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Revista Sophia n 7

Published by Editora Teosofica, 2022-10-17 14:35:02

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião.

Nesta edição:

• Ao leitor: Uma busca sem fronteiras;
• A religião da beleza – Radha Burnier;
• Os estudos dos chacras na medicina – Shafica Karagulla;
• A perserverança e o desapego – Urendra Narayan;
• Tempo e atemporalidade – Shirley Nicholson;
• Teresa de Ávila: uma santa para a Nova Era – Sylvia Simpson Genske;
• O pensador precisa entender a si mesmo – J. Krishnamurti;
• A comunicação sutil do mundo natural – John Davidson;
• Isaac Newton: em busca da verdade universal – Hugh Murdoch;
• O adepto e o discípulo – Radha Burnier;
• Paixão de Cristo: o que Mel Gibson não disse – Walter da Silva Barbosa;
• Dicas de livros.

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www.revistasophia.com.br ANO 2 • Nº 7 R$ 7,00



































suas interpretações individuais, o rit- interior. Por que encontraríamos aci- infinidade existe em um eterno ago- mo varia, imprevistos acontecem. dentalmente um velho amigo que ra, não no tempo linear, mas em um Não existe um padrão de eventos ri- passou pelos problemas que agora “ponto de encontro entre o mortal e gidamente predeterminados; porém, enfrentamos? Por que encontraría- o imortal, o tempo e a eternidade”, mesmo assim a sinfonia é um todo, mos casualmente um livro que traz segundo o poeta Yeats. em sua natureza essencial. a chave de uma questão que nos preocupa? Essas experiências mos- Embora não possamos compre- Às vezes podemos vislumbrar o tram que não vivemos em um uni- ender esse estado com nossas men- domínio atemporal na surpreenden- verso frio e mecânico, mas que a tes seqüenciais, há, no íntimo do te precisão de prognósticos de even- vida tem um significado. nosso ser, algo que está além do tem- tos futuros, ou em casos realmente po. Temos a habilidade de perceber autênticos de memória de vidas pas- A psicóloga jungiana Jean Shomo- o estado atemporal, pois nós mes- sadas. Esses fenômenos apontam da Bolen acredita que, “se compre- mos somos essencialmente atempo- para um mundo que se situa além endemos que a sincronicidade atua rais. Nunca estamos no tempo, por- da nossa estrutura temporal. em nossa vida, nos sentimos ligados, que estamos sempre na eternidade. ao invés de isolados; sentimos que Cultivando o silêncio e a meditação, O mistério da sincronicidade (se- somos parte de um universo divino podemos compreender a nossa ver- gundo Jung, a ocorrência simultânea e dinâmico”. dadeira natureza e aprender a har- de eventos significativos e inter-re- monizá-la com o mundo. lacionados) também aponta para uma Uma característica universal da ex- visão mais ampla do tempo e da cau- periência mística é a transcendência aerdtmviolfihnidvcOceoaeioiasizttslmaecedd,imcaooroliroosstdpmessrelgteacornmlaonsóammtegindonioaoqetteasuouaç.aercãdaocoaiiasor-,-e a salidade. É comum que dois eventos do tempo, o sentimento de liberta- aparentemente separados, um inter- ção da temporalidade. Em momen- no e outro externo, ocorram em um tos de unidade mística, a pessoa se mesmo e significativo momento, perde em profundezas atemporais para nos proporcionar crescimento que parecem ilimitadas. Para ela, essa SOPHIA • JUL-SET/2004 19



































Radha Burnier rante alguns anos, quando o discípu- rus, fazendo com que se sintam supe- lo é vigiado pelo mestre. Se aprovado, Krishnamurti afirmou que “os gu- adquire o privilégio de uma conexão riores e poderosos. Os gurus os explo- rus destróem os discípulos e os discí- interna ainda mais estreita. Mas quan- pulos destróem os gurus.” Alguns acha- tos compreendem isso, especialmente ram oferecendo recompensas espiritu- ram que fosse brincadeira, outros fica- numa época em que proliferam gu- ram perplexos. Contudo, de acordo com rus, buscam-se “mães” e todo tipo de ais, enquanto eles próprios recebem do- a tradição de muitos países, entre o ins- pessoa se intitula instrutor? trutor verdadeiramente espiritual e o ações materiais. discípulo sincero há uma ligação mui- Usamos a palavra “adepto”, e não to estreita – mais estreita do que a de “guru”, porque um guru é um instru- O real adepto é completamente di- um pai amoroso com o filho dedicado. tor em qualquer área – da música à eletrônica, da ginástica às escrituras. ferente. Ele vive num outro tipo de Esse relacionamento é testado du- Mas um adepto não é um instrutor em assuntos mundanos. A palavra “adep- mundo, onde as satisfações materiais to” refere-se a uma pessoa extrema- mente habilidosa – um especialista na ou psicológicas não arte e na ciência da vida. As duas es- tão ligadas intimamente, porque, quan- são relevantes. Seu pdrpóeouprtlorccOoioaanpmsmvãreaoiernçacdõpshiaseoosdasud..eaaOeipsraordbeairnsdic-reí-p- do aprende a arte de viver, o aspirante mundo, porém, descobre que um véu é retirado de não é geografica- seus olhos, e que pode entender os mente diferente segredos e maravilhas da vida. do nosso; não é preciso ir ao Para praticar a arte de viver, certas Himalaia ou qualidades essenciais associadas à arte ao Tibete para devem se tornar parte do dia-a-dia: be- encontrar um ins- leza, harmonia, senso de proporção, etc. Muitas pessoas procuram gurus porque trutor espiritual. É o mundo desejam algo – apoio, benefícios espi- rituais, bênçãos, alívio para as pressões da sua consciência que é diferente, da vida, solução para problemas de ne- gócios ou de saúde. Esses discípulos porque está completamente livre do eu. acreditam que, se pagarem o suficien- te, agradarem e obedeceram ao guru, É um mundo de unidade, pureza, sa- terão progresso espiritual. O servilismo dos discípulos ajuda a destruir os gu- bedoria e amor. Um adepto escreveu: “a porta está sempre aberta ao homem certo que bate.” Essa porta não leva a mais satis- fações mundanas. Não há riquezas do outro lado, nem cargos ou posições a ocupar. Por essa porta não podemos fugir das dificuldades e tensões, por- que elas são criadas por nós mesmos; nós geramos as forças que produzem as condições difíceis. Bater na porta, portanto, não é tão fácil, porque requer ardor verdadeiro. Damos pouca atenção ao ditado “não se pode servir a Deus e ao diabo ao A luz da consciência mesmo tempo”. Não podemos nos agarrar a este mundo e esperar entrar As ações liberam energias que cri- se dedicar a mim, eu o protegerei” está no mundo dos adeptos, nem estar ora am condições favoráveis ou obstru- apenas enganando os discípulos. ções. O universo é governado por leis neste, ora naquele mundo. Bater é imparciais. Ao contrário das leis dos Um mestre afirmou: “Seja puro e homens, elas não podem ser quebra- decidido na senda da retidão. Seja ho- desejar aprender, ter entusiasmo, ansi- das impunemente. Existe um perfeito nesto e altruísta; esqueça de si e pen- equilíbrio nas forças do universo. Como se no lado bom das pessoas.” Quem ar por sabedoria. O discípulo deve re- tudo obedece às leis universais, não segue esses conselhos atrai a atenção há opção para o aprendiz espiritual a de um adepto. Dizem que, quando fletir, por exemplo, sobre os sofrimen- não ser trabalhar para criar condições um iluminado olha para o nosso mun- benéficas em si mesmo. Ninguém mais do, que é escuro e triste, vê aqui e ali tos que surgem quando não conse- pode fazer isso por ele. a luz da consciência dos puros e ge- nerosos, que esquecem seus próprios guimos ser pacíficos; após ponderar Ao contrário dos falsos gurus, os interesses pelos dos outros. Os adep- verdadeiros adeptos dizem: “Preencha tos repetidamente indicaram que so- sobre esta e outras questões profun- as condições”. Esses instrutores podem mente a afinidade interna pode levar parecer duros, mas na realidade são um aspirante até eles. A retidão e a das, deve ter entendido, pelo menos verdadeiros benfeitores. O guru que dis- generosidade são condições necessá- ser “faça como quiser; enquanto você rias para chegar à porta e bater. até certo ponto, que valores são reais e quais são falsos. Não é o instrutor, portanto, quem abre a porta. Nenhum verdadeiro adepto pode ser persuadido a abrir o caminho para uma dimensão espiri- tual mais elevada. A porta é aberta pelo discípulo, por suas próprias ações, pelo que pensa e sente a res- peito de todos os seres vivos. SOPHIA • JUL-SET/2004 37


























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