose da lagar- que a ciência ainda não nomeou, ener- alguma base sobre a qual permane- ta em borboleta.” gizada por uma força desconhecida, cer; sua visão avança a partir do ponto essa emulsão aparentemente morta se onde ele está. Permanecendo aqui, um novo modo de crescimento, não transforma numa borboleta, adaptada com a visão limitada e definida por mais no sentido linear, mas uma au- nosso estado atual, podemos ainda totransformação a partir do interior. crescer para cima, até que a consciên- A analogia que melhor explica isso é cia se expanda aos quíntuplos pontos a metamorfose da lagarta em borbo- de sabedoria e compreendamos o que leta, que não se dá de forma linear; tem sido verdadeiro desde o início: o processo só se completa quando a que estamos imortalmente enraiza- lagarta fabrica seu casulo, isola-se do dos no autoexistente. ambiente no qual se nutria e depende unicamente de seus próprios recursos Atingir essa realização é um pro- para uma transformação surpreenden- cesso científico ao qual podemos dar o nome de “a senda”. Pois a doutrina, por mais nobre que seja, não basta. Os princípios, por mais sublimes que sejam, não bastam. “O homem deve não apenas aprender a verdade; ele deve experimentá-la.” Existe um ca- minho a ser encontrado e trilhado, embora haja mil abordagens à entra- da desse caminho. O caminho em si é um e o aluno escolhe a si mesmo. O legado de sabedoria que é nosso revela a natureza do nosso caminho; a realidade última é encontrada ao ser vivida. Por nossos próprios es- forços desenvolvemos um tremendo potencial de consciência; pela me- ditação e reta atenção lembramos aquilo que verdadeiramente somos, como descreveu Platão. Aprendendo a esquecer as reivindicações e os de- sejos do eu transitório num propósi- to de viver que é agora redescoberto; aprendemos a aplicar, com profunda compaixão, tudo que somos a serviço da humanidade. Pois o ser humano está comprometido a promover, de maneira consciente, todo o processo do qual ele é parte. No entanto, esse comprometi- mento exige um afastamento radical do padrão evolutivo normal; exige 8 SOPHIA • JUL/AGO 2019

a um ambiente e a um modo de vida Porém o que nos foi dado é mais do ria não estão fora de nós, agindo so- totalmente diferente. que conhecimento, e devemos bus- car mais do que conhecimento para bre nós; eles são a essência de nossa A pessoa que conscientemente se transmitir esse legado aos que vêm autoplaneja pode realizar uma trans- depois. Devemos encontrar a verdade própria natureza. Somos o pentagra- formação comparável, emergindo de de um modo tão íntimo que ela nos sua existência de lagarta, em sucessi- arrebate e nos possua; na fornalha ma da lei. Saber isso é ver a vida em vas encarnações, até a vida mais livre da experiência, devemos transmutar da regeneração espiritual. os princípios universais no ouro da totalidade, ter a visão simples da re- sabedoria, nos autotransformando. Aqui está nosso legado de sabedo- alidade e, assim, viver e agir de mo- ria: somos herdeiros das eras, reten- Os princípios eternos da sabedo- do em confiança um penhor sagrado. do que o legado da sabedoria nunca possa ser perdido. S * Joy Mills foi palestrante e vice-presidente interna- cional da Sociedade Teosófica em Adyar, na Índia. SOPHIA • JUL/AGO 2019 9

[ APRENDIZADO ] ‘ O caminho espiritual É importante compreender que a senda é a própria pessoa. A senda é a mudança qualitativa que ocorre ‘na consciência da pessoa e nos veículos através dos quais a consciência funciona 10 SOPHIA • JUL/AGO 2019

DIEGO TORRES/PIXABAY Valéria Marques de Oliveira* mente como um conceito, mas como um fato, que a senda é a própria pes- Fala-se muito em um “caminho soa. A senda é a mudança qualitativa espiritual”, mas o que isso realmente que ocorre na consciência da pessoa e significa? Será que nós compreen- nos veículos através dos quais a cons- demos esse caminho ou na verdade ciência funciona.” temos diversas ilusões sobre ele? Nossa consciência, nos primór- Podemos visualizar uma linda es- dios de sua evolução, está tão identi- trada, ornamentada de flores silves- ficada com os seus veículos, ou seja, tres, muito verdejante e limpa, que seu corpo físico, suas emoções e seus nos conduz a um ponto bem visível e pensamentos, que não pode expres- bastante pomposo (como um castelo, sar sua pureza e liberdade até que por exemplo). Esse castelo está lá, no esses veículos tenham se harmoni- final da estrada, esperando por nós. zado entre si, atingindo, assim, uma Como já caminhamos bastante, esta- reconciliação com a consciência ab- mos exaustos. Chegamos ao fim da soluta – ou, como podemos também estrada repletos de autossatisfação. dizer, com a sua verdadeira natureza. Porém, podemos nos perguntar: esse Quando essa reconciliação ocorre, a caminho é aquela estrada percorrida consciência já atingiu o ponto em que por milhares de peregrinos, o Cami- os veículos se tornaram instrumentos nho de Santiago de Compostela, por perfeitamente capazes de responder exemplo, onde, após andar quilô- ao seu comando. metros, o peregrino atinge sua meta totalmente transformado e em com- Enquanto nossa consciência está pleta felicidade? Ou será ele uma es- condicionada, identificada com os trada que simboliza uma vida repleta seus sentidos e sensações, experimen- de flores e felicidade, alcançada após taremos todo tipo de experiências. muitos sofrimentos e muitas labutas? Nesse ponto da evolução, podemos Será uma vida sem conflitos? Sem um escolher entre vários pares de opos- colega de trabalho nos invejando ou tos, ou seja, em uma determinada atrapalhando nossa ascensão profis- situação agimos de uma maneira, em sional? Será ele um casamento com- outra criticamos nossos amigos ou pletamente harmônico? Uma bela repelimos violentamente algum fato mansão? Enfim, trilhar esse caminho que nos desagrada. Em grande parte significa a aquisição de conforto e re- de nosso dia a dia somos arrastados pe- pouso eternos? los nossos prazeres. Porém, é através dessa falsa “liberdade de escolha” e de Será esse o verdadeiro caminho experimentar a vida que as faculdades de que nos falam as grandes Obras, adormecidas vão despertando, sempre vivido pelos grandes Seres? Paramos, atraídas para fora de si mesmas. Isso pelo menos por alguns minutos, pa- significa dizer que nossa motivação ra pensar no quanto podemos estar está toda direcionada para o mundo fantasiando sobre algo que pode ser externo; nossa consciência está toda muito mais grandioso e ao mesmo focada nesse exterior. tempo simples? Estamos, nesse ponto da nossa Para compreender o que seja esse evolução, percorrendo aquele que é “caminho” (ou “senda”, como tam- chamado o “Caminho de Ida” – ou, bém é conhecido), é necessário que como também é conhecido no Orien- compreendamos a nós mesmos, por- te, Pravritti Marga. Nesse estágio te- que, na realidade, a nossa consciência mos consciência do mundo da forma, é o verdadeiro caminho. Como disse porém ainda não somos considerados Radha Burnier, ex-presidente inter- “seres espiritualizados”. Isso porque nacional da Sociedade Teosófica, “é o indivíduo espiritualizado é aquele importante compreender não mera- que já transcendeu o mundo das for- SOPHIA • JUL/AGO 2019 11

mas criado por nossa mente. Na rea- então, para cima, para o templo, e, OSHUA EARLE/PIXABAY lidade, esse indivíduo já não está mais por um momento, ela O vê”. Em um tão limitado pelo egoísmo, o sentido relancear de olhos, vê o destino que gio de nossa evolução que iniciamos de um “eu” e de um “meu”; ele deixou a aguarda e decide, então, pegar um o Caminho de Retorno. Podemos nos de fazer parte de seus pensamentos, atalho que a leve ao topo, percorren- perguntar: como? Buscando em nos- sentimentos e emoções. Segundo H. do em poucas vidas o que a maioria da so interior o que antes acreditávamos P. Blavatsky, a espiritualidade “é o humanidade faz em inúmeras. estar fora, buscando dentro de nós a poder de perceber essências espiri- causa de nossos sofrimentos, deixan- tuais sem forma e ter uma resposta O que podemos perceber, nesse do de culpar os outros, independen- cada vez mais sensível a toda a vida”. ponto, é que a consciência, ao se afas- te do tipo de relação que temos com tar das flores e das borboletas, está eles. E, é claro, culpando cada vez A grande massa da humanidade na realidade exercitando o desapego. menos a vida e o mundo pelas nossas encontra-se nesse Caminho de Ida. Quando, em um olhar, ela vislumbra tristezas e alegrias. Annie Besant (ex-presidente interna- o maravilhoso brilho vindo do alto, a cional da Sociedade Teosófica) o de- faculdade do discernimento começa I.K. Taimni, no livro A Ciência do fine muito bem quando nos apresenta a ser despertada. Somente a partir Yoga, fala que existem duas espécies a imagem de “uma grande montanha desse momento, com certo grau de de consciência: pratyak, a consciên- situada no espaço, com um caminho de discernimento e de desapego ao cia voltada para o interior, e parãnga, girando em seu redor até atingir o mundo externo, é que a real meta, ou voltada para o exterior. Ele afirma que ápice”. Ela diz que “traçamos o ca- seja, o Caminho de Retorno, começa “se estudarmos a mente do indivíduo minho que sobe por aquela trilha a ser empreendido; assim, iniciamos comum, verificaremos ser inteira- em espiral e vemos que ele termina o retorno ao nosso verdadeiro lar. mente voltada para o exterior. Ela es- no topo da montanha que nos leva a um majestoso templo, como que feito Nesse estágio, a consciência an- de mármore. Ao longo desse cami- seia por integrar todos os aspectos nho que dá voltas à montanha, vasta de sua personalidade e, por isso, es- massa de seres humanos vai de fato colhe conscientemente se manter em subindo, mas subindo vagarosamen- equilíbrio entre os diversos pares de te, passo por passo”. opostos. Ela já possui o discernimen- to necessário para se posicionar em Assim caminhamos todos nós, um dos extremos, por ter vivenciado, adquirindo experiências ao longo pesado e compreendido cada parte de de nossas vidas, fazendo nossas es- seu processo e abrir mão daquilo que colhas, cada vez mais conscientes. já não mais lhe serve. Porém, para entrar no caminho que é chamado pelos orientais de Nivrit- É importante fazer uma diferen- ti Marga ou Caminho de Retorno, é ciação, que é fundamental para a necessária certa compreensão da vi- compressão do Caminho de Ida e do da. É preciso possuir uma percepção Caminho de Retorno. Levamos vi- razoavelmente clara, suficiente para das e mais vidas buscando prazeres ver as contradições em nossa própria no mundo externo, culpando, todo o vida. Uma redefinição do nosso pro- tempo, os outros pelas nossas dores pósito de vida, um anseio pela trans- e dissabores, sempre conscientes dos formação já tem que ter acontecido erros e acertos alheios, porém nunca dentro de nós. Esse é o caminho do conscientes dos nossos. Buscamos a autoesquecimento e do despertar de felicidade no mundo das sensações uma mente altruísta. ou do consumo desenfreado. Todo o foco de nossa consciência está volta- Este é o ponto atingido pela cons- do para fora, e é aí que acreditamos ciência que, durante a subida, utili- residir a vida. zando as imagens e palavras de Annie Besant, “levanta os olhos, afastan- Durante muitas e muitas vidas, a do-se das flores, das pedrinhas e das nossa percepção interior se desenvol- borboletas que estão no caminho, e ve e, assim, nós nos tornamos cada aquela cintilação, vindo do topo da vez mais capazes de “ver”, mesmo que montanha, atrai o seu olhar; olha, por pequenos instantes, onde reside a verdadeira felicidade. É nesse está- 12 SOPHIA • JUL/AGO 2019

“Apenas depois de nos desapegarmos de nossas ambições, e termos vivido a alegria que o contato com es- sa dimensão bondosa de nossa natureza in- terna nos proporciona, é que poderemos viver a vida espiritual em sua plenitude e beleza.” tá imersa no mundo exterior e ocupa- é interior, o caminho é longo, mas se internamente, a alegria que o contato da o tempo todo com o desfile de ima- empreendido com fidelidade, levará com essa dimensão grandiosa e bon- gens que passam continuamente no a uma altura, por muitas e muitas dosa de nossa natureza interna nos seu campo”. Em outro ponto, Taimni vidas”. Continuando, ela afirma que proporciona, é que poderemos viver diz: “todo o objetivo do yoga consiste “procurar é sempre encontrar. Ne- a vida espiritual em sua plenitude e em retirar a consciência de fora para nhum ser humano pode dar um pas- beleza. Percorrer os quilômetros do dentro, pois o supremo mistério da so em direção à divindade dentro de Caminho de Santiago de Compostela vida está oculto no próprio caminho si sem que o seu Eu Divino dê passos somente terá valor se o propósito que ou centro de nosso ser, e somente aí em sua direção. Ele é encontrado pelo nos motiva a percorrê-lo já tiver se re- e em nenhum outro lugar ele pode amor e pela devoção altruísta, nun- alizado em nosso mundo interno, ou ser encontrado.” ca pela avidez do desejo de estatura se estivermos sinceramente queren- pessoal”. do dizer ao nosso mestre interno que Portanto, o caminho espiritual estamos prontos, internamente, para deve ser entendido como o movi- Primeiramente precisamos apren- realizar o caminho espiritual. S mento da consciência de mergulhar der internamente para, somente de- ou focar, cada vez mais, em seu inte- pois, o aprendizado se concretizar * Valéria Marques de Oliveira é administradora de rior, entrando em contato com seus externamente. Apenas depois de empresa, pós-graduada em Marketing, membro princípios mais elevados. nos desapegarmos internamente de da Sociedade Teosófica desde 1994, estudante e nossas ambições pessoais e inúmeras praticante do Budismo tibetano. Clara Codd, em seu livro As Esco- outras negatividades, e termos vivido, las de Mistérios, afirma que “a procura SOPHIA • JUL/AGO 2019 13

[ REFLEXÃO ] ‘ O que é a verdade Quanto mais clara é a percepção sobre as profundezas da vida, mais compreendemos que a verdade não tem fim, e que aquele que sabe que não ‘sabe é sábio. Acreditar que se conhece a verdade é uma forma de ignorância Radha Burnier” cendo que no grande e no pequeno, As escrituras hindus declaram: “A na menor das partículas atômicas e Ao longo da história o ser humano nos vastos espaços do universo, exis- verdade é una: os sábios falam dela tentou entender os fenômenos natu- te um elemento secreto, um mistério rais e também a verdade sobre si mes- oculto que a mente não consegue to- de várias maneiras.” Há ensinamen- mo e seu lugar no universo. O desejo car. O cientista Edmund W. Sinnot de conhecer se expressa de maneiras escreveu: “Se soubéssemos o que tos semelhantes em muitos outros li- simples, como entender o que motiva faz um pinheiro crescer a partir de os trovões e relâmpagos (resultando uma semente e ser exatamente um vros religiosos. A vida em qualquer de em mitos como o de Thor ou Indra, pinheiro ao longo de todas as vicis- o rei de deuses que libertou as vacas situdes de sua história, poderíamos suas formas – inseto, planta, pessoa, presas nas nuvens por antideuses). estar próximos de saber o que a vida Expressa-se também em questões verdadeiramente é.” Buda – é una, assim como a água que fundamentais, como por que existe sofrimento. Sem essas reflexões nós Mas os porquês da vida iludem flui por qualquer torneira é água, seja não seríamos humanos, mas criaturas cada tentativa de entendê-la, feita engajadas apenas na sobrevivência pelas mais brilhantes mentes. Mal numa piscina, num lago ou no oce- física, num mundo que somos inca- surge uma resposta e junto com ela pazes de compreender. surge também um lampejo de profun- ano, na nuvem ou na chuva. A vida dezas ainda desconhecidas. Por que Apesar das inúmeras tentativas as raízes de uma planta não crescem é una, mas tem aspectos infinitos e de responder à pergunta “o que é a indefinidamente, mas apenas até o verdade?” não há nenhuma resposta ponto em que devem crescer? Que perpassa dimensões sem fim. A ver- satisfatória. Por outro lado, inúmeros milagre é esse que faz com que um conflitos trágicos surgiram das várias pequeno broto saiba o que fazer e dade também é una, e manifesta-se alegações dogmáticas de se conhecer quando parar? Que força misteriosa a verdade. Poucos deram atenção aos do universo mantém um equilíbrio de múltiplas maneiras. Instrutores que proclamaram que a impossivelmente exato de opostos verdade está além de pensamentos, como gravidade e expansão? Quanto mais clara for a percep- palavras e descrições, e que portan- to ninguém pode assegurar que suas Uma olhadela numa pequena fra- ção sobre as profundezas da vida, próprias ideias ou as ideias de líde- ção do imenso mistério da vida equiva- res religiosos sejam “a verdade”. H. le à verdade, mas não a toda a verdade. mais compreendemos que a verdade P. Blavatsky, uma das fundadoras da Ver qualquer aspecto da vida como Sociedade Teosófica, disse, sobre sua ele é, e não como nossos falsos juízos não tem fim, e que aquele que sabe magnum opus, que ela não contém a o apresentam, é o início da viagem. A verdade, apenas aponta para ela, e vida tem dimensões e sutilezas imen- que não sabe é sábio. Acreditar que que isso é tudo que qualquer pessoa suráveis. Ela é rica, criativa, dinâmica. ou livro pode fazer. A verdade – a descoberta da beleza, se conhece a verdade é uma tolice, do significado e do mistério da vida – Ao percorrer a estrada para a ver- também é necessariamente sem limi- uma forma de ignorância. Apenas os dade, a sabedoria está em compre- tes, necessariamente sutil e dinâmica, ender sua conexão com o enorme uma bênção sem paralelo. Budas estão despertos para a totalida- mistério da vida. As pesquisas cien- tíficas estão continuamente esclare- Porém, a vida também é indivisi- de da verdade, porque no seu caso a velmente una, e a verdade também. consciência individual se tornou una com a mente infinita. A verdade é a mais elevada das re- ligiões, porque nela há tudo o mais – a paz, o amor e a inteligência da mente divina. Para chegar a ela é preciso se livrar do apego a valores menores. Co- mo é dito na Bhagavad-Gita, a devoção à verdade envolve “um yoga sincero” e a renúncia a todos os desejos pes- soais. “Restringir e subjugar os sen- tidos, considerar tudo igualmente, alegrando-se no bem-estar de todos; aqueles que adoram a Vida Infinita e meditam sobre ela alcançam-na”. Este é o extraordinário privilégio de encarnar como ser humano. S * Radha Burnier (1923-2013) foi escritora e pre- HEUNG SOON/PIXABAY sidente internacional da Sociedade Teosófica. 14 SOPHIA • JUL/AGO 2019

“Por que as raízes de uma planta não crescem indefinida- mente, mas apenas até o ponto em que devem crescer? Que milagre é es- se que faz com que um pequeno broto saiba o que fazer e quando parar?” HEUNG SOON/PIXABAY SOPHIA • JUL/AGO 2019 15

[ PERCEPÇÃO ] No‘ centro do universo A ciência descobriu um universo evolutivo, omnicêntrico, onde existir é estar no centro cósmico do todo, em sua complexidade. Mas, ‘para isso fazer sentido, é preciso uma reeducação da mente 16 SOPHIA • JUL/AGO 2019

LEANDRO DE CARVALHO/PIXABAY Brian Swimme* cosmológica” em suas equações para eliminar o problema – uma decisão Quando Edwin Hubble, astrôno- que ele depois chamou de “o maior mo do século XX, começou a desen- erro da minha vida”. volver seu trabalho, descobriu que os aglomerados de galáxias estavam Se as tendências culturais e pesso- se afastando de nós em todas as dire- ais desses cientistas tivessem deter- ções. Isso leva à surpreendente con- minado o que eles viam, não teriam clusão de que, em termos de expan- descoberto os aglomerados de galá- são cósmica, nós nos encontramos no xias se afastando de nós tão simetri- centro do Cosmo. camente. Se eles estivessem livres para distorcer os dados e ajustá-los Se essa descoberta tivesse sido fei- às suas noções preconcebidas, teriam ta na era medieval, não teria causado anunciado que as galáxias eram fixas surpresa, pois a visão prevalecente em relação umas às outras, como su- na época punha a Terra no centro do geriam as equações manipuladas de universo. Estender a centralidade da Einstein. Ou poderiam ter preferido Terra ao centro de expansão de todos um universo em que todas as galáxias os aglomerados de galáxias não teria estivessem se movendo na mesma exigido muito esforço. direção, como um rio. Dessa forma, pelo menos não estaríamos em ne- Mas quando Hubble fez essa des- nhum lugar especial, e a descoberta coberta, já tínhamos aprendido com se ajustaria à cultura moderna, pois Copérnico que a Terra não é um pon- sugeriria que somos insignificantes, to fixo no centro do universo; é um como ensinaram Nietzsche, Sartre, planeta que se move ao redor de uma Bertrand Russel e outros filósofos. das trezentas bilhões de estrelas da Via Láctea, que por sua vez é uma de O que Hubble descobriu não se um trilhão de galáxias no vasto uni- ajustava às concepções da cultura verso. Se aprendemos alguma coisa moderna – na verdade as perturbava. nos últimos quatrocentos anos foi Porém, em vez de alterar os dados, ele que a Terra não é um ponto fixo em os publicou, sem justificativas filosó- torno do qual giram os astros. ficas contra ou a favor. Simplesmente tornou público o que descobrira na Contudo, aqui estava essa nova re- vanguarda da percepção: em termos velação, nos colocando no centro da do universo e sua expansão de quinze expansão cósmica dos aglomerados bilhões de anos, por acaso nos encon- de galáxias. Nosso Superaglomerado, tramos exatamente no centro. Virgem, não se movia de forma algu- ma, e todos os outros superaglome- A descoberta não contradiz o que rados estavam se afastando. disse Copérnico; é a conclusão da ex- ploração cosmológica que ele iniciou. Complicando o desafio estava Copérnico removeu a Terra do centro a consternação dos cientistas. Se do universo, depois o Sol, e depois tu- pudéssemos nos convencer de que do. Mas, após quatrocentos anos de Einstein tinha a esperança secreta de investigação empírica, ocorreu uma nos colocar no centro do universo, grande inversão, que mostra o centro poderíamos descartar seu trabalho num universo muito mais amplo que como uma imposição ideológica. Mas o Sistema Solar. Nós não retornamos tanto Einstein quanto os próprios ao mundo geocêntrico medieval; en- descobridores da expansão cósmica tramos no imenso Cosmo evolutivo, rejeitavam a ideia, e fizeram tudo centrado em sua própria expansão. que puderam para evitar aceitá-la. Para apreciar plenamente essa no- Perturbado pelas implicações de sua va compreensão do centro cósmico, teoria, que sugeria que o universo es- devemos lidar agora com o aparente tava se expandindo ou se contraindo, paradoxo no cerne dos dados. Einstein introduziu uma “constante SOPHIA • JUL/AGO 2019 17

O nascimento de tudo Há duas descobertas que parecem Mas essa compreensão é totalmen- WIKIIMAGES/PIXABAY conflitantes entre si. Primeiro, em te enganosa. O nascimento do univer- termos da luz do início dos tempos, so significa não apenas o surgimento “Quando ouvimos que o que foi primeiramente detectada de todas as suas partículas elementa- universo começou numa por Penzias e Wilson, o local de nas- res, de toda a luz e energia; significa explosão, imaginamos cimento do universo está a quinze também o nascimento do espaço e do fogos estourando. Mas bilhões de anos-luz de nós. Segun- tempo. Não existia um espaço newto- essa compreensão é en- do, em termos da expansão das galá- niano no qual o universo explodiu para ganosa. O nascimento xias, que é a descoberta de Hubble, todos os lados. Não existia um relógio do universo significa não estamos bem no centro do universo. newtoniano se afastando. Espaço e apenas o surgimento de Precisamos considerar esse paradoxo, tempo explodem juntos com massa todas as partículas, de to- onde parecemos estar simultanea- e energia no mistério primordial do da a luz e energia; signifi- mente no centro da expansão cósmi- universo em expansão. ca também o nascimento ca e a quinze bilhões de anos-luz da do espaço e do tempo.” origem da explosão cósmica. A maneira mais simples de ver a impropriedade das suposições new- SOPHIA • JUL/AGO 2019 Temos tanta dificuldade com essa tonianas referentes ao início do uni- descoberta porque nossa mente foi verso é fazer uma pergunta simples. moldada por uma cultura enraiza- Quando imagino o nascimento cós- da na visão de mundo newtoniana. mico como um tipo de explosão que Embora agora saibamos que a física ocorre longe de mim, exatamente newtoniana não é adequada para a onde eu estou? O que fornece a pla- completa compreensão do universo taforma para os meus pés? Como eu evolutivo, estamos presos à consci- posso estar fora do universo e obser- ência newtoniana porque ela está na var seu nascimento se estou entrete- fundação de nossas principais ins- cido nesse nascimento? tituições, incluindo nosso sistema educacional. Entender um universo Para aquilo que descobrimos fa- einsteiniano é um verdadeiro desafio. zer sentido, é preciso uma reeduca- Precisamos reinventar nossa própria ção da mente. O padrão arquetípico mente para não distorcer as desco- central para compreender a natureza bertas mantendo-as em categorias do nascimento e do desenvolvimento newtonianas incapazes de tocar a do universo é omnicentricidade. A verdade que descobrimos. estrutura em larga escala do universo é qualitativamente mais complexa do Um exemplo simples: quando que o quadro geocêntrico medieval ouvimos que o universo começou ou o espaço newtoniano da cultura numa grande explosão há quinze moderna. Descobrimos um universo bilhões de anos, imaginamos fogos evolutivo, omnicêntrico, uma realida- de artifícios estourando; primei- de em desenvolvimento onde o início ro existe apenas vazio, depois uma está centrado sobre si mesmo em grande explosão de cores em todas cada lugar de sua existência. Nesse as direções. Somos forçados a imagi- universo, existir é estar no centro cós- nar isso, porque a cosmologia newto- mico do todo, em sua complexidade. niana considerava o universo como um espaço físico gigantesco dentro Se existirem seres conscientes do qual as coisas se moviam, se jun- no aglomerado de galáxias Hercules, tavam e seguiam adiante. O modo a setecentos milhões de anos-luz de como nossa mente foi moldada nos distância, e eles estiverem conside- força a imaginar o nascimento do rando o universo dessa perspectiva, universo como uma explosão num também descobrirão que todas as ga- espaço já existente. láxias estão se afastando deles. Eles concluirão, com base nessa evidência, 18

que estão no centro da expansão do complexo e misterioso. Mas ele será também ajudar a despertar imagens universo – e estarão certos. Nossas o que é, independentemente de nós, mais adequadas da natureza do uni- mentes newtonianas podem experi- humanos, aceitarmos ou não. verso que se tornará parte de nossa mentar desconforto na tarefa de se educação no futuro. apropriar desse conhecimento, mas Existe uma imagem na literatura nossas dificuldades pessoais não mu- científica que pode ajudar a entender Imagine que você esteja dentro dam a natureza do universo. Assim o universo omnicêntrico. No entanto de um pão com passas enquanto ele como a primeira reação de Einstein, eu a ofereço com relutância, porque, está sendo assado. O ponto crucial é ao ter um vislumbre de nosso Cosmo por mais útil que seja de algumas começar seu trabalho imaginativo a evolutivo, foi recuar e insistir em que maneiras, é também inadequada de partir do interior do processo e não o universo não poderia ser assim, às outras. Minha esperança é que ela de fora dele. Temos que esquecer as vezes também desejamos, em nossa possa ajudar a dar o primeiro passo persistentes questões newtonianas luta, que o universo não fosse tão para fora da falsa visão do universo referentes ao forno, à casca do pão, como um espaço fixo. Talvez possa ou a qualquer outra preocupação que SOPHIA • JUL/AGO 2019 19

surge quando tentamos entender o FELIX MITTERMEIER/PIXABAY processo de fora. Estamos no inte- rior de um processo cósmico; nossos SOPHIA • JUL/AGO 2019 pensamentos sobre esse processo são simplesmente uma corrente de mi- croeventos dentro do macroevento em desenvolvimento. Assim, nessa imagem do pão com passas, precisamos focar nossa imagi- nação em estarmos bem no meio do pão. Imagine-se em cima de uma pas- sa e simplesmente olhe ao redor. Você verá que todas as outras passas estão se afastando de você à medida que o pão é assado, de modo que, em termos da expansão do pão, você se encontra exatamente no centro. E qualquer outra pessoa em qualquer outra passa vai chegar à mesma conclusão. Este é o modelo da realidade omnicêntrica. Porém há mais. Suponhamos ago- ra que você tem que determinar se você e sua passa estão ou não se mo- vendo em relação ao próprio pão. O que você descobrirá é que você está parado, pois sua passa está parada em relação ao que está em volta. Quando você pensa a respeito disso, compre- ende que a razão de as passas estarem se afastando de você é a expansão do pão. Você e sua passa não estão se movendo; é o espaço entre as passas que está aumentando. É exatamente assim que entende- mos a expansão cósmica; não como um movimento de galáxias num es- paço já existente, fixo, newtoniano. É muito mais interessante do que isso. A causa da expansão do universo é o espaço vindo à existência e afastan- do os aglomerados de galáxias uns dos outros. O tamanho de cada aglo- merado permanece o mesmo, mas o espaço entre os aglomerados expan- de-se a cada instante, o que resulta num universo cada vez maior. Esta é a nossa compreensão do Cosmo co- mo um todo. Em termos da expansão em larga escala do universo, nós não estamos nos movendo. Estamos no centro es- tável e imóvel dessa expansão. Estar no universo é estar em seu centro. 20

A viagem dos fótons Agora podemos mostrar como o Foi isso que aconteceu com os fó- aparente paradoxo de estar no cen- tro e a quinze milhões de anos luz do tons de luz liberados no surgimento centro é, na verdade, simplesmente uma característica contraintuitiva da do universo. Os fótons que viajavam existência dentro de um universo em expansão. Para ver isso, imagine que em nossa direção foram afastados de retornamos ao início dos tempos, no momento em que a bola de fogo co- nós pela rápida expansão do espaço. meça a se dividir e a liberar sua luz em todas direções. Mas tal como com uma bola lançada Vamos agora seguir a aventura de para o alto em direção ao céu, cuja um fóton, uma partícula de luz, que é liberada muito próxima de nós. Se o velocidade inicial para cima diminui universo não estivesse se expandindo, essa partícula atravessaria a distância com o passar de cada segundo, assim que nos separa em questão de ins- tantes. Mas uma vez que o universo também ocorreu com a expansão do se expande com extrema rapidez, a partícula de luz tem que viajar uma universo, que começou muito rapi- distância muito maior à medida que o tempo passa. É como se estivéssemos damente, mas tem estado a diminuir esperando no topo de uma escada ro- lante que está descendo e alguém no por cerca de quinze bilhões de anos. segundo degrau quisesse chegar até nós. A escada começa a se mover mui- Aqueles fótons que foram inicialmen- to rapidamente para baixo, de modo que nosso amigo, cuja velocidade não te afastados de nós continuaram via- varia, primeiramente é afastado de nós. Mas, com o passar do tempo, a jando em nossa direção e em algum escada começa a desacelerar, de mo- do que eventualmente o amigo con- momento completaram sua jornada. segue chegar no topo. Em 1965, os astrônomos Arno “Nosso lugar foi também um ponto de origem da Penzias e Robert Wilson detecta- luz primordial. Se hou- ver seres inteligentes em ram fótons que tinham sido postos outra parte do universo, eles podem estar detec- em movimento há quinze bilhões de tando os fótons que saíram daqui e que ago- anos, quando o universo veio à exis- ra chegam ao seu siste- ma planetário, levando tência. Essas partículas estiveram via- notícias de que a Terra foi a origem da luz no jando em nossa direção durante todo início dos tempos.” esse tempo. Podemos dizer que agora o seu lugar de origem está quinze bi- lhões de anos distante. Por outro lado, se retornarmos no tempo, vamos ver que esse lugar de origem está muito próximo de onde estamos. Nosso próprio lugar aqui na Ter- ra, no Superaglomerado de Virgem, foi também um ponto de origem da luz primordial, mas nós, agora, não podemos ver esses fótons. Se houver seres inteligentes em outra parte do universo, eles podem estar detectan- do os fótons de luz que saíram daqui e que agora chegam a seus próprios sistemas planetários distantes, levan- do notícias de que nosso lugar foi a origem da luz no início dos tempos. Podemos concluir, então, que existi- mos no próprio ponto de origem do universo, porque cada lugar é o lugar onde o universo nasceu. S * Brian Swimme é professor do California Institute of Integral Studies, San Francisco (EUA), onde leciona cosmologia evolutiva. SOPHIA • JUL/AGO 2019 21

22 SOPHIA • JUL/AGO 2019

[ CONSCIÊNCIA ] e‘ Compaixão contemplação A não ser que tenhamos uma mentalidade global, o viver global permanecerá uma utopia. É ‘preciso transformar a percepção e a mentalidade do indivíduo através das práticas contemplativas Deepa Padhi* Brahma-Sutras), a unidade cosmocên- MANFRED RICHTER/PIXABAY trica é fortemente considerada como No sentido mais abrangente pos- a verdade básica. “Tudo neste uni- sível, a consciência é una; sua plura- verso é Brahman (consciência)”, diz lidade é inconcebível. Ela é imanifes- a Chandogya Upanishad. A Gita diz: tada, eterna e infinita. Annie Besant “De tudo que é material e tudo que afirmou: “A consciência é a realidade é espiritual neste mundo, sabe com una. Segue-se daí que qualquer reali- certeza que eu sou tanto sua origem dade encontrada em qualquer lugar é quanto dissolução.” extraída da consciência. Consequen- temente, tudo que é pensado é. Essa A consciência universal, que apa- consciência na qual tudo, literalmen- rece como raciocínio e autoconsciên- te tudo, é ‘possível’ e ‘verdadeiro’, cha- cia em nós, está adormecida na ma- mamos de consciência absoluta. É o téria sob a forma de potencialidade. todo, o eterno, o infinito, o imutável.” H.P. Blavatsky observa: “O Ocultismo não aceita nada inorgânico no Cos- Besant usa a palavra consciência mo. Tudo é vida, e cada átomo mesmo como sinônimo de vida. A consci- de poeira mineral é uma vida, embora ência una absoluta cria o universo a além de nossa compreensão e percep- partir de sua própria vontade; quan- ção.” Este princípio uno absoluto é a do a consciência se torna o universo eterna fonte de toda a vida, matéria manifestado, fica sujeita ao tempo e à e consciência no universo. Isso impli- mudança. Essa consciência manifes- ca uma unidade absoluta que subjaz tada é a consciência universal, conhe- ao mundo manifestado e se expressa cida como Deus, ou Saguna Brahman em toda e qualquer forma de vida. A (o eterno sem atributos). ciência agora reconhece a unidade e o inter-relacionamento de todas as Na fase de criação, a consciência formas de vida. Para citar o físico Da- primordial se polariza num compo- vid Bohm, “no final das contas, todo nente subjetivo, como inteligência o universo tem que ser entendido co- cósmica (purusha), e numa parte ob- mo um todo simples e indivisível, no jetiva, como energia cósmica (prakri- qual a análise sobre partes existentes ti), e desabrocha como um universo separadamente e de modo indepen- com miríades de entidades, vivas e dente não tem status fundamental.” não vivas, animadas e inanimadas, móveis e imóveis. Essa consciência A física quântica nos força a ver universal é apenas uma porção da o universo não como uma coleção de consciência absoluta ilimitada. objetos físicos, mas como uma com- plicada teia de relações entre as vá- Na metafísica hindu, conforme rias partes de um todo unificado. Essa evidenciado nos três textos canônicos unidade fundamental subjacente ao (as Upanishades, a Bhagavad-Gita e os SOPHIA • JUL/AGO 2019 23

mundo manifestado é chamada por terialização da consciência cósmica, Bohm de “ordem implícita”. A ordem do mais elevado campo de energia implícita corresponde à consciência espiritual para o mais grosseiro cam- universal, que é o terreno divino de po de energia física. A fase evolutiva todos os nomes e formas. é de progressiva espiritualização das mônadas do estado material mais A natureza essencial da consciên- grosseiro para o estado espiritual cia reside em simplesmente perceber mais sutil. Este segundo processo de o que quer que exista ou ocorra com desabrochar das mônadas é conheci- relação a ela. Animais e plantas são do como evolução. Durante a mate- conscientes, mas sua consciência é rialização, a consciência é reduzida diferente da consciência humana. a seis níveis inferiores nos quais as Mesmo os objetos inanimados têm mônadas tornam-se profundamente formas rudimentares de consciência. enrendadas; durante a espiritualiza- Em nós, porém, a consciência evoluiu ção, é a consciência monádica que até o ponto de ser capaz de entender guia a evolução. A teoria da involu- a nossa consciência limitada e a cons- ção explica a potência e a promessa ciência universal. da direção evolutiva que leva à au- totransformação e à realização da A criação, no sentido teosófico, unidade da vida. tem duas fases: involutiva e evoluti- va. A primeira é de progressiva ma- A realização da unidade A sabedoria consiste na compre- compaixão deve ter tanto sabedoria SVEN LACHMANN/PIXABAY ensão do sentimento de unidade com quanto bondade amorosa. A pessoa todos os seres e coisas; é um ideal a deve entender a natureza do sofri- “Para aqueles que ser alcançado na vida da pessoa. Co- mento do qual desejamos livrar os realizaram a unidade, mo afirmou Radha Burnier: “A sabe- outros (isso é sabedoria) e deve ex- tudo é sagrado. Eles doria não é encontrada meramente perimentar uma empatia profunda tratam cada forma através de palavras, conceitos ou lei- com outros seres sencientes (isso é de vida com compai- tura. Falar a respeito de fraternidade gentileza amorosa).” xão. São incapazes e discuti-la em termos intelectuais é de causar dano ou muito diferente de vivê-la. A sabedo- Sabedoria (conhecimento ver- explorar os fracos, ria permite que a pessoa pratique a dadeiro) é um atributo intelectual matar animais ou de- fraternidade, que surge da realização relacionado ao hemisfério esquerdo vastar uma floresta, da indivisibilidade da vida; o esforço do cérebro; compaixão é uma emo- pois sentem todas as sério para viver a fraternidade leva à ção altamente desenvolvida que se criaturas como parte sabedoria. Os dois são aspectos com- relaciona com o hemisfério direito. deles mesmos.” plementares do trabalho teosófico.” Elas são complementares e neces- sárias para a autotransformação e a SOPHIA • JUL/AGO 2019 Para a realização da unidade da realização da unidade da existência. vida, dois atributos são essenciais: Em A Voz do Silêncio, Blavatsky diz: sabedoria (compreensão da consci- “A compaixão não é atributo. É a lei ência universal como terreno trans- das leis – harmonia eterna, essência cendental de toda a existência) e universal sem praias, luz da justiça compaixão. Sabedoria e compaixão eterna, equilíbrio de todas as coisas, a andam juntas. Buda apontou que o lei do eterno amor. Quanto mais com cultivo do verdadeiro conhecimento ela te unificares, fundindo o teu ser e da compaixão são os requisitos da no seu Ser, quanto mais tua alma se iluminação. O Dalai Lama afirmou: unir àquilo que é, mais te tornarás a “Segundo o Budismo, a genuína compaixão absoluta.” 24

A compaixão é uma manifestação tras virtudes, como gentileza, amor, um senso de separatividade se instala do amor. Como a consciência, o amor tolerância, empatia, não violência, e a compaixão desaparece.” é universal e divino; é uma força doação, altruísmo e paz. A paz co- agregadora natural do universo. Por meça com um sorriso amoroso, disse Buda ensinou a compaixão para isso os antigos concebiam a realidade Madre Teresa. Pode se difundir do com tudo. O Nirvana não deve ser como sacchidananda – sat significan- indivíduo para a vizinhança, o país buscado apenas para si, mas para to- do existência e ananda significando e o mundo. Amor, paz e compaixão da humanidade. Um santo sufi disse, bem-aventurança, que nada mais é são palavras que significam unidade. certa vez: “Se os homens desejam que puro amor. se aproximar de Deus, eles devem Krishnamurti dizia com frequên- buscá-lo nos corações dos homens. A compaixão é definida pelo di- cia: “Você é o mundo; o mundo é Trazer alegria a um único coração é cionário Merryam-Webster como você.” Dessa unidade surge a com- melhor do que construir muitos san- “solidária consciência do sofrimen- paixão. Segundo ele, “compaixão é tuários.” Os ensinamentos de todas as to alheio, juntamente com o desejo compaixão. Não é a sua compaixão ou grandes religiões concordam que o de aliviá-lo”. Não é uma qualidade a minha. No momento em que você serviço compassivo é essencial para a simples. Ela inclui em si muitas ou- diz isso não é mais compassivo, pois realização do princípio uno absoluto. SOPHIA • JUL/AGO 2019 25

Uma nova dimensão para a vida No século XIX viveu um homem forma de vida com compaixão, cuida- dana não é incompatível com a espi- santo, Sai, na Índia. Quando via um do e respeito. Não conseguem ver o ritual. O que é incompatível é uma cavalo chicoteado, ele sentia as chi- mundo com olhos materialistas, que vida mundana centrada apenas nos batadas nas próprias costas. Em uma veem humanos e não humanos como sentidos. As pessoas precisam elevar ocasião, estava faminto e pediu ali- objetos a serem usados. São incapazes a consciência acima do corpo e da mento a uma senhora. Ao receber a de causar dano ou explorar os fracos, mente separativa. comida, deu-a a um cão que estava matar animais ou devastar uma flo- próximo, e sentiu sua fome saciada resta, pois sentem todas as criaturas Atualmente, pessoas de todos ao ver o cão comendo. Sua harmonia como parte deles mesmos. os continentes estão reunidas pela com todas as criaturas nascia de sua tecnologia. Pode-se observar coisas união com a fonte de todos os seres. Para estar identificado com tudo acontecendo em locais distantes. Po- é preciso viver no todo e através do de-se chegar fisicamente a outra par- Para aqueles que realizaram a uni- todo. É preciso viver com outros se- te do mundo em poucas horas. Mas, dade, tudo é sagrado. Eles tratam cada res para cultivar amor. A vida mun- embora vivamos num pequeno pla- 26 SOPHIA • JUL/AGO 2019

neta chamado Terra, barreiras artifi- realidade. Portanto, antes da contem- ciais foram construídas para dividir a humanidade em nome de religião, plação a mente precisa se livrar de seu nacionalidade, raça, gênero, status. Vivemos juntos, mas ainda precisa- alinhamento material e se mudar pa- mos aprender como viver com amor, compaixão e respeito pelo outro. ra o interior. Isso é conhecido como “A genuína compaixão Do ponto de vista espiritual, es- pratyahara no Yoga de Patañjali. deve ter tanto sabe- pera-se que o ser humano se eleve doria quanto bondade para realizar a unidade que está sob No passo seguinte, a mente pre- amorosa. A pessoa a diversidade. Os antigos especifica- deve entender a natu- ram a necessidade de estender a fra- cisa estar focada em uma ideação da reza do sofrimento do ternidade à flora, à fauna e mesmo qual desejamos livrar aos chamados objetos inanimados, consciência suprema. A contempla- os outros, e deve ex- porque toda coisa e ser participa da perimentar uma empa- mesma essência. ção consiste no fluxo ininterrupto da tia profunda com ou- tros seres sencientes.” Porém, a não ser que tenhamos mente com essa ideação. Esses dois uma mentalidade global, o viver SOPHIA • JUL/AGO 2019 global permanecerá uma utopia. É passos são conhecidos como dharana preciso transformar a percepção e a mentalidade do indivíduo, através da (concentração) e dhyana (contempla- contemplação e das práticas contem- plativas. Contemplação é percepção. ção). Com a prática contínua, esse É atenção constante. Envolve com- prometimento. Contemplação é um pensamento uno permanece e outros meio de autotransformação e de am- pliação das fronteiras da compaixão. conteúdos da mente se desvanecem. “A mente é a grande assassina do À medida que o senso de dualidade se real”, diz Blavatsky. Nossa percepção da realidade se torna possível através dissolve, o que permanece é apenas a da instrumentalidade da mente. Todo conhecimento envolve um modo de consciência, a unidade. O eu se torna percepção e um modo de interpreta- ção. A mente e as construções men- perceptivo do Eu. tais são individuais e específicas, por- que cada indivíduo ocupa um degrau As práticas contemplativas têm na escada da evolução. Quando per- cebemos o mundo através da nossa como resultado uma conexão com mente, ele é o nosso próprio mundo. Dessa forma, a mente, que se supõe todos os seres, que culmina na união proporcionar o verdadeiro quadro da realidade, torna-se um empecilho no com tudo – o Eu maior, a consciência processo de percepção da realidade em seu estado de unidade. universal. Quando se está desperto A mente não é o agente último num nível mais profundo de consci- do conhecimento, mas um instru- mento desse agente último, que é a ência, a vida é vivida numa dimensão consciência. A consciência é o sujei- to de todas as percepções e o agente diferente, na família, no trabalho, no de todas as ações. Porém, por causa de crenças, emoções e mentalidades meio social. A percepção da unidade negativas, a mente nos fornece um quadro fragmentado e distorcido da naturalmente leva a um senso de har- monia, serviço e amorosidade. É uma mudança dimensional no modo como se percebe e experimenta a vida. O mundo está numa fase de tran- sição. A velha ordem está mudando e cedendo lugar à nova. A sociedade precisa de um novo significado, uma nova dimensão para a vida e um novo sistema. A prática teosófica preen- che essa necessidade. Ela enfatiza as práticas contemplativas com firme comprometimento, o que permite à pessoa encontrar uma conexão e uma afinidade profunda com todos os se- res. Como resultado, a intolerância e a hostilidade cederão espaço para a igualdade e a compaixão. A cons- ciência fragmentada se descobrirá HELENA SUSHITSKAYA/PIXABAY integrada à consciência universal, imanente em tudo. S * Deepa Padhi é vice-presidente internacional da Sociedade Teosofica e foi professora de Filosofia em Bhubaneswar, na Índia. 27

[ BEM-ESTAR ] ‘ Mecanismos de sobrevivência Sob a motivação especial do medo, os mecanismos de ‘sobrevivência criam bloqueios psicológicos. Eles precisam ser percebidos e transcendidos à luz da consciência “Os bebês têm, naturalmente, SOPHIA • JUL/AGO 2019 apenas o medo de sons altos e o medo de cair – em notável seme- lhança com os animais. Todos os outros medos são adquiridos.” 28

Walter Barbosa* com os animais. Nos seres humanos, no entanto, a reação de medo desen- O ser humano compõe-se da du- volve-se em níveis mais profundos de alidade espírito-matéria, segundo a complexidade e sutileza, que engen- perspectiva esotérica. Para as religiões dram uma grande variedade de emo- em geral – nascidas do mesmo tron- ções secundárias e derivadas.” co da Ciência das Idades – o entendi- mento não é diferente, apesar delas Chin aponta emoções derivadas do discordarem na maneira de enxergar medo, que denotam a enorme abran- a dualidade (algumas ensinando que o gência desse sentimento em nosso dia homem ressuscitará no próprio corpo a dia: preocupação, ansiedade, pânico, físico para viver no “paraíso”). fobias, traumas, inveja, embaraço, ver- gonha, insegurança, baixa autoestima. A psicologia – procurando se li- Ele afirma também que os bebês têm, mitar ao cientificamente observável, naturalmente, apenas o medo de sons especialmente com Freud – centraliza altos e o medo de cair – em notável seus estudos nas manifestações emo- semelhança com os animais. Todos os cionais e mentais, cujas motivações outros medos são adquiridos. são de natureza material, egocêntri- ca. Sendo, porém, o conjunto corpo- Quais seriam os mecanismos de -emoção-mente um reflexo de nossa sobrevivência que, sob a motivação natureza espiritual, muito se aprende especial do medo, criam os bloqueios com a visão da psicologia, pois a esta psicológicos, gerando “necroses ener- interessa o que acontece na consci- géticas” na natureza humana? ência, e a consciência tem sua fonte no espírito. Casarjian cita os seguintes: Tanto para a psicologia quanto para Negação: recusa em aceitar as coisas a visão esotérica, a consciência é fun- como elas são. damental. Na psicologia, considera- Repressão: bloqueio total, incons- -se que bloqueios surgem quando um ciente e automático de um senti- problema é de alguma forma desviado mento ou desejo inaceitável. da consciência, por nossa incapacida- Supressão: exclusão consciente de de momentânea de lidar com ele. Se sentimentos, desejos ou necessida- isso não ocorresse, nossa vida ficaria des inaceitáveis ou dolorosas. insuportável, um tormento sem fim. Projeção: processo de se desapro- Do ponto de vista espiritual, evolutivo, priar dos sentimentos e desejos e tudo isso muda na medida em que o atribuí-los inconscientemente a Ser – mergulhado na realidade da vida outros. una – integra o outro em si mesmo, Racionalização: invenção de histó- não mais o vendo como uma ameaça. rias, desculpas e “álibis” para expli- car comportamentos e motivações A terapeuta Robin Casarjian define inaceitáveis. os bloqueios como mecanismos de so- brevivência. Diz ela: “Essas estratégias Cada um desses mecanismos tem podem ter sido essenciais para lidar com seus medos e reduzir sua possi- seu veneno próprio e deve ser perce- bilidade de ser maltratado e rejeitado.” bido e transcendido à luz da consci- O medo é uma manifestação pe- culiar diante de um perigo real ou ima- ência. Tudo o que a consciência toca ginário. Para Vicente Hao Chin, ele é “a principal causa da infelicidade hu- – como um Rei Midas divino – torna- mana”. Este autor define o medo como “uma reação biológica que tem estado -se o “ouro do espírito”. Afinal, o que embutida no nosso sistema para auto- preservação. Nós o compartilhamos buscamos é viver plenamente, não apenas sobreviver. S ČEŠTINA/PIXABAY * Walter Barbosa é escritor e membro da Sociedade Teosófica de Campo Grande. SOPHIA • JUL/AGO 2019 29

[ CONEXÃO ] ‘ Cuidadores da Terra As tradições Quechua e o seu modo de vida focam em Pachamama, a Mãe Terra, a quem alimentam com respeito e amor. Descendentes diretos dos Incas, os ‘Quechua têm orgulho de ser filhos de Pachamama Christina Pateros* to e amor. Descendentes diretos dos Incas, os Quechua têm orgulho de ser CHIARAVI/PIXABAY Desorientada, fui atingida por filhos de Pachamama. “É ver através uma intensa energia que subia por do coração; mais coração, menos cé- baixo do meu pé e passava pela minha rebro”, lembrou-me Odon. Suas pala- perna até a cabeça. Permaneci de pé, vras penetravam meu coração e aquie- enquanto o instrutor segurava a pes- tavam minha mente; elas vibravam soa ao meu lado antes dela desmaiar. com o amor profundo que ele tem Eu sentia o calor. Nós três, cada um por sua terra, seu país, Pachamama e com um pé sobre um monte de flo- os paqos (curandeiros) aos quais está res e folhas, fomos chamados de uma ligado. É genuíno; no vale sagrado do turma de oitenta participantes, reu- Peru, este é o modo Quechua – amar nidos em um aposento em Wasacht Pachamama com todo o coração. “O Range, a oeste das Montanhas Rocho- resto segue e flui”, diz Odon. sas, para uma limpeza mais profun- da. Nós sopramos nossas orações em Ser um cuidador da Terra é saber três folhas de louro secas, enquanto o que tudo tem um espírito e tudo é sa- instrutor nos guiava na cerimônia de grado, animado, tem energia. Este é Cuidadores da Terra, nascida há mui- o modo xamã de ser e de ver a beleza to tempo na Cordilheira dos Andes. na vida. Odon fala sobre direcionar a energia com intenção e seguir o Aquele evento foi minha experi- coração: ação consciente com amor. ência seminal em relação ao poder e à intensidade com que a Mãe Terra Com fortes características incas e pode purificar hoocha (energia pe- um rosto que revela sua idade – qua- sada), revelando uma energia leve e renta e poucos anos – ele é nativo de clara. Naquela noite passei a acreditar Cuzco, o antigo centro do Império In- na magia do invisível. ca. Nós nos encontramos no topo dos Montes Apalaches, nos EUA, quan- Essa cerimônia de purificação é do ele trabalhava com Don Mariano parte das tradições dos Cuidadores Quispé, traduzindo a língua Quechua da Terra nos Andes, principalmen- para 48 de nós reunidos para apren- te no Peru e na Bolívia. As regiões der e orar. Don Mariano dirigia a ce- peruanas são o lar do tranquilo po- rimônia vestido com seu poncho de vo Quechua, cujo espírito transpira alpaca com franjas coloridas – vesti- gentileza, amor, generosidade e força. menta que refletia seu papel como curandeiro. Seu rosto endurecido e Fundamentalmente simples, as iluminado pelo sol falava de compai- tradições Quechua e o seu modo de xão, e seus olhos expressavam uma vida focam em Pachamama, a Mãe conexão com mundos invisíveis. O Terra, a quem alimentam com respei- 30 SOPHIA • JUL/AGO 2019

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mentor de Odon e de tantos outros é Pachamama de todo coração. Vivem lhos de Pachamama incluem-se todos um fazendeiro humilde, de estrutura de maneira simples, sincronizada os animais, as pessoas das pedras, as frágil, com a sabedoria de um velho e com a terra, cultivando papas (bata- pessoas das árvores e as pessoas das o coração de uma criança. tas) e choklo (milho). Vivem em ayni plantas. Os willka mayu (rios sagra- (reciprocidade sagrada), dando antes dos) fluem refletindo o Cosmo, os pla- Com pouco mais de setenta anos, de receber, em harmonia com todas netas e as estrelas: assim como é em Don Mariano é um Cuidador da Ter- as coisas vivas. Pachamama é tão hon- cima, é embaixo. Mamacocha, uma ra especial. Ele é Q'ero, um dos povos rada e reverenciada no Peru e na Bo- força poderosa, é a mãe das águas e Quechua que viviam em aldeias tão lívia que todo dia é realmente Dia da dos oceanos. Há uma sedutora dança altas que nos anos 1500 os espanhóis, Terra. Mas há um bônus anual, uma da natureza quando as águas fertili- que dizimaram incas e quechuas em festa que dura todo o mês de agosto. zam as sementes plantadas no ventre altitudes mais baixas, não consegui- de Pachamama. ram encontrar. Ele é também um De acordo com o ponto de vista buscador, um kurak akullak. Quechua, quando deixamos o corpo A cosmologia andina chama os es- físico nossos corpos retornam à Mãe píritos da montanha pelo nome. São Os indígenas Q’ero são algumas Terra, nossa sabedoria às montanhas os apukana, ancestrais poderosos, e centenas – fazendeiros, tecelões e nossas almas às estrelas. Entre os fi- a eles se reza por proteção e orienta- e curandeiros. Eles reverenciam 32 SOPHIA • JUL/AGO 2019

ção. No meu primeiro encontro com cer, sempre dando antes de pedir. a montanha Apu Salkantay, nas ter- ras altas peruanas, estava quase sem Os Q’ero chamaram o condor pa- fôlego, com as mãos congeladas e o rosto quase todo coberto pelo chullo ra uma conexão com o hanakpacha, (gorro) de alpaca. A montanha pare- cia falar comigo a cada passo que eu mundo xamânico superior onde as dava. As mensagens que eu recebia eram amorosas e de apoio. estrelas dançam com a lua, o sol e as Eu sentia uma grande confiança. nuvens. Os condores sagrados res- Estava bem, mas, com o cérebro pou- co oxigenado, tudo parece diferente, ponderam ao chamado, aparecendo e ao receber mensagens silenciosas sua realidade muda. Será que eu tinha no céu quando caminhávamos para sido agraciada com o encontro com um ancestral que podia não apenas o nosso acampamento. Os majesto- me guiar, mas também me forne- cer uma base sólida? Talvez aquela sos pássaros circulavam nas alturas montanha, com sua sabedoria cole- tiva, estivesse me oferecendo apoio. acima de nós, presságios alados que Quando se anda ao longo de geleiras sobre caminhos escarpados e escor- nos guiavam no caminho. regadios, com abismos a um passo de distância, você aprende a confiar em Nos ainy (despachos diários) nós si mesmo, nos companheiros, no líder e na terra debaixo de seus pés, mes- orávamos juntos pela correta rela- mo que nunca tenha confiado antes. Aprendi a pedir orientação àquele ção com tudo que é, com o Criador, poderoso apukana. Fazer pedidos ao espírito da montanha era como pedir o Grande Espírito e os espíritos da a meus avós que não pude conhecer. montanha. Os paqos os chamavam Ter a honra de ser guiada na mon- tanha pelo meu instrutor ocidental e pelos nomes, agradecendo especial- pelos paqos Don Francisco, Don Paulo Cruz e Don Pasquale foi extraordiná- mente a Apu Salkanty por nos prote- rio. Com eles mergulhei na prática cerimonial aynidespacho, cerimônia ger em nossa viagem. Fazíamos ora- sagrada de gratidão à Mãe Terra. ções de agradecimento a Pachamama, Os Q'ero, cuidadores dos ani- mais, plantas, pessoas, montanhas e para pedir que nossos corações se águas da Terra, são cerimonialistas. Enquanto trabalham com as entida- abrissem e oferecessem gratidão por des terrestres, também se alinham à energia de ancestrais distantes. Os nossa conexão com tudo que é. espíritos da terra e os espíritos ances- trais nos informam quando sopram Eu chorava a cada cerimônia. No suas orações de gratidão nas folhas de coca, a mais sagrada das plantas passado minhas lágrimas significa- na cultura Quechua. Eles pedem a Wyra (o vento), a Inti (o sol paterno vam tristeza ou vergonha, mas essas e o elemento fogo), e a Makilla (a avó lua prateada) orientação e sabe- cerimônias no ventre de Apu Salkan- doria, mas só depois de lhes agrade- tay me ensinaram que, depois de su- MARTY THE LEWIS/PIXABAY perar velhas histórias e velhos mo- dos de ser, minhas lágrimas podem fluir quando o coração está aberto ao amor. Os paqos veem as lágrimas e dão-lhes boas-vindas, pois sabem que estamos ligados não apenas a Pachamama, mas também uns com os outros e com todas as coisas vivas. “De acordo com o pon- Eu pedi às rochas que me mostras- to de vista Quechua, quando deixamos o sem o caminho. Segurei uma pedra corpo físico nossos cor- pos retornam à Mãe na mão e soprei nela minhas orações, Terra, nossa sabedoria às montanhas e nossas enquanto ofegava para encher os pul- almas às estrelas. Entre os filhos de Pachama- mões. E aprendi lições simples que ma incluem-se todos os animais, as pessoas pratico até hoje: dar antes de receber, das pedras, as pessoas das árvores e as pesso- agradecer antes de pedir, agradecer à as das plantas.” Mãe Terra por sustentar a vida. Agra- SOPHIA • JUL/AGO 2019 decer ao ar, à água e ao fogo. E pedir orientação, sabedoria e presença pa- ra viver de modo tão puro quanto os meus instrutores, os Quechuas, Cui- dadores da Terra. S * Christina Pateros é artista plástica e vive no Colorado (EUA). 33

PIXABAY [ EVOLUÇÃO ] A‘ smqauiastreoleevmaodçaõses A gentileza amorosa, a compaixão, a alegria solidária e a ‘equanimidade são as únicas emoções que vale a pena ter. Elas nos levam a um nível no qual a vida ganha amplidão e beleza 34 SOPHIA • JUL/AGO 2019

Ayya Khema* ções. Isso não quer dizer não distin- guir entre o bem e o mal; sabemos o Quando pensamos em amor, te- que é o mal, mas o ódio contra o mal mos ideias totalmente pessoais e bas- não precisa estar no nosso coração. tante fantasiosas. Elas são geralmente Pelo contrário, temos compaixão por baseadas no desejo de sermos ama- aqueles que agem mal. dos, desejo que esperamos realizar. A maioria dos nossos problemas Mas, na realidade, o amor só pre- diz respeito às relações pessoais. enche aquele que ama. Se entender- Para abordá-las, podemos usar os mos o amor como uma qualidade do ensinamentos das “quatro emoções coração, exatamente como a inteli- mais elevadas”. Elas são chamadas gência é uma qualidade da mente, de brahmaviharas (quatro moradas): não o trataremos como as pessoas gentileza amorosa, compaixão, ale- geralmente fazem. Via de regra, di- gria solidária e equanimidade. vidimos nosso coração em diferentes compartimentos, para pessoas ama- Se tivéssemos apenas essas quatro das, pessoas neutras, pessoas desa- emoções à nossa disposição, teríamos gradáveis. Com o coração dividido, um paraíso na Terra. Infelizmente não há como nos sentirmos bem. Só não é assim. Nós nos atormentamos podemos ser completos com um co- com dificuldades na família, no nosso ração unificado no amor. círculo de amizades e no trabalho. A mente fala constantemente sobre tu- O amor verdadeiro existe quando do que não lhe agrada, e ainda aponta o coração consegue abarcar todos os a parte culpada – a pessoa que nos seres humanos e todas as criaturas incomoda. Mas lembremos: sempre vivas. Isso requer um processo de que o outro diz ou faz alguma coisa, aprendizado difícil, principalmente isso diz respeito apenas ao seu pró- quando alguém se mostra muito de- prio karma. sagradável. Mas é uma condição que pode ser alcançada por todos, porque É isso que precisamos ter claro: todos temos a capacidade de amar. quem está praticando a ação amorosa, eu ou o outro? Se eu me amo, então Cada momento de treinamento sou capaz de ter uma certa pureza no do nosso coração é valioso e repre- coração. Mas se o amor depende des- senta um passo adiante no caminho sa ou daquela pessoa, estou julgando da purificação. Quanto mais lembrar- e dividindo as pessoas entre as que eu mos que tudo que nosso coração tem acho dignas de amor ou não. que fazer é amar, mais fácil será nos distanciar de julgamentos e condena- Todos nós estamos buscando um mundo ideal, mas ele só pode existir “O desejo de posse é em nosso próprio coração. Para isso absurdo quando pensa- temos que desenvolver o coração até mos em amor; contudo, que ele seja capaz de amar indepen- nós o degradamos a dentemente. De modo crescente, esse nível. Um coração podemos purificar nosso coração, amoroso sem desejos libertando-o da negatividade e o en- nem limites se abre pa- chendo-o com cada vez mais amor. ra um mundo de pureza Quanto mais amor o coração conti- e beleza, mas nós fize- ver, mais amor poderá verter. A única mos pouco ou nenhum coisa que nos retém é a mente. uso dessa nossa capa- cidade natural.” O que importa, portanto, é incli- nar o coração a amar, porque a pes- soa que ama também é amável por natureza. Mas se amarmos somente para ser cativantes vamos sucumbir ao erro de esperar resultados pelo SOPHIA • JUL/AGO 2019 35

nosso esforço. Se vale a pena praticar porque isso pode ser um fardo. Por BRUCE LAM/PIXABAY uma ação, então ela não perde o valor, isso o apego é chamado de inimigo qualquer que seja o resultado. Nós próximo – porque parece amor ver- “A mente fala cons- não amamos como um favor ou para dadeiro. A diferença entre os dois é tantemente sobre tu- conseguir algo. Amamos por amor, e a possessividade. do que não lhe agra- obtemos êxito em encher o coração da, e ainda aponta de amor. Quanto mais cheio ele fica, A possessividade é o fim do amor. a parte culpada – a menos espaço há para a negatividade. Amor verdadeiro significa que pode- pessoa que nos in- mos seguir adiante e deixar que o ou- comoda. Mas lem- Buda recomendava considerar to- tro siga. Aqui temos que ficar alerta bremos: sempre que das as pessoas como nossos próprios para reconhecer a negatividade em o outro diz ou faz al- filhos. Esse é um ideal elevado, e cada nós. Estamos sempre buscando as guma coisa, isso diz passo em direção a ele ajuda a puri- causas da negatividade fora de nós, respeito apenas ao ficar nosso coração. Buda explicou mas elas estão dentro, obscurecendo seu próprio karma.” também que é totalmente possível nosso coração. A questão é: reconhe- termos sido mães e pais de todos os ça, não culpe, mude. Devemos con- SOPHIA • JUL/AGO 2019 homens e mulheres. Se mantivermos tinuar substituindo o negativo pelo este fato em mente será muito mais positivo. Quando não existe ninguém fácil lidar com as pessoas. a quem dar amor, não quer dizer que o amor não exista. O amor que enche Se nos observarmos cuidadosa- o coração da pessoa é o alicerce da mente, descobriremos que não so- autoconfiança e segurança. mos cem por cento amáveis. Desco- briremos também que achamos que Se encontramos alguém que não os outros são mais desagradáveis do tem bons sentimentos, já tememos que agradáveis. Isso não pode trazer uma reação correspondente do nos- felicidade. Devemos considerar as so lado e assim preferimos, de ante- pessoas mais e mais amáveis. Temos mão, evitar essa situação. Porém, se que agir como toda mãe, que ama o coração estiver pleno de amor, na- seus filhos, embora às vezes eles se da acontecerá, porque sabemos que comportem mal. nossa reação será completamente amorosa. A ansiedade se torna des- Buda dava a esse tipo de amor o necessária quando compreendemos nome de metta, que não é exatamente que cada um é o criador do seu pró- o que chamamos de amor. “Desejo”, prio karma. Esse amor direcionado em páli, é lobha, que tem um som se- não apenas a uma única pessoa, e que melhante a love; como o mundo in- forma a base de nossa vida interior, é teiro gira em torno desse “querer ter”, um auxílio importante na meditação, interpretamos o amor dessa maneira. porque somente através dele é possí- Mas isso não é amor, pois amor é a vel a real devoção. vontade de ofertar. O desejo de pos- se é absurdo quando pensamos em Compaixão amor; contudo, nós o degradamos a esse nível. Um coração amoroso sem A segunda das emoções elevadas desejos nem limites se abre para um é a compaixão. Seu inimigo distante mundo de pureza e beleza, mas nós é a crueldade, e o inimigo próximo fizemos pouco ou nenhum uso desssa é a piedade. A piedade não ajuda os nossa capacidade natural. outros; se alguém desabafa conosco e temos pena, duas pessoas estão so- O inimigo distante do amor é o frendo em vez de uma. Se, ao con- ódio; o inimigo próximo é o apego. trário, oferecermos compaixão, nós Ter apego significa não estarmos fir- a ajudamos a se livrar do problema. mes sobre nossos pés, dando amor; significa nos agarrarmos a alguém. É muito importante desenvolver Muitas vezes a pessoa a quem nos compaixão por si mesmo, porque essa agarramos não acha isso agradável e quer se livrar de quem a agarra, 36

é a precondição para desenvolvê-la em nhecê-lo com compaixão, tentamos damos ouvido, mais fácil se mostra o relação aos outros. Se alguém não nos escapar do problema tão rapidamen- caminho espiritual. trata de maneira amorosa, será mais te quanto possível, desenvolvendo fácil para nós termos compaixão por autocomiseração, nos distraindo ou O sofrimento é parte da existên- essa pessoa, em vez de amor. É mais encontrando uma pessoa para culpar. cia. Somente quando aceitamos isso fácil porque sabemos que a pessoa está e paramos de fugir, quando aprende- zangada, enfurecida ou infeliz. Saber Aqui, a compaixão é a única pos- mos que o sofrimento pertence à vi- a respeito da felicidade do outro torna sibilidade. Experimentamos o que da, é que o sofrimento para. Com esse mais fácil ter compaixão, especialmen- Buda ensina: neste mundo o sofri- conhecimento é muito mais fácil ter te quando já fizemos isso com relação mento existe; essa é primeira Nobre compaixão, pois o sofrimento atinge a nós mesmos. Verdade. Depois podemos reconhe- a todos, sem exceção. Mesmo a “mal- cer o que queremos ter ou do que dade” dos outros não pode nos pertur- Infelizmente, muitas vezes lida- queremos nos livrar, e assim tornar o bar, porque ela surge da ignorância e mos com nosso próprio sofrimento sofrimento nosso instrutor. Não exis- do sofrimento. Todo mal do mundo da maneira errada. Em vez de reco- te instrutor melhor; quanto mais lhe está baseado nessas duas coisas. SOPHIA • JUL/AGO 2019 37

Alegria solidária MARISA04/PIXABAY A terceira das emoções elevadas SOPHIA • JUL/AGO 2019 é a alegria solidária; seu inimigo dis- tante é a inveja, que consiste em ga- nância e ódio. O inimigo próximo é a hipocrisia, que nos faz fingir para nós e para os outros aquilo que acre- ditamos ser necessário. A alegria solidária é corretamente entendida quando vemos que não há diferença entre as pessoas, que somos todos parte do que quer que momen- taneamente exista no mundo. Assim, se uma parte experimenta alegria, to- dos nós temos razão de compartilhá- -la. A vontade universal substituirá a vontade individual quando a tivermos experimentado e testado na medita- ção. Nossos problemas não abran- darão enquanto tentarmos apoiar e proteger o “eu”. Somente quando co- meçarmos a sobrepor o universal ao individual, vendo nossa purificação como mais importante que o desejo de ter, encontraremos a paz. Equanimidade Buda disse que a quarta e última das emoções mais elevadas é a maior de todas as joias: a equanimidade. É o sétimo fator da iluminação, e seu inimigo distante é a excitação. O inimigo próximo é a indiferença, que está baseada na despreocupação intencional. Por natureza nós nos interessamos por tudo, gostaríamos de ver e experimentar tudo. Mas, já que muitas vezes ficamos desaponta- dos por nossa incapacidade de amar, construímos uma armadura de indi- ferença à nossa volta, para nos prote- ger de mais desapontamento. No entanto, isso nos protege ape- nas de amar e de nos abrir. O que claramente distingue a equanimida- de da indiferença é o amor, pois na equanimidade o amor é içado a um desenvolvimento superior, enquanto na indiferença o amor não é abso- lutamente sentido ou não pode ser 38

mostrado. Ter equanimidade significa retornar à equanimidade. Sem equa- que já temos insight suficiente para que não pareça mais valer a pena se exaltar nimidade, você não consegue meditar pelo que quer que seja. de modo algum. Se estamos agitados Mas como chegamos a essa com- preensão? Aprendemos que tudo – ou se queremos nos livrar de alguma acima de tudo nós mesmos – vem à existência e depois desaparece. Quan- coisa, não conseguimos descansar. A do ficamos muito excitados não reco- nhecemos a plenitude da vida, porque equanimidade torna mais fácil tanto a não temos ainda um coração amoroso, e somente um coração amoroso con- vida diária quanto a meditação. segue compreender essa plenitude. A compreensão que obtemos pela me- Isso não quer dizer que a consci- ditação mostra com clareza que o fim desta vida está sempre diante de nós. ência deva simplesmente ser posta de Tereza D'Avila disse: “Não pensar lado. Precisamos entender que o juiz tanto – amar mais.” Aonde esse pen- samento nos leva? Certamente nos fez em nosso coração cria apenas conflito pousar na lua. Mas se temos o amor de- senvolvido em nosso coração, podemos e nada mais. Se realmente queremos ter aceitar as pessoas com todos os seus problemas e peculiaridades. Teremos paz, temos que nos esforçar para desen- construído um mundo onde felicida- de, harmonia e paz estão no controle. volver amor e compaixão. Todos conse- Esse mundo não pode ser idealizado, mas pode ser sentido. Somente a me- guem fazer isso, porque afinal o coração ditação pode nos presentear com esse mundo ideal, onde é absolutamente está aí para amar, como a mente está aí necessário desistir de pensar. Isso nos cura e nos ajuda a nos voltarmos para para pensar. Se renunciarmos ao pensa- o nosso coração. mento na meditação, desenvolveremos Como a equanimidade é um fator de iluminação, está baseada na compre- a pureza no caminho espiritual. Se ape- ensão – acima de tudo na compreensão de que tudo que existe desaparece. As- nas uma pessoa a desenvolver, o mundo sim, o que eu perco? O pior que pode acontecer é perder minha vida, mas eu inteiro será melhor; quanto mais pes- a perderei de qualquer modo – então, por que toda essa agitação? Em geral, soas purificarem seus corações, maior as pessoas que nos causam problemas não querem exatamente nos matar, será o ganho para todos. querem apenas confirmar seu ego. Po- “Buda falou sobre rém, isso não é problema nosso, mas Podemos fazer esse trabalho todo um amor que não totalmente delas. conhece distin- dia, da manhã à noite, porque somos ções. Trata-se sim- Enquanto meditarmos e obtiver- plesmente da qua- mos novos insights, será sempre mais constantemente confrontados com lidade do coração. simples reconhecer que todo desejo Se nós a temos, de autoafirmação, toda agressão, toda todas as nossas reações e com a obs- encontraremos alegação de poder e todo desejo de pos- uma rota totalmen- se estão entrelaçados com o conflito. tinação que nos mantém ocupados. te nova na vida.” Assim, temos que continuar tentando abrir mão de desejar e querer, para Quanto mais observadores formos, SOPHIA • JUL/AGO 2019 mais fácil será abrir mão disso, até que a teimosia desapareça e nós nos tornemos pacíficos e felizes. Esse trabalho nos recompensa com um grande benefício e com uma segu- rança que não pode ser encontrada em nenhum outro lugar. No fundo, todos nós sabemos dos fatores que consti- tuem a vida espiritual, mas agirmos em conformidade com eles é difícil. A gentileza amorosa, a compaixão, a alegria solidária e a equanimidade são as únicas emoções que vale a pena ter. Elas nos levam a um nível no qual a vida ganha amplidão e beleza. Buda falou sobre um amor que não conhece distinções. Trata-se simples- mente da qualidade do coração. Se nós a temos, encontraremos uma rota totalmente nova na vida. S * Ayya Khema foi instrutora budista e atuou ativa- mente na defesa de oportunidades para mulheres praticarem o Budismo. 39

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TRAVELCOFFEEBOOK/PIXABAY [ VALORES ] SOPHIA • JUL/AGO 2019 O ego, a força e o poder Edi Bilimoria* Há uma sutil distinção entre força e poder. Na ciência usamos o termo “energia” em vez de força; energia é aquilo que se entrega, e força é a taxa do que é entregue. Assim, mesmo um sistema fraco, que gasta sua energia a uma alta taxa, seria poderoso. Um exemplo seria um gato despendendo uma súbita quantidade de energia ao saltar sobre um camundongo. Em contrapartida, um sistema de alta energia, que gasta energia lentamen- te, seria considerado menos pode- roso; por exemplo, um buldogue se arrastando lentamente em direção ao seu pote de comida. No reino psicológico, a busca ilustra bem a diferença entre poder e energia (vamos usar o termo “força”). A música e a vida se refletem mutua- mente. Em suas palestras, o pianista e maestro Daniel Barenboim explicou como a música expressa a dimensão da vida, e como o lado oculto da vida se reflete na música. Se, numa or- questra, os metais (trompetes, trom- bones, etc.) tocassem muito alto, sem “Se, numa orquestra, os me- tais tocassem muito alto, o som resultante teria um poder brutal, mas nenhuma força. Quando cada instrumento har- moniza sua contribuição ao to- do, o som tem força real.” 41

se preocupar com os outros instru- pessoal à vontade divina é o supremo cial do que um “santinho” insípido. mentos, o som resultante teria um po- desafio do caminho espiritual. A juventude de Beethoven certa- der brutal, mas nenhuma força. Por outro lado, quando cada instrumento Mas para se submeter à vontade mente foi um período de desenvol- harmoniza sua contribuição ao todo, divina é preciso possuir primeira- vimento do seu ego. O ego poderoso o som tem força real – e, nesse senti- mente uma identidade, uma perso- tendia a avançar por sua própria von- do, tem um poder baseado na força. nalidade forte, poderosa, que valha a tade, em vez da vontade do Criador. pena oferecer ao divino. A persona- Ele era extremamente arrogante, O grande compositor Beethoven é lidade indiferente – nem “boa” nem vigoroso e altivo. Não admirava nin- um exemplo de alguém que percorreu “má”, nem quente nem fria – tem guém e intrometia-se na alta socie- o caminho do poder até a força. Isso pouco a oferecer. A alma boa e quen- dade em Viena sem qualquer consi- tudo tem a ver com o uso e abuso do te tem muito a oferecer, e já está deração. Certa vez ele escreveu para ego. É tolice dizer que podemos atuar sintonizada. A alma fria ou má tam- um secretário da Corte: “Que o diabo no plano terrestre sem o ego, como bém tem muito a oferecer, porque te carregue. Nada quero saber a res- também seria tolice tentar ser um desenvolveu um ego forte, e precisa peito de todo o teu sistema de ética. grande pianista sem um piano. O de- apenas girar 180 graus e se entregar O poder é a moralidade de homens safio é subjugar o ego (o instrumento) ao serviço do Supremo, em vez de que se sobressaem ao resto, e este é à vontade superior (o pianista). Preci- se dedicar a propósitos egoístas. Por também o meu caso.” samos desenvolver o ego para nos en- isso o ditado diz que é melhor um la- tregarmos; e entregar-se não significa drão entusiasmado que uma pessoa As circunstâncias que conjunta- se aniquilar ou se destruir. A entrega honesta e apática; ou que uma crian- mente causaram a transformação de e a sublimação da vontade humana ça desobediente tem mais poten- Beethoven foram a surdez e os sofri- mentos no amor. O retorno para o 42 SOPHIA • JUL/AGO 2019

interior de sua mente seguiu de mãos “composta para celebrar a memória Agora também pisoteará os direitos dadas com o percurso que seu ego de um grande homem”. do homem, satisfará apenas sua ambi- empreendeu para fora e para cima. ção; agora ele se considerará superior Seu aluno e assistente Ferdinand a todos os homens, e se tornará um Podemos comparar as vidas de Ries relatou a cena: “Ao escrever es- tirano!’ Beethoven foi até a mesa, pe- Beethoven e Napoleão, completa- ta sinfonia, Beethoven pensou em gou o topo da página-título, rasgou-a mente diferentes nas circunstâncias Napoleão Bonaparte, mas Bonaparte ao meio e jogou-a no chão. A página externas, mas peculiarmente pareci- enquanto primeiro cônsul. Naquela teve que ser recuperada, e somente das se analisadas num nível interno e época, Beethoven tinha a mais ele- agora a sinfonia recebeu o título de sutil. Beethoven foi, num certo perí- vada estima por ele e o comparava Sinfonia Heroica.” odo, um grande admirador de Napo- aos maiores cônsules da antiga Ro- leão, e originalmente pretendia que ma. Não apenas eu, mas muitos dos A tabela ao lado compara caracte- sua terceira sinfonia se intitulasse amigos mais próximos de Beethoven rísticas relevantes desses dois grandes Sinfonia Bonaparte. Porém, quando vimos a sinfonia sobre sua mesa, homens. Aqui a injunção “mata a am- Napoleão se coroou imperador dos lindamente copiada à mão, com a bição, mas trabalha como aqueles que franceses, em 1804, Beethoven se palavra Bonaparte no topo da pági- são ambiciosos”, que consta no livro enfureceu; reza a lenda que o compo- na-título e Ludwig van Beethoven Luz no Caminho, é pertinente. Bee- sitor rasgou a página do título e mu- na parte inferior. Eu fui o primeiro thoven foi bem-sucedido; Napoleão dou o nome da sinfonia para Heroica, a lhe dar a notícia de que Bonaparte não. Podemos, assim, entender por para não dedicar uma de suas peças se declarara imperador, ao que ele se que Beethoven certa vez gritou abor- a um tirano. Mesmo assim deixou enfureceu e exclamou: ‘Sendo assim, recido que, se conseguisse comandar no manuscrito publicado a inscrição ele não é mais um mortal comum! um exército como conseguia escrever música, mostraria algumas coisas a SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE BEETHOVEN E NAPOLEÃO Napoleão. Eles foram contemporâneos; nasceram com 16 meses de diferença Podemos seguir adiante e fazer Napoleão em 15 de ...e Beethoven em 17 de algumas observações gerais. Tiranos agosto de 1769... dezembro de 1770 como Hitler e Stalin, que desfigura- ram o rosto da humanidade, certa- Ambos foram revolucionários – e ambos amavam o poder... mente foram poderosos; no entanto, eram homens fracos. Eles não tinham ...mas enquanto a revolução ...a revolução de Beethoven força ou poder sobre si mesmos – so- de Napoleão foi no reino foi no reino do psicológico bre seus pensamentos e sua ambição da política... voraz. Por outro lado, um mendigo e do espiritual. que se senta em calmo contentamen- to à porta da igreja não tem nenhum Napoleão rearranjou ...enquanto a música de poder, mas pode ter grande força, (ou tentou rearranjar) Beethoven revoluciona nossa pois ele dominou sua própria mente. fronteiras nacionais... consciência – ela pode Para concluir, podemos dizer que nos transformar. o poder deve estar nas mãos apenas daqueles que não o querem. Desse Napoleão perdeu a última Beethoven conquistou a modo, será usado com força e altru- batalha – não em Waterloo, mas suprema vitória: submeteu ísmo, não para fins egoístas. Errar é humano, mas quem ou o quê está ao se coroar imperador, pois seu poderoso ego à cometendo o erro? Levemos a sério exaltou o seu próprio ego. vontade divina. este conselho de Sri Ramana Mahar- shi: “O maior erro de alguém é pen- Enquanto Napoleão fracassou ...Beethoven triunfou ao dedicar sar que é naturalmente fraco e mau. em submeter seu ego, o ego à sua arte, a serviço Toda pessoa é divina e forte em sua da humanidade. verdadeira natureza. Fracos e maus são seus hábitos, seus desejos e pen- samentos, mas não ela mesma.” S * Edi Bilimoria é escritor e conferencista. SOPHIA • JUL/AGO 2019 43

www.sEondecreçieos dda aSocdiedeadteeTeoosósficoa nfoiBcraasil .org.br CAPITAIS 301. Tel: (48) 99600-7470. Reu- reuniões 2ª, 14h. Bragança Paulista-SP niões: 2ª 18h, 3ª 19h, sáb. 15h. • Loja Himalaia: Tel: (21) 2717-0982. • Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, Aracaju-SE E-mail: teosofica.florianopolis@ • Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, Jardim América. CEP: 12916-160. GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira gmail.com 14h. Site: www.bloglojajinarajada- Tel: (11) 2427-7367/(11) 99954- Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045- Fortaleza-CE sa.wordpress.com 6188. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: 750. Tel: (79) 8802-1012/8875-2875. • Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331- • Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. [email protected] E-mail: teosofiaemaracaju@gmail. A, Centro. CEP: 60135-000. Tel: (85) • Loja Perseverança: reuniões 5ª, Brusque-SC com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. 99828-2714. Reuniões: sáb. 16h, 14h. E-mail: stlojaperseveranca@ • Get Lótus Púrpura: R. João Bauer, Belo Horizonte-MG dom. 9h. 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Brasília – programação pública con- mail: lojaesperança@sociedade liberdade.org.br. E-mail: Reuniões: 4ª, 19h. junta: sáb., 14h30 a 21h30. teosofica.org.br [email protected]. Capão da Canoa-RS Campo Grande-MS Maceió-AL Facebook: www.facebook.com • Get Dhyana: R. Pindorama,389, • Loja Campo Grande: R. Pernambuco, • GET Maceió: R. Prof. Sandoval /lojateosoficaliberdade. loja 1, Centro. CEP: 95555-000. Tel: 824, São Francisco, CEP 79010-040. Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta • Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- (51) 985576481 e (51) 999664042. Tel.: (67) 3025-7251/9982-8106. Verde. CEP: 57035-230. Tel: (82) moto, 301, Liberdade, CEP 01513- Email: [email protected]. Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacam- 3377-0297/9997-8351. E-mail: 040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- Reuniões: 2º e último sábados do [email protected] [email protected]. ões: 4ª, 20h. E-mail: samiracarnei- mês, 19h. • GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Reuniões: sáb., 16h. [email protected] Cataguases-MG Cidade Jardim, CEP 79040-630. Palmas-TO • Loja São Paulo: R. Mituto Mizu- • Loja Unicidade: R. Cel João Du- Tel: (67) 3028-6548 / 9637-7525. • GET Palmas: Q. 104 Sul, R. SE moto, 301, Liberdade. Reuniões: arte, 78, s. 204. CEP: 36770-000. Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E-mail: 01, n° 27, s. 21. Pavimento Primeiro dom., 17h. E-mail: celiapetean@ Tel: (32) 3421-4448/(32) 3421-1567/ [email protected] Piso (antiga ACSE 01, cj. 01, lt. 28). uol.com.br (32) 9982-1123 e (32) 9984-1164. Cuiabá-MT CEP 77.020-360. Tel: (63) 3215- • Get Sananda Kumara: R. Antônio Reuniões: 3ª, 19h30, e 6ª, 18h30 • GET Annie Besant: R. Venezuela, 0936/9951-0459/8139-3218/8415- de Vicenzo,125, Jd. das Figuei- (membros). E-mail: nascimentos- 231, Santa Rosa, CEP 78040-370. 3122. Reuniões qua., 18h30. ras.CEP: 03.211-120. Tel: (11) [email protected] Tel: (65) 9.8115.8425 / 9.8107.1687 E-mail: [email protected] 97365-8604 e (11) 97675-8811. Caxias do Sul-RS / 9.8128.3144. Reuniões quinzenais: Porto Alegre-RS Email: [email protected]. • Loja Jehoshua: R. Itália Travi, 813 6ª, 20h. E-mail: castilho.radiotera- • Loja Dharma: R. Voluntários da Reuniões: 3ª, 20h. fundos, Rio Branco, CEP 95097- [email protected] Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039- Vitória-ES 710. Tel/ Whatsapp: (54) 99194- Curitiba-PR 900. Tel: (51) 3225-1801. E-mail: • Loja Blavatsky: Av. Princesa Isa- 8537. Reuniões: 1º e último do- • Loja Libertação: R. República Ar- [email protected]. bel, 35, CEP 29.010-361. Tel: (27) mingo do mês, 15h. E-mail: teoso- gentina, 2.056, 11º andar, s. 115, br. Site: www.lojadharma. org.br. 3235-1545/3314-5381/9608-5694. [email protected]. Site: www.teoso- Água Verde, CEP 80.620-010. Tel: Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., Reuniões: 3ª, 6ª e sáb., 19h. E- fiars.com.br. Facebook: facebook. (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 9646- 15h às 18h30 (público). mail: [email protected] e com/teosofiars 5853. Cursos de Introdução: 2ª, Recife-PE [email protected] Criciúma-SC 19h30 às 21h. Palestras públicas: • Loja Estrela do Norte: R. Diogo • GET Mabel Collins: Cx P. 263, sáb., 16h às 18h. Reuniões mem- Álvares, 155, Torre, CEP 54420- OUTRAS CIDADES CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- bros: 3ª, 19h30 às 20h. E-mail: liber- 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: 0380/9904-2080. Reuniões: [email protected] dom., 16h. E-mail: lojaestrelado- Águas de São Pedro-SP 1º sáb. do mês, 15h, na R. Barão • Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, norte@sociedade teosofica.org.br • GET Águas de São Pedro: R. do Rio Branco, 549 (perto do Sindi- Alto da Glória. CEP: 80030-320. Tel: Rio de Janeiro-RJ Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. cato dos Mineiros). (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h • Loja Augusto Bracet: Av. Treze de CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482- Juazeiro do Norte-CE (membros); 3ª e sáb., 16h (público). Maio, 13, sala 1520, Centro, CEP: 1009. Reuniões: 5ª, 20h. • GET Padre Cícero: R. Santo • Loja Dario Vellozo: R. 13 de Maio, 20053-901. Tel: (21) 2569-9978. Balneário Camboriú-SC Agostinho, 300, Biblioteca Pública 538, Centro, CEP 80510-030. Reu- Reuniões: 6ª,15h. E-mail: fcarrei- • GET Luz no Caminho: Centro Municipal, CEP 63.010-167. Tel: (88) niões: 2º e 4º domingos, 15h30 às [email protected] de Treinamento Yoga Sadhana, 98808-4808. Reuniões sáb., 16h. 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979- • Lojas Conde de Saint Germain, Ji- Av. Rui Barbosa, 30 (continuação E-mail: [email protected] 7970, 9675-8126. E-mail: claturis- narajadasa, Nirvana, Perseverança da Estrada da Rainha, Praia dos Joinville-SC [email protected] e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº Amores). CEP: 88330-468. Tel: • Loja Shanti-OM: R. Waldemaro Florianópolis-SC 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053-901. 9987-1797. Reuniões: quinzenal- Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) • Loja Florianópolis: R.Tenente Silvei- Tel: (21) 2220-1003. mente, dom. 17h30. E-mail: mar- 3433-3706. Reuniões: 4º dom. do ra, 4824,4s. 501, Centro. CEP: 88010- • Loja Conde de S.Germain: [email protected] mês, 1S9OhP. HEI-Am• aJil:UmL/AaGrilOen2a0w19olf@

yahoo.com.br FRED FOKKELMAN Juiz de Fora-MG • GET Juiz de Fora: R. Padre Café, O que é a 195, 4º andar, Salão de Festas, bairro São Mateus, esquina com Av. Itamar Sociedade Teosófica Franco, CEP 36.016-450. Reuniões 2ª, de 19h a 20h30. Tel: (32) 99810-6667. A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Não há religião E-mail: [email protected] Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa • Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Ol- vsueperrdioraà de Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: cott, seu primeiro presidente. A sede internacional 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reuni- foi transferida para Chennai, na Índia, onde se Esse é o lema da ões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. E-mail: there- encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de Sociedade Teosófica. [email protected] 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas Mas a Sociedade não Londrina-PR por Lojas e Grupos de Estudos. se impõe como por- • GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, tadora da verdade; o Jd. Quebec. CEP: 86060-190.Tel:(43) A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- laço que une os teó- 3027-2623/9121-3375/9916-0099/9911- cípio da fraternidade universal e a livre investigação -sofos não é uma 8142. E-mail: tarsiladomene@hotmail. da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da crença comum, mas com e [email protected]. Reuni- fraternidade universal da humanidade; encorajar o a investigação da ver- ões: 4ª, 19h. estudo de religião comparada, filosofia e ciência; dade em relação às Niterói-RJ investigar as leis da natureza e os poderes latentes diversas religiões, à • Loja Himalaya: R. da Conceição. 99, no homem. filosofia ou à ciência. s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890/2611-6949. Reuniões: Membros de diversas religiões se filiaram à 45 2ª, 18h. Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando Piracicaba-SP que ela não é uma religião nem uma seita, somente o • Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Al- respeito à liberdade de pensamento torna possível a to. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. convivência harmônica que favorece a investigação Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapiraci- e o aprendizado. [email protected] Praia Grande-SP A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- • Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou 19h30. E-mail: get.thoth@sociedade a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- teosofica.org.br nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, Ribeirão Preto-SP mas através de correspondências da alma com o • Loja Paz Profunda: R. João Penteado, mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moder- 38, Jardim Sumaré, CEP 14020-180. na, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da Tel: (16) 3237-5109/98138-5148/ 3916- sabedoria não pela crença, mas pela investigação da 4231. Reuniões: sáb. 16h. E-mails: teo- verdade que se manifesta na natureza e no homem. [email protected] São Caetano do Sul-SP • GET do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP: 09541- 300. Tel: (11) 4229-7846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: getdograndeabc@gmail. com São José dos Campos-SP • GET Ishvara: R. Augusto Edson Ehlke, 150, Vila Ema. CEP: 12243-110. Tel: (12) 3901-7424/3208-6693/98877- 8112/99163-1685/99137-9085. Reu- niões 3ª, 19h30. Endereço p/ corres- pondência: R. Ricardo Monteiro, 147, Jardim Renata, CEP 12245-110. Email: [email protected]. FB: facebook. com/Loja Teosofica Vida Una • Loja Vida Una: R. Madre Paula de São José, 163, Vila Ema, CEP 12.243-010. Fone: (12) 3941-7173/99712-2349. Reuniões 2ª, 19h15. E-mail: lojavidau- [email protected] Três Pontas-MG • GET Una Verdad: Rod. 167, km 11, entre Santana da Vargem e Três Pon- tas, CEP 37.190-000. Fone e whatsa- pp: (35) 99936-1396. Reuniões públi- cas 3ª, 20h. E-mail: getunaverdad@ gmail.com Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/3385- 3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E- mail: gS_OmPHulIlAer• 8J5U@L/yAaGhOoo2.0c1o9m.br

ECdonithoeçraaasTpuebloicasçõóesfidca a Teosofia Explicada em Karma e Dharma A Ciência do Yoga Consciência e Cosmos I.K. Taimni Perguntas e Respostas Annie Besant Menas Kafatos Esta obra conduz a um P. Pavri Este livro traz uma abor- reencontro com a essência e Thalia Kafatou dagem simples e clara dos do yoga, a partir de um es- Para desenvolver este li- ensinamentos teosóficos, ao tudo comparativo da ciên- A física contemporâ- vro foram pesquisadas mais mesmo tempo em que possi- cia moderna com a clássica nea e a tradição mística são de setenta obras de admirá- bilita o aprofundamento no e da primeira codificação da apresentadas, nesta rica e veis ocultistas. Ele traz as- estudo de temas relevantes disciplina do yoga – os Yoga- interessante obra, de uma pectos do vasto ensinamen- sobre o karma ( a invariabi- -Sutras de Patañjali. O autor forma renovadora e única. to teosófico em forma de lidade da lei, os planos da na- define o yoga como uma ci- Os autores correlacionam perguntas e respostas, para tureza, a geração e atividade ência de autoconhecimen- a experiência dos avanços facilitar o estudo de assun- das formas-pensamento, a to e libertação progressiva científicos mais recentes tos de difícil compreensão criação e atuação do karma); da consciência. Ela não é da teoria quântica e da cos- – já que a Teosofia não trata e também sobre o dharma, definida pela crença ou es- mologia com o pensamento apenas de temas de interesse trazendo o entendimento da peculação metafísica, mas oriental, sustentando que os dos eruditos, mas principal- natureza interna e do desen- pela experiência direta da reinos do mundo objetivo e mente de pessoas que vivem volvimento na evolução de meditação enquanto méto- da consciência subjetiva são no complexo mundo moder- cada ser humano. O leitor, do progressivo de pesquisa, aspectos complementares da no e estão ávidos por respos- inserido na labuta diária do através das diferentes “ca- mesma realidade. tas coerentes para questões mundo, poderá elucidar, madas” da mente. Assim, o essenciais sobre a vida. O nesta leitura, algumas das ser humano pode conhecer Em linguagem simples e professor P. Pavri compi- grandes verdades que tornam a própria origem e essência envolvente, esta reflexão so- lou este material visando a vida mais fácil de ser com- do universo, e desvelar os bre os paradoxos modernos apresentar aos leitores os preendida e a morte mais mistérios da vida e da morte. tem como objetivo desco- ensinamentos teosóficos de simples de ser encarada. brir a unidade do processo maneira clara e acessível. cósmico, do qual todos nós somos participantes. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • JUL/AGO 2019

Compre pelo cartão [ LANÇAMENTOS ] de crédito (todas as bandeiras), ou peça pelo Inspiração correio ou pelo e-mail: para os leitores editorateosofica@ editorateosofica.com.br N. Sri Ram – uma vida de Através dos Ligue: 61-33227843 beneficência e sabedoria Portais de Ouro ou 61-986134906 Pedro Oliveira Mabel Collins O Idílio do Lótus Branco Esta biografia de N. Sri Ram está Este livro nos leva a compreender Mabel Collins destinada a inspirar os seus leitores. a máxima de que “cada ser humano Seu esforço sincero foi o de destacar é para si mesmo o caminho, a verda- Este romance ocultista a natureza da Teosofia como uma sa- de e a vida”. Como afirma a autora, narra a trajetória da alma bedoria transformadora e não apenas “o indivíduo é o seu próprio criador, humana, da inocência inicial como uma explicação dos processos seu próprio juiz e, em seu interior, à sabedoria eterna. É a histó- que se desenvolvem no ser humano, reside potencialmente a inspiração ria do desenvolvimento dos na natureza e no universo. Como evi- e energia para encontrar o caminho poderes psíquicos e espiri- denciado em suas inúmeras palestras pelo qual acessar o Portal de Ouro.” tuais de um jovem sacerdote e escritos, Sri Ram compreendeu a egípcio, numa época em que natureza profunda do trabalho teosó- “Oculta no coração do mundo e a antiga religião de mistérios fico, ao qual ele dedicou sua vida de no coração do ser humano está a luz estava degenerando em cul- forma completa. Quinto presidente que pode iluminar toda a vida”. Por tos de magia negra. Traz uma da Sociedade Teosófica, que liderou que não haveríamos de buscá-la? Que história contada em todas as ao longo de vinte anos, ele mostrou o leitor busque em seu interior a luz eras, entre todos os povos: um genuíno espírito de humildade e que o guiará em sua caminhada ru- a tragédia da alma. Atraída serviço, que permeou o próprio tecido mo a um mundo de esplendor, mui- pelo desejo, ela se submete do seu quadro de membros. to além do sofrimento e da angústia ao pecado; confrontada con- experimentados em nosso dia a dia. sigo mesma pelo sofrimen- to, pede auxílio ao espírito 47 interior, que a redime; no sacrifício final, completa sua missão e lança bênçãos sobre a humanidade. Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 Brasília-DF – CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843 SOPHIA • JUL/AGO 2019

Para comprar os livros da Editora Teosófica, peça pelo número! 1. A Chave para a 22. A Vida de Cristo do Pedro Oliveira: 40,00 61. Helena Blavatsky - Teosofia - H. P. Blavatsky: Nascimento à Ascenção - 42. Cartas dos Mahatmas Sylvia Cranston: 75,00 42,00 Geoffrey Hodson: 59,00 para A. P. Sinnett, vol. I. – 62. H. P. Blavatsky e a 2. A Ciência da Astrologia 23. A Vida Espiritual - Annie Escritas pelos Mahatmas Sociedade para Pesquisas e as Escolas de Besant: 35,00 M. e K. H.: 55,00 Psíquicas - Vernon Harrison: Mistérios - Ricardo 24. A Vida Interna - C.W. 43. Cartas dos Mahatmas 35,00 Lindemann: 55,00 Leadbeater: 41,00 para A. P. Sinnett, vol. II. – 63. Introdução à Teosofia - 3. A Ciência da Meditação - 25. A Visão Espiritual da Escritas pelos Mahatmas C.W. Leadbeater: 18,00 Rohit Mehta: 35,00 Relação Homem & Mulher - M. e K. H.: 55,00 64. Investigando a 4. A Ciência do Yoga - I. K. Scott Miners (comp.): 40,00 44. Cartas dos Mestres Reencarnação - John Taimni: 53,00 26. A Vivência da de Sabedoria - C. Algeo: 35,00 5. A Conquista da Espiritualidade – Uma Jinarajadasa: 47,00 65. Karma e Dharma - Felicidade - Kodo Proposta Prática ao 45. Chegando Aonde Você Annie Besant: 33,00 Matsunami: 33,00 Alcance de Todos - Shirley Está - A Vida de Meditação 66. Luz e Sombra – 6. A Criança Encantada - C. Nicholson: 23,00 - Steven Harrison: 40,00 Elementos Básicos de Jinarajadasa: 18,00 27. A Voz do Silêncio - H.P. 46. Clarividência - C.W. Astrologia - Emma 7. A Doutrina do Coração - Blavatsky: 25,00 Leadbeater: 30,00 Costet de Mascheville: Annie Besant: 33,00 28. As Escolas de Mistérios 47. Conhece-te a Ti Mesmo 25,00 8. A Essência da Vida Espi- – O Discipulado na Nova - Valdir Peixoto: 25,00 67. Luz no Caminho - ritual - Raul Branco: 40,00 Era - Clara Codd: 40,00 48. Contos Mágicos da Mabel Collins: 18,00 9. A Fraternidade de Anjos 29. As Leis do Caminho Índia - Marie Louise Burke: 68. Meditação – Sua e Homens - Geoffrey Hod- Espiritual - Annie Besant: 33,00 Prática e Resultados - Clara son: 33,00 30,00 49. Consciência e Cosmos M. Codd: 25,00 10. A Gnose Cristã - C. W. 30. Aos Pés do Mestre - J. - Menas Kafatos & Thalia 69. Meditação Taoísta Leadbeater: 43,00 Krishnamurti: 18,00 Kafatou: 37,00 – Métodos para Cultivar 11. A Luz da Ásia - Edwin 31. Advaita Bodha Deepika 50. Dentro da Luz - Cherie a Saúde da Mente e do Arnold: 33,00 – A Luz da Sabedoria não Sutherland: 35,00 Corpo - Thomas Cleary 12. A Mente Imensurável - Dualista - Adi Shankara 51. Desejo e Plenitude - (comp.): 33,00 J. Krishnamurti: 53,00 Swami: 37,00 Hugh Shearman: 25,00 70. Meditação – Um Estudo 13. A Potência do Nada - 32. Aos que choram os 52. Deuses no Exílio - J. J. Prático - Adelaide Gardner: Marcelo Malheiros: 33,00 Mortos - C. Jinarajadasa Van Der Leeuw: 23,00 33,00 14. A Técnica da Vida [livro de bolso]: 18,00 53. Educação, Ciência e 71. Meditações – Excertos Espiritual - Clara Codd: 33. Apolônio de Tiana – Espiritualidade - P. Krishna: das Cartas dos Mestres de 30,00 Sábio, Profeta e Renovador 35,00 Sabedoria - Katherine A. 15. A Sabedoria Antiga - dos Mistérios - G. R. S. 54. Em Busca da Beechey (comp.) [livro de Annie Besant: 45,00 Mead: 33,00 Sabedoria - N. Sri Ram: bolso] - 25,00 16. A Sabedoria Oculta na 34. Aprendendo a Viver a 33,00 72. Momentos de Bíblia Sagrada - Geoffrey Teosofia - Radha Burnier: 55. Escritos Esotéricos - Sabedoria - H. P. Blavastky Hodson: 80,00 40,00 Subba Row - a ser lançado [livro de bolso]: 25,00 17. A Senda Graduada 35. Aspectos Espirituais 56. Estudos Seletos em 73. Não há outro caminho para a Libertação – das Artes de Curar - Dora “A Doutrina Secreta” - a seguir - Radha Burnier: Instruções Orais de um van Gelder Kunz: 45,00 Salomon Lancri: 33,00 33,00 Lama Tibetano - Geshe 36. Através do Portal da 57. Eu Prometo – Conversa 74. O Alvorecer da Vida Rabten: 25,00 Morte - Geoffrey Hodson: com Jovens Discípulos - Espiritual - Murillo Nunes de 18. A Senda para a 30,00 C. Jinarajadasa [livro de Azevedo: 35,00 Perfeição - Geoffrey 37. Autoconhecimento - bolso]: 18,00 75. O Aperfeiçoamento do Hodson: 25,00 Marcos Resende: 30,00 58. Fundamentos da Homem - Annie Besant: 19. A Suprema Realização 38. Autocultura à Luz do Filosofia Esotérica - H. P. 33,00 Através do Yoga - Geoffrey Ocultismo - I. K. Taimni: Blavatsky: 30,00 76. O Catecismo Budista, Hodson: 37,00 45,00 59. Fundamentos de H. S. Olcott [livro de bolso]: 20. Autobiografia de Annie 39. Autorrealização pelo Teosofia - C. Jinarajadasa: 18,00 Besant: 50,00 Amor - I. K. Taimni: 30,00 50,00 77. O Caminho do 21. A Tradição-Sabedoria 40. Bhagavad-Gita - Trad. 60. Gayatri, o Mantra Sa- Autoconhecimento - Radha - Pedro Oliveira e Ricardo Annie Besant: 25,00 grado da Índia - I. K. Taimni: Burnier [livro de bolso]: Lindemann: 33,00 41. Biografia de Sri Ram - 39,00 18,00 48 SOPHIA • JUL/AGO 2019

78. O Catador de Histórias 92. Ocultismo, Hodson: 23,00 120. Shiva-Sutras - I.K. - Fernando Mansur: 33,00 Semiocultismo e Pseudo- 106. Os Sonhos - C.W. Taimni: 40,00 79. O Chamado dos Upani- ocultismo - Annie Besant: Leadbeater: 23,00 121. Sussurros da Outra xades - Rohit Mehta: 45,00 23,00 107. O Verdadeiro Trabalho Margem - Ravi Ravindra: 80. O Despertar da Visão da 93. O Plano Astral - C. W. da Sociedade Teosófica - 35,00 Sabedoria - Tenzin Gyatso, Leadbeater: 33,00 Sri Ram: 23,00 122. Teosofia como os 14º Dalai Lama: 28,00 94. O Poder Criativo, Clara 108. Pensamentos para Mestres a Veem - Clara 81. O Despertar de uma Codd: 30,00 Aspirantes ao Caminho Codd: 35,00 Nova Consciência – Ideias 95. O Poder da Sabedoria - Espiritual - N. Sri Ram: 123. Teosofia Explicada - P. Centrais de “A Doutrina Carlos Cardoso Aveline: 35,00 33,00 Pavri: 65,00 Secreta” - Joy Mills: 25,00 96. O Poder da Vontade 109. Pérolas de Sabedoria 124. Teosofia Prática - C. 82. O Fim da Divindade e seu Desenvolvimento - Sri Ramana Maharshi: Jinarajadasa: 25,00 Mecânica – Conversas -Swami Budhananda: 35,00 125. Teosofia Simplificada - Sobre Ciência e 23,00 110. Pistis-Sophia - Trad. Irving Cooper: 30,00 Espiritualidade no Fim de 97. O Poder Transformador Raul Branco: 53,00 126. Três Caminhos para a Uma Era - John David Ebert do Cristianismo Primitivo - 111. Preparação para o Paz Interior - Carlos Cardoso (comp.): 40,00 Raul Branco: 35,00 Yoga - I. K.Taimni: Aveline: 35,00 83. O Hino de Jesus – Um 98. O Processo de 33,00 127. Tudo Começa com Rito Gnóstico - G. R. S. Autotransformação - Vicente 112. Princípios de a Prece - Madre Teresa de Mead: 18,00 Hao Chin Jr.: 45,00 Trabalhos da S. T. - I.K. Calcutá: 33,00 84. O Homem, sua Origem 99. O Segredo da Taimni: 25,00 128. Um Estudo Sobre e Evolução - N. Sri Ram: Autorrealização - I. K. 113. Procura o Caminho - a Consciência – Uma 30,00 Taimni: 30,00 Rohit Mehta: 30,00 introdução à psicologia - 85. O Idílio do Lótus Bran- 100. O Teatro da Mente 114. Raja Yoga - Wallace Annie Besant: 45,00 co - Mabel Collins: 33,00 – Uma Filosofia do Slater: 30,00 129. Vegetarianismo e 86. O Interesse Humano - Cosmo e da Vida - Henryk 115. Regeneração Humana Ocultismo - C. W. Leadbeater N. Sri Ram: 33,00 Skolimowski: 35,00 - Radha Burnier: 30,00 e Annie Besant: 30,00 87. O Lado Oculto das 101. Os Ensinamentos 116. Rumo ao 130. Você Colhe o que Coisas - C.W. Leadbeater: de Jesus e a Tradição Discipulado - J. Planta - Antonio Geraldo 58,00 Esotérica Cristã - Raul Krishnamurti: 30,00 Buck: 23,00 88. O Milagre do Branco: 57,00 117. Sabedoria Antiga e 131. Vida e Morte de Nascimento - Geoffrey 102. Os Ideais da Teosofia Visão Moderna - Shirley Krishnamurti - Mary Lutyens: Hodson: 25,00 - Annie Besant: 35,00 Nicholson: 45,00 45,00 89. O Mundo Oculto - A. P. 103. Os Mestres e a Senda 118. Saúde e 132. Viveka-Chudamani – Sinnett: 43,00 - C.W. Leadbeater: 55,00 Espiritualidade – Uma A Joia Suprema da 90. O Natal dos Anjos 104. Os Mestres e suas Visão Oculta da Saúde e da Sabedoria - Shankara: - Dora van Gelder Kunz - Mensagens - Raul Branco: Doença - Geoffrey Hodson: 35,00 18,00 30,00 25,00 133. Yoga – A Arte da 91. Ocultismo Prático - 105. Os Sete Temperamen- 119. Sete Grandes Religiões Integração - Rohit Mehta: Helena Blavatsky: 25,00 tos Humanos - Geoffrey - Annie Besant: 40,00 52,00 Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 80 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Jul/Ago 2019 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 91,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 172,00 Por três anos (18 números) por R$ 238,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________ SOPHIA • JUL/AGO 2019 49

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Revista Sophia nº 80

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