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Revista Sophia nº 71

Published by Editora Teosofica, 2021-02-03 13:42:14

Description: A Revista Sophia é uma publicação independente da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião.

Nesta edição:
• Ao leitor: Aprendizado Espiritual;
• O humano e o divino – Walter Barbosa;
• As mil faces do mito – Marcos Queiroz;
• A ordem cósmica – Radha Burnier;
• Entrevista: Amit Goswami – As provas da existência de Deus;
• Descanso para a mente – Dzogchen Ponlop Rinpoche;
• A solução de todos os problemas – Tim Boyd;
• Uma viagem especial – Fernando Mansur;
• O propósito da vida – Bhupendra R. Vora.

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www.revistasophia.com.br ANO 16 • Nº 71 R$ 16,00

Editora Teosófica novos horizontes para viver melhor 0Pl8iag0ru0ae-6cg1or0má0tp2isr0a: r, www.editorateosofica.com.br

Cartas Sophia 71 PIXABAY PIXABAY Renovação energética Ao leitor PIXABAY Aprendizado espiritual PIXABAY SOPHIA é uma revista que aborda con- PIXABAY teúdos importantes para a vida de qualquer ser 4 humano. Afinal, nessa fase de transição e de renovação energética pela qual o mundo está O humano e o divino passando, é de suma importância que uma Walter Barbosa revista séria publique matérias que mexem com o ser e não apenas com o ter. Lembrando 5 que somos energia e que, para melhorar nossa qualidade energética, os conteúdos que a re- As mil faces do mito vista aborda se tornam de suma importância. Marcos Queiroz Silvia Estela – Curitiba (PR) 8 Frutos doces A ordem cósmica A revista SOPHIA é como sementes fér- Radha Burnier teis distribuídas no seio da sociedade; seus frutos serão doces. A sociedade é carente de 14 sementes dessa qualidade. Rogério Oliveira – São Paulo (SP) Entrevista: Amit Goswami Paz de espírito As provas da existência de Deus Fiquei muito feliz em me tornar assinan- te. Ler a revista me traz uma paz de espírito, 18 uma calmaria muito boa! Aguardo ansiosa a próxima edição. Descanso para a mente Cristiane Schwench – Espera Feliz (MG) Dzogchen Ponlop Rinpoche Fonte de pesquisa 26 A revista SOPHIA é uma fonte ótima de pesquisa e possibilita maior compreensão pa- A solução de todos ra nossa vida diária. SOPHIA ajuda também a os problemas elaborar a explanação de um tema. Tim Boyd Eduardo Tonon – Criciúma (SC) 30 Novos ângulos Uma viagem especial Gosto muito da revista SOPHIA; ela me Fernando Mansur ajuda a ver os problemas por um ângulo di- ferente. 34 Carla Verona – São Paulo (SP) O propósito da vida Reforma interior Bhupendra R. Vora Para contribuirmos para a construção de 38 um mundo melhor precisamos, primeiramen- te, promover uma reforma interior e evoluir no âmbito moral, intelectual e espiritual. Os temas tratados pela revista SOPHIA certa- mente contribuem muito para nossa evolução enquanto seres humanos. Jorge Rigo Dias – Brasília (DF) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica pelo telefone (61) 3322- 7843 ou ligue grátis para 0800-610020.

[ AO LEITOR ] Aprendizado espiritual Dentre as muitas práticas espiri- formar e crescer. De igual maneira, as Indiscutivelmente, em todas as tra- tuais, uma das mais importantes é a práticas de Hatha Yoga, se dissociadas dições religiosas, a meta indispensável meditação, que, se bem feita e com- da vivência, provavelmente só farão a esse caminho é a disponibilidade pa- preendida, acalma a mente e o espírito, bem ao corpo físico, tendo pouco ou ra servir. Às vezes as pessoas chegam possibilitando um viver mais integra- nenhum efeito nos corpos emocional à Sociedade Teosófica perguntando do e harmônico. Meditar regularmen- e mental. o que vão ganhar se se filiarem a ela. te, no horário e modo que achamos Eu sempre respondo que certamente adequado, pode trazer tranquilidade Há outro empecilho na nossa ca- elas ganharão muito em termos de e paz. Observando a respiração sim- minhada espiritual: o apego, que pode autoconhecimento e compreensão, e plesmente e deixando os pensamentos causar muita dor. É comum estarmos que terão instrumentos para transfor- passarem pela mente, ou seja, não os apegados à nossa família, porque fo- marem as suas vidas, se o quiserem. retendo, conseguimos entrar em um mos ensinados a ser pessoas dependen- Poderão aprender a servir pelo amor estado meditativo. tes. Músicas de sucesso dizem coisas ao serviço e não pelo que possam ga- como “eu não consigo viver sem você”. nhar. E isso será um importante passo No entanto, se meditarmos pela Mas isso não é real, porque, ainda que na sua jornada espiritual, aprendendo manhã, mas à tarde esquecermos do a vida possa ser eterna, a existência ter- a servir com contentamento, não se nosso propósito (por exemplo, brigan- rena é necessariamente passageira. O importando com o fracasso ou sucesso do com alguém ou nos impacientando nosso ego reforça esses pensamentos de suas ações. no trânsito), provavelmente a medita- e sentimentos porque quer continuar ção se tornará apenas um hábito, sem existindo, gerando a ilusão de pere- Era isso o que fazia Madre Teresa trazer real transformação na qualidade nizar o transitório. Podemos, é claro, de Calcutá, quando ajudava com mui- de nossa vida. Não que a meditação ficar tristes ao perdermos um ente to amor a todos os pobres e desam- feita pela manhã não tenha sido útil; querido; é compreensível. O que nos parados. Ela não se preocupava em porém, a meditação verdadeira é aque- fará mal é ficarmos apegados a alguém doutrinar ninguém e aconselhava os la que possibilita aquietarmos o pensa- ou algo que já passou. O sofrimento se que estavam à beira da morte a rezar mento para que, ficando mais atentos, prolongará desnecessariamente, e não para o Deus de suas próprias crenças, especialmente nas horas em que somos é isso que a vida espera de nós. já que estava na Índia e muitos lá não testados na vida diária, possamos agir eram cristãos. de modo adequado. A espiritualidade não existe para que nos tornemos pessoas frias, com a Podemos pensar que não estamos É importante mencionar que há desculpa de que não devemos nos iden- tão evoluídos como Madre Teresa, pessoas que adotam uma prática me- tificar como o nosso corpo emocional. e certamente não estamos. Mas isso ditativa e acham que isso basta, que É humano sentir dor pela perda de uma não quer dizer que não possamos ser podem ficar isoladas no seu mundo pessoa querida e derramar lágrimas altruístas em todos os momentos de particular, evitando se relacionar com numa situação triste. Não podemos nos nossa vida, se assim nos dispusermos. os outros. Isso possivelmente dificul- tornar pessoas isoladas e indiferentes; Percebendo e abandonando nossa ten- tará o aprendizado, pois é nos relacio- por isso é necessário discernimento, dência egoísta, pode ocorrer uma pro- namentos que vemos a nós próprios, para que possamos trilhar, de fato, o funda transformação em nós mesmos. onde podemos aprender, nos trans- caminho espiritual. Muitas oportunidades de servir ao pró- ximo sempre surgem na vida diária; só FOTO: SHUTTERSTOCK depende de nós aproveitá-las. SHUTTERSTOCK Ano 16, nº 71 – Jan/Fev de 2018 – Publicação da Ed. Teosófica Neste número, SOPHIA traz textos que podem ser ferramentas úteis para o SIG Q.6, Lt. 1.235, Brasília-DF Solimeire Oliveira Schilling e aprendizado e crescimento espiritual, CEP 70.610-460 Zeneida Cereja da Silva como O propósito da vida, As provas da Fone: (61) 3322-7843 Edição: existência de Deus e A solução de todos os E-mail: editorateosofica@ Usha Velasco problemas, dentre outros. Chegamos ao editorateosofica.com.br Revisão: fim de mais um ano editorial, e deseja- Site: www.editorateosofica.com.br Zeneida Cereja da Silva mos aos leitores um Ano Novo repleto Tradução: de saúde, paz e harmonia. Editor-chefe: Edvaldo Batista de Souza Marcos Luis Borges de Resende Projeto gráfico e arte: Zeneida Cereja da Silva Coordenadora editorial: Usha Velasco Presidente da Editora Teosófica Zeneida Cereja da Silva Impressão: Conselho Editorial: Gráfika Papel e Cores SOPHIA • JAN/FEV 2018 Marcos Luis Borges de Resende, Distribuição nacional: Pedro Oliveira, Total Express Publicações Valéria Marques de Oliveira, * As imagens utilizadas são de responsabilidade do editor-chefe 4

[ ESPIRITUALIDADE ] O humano eo ‘ divino Sendo nossa natureza essencialmente divina, toda experiência é um aprendizado de Deus em nós mesmos. Toda experiência acaba sendo geradora de consciência, pois ‘somos espíritos vivendo uma experiência material, e não o contrário SHUTTERSTOCK Walter Barbosa* apresentados – e solucionados – com uma proposta simbólica nos livros Em muitas passagens bíblicas pa- sagrados. O aprofundamento fica a rece claro um conflito entre os de- cargo de cada um. sígnios divinos para o ser humano e aquilo que ele vive em seu dia a dia, Atributo característico do ser hu- no cenário da Terra. Qual a razão des- mano, juntamente com a individua- se conflito? Eterna punição de Deus lidade espiritual, a inteligência pro- à “desobediência no Paraíso”? porciona capacidade de adaptação, possibilitando-lhe aprender rapida- De fato, sem um embasamento mente e sobreviver de acordo com filosófico mais profundo, a inteligên- as variações do ambiente. Por essa cia se desarvora diante de enigmas razão, o ser humano talvez seja um aparentemente sem saída, às vezes dos poucos mamíferos que come com SOPHIA • JAN/FEV 2018 5

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a mesma naturalidade tanto um naco o ser humano apresenta, aglutinando de carne quanto uma folha de alface, ao passo que – no sentido “animal” do indivíduos de diversas etapas evolu- seu corpo – nasce como o mais fraco e dependente entre eles. tivas, ao longo de milhares de anos. Aquilo que no reino animal dá à César e Deus estão dentro de cada caça e ao predador o equipamento adequado para que haja um equilíbrio ser humano. Essencialmente, dar a natural entre experiência, sobrevi- vência e comida – como veneno, mi- César o que é de César significa aten- metismo, astúcia e velocidade, além do instinto da “alma grupal” –, no rei- der às necessidades da forma material no humano é resolvido pela inteligên- cia. Mas esse recurso, no ser humano (o dharma do corpo), a fim de que ela comum, é condicionado pelo baixo desenvolvimento mental e pelo de- possa abrigar o ser espiritual, num sejo egoísta. Assim, sua inteligência se limita à busca de segurança, prazer processo cada vez mais profundo de e uma compreensão bem utilitarista de seus relacionamentos. autoconhecimento. Subordinado, como um tigre, às A prosperidade material não é leis da sobrevivência, de que forma o ser humano reage quando há qual- crime, se licitamente construída, e quer ameaça às suas ilusórias posses físicas, afetivas ou mentais? Com a especialmente se sabiamente admi- mesma disposição do tigre, ou até pior, pois utiliza a inteligência para nistrada. O problema está no apego a prática dos mais pavorosos crimes e ardis. Assim, pode-se dizer que um que ela gera, como lembrado na pa- ser humano só é de fato digno desse título quando o seu lado espiritual – rábola do moço rico. Nosso grande ainda “grupal” nos animais – começa a aflorar. conflito é justamente fazer a primei- “Dai a César o que é de César e a ra parte, mas não a segunda – dar a Deus o que é de Deus”. César e Deus, nessa frase, são simplesmente as duas Deus o que é de Deus –, tornando a faces básicas dessa entidade parado- xal – meio-animal, meio-anjo – que vida uma insaciável busca de prazer “Subordinado, como e bens terrenos. um tigre, às leis da sobrevivência, de que Não obstante, sendo nossa natu- forma o ser humano reage quando há qual- reza essencialmente divina, toda ex- quer ameaça às suas ilusórias posses físi- periência é no fim um aprendizado cas, afetivas ou men- tais? Com a mesma de Deus em nós mesmos. Toda expe- disposição do tigre.” riência acaba sendo divina, geradora de consciência, pois somos espíritos vivendo uma experiência material, e não o contrário. É sintomática a declaração de H.P. Blavatsky, em A Doutrina Secreta, quando diz que, de um total médio de 777 vidas como seres humanos, vive- mos setecentas (90%) como selva- gens e semicivilizados, setenta como PIXABAY civilizados e apenas sete na Senda do Discipulado. Considerando que hoje, com a Raça Ariana, estamos pouco além do meio da jornada humana (a metade ocorreu na era anterior, a Raça Atlante), qual seria a nossa classificação geral? Se for a de “semicivilizados”, me- lhor se entende o caos reinante no planeta. E também porque Deus, em cada ser humano – na partilha junto a César –, precisa se contentar com tão pouco. S * Walter Barbosa é escritor e membro da Sociedade Teosófica de Campo Grande. SOPHIA • JAN/FEV 2018 7

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[ CONEXÃO ] ‘ As mil faces do mito Muitos psicoterapeutas utilizam os mitos para entender o que as trajetórias de vida de seus pacientes têm em comum com as aventuras dos heróis e da ‘mitologia. Ficar atento a essas imagens arquetípicas é também uma boa jornada para o autoconhecimento SHUTTERSTOCK Marcos Queiroz* consideradas prematuras sobre as nossas origens de natureza sexual, ou Para muitos mitólogos, o primei- para evitar a insegurança quanto às ro mito que afeta o ser humano é nossas origens espirituais e universais a mística de nossa existência antes em uma mentalidade ainda iniciante de surgirmos no mundo através de no mundo dos adultos. nossa mãe – ou o que existe de des- conhecido e inconsciente antes do Um mito pode não ser uma histó- nascimento. Se a nossa consciência ria integralmente verdadeira, como é marcada pela vivência que temos a maioria não é, mas o seu simbolis- do mundo, ou, pelo menos, do que mo, também como em quase todos os lembramos que experimentamos des- mitos, possui uma origem que trans- de que nascemos, os fatos que ainda cende a sua representação, e expres- estão na nossa memória dessa tenra sa muito mais conteúdos da psique idade representam nossos primeiros, humana que seus próprios autores e aparentemente únicos, momentos seriam capazes de imaginar. Mesmo de existência enquanto consciência quando forjados com alegorias ou me- na Terra. Mas esse evento de grande táforas fantasiosas, os mitos ganham significância para a vida de qualquer um caráter psicológico por sua finali- pessoa parece muito pobre quando dade precípua de produzir uma men- não apresenta uma existência ante- sagem interna, nem sempre racional. rior, inconsciente, simbólica, mítica e, quem sabe, de conteúdo coletivo. Tendo uma linguagem incons- ciente e simbólica, essencial ao Por essa e outras razões, esse mo- aprendizado da alma, os mitos, as- mento, em nossa infância, frequen- sim como os sonhos, as visões e as temente era mitificado com fantasias fantasias possuem belas e ricas men- de que somos trazidos ao mundo atra- sagens de sabedoria, que partem das vés de uma cegonha, ou que o nosso raízes psicológicas da psique, dando nascimento é análogo aos mitos da existência na consciência aos con- criação, desde o ovo cósmico dos teúdos do inconsciente coletivo, mas egípcios, gregos e hindus à singulari- com significados fugazes, intuitivos dade do astrofísico Georges Lemaître e transcendentes, carentes de uma (1894-1966). O mito da cegonha, no interpretação sábia e profunda. Se entanto, foi conscientemente formu- superarmos as barreiras semânticas lado em tempos idos, por alguns pais, dos símbolos míticos, consideran- com a intenção de evitar explicações do-os muito mais do que uma mera linguagem ou uma representação SOPHIA • JAN/FEV 2018 9

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convencional a ser decodificada, pa- “processo de individuação.” analítica de Jung. Isso porque essa es- ra darmos a eles um âmbito de ver- Se desvelamos a sabedoria con- cola de psicologia admite a existência dadeiro sentido oculto e místico, que de conteúdos presentes numa psique os caracteriza, poderemos defini-los tida em algumas figuras religiosas profunda inconsciente e partilhada como caracteres de um “glossário da e mitológicas, segundo Joseph John por toda humanidade em uma he- alma”, que se manifesta nas alegorias Campbell (1904-1987), um estudioso rança espiritual evolutiva, e, por isso, de uma aventura heroica do indivíduo norte-americano de mitologia e reli- chamada de coletiva. Essa psique si- em sua jornada pitoresca e única em gião comparada, estamos nos depa- tua-se em uma região onde, segundo cada ser humano, chamada, por isso, rando com uma gramática simbólica, Jung, nós não estamos mais separa- por Carl Gustav Jung (1875-1961) de cuja chave parece ser compreendida dos, “onde todos nós somos um.” mais eficientemente pela psicologia Uma construção coletiva SHUTTERSTOCK A origem de um mito é tão mis- ticas de muitos povos, mas também citado por Campbell e extraído do pre- teriosa quanto os seus significados, se amplia misticamente na represen- fácio de seu livro O Herói de Mil Faces: e, em muitos casos, trata-se de uma tação simbólica da Terra como a mãe “A verdade é uma só, mas os sábios fa- construção coletiva de um povo do de todos nós – a Mãe Terra. lam dela sob muitos nomes.” Talvez o passado que procura preservar sua exemplo mais icônico desse conflito cultura, suas sabedorias e sua reli- Essa participação mística é a mes- seja o clássico livro sagrado dos hin- gião. O que há de mais atraente nos ma que, arquetipicamente, atribui dus, o Bhagavad-Gita, muito citado mitos, contudo, não são as suas ori- divindade ao trovão, ao sol, à lua e às por Campbell em suas interpretações gens, pois elas podem ser as mais estrelas, em muitas seitas, religiões mitológicas. Entretanto, não precisa- variadas, como vemos na obra de e filosofias animistas. Para que fique mos voltar tanto no passado para obter Thomas Bulfinch (1796-1867), um bem evidente a importância da mãe as mesmas conclusões, pois existem renomado mitólogo. A natureza do nos mitos das culturas mais diversas, mitos modernos presentes em contos mito em nossa psique, com raízes nos ditas primitivas ou não, algumas das de fadas e em histórias que parecem arquétipos do inconsciente coletivo, primeiras expressões artísticas em ser feitas para crianças, mas que são é descrita por Campbell com o mes- forma de esculturas da história da para leitores de todas as idades, como mo conceito utilizado por Jung, ao humanidade foram as estatuetas das O Mágico de Oz, O Pássaro Azul, Fernão definir a primeira fase do processo de Vênus Obesas, ou Deusas Gordas, do Capelo Gaivota, Ilusões e o clássico O individuação: participation mystique período Paleolítico Superior, durante Pequeno Príncipe. Se essas histórias são (participação mística) do antropó- a pré-história. frutos de um inconsciente atuante, de logo Lucien Lévy-Bruhl (1857-1939). forma oculta, em nossa psique, elas se Como exemplo, ele cita a imagem, tão Uma história que não apresenta manifestam com muitas característi- comum na mitologia, da relação mãe conflitos não será interessante para cas comuns, e uma delas é a do herói e filho, que se expressa nos sonhos, a maioria dos leitores. Nós nos iden- carismático e cheio de qualidades que nas visões e nas representações artís- tificamos com os conflitos, principal- dissolve o conflito. Herói com o qual mente se na história alguém encontra devemos nos identificar, por meio do Algumas das pri- um caminho para solucioná-lo; quem arquétipo junguiano de mesmo nome, meiras expressões sabe essa história não nos ajudará a que faz com que nos envolvamos com artísticas da hu- solucionar nossos próprios dilemas a história a ponto de nos sentirmos manidade foram cotidianos. Todo mito é uma história participantes dela. as estatuetas das que expressa um conflito pessoal, hu- Vênus Obesas, ou mano, heroico, divino ou semidivino, Claro que isso nem sempre ocor- Deusas Gordas, do onde os autores decidiram expressar re, porque a história precisa ter qua- período Paleolítico algumas verdades ou sabedorias que lidades que conquistem o leitor. Esse Superior, durante a lhes são sagradas. Entretanto, com herói arquetípico com o qual nos en- pré-história. um mínimo estudo de religião com- volvemos não é necessariamente al- parada, é suficiente saber que essas guém que vive uma guerra, no senti- sabedorias sagradas não são muito do mais convencional da palavra. Por diferentes para religiões distintas. isso Joseph Campbell prefere chamar a experiência do herói de jornada. Por Com esse pensamento em mente, cabe destacar o aforismo dos Vedas, SOPHIA • JAN/FEV 2018 11

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PIXABAY outro lado, mesmo que essa jornada tura, fantasia e magia que nos incita tenha a aparência de uma guerra, po- à motivação ou provoca um atrativo de ser apenas uma guerra simbólica, suficiente para que seus sábios con- como é o caso do guerreiro Arjuna teúdos se perpetuem ao longo dos no Baghavad-Gita, Wu Ch’i em A Arte séculos, sempre nos remetendo aos da Guerra, Ares na Mitologia Grega, tempos mais inocentes e também mais Marte na Mitologia Romana, Odin vitais da nossa infância, até as fases na Mitologia Nórdica ou Ogum na mais maduras; por isso, sempre temos Mitologia Iorubá. vontade, ainda que na imaginação, de viver uma aventura como heróis. Es- Esses mitos são uma expressão se é o nosso “chamado da aventura” simbólica dos “desejos, temores e interior. Não é por outra razão que a tensões inconscientes que se acham maioria dos contos de fadas nos con- subjacentes aos padrões conscientes vocam a iniciar nossa jornada imagi- da psique humana”, ou seja, que se nária como leitores com a frase chave encontram no inconsciente pessoal “Era uma vez”, transportando-nos ao ou coletivo, na perspectiva de Jung. passado, numa época em que éramos “Em outras palavras, a mitologia é capazes de, por um desejo interno, re- psicologia confundida com biografia, viver cenas arquetípicas de aventuras história e cosmologia.” A jornada do e fantasias mitológicas apenas com herói, devido a Jung, é cada vez mais nossa imaginação infantil. O mesmo entendida como uma forma de o ser que acontece com os contos de fadas humano atual imortalizar e constelar também ocorre com os sonhos, os o seu ego fazendo suas histórias coti- estados alterados hipnóticos e tam- dianas se tornarem heroicas, como se bém com a mitologia. Se tomarmos matasse um dragão para salvar uma conhecimento de histórias que apre- donzela em perigo a cada dia. Temos, sentam a fórmula do percurso padrão graças a Campbell, um grande reper- de uma aventura mitológica do herói tório desses contos de fadas e fantasias (considerada “a unidade nuclear do da cultura e da religião expressos in- monomito”, resumida na sequência conscientemente em seus mitos. Em “separação-iniciação-retorno”), nos muitos casos, são frutos de visões ou identificaremos com essas histórias, sonhos que fazem o autor alcançar um pois elas nos remetem ao “reino mito- estado que os conecta com o seu eu lógico que carregamos dentro de nós.” transcendente ou a sua psique trans- pessoal, no inconsciente coletivo, e ali Por essa vertente de pensamento, acessar os arquétipos da humanidade muitos psicoterapeutas junguianos e ou da Alma do Mundo (Anima Mundi). pós-junguianos ainda utilizam os mi- tos para entender o que os sonhos, as Para Joseph Campbell, as histórias visões e as trajetórias de vida de seus míticas ou mitológicas do passado pacientes têm em comum com essas apresentam essa atmosfera de aven- jornadas e aventuras dos heróis e dos deuses das clássicas epopeias da mito- “As histórias míticas logia. Ficar atento a essas imagens ar- do passado apresen- quetípicas é também, segundo Joseph tam essa atmosfera de Campbell, “uma boa jornada para o au- aventura que nos incita toconhecimento humano”, assim en- à motivação, sempre contrando o melhor caminho místico nos remetendo aos e mítico para o eu em seu incessante tempos mais inocentes processo evolutivo espiritual. S e também mais vitais da nossa infância.” * Marcos Queiroz é arquiteto, urbanista e paisagista, professor da Faculdade de Arquitetura da UFBA e membro da Sociedade Teosófica na Bahia. SOPHIA • JAN/FEV 2018 13

[ APRENDIZADO ] ‘ A ordem cósmica Em toda parte dos desertos e das florestas ‘deste planeta transparecem o esplendor e a luz do divino. Precisamos apenas ter olhos para ver 14 SOPHIA • JAN/FEV 2018

PIXABAY Radha Burnier* nação espiritual e psíquica do ser humano com a natureza”. Nossos pensamentos têm o po- der de nos tornar um pouco mais A beleza, por exemplo, pode ser perceptivos, especialmente agora vista nos mais comuns elementos da que o ser humano tem mais conhe- natureza, nas pequenas plantas e nos cimento à sua disposição. No início pequenos animais, que o ser huma- eles podem ser inteiramente egoís- no costuma pensar que estão “abaixo tas, mas seguem em frente até des- do seu nível” e que, portanto, podem cobrir que há um grande mundo de ser destruídos. Há inúmeras pesso- surpresas na esfera natural. Ver isso as que não hesitam em transformar e agir de acordo face ao vasto mun- uma parte da Terra em mero agente do à nossa volta, pleno de beleza, gerador de dinheiro ou lucro. Esta é maravilhas e possibilidades de mais uma das principais razões por que abertura para o conhecimento, é um tantas espécies de animais e vege- acontecimento incrível. tais deixaram de existir; elas foram consideradas sem importância como Deveríamos perceber cada vez seres vivos. mais a beleza da vida e abrir nossa visão para uma experiência maior. No entanto, as palavras do Bha- Existe tanto sobre o que se pensar! gavad-Gita afirmam que essa atitude As pequenas coisas do dia a dia, em- não merece ser considerada espiritu- bora precisem ser consideradas, im- al. Espiritual é ver a beleza em toda portam muito pouco. O importante parte; o bom e o poderoso estão to- é ter uma visão cada vez mais ampla dos à nossa volta, mesmo nas coisas e crescer internamente, para que a que consideramos mortas. O indiví- existência desse corpo físico não te- duo comum pode andar em um de- nha tanta importância. serto, uma floresta ou um campo e considerá-lo inútil. Mas, na realida- No Bhagavad-Gita, Arjuna com- de, em toda parte dos desertos e das preende que Krishna representa a florestas deste planeta transparecem vida divina. Ele pergunta a Krishna: o esplendor e a luz do divino. Pre- “Quem é o Um sem um segundo que cisamos apenas ter olhos para ver. está acima de todas as coisas? Digna falar-me sem reserva sobre tua divina Os olhos não veem senão tal- glória.” Então Krishna assinala que vez um pouco, de vez em quando. está sentado no coração de todas as Num dos romances de Dickens há coisas e que não há fim para o seu ser. uma personagem grosseira e desa- “O que quer que seja glorioso, belo e gradável; no entanto, às vezes, ela poderoso, compreende que procede sente afeição por um cachorro que de um fragmento de meu esplendor.” a segue. Esta é uma metáfora para a pequena percepção dos seres huma- Isso significa que as qualidades nos comuns. Aqueles que estão mais mencionadas por Krishna existem adiantados veem não apenas as ma- em toda parte na manifestação, tan- ravilhosas qualidades da natureza, to em forma quanto em consciên- mas também da consciência. cia. Há uma crescente perfeição e uma infinita variedade nas formas H. P. Blavatsky, com seu extraor- que d’Ele emanam. Os seres hu- dinário insight, via a bondade oculta manos podem estudar e em parte em pessoas que pareciam grosseiras conhecer essa perfeição e algo da a outros. Quando lhe perguntavam ordem cósmica por meio das reve- por que se encontrava com esse ti- lações de beleza, inteligência, amor po de gente, ela respondia que não e outras qualidades divinas. H. P. podia evitar. A combinação espiritu- Blavatsky chama a isso “a combi- al e psíquica do ser humano com a natureza existe mesmo numa pessoa SOPHIA • JAN/FEV 2018 15

sem caráter, mas isso só podia ser Lawrence Bendit e sua esposa, visto por alguém que se tinha ele- vado muito acima dos outros seres Phoebe, descrevem, em um de seus “A beleza pode ser humanos. É esse fator oculto, mas vista nos mais co- essencial, que devemos considerar livros, que enquanto observavam um muns elementos da para saber qual será nosso futuro e o natureza, nas peque- que a ordem cósmica revela àqueles punhado de terra perceberam uma nas plantas e nos pe- que começaram a ver. quenos animais, que grande luz brilhando através do que o ser humano costu- Isso é verdadeiro, como desco- ma pensar que estão briu David Bohm com o estudo que parecia simples barro. É a presença ‘abaixo do seu nível’ e fez do universo. Ele disse, em seu que, portanto, podem livro Wholeness and the Implicate Or- da glória divina, e toda pessoa ilumi- ser destruídos.” der, que ordem e unidade são parte da ordem implícita, que constitui nada sabe disso. SOPHIA • JAN/FEV 2018 uma realidade fundamental. O ser humano seria alguém bem diferen- Arjuna pergunta como a pessoa te se descobrisse essa característi- ca, que mostra parte de si mesma conhece aquela existência imortal em toda a vida. Mas estamos tão preocupados com nossas ambições, que está no âmago de tudo, desde a preocupações e outras coisas que pertencem ao eu pessoal que não terra que pode parecer morta até a compreendemos o que verdadei- ramente existe. Somente os seres vida ilimitada de Deus. Então Krish- iluminados compreendem plena- mente; portanto, o mundo no qual na diz: “Eu sou o Ser, sentado no co- as pessoas estão destruindo tudo e mudando as coisas de acordo com ração de todos os seres.” A totalida- suas necessidades não é real. Por- tanto, o mundo é maya. de da ordem cósmica revela beleza, Maya não se refere ao que com- inteligência e amor. Compete a ca- preendemos. O que percebemos e experimentamos não é uma ilusão da um limpar e elevar sua natureza total, mas, uma vez que ela converte e dá significado a tudo segundo seus para ver isso. próprios gostos e aversões, é ilusão. O que vemos não é o que existe. Diz o Sendo assim, como buscadores Bhagavad-Gita: “Tu verdadeiramente conheces a ti por ti próprio.” Isso quer da verdade, parte do nosso trabalho dizer que, quando temos uma falsa compreensão de nós mesmos, tudo é perceber a natureza gloriosa que o mais que pensamos que sabemos também não é verdadeiro. Esse co- é onipresente. Como isso pode ser nhecimento é de suprema importân- cia; mais cedo ou mais tarde temos feito? Podemos discutir; mas antes que chegar a ele. Tudo isso é medi- tação: saber que mesmo as pequeni- de tudo devemos compreender, pe- nas coisas que existem resplandecem com aquele elemento de divindade lo menos intelectualmente, que em que as torna iguais ao altíssimo, e que a mais inferior das coisas contém cada partícula de existência há o ele- dentro de si o elemento divino. mento divino. Faz toda a diferença a pessoa compreender até mesmo uma pequena parte desse fato. Os ensinamentos da Teosofia são extremamente importantes pa- ra aqueles que desejam entender a natureza da vida. Quanto mais ra- pidamente ocorrer a compreensão, mais será o progresso rumo a uma nova vida. Por exemplo, reencarna- ção e karma não são ensinamentos, são uma necessidade que deve estar inserida na consciência. A reencar- nação faz a pessoa compreender pouco a pouco; nossas experiências e circunstâncias ensinam quando queremos aprender. Elas podem ser AARON BURDEN/UNSPLASH rápidas, se estivermos em condição de assimilá-las, ou podem ser lentas. A reflexão que estamos fazendo aqui tem por objetivo nos ajudar a avan- çar com mais rapidez. S * Radha Burnier (1923-2013) foi escritora e presi- dente internacional da Sociedade Teosófica. 16

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[ ENTREVISTA: AMIT GOSWAMI ] As provas da existência de Deus ‘ O universo, para existir, necessita que um ser tenha consciência dele. Sem um observador, o universo existe apenas como um potencial ‘abstrato, uma possibilidade, exatamente como sempre afirmou o misticismo oriental 18 SOPHIA • JAN/FEV 2018

SOPHIA • JAN/FEV 2018 Professor de física na Universidade de Oregon, o PhD Amit Goswami faz parte de um crescente grupo de cientis- tas “renegados” que, em anos recentes, se aventuraram no domínio da espiri- tualidade, na tentativa de interpretar os achados aparentemente inexplicáveis da física quântica – a física das partículas elementares. O livro de Goswami, The Self-Aware Universe: how consciousness creates the material world (O Universo Autoconsciente: como a consciência cria o mundo material, publicado no Brasil pela editora Rosa-dos-Ventos), traz uma interpretação dos dados experimentais da física moderna, numa tentativa de demonstrar que essas descobertas estão em perfeita consonância com as verdades místicas mais profundas. Segundo Goswami e outros que com- partilham da mesma visão, o universo, para existir, necessita que um ser tenha consciência dele. Sem um observador, o universo existe apenas como um po- tencial abstrato, uma possibilidade, exa- tamente como sempre afirmou o misti- cismo oriental. Goswami afirma que a ciência, atualmente, tornou-se capaz de validar a intuição do místico e de colocar em questão o paradigma materialista que vem dominando o pensamento científico e filosófico nos últimos séculos. Em seu livro, você fala da necessi- dade de uma mudança de paradigma. Você poderia falar um pouco sobre co- mo concebe essa mudança? Mudança do quê para quê? A visão de mundo atual postula que tudo é feito de matéria e que tudo pode ser reduzido a partículas elementares da matéria, os constituintes básicos – os blo- cos de construção – da matéria. E a causa surge das interações desses componentes básicos, ou partículas elementares. As partículas elementares formam os áto- mos, os átomos formam as moléculas, as moléculas formam as células e as células formam o cérebro. Mas a causa última é sempre as interações entre as partículas elementares. Essa é a crença – toda a causa provém das partículas elementa- res. Isso é o que chamamos “causação de 19

baixo para cima”. Nessa visão, o que Exatamente. E isso não é inteira- SHUTTERSTOCK os seres humanos – você e eu – con- mente inesperado. Desde os primór- sideram como seu livre-arbítrio, na dios da física quântica, que começou “Quando agimos no mundo, verdade não existe. Ele é apenas um no ano de 1900, para atingir seu ple- estamos realmente agindo epifenômeno, um fenômeno secun- no desenvolvimento em 1925, quan- com poder causal. Essa vi- dário, secundário ao poder causal da do as equações da mecânica quântica são insiste em que a causa- matéria. E qualquer poder causal que foram descobertas, a física quântica ção de cima para baixo tam- pareçamos exercer sobre a matéria nos deu indicações de que a visão de bém existe. Ela aparece na não passa de uma ilusão. Esse é o pa- mundo poderia mudar. Físicos firme- nossa criatividade e em nos- radigma atual. mente materialistas adoram compa- sos atos de livre-arbítrio.” rar a visão de mundo clássica com a A visão oposta é a de que tudo visão de mundo quântica. É claro que SOPHIA • JAN/FEV 2018 começa com a consciência. Ou seja, eles não iriam tão longe a ponto de a consciência é a base de todo o ser. abandonar a ideia de que existe ape- Nessa visão, a consciência impõe nas a causação de baixo para cima e uma “causação de cima para baixo”. da supremacia da matéria, mas o fato Em outras palavras, nosso livre-arbí- é que eles viram, na física quântica, trio é real. um grande potencial de mudança. E o que aconteceu foi que, a partir de Quando agimos no mundo, es- 1982, os resultados dos experimentos tamos realmente agindo com poder de laboratório começaram a chegar. causal. Essa visão não nega que a ma- Foi nesse ano que, na França, Alain téria também possua potência causal Aspect e seus colaboradores realiza- – ela não nega que exista poder causal ram o grande experimento que pro- com origem nas partículas elementa- vou definitivamente a veracidade dos res , ou seja, a causação de baixo para conceitos espirituais, particularmen- cima –, mas insiste em que a causa- te do conceito de transcendência. ção de cima para baixo também exis- Você quer que eu entre em detalhes te. Ela aparece na nossa criatividade sobre o experimento de Aspect? e em nossos atos de livre-arbítrio, ou quando tomamos decisões morais. Sim, por favor. Nessas ocasiões, estamos realmente Para localizar o fato em termos testemunhando a causação de cima históricos, por muitos anos a física para baixo, exercida pela consciência. quântica já vinha dando indicações de que existem níveis de realidade Você sugere também que a ci- que não o nível material. Isso come- ência parece estar corroborando o çou a acontecer quando os objetos que muitos místicos disseram, ao quânticos – os objetos da física quân- longo de toda a história: que pare- tica – começaram a ser vistos como ce haver um paralelismo entre as ondas de possibilidade. No começo descobertas atuais da ciência e a as pessoas pensavam: “Ah, são ape- essência dos ensinamentos espiri- nas ondas comuns.” Mas logo em se- tuais perenes. guida descobriu-se que não, que não eram ondas no espaço e no tempo, e Elas são o ensinamento. Não se que não podem absolutamente ser trata apenas de paralelismo. A ideia chamados de ondas no espaço e no de que a consciência é a base de todo tempo – possuem propriedades que o ser é a essência de todas as tradições não se coadunam com as das ondas espirituais. comuns. Então, essas ondas passaram a ser reconhecidas como sendo ondas Você diz que a ciência moderna, em potencial, ondas de possibilidade, partindo de um ângulo totalmen- e esse potencial foi reconhecido co- te diverso, e sem levar em conta a mo transcendente, de algum modo existência de uma dimensão espiri- além da matéria. tual, de algum modo mudou de ru- mo e, em resultado de suas próprias descobertas, vem confirmando a visão espiritual? 20

Mas o fato é que, por muito tem- é que um átomo emite dois quanta Bem, há muito tempo, Einstein po, esse potencial transcendente não de luz, chamados de fótons, que vão provou que é impossível dois objetos ficou muito claro. Foi então que o em sentidos opostos e que, de alguma afetarem um ao outro instantanea- experimento de Aspect demonstrou maneira, esses fótons afetam o com- mente dentro do espaço e do tempo, que não se trata apenas de teoria, que portamento um do outro a distância, porque tudo tem que se mover com existe realmente um potencial trans- sem trocar qualquer tipo de sinal atra- um limite máximo de velocidade, cendente, os objetos realmente têm vés do espaço. Note bem: sem trocar que é a velocidade da luz. Portanto, conexões fora do espaço e do tempo – qualquer tipo de sinal através do es- qualquer influência, se viajar através veja bem, fora do espaço e do tempo! paço, mas instantaneamente, afetan- do espaço, teria que levar um tempo O que acontece, nesse experimento, do um ao outro – instantaneamente. finito para chegar a seu alvo. Esta é SOPHIA • JAN/FEV 2018 21

a chamada ideia de localidade: todos do através do espaço. Ao invés disso, minar as consequências desse domí- os sinais são considerados locais, no essa influência tem necessariamente nio transcendente – se é que ele pode sentido de que eles têm que levar um que pertencer a um domínio de reali- ser interpretado dessa maneira.” Em tempo finito para viajar através do dade que temos que reconhecer como outras palavras, eles tentam minimi- espaço. E, no entanto, os fótons de o domínio transcendente. zar o impacto desse fato, tentando Aspect – os fótons emitidos pelo áto- se aferrar à ideia da supremacia da mo no experimento de Aspect – in- Bem, os físicos têm que concor- matéria. fluenciam-se um ao outro a distância, dar com essa interpretação desse ex- sem trocar sinais, porque eles o fazem perimento. Muitas vezes, é claro, eles Mas, no fundo do coração, eles instantaneamente – mais rápido que adotam o seguinte ponto de vista: “É sabem. Em 1984 ou 1985, na reunião a velocidade da luz. Deduz-se daí que claro... São experimentos... Mas essa da Sociedade Americana de Física, na essa influência não poderia ter viaja- relação entre partículas, na verdade, qual eu estive presente, ouviu-se um não é importante. Não devemos exa- fisico dizer a outro físico que, após o 22 SOPHIA • JAN/FEV 2018

“A visão atual postula experimento de Aspect, qualquer um Tao da Física, foram muito impor- que as partículas for- que não acredite que há alguma coisa tantes para a história da ciência. No mam os átomos, os áto- de muito estranho no mundo deve ter entanto, esses primeiros trabalhos, mos formam as molé- pedras dentro da cabeça. apesar de afirmarem o aspecto espi- culas, as moléculas for- ritual dos seres humanos, basicamen- mam as células e as cé- Henry Stapp, um físico da Uni- te se atinham à visão materialista do lulas formam o cérebro. versidade da Califórnia, em Berkeley, mundo. Em outras palavras, eles não Isso é o que chamamos diz isso de forma bastante explícita, questionavam a opinião dos materia- causação de baixo para em um de seus trabalhos escritos em listas realistas, de que tudo é feito de cima. Nessa visão, o li- 1977: que coisas fora do espaço e do matéria. Essa visão nunca foi posta vre-arbítrio não existe.” tempo afetam as coisas dentro do es- em questão, em nenhum desses livros paço e do tempo. No campo da física mais antigos. Na verdade, meu livro SOPHIA • JAN/FEV 2018 quântica, quando estamos lidando foi o primeiro a se opor frontalmente com objetos quânticos, esse fato é ao materialismo, embora baseando-se indiscutível. Mas o cerne da ques- numa rigorosa explicação em termos tão, o mais surpreendente, é que nós científicos. A ideia de que a consci- estamos sempre lidando com objetos ência é a base do ser, é claro, sempre quânticos, porque, afinal de contas, a existiu na psicologia, no caso a psico- física quântica é a física de todos os logia transpessoal, mas fora dela ne- objetos. A física quântica é a única nhuma tradição científica e nenhum física que temos, seja para o micros- cientista a viu com tanta clareza. cópico ou o macroscópico. Embora esse fato seja mais evidente quando Tive a sorte de reconhecer essa lidamos com fótons ou elétrons, com ideia dentro da física quântica, re- os objetos microscópicos, acredita- conhecer que todos os paradoxos da mos que toda a realidade, tudo o que física quântica podem ser soluciona- é manifesto, toda a matéria, seja re- dos, se aceitarmos a consciência co- gido pelas mesmas leis. E, se for mes- mo a base do ser. Foi essa, portanto, mo assim, esse experimento está nos minha contribuição singular que, é dizendo que devemos alterar nossa claro, possui o potencial de subver- visão de mundo, porque nós também ter os antigos paradigmas, porque, somos objetos quânticos. hoje, somos realmente capazes de integrar ciência e espiritualidade. Essas são descobertas fascinan- Em outras palavras, Capra e Zukav tes, que vêm inspirando muitas pes- – embora seus livros sejam muito soas. Diversos livros já tentaram es- bons – ativeram-se a um paradigma tabelecer um vínculo entre a física e essencialmente materialista, não re- o misticismo. “O Tao da Física”, de presentando, portanto, uma mudan- Fritjof Capra, e “The Dancing Wu ça de paradigma, nem trazendo uma Li Masters”, de Gary Zukav, atin- reconciliação entre a espiritualidade giram um público muito vasto. Em e a ciência. Porque se tudo, em úl- seu livro, contudo, você menciona tima análise, é material, toda a efi- que sentia que algo ainda não havia cácia causal tem que vir da matéria. sido tratado, e que você vê como Então, a consciência é reconhecida, sendo sua contribuição particular a a espiritualidade é reconhecida, mas essa questão. Você poderia nos dizer apenas como epifenômenos causais, alguma coisa sobre o que existe de como fenômenos secundários. E uma diferente no que você vem fazendo, consciência epifenomênica não bas- em comparação com o que já foi fei- ta. Quer dizer, ela não é operante. Es- to antes nesse campo? ses livros, embora reconheçam nossa espiritualidade, em última análise a Eu fico contente que você tenha veem como derivada de algum tipo feito essa pergunta. Esse ponto deve de interação material. ficar esclarecido, e eu tentarei expli- car da maneira mais clara possível. Mas não é essa a espiritualidade Os trabalhos mais antigos, como O 23

de que Jesus falava. Essa não é a es- não conseguem explicar. Para lhe “O próprio cérebro é fei- piritualidade que enchia de êxtase dar um exemplo, na biologia existe to das ondas de possibi- os místicos orientais. Essa não é a o que é chamado de equilíbrio pon- lidade dos átomos e das espiritualidade que faz um místico tuado. O que isso significa é que a partículas elementares, de dizer: “Eu agora sei como é a reali- evolução não é apenas lenta, como maneira que ele não con- dade, e esse saber põe fim a todo o Darwin percebeu, mas que há tam- seguiria converter sua pró- sofrimento. Essa consciência, essa bém épocas de evolução rápida, que pria onda de possibilidade alegria, é infinita.” Afirmações exu- são chamadas de “sinais de pontua- em atualidade. Nessa no- berantes como essa não poderiam ção”. Mas a biologia tradicional não va visão, a consciência é ser feitas com base numa consciência tem explicação para esse fato. a base de todo o ser.” epifenomênica, mas apenas quando se reconhece a própria base do ser, No entanto, se fizermos uma ci- SOPHIA • JAN/FEV 2018 quando se compreende de forma di- ência baseada na consciência, na reta que o Um é Tudo. primazia da consciência, podemos ver criatividade nesse fenômeno, a Ora, um ser humano que não pas- criatividade real da consciência. Em sa de um epifenômeno não poderia outras palavras, podemos realmente ter tal consciência. Não faria sentido ver que a consciência opera de for- ele perceber que ele é o Todo. Mas eu ma criativa até mesmo na biologia, tenho a dizer: enquanto a ciência to- até mesmo na evolução das espécies. mar como base uma visão de mundo Hoje, portanto, somos capazes de pre- materialista, por mais que ela tente encher essas lacunas que a biologia acomodar a experiência espiritual convencional não consegue explicar em termos de paralelos, ou em ter- com ideias que são, essencialmente, mos de química cerebral, ou seja lá ideias espirituais. do que for, ela estará se aferrando ao velho paradigma. O velho paradig- Isso me faz pensar no subtítulo ma só será abandonado e só haverá de seu livro: “Como a Consciência uma reconciliação entre a ciência e Cria o Mundo Material”. Essa, obvia- a espiritualidade quando a ciência mente, é uma ideia bastante radical. for estabelecida sobre a base da no- Você poderia explicar de forma um ção espiritual fundamental de que a pouco mais concreta como isso de consciência é a base de todo o ser. Foi fato acontece, na sua opinião? isso que fiz no meu livro, e esse foi o começo. Mas outros livros já foram Isso é facílimo de explicar, por- escritos, e reconhecem o mesmo. que na física quântica, como eu disse antes, os objetos não são coisas defi- Quer dizer que há pessoas que nidas, como nós estamos acostuma- corroboram suas ideias? dos a ver. Newton nos ensinou que os objetos são coisas definidas, que Há pessoas que agora estão vin- podem ser vistas o tempo todo, mo- do a público reconhecer as mesmas vendo-se em trajetórias definidas. coisas: que essa visão é a maneira Não é assim que a física quântica vê correta de explicar a física quânti- os objetos. Nela, os objetos são vistos ca, e também de nortear o desen- como possibilidades, ondas de pos- volvimento futuro da ciência. Ou sibilidade. Então, surge a questão: seja, a física atual apenas mostrou o que converte a possibilidade em os paradoxos quânticos, mas pro- atualidade? Porque, quando vemos, vou-se totalmente incompetente vemos apenas acontecimentos atu- para explicar fenômenos paradoxais ais. Quando você vê uma cadeira, e anômalos, como a parapsicologia, você vê uma cadeira atual, não uma a paranormalidade e até mesmo a cadeira possível. criatividade. E até mesmo matérias tradicionais, como a percepção ou Certo. Espero que sim. a evolução biológica, colocam ques- Todos nós esperamos que sim. E tões que essas teorias materialistas isso é o que é chamado de “parado- xo da mensuração quântica”. É um 24

paradoxo porque quem somos nós das ondas de possibilidade dos áto- consegue, exatamente aí, perceber para fazer essa conversão? Porque, mos e das partículas elementares, afinal de contas, no paradigma mate- de maneira que ele não consegui- a visão que transforma o paradigma rialista, nós não temos qualquer efi- ria converter sua própria onda de cácia causal. Não somos nada além possibilidade em atualidade. Nessa – como se pode dizer que a cons- do cérebro, que é feito de átomos e nova visão, a consciência é a base de partículas elementares. E como pode todo o ser. Então, quem converte a ciência cria o mundo material? O um cérebro que é feito de átomos e onda de possibilidade em atualida- partículas elementares converter de? A consciência, porque ela não mundo material da física quântica é uma onda de possibilidade que ele obedece às leis da física quântica. A próprio é? O próprio cérebro é feito consciência é transcendente. Você pura possibilidade. É a consciência, através da conversão da potenciali- dade em atualidade, que cria o que vemos como manifesto. Em outras palavras, a consciência cria o mun- do manifesto. S SOPHIA • JAN/FEV 2018 25

[ BEM-ESTAR ] ‘pDaerasacamnesnote Podemos encontrar nossa felicidade e nossa paz mental exatamente como estamos neste exato momento, porque elas estão dentro de nós. ‘Não temos que mudar nossos pensamentos nem nos transformar em outro alguém Dzogchen Ponlop Rinpoche* algum momento, perdemos a pista PIXABAY e não conseguimos nos lembrar de Às vezes ficamos zangados e es- como chegamos aonde estamos. A quecemos o porquê. Podemos não ter mente jamais tem a oportunidade certeza da verdadeira razão da nossa de se imobilizar e permanecer calma raiva, mas nosso instinto diz que ela e clara. Isso pode até mesmo causar se justifica; portanto, continuamos problemas para dormir, porque a zangados. Começamos a pensar em mente não repousa. justificativas, como, por exemplo, o fato de que nosso amigo se esqueceu Se você tem consciência de que sua de ligar, ou que alguém insultou o ca- mente está ocupada e cheia de pen- chorro da família, que ou outro amigo samentos, a situação não é tão ruim. chegou atrasado ao cinema, ou que Mas muitas vezes não é esse o caso. as pessoas reclamam constantemen- Às vezes estamos lidando com cinco te. De uma hora para a outra, temos ou seis pensamentos em sequência e, muitas razões para estar zangados. A ao mesmo tempo, com as emoções lista é interminável; nossas mentes se ligadas a eles. Com tanta coisa em ocupam e ficam satisfeitas. andamento, a mente começa a ficar agitada e confusa. Não conseguimos Quer seja raiva ou paixão, ou ape- ver com clareza o quão perturbadas nas nossa lista de afazeres, a mente nossas mentes se tornaram. Também sempre parece estar ativamente en- não conseguimos ver que não há ló- volvida com alguma coisa. Num mo- gica na nossa confusão. Contudo, mento, ela corre para fora em direção permanecemos diligentes e pacien- a algo que vê e quer, no momento tes quando nos prendemos a nossos seguinte ela se retrai para o interior pensamentos. Tentamos acompanhar em direção a algum pensamento atra- o seu firme fluxo. Se o fluxo começa ente. Depois é direcionada a alguma a diminuir, nós imediatamente ten- pessoa do nosso círculo familiar. Nos- tamos revivê-lo. Temos até mesmo sas mentes estão sempre ocupadas aparelhos que fazem isso – compu- rastreando isto e aquilo em nossos tadores de bolso, notebooks, celulares mundos interno e externo. É como – para que possamos registrar tudo. ter um emprego e uma família – mal Está tudo lá: seus e-mails, textos, há um intervalo entre os dois. Um agendas e listas de compras. Isso não pensamento leva a outro, e aquele é necessariamente ruim; porém, com pensamento leva a um terceiro. Em tanta coisa em andamento, é fácil ver 26 SOPHIA • JAN/FEV 2018

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SHUTTERSTOCK como nossas mentes jamais conse- A primeira coisa que você notará guem algum repouso. é a grande quantidade de pensamen- Nosso problema é que a mente ocupada pode perder a conexão com tos, como eles estão sempre mudan- a sua real natureza. Quando reser- vamos tempo para olhar o que há do e como a mente corre atrás deles. por trás de toda essa atividade, des- cobrimos um sentido de imensidão A prática é simplesmente perceber e percepção, paz e felicidade. Esse panorama não muda de momento quando a mente se desgarra e trazê-la a momento; ele está sempre aí para nós. Buda ensinou que esta é a ver- de volta ao presente, repetidamente. dadeira realidade de nossas mentes. Para nos religarmos a essa realidade, Como fazer isso? Simplesmente dei- precisamos desacelerar e relaxar – desapegar completamente, descansar xando ir o pensamento que você esta- nossas mentes. Então criamos a pos- sibilidade da mente se desanuviar, se va seguindo. Assim que notar que ele acalmar e se sintonizar com o estado básico de paz e felicidade. está aí, não se prenda. Dessa forma Como podemos dar às nossas você corta o fluxo de pensamentos, mentes a oportunidade de descansar e relaxar? Inúmeras atitudes podem em vez de encorajá-lo. ajudar. Você pode nutrir e relaxar seu corpo com uma dieta saudável e Há uma grande sensação de alí- exercícios, especialmente yoga. Pode criar intervalos na sua rotina diária, vio quando você não está mais sen- caminhar, ouvir música e se desco- nectar por um tempo do mundo tec- do arrastado pelos pensamentos. nológico. Mas o que mais pode ajudar é a prática da meditação: apenas ob- Não importa se eles são positivos ou servar seus pensamentos e repousar sua mente prestando atenção ao ir e negativos. Se um pensamento bom vir da respiração. Esse tipo de medita- ção é simples, pode ser praticado em aparece, você não precisa melhorá-lo qualquer lugar e tem um forte impac- to sobre nosso bem-estar. Logo que fi- ou se alegrar com ele; apenas deixe-o camos confortáveis com essa técnica básica, podemos observar com mais como está. Se um mau pensamento atenção os nossos pensamentos. surge, você não precisa se preocupar “A mente jamais tem a oportunidade de se com ele, nem tentar bloqueá-lo ou imobilizar e permane- cer calma e clara. Isso mudá-lo. Você pode simplesmente pode até mesmo cau- sar problemas para deixá-lo como está. dormir, porque a men- te não repousa.” O segredo para verdadeiramente descansar a mente na meditação é abrir mão de todos os pensamentos a respeito dos pensamentos. Podemos simplesmente relaxar à medida que eles vêm e vão. Quanto mais relaxa- dos estivermos, mais poderemos ver a qualidade desperta da mente, que não enxergávamos antes. Quando vemos isso, estamos vendo o que Buda cha- mou de nosso “potencial iluminado”. Podemos encontrar nossa felici- dade e nossa paz mental exatamente como estamos neste exato momento, porque elas estão dentro de nós. Não temos que mudar nossos pensamen- tos nem nos transformar em outro alguém. Não precisamos pensar que este “eu” não é suficientemente bom ou sortudo para ser feliz. Não preci- samos ser Madre Teresa, Bill Gates nem a pessoa nos anúncios da revista. Sejamos apenas felizes. S * Dzogchen Ponlop Rinpoche, mestre de medita- ção, orador e escritor, é monge do Dzogchen e Presidente do Nalandabodhi, instituição budista tibetana. SOPHIA • JAN/FEV 2018 29

[ REFLEXÃO ] A solução de todos os ‘ problemas Quando lhe perguntaram ‘Quem sois vós?’, Jesus respondeu: ‘Eu e o Pai somos um.’ Não ‘há divisão, não há separação. Conseguimos ver isso? Conseguimos pelo menos tentar ver? Tim Boyd* que pode ser vista claramente, sem dar atenção a nada além disso. Mas SHUTTERSTOCK Recentemente estive conversan- se pensarmos melhor, compreendere- do com diferentes grupos de pessoas mos que aquilo que vemos é o resul- a respeito de uma série de tópicos. tado de algo que acontece abaixo da Embora os temas parecessem diferen- superfície. Profundamente dentro da tes, no final das contas as conversas terra a lava está se aquecendo e fluin- eram apenas sobre um assunto – a so- do de várias direções. Finalmente ela lução de todos os problemas. A ideia se revela a nós como uma erupção de abordar algo tão vasto parece um súbita; porém, a coisa esteve se de- pouco presunçosa, e necessariamen- senvolvendo durante anos. te envolveria um amplo espectro de condições. A extensão dos problemas A melhor abordagem é dirigir nos- parece interminável. Para um indiví- sa atenção para as causas, não para duo, algo tão comum como uma dor os sintomas. Embora tenhamos que de cabeça é um problema. Todos nós abordar os sintomas, a parte impor- temos problemas em nossas famílias, tante para nosso futuro é como vemos sejam brigas, doenças, alcoolismo e e como abordamos a causa. Para cada assim por diante. Toda sociedade tem um de nós há uma causa central que toda uma gama de problemas – polí- leva a todo tipo de sofrimento. Há, ticas para a saúde pública, crimina- na sociedade moderna, um proble- lidade, vários tipos de desigualdades ma chamado “roubo de identidade”: sociais. Numa escala global, percebe- uma pessoa assume a identidade de mos muitos problemas que cada pes- outra, comete fraudes e cria prejuízos soa enfrenta atualmente – poluição, financeiros. Nosso problema central desmatamento, violência organizada, é muito semelhante – mas somos nós etc. Ser capaz de identificar uma pos- que assumimos falsas identidades. O sível solução para tudo isso seria algo processo é igual para todos, e começa de enorme valor. no momento em que nascemos. Um vulcão, quando entra em Examinemos esse processo. Se erupção, pode ser muito destrutivo; estamos familiarizados com a Teoso- fumaça e lava derretida são expelidas fia, não há necessidade de nos apro- e destroem tudo em seu caminho. A fundar a respeito da reencarnação; maioria de nós, quando pensa em um podemos aceitá-la como um fato da vulcão, associa-o à erupção e à lava existência. Portanto, o processo co- meça quando a alma se associa a um 30 SOPHIA • JAN/FEV 2018

“Um vulcão em erup- ção pode ser muito destrutivo; fumaça e lava derretida destro- em tudo em seu cami- nho. Mas aquilo que vemos é o resultado de algo que acontece abaixo da superfície.” SOPHIA • JAN/FEV 2018 31

novo corpo. A alma não é feminina problema; a verdadeira questão apa- nem masculina, não tem nacionali- rece depois. Num certo momento, dade nem raça, religião ou partido começamos a repetir o que ouvimos político. Mas, quando o bebê nasce, e a reafirmar todas as camadas colo- o médico diz: “É um menino”, ou “É cadas sobre nós. uma menina”. A seguir, a alma recebe o nome de uma família; baseado nis- Nesse momento o processo se so, seu status social é fortemente in- transforma de “tu és” para a afirmação fluenciado. A pessoa recebe também interna, e qualitativamente diferente, uma nacionalidade, uma religião, etc. de “eu sou”. Não é mais uma projeção Camada após camada são depositadas do ambiente, mas uma corporificação sobre a alma. É assim que se inicia o plenamente aceita de quem somos. problema de identidade. Todos nós nos engajamos nesse pro- cesso. Mesmo se parássemos aí, não A partir do momento do nasci- seria um problema tão grande. No mento, todos à nossa volta nos iden- entanto, o processo continua. Não tificam com base nessa variedade de basta para nós sermos americanos, identidades acumuladas. Durante por exemplo; logo queremos ser um certo tempo, uma mensagem é con- “bom americano”, famoso, rico, com tinuamente enviada a nós: “Seu no- boa aparência, etc. O processo inicial me é Tim. Você é um menino, cris- de incorporar uma identidade passa ao tão, americano”, e assim por diante. estágio de promover uma identidade, Isso, em si, ainda não é um grande e depois expandi-la. Unidade com tudo Esta é, na verdade, a fonte de to- pois liberando-as. Nós olhamos, exa- PIXABAY dos os nossos problemas, porque ne- minamos e nos perguntamos: “Quem nhuma dessas camadas é a realidade sou eu? Sou uma nacionalidade? Sou “Quando o bebê nas- da alma que encarnou. Nós nos enrai- uma religião”, e assim por diante. Se ce, o médico diz: ‘É zamos tanto nessas identidades que, examinamos cuidadosamente, vamos um menino’, ou ‘É como uma alma habitando um corpo responder: “Não, isto não.” Neti, neti. uma menina’. A pes- americano, torna-se justificável para soa recebe também mim ir ao Iraque e matar um corpo Se todas as almas forem liberadas, uma nacionalidade, habitado por uma alma iraquiana. uma ainda permanecerá. Camada uma religião, etc. Ca- Isso não é apenas um problema indi- após camada, identidade após identi- mada após camada vidual, mas um problema geral. E a dade, como quem tira as camadas de são depositadas sobre pergunta surge: o que podemos fazer uma cebola, chegaremos a um ponto a alma. É assim que para mudar isso? onde não há mais nada a ser arranca- se inicia o problema do. O que permanece? Essa é a ques- de identidade.” Muitas tradições apontam cami- tão que cada um tem que responder nhos para nos afastarmos dessa des- por si mesmo. É impossível respon- SOPHIA • JAN/FEV 2018 trutiva forma de identificação. Há um der com palavras, ideias ou escritos termo em sânscrito, neti, neti – literal- de qualquer outra pessoa. O valor de mente “isto não, isto não” – que des- escritos e ensinamentos é nós levar creve o processo de reconhecimento até o ponto onde sejamos capazes de de todas as camadas de identidade. retirar a última camada sozinhos. É A única maneira de nos libertarmos uma questão de experiência, não de desse problema é, primeiramente, conhecimento. considerar o processo no qual estamos engajados, analisando as identidades A abordagem neti, neti é o modo às quais nos tornamos apegados e de- “negativo”. Mas, como este é um uni- verso dual, existe uma outra maneira. 32

A abordagem negativa é de subtração a quem amamos, mas o que acontece diferente expressão de identidade. radical; o segundo caminho seria a quando estendemos esse sentimento adição radical, ou inclusão. Este é o a outras pessoas? Há um sentimento Quando lhe perguntaram “Quem caminho da compaixão. Na filosofia de expansão. Nós nos sentimos au- budista, a compaixão tem uma defi- mentados em nossa capacidade de sois vós?”, Jesus respondeu: “Eu e o nição clara – o desejo de aliviar o so- experienciar a vida, não mais como frimento de outros seres. É um bom um indivíduo isolado, mas a partir de Pai somos um.” Não há divisão, não começo, mas não expressa o pleno um centro em eterna expansão. alcance desse conceito. Enquanto há separação. Conseguimos ver is- estamos engajados nessa maneira A grandeza daqueles considera- de pensar, ela afeta nosso comporta- dos como os Grandes Seres é que so? Conseguimos pelo menos tentar mento. É fácil querer aliviar o sofri- eles têm sido tão expansivos em sua mento de nossa família ou daqueles compaixão e altruísmo que a coisa ver? Não é apenas uma unidade de não tem limite. Isso se torna uma mente, coração e corpo, mas uma unidade com tudo. Esta é a solução de todos os problemas. S * Tim Boyd é Presidente Internacional da Socie- dade Teosófica. SOPHIA • JAN/FEV 2018 33

“Para atuar na Terra, precisamos de um equipamen- to específico; por isso nos foi dado um corpo apro- priado às condições do planeta. Junto com o corpo veio essa recomendação: cuide bem dele, mas não se identifique com ele. Ele é só o instrumento.” 34 SOPHIA • JAN/FEV 2018

[ HUMANIDADE ] Uma viagem especial PIXABAY Fernando Mansur* da. E, tanto quanto eles, devemos ter sempre em mente a missão que nos Os ensinamentos espirituais cos- trouxe para cá. Quem somos? De on- tumam conter um lado esotérico e de viemos? Qual o nosso propósito? outro mais literal, parabólico. Veja Você ainda se lembra? a história a seguir e tente descobrir onde você se encontra nela. Nós embarcamos e aterrissamos, ainda conscientes de que nosso corpo Imagine que estamos numa via- físico é uma espécie de nave que utili- gem – saímos de um lugar distante zamos para descer à Terra e cumprir para uma missão especial: ajudar nossa missão. É possível fazer uma num resgate. Para realizar nossa tare- analogia com os carros. Há vários fa, juntamente com muitos outros vo- modelos, cada um de um ano. Eles luntários, passamos por treinamentos precisam de revisão periódica, de e recebemos um kit com recomenda- manutenção, de consertos eventuais, ções e lembretes. e nós também precisamos. Para atuar na Terra, precisamos de O design dos automóveis está sem- um equipamento específico; por isso pre se modificando e evoluindo, do nos foi dado um corpo apropriado às mesmo modo que o corpo humano condições do planeta. Junto com o evolui. A consciência de quem di- corpo veio essa recomendação: cuide rige o carro também se desenvolve bem dele, mas não se identifique com com o tempo. ele. Ele é só o instrumento. O carro tem cores variadas, luzes Outras recomendações que a tri- nos painéis e na carroceria. O corpo pulação recebeu: humano possui os chamados chakras, centros de força que também variam Não julgue – a mente é uma fábrica em cor, luminosidade e potência. de julgamentos. Concentre-se no coração e se ins- Alguns corpos “voam”, outros são pire nele para agir – ele é um por- mais lentos. Carros e pessoas preci- ta-joias e sua essência é o amor. O sam de combustível próprio para fun- coração ilumina a razão e inspira o cionar, e também de água. discernimento. Não esqueça sua origem e propósi- O automóvel é um meio de trans- to. O mundo tem muitos atrativos; porte para seres humanos. O corpo há o risco de você esquecer quem humano é um meio de transporte pa- você é de fato e qual é a sua missão. ra o espírito. Carro e corpo se desgas- tam com o tempo e são descartados. Você terá muitos amigos nessa Hora do desapego. viagem. Como identificá-los? São amorosos, impessoais, pacientes e Com o tempo, alguns motoristas perseverantes... São altruístas, sim- passam a se identificar tanto com o plesmente. E pregam o amor, acima automóvel que chegam a pensar que de tudo – essa é a chave. ele e o carro são uma coisa só. Nós também corremos o risco de esquecer Eles vieram nos resgatar, elevar que nossos corpos são apenas naves nosso nível de consciência para um que nos trouxeram a esta dimensão. estágio superior, o da unidade da vi- Cada um tem sua missão. É nossa SOPHIA • JAN/FEV 2018 obrigação cuidar bem do corpo para a 35

realização de nossas tarefas, sempre Algumas vibrações são mais densas SHUTTERSTOCK nos lembrando de nossa natureza real e outras mais sutis. Cada pensamen- e de que estamos aqui de passagem. to possui forma, cor e frequência. O Somos ricos, repletos de qualida- mesmo se dá com as emoções. des, abundantes de bens imateriais O carro é passageiro, mas o mo- que podemos e devemos comparti- torista é permanente. A intuição nos Como ter consciência daquilo que lhar. Como disse o Mestre, “o propó- ajuda a descobrir a estrada a seguir. nos influencia num determinado mo- sito da existência não é conseguir e mento e lugar? Não é simples, mas é ter, mas dar e servir.” Estamos aqui Nosso corpo tem várias camadas. possível nos prepararmos para isso. para isso. Uma delas é a mente. A mente é ar- Primeiro, entendendo que essas coisas dilosa; pode produzir coisas incríveis acontecem. Segundo, que nós também Para ajudar a manter viva essa ou nos levar a situações terríveis. É somos geradores de influências. lembrança, em épocas remotas da ci- de sua natureza. Por isso precisa ser vilização terrestre, os conhecimentos dirigida com o devido discernimento. Podemos fazer uma analogia. As- eram interligados. Ciência, filosofia e sim como não jogamos lixo sobre as religião coexistiam em harmonia, co- Discernimento é uma arte e exi- pessoas, é nossa obrigação prestar mo dedos da mesma mão, partes que ge esforço e dedicação. Observe uma atenção nos pensamentos e senti- somadas iluminavam a compreensão coisa simples, a popular fofoca. Às mentos que derramamos sobre elas, do Todo. Por vários motivos esse elo vezes podemos até estar bem-inten- já que pensamentos e sentimentos se partiu e a humanidade foi se afas- cionados, mas isso não impede as possuem forma, cor e frequência. tando cada vez mais de seu propósito consequências de nossos atos. Ao Esse é um dos motivos pelos quais, fundamental. falar de alguém, apenas reforçamos quando entramos em qualquer am- as características dessa pessoa, aju- biente, devemos primeiro pedir licen- dando-a ou prejudicando-a. Será que ça. O próprio ato já nos protege, ainda o que falamos é realmente verdade? mais quando entramos desarmados, E, se for, essa é a melhor maneira de com o coração aberto e sintonizado nos expressarmos? com nossos guias espirituais. Nossas opiniões são carregadas de Tanto quanto nós, o outro é um idiossincrasias, manias, preconcei- ser divino. Somos o que pensamos. tos... Logo, não podem conter toda a verdade. As intrigas fazem parte Fomos avisados que, ao mergulhar da história da humanidade. Todas na vida física, poderíamos esquecer as instituições, laicas ou religiosas, que somos ricos e que nossa vida é estão permeadas desses exemplos abundante. Com a sequência de vi- deletérios que contrariam a essência das, esquecemos que nascemos para dos ensinamentos de seus mentores. dar e servir e não para só receber, ganhar e pedir. A educação em geral Por que então ainda insistimos foi deturpadora, sobrando no incons- nessa prática? Este é um bom motivo ciente essa mentalidade de pedintes. para reflexão. Mas lembre-se: tudo começa dentro de você. A mente nos Esse comportamento recebe vá- enreda num processo repetitivo de rios nomes, como egoísmo e egocen- diálogo interno, do qual não conse- trismo. Mas vamos tentar vê-lo como guimos nos desvencilhar. Acabamos um condicionamento que se tornou nos identificando com esse diálogo quase inerente à condição humana. e nos perdemos. E contribuímos pa- Se entendermos que foi um condi- ra que o outro se perca. Já não seria cionamento, podemos mudar e rea- tempo de parar com essa prática? prender que nossa origem é divina, e por isso somos ricos. Nossa alma tem A equipe de resgate foi alertada essa certeza, mas o corpo se esquece. sobre as condições atmosféricas deste planeta e as influências que poderiam A população ficou tão acostumada afastá-la da rota. Os habitantes vivem a se ver como pobre e dependente que rodeados de correntes vibratórias. esqueceu sua força e riqueza interior; Não as vemos, mas sentimos. nos acostumamos tanto a pedir e es- perar que nos esquecemos do que já Essas correntes energéticas são temos. E, principalmente, nos esque- a soma de todos os sentimentos e cemos do que já somos. pensamentos gerados pelas pessoas. 36 SOPHIA • JAN/FEV 2018

“O design dos au- tomóveis está sem- pre se modifican- do e evoluindo, do mesmo modo que o corpo humano evo- lui. A consciência de quem dirige o carro também se desen- volve com o tempo.” Um silêncio de séculos foi quebra- Energia, massa, luz. Uma coisa Cada habitante cria seu próprio do com o surgimento da Sociedade pode se transformar em outra. A ética Teosófica, escola retransmissora de e a ação humanas podem fazer coisas destino. Cada um é seu próprio pro- conhecimentos eternos para o mun- espantosas pelo bem da humanidade. do moderno. Dessa árvore frondosa, genitor, o próprio legislador. O uni- muitas instituições surgiram e seus Muitas informações já foram lan- frutos continuam se espalhando co- çadas no inconsciente coletivo pela verso é regido por leis, e a principal mo sementes de sabedoria. mente universal. Para acessá-las é necessário purificar os veículos físi- delas é a Lei da Harmonia. A equipe de resgate observou que co, emocional e mental. É tempo de há períodos de luz e escuridão no pro- limpar os porões e dar atenção à in- Há um fio singelo que une todas cesso evolutivo, com impulsos cícli- tuição. Meditação, reflexão, estudo. cos que se revezam. Verificou que o as coisas, todas as existências e todas atual momento parece exigir de no- As fontes antigas do conhecimen- vo a atenção conjunta para os vários to estão de volta, em certa medida. as leis: é a Lei do Amor. Foi o amor aspectos do conhecimento, sob a for- Mas é necessário investigar com o ma de ciência, filosofia, religião... e coração puro e o intelecto ardente que nos trouxe para cá, é ele que nos arte. Muitas almas anseiam por essa esses reservatórios de sabedoria, pa- conjunção. ra a elucidação de alguns mistérios. mantém vivos, é ele que nos inspira É preciso perguntar com liberdade. e dá forças para cumprir a tarefa que viemos realizar. É o combustível des- sa nave especial. S * Fernando Mansur é radialista, escritor e membro da Sociedade Teosófica no Rio de Janeiro.Email: [email protected] SOPHIA • JAN/FEV 2018 37

“A riqueza obtida de maneira moralmen- te questionável por líderes corporativos, banqueiros e políti- cos faz histórias nos jornais. O dano cau- sado ao outros não parece absolutamen- te lhes influenciar.” 38 SOPHIA • JAN/FEV 2018

[ ÉTICA ] ‘ O propósito da vida Aqueles que possuem percepção e compaixão consideram uma obrigação moral ajudar os membros menos afortunados da sociedade. A compreensão ‘da interconexão de toda a vida cria uma maior sensibilidade às necessidades dos outros PIXABAY Bhupendra R. Vora* consciência, nos níveis internos, requer tanto o desenvolvimento do Algo que caracteriza os seres hu- ser humano no nível físico, externo, manos nesta era moderna é seu for- quanto o desabrochar da consciência te desejo de realização, em termos no nível interno, rumo a uma nature- de riqueza, posição social ou poder za mais altruísta e compassiva. material. Todos os esforços almejam a melhor educação, melhor posição O acúmulo de riqueza dá-se com social, etc. Desde a infância cultiva-se muita frequência à custa de outros, a necessidade de competir e elevar-se e os princípios morais e éticos são acima dos outros. comprometidos. A justificativa é que sem isso não é possível sobreviver No mundo como o percebemos nos negócios ou ser bem-sucedido atualmente, talvez essa competitivi- na profissão. A ideia que prevalece é dade seja necessária. Mas a definição que na vida mundana não cabem con- do que é necessário para a existên- siderações de moralidade. A vida es- cia é diferente de uma pessoa para piritual, se houver, está nitidamente outra. A ideia do que é suficiente compartimentalizada e não interfere pode variar entre ter um teto sobre nos negócios. a cabeça a morar numa casa luxuo- sa e ter um certo estilo de vida, in- No entanto, a riqueza assim ob- cluindo uma casa de campo e auto- tida não é necessariamente acom- móveis caros. panhada de felicidade ou mesmo contentamento. Quando a sede de A lista de necessidades nunca riqueza é saciada, surge a necessidade acaba. Para realizá-las, a pessoa con- de reconhecimento, posição e fama. tinua a querer ganhar mais dinheiro, As necessidades assumem uma nova e o que é muitas vezes descrito como dimensão. Ao se elevarem a posições a “luta pela existência” continua. As de poder, as pessoas pisam sobre as “necessidades” continuam a se mul- outras para atingir o ápice. Tudo isso tiplicar. O que era considerado luxo tem por objetivo uma sensação de su- agora é tido como algo essencial pa- cesso e realização, mas as alegrias são ra se viver. temporárias e se dispersam. Porém, nesse processo negligen- A avidez por riqueza e poder é fa- cia-se um outro lado da vida, que cilmente discernível nas estruturas fornece uma percepção holística do de poder político e corporativo ao aspecto evolutivo. Essa expansão de redor do mundo. A riqueza obtida SOPHIA • JAN/FEV 2018 39

de maneira moralmente questionável O ser humano médio vive com por líderes corporativos, banqueiros pouca clareza a respeito do propósito e políticos faz histórias nos jornais. da vida; sua compreensão limita-se a Essas pessoas tomam decisões que metas materialistas. No entanto, isso afetam adversamente as vidas de não quer dizer que não seja possível milhões de pessoas comuns. O dano distinguir entre ações corretas e erra- causado ao outros não parece abso- das; é o seu egocentrismo que o cega lutamente lhes influenciar. Há uma aos efeitos adversos de suas ações. total falta de sensibilidade a respeito do sofrimento alheio. As motivações para querer cada vez mais riqueza e poder precisam No Nobre Caminho Óctuplo, Buda ser examinadas. Em última análise, afirma que os meios que alguém usa a busca é por contentamento e feli- para ganhar a vida devem ser de tal or- cidade, e não se pode obter isso com dem que não causem dano aos outros. realizações materiais. Uma das Cartas Quaisquer meios de ganhar a vida que dos Mahatmas descreve habilmente a não sejam éticos e que afetem adver- condição humana: “Esse mundo ro- samente os outros são considerados dopiante, pomposo, brilhante, cheio imorais e, portanto, inaceitáveis. Con- de ambição insaciável, onde a família siderando a frágil natureza dos ecos- e o estado dividem entre si a nature- sistemas do planeta, todos os meios za mais nobre do homem, como dois de ganhar a vida que causem dano ao tigres dividem uma carcaça, e o dei- ambiente e às várias espécies de vida xam sem esperança ou luz!” (Cartas são imorais. dos Mahatmas para A.P. Sinnett, Vol. I) Ações altruístas A princípio a energia do homem a própria vida ou a vida daqueles a PIXABAY ocupa-se com seus desejos pessoais; quem se ama. Essa tendência divide não sobra tempo para considerar os o mundo, criando desarmonia. “No Nobre Caminho aspectos mais profundos da vida. Óctuplo, Buda afirma Mas, após uma consideração objetiva, No livro The World Around Us, que os meios que compreendemos que ninguém nos Radha Burnier afirma: “Lentamente, alguém usa para ga- força a fazer as coisas que os outros o pensamento ao redor do mundo está nhar a vida devem fazem ou a perseguir metas que com- sendo influenciado no que poderia ser ser de tal ordem que prometem nossos princípios. chamado de direção holística. Aliás, é não causem dano quase modismo adotar a postura ho- aos outros.” É necessário compreender que lística, e colocar-se a favor do holismo existe uma interconexão de toda a em saúde, cuidado ambiental, educa- SOPHIA • JAN/FEV 2018 vida, portanto nossas ações têm con- ção, etc. Contudo, o conceito mediano sequências de longo alcance, sobre de holismo está longe da verdade da nós mesmos e sobre os outros. Dessa unidade tal como é promulgada em forma, podemos aumentar o bem no Teosofia, pois está baseado apenas no mundo com ações altruístas e ajudar conhecimento das interconexões e todas as outras vidas em sua evolu- interdependência até aqui descober- ção, da mesma forma que as ações tas no nível fenomenal. A Teosofia, egoístas aumentam a miséria e a dor por outro lado, apresenta os elos e as dos outros. interconexões no nível externo dos fenômenos como um espelho refletin- No atual estado em que se encon- do a unidade essencial da existência, tra o mundo, o egoísmo domina e o a natureza invisível da energia que se espírito de dar é limitado. Portanto transforma no mundo fenomenal, e prevalece a ganância, que surge a ao mesmo tempo anima-o.” partir do desejo egoísta de melhorar 40

Ela prossegue: “Quando a mente cos definiam quatro objetivos da exis- duta social e moral que deveria ser realiza a totalidade, ela se liberta de seguido pelo indivíduo. Exigia que a suas doenças e desfruta de uma con- tência mundana que asseguravam um pessoa cumprisse seu dever para com dição saudável, até mesmo sagrada. a família, a sociedade e o mundo. To- Então, as ações que surgem dessa correto viver: dharma (cumprimento das as ações tinham de ser corretas e mente são boas e corretas.” das obrigações), artha (aquisição de levadas a cabo de maneira cuidadosa, riqueza para satisfazer necessidades), sem causar danos, vendo Brahman Os Vedas trazem uma abordagem (Deus) em tudo. As obrigações para muito pragmática sobre a necessi- kama (satisfação dos desejos munda- com o Estado eram cumpridas com dade humana de satisfazer desejos nos) e moksha (aspiração à vida espi- diligência; da mesma forma, o Estado mundanos e também cuidar das obri- ritual e à libertação). tinha suas obrigações para com os ci- gações espirituais. Os videntes védi- A palavra dharma era traduzida como “aquilo que sustenta a socie- dade”. Significava um código de con- SOPHIA • JAN/FEV 2018 41

42 SOPHIA • JAN/FEV 2018

PIXABAY dadãos que deviam ser levadas a cabo ção moral ajudar os membros menos judiciosa e imparcialmente. afortunados da sociedade, assim como todas as outras formas de vida, quando O dharma ou dever era aplicável a se tem os meios para fazê-lo. Algumas todos na estrutura da família, da so- pessoas têm a consciência social para ciedade e do Estado. Todos os relacio- fazer algo a respeito, criando ou se namentos eram guiados pelo concei- voluntariando em instituições educa- to de dever. Talvez isso possa parecer cionais, médicas ou de outras áreas. A utópico, mas esses princípios norte- compreensão da interconexão de toda aram algumas sociedades na Índia e a vida cria uma maior sensibilidade às na Europa. Quando há percepção da necessidades dos outros. unidade da vida no nível interno de consciência, é provável que as ações O terceiro esforço segundo a tra- externas sejam mais holísticas. dição dos Vedas é kama, a satisfação dos desejos mundanos, considerada Para aspirar à riqueza (artha), uma necessidade perfeitamente na- exigia-se apenas a adoção de meios tural e necessária para a experiência corretos que não causassem dano da existência humana, desde que os aos outros. Adquirir riqueza era meios fossem éticos e as normas de considerado uma responsabilidade moralidade fossem seguidas. O desejo pessoal para prover as necessidades de conforto para si e sua família é na- da família, mas esperava-se que os tural, mas desejos excessivos podem métodos fossem os da reta conduta; se tornar causa de sofrimento. o comerciante devia cobrar preços justos por seus produtos, e ocupa- O quarto esforço era moksha, o de- ções que envolvessem crueldade com sejo de compreender o propósito da animais e pessoas eram consideradas vida e de realizar um estado superior moralmente inaceitáveis. de consciência. Portanto, um chefe de família cumpriria suas obrigações Gandhi afirmou que no mundo de prover sustento e educação; nos há o suficiente para prover as neces- últimos anos de sua vida, ele se de- sidades de todos os seres, mas não o dicaria à meditação e à compreensão suficiente para satisfazer a ganância do propósito mais profundo da vida. de um único ser humano. Há estabe- lecimentos e indivíduos cuja conduta Os princípios fundamentais da vi- comercial é irrepreensível. Porém, da enunciados nesses ensinamentos há muitas pessoas e corporações que ainda são válidos; eles sugerem uma visam apenas obter enormes lucros, vida equilibrada, onde os aspectos quaisquer que sejam os meios, e que material e espiritual possuem igual não se importam com os resultados importância. O modo como vemos a de suas ações sobre os outros. vida e seu propósito deve ser conside- rado por cada um individualmente; as Aqueles que possuem percepção escrituras podem oferecer diretrizes. e compaixão consideram uma obriga- Haverá um propósito, guiado pela “Considerando a frá- natureza, para um maior desabrochar gil natureza dos ecos- da nossa consciência? A compreen- sistemas do planeta, são dessa questão requer muita re- todos os meios de ga- flexão. A vida que vivemos no nível nhar a vida que cau- dos sentidos e da mente precisa ser sem dano ao ambiente voltada para o interior, na direção da e às várias espécies contemplação e da meditação. S de vida são imorais.” * Bhupendra R. Vora é escritor e ex-secretário- -geral da Sociedade Teosófica na África Central e Oriental. SOPHIA • JAN/FEV 2018 43

www.sEondecreçieos dda aSocdiedeadteeTeoosósficoa nfoiBcraasil .org.br CAPITAIS CEP 88.035-000. Tel: (48) 99960- •Loja Conde de S.Germain: Campina Grande-PB 0637 (Adolfo). Reuniões 3ª, 19h. reuniões 2ª, 14h. •Loja Sírius: R. Santa Cecília, 692, Aracaju-SE E-mail: teosofica.florianopolis@ •Loja Himalaia: Tel: (21) 2717-0982. Santo Antônio. Tel: (83) 3322- GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira sociedadeteosofica.org.br •Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, 8934/8847-5367. Reuniões: dom., Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045- Fortaleza-CE 14h. Site: www.bloglojajinarajada- 16h30. E-mails: get.sirius@socie- 750. Tel: (79) 8802-1012/8875-2875. •Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331- sa.wordpress.com dadeteosofica.org.br e bruno.san@ E-mail: teosofiaemaracaju@gmail. A, Centro. CEP: 60135-000. Tel: (85) •Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. globo.com com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. 99828-2714. Reuniões: sáb. 16h, •Loja Perseverança: reuniões 5ª, Campinas-SP Brasília-DF dom. 9h. 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Reu- mail: lojaesperança@sociedade Reuniões: 6ª, 20h. Site: teosofia- co, CEP 95097-710. Tel: (54) 3538- niões: qui., 19h às 20h30. teosofica.org.br liberdade.org.br. E-mail: 2721/(54) 9194-8537. Whatsapp: Campo Grande-MT Maceió-AL [email protected]. (54) 991948537. Reuniões: sáb. •Loja Campo Grande: R. Pernambuco, •GET Maceió: R. Prof. Sandoval Facebook: www.facebook.com alternados, 10h. E-mail: teosofica. 824, São Francisco, CEP 79010-040. Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta /lojateosoficaliberdade. eduardotononnarciso@hotmail. Tel.: (67) 3025-7251/9982-8106. Verde. CEP: 57035-230. Tel: (82) •Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizu- com. Sites: filaleteus.blogspot.com Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacam- 3377-0297/9997-8351. E-mail: moto, 301, Liberdade, CEP 01513- e facebook.com/filaleteus. [email protected] [email protected]. 040. Tel: (11) 3271-3106. Reuni- Criciúma-SC •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Reuniões: sáb., 16h. ões: 4ª, 20h. E-mail: samiracarnei- •GET Mabel Collins: Cx P. 263, Cidade Jardim, CEP 79040-630. Palmas-TO [email protected] CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- Tel: (67) 3028-6548 / 9637-7525. • GET Palmas: Q. 101 Sul, cj. 1, •Loja São Paulo: R. Mituto Mizu- 0380/9904-2080. Reuniões: Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E-mail: lt. 6, s. 408, Ed. Office Center. moto, 301, Liberdade. Reuniões: 1º sáb. do mês, 15h, na R. Barão [email protected] CEP 77.015-002. Tel: (63) 3215- dom., 17h. E-mail: celiapetean@ do Rio Branco, 549 (perto do Sindi- Cuiabá-MT 0936/9951-0459/8139-3218/8415- uol.com.br cato dos Mineiros). • GET Annie Besant: R. Venezuela, 3122. Reuniões sab., 15h30. Vitória-ES Juazeiro do Norte-CE 231, Santa Rosa, CEP 78040-370. E-mails: [email protected], •Loja Blavatsky: Av. Princesa Isa- •GET Padre Cícero: R. Santo Tel: (65) 9.8115.8425 / 9.8107.1687 [email protected] e gui.nut@ bel, 35, CEP 29.010-361. Tel: (27) Agostinho, 300, Biblioteca Pública / 9.8128.3144. Reuniões quinzenais: hotmai.com 3235-1545/3314-5381/9608-5694. Municipal, CEP 63.010-167. Tel: (88) 6ª, 20h. E-mail: castilho.radiotera- Porto Alegre-RS Reuniões: 3ª, 6ª e sáb., 19h. E- 98808-4808. Reuniões sáb., 16h. [email protected] •Loja Dharma: R. Voluntários da mail: [email protected] e E-mail: [email protected] Curitiba-PR Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039- [email protected] Joinville-SC •Loja Libertação: R. República Ar- 900. Tel: (51) 3225-1801. E-mail: •Loja Shanti-OM: R. Waldemaro gentina, 2.056, 11º andar, s. 115, [email protected]. OUTRAS CIDADES Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) Água Verde, CEP 80.620-010. Tel: br. Site: www.lojadharma. org.br. 3433-3706. Reuniões: 4º dom. do (41) 3088-8140 / 9968-7625 / 9646- Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., Águas de São Pedro-SP mês, 19h. E-mail: marilenawolf@ 5853. Cursos de Introdução: 2ª, 15h às 18h30 (público). •GET Águas de São Pedro: R. yahoo.com.br 19h30 às 21h. Palestras públicas: Recife-PE Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. Juiz de Fora-MG sáb., 16h às 18h. Reuniões mem- •Loja Estrela do Norte: R. Diogo CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482- • GET Juiz de Fora: R. Padre Ca- bros: 3ª, 19h30 às 20h. E-mail: liber- Álvares, 155, Torre, CEP 54420- 1009. Reuniões: 5ª, 20h. fé, 195, 4º andar, Salão de Festas, [email protected] 000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: Balneário Camboriú-SC bairro São Mateus, esquina com •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, dom., 16h. E-mail: lojaestrelado- •GET Luz no Caminho: Centro Av. Itamar Franco, CEP 36.016-450. Alto da Glória. CEP: 80030-320. Tel: norte@sociedade teosofica.org.br de Treinamento Yoga Sadhana, Reuniões 2ª, de 19h a 20h30. (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h Rio de Janeiro-RJ Av. Rui Barbosa, 30 (continuação Tel: (32) 99810-6667. E-mail: teoso- (membros); 3ª e sáb., 16h (público). •Loja Augusto Bracet: Av. Treze de da Estrada da Rainha, Praia dos [email protected] •GET Dario Vellozo: R. 13 de Maio, Maio, 13, sala 1520, Centro, CEP: Amores). CEP: 88330-468. Tel: •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do 538, Centro, CEP 80510-030. Reu- 20053-901. Tel: (21) 2569-9978. 9987-1797. Reuniões: quinzenal- Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. niões: 2º e 4º domingos, 15h30 às Reuniões: 6ª,15h. E-mail: fcarrei- mente, dom. 17h30. E-mail: mar- CEP: 36025-000. 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979- [email protected] [email protected] Tel: (32) 3061-4293. Reuniões: 2ª, 7970, 9675-8126. E-mail: claturis- •Lojas Conde de Saint Germain, Ji- Bragança Paulista-SP 4ª, sáb., 18h15. E-mail: therezafcar- [email protected] narajadasa, Nirvana, Perseverança •Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, [email protected] Florianópolis-SC e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº Jardim Europa, CEP 12916-160. Londrina-PR •Loja Florianópolis: Av. Madre Ben- 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053-901. Tel: 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, venuta, 1295, s. 1, Santa Mônica, Tel: (21) 2220-1003. E-mail: [email protected] Jd. Quebec. CEP: 86060-190.Tel: 44 SOPHIA • JAN/FEV 2018

(43) 3027-2623/9121-3375/9916- FRED FOKKELMAN 0099/9911-8142. E-mail: tarsiladome- [email protected] e ivguerrini@ O que é a hotmail.com. Reuniões: 4ª, 19h. Niterói-RJ Sociedade Teosófica •Loja Himalaya: R. da Conceição. 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Não há religião Tel: (21) 2710-3890/2611-6949. Reu- Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa niões: 2ª, 18h. Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Ol- vsueperrdioraà de Palmas-TO cott, seu primeiro presidente. A sede internacional GET Palmas: Q. 102 Sul, rua NS foi transferida para Chennai, na Índia, onde se Esse é o lema da b, 105-231, Plano Diretor Sul, encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de Sociedade Teosófica. CEP 77.001-360.Reuniões sáb., 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas Mas a Sociedade não 15h30. Tel: (63) 3215-0936/9951- por Lojas e Grupos de Estudos. se impõe como por- 0459/98139-3218/8415-3122. E-mail: tadora da verdade; o [email protected] A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- laço que une os teó- Piracicaba-SP cípio da fraternidade universal e a livre investigação -sofos não é uma •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Al- da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da crença comum, mas to. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. fraternidade universal da humanidade; encorajar o a investigação da ver- Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapi- estudo de religião comparada, filosofia e ciência; dade em relação às [email protected] investigar as leis da natureza e os poderes latentes diversas religiões, à Praia Grande-SP no homem. filosofia ou à ciência. •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. Membros de diversas religiões se filiaram à 45 Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando 19h30. E-mail: get.thoth@sociedade que ela não é uma religião nem uma seita, somente o teosofica.org.br respeito à liberdade de pensamento torna possível a Ribeirão Preto-SP convivência harmônica que favorece a investigação •Loja Paz Profunda: R. João Pentea- e o aprendizado. do, 38, Jardim Sumaré, CEP 14020- 180. Tel: (16) 3237-5109/98138-5148/ A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- 3916-4231. Reuniões: sáb. 16h. E- ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi mails: [email protected] e Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, [email protected] que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou São Caetano do Sul-SP a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- •GET do Grande ABC: R. Mare- nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, chal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP: mas através de correspondências da alma com o 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reu- mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moder- nião 3ª, 20h. E-mail: getdograndea- na, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da [email protected] sabedoria não pela crença, mas pela investigação da São José dos Campos-SP verdade que se manifesta na natureza e no homem. •GET Ishvara: R. Augusto Edson Ehlke, 150, Vila Ema. CEP: 12243- 110. Tel: (12) 3901-7424/3208- 6693/98877-8112/99163-1685/99137- 9085. Reuniões 3ª, 19h30. Endere- ço p/ correspondência: R. Ricardo Monteiro, 147, Jardim Renata, CEP 12245-110. Email: getishvara@gmail. com. FB: facebook.com/Loja Teosofica Vida Una •Loja Vida Una: R. Madre Paula de São José, 163, Vila Ema, CEP 12.243- 010. Fone: (12) 3941-7173/99712- 2349. Reuniões 2ª, 19h15. E-mail: [email protected] Sobral-CE •GET Sobral: R. das Dores, 105, Cen- tro. Tel: (88) 9483-8121/9913-2000. E-mail: [email protected]. Reuniões: 2ª 19h30, dom. 9h. Três Pontas-MG •GET Una Verdad: Rod. 167, km 11, entre Santana da Vargem e Três Pon- tas, CEP 37.190-000. Fone e whatsa- pp: (35) 99936-1396. Reuniões públi- cas 3ª, 20h. E-mail: getunaverdad@ gmail.com Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/3385- 3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E-mail: g_muller85@yahoo. com.br SOPHIA • JAN/FEV 2018

Conheça as publicações da Editora Teosófica Fundamentos de Advaita Bodha A Suprema Realização A Ciência da Teosofia Deepika – A Luz Através da Ioga Astrologia e as C. Jinarajadasa da Sabedoria Geoffrey Hodson Escolas de Mistérios Não Dualista Ricardo Lindemann Esta é uma obra indis- Esta é uma obra para pensável para aqueles que Sri Karapatra Seami con- ser lida e relida por todos A Ciência da Astrologia buscam uma apresentação densou os pontos mais signifi- os que buscam o caminho foi o primeiro curso de astro- acessível, didática e ilustra- cativos dos Vedanta Sutras nos espiritual, não importa em logia na televisão brasileira. da dos ensinamentos teosó- doze capítulos deste livro. Ele que tradição. É um livro O livro transcreve esse cur- ficos. Jinarajadasa sintetizou explica como a ignorância prático, escrito por alguém so, com o estudo dos signos em 16 capítulos temas como obscurece a verdadeira natu- que vivenciou uma profunda do zodíaco, do ascendente, a evolução da vida e da for- reza do ser, que é não dual, e sabedoria. O leitor ficará sur- das casas, dos planetas e da ma, a natureza da matéria produz o falso entendimento preso com o vasto manancial interpretação do mapa as- e da força (química oculta), da não existência do ser. de informações sobre técni- tral natal. Abrange também as leis da reencarnação e do Mostra como a ignorância cas das várias modalidades temas clássicos como astro- karma, o homem na vida e faz com que a mente perma- de yoga, incluindo mantra logia e ciência, karma, livre- na morte, os mundos invisí- neça num mundo ilusório, yoga, bhakti yoga, raja yoga e a -arbítrio e reencarnação, à veis, a senda do discipulado considerando reais as proje- pouco conhecida atma yoga. luz dos ensinamentos das e outros. Esta exposição da ções de indivíduos, objetos Além das técnicas, o autor Escolas de Mistérios da Gré- Teosofia, como toda obra de e mesmo de Deus. E ensina apresenta pré-requisitos e cia Antiga e do Egito. Como cunho científico, mostra os que alguém devidamente alerta sobre os perigos da afirmou Jung, “a astrologia fatos aceitos pela comunida- preparado é capaz de obter prática do yoga sem a devi- merece o reconhecimento de científica, mas também o conhecimento por meio da orientação. Os capítulos da psicologia sem restrições, apresenta os resultados das da realização direta de Deus, sobre Kundalini, Vida Oculta porque representa a soma observações e investigações libertando-se da escravidão e Discipulado são especial- de todo o conhecimento do autor. do karma. mente importantes. psicológico da Antiguidade”. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • JAN/FEV 2018

Compre pelo cartão [ LANÇAMENTO ] de crédito (todas as bandeiras), ou peça pelo Uma vida correio ou pelo e-mail: editorateosofica@ brilhante editorateosofica.com.br Ligue grátis: Autobiografia de Annie solução em várias obras de crentes e 0800-610020 Besant (Ed. Teosófica) nada encontrou. Porém, houve alguém que lhe escreveu bondosamente: “Con- Contos Mágicos O velho adágio popular: “Deus es- sidero que o pecado é um fator absolu- da Índia creve certo por linhas tortas” encontra tamente necessário para que o homem Marie Louise Burke sua perfeita aplicação na vida de Annie atinja a perfeição. Foi previsto e per- Besant. De fato, materialista por prin- mitido como meio de chegar a um fim, Este livro tem a simpli- cípio, essa renomada escritora, desde a como uma educação...” cidade aparente das coisas sua juventude, encontrou sérios obstá- realmente profundas. Os culos, opostos pelo frio e inflexível am- E, ao lado de Charles Bradlaugh, que seis contos mostram como biente inglês que, não obstante a sua tanto lutou e sofreu, Annie Besant, so- se dá, na prática, a busca conduta irrepreensível, aureolada pela cialista, materialista e ateia, fulminava da sabedoria divina, e por luz da caridade em benefício dos que os seus adversários com argumentos ir- que uma sincera simplici- sofriam atrozmente nas baixas cama- retorquíveis, ora esgrimindo a sua pena dade de coração – ao lado das sociais, não tolerava o seu ateísmo, de jornalista brilhante e honesta, ora de uma mente alerta – é publicamente confessado e, diga-se de pronunciando famosas conferências mais importante do que a passagem, heroicamente defendido. em defesa dos princípios e dos opri- erudição superficial. midos, algumas das quais terminavam E havia fortes razões para essa ati- em tumulto. Os contos são também tude, pois, segundo explica claramen- parábolas que descrevem te nesta biografia, não foi o desejo de Da sua vida agitada e trabalhosa, o drama humano da busca licença moral o que lhe deu o impulso narra a autora episódios emocionan- pelo divino e eterno, inte- que, finalmente, a lançou no ateísmo; tes, que aumentam a nossa admiração ressando leitores de oito a foi o sentimento da justiça ultrajada, do por esse grande espírito, que não sabe- oitenta e oito anos de idade direito insultado. mos quando mais brilhou: se na luta com as surpreendentes ex- ao lado dos materialistas, em benefício periências do discipulado O seu problema, na tormenta da do povo sofredor e oprimido; se ao la- de Hari, o leão, Sri Nag, a dúvida, era: “Existindo um Deus bom, do dos espiritualistas, quando, após o cobra, e Niranjan, o erudi- como pôde criar a humanidade, saben- providencial encontro com a imortal to, entre outros. do previamente que a maioria dos seres Blavatsky, iluminou-se-lhe o espírito, pa- humanos sofreria pa- Setor de Indústrias Gráficas ra sempre as torturas ra trabalhar num outro – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 do inferno? Existindo setor, com mais ampla Brasília-DF – CEP 70.610-460 um Deus equitativo, ciência. A sua vida foi Fone: (61) 3322-7843 como podia permitir um exemplo de perse- a eternidade do peca- verança, sinceridade, SOPHIA • JAN/FEV 2018 do, de sorte que o mal honestida­de, comba- fosse tão permanente tida pelas mais cruéis como o bem e Satã adversidades que, lon- reinasse no inferno ge de trazer-lhe o desâ- tanto tempo como o nimo, acrisolaram seu Cristo no céu?” espírito, preparando-o para a grande missão Atormentada por que mais tarde havia esses e outros proble- de cumprir no seio da mas cruéis, buscou Sociedade Teosófica. 47

peça pelo número!Para comprar os livros da Editora Teosófica, L0i8g0u0e-6g1rá0t0is2:0 1. A Chave para a 20. A Voz do Silêncio - H.P. de Sabedoria - C. Algeo: 27,00 Teosofia - H. P. Blavatsky: Blavatsky: 15,00 Jinarajadasa: 41,00 58. Karma e Dharma - 39,00 21. As Escolas de Mistérios 39. Chegando Aonde Você Annie Besant: 26,00 2. A Ciência da Astrologia – O Discipulado na Nova Está - A Vida de Meditação 59. Luz e Sombra – e as Escolas de Era - Clara Codd: 37,00 - Steven Harrison: 33,00 Elementos Básicos de Mistérios - Ricardo 22. As Leis do Caminho 40. Clarividência - C.W. Astrologia - Emma Costet Lindemann: 53,00 Espiritual - Annie Besant: Leadbeater: 33,00 de Mascheville: 18,00 3. A Ciência da Meditação - 21,00 41. Conhece-te a Ti Mesmo 60. Luz no Caminho - Rohit Mehta: 35,00 23. Aos Pés do Mestre - J. - Valdir Peixoto: 16,00 Mabel Collins: 13,00 4. A Ciência do Yoga - I. K. Krishnamurti: 13,00 42. Contos Mágicos da 61. Meditação – Sua Taimni: 49,00 24. Advaita Bodha Deepika Índia - Marie Louise Burke: Prática e Resultados - Clara 5. A Conquista da – A Luz da Sabedoria não 24,00 M. Codd: 17,00 Felicidade - Kodo Dualista - Adi Shankara 43. Consciência e Cosmos 62. Meditação Taoísta Matsunami: 25,00 Swami: 31,00 - Menas Kafatos & Thalia – Métodos para Cultivar 6. A Doutrina do Coração - 25. Além do Despertar - Kafatou: 35,00 a Saúde da Mente e do Annie Besant: 21,00 Textos do Mestre Hakuin 44. Dentro da Luz - Cherie Corpo - Thomas Cleary 7. A Luz da Ásia - Edwin sobre Meditação Zen: 26,00 Sutherland: 33,00 (comp.): 24,00 Arnold: 26,00 26. Aos que choram os 45. Desejo e Plenitude - 63. Meditação – Um Estudo 8. A Potência do Nada - Mortos - C. Jinarajadasa Hugh Shearman: 15,00 Prático - Adelaide Gardner: Marcelo Malheiros: 23,00 [livro de bolso]: 13,00 46. Deuses no Exílio - J. J. 24,00 9. A Técnica da Vida 27. Apolônio de Tiana – Van Der Leeuw: 18,00 64. Meditações – Excertos Espiritual - Clara Codd: Sábio, Profeta e Renovador 47. Educação, Ciência e das Cartas dos Mestres de 23,00 dos Mistérios - G. R. S. Espiritualidade - P. Krishna: Sabedoria - Katherine A. 10. A Sabedoria Antiga - Mead: 25,00 35,00 Beechey (comp.) [livro de Annie Besant: 39,00 28. Aprendendo a Viver a 48. Em Busca da bolso] - 15,00 11. A Sabedoria Oculta na Teosofia - Radha Burnier: Sabedoria - N. Sri Ram: 65. Momentos de Bíblia Sagrada - Geoffrey 33,00 28,00 Sabedoria - H. P. Blavastky Hodson: 69,00 29. Aspectos Espirituais 49. Escritos Esotéricos [livro de bolso]: 15,00 12. A Senda Graduada das Artes de Curar - Dora - Subba Row - em 66. Não há outro caminho para a Libertação – van Gelder Kunz: 45,00 lançamento: 58,00 a seguir - Radha Burnier: Instruções Orais de um 30. Através do Portal da 50. Estudos Seletos em 28,00 Lama Tibetano - Geshe Morte - Geoffrey Hodson: “A Doutrina Secreta” - 67. O Alvorecer da Vida Rabten: 20,00 23,00 Salomon Lancri: 24,00 Espiritual - Murillo Nunes de 13. A Senda para a 31. Autobiografia de 51. Eu Prometo – Conversa Azevedo: 26,00 Perfeição - Geoffrey Annie Besant - em com Jovens Discípulos - 68. O Aperfeiçoamento do Hodson: 20,00 lançamento C. Jinarajadasa [livro de Homem - Annie Besant: 14. A Suprema Realização 32. Autoconhecimento - bolso]: 13,00 25,00 Através do Yoga - Geoffrey Marcos Resende: 18,00 52. Fotos de Fadas – As 69. O Caminho do Hodson: 31,00 33. Autocultura à Luz do Fotografias de Cottingley Autoconhecimento - Radha 15. A Tradição-Sabedoria Ocultismo - I. K. Taimni: -Edward L. Gardner: 18,00 Burnier [livro de bolso]: - Pedro Oliveira e Ricardo 43,00 53. Fundamentos da 13,00 Lindemann: 25,00 34. Autorrealização pelo Filosofia Esotérica - H. P. 70. O Chamado dos 16. A Vida Espiritual - Annie Amor - I. K. Taimni: 22,00 Blavatsky: 16,00 Upanixades - Rohit Mehta: Besant: 29,00 35. Bhagavad-Gita - Trad. 54. Fundamentos de 37,00 17. A Vida Interna - C.W. Annie Besant: 15,00 Teosofia - C. Jinarajadasa: 71. O Despertar da Visão Leadbeater: 41,00 36. Cartas dos Mahatmas 39,00 da Sabedoria - Tenzin 18. A Visão Espiritual da para A. P. Sinnett, vol. I. – 55. H. P. Blavatsky e a Gyatso, 14º Dalai Lama: Relação Homem & Mulher - Escritas pelos Mahatmas Sociedade para Pesquisas 25,00 Scott Miners (comp.): 35,00 M. e K. H.: 53,00 Psíquicas - Vernon 72. O Despertar de uma 19. A Vivência da 37. Cartas dos Mahatmas Harrison: 25,00 Nova Consciência – Ideias Espiritualidade – Uma para A. P. Sinnett, vol. II. – 56. Introdução à Teosofia - Centrais de “A Doutrina Proposta Prática ao Escritas pelos Mahatmas C.W. Leadbeater: 15,00 Secreta” - Joy Mills: 19,00 Alcance de Todos - Shirley M. e K. H.: 53,00 57. Investigando a 73. O Fim da Divindade Nicholson: 16,00 38. Cartas dos Mestres Reencarnação - John Mecânica – Conversas 48 SOPHIA • JAN/FEV 2018

Sobre Ciência e 85. O Poder Criativo, Clara 97. Pensamentos para 25,00 Espiritualidade no Fim de Codd: 23,00 Aspirantes ao Caminho 110. Teosofia como os Uma Era - John David Ebert 86. O Poder da Sabedoria - Espiritual - N. Sri Ram: Mestres a Veem - Clara (comp.): 35,00 Carlos Cardoso Aveline: 27,00 23,00 Codd: 35,00 74. O Hino de Jesus – Um 87. O Poder da Vontade 98. Pérolas de Sabedoria 111. Teosofia Prática - C. Rito Gnóstico - G. R. S. e seu Desenvolvimento - Sri Ramana Maharshi: Jinarajadasa: 21,00 Mead: 13,00 -Swami Budhananda: 27,00 112. Teosofia Simplificada - 75. O Homem, sua Origem 16,00 99. Pistis-Sophia - Trad. Irving Cooper: 23,00 e Evolução - N. Sri Ram: 88. O Segredo da Raul Branco: 49,00 113. Três Caminhos para a 19,00 Autorrealização - I. K. 100. Preparação para o Paz Interior - Carlos Cardoso 76. O Idílio do Lótus Taimni: 20,00 Yoga - I. K.Taimni: 25,00 Aveline: 27,00 Branco - Mabel Collins: 89. O Teatro da Mente – 101. Princípios de 114. Tudo Começa com 23,00 Uma Filosofia do Cosmo Trabalhos da S. T. - I.K. a Prece - Madre Teresa de 77. O Interesse Humano - e da Vida - Henryk Taimni: 17,00 Calcutá: 23,00 N. Sri Ram: 25,00 Skolimowski: 25,00 102. Procura o Caminho - 115. Um Estudo Sobre 78. O Lado Oculto das 90. Os Ensinamentos Rohit Mehta: 25,00 a Consciência – Uma Coisas - C.W. Leadbeater - de Jesus e a Tradição 103. Regeneração Humana introdução à psicologia - em lançamento Esotérica Cristã - Raul - Radha Burnier: 21,00 Annie Besant: 41,00 79. O Milagre do Branco: 57,00 104. Rumo ao Discipulado 116. Vegetarianismo e Nascimento - Geoffrey 91. Os Ideais da Teosofia - - J. Krishnamurti: 19,00 Ocultismo - C. W. Hodson: 16,00 Annie Besant: 25,00 105. Sabedoria Antiga e Leadbeater e Annie Besant: 80. O Mundo Oculto - A. P. 92. Os Mestres e a Senda - Visão Moderna - Shirley 21,00 Sinnett: 35,00 C.W. Leadbeater: 70,00 Nicholson: 35,00 117. Você Colhe o que 81. O Natal dos Anjos 93. Os Mestres e suas 106. Saúde e Espiritualida- Planta - Antonio Geraldo - Dora van Gelder Kunz - Mensagens - Raul Branco: de – Uma Visão Oculta da Buck: 17,00 13,00 22,00 Saúde e da Doença - 118. Vida e Morte de 82. Ocultismo Prático - 94. Os Sete Temperamen- Geoffrey Hodson: 20,00 Krishnamurti - Mary Lutyens: Helena Blavatsky: 15,00 tos Humanos - Geoffrey 107. Sete Grandes 39,00 83. Ocultismo, Hodson: 20,00 Religiões - Annie Besant: 119. Viveka-Chudamani – A Semiocultismo e Pseudo- 95. Os Sonhos - C.W. 39,00 Joia Suprema da Sabedoria - ocultismo - Annie Besant: Leadbeater: 20,00 108. Shiva-Sutras - I.K. Shankara: 31,00 16,00 96. O Verdadeiro Trabalho Taimni: 37,00 120. Yoga – A Arte da 84. O Plano Astral - C. W. da Sociedade Teosófica - 109. Sussurros da Outra Integração - Rohit Mehta: Leadbeater: 25,00 Sri Ram: 16,00 Margem - Ravi Ravindra: 45,00 Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 71 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Jan/Fev 2018 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ­____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 79,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 155,00 Por três anos (18 números) por R$ 199,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________ SOPHIA • JAN/FEV 2018 49


Revista Sophia nº 71

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