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\"Dynamis\" (princípio vital) em se deixar afetar, os processos mórbidos evidentes nas assim chamadas idiossincrasias não podem ser atribuídos somente a essas constituições peculiares mas devem também ser imputados às coisas que os provocam, nas quais reside, do mesmo modo, o poder de causar impressões no organismo humano, embora somente um pequeno número de constituições sadias tenda a se deixar levar por elas a um estado mórbido tão evidente. O fato de que tais agentes, ao serem empregados como meios de cura prestam efetiva ajuda a todas as pessoas doentes em seus sintomas mórbidos semelhantes àqueles produzidos por eles próprios (embora, aparentemente, somente nas pessoas chamadas idiossincrásicas) demonstra que tais potências causam essa impressão em todos os organismos2* * Algumas pessoas podem desmaiar com o cheiro das rosas e cair em vários outros estados mórbidos, por vezes perigosos, ao comerem mexilhões, caranguejos ou ovas de barbo ou após terem tocado as folhas de certas espécies de sumagre etc. 2* É assim que a princesa Maria Porphyrogeneta restabeleceu a saúde de seu irmão, o Imperador Alexius que sofria de desmaios, borrifando-o com água de rosas na presença de sua tia Eudoxia (Hist. byz. Alexias lib. 15 S. 503. ed. Posser) e Hostius (Oper. III S. 59)constatou que o vinagre de rosas é muito eficaz contra desmaios. §118 Cada medicamento apresenta, no organismo humano, ações peculiares que nenhuma outra substância medicamentosa de espécie diferente é capaz de produzir exatamente da mesma maneira * Isto também constatou o venerável A. v. Hailer, pois ele disse (prefácio de sua hist. stirp.): latet immensa virium diversitas in us ipsis plantis, quarum facies externas dudum novimus, animas quasi et quodcunque caelestius habent, nondum perspeximus. §119 Tão certo quanto cada tipo de planta diferir uma da outra em sua forma externa, modo de vida e de crescimento, em seu sabor e odor, cada mineral e cada sal diferirem um do outro em suas propriedades externas e internas, físicas e químicas (que por si sós seriam suficientes para impedir qualquer confusão) é o fato de todos diferirem e divergirem entre si em seus efeitos mórbidos e, consequentemente, nos terapêuticos* . Cada uma destas substâncias atua de forma peculiar, diferente, não obstante definida, que impede qualquer confusão de umas com as outras, produzindo alterações na saúde e no bem-estar do Homem2* . * Qualquer pessoa que conheça com precisão e saiba avaliar os efeitos de cada substância isolada - tão notavelmente diversos dos de todas as outras - sobre o estado de saúde do ser humano, facilmente compreenderá que entre elas não pode haver, em relação ao aspecto medicamentoso, quaisquer medicamentos equivalentes, quaisquer substitutos. Somente aquele que não conhece os diferentes medicamentos segundo seus efeitos puros e positivos pode ser tão tolo a ponto de querer nos persuadir de que um pode servir em lugar de outro, sendo tão eficaz para a mesma doença quanto o outro. Do mesmo modo, crianças ignorantes confundem os mais diferentes

objetos, pois mal os conhecendo segundo o seu exterior, menos ainda os conhecem pelo seu valor, pela sua verdadeira importância e por suas qualidades intrínsecas muito distintas entre si. 2* Se essa é a pura verdade, como de fato o é, então, no futuro, nenhum médico que não queira ser olhado como desprovido de razão nem deseje agir contra a voz de sua consciência, a única certidão da dignidade humana, não poderá empregar no tratamento das doenças, absolutamente nenhuma substância medicamentosa que não conheça exata e completamente em seu significado verdadeiro, isto é, cuja ação virtual no estado de saúde de Homens sadios haja experimentado, a fim de saber exatamente que ele é capaz de produzir um estado mórbido muito semelhante - mais semelhante do que qualquer outro medicamento com o qual esteja perfeitamente familiarizado - ao caso de doença a ser curado, pois como foi dito acima, nem o Homem nem a própria natureza poderosa podem realizar uma cura rápida, completa e duradoura a não ser por meio de um medicamento homeopático. Daqui por diante, nenhum médico genuíno poderá abster-se de fazer tais experimentos, especialmente os realizados em si mesmo, a fim de obter esse conhecimento exclusivo dos medicamentos que é essencial para a arte de curar e que, até então, havia sido menosprezado pelos médicos de todos os tempos. Em todas as épocas anteriores - dificilmente a posteridade acreditará - os médicos se contentaram - até hoje em prescrever às cegas, nas doenças, medicamentos cujo valor era desconhecido e que nunca haviam sido experimentados em relação à ação dinâmica pura muito variada e altamente importante na saúde do Homem; além disso, misturaram diversos medicamentos desconhecidos que diferiam tanto entre si em uma única fórmula, deixando ao acaso o efeito que produziriam no doente. É como se um louco entrasse à força na oficina de um artesão e pegasse ferramentas inteiramente diferentes, cujas finalidades desconhecesse por completo a fim de fazer o que ele presume que seja trabalhar nas obras de arte que visse a seu redor. Inútil será insistir em lembrar que estas seriam destruídas, e talvez irreparavelmente destruídas, por seus atos insensatos. §120 Portanto, os medicamentos, dos quais dependem a vida e a morte, a saúde e a doença, devem ser distinguidos uns dos outros de maneira precisa e por isto devem ser testados em seu poder e em seus verdadeiros efeitos por meio de experimentos puros e cuidadosos no organismo sadio, com a finalidade de conhecê-los perfeitamente e evitar qualquer erro em seu emprego terapêutico, pois somente a escolha acertada do medicamento pode restabelecer, de maneira rápida e duradoura, o maior dos bens da Terra: a saúde do corpo e da alma. §121 Ao experimentar medicamentos com o intuito de verificar seus efeitos em organismos sadios, é preciso considerar que as substâncias fortes, chamadas heróicas, mesmo em doses pequenas, costumam provocar alterações até no estado de saúde de pessoas robustas. Para tais experimentos, os que possuem um poder mais moderado devem ser administrados em doses consideravelmente maiores; os mais fracos, contudo, podem simplesmente ser experimentados naquelas pessoas que, livres de doenças, sejam de constituição frágil, excitáveis e sensíveis. §122 Não se pode, nestes experimentos dos quais depende a exatidão de toda arte de curar e o bem-estar de todas as gerações futuras, não se pode, repito, empregar outro medicamento além

daqueles que se conhecem perfeitamente e de cuja pureza, autenticidade e atividade estejamos completamente convencidos. §123 Cada um desses medicamentos precisa ser tomado na forma perfeitamente simples e natural: as plantas nativas sob a forma de suco recém-extraído, misturado com um pouco de álcool para impedir sua deterioração; as substâncias vegetais estrangeiras, contudo, em forma de pó ou, enquanto ainda frescas, na forma de tintura alcoólica, diluída, depois, em algumas partes de água; sais e gomas, contudo, precisam ser dissolvidos em água, antes de serem ingeridos. Se a planta só puder ser obtida no estado seco e se seus poderes forem, por natureza, fracos, convém fazer, para tal experimento, uma infusão que é obtida, colocando-se a erva reduzida a pequenos pedaços em água fervente; deve ser ingerida ainda quente, logo após seu preparo, pois todos os sucos vegetais e todas as infusões aquosas de ervas, sem o acréscimo de álcool, entram rapidamente em fermentação e decomposição, perdendo, então, toda a sua força medicamentosa. §124 Para esse fim, é preciso empregar cada substância medicamentosa completamente só e perfeitamente pura, sem misturá-la com qualquer outra substância estranha ou tampouco ingerir alguma outra de natureza medicamentosa no mesmo dia nem nos subseqüentes, enquanto se deseja observar os efeitos do medicamento. §125 Durante o período da experimentação, é preciso também ser estabelecida uma dieta estritamente moderada, tanto quanto possível sem condimentos, de teor puramente simples e nutritivo, de modo que os legumes verdes, as raízes* , todas as saladas e as hortaliças para sopa (que, mesmo quando preparadas com o maior cuidado, possuem alguma força medicamentosa perturbadora) devem ser evitadas. As bebidas devem ser as habituais e tão pouco estimulantes quanto possível2* . * Ervilhas verdes (vagens), feijões verdes, batatas cozidas e, eventualmente, cenouras são permitidos, por serem os menos medicamentosos dos alimentos. 2* O experimentador não deve ter o hábito de beber vinho, aguardente, café ou chá ou deve apresentar abstinência já há muito tempo do uso dessas bebidas nocivas, algumas das quais são estimulantes, enquanto que outras possuem efeito medicamentoso. §126 O experimentador escolhido para este fim necessita, antes de tudo, ser uma pessoa fidedigna e conscienciosa; durante o experimento deve evitar excessivos esforços físicos e mentais, principalmente desregramentos e paixões perturbadoras; nenhuma atividade urgente poderá desviá-lo da adequada observação; terá, de bom grado, que dirigir uma atenção cuidadosa sobre si mesmo, não podendo ser perturbado neste mister; portador de um organismo sadio, dentro de seus padrões, terá que possuir suficiente entendimento para ser capaz de expressar e descrever suas sensações em expressões claras.

§127 Os medicamentos devem obrigatoriamente ser experimentados tanto em pessoas do sexo masculino como em pessoas do sexo feminino, a fim de revelarem as alterações que produzem correspondentes à esfera sexual. §128 As experimentações mais recentes ensinaram que, quando as substâncias medicamentosas são ingeridas em estado bruto pelo experimentador com o propósito de provar seus efeitos peculiares, não manifestam tanto toda a riqueza de seus poderes que estão nelas ocultos como quando são ingeridas com o mesmo objetivo em altas diluições, potencializadas por trituração e sucussão adequadas; através destas simples manipulações, a força que permanece oculta em seu estado bruto e~ como que adormecida, desenvolve-se e sua atividade desperta de maneira incrível. Desse modo, investigam-se melhor, então, as forças medicamentosas mesmo das substâncias consideradas fracas, dando ao experimentador, diariamente e em jejum, de 4 a 6 glóbulos muito pequenos da 30a potência, umedecidos em um pouco de água ou dissolvidos ou misturados em uma quantidade menor ou maior de água, continuando-se, assim, por vários dias. §129 Se, mediante tais doses surgirem apenas efeitos fracos, pode-se, então, aumentar a dose diária dos glóbulos, até que tais efeitos se tornem mais nítidos e mais fortes e as alterações do estado de saúde sejam mais sensíveis, pois poucas pessoas são afetadas por um medicamento com a mesma intensidade, havendo, ao contrário, imensa diversidade nesse sentido, de modo que, às vezes, uma pessoa aparentemente débil quase não é afetada por uma dose moderada de um medicamento considerado muito ativo, mas será fortemente afetada por muitos outros que, em contrapartida, são bem mais fracos. E, por outro lado, existem pessoas muito robustas que apresentam consideráveis sintomas mórbidos devido a um medicamento aparentemente suave e apenas sintomas mais leves devido a medicamentos mais fortes etc. Ora, como não se pode saber isso com antecedência, é aconselhável, em cada caso, começar com uma pequena dose medicamentosa e, quando for conveniente e necessário, aumentar progressivamente a dose diária. §130 Se, logo no início, administrar-se, pela primeira vez, uma dose medicamentosa suficientemente forte, tem-se a vantagem de fazer com que o experimentador tome conhecimento da ordem de sucessão dos sintomas e possa anotar com precisão a época em que cada um ocorreu, o que contribui muito para o conhecimento do caráter do medicamento, pois, então, a ordem das ações primárias, bem como a das ações alternantes se manifesta de maneira mais inequívoca. Mesmo uma dose muito moderada, por vezes, é suficiente para o experimento, desde que o experimentador seja suficientemente sensível e preste a máxima atenção possível ao seu estado de saúde. A duração do efeito de um medicamento somente pode ser conhecida mediante a comparação de diversos experimentos. §131 Se, contudo, a fim de conhecer algo, é necessário dar o mesmo medicamento à mesma pessoa em vários dias sucessivos em doses sempre crescentes, toma-se conhecimento, então, dos

diversos estados mórbidos que este medicamento pode produzir de modo geral, mas não sua ordem de sucessão; a dose subseqüente age terapeuticamente, eliminando, muitas vezes, um ou outro sintoma ou produz um estado oposto. Tais sintomas necessitam ser registrados entre parênteses, como ambíguos, até que posteriores experimentos, mais puros, mostrem se eles são uma reação do organismo e uma ação secundária ou uma ação alternante desse medicamento. §132 Quando se quer, porém, averiguar apenas os sintomas em si, especialmente os de uma substância medicamentosa fraca, sem considerar a ordem de sucessão dos fenômenos e a duração do efeito do medicamento, é preferível, então, dá-la durante diversos dias sucessivos, aumentando-se a dose diariamente. Desse modo, a ação de um medicamento ainda desconhecido, mesmo o mais suave, revelar-se-á, principalmente se experimentado em pessoas sensíveis. §133 Sentindo esse ou aquele distúrbio, em virtude do medicamento, é útil e até necessário, mobilizar-se em diversas condições e observar se o fenômeno se agrava, diminui, cessa ou retorna ao se voltar à posição primitiva, ao mover-se a parte afetada, ao caminhar pelo aposento ou ao ar livre, ao levantar-se ou ao deitar-se, ou se ele se altera ao comer, beber ou mediante outra circunstância ou ao falar, tossir, espirrar ou mediante outra função do organismo, bem como observar a que horas do dia ou da noite, principalmente, ele costuma aparecer; isto fará com que se evidenciem particularidades características de cada sintoma. §134 Todas as forças externas, principalmente os medicamentos, possuem a propriedade de produzir no estado de saúde do organismo vivo um tipo especial de alteração; porém, nem todos os sintomas peculiares de um medicamento se manifestam em uma única pessoa e nem todos ao mesmo tempo ou no mesmo experimento, mas em algumas pessoas ocorrem alguns deles num determinado momento; outros, novamente, num segundo e terceiro experimento, sendo que, em outras pessoas, surge especialmente esse ou aquele sintoma, mas de tal modo que, provavelmente, alguns que se revelam na quarta, quinta, oitava, décima pessoa etc., já haviam ocorrido na segunda, sexta, nona pessoa e assim por diante; além disso, podem não se repetir na mesma hora. §135 A essência de todos os elementos da doença que um medicamento é capaz de produzir somente pode aproximar-se do quadro completo mediante numerosas observações feitas em vários organismos de pessoas de ambos os sexos, diversamente constituídos e adequados para esse fim. E somente então que se pode estar seguro de que um medicamento foi inteiramente experimentado em relação aos estados mórbidos que pode produzir, isto é, em relação a seus poderes de alterar o estado de saúde do Homem, quando os experimentadores posteriores pouca coisa nova podem notar em sua ação e quase sempre somente percebem os mesmos sintomas já observados pelos outros. §136

Embora, como já foi dito, um medicamento que é experimentado em pessoas sadias não possa manifestar em uma só, todas as alterações que é capaz de produzir no estado de saúde, somente atuando desse modo em diversas e diferentes pessoas com variadas constituições físicas e psíquicas, existe, ainda assim, a tendência de produzir em todo Homem todos estes sintomas (§110), segundo uma eterna e imutável lei da natureza, graças à qual o medicamento põe em atividade todos os seus efeitos - mesmo aqueles raramente produzidos por ele no organismo sadio - em todo e qualquer indivíduo ao qual é administrado para tratar um estado mórbido de distúrbios semelhantes; mesmo na dose mínima, ele, então, silenciosamente, provoca no doente, quando homeopaticamente escolhido, um estado artificial muito próximo à doença natural, o qual, de maneira rápida e duradoura (homeopática), o liberta e o cura de seu mal original. §137 Quanto mais moderadas, até um certo ponto, forem as doses de um determinado medicamento empregadas em certos experimentos - desde que se procure facilitar a observação mediante a escolha de uma pessoa amante da verdade, moderada em todos os sentidos, sensível e que preste a máxima atenção ao que se passa com ela - mais claramente surgem os efeitos primários e somente aqueles dignos de serem conhecidos e nenhuma ação secundária ou reação do princípio vital. Em contrapartida, no emprego de doses excessivamente grandes, não ocorrem somente várias ações secundárias entre os sintomas, mas também os efeitos primários surgem tão precipitados e confusos e com tal intensidade, que nada pode ser observado com precisão, para não mencionar o perigo que isto representa e que não pode deixar indiferente aquele que tenha respeito por seus semelhantes e que veja o mais humilde indivíduo como seu irmão. §138 Todos os distúrbios, fenômenos e mudanças no estado de saúde dos experimentadores durante o período de ação de um medicamento (no caso de terem sido observadas as condições acima [§124-127] para um bom e puro experimento) derivam-se unicamente deste medicamento e devem ser considerados e registrados como pertencentes especialmente a ele, como seus sintomas, mesmo que o experimentador houvesse observado em si próprio, muito tempo antes, a aparição espontânea de fenômenos semelhantes. A reaparição dos mesmos durante o experimento do medicamento somente demonstra que tal indivíduo, em virtude de sua constituição particular, apresenta uma predisposição especial para ter os sintomas nele despertados. No presente caso, isto ocorre devido ao medicamento; enquanto o medicamento potente ingerido está dominando todo seu estado de saúde, os sintomas, então, não se apresentam espontaneamente, mas são produzidos pelo mesmo. §139 Quando o médico, para o experimento, não ingere, ele próprio, o medicamento, mas o administra a outra pessoa, esta deve anotar claramente suas sensações, distúrbios, fenômenos e alterações no estado de saúde no momento em que eles se produzem, mencionando quanto tempo depois da ingestão cada sintoma se manifesta e o período de sua duração, no caso de ser prolongado. O médico examina o relato na presença do experimentador, logo após o término do experimento ou, se o mesmo durar vários dias, ele o faz diariamente, a fim de interrogá-lo - quando ainda conserva tudo na memória recente - a respeito da natureza exata de cada uma

destas ocorrências e a fim de anotar os pormenores mais precisos assim obtidos ou fazer as alterações, de acordo com seus relatos* . * Aquele que revela ao mundo médico tais experimentações se torna responsável pela integridade do experimentador e de suas declarações e com razão, pois é o bem-estar da humanidade sofredora que aqui está em jogo. §140 Se a pessoa não sabe escrever, o médico necessita, então, perguntar diariamente acerca do que lhe ocorreu e como ocorreu. Contudo, o que se vai anotar como diagnóstico tem que ser, principalmente, a narração espontânea da pessoa utilizada para o experimento; nada de conjecturas, suposições, e o menor número possível de respostas sugeridas pelas perguntas; tudo com o cuidado que indiquei acima (§84-89) para a averiguação do diagnóstico e do quadro das doenças naturais. §141 Porém, os melhores experimentos dos efeitos puros dos medicamentos simples, na alteração do estado de saúde humana e dos estados mórbidos e sintomas artificiais que eles podem produzir no indivíduo sadio, são aqueles que o próprio médico sadio, sem preconceitos, criterioso e sensível, realizar em si mesmo, com toda a prudência e cuidados que lhe foram aqui ensinados. Ele sabe, com toda a certeza, o que ele percebeu em si mesmo* . * Essas auto-experimentações feitas pelo médico também possuem para ele outras vantagens inestimáveis. Em primeiro lugar, torna-se para ele um fato indiscutível a grande verdade de que o efeito medicamentoso de todos os medicamentos do qual depende seu poder curativo reside nas alterações de saúde que sofreu em virtude dos medicamentos experimentados e pelo próprio estado mórbido causado pelos mesmos medicamentos. Além disso, através dessas observações notáveis realizadas em si mesmo ele se torna, de um lado, apto a compreender suas próprias sensações, seu modo de pensar, seu tipo de psiquismo (o fundamento de toda verdadeira sabedoria: ~ por outro lado, e é o que não pode faltar a qualquer médico, ele aprende a ser um observador. Todas as observações que fazemos nos outros não apresentaram tanto interesse como aquelas que efetuamos em nós próprios. Aquele que observa os outros deve sempre temer que o experimentador não diga o que exatamente sente ou que não descreva suas sensações nos termos mais apropriados. Sempre fica a dúvida se não foi enganado, pelo menos em parte. Esse obstáculo ao conhecimento da verdade, que jamais pode ser removido completamente em nossas pesquisas dos sintomas mórbidos artificiais, provocados em outras pessoas pela ingestão de medicamentos desaparecem por completo nas auto-experimentações. Aquele que as realiza em si mesmo sabe com certeza o que sentiu e cada experimento é um novo estímulo à investigação das forças de outros medicamentos. Assim, torna-se cada vez mais hábil na arte de observar, arte de tão grande importância para o médico, quando ele continuamente observa a si mesmo, em quem pode confiar e que nunca o enganará. Isso ele o fará com tanto mais cuidado ao observar que tais experimentos realizados em si mesmo lhe prometem um conhecimento do verdadeiro valor e importância dos instrumentos para a cura, que geralmente são escassos. Ele não deve imaginar que tais ligeiras indisposições causadas pela ingestão de medicamentos com o fim de experimentá-los podem ser de alguma forma prejudiciais a saúde. A experiência ensina, ao contrário, que o organismo do experimentador, mediante esses freqüentes ataques à sua saúde,

torna-se ainda mais apto a repelir todas as influências externas hostis à sua constituição física e todos os agentes morbíficos nocivos naturais e artificiais, tornando-se mais resistente a tudo o que é nocivo mediante esses experimentos moderados nele realizados com medicamentos. Sua saúde se torna mais inalterável, tornando-se mais robusta, como o demonstram todas as experiências. §142 Contudo, saber como podemos descobrir nas doenças - especialmente nas crônicas que permanecem muitas vezes inalteradas - entre os distúrbios da doença original, alguns sintomas * do medicamento simples empregado com Fim curativo é um assunto que diz respeito à mais elevada arte de julgar e deve ser reservado somente aos mestres da observação. * Os sintomas que porventura tenham sido observados muito tempo antes em todo o curso da doença ou nunca anteriormente e que, por conseguinte, são sintomas novos que pertencem ao medicamento. §143 Quando se tiver experimentado, desse modo, um número considerável de medicamentos simples em pessoas sadias e cuidadosa e Fielmente registrado todos os elementos mórbidos e sintomas que eles próprios são capazes de produzir, na qualidade de potências morbíficas artificiais, somente então se terá uma verdadeira Matéria medica - uma coletânea por si só dos legítimos, puros e fidedignos* modos de ação das substâncias medicamentosas simples, um \"Codex» da natureza, em que, correspondendo a cada medicamento potente assim pesquisado, está registrada uma série considerável de mudanças peculiares da saúde e sintomas, tal como haviam sido revelados à atenção do observador, nos quais existe semelhança com os elementos mórbidos (homeopáticos) de várias doenças naturais a serem curadas por eles no futuro e que, em uma palavra, contêm estados mórbidos artificiais que proporcionam, por sua similitude com os estados naturais, os únicos, verdadeiros, homeopáticos, isto é, específicos meios de cura para um restabelecimento certo e duradouro. * Recentemente tem-se dado a incumbência de experimentar medicamentos a pessoas desconhecidas, que moram longe e que são pagas pelo seu trabalho, registrando-se suas informações. Desse modo, a mais importante atividade, destinada a fundamentar a única e verdadeira arte de curar e que requer a maior certeza e integridade morais, infelizmente parece tornar-se ambígua e incerta em seus resultados, perdendo todo seu valor. Os falsos dados colhidos, tomados pelos médicos homeopatas, num certo momento, como verdadeiros, só têm que, em seu emprego, resultar em prejuízos enormes para o doente. §144 De tal matéria médica deve-se excluir totalmente tudo o que seja conjectura, mera afirmação ou ficção; tudo deve ser a pura linguagem da natureza, cuidadosa e seriamente interrogada. §145 Sem dúvida, somente uma gama considerável de medicamentos conhecidos com precisão em seus puros efeitos na alteração do estado de saúde humano nos dá condições de descobrir um

meio de cura homeopático, um análogo adequado com poder morbífico artificial (curativo) para cada um dos infinitamente numerosos estados mórbidos na natureza, para cada um dos males do mundo* . Entretanto, mesmo agora, graças ao caráter verdadeiro dos sintomas e à abundância dos elementos mórbidos que cada uma das potentes substâncias medicamentosas demostraram mediante sua ação no organismo sadio, restam poucos casos de doença para os quais não haja um meio de cura homeopático razoavelmente apropriado entre aquelas que são experimentadas atualmente na sua ação pura2* , que, sem distúrbios significativos, restabeleça a saúde de uma maneira suave, segura e duradoura - infinitamente mais certa e mais segura do que em todas as terapias gerais e especiais da arte médica alopática vigente até agora, misturando medicamentos desconhecidos que apenas alteram e agravam as doenças crônicas, retardando, ao invés de curar, as doenças agudas, freqüentemente até ocasionando perigo de vida. * No início (há cerca de 40 anos) fui o único a fazer da experimentação das forças medicamentosas puras a mais importante de minhas atividades. Desde então, tenho sido apoiado nisso por alguns jovens que realizaram experimentos em si mesmos, cujas observações examinei acuradamente; a seguir, alguns experimentos genuínos desse tipo foram realizados por outras poucas pessoas. Portanto, em relação à cura, quanto não poderá ser alcançado no âmbito global do infinito território das doenças quando vários observadores rigorosos e idôneos tiverem se tomado merecedores do engrandecimento desses únicos e legítimos ensinamentos sobre substâncias medicamentosas, mediante cuidadosas auto-experimentações! A atividade terapêutica, então, aproximar-se-á, no que tange à fidedignidade, das ciências matemáticas. ** Vide a segunda nota do § 109 §146 O terceiro ponto no exercício de um verdadeiro artista da cura concerne ao emprego mais adequado das potências morbíficas artificiais (medicamentosas) que foram experimentadas em indivíduos sadios a fim de obter uma cura homeopática das doenças naturais. §147 O medicamento - dentre aqueles que foram investigados quanto ao seu poder de alterar a saúde humana - em que for encontrada a maior semelhança entre seus sintomas observados e a totalidade dos sintomas de uma doença natural dada, é aquele que vai e deverá ser o mais adequado, o mais seguro meio de cura homeopático para a doença; nele se encontra o específico para tal caso de doença. §148 A doença natural nunca deve ser considerada como matéria nociva situada em um ponto qualquer interno ou externo do indivíduo (§11-13), mas como algo produzido por um poder hostil, de tipo não material que, como uma espécie de contágio (nota do §11), perturba, em seu domínio instintivo, o princípio vital de tipo não material reinante em todo o organismo e, como um espírito maligno, tortura-o, compelindo-o a produzir certos padecimentos e desordens no curso da vida, aos quais se dá o nome de doenças (sintomas). Se, porém, for novamente retirada do princípio vital a sensação do efeito deste agente hostil que se empenha em causar e em

continuar esta perturbação, isto é, se o médico, em contrapartida, faz com que aja no doente uma potência artificial (medicamento homeopático) capaz de alterar morbidamente o princípio vital da maneira mais semelhante possível, o qual excede em energia, ainda que nas doses mínimas, a doença natural semelhante (§33 - 279), perde-se, então, durante a ação deste mal artificial semelhante sobre o princípio vital, a sensação do agente mórbido original; daí em diante, o mal está destruído, não mais existe para o principio vital. Se, como já foi dito, o medicamento homeopático convenientemente escolhido for empregado de maneira adequada, a doença natural aguda que deve ser dominada, se for caso recente, desaparecerá, não raro, em poucas horas, de modo imperceptível, sendo que a doença natural um tanto mais antiga cederá um pouco mais tarde, após o emprego de mais algumas doses do mesmo medicamento ou após cuidadosa seleção* de um outro medicamento homeopático mais semelhante, com todos os vestígios de distúrbios. Seguem-se a saúde e o restabelecimento, muitas vezes em rápidas e imperceptíveis transições. O principio vital se sente novamente livre e capaz de continuar como antes, conduzindo a vida do organismo com saúde, retornando o vigor. * Contudo, essa busca e seleção laboriosa, por vezes muito laboriosa, do medicamento homeopático mais conveniente, em todos os aspectos, para cada caso mórbido, é uma tarefa que, não obstante todos os louváveis livros que procuram suavizá-la, ainda continua a requerer um estudo das próprias fontes e, ao mesmo tempo, muita circunspeção e grave ponderação e que recebe seu melhor pagamento somente da consciência do dever fielmente cumprido. Como podia esse trabalho fatigante e criterioso, o único que possibilita a melhor maneira de curar as doenças, agradar os senhores da nova seita dos misturadores que se vangloriam do honroso nome de homeopatas, aparentando até ministrar medicamentos sob a forma e a aparência que prescreve a Homeopatia, mas, na realidade, escolhendo-os aleatoriamente e que, quando o medicamento inadequado não proporciona alívio imediato, não culpam sua imperdoável preguiça e irreflexão no desempenho da mais importante e séria das atribuições humanas e sim a homeopatia que acusam de grande imperfeição (a de que com efeito ela não conduz espontaneamente até suas bocas, sem qualquer esforço próprio, o medicamento homeopático mais apropriado para cada caso de doença, quais pombos assados!) Mas sabem logo consolar-se, como hábeis pessoas que são, da ineficiência de seus medicamentos que quase não são nem mesmo semi-homeopáticos, mediante o emprego de meios alopáticos que lhes são mais familiares, entre os quais, uma ou mais dúzias de sanguessugas aplicadas nas partes afetadas ou pequenas e inocentes sangrias de oito onças servem muito bem. Caso o doente, apesar de tudo, consiga sair dessa situação, então eles exaltam suas sangrias, sanguessugas etc sem as quais, segundo eles, o doente não teria podido restabelecer-se, dando-nos claramente a entender que essas operações que provêm, sem grande esforço de raciocínio cerebral, da rotina perniciosa da velha escola, foram, na verdade, as que mais contribuíram para a cura. Se, porém, o doente morre, o que não é raro, tratam de consolar seus parentes desconsolados dizendo que \"eles próprios foram testemunhas de que se fez tudo o que era concebível para o querido defunto\". Quem teria a honra de chamar tal casta frívola e perniciosa de médicos homeopatas, de acordo com o nome dessa arte muito laboriosa mas que, igualmente, proporciona a cura? Que a justa recompensa os aguarde: serem tratados da mesma maneira quando adoecerem! §149 As doenças antigas (e especialmente as complicadas) requerem um tempo proporcionalmente maior para a sua cura. Principalmente as intoxicações medicamentosas

crônicas tantas vezes causadas pela não-arte alopática, ao lado da doença natural que ela não curou, requerem um tempo bem maior para o restabelecimento, sendo mesmo freqüentemente incuráveis, devido ao despudorado roubo das forças e humores do doente (sangrias, purgantes etc.), ao freqüente uso prolongado de grandes doses de meios de ação violenta, de acordo com vazias e errôneas conjecturas acerca de sua suposta utilidade em casos de doenças aparentemente semelhantes, assim como devido às prescrições de banhos termais inadequados etc., \"as proezas mais comuns da alopatia nos seus assim chamados métodos de tratamento”. §150 Se um ou mais fatos de menor importância, que só momentos antes foram notados, vierem ainda a ser relatados ao médico, ele não deve considerá-los como uma doença plenamente desenvolvida que necessite de uma assistência medicamentosa séria. Uma ligeira alteração na dieta e no regime de vida, geralmente, são suficientes para acabar com esta indisposição. §151 Se, porém, alguns dos distúrbios de que se queixa o doente forem intensos, então o médico investigador normalmente encontrará, a par deles, outros vários fenômenos que, embora mais ligeiros, forneçam um quadro completo da doença. §152 Quanto mais grave for a doença aguda, tanto mais numerosos e evidentes serão os sintomas que a constituem, mas tanto mais seguramente ela permite também encontrar um medicamento apropriado, se houver, à nossa escolha, um número suficiente de medicamentos conhecidos em seu efeito positivo. Entre a série de sintomas de muitos medicamentos é possível encontrar sem dificuldade um cujos elementos mórbidos isolados permitam compor um quadro muito semelhante da doença artificial curativa em contraposição ao conjunto característico dos sintomas da doença natural e é este o medicamento que deve ser o meio de cura desejado. §153 Nessa procura do meio de cura homeopático específico, isto e, nessa confrontação do conjunto característico dos sinais da doença natural contra a série de sintomas dos medicamentos existentes a fim de encontrar um cujas potências mórbidas artificiais correspondam, por semelhança, ao mal a ser curado, deve-se, seguramente, atentar especialmente e quase que exclusivamente para os sinais e sintomas* mais evidentes, singulares, incomuns e próprios (característicos) do caso de doença, pois na série de sintomas produzidos pelo medicamento escolhido, é principalmente a estes que devem corresponder sintomas muito semelhantes, a fim de que seja mais conveniente à cura. Os sintomas mais gerais e indefinidos: falta de apetite, dor de cabeça, debilidade, sono inquieto, mal-estar etc., merecem pouca atenção devido ao seu caráter vago, se não puderem ser descritos com mais precisão, pois algo assim geral pode ser observado em quase todas as doenças e medicamentos. * Graças ao Sr. Conselheiro de Estado Barão von Bönninghausen, através de seu Repertorium, temos a relação dos sintomas característicos dos medicamentos homeopáticos, bem como o Sr. G. H. G. Jahr, em seu manual das principais indicações agora editado pela terceira vez sob o título: \"Grand manuel\".

§154 Se a réplica composta pela série de sintomas do medicamento mais adequado contiver, em maior número e com mais semelhança, os sinais mais peculiares, singulares e evidentes (característicos) presentes na doença a ser curada, esse medicamento é, então, o meio de cura mais adequado homeopático e específico para esse estado mórbido; uma doença que não seja muito antiga é geralmente removida e extinta, sem distúrbio significativo, com a primeira dose. §155 Digo: sem distúrbio significativo, pois, no emprego desse medicamento homeopático mais apropriado, somente agem os sintomas mórbidos correspondentes aos sintomas medicamentosos do meio de cura, ocupando estes o lugar daqueles no organismo, isto é, nas sensações do princípio vital, aniquilando-os por superioridade de forças; os outros sintomas do medicamento homeopático, porém, que, muitas vezes são bem mais numerosos, não encontrando nenhuma aplicabilidade no caso de doença em questão, permanecem totalmente inativos. No estado de saúde do doente que melhora hora após hora, quase nada mais pode ser observado, porque a dose medicamentosa, profundamente diminuta necessária para o uso homeopático, é muito fraca para manifestar os outros sintomas não-homeopáticos nas regiões do corpo isentas de doença e, consequentemente, somente os sintomas homeopáticos podem agir nas regiões do organismo que já se encontram muito irritadas e excitadas pelos sintomas mórbidos semelhantes, a fim de fazer sentir ao princípio vital doente somente uma doença medicamentosa semelhante, porém mais forte, mediante a qual se extingue a doença original. §156 Raramente, porém, existe um medicamento homeopático, ainda que pareça ter sido escolhido de modo adequado, sobretudo se administrado em uma dose insuficientemente reduzida, que não produza em doentes muito excitáveis e sensíveis, ao menos um pequeno distúrbio incomum, um pequeno sintoma durante sua ação, pois é quase impossível que, em seus sintomas, o medicamento e a doença possam se sobrepor tão exatamente um ao outro como dois triângulos de ângulos e lados iguais. Mas esses desvios insignificantes (em um caso favorável) são facilmente eliminados pela própria força em atividade (Autocratie) do organismo vivo sem serem notados por doentes desprovidos de uma extrema sensibilidade; o restabelecimento prossegue, não obstante, objetivando a cura, a menos que seja impedido por influências medicamentosas estranhas nos doentes, devido a erros no regime ou às paixões. §157 Mas, o fato de um medicamento homeopaticamente escolhido, devido à pequenez da dose e sem manifestar seus outros sintomas não-homeopáticos, isto é, sem produzir novos e significativos distúrbios, remover e aniquilar de modo suave uma doença aguda análoga a ele, é também tão certo quanto o fato de que este medicamento produz uma espécie de pequena agravação (mas somente em doses inadequadamente reduzidas) logo após a ingestão, na primeira ou nas primeiras horas (durando, porém, várias horas quando se tratar de doses excessivas), a qual possui tanta semelhança com a doença original que dá ao doente a impressão de que é uma agravação do seu próprio mal. Mas, na verdade, ela nada mais é do que uma doença medicamentosa extremamente semelhante e um tanto superior em forças à doença original.

§158 Esta ligeira agravação homeopática durante as primeiras horas - muito bom prognóstico de que a doença aguda geralmente cederá na primeira dose - não é rara, visto que a doença medicamentosa tem que ser, naturalmente, um pouco mais forte do que o mal a ser curado, já que ela deve também dominá-lo e extingui-lo, assim como também uma doença natural só pode remover e aniquilar uma outra semelhante quando for mais forte do que ela (§43-48). §159 Quanto menor a dose do medicamento homeopático no tratamento de doenças agudas, tanto menor e mais curta é também esta intensificação aparente da doença durante as primeiras horas. §160 Mas, visto que, praticamente não se pode preparar uma dose tão pequena de um meio de cura a ponto de que ele não possa aliviar, dominar e até curar e aniquilar a doença natural que lhe é análoga e que não seja de longa duração nem tenha sofrido complicação (§249, nota), compreende-se, então, por que uma dose de um medicamento homeopático adequado - que não seja a mínima possível - sempre produz, durante a primeira hora após sua ingestão, uma evidente agravação homeopática deste tipo* . * Tal intensificação, semelhante a uma agravação, dos sintomas medicamentosos sobre os sintomas mórbidos, que lhe são análogos, outros médicos também observavam quando o acaso lhes indicava um medicamento homeopático. Quando um doente que sofre de sarna, depois de haver ingerido enxofre, queixa-se de aumento da erupção, o médico que não lhe conhece a causa, consola-o assegurando-lhe que a sarna deverá sair completamente antes que se possa curá-la; ele não sabe, contudo, que se trata de uma erupção causada pelo enxofre e que assume a aparência apenas de uma exasperação da sarna. \"A erupção facial que foi curada pela viola tricolor foi por ela agravada no começo de sua ação \"segundo assegura Leroy (Heilk. fúr Mútter, 8, 406), mas ele não sabe que a agravação aparente era devida à dose excessiva do medicamento que, no caso, era de certo modo homeopático: viola tricolor. Lysons diz (Med. Transact. Vol.II London 1772): que \"a casca de olmeiro cura com toda certeza as doenças de pele que se agravam no começo de uma ação\". Se ele não houvesse dado essa casca nas doses monstruosas (como é costume na arte medicamentosa alopática), mas nas doses bem pequenas, de acordo com a semelhança dos sintomas medicamentosos, isto é, segundo seu emprego homeopático, teria curado sem ou quase sem notar essa aparente intensificação da doença (agravação homeopática). §161 Se aqui situo a chamada agravação homeopática, ou antes, a ação primária que parece intensificar um pouco os sintomas da doença original na primeira ou nas primeiras horas, é porque, sem dúvida, é assim que ocorre com as doenças mais agudas de origem recente; mas, nos casos em que os medicamentos de ação prolongada tenham que combater uma doença antiga ou muito antiga, não podem surgir agravações aparentes da doença original no curso do tratamento; tampouco se apresentam se o medicamento adequadamente escolhido for administrado em dose suficientemente pequena e somente aumentada gradativamente e a cada nova dinamização for

um pouco modificado* (§247). Essa intensificação dos sintomas originais da doença crônica pode, então, surgir somente no fim do tratamento, quando a cura estiver quase ou completamente processada. * Se as doses do medicamento melhor dinamizado (§270) forem suficientemente pequenas e se a dose a cada vez for modificada mediante sucussões, então, devem ser repetidos os medicamentos, ainda que de ação prolongada, em breves intervalos, mesmo em doenças crônicas. §162 Diante do número ainda moderado de medicamentos conhecidos justamente por seu efeito puro e verdadeiro, acontece, às vezes, que, apenas uma parte dos sintomas da doença a ser curada será encontrada na série de sintomas do medicamento mais adequado; tal potência medicamentosa imperfeita deve, consequentemente, ser empregada na falta de outra mais perfeita. §163 Nesse caso, certamente não se pode esperar de tal medicamento nenhuma cura completa e isenta de distúrbios, pois, durante o seu uso, sobrevêm alguns fenômenos que não podiam ser observados na doença e que são sintomas acessórios do medicamento não perfeitamente adequado. Eles não impedem, na verdade, que uma parte do mal (os sintomas mórbidos semelhantes aos sintomas medicamentosos) seja extinta por este medicamento e que disso resulte um princípio conveniente de cura, embora com aqueles distúrbios que são, contudo, apenas moderados, quando a dose do medicamento for suficientemente pequena. §164 O número reduzido de sintomas homeopáticos existente no medicamento melhor escolhido, não causa, contudo, no caso em questão, nenhum prejuízo para a cura se estes poucos sintomas medicamentosos forem, principalmente, de tipo incomum e peculiarmente distintivos (característicos) da doença; segue-se, então, a cura sem distúrbios particulares. §165 Se, porém, não houver exata semelhança entre os sintomas do medicamento escolhido e os sintomas incomuns, peculiares, distintivos (característicos) do caso de doença e se o medicamento apenas corresponde à doença nos seus estados gerais, não exatamente descritos e indefinidos (náusea, debilidade, dor de cabeça etc.) e se não houver, entre os medicamentos conhecidos, nenhum homeopaticamente apropriado, o artista da cura não deve esperar, então, nenhum resultado imediatamente favorável do emprego deste medicamento homeopático. §166 Contudo, esse caso é muito raro diante do aumento do número de medicamentos conhecidos agora pelos seus efeitos puros, e suas danosas conseqüências, caso ocorram, diminuem logo que um medicamento posterior semelhante possa ser escolhido.

§167 Com efeito, se com o emprego desse medicamento imperfeitamente homeopático usado inicialmente, ocorrem distúrbios secundários de alguma significação, não se deve permitir, então, nas doenças agudas, que essa primeira dose esgote a sua ação nem se deve deixar o doente à mercê de toda duração de seu efeito, devendo examinar novamente a condição mórbida na sua presente alteração e acrescentar os sintomas restantes originais aos surgidos recentemente, a fim de traçar um novo quadro da doença. §168 Será, então, mais fácil descobrir, entre os medicamentos conhecidos, um análogo a tal estado mórbido, do qual uma única dose, mesmo que não aniquile totalmente a doença, levá-la-á bem mais próximo da cura. E assim se continua, embora esse medicamento não seja suficiente para restabelecer a saúde, mediante reiterados exames do estado mórbido que ainda permanecer e mediante a escolha de um medicamento homeopático tão adequado quanto possível, até que o objetivo de colocar o doente na plena posse da saúde esteja atingido. §169 Se no primeiro exame de uma doença e na primeira escolha de um medicamento, ocorre a constatação de que o conjunto característico de sintomas da doença não é suficientemente coberto pelos elementos mórbidos de um único medicamento - devido ao numero insuficiente de medicamentos conhecidos - mas que dois medicamentos competem para serem os preferidos quanto à sua conveniência, sendo que um é mais adequado homeopaticamente para uma parte dos sintomas e o outro mais conveniente para a outra parte, não é aconselhável, após o emprego do mais conveniente dos dois, administrar o outro sem novo exame* , pois o medicamento que se mostrava como o segundo para a escolha, já não será adequado ao resto dos sintomas que ainda permanecerem, em razão de uma alteração nas circunstâncias ocorridas nesse ínterim. Consequentemente, nesse caso, para o novo grupo de sintomas a ser constatado, deve ser escolhido um outro medicamento homeopático mais adequado, em lugar do segundo. * E ainda muito menos ministrar ambos juntos ( § 272) §170 Por isso, também nesse caso, como em todos os casos em que ocorre alteração da condição mórbida, o atual grupo de sintomas ainda restantes precisa ser questionado (sem levar em conta o medicamento que, no início, pareceu ser conveniente para a segunda escolha) e um outro medicamento homeopático tão apropriado quanto possível ao novo estado atual deve ser escolhido. Se ocorrer, o que não é muito freqüente, que o medicamento que no inicio parecia ser o segundo para a escolha continue, mesmo assim, mostrando-se bem adequado ao estado mórbido que persiste, será, então, tanto mais digno de confiança para ser o preferido. §171 Nas doenças crônicas não-venéreas causadas, portanto, na maioria da vezes pela psora, tem-se, muitas vezes, necessidade, para a cura, de dar diversos medicamentos antipsóricos sucessivamente, mas de modo que cada um que se sucede seja escolhido de acordo com o

diagnóstico dos sintomas que permaneceram depois de terminado o efeito do medicamento anterior. §172 Uma dificuldade semelhante decorre do número insignificante dos sintomas de uma doença a ser curada, circunstância esta que merece nossa cuidadosa atenção, pois mediante sua remoção, são eliminadas quase todas as dificuldades desse método de cura - o mais perfeito entre os possíveis (quando não se leva em conta o ainda incompleto arsenal de medicamentos homeopáticos conhecidos). §173 Somente as doenças que se podem chamar parciais e que, por essa razão são mais difíceis de curar, parecem apresentar poucos sintomas, porque revelam apenas um ou dois sintomas principais que ocultam quase todos os demais fenômenos. Elas pertencem, principalmente, à categoria das doenças crônicas. §174 O seu sintoma principal pode ser tanto um padecimento interno (p. ex., uma dor de cabeça de muitos anos, uma diarréia prolongada, cardialgia antiga etc) como um padecimento de natureza mais externa, que costumam ser chamados, geralmente, de doenças locais. §175 Nas doenças parciais do primeiro tipo, o fato de não poder descobrir totalmente os fenômenos para completar o perfil da doença reside, freqüentemente, apenas na falta de atenção do observador. §176 Há, contudo, um pequeno número de males desse tipo que, após toda investigação inicial mais cuidadosa (§84-98), excetuando um ou dois fenômenos mais fortes e intensos, apenas deixam transparecer vagamente todos os demais. §177 A fim de tratar com êxito este caso, embora muito raro, deve-se primeiramente escolher, com base nesses escassos sintomas, o medicamento homeopaticamente indicado segundo o melhor critério. §178 Ás vezes, é bem provável acontecer que esse medicamento, escolhido mediante rigorosa observação da lei homeopática, produza a doença artificial adequada para a extinção do mal em curso, O que mais provavelmente acontecerá quando esses sintomas escassos são muito evidentes, precisos e incomuns ou particularmente distintos (característicos). §179

Em casos mais freqüentes, porém, o medicamento que, então, foi escolhido em primeiro lugar, pode ser apenas em parte adequado, isto é, não exatamente adequado, pois não houve um número significativo de sintomas que orientasse uma escolha acertada. §180 É, então, que o medicamento, na verdade tão bem escolhido quanto possível, mas imperfeitamente homeopático pelos motivos já ponderados, em seu efeito contra a doença que lhe é apenas parcialmente semelhante - como no caso referido acima (§ 162), em que a escassez de meios de cura homeopáticos torna por si só imperfeita a escolha - vai causar distúrbios secundários e diversos fenômenos de sua própria série de sintomas se misturam com o estado de saúde do doente, os quais, contudo, são, ao mesmo tempo, sintomas da própria doença, embora, até então, nunca ou raramente terem sido percebidos; surgirão ou desenvolver-se-ão intensamente fenômenos que o doente há pouco tempo antes absolutamente não percebia ou percebia apenas vagamente. §181 Não se objete que os distúrbios agora surgidos e os novos sintomas dessa doença ocorrem por conta do medicamento que acabou de ser usado. Tais distúrbios provém dele* ; são, porém, apenas certos sintomas cujo aparecimento essa doença também já era capaz de produzir por si nesse organismo e que o medicamento - na qualidade de auto-produtor de sintomas semelhantes - somente atraiu e fez aparecer. Em uma palavra, tem-se que considerar tudo o que agora, seguramente, passou a ser o conjunto característico de sintomas como pertencente à própria doença, como o verdadeiro estado atual e tratá-lo, futuramente, de acordo com ele. * Quando sua causa não foi um erro importante no regime de vida, uma paixão intensa ou um fenômeno tumultuoso no organismo, como o início ou a parada de regras, concepção, parto etc. §182 Assim, a escolha imperfeita do medicamento, inevitável, nesse caso, devido ao número escasso de sintomas presentes, serve, apesar disto, para completar a série de sintomas da doença, facilitando, desse modo, a descoberta de um segundo medicamento homeopático mais seguramente adequado. §183 Portanto, logo que a dose do primeiro medicamento não agir beneficamente (quando os distúrbios recentemente surgidos em razão de sua intensidade não requerem auxílio mais rápido - o que, contudo, quase nunca ocorre com pequenas doses do medicamento homeopático e em doenças muito antigas - deve-se fazer um novo diagnóstico da doença; o Status morbi, tal como ele se apresenta deve ser anotado e, de acordo com ele, deve ser escolhido um segundo medicamento homeopático que convenha exatamente ao estado em curso e que pode ser ainda mais adequado, pois o grupo dos sintomas se tornou mais numeroso e mais completo* . * No caso em que o doente (o que contudo ocorre muito raramente nas doenças crônicas, porém mais freqüentemente nas doenças agudas) se sente muito mal não obstante sintomas muito leves, de modo que esse estado possa ser atribuído mais ao estado de entorpecimento dos nervos que

não permite ao doente perceber claramente as dores e padecimentos, o ópio alivia esse torpor da sensibilidade interna, tornando-se mais claros os sintomas da doença durante sua ação secundária. §184 E assim seguidamente, após a completa ação de cada medicamento, quando ele já não for mais adequado e útil, o estado da doença que ainda permanece é novamente averiguado quanto aos sintomas remanescentes e, de acordo com esse grupo de fenômenos encontrado, mais uma vez é procurado um medicamento homeopático tão adequado quanto possível e, assim por diante, até o restabelecimento. §185 Entre as doenças parciais, ocupam lugar de destaque os chamados males locais, devido aos quais se percebem, nas partes externas do corpo, alterações e distúrbios e sobre os quais se ensinou até agora que somente tais partes eram afetadas, sem que o resto do organismo participasse, postulado este teórico e desprovido de sentido, que tem conduzido a um tratamento médico deveras desastroso. §186 Os chamados males locais, surgidos há pouco tempo e apresentando lesão apenas externa, parecem, à primeira vista, merecer o nome de males tópicos. Mas, então, a lesão deveria ser também insignificante e, por conseguinte, não teria importância especial, pois males de causa externa de alguma gravidade qualquer causam padecimento a todo o organismo, ocorrendo febre etc. A cirurgia se ocupa dos mesmos, mas isto somente é correto quando as partes afetadas requeiram ajuda mecânica mediante a qual os obstáculos externos à cura que não pode provir senão da força vital, podem ser removidos pelos meios mecânicos, p.ex., pelas reduções, pela sutura das bordas de uma ferida, pela pressão mecânica para estancar o fluxo de sangue de artérias abertas, pela extração de corpos estranhos que penetraram nas partes vivas pela abertura de uma cavidade no corpo para remover alguma substância irritante ou para obter a eliminação de derrames ou fluidos acumulados, pela adaptação das partes de um osso fraturado em sua posição correta, mediante uma ligadura apropriada etc. Mas, quando, em tais lesões, todo o organismo vivo requer, como sempre, ajuda dinâmica ativa, a fim de efetuar a tarefa curativa, como p. ex., quando a febre intensa resultante de grandes contusões, músculos, tendões ou vasos sangüíneos dilacerados tem que ser removida mediante medicamentos internos ou quando a dor superficial de áreas queimadas ou cauterizadas deve ser homeopaticamente suprimida, então entra em cena a atividade do médico dinâmico e sua ajuda homeopática. §187 Mas os males, alterações e distúrbios que não têm como causa nenhuma lesão externa ou que foram causados apenas por um pequeno ferimento externo resultam de um tipo completamente diferente, tendo sua origem em um padecimento interno. Considerá-las como meras afecções locais ou tratá-las quase que exclusivamente de maneira como que cirúrgica, com aplicações tópicas ou outros meios semelhantes, como tem feito a medicina até agora desde as origens, é tão fora de propósito quanto muitíssimo pernicioso em suas conseqüências.

§188 Consideravam-se esses males meramente tópicos e, por este motivo, foram chamados males locais, como se fossem exclusivamente alterações, em que o organismo tivesse pouca ou nenhuma participação, ou afecções destas partes isoladas e visíveis a respeito das quais o resto do organismo vivo, por assim dizer, nada soubesse* . * Um dos inúmeros e perniciosos disparates da velha escola. §189 E, contudo, uma ligeira reflexão é suficiente para mostrar que nenhum mal externo pode nascer, persistir e muito menos se agravar, sem uma causa interna ou a cooperação do organismo (consequentemente doente). Não pode, absolutamente, dos outros setores surgir sem o consentimento de todo o resto do estado de saúde e sem a participação do conjunto vivo (isto é, do princípio vital dominante em todas as outras partes sensíveis e excitáveis do organismo); com efeito, seu desenvolvimento é impossível de ser concebido sem que toda a vida (alterada) tenha sido ativada para tal, tão intimamente interligadas se encontram todas as partes do organismo formando um todo indivisível de sensações e funções. Não pode haver erupção nos lábios ou panarício sem que haja precedente ou simultaneamente uma perturbação interna do indivíduo. §190 Todo legítimo tratamento médico de um mal originado nas partes exteriores do corpo, quase sem lesão externa, deve, pois, ser dirigido ao conjunto, à extinção e cura do padecimento geral, por meio de medicamentos internos, se se pretender que ele seja oportuno, seguro, eficaz e radical. §191 Isto se confirma de modo inequívoco pela experiência que mostra, em todos os casos, que todo medicamento interno ativo, imediatamente após sua ingestão, causa alterações significativas, tanto no estado geral de saúde de tal doente como, principalmente, nas partes externas afetadas (que, para a medicina comum são partes isoladas), mesmo nas partes mais externas nos chamados males locais e essa alteração é, na verdade, deveras salutar, sendo o restabelecimento da saúde de todo o indivíduo, juntamente com o desaparecimento da afecção externa (sem a ajuda de qualquer meio externo), desde que o medicamento interno, dirigido ao todo, tenha sido escolhido de modo adequadamente homeopático. §192 Isto acontece da forma mais conveniente quando, por ocasião do exame do caso de doença, a par da natureza exata da afecção local, todas as alterações, distúrbios e sintomas evidentes no resto do organismo do doente ou que já haviam sido notados antes do emprego de medicamentos, são considerados em conjunto, objetivando um esboço completo do quadro da doença, antes de se procurar, entre os medicamentos conhecidos pelos seus efeitos mórbidos peculiares, o meio de cura que corresponda à totalidade dos fenômenos, a fim de se efetuar uma escolha acertada. §193

Mediante esse medicamento ministrado apenas internamente (e, quando a doença é recente, já na primeira dose), o estado mórbido geral do organismo e removido juntamente com a afecção local, que é curada ao mesmo tempo que aquele, provando que a afecção local dependia única e exclusivamente de uma doença do resto do organismo e só deveria ser considerada como uma parte inseparável do todo, como um dos maiores e mais evidentes sintomas da doença geral. §194 Não é oportuno, quer nas afecções locais recentes, quer nos males locais já há algum tempo existentes, friccionar ou aplicar um medicamento externo, embora sendo ele o específico que, empregado internamente, seja homeopaticamente salutar, não obstante seja, ao mesmo tempo, administrado internamente, pois as afecções tópicas agudas (p.ex., inflamações de partes isoladas, erisipelas etc.) que não tenham sido precisamente causadas por lesões externas proporcionalmente intensas, mas por causas dinâmicas ou internas, de modo mais seguro cedem, geralmente, de modo exclusivo aos medicamentos internos, homeopaticamente adaptados ao estado de saúde perceptível externa e internamente, escolhidos do arsenal geral dos medicamentos experimentados. Se, porém, restar no local afetado e no estado geral, a par de um regime de vida adequado, um resquício de doença que a força vital não tem condições de fazer retornar à normalidade, então a afecção local aguda foi (como não raro ocorre) um produto da psora até então latente no interior e que irrompe, situando-se a ponto de desenvolver-se como doença crônica manifesta. §195 Em tais casos, não raros, após razoável remoção do estado agudo, contra o distúrbio remanescente e o estado mórbido anteriormente habitual do paciente, deve-se dirigir um tratamento antipsórico adequado (como foi ensinado no livro sobre doenças crônicas a fim de se obter uma cura radical*). Nos males crônicos locais que não são manifestamente venéreos, a cura interna antipsórica é, além disso, preferível. * Conforme indiquei no meu livro sobre doenças crônicas. §196 Sem dúvida, poderia parecer que a cura de tal doença seria acelerada se, para todo o conjunto característico de sintomas, o meio de cura conhecido como verdadeiramente homeopático fosse não só interna, mas também externamente empregado, porque o efeito de um medicamento aplicado no próprio local da afecção deveria produzir nela uma mudança mais rápida. §197 Tal tratamento, porém, é totalmente condenável, não só nos sintomas locais que têm sua origem no miasma da psora, mas também naqueles que provêm do miasma da sífilis ou da sicose, pois a aplicação simultânea externa e interna de um medicamento em doenças que têm como sintoma principal uma afecção local constante, tem a grande desvantagem de que o sintoma principal (afecção local*) desaparece geralmente mais rapidamente do que a doença interna, enganando-nos com a aparência de uma cura completa, ou, pelo menos, tornando difícil,

impossível mesmo, em alguns casos, determinar, mediante eliminação prematura do sintoma local, se a doença geral foi aniquilada pelo emprego simultâneo do medicamento interno. * Recente erupção de sarna, cancro, doença condilomatosa. §198 A mera aplicação tópica, nos sintomas locais de doenças crônicas miasmáticas, do medicamento de poder interno de cura é reprovável pelo mesmo motivo, pois, se a afecção local da doença crônica for removida apenas parcial e localmente, o tratamento interno, indispensável ao completo restabelecimento da saúde, permanece numa obscura incerteza; o sintoma principal (a afecção local) desaparece, restando somente os outros sintomas menos conhecidos e que são menos constantes e persistentes do que a afecção local, freqüentemente com muito poucas peculiaridades e muito pouco característicos para poder mostrar um quadro de doença com nítidos e completos contornos. §199 Se o medicamento perfeitamente homeopático para a doença não tiver ainda sido encontrado* quando o sintoma local foi eliminado por medicamento externo secativo ou caustico ou pela excisão, o caso se torna, então, muito mais difícil, porque os sintomas ainda remanescentes são demasiadamente imprecisos (não característicos) e inconstantes, pois aquilo que poderia conduzir e determinar a escolha do medicamento mais adequado e seu emprego interno, até o ponto de extinção completa da doença, isto é, o sintoma externo principal, é afastado de nossa observação. * Como ocorreu antes de minha época com os meios de cura para a doença condilomatosa (e os medicamentos antipsóricos). §200 Se tal sintoma externo ainda existisse durante o tratamento interno, ter-se-ia encontrado o meio de cura homeopático para a totalidade da doença e se este fosse encontrado, a persistência da afecção local durante seu emprego interno exclusivo teria mostrado que a cura ainda não havia se completado, mas, se o mal é curado localmente, sem o uso de qualquer meio externo e repelente, isto demonstraria de modo convincente que o mal foi completamente erradicado e que o restabelecimento de toda a saúde foi realizado até o objetivo proposto, o que é uma vantagem inestimável e indispensável para alcançar uma cura perfeita. §201 Quando a força vital humana está obstada por uma doença crônica que não pode vencer por suas próprias forças, direciona de maneira evidente (instintivamente), a formação de uma afecção local em alguma parte externa qualquer, unicamente com o objetivo de acalmar o mal interno que, por sua vez, ameaça destruir os órgãos vitais e arrebatar a vida, tornando e mantendo doente essa parte externa do organismo que não é indispensável para a vida humana, e, por assim dizer, transporta a doença interna para uma afecção local substitutiva, como se a deslocasse do interior. Desse modo, a presença da afecção local acalma por algum tempo a doença interna, sem, contudo, poder curá-la ou diminuí-la sensivelmente* . Contudo, a afecção local nada mais é do

que uma parte da doença geral, mas que, parcialmente aumentada pela força vital orgânica, foi transferida para um local (externo) menos perigo50 do organismo, a fim de amenizar o padecimento interno. Entretanto (como já foi dito), mediante esse sintoma local que silencia a doença interna da parte da força vital, ganha-se tão pouco em relação à diminuição ou à cura de todo o mal que o padecimento interno, ao contrário, aumenta progressivamente e a natureza se vê obrigada a intensificar e a agravar cada vez mais o sintoma local, a fim de que seja suficiente para substituir e suavizar o mal interno ampliado. As úlceras antigas das pernas se agravam enquanto a psora interna permanece incurada; o cancro aumenta enquanto a sífilis interna permanece sem cura e as formações condilomantosas aumentam e crescem enquanto a sicose não for curada, razão pela qual se torna cada vez mais difícil de curar, à medida que a doença interna total continua a se desenvolver com o passar do tempo. * Os exutórios do médico da velha escola fazem algo semelhante; como abscessos artificiais nas partes externas acalmam alguns padecimentos crônicos internos mas apenas por um curto espaço de tempo (enquanto causam uma irritação dolorosa a que o organismo doente não está acostumado) sem poder curá-las, enfraquecendo ou destruindo, porém, por outro lado, todo o estado de saúde muito mais do que o fazem as metástases produzidas pela força vital de tipo instintivo. §202 Se o médico da escola que prevaleceu até agora destruir topicamente o sintoma local, mediante um meio externo, crendo, desse modo, curar toda a doença, a natureza, então, o substitui, mediante o despertar do padecimento interno e dos outros sintomas já presentes em estado latente, juntamente com a afecção local, isto é, mediante agravamento da doença interna. Nesse caso, costuma-se dizer, erroneamente, que a afecção interna, mediante os meios externos, foi recolhida para o organismo ou para os nervos. §203 Todo tratamento externo de tais sintomas locais visando à sua remoção da superfície do organismo, sem que a doença interna miasmática tenha sido curada, como eliminar da pele a erupção da sarna mediante diversos tipos de ungüentos, cauterizar o cancro exteriormente e exterminar os condilomas unicamente através da lanceta, ligadura ou ferro incandescente, tratamento esse externo e pernicioso, tão comum até nossos dias, tornou-se a maior fonte de todos os incontáveis padecimentos crônicos conhecidos e desconhecidos dos quais a humanidade tanto se queixa; tal tratamento é uma das práticas mais criminosas que a corporação médica poderia se imputar e, não obstante, foi usualmente adotado até hoje e ensinado pelas cátedras como o único* . * Pois quaisquer medicamentos que viessem a ser ministrados internamente serviam apenas para agravar o mal, já que esses meios não possuíam nenhuma força específica de curar a totalidade da doença, mas atacavam o organismo, enfraquecendo-o e acrescentando-lhe outras doenças medicamentosas crônicas. §204

Se deduzirmos todas as afecções, alterações e doenças prolongadas que dependem de um modo de vida que não é saudável (§77), bem como as inúmeras doenças medicamentosas (v.§74) resultantes do tratamento irracional, persistente, agressivo e pernicioso, mesmo de doenças freqüentemente banais, praticado por médicos da velha escola, a maior parte do restante dos males crônicos resulta do desenvolvimento dos três miasmas crônicos mencionados: sífilis interna, sicose interna, mas principalmente e, em proporção infinitamente maior, a psora interna. Cada um desses miasmas já estava de posse de todo o organismo, havendo penetrado em todas as suas partes antes do surgimento do sintoma local primário e substituto que impede a eclosão da doença (no caso da psora, a erupção da sarna, no caso da sífilis, o cancro ou a bouba e no da sicose, os condilomas). Se esses miasmas, mediante os meios externos mencionados são privados dos sintomas locais substitutos que silenciam o padecimento geral interno, mais cedo ou mais tarde, estão destinados pelo Criador da natureza a desenvolver-se e a irromper, propagando todas as misérias inominadas, o número inacreditável de males crônicos que vêm afligindo a humanidade há centenas e milhares de anos. Nenhum deles teria existido com tanta freqüência se os médicos tivessem se empenhado judiciosamente em curar radicalmente e em extinguir do organismo esses três miasmas sem empregar medicamentos locais para seus sintomas externos, contando apenas com os medicamentos homeopáticos adequados para cada um deles (ver' nota do § 282). §205 O médico homeopata jamais trata um desses sintomas primários dos miasmas crônicos nem os males secundários que resultam de seu desenvolvimento com medicamentos tópicos (nem por meio dos meios externos que agem dinamicamente* , nem dos que agem mecanicamente> mas, quando surge um ou outro, ele se limita a curar o miasma causador, desaparecendo, desse modo, espontaneamente, os sintomas primários e secundários (excetuando- se alguns casos de sicose inveterada). Porém, como não acontecia o mesmo antes dele, o médico homeopata lamentavelmente já encontra a maioria dos sintomas 2* externamente destruída pelos médicos que o precederam e com os sintomas secundários, isto é, as afecções da irrupção e desenvolvimento desses miasmas inerentes; mas é sobretudo com as doenças crônicas produzidas pela psora interna que ele tem que lidar. Eu mesmo me empenhei em apresentar o seu tratamento interno tanto quanto podia um único médico depois de longos anos de reflexão, observação e experiência em minha obra sobre as doenças crônicas, a qual eu indico. * Daí eu não poder aconselhar, por ex., a extirpação local do chamado câncer dos lábios ou da face (fruto da psora muito desenvolvida, não raro associada à Syphilis) mediante o meio arsenical de Cosme, não somente por ser excessivamente doloroso e, muitas vezes falho, mas sobretudo porque, mesmo que esse meio livre localmente o corpo da úlcera maligna, o mal fundamental, desse modo não será em nada diminuído, tomando-se necessário que a força vital, conservadora da vida, transfira o foco do grande mal interior para um local ainda mais importante (como o faz em todas as metástases) produzindo, desse modo, cegueira, surdez, loucura, asma sufocante, hidropsia, apoplexia etc. Essa liberação local ambígua da parte afetada pela úlcera maligna mediante meio tópico arsenical somente é bem sucedida quando a úlcera ainda não é muito grande nem de origem venérea e a força vital ainda conserva bastante energia; mas é precisamente nestas condições que a cura interior e completa do mal original é ainda praticável.

A mesma conseqüência ocorre sem a cura prévia do miasma interior, quando o câncer da face ou do seio são removidos apenas pelo corte e quando tumores enquistados são extirpados; segue-se a isso algo ainda pior e, no mínimo, a morte é acelerada. Esse tem sido o resultado inúmeras vezes, mas a velha escola, em sua cegueira, insiste em provocar em cada novo caso, a mesma calamidade. 2* Erupção da sarna, cancro (bubão), doença condilomatosa. §206 Antes do início do tratamento de uma doença crônica, é indispensável proceder a uma investigação* muito criteriosa para saber se o doente teve algum contágio venéreo (ou um contágio com gonorréia condilomatosa) pois é contra esse contágio exclusivamente que o tratamento deve ser dirigido, quando existirem apenas sinais de sífilis (ou da doença condilomatosa, que e mais rara>, mas hoje em dia é muito raro encontrar tais afecções isoladamente. Contudo, se tal contágio tiver ocorrido antes, isso também deve ser levado em consideração quando a psora tem que ser tratada, porque, em tal caso, a mesma está complicada com aquela, como sucede sempre quando os sinais não são puros, pois sempre ou, quase sempre, o médico, quando julga estar diante de uma antiga doença venérea, terá que tratar um caso acompanhado principalmente pela psora (complicado), pois a discrasia interna da sarna (psora) é, de longe, a mais freqüente causa fundamental das doenças crônicas. Ele, por vezes, também terá que lutar contra esses dois miasmas complicados com a sicose em organismos cronicamente doentes quando, segundo depoimentos, houverem ocorrido contágios dessa última, ou ele descobre, como acontece amiúde, que a psora é a única causa fundamental de todas as outras doenças crônicas (qualquer que seja o seu nome) que, além disso, costumam ser ainda aumentadas e desfiguradas terrivelmente pela (não-arte) alopática. * Em averiguações dessa natureza não nos deixemos iludir pelas freqüentes afirmações dos doentes ou de seus parentes que freqüentemente atribuem a causa de doenças crônicas, mesmo as mais graves e as mais inveteradas a um resfriamento (por haverem se molhado ou bebido água fria com o corpo quente), ou a um susto sofrido há tempos, um esforço excessivo, uma contrariedade (e ainda uma feitiçaria). Tais causas são muitíssimo fracas para provocar uma doença crônica em um corpo sadio, sustentando-a durante muitos anos e tornando-a mais grave a cada ano, como acontece a todas as doenças crônicas resultantes da psora desenvolvida. Causas diversas de caráter muito mais importante do que tais prejuízos mencionados devem residir na base da origem e progresso do mal antigo, grave e pertinaz. Tais causas apontadas somente podem proporcionar um momento de revelação de um miasma crônico. §207 Após haver obtido a informação acima mencionada, o médico homeopata ainda tem que investigar: a que tipos de tratamentos alopáticos foi submetido até então o doente crônico, a que tipo de medicamentos de ação forte ele recorreu preferencialmente e com maior freqüência ele recorreu e também que tipo de banhos minerais haviam sido usados e que efeitos produziram, a fim de compreender, até certo ponto, a degeneração de sua condição original, quando possível, corrigindo em parte essas alterações artificiais perniciosas, ou poder evitar o emprego de medicamentos que já haviam sido impropriamente utilizados.

§208 A seguir, devem ser levados em consideração a idade do doente, seu modo de vida e de alimentação, sua situação doméstica, suas relações sociais etc., a fim de verificar se esses elementos contribuíram para aumentar seu mal ou até que ponto poderão favorecer ou dificultar o tratamento. Igualmente não devem ser negligenciados seu psiquismo e sua maneira de pensar, a fim de se saber se apresentam algum obstáculo ao tratamento ou se necessitam de outra direção, psiquicamente sendo estimulados ou modificados. §209 Logo em seguida, o médico procurará, em diversas entrevistas, traçar um quadro da doença tão completo quanto possível, segundo as instruções mencionadas acima, a fim de poder anotar os sintomas mais notáveis e peculiares (característicos), de acordo com os quais vai eleger o primeiro medicamento (antipsórico) que tenha a maior semelhança de sinais possível para iniciar o tratamento e assim por diante. §210 Estão associadas à psora quase todas as doenças que chamei acima de parciais e que, em virtude dessa parcialidade, são mais difíceis de curar (já que todos os seus outros sinais mórbidos como que desaparecem diante do único grande sintoma predominante). Desse tipo são as chamadas doenças psíquicas e mentais. Elas não constituem, porém, uma classe nitidamente isolada de todas as outras, pois em todas as demais, assim chamadas doenças físicas, a disposição psíquica e mental está sempre se modificando* e, em todos os casos de doença, que devem ser curados, o estado psíquico deve concorrer como um dos mais notáveis no conjunto característico dos sintomas, se quisermos traçar um quadro fidedigno da doença, a fim de, a partir daí, poder tratá-la homeopaticamente, com êxito. * Quantas vezes, por exemplo, não se encontra um psiquismo dócil e suave em doentes que padecem de doenças com dores muito intensas há vários anos, fazendo com que o artista da cura sinta-se inclinado a dispensar-lhe respeito e comiseração. Porém, se ele vencer a doença, restabelecendo a saúde do doente - como não raro é possível ocorrer segundo o método homeopático - o médico, então, freqüentemente se espanta e se atemoriza ante a terrível alteração do psiquismo, pois muitas vezes presencia ingratidão, crueldade, maldade refinada e os caprichos mais degradantes e desonrosos para a humanidade, os quais eram justamente peculiares a tal doente antes de adoecer. Aqueles que, quando sadios, eram pacientes, tornam-se obstinados, violentos, precipitados e até mesmo intolerantes e caprichosos ou impacientes ou desesperados. Os que antes eram castos e tímidos surgem como luxuriosos e despudorados. Uma pessoa de cabeça lúcida se torna não raro embotada, enquanto que uma pessoa lenta, às vezes se torna uma pessoa de grande presença de espírito e rapidez de decisões etc. §211 Isso possui um tamanho alcance, que o estado psíquico do doente, muitas vezes e principalmente, determina a escolha do medicamento homeopático, na qualidade de sinal possuidor de uma característica determinada: entre todos, é o que menos pode permanecer oculto ao médico observador criterioso.

§212 Igualmente, o Criador das potências curativas levou em consideração, de maneira notável, esse elemento principal de todas as doenças, o estado psíquico e mental alterado, pois não existe no mundo nenhuma substância com força medicamentosa que não altere de modo evidente o estado psíquico e mental do indivíduo sadio que a experimente, havendo, na verdade, uma maneira diferente de agir para cada medicamento. §213 Por conseguinte, jamais se poderá curar de acordo com a natureza, isto é, homeopaticamente, se não se observar, simultaneamente, em cada caso individual de doença, mesmo nos casos de doenças agudas, o sintoma das alterações mentais e psíquicas e se não se escolher, para alívio do doente, entre os medicamentos, uma tal potência morbífica que, a par da semelhança de seus outros sintomas com os da doença, também seja capaz de produzir por si um estado psíquico ou mental semelhante* . * Assim, o Aconitum raras vezes ou nunca produz uma cura rápida e duradoura em um doente de psiquismo calmo e sempre sereno e muito menos a Nux vomica naquele de caráter suave e fleugmático nem a Pulsatilla em um doente alegre, feliz e obstinado ou Ignatia quando se tratar de estado psíquico inalterável, pouco inclinado ao susto ou ao desgosto. §214 O que tenho a ensinar a respeito da cura das doenças mentais e psíquicas pode se reduzir a poucos tópicos, pois são curáveis da mesma maneira e não outra, que o são todas as outras doenças, isto é, por um medicamento que apresente, pelos sintomas que causar no corpo e na alma de uma pessoa sadia, uma potência morbífica tão semelhante quanto possível àquela existente no caso patológico em questão. §215 Quase todas as chamadas doenças mentais e psíquicas nada mais são do que doenças do corpo nas quais o sintoma peculiar da alteração mental e psíquica aumenta, ao passo que os sintomas do corpo diminuem (com maior ou menor rapidez), até que, por fim, atingem acentuada parcialidade; quase como uma afecção local transposta para órgãos mentais ou psíquicos invisivelmente sutis. §216 Não são raros os casos em que as chamadas doenças físicas que ameaçam matar - como a supuração do pulmão ou a degeneração de qualquer víscera essencial ou qualquer doença intensa (aguda), p.ex., febre puerperal etc., - degeneram-se em loucura, em uma espécie de melancolia ou mania, mediante a rápida intensificação do sintoma psíquico presente até então, fazendo desaparecer, assim, todo risco de vida dos sintomas físicos, que melhoram até quase atingir o estado de saúde ou diminuem muito, a ponto de sua presença constantemente velada só poder ser, então, detectada por um médico persistente e observador perspicaz. Dessa maneira, elas acabam se tornando uma doença parcial, uma espécie de doença local em que o sintoma do distúrbio psíquico, a princípio muito suave, aumenta a ponto de transformar-se em um sintoma

principal, ocupando, na maior parte do tempo, o lugar dos outros sintomas (físicos) cuja intensidade ele atenua de maneira paliativa, de modo que, em uma palavra, as afecções dos órgãos físicos maiores são como que conduzidas e transferidas para os órgãos quase não- materiais mentais e psíquicos jamais atingidos e atingíveis pelo bisturi. §217 Em tais doenças deve ser feita cuidadosa investigação de todo o conjunto característico dos sinais relativos aos sintomas físicos, como também e, na verdade, de preferência, dos sinais relativos à compreensão exata da característica precisa (do caráter) de seu sintoma principal, isto é, o peculiar estado mental e psíquico predominante em cada caso, a fim de encontrar-se, para se extinguir toda a doença, entre os medicamentos conhecidos pelos seus efeitos puros, uma potência medicamentosa morbífica homeopática que apresente na sua relação de sintomas a maior semelhança possível, não somente com os sintomas presentes nesse caso, mas também e especialmente com essa condição mental e psíquica. §218 Faz parte dessa enumeração de sintomas, em primeiro lugar, a descrição exata do conjunto dos fenômenos da chamada doença física presente antes que ela se degenere em uma doença mental ou psíquica pela intensificação parcial do sintoma mental. Isso pode ser esclarecido com o relato dos acompanhantes do paciente. §219 A comparação desses sintomas anteriores da doença física com os vestígios ainda subsistentes, não obstante terem se tornado pouco visíveis (mas que mesmo então às vezes se evidenciam, quando ocorre um intervalo de lucidez ou um alívio passageiro da doença mental) será útil para demonstrar sua presença constante e velada. §220 Acrescentando-se a isso o estado mental e psíquico observado pelos acompanhantes do doente e pelo próprio médico* , teremos, assim, montado o quadro completo da doença, para a qual, portanto, a fim de efetuar-se uma cura homeopática, deve-se procurar, entre os medicamentos (antipsóricos etc.), um medicamento capaz de produzir sintomas exatamente semelhantes, notadamente um distúrbio mental semelhante, se a doença mental já tiver atingido certa duração. * Que não raro apresenta mudanças periódicas, por ex., alguns dias de demência furiosa ou furor são seguidos por outros de profunda e silenciosa tristeza etc., retornando apenas em determinados meses do ano. §221 Se, contudo (devido a um susto, contrariedade, bebidas alcoólicas etc), a loucura ou mania irrompe subitamente como doença aguda, substituindo o estado de calma habitual, não deve ser tratada nesse início agudo com medicamentos antipsóricos, não obstante quase sempre surja, em virtude de alguma psora interna (como se uma chama brotasse dela), mas sim, deve ser tratada primeiramente com medicamentos escolhidos em outra classe dos já experimentados* e aqui

indicados, em doses pequenas altamente potencializadas e homeopáticas, a fim de afastá-la a tal ponto que a psora retorne temporariamente a seu estado latente anterior no qual o doente aparenta estar bem de saúde. * Por ex. acônito, beladona, estramônio, hiosciamo, mercúrio etc. §222 Porém, o doente que se restabeleceu de uma doença aguda mental ou psíquica, mediante o emprego desses medicamentos apsóricos, não deve jamais ser considerado curado; ao contrário, não se pode perder tempo, tentando libertá-lo completamente* , por meio de prolongado tratamento antipsórico e talvez até antisifilítico, do miasma crônico da psora que, na verdade, está outra vez latente mas pronto a uma nova investida nos ataques da doença mental ou psíquica anterior, pois então, nenhum futuro ataque semelhante deverá ser temido, se o doente permanecer fiel à dieta e ao tipo de vida que lhe foram prescritos. * É muito raro que uma doença, já de algum tempo, psíquica ou mental, cesse espontaneamente (pois a doença interna se transfere novamente aos órgãos mais grosseiros do corpo); isso ocorre nos casos em que, aqui e ali, um internado até então no manicômio recebia alta por aparentar estar curado. Além disso, todos os manicômios têm estado repletos, de modo que a grande quantidade dos outros que buscam ser aceitos em tais instituições quase nunca podia encontrar lugar a não ser que algum dos internados morresse. Ninguém é curado de modo real e duradouro lá dentro pela velha escola! Uma prova convincente (entre muitas outras) da completa nulidade da arte de não curar, até então praticada, que tem sido ridiculamente honrada pela fanfarronice alopática com o nome de arte de curar racional. Em contrapartida, quantas vezes a verdadeira arte de curar (a genuína, a pura homeopatia) já não conseguiu restabelecer nesses seres infortunados a posse da saúde mental e corporal e restitui-los a seus parentes satisfeitos e ao mundo! §223 Mas, se o tratamento antipsórico (ou até antisifilítico) deixar de ser feito, devemos esperar, quase com certeza, o surgimento rápido de um novo ataque de loucura mais grave e, na verdade, mais persistente, por um motivo muito mais fraco do que o causador do primeiro e durante o qual a psora costuma desenvolver-se de modo completo, convertendo-se num distúrbio mental periódico ou continuado, sendo, então, mais difícil de ser curado com antipsórico. §224 Se a doença mental não estiver plenamente desenvolvida e se ainda existirem algumas dúvidas para saber se realmente resultou de sofrimento do corpo ou se, antes, provém de falhas na educação, maus hábitos, moral corrupta, negligência mental, superstição ou ignorância, serve, então, de indício o fato de diminuir e melhorar mediante exortações amistosas e equilibradas, argumentos consoladores, advertências sérias e sensatas. Em contrapartida, uma verdadeira doença mental ou psíquica que dependa de um mal físico se agravará rapidamente com esse método; a melancolia se torna mais chorosa, inconsolável e mais reservada, assim como a loucura furiosa se torna mais exasperada e a linguagem sem nexo do louco tornar-se-á manifestamente ainda mais absurda* .

* Parece que a alma do doente, nesses casos, sente, com indignação e tristeza, a verdade destas advertências, atuando sobre o corpo como se desejasse restabelecer a harmonia perdida, mas que, mediante essa doença, reage muito intensamente nos órgãos mentais e psíquicos, colocando-os em desordem ainda maior, por uma nova transferência de seus sofrimentos para eles. §225 Por outro lado, existem, como foi dito, algumas doenças psíquicas certamente pouco numerosas, que não se desenvolveram apenas desse modo, a partir de doenças físicas, mas, por um processo inverso, principiam e se desenvolvem a partir do psiquismo, com uma ligeira indisposição mediante ansiedade prolongada, preocupações, vexames, insultos e freqüentes e fortes motivos para medo e susto. Essa espécie de doença psíquica destrói freqüentemente, com o passar do tempo, também o estado de saúde do corpo, em alto grau. §226 Tais doenças psíquicas que foram primeiramente trabalhadas e mantidas pela alma, enquanto ainda recentes e antes de terem perturbado em demasia o estado físico, são as únicas que podem ser rapidamente transformadas em bem-estar psíquico (com regime de vida adequado, aparentemente até em bem-estar físico) mediante meios de cura psíquicos, tais como demonstração de confiança, conselhos amigáveis, argumentos sensatos e muitas vezes habilidosas simulações. §227 Contudo, também elas têm como origem o miasma psórico, mas que ainda não atingiu seu pleno desenvolvimento, sendo seguro submeter o convalescente a um tratamento antipsórico (ou até antisifilítico) radical, a fim de que ele não caia novamente numa doença mental semelhante, o que é, afinal, fácil de ocorrer. §228 Nas doenças mentais e psíquicas resultantes de doenças do corpo que só podem ser curadas com medicamentos homeopáticos dirigidos ao miasma interno, a par de um regime de vida cuidadosamente regulado, deve ser observada uma conduta psíquica adequada por parte dos que o cercam e também do médico, como dieta auxiliar da alma. Á loucura com furor é preciso opor um calmo destemor, vontade firme e sangue frio - às lamentações tristes e chorosas, muda piedade nas expressões da face e nos gestos - à loquacidade sem nexo, um silêncio não desprovido de certa atenção - a uma conduta repugnante e abominável e conversação do mesmo tipo, completo desconhecimento. Deve-se procurar somente impedir a destruição e dano dos objetos que o rodeiam, sem repreendê-lo por seus atos, dispondo tudo de modo a abolir completamente todo e qualquer castigo ou tortura fisica* . Isso é tanto mais fácil de realizar na medida em que, na administração do medicamento - o único caso em que ainda se poderia justificar a coação - pelo tratamento homeopático, as pequenas doses do medicamento adequado jamais agridem o paladar, podendo, portanto, ser ministradas ao doente em alguma bebida sem que ele o saiba e sem que seja necessário qualquer tipo de coação.

* Temos forçosamente que ficar admirados ante a dureza de coração e da irreflexão dos médicos de muitas instituições de saúde desse tipo. Sem procurar descobrir o único caminho eficaz, homeopaticamente medicamentoso (antipsórico), esses bárbaros contentam-se em castigar aqueles seres, que são os mais dignos de compaixão de todos os Homens, mediante pancadas e outras torturas dolorosas. Com esse procedimento revoltante e sem consciência, situam-se abaixo dos carcereiros de instituições penais, pois estes infligem tais castigos somente por dever de seu cargo, e só nos criminosos, ao passo que aqueles, pela humilhante consciência de sua nulidade médica, parecem descarregar sua própria maldade contra a suposta incurabilidade das doenças psíquicas e mentais mediante brutalidade para com os sofredores inocentes e dignos de comiseração, visto que são demasiadamente ignorantes para ajudar e por demais indolentes para adotar um procedimento de cura conveniente. §229 Por outro lado, a contradição, o empenho em dar explicações, as admoestações e correções rudes, assim como a condescendência débil e tímida são contra-indicadas para tais doentes e constituem, igualmente, um modo prejudicial de tratar sua mente e seu psiquismo. Mas eles se exasperam, na maioria das vezes, agravando a doença, mediante o escárnio, o subterfúgio e o engano. O médico e o enfermeiro precisam sempre dar a impressão de que os julgam lúcidos. Em contrapartida, deve-se remover toda sorte de influências externas de seus sentidos e de seu psiquismo; não existem distrações para sua mente obnubilada, nem diversões salutares, instrução ou lenitivos mediante conversas, leituras ou qualquer outro meio para sua alma que definha ou se revolta sob as cadeias do corpo doente; nenhum fortalecimento possível além da cura; somente com a melhora da saúde do corpo é que a tranqüilidade e o bem estar brilharão de novo em sua mente. * * Somente em uma instituição destinada especialmente para esse fim é que pode ser realizado o tratamento dos dementes, loucos furiosos e melancólicos, mas não no círculo familiar do doente. §230 Se o medicamento escolhido para cada caso particular de doença mental ou psíquica (elas são incrivelmente diferentes) for bem adequado homeopaticamente ao quadro fielmente traçado da doença a qual, se houver medicamentos dessa espécie em número suficiente conhecidos por seus efeitos puros é também tanto mais fácil de ser atingida através de uma busca incansável do medicamento homeopaticamente mais adequado, pois o estado psíquico e mental de tal doente, na qualidade de sintoma principal, revela-se tão inequivocamente, então, as doses menores possíveis serão suficientes para produzir, em tempo não muito longo, a melhora mais notável, o que não seria conseguido se os doentes fossem tratados até a morte com doses máximas e mais freqüentes de todos os outros medicamentos inadequados (alopáticos). Realmente, posso afirmar, depois de uma longa experiência, que a vasta superioridade da arte de curar homeopática sobre todos os outros métodos terapêuticos imagináveis, não se revela em parte alguma de forma tão triunfante como nas doenças psíquicas e mentais antigas que, originariamente, provieram de padecimentos físicos, ou que se desenvolveram ao mesmo tempo que eles. §231

Merecem uma consideração especial as doenças intermitentes, tanto aquelas que se apresentam em determinados períodos, como grande número de febres intermitentes e de afecções do tipo de febres intermitentes aparentemente não febris que se repetem sob a mesma forma - como também aquelas em que certos estados mórbidos se alternam em períodos indeterminados com outros de espécie diferente. §232 Essas últimas, as doenças alternantes, são igualmente muito numerosas* , mas todas pertencem à classe das doenças crônicas e, geralmente, são apenas uma manifestação de psora desenvolvida e raras vezes complicada com um miasma sifilítico, podendo, portanto, no primeiro caso, ser curadas com medicamentos antipsóricos; contudo, no último caso alternam-se com anti- sifilíticos, como foi ensinado no livro sobre doenças crônicas. * Dois ou mesmo três estados podem alternar-se. É possível, por ex., no caso de duas doenças que se alternam, aparecer certas dores persistentes nos pés e em outros locais, logo após cessar a inflamação ocular, que, então, reaparece, logo após a dor nos membros ter desaparecido momentaneamente; convulsões e espasmos podem alternar-se imediatamente com qualquer outro sofrimento do organismo ou de parte dele; é possível, contudo, que também em três estados que se alternam em uma indisposição persistente possam ocorrer períodos rápidos de melhora aparente da saúde e uma surpreendente elevação das forças mentais e físicas (uma alegria exagerada, uma atividade muito viva do corpo, excessivo bem-estar, apetite imoderado etc) quando, então, surgem de modo inesperado um humor sombrio e melancólico, disposição psíquica hipocondríaca insuportável com perturbação de várias funções vitais da digestão, do sono etc., dando lugar novamente e de modo igualmente repentino ao estado mórbido moderado dos períodos usuais, como também a vários outros múltiplos estados alternantes. Freqüentemente, não mais se percebe qualquer vestígio do estado anterior, quando surge um novo estado. Em outros casos, ainda restam somente poucos vestígios do estado alternante anterior; quando ocorre o outro estado, poucos sintomas do estado anterior permanecem quando aparece o segundo e durante o seu curso. Por vezes, os estados mórbidos alternantes são de natureza completamente oposta, como, por ex., a melancolia que se alterna, periodicamente, com a euforia ou com o delírio. §233 As doenças intermitentes típicas são aquelas em que um estado mórbido de caráter invariável retorna em períodos relativamente determinados enquanto o doente goza aparentemente de boa saúde, desaparecendo em um período igualmente determinados; isso se observa, não somente no grande número de febres intermitentes, mas também naqueles típicos estados mórbidos aparentemente não febris, que vêm e novamente se vão (em determinados períodos). §234 Os típicos estados mórbidos aparentemente não febris, que se apresentam periodicamente em uma mesma pessoa num determinado período (não costumam aparecer esporadicamente ou em epidemias), sempre fazem parte das doenças crônicas, principalmente das puramente psóricas, apenas muito raramente se complicando com a sífilis e recebendo, com êxito, o mesmo

tratamento. Contudo, às vezes, faz-se necessário o emprego intercorrente de uma dose muito pequena de solução potencializada de casca de quina a fim de extinguir completamente o seu caráter intermitente. §235 No que concerne às febres intermitentes* que se apresentam esporádica ou epidemicamente (não aquelas endemicamente situadas em regiões pantanosas) freqüentemente nos deparamos com crises (paroxismos) constituídas cada uma delas de dois estados opostos alternantes (frio, calor - calor, frio) e, mais freqüentemente, até de três (frio, calor, transpiração). Portanto, também o medicamento escolhido entre o grupo geral dos medicamentos comuns experimentados, geralmente, não-antipsóricos, tem que ser capaz de produzir, no organismo sadio, igualmente, dois (o que e mais seguro) ou três estados alternantes semelhantes, ou deve corresponder, pela similitude de seus sintomas, na forma mais homeopática possível, ao estado alternante mais forte e mais peculiar (ou ao estado de frio, ou ao de calor, ou ao de transpiração, cada um com seus sintomas secundários, conforme um ou outro estado alternante seja o mais forte e o mais peculiar); mas os sintomas do estado de saúde do doente, durante os intervalos em que não tem febre, devem guiar, principalmente, a escolha do medicamento homeopático mais apropriado2* * A patologia atual ainda na infância insensata tem conhecimento apenas de uma única febre intermitente, denominada, igualmente febre fria, não admitindo qualquer outra variedade senão aquelas que estão constituídas pelos diferentes intervalos em que retornam as crises, febre cotidiana, terçã, quartã etc. Contudo, além dos períodos recidivantes, existem diferenças muito mais significativas entre elas; há inúmeras variedades dessas febres, muitas das quais não podem sequer ser chamadas febres frias, pois suas crises consistem somente de calor, enquanto que outras apresentam somente frio com ou sem transpiração subseqüente; existem, ainda, outras que apresentam frio pelo corpo todo, simultaneamente com calor ou, então, quando o corpo está quente ao tato, apresentam frio; outras ainda, em que um dos paroxismos consiste apenas em calafrio ou simples sensação de frio, seguido de bem-estar enquanto que o outro seguinte se constitui somente de calor, seguido ou não de transpiração; outras há, ainda, em que, após o período de frio ou calor sobrevém a apirexia, apresentando-se apenas a transpiração, freqüentemente muitas horas depois, como uma segunda crise e ainda outras em que não há qualquer transpiração; outras, em que toda crise consiste apenas de transpiração ou nas quais a transpiração somente ocorre durante o período de calor. Assim, apresentam-se incrivelmente outras variedades, principalmente em relação aos sintomas secundários, como dor de cabeça de tipo peculiar, mau gosto na boca, vômitos, diarréia, falta ou excesso de sede, dores de caráter peculiar no corpo ou nos membros, problemas de sono, delírios, alterações psíquicas, espasmos etc - antes, durante ou após o calafrio, antes, durante ou após o calor; antes, durante ou após a transpiração e outras modalidades. Todas elas são, evidentemente, febres intermitentes de espécies muito diferentes, cada uma delas, como é óbvio, requerendo seu próprio tratamento (homeopático). De fato, deve-se admitir que quase todas podem ser dominadas (como acontece freqüentemente) mediante grandes e monstruosas doses de casca de quina e de sua preparação farmacêutica por meio do ácido sulfúrico, chamada quinino, isto é, sua recidiva periódica (seu tipo) é extinta por ela, mas os doentes que sofreram tais febres (como ocorre com todas as febres intermitentes epidêmicas que assolam países inteiros e ainda os lugares montanhosos), aos quais a casca de quina não é conveniente, não se tornam sadios mediante essa extinção do tipo de

febre. Não! Permanecem, pelo contrário, doentes, aliás, mais doentes, só que de outra maneira, muitas vezes piorando muito mais do que antes, sendo afetados por peculiares discrasias crônicas pela China, dificilmente podendo restabelecer-se plenamente, mesmo através da legítima arte de curar, ainda que durante longo tempo. E é a isso que o Homem pretende chamar de cura! 2* O conselheiro de governo, Barão von Bönninghausen, foi quem, em primeiro lugar, elucidou esse assunto que demanda tanto cuidado, facilitando a escolha do meio de cura eficaz para as diferentes epidemias de febre, através de seus escritos: Versuch emer homõopathischen Therapie der Wechselfieber, 1833. Múnster bei Regensberg. §236 Nesse caso, a dose do medicamento se torna mais adequada e mais eficaz imediatamente após o termino da crise ou logo após, assim que o doente, de uma certa forma tiver se recuperado, tendo, então, tempo de produzir todas as eventuais alterações do organismo visando ao restabelecimento da saúde, sem grande distúrbio ou comoção intensa; ao passo que a ação de um medicamento, ainda que seja apropriado, se ministrado imediatamente antes da crise, coincide com o retorno natural da doença e causa tal reação no organismo, uma perturbação tão intensa que essa espécie de comoção acarreta, no mínimo, uma grande perda de vigor, quando não coloca a vida em perigo* . Se o medicamento, porém, for ministrado imediatamente após o fim da crise, isto é, no momento em que começar o período apirético e muito tempo antes que se prepare a crise seguinte, então, a força vital se encontra nas melhores condições possíveis para deixar-se modificar suavemente e recuperar, assim, o estado de saúde. * Isso se observa nos casos não muito raros, em que ocorre a morte, nos quais uma dose moderada de suco de papoula ministrada durante o período de calafrio da febre arrebata rapidamente a vida. §237 Contudo, se o período de apirexia for muito curto, como ocorre em algumas febres muito graves, ou se for perturbado por alguns dos padecimentos resultantes da crise anterior, a dose do medicamento homeopático deve ser oferecida quando começarem a diminuir a transpiração ou os outros fenômenos subseqüentes à crise anterior. §238 Não é raro que apenas uma dose do medicamento adequado impeça várias crises e, até mesmo, restitua a saúde; mas, na maioria dos casos, uma outra dose deve ser dada após cada crise; quando o caráter dos sintomas não houver se alterado, podem ser administradas de preferência, sem inconveniente, doses do mesmo medicamento, dinamizando-se cada dose sucessiva (mediante 10, 12 sucussões do frasco que contém a solução medicamentosa), de acordo com a mais recente descoberta sobre a melhor maneira de repetir as doses (ver nota § 270). Contudo, às vezes, há casos, embora raros, em que a febre intermitente reaparece, depois de vários dias de bem estar, como acontece nas regiões pantanosas, caso em que uma cura duradoura muitas vezes só é possível com o afastamento do paciente desse fator causal (como por ex. mediante uma estadia em uma região montanhosa, se se tratar de uma febre dos pântanos).

§239 Como quase todo medicamento produz em sua ação pura uma febre especial peculiar e mesmo um tipo de febre intermitente com seus períodos alternantes, distinta das outras febres causadas por outros medicamentos, podemos encontrar medicamentos homeopáticos no vasto rol de medicamentos para todas as variedades de febres intermitentes naturais e, para um grande número de tais febres, já se encontra uma qualidade razoável de medicamentos experimentados atualmente em organismos sadios. §240 Se o medicamento encontrado como específico homeopático para uma epidemia reinante de febre intermitente, não efetua uma cura perfeita em um ou outro doente e quando não for um lugar pantanoso que impeça a cura, então, é sempre o miasma psórico de tocaia que a impede e nesse caso devemos empregar os medicamentos antipsóricos até a obtenção de um alívio completo. §241 As epidemias de febre intermitente em lugares em que não são endêmicas, são da natureza das doenças crônicas e compostas de crises agudas isoladas; cada epidemia isolada é de caráter peculiar, uniforme e particular comum a todos os indivíduos afetados e, quando esse caráter se encontra no conjunto característico dos sintomas comuns a todos, aponta-nos o caminho para a descoberta do medicamento homeopático (especifico) adequado para todos os casos, o qual, então, é praticamente eficaz em todos os doentes que gozavam de saúde razoável antes da epidemia, isto é, que não sofriam cronicamente de psora desenvolvida. §242 Se, contudo, em tal epidemia de febre intermitente não foram curadas as primeiras crises, ou se os doentes tiverem sido enfraquecidos, mediante tratamento alopático inadequado, então, a psora que infelizmente já se encontra no organismo de tantas pessoas, embora em estado latente, desenvolve-se, assumindo a forma de febre intermitente e desempenhando, aparentemente, o papel da febre intermitente epidêmica, de modo que o medicamento que teria sido eficaz nas primeiras crises não mais convém e já não pode prestar nenhuma ajuda. Temos, então, que lidar apenas com uma febre intermitente psórica que, geralmente, é vencida mediante doses mínimas de enxofre ou de fígado de enxofre+ em alta potência. + (N.T.) - Hepar sulfur. §243 Nessas febres intermitentes, muitas vezes perniciosas, que atacam uma pessoa isolada que não vive em região pantanosa, deve-se também, a princípio, como no caso das doenças agudas em geral às quais se assemelham por sua origem psórica, empregar, durante alguns dias, para melhor ajuda possível, primeiramente o medicamento homeopático escolhido para o caso especial entre a classe dos outros medicamentos (não anti-psóricos) experimentados; mas, se, ainda assim, o restabelecimento se faz esperar, então, devemos saber que se trata da psora prestes a desenvolver-se e que somente os medicamentos anti-psóricos podem efetuar ajuda radical.

§244 As febres naturais intermitentes endêmicas em regiões pantanosas e lugares sujeitos a inundações deram até hoje muito trabalho ao mundo médico e, contudo, um indivíduo sadio pode, nos anos de juventude, habituar-se a viver em lugares pantanosos sem adoecer, contanto que conserve um regime de vida conveniente e que não seja submetido à miséria, fadiga ou paixões perniciosas. As febres intermitentes, que lá são endêmicas, atacá-lo-iam quando muito por ocasião de sua chegada em tal lugar, mas uma ou duas doses muito pequenas de uma solução altamente potencializada de casca de quina juntamente com um modo de vida regular, como foi mencionado, libertá-lo-ão rapidamente. Mas, nos indivíduos que, apesar de fazerem exercício físico suficiente e seguirem um regime saudável mental e físico não puderem ser libertados da febre intermitente dos pântanos com uma ou algumas pequenas doses do medicamento China, existe sempre, na base da doença, a psora, esforçando-se para desenvolver- se e sua febre intermitente não pode ser curada, no lugar pantanoso, sem tratamento anti-psórico* . Ocorre, por vezes, que, quando esses doentes trocam, sem demora, o local pantanoso por um lugar fresco e montanhoso, a febre os deixa, manifestando-se um aparente restabelecimento se eles ainda não estiverem profundamente doentes, isto é, se a psora ainda não tiver se desenvolvido neles completamente, podendo, consequentemente, retornar ao seu estado latente; jamais, porém, recuperarão uma saúde perfeita sem um tratamento anti-psórico. * Grandes doses, freqüentemente repetidas, de casca de quina, bem como os meios concentrados de China, como o Chininum sulphuricum podem livrar tal doente da típica febre alternante do pântano, mas aqueles equivocados quanto à sua cura, permanecem, como foi mencionado acima, com outro tipo de sofrimento, por uma intoxicação, às vezes incurável, por China (v. nota § 276). §245 Após termos visto a atenção que convém prestar, no tratamento homeopático, às principais diferenças das doenças e às circunstâncias peculiares a elas relacionadas, passamos ao que temos a dizer sobre os medicamentos e a maneira de empregá-los, bem como o regime de vida que deve ser observado durante seu uso. §246 Cada melhora, perceptivelmente progressiva e, evidentemente crescente, durante o tratamento, é uma circunstância que, enquanto perdurar, impede completamente qualquer repetição do emprego de qualquer medicamento, pois todo o benefício que o mesmo ingerido continua a fazer, está prestes a ser inteiramente realizado. Isso não é raro em doenças agudas, mas, nas doenças que já cronificaram, por outro lado, uma única dose de um medicamento homeopático, adequadamente escolhido, também pode desenvolver, às vezes, uma melhora gradual, lenta e progressiva, e proporcionará a ajuda que tal medicamento, no caso, está em condições de efetuar naturalmente em 40, 50, 60, 100 dias. Contudo, esse é um caso raro, e, além disso, deve ser de grande importância para o médico e para o doente que, se for possível, se reduza tal período à metade, a uma quarta parte ou menos ainda, de modo que se obtenha uma cura bem mais rápida.

E isso pode ser muito bem obtido, sob as seguintes condições, como me ensinaram minhas experiências recentes e amiúde repetidas: em primeiro lugar, se o medicamento escolhido com o maior cuidado é inteiramente homeopático; em segundo lugar, se é altamente potencializado, diluído em água e dado na pequena dose adequada, nos intervalos mais convenientes, indicados pela experiência, a fim de que a cura se efetue mais rapidamente, mas com o cuidado de que o grau da potência de cada dose difira um pouco da anterior e da seguinte, de modo que o principio vital que deve ser alterado, produzindo uma doença medicamentosa semelhante, não se rebele, provocando reações contrárias, como sempre acontece quando se repete freqüentemente uma dose não modificada do medicamento* . * O que afirmei na quinta edição do Organon em uma longa nota deste parágrafo, para impedir essas reações contrárias da força vital foi tudo quanto me permitiu minha experiência anterior. Mas, durante os últimos 4 ou 5 anos essas dificuldades foram completamente superadas por mim através de meu novo método desde então modificado e aperfeiçoado. Os mesmos medicamentos, cuidadosamente escolhidos, podem agora ser dados diariamente e ao longo de meses, se necessário e de modo que, após ter-se usado durante uma ou duas semanas o grau mais baixo de potência no tratamento de doenças crônicas (iniciando-se com o emprego dos graus mais baixos de acordo com o novo processo de dinamização), passa-se da mesma maneira para os graus mais elevados. §247 Não é exeqüível querer repetir a mesma dose inalterada * do medicamento uma vez, sem falar das freqüentes repetições (e, em certos intervalos, para não retardar a cura). O princípio vital não aceita tais doses inalteradas sem resistência, isto é, sem que outros sintomas do medicamento se manifestem a não ser os semelhantes à doença a ser curada, porque a primeira dose anterior já realizou a alteração esperada do principio vital e uma segunda dose inalterada desse mesmo medicamento, inteiramente igual em dinamização já não mais encontra meios de realizar o mesmo sobre o princípio vital. Mediante tal dose inalterada, o paciente só pode ficar doente de outra maneira, na verdade ficar mais doente do que antes, pois então, somente são ativos os sintomas do medicamento que não são homeopáticos para a doença original, razão pela qual não se poderá dar nenhum passo em direção à cura, mas em direção a um verdadeiro agravamento do doente. Mas, se a dose seguinte é ligeiramente modificada a cada ingestão, isto é, um pouco mais dinamizada (§ 269, 270), o princípio vital doente, então, pode ser mais alterado (sua sensação da doença natural mais atenuada), sem dificuldade, pelo mesmo medicamento, aproximando-se, desse modo, da cura. * Não se deveria, por conseguinte, ainda que se trate do medicamento homeopático melhor escolhido, por ex., um glóbulo do mesmo grau de potência que, inicialmente, foi tão benéfica, fazer com que o doente ingira, logo a seguir, sem líquido, uma segunda ou terceira dose. E se o medicamento foi dissolvido em água e a primeira dose foi benéfica, uma dose igual ou menor, tomada pela segunda ou terceira vez do frasco, sem agitar - ainda que a intervalos de alguns dias - já não mais seria benéfica, mesmo que a preparação primitiva tenha sido potencializada, agitando-se dez vezes, ou, como sugeri mais tarde, apenas duas vezes, a fim de evitar esta desvantagem; isto de acordo apenas com as razões acima expostas. Ao modificar-se, porém, cada dose em seu grau de dinamização, como ensino aqui, não ocorre nenhum prejuízo, mesmo na repetição mais freqüente das doses e mesmo que o

medicamento fique altamente potencializado, devido a muitas sucussões. Poder-se-ia quase dizer que, somente se aplicado em diversas formas diferentes, o medicamento homeopático melhor escolhido poderia melhor remover a perturbação mórbida da força vital, extinguindo-a nas doenças crônicas. §248 Em vista disso, a cada nova ingestão, é potencializada (mediante cerca de 8, 10, 12 sucussões do frasco) a solução medicamentosa* da qual se ministrará ao doente uma (aumentando progressivamente) ou mais colheres das de café ou chá; nas doenças de longa duração, diariamente ou a cada dois dias; em doenças agudas, porém, a cada 6, 4, 3, 2 horas e, nos casos mais urgentes a cada hora ou, mais freqüentemente. Assim, nas doenças crônicas, cada medicamento homeopaticamente escolhido de maneira correta, mesmo aquele cuja ação tenha efeito prolongado, pode ter repetições diárias durante meses, com êxito crescente. Se a solução terminar (em 7, 8 ou 14, 15 dias), deve-se acrescentar à próxima solução do mesmo medicamento - se ainda for indicado - um ou (embora raramente) diversos glóbulos de uma outra potência (mais elevada) com a qual se prosseguirá por tanto tempo quanto for necessário ao doente para continuar apresentando melhora sem que sofra nenhuma perturbação significativa que nunca tenha tido antes em sua vida, pois se tal acontece e o restante da doença se manifesta em um grupo de sintomas alterados, deve-se, então, escolher um outro medicamento mais homeopaticamente adequado, no lugar do medicamento anterior, mas, administrá-lo também nas mesmas doses repetidas, porém, somente concebidas dessa forma, isto é, nunca administrar a solução sem modificá-la em seu grau de potência, mediante sucussões convenientemente vigorosas a cada dose, a fim de alterá-lo e aumentá-lo um pouco. Por outro lado, caso surjam, durante a repetição quase diária do medicamento homeopático bem escolhido e perto do fim do tratamento de uma doença crônica, as chamadas agravações homeopáticas (§ 161), com as quais os sintomas mórbidos parecem de novo agravar-se ligeiramente (enquanto a doença medicamentosa semelhante ao mal natural agora se manifesta quase por si mesma), então, devem ser diminuídas ainda mais as doses e repetidas em intervalos mais longos ou mesmo suspensas durante vários dias, a fim de se verificarmos se o restabelecimento já não reclama ajuda medicamentosa, quando, então, em breve, desaparecerão os sintomas aparentes, meramente causados pelo excesso do medicamento homeopático, dando lugar a uma saúde transparente. Se, para o tratamento, for usado apenas um frasco (contendo aproximadamente um dracma de álcool diluído, no qual se encontra um glóbulo do medicamento dissolvido mediante sucussão), para aspiração nasal diária ou a cada 2, 3, 4 dias, também esse tem que ser bem agitado 8, 10 vezes, antes de cada aspiração. * Em 40, 30, 20, 15 ou 8 colheres de sopa de água à qual se acrescenta um pouco de álcool ou um pedaço de carvão de lenha para conservá-la. Se for empregado carvão, suspende-se o mesmo por um fio no recipiente, retirando-se cada vez que o frasco deva ser agitado. A dissolução do glóbulo medicamentoso (pois raramente se necessita 'mais do que um glóbulo de um medicamento convenientemente dinamizado), em uma quantidade bem grande de água, pode ser dispensada se se fizer uma solução, por ex., de apenas sete ou oito colheres de sopa de água e, após ter-se agitado o recipiente adequadamente, tirar-se deste uma colher de sopa da solução, colocando-a em um copo de água, (contendo cerca de sete ou oito colheres de sopa), agitar-se adequadamente dando-se a dose determinada ao doente. Se o mesmo mostrar-se excepcionalmente agitado e sensível, coloca-se uma colher de chá ou de café cheia dessa solução

em um segundo copo de água, mexendo-se bem, a fim de dar ao doente uma colher de café (ou um pouco mais). Existem doentes com tal sensibilidade que necessitam de um terceiro ou quarto copo da solução medicamentosa na diluição conveniente, preparada de maneira semelhante. Cada dia, após a ingestão do medicamento, despreza-se o conteúdo do copo (ou dos copos) assim preparado, a fim de prepará-lo novamente todos os dias. O glóbulo em alta potência é melhor pulverizado com alguns grãos de açúcar de leite, que o doente só precisa agitar no frasco determinado, a fim de serem dissolvidos na quantidade de água necessária. §249 Cada medicamento receitado que, no decurso de sua ação, produz novos sintomas penosos não pertencentes à doença a ser curada, não tem condições de realizar uma verdadeira melhora* e não pode ser considerado como homeopaticamente escolhido; deve, portanto, se a agravação for significativa, ser neutralizado, a princípio, parcialmente, tão breve quanto possível, mediante um antídoto2* antes de se dar o próximo medicamento escolhido mais precisamente quanto à similitude de ação, ou, se os sintomas opostos não forem muito intensos, este último deve ser ministrado imediatamente, a fim de substituir o que foi impropriamente escolhido. * Visto que toda experiência demonstra que quase nenhuma dose de um medicamento homeopático especificamente indicado e altamente dinamizado pode ser preparada tão pequena que provoque a melhora perceptível de uma doença correspondente (§161.279), agir-se-ia contra os objetivos e nocivamente se, diante da ausência de melhora ou de uma pequena agravação, repetíssemos ou mesmo aumentássemos a dose do mesmo medicamento, como ocorre no método de tratamento vigente, na ilusão de que não foi eficaz devido à sua pequena quantidade (sua dose demasiadamente pequena). Toda agravação, pela produção de sintomas novos - quando nada ocorre de prejudicial na dieta física e mental demonstra sempre apenas que o medicamento dado anteriormente foi inadequado no caso dessa doença, jamais apontando, contudo, para a pequenez da dose. 2* Ao médico bem informado e conscienciosamente criterioso jamais pode ocorrer o caso em que se veja obrigado a utilizar um antídoto em seu consultório se ele principia, como deve, o emprego de seu medicamento bem escolhido na menor dose possível; precisamente uma dose assim pequena do medicamento melhor escolhido restabelecerá completamente a ordem. §250 Quando se torna evidente ao artista da cura, pesquisador meticuloso do estado mórbido, que, nos casos urgentes, já, após o decorrer de 6, 8, 12 horas, ele errou na escolha do medicamento administrado por último, agravando-se perceptivelmente, hora após hora, o estado de saúde do doente, embora, aos poucos, com o surgimento de novos sintomas e padecimentos, não só lhe é permitido, mas também é o dever que lhe solicita, reparar o erro cometido, mediante a escolha e a administração, não só de um medicamento homeopático razoavelmente adequado, mas também o mais apropriado possível para o estado de doença em questão (§167). §251

Há alguns medicamentos (como por exemplo Ignatia, eventualmente também a Bryonia e Rhus e, às vezes, Belladonna) cujo poder de alterar o estado de saúde do Homem consiste, principalmente, em efeitos alternantes, uma espécie de sintomas de ação primária que são opostos entre si. Todavia, o artista da cura, caso não perceba melhora, ao receitar uma dessas substâncias escolhidas conforme estritos princípios homeopáticos, logo atingirá seu objetivo (em doenças agudas, já após as primeiras horas), administrando uma nova dose, igualmente diminuta do mesmo medicamento* . * Como descrevi mais pormenorizadamente no prefácio à Ignatia (na segunda parte da Matéria Médica Pura). §252 Julgando-se, porém, durante o emprego dos medicamentos restantes em doenças crônicas, que o medicamento melhor escolhido homeopaticamente na dose adequada (mínima) não produz melhora, então, isso é um sinal certo de que a causa que mantém a doença ainda persiste e de que há alguma circunstância no modo ou no círculo de vida do doente que necessita ser removida para que se realize a cura duradoura. §253 Entre os sinais que, em todas as doenças, principalmente as que surgem de modo rápido (agudas), indicam um ligeiro inicio de melhora ou agravação perceptível a todos, o estado do psiquismo e todo o comportamento do doente são os mais seguros e elucidativos. No caso do início de melhora, por menor que seja, nota-se um maior bem-estar, crescente tranqüilidade, despreocupação e mais ânimo - uma espécie de retorno ao estado normal. No caso da agravação, ainda que muito ligeira, porém, ocorre o contrário: o estado do psiquismo, da mente e todo seu comportamento passam a denotar retraimento, desamparo, requerendo mais compaixão, assim como as suas atitudes em todas as situações e atividades, o que pode facilmente ser percebido mediante uma atenta observação, mas não pode ser descrito em palavras* . * Contudo, os sinais de melhora do estado psíquico e mental somente devem ser esperados logo após a ingestão do medicamento, se a dose tiver sido suficientemente pequena (i. é, o quanto possível); uma dose maior que o necessário, ainda que do medicamento homeopático mais adequado, age com muita intensidade, produzindo, a princípio, uma alteração muito grande e duradoura no psiquismo e na mente para permitir que sejam percebidas melhoras rápidas no doente, sem falar nas outras desvantagens (§276) das doses demasiadamente fortes. Devo aqui observar que essa regra tão necessária é transgredida, sobretudo pelos presunçosos principiantes do método homeopático e pelos médicos alopatas da velha escola, convertidos à arte de curar homeopática. Devido a antigos preconceitos eles abominam as doses mínimas das diluições mais altas dos medicamentos em tais casos, privando-se, por conseguinte, de experimentar as grandes vantagens e benefícios deste procedimento comprovadas em milhares de experiências. Não podem produzir tudo o que a homeopatia legitima é capaz de realizar, intitulando-se, por isso mesmo, injustamente, seus discípulos. §254

Os outros novos fenômenos estranhos à doença a ser curada ou, ao contrário, a diminuição dos primitivos, sem acréscimo de novos, dissipam rapidamente todas as dúvidas do observador perspicaz artista da cura quanto à agravação ou melhora, embora haja, entre os doentes, pessoas incapazes de informar sobre a melhora e, principalmente, sobre a agravação ou que não estão dispostas a confessá-las. §255 Mas, mesmo diante de tais pessoas, podemos nos convencer disso, ao examinar com elas, um por um, todos os sintomas esboçados no quadro da doença, constatando que não se queixam de qualquer sintoma inabitual, além desses e que nenhum dos velhos fenômenos se agravou. Então, se já se houver observado melhora do psiquismo e da mente, o medicamento já deve ter operado uma diminuição efetiva da doença ou, se o tempo para tal, não tiver sido suficiente, em breve isso ocorrerá. Se, porém, a melhora visível tardar muito, no caso de ter sido escolhido convenientemente o meio de cura, isso se deve a um procedimento errôneo por parte do doente ou a outras circunstâncias que impedem a melhora. §256 Por outro lado, se o doente mencionar a ocorrência deste ou daquele fenômeno ou sintomas novos de importância - sinal de que o medicamento não foi escolhido de modo adequadamente homeopático - embora, de boa fé, ele afirme que está melhor* , não devemos acreditar em tal assertiva, mas considerar seu estado agravado, o que logo se tornará, também, evidente. * Este é o caso, não raro, em tuberculosos com lesão pulmonar. §257 O legítimo artista da cura saberá evitar transformar em favoritos, certos medicamentos que talvez, por casualidade, ele tenha mais freqüentemente julgado convenientes e em cujo emprego tenha obtido êxito. Procedendo desse modo, serão deixados de lado alguns medicamentos de emprego mais raro que seriam mais apropriados homeopaticamente e, por conseguinte, mais eficazes. §258 O legitimo artista da cura, tampouco, deixará de empregar em suas atividades clínicas, por falta de confiança, medicamentos que, por escolha inadequada (portanto, por sua própria culpa), às vezes mostraram maus resultados, nem evitará seu emprego por outros motivos (falsos), como o fato de não serem homeopáticos para o caso de doença, tendo em vista a verdade de que, de todas as potências morbíficas medicamentosas, somente merece a preferência e atenção aquela que, em cada caso de doença mais corresponda em exatidão, quanto à semelhança, à totalidade dos sintomas característicos e de que nenhuma paixão mesquinha pode imiscuir-se nessa escolha séria. §259 Diante da pequenez tão necessária, quanto conveniente, das doses no procedimento homeopático, é fácil compreender que no tratamento devem ser suprimidas da dieta e do regime de vida todas as outras coisas que, de uma ou outra forma, possam ter ação medicamentosa, a

fim de que a pequena dose não possa ser superada, anulada ou mesmo perturbada por um estímulo medicamentoso estranho* . * Os tons mais suaves de uma flauta à distância, que, no silêncio da meia noite despertam em coração sensível sentimentos elevados, fundindo-os em êxtase religioso, tornam-se inaudíveis e vãos em meio a gritos destoantes e ruídos diversos. §260 Daí, a tão grande necessidade de uma cuidadosa eliminação de tais obstáculos à cura, no caso de doentes crônicos, pois sua doença foi, geralmente, agravada por tais influências nocivas e outros erros no regime de vida causadores de doenças que, freqüentemente, passam despercebidos * * Café, chá da China e outras variedades de chá, cerveja preparada com substâncias vegetais medicamentosas inadequadas ao estado do doente, os chamados licores finos preparados com especiarias medicamentosas, ponches de quaisquer espécies, chocolate aromático, águas-de- cheiro e perfumes de todo tipo, flores muito perfumadas no quarto, pós e essências dentifrícios com medicamentos, sachês, pratos e molhos altamente condimentados, bolos e gelados com substâncias medicamentosas, por ex.: café, baunilha etc, vegetais medicamentosos crus em sopas, pratos de ervas, raízes e talos de plantas medicamentosas (tais como aspargos com longas pontas verdes), broto de lúpulo e todo tipo de vegetal que possua força medicamentosa, aipo, salsa, azedinha, estragão, todo tipo de cebolas; queijos velhos, carne em estado de decomposição (como carne e gordura de porco, patos e gan505 ou carne de vitela muito nova e comidas ácidas; saladas de todo tipo) que possuam efeitos medicamentosos secundários devem justamente ser afastados de doentes desse tipo, assim como quaisquer excessos na alimentação, mesmo no sal e no açúcar e em bebidas alcoólicas não diluídas com muita água; aposentos quentes, roupas de lá diretamente sobre a pele, vida sedentária em recintos fechados ou mera movimentação passiva como montar, dirigir, balançar-se, amamentação prolongada, longa sesta deitado (na cama), leitura em posição horizontal, vida noturna, falta de limpeza, libido anormal, excitação por leituras obscenas, onanismo, relações sexuais imperfeitas ou completamente suprimidas, seja por superstição ou a fim de evitar a concepção no matrimônio; cólera, pesar, despeito, paixão pelo jogo, esforço psíquico e mental demasiado, especialmente após as refeições; permanência em lugares pantanosos e lugares úmidos; passar necessidade etc.; todas estas coisas devem ser, na medida do possível, evitadas ou removidas, a fim de que não se impeça ou impossibilite a cura. Alguns de meus discípulos parecem dificultar ainda mais, sem necessidade, a dieta do doente, proibindo-lhe o uso de outras tantas coisas, razoavelmente indiferentes, o que não é recomendável. §261 O regime de vida mais apropriado, durante o uso de medicamentos em doenças crônicas, baseia-se na remoção de tais obstáculos ao restabelecimento e, eventualmente, quando necessário, acrescentando-se o inverso: distração inofensiva à mente e ao psiquismo, exercício ativo ao ar livre sob quase todas as condições climáticas (passeios diários, pequenas atividades manuais), alimentos e bebidas adequados, nutritivos e desprovidos de ação medicamentosa etc.

§262 Em contrapartida, nas doenças agudas - exceto nos casos de alienação mental - é o sentido interno aguçado e infalível do impulso instintivo da conservação da vida, que aí se encontra muito ativo, que decide, de maneira tão clara e exata, que o médico só precisa exortar os acompanhantes e as pessoas que cuidam do doente a não colocarem obstáculos a essa voz da natureza, quer recusando qualquer alimento que o doente deseja com insistência, quer oferecendo-lhe persuasivamente algo prejudicial. §263 O que o doente afetado por um mal agudo deseja, na maior parte das vezes, em relação a alimentos e bebidas, é, sem dúvida, algo que oferece um alívio paliativo, não possuindo propriamente um caráter medicamentoso, satisfazendo apenas uma necessidade momentânea. Os pequenos obstáculos que a satisfação desses desejos, dentro de limites moderados, talvez opusesse à remoção efetiva da doença* serão amplamente compensados e dominados pelo poder do medicamento homeopaticamente adequado e do princípio vital por ele liberado, assim como pelo alívio advindo da obtenção de algo tão ardentemente desejado. Em casos de doenças agudas, a temperatura do quarto, assim como o calor ou frescor das cobertas devem, igualmente, estar de acordo com a vontade do doente. Todo e qualquer esforço, assim como abalo psíquico, devem ser evitados. * Isso, contudo, é raro. Assim, por ex., nas doenças francamente inflamatórias, em que o acônito é tão indispensável e cuja ação seria destruída pela ingestão de vegetais ácidos, o doente deseja, quase sempre, tomar apenas água fria e pura. §264 O verdadeiro artista da cura deve ter à mão os medicamentos mais ativos e mais legítimos, a fim de poder contar com sua força curativa, devendo, ele próprio, conhecê-los por sua legitimidade. §265 Para ele é uma questão de consciência estar convencido de que, em cada caso, o doente está tomando o medicamento adequado, devendo, portanto, ele mesmo dar ao doente o medicamento corretamente escolhido e preparado por suas próprias mãos* . * A fim de manter este importante princípio fundamental de meus ensinos, suportei muitas perseguições desde o inicio de sua descoberta. §266 As substâncias que pertencem aos remos animal e vegetal têm suas qualidades medicamentosas em maior grau no estado cru* . * Todas as substâncias vegetais cruas e animais têm forças medicamentosas maiores ou menores, podendo modificar o estado de saúde dos indivíduos, cada uma à sua própria maneira. As plantas e animais de que se alimentam os povos mais esclarecidos têm sobre os demais a vantagem de conter maior porcentagem de substâncias nutritivas e diferenciar-se das demais porque as forças

medicamentosas no estado cru ou são menos intensas ou são diminuídas pelos processos culinários domésticos a que são submetidas ao espremer-se o sumo nocivo (como a raiz da mandioca da América do Sul), ao fermentar-se a farinha de cereais na massa para o preparo do pão, o chucrute preparado sem vinagre e os pepinos em conserva, pela defumação e pela ação do calor (fervendo, assando, tostando; grelhando ou fritando as batatas pela cocção no vapor), pelo que as partes medicamentosas de muitas dessas substâncias são parcialmente destruídas e esgotadas. Mediante a adição de sal de cozinha (salmoura) ou vinagre (molhos, saladas) as substâncias animais e vegetais certamente perdem muito de suas qualidades medicamentosas indesejáveis, adquirindo, porém, outras desvantagens de tal adição. Mas mesmo as plantas possuidoras de maior força medicamentosa perdem tais virtudes em parte ou mesmo totalmente mediante tais processos. Através da secagem completa todas as raízes de diversas espécies de íris, raiz forte, diferentes espécies de Arum e de Paeonia, perdem quase toda sua força medicamentosa. O suco das plantas de ação medicamentosa mais interessante torna-se, muitas vezes, uma massa totalmente inócua e semelhante ao piche, em virtude do calor empregado no preparo comum dos extratos. Só de ficar muito exposto ao ar, o suco das plantas mais facilmente perecíveis torna-se completamente sem força; mesmo a uma temperatura atmosférica moderada, sofre, em pouco tempo, a fermentação alcoólica, perdendo grande parte de sua força medicamentosa e imediatamente depois da fermentação pútrida e ácida, pela qual perde todas as suas propriedades medicamentosas intrínsecas; a fécula que é, então , depositada, se for bem lavada, é completamente inócua, como todo amido comum, mesmo pela transudação que ocorre quando muitas plantas verdes são superpostas, perdendo-se a maior parte de suas forças medicamentosas. §267 A maneira mais segura e mais completa de aproveitar a força das plantas nativas que podem ser obtidas frescas é imediatamente misturar bem o seu sumo recém-extraído com partes iguais de álcool suficiente para acender uma lamparina. Depois de um dia e uma noite em um frasco vedado, depositadas as fibras e a matéria albuminosa, o seu liquido claro é, então, decantado a fim de ser armazenado para emprego medicamentoso* . O álcool que se lhe acrescenta impede instantaneamente toda a fermentação do sumo da planta, detendo o processo dali por diante. Conserva-se, assim, todo o poder do sumo da planta para sempre (perfeito e inalterável) em frascos bem vedados com cera derretida para impedir a evaporação e protegê-los da luz solar2* . * Buchholz (Taschenb. f. Scheidek. u. Apoth. a.d. J. 1815. Weimar, Abth. I. VI. ) garante a seus leitores ( e o revisor no Leipziger Literaturzeitung, 1816; no. 82, não o contradiz ) que esse modo excelente de preparar os medicamentos se deve à campanha da Rússia ( em 1812 ) de onde vieram para a Alemanha em 1813. Conforme o nobre costume de muitos alemães de serem injustos para com seus próprios compatriotas, ele oculta o fato de que esta descoberta e todas aquelas instruções, que cita, em minhas próprias palavras, da primeira edição do Organon da ciência racional da cura (§ 230) e nota, procedem de mim, e que fui eu quem primeiro as publicou ao mundo dois anos antes da campanha da Rússia (o Organon saiu em 1810). Prefere-se atribuir a origem de uma descoberta antes aos desertos da Ásia do que a algum alemão a quem caiba a honra. Que tempos! Que costumes!

Certamente já se misturou álcool algumas vezes ao suco de plantas, por ex., para preservá- lo por algum tempo antes de fazer os extratos, mas jamais com a intenção de administrá-los nessa forma. 2* Embora partes iguais de álcool e suco recém-espremido constituam geralmente a proporção mais adequada para permitir a deposição das matérias fibrosas e albuminosas, faz-se necessário, para esse fim, para plantas que contenham muito muco espesso (p. ex. Symphytum offlcinale, Viola tricolor etc.) ou excesso de albumina (por ex. Aethusa cynapium, Solanum nigrum etc.), uma proporção dupla de álcool. Plantas que não contenham muito suco, como Oleander, Buxus, Taxus, Ledum, Sabina etc., devem, primeiramente, ser esmagadas até se tornarem uma pasta fina, sendo, então, mexidas com uma dose dupla de álcool, de modo que o suco se junte e, assim extraído, possa ser espremido; estas últimas podem também, estando secas, quando se emprega força suficiente de atrito, ser trazidas a uma milionésima trituração com açúcar de leite, sendo, então, após dissolução de um grão de produto obtido (v. §271), ainda mais diluídas e dinamizadas. §268 As demais plantas, cascas, sementes e raízes estrangeiras que não podem ser obtidas frescas, jamais serão aceitas com toda confiança em forma de pó pelo sensato artista da cura, mas este deverá convencer-se de sua pureza no estado cru, antes de fazer delas o mínimo uso medicamentoso *. * A fim de conservá-las sob a forma de pó, é preciso tomar uma precaução, praticamente desconhecida até hoje nas farmácias, onde não podem ser guardadas, mesmo em frascos bem tapados, sem que o pó bem seco de substâncias animais e vegetais se altere. As substâncias vegetais cruas, mesmo bem secas, ainda retêm, como condição indispensável de sua constituição, uma certa quantidade de umidade, que não impede que a droga não pulverizada permaneça tão seca quanto é necessário para conservá-la sem sofrer alteração, porém, que é excessiva para o seu estado de pó fino. Portanto, a substância animal ou vegetal inteira bem seca dá um pó ligeiramente úmido que não deixará de alterar-se e deteriorar-se rapidamente nos frascos, embora bem tapados, se antes não se tiver tido o cuidado de privá-los de toda sua umidade supérflua. A melhor maneira de conseguir-se isto é espalhar o pó em uma vasilha de folha-de flandres de bordas elevadas, flutuando em um recipiente com água fervente (isto é, em banho-maria) e secá- lo, revolvendo-o até que suas partes já não se aglomerem, mas facilmente se distanciem umas das outras, espalhando-se como areia fina e seca. Neste estado seco os pós finos podem conservar-se para sempre inalteráveis, em frascos bem fechados e selados, com toda sua força medicamentosa original completa, sem deteriorar. São melhor conservados quando os frascos são protegidos contra a luz do dia (em caixas cobertas). Em recipientes não herméticos e não protegidos da luz, todas as substâncias animais e vegetais perdem com o tempo, gradativamente, cada vez mais sua força medicamentosa, mesmo que estejam inteiras, mas ainda muito mais no estado de pó. §269 A arte de curar homeopática, mediante um procedimento que lhe é próprio e nunca antes tentado, desenvolve, para seus fins específicos, os poderes medicamentosos internos e não materiais das substâncias em estado cru, em um grau até então jamais observado, pelo qual todas

elas se tornam incomensuravelmente - \"penetrantemente\" - eficazes* e benéficas, mesmo aquelas que, no estado cru, não demonstram a menor ação medicamentosa sobre o organismo humano. Essa notável mudança nas qualidades dos corpos naturais, mediante ação mecânica em suas menores partes por atrito e sucussão (partes estas que, por sua vez, são separadas umas das outras, através de uma substância indiferente seca ou líquida), desenvolve os poderes dinâmicos (§11) latentes e, até então, despercebidos, ocultos, como que adormecidos2* , que afetam especialmente o princípio vital, influenciando o bem-estar da vida animal3* . Esse preparo, por conseguinte, é chamado dinamizar, potencializar (desenvolvimento do poder medicamentoso) e os produtos são dinamizações4* ou potências em diferentes graus. * Muito antes desta minha descoberta, eram conhecidas, através da experiência, várias mudanças em diferentes substâncias naturais por meio da fricção ,por ex. o calor, o fogo, desenvolvimento de odor em corpos inodoros, magnetização do aço etc. Mas todas estas propriedades determinadas pela fricção somente se relacionavam ao mundo físico e inanimado; mas há uma lei da natureza pela qual as mudanças fisiológicas e patogênicas ocorrem no organismo vivo, por meio de forças capazes de alterar a matéria crua dos meios medicamentosos, mesmo naquelas que jamais se mostraram medicamentosas, pela trituração e pela sucussão, mas com a condição de interpor um veículo não-medicamentoso (indiferente) em certas proporções. Essa maravilhosa lei física, mas especialmente fisiopatogênica da natureza, não havia sido descoberta antes de meu tempo. Não é de admirar, então, que até agora os atuais naturalistas e médicos (que desconheciam essa lei) acreditassem no poder mágico curativo dos medicamentos preparados conforme os ensinamentos homeopáticos (dinamizados) e aplicados em doses tão pequenas! 2* Observa-se a mesma coisa numa barra de ferro e um bastão de aço na qual não se pode ignorar um vestígio adormecido da força magnética latente. Ambos, depois de forjados e colocados em posição vertical, repelem o pólo norte de uma agulha magnética com a extremidade inferior e atraem o pólo sul, ao passo que a extremidade superior apresenta-se como o pólo sul da agulha magnética. Mas isto é apenas uma força latente; nem sequer uma das partículas mais finas de ferro pode ser atraída magneticamente ou segura a cada uma das extremidades de tal barra. Unicamente depois que o bastão de aço é dinamizado pelo atrito em um único sentido de uma lima não muito afiada, transformar-se-á em um ímã poderoso e verdadeiro, capaz de atrair o ferro e o aço e transmitir seu poder magnético a outro bastão de aço por contato e ainda a alguma distância e isto em um grau tanto maior quanto maior tiver sido o atrito. Do mesmo modo, a trituração de uma droga e a sucussão de sua diluição (dinamização, potenciação) desenvolverá sua força medicamentosa latente e a manifestará cada vez mais, desmaterializando mais a própria matéria, se é que se pode falar desse modo. 3* Isto se refere apenas ao aumento e desenvolvimento mais intenso de seu poder de produzir alterações no estado de saúde dos animais e do Homem quando tais substâncias naturais nesse estado melhorado se coloquem muito próximo das fibras sensíveis ou entrem em contato com elas (por ingestão ou olfação); assim como uma barra imantada, especialmente se sua força é aumentada (dinamizada) pode revelar força magnética somente com uma agulha de aço que esteja próxima de seu pólo ou em contato com ela, permanecendo, contudo, o próprio aço inalterado nas outras propriedades químicas e físicas não podendo produzir alterações em outros metais (por ex. no bronze) e tampouco os medicamentos dinamizados podem exercer qualquer ação sobre coisas inanimadas.

4* Diariamente, ouvimos chamar as potências medicamentosas homeopáticas de meras diluições, quando ocorre o contrário, isto é, um verdadeiro aumento de substâncias naturais que trazem à luz e revelam os poderes medicamentosos específicos ocultos, por meio da fricção e da sucussão, no qual a ajuda de um meio de diluição não medicamentoso concorra apenas como condição secundária. A pura diluição, por ex., a diluição de um grão de sal de cozinha transformar-se-á apenas em água, o grão de sal desaparece na diluição com muita água, jamais se transformando no medicamento que, contudo, mediante nossa dinamização bem preparada, é elevado a uma força admirável. §270 Com a finalidade de efetuar ao máximo esse desenvolvimento da força, uma pequena parte da substância a ser dinamizada, digamos, um grão, é submetido a três horas de trituração com três vezes 100 grãos de açúcar de leite, até à milionésima parte em forma pulverizada, de acordo com o método abaixo descrito* . Pelos fundamentos apontados na nota abaixo, um grão desse pó é primeiramente dissolvido em 500 gotas de uma mistura constituída de uma parte de álcool e quatro partes de água destilada, sendo uma só gota colocada em um frasco. A isso acrescentam- se 100 gotas de álcool puro2* , aplicando-se ao frasco vedado 100 fortes sucussões com a mão contra um corpo duro, porém elástico3* . Este é o medicamento no primeiro grau de dinamização, com o qual se podem, então, umedecer4* pequenos glóbulos de açúcar5* e distribui-los sobre papel de filtro, a fim de secar, guardando-os em um frasco com o sinal (1) do primeiro grau de potência. Somente se toma um desses glóbulos6* para nova dinamização, colocando-o em um novo frasco (com uma gota de água para dissolvê-lo), dinamizando-o, então, com 100 gotas de álcool puro, do mesmo modo, mediante 100 fortes sucussões. Com esse líquido medicamentoso alcoólico, os glóbulos são novamente umedecidos, distribuídos sobre papel de filtro e secados rapidamente, postos em frasco bem fechado e protegido da luz solar com o sinal (II) da segunda potência. E assim se continua procedendo, até que, mediante o mesmo processo, um glóbulo XXIX dissolvido com 100 gotas de álcool, mediante 100 sucussões tenha formado um líquido alcoólico com o qual glóbulos de açúcar secos devidamente umedecidos recebem o grau XXX de dinamização. Por meio dessa manipulação de substâncias medicamentosas em estado bruto, produzem-se preparações que, somente desse modo, alcançam plena capacidade para influenciar completamente as partes afetadas do organismo doente, removendo do principio vital presente no organismo, por meio de uma afecção mórbida semelhante artificial, a sensação da doença natural. Através desse processo mecânico, quando devidamente efetuado de acordo com os ensinos acima, ocorre, afinal, por meio de tais dinamizações crescentes, a completa sutilização e transformação das substâncias medicamentosas que, em estado bruto se nos apresentam apenas como matéria, por vezes até como não medicamentosa, em uma força medicamentosa7* não material que, na verdade, por si só, não mais é percebida pelos nossos sentidos, mas o glóbulo, transformado em medicamento - seco e ainda mais, dissolvido em água - torna-se o veículo, manifestando, nessas condições, o poder curativo dessa força invisível no organismo doente. * Coloca-se uma terça parte de 100 grãos de açúcar de leite em pó em um gral de porcelana vitrificada cujo fundo tenha perdido o polimento mediante fricções de areia fina e úmida, pondo- se, sobre esse pó um grão da substância medicamentosa a ser pulverizada (uma gota de mercúrio, petróleo etc) .0 açúcar de leite empregado para dinamização deve ser de qualidade tão

pura que, cristalizado em fios, chegue-nos em forma de bastões arredondados. Mexe-se durante um momento o pó e o medicamento com uma espátula de porcelana, triturando-se vigorosamente em seguida durante 6 a 7 minutos, com o pistilo de porcelana despolido na extremidade inferior. Raspa-se a massa do fundo do gral com a mencionada espátula por 3 a 4 minutos a fim de torná- la mais homogênea. Tritura-se novamente do mesmo modo por 6 a 7 minutos, sem acrescentar-se mais nada e, novamente, raspando-se de 3 a 4 minutos e acrescentando-se aí a segunda terça parte do açúcar de leite, misturando-se tudo durante um 'momento com o pistilo e triturando-se, novamente, com igual força 6 a 7 minutos; raspa-se, então, novamente, cerca de 3 a 4 minutos e, novamente, tritura-se por 6 a 7 minutos sem qualquer acréscimo e raspa-se por mais 3 a 4 minutos do fundo do almofariz; feito isto, toma-se a última terça parte do açúcar de leite, mistura-se com a espátula, tritura-se energicamente durante cerca de 3 a 4 minutos, finalizando com a última trituração de 6 a 7 minutos e com a mais cuidadosa raspagem. O pó, assim preparado, é conservado em um frasco bem tapado e protegido do sol e da luz do dia, o qual se marca com o nome da substância e com a referência 100 do nome do primeiro produto. Com o fim de elevar este produto a 10 000, mistura-se um grão do pó com a terça parte de 100 grãos de açúcar de leite pulverizados em um almofariz, misturando-se tudo com a espátula, procedendo-se como indicado anteriormente, triturando cuidadosamente cada terça parte duas vezes energicamente, cada vez durante 6 ou 7 minutos e raspando 3 a 4 minutos, antes de acrescentar- se a segunda e a última terça parte. Após a adição de cada uma destas terças partes, procede-se do mesmo modo que anteriormente. Quando estiver tudo terminado, coloca-se o pó em um frasco bem tapado, com a referência li 10.000. Quando se toma um grão deste último pó e se procede do mesmo modo, chega-se, assim, ao grau 1, isto é, de tal maneira que cada grão desse pó contenha a milionésima parte de um grão da substância original. Portanto, tal preparação dos três graus requer 6 vezes de 6 a 7 minutos de trituração e 6 vezes de 3 a 4 minutos para raspagem, o que exige, consequentemente, uma hora para cada grau. Depois de uma hora de trituração, cada grau conterá 1/100 da substância medicamentosa usada; depois da segunda trituração, 1/10.000 e depois da terceira 111.000.000+. O almofariz, o pistilo e a espátula precisam ser bem limpos antes de serem usados na preparação de outro medicamento. Depois de bem lavados com água quente e secados, o almofariz, o pistilo e espátula são colocados a ferver em um recipiente por meia hora. Dever-se-ia até ter o cuidado de colocar esses instrumentos 50bre o calor gradativo de brasas ardentes. +2* Do qual o recipiente para potencialização conterá dois terços. 3* Talvez um livro encadernado com couro. 4* São preparadas sob vigilância por um confeiteiro com fécula e açúcar de cana e os pequenos glóbulos são libertados primeiramente das partes muito finas de pó por meio de uma peneira adequada. Passam, então, por um coador que permita passagem de apenas 100 glóbulos pesando somente um grão - o grau de pequenez mais útil para as necessidades de um médico homeopata. 5* Colocam-se os glóbulos que pretendemos tornar medicamentos em um pequeno vaso cilíndrico em forma de dedal, feito de vidro, porcelana ou prata, com uma pequena abertura no fundo. São umedecidos com o álcool, assim dinamizado medicamentosamente e sacudidos,

batendo-se a pequena vasilha (de boca para baixo) sobre um papel de filtro, a fim de secá-los rapidamente. 6* Antes, conforme minhas primeiras instruções, tomava-se uma gota inteira de uma potência mais baixa e se misturava com 100 gotas de álcool para preparar uma potência mais alta. Mas a proporção entre um meio de diluição e o medicamento a dinamizar (100:1) era muito limitada para desenvolver um alto grau de força da substância medicamentosa por meio de tal número de sucussões sem fazer um grande esforço, como me mostraram exaustivas experiências. Mas, se se tomar apenas um desses glóbulos, dos quais 100 pesem um grão a fim de dinamizá-los com 100 gotas (álcool), a proporção passa a ser de 1/50.000, talvez até maior, pois 500 destes glóbulos mal podem absorver uma gota para sua saturação. Com essa relação desigual mais alta entre a substância medicamentosa e o meio de diluição, diversas sucussões do frasco contendo dois terços de sua capacidade de álcool podem produzir um desenvolvimento de força bem maior. Mas, se, com um meio tão pequeno de diluição do medicamento, como 100:1, forem dadas diversas sucussões por meio de uma máquina poderosa, obtêm-se medicamentos que, especialmente nos graus mais elevados de dinamização, agem quase imediatamente, porém com uma intensidade tempestuosa, perigosa até, especialmente em doentes fracos, sem que se siga uma reação duradoura e suave do principio vital. O método por mim descrito, porém, produz um medicamento com desenvolvimento muito alto de potência e efeito muito suave que, contudo, se bem escolhido, atinge todas as partes doentes curativamente+ . Nas febres agudas podem-se repetir as pequenas doses dos graus menos dinamizados desses preparados medicamentosos bem mais aperfeiçoados, mesmo de medicamentos de efeito prolongado (por ex., Belladona), podem ser repetidas em breves intervalos; assim como no tratamento das doenças crônicas, é melhor começar com os mais baixos graus de dinamização e, quando necessário, passar para um grau mais alto que, embora continue a ser elevado, sempre tem um efeito apenas suave. 7* Não se julgará esta afirmação improvável se ponderarmos que, por esse método de dinamização (cujas preparações, após muitas experimentações e contra-experimentações, descobri serem as mais poderosas e, ao mesmo tempo, as de efeito mais suave, isto é, as mais perfeitas). a parte material do medicamento é minimizada com cada grau de dinamização 50.000 vezes e ainda incrivelmente aumentada em poder, de maneira que a dinamização subseqüente dos cardinais elevados ao cubo 125.000.000.000.000.000.000 (50.000) alcança apenas o terceiro grau de dinamização, quando se continuam multiplicando os últimos números por eles mesmos e em tal progressão continua até o 300 grau de dinamização, atingindo uma fração tão grande que é quase impossível de ser expressa por números. Torna-se extraordinariamente evidente que a parte material, mediante essa dinamização (desenvolvimento de sua essência interna verdadeira medicamentosa) desdobrar-se-á, finalmente, em sua essência individual e de tipo não material, podendo ser considerada, portanto, como consistindo realmente apenas dessa essência de tipo não material não desenvolvida. §271 Se o médico prepara, ele mesmo, seus medicamentos homeopáticos, o que é justamente aquilo que ele sempre deveria fazer para salvar as pessoas de suas doenças(*), ele pode usar a própria planta fresca por ser necessária pouca quantidade de substância crua - a não ser que ele necessite talvez do sumo espremido para fins curativos - colocando alguns grãos dessa substância em um almofariz, a fim de submetê-los três vezes à trituração à milionésima com 100

grãos de açúcar de leite (§ 270) antes de proceder à próxima potencialização de uma pequena porção mediante sucussões, procedimento que deve ser observado também com as demais substâncias medicamentosas cruas, secas ou oleosas. * Até que o Estado, algum dia, após haver alcançado a compreensão da indispensabilidade de medicamentos homeopáticos perfeitamente preparados, faça-os preparar por uma pessoa competente e imparcial, a fim de fornecê-los a médicos homeopatas treinados e qualificados, teórica e praticamente em hospitais homeopáticos, de modo que os médicos, não somente se convençam desses instrumentos divinos de curar mas também passem a distribuí-los gratuitamente aos seus doentes (ricos e pobres). §272 Um glóbulo assim preparado* , colocado seco sobre a língua, é uma das menores doses para um caso moderado e recente de doença, no qual somente poucos nervos são atingidos pelo medicamento. Porém, um glóbulo semelhante, esmagado com um pouco de açúcar de leite e dissolvido em muita água (§ 247) e bem agitado, antes de cada ingestão, resultará num medicamento bem mais forte para ser empregado durante vários dias. Em contrapartida, cada porção desse preparado, oferecida como dose, por pequena que seja, atinge imediatamente muitos nervos. * Estes glóbulos (vide §270) conservam sua força medicamentosa durante muitos anos se forem protegidos da luz solar e do calor. §273 Em nenhum caso de tratamento é necessário e, por conseguinte, não é admissível administrar a um doente mais do que uma única e simples* substância medicamentosa de cada vez. É inconcebível que possa existir a menor dúvida acerca do que está mais de acordo com a natureza e é mais racional: prescrever uma única substância medicamentosa simples e bem conhecida num caso de doença ou misturar varias diferentes. Na única, verdadeira, simples e natural arte de curar, a homeopatia, não é absolutamente permitido dar ao doente duas substâncias medicamentosas diferentes de uma só vez. * Duas substâncias opostas, unidas ao formar sais por afinidade química em proporções invariáveis, bem como os metais sulfurados que se encontram na Terra e aqueles produzidos artificialmente em combinações proporcionadas e constantes de enxofre ou sais e terras alcalinas (por ex. Natrium sulfuricum e Calcarea sulph.), bem como os éteres produzidos pela destilação de álcool e ácidos, podem, juntamente com o fósforo ser considerados como substâncias medicamentosas simples pelo médico homeopata e usados em doentes. Em contrapartida, os extratos obtidos por meio de ácidos, dos chamados alcalóides de plantas, estão sujeitos a grande variedade por sua preparação (por ex. o quinino, a estricnina, a morfina) e não podem, portanto, ser aceitos pelo médico homeopata como medicamentos simples, inalteráveis, principalmente porque ele tem, nas próprias plantas em seu estado natural (quina, noz-vômica, ópio) todas as qualidades necessárias para curar. Além disso, os alcalóides não são os únicos constituintes das plantas.

§274 Como o verdadeiro artista da cura encontra nos medicamentos simples administrados separadamente e sem mistura tudo o que porventura possa desejar (forças morbíficas artificiais que são capazes, por sua força homeopática de vencer completamente a doença natural, extingui- la na sensação do princípio vital e curá-la de maneira duradoura), conforme reza o sábio provérbio que diz ser um erro empregar meios compostos quando os simples são suficientes, jamais lhe ocorrerá dar como medicamento mais do que uma substância medicamentosa simples, de cada vez e também por ter em vista que, embora os medicamentos simples tivessem sido completamente experimentados quanto a seus efeitos puros peculiares no estado de saúde dos Homens, é impossível prever como duas ou mais substâncias medicamentosas compostas podem mutuamente alterar e obstar a ação da outra sobre o organismo humano e porque, por outro lado, o emprego nas doenças, de uma substância medicamentosa simples cujo conjunto característico de sintomas é conhecido exatamente, já presta, por si só, ajuda completa se foi escolhido homeopaticamente e, mesmo no pior dos casos em que ele possa não ter sido bem selecionado de acordo com a semelhança dos sintomas, não produzindo, portanto, nenhum efeito benéfico, ainda assim será útil por requerer conhecimentos acerca dos meios de cura à medida que, através dos novos padecimentos por ela produzidos em tal caso, vão sendo confirmados os sintomas que a substância medicamentosa já havia mostrado mediante experimentações no organismo humano sadio, vantagem esta que é suprimida pelo emprego de todos os meios compostos* . * A prática de ministrar chás contendo outras substâncias medicamentosas, aplicar infusões ou banhos de várias outras ervas, injetar um clister diferente ou mandar passar este ou aquele ungüento, a par da ingestão do medicamento convenientemente homeopático escolhido para o caso de doença criteriosamente estudado o médico sensato deverá deixar a cargo da insensata rotina alopática. §275 A conveniência de um medicamento, para um caso dado de doença, não se baseia apenas em sua escolha homeopática acertada, mas também, certamente, na grandeza exata, mais justamente, na pequenez de sua dose. Se for dada uma dose demasiadamente forte de um medicamento, mesmo escolhido de maneira completamente homeopática para o estado mórbido em questão, não obstante o inerente caráter benéfico de sua natureza, tornar-se-á prejudicial pela sua grandeza e pela impressão desnecessária e demasiadamente forte que, graças à sua ação homeopática de semelhança, produz na força vital e, por meio desta, justamente sobre as partes mais sensíveis do organismo e que foram mais afetadas pela doença natural. §276 Por essa razão, ainda que um medicamento seja homeopaticamente apropriado ao caso de doença, em cada dose excessiva e, em fortes doses será tanto mais prejudicial quanto maior for a homeopaticidade e quanto maior for a potência escolhida* e, na verdade, bem mais nocivo que qualquer medicamento não-homeopático e sem qualquer adequação ao estado mórbido (alopático). Doses demasiadamente intensas de um medicamento homeopático corretamente escolhido e, principalmente, uma repetição freqüente do mesmo, causam, via de regra, muitos inconvenientes. Não raro, põem em perigo de vida o doente ou tornam sua doença quase incurável. Sem dúvida, extinguem a doença natural quanto à sensação do princípio vital e o


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