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Revista Sophia nº 57

Published by Editora Teosofica, 2021-04-01 18:14:09

Description: A Revista Sophia é uma publicação da Editora Teosófica, apresentando artigos que vertem sobre temas como filosofia, ciência e religião. Nesta edição:
• Ao leitor: Compreensão da vida;
• Conexão com a totalidade – Tim Boyd;
• A realização da espiritualidade – Mary Anderson;
• A doença do dinheiro – Anne Sermons Gillis;
• A aurora da nova ciência – Jacques Mahnich;
• Entrevista: Eben Alexander – Os mistérios da consciência – Richard Smoley;
• A verdadeira oração – Michael Van Buren;
• O momento presente – N. Sri Ram;
• Krishnamurti: uma mente livre – P Krishna.

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www.revistasophia.com.br ANO 13 • Nº 57 R$ 12,90

Editora Teosófica novos horizontes para viver melhor 0Pl8iag0ru0ae-6cg1o0rmá0tp2is0ra: r, www.editorateosofica.com.br

Cartas Sophia 57 DEREK LINK Os livros são gurus Ao leitor Compreensão da vida O trabalho que a Editora Teosófica faz com a publicação de livros de Teosofia e da revista 4 SOPHIA é inestimável! Como costumamos comentar aqui no grupo em Florianópolis, Conexão com a totalidade os livros são hoje os gurus que, antigamen- Tim Boyd te, as pessoas tinham que viajar por dias e por milhares de quilômetros para encontrar. 5 Adolfo Pfeifer – Florianópolis (SC) A realização da espiritualidade Mary Anderson Coração aberto 8 Gostaria de dizer que me sinto muito fe- liz por ter contato com um material tão no- SHUTTERSTOCK bre, enriquecedor e benéfico quanto a revis- ta SOPHIA. Eu a tenho encontrado constan- A doença do dinheiro temente como um recanto, um refúgio. Mi- Anne Sermons Gillis nha consciência tem repousado com paz e tranquilidade em suas encantadoras e inédi- 12 tas matérias. Para mim, tem sido um conci- liar o além e o aqui; é como se a presença do A aurora da nova ciência SHUTTERSTOCK invisível se tornasse palpável. Cada vez mais Jacques Mahnich o meu coração tem estado aberto ao amor, à vida e à imortalidade. 16 Lucas Souza – Nova Friburgo (RJ) Entrevista: Eben Alexander Os mistérios da consciência Sementes na terra Richard Smoley Acabei de renovar a assinatura da SOPHIA 18 por mais três anos. Sou muito grata pela qua- lidade da informação, fonte de inspiração e A verdadeira oração SHUTTERSTOCK iluminação. Michael Van Buren Hoje li uma mensagem que dizia que a 26 árvore podada é que mais frutifica. Dessa for- ma somos nós: quanto mais desafiados, mais O momento presente somos impelidos a evoluir. Assim são vocês: N. Sri Ram quanto maior o trabalho, maior o número de pessoas sedentas de informações. 32 É muito bom receber um pacote conten- Krishnamurti: uma mente livre do preciosidades que não encontramos facil- P. Krishna mente nas bancas e lojas. Vocês estão seme- ando. Certamente algumas sementes cairão 38 sobre pedras ou lugares insalubres, porém algumas cairão em terra boa, germinarão e frutificarão; mesmo que sejam poucas, terão assinalado seu trabalho com êxito. Tenham um bom dia, e que as boas ideias e inspirações sempre os acompanhem, esti- mulando-os a continuar esse trabalho tão construtivo. Fernanda Zordan Fontana – Concórdia (SC) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica pelo telefone (61) 3322- 7843 ou ligue grátis para 0800-610020. SHUTTERSTOCK

[ AO LEITOR ] Compreensão da vida Olá! Você tem em mãos a relata episódios muito interessantes sistem dividindo os homens de ci- SOPHIA nº 57, a revista que tem do seu contato e interação com esse ência, religiosos, filósofos e livres por objetivo a ampliação dos hori- grande ser, Jiddu Krishnamurti, pensadores, significa atuar em fa- zontes de compreensão da vida e que, falecido em 1986, deixou uma vor de um mundo melhor, a partir de nós mesmos. obra vasta, extraordinária, moderna de indivíduos, como eu e você, que e revolucionária no campo da cons- tentam desvendar os mistérios da Aos poucos, as barreiras de pre- ciência e da compreensão de nós existência e viver de acordo com a conceitos existentes entre a ciên- mesmos. Vale a pena ler. harmonia que se descobre por trás cia, a religião e a filosofia vão ruin- de todas as coisas. do. Neste exemplar de SOPHIA Outros textos, igualmente pro- você poderá ver como alguns passos fundos e interessantes, você irá en- Quando se avança nesse cami- são dados nessa direção, com a mu- contrar neste exemplar, como o que nho que pode ser chamado de “es- dança da consciência humana. Mui- trata da “Verdadeira oração”, de Mi- piritual”, mas que não é dissociado tas vezes isso ocorre a partir de um chael Van Buren; o relativo à “Co- do viver diário e dos acontecimen- conjunto de pesquisadores e, em nexão com a totalidade”, do Presi- tos no mundo, termina-se desco- outras, de experiências isoladas de dente Internacional da Sociedade brindo que a verdadeira transforma- indivíduos que se interessam em Teosófica, Tim Boyd, além do artigo ção passa pela mudança na consci- desvendar os mistérios da existên- de Mary Anderson, tratando da “Re- ência aliada ao serviço ao próximo. cia e tentam compartilhar suas per- alização da espiritualidade”. Não há crescimento isolado, por- cepções. Os artigos sobre “A aurora que todos somos células desse da nova ciência” e “Os mistérios da Se você aprecia SOPHIA, ajude imenso corpo chamado humanida- consciência”, que estão nesta edição, a divulgá-la para que outras pessoas de. Todos nós vivemos sob o mesmo são demonstrações claras nesse sen- possam compartilhar desse trabalho sol, nesta mesma nave que é a Ter- tido, como você poderá ver. de transformação da consciência. ra. Uma descoberta isolada em al- gum lugar do planeta pode afetar Há também neste número de Platão já dizia que as ideias go- toda a coletividade. SOPHIA outros artigos não somen- vernam o mundo. Elas também são te profundos, como o de Sri Ram, o fator decisivo para a glória ou a Como você pode ver, SOPHIA sobre “O momento presente”, mas miséria de nossas vidas pessoais. pode proporcionar a você insights igualmente práticos, com é o de Portanto, trabalhar pela evolução maravilhosos a partir de textos pro- Annie Gillis, que trata sobre “A do- da consciência, pelo despertar de duzidos por pessoas daqui ou de ença do dinheiro”. uma compreensão cada vez mais outras partes do mundo. Por que profunda em relação ao sentido da não ajudar de modo que outras pes- O artigo de P. Krishna sobre vida e sobre nós mesmos, livres das soas possam ter a mesma oportu- “Krishnamurti: uma mente livre” barreiras de preconceitos que per- nidade? FOTO: SHUTTERSTOCK Ano 13, nº 57 – Set/Out 2015 – Publicação da Ed. Teosófica Una-se a essa corrente de servi- ço impessoal ao próximo. Ajude a SIG Q.6, Lt. 1.235, Brasília-DF Edição: divulgar SOPHIA. Presenteie aos CEP 70.610-460 Usha Velasco amigos. Venha a ser coautor dessa Fone: (61) 3322-7843 Revisão: obra coletiva de transformação da E-mail: editorateosofica@ Zeneida Cereja da Silva consciência, em direção a um mun- editorateosofica.com.br Tr a d u ç ã o : do melhor, que possa ser habitado Site: www.editorateosofica.com.br Edvaldo Batista de Souza por pessoas plenas e felizes. Projeto gráfico e arte: Editor-chefe: Usha Velasco Um grande abraço. Até a próxima. Marcos Luis Borges de Resende Coordenadora editorial: Impressão: Marcos Luis Borges de Resende Zeneida Cereja da Silva Gráfika Papel e Cores Diretor-Presidente da Conselho Editorial: Marcos Luis Borges de Distribuição nacional: Sociedade Teosófica no Brasil Resende, Patricia Resende, Dinap Distribuidora Ltda Pedro Oliveira, Sergio Moraes, SOPHIA • SET-OUT/2015 Valéria Marques de Oliveira e * As imagens utilizadas são de Zeneida Cereja da Silva responsabilidade do editor-chefe 4

[ REFLEXÃO ] C‘otonetaxãliodacodme a Nossa existência humana é um local de encontro de correntes que estão sempre ‘fluindo e sempre mudando, no plano físico, emocional, mental e espiritual Tim Boyd* Ao olhar uma foto feita há dez anos, eu de algum modo me reco- nheço. Apesar das mudanças eviden- tes, sinto que sou a mesma pessoa. Essa maneira habitual de ver é para- doxal. Em um nível ela é correta, mas, ao mesmo tempo, é fundamen- talmente errada. Diz-se que todos os 75 trilhões de células do nosso corpo morrem e são substituídas a cada dez anos. Embora isso não seja exato, expres- MARCUS DUKES SOPHIA • SET-OUT/2015 “Os matemáticos 5 aplicam seus méto- dos à ideia de intere- xistência de manei- ras fascinantes, e chegaram a calcular que cada um de nós tem 200 bilhões de átomos de Buda.”

sa uma verdade fundamental sobre nal, nossa substância se dirige para USHA VELASCO a impermanência do corpo. No sen- os corpos de todas as criaturas. tido físico, estamos sempre mudan- Thich Nhat Hanh usa o termo “in- “No final, nossa substân- do; portanto, os fatos não apoiam a terexistência” para expressar essa cia se dirige para os cor- ideia da existência contínua do eu. radical interdependência, e afirma: pos de todas as criatu- “As lágrimas que chorei ontem se ras. Thich Nhat Hanh usa Embora o corpo físico seja a par- tornaram a chuva de hoje.” o termo “interexistência” te mais visível do que chamamos de para expressar essa ra- eu, nós também estamos fortemen- Os matemáticos aplicam seus dical interdependência, e te apegados a outras dimensões do métodos à ideia de interexistência afirma: “As lágrimas que ser – nossos sentimentos e pensa- de maneiras fascinantes. Depois de chorei ontem se torna- mentos. O que identificamos como calcular o número de átomos no cor- ram a chuva de hoje.” personalidade é a combinação de po de Buda e o número de átomos componentes físicos, emocionais e em um ambiente, chegaram à con- SOPHIA • SET-OUT/2015 mentais. Assim como o corpo físico, clusão de que cada um de nós tem esse arranjo é temporário e está sem- 200 bilhões de átomos de Buda. pre mudando; pensamentos e emo- ções vêm e vão rapidamente. Antes que isso infle o nosso ego e nos leve a reescrever o Dhamma- O material das emoções e dos pada ou a mudar as Quatro Nobres pensamentos também é considera- Verdades para cinco, precisamos do matéria, assim como um gás é ma- compreender que esses 200 bilhões téria pouco densa. Em Cartas dos são insignificantes. O corpo huma- Mahatmas para A. P. Sinnett (Ed. Te- no possui um número impressio- osófica), o Mestre K.H. faz uma ra- nante de átomos – um número de dical afirmação: “Acreditamos ape- quatro algarismos seguidos de 27 nas na matéria, na matéria como zeros. O contingente de Buda re- natureza visível e na matéria em sua presenta menos que um grão de invisibilidade.” Assim, uma corren- areia numa praia. Devemos também te contínua de pensamentos e sen- ter em mente que, além dos átomos timentos está em constante movi- de Buda, dentro de nós estão tam- mento, moldando os materiais de bém os átomos de Stálin, Pol Pot, nossos corpos astral e mental. A com- Nero e cada pessoa, animal ou plan- binação específica de matéria que ta que já viveu na Terra. cada um de nós identifica como “eu” se mantém unida durante o período Existe, aqui, um profundo prin- de vida e depois se dissolve nas uni- cípio em ação. Os materiais que pas- dades básicas de que consiste. sam através da personalidade são transformados pelo contato, acele- Ao final de uma vida, os proces- rados ou retardados pela qualidade sos de mudança que estiveram em da consciência em que estão cor- andamento se tornam mais pronun- porificados. Portanto, não devería- ciados. Na ausência de uma força mos olhar para a experiência de ser unificadora, o corpo físico se decom- humano como um estado sólido e põe. Todos os seus materiais se re- permanente; na verdade, nossa duzem a moléculas e átomos, que existência humana é um local de são reciclados no reservatório de ma- encontro de correntes que estão teriais usados para construir outras sempre fluindo e sempre mudan- formas de vida. do, no plano físico, emocional, mental e espiritual. Durante o tem- O mesmo acontece com o ma- po em que estão misturadas, cada terial das emoções e dos pensa- corrente influencia a outra; por- mentos. Num sentido bastante tanto, durante nossa vida estamos real, até mesmo fisicamente, so- continuamente mudando os mate- mos um com todos os seres. No fi- 6

riais que encontramos com as qua- tas atitudes, do entretenimento aos te de vida que flui através de nós. lidades da nossa consciência, e pas- relacionamentos, evapora quando sando-os adiante. tomamos consciência da nossa cone- De momento a momento escolhe- xão com a totalidade. O significado Essa ideia é perturbadora, pois de servir também se transforma. mos a qualidade do nosso intercâm- implica reconhecer a natureza ilu- Que ato de serviço poderia ter mai- sória e impermanente do eu. Mas or alcance que o cuidado com a qua- bio. Vamos contribuir com uma cor- também é uma ideia libertadora, lidade dos nossos pensamentos e das que elimina a necessidade de posse nossas emoções? Essa é a nossa me- rente lamacenta de emoções e pen- e de competição. O desgastante sen- lhor contribuição à contínua corren- timento de solidão que motiva mui- samentos confusos, ou com uma cla- SOPHIA • SET-OUT/2015 ra corrente de bênçãos? S * Tim Boyd é Presidente Internacional da Sociedade Teosófica. 7

[ APRENDIZADO ] A realização da espiritualidade Mary Anderson* nós – no centro do nosso interesse. DEREK LINK Espiritualidade Essa egoconcentricidade, e também planta O que é espiritualidade? É co- a antropocentricidade, que estão li- rezar antes de dormir mum ouvir falar de uma “atmosfera gadas a um sentimento de superio- meditação de manhã espiritual”, de uma pessoa espiritu- ridade, são muitas vezes refletidas al, de um livro espiritual. Obvia- em nossa atitude em relação àque- SOPHIA • SET-OUT/2015 mente isso tem a ver com o espírito. les que consideramos estrangeiros Mas o que é espírito? ou estranhos, e também em relação a outras espécies de animais e plan- O significado mais profundo des- tas. Isso pode levar ao desrespeito se termo talvez esteja nas palavras pela vida e até mesmo à violência. de São Paulo, que descreveu o ho- mem como espírito, alma e corpo. Mas foi dito que a hora de maior Pode-se compreender o espírito escuridão antecede a aurora. Algum como a centelha divina, o aspecto dia, mesmo em nosso futuro distan- mais profundo de um ser humano, te, o ponto crítico deve surgir. Tal- embora raramente estejamos cons- vez já tenha começado a surgir aos cientes a esse nível, se é que algu- poucos. É bom procurar esses raios ma vez estivemos. A alma deve se de esperança. referir à nossa natureza espiritual, que encarna e desencarna; o corpo Como indivíduos, o que temos de refere-se não apenas ao nosso corpo fazer para acelerar a percepção da to- físico propriamente dito, mas tam- talidade, da unidade? Podemos e de- bém aos nossos pensamentos e sen- vemos começar com nós mesmos. A timentos cotidianos. auto-observação deve levar à autoper- cepção e ao autoconhecimento. Todos os seres são um em sua na- Quando estamos pensando que de- tureza divina e em sua existência terminadas pessoas têm certos defei- mais profunda, embora atualmente tos, devemos perguntar a nós mes- não tenham consciência disso. A es- mos se é esse realmente o caso – ou piritualidade é definida, objetiva- não será verdade que cada deficiên- mente, como a fusão na unidade di- cia tem seus aspectos positivos? vina, e, subjetivamente, como a re- alização do Um nos muitos. A proverbial avareza dos escoce- ses (eu sou escocesa) pode ser me- Vivemos num mundo de diversi- dade. Percebemos abundância e va- “Vivemos num mundo de riedade maravilhosas na natureza. diversidade. Percebemos Nenhuma folha é igual a outra, as- abundância e variedade sim como não existem duas pessoas maravilhosas na natureza. iguais, tanto psicologicamente Nenhuma folha é igual a quanto fisicamente. outra, assim como não exis- tem duas pessoas iguais, Nosso ser físico e nossa natureza psicológica ou fisicamente.” psicológica ainda não refletem nos- sa natureza interna. Assim, todos nós tendemos a nos situar – e talvez àqueles que são mais próximos de 8

SOPHIA • SET-OUT/2015 99

lhor do que o desperdício. E não se- nos outros podem também estar ção de uma atmosfera de crítica e rão as fraquezas muitas vezes virtu- presentes em nós. Podemos, incons- rejeição. Até mesmo o silêncio, a des disfarçadas, virtudes que foram cientemente, projetá-las nos outros, recusa de participar da injúria, pode exageradas ou degeneradas? A ava- para evitar condená-las em nós mes- ser mais eficaz do que a condenação reza pode ser frugalidade exagerada, mos. Observar nossas próprias fra- direta para aqueles que têm “ouvi- a brutalidade pode ter se originado quezas pode ser o primeiro passo. dos para ouvir”. da coragem, o sentimentalismo tolo Devemos evitar a tentação de parti- pode ser amor que se extraviou. cipar do abuso aos outros ou de es- Pensamentos positivos e gentis palhar boatos maledicentes, contri- devem substituir pensamentos ne- Além disso, as tendências que buindo, dessa maneira, para a cria- gativos e indelicados. Se o egoísmo percebemos e talvez condenemos desaparece, certamente prevalece o 10 SOPHIA • SET-OUT/2015

“A meditação pela SHUTTERSTOCK se espera pagamento além das des- devemos nos observar. Devemos per- manhã também pesas justificáveis, o aspirante deve ceber quando estamos sendo egoís- pode ajudar muito se precaver. Na verdade, devemos tas, impacientes ou até mesmo cru- em nossa busca buscar e encontrar o guru dentro de éis. À noite, antes de dormir, é bom pelo autoconheci- nós mesmos, nas profundezas de rever os eventos do dia, procurando mento. Cabe ao nosso ser, e seguir nossa consciên- por momentos de má vontade que de indivíduo descobrir cia (tomando o cuidado para que não algum modo se revelaram. o tipo de medita- seja “a consciência de um tolo”!). ção a que melhor Diz-se que, quando a morte se se adapte.” Se a pessoa está numa posição de aproxima, automaticamente reve- liderança, ela precisa ser capaz de mos a vida que está terminando. Isso amor e a compreensão. Podemos sa- ver e, com infinita paciência e com- encontra apoio no que tem sido re- ber em teoria, em nosso ser mais preensão, evocar a mais profunda latado por algumas pessoas que se recôndito, que somos divinos. Um natureza espiritual naqueles que aproximaram da morte, quando, por pouco desse conhecimento nos pro- são seus subordinados. Dessa manei- exemplo, estavam se afogando ou tege contra um grande perigo. ra, os outros podem de boa vontade passando por uma operação perigo- assumir atividades e tarefas que até sa, mas que sobreviveram. Então os A pessoa pode ter um guru, mas então pareciam desagradáveis, difí- eventos de suas vidas “passam como muitos dos chamados (ou autopro- ceis ou mesmo impossíveis. Como um filme” diante delas. clamados) gurus não são verdadei- na história sobre um soldado que ramente espirituais. Se um guru es- deixou cair seu fuzil (talvez por can- A meditação pela manhã tam- pera obediência cega e absoluta, ou saço ou obstinação) e recusou-se a bém pode ajudar muito em nossa pegá-lo quando alguns oficiais orde- busca pelo autoconhecimento. Cabe SOPHIA • SET-OUT/2015 naram-lhe que o fizesse, talvez com ao indivíduo descobrir o tipo de me- rudeza, mas que imediatamente ditação a que melhor se adapte. As atendeu quando o general gentil- palavras de alguma escritura podem mente lhe pediu a mesma coisa: ser úteis. E também pode ser útil “Sam, pegue seu fuzil.” observar a respiração. Se pudermos nos colocar no lu- Mas, acima de tudo, é ainda me- gar dos outros com sentimento e lhor se conseguirmos ficar consci- gentileza semelhantes, lembrando entes de nós mesmos durante o dia talvez as dificuldades que nós mes- – observando o que estamos fazen- mos tivemos no passado e com as do, o que estamos pensando e sen- quais nos deparamos agora, é mais tindo, embora o pensamento não provável que sejamos bem-sucedi- deva interferir em nossas ações. O dos em liderança. Se, por outro lado, Zen Budismo dá muitos exemplos formos ríspidos e impacientes com de diálogos que se relacionam a essa os subordinados, podemos, em al- autopercepção. O noviço pede ins- gum momento, nos encontrar na trução, e o mestre Zen pergunta: “Já mesma posição deles (nesta ou em fizeste tua refeição?” O noviço res- uma vida futura, quem sabe?). ponde: “Sim.” O mestre diz: “Ago- Como afirma Edwin Arnold em A Luz ra, lava tua louça.” Afirma-se que da Ásia (Ed. Teosófica), “quem la- Christmas Humphreys, o “juiz gen- butou como escravo pode retornar til”, fundador da Sociedade Budista como príncipe, pelo gentil mereci- na Inglaterra, dizia, quando mem- mento e mérito obtidos; quem go- bros da Sociedade entravam no apo- vernou como rei pode errar pela Ter- sento: “Tu jamais deixarás este apo- ra em farrapos, por coisas feitas e sento novamente.” Ele queria dizer deixadas de fazer”. que as pessoas deveriam viver cada momento da vida como algo novo, Certamente seria falso se nós nos isto é, com completa percepção. S forçássemos a ser gentis tendo em mente o bom karma, pois, acima de * Mary Anderson foi secretária internacional todos os motivos, nossa atitude inte- da Sociedade Teosófica e é autora de artigos rior também conta. Isso significa que sobre teosofia e religião comparada. 11

[ VIDA MODERNA ] A doença do dinheiro 12 SOPHIA • SET-OUT/2015

“O lado luminoso de SHUTTERSTOCK Anne Sermons Gillis* vidas, harmonizei os relacionamen- aprender a atrair di- tos, atraí dinheiro e passei por ex- Este artigo é para o cidadão oci- periências espetaculares. nheiro é pagar as dental comum, que tem tempo e contas e se livrar da percepção para ponderar sobre dra- Infelizmente, porém, eu asso- preocupação finan- mas existenciais. Eu vivo uma vida ciei as ideias de dinheiro e felicida- ceira. O lado sombrio privilegiada, e reconheço que meus de; meu bem-estar estava condici- desse conhecimento insights se devem ao luxo de viver onado a circunstâncias e aquisições. nos mantém focados em relativa segurança. Há uma gran- Àquela altura, estava fazendo a em ganhar em vez de de variedade de alimentos na mer- mim mesma uma pergunta clássi- cearia e eu tenho dinheiro mais do ca: “Será que tudo se resume a receber e de dar.” que suficiente para comprá-los. isso?” Embora eu me sentisse mais segura a respeito de dinheiro e pu- SOPHIA • SET-OUT/2015 Minha infância foi comum; a dis- desse atrair muitas coisas que dese- função era a norma, e eu era uma java, descobri que o sofrimento era neurótica normal. A confusão mo- o meu jogo; a lei de atração podia netária era não apenas uma tradição trazer mais posses, mas não curava o de família, era uma condição mun- vício do sofrimento. dial. O dinheiro era adorado por al- guns e demonizado por outros. Ora- Não há dúvida de que ter dinhei- dores motivacionais promoviam o ro torna a vida mais fácil. É um alí- sucesso profissional e financeiro; lí- vio pagar as contas, cumprir com deres espirituais ensinavam que o nossas obrigações e ter fundos para dinheiro prejudica a alma. Para gastar discricionariamente. No en- onde quer que eu olhasse, as men- tanto, não basta ter dinheiro para sagens eram as mesmas. De um lado, superar a experiência emocional da “consiga mais: o dinheiro é a respos- escassez. A pessoa precisa curar as ta”. De outro, “simplifique, livre-se, feridas do abuso da abundância. Vi- fuja; o dinheiro é o problema”. vemos num mundo de abundância, mas aprendemos acreditar que nun- Eu explorei o caminho espiritu- ca há o suficiente. Nós mesmos pro- al e alternativo durante anos. Sen- jetamos o desejo na crença de que o tia-me só e pensava que era a única dinheiro pode amenizar esse dese- pessoa vivendo uma vida metafísica. jo. Ter dinheiro suficiente dá início Até que fiz um curso de controle a um processo de cura, mas não bas- mental, que acontecia numa igreja. ta para nos levar à terra prometida Na primeira cerimônia, chorei: eu da vida abundante. não estava mais só, havia mais pes- soas como eu em toda parte. A maioria das pessoas não com- preende que o dinheiro não é o pro- As pessoas, nesse curso, não de- blema. Elas dão duro para ganhar fendiam que o dinheiro é a raiz de mais, gastam mais do que precisam todos os males. Elas diziam que há e sonham que a vida será melhor um princípio, também conhecido quando tiverem mais. É uma doen- como Deus, que supre as nossas ne- ça. Planejamento interminável, es- cessidades. O dinheiro não era nem tratégias e preocupações a respei- glorificado nem depreciado: minha to do dinheiro são a doença do di- atitude poderia atraí-lo ou repeli-lo. nheiro. Infelizmente é uma doen- Eu podia deixar de ser vítima e me ça contagiosa, e atingiu proporções tornar criadora. epidêmicas. A última forma dessa doença é a magia do dinheiro; os Foi uma libertação: eu não esta- magos do dinheiro não o difamam va mais impotente. Trabalhei o meu – eles o desafiam. relacionamento com o dinheiro e comecei a me curar da minha doen- Fiquei feliz quando foi lançado o ça monetária. Aprendi a manifestar livro The Secret (O Segredo), de coisas materiais. Paguei minhas dí- Rhonda Byrne, em 2006. As pesso- 13

as gostam de aprender sobre as anti- desapareceram, temos populações maturidade se você estuda há 25 gas leis de atração. Somos criadores, de refugiados do clima – e os magos anos os antigos ensinamentos de sa- não vítimas. Contudo, para mim, do dinheiro ainda estão ensinando bedoria e os usa apenas para encon- algo não ficou claro. Fiz o curso, mas como obter mais posses. Nosso pla- trar uma vaga no estacionamento. esperava que em algum momento neta e nossa alma não podem se per- Infelizmente, muitas das atividades as pessoas pudessem parar de ver mitir esse tipo de “sucesso”. Ele é de cursos desse tipo enfocam o ma- “mais dinheiro” como a raiz de todo espiritualmente devastador. terialismo espiritual. Até mesmo a o bem. Quem precisa, merece ou gratidão pode ser avaliada como tem que ter uma casa de 10.000 m2? É fácil ser sugado para o frenesi mercadoria, em vez de um estado Quem precisa ter um automóvel ca- do domínio da mente, do encanta- de espírito. ríssimo, que consome gasolina em mento em grupo e do pensamento excesso? Nossas árvores foram der- positivo. As pessoas para quem es- O lado luminoso de aprender rubadas, nossos rios estão poluídos, sas ideias são novas estão numa lua como atrair dinheiro é que a pessoa 85% dos grandes peixes do oceano de mel metafísica; a energia é se- consegue pagar as contas e se livrar dutora. Mas existe um problema de da preocupação financeira. O lado 14 SOPHIA • SET-OUT/2015

“Cuide da sua mente. uma lista de afazeres metafísicos tualidade verdadeira. Se usada Se tem fome, coma; se que nunca pode ser completada. O tem sede, beba; se pre- ego exige mais ação, mais planeja- como muleta emocional, ela embo- mento e mais controle. Ele analisa cisa pagar as contas, cada situação e compra ou rejeita ta a alma, pois nos retira do momen- atraia dinheiro. O proble- ideias baseado em manter seguro o ma surge quando o ego corpo e certas construções mentais. to presente, com uma falsa espe- nos impele a obter mais.” É exaustivo exprimir tudo em ter- mos positivos; tentar controlar a rança de que o dinheiro forneça a sombrio desse conhecimento nos vida se torna um fardo pesado. Pala- mantém focados em ganhar em vez vras positivas trazem alívio ao hábi- chave para o poder ou o amor, ou de receber e de dar. Receber é uma to de ser pessimista ou cínico; po- arte sem esforço, e a verdadeira doa- rém, quando cada pensamento é po- de que possamos comprar as expe- ção liberta a alma, mas ganhar mais liciado, a intenção de ser positivo se dinheiro, mais posses e mais experi- torna um imperativo esmagador de riências espirituais que precisamos ências espirituais nos leva de volta perfeição. A espontaneidade sofre, ao sofrimento. Adquirir cada vez e nossa necessidade de ser otimista realizar. Nosso esforço deve ser mais coisas é o plano do ego para es- se volta contra nós. pantar o medo, mas é apenas uma para descobrir quem somos, em vez solução temporária. O pensamento positivo é apenas um componente da liberdade emo- de o que queremos. Que tal prati- A metafísica se baseia na mente; cional. Nossa vida exige muito mais a espiritualidade, no coração. Bus- que regras para guiar o comporta- car a presença em vez de usá-la em car cada vez mais dinheiro nos dá mento. O pensamento positivo tem o seu lugar, juntamente com mui- busca de lucro? SOPHIA • SET-OUT/2015 tas outras formas de expressão au- têntica, mas, a não ser que se asso- A abundância é o nosso estado cie à sabedoria e à autenticidade, ele se torna um patrão, não um instru- mental. Curamos pensamentos e mento da criação. sentimentos de escassez quando vi- Nossa vida se torna mais fácil quando a mente deixa de agir como vemos no presente, que é um esta- um governante autoritário e gera- dor de conflitos. Quando mergulha- do de abundância. Tentar anular mos na bondade onipresente, desa- parece a necessidade de mudar, ma- nosso medo em relação ao dinhei- nipular, dissecar, controlar ou obter mais. Entramos no reino e repousa- ro só alimenta o medo. Quando es- mos na paz da existência. sas ilusões aparecem na tela da Cuide da sua mente. Se tem fome, coma; se tem sede, beba; se vida, trabalhamos muito para pre- precisa pagar as contas, atraia di- nheiro. O problema surge quando o encher o vazio. Quando preenche- ego nos impele a obter mais. Com o ego no comando, há um desassosse- mos um vazio, logo surge outro no go permanente que nos mantém correndo atrás de mais aquisições e horizonte. Mas, se compreende- de metas sem significado. “Ter” não deve ser o tema central da vida de mos que o vazio é mental e que a uma pessoa; isso é neurotizante. O espírito se eleva em ser, não em fa- escassez é o demônio do pensamen- zer, obter ou ter. to dualista, criamos a totalidade da A magia do dinheiro funciona, mas apenas dentro de uma espiri- realidade presente. A mente, quando não está cons- ciente de sua verdadeira natureza, espreita a realidade com uma agen- da de afazeres. É na decisão de parar SHUTTERSTOCK a mente, para que ela possa se ren- der e repousar em quietude, que nos tornamos pacíficos. Esse modo de vida nos protege das questões li- gadas ao dinheiro, de modo que nos- so humor não sofre altos e baixos de- vido ao balanço bancário. A meditação é a ponte para o autoconhecimento e o contenta- mento. Quando conseguimos ficar quietos e conhecemos a Fonte, encontramos um dinâmico repou- so espiritual que restaura e reno- va nossa vida. Esse caminho nos afasta do sofrimento. S * Anne Sermon Gilles é escritora, ativista e pre- sidente da Loja da Sociedade Teosófica em Houston, nos EUA. 15

[ EVOLUÇÃO ] ANDREAS KRAPPWEIS A aurora da ‘ nova ciência A mudança da ciência materialista para uma ciência pós-materialista pode ser de vital importância para a ‘evolução da civilização, ainda mais fundamental do que a transição do egocentrismo para o heliocentrismo 16 SOPHIA • SET-OUT/2015

Jacques Mahnich* peculava sobre ondas gravitacionais Rupert Sheldrake, Charles Tart e induzidas por eventos cósmicos, outros, que se uniram com o intui- Atualmente, a ciência e a tecno- como as estrelas de nêutrons, a for- to de abrir os horizontes da ciên- logia estão no topo do poder, e sua mação de buracos negros ou a coli- cia. Em 2014 eles organizaram uma prevalência parece incontestável. são de galáxias. Mas, após mais de reunião de cúpula chamada Ciên- No entanto, dentro da própria ciên- 25 anos ouvindo o cosmo, nenhu- cia Pós-materialista, Espiritualida- cia surgem dificuldades que contes- ma onda gravitacional foi detecta- de e Sociedade, para discutir o im- tam essa prevalência. Elas podem re- da, e nenhuma partícula de grávi- pacto da ideologia materialista so- velar um desfecho inesperado para ton (que se supõe conduzir à inte- bre a ciência e o surgimento de um o atual modo científico de pensar. ração gravitacional). A teoria das paradigma pós-materialista, que in- cordas, depois as teorias das super- clui a espiritualidade e a sociedade. A ciência está baseada no concei- cordas e agora a teoria-M tentaram O relatório desse encontro pode ser to básico de que toda realidade é oferecer um modelo de realidade encontrado em opensciences.org. material. Não existe outra realidade com um número quase infinito de senão a realidade física; a consciên- universos potenciais. Após mais de O grupo publicou um manifesto cia é um subproduto da atividade ce- trinta anos de investimentos e tes- que aborda os seguintes pontos: rebral fisiológica; a matéria é desti- tes, ainda estamos buscando provas tuída de qualquer consciência; a evo- da supersimetria. Bem ou mal, a te- 1. A mente representa um aspecto lução não tem meta; Deus só existe oria do multiverso não pode ser ob- da realidade tão primordial quan- dentro dos cérebros humanos. Esta é servada, e, portanto, não pode ser to o mundo físico. A mente é fun- a filosofia mecanicista, materialista, plenamente validada. damental no universo, isto é, não moldada há três séculos e dominan- pode ser derivada da matéria e re- te desde o século XIX. Começamos a ouvir, entre os ci- duzida a nada mais básico. entistas, que “talvez não saibamos”. Nos últimos duzentos anos, os A matéria visível fornece apenas 4% 2. Existe uma interconexão profun- cientistas materialistas afirmaram das evidências que deveria suprir da entre a mente e o mundo físico. ser capazes de explicar tudo usando para validar as leis físicas básicas, de a física e a química: era apenas uma acordo com a Teoria da Relativida- 3. A mente (vontade/intenção) questão de tempo e investimento. de. Os modelos existentes parecem pode influenciar o mundo físico Assim se produziram modelos que realmente em perigo, e o acúmulo e opera de um modo não local, ou tentaram descrever a realidade de becos sem saída está provocando seja, não está confinada a pontos como fruto da teoria – uma realida- reações de bom senso em alguns ci- específicos como cérebros e cor- de vista, medida e validada. Os prin- entistas – mas poucos, porque a pos, ou a momentos específicos cipais são (1) o modelo padrão, que maioria ainda acredita no velho cre- no tempo, como o presente. descreve o processo de criação das do materialista. É interessante no- partículas, baseado nas Teorias do tar que essa crença é semelhante a 4. As mentes são aparentemente Campo Quântico. Esse modelo ga- uma fé religiosa, cega e dogmática, irrestritas e podem se unir de nhou outra prova de observação em- com as mesmas consequências de uma maneira que sugere a exis- pírica com a descoberta da Partícula credos religiosos que não fazem sen- tência de Uma Mente inclusiva, Higgs, em 2012. O outro (2) é a te- tido ou que estão muito distantes que abarca todas as mentes in- oria do Big Bang, o modelo cosmo- da percepção comum. dividuais. gônico do universo, baseado na Te- oria Geral da Relatividade. Mas as bases do materialismo es- 5. Os cientistas não devem ter medo tão estremecendo. O excesso de in- de investigar a espiritualidade e Os dois modelos parecem perfei- consistência está minando a crença as experiências espirituais, já que tos em cada um de seus domínios de na todo-poderosa ciência. Esses fa- elas representam um aspecto validade. Existe apenas um peque- tos, juntamente com a rígida men- central da existência humana. no senão: ninguém foi capaz, até talidade dos terrenos acadêmicos, agora, de conciliar as duas teorias estão levando ao surgimento de mo- O manifesto conclui que a mu- para oferecer uma visão consisten- vimentos de cientistas que desejam te da realidade. Einstein e outros ci- um escopo mais amplo de pesquisa, dança da ciência materialista para entistas dedicaram a vida à pesquisa incluindo outros planos de consci- de uma Teoria de Tudo, sem suces- ência que não o físico. uma ciência pós-materialista pode ser so. Existem muitas discrepâncias re- conhecidas pela comunidade cien- Um exemplo recente é um gru- de vital importância para a evolução tífica: a Teoria da Relatividade es- po que inclui Mário Beauregard, da civilização, ainda mais fundamen- SOPHIA • SET-OUT/2015 tal do que a transição do egocentris- mo para o heliocentrismo. S * Jacques Mahnich é conferencista e membro da Sociedade Teosófica na Inglaterra. 17

[ ENTREVISTA • EBEN ALEXANDER ] Os mistérios da ‘consciência Entre os cientistas de todo o planeta, a origem da consciência é o mais vexatório enigma. Apesar da crescente dedicação ao estudo do cérebro, ‘nenhum neurocientista é capaz de apresentar uma explicação convincente sobre isso 18 SOPHIA • SET-OUT/2015

“A nossa consciência é algo SHUTTERSTOCK Richard Smoley* soubesse a respeito da realidade. muito profundo e misterioso. Sofri um caso grave de meningite O pensamento intelectual en- bacteriana. Somente ao olhar para É aquela parte de nós que frenta hoje uma insurreição a res- trás, meses e meses depois, come- percebe, a parte que sabe peito de visões de mundo. A visão cei a compreender como a meningi- de sua própria existência e materialista do universo exclui au- te é o modelo perfeito para a morte da existência do universo.” tomaticamente tudo que se relacio- humana, especialmente sob a forma na ao “espiritual”, mas as evidências que me acometeu: ela basicamente SOPHIA • SET-OUT/2015 que vêm à luz refutam essa ótica dissolve o neocórtex. estreita, e cada vez mais intelectu- ais se posicionam contra ela. A moderna neurociência diz que o neocórtex – a superfície externa O neurocirurgião norte-america- do cérebro – é a parte que dá ori- no Eben Alexander é um dos exem- gem a todos os detalhes da experi- plos mais famosos dessa insurreição. ência consciente. Como essa doen- Em 2008 ele entrou em coma por ça destrói o neocórtex, qual é o pas- causa de uma meningite. Num esta- so seguinte? Teria sido óbvio para do em que, do ponto de vista con- mim, como neurocientista, que o vencional, não deveria ter consciên- passo seguinte fosse o nada. Qual- cia de nada, ele teve uma visão reve- quer médico que conheça alguma ladora de outros mundos além deste. coisa a respeito de meningite bac- teriana gram-negativa compreende- Alexander descreve essa jornada ria que as pessoas não entram nesse em um best seller chamado Proof of estado e retornam com alucinações, Heaven: A Neurosurgeon’s Journey sonhos ou histórias exóticas – elas into the Afterlife (Prova da Existência retornam sem nada. Na verdade, do Céu: a Jornada de um Neuroci- elas geralmente não retornam. O rurgião ao Pós-Vida). O livro, divul- que aconteceu comigo foi exata- gado em todo o país, rendeu a ele a mente o oposto, e meu retorno, ob- capa da revista Newsweek – além das viamente, não foi uma alucinação. usuais tentativas de ridicularização. Desde então ele tem viajado para dar A extraordinária odisseia por que palestras sobre o assunto. passei, e que descrevi no meu livro Proof of Heaven, não deveria aconte- Você pode descrever para nós a cer sob nenhuma condição, segundo experiência por que passou? todas as modernas teorias de que o cérebro cria a consciência. Contudo, Eu passei mais de vinte anos na eu permaneci vivo com essa experi- prática de neurocirurgia acadêmica ência absolutamente surpreenden- e pensei que tinha alguma ideia de te, ultrarreal, que pareceu durar como a consciência da mente e do meses ou anos, embora tenha se en- cérebro funcionava. Aderi plena- caixado dentro de sete dias terrenos. mente à mentalidade materialista e redutiva da neurociência do século Para mim, esse foi o mistério XX, que fala sobre os neurônios do central: como pode ser possível que, cérebro e de relação com a consci- ao se destruir o neocórtex, tenham ência. Muito embora ninguém ti- sido retirados os antolhos para per- vesse a mínima ideia de como isso mitir que viesse à existência um sa- funcionava, eu pensei que precisá- ber mais rico, mais real e abrangen- vamos apenas estudar mais para com- te? Foi isso que me levou a chegar a preender esse assunto. alguma explicação. É por isso que a doença, que co- Como você vê, agora, a rela- meçou em novembro de 2008, foi ção entre cérebro e mente? tão revolucionária para o meu modo de pensar. Tive que recuar e questi- Antes do coma, como neuroci- onar tudo que sempre pensei que entista convicto de que o cérebro cria a consciência, eu não prestava 19

atenção às Experiências de Quase isso. Há pessoas que me procuram existe no âmago de tudo que é. An- Morte (EQM). Eu teria dito que elas sem saber nada sobre essa literatu- tes do coma eu teria sido tentado a eram os estertores de um cérebro ra, mas compartilham comigo im- dizer que o cérebro, a química, a bi- moribundo. Mas, na verdade, elas es- pressionantes histórias pessoais de ologia criam uma ilusão de realida- tão ligadas a um ser espiritual subs- experiências de quase-morte, co- de, uma ilusão de livre-arbítrio. Na tancial, consciente e eterno. Aque- municações pós-morte, memórias verdade isso é absolutamente retró- les que tiveram essa experiência fa- de vidas passadas e viagens fora do grado. O que verdadeiramente exis- laram de uma realidade muito mais corpo. Não há como fingir que isso te é a consciência, a alma. real do que esta. O mesmo se dá com é algum tipo de histeria coletiva ou a literatura do pós-vida, que remon- que tudo isso são artimanhas do cé- Até mesmo a física moderna está ta há milhares de anos. rebro. É algo muito maior. se apressando em dizer que não exis- te matéria. Existem cordas de ener- Todas as palestras que tenho Eu compreendi que a consciên- gia em vibração e espaço-tempo hi- dado ao redor do mundo são sobre cia, a alma ou o espírito é algo que perdimensional. E a consciência é 20 SOPHIA • SET-OUT/2015

essencial para a realidade emergen- SHUTTERSTOCK Myers –, mas mesmo assim perdeu ca eu oriento as pessoas a lerem um te. A única coisa que sabemos que atratividade no auge do século XX, livro maravilhoso de Edward Kelly, existe é a nossa própria consciência. quando a ciência foi tragada pelo es- Toward a Psychology for the Twenty- quema de explicações materialistas. First Century (Rumo a uma Psicolo- Qualquer modelo ou qualquer gia para o Século XXI). São 800 pá- tipo de explicação científica da natu- Considerando tudo isso, como ginas de análises e dados científicos reza da realidade deve começar com você define a consciência? que mostram com muita clareza que uma explicação muito mais robusta o cérebro não cria a consciência, que do que é a consciência. Ela não é cri- A consciência é o observador, a ele é um filtro redutor. Isso ajuda a ada pelo cérebro. O cérebro é uma percepção. Estamos tão envolvidos compreender o mistério da mecâni- válvula, um filtro redutor. Essa ideia pela adoração do ego, do cérebro lin- ca quântica, que há cem anos já es- se popularizou no final do século XIX guístico e do pensamento racional tava provando que a consciência é entre muitos cientistas brilhantes – que perdemos de vista o fato de que fundamental na existência de qual- William James, Carl Jung, Frederic a nossa consciência é algo muito quer realidade no universo. A cons- profundo e misterioso. É aquela par- ciência é filtrada pelo cérebro, não “Pessoas me procu- te de nós que percebe, a parte que criada pelo cérebro. ram e compartilham sabe de sua própria existência e da histórias pessoais de existência do universo. Você diz que o modelo materi- experiências de quase- alista do cérebro e da mente está morte, memórias de A pequenina voz em minha ca- sendo desafiado de modo crescen- vidas passadas e via- beça, o cérebro linguístico, firme- te dentro da própria ciência. Há gens fora do corpo. mente preso ao pensamento racio- evidências disso, particularmente Não há como fingir nal e ao ego, pode fazer um pedido, em psicologia e neurologia? que isso é algum tipo afirmar uma intenção, oferecer gra- de histeria coletiva ou tidão, mas existe muito mais sabe- Entre os cientistas de todo o pla- que tudo isso são arti- doria quando a pessoa se aprofunda neta, a origem da consciência é o manhas do cérebro.” na consciência. Isso é algo que aque- mais vexatório enigma. Apesar da les que meditam, os monges tibeta- crescente dedicação ao estudo do SOPHIA • SET-OUT/2015 nos, aqueles que se aprofundaram cérebro, nenhum neurocientista é no estudo da consciência ao longo capaz de apresentar uma explicação de milênios têm tentado nos dizer. convincente sobre isso. Muitos neu- rocientistas que estudam esse pro- Contudo, somente agora a ciên- blema constatam que, quanto mais cia está começando a reconhecer sabemos a respeito do cérebro, mais que nas profundezas da própria cons- compreendemos que ele não é o cri- ciência podemos encontrar evidên- ador da consciência. Ele está clara- cias de que estamos ligados a algo mente relacionado à consciência, muito maior do que a visão reducio- apenas como um filtro redutor. nista do cérebro como criador da consciência. Quando compreende- Muitas vezes os colegas me de- mos que a coisa funciona ao contrá- safiam, dizendo que não faz sentido rio, podemos entrar em contato com eu alegar que minha consciência se a consciência através da meditação tornou mais nítida e real enquanto profunda. Assim, aprendemos que a meu cérebro em coma era destruí- consciência é não local. do pela meningite. Eu respondo as- sinalando dois fenômenos clínicos Antes do coma eu acreditava que comumente observados por neuro- só podemos conhecer as coisas atra- logistas e neurocientistas. Um de- vés dos sentidos. Desde então com- les é a “lucidez terminal”, que assi- preendi que fenômenos como telepa- nalo em meu livro. Quando se apro- tia, precognição, experiências de qua- ximam da morte, pacientes idosos e se-morte, comunicações pós-morte, muitas vezes dementes podem ter memória de vidas passadas e a tremen- “oásis” de pensamento, memória e da literatura científica sobre reencar- interação muito claros. Isso desafia nação estão provando que a consci- completamente qualquer tipo de ência é não local. É importante com- explicação. Outros fenômenos co- preender o conceito de consciência não local. Na comunidade científi- 21

mumente observados estão ligados gativas, onde as pessoas encon- SHUTTERSTOCK “Na minha jornada, a um estado chamado de “síndrome tram infernos ou demônios. Como compreendi a impor- de sapiência adquirida”, quando al- isso se encaixa no seu esquema? tância da música e gum tipo de dano cerebral, como da vibração, que é derrame ou traumatismo craniano, Quando se analisa um grande parte do trabalho leva a um estado de funcionamento número de experiências de quase- que faço usando o mental sobre-humano. Essas síndro- morte, percebe-se que de 95% a 98% som para estimular a mes de sapiência são muito comuns; são positivas e amorosas, indepen- habilidade de trans- vi muitas delas como neurocirurgião. dentemente das circunstâncias do cendência e de ele- Vi pessoas com dano cerebral revela- paciente. São relatadas experiênci- vação que as nossas rem habilidades espantosas de me- as de amor incondicional por parte almas possuem.” mória, cálculo, representação gráfi- de um ser espiritual infinitamente ca ou criatividade musical – habili- poderoso, e mensagens amorosas Mas eu também alternava as vi- dades que surgiram do nada. transmitidas por entes queridos que sões e recuava para a visão restrita. se foram. Quanto às experiências Com isso, compreendi a importân- Wilder Penfield, um dos mais negativas, no livro eu conto que cia da música e da vibração, que é par- renomados neurocientistas do sécu- comecei em um reino escuro, sinis- te do trabalho que faço com a Sacred lo XX, realizou dezenas de milha- tro, subterrâneo. Chamei a isso “vi- Accoustics, com Karen Newell, usan- res de experiências com estimula- são restrita”. Se tivesse retornado do o som para estimular a habilidade ção elétrica do cérebro em pacien- apenas com essa visão, teria tido o de transcendência e de elevação tes despertos, em suas pesquisas so- que as pessoas chamam de experi- que as nossas almas possuem. bre epilepsia. Ele escreveu um livro ência de quase-morte infernal. chamado Mystery of the Mind: a Cri- Tudo isso me levou a compreen- tical Study of Consciousness and the Depois de conversar com outras der o infinito poder de cura do amor. Human Brain (O Mistério da Men- pessoas e rever centenas desses ca- Não se trata de uma batalha entre o te: um Estudo Crítico da Consciên- sos, acredito que, de muitas manei- bem e o mal, como se fossem duas cia e do Cérebro Humano). O livro ras, os casos negativos são incomple- deixa claro que jamais, em nenhum tos. As pessoas não conseguiram as- SOPHIA • SET-OUT/2015 procedimento, surgiu algo próximo cender aos reinos superiores. Podem a uma experiência consciente de li- existir forças obscuras, mas, conhe- vre-arbítrio. Os pacientes apenas se cendo a conexão com o divino, o po- sentiam como marionetes. der e o amor infinitos da realidade divina, somos capazes de trazer a luz Isso é totalmente consistente e o amor ao reino em que existimos. com a minha jornada descrita em Isso inclui este reino material e os Proof of Heaven, assim como minhas reinos espirituais inferiores. Ficou conclusões a respeito da consciência. claro para mim que o amor incondi- Se você estiver procurando livre-ar- cional tem um enorme poder de bítrio, consciência ou alma no cére- curar, em todos os níveis: curar a bro, não vai encontrar: eles simples- alma individual, grupos de almas, mente não são criados ali. Na verda- toda a humanidade, toda a vida so- de, o cérebro é basicamente um gri- bre a Terra, toda a consciência exis- lhão. É essencialmente isso que a ex- tente nesse universo material. periência de quase-morte tem ten- tado nos dizer durante milênios. Mís- Em minha jornada, passei por um ticos que tiveram experiências espi- vale idílico, com borboletas de lin- ritualmente semelhantes têm ten- das asas e coros de anjos com fisio- tado explicar que, na verdade, quan- nomias terrenas e com muita bele- do nos libertamos dos grilhões do cé- za espiritual. Depois ascendi a rei- rebro e da ilusão do aqui e agora, aces- nos mais elevados, até chegar a um samos um saber muito superior. centro infinito transbordando com o divino, com o poder do amor in- Minha compreensão das expe- condicional e com uma luz brilhan- riências de quase-morte é que a te, mais clara que um milhão de es- maioria delas são positivas. Mas trelas. Conheci isso completamen- existem algumas experiências ne- te fora da nossa noção de dualidade. 22

forças equilibradas, como se qualquer Você não precisa morrer, ou qua- nossa conexão profunda com os ou- uma das duas pudesse vencer. O mal se morrer, para conseguir. Como um tros e com o divino. e as trevas são apenas a ausência do ser consciente, você tem todas as amor e da luz. Ao lembrar da nossa ferramentas de que precisa para pe- Cerca de dois anos após o coma, conexão divina com a unidade e com netrar a consciência divina e ver sua fui apresentado ao Instituto Mon- o seu infinito poder de cura, pode- verdade profunda. Eu recomendo a roe e ao trabalho de Robert Mon- mos trazer a luz e o amor para qual- meditação ou a oração centrada, es- roe, que escreveu três livros mara- quer parte do reino material e dos pecialmente nos momentos de difi- vilhosos sobre suas viagens. Ele era reinos espirituais inferiores. culdade que atravessamos. As difi- um indivíduo bastante reservado culdades e vicissitudes da vida, até que começou a ter experiências es- O que você recomenda para mesmo as doenças, são muitas vezes pontâneas fora do corpo. Por mais uma pessoa que queira experimen- um presente. É meditando sobre de quatro décadas ele estudou como tar esse senso de amor incondicio- elas que conseguimos a revelação da se pode usar o som para fazer as mes- nal aqui, no nosso reino terreno? mas coisas conscientemente – es- SOPHIA • SET-OUT/2015 23

pecificamente, usar leves diferenças tentando seguir seus passos da me- SHUTTERSTOCK “Conhecendo a co- na frequência de sons apresentados lhor maneira possível. nexão com o divino, aos dois ouvidos. Eu conheci esse tra- o poder e o amor infi- balho quando fui abordado por uma No entanto, eu também cresci nitos da realidade pessoa que sabia um pouco sobre sin- nos anos 1960 e 70, e aceitei o fato divina, somos capa- cronização hemisférica, que Monroe de que a ciência era o caminho para zes de trazer a luz e chamava de hemi-sync. Essa pessoa a verdade. Eu queria acreditar na- o amor ao reino em sugeriu que talvez eu pudesse revi- quilo que era ensinado na Igreja que existimos.” sitar alguns dos reinos que tinha ex- Metodista, mas, depois dos anos de perimentado no coma, e eu conse- trabalho em neurocirurgia acadêmi- SOPHIA • SET-OUT/2015 gui fazê-lo de maneira consciente. ca, achei cada vez mais difícil expli- car a sobrevivência da consciência Existe, no cérebro, um circuito após a morte do cérebro e do corpo. muito exato de regulação de tem- Como disse anteriormente, eu ade- po. Ele é contíguo a um outro cir- ri à visão do século XX e achava que cuito no tronco cerebral que a mo- o cérebro criava a consciência. Isso derna neurociência diria ser um sis- significava que o que existe é nasci- tema de ignição para toda a consci- mento, morte e nada mais, que ne- ência. Minha ideia era que, com a nhum de nós possuía livre-arbítrio sincronização de atividade elétrica e a consciência era uma ilusão. nos hemisférios, usando entradas sonoras diferentes em cada ouvido, A viagem que fiz em coma mos- eu poderia sincronizar a atividade trou que cada fragmento disso é fal- elétrica. Isso afastaria o aspecto de so. Comecei a estudar cada vez mais processamento de informação do a respeito de experiências de qua- neocórtex e permitiria à minha se-morte, tive acesso à literatura consciência se libertar, tal como pós-vida e aos escritos de místicos e aconteceu durante a meningite. profetas, que remontam a milhares de anos. Quanto mais eu proferi pa- Esse é o trabalho que você re- lestras sobre a minha experiência, aliza com a Sacred Acoustics? mais ouvi falar sobre cabalistas, mís- ticos cristãos, sufis, budistas, hindus Sim. As pessoas interessadas po- e ateus que tiveram experiências de dem se informar melhor no site profunda revelação. Eles falavam a sacredacoustics.com. O trabalho respeito da mesma coisa. O que me tem a ver com o uso sofisticado de impressionou nisso tudo foi a simi- padronização de entradas de som nos laridade: todas as informações con- dois ouvidos, para permitir que a vergem para uma verdade muito consciência se liberte. profunda. E o cérebro linguístico é nosso inimigo quando tentamos al- Você teve uma formação reli- cançar uma verdade profunda. É por giosa? Quais foram as suas refe- isso que sou um grande entusiasta rências espirituais? da meditação e encorajo as pessoas a meditar diariamente. Na infância, eu frequentava uma igreja Metodista em Winston-Sa- Como você sintetizaria essa lem, Carolina do Norte. Meu pai foi compreensão profunda? muito influente em minha vida, e tinha uma crença religiosa muito A mensagem central em Proof of forte. Ele foi criado na parte leste Heaven é que a consciência está no do Tennessee, durante a depressão. âmago de toda a existência. Somos Foi cirurgião de combate no Pacífi- todos seres espirituais eternos, e a co durante a Segunda Guerra Mun- nossa consciência é um elo direto dial, e depois liderou um programa com a fonte criativa infinitamente de treinamento em neurocirurgia. amorosa que está no âmago de todo Ele era muito científico, mas tam- ser. Todos precisamos entender que bém profundamente religioso e ver- somos seres eternos e que retorna- dadeiramente espiritual. Eu cresci 24

mos em reencarnações múltiplas em operações desse universo em seu teiras falsas. Eles têm a ver com o nossa ascensão rumo à unidade. To- sentido amplo, o funcionamento des- dos estamos juntos nessa jornada. A se grande criador. Entretanto, a jor- cérebro linguístico, que tenta defi- consciência une todos nós não ape- nada é absolutamente maravilhosa, nas com os outros seres humanos, além de qualquer descrição. Todos nir e limitar. Na verdade, o que te- mas também com toda a vida consci- nós somos parte dela, todos estamos ente no universo. realizando a jornada como seres es- mos que fazer é explorar uma abor- pirituais, unidos como um único ser. Minha viagem mostrou que nun- dagem de cima para baixo. E todos ca haverá uma teoria que abarque a Os atritos entre escolas de pen- mente e o cérebro humanos. Jamais samento religioso, entre ciência, fi- nós somos capazes disso, exploran- poderemos compreender as grandes losofia e religião não passam de fron- do nossa consciência através da ora- ção e da meditação. S * Richard Smoley é escritor e editor da revista Quest, da Sociedade Teosófica nos EUA. SOPHIA • SET-OUT/2015 25

[ ESPIRITUALIDADE ] ‘ A verdadeira oração Na oração focamos o transpessoal, o outro, não a nossa personalidade, até que as qualidades ‘internas e externas se fundam em uma 26 SOPHIA • SET-OUT/2015

SHUTTERSTOCK Michael Van Buren* os outros. Isso pode ocorrer com frequência ou apenas durante uma A oração pode ser definida como fração de segundo. Você está expe- uma atividade empreendida com rimentando algo além da persona- compreensão, na presença de um lidade, algo mais parecido com seu ideal espiritual. Fazer uma oração é “verdadeiro eu”. estabelecer uma conexão entre o mundo limitado da matéria e o mun- A constituição do homem pode do ilimitado da vida. Algumas per- ser descrita como uma personalida- guntas são fundamentais para se de (do grego persona, que significa entender esse ato: Quem ora? Para máscara). Ela é formada pelos quatro o que se ora? Por que orar? Como corpos inferiores que acabamos de tornar a oração mais eficaz? analisar, por uma alma, que contém a mente superior (manas, em sâns- Em primeiro lugar, quem ora? crito, da qual deriva a palavra huma- Eu, naturalmente. Mas quem sou nidade), pelo corpo da intuição, cha- eu? Sou o meu corpo físico? Não, mado de buddhi, e finalmente pelo pois posso perder partes do meu cor- espírito ainda mais elevado chamado po e ainda continuo a ser eu. Sou o Atma, que é Um em Deus. meu corpo etérico? O corpo etérico interpenetra, molda e organiza o Portanto, a alma é o eu real, in- corpo físico; pode ser visto com fil- dividual. Somos uma alma e temos tros de várias cores, medido em mi- uma personalidade, e, se você dese- crovolts e registrado com a fotogra- ja aceitar o fato, a alma reencarna fia Kirlian. É afetado por várias for- numa nova personalidade a cada mas de curas energéticas, por pen- novo nascimento, para experimen- samentos e emoções; contudo, ain- tar uma variedade de oportunidades da faz parte do plano físico. de crescimento. No entanto, nossa consciência está geralmente focada Eu sou, então, as minhas emo- na personalidade – nossas necessi- ções? Um ator pode mudar suas emo- dades, desejos e sofrimentos. Assim, ções de maneira convincente, e nos- voltamos a indagar: Quem ora? A sas emoções mudam rapidamente princípio, é a nossa personalidade. dependendo da nossa percepção de uma situação. Se sou empurrado na O modelo de constituição do ho- rua, por exemplo, posso ficar imedi- mem segundo a sabedoria antiga (o atamente zangado, até olhar ao re- espírito, a alma e a personalidade) é dor e descobrir que uma pessoa es- extraordinariamente útil na com- corregou e caiu sobre mim, ferin- preensão da maioria dos fatos da vida do-se seriamente; a raiva, então, se espiritual. Ele é refletido na hierar- transforma instantaneamente em quia piramidal das necessidades de preocupação. Abraham Maslow, o fundador da psi- cologia humanista. Sendo assim, eu devo ser a minha mente. Mas quem quer que tenha Na base da pirâmide, nossas ne- tentado meditar ou estudar para uma cessidades fisiológicas mais básicas prova sabe que, quando tenta focar a são oxigênio, água, alimento e sono. mente, ela logo se desvia para algum Na camada de necessidades seguin- outro lugar: o que os meus amigos te estão segurança e proteção; de- estão fazendo esta noite? Será que pois, amor e aceitação; a seguir, au- uma xícara de café não cairia bem? toestima; e, no topo da pirâmide, Além disso, você decide focar a men- autorrealização, criatividade, aten- te. Portanto, quem é você? ção e autossuficiência. Podemos ver esses degraus surgindo à medida que Quando a mente está aquieta- crescemos, embora muitas pessoas da é possível experimentar um possam estacionar na autoestima e senso de paz, amor e unidade com na autorrealização. SOPHIA • SET-OUT/2015 27

Os degraus da evolução são visí- parada ao ato de subir uma escada. mos tudo para o âmago da nossa veis no ciclo de crescimento huma- Começamos a partir das necessida- alma, que tem as qualidades do no. O bebê recebe alimento e cui- des básicas; passamos a entender amor, da paz e da sabedoria. dados de sua mãe; a adolescência nossas emoções, para não sermos traz a descoberta do amor, da auto- controlados por elas; notamos o Se você olha para as suas motiva- estima e da identidade. Quando efeito poderoso dos nossos pensa- ções e as motivações dos outros, plenamente desenvolvido, o ser hu- mentos e compreendemos que eles pode observar que todas as pessoas mano chega à autossuficiência, à não são o nosso verdadeiro eu, e têm um núcleo que ama. Quando o criatividade e à doação aos outros. assim não permitimos que exerçam medo de não ser suficientemente poder sobre nós; finalmente traze- bom e de não ser amado é mais forte A vida espiritual pode ser com- do que nossa habilidade de doar 28 SOPHIA • SET-OUT/2015

“Orações dedicadas SHUTTERSTOCK O poder do à água fizeram com pensamento amor, então exigimos amor, muitas que sementes ger- vezes de formas equivocadas como minassem mais rapi- Um aspecto importante da ora- ansiedade, ira ou tentativas de con- damente; conse- ção é a energia e o poder do pensa- trole sobre os outros. guiu-se também ini- mento. Albert Einstein colocou em bir a proliferação de termos científicos o que os sábios de As pessoas que mais admiramos bactérias, em dife- eras antigas afirmaram: tudo no uni- geralmente são aquelas que parecem rentes distâncias.” verso, inclusive a matéria, é ener- maduras, que são capazes de parar gia. A diferença entre cores, sons e para pensar, de ver ambos os lados de suem uma visão mais elevada, mais estados de matéria é a taxa vibrató- uma situação, de agir amorosamente ampla, e agem a partir de um ponto ria de suas ondas de energia. e também decisivamente. Elas pos- de unidade no mundo da dualidade, o mundo dos opostos. Existem mui- A vida espiritual diz respeito à SOPHIA • SET-OUT/2015 tos grandes seres que corporificam elevação da nossa taxa vibratória. Em essas qualidades divinas, que vivem nossos corpos isso significa focar de em suas vidas as qualidades do amor, maneira crescente os chakras supe- da sabedoria e da paz. O amor em mim riores, do chakra básico até o do co- é o mesmo amor em você, em Cristo, ração, da testa e por fim no topo da em Deus. cabeça. Você pode notar a diferença observando os efeitos do som: os tam- bores graves fazem você ter vontade de marchar ou bater os pés, enquan- to as notas agudas do violino afetam o coração e a cabeça. Nos filmes, as emoções mais refinadas aparecem nas cenas de afeto. O caduceu de Mercú- rio com as serpentes entrelaçadas que se elevam para formar um orbe alado é um símbolo da energia que se ele- va até que a liberdade, representada pelas asas, seja alcançada. Tudo tem poder e pode influenciar outros cam- pos de energia, inclusive pensamen- tos e emoções. Em um estudo científico sobre a oração, foram registrados benefícios em 393 pacientes em tratamento co- ronariano. Os pacientes foram divi- didos em dois grandes grupos, um que recebia orações e outro que for- mava o “grupo de controle”. Os parti- cipantes não sabiam a que grupo per- tenciam. Aqueles que receberam as orações tiveram menos necessidade de procedimentos de ressuscitação, de uso de medicações. Nesse grupo, registrou-se menos mortes. Em um outro estudo científico, orações dedicadas à água fizeram com que sementes germinassem mais ra- pidamente; conseguiu-se também 29

inibir a proliferação de bactérias, em xas de criminalidade eram reduzidas diferentes distâncias. Os efeitos eram durante esses períodos; o mesmo fez maiores quando a oração era feita por o Fountain Group no Reino Unido. pessoas com crença e intenção mais Vários estudos demonstraram tam- forte. O movimento Maharishi certa bém que as pessoas que vivem uma vez focou milhares de pessoas de verdadeira vida espiritual tendem a uma cidade, durante períodos de ser menos estressadas e ter uma meditação, e demonstrou que as ta- pressão arterial mais baixa. Foco no transpessoal O pensamento tem poder e não como a oração “O Pai Nosso” e os SHUTTERSTOCK depende de uma deidade ou de uma mantras; a repetição é um meio de pessoa; contudo, se você se unir men- silenciar e focar a mente. A oração só é útil com intenção talmente a uma pessoa, estará conec- Oração meditativa – usa um texto e foco, pois a energia segue o pensa- tado com ela. Se essa pessoa corpori- ou pensamento para reflexão, mento. Orar em um horário regular fica ou corporificou qualidades divi- unindo a audição e o silêncio. e num local especial para esse pro- nas, você vibra na frequência dela. Meditação – possui três fases prin- pósito ajuda, assim como usar obje- Nos mundos sutis, centros de ener- cipais: purificação, contemplação e tos como velas, ícones e incenso. Os gia se constroem em torno de uma iluminação, refletidas nos degraus ícones ajudam a representar o foco, pessoa ou de um local sagrado, e es- da vida espiritual. as velas trazem as qualidades do fogo sas energias podem ser acessadas. Ao Purificação – reduz o tumulto e da luz, o incenso afeta diferentes orar a uma encarnação divina você mental e emocional em que vive- chakras e prolonga a devoção. fortalece essas qualidades, até que mos; envolve uma vida altruísta, um dia não haja diferença entre seu que reduz a confusão e o conflito. Uma forma particular de oração eu superior e o eu com Deus. O ex- é o ritual. Ele pode ser imensamen- terno e o interno se fundem; a ora- A oração de purificação permi- te poderoso, ao combinar todos os ção torna-se aquilo que somos. Mas te concentrar nossa mente e con- elementos da oração: intenção, sig- o primeiro passo é sempre buscar al- templar uma qualidade ou um tema nificado, simbolismo, palavras de po- cançar o “outro” mais elevado em elevador, construindo-o em nosso amor, reverência e serviço. caráter. Podemos usar a visualiza- SOPHIA • SET-OUT/2015 ção, a imaginação e a afirmação de Theophan, o recluso, místico rus- certas qualidades. Use sempre uma so do século XIX, afirmou que esse afirmação positiva na primeira pes- processo divide-se em três etapas: soa e no presente (eu sou ...), de oração oral (“a oração dos lábios”); modo que ela possa se manifestar oração focada (“a mente focada nas em sua vida. Lembre-se de que palavras”); e oração do coração você se torna aquilo em que pen- (“quando a oração não é mais algo que sa. Você pode remover as qualida- você faz, mas algo que você é”). des negativas do seu caráter sem combatê-las, apenas focando as vir- As orações podem ser divididas em: tudes opostas. Vire-se para a luz, e a sombra ficará para trás. À me- Orações intercessoras – quando se dida que a mente se aquieta, toca- intercede em benefício dos outros. mos a profundidade do silêncio e Súplica – “Pede e receberás, bate ouvimos Deus, o eu superior, a voz e a porta se abrirá.” do silêncio. Ficamos perceptivos, Adoração – agradecimento que alertas, plenamente conscientes, e torna a pessoa aberta a influências então surge a iluminação e a união. positivas e reafirma o que é bom Essa é a meta da nossa atual evolu- em sua vida. ção espiritual: “Eu e meu Pai so- Oração centrada – uma palavra ou mos Um.” uma oração é escolhida como foco, 30

“Você pode remover as qualidades negativas do seu caráter sem comba- tê-las, apenas focando as virtudes opostas. Vire- -se para a luz, e a som- bra ficará para trás.” der, silêncio, cor, incenso, música, ca – a comunhão –, além do tempo tato consciente com uma ideia es- tudo entretecido numa ação lógica e do espaço, retornamos ao Pai, ao e rítmica. O ritual é um dos méto- início do ciclo, onde toda a vida é piritual. Trabalhamos através de dos mais antigos e úteis usado pela uma única vida. humanidade para contactar o poder nossas emoções e mentes, de nossa superior e para enviar bênçãos ao Toda a vida espiritual pode ser mundo. Ele encontra expressão em resumida nas palavras de Jesus quan- psique, mas à medida que silencia- todas as religiões. do lhe perguntaram o que era o pri- meiro mandamento: “O Senhor teu mos a mente nós a transcendemos; Na Eucaristia Cristã nós nos tor- Deus é o único Senhor, e amarás o namos um com toda a evolução es- Senhor teu Deus com todo teu co- nós a deixamos ir e admitimos Deus. piritual desse ciclo da descida da di- ração e com toda tua alma, e com vindade à matéria e do gradual pro- toda tua mente e toda tua força”. O Na oração focamos o transpessoal, o cesso de ascensão por meio das ini- segundo mandamento é “Amarás o ciações da consciência, até que, na teu próximo como a ti mesmo”. outro, não a nossa personalidade, até união consciente com a vida crísti- A oração, enfim, é qualquer con- que as qualidades internas e exter- SOPHIA • SET-OUT/2015 nas se fundam em uma, até que nos tornemos a oração, que nos torne- mos mestres de sabedoria. S * Michael Van Buren é membro da Sociedade Teosófica na Inglaterra. 31

[ FILOSOFIA ] ‘ O momento presente O que torna o ser humano um pensador é a sua memória e o uso que ele pode fazer dela. A vida está sempre no instante intangível que chamamos presente, mas a ‘consciência tem como domínio o presente e a região que abarca em sua memória 32 SOPHIA • SET-OUT/2015

SHUTTERSTOCK N. Sri Ram* por exemplo, um ato simples, que uma vez compreendido pode pene- O pensamento tem como base a trar todas as camadas do que é, resu- nossa experiência das coisas. Nós mindo em si toda a verdade que pode conhecemos o mundo, sentimos e ser expressa em pensamento. O percebemos as coisas em certas re- pensamento avança com passos limi- lações entre si. Nosso pensamento tados, mas muito mais complexos. só tem validade quando está de acor- Se observarmos o que quer que exis- do com tudo isso. Se pensamos de ta sem qualquer pensamento, per- maneira que contradiga a nossa ex- ceberemos certas coisas presentes e periência do mundo, somos como depois passaremos a outras, de modo Alice no País das Maravilhas. que a consciência que percebe é como uma onda que se move para a Como as coisas à nossa volta es- frente o tempo todo. A consciência tão no espaço e no tempo, é assim é uma extensão que pode abarcar que pensamos nelas. Uma imagem muitas coisas ao mesmo tempo. Ela em nossa mente tem uma extensão pode iluminar todo um campo de e existe durante um período de tem- objetos; é muito semelhante ao es- po, mesmo que por uma fração de paço, que inclui todos os objetos. segundo. Não conseguimos imagi- nar um ponto sem dimensão, embo- O que torna o ser humano um ra possamos falar sobre isso. Quan- pensador é a sua memória e o uso do queremos imaginar algo assim, que ele pode fazer dela. A vida está temos que começar com um círculo sempre naquele instante intangível e torná-lo cada vez menor. O pro- que chamamos presente, mas a cons- cesso de aproximação torna-se um ciência, que é inseparável do pre- substituto para o ponto. Também não sente, tem como domínio não ape- conseguimos formar uma imagem do nas o que percebe no momento pre- nada, embora pensemos que sim. Esta sente, mas a região que abarca em é uma das ilusões da mente. O mo- sua memória, sobre a qual lança uma mento que pode ser descrito como luz colorida pelo presente. A memó- momento presente é um ponto im- ria constitui o terreno sobre o qual palpável numa linha que representa o pensamento se move e constrói o passado, o presente e o futuro. seus edifícios. Podemos pensar no presente Sem lembrança do que foi regis- como uma linha dividindo o passado trado no passado, não conseguiría- do futuro, mas uma linha tão tênue mos pensar; a vida perderia coerên- que mal existe. Podemos imaginar o cia e as ações perderiam relevância. futuro fluindo sobre o presente e Nós nos moveríamos como uma vela penetrando o passado, embora o fu- aberta a ventos que sopram a cada turo não possa ser real senão em pen- momento de uma direção, incapaz samento. O passado também existe de ajustar o curso. A própria palavra somente na nossa consciência, uma direção implica dois pontos; nesse vez que ele “já era”. Apenas o pre- caso, o momento presente, em rela- sente existe de fato, mas, quando ção ao qual não existe escolha, e o pensamos no presente, essa imagem momento passado que, através do mental está no campo da memória – presente, está ligado ao futuro. tornou-se uma impressão do passado. O presente é uma frente que avança Na evolução existe uma capaci- constantemente, com o passado a ele dade de lembrar continuamente au- associado seguindo atrás, sob a forma mentada. Nossa memória é muito de memória. mais sutil e mais inclusiva do que a de qualquer animal. Um animal evo- A natureza essencial da consci- luído como o elefante pode se lem- ência é refletir o que é – perceber, brar de certos eventos durante um SOPHIA • SET-OUT/2015 33

“Sem lembrança do que foi registrado no passado, não conse- guiríamos pensar; a vida perderia coerên- cia e as ações perde- riam relevância. Nós nos moveríamos como uma vela aberta a ventos que sopram a cada momento de uma direção, incapaz de ajustar o curso.” longo tempo, mas nossa memória re. A existência de um registro do za. Existe um certo estado de cons- tem uma extensão ainda mais am- passado não precisaria interferir na ciência num determinado momen- pla, com ideias e experiências que ação presente; por que será, então, to; no momento seguinte existe o pertencem apenas ao ser humano. que interfere tanto? Por que pre- mesmo estado modificado por im- determina a ação da mente, privan- pactos novos e também por reações Se simplesmente lembrássemos do-a de sua liberdade? ao estado anterior. de fatos do passado, a lembrança fac- tual não limitaria ou modificaria a A predeterminação surge a par- O elo entre os dois momentos ação da consciência no presente. tir de um elo de causa entre a me- não é uma uma mera sequência no Nós pensamos, sentimos e respon- mória e a consciência. Se não hou- tempo; ele é psicologicamente cri- demos somente no presente. Essa vesse esse relacionamento de causa ado pelas forças que surgem do pas- ação poderia ser nova e não afetada e efeito, o passado não precisaria sado e penetram o estado de consci- por quaisquer reações do passado afetar o presente. Mas, em nosso ência presente. São forças de atra- que possamos recordar; falando de desconhecimento, cada momento ção e repulsão, gostos e aversões, es- maneira hipotética, isso poderia produz o momento seguinte, e até peranças e temores. Essas forças só ocorrer, mas infelizmente não ocor- certo ponto transmite a sua nature- aparentemente surgem do passado, 34 SOPHIA • SET-OUT/2015

registro na minha memória, um de- mos uma sensação que está na me- sejo de repetir a experiência. Essa mória, com o estímulo de associa- força dirige meu pensamento no ções novas. Entre as forças do passa- momento presente. Se eu buscar a do estão os temores e outros senti- experiência novamente, o desejo é mentos que mostram como o passa- fortalecido e renovado. do persegue o presente. Todo desejo surge da memória de O processo de formar apegos é experiências passadas, mas opera e contínuo desde a infância. Vida sig- modifica o pensamento e a ação no nifica contato; quando o contato é presente. Não podemos desejar algo agradável, traz gratificação, e a que nunca conhecemos. Podemos mente se apega rapidamente. Isso experimentar uma nova sensação, ocorre por força de uma inércia psi- mas quando pensamos que deseja- cológica, quando não estamos mos algo novo, na verdade deseja- conscientes. A consciência e o apego SHUTTERSTOCK Tudo perde força com o passar do agradável. As complicações come- tempo; o cérebro também perde sua çam quando nos apegamos às sensa- pois sempre operam no presente, vitalidade com a idade. Mas há mu- ções ou às ideias e buscamos a per- mas se misturam entre sua frente danças que surgem não devido a uma manência delas. ativa e o registro do passado que causa física, mas à maneira na qual a transportam. Entretanto, podería- mente atua no estado de desconhe- Todo apego é um entrave. Men- mos falar delas como forças que sur- cimento. Fazemos aqui uma distin- tal e emocionalmente, erigimos mu- gem do passado, assim como dizemos ção entre cérebro e mente, dando a ralhas à nossa volta; trata-se de uma que o sol surge no Oriente. esta última um status independen- prisão dentro da qual as atividades te. Se a vida fosse produto da men- da mente estão confinadas. A men- Se ontem eu fui insultado, ou te, ela deveria se estiolar com a de- te permanece na clausura e projeta pensei que fui, o sentimento de terioração do corpo, e, quando o cor- ideias a partir daí. Todas essas ideias mágoa continua hoje, e afeta meu po morresse, vida e consciência de- surgem do terreno do seu condicio- pensamento e meu comportamen- veriam sumir para sempre, como a namento, isto é, do campo das ex- to; há uma força que surge da me- chama de um pavio consumido. En- periências e das reações a elas. Um mória do passado e opera no presen- tretanto, numa visão profunda da homem ambicioso projeta um qua- te. Se ontem tive uma experiência questão, vida e consciência podem dro de sua própria importância e bus- agradável, hoje uma força surge do ser manifestações de uma energia ca realizá-lo. Um homem medroso que é a base do universo, mas que, projeta sombras do que pode lhe para ter expressão significativa, tem acontecer em cada muralha que se que assumir uma forma, uma orga- apresenta à sua visão. nização material. Se a consciência presente abrir A consciência limita a si mesma. mão dos apegos, que na verdade são Ela forma ideias sobre várias ques- as suas próprias memórias, imedia- tões, e essas ideias tendem a se tor- tamente ocorre uma mudança de nar cristalizações que permanecem enormes consequências. As memó- na mente. A mente se aferra a elas rias não deixam de existir, mas re- pelo prazer que proporcionam ou trocedem e deixam o presente num por medo da dor, e então todo o pro- estado de liberdade e de natural to- cesso do pensamento gira em torno talidade. O passado se torna uma dessas ideias. O homem é um pen- mera paisagem. Dizem que Buda sador constantemente engajado em podia se lembrar de todos os even- ideações de diferentes tipos. Pode tos de todas as suas encarnações pas- não haver nada de errado em formar sadas. Certamente essa lembrança ideias ou registrar uma sensação de modo algum afetava sua sereni- dade, a liberdade que ele atingiu ou SOPHIA • SET-OUT/2015 35

sua atitude benigna em relação a to- ponde plenamente nem vê com cla- verdadeiro, camadas que são estra- dos os seres. O passado era apenas reza. Então, o que atua é em grande um mapa aberto diante dele. parte o hábito, o instinto cego. nhas e opostas a ele. Quando a mente se exercita no Os eventos ocorrem por si mes- A nossa natureza essencial, a na- passado e no futuro, tem pouco in- mos no campo do pensamento e teresse no presente. Suas energias também dos relacionamentos. tureza subjacente da consciência, é não estão aqui, exceto uma peque- Quando agimos de maneira mecâ- na parte. Dividida e atraída em dife- nica, apenas tocamos a superfície das como um espelho que reflete não rentes direções, ela não está num coisas; agimos com uma fração de estado natural, mas de tensão. O es- nossa capacidade. Olhamos para algo apenas os aspectos superficiais, mas tado natural é livre, mas nesse esta- belo, mas não somos tocados no âma- do modificado a consciência está par- go do nosso ser. também as linhas ocultas de sua be- tida em pedaços. A sensibilidade e a liberdade inerentes à consciência Afirmamos que algo é belo tal- leza, os movimentos de sua alma, são quase totalmente perdidas. vez vagamente ou convencional- mente, e passamos para uma outra aquilo que o poeta sente talvez va- Somente a consciência num es- coisa. Damos às coisas apenas uma tado puro, não dividido, pode refle- resposta superficial. Em grande par- gamente. Assim como é possível tir a verdade de um evento, e nessa te, é assim que nossa vida é vivida, e verdade reside a importância do por isso é tão insatisfatória. Uma imaginar que o poeta pode penetrar evento. Não podemos dizer que ação ou uma reação, para ser perfei- cada momento que vivemos é im- ta ou completa, deve nascer da tota- a alma da pessoa amada, é possível portante. Existem poucos momen- lidade do ser. tos de beleza, amor, felicidade e penetrar a alma do universo e tam- iluminação, reveladores de algo Não pode haver qualquer pro- que não conhecíamos. A importân- fundidade nas atividades da mente bém a alma de cada coisa que nele cia do momento depende do esta- em termos de palavras e símbolos. do e da resposta da mente e do co- Pode parecer que a profundidade existe, vê-lo em toda sua amorosi- ração. Cada momento pode ser um em si esteja apenas na memória, momento de importância, mas, se mas pode haver profundidade de dade, sua perfeição arquetípica. estou sofrendo a monotonia do pre- uma natureza totalmente diferen- sente na esperança de alcançar um te na resposta pura que surge a par- Krishna fala de si como a essência certo objetivo, quando desfrutarei tir daquele ponto sem dimensão uma sensação que antecipo (sensa- que constitui o momento presen- manifestada na perfeição de cada coi- ção que é reflexo de experiências te. As profundezas da memória são do passado), estou apenas projetan- como os estratos geológicos: maté- sa que existe. A natureza divina está do um quadro que, no final, pode ria solidificada. As profundezas que ser uma miragem. não têm ponto de apoio no tempo em todas as coisas sob uma forma podem ser chamadas de profunde- Qualquer momento pode ter zas na incondicionalidade, ou es- única. Somente quando percebemos importância se depender não do que pírito, com a vitalidade e o frescor acontece no exterior, mas da ação que pertencem à vida. e respondemos à divindade em cada interior. A importância surge da condição do indivíduo no momen- A profundidade está na própria coisa é que conhecemos a sua verda- to. Essa verdade abre toda uma visão pessoa, em sua própria alma. A alma do que a vida pode significar. é aquele lugar em nós mesmos que de, a importância da sua existência e responde a tudo que existe. É a sen- A consciência do homem, em sibilidade que aí reside, uma totali- sua relação com todas as outras coi- seu estado composto (isto é, partida dade que pode tornar cada momen- em vários fragmentos que são depois to um momento perfeito – no sen- sas. A beleza de qualquer coisa não ajustados como um todo aparente), tido de completo, independente do participa da natureza da matéria e passado ou do futuro. Para permitir depende de nada externo a ela. Ao funciona mecanicamente. Ela entra que essa natureza aja, é preciso ha- nessa condição quando não está per- ver uma mudança fundamental: é mesmo tempo, como tudo está rela- ceptiva. Estando parcialmente ador- preciso que nos desnudemos das ca- mecida ou sonhando, ela não res- madas acumuladas sobre nosso ser cionado a tudo, existe importância 36 em cada relacionamento. Embora o negativo de nossa consciência fique sobrecarregado e perca a capacidade de refletir a ver- dadeira natureza das coisas, a cons- ciência pode se reprocessar e che- gar a um estado imaculado. Isso pode ser feito com a percepção das mudanças e o sentimento de que é possível se libertar da condição de ignorância. Quando a consciência está novamente em estado puro e desperto, tudo que a toca comunica sua importância plena e profunda, cada evento se torna uma chave e destranca uma faceta do mistério, cada momento tem sua própria uni- cidade e beleza. Tudo o que se vê é novo, pois a qualidade do novo está na própria consciência. S * N. Sri Ram (1889-1973), doutor em Matemáti- ca, fisósofo e teosófo, foi Presidente Interna- cional da Sociedade Teosófica na Índia. SOPHIA • SET-OUT/2015

“A natureza divina está em todas as coisas sob uma forma única. So- mente quando per- cebemos e respon- demos à divindade em cada coisa é que conhecemos a sua verdade.” MIHAI TAMASILA SOPHIA • SET-OUT/2015 37

[ DEPOIMENTO ] Krishnamurti: ‘ uma mente livre Todo o ensinamento de Krishnamurti gira em torno da ideia de que a pessoa deve chegar à verdade por si mesma, não aceitá-la de um instrutor; caso ‘contrário, a verdade se torna apenas palavras, e isso não é ver amigo da nossa família. Eu, então suas palestras e fazer muitas pergun- P. Krishna* estudante do mestrado em Física, tas. Certa vez, após uma dessas ses- fiquei profundamente interessado sões de perguntas, fui cumprimen- Meu primeiro encontro com os em conhecê-lo. Assim, Shiva Rao me tá-lo. Ele segurou minha mão mui- ensinamentos de Krishnamurti foi convidou para almoçar com eles. to afetuosamente e disse: “Pergun- em 1955, quando eu tinha dezesse- Antes do almoço, Krishnamurti me tas demais, meu rapaz, perguntas te anos. Durante as férias de verão, perguntou o que eu fazia. Respondi demais.” quando mexia nos armários de meu que estudava Física na universida- pai, encontrei um pequeno livro, Pa- de, e ele perguntou: “Por que você Em 1959, após concluir o mes- lestras para Estudantes. Jamais ou- está estudando Física?” Achei a per- trado, fui para a Universidade Hin- vira falar de Krishnamurti, não sa- gunta um tanto estranha, porque to- du de Benares como bolsista de pes- bia nada a seu respeito, mas o título dos nós passamos pela universidade, quisa em Física, e ele foi à cidade me interessou e comecei a ler. e disse: “Bem, para conseguir um para dar palestras. Sempre que po- emprego, para me estabelecer na dia, eu pedalava cerca de dez quilô- O livro respondia a todas as per- vida”. E ele, dirigindo-se a Shiva Rao: metros para ouvi-lo falar. Numa des- guntas que surgiam na minha men- “Olhe para este jovem, apenas de- sas palestras, ele disse: “A mente te adolescente e sobre as quais meus zenove anos e já está preocupado disciplinada é uma mente preguiço- professores jamais falavam. Por em se estabelecer, em ganhar a sa.” Para mim, uma pessoa discipli- exemplo, especulava se respeito e vida...” nada era ativa, regular, cumpridora medo eram a mesma coisa: “Por que de suas obrigações. Por isso, quan- vocês se levantam quando o profes- Eu me senti diminuído, imagi- do perguntei o que ele queria di- sor entra na sala?” Perguntava às nei que ele estava me criticando, por zer, ele respondeu: “Se não for pre- meninas: “Por que vocês põem o tika isso disse: “O que há de errado nis- guiçoso, porque precisa se discipli- [ponto vermelho] na testa?” Fazia so, senhor?”, e ele respondeu: “Faça nar? Se você tem que se levantar às isso de maneira leve, sem criticar, o que quer que você goste, peça es- seis horas da manhã e não é pregui- mas com seriedade: “Vocês sabem molas, peça emprestado, mas não se çoso, você se levanta. Não é preciso por que fazem todas essas coisas? preocupe em ganhar a vida. Faça disciplina para isso. Mas, se você é Nunca se questionaram?” qualquer coisa, mas faça com paixão, preguiçoso, precisa de muita disci- porque você gosta, não porque tem plina. Assim, o homem que está ten- Fiquei fascinado, e procurei ler que fazer. Esse é o problema da nos- tando se disciplinar é preguiçoso.” cada vez mais. Fiquei especialmnte sa educação, cujo único propósito é Nessas poucas palavras, ele explicou impressionado com o livro A Primei- conseguir um emprego. Transforma- a dualidade dos opostos. Quando al- ra e Última Liberdade. Criei uma mos a educação numa ocupação tão guém cultiva a coragem, significa imagem de Krishnamurti em minha pequena, tão horrenda!” que tem medo. Procurar ser pacífi- mente como alguém semelhante a co implica ser violento. Sempre que um santo budista, calmo e impertur- Ele era assim: não tentava agra- tentamos alcançar algo, o seu opos- bável. Quando o vi pela primeira dar nem impressionar as pessoas. to está presente. vez, fiquei perplexo, já que ele não Era espontâneo, sem fingimentos e era muito diferente da imagem que pleno de paixão. O amor, a afeição Quando Krishnamurti falava para eu fiz na mente. que se sentia em sua presença era estudantes jovens, ele lhes falava em indescritível. Eu costumava assistir seu próprio nível. Com David Bohm, No inverno de 1958 ele estava em Nova Delhi com Shiva Rao, um SOPHIA • SET-OUT/2015 38

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falava no nível de David Bohm. Em cado na Sociedade Teosófica, um tan- deu a partir de cada experiência? cada caso ele estava igualmente ple- to obtuso segundo os padrões nor- Em 1925, quando tinha trinta no de entusiasmo. Ele não julgava mais e que não conseguia passar nos as pessoas em termos de posição so- exames, não condicionou sua men- anos e viajava de navio para a Índia, cial nem de realização, como faze- te como as demais pessoas. Por que Krishnamurti recebeu a notícia da mos. Eu sempre o achei alerta, sen- ele manteve essa abertura para per- morte de seu irmão e sentiu uma sível, atento, perceptivo. Não havia ceber o novo? Seria normal ele ter dor profunda. Mas, quando chegou traço de preguiça nele. Havia uma se tornado um grande teosofista, o ao país, estava novamente tranqui- abundância de afeição por todos, presidente da Sociedade Teosófica. lo. Ele escreveu a um amigo a res- mas isso não quer dizer que ele tran- Como ele chegou a algo totalmente peito disso: “Enquanto houver sigisse com a verdade ou a evitasse, novo? Por que outras crianças consciência de si mesmo, há mor- caso fosse amarga. acham difícil escapar de um condi- te, solidão e dor. Passei por isso cionamento, enquanto ele apren- quando Nitya morreu e compreen- Certa vez quis tirar um retrato di o que havia por trás da dor, a cau- dele, e carreguei a máquina fotográ- fica o dia inteiro. Mas, naqueles dias, SOPHIA • SET-OUT/2015 ele não permitia que se tirasse re- tratos seus. Também não permitia que ninguém anotasse suas pales- tras. Ele não queria que as palestras fossem reduzidas a uma forma; que- ria que elas fossem uma experiên- cia de vermos juntos o assunto em pauta. Enfatizava repetidamente que não estava dando uma palestra: “Isso não é algo que eu estou ten- tando passar para vocês, alguma in- formação que vocês não têm. Esta- mos olhando para a vida juntos.” Embora estivesse falando para toda uma congregação, ele enfati- zava que era essencialmente uma conversa entre dois amigos, e que usava suas afirmações como um es- pelho, para olharmos nossa própria face e verificarmos se o que ele es- tava dizendo era verdadeiro, sem aceitar nada cegamente. Naturalmente ele não estabele- cia valor sobre concordar ou discor- dar, porque não faria sentido. Ele dizia: “Podemos concordar a respei- to de algo, ou podemos discordar e ainda não saber qual é a verdade. Va- lioso é ver a verdade, não concordar ou discordar, nem ter opiniões a fa- vor ou contra.” Uma vez lhe perguntei: “Se- nhor, fostes alguma vez parte do campo e pulastes fora dele ou esti- vestes sempre fora do campo?” Ele respondeu: “Eu também me pergun- to isso.” Ele também indagava por que o menino Krishnamurti, edu- 40

SHUTTERSTOCK Reflexões sobre a vida sa da dor. Eu driblei a morte.” “Faça qualquer coisa, Parece que ele estava tentando mas faça com paixão, Certa vez um homem disse a não porque tem que Krishnamurti que ele era um feli- dizer que a morte de seu irmão veio fazer. Esse é o proble- zardo por ter sido educado na Soci- sob a forma de dor pessoal, e que isso ma da nossa educa- edade Teosófica, com instrutores poderia tê-lo encurralado num esta- ção, cujo único propó- como Leadbeater e Annie Besant, do de sofrimento e autopiedade, sito é conseguir um e ele disse: “Sim, fui muito afortu- como teria acontecido com a maioria emprego. Transforma- nado por ter instrutores como eles.” de nós. Em vez disso, ele conseguiu mos a educação numa Então o homem perguntou: “E nós, ver através da dor, compreendeu o ocupação tão peque- que não fomos tão afortunados, que significado da morte e do apego e se na, tão horrenda!” passamos por escolas comuns? libertou. Qual é a qualidade de uma Como podemos chegar à verdade?” mente que passa por uma experiên- Krishnamurti respondeu: “Mas eu cia assim, vê a verdade e se liberta? fui afortunado porque tudo que eles me diziam entrava por um ou- SOPHIA • SET-OUT/2015 vido e saía pelo outro.” Não era um disparate; ele ape- nas queria dizer que os instrutores não condicionaram sua mente com o que ensinavam. Todo o ensina- mento de Krishnamurti gira em tor- no da ideia de que a pessoa deve che- gar à verdade por si mesma, não acei- tá-la de um instrutor; caso contrá- rio, a verdade se torna apenas pala- vras, e isso não é ver. Almoçamos juntos na última vez em que ele foi à Índia, em 1985, e, como frequentemente acontecia, ele fez perguntas que ninguém con- seguia responder. “Será que os brâ- manes desapareceram deste país?”, perguntou-me, e eu disse: “Depen- de do que você quer dizer por brâ- mane. Um quarto da população da- qui se considera brâmane.” Ele res- pondeu: “Não estou falando de nas- cimento – isso é tolice. Você sabe o que é um brâmane?” Ele explicou contando uma his- tória. Quando Alexandre invadiu a Índia, entrou na cidade e viu uma excelente administração: as pesso- as viviam felizes, tudo estava arru- mado, limpo e bem mantido. Alexan- dre perguntou a Porus (o governan- te) quem era o responsável, e Porus respondeu: “Havia um brâmane res- ponsável por toda a administração.” 41

Alexandre disse que gostaria de con- a duas crianças. Quando o conquis- le era um brâmane – alguém que versar com ele, mas Porus respon- tador foi anunciado, o homem per- você não consegue comprar, alguém deu: “Ele renunciou quando perde- guntou: “Em que posso servir?” Ale- que não trabalha por recompensa. mos a guerra, e foi para sua aldeia.” xandre fez um convite: “Você fez Ele fez o que era certo para um brâ- uma excelente administração. Quer mane: administrou a cidade da me- Alexandre mandou chamá-lo. vir comigo? Vamos para a Grécia, lhor maneira possível. Quando per- Enviaram um mensageiro, que re- onde lhe darei um palácio e lhe tor- deu a guerra, responsabilizou-se tornou no dia seguinte com a res- narei chefe dos meus exércitos.” O pela derrota e renunciou, e essa é a posta: “Diga a Porus que não estou homem pensou a respeito e respon- atitude certa para um brâmane. mais a seu serviço e que lamento não deu: “Sinto muito, mas quero ensi- Quando estava na aldeia, fazia o que poder ir.” Alexandre decidiu ir até a nar a essas crianças.” queria, não em obediência ao rei aldeia, onde encontrou o brâmane nem em busca do trabalho que ofe- sentado sob uma árvore, ensinando Krishnamurti concluiu: “Aque- 42 SOPHIA • SET-OUT/2015

recesse a maior recompensa. Essa é si. Mas não posso dizer que isso seja a liberdade, o amor e a compaixão – é uma das tantas qualidades do brâma- singular, porque existe em outras ne. Agora me diga, será que os brâ- partes também, embora talvez não que é precioso. Somos todos afortu- manes desapareceram desse país?” na mesma medida.” Ele assentiu com Eu respondi: “Não sei. Talvez ainda a cabeça e continuou quieto. Fre- nados por termos tido uma pessoa as- haja algum nos Himalaias, mas eu quentemente deixava as pessoas nunca vi.” com interrogações desse tipo. No sim entre nós. Não importa se o con- dia seguinte ele falou: “Sabe o que Numa outra ocasião ele me per- é singular a respeito deste país? Te- sideramos como teosofista ou não, se guntou se ainda existia alguma coi- nho viajado o mundo inteiro e te- sa singular no nosso país. Eu respon- nho observado. Este é o único país ele deixou a Sociedade Teosófica ou di: “Talvez o modo familiar de viver, onde o homem pobre ainda sorri.” a afeição que as pessoas têm entre Era o tipo de coisa que ele observa- não. Todas essas coisas são irrelevan- va: não palácios, pontes ou estradas “Sabe o que é sin- de ferro; ele observava as pessoas, o tes. Um homem assim não pertence gular a respeito modo como viviam, o fato de sorri- deste país?”, inda- rem ou não. O homem pobre na a ninguém, não pertence à Funda- gou Krishnamurti. América do Norte ou na Europa sen- “Tenho viajado o te-se miserável e marginalizado, mas ção Krishnamurti nem à Sociedade mundo inteiro e te- na Índia o seu espírito não foi ainda nho observado. destruído pela pobreza. “Embora es- Teosófica. Também não pertence à Este é o único país tejamos perdendo essa qualidade onde o homem po- em nosso país, ela ainda existe”, Índia, mas ao mundo. Certamente bre ainda sorri.” acrescentou ele. ele nasceu numa família, cresceu e SOPHIA • SET-OUT/2015 Esse tipo de pergunta e de co- mentários tornam-se fonte de gran- foi educado em uma escola. A esco- de aprendizado se a pessoa os levar em consideração, se quiser se debru- la até poderia ter o crédito de ter çar sobre eles. Krishnamurti jamais quis que aceitássemos o que dizia, formado uma pessoa assim, mas ele mas que refletíssemos a respeito, ponderássemos e víssemos por nós se tornou o que era por causa da es- mesmos se era verdadeiro ou não. A pessoa tem que fazer o trabalho por cola ou apesar dela? si mesma. Em toda a sua vida ele nunca permitiu que alguém o usas- Achyut Patwardhan disse-me, se como muleta: não queria discí- pulos, não queria auxílio, não que- certa vez, que o Instrutor do Mun- ria ninguém renunciando a nada por sua causa. Ele dava suas palestras do nasceu em resposta às lágrimas apenas por afeição. do mundo. Portanto, ele pertence à Como descrever uma consciência assim? O que quer que se diga é ina- humanidade. Annie Besant disse a dequado, comparado com o que se tem a dizer. Não é pelo fato de ele Achyut: “Quando você achar que ter dado palestras maravilhosas; é possível encontrar oradores melho- discorda de algo que Krishnamurti res. É possível até mesmo encontrar pessoas que consigam explicar seus disse, não descarte a ideia, nem a ensinamentos de maneira mais sis- temática. A habilidade para falar ou ignore; mantenha-a em mente. Ele ministrar palestras é trivial, embora seja útil. O que está na consciência – é uma consciência superior, e, quan- do essa consciência diz algo, deve- mos refletir a respeito, não rejeitar.” Achyut respondeu: “Nunca rejeitei alguma coisa dita por Krishnamur- ti; por mais errada que me pareces- se, eu me debruçava sobre ela.” Sua presença foi um grande pri- vilégio para a Sociedade Teosófica, para a Fundação Krishnamurti e para todos que tivemos a oportunidade de interagir com ele, de cuidar de uma pessoa assim, de publicar seus livros, de tornar seus ensinamentos disponíveis para o mundo, ou sim- plesmente de estar com ele, poder conhecê-lo. Neste século XXI, é raro encontrar um homem assim. Certa vez, quando alguém lhe perguntou de onde vinha, Krishnamurti respon- deu: “Eu venho do Vale dos Rishis”. Esse é o lugar ao qual pertence: o SHUTTERSTOCK Vale dos Rishis (Adeptos)”. S * P. Krishna é físico e escritor; foi reitor do Cen- tro Educacional de Rajghat, da Fundação Krishnamurti, em Varanasi, Índia. 43

Endereços da Sociedade Teosófica no Brasil www.sociedadeteosofica.org.br CAPITAIS [email protected] Rio de Janeiro-RJ Pedro Boscariol Sobrinho, 95, •GET Água Verde: Av. Repúbli- •Loja Augusto Bracet: Av. Treze SP. CEP: 13525-000. Tel: (19) Aracaju-SE ca Argentina, 1.469, s. 7, Água de Maio, 13, sala 1520, Centro, 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. GET Virtudes: R. Alexsandro Verde, CEP 80620-010. Tel: (41) CEP: 20053-901. Tel: (21) 2569- Balneário Camboriú-SC Oliveira Porto, 115, Sta Luzia. 3536-8344.Reuniões: 2ª e 4ª, 9978. Reuniões: 6ª,15h. E-mail: •GET Luz no Caminho: Centro CEP: 49045-750. Tel: (79) 8802- 19h30. E-mail: jaime.yeboles@ [email protected]. de Treinamento Yoga Sadhana, 1012 / 8875-2875. E-mail: gmail.com •Lojas Conde de Saint Ger- Av. Rui Barbosa, 30 (continua- [email protected]. Florianópolis-SC main, Jinarajadasa, Nirvana, ção da Estrada da Rainha, Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. •GET Florianópolis: R. Capitão Perseverança e Rio de Janeiro: Praia dos Amores) Cep 88330- Brasília-DF – SGAS Q. 603, Pedro Gomes, 188 (Casa do Av. 13 de Maio, nº 13, s. 1.520, 468. Tel: 9987-1797. Reuniões: cj. E, s/nº, CEP 70200-630. Sol), Bairro Trindade, CEP Centro, CEP 20053-901. Tel: quinzenalmente, domingo às Tel: (61) 3226-0662. 88.036-230. Tel: (48) 9960-0637 (21) 2220-1003. 17h30. E-mail: •Loja Alvorada: Reuniões 6ª, (Adolfo). Palestras e reuniões: •Loja Conde de S.Germain: [email protected] 19h30. 4ª, 19h. E-mail: sociedade Reuniões 2ª, 14h. Bragança Paulista-SP •Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. [email protected] •Loja Himalaia: tel (21) •Loja Alaya: Alameda Polônia, E-mail: lojabrasilia@sociedade Fortaleza-CE 2710-3890. 9, Jardim Europa, CEP 12916- teosofica.org.br •Loja Unidade: R. Rocha Lima, •Loja Jinarajadasa: reuniões 160. Tel: 4032-5859. Reuniões: •Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. 331-C, Centro, CEP 60135-000. 3ª, 14h. Site: www.lojajinaraja- 6ª, 20h. 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Palmi- Belo Horizonte-MG sociedadeteosofica.go@gmail. CEP: 41810-070. Tel: (71) 3353- tal, 41 (Escola de Arte Pró- •GET Belo Horizonte: Av. Afonso com 2191 / 9919-1065. E-mail: teo- Música), Jd. Flamboyant. CEP: Pena, 748, 26º andar. CEP: João Pessoa-PB [email protected]. 13091-133. Fone: (19) 98292- 30130-300. Tel: (31) 3464-4310 / •Loja Esperança: R. Arquiteto Site: www.sociedadeteosofica. 1524. E-mail: getlotus 9264-2005. E-mail: f.messias@ Hermenegildo Di Lascio, 468, org.br/teobahia. Reuniões: [email protected]. globo.com. Reuniões: ter., 19h. Tambauzinho, CEP 58042-140. sáb., 16h. Reuniões: qua. 19h. Campo Grande-MT Tel: (83) 3246-1478, 9117-4488, São Paulo-SP Cataguases-MG •Loja Campo Grande: R. Per- 8866-5051. Palestras públicas •Loja Liberdade: R. Anita Gari- •Loja Unicidade: R. Cel João nambuco, 824, São Francisco, sáb. 17h. E-mail: lojaesperança baldi, 29, 10º andar, CEP: Duarte, 78, s. 204. CEP: 36770- CEP 79010-040. Tel.: (67) 3025- @sociedadeteosofica.org.br 01018-020. Tel: (11) 96464- 000. Tel: (32) 3421-4448/(32) 7251/9982-8106. Reuniões: sáb, Palmas-TO 4447. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: 3421-1567/(32) 9982-1123 e 18h. E-mail: lojacampogrande@ • GET Palmas: Q. 101 Sul, cj. 1, lojaliberdade@sociedadeteoso- (32) 9984-1164. Reuniões: 3ª sociedadeteosofica.org.br lt. 6, s. 408, Ed. Office Center. fica.org.br e loja@teosofialiber- 19h30, sex. 18h30 (membros). •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, CEP 77.015-002. Tel: (63) 3215- dade.org.br E-mail: [email protected] 672, Cidade Jardim, CEP 79040- 0936/9951-0459/8139-3218/ •Loja Raja Yoga: R. Mituto Criciúma-SC 630. Tel: (67) 3028-6548 / 9637- 8415-3122. Reuniões sab., Mizumoto 301, Liberdade, CEP •GET Mabel Collins: Cx P. 263, 7525. Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. E- 15h30. E-mail: getpalmasto@ 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. CEP 88801-970. Tel: (48) 3433- mail: [email protected] gmail.com/castrodc@gmail. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: 0380 / 9904-2080. Reuniões: Curitiba-PR com/[email protected] lojarajayoga@sociedadeteoso- 1º sábado do mês, 15h, na R. •Loja Libertação: R. Deputado Porto Alegre-RS fica.org.br Barão do Rio Branco, 549 (per- Carlos René Egg, 205, Jardim •Loja Dharma: R. Voluntários •Loja São Paulo: R. Mituto to do Sindicato dos Mineiros). Ipê, Santa Felicidade, CEP 82410- da Pátria, 595, s. 1408. CEP: Mizumoto, 301, Liberdade. Guarulhos-SP 450. Tel: (41) 3088-8140 / 9968- 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. Reuniões: dom., 17h. •GET Mahatma Gandhi: R. Fran- 7625 / 9646-5853. Reuniões: 6ª, Site: www.lojadharma.org.br. E-mail: [email protected] cisco de Assis, 87, s. 1, Centro, 20h; sáb., 10h30 e 18h. E-mail: Reuniões: 4ª, 20h (membros); Vitória-ES CEP 07095-020. Tel.: (11) 4485- [email protected] sáb., 15h às 18h30 (público). •G.E.T. Blavatsky: Praça Getú- 3896/9338-3400. Reuniões 4ª •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, •Loja Jehoshua: R. Voluntários lio Vargas, 35, Ed. Jusmar, s. 19h. 97, Alto da Glória, CEP: 80030- da Pátria, 595, s. 1408. CEP: 614, Centro, CEP 29010-925. Juazeiro do Norte-CE 320. Tel: (41) 9646-5853. Reu- 90039-900. Tel.: (51) 3225-1801. Tel (27) 3235-1545/3314-5381/ •GET Padre Cícero: Escola niões: 2ª, 19h (membros); 3ª e Reuniões: 3ª, 19h30h. E-mail: 9608-5694. Reuniões: 3ª, José Geraldo da Cruz, R. do sáb., 16h (público). inaiazluhan@ gmail.com 19h30. E-mail: Rosário, s/nº, Salesianos, CEP •GET Dario Vellozo: R. 13 de Recife-PE [email protected] e 63050-205. Tel: (88) 8808-4808. Maio, 538, Centro, CEP 80510- •Loja Estrela do Norte: R. Dio- [email protected] Reuniões: sab., 16h. 030. Reuniões: 2º e 4º domingos, go Álvares, 155, Torre, CEP: OUTRAS CIDADES E-mail: [email protected] 15h30 às 17h30. Tel: (41) 3352- 54420-000. Tel: (81) 3459-1452. Águas de São Pedro-SP Joinville-SC 7175, 9979-7970, 9675-8126. Reuniões: dom., 16h. E-mail: •GET Águas de São Pedro: R. •Loja Shanti-OM: R. Waldema- E-mail: jorgebernardi12000@ lojaestreladonorte@sociedade ro Maia, 130, CEP 89202-260. gma4il4.com ou teosofica.org.br SOTePlH: (I4A7)•34S3E3T--O37U0T6/.2R01e5uniões:

4º domingo do mês, 19h. FRED FOKKELMAN Juiz de Fora-MG •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do O que é a Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) 3061- Sociedade Teosófica 4293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. Londrina-PR A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Ior- Não há religião •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, que em 1875 por um grupo que inclui a russa Hele- superior à 1020, Jd. Quebec. CEP: 86060-190. na Blavatsky e o norte-americano Henry Olcott, seu Tel: (43) 3027-2623 / 9121-3375 / primeiro presidente. A sede internacional foi trans- verdade 9916-0099 / 9911-8142. E-mail: ferida para Chennai, na Índia, onde se encontra hoje. [email protected] / A Sociedade tem sedes em mais de 60 países e divi- Esse é o lema da ivguerrini@ hotmail.com. de-se em Seções Nacionais formadas por Lojas e Sociedade Teosófica. Reuniões: qua., 19h. Grupos de Estudos. Mas a Sociedade não Mogi das Cruzes-SP se impõe como porta- •Loja Raimundo Pinto Seild: R. A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o prin- dora da verdade; o Bras Cubas, 251, 1º andar, s. 14, cípio da fraternidade universal e a livre investiga- laço que une os teoso- Centro, CEP 08710-410. Fones: ção da verdade. Seus objetivos são formar um nú- fistas não é uma (11) 9-9501-6061 e (11) 4723-3401. cleo da fraternidade universal da humanidade; en- crença comum, mas E-mail: cavalcante.manoel corajar o estudo de religião comparada, filosofia e a investigação da ver- @gmail.com ciência; investigar as leis da natureza e os poderes dade em relação às Niterói-RJ latentes no homem. diversas religiões, à •Loja Himalaya: R. da Conceição filosofia ou à ciência. 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. Membros de diversas religiões se filiaram à So- Tel: (21) 2710-3890, 2611-6949. ciedade, mantendo suas tradições. Considerando 45 Reuniões: 2ª, 18h. que ela não é uma religião nem uma seita, somente Piracicaba-SP o respeito à liberdade de pensamento torna possí- •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, vel a convivência harmônica que favorece a investi- Alto. CEP: 13416-763. Tel: (19) gação e o aprendizado. 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapiracicaba@ A origem da palavra theosophia é grega (“sabedo- sociedadeteosofica.org.br ria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi Praia Grande-SP Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou a 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatô- Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, nicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, 19h30. E-mail: get.thoth mas através de correspondências da alma com o mun- @sociedadeteosofica.org.br do e a natureza. A Sociedade Teosófica moderna, Ribeirão Preto-SP sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da sa- •GET Ahimsa: R. João Penteado, bedoria não pela crença, mas pela investigação da 38, Jardim Sumaré, CEP 14020- verdade que se manifesta na natureza e no homem. 180. Fones: (16) 3237-5109/98138- 5148/ 3916.4231. Reuniões: sáb. 16h. E-mail: teosofia.ahimsa @gmail.com ou bertha.rib@terra. com.br •G.E.T. Acordar (2): R. Manoel Emboaba da Costa, 456, Lagoinha, CEP 14095-150. Reuniões: sáb. 16h30. Fones: (16) 98866-1780 (Oi), 99144-1780 (Claro), 3024- 1755. E-mails: getacordar@sociedadeteosofica. org.br e luisyogadearaujo@ gmail.com São Caetano do Sul-SP •GET do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229- 7846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: getdograndeabc@ gmail.com São José dos Campos-SP •Loja Vida Una: Espaço da Cultura Indiana Nanda Kumara Das, R. Justino Cobra, 265, Vila Ema, cep 12243-700. Fone: (12) 3941-7173/99712-2349 Sobral-CE •GET Sobral: R. das Dores, 105, Centro. Tel: (88) 9483-8121/9913- 2000. E-mail: gersonhardy@ yahoo.com.br. Reuniões: seg. 19h30, dSoOmPH. 9IAh.• SET-OUT/2015

Conheça as publicações da Editora Teosófica Aprendendo a Viver Vida e Morte de Autocultura à Luz Cartas dos Mestres a Teosofia Radha Burnier Krishnamurti do Ocultismo de Sabedoria Onde há vida há consci- Mary Lutyens I.K. Taimni Transcritas e compiladas ência; assim, a vida pode evoluir para inúmeros está- Este livro conta a histó- Esta obra de I. K. Taim- por C. Jinarajadasa gios de expansão da consci- ria do pensador Jiddu Krish- ni, professor e pesquisador ência. Radha Burnier, pre- namurti. Descoberto por versado em Filosofia Orien- Este volume reúne duas sidente internacional da So- Leadbeater quando garoto, tal, apresenta, em linguagem séries de cartas escritas en- ciedade Teosófica de 1980 com a aura mais pura que o contemporânea, uma das tre 1870 e 1900 por Mestres a 2013, descreve esses está- clarividente já vira, ele foi mais claras e profundas des- de Sabedoria para seus dis- gios do caminho do autoco- apresentado ao mundo crições da atuação da cons- cípulos e para os trabalha- nhecimento a partir de sua como um novo instrutor es- ciência através de seus veí- dores do movimento teosó- própria vivência e do con- piritual da humanidade, culos, assim como dos mé- fico. Elas constituem, um vívio com N. Sri Ram e mas não aceitou que o pro- todos que levam ao desen- século depois, documentos Krishnamurti. clamassem um novo messi- volvimento dos poderes la- de valor incalculável. as, sustentando que seu úni- tentes no homem. Quando Esta obra investiga os co objetivo era tornar os ho- o indivíduo percebe as con- Pela primeira vez em fundamentos da meditação, mens absoluta e incondici- tradições em sua vida e português, temos reunidas a consciência e seus pode- onalmente livres. Até a sua toma o seu destino nas pró- em um só volume as duas res. Visa despertar a auto- morte, em 1986, Krishna- prias mãos, inicia-se a auto- séries de cartas, editadas na observação para expandir murti viajou pelo mundo cultura, que, de acordo com Índia em 1919 e 1925. Cada nossa percepção da sabedo- fazendo conferências e de- as técnicas do yoga enquan- frase dessas cartas está ple- ria da vida e encontrar a bates. A autora, Mary Lu- to ciência oculta, acelera a na de ensinamentos para harmonia que o nosso cora- tyens, viveu muitos desses evolução e a libertação dos quem tem olhos para ler. ção procura. acontecimentos, podendo sofrimentos por meio do Este livro é um instrumento relatá-los com precisão. autoconhecimento. poderoso nas mãos de quem busca o caminho da sabedo- ria divina. www.editorateosofica.com.br 46 SOPHIA • SET-OUT/2015

Compre pelo cartão de crédito (aceitamos todas as bandeiras). Peça pelo correio, pelo e-mail [email protected] ou ligue grátis para 0800-610020 A Ciência da O Despertar de uma As Leis do Caminho Luz e Sombra – Astrologia e as Espiritual Escolas de Mistérios Nova Consciência – Annie Besant Elementos Básicos Ricardo Lindemann Ideias centrais de Nos planos espirituais, de Astrologia A Ciência da Astrologia assim como no mundo físi- foi o primeiro curso de as- “A Doutrina Secreta” co, existe uma vida suprema Emma Costet de Mascheville trologia na televisão brasi- que se manifesta de modos leira. O livro transcreve esse Joy Mills infinitamente diversos. Esta obra traz uma apre- curso, com o estudo dos sig- Essa vida é sempre ordena- sentação inédita da relação nos do zodíaco, ascendente, Este livro, escrito por da em suas operações, não dos doze signos do zodíaco casas, planetas e interpreta- uma das mais renomadas importando o quanto as suas com os doze apóstolos do ção do mapa astral. Abran- pesquisadoras de filosofia expressões possam parecer quadro A Santa Ceia, de Leo- ge também temas clássicos esotérica na atualidade, é de estranhas, maravilhosas ou nardo da Vinci. Ela introduz como astrologia e ciência, grande valor para todos que inesperadas. uma visão psicológica da karma, livre-arbítrio e reen- buscam uma visão mais Astrologia, a partir de um carnação, à luz dos ensina- profunda da vida. Annie Besant explica, estudo comparativo de cada mentos das Escolas de Mis- neste livro, que a natureza signo com o seu oposto. térios da Grécia Antiga e do Entre as várias obras que não conhece a violação de Egito. Como afirmou Jung, compõem a literatura teo- suas leis, que, independen- A sombra não existe por “a astrologia merece o reco- sófica, A Doutrina Secreta temente do que se faça, a lei si, mas como ausência de luz nhecimento da psicologia ocupa um lugar de destaque. permanece imutável. Ela ou de consciência. É desper- sem restrições, porque re- Ela não é apenas a obra má- afirma que todos aqueles que tando a virtude inconscien- presenta a soma de todo o xima de Helena Blavatsky, obedecem a lei e trabalham te, simbolizada no signo conhecimento psicológico figura central no renasci- a seu favor são guiados por oposto, que nós encontra- da Antiguidade”. mento da tradição esotéri- sua infinita força e alcançam mos um ponto de equilíbrio. ca no Ocidente, mas tam- a meta almejada. “Através da Astrologia, bém lança luz sobre o mis- aprendemos a não culpar, tério das origens e do desen- mas a compreender”, afirma volvimento do cosmo e do a autora. homem. Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 47 Brasília-DF – CEP 70.610-460 – Fone: (61) 3322-7843 SOPHIA • SET-OUT/2015

peça pelo número!Para comprar os livros da Editora Teosófica, L0i8g0u0e-6g1rá0t0is2:0 1. Advaita Bodha - Adi 19. Chamado dos 37. Educação, Ciência 53. Homem: sua Origem e Shankara Swami: 26,00 Upanixades, O - Rohit e Espiritualidade - P. Evolução, O - N. Sri Ram: 17,00 2. Além do Despertar - Mehta: R$ 39,00 Krishna: 35,00 54. Ideais da Teosofia, Os - Textos do Mestre Hakuin 20. Chave para a Teosofia, 38. Em Busca da Sabedo- Annie Besant: 23,00 sobre Meditação Zen: 23,00 A - H. P. Blavatsky: 36,00 ria - N. Sri Ram: 26,00 55. Idílio do Lótus Branco, 3. Alvorecer da Vida 21. Chegando Aonde Você 39. Ensinamentos de O - Mabel Collins: 20,00 Espiritual, O - Murillo Nunes Está - A Vida de Meditação - Jesus e a Tradição 56. Inteligência Emocional - de Azevedo: 25,00 Steven Harrison: 31,00 Esotérica Clássica, Os - As Três Faces da Mente - 4. Aos que Choram os 22. Clarividência - C.W. Raul Branco: 57,00 Elaine de Beauport & Aura Mortos - C. Jinarajadasa Leadbeater: 33,00 40. Escolas de Mistérios, Sofia Diaz: 49,00 [livro de bolso]: 12,00 23. A Ciência da Astrologia As - Clara Codd: 35,00 57. Interesse Humano, O - 5. Aperfeiçoamento do Ho- e as Escolas de Mistérios - 41. Estudos Seletos em A N. Sri Ram: 25,00 mem, O - Annie Besant: 25,00 Ricardo Lindemann: 51,00 Doutrina Secreta - Salomon 58. Introdução à Teosofia - 6. Apolônio de Tiana - 24. A Ciência da Meditação Lancri: 21,00 C.W. Leadbeater: 15,00 G. R. S. Mead: 23,00 - Rohit Mehta: 35,00 42. Estudo Sobre a 59. Investigando a Reencar- 7. Aprendendo a Viver a 25. Ciência do Yoga - Consciência, Um - Uma nação - John Algeo: 24,00 Teosofia - Radha Burnier: I. K. Taimni: 45,00 introdução à psicologia - 60. Leis do Caminho 31,00 26. Conheça-te a Ti Mesmo Annie Besant: 41,00 Espiritual, As - Annie 8. Aspectos Espirituais - Valdir Peixoto: 15,00 43. Eu Prometo - C. Besant: 20,00 das Artes de Curar - Dora 27. Conquista da Jinarajadasa [livro de 61. Luz da Ásia, A - van Gelder Kunz: 41,00 Felicidade, A - Kodo bolso]: 12,00 Edwin Arnold: 23,00 9. Através do Portal da Matsunami: 23,00 44. Fim da Divindade 62. Luz e Sombra - Morte - Geoffrey 28. Consciência e Cosmos - Mecânica, O - John David Emma Costet de Hodson: 23,00 Menas Kafatos & Thalia Ebert (comp.): 33,00 Mascheville: 17,00 10. Autocultura à Luz do Kafatou: 34,00 45. Fotos de Fadas - 63. Luz no Caminho - Ocultismo - I. K. Taimni: 39,00 29. Contos Mágicos da Edward L. Gardner: 17,00 Mabel Collins: 12,00 11. Autoconhecimento - Índia - Marie Louise 46. Fundamentos de 64. Meditação - Sua Marcos Resende: 18,00 Burke: 21,00 Teosofia, C. Jinarajadasa: Prática e Resultados - 12. Autorrealização pelo 30. Criança Encantada, A - 35,00 Clara M. Codd: 17,00 Amor - I. K. Taimni: 21,00 C. Jinarajadasa [livro de 47. Fundamentos da 65. Meditação - Um Estudo 13. Bhagavad-Gita - Trad. bolso]: 12,00 Filosofia Esotérica - H. P. Prático - Adelaide Gardner: Annie Besant: 12,00 31. Dentro da Luz - Blavatsky: 15,00 22,00 14. Caminho do Autoco- Cherie Sutherland: 31,00 48. Gayatri - O Mantra 66. Meditações: Excertos nhecimento, O - Radha Bur- 32. Desejo e Plenitude - Sagrado da Índia - I. K. das Cartas dos Mestres de nier [livro de bolso]: 12,00 Hugh Shearman: 15,00 Taimni: 26,00 Sabedoria - Katherine A. 15. Cartas dos Mahatmas 33. Despertar da Visão 49. Gnose Cristã, A - C. W. Beechey (comp.) [livro de para A. P. Sinnett, Vol. 1 - da Sabedoria, O - Tenzin Leadbeater: 34,00 bolso] - 12,00 Mahatmas K. H. e M.: 47,00 Gyatso, 14º Dalai Lama: 50. Helena Blavatsky – 67. Meditação Taoísta - Tho- 16. Cartas dos Mahatmas 22,00 A Vida e a Influência mas Cleary (comp.): 21,00 para A. P. Sinnett, Vol. 2 - 34. Despertar de Uma Extraordinária da Fundadora 68. Mestres e suas Mahatmas K. H. e M.: 49,00 Nova Consciência, O - do Movimento Teosófico Mensagens, Os - Raul 17. Cartas dos Mestres de Joy Mills: 17,00 Moderno - Sylvia Cranston: Branco: 22,00 Sabedoria - C. Jinarajadasa: 35. Deuses no Exílio - 65,00 69. Milagre do Nascimento 38,00 J. J. Van Der Leeuw: 51. Helena Blavatsky e a - Geoffrey Hodson: 16,00 18. Causas da Miséria e 18,00 Sociedade para Pesquisas 70. Momentos de Sua Superação, As - 36. Doutrina do Coração, Psíquicas - Vernon Harri- Sabedoria - H. P. Blavastky Ulisses Riedel: 25,00 A - Annie Besant: 19,00 son: 25,00 [livro de bolso]: 14,00 52. Hino de Jesus, O - G. R. S. Mead: 13,00

71. Mundo Oculto, O - Marcelo Malheiros: 23,00 96. Senda para a Perfeição, 110. Três Caminhos para a A. P. Sinnett: 30,00 84. Preparação para Yoga - A - Geoffrey Hodson: 15,00 Paz Interior - Carlos Cardoso 72. Natal dos Anjos, O - I. K.Taimni: 22,00 97. Sete Grandes Religiões, Aveline: 25,0 Dora van Gelder Kunz - 85. Processo de As - Annie Besant: 35,00 111. Tudo Começa com a 12,00 Autotransformação, O - 98. Sete Temperamentos, Prece - Madre Teresa de 73. Ocultismo Prático - Vicent Hao Chin Jr.: Os - Geoffrey Hodson: 20,00 Calcutá: 23,00 Helena Blavatsky: 12,00 35,00 99. Shiva-Sutras - I.K. 112. Vegetarianismo e 74. Ocultismo, Semi- 86. Princípios de Trabalho Taimni: 35,00 Ocultismo - C. W. ocultismo e Pseudo- da Sociedade Teosófica - 100. Sonhos, Os - C.W. Leadbeater e Annie ocultismo - Annie Besant: I. K.Taimni: 14,00 Leadbeater: 21,00 Besant: 18,00 13,00 87. Procura o Caminho - 101. Suprema Realização 113. Vida de Cristo, A - 75. Pensamentos para Rohit Mehta: 25,00 através do Yoga, A - Geoffrey Hodson: 43,00 Aspirantes ao Caminho 88. Raja Yoga - Wallace Geoffrey Hodson: 29,00 114. Vida e Morte de Espiritual - N. Sri Ram: Slater: 20,00 102. Sussurros da Outra Krishnamurti - Mary 20,00 89. Regeneração Humana - Margem - Ravi Ravindra: Lutyens: 37,00 76. Pérolas de Radha Burnier: 21,00 23,00 115. Vida Espiritual, A - Sabedoria - Sri Ramana 90. Sabedoria Antiga, A - 103. Teatro da Mente, O - Annie Besant: 27,00 Maharshi: 25,00 Annie Besant: 37,00 Henryk Skolimowski: 24,00 116. Vida Interna, A - C.W. 77. Pés do Mestre, Aos - 91. Sabedoria Antiga e 104. Técnica da Vida Leadbeater: 39,00 J. Krishnamurti: 12,00 Visão Moderna - Shirley Espiritual, A. - Clara Codd: 117. Visão Espiritual da 78. Pistis Sophia - Trad. Nicholson: 33,00 20,00 Relação Homem & Mulher, Raul Branco: 49,00 92. Sabedoria Oculta 105. Teia de Maya, A - A - Scott Miners (comp.): 79. Plano Astral, O - C. W. na Bíblia Sagrada, A - Itapoã Feliz: 17,00 33,00 Leadbeater: 25,00 Geoffrey Hodson: 106. Teosofia como os 118. Viveka-Chudamani - 80. Poder da Sabedoria, 67,00 Mestres a Veem - Clara A Joia Suprema da O - Carlos Cardoso Aveline: 93. Saúde e Codd: 33,00 Sabedoria - Shankara: 25,00 Espiritualidade - Geoffrey 107. Teosofia Prática - 28,00 81. Poder Transformador Hodson: 14,00 C. Jinarajadasa: 21,00 119. Vivência da do Cristianismo Primitivo, O 94. Segredo da 108. Teosofia Simplificada - Espiritualidade, A - - Raul Branco: 21,00 Autorrealização, O - I. K. Irving Cooper: 19,00 Shirley Nicholson: 13,00 82. Poder da Vontade, O - Taimni: 20,00 109. Tradição-Sabedoria, A 120. Voz do Silêncio, A - Swami Budhananda: 95. Senda Graduada para - Pedro Oliveira e Ricardo H.P. Blavatsky: 12,00 R$ 13,00 a Libertação, A - Geshe Lindemann: 21,00 121. Yoga - A Arte da 83. Potência do Nada, A - Rabten: 15,00 Integração - Rohit Mehta: 43,00 Recorte ou tire cópia deste cupom e envie para Editora Teosófica SOPHIA 57 Setor de Indústrias Gráficas - SIG Q. 6, lote 1.235 - Brasília-DF - CEP 70.610-460 Set/Out 2015 Desejo adquirir as publicações nº Por meio deste cupom ou do site www.editorateosofica.com.br, na seguinte forma de pagamento: Cartão VISA nº ________________ Validade: ___________ Titular: ____________________________________________________ Cheque nominal à Editora Teosófica Depósito bancário: Banco do Brasil, Ag. 3476-2, Conta 40355-5 FRETE – ATÉ 3 LIVROS = R$ 15,00 Desejo assinar SOPHIA por um ano (6 números) por R$ 71,00 ACIMA DE 3 LIVROS = R$ 18,00 Por dois anos (12 números) por R$ 138,00 Por três anos (18 números) por R$ 197,00 Nome: _____________________________________________________ Data de nasc.: _____________ CPF: ______________________ Endereço: __________________________________________________ CEP: ___________ Cidade: __________________ Estado: ___ Fone (com.): ___________________ Fone (res.): ___________________ E-mail: _______________________________________________

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Revista Sophia nº 57

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