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Revista Sophia nº 32

Published by Editora Teosofica, 2021-03-19 17:27:22

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião. Nesta edição:
• Ao leitor: Uma nova consciência;
• Ética na relação com os animais – Tânia Britto;
• A conquista da liberdade – Ravi Ravindra;
• A mensagem da água – Sonia Terra Ferraz;
• A arte de aprender – P. Krishna;
• O novo mito – Joan Price;
• O ritmo do cosmo – Anna Kamensky;
• O novo papel do coração na ciência – Thomas Walker;
• Siga o fluxo – Betty Bland;
• A harmonia na música das esferas – Ricardo Lindemann.

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www.revistasophia.com.br ANO 8 • Nº 32 R$ 10,90

Para comprar, ligue grátis: 0800-610020 Editora Teosófica SGAS Q. 603, s/nº Brasília-DF - 70200-630 Fone: 61-33227843 Fax: 61-32263703 E-mail: editorateosofica@ editorateosofica.com.br Home page: www.editorateosofica.com.br

4 5 Ao leitor Ética na relação Uma nova com os animais consciência Tânia Britto 8 14 A conquista A mensagem da água da liberdade Y. Nemoto, Michiko Hayashi, Ravi Ravindra Maria Consolación Udry, Nadima Nascimento e Sonia Terra Ferraz 18 22 A arte de aprender O novo mito Joan Price P. Krishna 26 30 O ritmo do cosmo O novo papel do coração na ciência Anna Kamensky Thomas Walker 38 40 Siga o fluxo A harmonia na Betty Bland música das esferas Ricardo Lindemann

Uma nova consciência FOTO: OFFICE MASARU EMOTO Foi amplamente divulgado na mídia que as touradas ver o discernimento, a capacidade de identificar o que é foram proibidas por lei na região da Catalunha, na Espa- verdadeiro e descartar o que é falso, chegando assim a nha, a partir de 2012. Considerando que a tourada é uma uma percepção mais profunda do significado da vida, do prática antiga e um símbolo desse país, a proibição se amor, do sagrado, da beleza e da morte. P. Krishna nos reveste de um significado especial. Essa lei resultou de fala da técnica do diálogo, uma ferramenta fabulosa no uma iniciativa popular e demonstra que um número cres- processo de investigação da verdade. cente de pessoas está questionando seus hábitos, especi- almente os que implicam sofrimento de animais. Seguindo uma linha de raciocínio similar, Ravi Ravin- dra, em A conquista da liberdade, fala que o conheci- Vários pensadores mostram que não faz sentido falar mento não pode ser visto como diferente de nossa natu- de direitos humanos se o ser humano não for percebido reza interior. Daí a importância da plena atenção no pro- como parte integrante de um todo que inclui não só os cesso de autotransformação. Para que uma nova consci- demais seres humanos, mas os animais e a natureza. Na ência possa surgir, o eu egoísta deve ser sacrificado. medida em que percebemos a interdependência entre to- das as coisas, que nos conscientizamos de que nós so- Para muitos, deixar de buscar a satisfação dos dese- jos é perder a liberdade. Ravindra sugere que a verdadei- mos o mundo, causar sofri- ra liberdade só pode existir quando há ordem interior, mento aos animais ou destruir quando há uma perfeita sintonia entre a vontade indivi- a natureza passam a ser atitu- dual e a ordem cósmica. O desabrochar da nova consci- des de autoagressão. Confor- ência pode então ser visto como uma batalha contra a me comentado no artigo Éti- nossa natureza mecânica e condicionada. A revolução ca na relação com os animais, interna à qual J. Krishnamurti se refere representa uma de Tânia Brito, precisamos ruptura com um estilo de vida autocentrado, limitado e abolir o “especismo”, ou seja, desprovido de beleza. É o desabrochar para um estilo de a postura de nos sentirmos su- vida permeado pelo amor, pelo afeto e pelo cuidado. periores aos demais reinos da natureza e de usar os animais O artigo A mensagem da água mostra, com bases como objetos de exploração científicas, que o homem e a natureza fazem parte de e consumo. um mesmo todo; que os pensamentos e as emoções hu- manos são capazes de alterar a geometria das moléculas Acabar com o especismo de água. O trabalho de pesquisa de Masaru Emoto con- não é um sonho impossível. A firma o que os grandes mestres espirituais sempre disse- escravidão foi abolida no Bra- ram: quando uma pessoa se transforma, todo o seu meio sil em 1888, num passado não muito distante. A escravi- é afetado. Ao ler esse artigo fica claro que, se nós deseja- dão só foi possível porque havia uma imagem no incons- mos transformar o mundo, precisamos nos transformar. ciente coletivo de que os negros eram inferiores, eram coi- sas, seres desprovidos de alma. A mesma noção separatis- Que as nossas águas internas estejam cada vez mais ta e equivocada existe ainda hoje, levando as pessoas a puras, reluzentes e capazes de refletir as emanações de acreditarem que possuem o direito de explorar, infligir so- nosso sol espiritual. Namastê. frimento e até matar animais indefesos. Essa lógica antro- pocêntrica faz com que o homem derrube florestas, polua Eduardo Weaver o ar e as águas e esgote os recursos naturais do planeta, Diretor-Presidente da Editora Teosófica sem perceber que está prejudicando a si próprio. No artigo O novo mito, Joan Price comenta que para SOPHIA - Ano 8, nº 32 - out/dez 2010 - Publicação da Ed. Teosófica evitarmos um desastre ambiental precisamos celebrar a sacralidade de todo o universo e nossa interligação com SGAS Q. 603, s/nº - Brasília-DF Edição: todas as coisas e seres. Para isso faz-se necessário a emer- CEP 70.200-630 Usha Velasco - DRT-DF 954/99 gência de uma nova consciência holística, uma nova éti- Fone: (61) 3322-7843 Revisão: ca centrada no cuidado, na compaixão e no amor. Con- Fax: (61) 3226-3703 Zeneida Cereja da Silva forme coloca Joan, devemos desabrochar para o sol como E-mail: editorateosofica@ Tradução: a flor de lótus, a flor sagrada da Índia. editorateosofica.com.br Edvaldo Batista de Souza A questão que se coloca é: como promover uma mu- Site: www.editorateosofica.com.br Tiragem: dança tão radical na consciência da humanidade? Em seu Editor-chefe: 9.000 exemplares artigo A arte de aprender, P. Krishna fala do tipo de edu- Eduardo Weaver Impressão: cação que precisamos para essa transformação de cons- Coordenadora editorial: Gráfika Papel e Cores ciência. Segundo ele, o tipo de aprendizado que prevale- Zeneida Cereja da Silva Distribuição nacional: ce em nossas escolas está voltado para o acúmulo de Conselho Editorial: Fernando Chinaglia conhecimento, mas pouca ênfase é dada para desenvol- Marcos Luis Borges de Resende, Eduardo Weaver, Pedro Oliveira e * As imagens utilizadas são de exclusiva Zeneida Cereja da Silva. responsabilidade do editor-chefe. 4 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

ANETAPICS/SHUTTERSTOCK ‘‘A palavra ética refere-se ao comportamento não apenas em SOPHIA • OUT-DEZ/2010 relação aos humanos, mas aos animais e à natureza. Hoje surge uma nova ética: a compreensão ‘‘de que animais são seres diferentes, não inferiores a nós Ética na relação com os animais Tânia Brito* Animais são seres dotados de cons- ciência, raciocínio, memória, inteligên- cia, sensibilidade física e emocional, assim como de percepções especiais, como afirmam os estudos de psicolo- gia e neuroanatomia animal. As pessoas que são capazes de re- conhecer neles esses atributos man- tém com os animais um convívio be- néfico, amigável e prazeroso. Aqueles que não conseguem re- conhecer esses atributos mantém com eles um relacionamento de jugo e de exploração, e consideram nor- mal a adoção de diversas práticas de maus tratos. Esse comportamento antiético ori- gina-se no preconceito e na discrimi- nação, baseada na crença de que hu- manos são seres superiores aos ani- mais. A discriminação entre espécies é chamada de especismo. Especismo é a crença na superio- 5

ridade de uma espécie sobre outra. que constitui também a causa dos as- dade. Defendem o reconhecimen- Com base nessa crença, o compor- pectos negativos das relações soci- to desses direitos inerentes aos ani- tamento humano em relação aos ais, como racismo, sexicismo, impe- mais, uma vez que são seres sensi- animais passa a ser de dominação, rialismo e militarismo, todos decor- entes, capazes de experimentar o fundamentada na visão utilitarista rentes do “sistema do dominador”. prazer e a dor física e emocional, onde se promove a coisificação dos Eles passaram a defender e a di- assim como nós, humanos. animais, segundo as nossas neces- vulgar uma nova postura baseada No mundo contemporâneo cres- sidades ou prazeres. no ecocentrismo, onde os valores ce cada vez mais o número de or- a serem cultivados são: a harmonia ganizações que lutam por esses di- Os animais deixam de ser vistos com a natureza; a compreensão de reitos. Movimentos como Abolicio- como seres vivos e sensíveis, pas- que toda a natureza tem valor in- nismo Animal, Libertação Animal, sando a representar produtos para trínseco; a igualdade entre as dife- grupos organizados que divulgam serem comercializados, cifras eco- rentes espécies; e o valor inerente o vegetarianismo (alimentação isen- nômicas (como a “arroba do boi em da vida não humana, ou seja, se- ta de carnes de qualquer espécie) pé”) e elementos destinados à sa- res humanos passam a ser consi- tisfação humana nas mais diversas derados mais um dos ele- modalidades. mentos que compõem a natureza, e não o seu se- “Os animais dei- Passam a ser classificados como nhor – um dos inúmeros xam de ser vistos animais de consumo, animais de fios que juntos compõem como seres vivos e produção, animais de tração, ani- a teia da vida. sensíveis, passando mais de guarda, animais de com- a representar pro- panhia, animais de entretenimento, Dentro desse novo pa- dutos para serem animais de laboratório etc. radigma, os filósofos con- comercializados, temporâneos sugerem a cifras econômicas O especismo nasce da visão an- abolição da dominação ex- (como a ‘arroba do tropocêntrica ou da crença na su- ploradora e antiecológica boi em pé’) e ele- perioridade do ser humano sobre do ser humano pelo ser hu- mentos destinados à todos os demais reinos da nature- mano, dos animais pelo ser satisfação humana” za. Os reinos da natureza são vis- humano e da natureza tos como objetos de exploração, já como um todo pelo ser hu- que, desse ponto de vista, o único mano. Ao invés disso, su- sentido para suas existências é ser- gerem a convivência pací- vir e permanecer à disposição dos fica e a troca de benefícios seres humanos. numa coexistência harmo- niosa, baseada na coope- Na segunda metade do século ração e no respeito à vida 20 surgiu um movimento que pas- em todas as suas formas. sou a ser chamado de Ecologia Pro- Essa nova postura di- funda. Trata-se de uma nova cor- ante da natureza influen- rente de pensamento liderada por ciou a criação de várias filósofos contemporâneos, entre organizações pela defesa eles o norueguês Arne Naess e o do meio ambiente, assim conhecido físico australiano Fritjof como a de organizações Capra, autor de O Tao da Física e específicas de proteção A Teia da Vida. aos animais que hoje inte- gram a causa animal em Inspirados pelas recentes desco- todo o mundo. bertas da física quântica e pela corre- Elas reúnem pessoas lação que ela apresenta com as tradi- que são capazes de reco- ções místicas orientais, esse grupo de nhecer que os animais têm filósofos formulou uma nova linha de direitos: direito à vida, di- PATRICK NIJHUIS pensamento que nega a visão antro- reito ao bem estar e, por pocêntrica, ou o “sistema do domi- que não, direito à afetivi- nador”. Considera-se que essa visão de mundo é a causa dos malefícios SOPHIA • OUT-DEZ/2010 causados ao meio ambiente em todo o planeta, assim como aos animais, e 6

e o veganismo (postura de vida que tação, o abate para comercialização novos paradigmas. A palavra ética não faz uso de nenhum produto de de partes de corpos, o uso de ani- refere-se ao comportamento benéfi- origem animal por entender que os mais como entretenimento nos cir- co dirigido não apenas em relação inúmeros sofrimentos que são cau- cos, nos zoológicos, nos rodeios e aos seres humanos, mas estende-se sados aos animais advêm desse há- nas rinhas, o uso de animais silves- também aos animais e aos demais bito de consumo). tres presos como adornos, a práti- reinos da natureza. Hoje surge uma ca da vivissecção (cortar o que está nova ética entre humanos e animais: São pessoas que desejam ser a vivo), os experimentos com animais a compreensão e o reconhecimento voz dos animais, falar por eles e de- nos laboratórios da indústria, da de que animais são seres diferentes fender o fim de hábitos e atos cru- pesquisa científica e do ensino aca- de nós, não inferiores a nós. éis, como o tráfico de animais, a dêmico, entre outros. caça e a pesca, a criação em confi- * Membro da Sociedade Teosófica em namento, a reprodução por meios Felizmente já se evidencia em Salvador e da Ordem Teosófica de Serviço/ artificiais, a engorda por meios ar- todo o mundo sinais de uma nova Proteção aos Animais, Brasil tificiais, o abate para uso na alimen- postura, de mudança de valores, de SOPHIA • OUT-DEZ/2010 77

A conquista liberdda ade ‘‘A verdadeira ciência do espírito deve se basear na compreensão de seres transformados, com acesso a vários níveis de realidade diferentes dos níveis até ‘‘agora estudados pelas ciências naturais 8 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

Ravi Ravindra* Nobel de física do próximo ano será uma Existe algo particularmente triste na pessoa mais integrada ou mais completa do que Kepler ou Pitágoras? avidez com que muitas pessoas religio- Quando estamos totalmente fora de sas vêm aderindo a descobertas ou teo- sintonia com nosso próprio centro, não rias da física moderna para justificar sua conseguimos orientação interior; conse- fé ou para encontrar respaldo para suas quentemente, buscamos apoio nas teo- posições religiosas. rias cambiantes da ciência ou da teolo- gia. Esse tipo de propensão externa pode Antes do século XVI, na Europa, toda substituir a disciplina de uma verdadei- atividade tinha que ser justificada à luz ra busca interior e bloquear o real foco da teologia cristã, da mesma forma como em nós próprios. Quando confiamos na antiga União Soviética, durante vári- mais nas imagens mentais do que na vi- as décadas do século XX, tudo tinha que são direta de nós mesmos, nos afasta- ser justificado em termos do materialis- mos de nossa natureza interna essenci- mo dialético. Nos dois últimos séculos al, do ventre de onde, a verdadeira ortodoxia intelectual é a segundo Jesus, os da ciência. Quando se deseja vender ou rios de água viva flu- promover algo, é melhor pedir que a em (João 7.38). Eins- “Nosso conheci- ciência prove o valor desse produto, seja tein estava certo mento não pode ele um tipo particular de pasta de dente quando disse que “o ser visto como se- ou um sistema de meditação transcen- modismo atual de se parado da nossa dental. Todo guru sente-se mais seguro aplicar os axiomas da natureza interior se um cientista, especialmente se for um ciência física à vida e da qualidade físico detentor de um Prêmio Nobel, humana não é ape- de nossa atenção. estiver sentado à mesa a seu lado. Hoje, nas um equívoco to- Ele deve conside- até mesmo Deus tem de ser cientifica- tal, mas tem em si rar que existem mente aceitável. também algo de re- muitos níveis de preensível”. ser dentro de nós” O que esperamos que a ciência faça Schroedinger foi por nós? Que esperanças temos em re- ainda mais esclarece- lação a ela? Sabedoria? Liberdade? Sal- dor: “A física nada tem a ver com a reli- vação? Alguma descoberta da ciência gião. Ela lida com as experiências do dia poderá produzir uma transformação do a dia, à qual dá continuidade por meios nosso eu interno, o único lugar onde mais sutis. Permanece presa à coisa, não residem a escravidão e a verdadeira li- a transcende genericamente, não pode berdade? Alguma teoria ou autoridade penetrar num outro reino.” externa poderá fazer isso por nós? Na Também não devemos nos deixar verdade, que utilidade terá para nós o seduzir por comparações superficiais en- conhecimento sobre salvação e ilumi- tre certas expressões e paradoxos da ci- nação contido nas escrituras? Os teólo- ência contemporânea e do pensamento gos, indivíduos comprometidos com o oriental. Eles são totalmente diferentes uns estudo das escrituras, conseguem sal- dos outros em seus procedimentos, in- var a si próprios? Os físicos, com todo o tenções, metas e consequências, simples- seu conhecimento sobre as intricadas mente porque lidam com tipos de natu- leis da dinâmica, do magnetismo e da reza diferentes. Além disso, essas compa- geometria, tornam-se iluminados? rações são, via de regra, instadas por pes- soas que, embora procedam das tradições YELLOWJ/SHUTTERSTOCK Do que precisamos? Buscar nas re- judaico-cristãs, têm, contudo, pouca afi- centes descobertas da mecânica quânti- nidade com os princípios e as expressões ca a comprovação da existência do livre- da espiritualidade ocidental, que consi- arbítrio deve refletir um tipo peculiar de deram fundamentalmente diferentes da es- insegurança psicológica. Buda teve que piritualidade oriental. esperar por alguma prova do teorema de Bell, da teoria da relatividade ou da ho- lografia? Será que o vencedor do Prêmio SOPHIA • OUT-DEZ/2010 9

Caminhos para a transformação A verdadeira ciência do espírito ritual, não há nada de novo a res- cias do ser e, ao mesmo tempo, age deve se basear na compreensão de peito da questão do determinismo sobre o ser. É como o sistema mutu- seres humanos transformados, com versus livre-arbítrio. Nenhuma luz amente interativo de espaço-tempo acesso a vários níveis de realidade radicalmente nova foi lançada so- e matéria na teoria geral da relativi- quantitativamente diferentes dos ní- bre ela com o desenvolvimento da dade: a matéria afeta o espaço-tem- veis até agora estudados pelas ciên- mecânica quântica. O determinis- po e o espaço-tempo afeta a maté- cias naturais. As ciências sagradas mo de um efeito que resulta de uma ria. Na lei do karma o ser efetua a como yoga, zen, alquimia, certos as- causa é uma noção que é parte in- ação e a ação afeta o ser. pectos do sufismo e do cristianismo tegrante do conceito de lei. Se existe monástico existiram durante séculos, lei, existe determinismo. Se eu tenho uma determinada mas muitas vezes caíram em mãos personalidade, naturalmente vou sectárias. A consequência disso é que Mas é importante que seja en- ser induzido a praticar certos tipos as mentes iluminadas e os corações fatizado que, precisamente porque de ação. Por sua vez, essas ações sensíveis da era moderna afastaram- existe a lei, existe a possibilidade deixam sulcos no meu ser, alteran- se delas. Quando essa ciência do de liberdade. Uma lei pressupõe a do-o de modo que eu me torno uma espírito estiver liberta do domínio ex- existência de um preço a ser pago pessoa com novas características e clusivamente sectário, racionalista e para que se consiga a libertação obscurantista, ela será cada vez mais das condições que ela impõe. É “Uma lei pressupõe apreciada pelo seu verdadeiro va- muito romântico imaginar que po- a existência de um lor, como instrumento para que as demos adquirir imortalidade, sal- preço a ser pago pessoas descubram e realizem seus vação ou liberdade para nossa para que se consiga objetivos interiores. alma sem pagar o preço cobrado a libertação das pela lei que nos mantém natural e condições que ela A maior conquista da ciência legalmente acorrentados. Mas as vi- impõe. As viagens moderna é a descoberta de suas agens espaciais teriam sido impos- espaciais teriam próprias limitações e a crescente síveis sem a compreensão da lei sido impossíveis sem apreciação do fato de que aquilo da gravitação universal, que nos a compreensão da que conhecemos depende não ape- mantem presos à Terra. Para via- lei da gravitação” nas do que está fora, mas também jarmos pelo espaço precisamos cal- do que somos e do modo como vi- cular com precisão a velocidade de JOSE ANTONIO PEREZ vemos. Nosso conhecimento não escape que é necessária para ven- pode ser visto como separado da cer o efeito da lei de gravidade, e nossa natureza interior e da quali- precisamos ter o combustível e a dade de nossa atenção. Ele deve tecnologia adequados para adqui- considerar que existem muitos ní- rir essa velocidade. veis de “ser” dentro de nós. Mas certamente, em todas as par- É importante que seja feita uma tes do mundo, pode-se encontrar al- investigação prática sobre os cami- guma forma de religião que vende nhos que conduzem à transforma- indulgências baratas, físicas ou dou- ção do ser humano escravo do trinárias, para assegurar àqueles que medo e da ambição em um ser li- são crédulos que foram especialmen- vre. Nesse processo investigativo a te escolhidos para a graça agora e ciência natural pode ajudar, mas para a glória por todo e sempre. também pode atrapalhar, em fun- ção do tipo de relacionamento que Voltando ao exemplo da lei na- temos com ela. tural, podemos olhar para a lei de causalidade, que rege toda a natu- Algumas tradições antigas pos- reza, interna e externa. Na Índia ela tulavam que o universo era regido é expressa como a lei do karma. por leis e que a natureza, com suas Voltando a nossa atenção apenas aos leis rígidas, impunha aos seres hu- seres humanos, podemos expressar manos uma espécie de escravidão. a lei do karma da seguinte maneira: Do ponto de vista filosófico e espi- a ação é determinada pelas tendên- 1 0 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

tendências. Na oportunidade se- nifica apenas uma atividade corpo- a base para qualquer prática espiri- guinte, agirei de acordo com mi- ral, mas também abrange pensa- tual. Compreendida parcialmente, a nhas novas tendências. Minha ação mentos, sentimentos e intenções. partir do ponto de vista de apenas futura (karma) é assim determina- Quando tenho maus pensamentos um nível dentro do ser humano, a da por minha ação passada. Ações a respeito de alguém, isso não ape- lei do karma cria um círculo vicioso importantes deixam impressões pro- nas reflete a qualidade do meu ser, do qual não se consegue escapar, e fundas na psique, criando nós que mas também afeta ulteriormente frequentemente tem sido compreen- afetam minhas ações futuras duran- essa qualidade. dida dessa maneira, levando ao de- te longo tempo, sem que eu neces- sespero ou à resignação. sariamente esteja ciente dos nós ou Esse é um exemplo de uma lei de suas causas iniciais. da natureza tradicional, mais ou No entanto, quando vista da menos compreendida sob essa for- perspectiva de uma pessoa total, a Como princípio geral, os efeitos ma pelos dois terços da humanida- lei do karma pode indicar, àque- do karma não estão restritos a uma de que agora vivem na Ásia e pela les que desejam se dedicar à disci- única vida; a lei encurta a fronteira vasta população dos países hindus plina envolvida na purificação de do que é comumente chamado vida e budistas. É uma lei de determinis- suas percepções, precisamente e morte. Incidentalmente se pode mo, mas é também uma lei que tor- quais são os nós em suas vidas, argumentar que uma ação não sig- na a liberdade possível e que provê que os impelem a agir do modo SOPHIA • OUT-DEZ/2010 11

como agem, mesmo contra a sua Cada um de nós tem a possibili- Selrievs rheumsanos vontade e a compreensão de suas dade de se empenhar para dominar mentes – e também como resolver as compulsões originadas do funci- É a intervenção intencional que e vencer esses nós. onamento natural de nossas própri- transforma os seres humanos para as tendências, tendências essas que que eles não apenas desempenhem E, o que é mais importante: a pes- são baseadas em nossas experiên- uma função natural no cosmo, mas soa pode confiar na lei do karma e cias, conhecimento e impressões também tenham a possibilidade de trilhar o caminho espiritual na cer- acumuladas ao longo do tempo. realizar um propósito espiritual. O teza de que o universo ou os deu- Este é o significado do trabalho es- que torna possível esse empreendi- ses não agem de maneira capricho- piritual: uma luta contra nossa pró- mento intencional é a atenção. Essa sa e que ninguém será elevado ou pria natureza mecânica, na qual os é a razão por que em todos os ensi- degradado acidentalmente. Cada um aspectos espirituais do cosmo aju- namentos espirituais – nos Yoga Su- de nós é responsável por sua pró- dam os aspectos espirituais da hu- tras, nos Philokalia ou na prática zen- pria vida até as últimas consequên- manidade, assim como as funções budista – a atenção em suas várias cias: salvação ou perdição. A digni- involuntárias e naturais do universo qualidades e níveis constitui o prin- dade de nossa existência está base- ajudam a existência não intencional ada na solidez de uma lei que funci- e natural dos seres humanos. ona em todas as partes do cosmo. “O karma é um SOPHIA • OUT-DEZ/2010 exemplo de uma lei da na- tureza tradicio- nal, compreen- dida sob essa forma pela vas- ta população dos países hin- dus e budistas” 12

cipal instrumento de transformação. ção. A existência básica do eu es- querem”. Compreendem que a liber- A atenção livre dos temores e piritual tem a ver com a atenção, dade não está em se opor à lei ou à com a sensibilidade, com a diligên- ordem – isso seria apenas anarquia ambições egoístas, que estão cons- cia, com a intenção e com o insight e caos. A liberdade está fundamen- tantemente levando a mente para – qualidades que nos tornam ver- tada na lei. Aqueles que não respei- as dimensões do tempo passado e dadeiramente humanos e livres. tam a lei natural – tanto a lei interna futuro, afastando-a do momento quanto a externa – não podem ser presente no qual a dimensão de Sendo assim, a liberdade não é livres. A liberdade só é possível eternidade cruza a de tempo, é a uma realidade para a maioria dos quando a pessoa está ordenada in- essência da meditação e da oração seres humanos, que não tem nem ternamente, quando as partes infe- sérias. Essa é a forma de se conec- inclinação nem habilidade para lu- riores e menos conscientes são ca- tar com os princípios mais eleva- tar contra suas naturezas inferiores. pazes de ouvir as partes mais cons- das do seu ser e do universo, e com No entanto, isso permanece como cientes. Certamente no contexto es- as leis superiores, abandonando as uma potencialidade para todos piritual pode-se dizer que a liberda- súplicas por favores especiais. aqueles que estão se preparando de de perfeita só surge a partir da obe- maneira correta. diência perfeita, uma completa sub- O despertar para a vida espiri- missão da vontade individual à or- tual é acompanhado de uma clare- Os seres humanos livres, por dem intrínseca, à vastidão do Tao. za progressiva da mente e do cora- outro lado, não fazem “aquilo que O pagamento final cobrado pela lei de liberdade é o sacrifício do eu egoísta, de todas as partes que es- tão presas e que inconscientemente repetem ações compulsivas determi- nadas pelo passado. Pessoas egoís- tas se revestem de uma aura de au- toimportância e têm a sensação que o propósito de suas vidas está des- vinculado do plano do cosmo. Aque- les que estão dispostos a pagar o preço do sacrifício são capazes de se libertar. Foi o caso de Jesus, que se esvaziou completamente e mor- reu para sua vontade particular, de modo que pôde ser preenchido com o ser e a vontade de Deus, e disse, na véspera de sua morte, que sua alegria era então completa. Segundo os Yoga Sutras, os sábi- os chegam à liberdade final quando seus insights estão de acordo com a ordem cósmica. O dançarino é mais livre quando naturalmente está em harmonia com o tempo e o ritmo da dança. Então, o dançarino pertence ao universo e o universo pertence ao dançarino, e assim ambos reali- zam o seu propósito comum. ATTILA JÁNDI * Escritor indiano, mestre em Ciência e Ph.D em Física pela Universidade de Toronto; SOPHIA • OUT-DEZ/2010 mestre em Filosofia pela Universidade de Dalhousie, Canadá, onde é professor de Física e chefe do Departamento de Religião. 13

‘‘Pelo fato de nós, seres humanos, sermos JORGE PEDRO BARRADAS 70% água e metade do planeta ser água, é da maior importância que todos nós saibamos o quanto a água pode afetar as A ámegnsuageam ‘‘dapessoas, o meio ambiente e a Terra 1 4 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

Y. Nemoto, Michiko Hayashi, Maria peratura entre 0,5º C e 0º C), ela Em 1999, com a publicação do Consolación Udry, Nadima Nascimento cria uma forma idêntica à letra chi- livro A Mensagem da Água em ja- e Sonia Terra Ferraz * nesa que representa a água. Será ponês e em inglês, foi possível pela que os sábios chineses conheciam primeira vez mostrar fotos de cris- Masaru Emoto empreendeu ex- esse fato? Outros alfabetos não ex- tais da água e os resultados da in- tensa pesquisa relativa à água, não pressam esse saber. vestigação. As fotografias mostram como pesquisador científico clássi- O cristal é uma substância sólida que “a água é capaz de transmitir, co, mas principalmente sob a pers- com átomos e moléculas configura- reter e memorizar informação, me- pectiva de um pensador original. dos ordenadamente. Da mesma for- morizando músicas, fotografias, Seu trabalho, que se situa na fron- ma como ocorre com o rosto de palavras, orações e o estado da teira da ciência, demonstra que sen- pessoas, na neve não existem dois consciência humana.” timentos, emoções, sons e outros cristais com a mesma face. Foi essa Masaru Emoto defende o prin- fatores físicos influenciam a geome- percepção que levou Emoto a con- cípio de que a água pode ser um tria da molécula de água, abrindo gelar a água e tirar fotos dos cristais. instrumento para a solução de inú- perspectivas para o estudo de como Através das fotos, ele obteve um re- meros problemas humanos. Ele pre- a consciência humana interfere nas sultado surpreendente no estudo das vê: “Quando a água for estudada condições ambientais e modifica a fases da água. Após centenas de fo- com seriedade, saberemos que a realidade que a cerca. tos, ele conseguiu finalmente obter base do fenômeno da vida se cha- uma primeira foto de cristal de água. ma hado (ressonância, vibração, Ele iniciou seus estudos da água Com essa realização o experimento harmonia). Quando a teoria de que há mais de 20 anos, quando conhe- ganhou força. Graças à colaboração a água transmite informação for am- ceu Lee Lorenzen na Universidade de várias empresas e voluntários, foi plamente aceita, a sua eficiência de Berkeley, um pesquisador da possível fotografar água de fontes na- será reconhecida e isso trará resul- água que desenvolveu o que se turais, de chuva e de rios, lagos e tados formidáveis ao desenvolvi- denominou água microestruturada, pântanos em todo o mundo, inclu- mento industrial. Posteriormente, ou água de ressonância magnética. indo o Japão. quando todos os seres humanos no Desde esse encontro Masaru Emo- Emoto percebeu que a natureza planeta tiverem sentimentos amo- to não parou mais de pesquisar so- da água se revelava de forma mais rosos e de consideração para com bre o tema e de se perguntar se ha- plena no estudo de seus cristais con- a água, poderemos obter energias veria algum aparelho que pudesse gelados. A partir de suas fotografi- alternativas e sustentáveis a partir medir e “ver” a água. as, ele descobriu que os cristais for- desse recurso natural.” mados na água conge- A partir do trabalho de Lorenzen lada eram moldados pe- ele encontrou um aparelho que po- los pensamentos since- OFFICE MASARU EMOTO dia medir hado (vibração). Esse apa- ros e sentimentos posi- relho, chamado MRA (Analisador de tivos direcionados para Ressonância Magnética), era utiliza- a água. Analisando cris- do nos Estados Unidos em laborató- tais congelados de água rios homeopáticos. Emoto levou o oriunda de fontes crista- aparelho para o Japão para usá-lo linas que haviam sido ex- no estudo da água microestruturada postas a palavras amá- e assim desenvolver suas pesquisas. veis, pensamentos posi- tivos e boa música, ele À medida que o trabalho sobre se deparou com maravi- a água prosseguia, Emoto se per- lhosos padrões de cris- guntava que informação cada tipo tais brilhantes e hexago- de água guarda. Há alguma possi- nais. Por outro lado, em bilidade de observar isso? O que a águas poluídas ou em água limpa ou impura representa águas expostas a pala- para o corpo humano? Existem mé- vras e intenções negati- todos para expressar diferenças nas vas, os padrões forma- características da água? dos eram de cristais in- Fotografias de Emoto: cristais da água moldados completos e disformes. por pensamentos e sentimentos positivos das pessoas Quando a água congela, ela se cristaliza. No momento exatamente 15 anterior ao seu retorno ao estado líquido (com um aumento de tem- SOPHIA • OUT-DEZ/2010

O experimento da represa Essa experiência foi possível submetidos. Contudo, no caso da A experiência: cristais porque no Japão a maioria das pes- água, o fenômeno assume caracte- da mesma represa soas acredita que a alma reside no rísticas especiais. A água compõe a fotografados antes da espírito presente nas palavras. O ex- maior parte do planeta e, em espe- prece (à esquerda) e perimento na represa Fujiwara, em cial, a maior parte do corpo huma- depois da energia Minakami-cho, província de Gun- no. Então, ações e pensamentos amorosa ser enviada ma, consistiu em tirar fotografias dos positivos atuam sobre a água do à água (à direita) cristais da água da barragem antes nosso corpo e sobre a água exis- e depois de uma prática de purifi- tente em outras pessoas e na natu- relação com a água, nossa grande cação conduzida pelo reverendo reza à nossa volta, produzindo os fonte de vida. Essa mudança deve- Kato Hoki, diretor do templo de mais variados resultados. rá ser não só conceitual, mas en- Jyuhoim na cidade de Omya. volver também hábitos, formas de Esse processo construtivo de in- tratamento, organização, respeito e Os cristais da água colhida an- fluência qualitativa do pensamen- até mesmo uma ritualização de nos- tes do experimento mostraram-se to sobre a molécula de água mol- sa relação com a água. repugnantes, parecendo o sem- da o imaginário coletivo, atingin- blante de uma mulher em sofri- do diversas dimensões. Ele pode A obra de Emoto traz novas e mento. No dia do experimento, a ser de grande utilidade em uma instigantes perspectivas para o nos- comunidade local se reuniu nas série de áreas de conhecimento. so futuro. O desafio continua sen- margens da represa e o reverendo Por exemplo: em ciência e tecno- do saber se conseguiremos avan- Kato realizou uma prece dirigida logia, com laboratórios locais para çar para um outro tipo de entendi- às águas, com a duração de uma verificação da situação da água; na mento, uma nova consciência e uma hora. Momentos antes do final da educação e na arte, e de forma nova relação com a água e a vida prece, a superficie da água tornou- extensiva na elevação do imaginá- do nosso planeta azul. Emoto con- se visivelmente bela, deixando os rio coletivo; nas ciências sociais, clama a humanidade a desenvolver presentes atônitos. Emoto relata: ambientais e políticas, no planeja- uma autêntica cultura da paz. “Logo após a prece colhemos uma mento e gestão; nas ciências psí- amostra da água e analisamos o re- quicas e espirituais etc. SOPHIA • OUT-DEZ/2010 sultado. Os cristais geraram fotos excepcionais, heptágonos brilhan- Essa percepção remete à neces- tes de grande beleza. Nunca haví- sidade de sensibilizar todos os seg- amos visto fotos tão lindas e de mentos da sociedade para que esse energia tão radiante. As pessoas saber seja apropriado pelas várias dizem que essas fotos fazem com vertentes da atividade humana de que elas sintam poder e energia forma transdisciplinar, complemen- nas suas almas, refletindo talvez a tar e extensiva. Como a água per- energia do amor que foi projetada passa todas as esferas da vida no na água.” planeta, trabalhos pontuais de sen- sibilização podem ser feitos de for- Sendo a água um elemento bá- ma interdisciplinar e multidiscipli- sico na formação e estruturação da nar, envolvendo diversos setores da vida, a percepção de Emoto con- sociedade. É fundamental que or- duz a humanidade a um novo pa- ganizações governamentais, não tamar de pensamento e à concep- governamentais, de ensino, técni- ção dos efeitos geradores da reali- cas, religiosas, alternativas etc este- dade física, emocional e mental. jam envolvidas nessa tarefa. Mais ainda: ele está demonstrando que, na medida em que nossos atos São ilimitadas as possibilidades interferem no ambiente, somos cor- de geração de projetos associados responsáveis pela criação. a essa visão quântica da água e sua relação com o imaginário humano. É conhecido o efeito que dife- O exercício desse pensar pode de- rentes frequências exercem sobre flagrar uma série de processos que a configuração dos materiais a ela produzirão uma mudança na nossa 16

OFFICE MASARU EMOTO Instrumento para a paz mundial Masaru Emoto é japonês, forma- Mensagem da Água para Crianças ga- Paulo, Caxambu, Rio de Janeiro e Bra- do em Ciências Humanas e doutor em nhou fortes aliados e foi traduzido para sília. Graças ao oferecimento de uma Medicina Alternativa. Sua obra A Men- vários idiomas, inclusive o português. área por um parceiro brasileiro, Emoto sagem da Água tornou-se um fenô- pretende realizar em nosso país o meno que vem ganhando amplitude Passando a se denominar um “mis- sonho de construir o Water & Emoto mundial. Foi traduzida em 45 línguas sionário da água”, Emoto vem direci- Peace Center, um instituto de pesqui- e publicada em 80 países, com ven- onando esforços para a criação de sa sobre a água. das que ultrapassaram três milhões de uma cultura de paz em todo o plane- cópias. Sua revelação de que a água ta. Tem viajado ativamente pelo mun- Nesse centro, a sua tecnologia de pode estar profundamente ligada à do nos últimos onze anos, fazendo cristais de água, hoje considerada por consciência individual e coletiva vem conferências e divulgando suas des- muitos como uma arte, poderá se con- instigando pesquisadores e ganhan- cobertas, com a esperança de contri- solidar como ciência. Lá serão tam- do aclamação mundial. buir efetivamente para a consolida- bém desenvolvidas pesquisas para a ção de uma consciência de paz. obtenção de energia a partir da água. Durante uma conferência realiza- Ele prevê que o centro se tornará ins- da na sede da ONU em 2005, ele re- Após visitar muitos países nos últi- trumento para a construção de uma velou seu intento de distribuir 650 mi- mos dez anos, ele chegou à conclusão nova aliança internacional para pro- lhões de cópias do seu livro adaptado de que, em razão da abundância dos mover a paz mundial. Seu objetivo é para crianças de todo o mundo, so- recursos hídricos e da generosidade de integrar todos os povos do planeta, bretudo nos países em desenvolvimen- seus povos, a América do Sul era o resolvendo os problemas de energia to. O projeto, denominado Projeto lugar ideal para a construção de um por meio da água. Emoto para a Paz, foi integrado às ati- instituto de pesquisa sobre a água. vidades da Década Internacional da * Os autores fazem parte do Escritório Hado In- Água (2005-2015), promovida pelas Em julho e agosto de 2010, visi- ternational no Japão e do Instituto Oca do Sol Nações Unidas. Desde então seu livro tou o Brasil para dar palestras e em Brasília. workshops e realizou cerimônias de SOPHIA • OUT-DEZ/2010 gratidão e amor pela água em São 17

apAraertendde er ‘‘Com o tempo, a pessoa necessariamente cresce em conhecimento e experiência, mas não em sabedoria. ‘‘Somente quando a mente possui a percepção direta da verdade é que a ilusão desaparece 1 8 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

P. Krishna* da beleza e da morte. Essa apren- rios e simpósios nas universidades, Devemos fazer distinção entre dizagem não é cumulativa, nem está assim como as conversações diplo- limitada à questão do tempo. Ela máticas, são de natureza análoga. dois tipos de aprendizagem. Existe possui a natureza da percepção Semelhantes são também as dis- a aprendizagem que é acúmulo de holística, uma compreensão profun- cussões entre filósofos e chefes re- conhecimento, questão de tempo e da, uma visão, sabedoria e compai- ligiosos de diferentes escolas. Eles esforço. Ela é essencialmente o cul- xão intensas. Com o tempo, a pes- começam com o conhecimento, tivo de habilidades ou de pensa- soa necessariamente cresce em co- encorajam a troca de ideias e ter- mento e memória. Existe também nhecimento e experiência, mas não minam com mais conhecimento e uma aprendizagem mais popular, a em sabedoria. Somente quando a mais ideias. Uma vez que todo o capacidade de discernir o que é mente possui um significado pro- exercício está confinado ao campo verdadeiro e descartar o que é fal- fundo ou a percepção direta da das ideias e do conhecimento, ele so, chegando-se assim a uma per- verdade é que a ilusão desaparece não leva à percepção de uma ver- cepção mais profunda de tudo na e há uma maior sabedoria ou uma dade mais profunda. vida, inclusive do amor, da religião, maior compreensão da vida. Man- Por outro lado, o diálogo como ter a mente num tal estado de diá- modo de investigação religiosa SOPHIA • OUT-DEZ/2010 logo é a arte de aprender. começa sem JOSEP ALTARRIBA o saber. Os O dicionário define “diálogo” participantes como uma conversa entre duas ou sabem que “Uma mente impar- mais pessoas, e também como uma não conhe- cial consegue ver troca de opiniões ou de ideias. Krish- cem a verda- todos os lados de namurti deu ao diálogo um signifi- de, postulam- uma questão sem se cado muito mais profundo e assina- na como o apegar a nenhum, lou sua importância como um meio desconhecido como um jogador de investigação religiosa da verda- e estão ansio- consegue jogar xa- de, que postulava como o desconhe- sos por inves- drez consigo mesmo cido. Ele fazia distinção entre o co- tigar juntos movendo tanto as nhecimento da verdade e a sua rea- para desco- pedras pretas quan- lização, além de usar o diálogo como bri-la. Não sa- to as brancas.” meio de permitir essa realização. Os bendo, não se livros sagrados de todas as religiões identificando contêm descrições da verdade como com qualquer ponto de vista, não ela foi percebida por grandes viden- tentando convencer uns aos outros tes religiosos. No entanto, essas des- de coisa alguma, eles estão juntos crições não revelam a verdade quan- e não em oposição. É como se esti- do as lemos. Elas podem apontar vessem do mesmo lado da mesa e para a verdade e dar-nos uma ideia a verdade do outro lado. sobre ela; a partir daí podemos ter O que nos separa é o nosso co- uma compreensão intelectual. Mas nhecimento, crenças e pontos de isso não é a mesma coisa que per- vista. Se os pusermos de lado, co- ceber a verdade. meçamos a explorar como dois amigos profundamente interessa- O diálogo é muito diferente da dos em examinar alguma questão discussão ou debate. Geralmente a e chegar a uma compreensão mais discussão se dá entre pessoas que profunda. A verdade pode se re- adotaram pontos de vista definidos velar no próprio processo de in- e que desejam convencer umas às vestigar. Uma resposta dada pela outras ou comparar suas perspecti- mente que não entendeu profun- vas. Elas costumam estar compro- damente o que está envolvido na metidas com uma certa opinião, questão é só uma opinião superfi- ideologia, crença religiosa, sistema cial, portanto de pouco valor para político ou nacionalidade, e argu- o buscador da verdade. mentam a partir desse ponto de vis- ta particular. A maioria dos seminá- 19

O verdadeiro diálogo coisas consegue criar um diálogo se a mente não estiver em modo No diálogo a mente não está in- primeiro a assinalar algo, não é im- de diálogo. Da mesma maneira, se teressada em formar opinião e con- portante qual mente dá origem a nossa mente estiver em modo de clusões. Nem está competindo para um pensamento em particular. É im- diálogo, a forma não destrói nem ser a primeira a chegar à verdade, portante apenas explorar que sig- evita o diálogo. O que determina a já que não é ambiciosa e não busca nificado aquele pensamento está qualidade do diálogo é o estado de satisfação, fama ou reputação. É tentando transmitir e se ele é ver- nossa própria mente. uma mente que investiga por amor dadeiro. Pelo fato de não se estar à compreensão, não ao resultado. tomando partido de qualquer pon- Nesse sentido, pode-se viver No diálogo a mente duvida de toda to de vista, também não existe sen- toda uma vida com a mente num opinião, é cética a respeito de toda so de divisão no diálogo. Quando estado contínuo de diálogo – um conclusão, porque não está interes- a mente está em modo de observa- diálogo com nós mesmos, com os sada numa resposta verbal. Ela bus- ção, não importa se há duas pesso- outros à nossa volta e com a natu- ca ir além da as, duzentas ou apenas uma parti- reza. Isso quer dizer que a mente palavra e ter cipando do diálogo. Uma mente no estado de diálogo não é dife- “A mente no estado um insight verdadeiramente imparcial conse- rente de uma mente que esteja ou- de diálogo não se profundo da gue ver todos os lados de uma ques- vindo ou observando, que essenci- apega à opinião ou verdade. Pro- tão sem se apegar a nenhum, como almente está aprendendo, se com- crença religiosa, cura a percep- um jogador verdadeiramente impar- preendermos que aprender signifi- nem julga com ção dos fatos e cial consegue jogar xadrez consigo ca não o acúmulo de conhecimen- base em gostos e a compreen- mesmo movendo tanto as pedras to, mas o discernimento entre o que aversões. Para são holística pretas quanto as brancas. é verdadeiro e o que é falso. uma mente assim, da questão, e toda experiência é não apenas Krishnamurti comparava o diá- A mente no estado de diálogo é uma fonte de ques- um método logo a um jogo de tênis no qual a uma mente que não está apegada à tões profundas” para resolver questão é como a bola atirada de nenhuma opinião ou à crença reli- um problema. uma quadra à outra, com cada jo- giosa, que não está buscando satis- Uma vez gador devolvendo-a junto com seu fação nem julgando com base em que a pessoa procura uma compre- comentário e observação. O jogo seus gostos e aversões. Para uma ensão direta e profunda da verdade continua até que ambos os jogado- mente assim, toda experiência, toda e não meramente a transferência de res desaparecem e a bola fica sus- conversa, todo livro é uma fonte de conhecimento, não existe hierarquia pensa no ar. Isso quer dizer que os questões profundas. O autoconhe- no diálogo. Não existe divisão entre participantes, com seu conhecimen- cimento e a compreensão são, por- professor e aprendiz, aquele que to, pontos de vista, opiniões etc, tanto, subprodutos da exploração sabe e aquele que não sabe. O diá- desaparecem e ocorre apenas a dessas questões pela própria pes- logo começa com a observação e observação da questão. Se os ob- soa. Essa mente é uma estudante tem por meta discernir o que é ver- servadores (ou suas personalidades) da vida, constantemente inquirin- dadeiro do que é falso. Já que a in- têm que desaparecer, não importa do, olhando, aprendendo e crescen- vestigação não está baseada no co- quantos ou quem sejam. do em compreensão – jamais se nhecimento, ela não está na nature- prendendo a uma conclusão, jamais za da transferência de ideias de al- Há muita discussão sobre a me- se aferrando a opiniões fixas. Só guém que sabe para outro que não lhor maneira de conduzir um diá- uma mente assim consegue trans- sabe. É, na verdade, uma explora- logo – se deve ou não haver um cender as limitações do conheci- ção em conjunto rumo “àquilo que coordenador orientando, se deve mento e descobrir se há algo sa- é”, conduzida com enorme humil- começar com uma questão pré-for- grado além de todas as crenças e dade por amigos que sabem que não mulada ou se a questão deve surgir pensamentos humanos. sabem, mas que desejam compre- espontaneamente, se deve haver Aquele que é erudito não é sábio; ender e descobrir a verdade. somente cinco pessoas ou cinquen- aquele que é sábio não é erudito. Como não há senso de compe- ta, e assim por diante. Embora es- (Tao-te-King) tição nem de rivalidade, não há de- sas sejam questões referentes à or- bate no diálogo; como não há o de- ganização e seja bom conhecer as * P. Krishna é físico, escritor e ex-reitor do Centro sejo de impressionar ou de ser o regras do jogo antes do seu início, Educacional de Rajghat, Fundação Krishnamurti, elas são realmente periféricas quan- Varanasi, Índia. to ao problema. Nenhuma dessas SOPHIA • OUT-DEZ/2010 20

SUPHAMONGKHON ‘‘O que determina a qualidade do diálogo é o esta- do de nossa mente. Pode-se viver toda uma vida com a mente num estado contínuo de diálogo com 21 nós mesmos, com os outros e com a natureza ‘‘SOPHIA • OUT-DEZ/2010

PATRICK NIJHUIS O novo mito ‘‘O que quer que aconteça à Terra acontecerá aos filhos da Terra. O homem não teceu a teia da vida; ele é apenas um fio na teia. O que quer que ‘‘ele faça à teia, estará fazendo a si mesmo 2 2 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

Joan Price* res humanos uma arrogância peri- de todo o universo, assim como Os principais problemas psico- gosa que os separa das criaturas não nossa interdependência física e psi- humanas, das plantas e da Terra cológica em relação a ele. lógicos que a humanidade enfrenta como um todo. atualmente são basicamente criados A rejeição à ideia antiga da na- por nós mesmos – criados pelas di- A preocupação social limitada tureza como uma divindade surge visões entre os seres humanos e o aos direitos humanos, à custa dos a partir do mito do Gênese: Deus restante da criação. A religião e a direitos das outras criaturas vivas no deu aos seres humanos o domínio filosofia ocidentais, ao enfatizarem mundo natural, resultou num assal- sobre a natureza. Mas quando a a prioridade humana sobre o mun- to tecnológico à natureza e a seus humanidade domina a natureza e do natural, contribuíram de manei- membros. Segundo Thomas Berry, suas criaturas por meio de explora- ra determinante para a nossa atual se queremos evitar o desastre am- ção, exploramos a nós mesmos, crise ecológica, instilando nos se- biental, devemos adotar uma “nova pois somos parte do sistema ecoló- história”, que celebre a sacralidade gico da Terra. SOPHIA • OUT-DEZ/2010 23

No livro O Poder do Mito, Jose- onal, cujo paradigma holográfico es- JUHA SOININEN“Mais do que em ph Campbell sugere que olhemos tabelece que somos todos partes in- qualquer tempo para a natureza de uma nova ma- tegrantes da totalidade. Em todos os anterior, estamos neira: “Se pensarmos em nós mes- níveis, cada dimensão vive profun- presenciando ex- mos como surgidos da Terra, em damente dentro das outras. tinções e sofrimen- vez de termos sido lançados aqui to. Milhares de es- de algum outro lugar, veremos que Dos cientistas aos videntes, os pécies estão desa- nós somos a Terra, a consciência seres humanos são fundamental- parecendo a cada da Terra, (...) os olhos da Terra, (...) mente semelhantes: todos querem dia, à medida que a voz da Terra.” Os índios norte- evitar o sofrimento e alcançar a fe- as florestas tropi- americanos viam a Terra como um licidade. O que os seres humanos cais são destruídas. organismo vivo unificado a tudo, às vezes esquecem é que todas as inclusive a nós mesmos, como par- criaturas vivas querem evitar o so- Albert Schweit- te integrante do processo. frimento e alcançar a felicidade. zer achava que a vi- Cada vez que um indivíduo propo- olência pararia so- A saúde física, psicológica e es- sitadamente inflige sofrimento a mente quando o piritual é decorrente do fato de en- uma outra criatura, ele também so- ser humano desen- trarmos em harmonia com a natu- fre. Aquilo que vai, volta. Se os se- volvesse a reverên- reza – os animais, as plantas, o mar. res humanos individuais buscarem cia pela vida – “a Black Elk, o curandeiro Sioux, lem- apenas seu próprio benefício, vio- ética absoluta do brava de uma visão profética que lando e explorando outros habitan- amor”. Schweitzer teve na infância, quando viu a si tes do ecossistema terrestre, o ecos- acreditava que to- mesmo de pé sobre a montanha sistema irá se esfacelar. Nas pala- das as coisas vivas, central do mundo. Narra ele: “Esta- vras do Chefe Seattle, “O que quer das pessoas aos mi- va vendo a forma sagrada de todas que aconteça à Terra acontecerá aos cróbios, possuem as coisas no espírito, e a forma de filhos da Terra. (...) O homem não um valor intrínse- todas as coisas vivendo juntas, teceu a teia da vida; ele é apenas co, e que todos es- como um único ser. E vi que o arco um fio na teia. O que quer que ele tão unidos: “A vida sagrado do meu povo era um dos faça à teia, estará fazendo a si mes- (...) é sagrada. O homem ético não muitos arcos que compunham um mo.” Da mesma forma, o Dalai arranca folhas de uma árvore, nem círculo, tão amplo quanto a luz do Lama afirmou: “A destruição da na- flores, e cuida para não esmagar dia e tão amplo quanto a luz das tureza resulta da ignorância, da ga- qualquer inseto.” estrelas. No centro crescia uma po- nância e da falta de respeito pelas derosa árvore florida que servia de coisas vivas da Terra.” A destruição da vida animal é abrigo a todas as crianças de uma danosa por duas razões. Em primei- mãe e de um pai.” Agora, mais do que em qualquer ro lugar, é errado tirar a vida por- tempo anterior dos quatro bilhões que a vida é preciosa em si mesma. A física moderna é um exemplo de história do planeta, estamos pre- Em segundo, tirar a vida causa de- da mudança de consciência que está senciando extinções e sofrimento. terioração na alma daquele que ocorrendo na humanidade. Os cien- Milhares de espécies estão desapa- mata. Enquanto a gentileza fortale- tistas costumavam pensar no mun- recendo a cada dia, à medida que ce as pessoas pela evocação de mais do físico como algo semelhante a as florestas tropicais são destruídas. gentileza, a violência prejudica tanto uma máquina separada do ser hu- A atmosfera está cheia de biocidas, o autor quanto a vítima. Quem quer mano, que podia ser compreendida substâncias químicas venenosas. que engrandeça a vida dos outros pela observação objetiva. Mas a físi- Os desenvolvimentistas e as cor- seres – humanos ou não – eleva seu ca moderna indica que tudo, inclu- porações estão violando a Terra. ser espiritual ao mais alto valor. Se- sive a humanidade, é parte integrante A cada minuto do dia e da noite gundo Schweitzer, “através da re- da vasta rede universal. Werner Hei- animais sofrem tortura física e psi- verência pela vida eu elevo minha senberg descobriu que o universo é cológica em laboratórios experi- existência ao mais alto valor e a ofe- um mistério profundo que não pode mentais. Animais inocentes são bru- reço ao mundo”. ser conhecido apenas pela observa- talmente capturados em armadilhas ção objetiva: toda a nossa compre- e mortos para satisfazer a indústria SOPHIA • OUT-DEZ/2010 ensão tem um aspecto subjetivo. da moda. A vida selvagem está sen- David Bohm descreve o universo do dizimada pelo prazer do espor- como uma realidade multidimensi- te. Quando essa violência terá fim? 24

Reverência pelas coisas vivas A reverência por todas as coisas transformado num relacionamento cúmplice da espiral de destruição”. vivas é uma atitude de profundo res- espiritual com a natureza. Por meio A consciência humana está mu- peito e amor por tudo no ecossiste- da empatia percebemos nos animais ma sagrado. A reverência por toda as mesmas emoções, feições, rea- dando. Um indivíduo após outro está vida significa que é inaceitável a ex- ções e sentimentos que percebemos deixando para trás a ignorância do ploração e a violência infligida a em nós mesmos. antigo mito da separatividade em qualquer ser. Em Genebra, na Suí- relação ao mundo natural e aden- ça, o Conselho Mundial das Igrejas O líder indiano Mohandas Gan- trando o conhecimento compassivo de 1989 já declarava: “A saúde do dhi seguiu a ética da não violência, do nosso interrelacionamento com ecossistema é essencial tanto para ou ahimsa. Ele compreendeu que toda a vida na Terra. Enquanto nos- animais quanto para seres humanos, o próprio ato de viver – comer, be- sa mudança de consciência cria um e a violência contra os ecossistemas ber, andar – necessariamente envol- novo mito de compaixão e amor, a envolve a opressão de seres huma- ve algum tipo de destruição da vida. natureza e todas as suas criaturas nos e a dizimação de espécies.” Contudo, disse Gandhi, para o se- cantam uma canção de alegria. guidor de ahimsa, “como o motivo Reverência e empatia andam de de todas as suas ações é a compai- Ph.D, professor de filosofia e estudos da religião mãos dadas. Com reverência, o sen- xão, ele evita a destruição da me- no Mesa Community College, Arizona. Autor de timento de separação do homem nor das criaturas. Assim, incessan- vários livros, dentre eles An Introduction to em relação ao mundo natural é temente se esforça para não ser Aurobind's Philosophy. SOPHIA • OUT-DEZ/2010 25

Anna Kamensky* com suas ondas sobre a praia – to- perimentos na física que há muito Ritmo significa medida. Tudo que das essas coisas são batimentos do comprovaram esse fato. Por exem- coração universal, que encontram plo, as assim chamadas “figuras é vivo vibra, pois a vida possui dois plena realização no homem.” Chladny”. Alguém arrasta o arco do lados: a consciência e suas vestes. violino pela borda de um tambor Essas vestes são constituídas de ma- O mundo está realmente cheio cuja superfície está coberta de areia téria mais ou menos sutil e densa. de todos os tipos de ritmo, todos fina. De acordo com a oscilação do Assim que a onda de vida a toca, a em harmonia com o grande ritmo arco e a altura do som, a areia so- matéria se move, isto é, vibra. Quan- da totalidade do universo. Existe um bre a superfície do tambor toma a to mais intensa for a vida e quanto ritmo cósmico da natureza em paz forma desta ou daquela figura geo- mais rápida e elevada for a taxa de e um outro quando a natureza mos- métrica, o que claramente compro- suas vibrações, mais rica é a sua cla- tra a dança dos elementos. A arre- va o parentesco entre som e forma. ve. Isso constitui o ritmo, a medida bentação, o farfalhar da folhagem, da vida manifestando-se em exten- a tempestade e o furacão, todas Outro experimento ainda mais são e profundidade. essas coisas possuem uma taxa de interessante é realizado com o au- vibração pacífica e lenta ou tensa e xílio do idiófono de Huggins. So- Tudo que vive e respira, toda a violenta, que percebemos como bre um diafragma de couro estica- natureza e todos os seus reinos movimento ou como luz e som. do ou sobre uma tela, o som canta- possuem seu ritmo especial, como Com atenção cuidadosa facilmente do através de um tubo produz uma foi maravilhosamente colocado pelo discernimos um completo paralelis- série de vibrações complicadas que príncipe Volkonsky, em Art and Sta- mo entre esses fenômenos. Cor, moldam a areia num desenho final. ge: “A vida é um ritmo divino. (...) som e número constituem a base A senhora Huggins fotografou os O ritmo existe, bate e pulsa em todo trina psicomatemática de todo fe- desenhos e foi bem-sucedida em o universo. A gota de chuva e a nômeno da natureza, que está pre- coletar figuras muito interessantes: batida do pica-pau, a estrela que sente em todas as formas de vida. árvores, conchas e até mesmo pai- brilha, a canção do cuco e a maré sagens. Quanto mais complicada a Existem alguns conhecidos ex- PATRICE DUFOUR ‘‘A pureza inocente da criança deve retornar ao homem através da experiência ‘‘e do esforço como pureza de conhecimento e de amor – isso é sabedoria 2 6 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

melodia, mais interessante a figura. universo, eternamente a se repetir. uma montanha e um cristal ou um A música constrói por meio do po- Ouvindo atentamente, olhando e diamante existe toda uma gama de der criativo do som, e todas essas pensando na vida, podemos ouvir vibrações mais ou menos lentas e coisas moldam-se em formas preci- os sons da natureza, percebê-los complicadas. Se do mineral nos ele- sas, matemáticas, puras como cris- como cores; podemos também per- varmos ao vegetal, podemos facil- tal. “Deus geometriza”, disse Platão. ceber as cores como sons, criando mente ver a diferença entre o ritmo “A harmonia das esferas soa de dessa maneira obras-primas artísti- de uma árvore, o ritmo de uma modo incessante”, disse Pitágoras. cas e musicais. A constante comu- modesta erva ou o ritmo da magní- “Nascendo e se pondo soa o Sol (die nhão com a natureza e a observa- fica roseira. Sonne tont)”, disse Goethe. ção de sua vida desvenda a profun- didade do nosso intelecto, desperta A mesma coisa ocorre no mun- A talentosa violinista Alexandra nosso lado interno e desenvolve nos- do animal: o ritmo de um caracol, Ounkovsky afirmou que “a vida do sa intuição. de uma rã e de um gamo constitu- mundo forma uma cadeia de fenô- em três notas bastante diferentes na menos oniabarcantes, que pode ser Na natureza nada está morto; orquestra do mundo. A diferença chamada de analogia”. Nessa analo- portanto tudo possui seu ritmo pró- de ritmo é ainda mais sutil e com- gia ouvimos o som eterno, enxerga- prio, começando com o ritmo len- plicada no reino humano, onde mos a luz eterna, sentimos a forma to (tão lento que não o notamos) vemos uma imensa escala de esta- perfeita, percebemos o ritmo que da pedra, elevando-se ao belo rit- dos de consciência, desde ritmos une o movimento à concepção de mo da flor e da planta, e terminan- elementares até o ritmo rico e ele- número. Quanto mais sutil nossa au- do com o ritmo rápido e intenso vado de um homem espiritualmen- dição, quanto mais aguçados nossos do animal e do ser humano. Cada te bem desenvolvido. Temos que olhos, quanto mais puro nosso pen- reino possui seu próprio ritmo, e considerar também as diferenças de samento, mais clara parece a analo- esse ritmo especial possui um nú- temperamento, sexo, etnia, caráter gia dos fenômenos da vida, que são mero infinito de matizes. Por exem- etc, que também possuem o seu rit- uma série de ecos da nota base do plo, entre uma enorme rocha de mo especial de vibração. SOPHIA • OUT-DEZ/2010 27

Elevar-se passo a passo anos são confirmados pela observa- ção dos pássaros, que aumentam ou No reino superior existem fenô- Se soubermos como ouvir a na- diminuem suas vozes ao nascer e ao menos cujos processos ninguém foi tureza e como amá-la, então experi- pôr-do-sol. Os pássaros sentem o capaz de observar. Por exemplo, exis- mentamos no seu seio a plena totali- raga e o observam. te o fenômeno do crescimento. Quem dade da vida, e ao mesmo tempo um alguma vez já viu o capim crescer? senso de pureza e de inocência, re- Nossa arte apaixonada e tempes- No entanto, a cada dia vemos como movendo nossos pecados e nos re- tuosa tem se afastado das belas e ter- o campo se torna cada vez mais rico generando. Na natureza não existe nas cantigas das montanhas da Índia em verdor. O mesmo se dá com o dualidade; tudo está direcionado ao em comunhão com a rainha dos ra- crescimento das montanhas; só que sol e permeado por ele, do menor gas. Por que a arte se afastou dela? o seu ritmo é muito, muitíssimo mais capim ao poderoso cedro do Líbano Por que devemos passar por tanta lento; estendendo-se a eras inteiras. e às estrelas do céu. Nela (na nature- coisa que é impura e trágica em fun- Na filosofia hindu há um ensina- za divina), o puro e belo palpita nes- ção desse abandono? mento que lança luz sobre os fenô- se ritmo solene, pacífico e alegre que menos do ritmo; é o ensinamento das tem sido chamado no Oriente de “a A arte, assim como todas as coi- três forças da natureza, os gunas. Na dança dos deuses”, “o ritmo inces- sas na vida onde reina o plano do natureza, no homem e em todo o uni- sante e fluente do universo”. logos, dirige-se a uma síntese divina, verso existem três energias em funci- e esse processo evolutivo realiza-se onamento: tamas (inércia, trevas, pre- Existe um campo de atividade por meio da superação da dualida- guiça), rajas (paixão, irritabilidade, espiritual que se esforça para expres- de, que é tamas e rajas. Durante o instabilidade) e sattva (equilíbrio, luz, sar em cores, sons e movimentos o processo evolutivo a pureza prime- harmonia). Quando o tamas predo- maravilhoso ritmo do universo: é a va é naturalmente perdida, mas ela mina, notamos arte. Uso essa palavra não no senti- nos leva posteriormente a uma har- então o fenô- do limitado de uma profissão especi- monia consciente e, portanto, está- “Assim como o meno da petri- al, mas no sentido amplo de uma ver- vel. A pureza inocente da criança córrego na monta- ficação, da imo- dadeira atividade criativa. Esses ar- deve retornar ao homem através da nha, que com sua bilidade. Se ra- tistas vivem próximos à natureza, e experiência e do esforço como pu- água pura traz em suas obras de arte ouvimos o rit- reza de conhecimento e de amor – vida e frescor ao jas predomina, mo puro do cosmo, que sempre traz isso é sabedoria. então vemos a um frescor maravilhoso e um senti- vale, também o atividade apai- mento de nascer novamente. Assim como o córrego na monta- xonada, instável nha, que com sua água pura traz vida espírito em contato e não coorde- O ritmo muda de acordo com o e frescor ao vale, também o espírito com o eterno des- nada. Se sattva caráter da etnia e da nação; ele ecoa em contato com o eterno despeja on- peja ondas reple- predomina ve- até mesmo na paisagem. Os artistas das repletas de graça sobre as almas tas de graça sobre mos harmonia e indianos sabiam como ouvir o ritmo sedentas. Para a humanidade a arte as almas sedentas” sentimos paz. cósmico, a “dança do universo”, e ob- deve ser esse córrego na montanha. servavam uma série de mudanças Assim tem sido e será novamente, O represen- sutis no ritmo de cada dia. Para eles quando o artista recuperar o seu elo tante físico de tamas é o reino mine- cada hora possuía a sua clave espe- com os céus, quando ele for capaz ral; o reino animal é marcado pelo seu cial – raga (modos musicais em nú- de ouvir a voz dos céus através da polo oposto – rajas. A harmonia (sat- mero de oito) e a canção devia ser música das flores e dos rios, e quan- tva) impera no reino vegetal, onde está tocada de acordo com ela. À noite do tentar tornar sua vida tão bela desperta para a alegria da existência, deve haver música diferente daquela quanto sua canção. embora ainda não conheça nenhuma da manhã; ao meio-dia, música dife- paixão. Assim, na pedra, tamas mani- rente da tocada no crepúsculo ou na Mas desde que os homens deixa- festa-se com um poder enorme; no aurora. Todos os ragas são guiados ram a natureza e se amontoaram em cavalo, rajas expressa-se com uma pela deusa Rigina Tara, que é con- cidades enfumaçadas e barulhentas, força igualmente intensa. No carvalho, cebida como uma pastora divina das ficou difícil ouvir a doce voz que fala com sua grande copa de folhas acima montanhas; ela toca a vina (instru- tão poderosamente na natureza. Fi- do verde, e na relva macia com todos mento de cordas indiano) e está cer- cou ainda mais difícil ouvi-la em meio os seus dentes-de-leão, campainhas e cada de gamos. Com o seu manto à vida moderna, diante do tinir das margaridas, reina sattva, e nesse fato comprido e seu doce sorriso, ela lem- armas, das disputas partidárias, do jaz o indício para a paz divina que bra uma madona. É interessante no- egoísmo crescente e da propaganda sentimos no coração da natureza. tar que esses pensamentos dos indi- apaixonada do culto ao eu, em to- dos os seus aspectos. O homem dei- 28 xou de ouvir a voz do espírito e teve SOPHIA • OUT-DEZ/2010

EVILCONS que pagar caro por isso. Ele come- çou a adorar a si mesmo, deificando “O homem deve se trabalhar incessantemente, transmutar seu rit- seus desejos, deixando de notar que mo e criar uma nova vida. Dessa forma ele irá desabrochar da nessa intoxicação ele não apenas deixa de progredir, mas começa a mesma maneira como desabrocha a flor nas pacíficas lagoas após deslizar para baixo. a tempestade. Essa flor, o lótus sagrado, é a expressão do espírito” Uma cultura tão intelectual e ma- SOPHIA • OUT-DEZ/2010 terialista a cada momento ameaça transformar o homem num bruto. A verdadeira cultura, que constrói o ho- mem real, consciente de sua missão divina e, portanto, de sua responsa- bilidade perante o mundo, só pode ser encontrada na consciência religi- osa, que traz consigo uma atitude mo- ral com relação à vida. Onde não há consciência religiosa, ou seja, onde não há reconhecimento de um prin- cípio superior no mundo e em nós mesmos, pode haver ricos impérios e belas formas exteriores, mas não há a presença do espírito da vida em si mesmo, e portanto não há funda- ção moral. Uma moral forte não pode estar fundamentada no utilitarismo nem na escolástica; só pode ser en- contrada na espiritualidade. O que é o pecado? É fazer algo pior quando sabemos existir algo melhor, pois significa descer de um nível superior para um inferior, substituir o ritmo mais elevado pelo mais baixo. O animal, quando é levado pela paixão, não comete pecado. Mas o homem que sabe que existe uma vida superior e ainda assim a ignora, esse homem peca, pois se coloca contra a evolução. É o pecado contra o Espíri- to Santo, de que falam os Evangelhos. O homem que não deseja colocar-se contra a evolução deve se trabalhar incessantemente, elevar-se passo a passo, transmutado seu ritmo e, imi- tando os deuses, criar uma nova vida. Dessa forma ele irá desabrochar da mesma maneira como desabrocha a flor nas pacíficas lagoas após a tem- pestade. Essa flor, o lótus sagrado, é a expressão do espírito. * Anna Kamensky foi escritora e líder da Sociedade Teosófica na Russia antes da revolução de 1917. 29

coraçãoO novo papel do na ciência ‘‘A ilusão biomédica última é a visão de que o corpo é matéria sólida com líquido bombeado por um coração inconsciente e um cérebro que controla tudo. Mas a cardiologia da energia sugere que o coração, não apenas o ‘‘cérebro, é que mantém unido o sistema Thomas Walker* sonância magnética, da cromote- PATRYK KOSMIDER / DOMIWO Os antigos egípcios tinham ob- rapia e coisas parecidas, ainda não temos certeza de como exatamen- plexa massa de neurônios e teci- sessão pela vida após a morte. Cer- te os egípcios chegaram à mumifi- dos que lhe dão suporte, os egípci- tamente pode-se dizer que, até cer- cação. O clima quente e seco dava os eram bastante despreocupados. to ponto, todos nós temos essa ob- as condições ideais para a mumifi- Para esse órgão eles não tinham sessão, mas os egípcios realmente cação. Porém, ainda há mais: de qualquer plano especial, nenhum faziam de tudo para assegurar uma acordo com os estudos sobre o as- cálice dourado. Não se pensava passagem apropriada do mundo sunto, o processo era complicado duas vezes no cérebro, que era sim- dos vivos para o plano do pós-vida. e cuidadoso. Após o corpo ser ritu- plesmente descartado. O coração é Seus textos estão repletos de ins- alisticamente lavado e perfumado, que era tido em alta consideração. truções detalhadas a respeito das os órgãos internos eram cuidado- Com relação a isso os egípcios po- preparações apropriadas para a jor- samente removidos com um pro- deriam ter algo grande em vista, nada. Eles fizeram até mesmo um cessamento especial. Esses tecidos livro sobre o assunto, um tipo de preciosos eram colocados em suas SOPHIA • OUT-DEZ/2010 “manual do proprietário” e brochu- embalagens – sólidos jarros de ouro, ra sobre a viagem, chamado O Li- no caso da elite – arrumados no vro Egípcio dos Mortos. Mas o que interior da câmara mortuária com realmente demonstra essa preocu- cuidado extra. pação é aquilo pelo que o Egito é mais conhecido no mundo inteiro, O coração humano recebia aten- matéria de filmes de longa metra- ção especial, como marca do res- gem e lendas antigas: as múmias. peito ao órgão que os egípcios acre- ditavam ser não apenas o centro das Até mesmo atualmente, com emoções, mas, o que é mais impor- toda a tecnologia de que tanto nos tante, o centro da razão e também orgulhamos, com os avançados co- do pensamento. Com relação ao cé- nhecimentos da química, da res- rebro, essa inimaginavelmente com- 30

algo que agora estamos começan- encontrada em todos os tecidos do Contudo, todos nós, de vez em do a redescobrir. corpo, até o nível celular. De modo quando, sentimos que as cordas do interessante, o coração parece ser nosso coração são arrancadas (re- Os neuroquímicos foram recen- de especial importância. almente existem cordas no coração, temente descobertos em todos os as cordae tendineae, tecidos conec- tecidos do corpo humano. Por quê? Durante eras as pessoas deram tivos que evitam que as válvulas A resposta curta é que o “pensar” especial significado ao coração mitral e tricúspide entrem em co- ocorre em muitos lugares do corpo como a sede das emoções. A ciên- lapso). Todos nós experimentamos além do cérebro. Se as células po- cia diz o oposto: que todas as emo- sentimentos de profunda alegria ou dem “pensar”, então não serão elas ções ocorrem no cérebro e que o de dor e as sentimos exatamente, também perceptivas? A memória coração é apenas uma bomba de precisamente, no coração. também parece ser uma função ação dupla com quatro câmaras. 31 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

As pessoas espiritualmente incli- tecido muscular, que é chamado, durante longo tempo. Mais interes- nadas atribuem essa sensação ao com bastante propriedade, de mús- sante ainda é que se dois corações chakra cardíaco, que nos liga aos culo cardíaco. Além de sua estrutu- forem colocados em recipientes nossos corpos energéticos superio- ra anatômica única, o coração tem separados, mas próximos, logo seus res. Agora temos alguma evidência também algo que os outros tecidos batimentos estarão sincronizados, científica para corroborar essa ex- não têm – uma habilidade inata, regulados por alguma energia invi- periência. Precisamos examinar ra- inerente, de bater, capacidade in- sível presente nos tecidos. Se acha- pidamente o trabalho de Paul Pear- teiramente independente do cére- mos esse fenômeno estranho, o que sall, explorador pioneiro do mun- bro ou de qualquer outra parte do dizer dos recentes relatórios de pa- do da “cardiologia da energia”. sistema nervoso. cientes transplantados que subita- mente encontram-se experimentan- Para começar, o coração huma- Um coração totalmente desliga- do memórias dos doadores? Será no é singular de várias maneiras. É do do corpo e colocado numa so- tudo isso apenas fantasia? composto de um tipo especial de lução nutriente continuará a bater 3 2 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

Conceitos e descobertas inovadores FRANCESCO RIDOLFIApós trabalhar como psicólogoComo resultado, eles progrediram em Saúde Mental e autora de Molecules em centenas de casos desse tipo, sua visão de “infoenergética”, a cren- of Emotion, participou do filme Quem Paul Pearsall, a partir das lições apren- ça de que a energia biológica é em si somos nós? e é uma autoridade mun- didas em anos de trabalho com paci- mesma uma forma de informação. dialmente famosa em neuropeptíde- entes de transplantes de coração, pes- os, curtas fibras de proteína que es- quisou outros cientistas que estavam Após combinar modernos concei- tão ativas no sistema nervoso central trabalhando com energia sutil e car- tos biológicos com as novas desco- e no próprio centro neurológico da diologia energética. Logo se deparou bertas de energia sutil e da mecânica memória. Ela foi uma das primeiras a com o trabalho de Gary Schwartz e quântica, Schwartz e Russek conclu- demonstrar que esses produtos quí- Linda Russek. Schwartz é professor de íram que o coração é um importante micos estão ativos no cérebro duran- neurologia, psicologia e psiquiatria centro de energia do corpo, e que te as experiências emocionais. essa energia é uma fonte vital de bi- na Universidade oinformação. Eles desenvolveram o No entanto, estudos posteriores do Arizona e di- conceito de cardiologia de energia mostraram algo inédito. Esses pro- retor do Labora- naquilo que chamaram de “teoria da dutos químicos especiais não existi- tory for Advances memória dos sistemas dinâmicos”, am apenas dentro do cérebro. Na ver- in Consciousness que Pearsall descreve como “a ideia dade, foram encontrados em todo o and Health nessa de que todos os sistemas estão cons- sistema circulatório, em todas as áre- Universidade. Na tante e mutuamente trocando ener- as do corpo. Mas sem as células re- época, Russek, gia influente, que contém informação ceptoras especializadas no cérebro, que anteriormen- que altera o sistema que está toman- que são ativadas pelos neuropeptí- te ensinara em do parte na troca”. deos, parecia que os neuropeptíde- Harvard, era seu os não tinham uso funcional para o assistente. Os A teoria é baseada em quatro hi- organismo como um todo. Pelo me- dois cientistas póteses principais: nos era o que se pensava, até que se perceberam que, descobriu existir receptores em mui- dada a grande Energia e informação são uma só tos lugares do corpo, inclusive no co- complexidade coisa. Tudo que existe tem energia. ração, no sistema imunológico e até das coisas vivas, A energia está cheia de informação, no trato intestinal. sistemas de infor- e a infoenergia armazenada é o que mação de algum constitui as memórias celulares. Candace Pert comentou: “No iní- tipo devem estar Aquilo que chamamos de mente cio do meu trabalho, casualmente su- funcionando em ou consciência é realmente uma pus que as emoções estivessem na biologia, sistemas manifestação da energia que con- cabeça ou no cérebro, mas quanto que a ciência mo- tém informação. mais sabemos a respeito dos neuro- derna fracassou O coração é o gerador primário de peptídeos, torna-se mais difícil pen- em reconhecer. infoenergia. sar nos termos tradicionais de uma Porque somos manifestações da mente e de um corpo. Cada vez faz “Quanto mais sabe- infoenergia (que se dirige para a mais sentido falar de uma entidade mos a respeito dos totalidade de nossos sistemas ce- integrada, um corpo-mente.” neuropeptídeos, tor- lulares totais, flui dentro deles e na-se mais difícil está constantemente sendo envia- Posteriormente, quando Pearsall pensar nos termos da para fora deles), quem e como discutiu algumas de suas ideias a res- tradicionais de uma somos é uma representação física peito de transferência de memória em mente e de um corpo. de um conjunto recuperado de conexão com transplantes de coração, Cada vez faz mais memórias celulares. Pert não ficou absolutamente impres- sentido falar de uma Se o coração é ou não o principal sionada. Pearsall recorda que ela as- entidade integrada, centro de energia informativa está su- sinalou o seguinte: “Já que as células um corpo-mente.” jeito a debate, mas uma coisa que foi do coração estão cheias de molécu- demonstrada é o conceito de memó- las que necessariamente contêm pelo ria celular. Candace Pert, experiente menos alguma forma de memória, pesquisadora do Instituto Nacional de essas memórias poderiam muito bem vir com o coração e juntar-se ao novo corpo e ao novo cérebro.” SOPHIA • OUT-DEZ/2010 33

O organizador primário do corpo Desde o início dos transplantes pela do hospital. Depois de passada ram como os gostos do jovem tinham de coração coisas estranhas começa- meia hora, Pearsall sugeriu que fos- mudado. Ele foi vegetariano pratican- ram a ser registradas. Admite-se que sem embora, mas Glenda estava he- te, mas agora era louco por comida pacientes desses transplantes atraves- sitante. Dizendo que “sabia” que o sem valor nutritivo (junk food). Foi sam uma provação extremamente es- coração de seu marido estava por um roqueiro heavy-metal, e agora só tressante e desafiadora, mas, mes- perto, ela disse: “Temos que esperar. ouvia rock clássico. Além disso, era mo levando-se em conta essa reali- Ele está aqui no hospital. Senti que frequentemente perturbado por so- dade, algo mais profundo parece ele chegou há meia hora. Senti a pre- nhos com um acidente de automó- acontecer. Um desses casos foi rela- sença do meu marido. Por favor, es- vel, faróis acesos aproximando-se tado a Pearsall por uma psiquiatra pere comigo.” cada vez mais até uma tremenda co- que participou de um evento onde lisão. Glenda tinha o mesmo sonho. ele era o principal orador: “Eu te- Glenda estava certa. Quase ime- Embora fosse uma médica altamente nho uma paciente, uma menina de diatamente um jovem hispânico e sua treinada, com todo o embasamento oito anos, que recebeu o coração de mãe entraram na capela, explicando científico que isso acarreta, ela pas- uma menina de dez anos assassina- que tiveram dificuldade em encon- sou a acreditar no fenômeno da trans- da. A mãe a trouxe a mim quando trar a sala e procuraram durante meia ferência de memória celular. Tinha ela começou a gritar durante a noite hora. Após as apresentações, Glen- plena consciência de que tudo não com sonhos sobre o homem que as- da pediu para sentir o coração de era apenas coincidência. sassinou a doadora.” seu falecido marido, e enquanto as- sim fazia, suavemente fez uma ora- Pearsall menciona que outros ór- “A mãe dizia”, continuou a médi- ção a ele: “Eu te amo, David. Tudo gãos além do coração parecem de- ca, “que sua filha sabia quem era o é copacetic.” A mãe e o filho fica- monstrar a mesma estranha capaci- criminoso. Após várias seções eu sim- ram chocados. Aquela palavra, “co- dade de transmitir memória. Mas as plesmente não conseguia negar a re- pacetic”, foi a primeira que o jovem histórias dos pacientes de transplan- alidade do que a criança estava me disse após despertar da anestesia com te de coração são frequentemente contando. Sua mãe e eu finalmente seu novo coração. mais dramáticas do que outras, como decidimos chamar a polícia. Com as ele afirma: “Jamais conversei com um descrições da menininha, o assassi- Nos momentos seguintes, relata- no foi encontrado. Ele foi rapidamen- te condenado com a evidência pro- CURA PHOTOGRAPHY vida pela minha paciente. A hora, a arma, o local, as roupas que ele usa- va, o que a vítima lhe disse... Tudo que a minha paciente recordou esta- va totalmente certo.” Em outra ocasião, uma médica chamada Glenda viu-se envolvida num trágico acidente de automóvel que resultou na morte de seu mari- do. Alguns anos depois, talvez para encerrar o assunto, ela buscou en- contrar o jovem que recebeu o cora- ção de seu marido. Pearsall tomou todas as providências e esperou pelo encontro junto com Glenda, na ca- “O coração é uma bomba hidráulica maravilhosamente projetada e pare- ce particularmente importante como fonte de energia e informação” 3 4 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

transplantado de coração que não ti- as eletromagnéticas. Somente em poderoso, sensível e centralmente lo- vesse uma história para contar.” tempos recentes os campos eletro- calizado para coordenar a imensa magnéticos das coisas vivas foram de energia e as informações geradas pe- Além das empolgantes histórias algum modo reconhecidos. Sabemos los bilhões de vibrações celulares que de memória celular e de mudanças agora que o eletromagnetismo é parte ocorrem a cada segundo em nossa de personalidade, o coração parece essencial dos seres vivos, tão impor- vida. Multiplique dois milhões de vi- particularmente importante como tante quanto a genética, a respiração brações de moléculas ATP por 75 tri- fonte de energia e informação. Não celular ou qualquer um dos doze pro- lhões de células; multiplique esse podemos esquecer que ele é um ór- cessos que compõem a vida. E o co- número pelos 51 a 78 bilhões de ci- gão de poder considerável, uma bom- ração é um órgão de poderosa ativi- clos por segundo nos quais o DNA ba hidráulica maravilhosamente pro- dade eletromagnética, operando em humano ressoa e transporta essa in- jetada que envia o sangue fresco e um nível cinco mil vezes mais eleva- formação dentro de cada célula; e cheio de nutrientes dos pulmões atra- do que o do cérebro humano. multiplique novamente pelas vibra- vés de quilômetros de dutos que ções energéticas dos sessenta neuro- constituem a árvore vascular, contra- Assim como muitos antes dele, peptídeos que são o meio bioquími- indo cerca de uma vez por segundo Pearsall ficou intrigado com a ques- co pelo qual nosso estado emocio- durante todos os momentos de nos- tão da coordenação das sólidas quan- nal se manifesta através de todo o sas vidas – às vezes de uma forma tidades de energia presentes no cor- corpo. O número total seria uma es- um pouco mais lenta, às vezes mais po humano. Sabemos que o cérebro timativa bastante aquém da energia rapidamente, mas dando continuida- coordena parte dessa energia, e que agitando-se dentro de você enquan- de a seu trabalho até que finalmente as instruções do DNA têm um papel to lê essas palavras. para, e a vida para com ele. Existe importante, mas parte do quebra-ca- muita energia cinética associada a beça parece estar faltando. Pearsall Baseado em seus anos de experi- todo esse bombeamento, mas aquilo abordou as energias conhecidas que ência e no trabalho de Gary Schwartz que nos diz respeito no momento são estão em funcionamento, começan- e Linda Russek, Pearsall acredita que as outras formas de energia geradas do com a fonte de toda energia celu- o coração é o organizador primário pelo coração. lar para os seres vivos, a molécula do corpo, mas somente agora está ha- adenosina trifosfato (ATP). vendo uma certa compreensão a res- Primeiramente, o coração é tam- peito. Ele afirmou: “Cada célula é lite- bém um órgão de profundas energi- É preciso um instrumento muito ralmente um minicoração zumbindo de energia. A ilusão biomédica última SEBASTIAN KAULITZKI tem sido a visão de que o corpo é feito de matéria sólida com o líquido sendo bombeado através dele por um coração inconsciente e um cérebro consciente e poderoso que é o con- trolador primário de todo o sistema. A cardiologia da energia sugere, no entanto, que o coração, e não ape- nas o cérebro, é o que mantém uni- do esse sistema, por meio de um tipo de infoenergia espiritual, num con- junto de memórias celulares tempo- rárias e em constante mutação a que chamamos de ‘eu’. Esse ‘eu’ é a ges- talt dinâmica da informação, que poderia ser considerada como o có- digo que constitui a nossa alma.” “Cada célula é literal- mente um minicoração zumbindo de energia” SOPHIA • OUT-DEZ/2010 35

Centros de força Paul Pearsall acredita firmemen- aumento da taxa de arteriosclerose DANIELA CORNO te na força. Ele resolveu chamá-la resultante da dieta moderna de ali- de energia “V”, de “energia vital”, mentos com rico teor de gorduras “O caminho se- mas o significado é o mesmo. Em e pobre teor nutritivo. Mas isso guido com o co- alguns momentos ele se refere a pode não ser tudo. ração é significa- essa energia como a “quinta força”, tivo; é uma esco- sendo as outras quatro as forças pri- Na medicina moderna, a lista de lha de perseguir márias do universo reconhecidas fatores de risco para doenças do co- coisas que valem pela física moderna: eletromagne- ração inclui pressão alta, fumo, alta a pena, em vez tismo, gravidade, as forças fracas ou taxa de colesterol e obesidade. Con- de cobiçar di- também chamada nuclear fraca, que tudo, metade das pessoas que so- nheiro, poder e explicam os processos de decai- frem o primeiro ataque do coração coisas materiais.” mento radiativo, e as forças fortes não exibem nenhum desses fatores. ou nuclear forte, são aquelas res- E 80% daqueles com pelo menos cos, incluindo dieta e exercícios, ponsáveis pelos fenômenos que três desses fatores jamais tiveram mas também defende o controle da ocorrem à curta distância no interi- ataque do coração. Como explicar ira e um estilo mais gentil de inte- or do núcleo atômico. essas discrepâncias? Parece que ragir com os outros. existe alguma outra dinâmica em O coração também é importan- funcionamento. A pesquisa de Ornish mostra te dentro do contexto dessas forças que, ao reduzir o estresse e a ira, primárias, particularmente em ter- Pearsall descobriu algo interes- junto com outras modificações no mos da preferência de Pearsall em sante nos anos em que trabalhou estilo de vida, é possível reduzir o seguir o próprio coração em vez de com pacientes de doenças cardi- bloqueio arterial sem a necessida- seguir o próprio cérebro. Ele co- ovasculares. Tendo ficado perple- de de cirurgia invasiva. Ele está con- mentou: “O coração tem sua pró- xo pelo fato de que muitas víti- vencido de que, em muitos casos, pria forma de sabedoria, diferente mas de doenças do coração apre- esse é o caminho a seguir. Certa- da sabedoria do cérebro racional, sentavam poucos dos fatores de mente muitas pessoas não querem mas cada parte é importante para risco tradicionais, e contudo ti- ou não podem se submeter a mu- nosso viver, amar, trabalhar e cu- nham um mínimo de atividade danças significativas no estilo de rar. Na verdade, eu pessoalmente sexual, ou quase nenhuma. vida, e consequentemente a medi- acredito que haja dois centros de cina pode continuar a enfatizar a foco no corpo – o cérebro e o co- Ele encontrou pesquisas atuali- cirurgia de desvio e outras técnicas ração. Mas, mesmo que considere- zadas que corroboravam suas sus- mos simplesmente como metáfora peitas. Mais de 50% de pacientes SOPHIA • OUT-DEZ/2010 a ideia do coração como centro de de ataque do coração não tiveram consciência, ele ainda nos provê qualquer contato sexual de nenhum outra perspectiva sobre a vida.” tipo durante todo o ano que prece- deu o ataque. Essa descoberta foi É particularmente interessante publicada em 1996 no Journal of que Pearsall discuta os problemas the American Medical Association; do coração, porque em poucas ge- contudo, o establishment da medi- rações a doença cardiovascular tor- cina a ignorou. nou-se o assassino número um nas nações industrializadas. No início Um outro fio da trama vem do do século XX, as doenças infeccio- Dean Ornish, autoridade pioneira sas ainda eram a causa primária de em doenças do coração. Ele apa- mortes. Até metade do século fo- rece frequentemente na televisão ram substituídas pelos problemas como convidado, discutindo a qua- cardiovasculares – derrames e ata- se epidemia de problemas cardio- ques cardíacos. A explicação tradi- vasculares no mundo industrializa- cional para essa mudança é a falta do. Ornish descobriu que a ira é de atividade física resultante do uso um fator importante na doença car- das modernas conveniências, e o diovascular. Ornish é cardiologis- ta e propõe uma mudança de esti- lo de vida para pacientes cardía- 36

invasivas como tratamentos padrão. de perseguir coisas que valem a consumido; a obesidade e outros A abstinência sexual nos adul- pena, em vez de cobiçar dinheiro, problemas de saúde resultantes tor- poder e coisas materiais. naram-se, tristemente, um fenôme- tos pode impedir que a energia vi- no mundial. Em geral, nos casamen- tal flua, como o fazem a ira e o Nosso maravilhoso cérebro pro- tos atuais ambas as partes traba- estresse. Todos esses estados têm jetou montanhas de moderna tec- lham, mas estão endividadas até o um resultado comum: fazem com nologia para tornar a vida mais “fá- pescoço enquanto acumulam lou- que nossos músculos fiquem ten- cil” – microondas, TV a cabo, com- camente cada vez mais “coisas”, e sos. O resultado é uma condição putadores, janelas que abrem e fe- deixam os filhos crescerem sozi- reconhecida tanto nos tempos an- cham com comandos eletrônicos, nhos. Por isso agora, mais do que tigos quanto atualmente; o psiqui- carros com acentos aquecidos, te- nunca, como disse o don Juan de atra austríaco Wilhelm Reich deu lefones celulares, compras e ami- Carlos Castañeda, precisamos de a isso o nome de “endurecimento zades via internet. Contudo, as pes- “um caminho com coração”. muscular”, ou “couraças”. O que soas dizem que estão mais ocupa- precisamos é de uma mudança de das e mais estressadas do que an- * Thomas Walker é professor de ciências opinião; talvez e acima de tudo, tes. Estão trabalhando mais horas e escritor. É autor do livro A Força está precisamos seguir nossos corações. do que a geração anterior, e famili- Conosco: a Consciência Superior que a O caminho seguido com o cora- ares mal se veem durante o dia. O Ciência se Recusa a Aceitar ção é significativo; é uma escolha fast food tornou-se o alimento mais 37 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

f luSigxa oo FW STUPIDIO ‘‘Ao prestar atenção ao direcionamento do eu superior, podemos descobrir nossa natureza e vocação verdadeiras. Podemos cooperar ativamente com o ‘‘puxão magnético do universo rumo ao crescimento, à evolução e à totalidade 3 8 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

Betty Bland* sa potencialidade. Às vezes pode ser fe, a quem eu temia e que parecia um choque que age como um desper- deliciar-se em me deixar em situações Ao segurar um ímã perto de lima- tar para redimensionar nossas energi- embaraçosas, sumiu no pano de fun- lhas de ferro, elas se deslocam for- as; às vezes, o desapontamento ou a do quando eu me firmei no relacio- mando diferentes padrões, dependen- dor aprofundam nossas conexões com namento com ela. Quando eu con- do da localização, força e polaridade as realidades internas, enquanto ou- quistei plenamente a situação, fui pro- do ímã. Mesmo após o padrão se for- tras vezes os acontecimentos bons con- movida e afastada do que parecia um mar, uns poucos desgarrados saltam duzem a uma arena totalmente nova ordálio interminável. e caem no lugar certo no último se- de crescimento. Numa outra oportunidade parecia gundo, como se estivessem dormin- que as finanças abaladas poriam abai- do quando foi dado o primeiro pu- Por mais que possa se manifestar, xo meu castelo de cartas. Mas à me- xão. Mas não conseguem resistir à a intencionalidade dos eventos apa- dida que enfrentava cada situação e força magnética invisível, indetectá- rentemente aleatórios torna-se clara avançava, o que tinha aparecido ser vel pelos nossos cinco sentidos. para o estudante da vida. Helena Bla- uma parede de tijolos maciços trans- vatsky escreveu sobre esse fenôme- formou-se numa passagem – um pou- Cada um de nós é como um ímã no referindo-se a uma lenda que conta co pedregosa, mas uma passagem, no modo como repetidamente atraí- que, certa vez, quando Roma estava apesar de tudo. Conquistando a difi- mos pessoas e circunstâncias seme- prestes a ser atacada, um único gan- culdade dentro de lhantes. Logo que um mau relaciona- so grasnou, talvez enquanto dormita- mim mesma, as mento termina, outro ocupa seu lu- va, e despertou todo o bando. Os gri- reais circunstânci- “Pessoas e cir- gar. Quando escapamos de questões tos das aves perturbadas alertaram as as externas meta- cunstâncias posi- negativas num emprego, encontramos sentinelas e assim a cidade foi salva. morfosearam-se tivas também são as mesmas questões em outro. em algo que podia atraídas para nós. “Jamais lhe ocorreu”, escreveu ser controlado. Porém, tendemos Aonde quer que vamos, carrega- Blavatsky, “que se o pesadelo de um a não notar isso, mos um tipo de atração por resulta- ganso, fazendo com que todo o ban- Convenci-me porque geralmen- dos semelhantes. Karma e atitudes ha- do despertasse e grasnasse, pôde sal- plenamente de te não questiona- bituais seguem-nos como a nuvem de var Roma, o seu grasnar pode tam- que toda a vida é mos os bons tem- poeira sobre Pigpen, o personagem bém produzir resultados inesperados? um gigantesco flu- das histórias em quadrinhos do Char- (...) Não sabe você que a construção xo sincrônico para lie Brown que jamais toma banho. do ninho por uma andorinha, a que- o propósito do de- pos, somente os da de um moleque de rua na escada sabrochar espiritu- tempos adversos” Esse princípio atua em mão dupla; dos fundos, ou a zombaria da babá al, que é de algum as pessoas e as circunstâncias positi- com o filho do comerciante, podem modo orquestrado vas também são atraídas para nós. alterar a face das nações, tanto quan- por nossos eus superiores, em har- Porém, tendemos a não notar esses to o pode a queda de um Napoleão? monia com o poder maior além de eventos, porque geralmente não ques- Sim, é a pura verdade; pois os elos nossa compreensão. O que quer que tionamos os bons tempos, somente os dentro dos elos e as concatenações seja atraído a nós não está absoluta- tempos adversos. Quando as coisas desse universo nidânico estão além mente relacionado aos desejos da nos- vão bem, podemos nos deleitar tanto de nossa compreensão.” sa personalidade. Na verdade, fre- que não sentimos o ímpeto de anali- quentemente parece ser o contrário. sar ou de filosofar. Contudo, é sábio Nenhuma dessas causas e relaci- Mas está de acordo com a criação de prestar atenção a tudo que experien- onamentos é estática ou linear. Toda possibilidades para nós nos tornarmos ciamos, porque a vida segue seu pró- atitude que temos e toda ação que tudo que podemos ser. prio fluxo em uma natureza cíclica. executamos misturam-se com as cir- Ao prestar atenção a esse direci- cunstâncias potenciais que surgem à onamento, podemos descobrir nos- Não é que necessariamente atraia- nossa volta, e criam um novo conjun- sa natureza e vocação verdadeiras. mos toda adversidade para nós, ou que to de possibilidades. À medida que Nessa descoberta está a possibilida- mereçamos todas as coisas ruins que aprendemos a crescer além das cir- de de encontrar alegria ao seguir o acontecem – indicando assim um des- cunstâncias de ontem, todo o padrão fluxo. Podemos cooperar ativamen- merecimento. Na verdade, há uma con- pode se dissolver e mudar. Assim, o te com o puxão magnético do uni- catenação de causas e potencialidades que certa vez foi um problema insu- verso rumo ao crescimento, à evolu- complexas que fluem juntas como uma perável pode dissolver-se como a ne- ção e à totalidade. dança, ou como aquelas limalhas de blina ao sol do meio-dia. metal. Nos reinos sutis da conectivida- * Escritora e presidente da Sociedade de, nosso eu superior, talvez em con- A fluidez do que pareciam ser cir- Teosófica nos Estados Unidos junção com o karma, capta para nossa cunstâncias firmemente estabelecidas personalidade aqueles elementos da muitas vezes concretizaram-se em mi- experiência que nos atraem para nos- nha própria experiência. Minha che- SOPHIA • OUT-DEZ/2010 39

Ricardo LindemannAstrologia e mistérios é engenheiro civil e astrólogo, licencia- SERJOE/SHUTTERSTOCK do em Filosofia pela UFRGS, presi- SOPHIA • OUT-DEZ/2010 dente dos Sindica- to dos Astrólogos de Brasília e membro do Conselho Mun- dial da Sociedade Teosófica Interna- cional. Lindemann escreve regularmen- te para SOPHIA. 40

A harmonia na música das esferas Ricardo Lindemann afirmar que Pitágoras viajou à Ín- O fato é que Platão (Atenas, 427 Pitágoras (Samos, c. 580 aC – dia e foi discípulo direto de Gau- aC – 347 aC), outro famoso filósofo tama Buddha (623 aC – 543 aC). reencarnacionista, foi muito influen- Samos, c. 500 aC) não foi somente ciado pelo pensamento de Pitágo- um famoso matemático e filósofo Pitágoras sustentava, em lingua- ras, sendo até considerado por al- reencarnacionista, e ao que parece gem poética, que cada astro girava guns autores como uma espécie de o pioneiro a sustentar a reencarna- em uma esfera de cristal (simboli- neopitágórico, principalmente nos ção na filosofia ocidental, mas tam- zando as órbitas) e emitia uma nota seus diálogos tardios. Ele foi um bém um astrônomo e astrólogo, particular (irradiação de energia grande amigo de Árquitas de Taren- pois deixou-nos uma das mais lin- sonora) durante seu giro, como to (c. 430 aC – c. 350 aC), conheci- das concepções do pensamento gre- quando nós passamos nosso dedo do matemático e go: a de que os astros produzem pela borda de um cálice de cristal. filósofo pitagóri- uma verdadeira sinfonia de sons ao Há até pessoas que conseguem to- co. Dessa forma, “Pitágoras susten- girarem em suas órbitas no sistema car música dessa forma, usando a própria pala- tava, em lingua- solar, constituindo assim a “música cálices cheios com diferentes quan- vra theosophia, gem poética, que das esferas”. Nessa concepção as- tidades de água ou diferentes ta- cunhada por fi- cada astro girava trológica, a alma seria atraída a re- manhos de cálices. Assim, Pitágo- lósofos neopla- em uma esfera de nascer por afinidade exatamente ras criou, em correspondência com tônicos em Ale- cristal (simboli- quando os astros configurassem uma os sete planetas sagrados, a escala xandria no sécu- zando as órbitas) posição cujos acordes celestiais, pa- das sete notas musicais que usamos lo III, estaria li- e emitiria uma recendo-lhe familiares, despertassem até hoje, bem como a musicotera- gada também ao a saudade das relações e atividades pia para curar as almas, supondo neopitagorismo. nota particular interrompidas pela morte nas vidas que toda doença fosse originada de Uma evidência, (irradiação de passadas. Dessa forma, ela daria qua- uma dissonância na alma. portanto, dessas energia sonora) se inconscientemente continuidade influências é a durante seu giro” ao karma, ou sucessão de causas e Há autores que sustentam que efeitos, que os gregos denomina- Pitágoras era clariaudiente, sendo maneira como vam nêmesis, retomando na nova assim um paranormal capaz de ou- Platão parece ter herdado de Pitá- vida o que deixara interrompido nas vir diretamente essa música em di- goras a ideia da música das esferas, vidas anteriores. mensões superiores, e também de quando fala do fuso dos planetas (os que ele já sustentava o sistema he- chamados sete sagrados mais a Es- Tamanha é a influência de idei- liocêntrico; porém, como não so- fera Celeste com as estrelas fixas, es- as orientais no pensamento pita- breviveram textos escritos por ele, tando no centro a Terra), como men- górico que há autores, como Paul tais suposições não são de fácil ciona no livro X de A República: Strathern, da Kingston University, comprovação. Todavia, há evidên- “Quanto ao próprio fuso, girava no que mencionam a possibilidade de cias de que ele fundou uma escola regaço da necessidade e, em cima viagens de Pitágoras à Pérsia e à iniciática em Crotona, na Magna de cada círculo, ia uma sereia que Índia, terras ligadas historicamen- Grécia (antiga Itália), semelhante ao também dava voltas e que entoava te à astrologia e à doutrina da re- sistema das Escolas de Mistérios, uma nota musical, sempre a mes- encarnação, respectivamente. O onde eventualmente se desperta- ma, e da união dessas oito vozes bispo C.W. Leadbeater chegou a vam poderes psíquicos até como formava-se uma harmonia.” meio de conhecimento. SOPHIA • OUT-DEZ/2010 41

A natureza ensina a escolha entre diferentes vidas ou destinos: “A responsabilidade é de A ideia de uma harmonia musi- a dor das desarmonias nos ensina quem escolhe: Deus está inocente cal para a cura da alma é enfatiza- a prestar mais atenção e compre- nisso.” Semelhantemente, encontra- da por Pitágoras, como já mencio- ender melhor as leis da natureza se em Cartas dos Mahatmas para nei, sendo que com esse intuito ele que eventualmente transgredimos A.P. Sinnett (Ed. Teosófica): “O mal usava a escala musical de sete no- por ignorância, enquanto o prazer não tem existência per se e é ape- tas que criou em correspondência das harmonias nos estimula a con- nas a ausência do bem; e existe com os sete planetas sagrados, cuja tinuar algo tropegamente como uma apenas para aquele que é transfor- correspondência explicito em meu criança aprendendo a caminhar na mado em vítima sua... A natureza é livro A Ciência da Astrologia e as escola da vida. Assim, a música das destituída de bondade ou maldade: Escolas de Mistérios (Ed. Teosófica). esferas proporciona essa aprendi- ela segue apenas leis imutáveis Semelhantemente à música, tam- zagem, sendo cada planeta em seu quando dá vida e alegria ou manda bém os aspectos ou ângulos plane- giro como um professor de uma sofrimento e morte, destruindo o tários longitudinais e geocêntricos matéria diferente. Com uma cres- que havia criado. A natureza tem (ou seja, com a Terra no vértice, cente habilidade ou sabedoria con- um antídoto para cada veneno, e pois importa medir sua influência quistada pela experiência, passa a suas leis possuem uma recompen- sobre nós que estamos na Terra), fazer sentido a máxima clássica que sa para cada sofrimento. (...) O ver- costumam ser clas- Annie Besant cita em A Doutrina dadeiro mal surge da inteligência sificados como har- do Coração (Ed. Teosófica): “ yoga humana e sua origem está inteira- “O verdadeiro mônicos (a saber: é habilidade na ação, e essa é uma mente no homem que raciocina e mal surge da os trígonos de 120º maneira pela qual o homem sábio se dissocia da natureza. (...) A ori- inteligência e os sextis de 60º) governa seus astros ao invés de ser gem de cada mal, seja pequeno ou humana e sua e desarmônicos (a governado por eles.” Minha saudo- grande, está na ação humana, no origem está saber: as quadratu- sa professora Emma Costet de Mas- homem, cuja inteligência faz dele inteiramente ras de 90º e as opo- cheville também dizia, em seu li- o único agente livre da natureza.” no homem que sições de 180º). vro Luz e Sombra (Ed. Teosófica), “Nós reconhecemos apenas uma lei Entre os princi- que também recomendamos: “Atra- no universo, a lei da harmonia, do raciocina e se pais aspectos clas- vés do estudo da astrologia, apren- perfeito equilíbro”, ou seja, a lei do dissocia da sificados por Ptolo- demos a não culpar, mas a com- karma ou de causa e efeito. natureza” meu no Tetrabi- preender, a não ser infelizes ou re- voltados, mas a conhecer a nós mes- Uma correlação científica dos blos, o grande livro mos e ao nosso próximo, encon- aspectos, em favor da sustentação clássico da astrologia ocidental, en- trando a harmonia da vida e reli- dos aspectos astrológicos como leis contra-se ainda a conjunção (0º), gando-nos à fonte de luz.” da natureza e não como arbítrios dos que é mais intensa, porém de cará- deuses, foi feita algo acidentalmen- ter ambíguo ou neutro, dependen- Infelizmente os medievais cha- te pelo engenheiro eletrônico John do da natureza dos planetas envol- mavam de maléficos aos ângulos H. Nelson, pesquisador de propaga- vidos e sua afinidade, bem como desarmônicos e de benéficos aos ção de ondas curtas de rádio da do grau de maturidade do indiví- outros, mas tal concepção parece Radio Corporation of America (RCA), duo. Portanto, num giro de 360º em subentender que a divindade teria tendo sido enviada em 17/11/1955 trânsito com sua posição natal, por criado o mal, ou que o destino que e publicada na revista Initiation et exemplo, um planeta produzirá, na seria previsível pelo movimento Science, conforme cito em meu su- pior das hipóteses, quatro aspectos angular dos astros teria a intenção pramencionado livro, como segue: harmônicos e quatro desarmônicos. de nos punir. Ao contrário, Platão “Eu estou surpreso que meu traba- Mas, se o indivíduo tiver sabedoria sustenta, em seu diálogo chamado lho e pesquisa sejam tão proxima- para reverter a seu favor pelo me- Protágoras, que a ignorância é a mente paralelos às doutrinas dos nos a ambiguidade da conjunção, causa do mal. O sofrimento se apre- astrólogos. Quando me engajei nes- ele conseguirá transformá-los em senta enquanto nós não compreen- sa pesquisa referente a perturbações cinco aspectos harmônicos e três demos as leis da natureza, escolhen- ionosféricas influenciando ondas desarmônicos, “desempatando” a do semear causas que geram efei- curtas de rádio, eu não tinha qual- natureza a seu favor. tos dolorosos para nós mesmos. quer ideia de quais ângulos plane- Dessa forma, parece que a na- tários heliocêntricos seriam encon- tureza apresenta um cenário onde Platão chega a afirmar, em A Re- trados como ângulos importantes. pública, quando comentava sobre SOPHIA • OUT-DEZ/2010 42

EHSAN NAMAVAR Pesquisa puramente empírica reve- lou que ângulos de 0º, 90º, 180º e “A dor das desarmonias ensina a compreender as leis da 270º estavam associados com maus natureza que transgredimos por ignorância, enquanto o prazer sinais de rádio e (ângulos de) 60º, das harmonias estimula a continuar algo tropegamente, como 120º, 240º e 300º foram descobertos uma criança aprendendo a caminhar na escola da vida” como estando associados com bons sinais de rádio. (...) Eu nunca estu- SOPHIA • OUT-DEZ/2010 dei astrologia. É puramente por co- incidência que minhas descobertas no rádio aparecem para sustentar a hipótese dos astrólogos que, pelas eras, têm reivindicado que planetas distantes podem ter uma influência sobre os habitantes da Terra.” A Enciclopédia de Astrologia de Lewis menciona, no verbete John Nelson: “Trabalhou no problema de como prever as flutuações do eixo magnético da Terra, que interrom- piam a radiocomunicação. Sabia-se que essas flutuações eram afetadas pela atividade das manchas solares, entre outras coisas. Utilizando essa pista como ponto de partida, Nel- son começou a investigar as corre- lações entre configurações helio- cêntricas [uma vez que ele buscava medir influências sobre as manchas solares, N.A.] dos planetas e distúr- bios nas ondas de rádio. Suas des- cobertas foram tão notáveis que posteriormente ele foi capaz de pre- ver tais distúrbios com uma preci- são de mais de 93%. (...) Como Nel- son também pôde prever as regi- ões no mundo onde os distúrbios seriam mais severamente sentidos, a RCA pôde reenviar as transmis- sões sem perda de serviço. As co- munidades astronômica e acadêmi- ca receberam essas descobertas com um enorme silêncio. Porém, Richard Head, do Eletronics Research Cen- ter da NASA, investigou os estudos de Nelson e considerou-os preci- sos. A NASA estava interessada nas implicações de sua pesquisa na pre- visão da atividade de manchas so- lares, para que conseguisse expor os astronautas à excessiva radiação solar. Desse modo, a NASA veio a adotar os métodos de Nelson sob o nome de vetorização gravitacional.” 43

Sem dissonâncias Mas fica a pergunta: “Como as- obter o êxtase etc. – tinham real- provado está em perfeita concor- trólogos da Antiguidade poderiam mente clariaudiência, clarividência dância com a teoria dos ksanas, ter tanta precisão e conhecimento e outros poderes paranormais que conforme os Yoga-Sutras III-53 e IV- sobre os aspectos planetários sem utilizavam como meio de conheci- 33, que consideram como descon- ter os instrumentos científicos mo- mento e pesquisa noutras dimen- tínua a própria natureza do tempo dernos que tornaram possível a pes- sões, que alguns denominaram de e da matéria. quisa de Nelson?” Essa talvez seja ciência oculta. uma evidência de que Pitágoras e Como poderia, há 2.600 anos, outros hierofantes das Escolas de Semelhantemente, descobertas o grande iogue Patañjali, autor dos Mistérios da Antiguidade – onde da física quântica demonstram, por Yoga-Sutras que Helena Blavatsky eram ensinados o karma, a astrolo- exemplo, que a irradiação da luz é considerava ser a própria meto- gia, a reencarnação, as condições descontínua, propagando-se através dologia da ciência oculta, conhe- da vida após a morte, métodos para de porções discretas chamadas fó- cer tais fatos sem o apoio da tec- tons. Tal fato cientificamente com- nologia e pesquisa científica atu- 4 4 SOPHIA • OUT-DEZ/2010

“Beethoven sofria de ticularmente no capí- como parte da harmonia de um surdez progressiva e tulo Astrologia, Kar- grande acorde, aquela nota que era acabou tão surdo ma e Livre-Arbítrio, e tão discordante enriquece e torna que compôs sua em artigos anteriores perfeito o acorde. A metade do se- nona sinfonia sem nessa mesma revista gredo dos belíssimos acordes de nunca tê-la ouvido SOPHIA. Afinal, a lei Beethoven jaz no poder com que do karma, também ele usa notas discordantes. Sem elas com os ouvidos físi- conhecida como lei quão diferente seria sua música, cos. Ele já havia al- de harmonia, ajuste quão menos rica, menos melodio- cançado tamanha ou compensação, é sa e esplêndida.” maestria na música essencialmente edu- que o instrumental cativa, fazendo-nos Na verdade, ironicamente, físico já não era colher apenas e jus- Beethoven, um dos maiores gênios mais necessário” tamente aquilo que da música, sofria de uma surdez semeamos, como di- progressiva desde jovem, e acabou zia São Paulo: “Tudo tão surdo que compôs sua nona que o homem semear; isso também sinfonia, sua obra-prima, somente ele colherá.” (Gálatas VI; 7) dentro de si mesmo, sem nunca tê- Mesmo os aspectos desarmôni- la ouvido com os ouvidos físicos. cos passam a ser vistos nessa pers- Ele era capaz de ouvir internamen- pectiva do plano divino como de- te toda aquela maravilhosa música safios eventualmente dolorosos, po- melhor do que nós com os ouvi- rém educativos no processo geral dos físicos, e imaginar com preci- de evolução da alma para atingir a são todos os instrumentos da or- perfeição na harmonia, o homem questra dentro de si mesmo, com- perfeito na libertação final ou nir- pondo assim com perfeição a par- vana. É realmente necessário com- titura. Na verdade, ele já havia al- preender que a dor não é essenci- cançado tamanha maestria na mú- almente má, mas antes representa sica que o instrumental físico já não um sinal de alerta que nos chama a era mais necessário. atenção para desequilíbrios provo- VALERIY LEBEDEV cados em nossos corpos que preci- Assim, também quando tivermos sam ser sanados. conquistado a harmonia interior, Misteriosamente, encontra-se que se identifica com o amor espi- nas supramencionadas Cartas dos ritual, e que somente na plenitude Mahatmas: “A discórdia é a har- da sabedoria da vida pode flores- ais? Recomendamos, para o leitor monia do universo. (...) Cada par- cer, então o próprio corpo físico não interessado nesse tema envolven- te, como nas fugas gloriosas do será mais necessário como instru- te da ciência oculta, o livro A Ci- imortal Mozart, persegue incessan- mento de aprendizagem e as reen- ência do Yoga (Ed. Teosófica), que temente a outra em harmoniosa carnações compulsórias chegarão é um magistral comentário do Dr. discordância pelos caminhos do ao fim. Tendo resgatado todos os I.K. Taimni aos antigos Yoga-Su- progresso eterno, para encontra- karmas e, pela renúncia aos frutos tras em linguagem científica con- rem-se e finalmente fundirem-se no da ação, aprendido a não gerar temporânea. limiar da meta buscada, formando quaisquer novas dissonâncias, o ser Dessa forma, os aspectos plane- um todo harmonioso.” humano conquista a plena harmo- tários harmônicos e desarmônicos Similarmente, também numa nia com a música das esferas, por- representavam uma expressão do correspondência com a música, tanto a libertação final ou nirvana. karma maduro do indivíduo atra- Annie Besant comenta: “Algumas Ele não precisa mais do instrumen- vés da astrologia, que era um dos vezes, em um acorde musical, uma to externo, alcançou o autoconhe- ramos aplicados da antiga ciência nota discordante é necessária para cimento e tornou-se senhor de si oculta, conforme já considerei mais a perfeição da harmonia. Ela soa mesmo, porque já conquistou a ple- detalhadamente em meu livro, par- muito mal quando separada, mas na maestria internalizando em seu próprio ser a mensagem da vida e SOPHIA • OUT-DEZ/2010 sua lei de harmonia. 45

Conheça as publicações da As Escolas de Mistérios – O Segredo da Yoga, a Arte da Aspectos Espirituais O Discipulado da Nova Era Autorrealização Integração das Artes de Curar Clara Codd I. K. Taimni Rohit Mehta Dora van Gelder Kunz (comp.) Um dos livros mais mar- O princípio que norteia O leitor tem, agora em cantes da literatura esotérica a obra é que o homem português, um dos comentá- “O Futuro da Medicina”, do século 20, esta obra apre- vive envolto por um mun- rios mais originais dos Yoga- “Influência do Inconsciente senta em linguagem clara a do de ilusões e limitações, Sutras de Patañjali, obra na Cura”, “Karma e Terapia”, chave para a escola interna tendo perdido a consciên- clássica que codificou o “Descobrindo a Mensagem de sabedoria que inspira a cia de sua verdadeira natu- Yoga no século VI a.C. da Doença”, “O Toque Tera- humanidade no alvorecer da reza divina. pêutico como Meditação”, nova era global. A obra investiga o poten- entre outros temas interes- O livro lança luz sobre cial da consciência humana santes, foram reunidos aqui O candidato àquela sa- a natureza da mente, mos- e as questões fundamentais para auxiliar o leitor no ca- bedoria esotérica que ilumi- trando como a identifica- da existência, as causas da minho do autoconhecimento na de dentro para fora todas ção da consciência com o felicidade e do sofrimento, e da cura, tanto de si mesmo as grandes religiões da hu- mundo material aprisiona os estados de êxtase e graça, quanto dos outros. manidade deve ter motiva- o ser humano, tornando-o os poderes psíquicos e a ção pura. Deve ser honesto escravo de suas próprias imortalidade. Médicos, psiquiatras, consigo mesmo. Agindo com projeções mentais. Os pla- psicólogos e profissionais de coragem e determinação, nos inferiores são vistos Rohit Mehta estuda Pa- diversas linhas da área de deve deixar que a percepção como um mero jogo de tañjali à luz do pensamento saúde contribuíram para esta espiritual surja naturalmente sombras, refletindo e expri- de J. Krishnamurti, o grande rara coletânea de enfoque como resultado da purifica- mindo de maneira incom- pensador do século XX, que holístico sobre as artes de ção gradual das suas ações, pleta e imperfeita, aquilo destacou a importância da curar, que oferece uma visão emoções e pensamentos. que acontece na mente percepção direta da realida- abrangente sobre o que há divina em sua forma plena, de, sem a intermediação da de mais atualizado e profun- Nesse livro imprescindí- perfeita e verdadeira. memória ou do passado, e do no assunto. vel para os estudantes da sem o “eu” como centro. sabedoria divina, Clara Codd revela informações inéditas Pensamentos para aspirantes ao caminho espiritual no Brasil sobre a Fraternida- N. Sri Ram de dos Homens Perfeitos, que protege e inspira o cres- Este livro é uma compilação de pensamentos inspiradores, cimento espiritual da huma- excertos escolhidos de diversos escritos de Sri Ram, 5º Presiden- nidade. Ela também descre- te Mundial da Sociedade Teosófica. Os pensamentos estão divi- ve, em linguagem coloquial didos em temas como autorrealização, verdade, sabedoria, li- que fala direto ao coração, berdade, paz, fraternidade, felicidade, beleza, amor, entre ou- o modo como o cidadão da tros. Sua linguagem humana, simples e profunda tornam esse nova era pode sintonizar livro acessível e recomendável a todos. sua consciência pessoal com a vibração da energia SOPHIA • OUT-DEZ/2010 divina que mantém a huma- nidade no foco da evolução para o bem. 46

Editora Teosófica A Vivência da Meditações – A Visão Espiritual A Vida de Cristo – Do Espiritualidade Excertos das Cartas da Relação Homem Nascimento à Ascenção Shirley Nicholson dos Mestres e Mulher Geoffrey Hodson de Sabedoria Scott Miners (comp.) Que aspectos da sua vida Katherine A. Beechey O grande mérito do livro A podem mudar para melhor? (comp.) Vários autores apresentam Vida de Cristo é revelar em De que modo? Lendo A Vi- aqui uma abordagem ampla detalhes as chaves para a inter- vência da Espiritualidade Esta é uma primoro- da energia interior que con- pretação sistemática do relato você encontrará sugestões sa seleção de pensa- trola o ímpeto sexual. Eles bíblico. O leitor pode acompa- para fazer seu próprio pro- mentos extraídos das escrevem francamente acerca nhar, passo a passo, a lógica grama de ação espiritual na Cartas dos Mahatmas, das motivações profundas e do trabalho, à medida que os vida diária, envolvendo estu- apresentando um pen- transcendentes por trás da principais versículos dos qua- do, meditação, autoaperfei- samento para cada dia atração sexual, abordando tro evangelistas são examina- çoamento e serviço. do ano e relacionando características comuns de dos. Retirado o véu da simbo- cada mês com uma diferentes culturas e religiões. logia e da alegoria, encontra- Este livro coloca ao alcan- qualidade, como altruís- mos uma mensagem revelado- ce de qualquer cidadão as mo, pureza, coragem, O livro traz, entre outros, ra e profundos ensinamentos. práticas milenares que levam intuição e equilíbrio, textos de J. Krishnamurti ao autoconhecimento, à dis- entre outras. (Sobre o Sexo); Viktor Frankl Para muitos, as interpreta- ciplina com criatividade e à (A Despersonalização do ções sugeridas por Geoffrey busca da sabedoria eterna. O leitor poderá trazer Sexo); Clara Codd (Um Ou- Hodson representarão uma Desse modo, a vida de cada para sua reflexão diária a tro Aspecto do Sexo); Hazrat brisa renovadora, revigorando um de nós pode, consciente- profundidade e a beleza Inayat Khan (A Paixão); o ar estagnado da leitura mente, fazer parte do grande das palavras dos mestres Herbert Guenther (A Polari- literal da Bíblia, tradicional- esquema de evolução espiri- de sabedoria, que pro- dade Masculino-Feminino no mente oferecida pelo clero. tual da humanidade, que porcionam o auxílio Pensamento Oriental) e Re- Quantos católicos sinceros avança clara e irreversivel- necessário para uma vida née Weber (A Escada do não desistiram de tentar en- mente ao longo dos milênios. ética e feliz. Amor de Platão). tender a Bíblia em virtude das passagens que, se toma- Sete maneiras fáceis de Editora Teosófica das ao pé da letra, configu- comprar nossos livros: ram-se improváveis e até SGAS quadra 603, conj. E, s/nº contrárias à razão? Essa difi- 1. Ligue grátis: 0800-610020 Brasília-DF - CEP 70.200-630 culdade vem do fato de a 2. Peça por fax Fone: 61-3322-7843 Bíblia ter sido escrita em 3. Peça por correspondência Fax: 61-3226-3703 linguagem simbólica, seguin- 4. Cheque nominal do uma tradição milenar de 5. Depósito bancário E-mail: [email protected] velar verdades de profunda 6. Cartão Visa Home page: www.editorateosofica.com.br relevância espiritual em meio 7. Visite nosso site: a relatos prosaicos e aparen- www.editorateosofica.com.br temente históricos. SOPHIA • OUT-DEZ/2010 47

PeçaPeça pelo número! Ligue grátis: 0800-610020 1. Além do Despertar - Textos do Mestre 32. Fotos de Fadas - Edward L. Gardner: 17,00 Hao Chin Jr.: 33,00 Hakuin sobre Meditação Zen: 23,00 33. Fundamentos da Filosofia Esotérica - H. P. 65. Princípios de Trabalho da Sociedade 2. Alvorecer da Vida Espiritual, O - Murillo Blavatsky: 15,00 Teosófica - I. K.Taimni: 12,00 Nunes de Azevedo: 25,00 34. Gayatri - O Mantra Sagrado da Índia - I. 66. Raja Yoga - Wallace Slater: 20,00 67. Regeneração Humana - Radha Burnier: 21,00 3. Apolônio de Tiana - G. R. S. Mead: 23,00 K. Taimni: 26,00 68. Rumo a uma Mente Sábia e uma Sociedade 4. Aprendendo a Viver a Teosofia, Radha 35. Gnose Cristã, A - C. W. Leadbeater: 32,00 36. Helena Blavatsky - Sylvia Cranston: 63,00 Nobre - Radha Burnier e outros: 18,00 Burnier, R$ 31,00 37. Hino de Jesus, O - G. R. S. Mead: 13,00 69. Sabedoria Antiga, A: 37,00 5. Aspectos Espirituais das Artes de Curar - 38. Histórias Zen - Paul Reps (comp.): 27,00 70. Sabedoria Antiga e Visão Moderna - 39. Homem: sua Origem e Evolução, O - N. Sri Dora van Gelder Kunz: 39,00 Shirley Nicholson: 32,00 6. Autocultura à Luz do Ocultismo - I. K. Ram: 17,00 71. Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, A - 40. Ideais da Teosofia, Os - Annie Besant: Taimni: 37,00 Geoffrey Hodson: 67,00 7. Autoconhecimento - Marcos Resende: 18,00 23,00 72. Saúde e Espiritualidade - Geoffrey Hodson: 14,00 8. Caminho do Autoconhecimento, O - Radha 41. Idílio do Lótus Branco, O - Mabel Collins: 73. Segredo da Autorrealização, O - Burnier: 11,00 20,00 I. K. Taimni: 20,00 9. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, 42. Inteligência Emocional - As Três Faces da 74. Senda Graduada para a Libertação, A - Vol. 1 - Mahatmas K. H. e M.: 45,00 Mente - Elaine de Beauport & Aura Sofia Geshe Rabten: 14,00 10. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Diaz: 47,00 75. Senda para a Perfeição, A - 43. Introdução à Teosofia - C.W. Leadbeater: Vol. 2 - Mahatmas K. H. e M.: 48,00 15,00 Geoffrey Hodson: 15,00 11. Cartas dos Mestres de Sabedoria - C. 44. Investigando a Reencarnação - John 76. Suprema Realização através da Yoga, A - Algeo: 24,00 Jinarajadasa: 38,00 45. Libertação do Sofrimento, A - Alberto Geoffrey Hodson: 29,00 12. Chamado dos Upanixades, O - Rohit Brum: 21,00 77. Sussurros da Outra Margem - 46. Luz e Sombra - Emma Costet de Mehta: R$ 37,00 Mascheville: 16,00 Ravi Ravindra: 23,00 13. Chave para a Teosofia, A - H. P. Blavatsky: 47. Luz no Caminho - Mabel Collins: 11,00 78. Teatro da Mente, O - 48. Meditação - Sua Prática e Resultados - 34,00 Clara M. Codd: 15,00 Henryk Skolimowski: 24,00 14. Chegando Aonde Você Está - A Vida de 49. Meditação - Um Estudo Prático - Adelaide 79. Teia de Maya, A - Atapoã Feliz: 17,00 Gardner: 22,00 80. Teosofia como os Mestres a Vêem - Meditação - Steven Harrison: 31,00 50. Meditações: Excertos das Cartas dos 15. A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mestres de Sabedoria - Katherine A. Clara Codd: 33,00 Beechey (comp.) [livro de bolso] - 11,00 81. Teosofia Simplificada - Irving Cooper: 19,00 Mistérios - Ricardo Lindemann: 49,00 51. Meditação Taoísta - Thomas Cleary 82. Tradição-Sabedoria, A - Pedro Oliveira 16. A Ciência da Meditação - Rohit Mehta: (comp.): 20,00 52. Mundo Oculto, O - A. P. Sinnett: 30,00 e Ricardo Lindemann: 19,00 35,00 53. Natal dos Anjos, O - Dora van Gelder 83. Três Caminhos para a Paz Interior - 17. Ciência do Yoga - I. K. Taimni: 43,00 Kunz - 11,00 18. Conheça-te a Ti Mesmo - Valdir Peixoto: 15,00 54. Ocultismo Prático - Helena Blavatsky: 11,00 Carlos Cardoso Aveline: 25,00 19. Conquista da Felicidade, A - Kodo 55. Ocultismo, Semi-ocultismo e Pseudo- 84. Tudo Começa com a Prece - Madre Teresa de ocultismo - Annie Besant: 12,00 Matsunami: 23,00 56. Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Calcutá: 23,00 20. Consciência e Cosmos - Menas Kafatos & Espiritual - N. Sri Ram: 20,00 85. Vegetarianismo e Ocultismo - C. W. 57. Pés do Mestre, Aos - J. Krishnamurti: 11,00 Thalia Kafatou: 34,00 58. Pistis Sophia - Trad. Raul Branco: 48,00 Leadbeater - Annie Besant: 18,00 21. Contos Mágicos da Índia - Marie Louise 59. Poder da Sabedoria, O - Carlos Cardoso 86. Vida de Cristo, A - Geoffrey Hodson: 43,00 Aveline: 25,00 87. Vida e Morte de Krishnamurti - Burke: 21,00 60. Poder da Vontade, O - Swami 22. Criança Encantada, A [livro de bolso] - C. Budhananda: 12,00 Mary Lutyens: 35,00 61. Poder Transformador do Cristianismo 88. Vida Espiritual, A - Annie Besant: 26,00 Jinarajadasa: 11,00 Primitivo, O - Raul Branco: R$ 20,00 89. Vida Interna, A - C. W. Leadbeater: 39,00 23. Dentro da Luz - Cherie Sutherland: 31,00 62. Potência do Nada, A - Marcelo Malheiros: 90. Visão Espiritual da Relação Homem & Mulher, 24. Desejo e Plenitude - Hugh Shearman: 23,00 63. Preparação para Yoga - I. K.Taimni: 22,00 A - Scott Miners (comp.): 31,00 15,00 64. O Processo de Autotransformação - Vicent 91. Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da 25. Despertar da Visão da Sabedoria, O - Sabedoria - Shankara: 27,00 Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama: 22,00 92. Vivência da Espiritualidade, A - Shirley 26. Despertar de Uma Nova Consciência, O - Nicholson: 13,00 Joy Mills: 17,00 93. Você Colhe o que Planta - 27. Doutrina do Coração, A - Annie Besant: Antonio Geraldo Buck: 15,00 18,00 94. Wen-tzu - A Compreensão dos Mistérios - 28. Em Busca da Sabedoria - N. Sri Ram: Ensinamentos de Lao-tzu: 29,00 26,00 95. Yoga - A Arte da Integração - 29. Escolas de Mistérios, As - Clara Codd: 33,00 30. Estudos Seletos em A Doutrina Secreta - Rohit Mehta: 41,00 96. Yoga do Cristo - No Evangelho de São Salomon Lancri: 21,00 31. Fim da Divindade Mecânica, O - John João, A - Ravi Ravindra: 33,00 David Ebert (comp.): 33,00 RECORTE OU TIRE CÓPIA DESTE CUPOM E ENVIE PARA: EDITORA TEOSÓFICA - SGAS Q. 603, CONJ. E, S/Nº - BRASÍLIA-DF - CEP 70.200-630 [SOPHIA 32] Desejo adquirir as publicações nº por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº Validade: Titular: Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 PEDIDO DE LIVRO - ACRESCENTAR A TAXA FIXA DE R$ 14,00 PARA REMESSA POR ENCOMENDA NORMAL Desejo assinar SOPHIA por 1 ano (4 edições), ao preço de R$ 41,00 por 2 anos (8 edições), ao preço de R$ 79,00 por 3 anos (12 edições), ao preço de R$ 115,00 Nome: Fone (res.): Data de nascimento: CPF: Estado: Endereço: CEP: Cidade: Fone (com.): E-mail:

A origem da pala- vra theosophia é grega e significa sabedoria divina. A Sociedade Teo- sófica moderna busca a sabedoria não pela mera crença, mas pela investigação da verdade na natu- reza e no homem. ARQUIVO / ED. TEOSÓFICA O que é a Sociedade Teosófica A Sociedade Teosófica foi funda- des em mais de sessenta países. Está tendo, ao mesmo tempo, suas tradi- da em Nova Iorque, em 17 de no- dividida em Seções Nacionais, que se ções. Considerando que ela não é uma vembro de 1875, por um grupo de compõem de Lojas e Grupos de Estu- religião, muito menos uma seita, so- pessoas, entre as quais se destacaram dos. Seus objetivos são: mente o respeito à liberdade de pen- a russa Helena Petrovna Blavatsky e samento torna possível a convivên- o norte-americano Henry Steel Olcott, Formar um núcleo da Fraternida- cia harmônica que favorece a investi- que foi seu primeiro presidente. Pos- de Universal da Humanidade, sem gação e o aprendizado. teriormente, a sede internacional foi distinção de raça, credo, sexo, casta transferida para a Índia, na cidade de ou cor. Sabedoria viva Chennai, antiga Madras, onde se en- Encorajar o estudo de Religião contra atualmente localizada. Comparada, Filosofia e Ciência. A origem da palavra theosophia Investigar as leis não-explicadas da é grega e significa, etmologicamen- Com mais de um século de exis- natureza e os poderes latentes no te, sabedoria divina. Quem primei- tência, a Sociedade Teosófica espa- homem. ro utilizou esse termo foi Amônio lhou-se por todo o mundo, com se- A Sociedade Teosófica estrutu- Saccas, em Alexandria, no Egito, no ra-se sobre o princípio da fraterni- século III d.C, que, juntamente com Não há religião dade universal. Seus objetivos apon- seu discípulo Plotino, fundou a Es- superior à tam na direção de uma livre inves- cola Teosófica Eclética. Esses filó- tigação da verdade. sofos neoplatônicos não buscavam verdade Uma vez que essa investigação só a sabedoria apenas nos livros, mas pode ser realmente empreendida em através de analogias e correspon- Esse é o lema da Sociedade Teosó- uma atmosfera de liberdade, a Socie- dências da alma humana com o fica. Ele não significa que a Socie- dade assegura aos membros o direito mundo externo e os fenômenos da dade se imponha como portadora à plena liberdade de pensamento e natureza. Assim, a Sociedade Teo- da verdade; quer dizer que o laço expressão, dentro dos limites do res- sófica moderna, sucessora dessa an- que une os teosofistas não é uma peito para com os demais. tiga escola, almeja a busca da sabe- crença comum, mas a investigação Membros de diversas religiões se doria não pela mera crença, mas da verdade em relação às diversas filiaram à Sociedade Teosófica, man- pela investigação da verdade que se religiões, à filosofia ou à ciência. manifesta na natureza e no homem. SOPHIA • ABRI-JUN/2010 49

Sociedade Teosófica no Brasil Capitais Rio de Janeiro-RJ niões: 3ª, 20h. Loja Augusto Bracet: R. General Roca, 380/102, Loja Liberdade: R. Anita Garibaldi, 29, 10º an- Brasília-DF - SGAS Q. 603, cj. E, s/nº. CEP: 70200-630. Tel: (61) 3226-0662. bl. B, Tijuca. CEP: 20521-070. Tel: (21) 2569-9978. dar. CEP: 01018-020. Tel: (11) 3256-9747. Reuni- E-mail: [email protected]. Reuniões: 4ª, 15h. ões: 6ª, 20h. E-mail: lojaliberdade@sociedadeteo- Loja Alvorada: Reuniões 6ª, 19h30. sofica.org.br e [email protected] Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. E-mail: Lojas Conde de Saint Germain, Jinarajadasa, [email protected] Nirvana, Perseverança e Rio de Janeiro: Av. 13 Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizumoto 301, Li- Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. E-mail: de Maio, nº 13, s. 1.520, Centro, Cep 20053-901. berdade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. [email protected] Tel: (21) 2220-1003. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojarajayoga@ Coordenadoria das lojas de Brasília – progra- sociedadeteosofica.org.br mação pública conjunta: sáb., 14h30 a 21h30. Loja Conde de S.Germain: Reuniões 2ª, 14h. Belém-PA Loja Himalaia: Tel (21) 2710-3890. Loja São Paulo: R. Ezequiel Freire, 296, San- Loja Annie Besant: R. Tiradentes, 470, Redu- Loja Jinarajadasa: Reuniões 3ª, 16h. Site: tana (imediações metrô Santana). CEP: 02034- to. CEP 66053-330. Fone: (91) 3242-6978. Reu- www.lojajinarajadasa.com. 000. Tel: (11) 5661-1383. Site: groups. niões: 5ª, 19h. Loja Nirvana: Reuniões 6ª, 17h30. yahoo.com/group/ltsp-sampa. E-mail: ltsp-sam- Belo Horizonte-MG Loja Perseverança: Reuniões 5ª, 14h30. E-mail: [email protected]. Reuniões: Loja Bhagavad Gotama: Av. Afonso Pena, 748, [email protected] dom., 17h30. 26º andar. CEP: 30130-300. Tel: (31)3222-5934. Loja Rio de Janeiro: Reuniões sáb. 16h. Vitória-ES E-mail: [email protected]. Salvador-BA Reuniões: domingos, 16h. Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, Pq. N. S. da Luz, Loja Sabedoria Universal: Tel: 3340-028 (Sr. Campo Grande-MS Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) 3353-2191 / 9919- Alcione). E-mail: [email protected]. Reuni- Loja Campo Grande: R. Pernambuco, 824, S. 1065. E-mail: [email protected]. ões: 1ª terça do mês, 20h. Francisco. CEP: 79010-040. Tel: (67) 3025-7251 Site: www.sociedadeteosofica.org.br/teobahia- ou 9982-8106. E-mail: lojacampogrande@ Reuniões: sáb., 16h. Loja Sabedoria Universal: R. Coração de Maria, sociedadeteosofica.org.br. Reuniões: 2ª, 19h30; São Paulo-SP 215, ap. 801, Praia do Canto, CEP 29.100-013. sáb., 16h e 18h. Loja Amizade: R. Mituto Mizumoto 301, Liber- Loja Kut Humi: E-mail: teobahia@sociedade dade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reu- G.E.T. Blavatsky - Espaço Luz: R. Odete de teosofica.org.br Oliveira Lacourt, 610, Loja 1, Jardim da Penha. Curitiba-PR Outras cidades CEP 29060-050. Tel (27) 3227-8249. E-mail: Loja Libertação: R. XV de Nov., 1700, 2º [email protected]. Reuniões: 3ª, 19h30. andar, s. 5. CEP: 80050-000. Tel: (41) 3037- Águas de São Pedro-SP teosofica.org.br 5586, 3363-8312. Reuniões: 4ª, 19h45 (mem- G.E.T. Águas de São Pedro: Rua Pedro Boscari- Juiz de Fora-MG bros); 5ª 19h e sáb. 16h (público). E-mail: [email protected] ol Sobrinho, nº 95, SP. CEP: 13525-000. Telefone: Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Branco, Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, Alto da (19) 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) Glória. CEP: 80030-320. Tel: (41) 3254-3062. Bragança Paulista-SP 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. Reuniões: 3ª, 20h. Jundiaí-SP G.E.T. Dario Vellozo: Rua 13 de Maio, 538, Loja Alaya: R. Teixeira, 505, Taboão. CEP 12900- Centro, CEP 80510-030. Reuniões: domingos, 000. Tel: 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: G.E.T Jundiaí: R. Santa Lúcia, 25, Chácara Urba- 17h, fone: (41) 3029-4342, 9979-7970, 8438- [email protected] na, CEP 13201-834. Fone: (11) 4586-5022 e 9700- 2796. E-mail: [email protected] Campina Grande-PB 2012. Reuniões: 5ª, 20h. E-mail: Luciano.Irlanda@ Florianópolis-SC yahoo.com.br. Site: www.rosemeiredealmeida.com G.E.T. Florianópolis: R. José Francisco Dias G.E.T. Sírius: R. Clementino Siqueira, 34, Jar- Lavras-MG Areias, 390, Trindade, CEP: 88036-120. Tel: (48) dim Tavares (lateral do restaurante Tábua de Car- 3333-2311, 3333-2311, 9960-0637 (Adolfo). Reu- ne). CEP: 58.402-070. Tel: (83) 3055-1770. Reuni- G.E.T. Lavras: R. Barão do Rio Branco, 79. CEP: niões: última 3ª do mês, 20h. ões: dom., 16h30. E-mail: get.sirius@sociedade- 37200-000. Tel: (35) 3821-2151. Reuniões: 5ª, 20h. Fortaleza-CE teosofica.org.br ou [email protected] Mogi das Cruzes-SP Loja Unidade: Rua Sousa Girão, 725, José Campinas-SP Bonifácio. CEP 60055-370. Tel: (85) 3214-2392. Loja Raimundo Pinto Seidl: Rua Bráz Cubas, Reuniões: 5ª, 19h20. E-mail: lojaunidade@ G.E.T Lótus Branco: Caixa Postal 3835, Av. João 251, sala 14, 1º andar, Centro. CEP: 08715-060. sociedadeteosofica.org.br Erbalato, 48, ACF Castelo, CEP 13070-973. Reuni- Tel: (11) 4799-0139. Reuniões: sábado, 15h30. Goiânia-GO ões: sábados, 15h, fones: (19) 3027-1224/8815- Niterói-RJ G.E.T. Sophia: Rua 2, nº 320 apto. 801, Uira- 2970. E-mail: [email protected] puru, Setor Central, CEP 74023-150. Reuniões: Cataguases-MG Loja Himalaya: R. da Conceição 99, s. 207, Sábados 17h. E-mail: [email protected] Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, João Pessoa-PB Loja Unicidade: R. Coronel João Duarte, 78, s. 2611-6949. Reuniões: 2ª, 19h. Lj. Esperança: Av. Argemiro de Figueiredo, 204. CEP: 36770-000. Tel: (32) 3421-8601/(32) 3421- Piracicaba-SP 2957, s. 203, Ed. Empresarial, Bessa. CEP 58035- 2600/(32) 9111-8181 e (32) 9984-1164. Reuniões: 030. Tel: (83) 3246-1478, 9117-4488 ou 8866-5051. 3ª, 20h, sáb., 19h. E-mail: lojaunicidade@socie- Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Alto. CEP: 13416- E-mail: lojaesperanç[email protected] dadeteosofica.org.br 763. Tel: (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E- Porto Alegre-RS Criciúma-SC mail: [email protected]. Loja Dharma: Rua Voluntários da Pátria, 595, Praia Grande-SP s. 1408. CEP: 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. G.E.T. Mabel Collins: Cx P. 263, CEP 88801-970. Site: www.lojadharma.org.br. Reuniões: 4ª, 20h Tel: (48) 3433-0380 / 9904-2080. Reuniões: 1º sába- Get Thoth: R.Maurício José Cardoso, 1086, Forte. CEP (membros); sábado, 17h e 19h (público). do do mês, 15h. 11700-140.Tel:(13)3474-5180.Reuniões:2ª,20h. E-mail: Loja Jehoshua: Praça Osvaldo Cruz, 15, Ed. Franca-SP [email protected] Coliseu, s. 2108, Centro. CEP: 90030-160. Tel.: Ribeirão Preto-SP (51) 3328-4448. Reuniões: 3ª, 20h. E-mail: G.E.T. Consciência: R. Jardinópolis, 508. CEP 14405- [email protected] 065. Tel: (16) 3723-5676. Reuniões: domingo, 15h. E- G.E.T Ahimsa: R. João Penteado, 38, Jardim Recife-PE mail: [email protected] Sumaré, CEP 14020-180. Fones: (16) 3024-1755 e Loja Estrela do Norte: R. Diogo Álvares, 155, Guarulhos-SP 9144-1780. Reuniões: Sáb., 16h. E-mail: getahim- Torre. CEP: 54420-000. Tel: (81) 3459-1452. Reu- sa @sociedadeteosofica.org.br niões: domingo, 16h. E-mail: lojaestreladonorte G.E.T Mahatma Gandhi: Av. Esperança, 278, s. 5. São Caetano do Sul-SP @sociedadeteosofica.org.br CEP 07095-005. Tel: (11) 4485-3896/9338-3400. E- mail: [email protected]. Reuniões: 5ª, 20h. G.E.T. do Grande ABC: R. Marechal Deodo- Joinville-SC ro, 904, Santa Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reuniões: 3ª, 20h. E-mail: Loja Shanti-OM: R. Eugênio Moreira, 114, Anita [email protected] Garibaldi. CEP: 89202-100. Tel: (47) 3433-3706. São José dos Campos-SP Reuniões: 4º domingo do mês, 19h. Juazeiro do Norte-CE Loja Vida Una: R. General Osório, 48, Vila Ema. CEP: 12216-590. Reunião: 3ª 19h. E-mail: G.E.T. Ashrama: R. Santa Rosa, 835, Salesianos. [email protected] CEP: 63010-440. Tel: (88) 3511-2905. Reuniões: do- Uberlândia-MG mingo, 15h. E-mail: getashrama@sociedade- G.E.T Uniconsciência: ESP. SAMSARA, Av. Cesá- rio Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 3236- 8661. E-mail: [email protected]. Reu- niões: Sáb., 16h.


Revista Sophia nº 32

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