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Revista Sophia nº 79

Published by Editora Teosofica, 2021-04-09 19:44:55

Description: A Revista Sophia é uma publicação da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião.

Nesta edição:
• A mente insatisfeita – Kyabje Lama Zopa Rinpoche;
• Viver para amar – Alan Perry;
• Reflexão: O que é Deus?
• Mudanças para o novo mundo – P. K. Jayaswal;
• Bodhicitta: a mente altruísta – Valéria Marques de Oliveira;
• Por trás das máscaras – Wayne Garfield;
• As lições da solidão – Karen Mazen Miller;
• Uma nova autora – S. Sundaram;
• Pelo fim da violência – Radha Burnier;
• Yoga para a era moderna – K. Dinakaran.

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www.revistasophia.com.br ANO 17 • Nº 79 R$ 16,00 Mudanças para um novo mundo ‘ O fim dos velhos ‘ padrões abrirá espaço para relacionamentos baseados em uma nova ordem. Seres assim, com uma mente nova, serão verdadeiros focos de luz, iluminando todo o planeta Por trás das Bodhicitta: a As lições máscaras mente altruísta da solidão

Editora Teosófica SHUTTERSTOCK novos horizontes para viver melhor 616P-1l9ai-g83rau63e12c32op47ma98rp04ar63:ar, www.editorateosofica.com.br

SHUTTERSTOCK Cartas Sophia 79 Abrindo caminhos A mente insatisfeita Kyabje Lama Zopa Rinpoche Todas as coisas estão diante de nós; foi atra- vés da SOPHIA que comecei a enxergar, a ouvir 5 e a sentir tudo aquilo que estava diante de mim e eu não conseguia ver. O conhecimento abre Viver para amar os caminhos, e a revista foi o meu primeiro Alan Perry movimento para descobertas mais profundas. 8 Célia de Matos – Paraibuna (SP) Reflexão Pontos valiosos O que é Deus Sou médico aposentado, atualmente autor 12 de dois livros. Utilizo os pensamentos extraídos da revista SOPHIA para me inspirar em minhas Mudanças para escritas. Além disso, os artigos são muito escla- um novo mundo recedores, precisos e coerentes. Essa revista P. K. Jayaswal preenche muitos pontos valiosos da vida para mim: alegria, cultura e amor! 16 Ary Guilherme Ferreira – Rio de Janeiro (RJ) Bodhicitta: a mente altruísta Mistérios da vida Valéria Marques de Oliveira Sou simpatizante da Teosofia, estudo por conta própria, e sou espírita. Acredito que a z 18 Teosofia vai muito além. Ela alcança um pata- mar acima de muitos conhecimentos dos mis- Por trás das máscaras térios da vida. SOPHIA é excelente, os assuntos Wayne Gatfield são esclarecedores. A revista é profunda, além de ser muito linda. Suas matérias me ensinam 24 muito. Eu amo e indico para todos. As lições da solidão Vânia Ribeiro – Mogi das Cruzes (SP) Karen Mazen Miller Despertar progressivo 28 A leitura da revista SOPHIA enriquece a Uma nova aurora mente do buscador que procura penetrar nos S. Sundaram meandros místicos do conhecimento teosófico. Seus ensinamentos nos esclarecem profunda- 34 mente. SOPHIA nos permite a compreensão de enigmas aparentemente impenetráveis. Acon- Pelo fim da violência selho sua leitura, que nos capacita a abrir nos- Radha Burnier sa consciência, ao tempo em que nos ajuda no despertar, de forma progressiva e esclarecedora. 36 Além de apresentar uma belíssima paginação. Yoga para a Sebastião Figueiredo – Natal (RN) era moderna K. Dinakaran Aprimorando a vida 38 A apresentação e a qualidade da revista SOPHIA são impecáveis! O conteúdo, para mim, é para quem busca um aprimoramento da vida. É assim que eu resumo o que sinto e percebo nos artigos e no seu conteúdo filosófico. Marly Cordeiro – Rio de Janeiro (RJ) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica: (61) 3322-7843, [email protected] ou [email protected]

[ AO LEITOR ] O enigma da existência A vida encerra um grande mis- ou tentar decifrar o grande mistério? esta vida de contrastes fugindo da FREE PHOTOS/PIXABAY tério. O vasto e eterno movimento Ainda que não sejamos capazes dor e buscando o prazer, será pos- que existe desde os átomos e as par- sível aprender, não no sentido téc- tículas subatômicas, em permanente de decifrar o mistério por completo, nico ou informativo, mas existen- vibração, até os corpos celestes des- o simples questionamento, a busca, cial, extraindo, de cada situação ou locando-se em velocidades extraor- o indagar sobre o grande enigma da experiência, aquilo que a vida quer dinárias; a impressionante variedade existência, por si só, começa a abrir nos ensinar? e complexidade que envolve o nasci- a nossa mente para horizontes mais mento e a morte de células e de cor- amplos, rompendo com a medio- A literatura esotérica traz infor- pos de vegetais, de animais e de se- cridade de uma vida voltada apenas mações incríveis sobre a origem do res humanos, tudo isso é fantástico. para interesses pessoais. Universo e do ser humano e sobre o Até o surgimento e o fim de estrelas propósito da existência. Ao conhe- e galáxias, o equilíbrio ecológico e Toda a manifestação de vida, cê-la, abrem-se na mente amplas as leis universais, todas essas nossas nos diversos reinos da natureza, perspectivas. Entretanto, o despertar manifestações contêm um grande tem um propósito relacionado a um da sabedoria não é questão de infor- mistério e uma profunda sabedoria progressivo e ilimitado despertar da mação, mas de esforço de compre- subjacente. consciência. No nosso caso, como ensão. Apenas aceitar informações humanos, que temos informação vindas de fora, adotando-as como Nós, seres humanos, hábeis com sobre quase tudo, mas pouco sabe- crenças, não promove o despertar palavras e profundamente tecnológi- mos sobre o que é essencial, o desa- que nasce da descoberta. Somos to- cos, na maioria das vezes preferimos fio consiste em indagar, questionar dos timoneiros no mar da existência jogar o jogo da vida sem saber por e mergulhar no universo da consci- e precisamos, cada um, ir decifran- que jogamos. Fugir desse jogo pela ência. Fazê-la despertar nesse jogo do o grande mistério, na medida de depressão, por medo ou incapaci- de situações, acontecimentos, pres- nosso interesse e capacidade, por nós dade de lidar com o próprio vazio sões, interesses e sofrimentos a que mesmos. Podemos fazê-lo juntos? existencial, significa infringir a lei. chamamos vida, é o que se espera Isso porque a natureza teve muito de nós. Tudo opera em favor desse Num movimento em que o apren- trabalho, a partir de uma célula mi- despertar, mas nem sempre estamos der e o ensinar não são separados, croscópica chamada zigoto, formada abertos ao aprendizado. Na maioria já que o questionamento pode ser por um óvulo de nossa mãe unido a das vezes, ao jogar o jogo sem tentar compartilhado, provocando mais um espermatozoide de nosso pai, pa- compreendê-lo, ficamos aprisiona- questionamento, não há mestres ra produzir esse corpo tão sofisticado dos na corrente que une a busca do nem discípulos, mas apenas seres que nos traz para o jogo da vida. Não prazer e a dor. Consequentemente, que caminham na mesma direção, a podemos, portanto, fugir dele sem somos acometidos pelo sofrimento de decifrar, progressiva e paulatina- ir contra a própria natureza. O que em decorrência de nossa própria in- mente, o grande mistério que está fazer? Jogar o jogo sem saber a razão consciência e ignorância existencial. por trás de todas as coisas. Nessa jor- nada, o encontro com o sagrado, com Ao invés de apenas tentar viver a força criadora que subjaz a toda existência, é inevitável. Essa força, EDITORA TEOSÓFICA Diretor Comercial: Edição: quando descoberta, ainda que não Eduardo Weaver Usha Velasco possa ser possuída ou retida, produz Setor de Indústrias Gráficas Revisão: estupenda felicidade e transforma- SIG Q. 6, Lt. 1.235 REVISTA SOPHIA • MAI/JUN 2019 Zeneida Cereja da Silva ção na consciência. Brasília-DF - CEP 70.610-460 Tradução: Fone: (61) 3322-7843 Editor-chefe: Edvaldo Batista de Souza SOPHIA é uma revista dedicada E-mail: editorateosofica@ Marcos Luís Borges de Resende Design gráfico: a esse propósito. Você vem conosco? editorateosofica.com.br Coordenadora editorial: Usha Velasco Site: www.editorateosofica.com.br Zeneida Cereja da Silva Um grande abraço, Conselho Editorial: Impressão: Diretor-Presidente: Igor Câmara Gráfika Papel e Cores Marcos Luís Borges de Resende Igor Câmara Marcos Luis Borges de Resende Distribuição nacional: Diretor da Editora Teosófica Diretor-Financeiro: Marília Cossermelli Total Express Publicações Marcos Resende Pedro Oliveira Diretor de Produção: Sergio Moraes * As imagens utilizadas são de Ricardo Lindemann Valéria Marques de Oliveira responsabilidade do editor-chefe Zeneida Cereja da Silva 4 SOPHIA • MAI/JUN 2019

[ BEM-ESTAR ] ‘inAsamtiesnfeteita Se não nos controlarmos, estaremos sempre sob o controle da mente insatisfeita, preocupados apenas com nós mesmos, impacientes e facilmente ‘perturbados. Então vivenciamos muitos problemas, confusões e desarmonia FREE PHOTOS/PIXABAY Kyabje Lama Zopa Rinpoche* “Não criar invirtude alguma, des- frutar de perfeita virtude e subjugar a própria mente é o ensinamento do Buda.” Esta lista revela as Quatro Nobres Verdades, o primeiro ensina- mento que Buda ofereceu em Sarnath a seus seguidores. Se, via de regra, nós não nos controlarmos, estaremos sempre sob o controle da mente in- satisfeita, com ira, atitudes egoístas e pensamentos perturbadores; esta- remos preocupados apenas com nós mesmos, impacientes e facilmente perturbados. Então vivenciaremos muitos problemas, confusões e de- sarmonia no dia a dia. SOPHIA • MAI/JUN 2019 5

Se pensarmos a respeito da vida Podemos ver, a partir de coisas de nossos familiares, por exemplo, simples como essas, como a cada dia conseguimos ver com clareza o que nossa felicidade, nossa paz mental ou Buda disse. Mesmo que observemos nossa infelicidade dependem do es- apenas nossa própria mente, pode- tado da mente em determinada hora, mos concluir que enquanto temos em determinado dia. Quando permi- raiva não há paz. Se lembrarmos de timos que a mente fique sob o con- experiências passadas em que senti- trole de pensamentos perturbadores, mos raiva, em que assumimos atitu- não pode haver paz nem felicidade. des egoístas, com uma mentalidade Quando não permitimos isso, há paz orgulhosa, sentindo ciúmes – havia e relaxamento. Se a mente está em paz? Todos esses sentimentos deixam paz existe até mesmo conforto físico, a mente infeliz e podem causar até independente de estarmos num lugar mesmo dores físicas. pobre ou num lugar luxuoso. Compaixão, paz e liberdade Quando a mente é virtuosa e pa- envelhecemos, ainda não estamos fe- ciente, temos tranquilidade. Quando ela está sob o controle da ira, não há lizes. Isso continua indefinidamente. paz nem felicidade, mesmo que viva- mos num apartamento que custe mi- Enquanto não pararmos a doença da lhões de reais, que nos alimentemos em restaurantes de luxo e usemos mente insatisfeita, o sofrimento con- roupas caríssimas. Se não subjugar- mos nossa mente e dela cuidarmos, tinuará presente. nossa vida será sempre vivida em so- frimento, mesmo que sejamos ricos. Precisamos refrear a mente quan- Nosso sofrimento mental será maior do que se fôssemos mendigos. do os problemas aparecem. Precisa- Quando a mente é virtuosa e vi- mos pensar, simplesmente: “Esta é bra na frequência da gentileza e da compaixão amorosa, há grande con- a mente insatisfeita; ela não tem fim. tentamento e uma incrível realização de paz. O sofrimento mental vem de Enquanto eu prosseguir assim, isso uma sensação de descontentamen- to. Temos um apartamento, mas jamais terminará. Não tenho certeza pensamos em adquirir um maior ou melhor. Temos uma TV, mas depois de que viverei muito tempo – talvez de algum tempo queremos uma me- lhor. O mesmo acontece com os au- mais trinta ou quarenta anos. Minha tomóveis. Se seguirmos essa atitude egoísta, será sempre assim: um cami- existência não é permanente. A cer- nho sem fim, o tempo todo buscando mais. Quando não obtemos as coisas teza de que viverei por muito tempo que desejamos, vem o sofrimento. até que chegue o momento da minha A mente insatisfeita traz proble- mas demais, como brigas com fami- morte não é confiável. Então, para liares e amigos, desarmonia, medo, preocupação. Sentimos necessidade mim basta. Tenho problemas demais de tantas coisas que, mesmo quando apenas porque estou seguindo a men- te insatisfeita.” Se conseguirmos realmente re- frear a mente e pensar dessa forma, a dor causada pela mente insatisfeita será imediatamente pacificada. Virá uma grande paz e uma sensação de liberdade. Quando nossa mente está satisfeita, vivemos a prática do dhar- ma. O benefício de praticar o dharma é a paz imediata. S * Kyabje Lama Zopa Rinpoche, discípulo de Lama SASIN TIPCHAI/PIXABAY Yeshe, é instrutor no Budismo Tibetano e cofun- dador da Fundação para a Preservação do Budis- mo Mahayana. 6 SOPHIA • MAI/JUN 2019

“Temos um aparta- mento, mas pensamos em adquirir um maior. Temos uma TV, mas queremos uma melhor. O mesmo acontece com os automóveis. Se seguirmos essa atitude egoísta, será sempre assim: um ca- minho sem fim.” SOPHIA • MAI/JUN 2019 7

[ TRANSFORMAÇÃO ] SKITTERPHOTO/PIXABAY Viver para SOPHIA • MAI/JUN 2019 ‘ amar O que estamos aprendendo, e por quê? Estamos aprendendo a amar. Viver leva inevitavelmente a essa bela verdade: somente no amor, e pelo amor, o pleno ‘potencial da condição humana pode ser realizado Alan Perry* Qualquer pessoa que dê uma olha- da objetiva neste mundo pode ser per- doada por ficar assombrada com o que vê: crime, destruição e desonestidade em todo o planeta; gente demais con- denada a viver na pobreza e no medo, medo inclusive das forças da própria mãe natureza. Portanto, não é de surpreender que muitas pessoas rejeitem a existência de Deus, declarem-se ateias ou agnósticas e digam: “Como pode haver um Deus que permite que essas coisas acon- teçam?” No entanto, ainda que esse questionamento seja compreensível, ele está baseado na incompreensão. Faz parte da natureza humana culpar os outros por seus males. Cons- tantemente ouvimos falar de pessoas que sofrem desventuras, acidentes, problemas não merecidos, etc; contu- do, todas essas maneiras de falar são simplesmente tentativas de explicar as experiências negativas da vida de modo a isentar o indivíduo de qualquer res- ponsabilidade. Se comemos demais, temos indiges- tão; no entanto, a primeira coisa que dizemos é “Ai, meu Deus!” O que Deus tem a ver com isso? Ele é simplesmente a testemunha silenciosa. 8

SOPHIA • MAI/JUN 2019 “Somos os arquite- tos do nosso pró- prio prazer e da nossa própria dor, coletiva e individu- almente. Aquilo que experimentamos ho- je é o que criamos ontem; aquilo que estamos criando agora, vamos expe- rimentar no futuro.” 9

Somos os arquitetos do nosso pró- que o equilíbrio, uma vez perturbado, acontecimentos, que é impossível prio prazer e da nossa própria dor, co- precisa ser restabelecido. reconhecer a conexão entre eles. Às letiva e individualmente. Aquilo que vezes o elo causal pode ser instan- experimentamos hoje é o que criamos Porém, dizer “causa e efeito” in- tâneo (o famoso “castigo que vem a ontem; aquilo que estamos criando duz a erro, como se ambos fossem cavalo”), caso em que o senso comum agora, vamos experimentar no futuro. separados; ambos são aspectos de geralmente o identifica. A dificulda- O nosso sofrimento, como expressou um, que é simplesmente ação. Es- de existe onde o elo é obscuro (por sucintamente Helena Blavatsky em A sa ação é a manifestação da divina exemplo, onde se estende por mais Chave para a Teosofia, é resultado de energia criativa que direcionamos a de um nascimento, pois o conceito de um mal anterior, por mais difícil que cada momento segundo nossos mo- reencarnação está inextricavelmente seja aceitar isso. dos particulares. Somos nada menos unido à lei do karma). que cocriadores com o divino, parte Existe uma lei universal de causa da expressão criativa de Deus. O karma, indiscutivelmente a e efeito (karma) operando em cada quintessência da Teosofia, sempre aspecto da criação, inclusive no nível É especialmente difícil ver a Lei foi uma parte fundamental do en- moral. De acordo com essa lei, cada de Ação em operação nos níveis su- sinamento religioso oriental. Isso ação tem uma reação equivalente, já tis, já que a causa pode estar tão se- é inequívoco nos Upanishades e na parada do efeito, pelo tempo e pelos 10 SOPHIA • MAI/JUN 2019

“A vida é uma escola homem pensa, assim ele é”. E disse dar a transformar os outros, e assim o na qual tudo e todos também, em Coríntios: “Cada ho- podem nos ensinar mem receberá sua própria recom- processo se expande até que o mundo alguma coisa. Há pensa de acordo com seu trabalho”, um século, Mabel e “Aquilo que semeardes, colhereis.” inteiro seja transformado. Collins escreveu: Essas afirmações estão implícitas na ‘Nenhum homem é lei do karma e enfatizam a necessida- Como podemos dar início a isso, seu inimigo, nenhum de de responsabilidade pessoal. homem é seu amigo. em termos práticos? Essa é a verda- Todos são igualmen- Há um conhecido episódio de te seus instrutores’.” cura relatado no Novo Testamento – deira preocupação da espiritualidade: o caso do homem que nasceu cego. Bhagavad-Gita. No Budismo, o pri- Nessa passagem, Jesus faz uma inte- não um passe de mágica que leva ao meiro verso do Dhammapada declara: ressante pergunta a um de seus dis- “Nossas vidas são moldadas por nos- cípulos: “Quem pecou, este homem Nirvana instantaneamente, mas uma sas mentes. Nós nos tornamos aqui- com seus antepassados, para que ele lo em que pensamos.” Seria difícil nascesse cego?” As implicações des- evolução gradual, total e permanente. encontrar uma maneira mais clara e sa pergunta são óbvias: a cegueira do precisa de declarar que criamos nossa homem tinha sido causada por peca- Viva para aprender a amar. Talvez própria realidade. do, dele próprio, numa encarnação prévia, ou de seus ancestrais. Não a fórmula mnemônica possa nos aju- No Ocidente, esse ensinamento é possível explicar esse episódio de é mais contencioso. O dogma cris- qualquer outra maneira. dar a entender os aspectos essenciais tão ortodoxo não aceita essa noção, embora o karma fosse parte do ensi- O que devemos entender, em ter- da vida espiritual: viva para aprender namento de Jesus Cristo, que disse: mos do dia a dia, é que a chave para “Com a mesma medida que medirdes, o nosso futuro está inteiramente em a amar. Existimos neste mundo para sereis medidos.” São Paulo declarou, nós mesmos. No momento atual, ago- numa das suas Cartas: “Tal como o ra, estamos experimentando os frutos um propósito, para cumprir nosso do nosso passado, e ao mesmo tem- po, agora, estamos também criando karma (sem o qual não estaríamos nosso futuro. Embora não possamos mudar o passado e devamos aceitar aqui); portanto, devemos viver a vida o que estamos experimentando, te- mos uma oportunidade dinâmica de plenamente, e não fugir dela. mudar nosso futuro – agora. Mas não podemos fazê-lo a não ser que apren- Todo o propósito de viver é ensi- damos a aceitar a responsabilidade pessoal por tudo que experienciamos, nar; não estamos aqui para buscar o seja bom, ruim ou indiferente. prazer e evitar a dor como um animal Não existe essa coisa chamada acaso. O que chamamos de sorte é (embora esta seja uma lição impor- simplesmente a fruição do karma passado, seja boa ou ruim. Não existe tante). À medida que amadurecemos vítima acidental ou causas naturais. Cada ação ou situação pessoal que espiritualmente, reconhecemos que a experimentamos em nossas vidas é criada por nós, individual ou coleti- vida é uma escola na qual tudo e todos vamente. Se apenas aceitarmos esta verdade, plenamente, como algo que podem nos ensinar alguma coisa. A é parte de nossas vidas e não apenas como fantasia intelectual, então – e própria vida é o instrutor, as experi- só então – poderemos começar a nos autotransformar. Quando transfor- ências que criamos por meio do nosso mamos a nós mesmos, podemos aju- karma. Há um século, Mabel Collins escreveu: “Nenhum homem é seu ini- STOCK SNAP/PIXABAY migo, nenhum homem é seu amigo. Todos são igualmente seus instruto- res.” Seria bom lembrar disso. Mas o que estamos aprendendo, e por que estamos aprendendo? Muito simplesmente, estamos aprendendo a amar. Através das duras lições do karma, compreendemos que viver leva inevitavelmente a essa bela ver- dade: que somente no amor, e pelo amor, o pleno potencial da condição humana pode ser realizado. Pois o que é o amor senão a manifestação da unidade, aquilo que chamamos de Deus? Quando tivermos alcança- do a plena expressão desse estado de amor em nossa vida, teremos então completado nossa jornada e realizado o propósito da nossa alma. S * Alan Perry é membro da Sociedade Teosófica na Inglaterra e coordenador do Centro Dhyana de Meditação. SOPHIA • MAI/JUN 2019 11

[ REFLEXÃO ] ‘ O que é Deus O Supremo (e cada um de nós, mas não como objetos fenomênicos) é a presença do que nós somos, que por sua vez é a ausência ‘do que nós pensamos que somos 12 SOPHIA • MAI/JUN 2019

AAKER/UNSPLASH Ramesh Balsekar tinha sessenta anos quando leu no jornal um artigo sobre SOPHIA • MAI/JUN 2019 Nisargadatta, um jnani (sábio) de Mum- bai, cidade onde residia. Ramesh era economista formado na London School e havia acabado de se aposentar do cargo de Presidente do Banco da Índia. Na manhã seguinte resolveu visitar o sábio. Pouco tempo depois assumia a função de intér- prete das diárias satsang de Nisargadatta, dadas na linguagem marathi. Não tardou para que a total compre- ensão acontecesse. Pouco antes de sua morte, Nisargadatta entregou a Ramesh a incumbência de falar em seu lugar. Ramesh recebeu visitantes de todo o mundo em seu apartamento em Mum- bai, até pouco antes de morrer, em 2009. Deixou um legado de 25 livros, alguns já conhecidos como clássicos da Advaita Ve- danta. Os diálogos a seguir foram extraí- dos de seu livro Experiencing The Teaching. Entre os espiritualmente sofisticados parece comum dizer que Deus é um con- ceito. Estou surpreso de ver quanta gente discute esse assunto. Então, pergunto: o que é Deus? Que pergunta! Como poderia ser pos- sível uma coisa como Deus? Deus não é um objeto. Então, o que é Deus? Deus é subjetividade, o único sujeito de todos os objetos, o sujeito do sujeito- -objeto que pensamos ser. O senhor pode explicar melhor? O que você é, fenomenalmente? Na- da, exceto uma aparência na consciência. Você pensa que é o sujeito de todos os demais objetos. Mas, de fato, você e eu e todos os objetos sencientes subjetivamen- te, numenalmente, apenas podemos ser tudo que o Númeno – ou o Supremo – é. E o que seria isso? O Supremo (e cada um de nós, mas não como objetos fenomênicos) é a pre- sença do que nós somos, que por sua vez é a ausência do que nós pensamos que somos. Novamente, o que seria isso? Nossa total ausência objetiva feno- menal, que pode ser a subjetiva numenal presença de Deus. 13

O senhor não estaria querendo di- identificação pessoal, que é Deus, RACTAPOPULOUS/PIXABAY são essencialmente o mesmo. Vamos zer que os fenômenos objetivos desa- deixar claramente entendido que hu- “A oração geral- mildade não significa “sem orgulho”, mente é entendida parecem, não? porque então a humildade seria ape- como uma solici- nas o oposto do orgulho. Humildade, tação. Mas oração Claro que não. Nossa total ausên- metafisicamente, implica a ausência significa, na verda- cia objetiva é o desaparecimento não de qualquer ente sujeito à humildade de, comunhão. Da do fenômeno objetivo, mas da iden- ou ao orgulho. mesma forma, me- tificação com um fenômeno objetivo ditação é quando que nós pensamos que somos. Em Tudo isso é extremamente escla- não existe medita- outras palavras, não somos essa coisa dor e nada sobre que pensamos ser; somos Aquilo que recedor, mas eu sinto que o senhor o que meditar” não pode ser nenhuma coisa. demoliu algo consagrado pelo tempo... SOPHIA • MAI/JUN 2019 Por que o senhor diz que Deus não Consagrado pelo tempo... O quê? é um objeto? Slogans, clichês? Se Deus fosse um objeto, ele seria Talvez. Mas eles deram e dão algum um dos milhares de deuses objetivos, e não o Supremo, como você presu- sentido de segurança. midamente indica. Você sabe o que Nisargadatta Não estou pensando nos ídolos, Maharaj disse sobre esses símbolos de segurança? Acho que ele nunca pediu que são deuses objetivos. para alguém abandoná-los, mesmo que esse sentido de segurança fosse No momento em que Deus é con- falso. Ele apenas sugeria que a pessoa ceitualizado ele se converte em um podia prosseguir como antes, até que deus, porque qualquer conceito de eles desaparecessem por si mesmos. Deus automaticamente torna-se um O que ele queria transmitir era: va- ídolo. Uma imagem de uma deidade mos ao menos compreender. Quan- ou um santo (em um templo, uma do a culpa, que pode surgir pelo de- igreja ou qualquer outro lugar de saparecimento, perder a força, esses adoração) é um ídolo, se considera- símbolos de falsa segurança perdem do como um símbolo ou outra coisa importância. qualquer. E todas as orações e ofere- cimentos a um objeto, um símbolo Mas poderia também haver outras ou outro aspecto material ou con- ceitual são orações e oferecimentos considerações em relação ao prosse- para um ídolo. guimento dessas práticas. Isso não é uma blasfêmia? Certamente. O próprio Maharaj Eu apenas disse o que é obvio. sinceramente realizava puja (obla- Blasfêmia e ofensa podem ser admis- ções) três vezes ao dia porque seu síveis apenas na mente em que essa guru pediu. Ele dizia que isso não noção surgiu. O que é blasfêmia? fazia mal algum e podia trazer mui- É toda e qualquer ação feita de um tos benefícios àqueles que não con- modo diferente do que seria feito na seguissem seguir o caminho da au- presença de Deus. Isto está claramen- toinquirição. te estabelecido na Bhagavad-Gita. E, vamos deixar claro, na presença de Parece que nessa discussão sobre Deus, não de um objeto, de um ídolo. Independente da presença ou ausên- Deus ignoramos conceitos consagra- cia de um objeto, o que a “presença de Deus” quer dizer é a ausência da dos pelo tempo, como “amor”. Não é presença do ser. Isso significa a ima- nente divindade. dito que Deus é amor? O que quer dizer essa ausência da Você disse que amor é um con- ceito e que Deus é amor. Por conse- presença do ser? quência, Deus é um conceito. E amor é apenas o oposto de ódio. Uma pala- Um ser que ora humildemente vra imprecisa pode causar confusão e para Deus, e um ser, sem qualquer mal-entendidos. Que palavra o senhor prefere? A palavra amor, se usada não 14

como uma expressão de separação você ame os outros. Na unicidade não ditador e nada sobre o que meditar. baseada na emoção, mas para in- amamos os outros, nós somos os ou- dicar compaixão, karuna, é o que tros. Nossa relação fenomenal com Pode explicar melhor? O que o se- mantém o mundo junto, em unici- eles não é objetiva, direta, espontâ- dade. Preferência, como diferença, nea e imediata. nhor está tentando dizer? é puramente um fenômeno na duali- dade. Entretanto, eu usaria a palavra O que o senhor poderia me dizer Nada, de modo algum – exceto “unicidade”, embora o uso de qual- talvez que não pode haver nenhum quer palavra de certa forma pareça sobre a oração? significado em rezar para um con- aviltante, porque nenhuma palavra ceito de uma deidade paternal e pode descrever o indescritível. E, é Claro, a oração. Você rezaria por misericordiosa como “Deus”, ou em claro, uma palavra em si mesma é mais chuva e melhor colheita? Ou abominar o conceito de um inimigo uma criação temporal. talvez o aumento da produção indus- impiedoso como o “demônio”, pela trial? Ou por um substancial aumen- simples razão que eles não são nada Então, “unicidade” é a palavra. to das exportações? além do que nós somos. Deus é unicidade. Isso transmite um Ah, não sejamos irreverentes... Então, o que o senhor diria para sentido de totalidade. Eu lhe asseguro que não sou. O eu fazer? que eu quis dizer é que a oração ge- Também não vamos esquecer que ralmente é entendida como uma soli- Eu diria para você não fazer nada. a palavra amor é uma expressão de citação. Mas oração significa, na ver- Não faça nada. Este é todo o ponto. separatividade, porque se espera que dade, comunhão. Da mesma forma, Como Nisargadatta Maharaj disse, a meditação é quando não existe me- compreensão é tudo. Apenas seja. Isso é experienciar o ensinamento. S SOPHIA • MAI/JUN 2019 15

[ EVOLUÇÃO ] ‘ Mudanças para um novo mundo P. K. Jayaswal* para explorar níveis desconhecidos GERD ALTMANN/PIXABAY “O fim dos velhos de sua própria consciência. padrões abrirá Desenvolver uma nova mente espaço para para um novo mundo é uma ques- Em meio à glória do progresso relacionamentos tão que envolve inúmeros fatores. científico, fracassamos em examinar baseados em uma É óbvio que a mente, até agora, foi criticamente o pernicioso papel que nova ordem. Seres incapaz de resolver os problemas do a mente desempenha nos recessos assim, com uma planeta, porque ela própria é respon- internos de nossa vida. Como resul- mente nova, serão sável pelo atual estado de coisas. No tado, a humanidade sofre de todo ti- verdadeiros focos entanto, a mente evita investigar a po de problema nas áreas de relacio- de luz, iluminando si mesma. Devemos sempre lembrar namento, anulando o bem-estar que todo o planeta.” que o exterior é a projeção do inte- poderia desfrutar como benefício do rior. Se levamos a sério o objetivo desenvolvimento material. duto de uma mudança dimensional. de transformar o exterior, temos que O movimento da consciência tem lidar primeiro com o interior. A Teosofia colocou diante de nós que ser vertical em relação à mente os contornos da consciência que atual, o que implica uma visão num Que tipo de transformação é ne- precisam ser revitalizados, superan- nível mais elevado, que transforma cessária no domínio interior? Para do o passado para abarcar o futuro. a compreensão analítica em percep- responder é necessário ter uma visão A questão fundamental é: o que é a ção holística. Este é um processo de crítica dos estados da evolução huma- consciência? Ela tem se expressado mutação, não de mera modificação. na. As doutrinas teosóficas dizem que através de vários veículos que velam Somente então o mundo poderá ficar a humanidade é parte da vida univer- sua verdadeira natureza. A consci- livre da desordem causada pela frag- sal que abarca outros reinos de vida. ência possui níveis tanto inferiores mentação, que por sua vez é nutrida O estágio humano é uma fase do de- quanto superiores à mente. Focando pela mente egocêntrica. sabrochar da consciência universal. nos níveis superiores, descobriu-se Já passamos por diversas etapas de que, embora a mente seja excelente Antes de tudo, a mente nova pre- despertar da consciência, e temos em lidar com o conhecido, o nível cisa designar um local apropriado que passar pelo período humano pa- superior seguinte (conhecido como para os pensamentos que são produ- ra chegar à amplitude pós-humana, e buddhi) tem a habilidade de ir além, tos do passado – dados que devem daí, possivelmente, para níveis supe- e também de perceber as distorções ficar disponíveis, mas sem obnubilar riores de consciência. ou ilusões que a mente cria ao assu- a visão das percepções emergentes. mir a posição de um “eu”, envolven- Onde estamos agora, e em que di- do-se em atividades particulares em reção temos que seguir? Na era mo- detrimento do genuíno progresso da derna as faculdades mentais estão se humanidade. A consciência possui a desenvolvendo enormemente, como habilidade de empregar a mente co- evidenciam as realizações da ciência mo um mecanismo de pensamento e da tecnologia. As fronteiras do cére- para funcionar em áreas apropriadas bro foram minuciosamente sondadas. ao seu uso. O desafio, portanto, está A tecnologia de computação mostrou em se graduar neste nível, que pode- que o computador consegue assumir mos chamar de “mente nova”. a maioria das funções da mente com mais eficácia que uma pessoa. Sendo Tornar a mente “nova” não signi- assim, o ser humano pode facilmente fica apenas torná-la diferente. É pos- delegar a maioria das funções men- sível ser diferente simplesmente mu- tais para os computadores e ficar livre dando o velho padrão, mas isso não é o que se quer. A nova mente é pro- 16 SOPHIA • MAI/JUN 2019

‘ Portanto, ela deve ser uma mente de amor, intocado pela dualidade. toda a humanidade, o mundo inteiro. meditativa, que cruzou os limites Quando a mente nova está ativa, de pensamentos, imagens, palavras, Ela é o próprio mundo. crenças, moralidade e valores sociais. não há intervalo entre percepção e A meditação é um movimento contí- ação, num estado de liberdade livre O fim dos velhos padrões abri- nuo, não confinado a um período de de toda desonestidade e de qualquer tempo reservado para meditar. conformidade a uma ideia ou padrão. rá espaço para o livre movimento A mente está livre também do medo, Os processos intelectuais não aflição, ansiedade e todas as armadi- do novo. A percepção da verdade dificultam isso; pelo contrário, eles lhas que, consciente ou inconsciente- proporcionam a plataforma de onde mente, a pessoa arma para si própria. não maculada por condicionamen- a consciência faz uma decolagem vertical, como um helicóptero, após E, o que é mais importante, a to emana energias libertadoras. Os exaurir todas as possibilidades do in- mente nova se move no mundo do telecto. A consciência usa a perspi- imensurável, estando, por isso, livre relacionamentos, antes baseados no cácia do intelecto para se aproximar de todas as amarras que o pensamen- do todo, que vê os fragmentos como to emprega para compreender o limi- isolamento e na fragmentação, vão suas partes. Os relacionamentos en- tado, engendrando assim vontades tre as partes florescem com a troca projetadas. A mente livre não perten- ceder a uma nova ordem de interesse ce a nenhum indivíduo. Ela abrange e compaixão. Seres assim, com uma mente nova, não serão indivíduos ancorados a um ego, mas verdadeiros focos de luz pulsante, iluminando to- do o planeta. S * P. K. Jayaswal é conferencista e ex-secretário-geral da Sociedade Teosófica na Índia. SOPHIA • MAI/JUN 2019 17

[ APRENDIZADO ] Bodhicitta: a mente altruísta Uma abordagem budista tibetana do potencial do despertar da mente humana 18 SOPHIA • MAI/JUN 2019

SASIN TIPCHAI/PIXABAY Valéria Marques de Oliveira* ção de somente viver para beneficiar todos os seres sencientes. Essa renún- Todo o sofrimento humano, na cia significa o compromisso interno visão budista, é gerado pela ignorân- de trabalhar em prol da libertação de cia, ou seja, o não reconhecimento todos os seres do sofrimento. pela mente de sua natureza genuí- na. Para o Budismo a mente é em No aforismo 118, é dito que “o essência como o espaço e, em sua autoconvencimento assemelha-se a natureza, ela possui a faculdade de uma elevada torre, na qual um louco estar atenta e alerta e de conhecer soberbo subiu. Ali ele se senta em or- os objetos com os quais ela se põe gulhosa solidão e despercebido de to- em contato. Além desses dois as- dos, menos de si próprio”. Essa é uma pectos, ela possui um terceiro, o seu bela imagem e define perfeitamente modo de funcionamento. Pode-se bem a atitude errônea da mente que dizer que a mente funciona através busca ser o centro de tudo, a total lou- de uma inteligência sem obstrução, cura que é para o ser humano viver ou seja, através do reconhecimento nesse estado de egocentrismo. das coisas como elas são, sem con- fusão. Esses três aspectos da mente Essa atitude equivocada de se co- humana, quando despertados de locar no centro de tudo leva a mente forma conjunta, representam a ple- a uma autolimitação; sua autoex- nitude, a capacidade de se expandir pressão se confina a um minúsculo a ponto de abraçar o Universo e de espaço, isolando-se e gerando para fundir-se nele. si mesma um grande sofrimento. Porém, a mente é exatamente o con- Dessa forma, a filosofia budista trário disso, ou seja, é desprovida de afirma que a mente, enquanto não centro, ilimitada, espaçosa, ampla, e contaminada pelas emoções, negati- vive nos níveis mais sutis, em com- vidades e condicionamentos, é pura, pleta união com tudo e todos; nesses essencialmente vasta, ilimitada, ge- níveis ela não conhece o que seja o nuinamente compassiva e altruísta. isolamento. Contudo, existem dois grandes obs- táculos que impedem o despertar da 2. Ilusão de um eu (a ilusão de que as mente pura. Eles são: 1. a autoapre- coisas são separadas, existentes por ciação; e 2. a ilusão de um eu. si só, materiais e independentes) 1. Autoapreciação (o falso sentido Nesse caso, como no primeiro de sermos o centro do Universo e de obstáculo, o oposto é que é verda- que tudo gira em nossa volta) deiro, ou seja, não existe um “eu”; o que existe é somente uma mente, que No livro A Voz do Silêncio, escrito é universal, sem substância e vazia, por H. P. Blavatsky (Ed. Teosófica), no sentido de ser plena, de existir são encontrados os ensinamentos em completa integração com tudo, necessários para o aspirante que bus- num estado de total interdependên- ca o despertar desta mente genuína, cia. Todas as práticas budistas visam que é altruísta, espontânea, flexível à renúncia ao conceito de um “eu” e compassiva. O livro aponta o cami- isolado, esse falso sentido de existir- nho a ser percorrido por aquele que mos como gotas separadas do oceano, aspira se tornar um Bodhisattva, ou com a perspectiva completamente seja, aquele que renunciou ao esta- equivocada de que o oceano vive em do de bem-aventurança, de completa função de nós. felicidade ou ao merecido descanso conquistado por si mesmo durante A mente, ao perceber que existe a inúmeras vidas, motivado pela aspira- possibilidade de se libertar, e também aos outros, das limitações causadas por essa percepção distorcida de si SOPHIA • MAI/JUN 2019 19

mesma, busca, então, transformar Amor universal ALBRECHT FIETZ/PIXABAY todas as condições adversas ao des- pertar sua verdadeira natureza, pro- A Bodhicitta se divide em dois ní- todas as ocasiões”, significando que a curando ir além dessas condições; veis, que são: Bodhicitta Relativa, ou mente altruísta deve ser sempre bon- neste ponto, surge uma aspiração Convencional, e Bodhicitta Última, dosa e compassiva, não apenas em profunda pelo despertar. das quais trataremos agora. alguns momentos ou para um grupo determinado de pessoas. Esta aspiração é denominada pelo A Bodhicitta Relativa está relacio- Budismo Tibetano de Bodhicitta. A nada ao amor e à compaixão. O amor Os métodos hábeis para o desper- Bodhicitta é tanto a mente altruísta, é aquele universal, não excludente, tar de Bodhicitta Relativa e Bodhicitta que existe como uma semente dentro é o amor que abraça tudo e todos. A Absoluta estão relacionados com a da natureza humana, como também compaixão é extremamente impor- prática das seis paramitas ou perfei- a aspiração que prepara o solo para tante dentro do Budismo, tanto no ções, que são: que a semente venha a germinar e início como no meio ou no fim do florescer. treinamento para o despertar. Segun- 1. Generosidade do Lama Tsultrim Gyaltsen (Comen- 2. Ética Bodhicitta é a pedra filosofal dos tários aos Oito Versos), “a compaixão alquimistas, que transforma os nos- envolve também sabedoria, ou seja, sos gestos, palavras e pensamentos o entendimento de que todo sofri- egoístas e autocentrados em gestos, mento tem uma causa e que, havendo palavras e pensamentos altruístas, uma causa, haverá sempre um meio completamente voltados para a di- para eliminá-lo. É importante enfa- reção de auxiliar a humanidade, no tizar que não deve haver lugar para sentido de efetivamente levá-la a se o desencorajamento, sentimento de libertar de seus próprios sofrimentos. incapacidade. A mente deve manter uma atitude construtiva, positiva.” Mas apenas a aspiração de se li- bertar para beneficiar todos os seres Ele chama atenção para isso por- existentes não é suficiente para que que, quando a mente que está se tor- essa semente germine; além disso, é nando compassiva sente o sofrimento necessário se engajar nos métodos do outro como sendo o seu próprio, e que conduzirão a esse completo des- como ainda não desenvolveu o poder pertar. Então, não basta aspirar; é de efetivamente ajudar o outro, pode necessário partir para a ação, o que cair num estado de desânimo. Daí ela significar literalmente praticar. precisar de uma certa dose de sabedo- ria para perceber que todo sofrimen- A mente precisa ser treinada até to pode ter um fim e que vale a pena o ponto de eliminar o que está dis- continuar nesse caminho. torcido em si mesma, reunindo com isso as condições favoráveis para que Este mesmo Lama diz que “a com- ocorra uma verdadeira transmutação paixão é também uma forma de amor alquímica. É dito que um Buda não ao próximo, porque se não amásse- atinge o estado de iluminação como mos o próximo não poderíamos ter num passe de mágica; ao contrário, por ele verdadeira compaixão”. ele prepara durante vidas as condi- ções que serão, um dia, totalmente O amor e a compaixão que o aspi- favoráveis para esse despertar. Ele rante desenvolve ao praticar os méto- cria, através de suas ações, condições dos para atingir a Bodhicitta Relativa para que uma completa regeneração devem ter caráter de universalidade, aconteça em sua mente. ou seja, incluir todos os seres; nada ou ninguém deve ficar fora da mente. Portanto, Buda, quando se ilumi- nou, já havia realizado esse treina- O Dalai Lama diz que “o funda- mento, já vinha se tornando a perso- mento de uma mente altruísta é a nificação da própria compaixão em existência de um bom coração e de outras vidas, tornando mais fácil para uma mente bondosa, em todas as oca- ele se iluminar naquela vida em que siões”. A chave está na expressão “em ele foi Sidarta Gautama. 20 SOPHIA • MAI/JUN 2019

3. Paciência O desenvolvimento dessas seis pa- “A Bodhicitta é tan- 4. Diligência, esforço ou energia ramitas deve ser realizado até que ca- to a mente altruís- 5. Meditação ou concentração da uma delas alcance a sua perfeição, ta, que existe como 6. Sabedoria ou conhecimento ou seja, todos os níveis dessas seis vir- uma semente dentro tudes devem ser desenvolvidos pelo da natureza humana, transcendente aspirante, até que a perfeição de cada como também a as- uma delas faça parte de seu cotidiano. piração que prepara Destas seis paramitas, somente o o solo para que a se- desenvolvimento das quatro primei- No livro A Voz do Silêncio, aforis- mente venha a ger- ras é suficiente para o despertar de mo 69, encontramos que: “A escada minar e florescer.” Bodhicitta Relativa. As outras duas pela qual ascende o candidato (ao se (meditação e sabedoria) já fazem par- tornar um Bodhisattva) é formada por 21 te da etapa do despertar da Bodhicitta degraus de sofrimento e dor, que só Última, que é a própria vacuidade. podem ser aplacados pela voz da vir- SOPHIA • MAI/JUN 2019

“A escada pela qual SOPHIA • MAI/JUN 2019 DIMITRIS VETSIKAS/PIXABAY ascende o candida- to é formada por de- graus de sofrimento e dor, que só podem ser aplacados pela voz da virtude. Ai de ti, discí- pulo, se restar um só vício que não tenha deixado para -trás. Pois então a escada cederá e te deitará abaixo.” 22

tude. Ai de ti, discípulo, se restar um diante; portanto, todas são importan- dade e a generosidade é o caminho”. só vício que não tenha deixado para tes e todas devem ser despertadas. A generosidade nos leva em dire- trás. Pois então a escada cederá e te deitará abaixo.” Apenas exemplificando, uma das ção ao outro e em direção a nós mes- paramitas citadas, a da generosidade, mos. Para realizar esse movimento, a Este aforismo deixa claro que que é a capacidade de doar (dana), mente precisa estar livre, o que sig- todas as virtudes devem ser desen- proporciona inúmeros momentos de nifica dizer que é necessário que ela volvidas em sua plenitude, até que reflexão. Segundo o filósofo Comte- já tenha se libertado de suas mesqui- todos os vícios e tendências negati- -Sponville, “ser generoso é saber-se nharias e de sua pequenez. vas sejam totalmente eliminados e livre para agir bem e assim querer. O não venham a colocar o aspirante em homem generoso não age tão somen- Para Comte-Sponville, a genero- risco no futuro. te movido por seus interesses e afetos, sidade é plural como todas as outras não é prisioneiro deles. Ao contrário, virtudes: “Somada à coragem, pode Diz-se que cada paramita desen- é senhor de si. A vontade lhe basta.” ser heroísmo. Somada à compaixão, volvida erradica da mente uma ten- torna-se benevolência. Somada à dência negativa. E também se sabe A generosidade significa agir, mas miséria, vira indulgência. Mas o seu que cada virtude desenvolvida ofe- agir unicamente com as exigências do mais belo nome é seu segredo, que rece ao aspirante a chave para o de- amor, da moral e da solidariedade. todos conhecem: somada à doçura, senvolvimento de outra, e assim por Spinoza dizia que “o amor é a finali- ela se chama bondade.” Um compromisso de cada um de nós Como foi dito, o desenvolvimen- A sabedoria torna possível à men- a Bodhicitta somente será desperta to da paramita da generosidade, da te compreender o modo de ser das ética, da paciência e da diligência coisas, ou seja, ter uma percepção quando o aspirante tiver o completo é importante para o despertar da direta da realidade, ver as coisas co- Bodhicitta Relativa. Passemos agora mo elas são, sem nenhum tipo de domínio sobre as seis paramitas. à análise da Bodhicitta Última. Ela projeção mental, fantasia ou ilusão. trata do despertar da vacuidade, que Para o Budismo, somente a partir da Este caminho, no livro A Voz do é o conceito mais profundo e comple- percepção de que as coisas são des- xo do Budismo Tibetano. Significa o providas de uma existência intrínseca Silêncio, é denominado “A Doutrina estado de plenitude, de total integra- é que atingiremos a iluminação, nos ção e interdependência das coisas. A libertaremos do ciclo de vida e morte do Coração”, que consiste na grande vacuidade é atingida quando a mente e, portanto, do sofrimento. consegue libertar-se de seus apegos e renúncia ao nosso pequeno eu em be- condicionamentos e entra em comu- A sabedoria é a visão superior que nhão com a própria vida. permite a realização da vacuidade, ou nefício do todo, e, p0rtanto, na trans- seja, é a visão que penetra na raiz do A meditação, que é a quinta pa- sofrimento, na raiz daquilo que não formação de uma mente individual ramita, torna a mente lúcida e com o é genuíno em nós, transformando o poder de penetrar em qualquer coisa que é ilusório em realidade. em uma mente universal. que ela esteja buscando conhecer, já que ela dilui as tensões e as inúme- Mas ela somente é libertadora se Podemos concluir que, para gerar ras perturbações da mente e facilita integrada aos métodos hábeis, ou se- o desenvolvimento da percepção, ou ja, se integrada às outras cinco para- a mente do despertar, ou Bodhicitta, é conhecimento direto do objeto. Per- mitas. É aprofundando na meditação cepção é a habilidade de conhecer as que o aspirante atinge um nível mais preciso, em primeiro lugar, saber que coisas por entrar em contato direto profundo de sabedoria e alcança os com elas. níveis mais profundos da vacuidade, ela existe; em segundo lugar, que o ou seja, os níveis mais sutis de sua A prática da meditação é funda- verdadeira natureza. terreno e o veículo que conduzirão mental para o desenvolvimento da próxima e talvez a mais importante É através da perfeita harmonia a esse estado devem ser laboriosa- paramita, que é a sabedoria, ou co- entre a sabedoria e os outros méto- nhecimento transcendental. dos que um Bodhisatva se encaminha mente preparados; e, por fim, que se em direção à iluminação. Portanto, desenvolva a aspiração para atingi-la. O Budismo busca mostrar a exis- tência de todas essas possibilidades, porém a decisão de abraçar e se en- gajar nos métodos hábeis para esse despertar está a cargo de cada um de nós. É um compromisso interno, firmado em nosso interior, e isso nin- guém poderá fazer por nós. S DIMITRIS VETSIKAS/PIXABAY * Valéria Marques de Oliveira é administradora de empresa, pós-graduada em Marketing, membro da Sociedade Teosófica desde 1994, estudante e praticante do Budismo Tibetano. SOPHIA • MAI/JUN 2019 23

[ CONSCIÊNCIA ] PEXELS/PIXABAY ‘Pmoár tsrácsardaass Na psicologia de Jung, a persona é a máscara ou fachada apresentada para satisfazer as exigências de uma situação ou de um ambiente. Somos como atores desempenhando papéis na vida, mas ‘nenhum deles é o nosso eu real 24 SOPHIA • MAI/JUN 2019

PEXELS/PIXABAY “Existe um ser acima Wayne Gatfield* internet. Assistem televisão, ouvem e por trás das más- música, veem filmes e leem livros. caras que é eterno e Uma das principais mudanças no Todas essas coisas têm seu lugar, mas imutável. Quem nos modo como um estudante de Teoso- precisa haver um tempo para o silên- tornamos quando fia passa a considerar a vida é o fato cio e a reflexão. estamos quietos em de que seus pensamentos e ações nosso quarto ou so- gradualmente começam a se basear É por isso que, através das eras, zinhos na natureza, em premissas desconhecidas para a a meditação tem sido recomendada quando todos esses maioria das pessoas. A tendência do- por tantas almas sábias. No entanto, o disfarces são joga- minante é pautar a vida pelas regras Ashtavakra Gita adverte contra o hábi- dos por terra?” de uma sociedade materialista. Em to da meditação – sempre que algo se geral, os sistemas educacionais, por torna rotineiro, perde seu potencial. SOPHIA • MAI/JUN 2019 desconhecerem ou por serem contra A meditação tem que ser parte da vida a ética espiritual, baseiam-se no con- diária como uma atitude da mente no ceito de que existe apenas uma vida, intuito de se manter centrada no que e depois um eterno vazio, ou uma é imutável em nós. Isso é descrito, em estadia infinita no céu ou no inferno. termos teosóficos, como “o desejo inexpressável do homem interno de No Ocidente, a maioria das pesso- se lançar rumo ao infinito”. as abandonou a ideia de céu e infer- no e pensa muito pouco sobre o que A palavra “inexpressável” mostra acontece depois que morremos; elas que aquilo que experienciamos es- preferem ignorar esses pensamen- tá além das concepções mentais do tos. E assim seguem, dia após dia, mundo. Embora impossível de ser sem considerar o fato de que a vida expresso, é compreensível experi- material é transitória e dura apenas mentalmente e é catártico em seus algumas décadas. efeitos. Essa é a alquimia do coração, a consagração do ser ao espiritual, e, Não haveria nenhuma inclinação no tempo devido, o abandono dos tri- à violência se o ensinamento espi- lhos mentais de rotina e de restrições ritual fosse compreendido à luz do impostas pela sociedade materialista. que significa ser verdadeiramente A meditação tem que ser viva e es- humano, como é ensinado por to- pontânea. Isso pode ser feito vendo dos os grandes instrutores, inclusive cada momento da vida como algo Helena Blavatsky. É uma questão de novo, e compreendendo que todo compreender os níveis mais profun- potencial está no momento presen- dos da constituição humana, invisí- te, a única realidade em um mundo veis aos luminares da ciência política em mutação. e seus seguidores, que os consideram líderes e guias. O mestre Zen Bankei nos instruiu a permanecer focados na “futura Usamos muitas máscaras em nos- mente búddhica” e não trocá-la pelas sa vida, mas existe um ser acima e por mentes condicionadas pela ira, inve- trás das máscaras que é eterno e imu- ja, ganância ou luxúria. Não são esses tável. Quem nos tornamos quando os estados mentais com que nasce- estamos quietos em nosso quarto ou mos; nós os desenvolvemos por uma sozinhos na natureza, quando todos espécie de atavismo, à medida que esses disfarces são jogados por terra? crescemos. Como são transitórios e É aí, quando aquietamos nossos pen- estão constantemente mudando, não samentos, que podemos sentir o que é podem ser nosso eu real. Eles nos ensi- real e permanente em nós. As pessoas nam a seguir o caminho do meio, que têm medo de fazer isso e preenchem é como o ponto superior de um triân- a vida com uma tagarelice constan- gulo, não apenas no centro de dois te, pessoalmente, ao telefone ou na extremos, mas também acima e além. 25

Níveis de experiência Nossas personalidades estão se longo de muitas vidas, e é difícil abrir GIOGRAFICHE/PIXABAY transformando o tempo todo. Mos- mão de todo esse conhecimento. No tramos máscaras diferentes de acor- entanto, não se trata realmente de “Podemos ficar cal- do com uma variedade de circuns- abrir mão, mas de uma outra forma mos em meio à tor- tâncias. Frequentemente agimos de alquimia na qual a essência de tu- menta; em nossa como atores num palco, tornando- do que aprendemos é transformada consciência existem -nos o que é preciso para alcançar em percepção experimental. É este passagens para esta- nossos objetivos. O propósito do o propósito do verdadeiro ensina- dos superiores de exis- verdadeiro ensinamento espiritual mento espiritual: ele torna a mente tência, e podemos vo- é descobrir o que somos na realida- mais sutil e prepara-a para receber ar para o céu claro da de. Assim podemos ficar calmos em mais luz. percepção espiritual.” meio à tormenta, compreendendo que em nossa consciência existem A Ashtavakra Gita afirma que não SOPHIA • MAI/JUN 2019 passagens para estados superiores conseguiremos viver no coração até de existência, e que, se cultivarmos que tenhamos esquecido tudo. Diz- o correto estado mental, podemos -se que o coração é o centro da ativi- desatar as amarras forjadas pela dade espiritual. Em A Voz do Silêncio mente e voar para o céu claro da aprendemos a respeito da Doutrina percepção espiritual. do Coração, que é viver a vida de modo prático; e o “aprendizado da Algumas escolas Zen recomen- cabeça”, a compreensão intelectual dam desenvolver algo que chamam que muitas vezes degenera em letra de “a grande dúvida” – o momen- morta. Muitas religiões consideram to em que duvidamos da validade um determinado livro como a pala- de todo o aprendizado intelectual, vra de Deus; elas o seguem literal- compreendendo que ele pode não mente, sem considerar os significa- ter nenhum valor. Nossa percepção dos por trás das palavras. Isso leva ao de nós mesmos como seres materiais fanatismo e pode resultar em intole- começa a se desvanecer; estamos nos rância a outras religiões. tornando o que somos, não aquilo que imaginamos ser. Diz-se que nosso ser exterior é nossa personalidade – do latim Há um momento em nossa evo- persona, palavra originalmente em- lução em que temos que sacrificar pregada para o papel de um ator e todo o conhecimento obtido inte- que também fazia referência a uma lectualmente para seguir adiante, máscara usada no palco. Na psicolo- porque entramos numa fase em gia de Jung, a persona é a máscara ou que esse conhecimento se torna fachada apresentada para satisfazer um fardo; temos que compreender as exigências de uma situação ou de as coisas em um nível superior, sem um ambiente. Somos como atores as imagens e os conceitos da mente desempenhando papéis na vida, mas inferior. Trata-se de um estágio de nenhum deles é o nosso eu real. Ao conhecimento direto, não de ra- final da apresentação vamos para ca- ciocínio ou especulação. É quando sa e ficamos em nossos verdadeiros começamos a compreender o que eus durante algum tempo, até que o somos em realidade, e mais uma karma nos ponha de volta no palco máscara é removida. para aprender mais lições – até es- tarmos prontos para galgar níveis Este é um tipo de sacrifício, por- superiores de experiência. À medida que construímos uma compreensão que progredimos, mais máscaras são intelectual do caminho espiritual ao 26

removidas; um dia nos tornaremos uma visão de vida diferente. Come- exercendo sobre eles uma influência aquilo que somos na realidade, algo çamos a ver com clareza e a agir de benigna, que, com o tempo, trará seu que está além de todas as nossas con- modo sensível e racional – que po- resultado. Isso também pode ajudá- cepções terrenas. de parecer irracional neste nosso -los na jornada para descobrir o que mundo atrapalhado. Percebemos o significa ser verdadeiramente huma- Mas podemos, neste momento, quadro maior e nos libertamos das no em meio a todas as distrações de começar a viver sob a égide de nos- “amarras forjadas pela mente”, como uma sociedade materialista. S sa natureza superior, e não como se disse o poeta William Blake. Come- estivéssemos olhando num espelho çamos a ter um relacionamento mais * Wayne Gatfield é filósofo e presidente da Loja obscurecido. Isso pode nos colocar profundo com aqueles à nossa volta, Bolton, da Sociedade Teosófica na Inglaterra. em desacordo com aqueles que têm SOPHIA • MAI/JUN 2019 27

[ PERCEPÇÃO ] ‘ As lições da solidão Nós experimentamos um súbito despertar espiritual no momento que percebemos que a vida segue em frente, mesmo após termos sido dilacerados por uma perda – por ‘mais inimaginável que seja, a vida segue em frente 28 SSOOPPHHIIAA •• MMAAII//JJUUNN 22001199

“O terreno está Karen Mazen Miller* sempre cedendo, desaparecendo no Foi a escova de dentes que me contou. vasto abismo da im- Sozinha e negligenciada no armário de permanência e da remédios vazio, foi uma das poucas coisas impossibilidade, on- que o meu companheiro deixou para trás. de nossa compre- Quando a encontrei, tive certeza de algo ensão não conse- que eu tinha negado durante algum tempo. gue alcançar. Sofrer uma perda é viver a Acabou. irreversível verdade Na verdade, nosso relacionamento através da qual des- tinha terminado há mais tempo do que perta a sabedoria.” eu quis admitir. Mas, nos inícios e fins, uma parte pode se retardar em relação à FREE PHOTOS/PIXABAY outra, em termos de compreensão. Se a escova era a minha mensageira, qual seria SSOOPPHHIIAA •• MMAAII//JJUUNN 22001199 a dele? Talvez o momento em que eu chu- tei sua valise no meio-fio? Durante anos após nossa ruptura, eu tentei esquecer es- sa parte da história. Todo mundo, afinal, conta histórias à sua maneira, a partir de sua própria perspectiva. Seja por escolha ou circunstância, pe- las fugazes estações do namoro ou pela cortina da morte, o amor termina. Pelo menos o amor que é uma história ter- mina. Quando isso acontece, o que nos resta? Um percurso que de outro modo jamais ousaríamos fazer – um percurso de negação, descrença e desespero, através da raiva e da loucura. Um portal, além dos enganosos contos de fadas e melodramas, para um estado de graça desperta que é amor verdadeiro. O amor verdadeiro é o que é deixado para trás quando termina a história de amor. Mas apenas parece um fim. Ponha fim a alguma coisa e você poderá mudar de ideia a respeito de todos os fins. Essa é a cura milagrosa, a cura última. Quando a forma se esvazia “A forma é exatamente o vazio. O vazio é exatamente forma.” (Sutra do Coração) Esses versos budistas são a mais su- cinta e completa afirmação da verdadei- ra natureza da realidade. À medida que estudamos as palavras, podemos pensar que as entendemos. Mas, deixando para trás insights espirituais e raciocínios cien- tíficos, podemos ver a verdade da imper- manência. Tudo muda. Nada dura, nem mesmo os sentimentos. É óbvio, e contu- 29

do, em questões do coração, pode ser quando está desprovida de pessoas ou BEN KERCKX/PIXABAY algo difícil de perceber. coisas familiares, sem os tênues fios que usávamos para amarrá-la. Sua dor é a mais penetrante de Eu tinha treze anos quando minha todas as ilusões. Enfrentando-a, sen- mãe certa noite me contou que meu Se considerarmos nossa mente tindo-a, você despertará a compai- tio chegara do trabalho naquele dia e discursiva em maior profundidade, xão e a gentileza. Sentirá compaixão dissera à minha tia que não a amava, vemos como criamos memória, sen- por si próprio, e portanto, por todos. que jamais a tinha amado e que esta- timento e significado. Mas subita- Encontrará seu apoio justamente ao va indo embora naquele momento. mente nada significa o que certa vez perdê-lo. Desde então tenho ouvido histórias pensamos que significasse. As coisas de partidas com enredo semelhante. comuns assumem o peso de nossa ira O bebê zangado Mas, sendo tão jovem, aquelas pala- e a carga de nossa dor, e uma escova “Você é a matriz para a sua ira, seu vras que abalaram a família fizeram de dentes não é mais uma escova de bebê.” (Thich Nhat Hanh) o terreno ceder. dentes. Na verdade, a sua casa pode ser seu novo inferno; a sua cama, uma A ira é tão desagradável, tão repul- No entanto, quer notemos ou não, câmara de torturas; uma noite sem siva, que geralmente nós a atribuímos o terreno está sempre cedendo, desa- sono, uma eternidade. a uma outra pessoa – a alguém que parecendo no vasto abismo da imper- nos ofendeu, nos fez mal, arruinou manência e da impossibilidade, onde Talvez nada seja o que imagina- nossa vida. É fácil culpar os outros nossa compreensão não consegue mos que seja. Quando esse pensa- alcançar. Sofrer uma perda ou ter o mento lhe ocorrer, crie coragem. A coração partido é viver a irreversível dúvida é a aurora da fé, e a fé levará verdade através da qual desperta a você através das trevas. sabedoria. Seria ótimo se pudéssemos não É um caminho difícil até a sabedo- desmoronar quando nossas vidas ria, mas é o único caminho. Quando desmoronam. Seria ótimo se apenas a história de amor termina, siga o ca- por meio do aprendizado espiritual minho à sua frente; ele sempre levará pudéssemos recuperar o controle, para fora do sofrimento. manter as aparências e o passo. Po- deríamos evitar o constrangimento. Não é o que você pensa Poderia parecer que estamos en- frentando a situação. Poderíamos até “O pensamento na iluminação é a mesmo permanecer positivos, mas mente que vê na impermanência.” não é dessa maneira que a realidade (Dogen Zenji) acontece. Não podemos ludibriá-la. A impermanência sempre nos faz per- Um coração partido pode parecer der o passo. É um buraco, uma mina um modo pouco digno de dar início terrestre, uma colisão frontal. Nós a uma transformação espiritual, mas tropeçamos e caímos, e isso pode ser é um motivador poderoso, como útil. Cair é a maneira mais rápida de atesta a vida do grande Dogen Zenji, nos livrar da arrogância, do cinismo, conhecido como o revitalizador do do fingimento e da indiferença. A Zen no século XIII. Sua mãe morreu dor nos leva plenamente para a vida. quando ele tinha apenas sete anos de idade; alguns eruditos afirmam que Essa é a lição de Marpa, instrutor sua genialidade remonta a esse even- tibetano do século XI, que chorava to, quando sua mente foi arrebatada copiosamente sobre o corpo de seu por questões irrespondíveis. jovem filho morto. Encontrando-o nessa dor inconsolável, seus discípu- Nós experimentamos um súbito los ficaram espantados. O mestre não despertar espiritual no momento havia ensinado repetidamente que a que percebemos que a vida segue vida era uma ilusão? Por que agia da- em frente, mesmo após termos si- quela maneira? Seria ele um impos- do dilacerados por uma perda – por tor? Marpa respondeu: “Sim, tudo é mais inimaginável que seja, a vida uma ilusão, mas a morte de um filho segue em frente, mesmo quando não é a maior de todas as ilusões.” a reconhecemos como a nossa vida, 30 SOPHIA • MAI/JUN 2019

por nossas feridas. Mas, se persistir- julgamento ou culpa. Dessa maneira, “No despertar da ira mos em ver nossa ira como resultado a ira se desgasta. O bebê dorme. você pode encontrar das ações de uma outra pessoa, vamos a força e a determina- ficar zangados por muito tempo. Ira é No despertar da ira você pode ção para viver de mo- poder, e culpa é impotência. Quando encontrar a força e a determinação do diferente. Se isso assumimos a responsabilidade por para viver de um modo diferente. Se não aconteceu, você nossa vida, pegamos de volta o poder isso não aconteceu, você ainda não ainda não cuidou ple- da mudança. cuidou plenamente das necessidades namente das necessi- de sua criança chorosa. Você ainda a dades de sua criança Isso é o que ensina Thich Nhat está rejeitando. chorosa. Você ainda Hanh quando sugere que vejamos a está rejeitando.” nossa vida como um bebê chorão. Você terá muitas oportunida- Ninguém quer ficar perto dele, mas des para aquietar a ira. Terá muitas 31 ele não pode ser ignorado. O bebê é chances de aplicar a alquimia de sua seu, e a única pessoa que pode fazer própria atenção ao que lhe está per- algo é você. Por mais desagradável que turbando. Bebês chorões em algum seja o choro, você coloca o bebê no co- momento dormem, e todo pai sábio lo e o conforta. Você cuida de si sem aprende a deixar em paz um bebê que está dormindo. SOPHIA • MAI/JUN 2019

Estar totalmente triste campo de tristeza”, eu disse. Fiquei consertá-la. Temos a impressão de “Quando estiver triste, esteja triste.” satisfeita com minha expressão po- que ela não é certa ou normal. No (Maezumi Roshi) ética. Pensei que poderíamos con- entanto, a tristeza é um bom guia e versar a respeito, extirpar a causa e até mesmo um bom sinal. Ela pode Nós desprezamos a ira, mas tende- achar um tratamento. “Quando você desencadear sua prática espiritual. mos a acalentar a tristeza. A dor pode estiver triste, esteja triste”, disse ele. Como a maioria de nós sofre quando parecer um local tão rico e complexo E foi tudo o que disse. Ele não me ficamos tristes, buscamos consolo e para se estar que podemos esquecer criticou nem corrigiu, simplesmente solução. Quando começamos uma que isso também é impermanente. não se estendeu. prática de meditação ou de yoga, podemos chorar sem qualquer razão Certa vez fui ver Maezumi Roshi Geralmente temos o impulso de aparente, o que indica que estamos após uma sessão de meditação na qual fazer alguma coisa em relação àquilo liberando emoções e temores há as lágrimas escorriam copiosamente que julgamos ser uma emoção nega- muito represados. pelo meu rosto. “Estou sentada num tiva: contê-la, explorá-la, explicá-la, 32 SOPHIA • MAI/JUN 2019

“Com tanta certeza O sofrimento é seu próprio ins- Romantismo sem romance quanto as árvores flo- trutor e tem seu próprio tempo. rescem na primave- Faz bem chorar. E faz bem parar. O “Onde não há romance é mais ra e as folhas caem choro sempre termina. As tristezas romântico.” (Hongzhi) no outono, os casais transformam-se em algo mais, por- que mantêm um lon- que todas as coisas mudam quando Com tanta certeza quanto as ár- go relacionamento permitimos. Cuide de não fixar resi- enfrentam os mes- dência permanente na ruína. Conti- vores florescem na primavera e as mos problemas que nue seguindo em frente. aqueles que não con- folhas caem no outono, os casais que seguem fazê-lo.” Sente-se por um instante mantêm um longo relacionamento SOPHIA • MAI/JUN 2019 “No processo de se sentar tranquilo e seguir a respiração, você está enfrentam os mesmos problemas que se conectado com seu coração.” (Chögyam Trungpa) aqueles que não conseguem fazê-lo. Copiei essa citação num diário há Contudo, sua união perdura. Eles dezoito anos. Agora consigo ver que o dharma sempre nos leva de volta a nós sobrevivem à ira e aos ressentimen- mesmos. A maneira mais segura de seguir em frente diante de qualquer tos, desapontamentos e revezes. Eles dificuldade é não arredar pé – especi- ficamente pela prática da meditação. observam seus interesses divergirem Meditar quando se está zangado, e emoções enfraquecerem. Suas res- triste ou temeroso é a maneira mais SASIN TIPCHAI/PIXABAY direta de resolver a dificuldade. Medi- ponsabilidades crescem, suas famílias tar é enfrentar a si próprio e cultivar intimidade com sua percepção. Essa se expandem; suas casas se enchem intimidade vai além do companhei- rismo e da gratificação que buscamos e depois se esvaziam novamente. O em outra pessoa. Fazer companhia a si mesmo pode inclusive mudar as que é que favorece um casal e não expectativas que você coloca em um relacionamento. Com a plena aten- o outro? Alguns dizem que é magia, ção, você vê em primeira mão o que significa assumir a responsabilidade que são as maquinações do destino, por sua própria felicidade, e experi- menta um amor incondicional, que o movimento das estrelas, a escolha surge espontaneamente. correta ou a pura sorte. Eu acredito Quando meditar com um grupo, você terá oportunidade de ficar em que é algo que temos o poder de rea- silêncio ao lado de alguém que não conhece. Sua mente se aquietará e lizar por nós mesmos. a concentração se aprofundará. Vo- cê desfrutará de uma proximidade O amor que perdura permite que sem julgamento nem expectativa. No final, talvez você, como eu, sinta a história de amor termine. Ele não que ama aquela pessoa. Será possível amar dessa maneira? Quando tudo está sobrecarregado de fantasias ou mais se vai, é possível e fácil. remorsos românticos; não é definido, No entanto, será possível viver dessa maneira com as pessoas que limitado, pegajoso ou egoísta. Sem você de fato conhece? forma ou nome, esse amor permite que todas as coisas sejam como são. Ele vê toda a vida em cada estação do ano como um processo de perpétua mudança, crescimento, maturação e renovação. Esse amor é nosso tesou- ro; quando praticamos, ele brilha. É amor verdadeiro porque é verdade. Muitos anos depois de observar aquela escova de dentes no armário de remédios vazio, casei-me com ou- tro homem. Estamos juntos há muito tempo. Não tenho expectativas em relação ao nosso futuro e não senti- mentalizo o passado. Nossas escovas de dentes permanecem silenciosas lado a lado na bancada do banheiro. São sentinelas de uma vida compar- tilhada com coragem, aceitação, per- dão e pequenas gentilezas. S * Karen Mazen Miller é escritora e sacerdotisa zen-budista. 33

[ HARMONIA ] Uma nova aurora S. Sundaram* praticar uma correta ação no momen- Uma verdadeira transformação to certo? Pensar seriamente nessas social não é algo que possa ser alcan- çado por meio de leis. Não pode ser questões, com consciência, pode nos imposta de cima. O fator mais im- portante em relação a isso é a pers- ajudar a resolver diversos problemas pectiva dos que querem produzir a transformação social. Como sabe- e tensões, com a compreensão e a boa mos, quando se considera transfor- mação no contexto teosófico, a ênfa- vontade apropriadas. se é colocada sobre a transformação no nível individual. A ênfase está na Para isso é preciso que cada indi- transformação da natureza, da con- duta e da perspectiva da pessoa com víduo se torne genuinamente forte relação à vida. internamente, porque só assim suas É sempre pertinente entender a natureza da transformação que boas qualidades poderão criar um ocorre no interior do indivíduo; uma transformação na própria psique, em impacto positivo sobre as pessoas. É todo o seu ser – que é a verdadeira fonte, o verdadeiro manancial da re- necessário despertar a força moral volução exterior. Somente a mudança interna pode produzir mudança no interna, já que apenas ela deve guiar mundo externo, pois muda a perspec- tiva da pessoa com relação à vida. É a pensamentos e ações na direção cer- agitação interior, as questões e dúvi- das, que ajudam a perceber a beleza ta. É preciso que haja completa coor- da vida interna – uma vida que não se opõe à vida mundana, mas que é mais denação entre o que sabemos, o que plena, mais rica e mais completa. absorvemos e o que fazemos. Assim, Questões como a ânsia de saber nos levarão à compreensão da unidade nossos pensamentos e ações terão da vida e da harmonia na vida interna e externa. Um ponto que merece con- um impacto positivo e podem gerar sideração é: que valores humanos bus- camos preservar em nosso progresso uma atmosfera que encoraje outros a rumo às transformações sociais? praticar valores elevados no dia a dia. Precisamos examinar nosso pró- prio eu para ver se há alguma falta Para sair da crise, não podemos de comprometimento de nossa par- te. O que não nos permite tomar a ignorar o presente. Que o presente iniciativa, agir espontânea e volun- tariamente quando a situação exige? seja a plataforma para um futuro me- Quais são os fatores e as forças que nos oprimem e que não nos deixam lhor para nós e também para toda a sociedade. Mas não devemos esperar passivamente que a inspiração seja servida numa bandeja. Precisamos trabalhar muito e aplicar nossos me- lhores esforços. Então a harmonia, a sabedoria e a verdade inatas poderão desabrochar através de nós. Precisa- mos não de uma abordagem casual ou indiferente, mas de uma atitude, uma abordagem e uma perspectiva positiva e construtiva. Temos que utilizar o presente da melhor maneira possível, tanto em pensamento quan- to em ação. Que cada momento seja uma nova aurora – então, o que quer que pensemos e façamos será verda- deiro, bom e belo. S * S. Sundaram é pesquisador do Instituto de Estudos JOHANNES PLENIO/PIXABAY Gandhianos em Varanasi e ex-secretário-geral da Sociedade Teosófica na Índia. 34 SOPHIA • MAI/JUN 2019

“Temos que utilizar o presente da melhor maneira possível, tanto em pensamen- to quanto em ação. Que cada momento seja uma nova aurora – então, o que quer que pensemos e fa- çamos será verdadei- ro, bom e belo.” SOPHIA • MAI/JUN 2019 35

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[ SOCIEDADE] Pelo fim da violência KEITH JOHNSTON/PIXABAY Radha Burnier* sinal de uma sociedade humana”. Será que matar pode ser conside- A execução de Karla Faye Tucker, em 1998, agitou a opinião pública den- rado humano? Que diferença faz se a tro e fora dos EUA e fez surgir, mais pessoa for homem ou mulher, cristã ou uma vez, a discussão sobre a mora- não? Que diferença faz se o crime foi lidade da pena capital. The Guardian mais ou menos brutal? Numa socieda- Weekly afirmou que “toda execução de em que há tão pouco respeito pela é degradante e desumana”. Mas par- vida, onde há guerras e formas oficiais te da multidão que se reuniu no local de matar, essas distinções não parecem da execução pediu um método menos importantes. Precisamos atentar não “humano” que uma injeção letal, pela apenas para a “violência quente”, em brutalidade do crime. Eles estavam exi- que pessoas matam umas às outras com gindo olho por olho. armas, mas também da “violência fria” dos políticos que tomam decisões, dos Personalidades fizeram apelos a megaempresários que fabricam armas seu favor porque Karla foi a primeira e das atividades nas salas de reuniões mulher a sofrer a pena no Texas des- que resultam em morte e sofrimento de a Guerra Civil, e a segunda no país em grande escala. após a pena de morte ser reinstituída, em 1976. Outras pediram clemência Há informes de que muitas vezes a pelo fato de ela ter se ter tornado cris- maior porcentagem da venda de armas tã. Pediriam também se ela tivesse se dos Estados Unidos foi para países do convertido à fé bahai ou budista? Infe- terceiro mundo. Outro exemplo de vio- lizmente não tem como calcular quan- lência fria: quando a Turquia recebeu tos compreenderam a ligação entre o seis bilhões de dólares de auxílio mili- crime, o vício de Karla em drogas e os tar, durante uma década, para devastar valores da sociedade moderna. as vidas de vários milhões de kurdos, o karma dessa matança foi tanto dos dis- Segundo a Anistia Internacional, a tantes executivos e burocratas ricos e pena de morte pode ser mais facilmen- bem vestidos quanto daqueles que usa- te aceita por se acreditar que a injeção ram as armas. A violência fria é tão ou letal seja um modo “tranquilo”. A ideia mais imoral que a violência de indiví- de que essa forma é “mais humana” ga- duos como Karla Tucker, com passados nhou terreno e outros países começa- conturbados, ou de soldados que devem ram a adotá-la. Sobre isso, o The Guar- obedecer ordens. dian comentou que “a busca por uma maneira ‘ideal’ de matar alguém não é A questão é: a violência, em qual- quer tempo, pode ser correta ou justifi- “A violência pode ser corre- cada? Será que ela se torna abominável ta ou justificada? Violência é apenas quando a vítima é cristã, quan- violência. Tirar a vida de al- do é uma mulher ou quando é praticada guém é deplorável sob qual- uma forma mais eficiente de execução? quer circunstância, e isso Violência é violência. Tirar a vida de precisa ser visto como uma alguém é deplorável sob qualquer cir- questão moral básica.” cunstância, e isso precisa ser visto comSo SOPHIA • MAI/JUN 2019 * Radha Burnier (1923-2013) foi escritora e presidente internacional da Sociedade Teosófica. 37

[ ESPIRITUALIDADE ] COMPOSITA/PIXABAY Yoga SOPHIA • MAI/JUN 2019 ‘pmaoradaerenraa Segundo Besant, yoga é apenas um processo acelerado do normal desabrochar da consciência. Ela expressa essa ideia com um exemplo: escalar uma montanha por uma longa trilha que serpenteia para cima ou por um caminho ‘mais curto, porém mais íngreme K. Dinakaran* O significado de yoga varia de indivíduo para indivíduo. Mas os ensinamentos de Patañjali, sob a forma de aforismos, lan- çam luz sobre essa sabedoria antiga. De que modo a Teosofia, que Helena Blavat- sky descreve como Religião-Sabedoria, está intimamente relacionada ao yoga? Assim como os princípios enumerados nos Yoga- -Sutras, a Teosofia está direcionada para a elevação da humanidade. No Sadhana Pada dos Yoga-Sutras, Patañjali descreve os cinco votos a serem observados pelo estudante de yoga: compaixão (ahimsa), veracidade (satya), não roubar (asteya), moderação, ou viver com percepção elevada (brahma- charya) e não possessividade (aparigraha). Ele afirma também que esses votos não são condicionados por classe, lugar, tempo ou ocasião, estendendo-se a todos os estágios que constituem o Grande Voto. O primeiro objetivo da Sociedade Teo- sófica é “formar um núcleo da Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta, ou cor”. Esses prin- cípios, assim como a vida una, a evolução, o karma e a reencarnação são aplicáveis a todos, quer os aceitem ou não. Annie Besant disse que a Teosofia nos ensina o grande desabrochar, que prossegue 38

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“A religião que o ho- SSOOPPHHIIAA •• MMAAII//JJUUNN 22001199 ZAIB/PIXABAY mem segue, a raça a que ele pertence, essas coisas não são impor- tantes. Se ele está do lado de Deus ele é um de nós, e não importa absolutamente se ele chama a si próprio de hindu ou budista, cris- tão ou muçulmano.” 40

através de milhões de anos, éons de A aceitação desse princípio fun- nhecimento sistematizado do desa- tempo. Num ciclo ainda mais restrito, damental da unidade da vida é a brochar da consciência e de suas leis, um desabrochar semelhante também única condição para ser um estu- tem aplicabilidade universal. Segun- ocorre no indivíduo. Essas forças que dante de yoga. Espera-se também do Annie Besant, “yoga é apenas um se manifestam e desabrocham na evo- essa mesma aceitação de um indiví- processo acelerado do normal desa- lução são cumulativas em poder – do duo que deseje filiar-se à Sociedade brochar da consciência”, que substi- mineral ao vegetal, do animal ao ho- Teosófica, ou seja, à fraternidade tui a longa trilha da seleção natural. mem e do humano ao super-humano. universal da humanidade sem distin- Em seu livro Do Recinto Externo ao Esse último processo de evolução é ções, embora haja várias diferenças Santuário Interno, Besant expressa chamado yoga. Ela acrescentou: “Se que dividam as pessoas em nome de essa ideia com um exemplo: esca- você compreende a unidade do Eu crenças, ideologia política, condi- lar uma montanha por uma longa em meio às adversidades do não eu, ções raciais e sociais. trilha que serpenteia para cima ou então o yoga não parecerá uma coisa por um caminho mais curto, porém impossível para nós.” Yoga é ciência. Assim como qual- mais íngreme. quer outra ciência, o yoga, como co- O valor da prática e do desapego ZAIB/PIXABAY Uma das joias da Teosofia, o li- e bebida puros, e mantê-lo sempre relevante. O Mestre afirma: “Deves vro Aos Pés do Mestre afirma: “A re- sentir perfeita tolerância com todos, ligião que o homem segue, a raça a estritamente limpo, mesmo da menor e um genuíno interesse nas cren- que ele pertence, essas coisas não ças daqueles de outra religião, tanto são importantes; a coisa realmente poeira.” Nos Yoga Sutras, a primeira quanto nas de tua própria. Pois a re- importante é esse conhecimento – o observância (niyama) a ser seguida ligião deles é uma senda para o altís- conhecimento do plano divino para pelo estudante é pureza (sauca), que simo, tal como a tua. E para ajudar a os homens. Pois Deus tem um pla- está relacionada aos nossos veículos, todos, deves compreender todos.” O no, e esse plano é a evolução. (...) Se segundo objetivo da Sociedade Teosó- ele está do lado de Deus ele é um de inclusive o corpo físico, para que a vi- fica aponta este importante aspecto, nós, e não importa absolutamente se e aqueles que se filiam à Sociedade ele chama a si próprio de hindu ou da divina possa se manifestar através devem concordar com ele: “Encora- budista, cristão ou muçulmano, seja jar o estudo comparado de religião, ele indiano, inglês, chinês ou russo.” deles. Pureza de pensamento, palavra filosofia e ciência.” Esses três campos Esse ensinamento foi transmitido no do aprendizado são as fontes de sabe- início do século XX, quando a huma- e ação são imprescindíveis para tri- doria para a humanidade. nidade estava dividida com base em várias crenças religiosas, ideologias lhar o caminho espiritual. Patañjali define o yoga como “a políticas, discriminações raciais e inibição das modificações da mente”. assim por diante. O segundo niyama é contenta- A Voz do Silêncio, outra joia da Teoso- mento (santosha). É uma das princi- fia, afirma: “A mente é a grande as- O Raja Yoga, ou Yoga Real, come- pais condições para a vida do yoga. sassina do real. Que o discípulo mate ça onde termina o Hatha Yoga. Para Aos Pés do Mestre aconselha o estu- o assassino.” É fácil dizer, mas difícil trilhar o caminho do Yoga são im- dante: “Deves suportar teu karma de praticar. Krishna diz a Arjuna, na prescindíveis veículos perfeitamente alegremente, qualquer que possa ser, Bhagavad-Gita, que esse estado pode adaptados. As várias posturas prescri- ser alcançado pela prática constante e tas no Hatha Yoga ajudam o estudan- considerando uma honra que o sofri- desapego. Quando esse estado é atin- te a adquirir um veículo apropriado. gido, os Yoga Sutras dizem: “Então o Aos Pés do Mestre compara o corpo a mento chegue a ti, o que mostra que Vidente está estabelecido em sua pró- um cavalo a ser montado: “O corpo pria e fundamental natureza.” Patañ- é o teu animal – o cavalo que deves os senhores do karma pensam que jali coloca isso de outra maneira: “A montar. Portanto, deves tratá-lo bem, vale a pena te ajudar. Por mais difícil supressão [é produzida] pela prática cuidar bem dele; não deves estafá- persistente e o desapego.” Portan- -lo, deves alimentá-lo de maneira que seja, sê grato por não ser pior.” to, Krishna e Patañjali aconselham apropriada, somente com alimento a mesma coisa: prática e desapego. A história de Raja Harischandra no épico hindu, e de Jó, na Bíblia Sagra- da, são exemplos de como enfrentar os testes dos Karma-Devas. Nenhuma provação em suas vidas conseguiu desviá-los do caminho da retidão. Uma coragem assim é o que se espera do estudante de yoga. Aos Pés do Mestre nos aconselha a qualidade da tolerância. Num mun- do de intolerância e seus múltiplos problemas, essa qualidade é muito SOPHIA • MAI/JUN 2019 41

Toda busca espiritual começa com Este trilhar a senda pode ser com- ma, as pessoas não conseguem atingir as perguntas: Quem sou eu? Qual é parado somente com o “caminhar so- a própria realização.” a verdadeira natureza deste Um, ou bre o fio da navalha” (asidaravrata). Mônada? A terceira parte de Aos Pés Também aqui podemos obter orien- Svadhyaya, ou autoestudo, é mui- do Mestre conclui: “Mas tu – o ver- tação de Aos Pés do Mestre: “Entre o to importante para quem trilha a sen- dadeiro tu – tu és uma centelha do certo e o errado, o Ocultismo não da. Nas palavras de Blavatsky, é “olhar fogo do próprio Deus, e Deus, que é o conhece o compromisso. Qualquer para o inferior à luz do Superior”. Aos todo-poderoso, está em ti, e por cau- que seja o custo aparente, aquilo que Pés do Mestre afirma, mais uma vez: sa disso não há nada que não possas é certo tu deves fazer, não importa “Deves estudar profundamente as fazer se quiseres. Diz para ti mesmo: o que o ignorante possa pensar ou três leis ocultas da natureza, e quando ‘O que o homem fez, o homem pode dizer.” O Viveka Chudamani – a Joia as conheceres, organiza toda tua vida fazer, eu sou um homem, contudo Suprema da Sabedoria, de Sri Shanka- de acordo com elas, usando sempre a sou também Deus no homem; posso racharya, afirma: “Devido ao desejo razão e o bom senso.” O terceiro ob- fazer isto, e farei.’ Pois tua vontade de seguir a sociedade, a paixão pelo jetivo da Sociedade Teosófica exige deve ser como o aço temperado, se excesso de estudo das escrituras e o essa investigação do buscador sério, quiseres trilhar a Senda.” desejo de manter o corpo em boa for- como corretamente avisa o Mestre de Sabedoria: “Não deseje poderes 42 SOPHIA • MAI/JUN 2019

psíquicos; eles virão quando o Mestre meter erros; e de qualquer maneira o souber que é o melhor para você os tempo e a força necessários para obtê- possuir. Forçá-los cedo demais mui- -los poderiam ser despendidos no tra- tas vezes traz, em sua esteira, muitos balho pelos outros.” Em sua frase de problemas; e geralmente o possui- abertura, A Voz do Silêncio diz: “Essas dor é desencaminhado por espíritos instruções são para aqueles que igno- da natureza enganosos, ou torna-se ram os perigos dos siddhi inferiores, presunçoso e pensa que não pode co- ou poderes psíquicos.” A escada de ouro Como qualquer outra ciência, o mente.” Em suma, nossos pensamen- yoga exige estudo sério e aplicação. Muitos anos e até mesmo uma vida tos, palavras e ações devem ter essas podem não ser suficientes para atin- gir o resultado almejado. I.K. Taimni três qualificações; devem ser verda- escreveu, em A Ciência do Yoga: “Há muitos casos de aspirantes entusias- deiros, gentis e úteis. mados que sem qualquer razão apa- rente esfriam, ou, achando a discipli- A Escada de Ouro, texto que foi di- na do yoga muito cansativa, desistem. Eles ainda não estão prontos para a tado para Helena Blavatsky, fala dos vida do yoga (...) e decidem sintonizar suas aspirações na escala inferior do “degraus que o aspirante deve galgar mero estudo intelectual.” até o templo da Sabedoria Divina”. O estudo intelectual deve ser em- preendido com os estágios progressi- Seguir esses degraus é o caminho do vos de reflexão, meditação e prática na vida diária. No prefácio de Aos Pés yoga prescrito por instrutores em vá- do Mestre, podemos ler: “Olhar para o alimento e dizer que é bom não sa- rias tradições da Sabedoria. A Escada tisfaz ao faminto; ele deve estender a mão e comer. Assim, ouvir as palavras de Ouro afirma que não há atalhos no do Mestre não basta; deves fazer o que ele diz, atendendo a cada palavra, caminho espiritual; o aspirante deve pegando cada sugestão. Se uma suges- tão não for levada em conta, se uma subir por si mesmo. Nenhum instru- palavra for perdida, está perdida para sempre; pois Ele não fala duas vezes.” tor ou sistema pode fazer qualquer Antigamente essa autodisciplina milagre. Um dos exemplos disso são era chamada tapas, que literalmente significa “queimar” e implicava calci- as injustiças pessoais que precisam nar as impurezas – ira, ciúme, ganân- cia, inveja, etc. A Bhagavad-Gita fala ser corajosamente suportadas. Todos de diferentes tipos de tapas, ou aus- teridade: “A fala que não causa abor- que trilharam o caminho espiritual, – recimento, que é confiante, agradável PEXELS/PIXABAY e benéfica, a prática do estudo das como Sócrates, Cristo, Buda, Bruno, Escrituras, é chamada de austeridade da fala. Felicidade mental, gentileza, Hypatia e, recentemente, Blavatsky, silêncio, autocontrole, uma natureza pura – isso é chamado austeridade da Leadbeater e Annie Besant – passa- ram por várias provações em suas vi- das. Sem reclamações, eles sorveram até a última gota de dor da taça da “A Teosofia proclama vida deixada pelo karma. o Raja Yoga como o yoga para a era mo- A Teosofia, por meio de seu atual derna. Não precisa- mos correr para mon- veículo, a Sociedade Teosófica, pro- tanhas, florestas ou desertos para apren- clama o Raja Yoga como o yoga para der essa sabedo- ria; não precisamos a era moderna. Não precisamos cor- abandonar família, amigos, parentes.” rer para montanhas, florestas ou de- SOPHIA • MAI/JUN 2019 sertos para aprender essa sabedoria; não precisamos abandonar família, amigos, parentes; mas como Arjuna, que aprendeu este yoga em meio ao campo de batalha, podemos também realizar o yoga da Ciência Real em nossa vida diária. S * K. Dinakaran é conferencista e membro da Sociedade Teosófica na Índia. 43

www.sEondecreçieos dda aSocdiedeadteeTeoosósficoa nfoiBcraasil .org.br CAPITAIS CEP 88.035-000. Tel: (48) 99960- •Loja Conde de S.Germain: [email protected] 0637 (Adolfo). Reuniões 3ª, 19h. reuniões 2ª, 14h. Bragança Paulista-SP Aracaju-SE E-mail: teosofica.florianopolis@ •Loja Himalaia: Tel: (21) 2717-0982. •Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira gmail.com •Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, Jardim Europa, CEP 12916-160. Tel: Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045- Fortaleza-CE 14h. Site: www.bloglojajinarajada- 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E- 750. Tel: (79) 8802-1012/8875-2875. •Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331- sa.wordpress.com mail: [email protected] E-mail: teosofiaemaracaju@gmail. A, Centro. CEP: 60135-000. Tel: (85) •Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. Brusque-SC com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. 99828-2714. Reuniões: sáb. 16h, •Loja Perseverança: reuniões 5ª, •Get Lótus Púrpura: R. João Bauer, Belo Horizonte-MG dom. 9h. Site: lojateosoficaunidade. 14h. E-mail: stlojaperseveranca@ 464, Ed. Andrino, s. 102. CEP: •GET Belo Horizonte: Av. Afonso com.br / www.facebook.com/lojate- gmail.com. Site: www.lojaperseve- 88.350-100. Tel: (47) 99989-0089 Pena, 748, 26º andar. CEP: 30130- osoficaunidade. E-mail: contato@ rança.blogspot.com . Email: [email protected]. 300. Tel: (31) 3464-4310 / 9264-2005. lojateosoficaunidade.com.br •Loja Rio de Janeiro: reuniões Reuniões: 2ª, 4ª e 6ª, 19h. E-mail: [email protected]. Reu- Goiânia-GO sáb., 15h30. Campina Grande-PB niões: qui., 19h às 20h30. •GET Sophia: R. 220, nº 287, Salvador-BA •Loja Sírius: R. Santa Cecília, 692, Brasília-DF s. 5, Setor Coimbra. Tel: (62) 3954- •Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, Santo Antônio. Tel: (83) 3322- SGAS Q. 603, cj. E, s/nº, CEP 70200- 4535/8266-6768/3642-0136/8195- Parque Nossa Senhora da Luz, 8934/8847-5367. Reuniões: dom., 630. Tel: (61) 3226-0662. 0552/3293-4416. Reuniões sáb., Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) 16h30. 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Brasília – programação pública con- mail: lojaesperança@sociedade Reuniões: 6ª, 20h. Site: teosofia- Reuniões: 4ª, 19h. junta: sáb., 14h30 a 21h30. teosofica.org.br liberdade.org.br. E-mail: Capão da Canoa-RS Campo Grande-MS Maceió-AL [email protected]. •Get Dhyana: R. Pindorama,389, •Loja Campo Grande: R. Pernambuco, •GET Maceió: R. Prof. Sandoval Facebook: www.facebook.com loja 1, Centro. CEP: 95555-000. Tel: 824, São Francisco, CEP 79010-040. Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta /lojateosoficaliberdade. (51) 985576481 e (51) 999664042. Tel.: (67) 3025-7251/9982-8106. Verde. CEP: 57035-230. Tel: (82) •Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- Email: [email protected]. Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacam- 3377-0297/9997-8351. E-mail: moto, 301, Liberdade, CEP 01513- Reuniões: 2º e último sábados do [email protected] [email protected]. 040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- mês, 19h. •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Reuniões: sáb., 16h. ões: 4ª, 20h. E-mail: samiracarnei- Cataguases-MG Cidade Jardim, CEP 79040-630. Palmas-TO [email protected] •Loja Unicidade: R. Cel João Du- Tel: (67) 3028-6548 / 9637-7525. • GET Palmas: Q. 101 Sul, cj. 1, •Loja São Paulo: R. Mituto Mizu- arte, 78, s. 204. CEP: 36770-000. Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E-mail: lt. 6, s. 408, Ed. Office Center. moto, 301, Liberdade. Reuniões: Tel: (32) 3421-4448/(32) 3421-1567/ [email protected] CEP 77.015-002. Tel: (63) 3215- dom., 17h. E-mail: celiapetean@ (32) 9982-1123 e (32) 9984-1164. Cuiabá-MT 0936/9951-0459/8139-3218/8415- uol.com.br Reuniões: 3ª, 19h30, e 6ª, 18h30 • GET Annie Besant: R. Venezuela, 3122. Reuniões sab., 15h30. •Get Sananda Kumara: R. Antônio (membros). E-mail: nascimentos- 231, Santa Rosa, CEP 78040-370. E-mails: [email protected], de Vicenzo,125, Jd. das Figuei- [email protected] Tel: (65) 9.8115.8425 / 9.8107.1687 [email protected] e gui.nut@ ras.CEP: 03.211-120. Tel: (11) Caxias do Sul-RS / 9.8128.3144. Reuniões quinzenais: hotmai.com 97365-8604 e (11) 97675-8811. •Loja Jehoshua: R. Itália Travi, 813 6ª, 20h. E-mail: castilho.radiotera- Porto Alegre-RS Email: [email protected]. fundos, Rio Branco, CEP 95097- [email protected] •Loja Dharma: R. Voluntários da Reuniões: 3ª, 20h. 710. Tel/ Whatsapp: (54) 99194- Curitiba-PR Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039- Vitória-ES 8537. Reuniões: 1º e último do- •Loja Libertação: R. República Ar- 900. Tel: (51) 3225-1801. E-mail: •Loja Blavatsky: Av. Princesa Isa- mingo do mês, 15h. E-mail: teoso- gentina, 2.056, 11º andar, s. 115, [email protected]. bel, 35, CEP 29.010-361. Tel: (27) [email protected]. Site: www.teoso- Água Verde, CEP 80.620-010. Tel: br. Site: www.lojadharma. org.br. 3235-1545/3314-5381/9608-5694. fiars.com.br. Facebook: facebook. (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 9646- Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., Reuniões: 3ª, 6ª e sáb., 19h. E- com/teosofiars 5853. Cursos de Introdução: 2ª, 15h às 18h30 (público). mail: [email protected] e Criciúma-SC 19h30 às 21h. Palestras públicas: Recife-PE [email protected] •GET Mabel Collins: Cx P. 263, sáb., 16h às 18h. Reuniões mem- •Loja Estrela do Norte: R. Diogo CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- bros: 3ª, 19h30 às 20h. E-mail: liber- Álvares, 155, Torre, CEP 54420- OUTRAS CIDADES 0380/9904-2080. Reuniões: [email protected] 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: 1º sáb. do mês, 15h, na R. Barão •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, dom., 16h. E-mail: lojaestrelado- Águas de São Pedro-SP do Rio Branco, 549 (perto do Sindi- Alto da Glória. CEP: 80030-320. Tel: norte@sociedade teosofica.org.br •GET Águas de São Pedro: R. cato dos Mineiros). (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h Rio de Janeiro-RJ Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. Juazeiro do Norte-CE (membros); 3ª e sáb., 16h (público). •Loja Augusto Bracet: Av. Treze de CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482- •GET Padre Cícero: R. Santo •Loja Dario Vellozo: R. 13 de Maio, Maio, 13, sala 1520, Centro, CEP: 1009. Reuniões: 5ª, 20h. Agostinho, 300, Biblioteca Pública 538, Centro, CEP 80510-030. Reu- 20053-901. Tel: (21) 2569-9978. Balneário Camboriú-SC Municipal, CEP 63.010-167. Tel: (88) niões: 2º e 4º domingos, 15h30 às Reuniões: 6ª,15h. E-mail: fcarrei- •GET Luz no Caminho: Centro 98808-4808. Reuniões sáb., 16h. 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979- [email protected] de Treinamento Yoga Sadhana, E-mail: [email protected] 7970, 9675-8126. E-mail: claturis- •Lojas Conde de Saint Germain, Ji- Av. Rui Barbosa, 30 (continuação Joinville-SC [email protected] narajadasa, Nirvana, Perseverança da Estrada da Rainha, Praia dos •Loja Shanti-OM: R. Waldemaro Florianópolis-SC e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº Amores). CEP: 88330-468. Tel: Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) •Loja Florianópolis: Av. Madre Ben- 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053-901. 9987-1797. Reuniões: quinzenal- 3433-3706. Reuniões: 4º dom. do venuta4,41295, s. 1, Santa Mônica, Tel: (21) 2220-1003. mente, dom. 17h30. E-mail: mar- mês, 19ShO.PEH-ImA a•ilM: AmI/aJrUilNen2a0w19olf@

yahoo.com.br FRED FOKKELMAN Juiz de Fora-MG • GET Juiz de Fora: R. Padre Café, O que é a 195, 4º andar, Salão de Festas, bairro São Mateus, esquina com Av. Itamar Sociedade Teosófica Franco, CEP 36.016-450. Reuniões 2ª, de 19h a 20h30. Tel: (32) 99810-6667. A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Não há religião E-mail: [email protected] Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Ol- vsueperrdioraà de Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: cott, seu primeiro presidente. A sede internacional 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reuni- foi transferida para Chennai, na Índia, onde se Esse é o lema da ões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. E-mail: there- encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de Sociedade Teosófica. [email protected] 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas Mas a Sociedade não Londrina-PR por Lojas e Grupos de Estudos. se impõe como por- •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, tadora da verdade; o Jd. Quebec. CEP: 86060-190.Tel:(43) A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- laço que une os teó- 3027-2623/9121-3375/9916-0099/9911- cípio da fraternidade universal e a livre investigação -sofos não é uma 8142. E-mail: tarsiladomene@hotmail. da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da crença comum, mas com e [email protected]. Reuni- fraternidade universal da humanidade; encorajar o a investigação da ver- ões: 4ª, 19h. estudo de religião comparada, filosofia e ciência; dade em relação às Niterói-RJ investigar as leis da natureza e os poderes latentes diversas religiões, à •Loja Himalaya: R. da Conceição. 99, no homem. filosofia ou à ciência. s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890/2611-6949. Reuniões: Membros de diversas religiões se filiaram à 45 2ª, 18h. Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando Piracicaba-SP que ela não é uma religião nem uma seita, somente o •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Al- respeito à liberdade de pensamento torna possível a to. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. convivência harmônica que favorece a investigação Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapiraci- e o aprendizado. [email protected] Praia Grande-SP A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou 19h30. E-mail: get.thoth@sociedade a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- teosofica.org.br nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, Ribeirão Preto-SP mas através de correspondências da alma com o •Loja Paz Profunda: R. João Penteado, mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moder- 38, Jardim Sumaré, CEP 14020-180. na, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da Tel: (16) 3237-5109/98138-5148/ 3916- sabedoria não pela crença, mas pela investigação da 4231. Reuniões: sáb. 16h. E-mails: teo- verdade que se manifesta na natureza e no homem. [email protected] São Caetano do Sul-SP •GET do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP: 09541- 300. Tel: (11) 4229-7846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: getdograndeabc@gmail. com São José dos Campos-SP •GET Ishvara: R. Augusto Edson Ehlke, 150, Vila Ema. CEP: 12243-110. Tel: (12) 3901-7424/3208-6693/98877- 8112/99163-1685/99137-9085. Reu- niões 3ª, 19h30. Endereço p/ corres- pondência: R. Ricardo Monteiro, 147, Jardim Renata, CEP 12245-110. Email: [email protected]. FB: facebook. com/Loja Teosofica Vida Una •Loja Vida Una: R. Madre Paula de São José, 163, Vila Ema, CEP 12.243-010. Fone: (12) 3941-7173/99712-2349. Reuniões 2ª, 19h15. E-mail: lojavidau- [email protected] Três Pontas-MG •GET Una Verdad: Rod. 167, km 11, entre Santana da Vargem e Três Pon- tas, CEP 37.190-000. Fone e whatsa- pp: (35) 99936-1396. Reuniões públi- cas 3ª, 20h. E-mail: getunaverdad@ gmail.com Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/3385- 3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E- mail: gS_OmPHulIlAer•8M5@AI/yJaUhNo2o0.c19om.br

ECdonithoeçraaasTpuebloicasçõóesfidca a A Criança Encantada Shiva Sutras O Processo de Autoconhecimento Autotransformação C. Jinarajadasa I.K. Taimni Vicente Hao Chin Jr. Marcos Resende A Criança Encantada não A palavra sânscrita sutra A autotransformação Este livro vem trazer é apenas uma parábola ins- significa “fio, linha, cordão”. consiste de quatro aspectos: luz sobre as atuais e impor- piradora escrita por um dos Textos importantes nas tra- revisão do nosso mapa de tantes questões relativas maiores teósofos do século dições filosófico-religiosas realidade pessoal; esclare- ao percebimento de nós XX. É uma proposta social da Índia são chamados de cimento dos nossos valores; mesmos e à compreensão baseada na fraternidade e sutras. Eles contêm afir- autocontrole; transcendên- desse vasto movimento que na vivência da dimensão mações muito concisas so- cia. O livro traz exercícios é a vida. Não é um livro espiritual. bre a natureza da realidade sobre cada aspecto; aborda para ser apenas lido, mas suprema, da consciência também maneiras de lidar para ser cuidadosamente C. Jinarajadasa nasceu humana e da relação entre com os conflitos psicoló- considerado, pois tem a em Sri Lanka em 1875 e foi ambas. Este livro traz um gicos para superar medos, função de suscitar reflexões o quarto presidente inter- dos mais profundos tratados ressentimentos, depressão profundas nos leitores. Isso nacional da Sociedade Teo- da escola filosófica indiana, e estresse. Trata de temas porque o autoconhecimen- sófica, cargo que ocupou de Shaivismo de Kashmir: os como meditação; saúde; to não pode ser proporcio- 1945 até pouco antes de sua Shiva-Sutras. Ele procura autotransformação e juven- nado pela mera leitura; ele morte, em 1953. Escritor, esclarecer a natureza da re- tude; e a unidade essencial requer uma zelosa obser- linguista e ocutista, foi um alidade suprema, sua reali- das religiões. Fala, ainda, dos vação de nós mesmos e de dos mais importante autores zação pelo indivíduo e a na- fundamentos indispensáveis tudo o que se passa tanto teosóficos do mundo, tendo tureza e o trabalho daqueles para a paz interpessoal, dentro quanto fora de nós. publicado mais de 50 livros que estão permanentemente social e global, sendo uma A escola é a vida; o livro, e mais de 1.600 artigos em estabelecidos nessa realida- preparação necessária para uma importante ferramenta periódicos. Entre os livros de, chamados de Mahatmas a vida espiritual. para provocar a reflexão e a que escreveu há vários para (Mestres). investigação. crianças e jovens. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • MAI/JUN 2019

Compre pelo cartão [ LANÇAMENTO ] de crédito (todas as bandeiras), ou peça pelo Dimensões correio ou pelo e-mail: superiores editorateosofica@ editorateosofica.com.br O Plano Mental quinta dimensão, e às outras dimensões Ligue: 61-33227843 C. W. Leadbeater superiores, que correspondem a estados ou 61-986134906 de consciência. Portanto, o ser humano Esta obra descreve o Mundo Céu, vive dentro de Deus (por assim dizer, Gayatri – O Mantra ou Plano Mental, a partir da meticulosa a última dimensão) sem percebê-Lo: Sagrado da Índia observação do renomado clarividente “Nele vivemos, e nos movemos e temos I. K. Taimni Bispo C. W. Leadbeater (1847–1934). O o nosso ser.” [Atos XVII: 28] autor sustenta que o mundo dos assim Este livro oferece, de for- chamados mortos, ou Plano Astral, con- O Plano Mental é, portanto, uma es- ma bela e precisa, a filosofia, tém ou interpenetra o mundo físico dos pécie de continuação do livro O Plano o significado e a técnica do vivos, pois cada átomo do mundo físico Astral, que se refere à dimensão anterior, Mantra Yoga em geral e do seria constituído pela condensação da mais conhecida como purgatório. Este Mantra Gayatri em particular. matéria astral, que é mais sutil. livro descreve com leveza e precisão os Seu valor reside sobretudo elevados graus de desenvolvimento hu- em revelar, com comentários, Assim, cada objeto tridimensional mano que poderão ser acessados, em explanações e exemplos, o pa- do mundo físico tem necessariamente vida, por todos que se disponham a um pel e a importância do estudo, a sua exata contraparte no Plano Astral profundo trabalho espiritual e de medi- da devoção e da meditação da quarta dimensão. O mesmo raciocí- tação, ou naturalmente, pelos estágios nas primeiras etapas do cami- nio se aplica ao Plano Mental, que é a após a morte. nho que conduz à realização espiritual. 47 Seu autor, que nasceu e vive na Índia, especializou- -se em yoga e no Hinduísmo. Muitos de seus livros foram traduzidos para vários idio- mas, como A Ciência da Yoga (Comentários aos Yoga-Sutras de Patanjali) e Autocultura à Luz do Ocultismo. Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 Brasília-DF – CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843 SOPHIA • MAI/JUN 2019

Para comprar os livros da Editora Teosófica, peça pelo número! 1. A Chave para a Nascimento à Ascenção - para A. P. Sinnett, vol. I. – Psíquicas - Vernon Harrison: Teosofia - H. P. Blavatsky: Geoffrey Hodson: 59,00 Escritas pelos Mahatmas 35,00 42,00 22. A Vida Espiritual - Annie M. e K. H.: 55,00 60. Introdução à Teosofia - 2. A Ciência da Astrologia Besant: 35,00 41. Cartas dos Mahatmas C.W. Leadbeater: 18,00 e as Escolas de 23. A Vida Interna - C.W. para A. P. Sinnett, vol. II. – 61. Investigando a Mistérios - Ricardo Leadbeater: 41,00 Escritas pelos Mahatmas Reencarnação - John Lindemann: 55,00 24. A Visão Espiritual da M. e K. H.: 55,00 Algeo: 35,00 3. A Ciência da Meditação - Relação Homem & Mulher - 42. Cartas dos Mestres 62. Karma e Dharma - Rohit Mehta: 35,00 Scott Miners (comp.): 40,00 de Sabedoria - C. Annie Besant: 33,00 4. A Ciência do Yoga - I. K. 25. A Vivência da Jinarajadasa: 47,00 63. Luz e Sombra – Taimni: 53,00 Espiritualidade – Uma 43. Chegando Aonde Você Elementos Básicos de 5. A Conquista da Proposta Prática ao Está - A Vida de Meditação Astrologia - Emma Costet Felicidade - Kodo Alcance de Todos - Shirley - Steven Harrison: 40,00 de Mascheville: 25,00 Matsunami: 33,00 Nicholson: 23,00 44. Clarividência - C.W. 64. Luz no Caminho - 6. A Criança Encantada - C. 26. A Voz do Silêncio - H.P. Leadbeater: 30,00 Mabel Collins: 18,00 Jinarajadasa: 18,00 Blavatsky: 25,00 45. Conhece-te a Ti Mesmo 65. Meditação – Sua 7. A Doutrina do Coração - 27. As Escolas de Mistérios - Valdir Peixoto: 25,00 Prática e Resultados - Clara Annie Besant: 33,00 – O Discipulado na Nova 46. Contos Mágicos da M. Codd: 25,00 8. A Essência da Vida Espi- Era - Clara Codd: 40,00 Índia - Marie Louise Burke: 66. Meditação Taoísta ritual - Raul Branco: 40,00 28. As Leis do Caminho 33,00 – Métodos para Cultivar 9. A Fraternidade de Anjos Espiritual - Annie Besant: 47. Consciência e Cosmos a Saúde da Mente e do e Homens - Geoffrey Hod- 30,00 - Menas Kafatos & Thalia Corpo - Thomas Cleary son: 33,00 29. Aos Pés do Mestre - J. Kafatou: 37,00 (comp.): 33,00 10. A Luz da Ásia - Edwin Krishnamurti: 18,00 48. Dentro da Luz - Cherie 67. Meditação – Um Estudo Arnold: 33,00 30. Advaita Bodha Deepika Sutherland: 35,00 Prático - Adelaide Gardner: 11. A Mente Imensurável - – A Luz da Sabedoria não 49. Desejo e Plenitude - 33,00 J. Krishnamurti: 53,00 Dualista - Adi Shankara Hugh Shearman: 25,00 68. Meditações – Excertos 12. A Potência do Nada - Swami: 37,00 50. Deuses no Exílio - J. J. das Cartas dos Mestres de Marcelo Malheiros: 33,00 31. Aos que choram os Van Der Leeuw: 23,00 Sabedoria - Katherine A. 13. A Técnica da Vida Mortos - C. Jinarajadasa 51. Educação, Ciência e Beechey (comp.) [livro de Espiritual - Clara Codd: [livro de bolso]: 18,00 Espiritualidade - P. Krishna: bolso] - 25,00 30,00 32. Apolônio de Tiana – 35,00 69. Momentos de 14. A Sabedoria Antiga - Sábio, Profeta e Renovador 52. Em Busca da Sabedoria - H. P. Blavastky Annie Besant: 45,00 dos Mistérios - G. R. S. Sabedoria - N. Sri Ram: [livro de bolso]: 25,00 15. A Sabedoria Oculta na Mead: 33,00 33,00 70. Não há outro caminho Bíblia Sagrada - Geoffrey 33. Aprendendo a Viver a 53. Escritos Esotéricos - a seguir - Radha Burnier: Hodson: 80,00 Teosofia - Radha Burnier: Subba Row - a ser lançado 33,00 16. A Senda Graduada 40,00 54. Estudos Seletos em 71. O Alvorecer da Vida para a Libertação – 34. Aspectos Espirituais “A Doutrina Secreta” - Espiritual - Murillo Nunes de Instruções Orais de um das Artes de Curar - Dora Salomon Lancri: 33,00 Azevedo: 35,00 Lama Tibetano - Geshe van Gelder Kunz: 45,00 55. Eu Prometo – Conversa 72. O Aperfeiçoamento do Rabten: 25,00 35. Através do Portal da com Jovens Discípulos - Homem - Annie Besant: 17. A Senda para a Morte - Geoffrey Hodson: C. Jinarajadasa [livro de 33,00 Perfeição - Geoffrey 30,00 bolso]: 18,00 73. O Catecismo Budista, Hodson: 25,00 36. Autoconhecimento - 56. Fundamentos da H. S. Olcott [livro de bolso]: 18. A Suprema Realização Marcos Resende: 30,00 Filosofia Esotérica - H. P. 18,00 Através do Yoga - Geoffrey 37. Autocultura à Luz do Blavatsky: 30,00 74. O Caminho do Hodson: 37,00 Ocultismo - I. K. Taimni: 57. Fundamentos de Autoconhecimento - Radha 19. Autobiografia de Annie 45,00 Teosofia - C. Jinarajadasa: Burnier [livro de bolso]: Besant: 50,00 38. Autorrealização pelo 50,00 18,00 20. A Tradição-Sabedoria Amor - I. K. Taimni: 30,00 58. Helena Blavatsky - 75. O Catador de Histórias - Pedro Oliveira e Ricardo 39. Bhagavad-Gita - Trad. Sylvia Cranston: 75,00 - Fernando Mansur: 33,00 Lindemann: 33,00 Annie Besant: 25,00 59. H. P. Blavatsky e a 76. O Chamado dos Upani- 21. A Vida de Cristo do 40. Cartas dos Mahatmas Sociedade para Pesquisas xades - Rohit Mehta: 45,00 48 SOPHIA • MAI/JUN 2019

77. O Despertar da Visão da ocultismo - Annie Besant: 103. O Verdadeiro Trabalho 117. Sussurros da Outra Sabedoria - Tenzin Gyatso, 23,00 da Sociedade Teosófica - Margem - Ravi Ravindra: 14º Dalai Lama: 28,00 90. O Plano Astral - C. W. Sri Ram: 23,00 35,00 78. O Despertar de uma Leadbeater: 33,00 104. Pensamentos para 118. Teosofia como os Nova Consciência – Ideias 91. O Poder Criativo, Clara Aspirantes ao Caminho Mestres a Veem - Clara Centrais de “A Doutrina Codd: 30,00 Espiritual - N. Sri Ram: Codd: 35,00 Secreta” - Joy Mills: 25,00 92. O Poder da Sabedoria - 33,00 119. Teosofia Explicada - P. 79. O Fim da Divindade Carlos Cardoso Aveline: 35,00 105. Pérolas de Sabedoria Pavri: 65,00 Mecânica – Conversas 93. O Poder da Vontade - Sri Ramana Maharshi: 120. Teosofia Prática - C. Sobre Ciência e e seu Desenvolvimento 35,00 Jinarajadasa: 25,00 Espiritualidade no Fim de -Swami Budhananda: 106. Pistis-Sophia - Trad. 121. Teosofia Simplificada - Uma Era - John David Ebert 23,00 Raul Branco: 53,00 Irving Cooper: 30,00 (comp.): 40,00 94. O Poder Transformador 107. Preparação para o 122. Três Caminhos para a 80. O Hino de Jesus – Um do Cristianismo Primitivo - Yoga - I. K.Taimni: 33,00 Paz Interior - Carlos Cardoso Rito Gnóstico - G. R. S. Raul Branco: 35,00 108. Princípios de Aveline: 35,00 Mead: 18,00 95. O Segredo da Trabalhos da S. T. - I.K. 123. Tudo Começa com 81. O Homem, sua Origem Autorrealização - I. K. Taimni: 25,00 a Prece - Madre Teresa de e Evolução - N. Sri Ram: Taimni: 30,00 109. Procura o Caminho - Calcutá: 33,00 30,00 96. O Teatro da Mente – Rohit Mehta: 30,00 124. Um Estudo Sobre 82. O Idílio do Lótus Bran- Uma Filosofia do Cosmo 110. Raja Yoga - Wallace a Consciência – Uma co - Mabel Collins: 33,00 e da Vida - Henryk Slater: 30,00 introdução à psicologia - 83. O Interesse Humano - Skolimowski: 35,00 111. Regeneração Humana Annie Besant: 45,00 N. Sri Ram: 33,00 97. Os Ensinamentos - Radha Burnier: 30,00 125. Vegetarianismo e 84. O Lado Oculto das de Jesus e a Tradição 112. Rumo ao Ocultismo - C. W. Leadbeater Coisas - C.W. Leadbeater: Esotérica Cristã - Raul Discipulado - J. e Annie Besant: 30,00 58,00 Branco: 57,00 Krishnamurti: 30,00 126. Você Colhe o que 85. O Milagre do 98. Os Ideais da Teosofia - 113. Sabedoria Antiga e Planta - Antonio Geraldo Nascimento - Geoffrey Annie Besant: 35,00 Visão Moderna - Shirley Buck: 23,00 Hodson: 25,00 99. Os Mestres e a Senda - Nicholson: 45,00 127. Vida e Morte de 86. O Mundo Oculto - A. P. C.W. Leadbeater: 55,00 114. Saúde e Krishnamurti - Mary Lutyens: Sinnett: 43,00 100. Os Mestres e suas Espiritualidade – Uma 45,00 87. O Natal dos Anjos Mensagens - Raul Branco: Visão Oculta da Saúde e da 128. Viveka-Chudamani – - Dora van Gelder Kunz - 30,00 Doença - A Joia Suprema da 18,00 101. Os Sete Temperamen- Geoffrey Hodson: 25,00 Sabedoria - Shankara: 88. Ocultismo Prático - tos Humanos - Geoffrey 115. Sete Grandes Religiões 35,00 Helena Blavatsky: 25,00 Hodson: 23,00 - Annie Besant: 40,00 129. Yoga – A Arte da 89. Ocultismo, 102. Os Sonhos - C.W. 116. Shiva-Sutras - I.K. Integração - Rohit Mehta: Semiocultismo e Pseudo- Leadbeater: 23,00 Taimni: 40,00 52,00 Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 79 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Mai/Jun 2019 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ­____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 91,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 172,00 Por três anos (18 números) por R$ 238,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________ SOPHIA • MAI/JUN 2019 49

MAKIO KUSAHARA


Revista Sophia nº 79

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