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Revista Sophia nº 83

Published by Editora Teosofica, 2021-04-09 20:03:44

Description: A Revista Sophia é uma publicação da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião. Nesta edição:
• Ao leitor: Beleza que nos eleva;
• Os ideias em nossa vida – Valéria Marques de Oliveira;
• A mente criativa – N. S. Hankin
• Além da ilusão – Sonal Murali;
• Despertar para os sonhos – Marcos Queiroz;
• A Teosofia e o autoconhecimento – Krista Umbjarv;
• O ter e o ser – Walter Barbosa;
• Conhecimento e autorrealização – Pradip Satpathy;
• Uma alma madura – James L. Bull;
• Direitos dos animais – Michiel Haas.

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www.revistasophia.com.br ANO 18 • Nº 83 R$ 19,00 “ A mente criativa A mente universal não está de modo algum “ ‘lá em cima’; está aqui e agora. Ela não deve ser buscada no céu estrelado nem nos distantes planos místicos, mas em nós mesmos ADAM KONTOR/PIXABAY Os ideais em Conhecimento e Despertar para nossa vida autorrealização os sonhos

Editora Teosófica novos horizontes para viver melhor 616P-1l9ai-g83rau63e12c32op47ma98rp04ar63:ar, www.editorateosofica.com.br

Cartas Sophia 83 Bálsamo para os olhos Ao leitor Beleza que nos eleva A revista SOPHIA é sempre enriquecedora e um bálsamo para os nossos olhos, com suas 4 belas fotografias. Sempre aproveito e aprendo muito. Os ideais em nossa vida Valéria Marques Carmen Lúcia Branco Lemos – de Oliveira Campo Grande (MS) 5 Fonte de conhecimento A mente criativa SOPHIA possui conteúdos interessantes e N. S. Hankin atuais. Sinto gratidão por todos que trabalham e fazem com que a revista se torne essa fonte de 12 conhecimento incrível. Tenho uma crítica cons- trutiva que gostaria de compartilhar: acredito Além da ilusão que falte uma sintonia entre o conteúdo mara- Sonal Murali vilhoso e pessoas da nossa realidade comum, sem esse mundo idealizado e estereotipado... 14 Gordinhos, negros, pardos, pessoas com defi- ciência, gays, etc. Para se tornar ainda melhor, Despertar para os sonhos seu material poderia ser totalmente sustentável, Marcos Queiroz com papel reciclável. 20 Marcia Gomes Gama – Brasília (DF) A Teosofia e o Conteúdo lúcido autoconhecimento Krista Umbjarv SOPHIA constitui um manancial de bên- çãos, com seu conteúdo claro e lúcido, tão ne- 24 cessário a esses dias de incertezas. O ter e o ser Maria Anunciada de Oliveira Costa – Currais Walter Barbosa Novos (RN) 30 Riqueza de sabedoria Conhecimento e Aprecio imensamente a revista SOPHIA. autorrealização Além de informações, ela nos enriquece com Pradip Satpathy muita sabedoria. 32 Alice Maria Couto – Brasília (DF) Uma alma madura Guia de autoconhecimento James L. Bull SOPHIA possui conteúdos relevantes e atu- 36 ais; eu gosto muito e indico. Ela serve como um grande guia de autoconhecimento para mim. Direitos dos animais Michiel Haas Marilena Wolf – Joinville (SC) 40 Nota dez A revista SOPHIA possui excelente qua- lidade, com ótimos temas abordados e muita profundidade. O material gráfico é de alto nível, qualidade do papel, fotos e escolha das capas. É uma revista digna de receber nota dez! Antônio Carlos Goncalves Fernandes – Mogi das Cruzes (SP) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica: (61) 3322-7843, comercial@editorateosofica ou [email protected] FOTOS: PIXABAY

[ AO LEITOR ] Beleza que nos eleva Olá, esta é a SOPHIA nº 83, uma a terra; as flores com seu perfume, ca presença do elemento natural. revista que busca, com imagens belas, infinitas cores e variados tipos e com- Quanto mais autocentrados, fe- trazer conteúdos elevadores da cons- binações de pétalas; os animais, com ciência humana, atuando em favor de seus graciosos filhotes; tudo, na natu- chados em nós mesmos, menos sen- uma vida mais harmônica das pesso- reza, é expressão da beleza. A crian- síveis somos ao belo, impedindo que as, de cada leitor e da coletividade. ça, com sua graça e espontaneidade, essa energia harmonizadora, pre- também a expressa naturalmente. sente em toda a natureza, penetre A beleza das imagens faz parte da em nossas vidas, elevando-a para ní- linha editorial de SOPHIA porque au- Nós, seres humanos adultos, veis infinitamente mais sutis, onde a menta a sensibilidade do leitor, favo- muitas vezes nos afastamos da bele- manifestação se dá de forma plena, recendo a percepção mais profunda za para viver em cidades poluídas, amorosa e feliz. dos conteúdos que através dela são com um astral denso, pesado. Vê-se veiculados. que a poluição não é apenas física, Às vezes a beleza externa é objeto decorrente da superpopulação, da de cobiça. A bela mulher, como se ela Por que a beleza nos eleva? Por miséria, do lixo e do descuido hu- fosse um objeto; o belo carro, aquela que buscamos o belo? Observando a mano, mas também há a poluição casa. Se, por um lado, a beleza nos natureza, verificamos que ela se ma- psíquica, refletida na energia que a eleva, por outro, a forma com que nifesta através de infinitas formas de ganância, o egoísmo, a brutalidade e desejamos possuí-la pode encobrir beleza. A pedra preciosa que se forma a competição deixam especialmente atitudes que não se coadunam com nas entranhas da terra é uma expres- nas grandes cidades em que há pou- a beleza num sentido maior, a beleza são de beleza. O verde que encobre do caráter e das atitudes. KIE-KER/PIXABAY Quando procuramos, em vez de buscar possuir ou reter o belo, apenas EDITORA TEOSÓFICA Diretor Comercial: Edição: estarmos sensíveis e nos abrirmos a Eduardo Weaver Usha Velasco ele, a energia harmonizadora que a Setor de Indústrias Gráficas Revisão: beleza traz também nos faz sensíveis SIG Q. 6, Lt. 1.235 REVISTA SOPHIA • JAN/FEV 2020 Zeneida Cereja da Silva às nossas próprias atitudes, ao nosso Brasília-DF - CEP 70.610-460 Tradução: eu, com seus infinitos quereres e exi- Fone: (61) 3322-7843 Editor-chefe: Edvaldo Batista de Souza gências, nem sempre tão belos. E-mail: editorateosofica@ Marcos Luís Borges de Resende Design gráfico: editorateosofica.com.br Coordenadora editorial: Usha Velasco Com a ajuda do belo e da sensibi- Site: www.editorateosofica.com.br Zeneida Cereja da Silva lidade que ele favorece, podemos co- Conselho Editorial: Impressão: nhecer e compreender melhor a nós Diretor-Presidente: Ígor Mendonça Câmara Gráfika Papel e Cores mesmos e à natureza humana para fa- Ígor Mendonça Câmara Marcos Luis Borges de Resende Distribuição nacional: zermos da vida, essa breve passagem Diretor-Financeiro: Marília Cossermelli Total Express Publicações pelo mundo material, um caminho Marcos Resende Pedro Oliveira de transformação da consciência, de Diretor de Produção: Sergio Moraes * As imagens utilizadas são de modo que a vida humana seja tão be- Ricardo Lindemann Valéria Marques de Oliveira responsabilidade do editor-chefe la quanto a vida da própria natureza. Zeneida Cereja da Silva Talvez este seja o nosso dharma. Transformarmos os egocêntricos se- res humanos que somos em pessoas sensíveis, inteligentes, amorosas e altruístas, manifestando uma beleza tão grande quanto à da própria natu- reza, da qual fazemos parte. Boa leitura. Aprecie a beleza e a profundidade de SOPHIA e a mani- festação do belo em todas as coisas. Marcos Luís Borges de Resende Diretor da Editora Teosófica 4 SOPHIA • JAN/FEV 2020

[ VALORES ] Os ideais em nossa vida ‘ O que um não consegue fazer – muitos, juntos, podem alcançar. Os objetivos e as motivações que geram afinidades ‘entre o grupo devem ser os mesmos; o ideal deve ser o mesmo, e deve prevalecer na mente de todos COCOPARISIENNE/PIXABAY Valéria Marques de Oliveira* Segundo um dos Mestres de Sabe- doria que fundou a Sociedade Teosófi- Esta é uma reflexão sobre a prática ca, a meta principal da ST é “extirpar das virtudes como base para a realiza- as atuais superstições e o ceticismo ção de nossos ideais. Avalio aqui a im- [podemos acrescentar o fanatismo], portância dos ideais em nossas vidas, e retirar, de fontes antigas e há muito como eles podem interferir positiva tempo fechadas, as provas de que o ou negativamente em nossas relações homem pode criar seu próprio destino ou na comunidade na qual estamos futuro, e saber com segurança que ele inseridos e a correta aplicação que pode viver mais além...” devemos dar a eles quando se tornam fortes e presentes em nosso dia a dia, Parece algo forte ler que o ser a ponto de não nos deixar opção ne- humano cria o seu próprio destino. nhuma a não ser colocá-los em ação. Temos tendência a acreditar que alguém fora de nós tem essa res- SOPHIA • JAN/FEV 2020 5

ponsabilidade, mas a verdade é que reza, fazendo com que ela própria si mesmas e completamente igno- somente a partir do autoconheci- esqueça que tem a responsabilidade rantes de suas faculdades mais ele- mento, que é “filho de nossos atos de se conduzir em direção à luz. vadas e nobres. Tais faculdades já amorosos”, conforme já dito por He- estão contidas na própria natureza lena P. Blavatsky, é que poderemos Assim, a finalidade principal des- humana, apesar de adormecidas, realmente construir o nosso próprio te artigo é compartilhar uma fonte de mas, quando despertas, permitem ao destino, aprendendo a ir além do fa- conhecimento que nos comprova a ser humano ir além de sua própria natismo, das superstições e dos ce- existência dessa possibilidade. humanidade – naturalmente do- ticismos que mantêm nossas men- tando-o de poder para concretizar a tes aprisionadas no limite estreito, Temos visto um grande número tão almejada fraternidade universal. escuro e denso de sua própria natu- de seres inocentes morrendo por causa de algumas pessoas dotadas Citando novamente um dos Mes- de mentes estreitas, fechadas em 6 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“O fanatismo, as supers- LARISA KOSHKINA/PIXABAY tres de Sabedoria, “a fraternidade existe essa força de afinidade e, por tições e os ceticismos universal é uma associação de ‘afini- isso, ele busca se unir a ela e adota a mantêm nossas mentes dades’ de forças e polaridades forte- fraternidade como o seu único e mais aprisionadas no limite mente magnéticas, embora diferen- elevado ideal, passando a trabalhar de estreito, escuro e denso tes, centradas em torno de uma ideia acordo com esse ideal. A fraternidade de sua própria natureza, dominante. O que um não consegue pressupõe a percepção da unidade e fazendo com que ela es- fazer – muitos, juntos, podem alcan- um respeito às diferenças existentes. queça que tem a respon- çar.” A expressão “ideia dominante” sabilidade de se conduzir está destacada para ressaltar que os Annie Besant, no livro Os Ideais da em direção à luz.” objetivos e as motivações que geram Teosofia (Ed. Teosófica, 2001), define afinidades entre o grupo devem ser os o ideal como uma “ideia fixa e está- SOPHIA • JAN/FEV 2020 mesmos; o ideal deve ser o mesmo, e vel”. Mas, segundo ela, não é qualquer deve prevalecer na mente de todos os ideia fixa. Ela busca demonstrar que participantes do grupo. a simples existência de uma ideia fixa pode gerar um maníaco, princi- É importante ressaltar que o ide- palmente se essa ideia não estiver de al da fraternidade se fundamenta, acordo e em harmonia com o fluxo principalmente, numa lei da nature- natural da vida e das coisas. za denominada Lei das Afinidades, que afirma que, quando um grupo de Mas o que é um ideal? Um ideal seres humanos se junta em torno de é “uma ideia construtiva, uma ideia uma ideia dominante, ou seja, de um vitalizadora, e que, portanto, tem um ideal comum, respeitando e aceitan- efeito sobre o caráter. Um ideal é uma do as diferenças que possam existir ideia que não está morta, mas viva, entre eles, essa associação é dotada de exercendo uma forte influência sobre um poder transformador extraordiná- a vida”. Num outro parágrafo, Annie rio e muito facilmente transformará Besant acrescenta que, para se caracte- o meio onde atua. rizar um ideal, deve existir “uma ideia verdadeira, uma ideia justa, uma ideia O verdadeiro teósofo acredita, que esteja em harmonia com os fatos devido a uma certeza interna, que e de acordo com a verdade”. O poder do pensamento O que acontece realmente no in- de atuar, mas nos sentimos capazes terior do ser humano quando ele é de agir, e parece-nos que nenhum possuído por um ideal nobre e justo? obstáculo poderá resistir à formidável É através do ensinamento teosófico energia vibrante em nosso interior, que encontramos uma explicação ló- como se em nós estivesse acumulado gica e coerente para esse fato. o próprio poder de Deus”. Vamos buscar a origem de nossa Manas possui um poder denomi- consciência individual. Constituindo nado Kriya-Shakti, e este, segundo o a natureza humana, encontramos que Glossário Teosófico, “é aquele poder Manas (Mente), nosso 5° princípio, misterioso do pensamento que, em é considerado o 3° aspecto de nosso virtude de sua própria energia ine- Deus Interno, e é através desse as- rente, permite-lhe produzir resultados pecto que podemos nos aproximar da fenomenais externos, perceptivos”. energia criadora da Mente Universal. H.P.B. diz que, em essência, somos Segundo Van der Leew, no livro O Fo- um pensamento da Mente Divina, e, go Criador, quando nossa consciência por isso, os Upanishads afirmam que inferior se põe em contato com esse o homem “é criado pelo pensamento aspecto da Tríade Superior, “eletri- e torna-se aquilo em que mais pensa”. zamo-nos em ação, pois naquele mo- mento não só sentimos a necessidade Estudando Manas descobrimos que esse princípio possui principal- 7

mente três faculdades que, quando perior encontrar espaço na inferior, YOGAKALYANII/PIXABAY são despertadas e se tornam atuantes para que esta possa ser preenchida em nós, podem transformar nossas vi- com sua própria energia criadora. das. Constatamos que, à medida que essas faculdades são despertadas, nos 3. Idealismo: ser idealista é es- dotamos de um poder transformador, tar possuído por ideias. O idealis- nos transformamos em verdadeiros ta é aquele que vive no mundo das reformadores ou entusiastas. Estas ideias, ou seja, no plano onde Manas três faculdades são: inspiração, en- vive e atua, livre e espontaneamente. tusiasmo e idealismo. Quando isso acontece, a pessoa passa a considerar o mundo físico apenas 1. Inspiração: quando a consci- como projeção daquele outro mundo ência se abstrai de seus princípios percebido por ela. Compreende, por inferiores (personalidade) – e isso experiência própria, a impermanên- acontece quando ela consegue ter cia existente e inerente ao próprio certo controle sobre eles – esses mundo físico. princípios podem receber um influ- xo da energia criadora, de acordo Para o genuíno idealista, o mundo com a característica que é peculiar da Mente Divina é a única realidade, a essa personalidade. A inspiração e, por isso, essa realidade passa a ser sempre levará a pessoa inspirada à o centro de sua vida e de suas ações. ação. Segundo Van der Leew, “ao receber a inspiração o poeta escre- Na pessoa idealista, Manas, por verá o seu poema, o pintor pintará ter encontrado espaço, já preencheu o seu quadro e o filósofo exporá a toda a sua personalidade com uma sua visão da verdade na linguagem energia criadora, passando assim a do intelecto”. comandar e a agir nessa personali- dade com total maestria. Por isso, 2. Entusiasmo: é a infusão da Di- podemos afirmar com certeza que vindade no homem; por isso se diz tal pessoa já está possuída por ideais. que o entusiasta é aquele que está possuído por Deus. O entusiasmo é Van der Leew diz que “o genuíno um estado de arrebatamento. Para idealista possui ao mesmo tempo a que isso aconteça é necessário que visão do Real e a habilidade de atuar a consciência tenha se abstraído de no mundo físico. Vive com a cabeça sua natureza inferior e esvaziado sua no céu e os pés firmemente assenta- personalidade de condicionamentos, dos no solo”. O genuíno idealista não preconceitos, fanatismos e falsas só tem a visão dos ideais que podem crenças, a ponto de sua natureza su- servir a uma causa justa e verdadeira, mas tem também o poder de colocar tais ideais em prática. Amor pelo Criador Quais os métodos a serem utiliza- estudamos livros que contêm ideias “Quais os métodos para dos para permitir que os nossos ideais elevadas e nobres, que fundamentam permitir que os nossos nos preencham? Podemos utilizar em a existência do universo e a nossa ideais nos preencham? primeiro lugar a meditação, pois ela própria, passamos a sentir intenso Podemos utilizar em pri- permitirá que os nossos princípios amor pelo material de nosso estudo, meiro lugar a meditação, inferiores se acalmem a ponto de sendo, naturalmente, inebriados pe- pois ela permitirá que os abrir espaço para que a energia divi- la aspiração de viver de acordo com nossos princípios inferio- na atue; ela esvazia o cálice, permi- o objeto de estudo. res se acalmem a ponto tindo a infusão da energia criadora. de abrir espaço para que Um segundo método é o estudo. Ele Dessa forma, conduzimos nosso a energia divina atue.” é bastante importante, pois quando intelecto a ser possuído pelo objeto de sua aspiração. Passamos a sentir SOPHIA • JAN/FEV 2020 8

um intenso amor pela criação e, con- Não podemos deixar de conside- novamente com as realidades físicas, sequentemente, pelo Criador. Per- rar que existem vários tipos de idea- que são temporárias e densas, se per- cebemos, à medida que estudamos listas. Podemos encontrar idealistas dem no mundo das ideias (Mente e aprofundamos as principais ideias que têm uma visão das ideias que são Divina) e passam a viver num com- que constituem nosso objeto de estu- justas e verdadeiras, mas não conse- pleto estado de devaneio, podendo do, que aos poucos somos preenchi- guem colocá-las em prática devido a até mesmo criar problemas no meio dos por essas ideias. Assim é que o alguma lacuna no desenvolvimento onde atuam. estudo, a meditação e a auto-observa- de sua personalidade. Existem tam- ção vão transformando nossa mente, bém os idealistas que são tocados pe- É muito comum encontrar idea- nossas emoções e ações e, espontane- la energia criadora de Manas e que, listas desse tipo nos meios espiritu- amente, construímos o nosso caráter. por dificuldade de entrar em contato alistas. Eles não conseguem colocar seus ideais em prática, por ainda não SOPHIA • JAN/FEV 2020 9

10 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“Em todas as ocasi- KARL EGGER/PIXABAY terem sido totalmente transformados O intelecto deve abrir espaço para ões precisamos de pela energia de Manas. Portanto, não que a energia criadora de Manas in- um intelecto aberto, estão totalmente possuídos pelos ide- terpenetre sua natureza, mas o cora- flexível, e também de ais; eles existem, mas o instrumento ção deve ser puro a ponto de ser pe- um coração bondo- de ação, que é o intelecto, não está netrado pela energia amorosa e doce so. Mente e coração aberto e nem suficientemente de- de Buddhi, para ser transformado em devem estar em har- senvolvido para absorver o fluxo de doçura, amorosidade e compaixão. monia e caminhar energia de Manas. juntos em direção a Desta forma, acredito ser de ex- uma única meta.” Outro tipo comum de idealista, trema urgência que o idealista, prin- talvez o mais perigoso, é aquele que cipalmente o verdadeiro espiritua- SOPHIA • JAN/FEV 2020 já tem uma personalidade suficien- lista, abra espaço para que virtudes temente fiel para colocar o seu ideal como compaixão, doçura, generosi- em prática, mas cujo intelecto não dade, pureza, simplicidade e amor está suficientemente aberto, claro e universal se desenvolvam em si mes- flexível, nem as emoções estão pu- mo, de forma que suas ações sejam rificadas o suficiente para receber a justas e coerentes com os seus ideais. energia amorosa de Buddhi [intuição, o 6º princípio]. Por isso as ações des- Analisando qualquer uma dessas ses idealistas, quando ocorrem, não virtudes, podemos concluir que todas são compassivas, justas e amorosas. elas passam a existir quando esquece- mos de nós mesmos, quando abrimos De alguma forma, tal personalida- mão de nossas próprias mesquinha- de não consegue a harmonia interna rias e deixamos espaço para que o necessária para que o intelecto e as outro se aproxime. Se nossa consci- as emoções trabalhem num mesmo ência conseguir se retirar de seu li- sentido, com uma única meta. As mitado âmbito de ação, onde o que emoções não são puras e nobres o existe são somente suas preferências suficiente para abraçar suas causas e e afetos pessoais, pode alcançar um movimentos sem deixar vítimas pelo patamar mais elevado, no qual, em caminho. primeiro lugar, a humanidade em conjunto é levada em consideração, e Podemos por um instante parti- não as nossas pequenas causas. cipar de um dos inúmeros momen- tos de criação da Mente Divina, já O ideal da fraternidade pressupõe que existe um fluxo constante de que nos relacionemos com o que o criação, mas se não possuímos uma outro tem de melhor; isso implica personalidade que tenha desenvol- amarmos coletivamente e trabalhar- vido um código de conduta interno mos de modo universal, como foi dito suficientemente estável para poder e realizado por H.P.B. em sua vida. participar efetivamente desse mo- mento de criação, transformando o O ser humano é uma unidade es- que é apenas um ideal em um fato piritual e uma diversidade material. real, corremos então o risco de deixar Seu crescimento é um processo de em nosso caminho algumas vítimas fusão entre a unidade e a diversida- inocentes; então o ideal deixa de ser de alcançada através da consciência, nobre e justo e passa apenas a ideias que alterna entre o centro imutável fixas, mortas e muitas vezes assassi- interno (o ser) e os eternos aspectos nas. Na verdade, em todas as ocasiões mutáveis da periferia, a diversidade precisamos de um intelecto aberto, material do homem externo. S flexível, e também de um coração bondoso. Mente e coração devem es- * Valéria Marques de Oliveira é administradora de tar em harmonia e caminhar juntos empresa, pós-graduada em Marketing, membro em direção a uma única meta. da Sociedade Teosófica desde 1994, estudante e praticante de Budismo tibetano. 11

[ DESCOBERTAS ] ‘ A mente criativa A mente universal não está de modo algum ‘lá em cima’; está aqui e agora. Ela não deve ser ‘buscada no céu estrelado nem nos distantes planos místicos, mas em nós mesmos N. S. Hankin* Segundo Capra, todos os fenôme- nos físicos são processos, não objetos: JOHANNES PLENIO/PIXABAY O século XX viu a desintegração “Na teoria emergente, o processo de dos padrões de comportamento em vida – a contínua corporificação de “A alma é imortal, e todos os campos. Filosofia, ciência e um padrão autopoiético de organiza- seu futuro é o futuro religião deixaram de satisfazer o inte- ção numa estrutura dissipável – está de algo cujo cresci- lecto e o coração; a maioria das pes- identificado com a cognição, o pro- mento e esplendor soas perdeu a crença na moralidade e cesso de saber. Isso implica conceitos não têm limites. O nos aspectos mais belos da vida. Estão mentais radicalmente novos, o que princípio que dá vida vivendo para o momento presente e talvez seja o aspecto mais revolucio- está dentro e fora de seus prazeres, sem consideração por nário dessa teoria, que promete final- nós, é eternamen- valores espirituais e éticos. mente superar a divisão cartesiana te beneficente, não entre mente e matéria.” é ouvido nem visto, No entanto, há sinais de que nem mas percebido.” tudo está perdido, pois o século XX Continuando, Capra cita Ilya Pri- viu também o nascimento da ecologia gogine: “Hoje o mundo que vemos SOPHIA • JAN/FEV 2020 – compaixão para com a vida –, e pelo fora e o mundo que vemos dentro menos uma tentativa de cooperação estão convergindo. Essa convergência nacional e internacional na formação talvez seja um dos mais importantes da ONU e de agências governamen- eventos culturais de nossa era.” tais de bem-estar. Mesmo assim, a maior parte da humanidade vive uma Em seu livro The Participatory vida individualista, com pouca consi- Mind, Henryk Skolimowsky aponta deração pela comunidade e pelos se- que a mente participa do desabrochar res vivos à sua volta. Mas trata-se de da vida em todos os níveis de experi- uma fase temporária, uma parte do ência, e no relacionamento de todos nosso desenvolvimento, uma ruptura os indivíduos com o ambiente. Do no pensamento convencional; pode- ponto de vista da consciência, sepa- mos sentir a limpeza do terreno para rar alguém de seu próprio ambiente um novo passo na evolução. é irreal; a extensão da percepção na consciência depende do relaciona- Fritjof Capra disse: “Meu princi- mento com a vida desse ambiente. pal interesse como físico é a dramá- Ele indaga: “Que tipo de preceitos e tica mudança de conceitos e ideias estratégias surgem dessa ética partici- que ocorreu nas três primeiras dé- pativa no campo dos relacionamentos cadas do século XX, e que ainda está humanos? Reverência e responsabi- sendo aperfeiçoada. Os novos concei- lidade. Ser uma pessoa no universo tos produziram uma mudança pro- participativo acarreta o reconheci- funda em nossa visão de mundo, do mento do elo de participação.” mecanicismo de Descartes e Newton para uma visão holística e ecológica.” A importância do processo nes- se universo físico, o nosso relacio- 12

namento e desenvolvimento como agora. Ela não deve ser buscada no Como podemos ler em Luz no Ca- seres espirituais, o reconhecimento céu estrelado nem nos distantes pla- minho, “a alma é imortal, e seu futuro da unidade da vida – tudo isso são nos místicos, mas em nós mesmos”. é o futuro de algo cujo crescimento e conceitos encontrados nos princípios Será que, lá dos reinos espirituais, esplendor não têm limites. O princí- teosóficos. Nossa verdadeira natureza um raio de energia está penetrando pio que dá vida está dentro e fora de é uma centelha da mente divina, um o mundo mental como a inspiração nós, é eternamente beneficente, não aspecto da vida una, e é encorajador criativa do século XXI? Se assim for, é ouvido nem visto, mas percebido ver esse movimento criativo na men- então os jovens teósofos de hoje e do por quem deseja percepção.” S te dos cientistas. futuro encontrarão maior liberdade de pensamento e maior respeito pelo * Membro da Sociedade Teosófica Como afirma Shri Krishna Prem, meio ambiente, algo que nos foi ne- na Austrália. “a mente universal não está de mo- gado na fronteira da “objetividade”. do algum ‘lá em cima’; está aqui e SOPHIA • JAN/FEV 2020 13

[ REFLEXÃO ] ‘ Além da ilusão A realidade é como uma capa de espuma que veste o oceano, sempre renovada e sempre a mesma. Foi assim ‘que Shankaracharya descreveu Maya 14 SOPHIA • JAN/FEV 2020

STOCKSNAP/PIXABAY Sonal Murali* é transparente, e não percebemos que há uma janela lá. Não percebemos o Se existe uma coisa comum que meio. Porém, logo compreendemos todos nós desejamos é paz e harmonia que a realidade física não é a mesma – salubridade para nossa existência para todos, assim como não é apenas –, porque, de modo crescente, para pelas janelas dos sentidos que perce- muitos o mundo parou de fazer sen- bemos o mundo, mas também atra- tido. No entanto, qualquer tentativa vés das emoções, do nosso ânimo, da de salubridade está sendo anulada e língua que falamos, do conhecimen- sabotada pelo senso de individuali- to, da cultura, da ciência e do tempo dade, que atualmente está aumen- – identificando-nos com o passado tando. Isso resulta numa profunda ou o futuro. sensação de separatividade, que por sua vez cria insegurança – e, devido Lentamente compreendemos à insegurança, há uma urgência de se que vemos o mundo apenas através identificar com dogmas, ideologias, de nossa realidade subjetiva. Então, grupos e assim por diante. E isso é a será que a nossa percepção coletiva antítese da salubridade, por causa da do mundo é um agregado de reali- tendência de buscar soluções fora. dades subjetivas? Parece ser, porque um cientista ou um artista nascido A interação entre o ego e o mundo na época ou no local errado pode ser físico inclui o que chamamos de vida queimado numa fogueira ou não ser – interação entre interno e externo, compreendido durante décadas, até nossa existência na própria Existên- que a percepção coletiva do mundo cia. Precisamos entender o que está evolua. Estamos em terreno instável, acontecendo para saber por que essa já que o sistema de crenças e ações totalidade está nos iludindo. O mun- se baseia em conclusões derivadas do que percebemos parece muito de uma compreensão do mundo que real, na verdade a única realidade está sempre mudando, que não tem que conhecemos. O nascer do sol, a qualquer solidez fundamental. fragrância das flores, as emoções, a refeição que comemos, tudo isso é Contudo, por outro lado, o mundo muito real, corroborado pelo fato de é muito real e está aí para mim toda que todos também percebem isso de manhã. É o mesmo mundo no qual fui modo semelhante. dormir. Minha família e meus amigos também despertam para a mesma re- Mas, à medida que seguimos em alidade. Vivemos nossas vidas cons- nossa experiência, surgem questões cientes numa única realidade. fundamentais. Há um propósito para a existência? O mundo lá fora repou- A neurociência demonstra que o sa sobre algo ou é apenas uma proje- conteúdo da nossa experiência cons- ção subjetiva do cérebro? A minha ciente é não apenas uma construção realidade é diferente da dos outros ou interna, mas também um modo ex- há uma realidade imutável? tremamente seletivo de representar a informação. Além disso, ele é ape- Por que a consciência é subjetiva? nas uma fração infinitesimal do que Após um evento traumático, usamos realmente existe lá fora. Para piorar a expressão “meu mundo desabou”. É as coisas, todas as doutrinas teológi- como se, durante um curto momento, cas colocam o homem no centro do compreendêssemos que a premissa esquema das coisas – não apenas no sobre a qual o mundo foi construído centro, mas no ápice. (minha realidade interna) desabou. Existe uma limitação inerente aos O que é real para nós é o que sen- nossos órgãos dos sentidos, já que timos, vemos e experimentamos. Per- eles evoluíram por razões de sobrevi- cebemos através das janelas dos senti- vência, não para entender a realidade dos. Mas o engodo é que a janela aqui em sua completude, que é insondá- SOPHIA • JAN/FEV 2020 15

vel. Assim, o cérebro gera uma simu- realidade e nem com nós mesmos. a próxima geração de células, a ser lação do mundo em nossa mente, que Algumas pessoas interpretaram desempenhado pelo nosso corpo e é apenas uma imagem. Depois gera nossa matriz mental. uma imagem interna de nós mesmos. o princípio da incerteza de Hei- Essa imagem inclui nosso corpo, esta- senberg como coesão no nível sub- Parece que estamos vivendo num do psicológico, relacionamentos etc. atômico. Nesse nível somos uma mundo simulado criado por nós – um A imagem interna possui uma coesão pessoa completamente diferente do eu virtual numa realidade virtual. Se em torno de si – o ego – que tem uma que éramos há alguns anos. As me- um pintor está pintando uma paisa- continuidade e um fio. E esse modelo mórias que estão armazenadas no gem, ele não pode estar no quadro. Se de ego é colocado dentro do modelo nível celular são passadas para a ge- ele está no quadro, então outro pintor de mundo que cria um centro. Por- ração seguinte. Poderíamos ser uma deve estar pintando. Se esse segundo tanto, toda a nossa vida consciente pessoa completamente diferente pintor estiver no quadro, ele tem que é vivida nesse túnel do ego. Não amanhã ou depois de amanhã – mas mostrar um pintor pintando a paisa- estamos em contato direto com a não somos, porque estamos constan- gem que o segundo pintor está pin- temente escrevendo um enredo para tando. E isso pode seguir ad infinitum. Dois lados da mesma moeda A metafísica entende a realidade tron podem ser determinadas teori- somente a partir dos efeitos que Maya como “um mundo sem espectadores”, camente. Quando tentamos medir a produz. E qual é o efeito? Apego, ou, segundo o construtivismo, “um dinâmica de um elétron, ele muda de aversão, sonho, temor, pensamentos; mundo de espectadores”. Esses são posição de modos imprevisíveis. O fí- tudo isso são memórias, cognições e dois lados da mesma moeda, na ver- sico Fritjof Capra afirma: “Não pode- modificações mentais, tudo baseado dade o modo como a dualidade opera. mos dizer que uma partícula atômica em Maya. A melancolia de Arjuna no exista num certo lugar, nem podemos Mahabharata é um exemplo clássico Lembrando a tão citada alegoria dizer que não exista.” do efeito de Maya. Ele perdeu Viveka, da caverna de Platão, onde as sombras sua sabedoria discriminativa, a partir dançando na parede são vistas como Isso corresponde ao que os sábios da ideia de que “eu sou deles e eles a realidade, a pergunta seria: o que de todas as tradições experimenta- são meus”, ideia criada por afeição e é real e o que são sombras? O objeto ram. Santo Agostinho disse: “Con- apego, que por sua vez criaram dor existe por causa do espectador? templei estes outros abaixo de Ti e e ilusão. Maya opera por meio da vi que eles nem são completamente, decepção. A Voz do Silêncio nos pede É assim que a antiga sabedoria nem não são. Eles têm existência para desconfiar das falsas sugestões descrevia Maya (ilusão). Toda per- porque são oriundos de Ti; e contudo da fantasia: “Desconfia dos sentidos, cepção do mundo é apenas represen- não têm existência porque não são o eles são falsos... olha para dentro.” tativa. Como disse J. Krishnamurti, que Tu és. Pois somente aquilo que “a palavra não é a coisa”. A palavra a verdadeiramente é permanece imu- Segundo a Teoria da Relatividade respeito da qual nós pensamos não tavelmente.” de Einstein, não é fácil sequer afirmar é idêntica ao mundo no qual pen- a que hora existimos, porque não há samos. Essa dualidade parece ser o Ou, nas belas palavras do poeta simultaneidade absoluta; não existe X da questão. A realidade percebida alemão Rilke: “Contemplamos a face um simples “agora” onde todos os no túnel do ego parece uma ilusão. da criação como se / refletida no espe- eventos que estão ocorrendo possam Todos os místicos dizem isso: não se lho / enevoado com nossa respiração. ser medidos. O tempo é apenas um ti- pode conhecer Deus com palavras ou / Às vezes uma fera muda / levanta po de ilusão de seres em movimento. ideias. Coloque tudo que você sabe sua dócil cabeça / e olha diretamen- Contudo, ele é muito real para nós. sob a nuvem do esquecimento. te através de nós. / Isso é destino: sermos opostos, / sempre e somen- A física quântica revela por que Seja a abordagem descendente da te para enfrentar / uns aos outros e o oculto substrato de matéria é tão ciência e da metafísica, ou a aborda- nada mais.” A realidade é como uma difícil de definir. Num mundo quân- gem ascendente da neurociência e capa de espuma que veste o oceano, tico, o átomo não tem uma localiza- do construtivismo, todas concordam sempre renovada e sempre a mesma. ção até ser observado. O observador que o mundo não é o que parece ser. está inextricavelmente entrelaçado Mesmo a certeza da matéria no nível Foi assim também que Shankara- com o observado, povoando muitos mais grosseiro é misteriosa. Nem a charya descreveu Maya. Alguém que “mundos dentro de mundos”. dinâmica nem a posição de um elé- tenha um claro intelecto deve inferir 16 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“Lembrando a tão ci- tada alegoria da ca- verna de Platão, onde as sombras dançan- do na parede são vis- tas como a realida- de, a pergunta seria: o que é real e o que são sombras? O obje- to existe por causa do espectador?” USHA VELASCO SOPHIA • JAN/FEV 2020 17

A escolha da mudança Na explicação quântica, o mundo FREE-PHOTOS/PIXABAY parece estranho, inexplicável e ines- crutável. E ainda existe um tipo de à ilusão coletiva, e o enredo da ilusão quando tivermos alcançado a consci- visão geral do mundo, do ambiente e está sendo escrito por nós mesmos. ência absoluta, e nela fundido nossa das sociedades, que sentimos ser co- própria consciência, estaremos livres mum a todos. Mas será? O mundo é O que, então, está além da ilusão? das ilusões ou Maya. um todo orgânico ou será composto H. P. Blavatsky introduziu o concei- de mundos dentro de mundos? to de “despertares progressivos”. À Krishnamurti chamou esse pro- medida que nos elevamos na escala cesso de “sair da corrente de consci- Vejamos o exemplo deste auditó- de desenvolvimento, percebemos ência”. Ele também perguntou qual rio em que estamos. Há muitas pesso- que durante os estágios pelos quais é o terreno original do qual surgem as aqui, com diferentes expectativas, passamos nós confundimos sombras todas as coisas. A meditação deve dinâmicas de grupo e estados de âni- com realidade. Com o progresso as- encontrar esse terreno, que é a ori- mo, criando seu próprio mundo. Há cendente do ego ocorre uma série de gem de todas as coisas, e que é livre pessoas trabalhando nos bastidores, despertares progressivos. Cada avan- do tempo. Abençoado é aquele que colocando cadeiras no lugar, geren- ço traz consigo a ideia de que agora o encontra, pois encontra também a ciando o sistema de som. Num ou- alcançamos a realidade, mas somente unidade e a paz perene. Quem alcan- tro nível, ocorrem divisões celulares e flutuações hormonais. Há também um inseto nesta planta ornamental aqui. Como o meu mundo se sobre- põe ao mundo de um inseto sobre uma folha? O inseto estará conscien- te de que estamos aqui? De que esta- mos ansiosos, felizes ou pensativos? Todos esses elementos são com- ponentes deste evento. O mesmo se aplica a outros mundos que existem em paralelo, em diferentes dimen- sões das quais não temos consciência. Estaremos ligados em algum nível, ou eles são “mundos dentro de mundos”, mas ainda assim parte de um mundo coeso – um todo orgânico? Como é limitada a nossa percepção por meio do campo dos sentidos! No entanto nós não compreende- mos isso, porque temos corroboração da “realidade” por parte das outras pessoas que habitam a Terra. E con- tudo, para cada pessoa a experiência ocorre apenas através do seu túnel do ego, da paisagem interna que, por meio da consciência, mescla tudo isso e fornece coesão, um centro a que chamamos de “eu”. Como diria Krishnamurti, um turbilhão criado na corrente de consciência, um pe- queno redemoinho, é o nosso acesso 18 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“Logo que concorda- mos em ser guiados a partir do interior, a vida se torna uma viagem ao desconhecido. Te- mos que abrir mão do nosso apego ao irreal para que o real se pro- nuncie. Somos a fonte e o âmago de tudo.” ça isso está no mundo, mas não é do Thomas Metzinger afirma, em seu uma sombra da realidade, mas logo mundo. O “eu” que estava constante- livro The Ego Tunnel, que somos uma mente à mercê de Maya opera agora das melhores criações da natureza. que concordamos em ser guiados a a partir da compaixão e da empatia. Somos conscientes do que somos. Como organismo biológico, o ser partir do interior, a vida se torna uma A palavra Maya deriva de ma, humano pode conscientemente con- “medir”; é uma projeção ilusória do ceber a si próprio e aos outros como viagem ao desconhecido. Temos que mundo, por meio da qual o imensu- um todo, e interagir com seu mundo rável aparenta ser medido. Nome e interno e com o ambiente externo abrir mão do nosso apego ao irreal formas são sobrepostos a Brahman. de uma maneira inteligente. Somos Enquanto a pessoa vê a dualidade, únicos no sentido de que podemos para que o real se pronuncie. Somos está residindo na ignorância. “Evita nos surpreender no ato de conhecer. a ignorância”; “desvia teu rosto das a fonte e o âmago de tudo. Não preci- decepções mundanas; desconfia dos O real jamais morre; o irreal ja- teus sentidos – eles são falsos”. mais viveu. Tudo que é conhecido é samos nos tornar nada, pois já somos. A escolha da mudança está dentro de nós, a cada momento. S * Sonal Murali é diretora da Adyar Theosophical Academy, em Chennai, na Índia. SOPHIA • JAN/FEV 2020 19

[ PERCEPÇÃO ] Despertar para os sonhos “Graças a Freud e SOPHIA • JAN/FEV 2020 aos estudos de seu seguidor e depois dissidente Carl Gus- tav Jung, os sonhos passaram a ter nova- mente uma grande importância para o mundo psicológico, para o autoconheci- mento e o desenvolvi- mento espiritual.” 20

Marcos Queiroz* de cartografia da consciência, da psi- inicial dessas pesquisas psíquicas, ele cologia transpessoal, têm hoje esses utilizava sua clarividência para ajudar Para povos ditos não civilizados do fundamentos como parte de seu con- a interpretar os sonhos daqueles que passado, os sonhos eram considerados teúdo teórico e prático. o procuravam com algum problema. fenômenos místicos pelos quais o ho- Confirmando o que a teoria junguia- mem poderia interagir com deuses, Na teoria de Freud, os sonhos são na afirmava sobre os sonhos, Cayce saber algo sobre seu futuro ou obter vistos como “a via régia do incons- descobriu, com as mais de 14 mil revelações preciosas de cunho filo- ciente”. Mas, para Jung, essa via régia leituras de vida que fez em 43 anos, sófico, religioso ou espiritual. Quem é sinalizada especialmente pelos sím- que os sonhos são capazes de resolver não lembra de passagens bíblicas po- bolos que surgem nos sonhos como problemas do passado e do presente pulares como a de José do Egito ou de ponto de contato entre a consciência e e antever potencialidades criativas e Nabucodonosor e o rei Davi, que tive- o inconsciente. Para Jung, esses símbo- equilibradoras (ou compensadoras) ram sonhos proféticos, ou sonhos que los inconscientes, que têm os sonhos para o futuro daquele que sonhou. ganharam status de premonições ou de como um de seus maiores produtores, oráculos, a serem decifrados sempre são responsáveis não apenas por um Mesmo sem a clarividência de Ed- que parecessem trazer significativas autoconhecimento profundo e um gar Cayce, Jung concluiu, a partir de mensagens para aquele que sonhou? equilíbrio da psique, mas também pelo suas pesquisas de alquimia, religião e processo de desenvolvimento da alma mitologia comparadas, e das próprias Isso se repetiu, sistematicamente, – algo que Jung denominava “processo experiências oníricas de seus pa- em muitas civilizações antigas que va- de individuação”. cientes, que o conjunto de todos os lorizavam os acontecimentos oníricos, sonhos de um indivíduo faz parte de as visões ou mesmo as imagens míticas Os sonhos são comprovadamente uma totalidade psíquica que precisa como fenômenos sagrados de origem capazes de revelar os nossos poten- ser interpretada, considerando cada divina, como fatos de uma vida espiri- ciais latentes e apresentar soluções sonho como o capítulo de um grande tual em dimensões mais sutis, ou como para certos bloqueios que nós mesmos livro da vida, expressando momentos, possíveis previsões do futuro. Com o criamos, ou mesmo para problemas mas dando elementos de um conjunto cientificismo materialista e cartesia- externos que nos atormentam, tor- maior da personalidade. Sem o com- no dos tempos modernos, a filosofia nando-se sonhos prospectivos. Quan- promisso com a ciência hegemôni- e a psicologia, os sonhos passaram a do o sonhador apresenta mais do que ca, Jung não podia incluir, ou, pelo ser considerados meros momentos uma simples habilidade cognitiva, es- menos, revelar que incluía nesta to- de fantasia e devaneio, sem qualquer sa prospecção pode vir a alcançar um talidade diferentes existências reen- utilidade prática. Entretanto, graças a futuro mais remoto e tornar-se um carnatórias, mas isso fica sutilmente Sigmund Freud e sua publicação Inter- sonho profético. Com as experiências subentendido nas entrelinhas de seus pretação de Sonhos, no início do século do clarividente americano Edgar Cay- principais trabalhos reunidos na Obra XX, e aos estudos de seu seguidor e ce (1877-1945), os sonhos se tornaram Completa, e principalmente em Memó- depois dissidente Carl Gustav Jung, os ainda mais importantes como mensa- rias, Sonhos, Reflexões (publicado em sonhos passaram a ter novamente uma geiros para nossa vida consciente. Cay- 1961, logo após a sua morte, atendendo grande importância para o mundo psi- ce era conhecido na sua época como “o a seu pedido). cológico, para o autoconhecimento e profeta adormecido”, porque era capaz o desenvolvimento espiritual. de predizer acontecimentos futuros e Por essa perspectiva, portanto, entrar nos sonhos das pessoas em esta- muitas vezes os sonhos que são inter- Ao inaugurar para o mundo o con- do de transe hipnótico. E, ao acordar, pretados por psicólogos analíticos co- ceito de inconsciente, Freud contribuiu de nada lembrava. mo simbólicos, representando a ances- para o campo da psicologia, fornecen- tralidade dos arquétipos expressos em do um eficiente instrumental teórico Em seus transes, Edgar Cayce tinha mitos, mandalas, fantasias, alegorias, para o entendimento e a revalorização impressionantes visões do passado, imagens sagradas ou tradicionais anti- dos sonhos, por serem estes um acesso do presente e do futuro, que se con- gas, ou ainda operações em linguagem ao psiquismo profundo ou a esse in- firmavam na história de vida das pes- alquímica ou astrológica, podem ser consciente naturalmente inacessível à soas, como se ele acessasse aquilo que também vivências do passado remoto mente consciente. Torna-se inevitável os hinduístas chamam de “registros de outras encarnações, ou mesmo de associar o conceito de inconsciente a akáshicos”, que contêm toda a história experiências vividas no mundo astral estados ou corpos mais sutis de nossa da humanidade, em um repositório ou mental. consciência, já apresentados por mui- também comparável ao inconsciente tas tradições religiosas, especialmente coletivo junguiano. Os registros gra- Cayce, através de seu poder sensi- pelas doutrinas orientais. Os estudos vados diretamente da fala em transe tivo, confirmou a orientação de Jung de Cayce ficaram guardados. Na fase de considerar o sonho como apenas SOPHIA • JAN/FEV 2020 21

um capítulo de um livro, e expandiu sonha. A partir dessa reflexão surge qualquer fragmento de seus sonhos essa ideia, considerando cada livro co- uma dúvida: se há uma mensagem pa- mo o volume de uma coleção de vidas ra este ser, quem é o ser que elabora é que todos nós sonhamos pelo me- sucessivas, mostrando a continuidade a mensagem? Para Cayce é fácil con- da alma e sua psique associada numa cluir que se trata do que ele chama de nos quatro vezes por noite, mesmo construção desenvolvimentista ain- “entidade” – o ser eterno que conti- da mais ampla e profunda. Tal era a nua além da morte. Para Jung, trata-se quando não lembramos de nada. E integridade da estrutura dos sonhos, do “si mesmo”, do self, que, segundo segundo Cayce, que ele corrigia alguns ele próprio, é o arquétipo central da felizmente, segundo o psiquiatra e deles, descobrindo que o sonhador ha- psique, inspirado no Atma ou Purusha via esquecido boa parte deles. Claro da cultura indiana (ou, simplificada- analista junguiano James A. Hall, que as partes muito traumáticas, de mente, na alma). um ponto de vista emocional, mental e “através da observação do impacto kármico, são frequentemente apagadas O teósofo Charles W. Leadbeater, quando incluídas no conteúdo incons- em seu livro Os Sonhos: o que são e quais de sonhos não analisados é possível ciente arquetípico da “sombra” (no di- as suas causas, escrito originalmen- zer de Jung), mas esses fragmentos de te em 1896, antes de todas as teorias inferir que, mesmo quando não re- memória podiam ser amorosamente psicanalíticas dos sonhos, já afirmava resgatados e trabalhados por Cayce, que é um felizardo aquele que tem cordados, os sonhos são parte vital nas partes esquecidas dos sonhos, co- uma lembrança de seus sonhos “com mo conteúdos extraídos dos registros nitidez suficiente para abrir caminho da vida total da psique.” Eles sempre akáshicos, de grande importância para através de todos os obstáculos e fixar- o crescimento humano e espiritual de -se com firmeza em sua memória de vi- terão uma função equilibradora, pois, seus consulentes. gília.” Isso porque um sonho tem como causa aquilo que a alma vê por si mes- para quase todos os espiritualistas, a Alguns sonhos ganham status de ma, “algum fato num plano superior mensagem relevante. Jung contou, da natureza”, ou algo que é “impresso vitalidade e a energia dos nossos cor- em seu livro O Homem e seus Símbo- em sua memória por alguma entidade los, que um alpinista, paciente seu, avançada”. Leadbeater conclui: “De pos sutis se renovam ao se tornarem, sonhou várias vezes que caía da mon- qualquer maneira ele está ciente de tanha, e essa morte acidental acabou algum fato que é importante que ele por algumas horas, menos sujeitas aos acontecendo, mesmo depois de vários saiba, ou talvez tenha alguma gloriosa alertas do terapeuta. Isso o levou a teo- e elevada visão que o encoraja e for- domínios do corpo físico. rizar que sonhos não interpretados são talece.” Como os psicólogos sempre como cartas não lidas do inconsciente afirmam, lembrar de nossos sonhos Por uma perspectiva ainda mais para a consciência. será sempre um sinal de que a nature- za da psique está atuante no processo avançada do conceito de sonho, pode- Por outro lado, segundo o próprio de balanceamento das nossas tensões Jung, bem como para Cayce, não de- emocionais, mentais e espirituais. mos acreditar que sempre sonhamos, vemos nos enganar com sonhos que nem sempre são simbólicos ou signi- Hoje, muitas são as orientações mesmo quando estamos acordados, ficativos, como quando sonhamos que fornecidas por psicólogos e estudio- vamos ao banheiro ou que estamos sos do assunto para nos ajudar a lem- pois o sonho é uma vivência de uma comendo – pois temos essas necessi- brar de nossos sonhos, desde colocar dades enquanto dormimos. Esses não um caderno de anotações ao lado de consciência mais sutil da alma, que, são sonhos premonitórios ou fatais, nossa cama, para a consciência ficar mas compensatórios ou prospectivos, conectada com essa possibilidade de por ser muito transcendente e in- e ajudam com algum problema que registro, até as meditações específicas perturba a consciência em vigília. do Yoga Nidra, ou Yoga do Sono – ape- compreensível para nossa consciência sar de ser evidente que quase toda for- Os sonhos recorrentes, tanto para ma de meditação, de alguma maneira, desperta, necessita dos símbolos das Jung quanto para Cayce, são sonhos ajuda na manifestação dos sonhos na cujas mensagens, de extrema impor- nossa consciência de vigília. imagens arquetípicas ou das formas- tância, apresentam uma simbologia que não foi ainda compreendida pelo Mas o que não deve ser motivo de -pensamento para decodificar suas ser consciente, a personalidade que tensão para aqueles que não lembram constantes mensagens. Surpreende-nos saber que essa for- ma de ver os sonhos tenha sido apre- sentada pela mais famosa junguiana, Marie-Louise von Franz (1915-1998), ao afirmar: “É bastante provável que nós sonhemos constantemente, mas quando estamos acordados a consci- ência faz tanto alarido que não mais ouvimos. Se conseguíssemos anotar [nossos sonhos] sem interrupções, poderíamos ver que o todo descreve uma determinada linha.” Assim, para ter maior consciência do todo e saber a linha que traçamos para nós mesmos, na instância divina do nosso interior, vamos trabalhar no processo de despertar para os sonhos, que manifestam constantemente as mensagens internas que ajudarão o nosso progresso espiritual. S * Marcos Queiroz é arquiteto, urbanista e paisagista, professor da Faculdade de Arquitetura da UFBA e membro da Sociedade Teosófica na Bahia. 22 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“Jung contou que um paciente sonhou vá- rias vezes que caía da montanha, e essa mor- te acidental acabou acontecendo. Isso o levou a teorizar que so- nhos não interpretados são como cartas não lidas do inconsciente para a consciência.” FREE PHOTOS/PIXABAY SOPHIA • JAN/FEV 2020 23

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[ EVOLUÇÃO ] a‘utAocTeoonshoefciaime eonto O ego pode usar o que quer que seja para reforçar sua existência. Conhecimento e estudos podem servir como tijolos ‘que acrescentamos às paredes de nosso castelo, para que possam ser cada vez mais altas e nos deixar mais seguros Krista Umbjarv* outro os Mestres disseram que uma HELMUT H. KROISS/PIXABAY das tarefas mais difíceis nesse cami- Quando tento entender como as nho é desaprender. Desaprender o pessoas fora da Sociedade Teosófica quê? Significa que devemos esquecer percebem a Teosofia ou os teósofos, todo o conhecimento e informação geralmente encontro uma visão de adquiridos? Ou significa desapren- que a Teosofia é considerada algo der afirmações, convicções e crenças teórico, sem muito a ver com a vi- que formamos baseados no conheci- da diária. Imagina-se também que mento e na cultura geral que começa- os teósofos estudam e leem muito. mos a considerar como norma? Talvez você tenha tido um tipo de experiência semelhante, mas parece A mente é estranha – devido ao ser verdade que, na Sociedade Teosó- modo como acreditamos que exista, fica, o conhecimento é muitas vezes o ego, ou “eu”, está constantemen- considerado como algo a ser buscado te buscando segurança psicológica. e adquirido. Geralmente aqueles que Conhecimento e estudo não são sabem mais, e especialmente aqueles exceções como uma possibilidade que sabem e são peritos em A Dou- de provê-la. Aliás, o ego pode usar trina Secreta, são respeitados por seu o que quer que seja para reforçar conhecimento. sua existência, desde que lhe seja permitido fazê-lo. Conhecimento e Nesse livro, H. P. Blavatsky disse estudos podem servir como tijolos que a senda da Teosofia é a senda do que acrescentamos às paredes de Jnana Yoga, o Yoga do conhecimen- nosso castelo de segurança, para que to e da sabedoria. Em outra parte, possam ser cada vez mais altas e nos afirmou também que a Teosofia não deixar mais seguros. é para preguiçosos mentais. Conse- quentemente, parece bastante na- Frequentemente encontro pesso- tural que as pessoas que estão na ST as que me dizem sentir que não sa- tenham uma inclinação para estudar bem o bastante. Embora, de um certo e adquirir conhecimento. Tentamos ponto de vista, isso possa ser verda- progredir estudando, aprendendo e de, por outro ângulo esse sentimento fazendo perguntas. Os conceitos que também parece implicar que, nos re- formamos sobre o caminho molda- cessos da mente, existe a ideia de que rão a base de nossa compreensão a chegará o dia em que elas acreditarão respeito do que significam Teosofia que sabem o bastante, que um cer- e caminho espiritual. to nível de segurança foi alcançado. Embora mais conhecimento sempre Embora por um lado sejamos en- possa ser acumulado, eu me pergunto corajados a estudar e aprender, por se esse dia chegará. SOPHIA • JAN/FEV 2020 25

Habilidade de aprender O psicanalista Michael Ramscar indicar que, quando um certo tipo de HELMUT H. KROISS/PIXABAY mostrou que, devido ao crescente co- conhecimento é adquirido, e quanto nhecimento humano, o cérebro fun- mais ele é fixado, mais difícil é para “O que significa ser pe- ciona mais lentamente. Sua pesquisa a pessoa adquirir algo que seja dife- rito ou especialista em mostrou também que pessoas que es- rente disso. É bastante provável que alguma coisa? As pes- tudaram mais (aquelas com doutora- haja um tipo de cristalização. No quisas parecem indicar do, ou seja, as que supostamente têm nosso contexto, a especialização na que, quando um certo mais conhecimento), eram piores em literatura teosófica poderia levar à tipo de conhecimento ou criar ou fazer associações entre coisas cristalização de suas ideias e concei- habilidade é adquirido, que geralmente não estão relaciona- tos. Isso poderia criar um círculo de e quanto mais ele é fixa- das. Em outras palavras, segundo a hábito, onde se pensa numa coisa ou do, mais difícil é para a pesquisa, as pessoas mais educadas e ideia como sendo verdadeira porque pessoa adquirir algo que mais esclarecidas tinham, na verda- houve uma repetida exposição a ela, seja diferente disso.” de, mais dificuldade de aprendizagem e, em certo momento, simplesmen- do que as menos educadas. A princí- te paramos de questionar a respeito. SOPHIA • JAN/FEV 2020 pio essas descobertas são inespera- Assim, em vez de lidar com a vida re- das, porque, segundo a lógica usual, al, como ela é, poderíamos, em certo tende-se a pensar que pessoas com casos, estar somente manipulando mais estudo tenham maior habilidade conceitos e ideias. para aprender. Nas Cartas dos Mestres podemos Contudo, isso se explica pelo que encontrar muitas instruções pessoais a ciência tem descoberto nos últimos dadas especificamente a seus desti- séculos a respeito do aprendizado. O natários. Não há muitas instruções aprendizado não é sensível apenas dadas a todos os membros, mas uma às coisas que estão associadas, mas dessas instruções foi dada numa car- também às coisas que estão dissocia- ta a Francesca Arundale. Sendo uma das entre si. O que significa isso, na instrução, não diz “você poderia, por prática? Colocando em palavras mais favor, fazer ou tentar”. Sendo uma simples, isso implica que, por exem- instrução, ela diz claramente o que plo, quanto mais lemos a literatura deve ser feito. teosófica, onde a Teosofia tem sido descrita como algo imutável e per- O Mestre afirmou: “Você deve, manente, mais difícil será para nós mesmo como simples membro – criar a associação de que a Teosofia muito mais do que como dirigente –, está constantemente mudando e deve aprender que deve ensinar, adquirir ser expressa sob a forma que respon- conhecimento e força espiritual, pa- da melhor às condições atuais. ra que os fracos possam depender de você, e as pesarosas vítimas da igno- Um estudo neurológico com atle- rância aprendam com você a causa e tas altamente treinados mostrou que o remédio de sua dor.” a habilidade deles estava relacionada ao fato de que anos de treinamento Assim, o Mestre diz que, mesmo tinham criado um atalho (passagem como simples membro – o que signi- neural) numa certa região do cére- fica cada simples membro da ST –, bro. Mas esse treinamento vigoroso devemos adquirir conhecimento e não tinha apenas criado um atalho; força espiritual para que as pesarosas os anos de prática também haviam vítimas da ignorância possam apren- feito desaparecer inúmeras passagens der conosco a causa e o remédio de neurais alternativas. sua dor. Isso implica que nós, como membros da ST, devamos verdadei- O que significa ser perito em al- ramente saber quais são as causas e guma coisa? As pesquisas parecem o remédio da dor, para sermos capa- 26

zes de proporcionar alívio, não como te para o que é, não imaginar o que tenha que doer ou que a pessoa tenha conhecimento livresco, alguma teoria pensamos que seja ou que gostaría- de sofrer, nem que o sofrimento seja ou conceito belo e claro, mas como mos que fosse. a única maneira de aprender, porque uma realidade. não é; mas, quando a dor ocorre, ela Uma vez, ao conversar com algu- mostra que estamos lidando com al- Para reconhecer o sofrimento hu- mas pessoas que observavam a si mes- go factual. Se olhar para nós mesmos mano, ver suas causas e também o mas, alguém me disse que, quando for apenas seguro, bom e confortável, remédio, devemos inevitavelmente verdadeiramente se olha e se observa devemos verdadeiramente perguntar olhar para nós mesmos, porque como a si próprio, dói; que é muito difícil se não estamos brincando com alguns podemos mostrar quais são as causas fazê-lo. Mas é normal que doa. A dor seixos na periferia do nosso ser, nun- e o remédio das dores dos outros se significa que lidamos com algo real, ca tocando o coração, nunca tocando não as reconhecemos em nós? Para porque tocamos num ponto sensível o que é real nesse estado presente. isso é preciso olhar verdadeiramen- do nosso ser. Isso não significa que SOPHIA • JAN/FEV 2020 27

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“Somente quan- Habilidade de aprender do a totalidade da humanidade tiver Quando verdadeiramente olha- que sabemos o que tudo isso significa. alcançado a felici- mos para dentro e vemos em nós dade é que o indi- mesmos coisas que doem, elas são Em certo momento, isso nos levará ao víduo pode esperar geralmente consideradas um ponto tornar-se perma- de fraqueza, em parte porque não ponto onde não haverá mais o nosso nentemente feliz – correspondem à ideia do que o ego pois o indivíduo é nos fez pensar de nós mesmos, em sofrimento pessoal, porque será o so- uma parte insepa- seu incessante trabalho de constru- rável do todo.” ção. E ainda assim, quando olhamos frimento da humanidade que veremos mais de perto, podemos ver que, no SOPHIA • JAN/FEV 2020 nosso estado atual de coisas, este po- desse modo particular. de ser um ponto de profunda força. Vendo como somos e como funcio- Por que será? O chamado “pon- to de fraqueza” pode se tornar e se namos, ao mesmo tempo descobrimos tornará um ponto de grande força porque aprenderemos que cada ser o mundo. Essa visão é um processo humano em quem ainda resta algu- ma ignorância, cujo ego está cons- incessante e de eterno aprofunda- tantemente tentando se reconstruir, porque sua natureza ainda não se mento. Quando, na ST, tentamos fazer compreendeu completamente, passa pela mesma experiência, o mesmo a nossa parte, compartilhando algo processo, a mesma dor, embora isso possa ter várias nuances. que é seguro e certo para nós? Quan- Veremos então, que o que vive- do doamos o que desejamos doar, ou mos como experiência não é algo pessoal, mas universal. Toda vez que olhamos profundamente, com cuida- vemos em nós mesmos uma emo- ção perturbadora, como medo, in- do e sensibilidade, para tentar dar o segurança etc., podemos ao mesmo tempo reconhecer que isso é o que a que é o verdadeiramente necessário? humanidade está vivendo; podemos ver as causas da dor da humanidade Compartilhamos apenas teorias e con- em nós mesmos. Na medida em que tenhamos reconhecido a dor e suas ceitos, por mais agradáveis que sejam, causas em nós mesmos, podemos vê-las verdadeiramente nos outros, ou tentamos apresentar uma solução? quando as encontramos. Não temos que ser videntes para saber, basta O que é relevante no mundo atu- olhar nos olhos para ver, por trás das aparências, a tristeza, o medo, a in- al? Como apresentar a Teosofia de segurança, o desejo, a ira. maneira relevante? O que parece ser Isso não significa rotular as pesso- as, mas, pelo fato de essas coisas terem necessário é um remédio para curar sido reconhecidas como sofrimento e causas de sofrimento futuro, serão re- a dor e o sofrimento, porque eles conhecidas como sofrimento e causas de sofrimento em outros. Conseguir ainda existem, da mesma maneira ver o processo terá como consequên- cia natural produzir compaixão, por- como existiam quando a instrução do Mestre foi dada, e também do modo como existirão no futuro, porque a condição humana não muda tão ra- pidamente quanto se gostaria. Todos os seres humanos buscam a felicidade e tentam evitar o sofri- mento. A questão é justamente co- mo definimos isso, seja consciente ou inconscientemente. Gostaria de concluir com as palavras de H. P. Blavatsky, que expressou essa ideia afirmando que “verdadeiramente ne- nhum progresso espiritual é possível se não for através do grosso da hu- manidade. Somente quando a totali- dade da humanidade tiver alcançado a felicidade é que o indivíduo pode esperar tornar-se permanentemente STOCKSNAP/PIXABAY feliz – pois o indivíduo é uma parte inseparável do todo”. S * Krista Umbjarv é secretária da Federação Europeia da Sociedade Teosófica. 29

[ SOCIEDADE] ‘ O ter e o ser Abandonar as soluções velhas é renunciar ao “ter” psicológico da segurança, sustentado ‘pela memória, e nos abrirmos para as infinitas possibilidades de ser de cada dia Walter Barbosa* e nos transformando pelo caminho ORNA WACHMAN/PIXABAY do Ser: ser a nossa própria essência, “Walter, o que seus vizinhos têm aquilo que já somos. O santo exterior, “O grau de maturidade do in- que você ainda não tem?”. Recebi es- no caso, é somente a pedra de toque, a divíduo filtra as impressões se apelo mercadológico para renova- lembrança para o despertar do santo fornecidas pelo mundo. Quan- ção da assinatura de uma revista, na interior em cada um. Mas quem quer to mais ele desperta a identi- semana passada. Ao lado da frase, a santidade neste momento? O que se dade com seu próprio ser, me- imagem de um homem espionando quer é dispor dos valores típicos do nos necessidade tem de imitar o vizinho por entre as cortinas, re- mundo. Ou seja, ter. ou agir compulsivamente.” lembrando a inveja em seu papel de eterna motivadora de insatisfação. Um raciocínio imediato é achar SOPHIA • JAN/FEV 2020 que buscamos o “ter” em função da- A mensagem pode parecer esta- quilo que o mundo valoriza. Isso é pafúrdia num primeiro momento. um fato, porque o mundo é a base dos Contudo, é a própria lógica fria do relacionamentos, e estes são a base mercado explorando as fraquezas dos processos da consciência. Mas a humanas, inclusive ao projetar e su- consciência se subordina também às pervalorizar pessoas – artistas, joga- crenças e aos desejos do indivíduo, dores de futebol, modelos – para que conforme seu estágio evolutivo. depois elas alimentem uma corrente infinita de admiradores e imitadores, O grau de maturidade do indiví- prontos para se render aos hábitos de duo filtra as impressões fornecidas consumo dos seus ídolos. pelo mundo e alimenta seu com- portamento. Assim, quanto mais ele O que sustenta a idolatria? A ori- desperta a identidade com seu pró- gem da palavra é bem conhecida no prio ser – pelo autoconhecimento –, que respeita à adoração das imagens menos necessidade tem de imitar ou de qualquer tipo, do santo de barro agir compulsivamente em relação ao ao bezerro de ouro. Mas o termo hoje mundo, pela ideia de segurança que se aplica também a certos comporta- a imitação encerra. Ao contrário, ele mentos compulsivos, à semelhança passa a atuar de maneira tão própria da idolatria sexual, transformando e original que logo se transforma em em problema atos simples da vida. elemento de referência e transforma- ção do ambiente que o cerca. Na idolatria de pessoas há o pro- pósito de “união” com aqueles que Referindo-se à ausência de cria- admiramos (ou invejamos), numa tividade, que nos torna imitadores tentativa de encarnar seus dons. Se incondicionais na sociedade do ter, direcionássemos esse esforço para Krishnamurti diz: “Se pudermos Francisco de Assis estaríamos logo descobrir uma maneira de viver que iluminados (é a senda do Yoga Devo- seja criativa, e não simplesmente em cional), entrando naquela vibração conformidade com os padrões religio- 30

sos, sociais, políticos ou econômicos, no qual estaremos preparados para velhas. Então, criamos mais proble- como fazemos nos dias de hoje, en- enfrentar cada problema como se tão seremos capazes de resolver nos- fosse pela primeira vez.” mas. Abandonar as soluções velhas sos inúmeros problemas.” Mas como chegar a essa condição? Ele responde: A lógica desse olhar, como se fos- é renunciar ao “ter” psicológico da “Por meio do autoconhecimento é se a primeira vez, é extraordinária. possível livrar-se desse eterno repe- Uma de suas características é não ter segurança, sustentado pela memória, tir. A partir daí será possível atingir respostas prontas e imediatas, que aquele estado criativo, sempre novo, caem no equívoco de tentar resol- e nos abrirmos para as infinitas possi- ver problemas novos com soluções bilidades de ser de cada dia. S * Walter Barbosa é escritor e membro da Sociedade Teosófica de Campo Grande. SOPHIA • JAN/FEV 2020 31

[ ESPIRITUALIDADE ] Conhecimento e autorrealização 32 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“Se a pessoa pensa STOCKSNAP/PIXABAY Pradip Satpathy* cessários para canalizar as energias que é livre, ela é li- para o interior? Pode haver muitas vre; se pensa que es- Sommerset Maugham é famoso explicações. tá presa, fica presa, por criar histórias em torno de per- porque aquilo em que sonagens da vida real. Em sua nove- Na mitologia hindu há um exem- pensa, ela se torna. la O Fio da Navalha ele fala sobre um plo no rei Janaka, que atingiu a au- Prazer e dor, desejo e piloto norte-americano traumatizado torrealização, mesmo sendo um ho- ira, sucesso e fracasso pela morte de um amigo na guerra. mem de família, desembaraçando-se são criações da mente O personagem se sente sufocado sob de todos os afazeres de um rei. O e não dizem respeito o véu de um mundo irreal e embarca processo de libertação é descrito na ao eu. O eu é infinito numa viagem para encontrar o signi- conversa entre o rei Janaka e o Rishi como o espaço.” ficado da existência. Na busca de res- Astavakra, popularmente conhecido postas, renuncia a uma oferta de em- como Astavakra Samhita. A conver- SOPHIA • JAN/FEV 2020 prego, uma carreira brilhante e uma sa começa com três perguntas do rei proposta de casamento, e assume Janaka: como o conhecimento pode uma vida de andarilho. Assim segue ser adquirido? Como a libertação para diferentes lugares, visitando bi- pode ser atingida? Como é possível bliotecas e lendo. Seu desejo de atin- a renúncia? As respostas para essas gir o Absoluto leva-o dos corredores e outras perguntas estão de acordo do conhecimento para uma aventura com a filosofia monística Vedanta. espiritual mais sutil na Índia. Mas o que faz o tratado se sobres- sair é a simplicidade com que trata Ele se muda dos confins dos livros o assunto. para a vastidão do universo; de um estado de intenso desejo para a total Astavakra aconselha primeiro falta de desejos; do conhecimento a beber da tolerância, sinceridade, para a autorrealização. A epígrafe do compaixão, contentamento e veraci- livro diz: “O fio da navalha é difícil dade, e a evitar os objetos dos senti- de trilhar; assim, o sábio afirma que dos como se veneno fossem. Ele ex- a senda da salvação é difícil.” O tre- plica que o eu não é criado a partir dos cho é retirado de um verso do Katha cinco elementos (terra, fogo, água, Upanishad: “Levanta, acorda e apren- espaço e éter) nem pertence a qual- de pela aproximação aos seres exal- quer credo. O eu não é algo que o olho tados, pois essa senda é afiada como possa ver; é perfeito, livre, consciên- o fio de uma navalha, intransponível cia imóvel, testemunha onipresente, e difícil de trilhar.” desapegada de tudo, sem desejos e sempre em paz. Deve-se calcinar a Quem sou eu? De onde venho? floresta da ignorância com o fogo da Para onde vou? Essas perguntas compreensão de que “eu sou a pura perseguem a mente humana desde percepção”. Astavakra toca as cordas sempre. Pode-se encontrar inúmeros mais fundamentais com as palavras exemplos na mitologia, na história mais simples. e em contos baseados na vida real, onde as pessoas, em busca de encon- Se a pessoa pensa que é livre, ela trar respostas para suas perguntas, é livre; se pensa que está presa, fica renunciam à família, aos amigos, à presa, porque aquilo em que a pes- sociedade e mesmo a reinos. Mas por soa pensa, ela se torna. Prazer e dor, que as pessoas geralmente fogem do retidão e iniquidade, desejo e ira, ambiente familiar para um ambiente sucesso e fracasso são criações da desconhecido nessa busca? As per- mente e não dizem respeito ao eu. O guntas que as tornam tão inquietas eu é infinito como o espaço; portan- que acham impossível continuar a to, deve-se pensar que “eu estou em viver a vida de sempre? Ou será que todos os seres, e todos os seres estão um ambiente relativamente estra- em mim”. A pessoa que atingiu esse nho oferece o tempo e o espaço ne- conhecimento está contente e com os sentidos purificados; não está apega- 33

“Pode-se dizer que servir, na evolução humana, é como o haltere serve ao pro- pósito do atleta. Ele não conseguiria for- talecer os músculos a não ser que hou- vesse algo contra o qual os exercitar.” 34 SOPHIA • JAN/FEV 2020

FERNANDO ZAMORA/PIXABAY da a coisas que desfrutou nem deseja uma navalha. Existe um sentimen- coisas que não desfrutou. Ela nunca to comum de que a pessoa tem que está aflita. renunciar à vida familiar e à socieda- de e levar uma vida de sannyasi para Quando esse conhecimento é ple- atingir a iluminação espiritual, mas namente compreendido, não resta a história do rei Janaka aumenta as mais nada a que renunciar. Não res- aspirações daqueles que se esforçam ta desejo, nem mesmo de libertação, nessas buscas enquanto levam uma porque a prisão é o amor aos senti- vida normal. dos e a libertação é indiferença aos objetos dos sentidos. Sabendo que o As montanhas, as cavernas e as universo é irreal e que o eu é perfeito, florestas podem prover um meio e que para ele miséria e felicidade, es- conducente para as práticas espiri- perança e desespero, vida e morte são tuais, mas, para aqueles que estão a mesma coisa, a pessoa pode entrar se desfazendo de seus deveres nos num estado de dissolução. confins da sociedade, as palavras de ouro de Annie Besant fornecem uma Cada estágio dos ensinamentos, resposta perfeita: “Pode-se dizer que reações e realização do rei Janaka é servir, na evolução humana, é como descrito extensivamente, e a esmera- o haltere serve ao propósito do atle- da descrição dá uma vívida ideia dos ta. Ele não conseguiria fortalecer os sentimentos do buscador em sua jor- músculos a não ser que houvesse al- nada. Nesse texto os outros buscado- go contra o qual os exercitar. Ele não res podem avaliar os estágios e saber poderia ganhar vigor muscular a não em que ponto estão em seu caminho ser que houvesse pesos em oposição, de fé. Com a beleza da poesia, ele res- para que, lutando para levantá-los, os ponde perguntas que acorrem a quem músculos pudessem crescer.” quer que trilhe a senda espiritual. “O valor não está no peso em si, Uma pergunta que se destaca é: se mas no seu uso”, prossegue Besant; os ensinamentos transformaram o rei “se a pessoa quiser que seus mús- Janaka, por que essa mesma experi- culos fiquem muito fortes, a melhor ência não está acontecendo comigo? maneira é pegar uma clava ou um Astavakra explicou que uma pessoa haltere e diariamente exercitá-los, de inteligência pura pode alcançar a fazendo força em oposição a eles. meta por meio das instruções mais Dessa maneira Tamas, que significa casuais, enquanto outra pode buscar negligência ou trevas, desempenha o conhecimento durante toda a sua seu papel na evolução; a pessoa tem vida e ainda permanecer confusa. que superá-la e desenvolver sua for- É compreensível que o rei Janaka já ça na luta; os músculos da alma tor- fosse uma alma elevada e que o ensi- nam-se poderosos quando ela supera namento do Rishi Astavakra ajudou a negligência, a indolência, a indife- a abrir a porta para a salvação. Por rença, que é a qualidade tamásica em mais lúcidos que os ensinamentos sua natureza.” pareçam ser, a essência está na pre- paração que o buscador tem que fazer A mesma analogia pode ser aplica- para atingir a realização. da aos obstáculos que a pessoa tende a enfrentar enquanto se desembaraça Quando as correntes da nature- dos deveres com sua família. Quanto za inferior estão incessantemente mais obstáculos, maiores são as opor- dirigindo a pessoa ao senso de gra- tunidades para fortalecer a alma e tificação, manter o pé firme parece aplainar o caminho que é tão intran- simplesmente impossível. Mas a pes- sitável quanto o fio da navalha. S soa precisa nadar contra essas cor- rentes e se elevar acima das forças * Pradip Satpathy é membro da Loja de Gwalior, da inferiores. É por isso que os Rishis Sociedade Teosófica na Índia. compararam esta senda ao fio de SOPHIA • JAN/FEV 2020 35

[ CONSCIÊNCIA ] ‘ Uma alma madura À medida que envelheço adquiro mais consciência dos significados ocultos. Nossa tarefa interna é permanecer perceptivos, sentir o contexto e estar em ‘contato com quem realmente somos, com quem éramos o tempo todo 36 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“Se encarado conscien- ELLEN26/PIXABAY James L. Bull* bem expressas em prosa; a poesia pro- temente e sem o medo vavelmente funciona melhor. paralisante da morte, Durante muitos anos acreditei o envelhecimento po- que a aposentadoria era apenas um Nada disso significa que abando- de abrir as portas para triste acontecimento. Mas, agora namos as responsabilidades. Ainda uma capacidade au- que entrei nos meus oitenta anos e pagamos as contas e mantemos o car- mentada de reflexão.” não trabalho mais, descobri que es- ro funcionando. Mas somos capazes tar ativo como voluntário satisfaz de escolher mais conscientemente SOPHIA • JAN/FEV 2020 necessidades que sempre estiveram entre o mundo da adoração e o da ne- aqui. A energia e a produção podem cessidade. Recentemente, enquanto declinar muito, mas há uma mudan- preparava o jantar num acampamen- ça qualitativa que chega com a idade. to, parei para apreciar o pôr do sol e Num nível profundo, podem ocorrer as nuvens por ele iluminadas. Mas transformações que enviam reverbe- logo fui trazido de volta às necessida- rações à superfície e influenciam o des – colocar mais lenha na fogueira. curso da vida. Concomitantemente às A perspectiva da necessidade e a da mudanças e ao declínio físico natural, apreciação são complementares; são pode haver uma mudança espiritual, o conteúdo e o contexto da vida. que é um novo estágio de desenvol- vimento, um período de reflexão e Pelo fato de naturalmente atentar- aprofundamento. mos apenas para o conteúdo da vida, negligenciamos o contexto em que Disso o mundo comercial não tem tudo ocorre. Quando somos jovens ideia. Segundo o seu ponto de vista, o pode não ser útil gastar muito tempo envelhecimento é um tipo de doença. em reflexão, mas agora podemos nos Uma revista recente anunciou uma recolher, longe do necessário e rumo “cura para o envelhecimento”. Ou- ao essencial, mais próximos da alma. tra revista apresentou um “remédio Aí pode haver momentos de reconhe- antienvelhecimento”. Mas será que cimento: existe um contexto onde tu- o envelhecimento é um adversário? do ocorre; a vida tem significado, não estamos aqui por acidente. Certamente ele tem sido com- batido de inúmeras maneiras, desde Para nos entregarmos à reverên- cirurgias plásticas a intensificadores cia e ao encanto, precisamos, em pri- de potência sexual. Mas o envelheci- meiro lugar, estar bem alicerçados. mento, se encarado conscientemente É insalubre não ter alicerces fortes. e sem o medo paralisante da morte, Muitas vezes tive a impressão de pode abrir as portas para uma capa- que algumas pessoas mentalmente cidade aumentada de reflexão. doentes não estavam bem alicerça- das em seus corpos – não estavam Para desfrutar esses benefícios, plenamente localizadas aqui. Mas precisamos primeiro relaxar em rela- assim que estivermos alicerçados, e ção a algumas habilidades que tanto razoavelmente seguros, podemos nos nos serviram anteriormente, como permitir uma pausa para reverência. a racionalidade, o pensamento line- ar, a necessidade de precisão – qua- É natural que nos absorvamos lidades do hemisfério esquerdo do completamente nos detalhes da vida. cérebro. Habilidades intuitivas são Estamos munidos de um extraordiná- mais importantes agora. Com esse rio equipamento sensorial e de um processo de suavização, podemos potencial experimental igualmente descobrir vulnerabilidades em nós. rico. Estamos num mundo de muita A força necessária para ser vulnerá- riqueza, e como não ficar extasiado vel é mais apropriada à idade, assim por tudo? Pode-se pensar nisso como como a força para ser durão serve aos uma piada divina: somos colocados jovens. As qualidades mais profundas numa vida tão convidativa que fica- que podem agora emergir não são tão mos totalmente arrebatados, com o espírito rindo o tempo todo. Talvez 37

seja útil não ver a vida em seu pleno DAVID SIEBERG/PIXABAY contexto enquanto a estamos viven- do, pois assim podemos ter foco para olhadela, rasgando o fundo do enve- “Recentemente, num fazer o que precisamos. lope num dos cantos, olhando uma ou acampamento, parei duas palavras. Raramente leríamos a para apreciar o pôr do Porém, à medida que envelheço, coisa toda. Talvez quando envelhe- sol. Mas logo fui trazi- adquiro mais consciência dos signi- cermos, vendo o papel amarelado e do de volta às neces- ficados ocultos. Nossa tarefa interna quebradiço, possamos encontrar co- sidades – colocar mais é permanecer perceptivos, sentir o ragem para abrir, ler, chorar.” lenha na fogueira. A contexto e estar em contato com quem perspectiva da neces- realmente somos, com quem éramos o O que eu carregava comigo sem- sidade e a da aprecia- tempo todo. De outro modo, podería- pre mas nunca soube? Pode ser o que ção são complementa- mos ser afastados e perder o eu. aprendi no ventre da minha mãe, so- res; são o conteúdo e mado ao que eu trouxe da vida passa- o contexto da vida.” Kierkegard compreendeu a tra- da. Mas, num sentido metafórico, a gédia daqueles que vivem suas vidas pergunta é sobre o contexto da vida. SOPHIA • JAN/FEV 2020 fora de si mesmos: “E isso é o que é À medida que envelheço, meu nasci- lamentável, que tantos sigam vivendo mento e morte – os dois eventos mais num estado de silenciosa perdição; importantes – começam a se juntar. Se eles vivem além de si mesmos, não no sentido de que o conteúdo da vida esteja sucessivamente desabrochan- do e agora é possuído neste estado expandido, mas vivem suas vidas, por assim dizer, fora deles mesmos, de- saparecem como sombras; sua alma imortal é subjugada.” O contexto da vida pode ser mui- to mais sutil do que o conteúdo ime- diato. Em geral ele é sentido intuiti- vamente, e pode parecer ilusório. É tudo que sentimos que cerca a vida e a torna possível, uma aura de signifi- cado e mistério que engloba tudo. Há métodos eficazes para acessar isso, como a meditação e a oração. Mesmo assim, “isso jamais pode ser encon- trada pela busca, contudo somente os buscadores o encontram”. Num workshop recente, o poeta Robert Bly fez referência a um poema de Kabir: “Sentimos que existe algum tipo de espírito que ama / os pássaros e animais e as formigas – / O mesmo que te deu um brilho / no ventre de tua mãe. / Seria lógico tu andares por aí / totalmente órfão agora?” Bly usou o poema como ponto de partida para uma pergunta: “O que você sabia antes de nascer?” Minha resposta foi: “O que sabíamos antes de nascer é como uma das cartas fe- chadas de Rilke. Uma epístola que carregamos ao longo da vida em nos- sos corpos. Talvez ousemos dar uma 38

existe uma parte de mim que transcen- pertence ao seu padrão; portanto, ele so pode não ser fácil: o filho do pai de o nascimento e a morte (a alma), é o portador do seu destino.” machão torna-se bailarino; a criança permaneço em contato com ela. superprotegida aprende a ser ousada. Hillman acredita que éramos Portanto, pode haver muita coisa que A ideia de que trouxemos algo amados antes de nascer: “Apesar sabemos antes de nascer. Nossa vida conosco a esta vida é muito bem des- desse cuidado invisível, preferimos ocorre na superfície de um oceano crita por James Hillman, que afirma, nos imaginar lançados nus no mun- muito profundo. À medida que enve- que “cada pessoa entra no mundo do, vulneráveis e fundamentalmente lheço, sinto que nem tudo é esqueci- quando é chamada”. E continua: “A al- sós. É mais fácil aceitar a história do do. Os incidentes se transformam em ma de cada um de nós recebe um dia- heroico autodesenvolvimento do que propósitos; os propósitos tornam-se mante único antes de nascer, e nele o fato de que você é um ser amado mais difíceis de explicar, e a explica- está um padrão que vivemos na Terra. pela providência orientadora, você é ção importa cada vez menos. S Essa alma companheira, o diamante, necessário pelo que traz, e às vezes é guia-nos aqui; no processo de chega- ajudado em situações de angústia.” * James L. Bull, psicólogo norte-americano, trabalha da, porém, esquecemos tudo e acredi- com adolescentes em programa residencial para tamos que viemos vazios. O diamante Nascemos em situações que nos tratamento de drogas. lembra o que está na sua imagem e dão oportunidade de resolver ques- tões que exigem nossa atenção. Is- SOPHIA • JAN/FEV 2020 39

[ PESQUISA ] Direitos dos animais Uma visão científica e espiritual Michiel Haas* vários graus, têm sentimentos e sen- ALEXAS FOTOS/PIXABAY tem dor. Até recentemente pensava- Em nossa sociedade, os animais -se de modo diferente. “Aqueles que Animais têm personalidade? – To- são usados como ferramentas de pro- não podem falar não sentem dor” foi dos que têm animais de estimação dução, de um modo que não mais se durante um longo tempo o consen- sabem que gatos, cachorros e cava- alinha com a visão científica moderna so no mundo científico. Felizmente, los têm sua própria personalidade. de que eles são conscientes em vários hoje temos mais conhecimento. Os Para a ciência isso ainda era difícil graus, têm sentimentos e sofrem dor. animais não falam, mas sofrem da de reconhecer. Os biólogos há muito mesma maneira, e esse sofrimento ignoravam essas variações no com- Quem nos dá o direito de usar os animal está nos afetando cada vez portamento individual; aos seus animais como ferramentas e muitas mais. Contudo, a percepção do mo- olhos, o comportamento era flexível vezes não tratá-los como seres com do como os animais sofrem é, tris- e as diferenças entre os indivíduos sentimentos? Será esta uma verda- temente, muito limitada. eram desvios acidentais. O fisiolo- de bíblica? Deus disse: “Governai os gista comportamental Jaap Koolhaas peixes do mar e os pássaros do ar e A vasta maioria das espécies ani- as criaturas vivas que se movem no mais tem mecanismos de alarme chão.” Mas isso não nos autoriza a tra- neural conhecidos como “nocicep- tar os animais com crueldade. Deus ção” (sensação de dor). Isso assegu- deu também aos israelitas leis para o ra que sejam sensíveis ao que pode bem-estar animal. Eles deveriam ter machucá-los ou matá-los. Quando repouso e alimento, ser assistidos e estão amedrontados, o batimento protegidos de todo mal. cardíaco dos vertebrados aumenta. Eles têm estruturas cerebrais que se O Alcorão também é claro a res- parecem com nosso sistema límbico, peito disso. “É Ele quem fez seus as áreas que controlam as emoções. sucessores sobre a terra” – mas, ain- Seu comportamento e estrutura cere- da assim, deixa claro que essa res- bral são provas de que os animais têm ponsabilidade não é incondicional. consciência. E isso quer dizer que Para aqueles que não conseguem eles sentem dor. Segundo o atual cumprir as condições que limitam conhecimento científico, dois grupos essa responsabilidade, aplica-se o se- de animais encaixam-se nesses crité- guinte: “Então nós o fazemos voltar rios: vertebrados e lulas. ao inferior dos inferiores.” Embora os livros sagrados façam do homem O fato de os animais se afligirem o governante dos animais, eles são (e, portanto, também terem emo- igualmente claros sobre a respon- ções) é bem conhecido em relação sabilidade que vem com os deveres a elefantes, macacos, baleias, orcas, – certamente desconsiderados pela girafas, patos e inúmeras outras espé- sociedade de hoje. cies que também mostram compor- tamento pesaroso. No verão de 2018, Animais têm sentimentos? – A maio- o lamento da orca que manteve seu ria dos cientistas concorda que os bebê morto na superfície durante 17 mamíferos, pássaros, répteis, an- dias e viajou com ele 2.400 km tor- fíbios e peixes são conscientes em nou-se mundialmente famoso. 40 SOPHIA • JAN/FEV 2020

“O fato de os animais se afligirem (e, por- tanto, também terem emoções) é bem co- nhecido em relação a elefantes, macacos, baleias, orcas, girafas, patos e inúmeras ou- tras espécies que tam- bém mostram compor- tamento pesaroso.” foi um dos primeiros a se opor a isso. os pássaros titmouse e afirmou que das pessoas determina, em grande Ele estudou o comportamento social a atividade hormonal e cerebral que parte, sua felicidade e sucesso. Como em ratos e camundongos e observou guia o comportamento não é suficien- ela é tão essencial nos humanos, por que havia grandes diferenças entre te para explicar as diferenças indivi- que não nos animais? os indivíduos: “Alguns animais se duais. Eles decidiram chamar essas comportam mais agressivamente, são diferenças de personalidade. Piek Stor, médium que se comu- mais curiosos ou agressivos do que nica com animais via telepatia (de seus pares”, afirmou. No discurso de posse como pro- formigas e carrapatos a elefantes e fessor extraordinário de Personalida- vacas), conhece bem as diferentes Colega de Jaap, Ton Groothuis, de Animal da Wageningen University personalidades dos animais, e diz chefe do Departamento de Biologia & Research, em 2019, Prof. Kees van que podemos aprender muito com Comportamental da Universidade Oers esboçou como podemos tratar eles. Existem animais muito sábios, de Groningen, na Holanda, estudou melhor os animais. A personalidade e essa sabedoria é valiosa para os hu- SOPHIA • JAN/FEV 2020 41

“De uma perspec- tiva espiritual, há uma forte sugestão de que os animais têm alma, muitas vezes uma alma grupal, mas há cer- tos animais que se individualizam. E existem claras indi- cações de que eles reencarnam.” manos. Um exemplo da sabedoria de a Terra alma vivente conforme a sua Animals, Webb afirmou que todo bom um papagaio transcrito por ela: “Os espécie: gado, répteis e feras da Terra, relacionamento entre seres humanos animais têm sentimentos. As pessoas conforme a sua espécie.” e animais de estimação é um reflexo lidam com isso de maneira abrupta. da situação no pós-vida: “Todos os O mundo precisa saber a respeito A ideia de que os animais não têm animais seguem para Deus.” dessa forma de comunicação. Fale alma levou a muitas formas de abuso. às pessoas sobre nós. Queremos ser A alma é vista no Judaísmo como um O Hinduísmo e o Budismo consi- ouvidos. As pessoas não têm o direito segredo de Deus e revela a camada deram todos os animais, dos grandes exclusivo à fala.” mais profunda de vida. A alma conhe- mamíferos aos pequenos insetos, co- ce a alegria da vida e a felicidade, mas mo nossos irmãos mais jovens. H. P. Animais têm alma? – O Judaísmo também a dor e o medo. Blavatsky escreveu, no artigo Os Ani- acredita que os animais têm alma. mais têm Alma?, em 1886: “Quando o Muitos cristãos, porém, não acre- O professor de ciências religiosas mundo se sentir convencido – e não ditam, apesar de haver claras indi- Stephen H. Webb disse que o céu é pode evitar a chegada de tal convic- cações do contrário na Bíblia, como “um paraíso restaurado”, onde huma- ção – de que os animais são criaturas p0r exemplo: “E Deus disse, produza nos e animais vivem em harmonia tão eternas quanto nós, a vivissecção entre si. Autor de On God and Dogs: e outras torturas diariamente infli- 42 A Christian Theology of Compassion for SOPHIA • JAN/FEV 2020

ZENEIDA CEREJA A comunicadora animal Piek Stor, Há uma história maravilhosa so- mencionada anteriormente, apoia bre a encarnação de um cão no livro a visão teosófica de maneira muito Pets Have Souls Too, da terapeuta matizada. Suas conversas com os Jenny Smedley. Teacup era cadela animais geralmente indicam que eles vira-lata pequena e desobediente. são parte de um grupo onde existe Era parte da família. Sentava-se à um porta-voz, que representa a alma mesa em sua própria cadeira e tinha grupal. Mas isso não se aplica a to- alguns maus hábitos. Adorava biscoi- dos os animais. Existem indivíduos tos de creme e fazia qualquer coisa reais presentes, por exemplo, quan- para conseguir um; ela pulava por do ela fala com um leão, um bisão trás da cadeira e arrancava o biscoi- ou um elefante. Os gatos e cachorros to da sua mão com a velocidade de também são verdadeiros indivíduos, uma gaivota ladra. ligados à alma grupal por um longo cordão. Ela também vê uma grande Um dia Teacup morreu, e seus distinção entre as espécies; as formi- dois donos não quiseram adotar ou- gas são muito ocupadas e perceptivas, tro cão para não trair sua memória. enquanto um carrapato somente quer Poucos anos depois, o casal viajou sugar, esperar e começar tudo nova- para uma área deserta onde costu- mente – com um nível muito baixo mava tirar férias. Certo dia a mulher de consciência. ouviu um barulho e encontrou uma bela bola de pelos do lado de fora da Os animais reencarnam? – Os tibe- porta. O cão entrou e sentou-se nu- tanos tinham o hábito de peneirar o ma cadeira à mesa, do lado oposto ao terreno antes de construir um tem- homem, que estava tomando o café plo, para que nenhuma criatura viva, da manhã, como se estivesse acos- nem mesmo um verme, se ferisse. tumado a fazer aquilo. O casal per- Eles diziam que as almas podiam re- guntou na vizinhança, mas ninguém encarnar em qualquer forma viva, e tinha perdido um cachorro. Assim, que um verme poderia ter sido sua eles ficaram com ele. Uma tarde o mãe numa existência passada. Um homem serviu uma xícara de chá e budista tibetano moderno provavel- dois biscoitos de creme para a espo- mente dirá que isso é improvável; sa. Como um raio, o cão disparou, essas ações tradicionais são simbó- roubou os biscoitos e desapareceu licas e ilustram que devemos sentir atrás do sofá para comer. compaixão por todas as coisas vivas, tratando-as como nossa família. Conclusão – A ciência já chegou à O escritor e médium britânico conclusão de que todos os vertebra- Craig Hamilton-Parker, no artigo gidas aos animais irão, após suscitar O que Acontece aos Animais Quando dos, mamíferos, pássaros, répteis, um surto de maldições e ameaças da Morrem?, afirmou: “Nem todos os sociedade em geral, forçar todos os animais sobrevivem como identida- anfíbios e peixes são conscientes em governos a pôr fim a essas práticas des individuais após a morte. Alguns bárbaras e vergonhosas.” se fundem na consciência de grupo. diferentes graus, têm sentimentos e Seus espíritos retornam a uma per- Segundo Rudolf Steiner, criador cepção coletiva da espécie, e a par- podem sofrer dor. De uma perspec- da Sociedade Antroposófica, existe tir desse reservatório de percepção uma diferença significativa entre hu- nascem diferentes almas animais. tiva espiritual, há uma forte sugestão manos e animais. O ser humano tem Somente quando um animal se torna um ego individual, mas isso não se autoperceptivo sua alma permanece de que os animais têm alma, muitas aplica aos animais. Cada espécie de após a morte, e começa o processo de animal compartilha um mesmo ego subir a escada evolutiva rumo às cons- vezes uma alma grupal, mas há cer- coletivo. Nesse sentido não existiria ciências humana e angélica.” uma alma individual para cada ani- tos animais que se individualizam. E mal; porém, tanto animais quanto humanos têm um corpo astral. existem claras indicações de que eles SOPHIA • JAN/FEV 2020 reencarnam. Todo esse conhecimen- to precisa se refletir no modo como lidamos com os animais. S * Michiel Haas é arquiteto e consultor de projetos de renovacao da Sociedade Teosófica em Adyar, na Índia. 43

www.sEondecreçieos dda aSocdiedeadteeTeoosósficoa nfoiBcraasil .org.br CAPITAIS [email protected] gmail.com. Site: www.lojaperseve- Bauer, 464, Ed. Andrino, s. 102. Fortaleza-CE rança.blogspot.com CEP: 88.350-100. Tel: (47) 99989- Aracaju-SE •Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331- •Loja Rio de Janeiro: reuniões 0089 . Email: claurindavt@gmail. GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira A, Centro. CEP: 60135-000. Tel: (85) sáb., 15h30. com. Reuniões: 2ª, 4ª e 6ª, 19h. Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045- 99828-2714. Reuniões: sáb. 16h, Salvador-BA Campina Grande-PB 750. Tel: (79) 8802-1012/8875-2875. dom. 9h. Site: lojateosoficaunidade. •Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, •Loja Sírius: R. Santa Cecília, 692, E-mail: teosofiaemaracaju@gmail. com.br / www.facebook.com/lojate- Parque Nossa Senhora da Luz, Santo Antônio. Tel: (83) 3322- com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. osoficaunidade. E-mail: contato@ Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) 8934/8847-5367. Reuniões: dom., Belo Horizonte-MG lojateosoficaunidade.com.br 3353-2191/9919-1065. E-mail: teo- 16h30. E-mails: get.sirius@socie- •GET Belo Horizonte: Av. Afonso Goiânia-GO bahia@sociedade teosofica.org.br. dadeteosofica.org.br e bruno.san@ Pena, 748, 26º andar. CEP: 30130- •GET Sophia: R. 220, nº 287, Site: www.sociedadeteosofica.org. globo.com 300. Tel: (31) 3464-4310 / 9264-2005. s. 5, Setor Coimbra. Tel: (62) 3954- br/teobahia. Reuniões: sáb., 16h. Campinas-SP E-mail: [email protected]. Reu- 4535/8266-6768/3642-0136/8195- São Paulo-SP •Get Lótus Branco: R. Dr. Antonio niões: qui., 19h às 20h30. 0552/3293-4416. Reuniões sáb., •Loja Liberdade: R. Mituto Mizu- Carlos de Sousa, 118, Jd. Novo Brasília-DF 17h. E-mail: sociedadeteosofica. -moto, 301, Liberdade, CEP Chapadão. CEP: 13063-450. Tel: SGAS Q. 603, cj. E, s/nº, CEP 70200- [email protected]. 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. (19) 98292-1524. E-mail: getlotus- 630. Tel: (61) 3226-0662. João Pessoa-PB Reuniões: 6ª, 20h. Site: teosofia- [email protected]. •Loja Alvorada: Reuniões 6ª, 19h30. •Loja Esperança: R. Arquiteto Her- liberdade.org.br. E-mail: Reuniões: 4ª, 19h. •Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. menegildo Di Lascio, 468, Tam- [email protected]. Capão da Canoa-RS E-mail: lojabrasilia@sociedadeteoso- bauzinho, CEP 58042-140. Tel: (83) Facebook: www.facebook.com •Get Dhyana: R. Pindorama,389, fica.org.br 3246-1478, 9117-4488, 8866-5051. /lojateosoficaliberdade. loja 1, Centro. CEP: 95555-000. Tel: •Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. Palestras públicas sáb. 17h. E- •Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- (51) 985576481 e (51) 999664042. •Coordenadoria das lojas de mail: lojaesperança@sociedade moto, 301, Liberdade, CEP 01513- Email: [email protected]. Brasília – programação pública con- teosofica.org.br 040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- Reuniões: 2º e último sábados do junta: sáb., 14h30 a 21h30. Maceió-AL ões: 4ª, 20h. E-mail: samiracarnei- mês, 19h. Campo Grande-MS •GET Maceió: R. Prof. Sandoval [email protected] Cataguases-MG •Loja Campo Grande: R. Pernambuco, Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta •Loja São Paulo: R. Mituto Mizu- •Loja Unicidade: R. Cel João Du- 824, São Francisco, CEP 79010-040. Verde. CEP: 57035-230. moto, 301, Liberdade. Reuniões: arte, 78, s. 204. CEP: 36770-000. Tel.: (67) 3025-7251/9982-8106. Tel: (82) 99997-835. E-mail: dom., 17h. E-mail: celiapetean@ Tel: (32) 3421-4448/(32) 3421-1567/ Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacam- [email protected]. uol.com.br (32) 9982-1123 e (32) 9984-1164. [email protected] Reuniões: 3ª, 20h. •Get Sananda Kumara: R. Antônio Reuniões: 3ª, 19h30, e 6ª, 18h30 •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Palmas-TO de Vicenzo,125, Jd. das Figuei- (membros). E-mail: nascimentos- Cidade Jardim, CEP 79040-630. • GET Palmas: Q. 104 Sul, R. SE ras.CEP: 03.211-120. Tel: (11) [email protected] Tel: (67) 3028-6548 / 9637-7525. 01, n° 27, s. 21. Pavimento Primeiro 97365-8604 e (11) 97675-8811. Caxias do Sul-RS Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E-mail: Piso (antiga ACSE 01, cj. 01, lt. 28). Email: [email protected]. •Loja Jehoshua: R. Itália Travi, 813 [email protected] CEP 77.020-360. Tel: (63) 3215- Reuniões: 3ª, 20h. fundos, Rio Branco, CEP 95097- Cuiabá-MT 0936/9951-0459/8139-3218/8415- Vitória-ES 710. Tel/ Whatsapp: (54) 99194- • GET Annie Besant: R. Venezuela, 3122. Reuniões dom., 15h. E-mail: •Loja Blavatsky: Av. Princesa Isa- 8537. Reuniões: 1º e último do- 231, Santa Rosa, CEP 78040-370. [email protected] bel, 35, CEP 29.010-361. Tel: (27) mingo do mês, 15h. E-mail: teoso- Tel: (65) 9.8115.8425 / 9.8107.1687 Porto Alegre-RS 3235-1545/3314-5381/9608-5694. [email protected]. Site: www.teoso- / 9.8128.3144. Reuniões quinzenais: •Loja Dharma: R. Voluntários da Reuniões: 3ª, 6ª e sáb., 19h. E- fiars.com.br. Facebook: facebook. 6ª, 20h. E-mail: castilho.radiotera- Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039- mail: [email protected] e com/teosofiars [email protected] 900. Tel: (51) 3225-1801. E-mail: [email protected] Criciúma-SC Curitiba-PR [email protected]. •GET Mabel Collins: Cx P. 263, •Loja Libertação: R. República Ar- br. Site: www.lojadharma. org.br. OUTRAS CIDADES CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- gentina, 2.056, 11º andar, s. 115, Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., 0380/9904-2080. Reuniões: Água Verde, CEP 80.620-010. Tel: 15h às 18h30 (público). Águas de São Pedro-SP 1º sáb. do mês, 15h, na R. Barão (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 9646- Recife-PE •GET Águas de São Pedro: R. do Rio Branco, 549 (perto do Sindi- 5853. Cursos de Introdução: 2ª, •Loja Estrela do Norte: R. Diogo Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. cato dos Mineiros). 19h30 às 21h. Palestras públicas: Álvares, 155, Torre, CEP 54420- CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482- Juazeiro do Norte-CE sáb., 16h às 18h. Reuniões mem- 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: 1009. Reuniões: 5ª, 20h. •GET Padre Cícero: R. Santo bros: 3ª, 19h30 às 20h. E-mail: liber- dom., 16h. E-mail: lojaestrelado- Balneário Camboriú-SC Agostinho, 300, Biblioteca Pública [email protected] norte@sociedade teosofica.org.br •GET Luz no Caminho: Centro Municipal, CEP 63.010-167. Tel: (88) •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, Rio de Janeiro-RJ de Treinamento Yoga Sadhana, 98808-4808. Reuniões sáb., 16h. Alto da Glória. CEP: 80030-320. Tel: •Lojas Conde de Saint Germain, Ji- Av. Rui Barbosa, 30 (continuação E-mail: [email protected] (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h narajadasa, Nirvana, Perseverança da Estrada da Rainha, Praia dos Joinville-SC (membros); 3ª e sáb., 16h (público). e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº Amores). CEP: 88330-468. Tel: •Loja Shanti-OM: R. Waldemaro •Loja Dario Vellozo: R. 13 de Maio, 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053-901. 9987-1797. Reuniões: quinzenal- Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) 538, Centro, CEP 80510-030. Reu- Tel: (21) 2220-1003. mente, dom. 17h30. E-mail: mar- 3433-3706. Reuniões: 4º dom. do niões: 2º e 4º domingos, 15h30 às •Loja Conde de S.Germain: [email protected] mês, 19h. E-mail: marilenawolf@ 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979- reuniões 2ª, 14h. Bragança Paulista-SP yahoo.com.br 7970, 9675-8126. E-mail: claturis- •Loja Himalaia: Tel: (21) 2717-0982. •Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, Juiz de Fora-MG [email protected] •Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, Jardim América. CEP: 12916-160. • GET Juiz de Fora: R. Padre Ca- Florianópolis-SC 14h. Site: www.bloglojajinarajada- Tel: (11) 2427-7367/(11) 99954- fé, 195, 4º andar, Salão de Festas, •Loja Florianópolis: R.Tenente Silvei- sa.wordpress.com 6188. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: bairro São Mateus, esquina com ra, 482, s. 501, Centro. CEP: 88010- •Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. [email protected] Av. Itamar Franco, CEP 36.016-450. 301. Tel: (48) 99600-7470. Reuniões: •Loja Perseverança: reuniões 5ª, Brusque-SC Reuniões 2ª, de 19h a 20h30. Tel: 2ª 18h4, 43ª 19h, sáb. 15h. E-mail: teo- 14h. E-mail: stlojaperseveranca@ •Get Lótus Púrpura: R. João (32) 99S8O10P-H6I6A6•7J. AEN-m/FaEiVl:2t0e2o0sofiajui-

[email protected] FRED FOKKELMAN •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: O que é a 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reuni- ões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. E-mail: there- Sociedade Teosófica [email protected] Londrina-PR A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Não há religião •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa Jd. Quebec. CEP: 86060-190.Tel:(43) Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Ol- svueperrdioraà de 3027-2623/9121-3375/9916-0099/9911- cott, seu primeiro presidente. A sede internacional 8142. E-mail: tarsiladomene@hotmail. foi transferida para Chennai, na Índia, onde se Esse é o lema da com e [email protected]. Reuni- encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de Sociedade Teosófica. ões: 4ª, 19h. 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas Mas a Sociedade não Niterói-RJ por Lojas e Grupos de Estudos. se impõe como por- •Loja Himalaya: R. da Conceição. 99, tadora da verdade; o s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- laço que une os teó- (21) 2710-3890/2611-6949. Reuniões: cípio da fraternidade universal e a livre investigação -sofos não é uma 2ª, 18h. da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da crença comum, mas Piracicaba-SP fraternidade universal da humanidade; encorajar o a investigação da ver- •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Al- estudo de religião comparada, filosofia e ciência; dade em relação às to. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. investigar as leis da natureza e os poderes latentes diversas religiões, à Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapiraci- no homem. filosofia ou à ciência. [email protected] Praia Grande-SP Membros de diversas religiões se filiaram à 45 •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. que ela não é uma religião nem uma seita, somente o Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, respeito à liberdade de pensamento torna possível a 19h30. E-mail: get.thoth@sociedade convivência harmônica que favorece a investigação teosofica.org.br e o aprendizado. Ribeirão Preto-SP •Loja Paz Profunda: R. João Penteado, A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- 38, Jardim Sumaré, CEP 14020-180. ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi Tel: (16) 3237-5109/98138-5148/ 3916- Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, 4231. Reuniões: sáb. 16h. E-mails: teo- que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou [email protected] a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- São Caetano do Sul-SP nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, •GET do Grande ABC: R. Marechal mas através de correspondências da alma com o Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP: 09541- mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moder- 300. Tel: (11) 4229-7846. Reunião 3ª, na, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da 20h. E-mail: getdograndeabc@gmail. sabedoria não pela crença, mas pela investigação da com verdade que se manifesta na natureza e no homem. São José dos Campos-SP •GET Ishvara: R. Augusto Edson Ehlke, 150, Vila Ema. CEP: 12243-110. Tel: (12) 3901-7424/3208-6693/98877- 8112/99163-1685/99137-9085. Reu- niões 3ª, 19h30. Endereço p/ corres- pondência: R. Ricardo Monteiro, 147, Jardim Renata, CEP 12245-110. Email: [email protected]. FB: facebook. com/Loja Teosofica Vida Una •Loja Vida Una: Av. João Baptista Soares de Queiroz Júnior, 1142, s. 5, Jardim das Indústrias. Tel: (12) 98158- 7335. Estudos: 2ª, 19h30 às 21h30; dom. quinzenalmente 16h às 18h. E-mail: [email protected] Três Pontas-MG •GET Una Verdad: Rod. 167, km 11, entre Santana da Vargem e Três Pon- tas, CEP 37.190-000. Fone e whatsa- pp: (35) 99936-1396. Reuniões públi- cas 3ª, 20h. E-mail: getunaverdad@ gmail.com Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/3385- 3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E- mail:SgO_PmHuIAlle•r8JA5N@/FyEaVho20o2.c0om.br

ECdonithoeçraaasTpuebloicasçõóesfidca a O Aperfeiçoamento Dentro da Luz O Caminho do A Ciência da do Homem Cherie Sutherland Autoconhecimento Meditação Annie Besant Radha Burnier Rohit Metta Este livro apresenta vin- Em razão do envolvi- te relatos de experiências “A fonte da felicidade é Este é um guia para com- mento constante com nos- próximas à morte, que ocor- a própria consciência. Sa- preender a meditação não só sas ocupações diárias, temos rem quando uma pessoa está bedoria, amor, liberdade e como prática, mas também tendência a perder de vista à beira da morte (ou, em inteligência são alguns dos como filosofia de vida. Apre- nossa vida interior. Besant, muitos casos, clinicamente dons naturais da consciên- senta de forma didática o com a lucidez e paixão que morta) e é, então, ressusci- cia.” Todas aquelas pessoas caminho da meditação como lhe são peculiares, nos reme- tada, ou sobrevive de algu- que se propuseram como um processo de autotrans- te nesta obra a ensinamen- ma forma para contar sua meta redescobrir este estado formação que conduz à solu- tos milenares, que, por sua intensa e profundamente e que desejam trilhar o cami- ção de muitos problemas da transcendência, continuam significativa experiência. nho do autoconhecimento vida psicológica. Na visão do sempre vívidos e atuais, to- São relatos de pessoas que se poderão encontrar, neste autor, a meditação leva a um cando os mais profundos aproximaram de uma fron- valioso livro, ferramentas estado de comunhão com o recessos de nosso ser. teira desconhecida e dela úteis para uma compreen- supremo, onde os campos retornaram transformadas, são maior da vida e de si ressecados da vida podem O leitor é conduzido nu- tendo deixado para trás o mesmos. ser irrigados com as águas ma investigação sobre os medo da morte e descoberto frescas da experiência trans- ensinamentos esotéricos o serviço altruísta como um A autora, Radha Burnier, cendental e atemporal. O dos evangelhos cristãos. A dos valores essenciais da foi presidente internacional livro mostra a maneira natu- vida de Cristo é descrita co- vida. Este livro é, portanto, da Sociedade Teosófica des- ral de despertar a Kundalini, mo uma representação das um eloquente testemunho de 1980 até 2013. Entre suas sem necessidade de práticas etapas evolutivas pelas quais da força do espírito presente obras está o livro Regenera- intrincadas ou da orientação passa toda alma no seu cami- na consciência humana. ção Humana, também publi- de um especialista. nho rumo à perfeição. cado pela Editora Teosófica. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • JAN/FEV 2020

Compre pelo cartão [ LANÇAMENTO ] de crédito (todas as bandeiras), ou peça pelo Dimensões correio ou pelo e-mail: superiores editorateosofica@ editorateosofica.com.br Introdução ao Yoga seu Prefácio, sua intenção era dar uma Ligue: 61-33227843 Annie Besant ou 61-986134906 visão panorâmica ou geral do Yoga “a Em sua humildade, Annie Besant fim de preparar o estudo e a prática dos Autorrealização (1847–1933) chamou esta obra de uma pelo Amor mera introdução, talvez por sua lingua- Yoga-Sutras de Patañjali”, e para levar o I.K. Taimni gem simples e acessível, mas muito leitor a “adquirir algumas noções sobre envolvente. Porém, o próprio poeta Este livro é uma tradução Fernando Pessoa (1888–1935), seu a ciência das ciências.” comentada do conhecido ilustre e famoso tradutor para a língua tratado sânscrito Bhakti-Su- portuguesa, ficou impressionado pela A ciência do Yoga é essencialmente tra, de autoria do lendário grandeza do conteúdo que traduziu. um método para alcançar o Samadhi, Narada, sábio que a tradição ou seja, uma prática progressiva que indiana afirma ter possuído O livro Introdução ao Yoga é a trans- virtudes e poderes extraor- crição de uma série de quatro confe- demanda constância e desapego e visa dinários. rências proferidas pela Dra. Besant em 27, 28, 29 e 30 de dezembro de 1907 acelerar a evolução natural. Ou, como O Bhakti-Sutra é con- na cidade de Varanasi (antiga Bena- siderado um dos mais im- res), Índia. Como a autora declara em dizia Besant, “o Yoga não é senão uma portantes textos do Bhakti maneira de acelerar o desenvolvimento Yoga, o caminho da autorre- alização através do amor e da normal da consciência.” devoção. Segundo Narada, o intenso amor dirigido a O leitor é, assim, convidado a desco- Deus conduz o devoto à consciência da unidade e à brir diretamente, pela meditação e prá- bem-aventurança. tica do Yoga, o potencial divino infinito Este livro é um tipo de inerente a todo ser humano. manual para aqueles que de- sejam realizar Deus através 47 do poder do amor. Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 Brasília-DF – CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843 SOPHIA • JAN/FEV 2020

peça pelo número!Para comprar os livros da Editora Teosófica, 1. A Chave para a Teosofia Geoffrey Hodson: 59,00 Annie Besant: 25,00 Blavatsky: 30,00 - H. P. Blavatsky: 42,00 23. A Vida Espiritual - Annie 43. Biografia de Sri Ram - 63. Fundamentos de 2. A Ciência da Astrologia Besant: 35,00 Pedro Oliveira: 40,00 Teosofia - C. Jinarajadasa: e as Escolas de Mistérios - 24. A Vida Interna - C.W. 44. Cartas dos Mahatmas 50,00 Ricardo Lindemann: 55,00 Leadbeater: 41,00 para A. P. Sinnett, vol. I. – 64. Gayatri, o Mantra 3. A Ciência da Meditação - 25. A Visão Espiritual da Escritas pelos Mahatmas Sagrado da Índia - I. K. Rohit Mehta: 35,00 Relação Homem & Mulher - M. e K. H.: 55,00 Taimni: 39,00 4. A Ciência do Yoga - I. K. Scott Miners (comp.): 40,00 45. Cartas dos Mahatmas 65. Helena Blavatsky - Taimni: 53,00 26. A Vivência da para A. P. Sinnett, vol. II. – Sylvia Cranston: 75,00 5. A Conquista da Espiritualidade – Uma Escritas pelos Mahatmas 66. H. P. Blavatsky e a Felicidade - Kodo Proposta Prática ao M. e K. H.: 55,00 Sociedade para Pesquisas Matsunami: 33,00 Alcance de Todos - Shirley 46. Cartas dos Mestres Psíquicas - Vernon Harrison: 6. A Criança Encantada - C. Nicholson: 23,00 de Sabedoria - C. 35,00 Jinarajadasa: 18,00 27. A Voz do Silêncio - H.P. Jinarajadasa: 47,00 67. Introdução à Teosofia - 7. A Doutrina do Coração - Blavatsky: 25,00 47. Chegando Aonde Você C.W. Leadbeater: 18,00 Annie Besant: 33,00 28. A Yoga do Cristo – No Está - A Vida de Meditação 68. Introdução ao Yoga - 8. A Essência da Vida Evangelho de São João - - Steven Harrison: 40,00 Annie Besant: 35,00 Espiritual - Raul Branco: Ravi Ravindra: 40,00 48. Clarividência - C.W. 69. Investigando a 40,00 29. As Escolas de Mistérios Leadbeater: 30,00 Reencarnação - John 9. A Fraternidade de Anjos – O Discipulado na Nova 49. Comentários sobre “A Algeo: 35,00 e Homens - Geoffrey Era - Clara Codd: 40,00 Doutrina Secreta” - H. P. 70. Karma e Dharma - Hodson: 33,00 30. As Leis do Caminho Blavatsky: 40,00 Annie Besant: 33,00 10. A Gnose Cristã - C. W. Espiritual - Annie Besant: 50. Conhece-te a Ti Mesmo 71. Luz e Sombra – Leadbeater: 43,00 30,00 - Valdir Peixoto: 25,00 Elementos Básicos de 11. A Luz da Ásia - Edwin 31. Aos Pés do Mestre - J. 51. Contos Mágicos da Astrologia - Emma Costet Arnold: 33,00 Krishnamurti: 18,00 Índia - Marie Louise Burke: de Mascheville: 25,00 12. A Mente Imensurável - 32. Advaita Bodha Deepika 33,00 72. Luz no Caminho - J. Krishnamurti: 53,00 – A Luz da Sabedoria não 52. Consciência e Cosmos Mabel Collins: 18,00 13. A Potência do Nada - Dualista - Adi Shankara - Menas Kafatos & Thalia 73. Meditação – Sua Marcelo Malheiros: 33,00 Swami: 37,00 Kafatou: 37,00 Prática e Resultados - Clara 14. A Técnica da Vida 33. Aos que choram os 53. Dentro da Luz - Cherie M. Codd: 25,00 Espiritual - Clara Codd: Mortos - C. Jinarajadasa Sutherland: 35,00 74. Meditação Taoísta 30,00 [livro de bolso]: 18,00 54. Desejo e Plenitude - – Métodos para Cultivar 15. A Sabedoria Antiga - 34. Apolônio de Tiana – Hugh Shearman: 25,00 a Saúde da Mente e do Annie Besant: 45,00 Sábio, Profeta e Renovador 55. Deuses no Exílio - J. J. Corpo - Thomas Cleary 16. A Sabedoria Oculta na dos Mistérios - G. R. S. Van Der Leeuw: 23,00 (comp.): 33,00 Bíblia Sagrada - Geoffrey Mead: 33,00 56. Do Recinto Externo ao 75. Meditação – Um Estudo Hodson: 80,00 35. Aprendendo a Viver a Santuário Interno - Annie Prático - Adelaide Gardner: 17. A Senda Graduada Teosofia - Radha Burnier: Besant: 37,00 33,00 para a Libertação – 40,00 57. Educação, Ciência e 76. Meditações – Excertos Instruções Orais de um 36. Aspectos Espirituais Espiritualidade - P. Krishna: das Cartas dos Mestres de Lama Tibetano - Geshe das Artes de Curar - Dora 35,00 Sabedoria - Katherine A. Rabten: 25,00 van Gelder Kunz: 45,00 58. Em Busca da Beechey (comp.) [livro de 18. A Senda para a 37. Através do Portal da Sabedoria - N. Sri Ram: bolso] - 25,00 Perfeição - Geoffrey Morte - Geoffrey Hodson: 33,00 77. Momentos de Hodson: 25,00 30,00 59. Escritos Esotéricos - Sabedoria - H. P. Blavastky 19. A Suprema Realização 38. Através dos Portais de Subba Row - a ser lançado [livro de bolso]: 25,00 Através do Yoga - Geoffrey Ouro - Mabel Collins, 36,00 60. Estudos Seletos em 78. N. Sri Ram - Uma Vida Hodson: 37,00 39. Autoconhecimento - “A Doutrina Secreta” - de Beneficência e Sabedoria 20. Autobiografia de Annie Marcos Resende: 30,00 Salomon Lancri: 33,00 - Pedro Oliveira, 40,00 Besant: 50,00 40. Autocultura à Luz do 61. Eu Prometo – Conversa 79. Não há outro caminho 21. A Tradição-Sabedoria Ocultismo - I. K. Taimni: com Jovens Discípulos - a seguir - Radha Burnier: - Pedro Oliveira e Ricardo 45,00 C. Jinarajadasa [livro de 33,00 Lindemann: 33,00 41. Autorrealização pelo bolso]: 18,00 80. O Alvorecer da Vida 22. A Vida de Cristo do Amor - I. K. Taimni: 30,00 62. Fundamentos da Espiritual - Murillo Nunes de Nascimento à Ascenção - 42. Bhagavad-Gita - Trad. Filosofia Esotérica - H. P. Azevedo: 35,00 48 SOPHIA • JAN/FEV 2020

81. O Aperfeiçoamento do Nascimento - Geoffrey 110. Os Mestres e suas Doença - Geoffrey Hodson: Homem - Annie Besant: 33,00 Hodson: 25,00 Mensagens - Raul Branco: 25,00 82. O Catecismo Budista, 95. O Mundo Oculto - A. P. 30,00 126. Sete Grandes Religiões H. S. Olcott [livro de bolso]: Sinnett: 43,00 111. Os Sete Temperamen- - Annie Besant: 40,00 18,00 96. O Natal dos Anjos tos Humanos - Geoffrey 127. Shiva-Sutras - I.K. 83. O Caminho do - Dora van Gelder Kunz - Hodson: 23,00 Taimni: 40,00 Autoconhecimento - Radha 18,00 112. Os Sonhos - C.W. 128. Sussurros da Outra Burnier [livro de bolso]: 97. Ocultismo Prático - Leadbeater: 23,00 Margem - Ravi Ravindra: 18,00 Helena Blavatsky: 25,00 113. O Verdadeiro Trabalho 35,00 84. O Catador de Histórias 98. Ocultismo, Semiocul- da Sociedade Teosófica - 129. Teosofia como os - Fernando Mansur: 33,00 tismo e Pseudo-ocultismo Sri Ram: 23,00 Mestres a Veem - Clara 85. O Chamado dos Upani- - Annie Besant: 23,00 114. Pensamentos para Codd: 35,00 xades - Rohit Mehta: 45,00 99. O Plano Astral - C. W. Aspirantes ao Caminho 130. Teosofia Explicada - P. 86. O Despertar da Visão Leadbeater: 33,00 Espiritual - N. Sri Ram: Pavri: 65,00 da Sabedoria - Tenzin 100. O Poder Criativo, 33,00 131. Teosofia Prática - C. Gyatso,14º Dalai Lama: Clara Codd: 30,00 115. Pérolas de Sabedoria - Jinarajadasa: 25,00 28,00 101. O Poder da Sabedoria - Sri Ramana Maharshi: 35,00 132. Teosofia Simplificada - 87. O Despertar de uma Carlos Cardoso Aveline: 35,00 116. Pistis-Sophia - Trad. Irving Cooper: 30,00 Nova Consciência – Ideias 102. O Poder da Vontade Raul Branco: 53,00 133. Três Caminhos para a Centrais de “A Doutrina e seu Desenvolvimento 117. Preparação para o Paz Interior - Carlos Cardoso Secreta” - Joy Mills: 25,00 -Swami Budhananda: 23,00 Yoga - I. K.Taimni: 33,00 Aveline: 35,00 88. O Fim da Divindade 103. O Poder Transforma- 118. Princípios de 134. Tudo Começa com Mecânica – Conversas dor do Cristianismo Primiti- Trabalhos da S. T. - I.K. a Prece - Madre Teresa de Sobre Ciência e vo - Raul Branco: 35,00 Taimni: 25,00 Calcutá: 33,00 Espiritualidade no Fim de 104. O Processo de 119. Procura o Caminho - 135. Um Estudo Sobre Uma Era - John David Ebert Autotransformação - Vicente Rohit Mehta: 30,00 a Consciência – Uma (comp.): 40,00 Hao Chin Jr.: 45,00 120. Reflexões sobre introdução à psicologia - 89. O Hino de Jesus – Um 105. O Segredo da a Educação Teosófica Annie Besant: 45,00 Rito Gnóstico - G. R. S. Autorrealização - I. K. - Vicente Hao Chin Jr. 136. Vegetarianismo e Mead: 18,00 Taimni: 30,00 (comp.), 30,00 Ocultismo - C. W. Leadbeater 90. O Homem, sua Origem 106. O Teatro da Mente 121. Raja Yoga - Wallace e Annie Besant: 30,00 e Evolução - N. Sri Ram: – Uma Filosofia do Slater: 30,00 137. Você Colhe o que 30,00 Cosmo e da Vida - Henryk 122. Regeneração Humana Planta - Antonio Geraldo 91. O Idílio do Lótus Skolimowski: 35,00 - Radha Burnier: 30,00 Buck: 23,00 Branco - Mabel Collins: 107. Os Ensinamentos 123. Rumo ao Discipulado 138. Vida e Morte de 33,00 de Jesus e a Tradição - J. Krishnamurti: 30,00 Krishnamurti - Mary Lutyens: 92. O Interesse Humano - Esotérica Cristã - Raul 124. Sabedoria Antiga e 45,00 N. Sri Ram: 33,00 Branco: 57,00 Visão Moderna - Shirley 139. Viveka-Chudamani – A 93. O Lado Oculto das 108. Os Ideais da Teosofia Nicholson: 45,00 Joia Suprema da Sabedoria - Coisas - C.W. Leadbeater: - Annie Besant: 35,00 125. Saúde e Shankara: 35,00 58,00 109. Os Mestres e a Senda Espiritualidade – Uma 140. Yoga – A Arte da Inte- 94. O Milagre do - C.W. Leadbeater: 55,00 Visão Oculta da Saúde e da gração - Rohit Mehta: 52,00 Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 83 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Jan/Fev 2020 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ­____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 108,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 205,00 Por três anos (18 números) por R$ 287,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________ SOPHIA • JAN/FEV 2020 49


Revista Sophia nº 83

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