Revista Sophia Nº 75

www.revistasophia.com.br ANO 16 • Nº 75 R$ 16,00 O que é a ‘Aseacgoralodgaia consciência A nossa sobrevivência futura depende O lago da das escolhas que fizermos agora; qualquer mente ‘forma de religião não pode se furtar a esse O gênero compromisso com a vida e a alma

Editora Teosófica SHUTTERSTOCK novos horizontes para viver melhor 0Pl8iag0ru0ae-6cg1or0má0tp2isr0a: r, www.editorateosofica.com.br

Cartas Sophia 75 Valorização espiritual O que é a consciência Susan Bullock Brown Renovei a assinatura por se tratar de uma revista de alto teor informativo e de muita informação 5 e conhecimentos valiosos. Apoio a expansão da divulgação dessa revista, por se tratar de artigos A ecologia sagrada de valorização espiritual. Regina Medina Fabio Abreu Souza – Caxambu (MG) 8 Serenidade de espírito O lago da mente Helen V. Zahara Em tempos tão desesperançosos e desalentado- res como o que estamos vivendo, ler a revista 16 SOPHIA traz remanso ao coração, é um respiro cheio de luz em nossas mentes agitadas e nossos Misticismo na natureza pensamentos conturbados. Obrigada pelo tra- Vicky Weston balho que realizam e pelos conteúdos com que nos presenteiam. Ler a revista nos traz de volta 22 serenidade de espírito e reflexão consciente. O gênero e a alma Shana Emanuelle – São Paulo (SP) Cristiane Szynwelski Custo e benefício 26 A revista SOPHIA é um alimento adequado O poder do perdão para suprir as necessidades da alma. São basi- Pradeep Talkwalker camente três ingredientes: ciência, filosofia e religião, oferecidos de maneira simples e equi- 30 librada para para uma boa assimilação. É um dos melhores investimentos em termos de custo e O jogo da vida benefício para fazermos jus ao ditado: “Unir o Olivia Stephanino útil ao agradável”. 34 Geraldo Luiz Lapolli – Criciúma (SC) Monogamia e altruísmo Artigos esclarecedores Radha Burnier SOPHIA é maravilhosa, são artigos curtos, le- 38 ves e extremamente esclarecedores, gosto mui- to e recomendo. Quem eu conheço e que a lê A causa e o efeito só elogia também. As três últimas reportagens Ianthe H. Hoskins que li da última edição foram muito profundas e importantes para mim. 40 Vera Lucia Morassi – São Paulo (SP) O pecado do ego Walter Barbosa Busca por conhecimento 42 Conheci a revista SOPHIA há pouco tempo e estou adorando seu conteúdo. Gosto muito do tripé ciência, religião e filosofia, e acredito que é isso que me chama a atenção em sua edições, a busca por ampliar meu conhecimento nessas áreas sempre. Parabéns aos idealizadores e res- ponsáveis pela revista pela qualidade de suas edições, continuem assim! José Evandro Ferraz – Novo Hamburgo (RS) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica pelo telefone (61) 3322- 7843 ou ligue grátis para 0800-610020. FOTOS: PIXABAY

[ AO LEITOR ] Consciência coletiva Tem sido comum que as institui- dade Teosófica é servir à humanida- deria também ser traduzida como ções informem, de forma clara, dire- de, cultivando uma compreensão e Sabedoria Perene ou Eterna, já que ta e sucinta, sua missão. O Conselho realização cada vez mais profundas da não existe em nossa língua uma pala- Internacional da Sociedade Teosófica, Sabedoria Imemorial, da autotrans- vra para “sem idade”. O termo aponta neste mês de julho de 2018, em Na- formação espiritual e da unidade de para uma sabedoria que pertence à arden, na Holanda, após prolongada toda a vida.” natureza e ao universo, que sempre reflexão, definiu: “A missão da Socie- existiu e sempre existirá, desde mui- A expressão Ageless Wisdom po- to antes da existência de qualquer um de nós. Essa sabedoria está presente em tu- do: no movimento das partículas suba- tômicas, nas reações químicas, na vida das células, no equilíbrio ecológico e no movimento de planetas, estrelas e galáxias. Há uma sabedoria regendo o FOTO: PIXABAY Ano 16, nº 75 – Set/Out de 2018 – Publicação da Ed. Teosófica SIG Q.6, Lt. 1.235, Brasília-DF Solimeire Oliveira Schilling e Marcos Luís Borges de Resende CEP 70.610-460 Zeneida Cereja da Silva Diretor da Editora Teosófica Fone: (61) 3322-7843 Edição: E-mail: editorateosofica@ Usha Velasco editorateosofica.com.br Revisão: Site: www.editorateosofica.com.br Zeneida Cereja da Silva Tradução: Editor-chefe: Edvaldo Batista de Souza Marcos Luis Borges de Resende Projeto gráfico e arte: Coordenadora editorial: Usha Velasco Zeneida Cereja da Silva Impressão: Conselho Editorial: Gráfika Papel e Cores Marcos Luis Borges de Resende, Distribuição nacional: Pedro Oliveira, Sergio Moraes, Total Express Publicações Valéria Marques de Oliveira, * As imagens utilizadas são de responsabilidade do editor-chefe 4 SOPHIA • SET/OUT 2018

PIXABAY [ REFLEXÃO ] “As memórias subs- O que é a tituem a experiência. consciência Isso não é necessaria- mente ruim, pois elas Susan Bullock Brown* auxiliam no aprendiza- do de habilidades co- A tradição de ensinamentos eso- mo leitura, computa- téricos – ou, como a chamou Aldous ção, culinária, e o pró- Huxley, a Filosofia Perene – tem sido prio planejamento de historicamente afastada das massas nossas vidas” por várias razões. Antes de a pessoa ser capaz de compreender, ela tem que alcançar um certo nível de per- cepção. Deve também ter atingido SOPHIA • SET/OUT 2018 5

maturidade espiritual e responsabi- riência direta dos pensamentos de PIXABAY lidade para que não faça mal uso da outra pessoa. Esse fato ilustra a trans- informação. No entanto, chega um cendência do pensamento. “A analogia do cérebro co- momento no desenvolvimento espiri- mo um computador e da tual do indivíduo em que a necessida- O pensamento não segue as regras mente como um programa de conhecer torna-se tão grande que quânticas do mundo físico porque os deixa algo de fora. O signi- a pessoa martela o portão do templo, pensamentos não são físicos. Eles são ficado do programa é cria- exigindo entrar. uma expressão da consciência, e a do por um programador. O consciência é o terreno no qual exis- que é que dá significado ao Recentemente, Amit Goswami tem as criaturas pensantes. nosso programa mental?” (autor de The Self-Aware Universe e professor de física do Instituto de Nosso condicionamento deter- SOPHIA • SET/OUT 2018 Ciências Teóricas da Universidade mina muito do que experienciamos. de Oregon, nos EUA), falou sobre o Quando experianciamos algo uma livro A Doutrina Secreta de H. P. Bla- vez, essa é uma experiência recen- vatsky. Em sua palestra ele abordou te. Quando, no entanto, repetimos vários pontos importantes e fez uma a experiência, nossa experiência da pergunta desafiadora. coisa não está condicionada pelo que aprendemos a respeito dela na As três proposições fundamentais primeira vez que a experienciamos. de A Doutrina Secreta são: As memórias substituem a experiên- cia. Isso não é necessariamente ruim, 1. A consciência é unitária e é o pois elas auxiliam no aprendizado de terreno da existência. Tudo surgiu habilidades como leitura, computa- da consciência una. Somente existia ção, culinária, e o próprio planeja- o que era potencial até que houvesse mento de nossas vidas. algo que percebesse a diferenciação. O eu que surge de todos os nossos 2. Existe uma oscilação de fases condicionamentos é a personalidade. no universo em todos os níveis: dia A história bíblica da perda da graça e noite, inverno e verão, nascimento ilustra a transição do eu quântico (o e morte, fluxo e refluxo dos mundos. ego ou individualidade) para o eu condicionado, a personalidade. 3. A consciência individual está em peregrinação: o girar na roda, o Experimentos físicos em comuni- caminho para a iluminação, o propó- cação não local, ou telepatia, obtive- sito da vida. ram um pequeno grau de respeito. A observação muda o comportamento A matéria é determinada por leis do que é observado. Quantas vezes, ao físicas e por “algo mais”. As leis quân- olhar atentamente para outra pessoa, ticas, única e exclusivamente, não ex- você percebeu que ela se contorceu e plicam a escolha, apenas a variação. mudou de posição? O reconhecimento é uma atividade da consciência. Subjacente a todas Um experimento notável mostrou as pessoas separadas no mundo há o seguinte: duas pessoas meditaram uma consciência unitária. Sujeitos e juntas com o intuito de estabelecer objetos surgiram simultaneamente. uma conexão mental. Foram então Quando um ser senciente percebe, colocadas em câmaras isoladas, ele- ocorre a manifestação. Cogito, ergo tromagneticamente separadas, onde sum; escolho, portanto existo. cada uma teve afixados eletrodos li- gados a eletroencefalógrafos. Um dos A consciência é transcendente, indivíduos foi exposto a um clarão. As não obedece às leis quânticas de es- linhas que marcavam a atividade ce- paço-tempo. Se olharmos para um rebral mostraram um pico simultane- objeto e o descrevermos para outra amente com o clarão. Singularmente, pessoa, podemos concordar com o a outra pessoa, na outra câmara isola- que é dito e partilhar a experiência da, teve picos semelhantes. Um casal do objeto. Se tentarmos partilhar o que não meditava junto não mostrou pensamento, no entanto, podemos ver que não temos nenhuma expe- 6

qualquer tipo de correlação. Esse ex- Os pensamentos existem, mas não por um programador. O que é que dá perimento ilustra a transcendência como uma cadeira existe. Eles são do pensamento, a conexão quando realidades internas. significado ao nosso programa men- há intenção, e a correlação não lo- cal de experiências. Ilustra também A analogia frequente do cérebro tal? Dizer que a consciência dá senti- que a intenção é uma propriedade como um computador e da mente da consciência. A meditação não é como um programa é apropriada, do não explica o que é a consciência. uma propriedade do mundo físico. mas deixa algo de fora. O propósito ou significado do programa é criado O que é a consciência? S * Susan Bullock Brown é escritora e designer. SOPHIA • SET/OUT 2018 7

[ ESPIRITUALIDADE ] ‘ A ecologia sagrada A nossa sobrevivência futura depende “O vento que deu a nos- das escolhas que fizermos agora; qualquer so avô seu primeiro ins- pirar também recebeu ‘forma de religião não pode se furtar a esse seu último suspiro. Se compromisso com a vida lhes vendermos nossa Regina Medina* desmatamentos e poluição, o efeito terra, vocês devem man- estufa, a possibilidade do derretimen- PIXABAY tê-la intacta e sagrada, Atualmente a humanidade se en- to do gelo dos polos e a consequente como um lugar onde até contra diante de um dilema de grande subida da água dos oceanos, e uma mesmo o homem bran- magnitude quanto à possibilidade de poluição que atinge até a estratosfera. co possa ir saborear o destruição dos recursos do planeta, Mesmo no espaço ao redor da Terra vento açucarado pelas uma situação jamais enfrentada, pelo o homem conseguiu espalhar lixo, flores dos prados” menos de forma consciente, em tem- agora espacial. pos antigos. Problemas e catástrofes SOPHIA • SET/OUT 2018 geológicas sempre ocorreram, mas A necessidade de uma rápida to- nunca os humanos causaram tal grau mada de consciência é a lição mais de degradação. importante que a humanidade deve aprender no momento. As religiões No passado não havia tanta ocu- não podem ignorar essa nova etapa pação, sobrando grandes áreas livres que está sendo exigida de todos as e naturais. Havia também a concep- nações e comunidades humanas: o ção da Terra como um ser com ativi- dever sagrado de fazer algo para a so- dades e necessidades próprias e até brevivência da vida, da humanidade como uma deusa, a quem se pediam e de todas as espécies. e se agradeciam favores. Em algumas tradições antigas, rios, montanhas e Através da história podemos ob- florestas eram sagrados e respeitados servar o surgimento de uma nova por xamãs, índios, gregos, taoístas, religião sempre que há necessidade celtas, maias etc. Havia a concepção da inclusão de algo novo no nível de de uma vida oculta na natureza, a consciência da humanidade daquela qual merecia respeito e cuidado. época. É como se fosse uma nova for- matação na maneira de ver a vida e Com o tempo o homem passou encarar os outros seres humanos, nos- a encarar tudo como se fosse dono, sos companheiros de viagem. Isso não a natureza como algo apenas a ser significa necessariamente a morte de explorado – pensamento ainda mui- uma antiga religião, mas o surgimento to atual, infelizmente. Essa atitude, de um novo ingrediente que afetará as fruto do desconhecimento e da im- religiões já existentes, uma influência possibilidade de imaginar um futuro marcante que será incorporada. parecido com o que hoje nos depara- mos, produziu efeitos danosos e de A lei do “olho por olho, dente por consequências em parte previsíveis. dente” caiu com a chegada do Cristia- Já começamos a sofrer a falta d’água, nismo, mas não destruiu o Judaísmo. as alterações do clima e das estações O Bramanismo estava muito fechado do ano, o aquecimento provocado por quando iniciou-se o Budismo, que trouxe a importância da compaixão 8

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para a alma humana. A nova religião tos para ela. Os erros e excessos con- Sol, descreve a natureza com gran- influenciou e renovou o Hinduísmo, tinuarão acontecendo, pois os mais de sensibilidade ao relacioná-la com através de novos instrutores que en- ignorantes da espiritualidade, ainda a grandeza do Criador, chamado de sinaram caminhos mais libertadores. que seguidores de algum caminho, Aton. O salmo CIV, de Davi, parece O Cristianismo acrescentou o amor e não levarão a sério essas instruções, inspirado em Akhenaton, segundo a igualdade de todos diante da divin- porque ainda não as compreendem. alguns egiptólogos, mas também re- dade, em sua reforma mais essencial. flete a beleza e a importância da natu- A questão ecológica passou lon- reza. Ambos lindíssimos e inspirados, Isso não quer dizer que os segui- ge dos princípios das religiões, mas apesar de pouco conhecidos. dores dessas religiões expressem seus sempre houve seres iluminados que ensinamentos, mas sim que há um perceberam intuitivamente sua im- Mais tarde podemos destacar o novo componente a ser trabalhado, portância e abordaram a magnitude Cântico das Criaturas, de Francisco uma regra escrita que será compre- da natureza de forma poética e sutil. de Assis. Assim como seus antecesso- endida pelos que já estiverem pron- O faraó Akhenaton, em seu Hino ao res citados, ele louva o Criador pela 10 SOPHIA • SET/OUT 2018

natureza: “Louvado seja pelos seus ao mundo do ser,/uma escada foi pos- amores,/Pela irmã madre Terra e seus ta diante de ti, para que escapasses./ primores,/Que nos ampara e oferta Primeiro, foste mineral;/depois, te seus produtos,/Árvores, frutos, ervas, tornaste planta,/e mais tarde, animal. pão e flores.../Louvado seja Deus na Como pode isto ser segredo para ti?/ mãe querida,/A natureza que fez bela Finalmente, foste feito homem,/com e forte:/Louvado seja pela irmã Vida/ conhecimento, razão e fé./Contempla Louvado seja pela irmã Morte.” teu corpo – um punhado de pó –/vê quão perfeito se tornou!/Quando ti- Depois pode-se citar um poeta su- veres cumprido tua jornada,/decerto fi, Djalâl-od-Din Rûmî, no seguinte hás de regressar como anjo;/depois poema: Por que você permanece na disso, terás terminado de vez com a prisão quando a porta está completa- erra,/e tua estação há de ser o céu.” mente aberta? “Desde que chegaste Mensagem profética PIXABAY Quem primeiro vislumbrou a si- melho. Somos parte da terra e ela faz tuação atual e o desastre ambiental parte de nós. As flores são nossas ir- “Louvado seja pelos seus que poderia ocorrer através da ação mãs; o cervo, o cavalo, a grande águia amores,/Pela irmã madre humana foi um xamã, um indígena são nossos irmãos. Os picos rochosos, Terra e seus primores,/Que norte-americano, o cacique Seatle. os sucos úmidos nas campinas, o ca- nos ampara e oferta seus no ano de 1854 ele escreveu uma car- lor do corpo do potro e o homem – produtos,/Árvores, frutos, ta ao presidente do país, que queria todos pertencem à mesma família. ervas, pão e flores.../Lou- comprar suas terras. Sua mensagem vado seja Deus na mãe é quase profética, de uma profundi- Portanto, quando o Grande Chefe querida,/A natureza que dade, beleza e sabedoria que até ho- em Washington manda dizer que de- fez bela e forte:/Louvado je envergonham os “civilizados”. Por seja comprar nossa terra, pede muito seja pela irmã Vida/Louva- esse motivo, é de domínio público e de nós. O Grande Chefe diz que nos do seja pela irmã Morte” distribuída pela ONU: reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai SOPHIA • SET/OUT 2018 “O que ocorrer com a Terra recai- e nós seremos seus filhos. Portanto, rá sobre os filhos da Terra. Há uma nós vamos considerar sua oferta de ligação em tudo. comprar nossa terra. Como é que se pode comprar ou Mas isso não será fácil. Esta terra é vender o céu, o calor da terra? Es- sagrada para nós. Essa água brilhante sa ideia nos parece estranha. Se não que escorre nos riachos e rios não é possuímos o frescor do ar e o brilho apenas água, mas o sangue de nossos da água, como é possível comprá-los? antepassados. Se lhes vendermos a Cada pedaço desta terra é sagrado para terra, vocês devem lembrar-se de que o meu povo. Cada ramo brilhante de ela é sagrada, e devem ensinar as suas um pinheiro, cada punhado de areia crianças que ela é sagrada e que cada das praias, a penumbra na floresta reflexo nas águas límpidas dos lagos densa, cada clareira e inseto a zumbir fala de acontecimentos e lembranças são sagrados na memória e experiên- da vida do meu povo. cia do meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo O murmúrio das águas é a voz as lembranças do homem vermelho. dos meus ancestrais. Os rios são nos- sos irmãos, saciam nossa sede. Os rios Os mortos do homem branco es- carregam nossas canoas e alimentam quecem sua terra de origem quando nossas crianças. Se lhes vendermos vão caminhar entre as estrelas. Nos- nossa terra, vocês devem lembrar e sos mortos jamais esquecem esta bela ensinar a seus filhos que os rios são terra, pois ela é a mãe do homem ver- nossos irmãos, e seus também. E, por- 11

tanto, vocês devem dar aos rios a bondade SOPHIA • SET/OUT 2018 que dedicariam a qualquer irmão. Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quan- do ele a conquista, prossegue seu cami- nho. Deixa pra trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. Eu não sei, nossos costumes são dife- rentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um sel- vagem e não compreenda. Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas, a primavera ou o bater das asas de um inse- to. Mas talvez seja porque eu sou um sel- vagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir um choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? eu sou um homem verme- lho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pe- los pinheiros. O ar é precioso para o homem verme- lho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa ter- ra ao homem branco, ele deve se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda vida que mantém. O vento que deu a nosso 12

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avô seu primeiro inspirar também so povo. Ensinem às suas crianças o PIXABAY recebeu seu último suspiro. Se lhes que ensinamos às nossas, que a terra vendermos nossa terra, vocês devem é nossa mãe. Tudo que acontecer à mantê-la intacta e sagrada, como terra acontecerá aos filhos da terra. um lugar onde até mesmo o homem Se os homens cospem no solo, estão branco possa ir saborear o vento açu- cuspindo em si mesmos. carado pelas flores dos prados. Isto sabemos: a terra não perten- Portanto, vamos meditar sobre ce ao homem; o homem pertence à sua oferta de comprar nossa terra. Se terra. Isto sabemos: todas as coisas decidirmos aceitar, imporei uma con- estão ligadas como o sangue que une dição: o homem branco deve tratar os uma família. Há uma ligação em tu- animais desta terra como seus irmãos. do. O que ocorrer com a terra recai- Sou um selvagem e não compreendo rá sobre os filhos da terra. O homem qualquer outra forma de agir. Vi um não tramou o tecido da vida; ele é milhar de búfalos apodrecendo na simplesmente um de seus fios. Tudo planície, abandonados pelo homem o que fizer ao tecido fará a si mesmo. branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não Mas quando de sua desaparição, compreendo como é que o fumegante vocês brilharão intensamente, ilu- cavalo de ferro pode ser mais impor- minados pela força do Deus que os tante que o búfalo que sacrificamos trouxe a esta terra e por alguma razão somente para permanecer vivos. especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. O que é o homem sem os ani- Este destino é um mistério para nós, mais? Se todos os animais se fossem, pois não compreendemos que todos o homem morreria de uma grande os búfalos sejam exterminados, os solidão de espírito. Pois o que ocor- cavalos bravios sejam todos domados, re com os animais, breve acontecerá os recantos secretos da floresta densa com o homem. impregnados do cheiro de muitos ho- mens, e a visão dos morros obstruída Há uma ligação em tudo. por fios que falam. Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cin- Onde está o arvoredo? Desapare- za de nossos avós. Para que respeitem ceu. Onde está a água? Desapareceu. a terra, digam a seus filhos que ela É o final da vida e o início da sobre- foi enriquecida com as vidas de nos- vivência.” Gratidão pela vida “Não há um lugar quieto nas cidades do homem De uma tradição em que a natu- se impor às mentes. Assim como a branco. Nenhum lugar reza está entranhada nos próprios verdadeira posição do nosso plane- onde se possa ouvir o indivíduos vem esta mensagem im- ta, pequeno diante do cosmo, acabou desabrochar de folhas, pressionante e atualíssima. Este é o sendo reconhecido pelos que o colo- a primavera ou o bater nosso atual desafio, do qual depende cavam como centro do universo, a das asas de um inseto. a própria sobrevivência de todas as natureza se imporá como de crucial Mas talvez seja porque espécies. O futuro de qualquer reli- importância. eu sou um selvagem e gião ou caminho espiritual passa pe- não compreendo. O ru- la inclusão da natureza no campo do Há um antigo provérbio dos ín- ído parece somente in- sagrado. A Terra, a água, os oceanos, dios norte-americanos Cree que vem sultar os ouvidos” o ar, todos os seres vivos, tudo é ex- sendo muito divulgado por ambien- pressão do divino, não importa com talistas: “Haverá um tempo em que SOPHIA • SET/OUT 2018 qual nome ou forma seja conhecido. a Terra ficará doente. Quando isso Essa realidade interligada começa a acontecer, uma tribo se reunirá, vin- da de todas as culturas do mundo. E, 14

acreditando em ações, não em pala- celente trabalho unido em torno da poderá tornar-se uma força destrui- vras, trabalhará para curar a Terra. questão ecológica. A nossa sobrevi- Os membros dessa tribo serão co- vência futura depende das escolhas dora e educadora para seus filhos nhecidos como rainbow warriors, os que fizermos agora e qualquer forma guerreiros do arco-íris.” de religião não pode se furtar a esse mais rebeldes e insensatos. Todas as compromisso com a vida. Já há grupos religiosos trabalhan- religiões podem e devem colaborar. do na revisão desse foco de atenção Temos que mostrar gratidão direcionado, enfatizando a conscien- diante do mistério da vida que re- Chegarão novos instrutores para cada tização da sacralidade da vida refleti- cebemos. Pouco importa a concep- da em toda a natureza que nos cerca, ção que tenhamos da divindade, da uma delas, mais afinados com a etapa pois estamos todos à bordo da nave fonte de onde a vida brota. Não im- mãe Terra, e a decisão de lutar por ela porta qual livro sagrado nos inspira exigida pelo mundo atual, e deverão nos impõe um dever sagrado. Não é à ou que tradição seguimos. A sagra- toa que o Movimento Inter-religioso da natureza tem seus mecanismos trazer o olhar do sagrado para a Terra nasceu no Rio de Janeiro, durante a próprios e se impõe. Pode ser a mãe Eco 92, e vem desenvolvendo um ex- que nutre, mantém e protege, mas que nos mantém vivos. Ou não haverá futuro para humanos, animais, vege- tais e religiões. S * Regina Medina é professora do Ensino Médio aposentada e presidente da Loja Teosófica Conde de Saint Germain, no Rio de Janeiro. SOPHIA • SET/OUT 2018 15

[ CONEXÃO ] ‘ O lago da mente Fazendo uso de uma antiga analogia, a mente ‘é um lago claro e plácido capaz de refletir a consciência divina a partir do interior 16 SOPHIA • SET/OUT 2018

PIXABAY Helen V. Zahara* SOPHIA • SET/OUT 2018 Segundo a tradição antiga, a per- sonalidade na qual cada um de nós vive é apenas uma pequena parte de nossa verdadeira natureza. Sob a fachada que apresentamos existem profundezas de existência nas quais está trancado o potencial não usado do Eu espiritual – a parte imortal de nós mesmos. Infelizmente ficamos tanto tempo presos nas pressões, exi- gências, tristezas, dores, atrações e excitações da vida diária que a maio- ria de nós tem pouco tempo para pensar a respeito da parte invisível de nós mesmos. Além disso, o Eu, de acordo com a mesma tradição, não é uma entidade isolada, mas tem raízes na consciência divina que perpassa e sustenta o universo e todas as suas criaturas. Que conceito extraordi- nário! Que poder e beleza infinitos podem ser descobertos e postos em ação, se simplesmente dermos início à busca interior e penetrarmos além da personalidade exterior até as pro- fundezas dentro de nós. Começar esse processo é uma das funções da meditação, que envolve abrir o coração e voltar a mente pa- ra uma nova direção, criando tempo para comungar consigo mesmo, com a natureza e com a vida. Envolve pri- meiramente levar a mente a um es- tado de liberdade do qual pode surgir o pensamento criativo e abstrato, ou um estado de quietude no qual cessa o processo pensante, permitindo que surjam a intuição e novos insights da parte mais profunda do Eu. Algumas pessoas acreditam que a meditação deve ser livre e não estru- turada. A experiência interior pode surgir espontaneamente numa men- te que esteja silenciosa e alerta, que nada exclui, e que se funde, por as- sim dizer, com a vida ao redor. Pode haver exaltação também na percep- ção da natureza e de sua beleza, ou na inspiração da música e da arte de qualidade. Pode acontecer em vários breves momentos durante o dia sem 17

qualquer disciplina estabelecida. Infelizmente, é onde começam os Por outro lado, como prática re- problemas. Logo que se sentam para meditar, as pessoas descobrem que a gular, a meditação é de grande valor mente não se aquieta; está presa num se alguns minutos puderem ser dis- tumulto, em devaneios inconsequen- pensados a esse propósito, talvez pela tes, superficiais, está cheia de temores, manhã, antes de começarem a agita- preocupações, memórias e antecipa- ção e as atividades do dia. É preciso ções; é como uma borboleta saltitando que se tenha um local sossegado, livre de um ponto a outro, obnubilada por de perturbação, e começar a voltar a tendências, preconceitos e dúvidas. mente para um estado de repouso. Sistema de meditação Cerca de três séculos a.C., o gran- O terceiro anga é reta postura. PIXABAY de sábio indiano Patañjali descreveu Embora os praticantes no Oriente essa turbulência mental como “as usem a postura do lótus, a necessi- “Logo que se sentam para me- modificações da mente”. O que se de- dade principal é estar sentado em ditar, as pessoas descobrem ve alcançar, ensinou ele, é a “inibição posição ereta com cabeça, pescoço e que a mente não se aquieta; das modificações da mente”. Se con- costas em linha reta. A seguir vem o está presa num tumulto, é co- seguir isso, “então o vidente está esta- quarto anga, que é o controle da respi- mo uma borboleta saltitando belecido em sua natureza essencial e ração. Além disso, se a pessoa está se de um ponto a outro” fundamental”. Mas como consegui-lo? aprofundando no yoga, existem exer- Existem muitos métodos úteis, mas o cícios especiais, mas pode-se prosse- SOPHIA • SET/OUT 2018 sistema clássico de Raja Yoga de Patañ- guir com a respiração regular, que jali, como demonstrado nos seus Yoga irá diminuindo gradativamente até Sutras, ainda permanece como o mais a média que ocorre durante o sono. valioso. Talvez porque os vários passos A seguir, vem o que é chamado “re- prescritos sejam tão lógicos. tirada dos sentidos”, que talvez possa ser interpretado como a retirada da Patañjali prescreveu oito angas, atenção de objetos e ideias que se im- ou partes. O primeiro deles diz res- põem à mente através dos sentidos. peito a uma vida moral ilibada, pois certamente os objetivos da pessoa Os cinco primeiros angas são devem estar baseados na ética corre- conhecidos como auxílios externos ta se quiser empreender a disciplina para o yoga, e constituem a prepa- espiritual, o que verdadeiramente é a ração para os passos internos que meditação. Assim, encontramos cin- agora seguem. No sistema de Patañ- co autorrestriçoes prescritas: a pessoa jali descobrimos mais três angas, os deve abster-se de injuriar os outros quais constituem verdadeiramente o por pensamento, palavra ou ação; de- âmago da prática do yoga. Embora se- ve abster-se de falsidade, de roubar, jam enunciados separadamente para das paixões, da luxúria e da avareza. efeito de estudo, na verdade eles se O segundo anga foi descrito como fundem um no outro e não são dis- autocultura. Há cinco observâncias: tintos ou separados. Esses angas são purificação externa e interna, con- chamados concentração (dharana), tentamento, austeridade, estudo e meditação (dhyana) e contemplação devoção a Deus. Isso significa que (samadhi). o indivíduo que está empreenden- do esse processo está voltando seus Quando se tenta meditar é pos- pensamentos na direção da meta do sível compreender por que Patañjali yoga, que é união, em consciência, começou seu sistema com a concen- com o supremo. tração. Já fiz menção à turbulência da mente, que é tão difícil de controlar. 18

Uma maneira de levá-la a um ponto que se repete. Uma vez se tendo de- conceito, pode ser lido ou repetido e onde haja algum controle é concen- cido sobre o objeto de concentração, depois levado à mente. Concentrar- trar-se sobre alguma coisa, desse coloque-o perante os olhos da men- -se sobre algo dessa maneira signifi- modo confinando a mente dentro da te. Se for um objeto físico, observe-o ca focar o objeto com plena atenção. área escolhida. A pessoa pode con- muito cuidadosamente e em detalhe Do estado de concentração, a pessoa centrar-se sobre um objeto animado antes de fechar os olhos, e então man- passa gradualmente para o processo ou inanimado: pode ser um conceito tenha-o na mente. Se for algo intan- de aprofundamento da meditação e ou um aforismo; pode ser um mantra gível, tal como um aforismo ou um da contemplação. SOPHIA • SET/OUT 2018 19

Como se concentrar Para compreender o movimen- senso de unidade, uma expansão de PIXABAY to da consciência que pode ocorrer, consciência. sigamos em imaginação o que pode “Digamos que um aspi- acontecer a uma pessoa que começa Neste ponto ocorre a ruptura das rante decidiu se concen- essa prática. Como exemplo, digamos barreiras usuais de tempo e espaço, trar numa ametista. Ele que um aspirante decidiu concen- e nesse momento de absorção pode pensa em todos os as- trar-se numa ametista que por acaso ocorrer uma quietude da mente, que pectos da pedra – seu pe- possua. Quando ele começa a pensar não é negativa nem passiva, mas dinâ- so, sua profunda cor que a respeito, ele não refreia a mente, mica e alerta. Esse é o estado de con- cintila à luz. Ele pode ima- mas a direciona ao longo de um canal templação. Agora a mente está vazia giná-la alojada na terra, deliberadamente escolhido. Ele pen- de imagens e formas, e nesse momen- talvez durante milênios” sa em todos os aspectos da ametista to ela está livre e aberta para receber – sua dureza, seu peso, suas facetas, intimações do mundo interno do Eu, SOPHIA • SET/OUT 2018 sua profunda cor púrpura que cintila para experimentar a intuição, buddhi. à luz. Ele pode imaginá-la alojada na Fazendo uso de uma antiga analogia, terra, talvez durante milênios. Fica a mente é um lago claro e plácido ca- absorto na joia e em todos os seus as- paz de refletir a consciência divina a pectos a tal ponto que expulsa todos partir do interior. os outros pensamentos que estão a exigir sua atenção, as irrelevâncias, os Nesse estado de contemplação, devaneios, as preocupações, as distra- que é um estágio de consciência além ções que normalmente assaltam seu da forma, o indivíduo pode ter um pensamento. Assim, ele está dando o insight espiritual que, embora curto, primeiro passo para se tornar senhor pode transformar sua compreensão, de sua mente. Até este ponto, ele está pode expandir sua percepção, reti- analisando, está perceptivo dos fatos rando-o de seu campo geralmente referentes à joia, e sua mente está limitado para uma nova visão e a re- simplesmente trabalhando no nível alização da realidade mais profunda analítico, concreto, que na termino- que existe interiormente. lóga teosófica é chamado mente in- ferior, ou manas inferior. Tendo desenvolvido a arte da me- ditação com coisas objetivas, então Gradualmente, se tiver êxito no os temas mais abstratos – aforismos, processo, ele começa a mudar o ní- conceitos e virtudes, que também são vel do seu pensamento, elevando-o recomendados – serão menos difíceis até reinos mais abstratos (mente su- de lidar. Nessa abordagem existe uma perior ou manas). Aí ele desenvolve entrada para o significado, penetran- um firme fluxo de pensamento cria- do por trás das palavras e ideias até a tivo com relação à joia, que a investe realidade que se encontra além. de novo significado. De certa forma o indivíduo começa a conhecer a ame- Uma outra prática importante é tista de uma nova maneira, a sentir começar a sondar o próprio ser, per- sua vida, de modo que ele funde sua guntando “quem sou eu?” e procu- própria consciência com a da joia, rando compreender o Eu espiritual, que já não é mais apenas um objeto que tem raízes na vida universal, até fora dele mesmo. Sem pausa, ele pode que se consiga fazer a afirmação da se mover para um estado meditativo própria unidade com a consciência por meio do qual o conhecedor e o divina una: “Eu sou aquilo. Aquilo conhecido tornam-se um, a separa- sou eu.” Em cada caso, após ter con- ção desaparece e ocorre um novo seguido o fluxo de pensamento firme sobre o objeto de meditação, pode surgir aquele ponto que transcende o pensamento, quando a consciência se 20

move para o estado sem forma onde a é tão valiosa para o homem da rua da ira ou do desejo, ou outros elemen- experiência não pode ser plenamente quanto para o yogue que se retira da descrita em palavras. A meditação, vida mundana para a vida asceta da tos perturbadores, então ela poderá certamente, só é valiosa se opera floresta ou da caverna. mudanças no coração, se desenvolve refletir em suas profundezas a luz do novos significados e ajuda a pessoa a Sempre que, através da meditação agir mais a partir do centro de si mes- e da reta aspiração, a mente do busca- sol espiritual, e o aspirante crescerá ma na vida diária. Pode trazer novo dor atinge um estado de placidez, co- equilíbrio e paz interior e, portanto, mo uma clara e calma poça d’água na em insight e compreensão. S montanha, não agitada pelos ventos * Helen V. Zahara foi Secretária Geral da Sociedade Teosófica na Austrália e co-fundadora, com Joy Mills, da Quest Books, nos EUA. SOPHIA • SET/OUT 2018 21

[ APRENDIZADO ] ‘ Misticismo na natureza Se olharmos atentamente para as nuvens, as colinas e as ondas do mar, percebemos que elas não são apenas matéria; são vida velada em ‘matéria, que precisamos estudar e compreender 22 SOPHIA • SET/OUT 2018

PIXABAY Vicky Weston* mística assumiu um novo paradigma. Diferentemente do alquimista so- O misticismo engloba muitas das coisas que a humanidade toca no ní- litário ou do eremita do passado, não vel mais profundo do ser – o conforto mais estamos sós em nossa busca; do senso de unidade com o divino, a estamos ligados a uma comunidade beleza de se pertencer, durante certo maior na jornada da autotransforma- tempo, ao céu e à terra. Os místicos ção. Esta é uma jornada que devemos se libertaram das limitações e estão assumir e na qual temos que ser bem totalmente perceptivos, reativos ao sucedidos. Os seres humanos não ânimo e à harmonia, aos padrões de podem continuar sua corrida desa- cor e vibração. O misticismo conhe- tenta rumo a um futuro destituído ce maravilha e inocência, aceitando de sentimento por tudo o mais que o processo de morte e renascimento existe. Com o avanço tecnológico, como os contínuos ciclos de vida. O nós nos tornamos íntimos uns dos místico voa nas asas de um pássaro, outros em escala mundial e imedia- elevando-se em espirais ou repou- ta. O que acontece a um acontece a sando nas energias da terra, alerta ao todos nós. Não estamos mais separa- toque de novo crescimento. dos por distância, tempo ou falta de comunicação. Essa fusão com o universo tem sido percebida pelos sábios ao longo Na verdade, nós nos tornamos das eras. Os seres humanos, em sua “guardiões de nossos irmãos”. Não progressão cíclica de elevação e de- temos o direito de ignorar os traumas clínio, mudam de um estado de tre- do nosso mundo e suas múltiplas for- vas opressivas para um estado de luz mas de vida e sistemas de sustenta- sobrenatural. Nesses grandes ciclos ção. Não podemos nos distanciar dos a humanidade evoluiu lentamente, efeitos terrenos ou cósmicos. Nossa e muitas vezes de maneira dolorosa, responsabilidade tornou-se individu- desde as formas primitivas de vida até al. Temos escolhas no microcosmo e os elevados platôs de perspicácia cul- também no quadro maior. tural e espiritual, apenas para regre- dir novamente através da arrogância Essa responsabilidade se estende e da imprudência. por todo o espectro de vida. Temos que trazê-la para o ambiente junto de Embora a face ruim da natureza nós, no nosso relacionamento íntimo humana tenha se coberto de cama- com todas as coisas, com a compreen- das de civilização, com a compreen- são que esse relacionamento produz. são que se elevou da superstição ao A compaixão cresce dentro de nós à raciocínio, os seres humanos ainda medida que crescemos em compreen- estão sujeitos à sua natureza emoti- são e começamos a ver a responsabi- va inferior, periodicamente causando lidade ampla por toda a vida. catástrofes e trazendo destruição para si mesmos. A grande massa ainda es- O Deus do místico não é encon- tá presa a sistemas de autointeresse trado mais através da crença, mas sim – uma má vontade de se mover para quando ele mergulha profundamente além dos restritivos sistemas de cren- no interior de si próprio para ouvir. ças e reclamar sua verdadeira espiri- Ele nada tem a ver com teologia, e tualidade inerente. tem tudo a ver com a busca interior sem expectativa. Misticismo é liber- Contudo, tem havido evidências dade – uma possibilidade sempre suficientes da habilidade humana de aberta, reconhecendo e repercutindo tocar essas altas esferas, e atualmen- o batimento cardíaco do universo. O te, em muitos, o desejo de assim fazer místico sempre foi um participante está se tornando forte – até mesmo na criação, intensamente percepti- insistente. A jornada da natureza vo da harmonia da vida em todas as formas manifestadas ou expressões SOPHIA • SET/OUT 2018 23

latentes, e profundamente sensível a a linha estendida. Eles tocam a teia “O contraste entre o tudo que repercute no interior e em frio e a aridez da Lua torno da harmonia universal. cósmica em cada junção. O místico e a vitalidade da nos- sa Terra incandescente Dos sábios da Bíblia aos pastores se torna a própria vida. salienta a necessida- de rebanhos, de visionários monásti- de de proteger nosso cos ao alquimista solitário em com- Desde o primeiro momento em mundo maravilhoso plexo caminho oculto, vemos grupos e suas riquezas, não que abandonaram as restrições limi- que vimos nossa Terra a partir do es- apenas para nós, mas tantes dos sistemas de crenças para para todos os seres embarcar em suas próprias jornadas paço, compreendemos que vivemos sencientes” de descoberta. Essas jornadas englo- bam todas as magníficas possibilida- num planeta que pulsa com energia. SOPHIA • SET/OUT 2018 des de fenômenos naturais e psíqui- cos. A exploração do cosmo e de tudo Ele não é apenas uma esfera de pedra que ele contém torna-se o caminho dos místicos. Essa jornada deu à luz girando no vazio, mas uma entidade a realização científica, a música, a li- teratura e todas as artes inspiradas, e em evolução e de imensa beleza. Ele nutriu seres extraordinários. se tornou não apenas nosso planeta, Muitos escolheram estar aqui neste momento ajudando a huma- mas também nossa amigo e compa- nidade a progredir, oferecendo seus dons, honrando a antiga tradição-sa- nheiro, nossa diversidade sustenta- bedoria, guiando e cuidando de nos- sos irmãos em direção à luz. Alguns dora. A Terra tornou-se especial de místicos tocam a vida em seus níveis mais profundos, e em suas manifesta- um modo como não conseguíamos ções mais simples e mais belas, atra- vés da linguagem dos animais, das perceber anteriormente. Sim, podí- emanações das flores, ouvindo a voz do criador na luz do sol e na nuvem, amos ir à Lua, mas o contraste entre no vento e na chuva, no som e no si- lêncio. Eles se fundem com a música o frio e a aridez da Lua e a vitalidade da vida e são parte dela, assim como a gota é parte do oceano. da nossa Terra incandescente salien- Os místicos se libertaram das ta a necessidade de proteger nosso limitações – eles estão abertos, to- talmente perceptivos e reativos ao mundo maravilhoso e suas riquezas, ânimo e à harmonia, à luz e à cor, ao padrão e à vibração. O misticismo não apenas para nós, mas para todos conhece a maravilha e a inocência, e aceita os processos de morte e de os seres sencientes. renascimento como partes naturais dos ciclos de existência. Embora o A luz se infunde em nossa Terra místico voe e se eleve a alturas mo- mentâneas, ou repouse contente em e em tudo à sua volta. Alguns podem seu ser, ele tem a paciência da cigar- ra enterrada na terra, entre transfor- ver a Terra como morta, mas a verda- mações que nutrem o seu potencial. Os místicos se tornaram unos com o de é que em sua própria substância, e ponto no qual se desenvolvem todas as dimensões – o ponto de manifes- em seu próprio ser, existe luz. Aquele tação, a circunferência envolvente e que chamamos de Fonte, ou Deus, ex- pressa-se como luz; o objetivo da vida do ser humano é redescobrir e usar essa luz, tornando-se em verdade um filho de Deus. Volte seu rosto para a luz, olhe para ela e para a influência que ela exerce em sua vida; seu poder pode superar todas as circunstâncias adversas, colocando-nos na trajetória rumo à liberdade. Quando você for capaz de coman- dar a ação da luz sobre a matéria, de modo altruísta e para o bem e a bên- ção de todos, conhecerá a liberdade e a paz de mente, corpo e alma. Este é o segredo simples de todo bem-estar: mantenha seu coração e sua mente abertos à luz espiritual, com gratidão e alegria por todas as bênçãos de sua vida. Faça isso e você se abrirá a tudo de que possa precisar. S * Vicky Weston é poeta, artista plástica e presidente PIXABAY da Loja Whanganui, da Sociedade Teosófica na Nova Zelândia. 24

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[ SOCIEDADE] ‘ O gênero e a alma Antes de nascer no mundo terreno, a alma repousa na bem- aventurança do mundo celestial, que é divino. Assim, aqui na Terra, a pessoa dotada de reminiscência, aquela que lembra ser uma ‘alma, deseja cultivar a sua divindade, ou seja, sua essência 26 SOPHIA • SET/OUT 2018

PIXABAY Cristiane Szynwelski* sua essência. Desse modo, ela busca, na vida terrena, a paz e a harmonia. Ou os casos de violência contra a mulher aumentam, no Brasil, ou eles A alma que esquece a sua prove- são mais divulgados. O fato é que, niência identifica-se completamente a cada dia, vejo mais notícias sobre com o mundo terreno e sua caracte- eles. É impressionante, pois, pelo me- rística de ser palco para todos os tipos nos nos meus 46 anos de vida, nunca de drama dos quais ela escolhe par- houve tanta discussão e regulamen- ticipar. Para esses dramas terrenos tação sobre as questões de gênero acontecerem, é fundamental que e os direitos da mulher como hoje. existam, neste mundo, todos os ti- Parece uma contradição. Então eu pos de diferenças possíveis. Por isso, fico me perguntando, em meio a isso, aqui temos alegria, tristeza, saúde, se não temos um problema de con- doença, sucesso, fracasso, diversas trários. Será que a nossa sociedade raças e crenças, tipos psicológicos e tem um problema de gênero ou um físicos, tamanhos de quadris e busto, problema de não gênero? Se for um uma infinidade de contrastes. Acon- problema de não gênero, nós temos tece que no mundo das almas há um problema de alma, que é a parte poucas diferenças; então, lá predo- humana que não tem sexo e não tem mina um sentimento de igualdade. gênero. Depois de muito virar a cabe- Como já dissemos, a alma que tem ça, tenho a impressão de que estamos memória da sua origem traz junto tentando resolver um problema pelo esse sentimento e combina-o com as lado oposto. Nós temos mesmo é um diferenças daqui. A alma de pouca problema de alma. memória fica confusa neste plano das desigualdades. Temos coisas para refletir sobre toda a nossa história, nós, mulheres Então vamos à pergunta que diz e almas. Mas vamos, aqui, pensar ape- respeito aos fatos que destacamos no nas sobre algumas coisas do suposta- início, a violência contra a mulher. O mente “nosso” atual mundo, sobre o que faz uma alma boa submeter-se, que dizem ser o “mundo feminino”. neste mundo, a circunstâncias que Para começar, você já viu alguma terminam em violência? Uma me- revista que falasse sobre a moda das mória fraca, eu diria. Uma memória almas, sobre almas de um tipo ou ra- boa faria ela ir embora dali, tão logo ça, gordas ou magras, e suas circun- pudesse, e ela descobriria muitas pos- ferências ideais? Refiro-me àquele sibilidades de saída. Naturalmente, tipo de revista que a gente vê na fila eu não estou falando daquele tipo de do caixa de supermercado. Tudo o agressão súbita, inesperada, imprevi- que vi, a respeito de almas, foi sobre sível, que acontece menos. Mas da- almas boas ou más, mais nada, nem quele tipo de agressão mais comum, machos e nem fêmeas, nem tamanho que vai aumentando aos poucos, es- de quadris e busto para elas poderem quentando como em um caldeirão, ser amadas. em um banho que começa morno e termina em fervura escaldante. É dito que, antes de nascer no mundo terreno, a alma repousa na Posso citar muitos exemplos, dos bem-aventurança do mundo celestial, mais gerais aos mais particulares, que que é divino. Assim, aqui na Terra, envolvem esse esquecimento. Nos a pessoa dotada de reminiscência, ambientes muito selvagens, a força aquela que lembra ser uma alma, de- física do homem predomina sobre a seja cultivar a sua divindade, ou seja, mulher. Ali, não há o que se argumen- tar, e o único remédio é a civilização. SOPHIA • SET/OUT 2018 27

Mas existem meios mais sutis que mente inofensivas. Por exemplo, você dida em que não os percebemos co- promovem a desigualdade no mun- já ouviu dizer que o homem é infiel, mo distintos das coisas do “mundo do terreno e, sobre esses, a reflexão ou ciumento e agressivo, e isso é “as- das almas”. é útil. Essa questão tem a ver com o sim mesmo”? E que a mulher reclama treinamento que obscurece a memó- “por natureza”? Pois acreditar que as Vejam um outro exemplo. Di- ria a qual nos referimos. Treinamento coisas são “assim mesmo” é concor- zem que as mulheres não são mui- que também é produzido pelos esque- dar com elas, permitir que continuem to boas em ciências exatas, não são cidos. Como bem explicam os textos sendo. Nós somos condicionados por boas em Matemática. Como “falam sobre as questões de gênero, as pes- centenas de crenças que se tornaram muito”, são melhores em Letras. Do soas, aqui, são adestradas em certas verdadeiros pressupostos arraigados mesmo modo, não são boas em Es- crenças. Essas crenças, a princípio, no fundo de nossas mentes, e somos tatística, e às vezes isso se confirma. são como a água morna, aparente- tão mais governados por eles na me- É o que ocorre quando, na terceira decepção amorosa, a moça conclui 28 SOPHIA • SET/OUT 2018

que os homens “são assim mesmo”. de ajuste pode se aprofundar em uma Hoje, somos cerca de sete bilhões de pessoas no mundo e metade de- dialética sofisticada, com muitos fun- ve ser de homens. Supondo que há três bilhões e meio de homens, uma damentos teóricos, na qual, lá pelas amostra de três homens é pouco representativa, não acha? Não são tantas, ninguém mais se lembra de poucos dados para concluir que eles “são assim mesmo”? Então é muito que é uma alma, absolutamente! importante que todas essas crenças sejam questionadas. Minha sugestão, então, é: en- Quanto mais cedo essas crenças quanto tentamos resolver toda essa são introduzidas na mente, mais elas ficam arraigadas. Por isso há uma complexidade, poderíamos usar, adi- grande preocupação com as crian- ças. O problema é que os adultos já cionalmente, uma lógica mais sim- esqueceram que as crianças há pou- co chegaram do mundo das almas e ples, a lógica das almas. As empresas estão menos esquecidas do que eles. Se as crianças pudessem simples- podem pagar o mesmo salário para mente viver conforme sua própria memória, tudo estaria bem. Mas os as almas que exercem o mesmo ofí- adultos esquecem que são eles mes- mos que atrapalham, então querem cio. Os cargos podem ser ocupados facilitar a vida dos pequenos. Daí temos problemas de tipos novos, co- segundo as habilidades que as almas mo a questão de se o menino pode e deve brincar com bonecas, ou se ele apresentam. As tarefas e as despesas pode mas não necessariamente deve brincar com bonecas. do lar podem ser divididas entre as Outra coisa que gera preocu- almas que vivem na casa. As pessoas pação são as palavras, pois elas ex- pressam poder. Veja bem: “a” xícara podem ser tratadas com igual respei- é uma palavra feminina, “o” pires é uma palavra masculina. Se a xícara to por serem, simplesmente, almas. fica em cima do pires, então temos uma hierarquia, o que pode ser um Podem ser amadas como almas e, problema. Esse tipo de coisa dá uma discussão enorme, pois temos que nessa ótica, negociar seus interesses. rever todo o dicionário e a gramá- tica. Gasta bastante tempo, e esse Podem ser atendidas na ordem em tempo é precioso quando as coisas “da alma” ficam esperando. que a alma chegou na fila. As más A situação pode se complicar ain- condutas podem ser punidas porque da mais, nesse mundo de crenças. Por exemplo, quando se diz que a foram praticadas por almas que agi- mulher é “mais emocional” e deveria procurar “ser como o homem”, que é ram mal. Os direitos e as obrigações “mais racional”. Assim surge um jogo de imitação a respeito do que já não podem ser exigidos conforme é justo era muito autêntico. Essa tentativa para as almas. Nada contra afirmar as diferenças, na minha opinião. O problema ocorre quando, ao afirmar as diferenças, es- quecemos daquilo que é igual e per- demos a paz e a harmonia em meio aos contrastes. Divulguemos, então, PIXABAY o empoderamento do não gênero. Para as mulheres, em particular, eu digo: se você está presa nessa teia que retratei, minha cara irmã, liberte- “Poderíamos usar uma -se lembrando de quem você é. E sai- lógica mais simples, a lógica das almas. ba que existem homens que também As empresas podem pagar o mesmo salá- lembram de sua própria proveniên- rio para as almas que exercem o mesmo ofí- cia. Escolha bem as suas companhias. cio. Os cargos podem ser ocupados segundo A alma, divina, é inteligente e não é as habilidades que as almas apresentam” escrava de seus hábitos emocionais. SOPHIA • SET/OUT 2018 Pense nisso na hora em que disser que não é capaz de viver sem a corrente que fere os seus pulsos. S * Cristiane Szynwelski é membro da Sociedade Teosófica em Brasília, escritora, psicóloga e advogada. 29

[ HARMONIA ] “Todos os santos enfatizaram a impor- O poder do tância de perdoar o perdão pecador. Sabemos que eles primeira- Pradeep Talwalker* mentadores, mas o veneno definiti- PIXABAY mente praticavam e vamente se soma às nossas misérias. depois oravam. Con- Todos os santos enfatizaram a Nós impotentemente nos exaltamos tudo, embora tenha- importância de perdoar o pecador. e ficamos furiosos. As tensões se acu- mos um profundo Sabemos pela leitura das vidas dos mulam. Os resultados são distúrbios respeito por eles, santos que eles primeiramente pra- na pressão sanguínea e no funciona- não os emulamos” ticavam e depois oravam. Contudo, mento do coração, colapso do sistema embora tenhamos um profundo res- imunológico, surgimento furtivo de SOPHIA • SET/OUT 2018 peito por eles, não os emulamos. Em várias doenças e tratamentos médicos nossas vidas predomina o “olho por dispendiosos. olho”. Sentimos ser esta a maneira correta de nos comportar. Será que os Tudo isso acontece de maneira santos existiram apenas para serem tão insidiosa que mesmo o nosso contemplados de longe, como peças médico não tem ideia do que nos faz em exibição num museu? Devíamos adoecer. Medicamentos ou cirurgias olhar para o que é bom para nós, para nunca curam a verdadeira doença – o que nos é proveitoso. o médico consegue apenas mudar os sintomas visíveis. O verdadeiro pro- Pode-se ver que um coração que blema tem raízes em nossa própria perdoa é o que existe de melhor pa- estrutura. O dia em que pararmos de ra nós. Não apenas espiritualmente, ser reativos e perdoarmos os outros, mas também física e financeiramen- começaremos a emergir da influên- te. Consideremos primeiramente a cia opressora do espírito de vingança. máxima “olho por olho”. Certamen- Nosso coração agitado se acalmará. te somos gentis com aqueles que são A paz e a alegria estarão conosco. As gentis conosco. Mas o que dizer a aflições começarão a desaparecer co- respeito daqueles que não são? De- mo num passe de mágica. veríamos ser igualmente grosseiros? Em outras palavras, queremos nós No entanto, pelo simples desejo mesmos decidir como nos comporta- de começar a perdoar, não podemos mos, ou deixaremos o controle para esperar que a deusa do perdão ponha- os outros? É isso que fazemos quando -se sob as nossas ordens. Temos que somos reativos. romper o hábito de uma vida inteira de egocentrismo e desenvolver a com- Se decidimos ser uma pessoa preensão, pois sabemos que compre- boa, o modo como os outros se com- ender tudo é perdoar tudo. Aprender portam não nos deve dizer respeito. a compreender os outros significa que Além do mais, quando damos uma temos que ver cada questão do ponto “resposta cabal”, a coisa não termi- de vista do outro. Se tivermos empatia na aí. A corrente continua. Como e se nosso esforço for sincero, veremos as pessoas “difíceis” são em grande que provavelmente nós não teríamos número, somos levados a guardar nos comportado de modo diferente. ressentimentos. Isso pode ou não Se empreendermos esse exercício causar problemas para nossos ator- com honestidade, não mais teremos 30

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raiva. Tão logo visualizemos o benefí- mos uns aos outros pelo avesso. Às sejam mutuamente mudadas, não há cio desse experimento, ele pode gra- vezes, num momento de fraqueza, fa- como escapar da roda de nascimen- dualmente se tornar nosso padrão de zemos a coisa errada ou reagimos co- tos e mortes. Embora o aspecto causa comportamento. Com o perdão, nove lericamente, pondo lenha na foguei- e efeito seja verdadeiro, a explicação entre dez pessoas que nos atormentam ra. Depois tentamos justificar nosso de que o bem será recompensado se transformarão em amigas. acesso de raiva. Todo o passado está com o bem e o mal com o mal é o adiante de nós, o problema tornou-se mesmo atroz “olho por olho”. Além A décima pessoa geralmente é crônico e vai durar toda uma vida. disso, como nossas ações continuam tão obstinada que todos os nossos Essas pessoas são colocadas muito enquanto vivemos, a mudança jamais esforços são infrutíferos. Além disso, próximas por laços kármicos, para que pode ser completa – ficaríamos pre- frequentemente ele é um membro da velhas dívidas sejam cobradas. sos aqui para sempre. família ou está numa situação de ínti- mo contato diário. Quando vivemos Com relação ao karma, é sabido Esta explicação, além de ser im- juntos durante vários anos, conhece- que, até que nossas boas e más ações perfeita, também esconde a delicada 32 SOPHIA • SET/OUT 2018

beleza do arranjo em que vivemos. der que não somos realmente nós os Se compreendermos o sutil funcio- namento da lei do karma e a conse- agentes de nossas boas ações – Deus quente necessidade da sucessão de nascimentos e mortes, veremos como é o agente através de nós. Nossas é engenhosa e ajustada toda a provi- dência divina. concepções errôneas sobre separati- Desde a infância vemos Deus vidade terminam sem esforço. Este como uma entidade que castiga o pecador e recompensa o merecedor é também o fim da criação de novo – uma espécie de diretor do mundo. Precisamos corrigir essa visão sim- karma: todas as nossas lições foram plória, pois o Reino de Deus é de amor infinito e incondicional. Não aprendidas e não haverá necessidade importa como nos comportemos, não há mudança em Seu amor. Seu de nascer novamente. objetivo é nos educar para nos levar à perfeição. É simples: se fazemos a Se conseguimos olhar para todo coisa certa, o resultado é agradável; se fazemos a coisa errada, o resultado esse esquema, nosso coração se en- é desagradável. che de gratidão. O que quer que nos Natureza e sociedade são as sa- las de aula dessa escola. Os aconte- aconteça, saúde ou doença, aciden- cimentos (que surgem do aspecto causa e efeito de nossas ações) são tes, perdas, sucesso ou fracasso, pros- os instrutores. A orientação vem do interior por meio da consciência e peridade ou penúria, vemos a bênção do senso comum; temos que ouvi-los cuidadosamente. Precisamos manter divina em toda parte. Medo, raiva e uma positiva disposição de ânimo; a alegria e a felicidade dizem-nos que autopiedade desaparecem. estamos no caminho certo. Embora vivendo em condições Nós também temos ampla liber- dade para ignorar essas orientações semelhantes, algumas pessoas são – temos feito isso e sofrido as conse- quências. Ansiedade e aflição mos- felizes e outras não. Pessoas alegres tram que erramos em algum lugar. Se interpretamos os eventos de maneira são alegres mesmo na pobreza, e le- errada, as lições não surtem efeito, e têm que ser repetidas de diferentes vam alegria aos outros; pessoas amar- maneiras. Quanto mais rapidamente aprendermos, mais cedo estaremos gas são infelizes mesmo em um mar prontos para a próxima aula. Quanto mais aulas deixarmos para trás, mais de rosas, e tornam as outras pessoas rapidamente nos formaremos. A cada lição nossas vidas ficam mais repletas infelizes. Alegria e tristeza não são de alegria. partes das circunstâncias – elas estão Se fazemos um esforço honesto para examinar e melhorar a nós mes- dentro de nós. Ninguém consegue mos, os poderes divinos vêm rapida- mente em nosso auxílio. Inúmeras nos atormentar se decidirmos não pessoas passaram por essa experiên- cia. Então conseguimos compreen- nos aborrecer. Mesmo do ponto de vista pesso- al, eventos semelhantes nos afetam de maneiras diferentes em momen- tos diferentes, dependendo de nosso humor no momento e de acordo com uma reação certa ou errada. Todo so- frimento surge de uma reação negati- PIXABAY va. Em outras palavras, o sofrimento é um lembrete para corrigirmos nossa atitude. Assim que entendemos isso, o passo seguinte se torna mais fácil. “Se compreender- Disse Jesus: “Se alguém vos gol- mos o sutil funcio- namento da lei do peia a face direita, volta-lhe a esquer- karma e a conse- quente necessida- da também”. A vida dos santos mostra de da sucessão de nascimentos e mor- isso. Nenhum deles viveu apenas para tes, veremos como é engenhosa e ajus- si próprio; todos difundiram amor. São tada toda a provi- dência divina” essas as pessoas que ensinam as lições SOPHIA • SET/OUT 2018 mais importantes no currículo da vi- da. A estrada que elas percorreram é também a melhor para nós. S * Pradeep Talwalker é membro da Sociedade Teosófica na Índia. 33

[ EVOLUÇÃO ] ‘ O jogo da vida Se os desafios que enfrentamos nos fortalecem e proveem as bases para a ‘grandeza’ futura, então talvez devamos ser encorajados pelos obstáculos aparentemente intransponíveis ‘que encontramos em nosso caminho Olivia Stephanino* perda de tempo, eu o vi como uma PIXABAY moderna forma de meditação. Ten- Olhar para a vida como um jogo do dominado a versão fácil, eu sabia pode trazer uma dinâmica interessan- que ganharia repetidamente. Porém, te para o modo como experimenta- curiosamente, a graça do jogo acabou. mos e interpretamos o que nos acon- Para me manter interessada, eu tinha tece. Vejamos o jogo infantil “serpen- que continuar buscando o nível de tes e escadas”, por exemplo. Visto dificuldade seguinte. como metáfora para a vida, este jogo de tabuleiro nos leva por inúmeras Num daqueles momentos-chave, subidas e descidas – e tudo isso sem reconheci que era eu quem estava termos direito a uma palavra quanto escolhendo complicar o jogo – e vi ao resultado. Os dados ditam nosso que, da mesma maneira, geralmente futuro. Mas de quem é a escolha de procuro complicar minha vida para lançar os dados? criar um elemento de desafio. Sem desafios nossa vida se torna a mesma Como afirmam os budistas, é o vidinha de sempre, e acaba ficando apego às coisas, às pessoas e aos lu- sem sentido. Sem desafio nós não gares que causa o nosso sofrimento crescemos. – mas, apesar de ser um conceito fácil de aceitar intelectualmente, é Como seres humanos, temos li- muito difícil vivê-lo na prática. No vre-arbítrio – juntamente com a ha- entanto, a dificuldade existe apenas bilidade de viver nossas vidas como porque levamos nossa vida – e tudo escolhermos. Contudo, quantas vezes nela – tão a sério. culpamos o destino pelo que aconte- ce, em vez de assumirmos a respon- A ideia de que “a vida é um jogo” sabilidade? É claro que muitas coisas pareceu-me trivial quando ouvi falar acontecem fora de nosso controle – dela pela primeira vez – uma ideia mas é o modo como escolhemos res- interessante como exercício acadê- ponder às coisas que faz a diferença. mico, mas muito menos digna de Muito frequentemente ansiamos por crédito quando você acabou de derra- segurança, e logo que a conseguimos, mar café na sua roupa, por exemplo. reclamamos de estar entediados. No entanto, eu comecei a entendê-la quando, buscando inspiração num A verdade é que não estamos aqui determinado dia, eu me descobri jo- para repetir o que já sabemos – em gando sozinha no computador. Em vez disso, somos convidados a criar vez de ver o jogo simplesmente como novas experiências por nós mesmos. Cada vez que repetidamente faze- 34 SOPHIA • SET/OUT 2018

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mos a mesma coisa, a vibração dimi- – e ver as “serpentes” dessa maneira que você está tolerando atualmente? nui. E é bom que seja assim, já que o ajuda a libertar nossa mente do hábito Uma amiga questionou-me dessa for- tédio nos leva a ser mais criativos, a de ver as coisas que nos acontecem co- ma não faz muito tempo, e a princípio fazer mais experiências. Segurança mo boas ou ruins. Dessa nova posição fui pega de surpresa. Fui provocada e liberdade são polos opostos de um privilegiada, todas são boas. Ver as coi- pela pergunta e a repetir para várias mesmo continuum. sas dessa perspectiva ajuda a libertar pessoas; suas respostas também fo- a mente dos elos do ego – a maioria ram bastante interessantes. Se os desafios que enfrentamos dos quais se baseia no medo. Quando nos fortalecem e proveem as bases vivemos com medo somos muito mais Superficialmente as respostas para a “grandeza” futura, então talvez propensos a fazer coisas que, franca- foram diferentes, embora muitas devamos ser encorajados pelos obstá- mente, não nos ajudam nem em nossa girassem em torno de problemas culos aparentemente intransponíveis jornada espiritual nem na emocional. antigos com relação a relacionamen- que encontramos em nosso caminho. tos, dinheiro e saúde. Porém, ficou Eles são as escadas para nosso futuro Permita-me fazer uma pergunta: o claro que a maioria das dificuldades 36 SOPHIA • SET/OUT 2018

PIXABAY podia ser facilmente resolvida com que criaremos, como reagiremos ao um pouco de força de vontade, en- mundo maior no qual todos represen- “É bom ter em men- gajamento e foco. Eu diria que força tamos um papel. te que nosso ego e de vontade, comprometimento e fo- nossas memórias são co são muito necessários – mas não Somente nos encontraremos todos formados e ali- haverá algo mais que é verdadeira- quando nos libertarmos de nossa cerçados no passa- mente mais importante? Certamen- identidade, de nosso passado, e esco- do, enquanto nossa te há – e esse “algo” é o conceito de lhermos abrir mão de nossa história alma nos direciona responsabilidade pessoal. e viver o momento. Alcançar esse para aquilo que per- ponto de paz só é possível quando cebemos ser o futuro, Aqueles que compreendem que estamos preparados para investigar aquilo que ainda não têm responsabilidade pessoal por seu nossos padrões, examinar nossas se manifestou” sucesso podem ser mais bem-sucedi- crenças e tomar a decisão de perdo- dos em seus esforços – mas sabemos ar e abrir mão (e não cometer erros, SOPHIA • SET/OUT 2018 também como é difícil motivar e ins- pois é tudo uma decisão). A paz surge pirar alguém que se aferra à atitude após o perdão – e o perdão não é algo de culpa. Por que é importante não que se apaga após algum tempo. Na dar ao jogo o nome de culpa? Embo- verdade, você deve decidir perdoar. ra possa ser tentador culpar os outros Aqui está uma dica: quanto menos por nossos fracassos, é bom ter em você se sente com vontade de praticar mente que, quando culpamos os ou- o perdão, mais provavelmente você tros, tornamo-nos impotentes. precisa perdoar. Na maioria das vezes ninguém es- Quando decidimos ou escolhe- tá pronto para trocar o jogo da culpa mos, estamos em nosso poder. E por uma atitude de responsabilidade quando estamos em nosso poder, não pessoal. O apego às nossas histórias mais estamos preparados para tolerar pessoais e aos rótulos que carregamos aspectos de nossas vidas – em vez dis- – muitas vezes desde a infância – po- so, passamos a moldar nossas experi- de nos manter presos naquele mesmo ências, nossa visão e nossas metas da padrão que, em voz alta, declaramos maneira que melhor nos agrada. As- que queremos deixar para trás. Na sim, permita-me repetir a pergunta: verdade nossas histórias pessoais, o que você está tolerando? Você pode- aquelas mesmas que formam nossas ria simplesmente ficar surpreso com identidades, são as principais causas a resposta. Depois certamente, vem de autossabotagem. Se queremos a pergunta suplementar: o que você viver segundo nosso pleno poten- vai fazer a respeito? cial, vamos ter que tomar a decisão de abrir mão do apego às histórias Tente você mesmo – no próximo pessoais. Anteriormente eu me re- mês, toda vez que algo difícil acon- feri aos budistas, que compreendem tecer, lembre-se de que é você quem que nosso sofrimento surge dos nos- está lançando os dados do seu próprio sos apegos. Pois bem: talvez o nosso jogo. Como as coisas aparentemente maior sofrimento derive do nosso negativas vão ajudar, no final das con- maior apego – o apego à identidade. tas? Use a imaginação para acelerar E certamente a nossa identidade é o sua vida ao futuro – e, dessa perspec- grande brinquedo do ego. tiva, olhe de volta para ver como su- as experiências atuais forneceram o É bom ter em mente que nosso exato aprendizado que você precisava ego e nossas memórias são todos for- para se tornar o “você” do futuro. Eu mados e alicerçados no passado, en- garanto que você achará a experiência quanto nossa alma nos direciona para verdadeiramente libertadora. S aquilo que percebemos ser o futuro, aquilo que ainda não se manifestou. * Olívia Stephanino é membro da Sociedade Teo- E, dessa perspectiva futura, somos sófica, palestrante e escritora, autora do livro Be livres para escolher como seremos, o Your Own Guru (Seja o seu próprio guru). 37

[ VALORES ] Monogamia e ‘ altruísmo A culminância do desenvolvimento humano é o amor universal e o altruísmo ilimitado. Muitos fatores biológicos podem ser parte do esquema ‘evolutivo que, no longo prazo, assegura o desenvolvimento do altruísmo Radha Burnier* lhor chance de sobrevivência. Corres- PIXABAY pondentemente, é mais provável que Mesmo em sociedades onde a po- um casal humano comprometido em al, e a dinâmica da evolução biológica ligamia tem sido aceita, a monogo- cuidar de seus filhos ajude o bem-es- presumivelmente concilia este objeti- mia ainda é o ideal. A religião hindu tar psicológico desses filhos. vo, pois a evolução biológica é a base permitia a poligamia desde tempos para o desabrochar de qualidades da remotos; contudo, as pessoas sempre Nos dias de hoje, um grande nú- mente e da consciência. admiraram exemplos do viver mono- mero de jovens delinquentes vêm de gâmico, como foi a vida do instrutor famílias de pais separados. Embora Um artigo da American Health, divino Sri Ramachandra. O Ocidente a sua sobrevivência física possa ou publicado na revista Reader’s Digest, afirmou sua crença na superioridade não ser afetada pela falta do cuidado assinala que o altruísmo é, de fato, de uma relação monogâmica ao in- parental, sua condição psicológica favorável à própria pessoa. Ajudar corporá-la à ética cristã. As histórias pode ser seriamente maculada por em todas as partes do mundo louvam isso. Mesmo que essas crianças não a devoção e a fidelidade mútua de ca- se tornem delinquentes, as pressões sais monogâmicos, tanto humanos internas criadas pela falta de seguran- quanto não humanos. Dizem que o ça e afeição irrompem, de tempos em grande épico sânscrito de Valmiki, o tempos, em comportamentos anor- Ramayana, surgiu espontaneamente mais ou estressantes. em sua mente quando testemunhou a agonia de um pássaro que perdeu seu Experiências feitas por biólogos fiel companheiro nas mãos cruéis de mostram que os animais que são um caçador. intimamente relacionados entre si tendem a ajudar uns aos outros mes- Alguns biólogos investigaram a ra- mo com risco de suas próprias vidas. zão pela qual certos pássaros, peixes e Os filhotes de pais monogâmicos são mamíferos são monogâmicos. Pode- um seguro para a sobrevivência, pois mos indagar se a persistente tendên- são mais mutuamente úteis do que cia na natureza humana de manter meio-irmãos. Postula-se, portanto, a monogomia como ideal é apoiada que o processo evolutivo favorece o por uma tendência correspondente relacionamento monogâmico. na evolução biológica. Os biólogos puseram em evidência a teoria de Admitindo-se isso, pergunta-se se que é mais provável que um casal o relacionamento monogâmico é a comprometido cuide de sua prole e base biológica para o desenvolvimen- consequentemente lhe dê uma me- to de atitudes altruístas. A devoção autossacrificial aos outros é um as- pecto essencial da evolução espiritu- 38 SOPHIA • SET/OUT 2018

os outros inspira gratidão e afeição a má vontade. H. P. Blavatsky assinalou mitado. Muitos fatores biológicos essas pessoas e isso reduz o estresse. que a malícia, sob qualquer forma, Afirma-se que uma atitude útil pode produz condições que obstruem de podem ser parte do esquema evolu- ser até mesmo beneficiar o sistema forma peculiar o caminho espiritual. imunológico, que está intimamen- tivo que, no longo prazo, assegura te ligado ao cérebro e à mente. A Muito embora essas ideias possam hostilidade, por outro lado, defini- ser controversas no momento, estão o desenvolvimento do altruísmo. A tivamente multiplica o risco para a propensas a ser aceitas, pois a culmi- saúde, tal como o faz toda forma de nância do desenvolvimento humano monogomia pode ser um elo dessa é o amor universal e o altruísmo ili- cadeia de desenvolvimento. S * Radha Burnier (1923-2013) foi escritora e pre- sidente internacional da Sociedade Teosófica. SOPHIA • SET/OUT 2018 39

[ CONSCIÊNCIA ] ‘ A causa e o efeito Estudar, meditar, servir ao próximo, viver de modo compassivo é influenciar todo o ambiente de seu tempo e, portanto, o futuro da humanidade, de maneiras ‘invisíveis, mas proporcionais à energia empregada no trabalho 40 SOPHIA • SET/OUT 2018

PIXABAY Ianthe H. Hoskins* resultado proporcional. “Saiba que ne- nhuma ação, por menor que seja, quer Num trecho no qual quase pode- na direção certa ou errada, pode desa- mos ouvir o ribombar do trovão, H. parecer do mundo das causas. Mesmo P. Blavatsky tenta passar aos estu- a fumaça desperdiçada permanece, dantes de Teosofia a verdade da rea- não sem vestígio.” Esta é a lei. lidade única da qual tudo veio e para a qual tudo finalmente voltará. Há Se ocorre isto, então ocorre aqui- um corolário inevitável a essa verda- lo. Aqui a insistência está direcionada de: se apenas o Um é real (e na nos- à aplicação do princípio aos estudos sa filosofia oculta real significa sem teosóficos, quer se esteja trabalhando início, fim ou mudança), então todos só ou como membro de um grupo. O os modos desse Um, sendo produtos indivíduo ou o grupo, estudando, me- do tempo, são relativamente irreais, ditando ou refletindo sobre as ques- isto é, não podem ter permanência. tões mais profundas da vida, sobre o A lógica é indiscutível: se ocorre isto, progresso da fraternidade e o auxílio então ocorre aquilo. Compreenda-se à humanidade – aqui está a força do esse fato, diz Blavatsky, “e tudo o mais movimento teosófico. Essa força não torna-se fácil”. deve ser medida em números, mas em comprometimento e esforço. A lei é tanto a fundação da lógi- Procurar resultados mensuráveis do ca quanto da ciência. Se ocorre isto, trabalho efetuado e da energia des- então ocorre aquilo. Se há causa, há pendida, avaliar o valor do esforço em efeito. Ouvimos isso muitas vezes. termos de consequências visíveis, a Chamamos isso de karma, e usamos contagem de pessoas e a popularida- a ideia para justificar os inescrutáveis de, é negar a verdade da lei. Se ocorre caminhos da providência. Alguns de isto, então ocorre aquilo. Se esforço nós professamos acreditar nisso. é feito, a consequência é inevitável. Mas viver a crença implica ações Resultados mensuráveis, retor- e atitudes que presumem a verdade nos estatísticos para tempo e energia daquilo em que se acredita. Sabemos despendidos são uma preocupação que morreremos, mas não acredita- apropriada apenas até o ponto em mos nisso – essa é a maneira como que possam levar a um exame da muitos de nós vivemos. Falamos de qualidade do trabalho efetuado, para lei e karma, mas acreditar é aceitar melhorar métodos, técnicas e abor- suas implicações traduzindo-as em dagens, para estimar conhecimento ação e atitude. e competência. Não devem ser con- siderados critérios de valor. “Tua mo- Se ocorre isto, então ocorre aqui- tivação deve ser apenas em relação à lo. Se há causa, há efeito. Se há ação, ação, jamais em relação aos seus fru- então há consequência. Se a energia tos.” Que a ação seja dedicada, intei- é expandida, seja física, mental ou de ra, sincera: a lei não pode falhar em outro tipo, então é certo ocorrer um produzir frutos, amanhã ou depois de muitos dias. Estudar, meditar, servir “Nenhuma ação, por ao próximo, viver de modo compas- menor que seja, quer sivo é influenciar todo o ambiente na direção certa ou er- de seu tempo e, portanto, o futuro da rada, pode desapare- humanidade, de maneiras invisíveis, cer do mundo das cau- mas proporcionais à energia empre- sas. Mesmo a fumaça gada no trabalho. Esta é a lei. S desperdiçada perma- nece, não sem vestígio” * Ianthe Hoskins (1912–2001), escritora nascida na Itália, foi membro da Sociedade Teosófica na Inglaterra. SOPHIA • SET/OUT 2018 41

[ HUMANIDADE ] O pecado ‘ do ego Temos que desenvolver o amor, a pureza, a humildade, a capacidade de perdoar, para reconquistar o paraíso ‘perdido aqui mesmo – com sua morada no espírito, ele jamais se apartou de nós Walter Barbosa* Na filosofia cristã, a ideia de pe- PIXABAY cado no sexo mistura-se com o estig- Tratando-se do mecanismo de re- ma de impureza que se quer imputar xual – tornando-se compulsão, ten- produção da vida física – obedecen- à humanidade. O “filho de Deus” é são, uma exigência física (a natureza do ao “crescei e multiplicai-vos” da concebido “sem pecado” (alegoria li- provê energia onde mais se gasta) – é palavra divina, segundo a Bíblia – é gada ao nascimento do universo, as- uma válvula de escape, um modo de extremamente paradoxal a ideia de sim como o dogma da Virgem Maria). autoesquecimento, para o pensador pecado genericamente ligada ao sexo. Iniciando-se o drama da humanidade indiano Krishnamurti. Ele diz: “Co- Sem ele a humanidade não existiria. com a expulsão do paraíso e a perda mo o ‘eu’ (ou ego) é uma fonte de da conexão com Deus (fruto da men- sofrimento, desejamos esquecer de Contudo, seria a reprodução da te), o pecado de nossos progenitores nós mesmos e buscamos agitação in- espécie o objetivo real de nossa bus- (e o nosso) se resumiria à gastrono- dividual ou coletiva, formas um tanto ca de relacionamento sexual, ou se- mia indevida sobre o fruto proibido. grosseiras de sensação. Quando bus- ria a satisfação inerente? A resposta Indevida pelo mau uso, pela luxúria, camos fugir do ‘eu’, os meios de fuga é bastante óbvia. Mas se é satisfação pelas violações da natureza, porque que buscamos, no fundo também es- a energia sexual é poder de criação tamos correspondendo à “armadilha” e iluminação. colocada pela natureza, que objetiva a reprodução. Tudo que é natural é sá- Quando não direcionada espe- bio, é divino. A natureza oferece um cificamente para a criação física, a prazer para obter o cumprimento de energia expande-se para a criação um dever. O problema surge apenas artística, para a filosofia, a ciência, na administração que o ser humano a realização espiritual. A energia é faz disso, por meio do que nos acostu- sempre a mesma. O que difere é o mamos a chamar livre-arbítrio. emprego que fazemos dela, gerando, para cada ser humano, um benefício Nós somos livres? Toda pessoa maior ou menor em termos de cons- que não se encontra restrita às qua- ciência. Com a criação física (repro- tro paredes de uma cela pensa que dução) gastamos, porém, o mínimo sim. Contudo, ela é prisioneira de dessa energia. Seu grande emprego é sua mente. Nela – como centro dire- mesmo na geração de prazer. O que tor do ego, o eu material – estão seus perdemos com isso? Criatividade, preconceitos, medos, impulsos cegos, poder de autorrealização – o que sig- tendências para a luz e para as trevas. nifica que estamos diminuindo nossa Livres, de fato, são apenas os ilumina- real estatura como seres humanos dos, porque transcenderam as impo- essencialmente divinos. sições da vida elemental (consciência da matéria) dentro de si mesmos. Já Esse direcionamento obsessivo se decidiram a ser apenas luz. de nossas energias para o prazer se- 42 SOPHIA • SET/OUT 2018

tornam-se importantes e passam a ser se manifesta na ausência do eu”. Os pecado. Vale ressaltar que pecar (na problemas.” As drogas de qualquer valores que nos mantêm presos ao tipo são uma prova disso. ego (ideias de segurança, orgulho, língua grega, hamartia) significa “er- moralidade, autoimportância) são O que transforma o ego em fonte criados em nossa mente, ou seja, na rar o alvo”. Temos que desenvolver o de sofrimento, induzindo-nos à fuga, própria matriz do ego. A raposa está ao desperdício de energias e de cria- dentro do galinheiro. amor, a pureza, a humildade, a capa- tividade? É não sabermos como nos livrar dele. Segundo Krishnamurti, “Vinde a mim as criancinhas, por- cidade de perdoar, para reconquistar “o sexo se torna uma experiência que que delas é o Reino dos Céus”, disse temos que buscar continuamente, Cristo. Nas criancinhas o ego ainda o paraíso perdido aqui mesmo – com porque nos oferece, por um instan- não se formou. Assim, é na impure- te, aquele estado de felicidade que za dele, e não do sexo, que reside o sua morada no espírito, ele jamais se apartou de nós. S * Walter Barbosa é escritor e membro da Sociedade Teosófica de Campo Grande. SOPHIA • SET/OUT 2018 43

www.sEondecreçieos dda aSocdiedeadteeTeoosósficoa nfoiBcraasil .org.br CAPITAIS Florianópolis-SC [email protected] dos Amores). CEP: 88330-468. Tel: •Loja Florianópolis: Av. Madre •Lojas Conde de Saint Germain, Ji- 9987-1797. Reuniões: quinzenal- Aracaju-SE Benvenuta, 1295, s. 1, Santa Mô- narajadasa, Nirvana, Perseverança mente, dom. 17h30. E-mail: marcia- GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira nica, CEP 88.035-000. Tel: (48) e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº [email protected] Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045- 99960-0637 (Adolfo). Reuniões 3ª, 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053- Bragança Paulista-SP 750. Tel: (79) 8802-1012/8875-2875. 19h. E-mail: teosofica.florianopo- 901. Tel: (21) 2220-1003. •Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, E-mail: teosofiaemaracaju@gmail. [email protected] •Loja Conde de S.Germain: Jardim Europa, CEP 12916-160. Tel: com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. Fortaleza-CE reuniões 2ª, 14h. 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E- Brasília-DF •Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331- •Loja Himalaia: Tel: (21) 2717-0982. mail: [email protected] SGAS Q. 603, cj. E, s/nº, CEP 70200- A, Centro. CEP: 60135-000. Tel: (85) •Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, Campina Grande-PB 630. Tel: (61) 3226-0662. 99828-2714. Reuniões: sáb. 16h, 14h. Site: www.bloglojajinarajada- •Loja Sírius: R. Santa Cecília, 692, •Loja Alvorada: Reuniões 6ª, 19h30. dom. 9h. Site: lojateosoficaunidade. sa.wordpress.com Santo Antônio. Tel: (83) 3322- •Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. com.br / www.facebook.com/lojate- •Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. 8934/8847-5367. Reuniões: dom., E-mail: lojabrasilia@sociedadeteoso- osoficaunidade. E-mail: contato@ •Loja Perseverança: reuniões 5ª, 16h30. E-mails: get.sirius@socie- fica.org.br lojateosoficaunidade.com.br 14h. E-mail: stlojaperseveranca@ dadeteosofica.org.br e bruno.san@ •Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. Goiânia-GO gmail.com. Site: www.lojaperseve- globo.com E-mail: lojafenix@sociedadeteosofi- •GET Sophia: R. 220, nº 287, rança.blogspot.com Campinas-SP ca.org.br s. 5, Setor Coimbra. Tel: (62) 3954- •Loja Rio de Janeiro: reuniões •Get Lótus Branco: R. Dr. Antonio •Coordenadoria das lojas de 4535/8266-6768/3642-0136/8195- sáb., 15h30. Carlos de Sousa, 118, Jd. Novo Brasília – programação pública con- 0552/3293-4416. Reuniões sáb., Salvador-BA Chapadão. CEP: 13063-450. Tel: junta: sáb., 14h30 a 21h30. 17h. E-mail: sociedadeteosofica. •Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, (19) 98292-1524. E-mail: getlotus- Belo Horizonte-MG [email protected]. Parque Nossa Senhora da Luz, [email protected]. •GET Belo Horizonte: Av. Afonso João Pessoa-PB Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) Reuniões: 4ª, 19h. Pena, 748, 26º andar. CEP: 30130- •Loja Esperança: R. Arquiteto Her- 3353-2191/9919-1065. E-mail: teo- Cataguases-MG 300. Tel: (31) 3464-4310 / 9264-2005. menegildo Di Lascio, 468, Tam- bahia@sociedade teosofica.org.br. •Loja Unicidade: R. Cel João Du- E-mail: [email protected]. Reu- bauzinho, CEP 58042-140. Tel: (83) Site: www.sociedadeteosofica.org. arte, 78, s. 204. CEP: 36770-000. niões: qui., 19h às 20h30. 3246-1478, 9117-4488, 8866-5051. br/teobahia. Reuniões: sáb., 16h. Tel: (32) 3421-4448/(32) 3421-1567/ Campo Grande-MT Palestras públicas sáb. 17h. E- São Paulo-SP (32) 9982-1123 e (32) 9984-1164. •Loja Campo Grande: R. Pernambuco, mail: lojaesperança@sociedade •Loja Liberdade: R. Mituto Mizu- Reuniões: 3ª, 19h30, e 6ª, 18h30 824, São Francisco, CEP 79010-040. teosofica.org.br -moto, 301, Liberdade, CEP (membros). E-mail: nascimentos- Tel.: (67) 3025-7251/9982-8106. Maceió-AL 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. [email protected] Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacam- •GET Maceió: R. Prof. Sandoval Reuniões: 6ª, 20h. Site: teosofia- Caxias do Sul-RS [email protected] Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta liberdade.org.br. E-mail: •Loja Jehoshua: R. Itália Travi, 813 •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Verde. CEP: 57035-230. Tel: (82) [email protected]. fundos, Rio Branco, CEP 95097- Cidade Jardim, CEP 79040-630. 3377-0297/9997-8351. E-mail: Facebook: www.facebook.com 710. Tel/ Whatsapp: (54) 99194- Tel: (67) 3028-6548 / 9637-7525. [email protected]. /lojateosoficaliberdade. 8537. Reuniões: 1º e último do- Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E-mail: Reuniões: sáb., 16h. •Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- mingo do mês, 15h. E-mail: teoso- [email protected] Palmas-TO moto, 301, Liberdade, CEP 01513- [email protected]. Site: www.teoso- Cuiabá-MT • GET Palmas: Q. 101 Sul, cj. 1, 040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- fiars.com.br. Facebook: facebook. • GET Annie Besant: R. Venezuela, lt. 6, s. 408, Ed. Office Center. ões: 4ª, 20h. E-mail: samiracarnei- com/teosofiars 231, Santa Rosa, CEP 78040-370. CEP 77.015-002. Tel: (63) 3215- [email protected] Criciúma-SC Tel: (65) 9.8115.8425 / 9.8107.1687 0936/9951-0459/8139-3218/8415- •Loja São Paulo: R. Mituto Mizu- •GET Mabel Collins: Cx P. 263, / 9.8128.3144. Reuniões quinzenais: 3122. Reuniões sab., 15h30. moto, 301, Liberdade. Reuniões: CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- 6ª, 20h. E-mail: castilho.radiotera- E-mails: [email protected], dom., 17h. E-mail: celiapetean@ 0380/9904-2080. Reuniões: [email protected] [email protected] e gui.nut@ uol.com.br 1º sáb. do mês, 15h, na R. Barão Curitiba-PR hotmai.com Vitória-ES do Rio Branco, 549 (perto do Sindi- •Loja Libertação: R. República Ar- Porto Alegre-RS •Loja Blavatsky: Av. Princesa Isa- cato dos Mineiros). gentina, 2.056, 11º andar, s. 115, •Loja Dharma: R. Voluntários da bel, 35, CEP 29.010-361. Tel: (27) Juazeiro do Norte-CE Água Verde, CEP 80.620-010. Tel: Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039- 3235-1545/3314-5381/9608-5694. •GET Padre Cícero: R. Santo (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 9646- 900. Tel: (51) 3225-1801. E-mail: Reuniões: 3ª, 6ª e sáb., 19h. E- Agostinho, 300, Biblioteca Pública 5853. Cursos de Introdução: 2ª, [email protected]. mail: [email protected] e Municipal, CEP 63.010-167. Tel: (88) 19h30 às 21h. Palestras públicas: br. Site: www.lojadharma. org.br. [email protected] 98808-4808. Reuniões sáb., 16h. sáb., 16h às 18h. Reuniões mem- Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., E-mail: [email protected] bros: 3ª, 19h30 às 20h. E-mail: liber- 15h às 18h30 (público). OUTRAS CIDADES Joinville-SC [email protected] Recife-PE •Loja Shanti-OM: R. Waldemaro •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, •Loja Estrela do Norte: R. Diogo Águas de São Pedro-SP Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) Alto da Glória. CEP: 80030-320. Tel: Álvares, 155, Torre, CEP 54420- •GET Águas de São Pedro: R. 3433-3706. Reuniões: 4º dom. do (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. mês, 19h. E-mail: marilenawolf@ (membros); 3ª e sáb., 16h (público). dom., 16h. E-mail: lojaestrelado- CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482- yahoo.com.br •GET Dario Vellozo: R. 13 de Maio, norte@sociedade teosofica.org.br 1009. Reuniões: 5ª, 20h. Juiz de Fora-MG 538, Centro, CEP 80510-030. Reu- Rio de Janeiro-RJ Balneário Camboriú-SC • GET Juiz de Fora: R. Padre Ca- niões: 2º e 4º domingos, 15h30 às •Loja Augusto Bracet: Av. Treze de •GET Luz no Caminho: Centro fé, 195, 4º andar, Salão de Festas, 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979- Maio, 13, sala 1520, Centro, CEP: de Treinamento Yoga Sadhana, bairro São Mateus, esquina com 7970, 9675-8126. E-mail: claturis- 20053-901. Tel: (21) 2569-9978. Av. Rui Barbosa, 30 (continua- Av. Itamar Franco, CEP 36.016-450. [email protected] Reuniões: 6ª,15h. E-mail: fcarrei- ção da Estrada da Rainha, Praia Reuniões 2ª, de 19h a 20h30. 44 SOPHIA • SET/OUT 2018

Tel: (32) 99810-6667. E-mail: teoso- FRED FOKKELMAN [email protected] •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do O que é a Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Sociedade Teosófica Tel: (32) 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. E-mail: therezafcarva- A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Não há religião [email protected] Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa Londrina-PR Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Ol- svueperrdioraà de •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, cott, seu primeiro presidente. A sede internacional Jd. Quebec. CEP: 86060-190.Tel: foi transferida para Chennai, na Índia, onde se Esse é o lema da (43) 3027-2623/9121-3375/9916- encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de Sociedade Teosófica. 0099/9911-8142. E-mail: tarsiladome- 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas Mas a Sociedade não [email protected] e ivguerrini@ por Lojas e Grupos de Estudos. se impõe como por- hotmail.com. Reuniões: 4ª, 19h. tadora da verdade; o Niterói-RJ A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- laço que une os teó- •Loja Himalaya: R. da Conceição. cípio da fraternidade universal e a livre investigação -sofos não é uma 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da crença comum, mas Tel: (21) 2710-3890/2611-6949. Reu- fraternidade universal da humanidade; encorajar o a investigação da ver- niões: 2ª, 18h. estudo de religião comparada, filosofia e ciência; dade em relação às Piracicaba-SP investigar as leis da natureza e os poderes latentes diversas religiões, à •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Al- no homem. filosofia ou à ciência. to. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapi- Membros de diversas religiões se filiaram à 45 [email protected] Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando Praia Grande-SP que ela não é uma religião nem uma seita, somente o •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, respeito à liberdade de pensamento torna possível a 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. convivência harmônica que favorece a investigação Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, e o aprendizado. 19h30. E-mail: get.thoth@sociedade teosofica.org.br A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- Ribeirão Preto-SP ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi •Loja Paz Profunda: R. João Pentea- Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, do, 38, Jardim Sumaré, CEP 14020- que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou 180. Tel: (16) 3237-5109/98138-5148/ a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- 3916-4231. Reuniões: sáb. 16h. E- nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, mails: [email protected] e mas através de correspondências da alma com o [email protected] mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moder- São Caetano do Sul-SP na, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da •GET do Grande ABC: R. Mare- sabedoria não pela crença, mas pela investigação da chal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP: verdade que se manifesta na natureza e no homem. 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reu- nião 3ª, 20h. E-mail: getdograndea- [email protected] São José dos Campos-SP •GET Ishvara: R. Augusto Edson Ehlke, 150, Vila Ema. CEP: 12243- 110. Tel: (12) 3901-7424/3208- 6693/98877-8112/99163-1685/99137- 9085. Reuniões 3ª, 19h30. Endere- ço p/ correspondência: R. Ricardo Monteiro, 147, Jardim Renata, CEP 12245-110. Email: getishvara@gmail. com. FB: facebook.com/Loja Teosofica Vida Una •Loja Vida Una: R. Madre Paula de São José, 163, Vila Ema, CEP 12.243- 010. Fone: (12) 3941-7173/99712- 2349. Reuniões 2ª, 19h15. E-mail: [email protected] Três Pontas-MG •GET Una Verdad: Rod. 167, km 11, entre Santana da Vargem e Três Pon- tas, CEP 37.190-000. Fone e whatsa- pp: (35) 99936-1396. Reuniões públi- cas 3ª, 20h. E-mail: getunaverdad@ gmail.com Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/3385- 3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E-mail: [email protected] SOPHIA • SET/OUT 2018

ECdonithoeçraaasTpuebloicasçõóesfidca a As Escolas de Mistérios – Em Direção ao Fundamentos da O Alvorecer da Vida Espiritual O Discipulado da Discipulado Filosofia Esotérica Murillo Nunes de Azevedo Nova Era Jiddu Krishnamurti H. P. Blavatsky Como pode se dar o en- contro com o mundo espi- Clara Codd Neste livro Krishnamurti Este livro é uma compi- ritual? O que fazer para que responde a vários questio- lação dos escritos de Helena isso ocorra mais cedo? O Um dos livros mais mar- namentos sobre o caminho Petrovna Blavatsky, grande autor aborda essas questões cantes da literatura esotérica espiritual e os passos para o ocultista russa que viveu no e apresenta nove caminhos do século 20, esta obra apre- Discipulado. Ele considera século XIX. Extraído de suas capazes de levar à “sabedo- senta a chave para a escola essencial o autoconheci- principais obras (Ísis sem ria além das palavras”. Ele interna de sabedoria que mento como caminho para Véu e A Doutrina Secreta), a comenta também trechos inspira a humanidade no a libertação do sofrimento, obra apresenta as idéias cen- essenciais das místicas alvorecer da nova era global. que abrange especialmente o trais da filosofia esotérica e do Bramanismo, Hinduís- aprendizado sobre os corpos da sabedoria oculta. mo, Budismo, Judaísmo, Clara Codd revela infor- físico, emocional e mental. Cristianismo, Islamismo, mações sobre a Fraternidade Qual a natureza e o pro- Taoísmo e da Teosofia, por- dos Homens Perfeitos, que Esta edição histórica vem pósito do verdadeiro esote- que uma visão panorâmica protege e inspira o cresci- complementar a visão da rismo? Quais as ideias bá- das diferentes religiões e mento espiritual da humani- vasta obra de Krishnamurti sicas da tradição esotérica? tradições culturais é fator dade. Também descreve, em e para melhor compreen- Essas e outras perguntas importante para que cada linguagem que fala direto der o contexto teosófico do encontram resposta neste li- pessoa possa traçar seu ao coração, o modo como treinamento oculto sobre o vro, de grande interesse para próprio caminho com mais o cidadão da nova era pode Discipulado. Consideramos os que se sentem atraídos sabedoria, enxergando um sintonizar sua consciência oportuno recomendar tam- pelo estudo dos mistérios horizonte mais amplo. pessoal com a vibração da bém a leitura de Os Mestres e que envolvem a origem, o energia divina que mantém a Senda de C. W. Leadbeater, desenvolvimento e o destino a humanidade no foco da Ed. Teosófica. do homem e do cosmo. evolução para o bem. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • SET/OUT 2018

Compre pelo cartão [ LANÇAMENTO ] de crédito (todas as bandeiras), ou peça pelo Orientações correio ou pelo e-mail: editorateosofica@ para a vida editorateosofica.com.br Ligue grátis: Teosofia Explicada em do-se que a Teosofia não trata de temas 0800-610020 Perguntas e Respostas de interesse apenas dos filósofos ou P. Pavri eruditos, mas principalmente dos que O Hino de Jesus vivem neste complexo mundo moder- G. R. S. Mead Este livro apresenta aspectos do no e estão ávidos por respostas coeren- vasto ensinamento teosófico em forma tes sobre o viver e o morrer. O Hino de Jesus é um de perguntas e respostas. Para desen- rito gnóstico, uma celebra- volvê-lo foram pesquisados mais de Tendo em vista justamente este as- ção dos mistérios da luz. É, setenta livros de admiráveis ocultistas. pecto prático da Teosofia, o professor sem dúvida, um dos primei- P. Pavri compilou este material visan- ros ritos cristãos. Esta obra O propósito desta publicação é fa- do apresentar aos leitores a essência apresenta interessantes e cilitar o estudo de assuntos metafísi- dos ensinamentos teosóficos, de ma- elucidativos comentários cos de difícil compreensão, ressaltan- neira clara e acessível. ao “hino” cuja autoria é atri- buída a Jesus pelos antigos 47 gnósticos e por pesquisado- res e especialistas alemães e ingleses. O autor, G. R. S. Mead, foi um destaca- do investigador e tradutor da literatura hermética e do gnosticismo, além de estudioso das origens do Cristianismo. Ele viveu em Londres, onde trabalhou com H. P. Blavatsky e seguiu sua sugestão para se dedicar ao tema da gnosis, a fonte de inspiração do Cristianismo. Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 Brasília-DF – CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843 SOPHIA • SET/OUT 2018

peça pelo número!Para comprar os livros da Editora Teosófica, L0i8g0u0e-6g1rá0t0is2:0 1. A Chave para a 21. A Vida Espiritual - Annie M. e K. H.: 55,00 59. H. P. Blavatsky e a Teosofia - H. P. Blavatsky: Besant: 29,00 40. Cartas dos Mahatmas Sociedade para Pesquisas 42,00 22. A Vida Interna - C.W. para A. P. Sinnett, vol. II. – Psíquicas - Vernon Harrison: 2. A Ciência da Astrologia Leadbeater: 41,00 Escritas pelos Mahatmas 31,00 e as Escolas de 23. A Visão Espiritual da M. e K. H.: 55,00 60. Introdução à Teosofia - Mistérios - Ricardo Relação Homem & Mulher - 41. Cartas dos Mestres C.W. Leadbeater: 16,00 Lindemann: 55,00 Scott Miners (comp.): 35,00 de Sabedoria - C. 61. Investigando a 3. A Ciência da Meditação - 24. A Vivência da Jinarajadasa: 47,00 Reencarnação - John Rohit Mehta: 35,00 Espiritualidade – Uma 42. Chegando Aonde Você Algeo: 33,00 4. A Ciência do Yoga - I. K. Proposta Prática ao Está - A Vida de Meditação 62. Karma e Dharma - Taimni: 55,00 Alcance de Todos - Shirley - Steven Harrison: 39,00 Annie Besant: 27,00 5. A Conquista da Nicholson: 16,00 43. Clarividência - C.W. 63. Luz e Sombra – Felicidade - Kodo 25. A Voz do Silêncio - H.P. Leadbeater: 33,00 Elementos Básicos de Matsunami: 30,00 Blavatsky: 15,00 44. Conhece-te a Ti Mesmo Astrologia - Emma Costet 6. A Criança Encantada - C. 26. As Escolas de Mistérios - Valdir Peixoto: 25,00 de Mascheville: 23,00 Jinarajadasa: 18,00 – O Discipulado na Nova 45. Contos Mágicos da 64. Luz no Caminho - 7. A Doutrina do Coração - Era - Clara Codd: 40,00 Índia - Marie Louise Burke: Mabel Collins: 18,00 Annie Besant: 28,00 27. As Leis do Caminho 30,00 65. Meditação – Sua 8. A Essência da Vida Espi- Espiritual - Annie Besant: 46. Consciência e Cosmos Prática e Resultados - Clara ritual - Raul Branco: 40,00 28,00 - Menas Kafatos & Thalia M. Codd: 23,00 9. A Fraternidade de Anjos 28. Aos Pés do Mestre - J. Kafatou: 37,00 66. Meditação Taoísta e Homens - Geoffrey Hod- Krishnamurti: 18,00 47. Dentro da Luz - Cherie – Métodos para Cultivar son: 30,00 29. Advaita Bodha Deepika Sutherland: 37,00 a Saúde da Mente e do 10. A Luz da Ásia - Edwin – A Luz da Sabedoria não 48. Desejo e Plenitude - Corpo - Thomas Cleary Arnold: 33,00 Dualista - Adi Shankara Hugh Shearman: 25,00 (comp.): 30,00 11. A Potência do Nada - Swami: 38,00 49. Deuses no Exílio - J. J. 67. Meditação – Um Estudo Marcelo Malheiros: 28,00 30. Aos que choram os Van Der Leeuw: 23,00 Prático - Adelaide Gardner: 12. A Técnica da Vida Mortos - C. Jinarajadasa 50. Educação, Ciência e 30,00 Espiritual - Clara Codd: [livro de bolso]: 18,00 Espiritualidade - P. Krishna: 68. Meditações – Excertos 23,00 31. Apolônio de Tiana – 35,00 das Cartas dos Mestres de 13. A Sabedoria Antiga - Sábio, Profeta e Renovador 51. Em Busca da Sabedoria - Katherine A. Annie Besant: 39,00 dos Mistérios - G. R. S. Sabedoria - N. Sri Ram: Beechey (comp.) [livro de 14. A Sabedoria Oculta na Mead: 33,00 33,00 bolso] - 25,00 Bíblia Sagrada - Geoffrey 32. Aprendendo a Viver a 52. Escritos Esotéricos 69. Momentos de Hodson: 69,00 Teosofia - Radha Burnier: - Subba Row - em Sabedoria - H. P. Blavastky 15. A Senda Graduada 40,00 lançamento: 58,00 [livro de bolso]: 25,00 para a Libertação – 33. Aspectos Espirituais 53. Estudos Seletos em 70. Não há outro caminho Instruções Orais de um das Artes de Curar - Dora “A Doutrina Secreta” - a seguir - Radha Burnier: Lama Tibetano - Geshe van Gelder Kunz: 49,00 Salomon Lancri: 33,00 30,00 Rabten: 20,00 34. Através do Portal da 54. Eu Prometo – Conversa 71. O Alvorecer da Vida 16. A Senda para a Morte - Geoffrey Hodson: com Jovens Discípulos - Espiritual - Murillo Nunes de Perfeição - Geoffrey 30,00 C. Jinarajadasa [livro de Azevedo: 37,00 Hodson: 20,00 35. Autoconhecimento - bolso]: 18,00 72. O Aperfeiçoamento do 17. A Suprema Realização Marcos Resende: 30,00 55. Fotos de Fadas – As Homem - Annie Besant: Através do Yoga - Geoffrey 36. Autocultura à Luz do Fotografias de Cottingley 32,00 Hodson: 31,00 Ocultismo - I. K. Taimni: -Edward L. Gardner: 18,00 73. O Caminho do 18. Autobiografia de Annie 45,00 56. Fundamentos da Autoconhecimento - Radha Besant: 50,00 37. Autorrealização pelo Filosofia Esotérica - H. P. Burnier [livro de bolso]: 19. A Tradição-Sabedoria Amor - I. K. Taimni: 30,00 Blavatsky: 30,00 18,00 - Pedro Oliveira e Ricardo 38. Bhagavad-Gita - Trad. 57. Fundamentos de 74. O Chamado dos Lindemann: 25,00 Annie Besant: 25,00 Teosofia - C. Jinarajadasa: Upanixades - Rohit Mehta: 20. A Vida de Cristo do 39. Cartas dos Mahatmas 50,00 45,00 Nascimento à Ascenção - para A. P. Sinnett, vol. I. – 58. Helena Blavatsky - Syl- 75. O Despertar da Visão da Geoffrey Hodson: 59,00 Escritas pelos Mahatmas via Cranston: 82,00 Sabedoria - Tenzin Gyatso, 48 SOPHIA • SET/OUT 2018

14º Dalai Lama: 28,00 ocultismo - Annie Besant: Leadbeater: 20,00 114. Sussurros da Outra 76. O Despertar de uma 20,00 100. O Verdadeiro Trabalho Margem - Ravi Ravindra: Nova Consciência – Ideias 88. O Plano Astral - C. W. da Sociedade Teosófica - 25,00 Centrais de “A Doutrina Leadbeater: 31,00 Sri Ram: 16,00 115. Teosofia como os Secreta” - Joy Mills: 25,00 89. O Poder Criativo, Clara 101. Pensamentos para Mestres a Veem - Clara 77. O Fim da Divindade Codd: 27,00 Aspirantes ao Caminho Codd: 35,00 Mecânica – Conversas 90. O Poder da Sabedoria - Espiritual - N. Sri Ram: 116. Teosofia Explicada - P. Sobre Ciência e Carlos Cardoso Aveline: 35,00 27,00 Pavri: 67,00 Espiritualidade no Fim de 90. O Poder da Vontade 102. Pérolas de Sabedoria 117. Teosofia Prática - C. Uma Era - John David Ebert e seu Desenvolvimento - Sri Ramana Maharshi: Jinarajadasa: 21,00 (comp.): 40,00 -Swami Budhananda: 33,00 118. Teosofia Simplificada - 78. O Hino de Jesus – Um 20,00 103. Pistis-Sophia - Trad. Irving Cooper: 23,00 Rito Gnóstico - G. R. S. 91. O Poder Transformador Raul Branco: 52,00 119. Três Caminhos para a Mead: 16,00 do Cristianismo Primitivo - 104. Preparação para o Paz Interior - Carlos Cardoso 79. O Homem, sua Origem Raul Branco: 33,00 Yoga - I. K.Taimni: 30,00 Aveline: 27,00 e Evolução - N. Sri Ram: 92. O Segredo da 105. Princípios de 120. Tudo Começa com 20,00 Autorrealização - I. K. Trabalhos da S. T. - I.K. a Prece - Madre Teresa de 80. O Idílio do Lótus Taimni: 20,00 Taimni: 25,00 Calcutá: 23,00 Branco - Mabel Collins: 93. O Teatro da Mente – 106. Procura o Caminho - 121. Um Estudo Sobre 27,00 Uma Filosofia do Cosmo Rohit Mehta: 25,00 a Consciência – Uma 81. O Interesse Humano - e da Vida - Henryk 107. Raja Yoga - Wallace introdução à psicologia - N. Sri Ram: 30,00 Skolimowski: 25,00 Slater: em relançamento Annie Besant: 45,00 82. O Lado Oculto das 94. Os Ensinamentos 108. Regeneração Humana 122. Vegetarianismo e Coisas - C.W. Leadbeater: de Jesus e a Tradição - Radha Burnier: 21,00 Ocultismo - C. W. Leadbeater 65,00 Esotérica Cristã - Raul 109. Rumo ao Discipulado e Annie Besant: 21,00 83. O Milagre do Branco: 57,00 - J. Krishnamurti: 19,00 123. Você Colhe o que Nascimento - Geoffrey 95. Os Ideais da Teosofia - 110. Sabedoria Antiga e Planta - Antonio Geraldo Hodson: 23,00 Annie Besant: 35,00 Visão Moderna - Shirley Buck: 17,00 84. O Mundo Oculto - A. P. 96. Os Mestres e a Senda - Nicholson: 35,00 121. Vida e Morte de Sinnett: 40,00 C.W. Leadbeater: 65,00 111. Saúde e Espiritualida- Krishnamurti - Mary Lutyens: 85. O Natal dos Anjos 97. Os Mestres e suas de – Uma Visão Oculta da 39,00 - Dora van Gelder Kunz - Mensagens - Raul Branco: Saúde e da Doença - 122. Viveka-Chudamani – A 18,00 30,00 Geoffrey Hodson: 20,00 Joia Suprema da Sabedoria - 86. Ocultismo Prático - 98. Os Sete Temperamen- 112. Sete Grandes Religiões Shankara: 31,00 Helena Blavatsky: 25,00 tos Humanos - Geoffrey - Annie Besant: 39,00 123. Yoga – A Arte da 87. Ocultismo, Hodson: 20,00 113. Shiva-Sutras - I.K. Integração - Rohit Mehta: Semiocultismo e Pseudo- 99. Os Sonhos - C.W. Taimni: 37,00 52,00 Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 75 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Set/Out 2018 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ­____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 91,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 172,00 Por três anos (18 números) por R$ 238,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________ SOPHIA • SET/OUT 2018 49