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Autografias

Published by Traço Design, 2020-09-09 14:49:45

Description: Essa coletânea explica a elaboração poética a partir do exercício de metalinguagem , que é recorrente na produção literária. A proposta aos autores foi escrever metapoemas, versos investigativos do fenômeno poético, numa abordagem dos vários elementos que transpõe a palavra cotidiana para o nível literário.

Keywords: poesia,metapoema

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Autogra as Academia Limeirense de Letras



Autografias



Autografias Adriana Pessatte Azzolino • Artemio Bertholini • Alquermes Valvassori • Anibal Olivan Filho • Carlos Alberto Fiore • Carlos Eduardo Pompeu • Dirce Pereira do Prado • Edvaldo Aparecido Rofatto • Eudóxia Silva Castro Quitério • Elaine Aparecida Dias • Gisele de Fátima da Cruz Godoi • Guiomar Comfort Castilho • Jair Tadeu Gonçalves de Oliveira • José Farid Zaine • José Renato Rocco Roland • Jurandir Bernardes Pereira • Lizete Brugnaro Grolla Pittia • Maria Agnes Simoni Lucato • Maria Arlinda da Silva “Linda Balieiro” • Maria Rita Gurgel Pinto de Lemos • Raimundo Camilo Martins Neto • Roberto Ribeiro de Luca • Simone de Cássia Portela Barbosa • Vera Regina Rodrigues Schinor • Veraiz Aparecida dos Santos Souza • Wagner Fróes Academia Limeirense de Letras



Prestamos nossas homenagens in memoriam Carlos Eduardo Pompeu Cleonice Teresinha Mercuri Quitério Elza Sophia Tank Moia Fernando Antonio Pinto Fernando Benedicto Nogueira Guimarães Jurandir Godoi Vitta Maria Eloisa Gonçalves de Oliveira Rossi Maria Negro Lencioni Zenaide Elias

SUMÁRIO Apresentação.........................................8 Profa. Dra. Adriana Pessatte Azzolino Do título..............................................10 Prof. Edvaldo Rofatto Um chamado.......................................12 José Farid Zaine A poesia e seus poetas.........................14 Artemio Bertholini O poeta e a poesia ..............................20 Adriana Pessatte Azzolino O poeta ...............................................21 Pe. Alquermes Valvassori O que é o homem................................22 Pe. Alquermes Valvassori Metapoema 1.......................................23 Anibal Olivan Filho Metapoema 2.......................................24 Anibal Olivan Filho Metapoema 3.......................................25 Anibal Olivan Filho Metapoema 4.......................................26 Anibal Olivan Filho Metapoema 5.......................................27 Anibal Olivan Filho Indriso - Cântico livre.........................28 Carlos Alberto Fiore Galope à beira mar - Voz do poeta......29 Carlos Alberto Fiore Triolé - Os versos.................................30 Carlos Alberto Fiore Ofício...................................................31 Carlos Alberto Fiore O Poeta................................................32 Carlos Eduardo Pompeu Vestimenta..........................................33 Dirce Pereira do Prado

Espelho................................................34 Ficou o silêncio....................................52 Dirce Pereira do Prado Jurandir Bernardes Pereira Literafro...............................................35 Eu queria ser........................................53 Dirce Pereira do Prado Jurandir Bernardes Pereira Eu, lírico...............................................36 Palavras sopradas ao vento.................54 Edvaldo Aparecido Rofatto Lizete Brugnaro Grolla Pittia Gênesis.................................................37 Poema de palavras simples.................55 Edvaldo Aparecido Rofatto Maria Agnes Simoni Lucato Lavoura................................................38 Agito....................................................56 Edvaldo Aparecido Rofatto Maria Agnes Simoni Lucato Self.......................................................39 A mente...............................................57 Edvaldo Aparecido Rofatto Maria Arlinda da Silva “Linda Balieiro” Érato....................................................40 Não deu tempo....................................58 Edvaldo Aparecido Rofatto Maria Arlinda da Silva “Linda Balieiro” Poetar...................................................41 Desabafo..............................................59 Eudóxia Silva Castro Quitério Maria Rita Gurgel Pinto de Lemos Ser poetisa...........................................42 Aonde vais?..........................................60 Eudóxia Silva Castro Quitério Raimundo Camilo Martins Neto Escrever poesias..................................43 Rio poesia............................................61 Elaine Aparecida Dias Raimundo Camilo Martins Neto Travessia Literária...............................44 A poesia e o poeta (ou um Gisele de Fátima da Cruz Godoi metapoema) ........................................62 Roberto Ribeiro de Luca Figuras de Linguagem.........................45 Gisele de Fátima da Cruz Godoi Poesia pela Poesia................................63 Simone de Cássia Portela Barbosa Mega poética.......................................46 Guiomar Comfort Castilho Inspiração ...........................................64 Vera Regina Rodrigues Schinor E eu te direi..........................................47 Guiomar Comfort Castilho Tristeza de poeta ................................65 Vera Regina Rodrigues Schinor A poesia e o poeta................................48 Jair Tadeu Gonçalves de Oliveira A Arte da escrita..................................66 Veraiz Aparecida dos Santos Souza Parto....................................................49 José Farid Zaine Saudades e lágrimas............................67 Veraiz Aparecida dos Santos Souza Conclusão............................................50 José Farid Zaine Família.................................................68 Wagner Fróes Nasce um poema.................................51 José Renato Rocco Roland Academia Limeirense de Letras..........70 •

APRESENTAÇÃO T enho a grata satisfação de apresentar esta obra, “Autografias”, nascida de uma proposição minha para a Academia Limeirense de Letras. Antes, porém, devo informar, caro leitor, que houve um caloroso debate sobre para onde, afinal, os meandros do nosso idioma nos levam quando inspirado e talentoso tipo de gente inflamada de uma natureza especial – o poeta – é desafiado a se expressar criando um texto com base em um aspecto linguístico, um desses que nos cercam pela vida inteira – a metalinguagem. Ops! Houve uma limitação, e artista não gosta disso! Daí o início do caloroso debate: o quê, onde, como e por quê. Anualmente, a Câmara Municipal de Limeira promove um evento especial dedicado à poesia, com uma exposição de textos, em seus domínios. Já que somos uma entidade cultural com grande repre- sentatividade em nosso município, quando o assunto são as letras, fomos convidados a expor os textos dos nossos acadêmicos. Foi um amplo e caloroso debate... Por que, afinal, tem de ser um metapoema? Porque escrever sobre a ficção de nós mesmos ou sobre o que parti- cularmente sentimos ao criar os versos não costuma ser um exercício no nosso cotidiano; também porque nos manifestamos poeticamente quando inspirados ou quando apenas desejamos. Simples assim. Estabelecido o consenso sobre o tema, embarcamos todos, ou quase todos, nessa viagem. Nem poderia ser de outro modo, pois a Academia Limeirense de Letras é uma entidade que agrega muitos poetas, além de escritores de ficção, pintores que escrevem com seus pincéis, fotógrafos que escrevem com suas objetivas, músicos que escrevem com suas notas musicais, enfim, todos esses amantes das mais diversas letras, seja qual for a natureza expressiva delas. Na essência, toda comunicação é linguagem e, quando esta explica a si mesma, é metalinguagem. Passado o intermezzo, mãos à obra. Cada qual à sua maneira, bem •8•

de acordo com seu estilo e ritmo próprios, refletiu, pesquisou, estu- dou, produziu e se expressou metalinguisticamente em seus versos. Por fim, convido você, caro leitor, a desfrutar dos poemas que compõem essa coletânea dos textos expostos naquele evento e, a partir deles, conhecer esses nossos autores, os poetas da Academia Limeirense de Letras e, se gostar, compartilhe. Profa. Dra. Adriana Pessatte Azzolino Academia Limeirense de Letras Presidente Cadeira 32 Patrono: Reynaldo Kuntz Busch •9•

DO TÍTULO m torno da nuvem, o céu. Em torno da ilha, o mar. Em torno do homem, a palavra. Nessa relação de interdependência, fir- ma-se a natureza de cada ser com a sua condição intrínseca. Entretanto, céu e mar preexistem de modo autônomo à nuvem e à ilha, diferentemente da palavra, que é criação do homem, pela qual ele afirma a sua identidade. Tantos são os caracteres humanos quantos podem ser os usos da palavra, o que ensejou os estudos da ciência e da estética da lingua- gem. É neste último campo que fincamos nossa bandeira. Poetas que somos, este o território que nos interessa e, se é tão complexo o estudo da linguagem em seus âmbitos racionais, muito mais o será nos seus domínios artísticos. Foi dessa premissa que nasceu o tema para uma coletanêa expli- cativa da elaboração poética. Tal exercício de metalinguagem é recor- rente na produção literária e verifica-se também aqui: foi proposto aos autores escrever metapoemas, versos investigativos do fenômeno poético, numa abordagem dos vários elementos reunidos para trans- por a palavra cotidiana ao nível da sublimação literária. Dois tópicos primordiais surgiram. “Que é a poesia? / Um ilha / cer- cada / de palavras / por todos / os lados”, escreveu Cassiano Ricardo. Quem é o poeta? É sua criação cercada de humanidade por todos os lados. Eis a natureza de quem faz da palavra, mais que ofício, verda- deiro motivo de existir e de se comunicar. Não lhe basta ser alegre ou triste, como sentenciou Cecília Meireles. Não, acima das emoções experimentadas, está alguém que, ao definir-se poeta, realiza-se na transmutação da experiência emocional em palavra. Tanto é assim que os poetas aqui presentes deliberaram “Autografias” como título emblemático para esse volume. A since- ridade de cada um na exposição de suas habilidades com os versos – metalinguagem pura! – dá os contornos de uma identidade a se configurar a cada trecho que, verdadeiramente, vai compondo um • 10 •

autógrafo a nos remeter ao seu criador no que ele tem de mais iden- titário como poeta: a sua própria poesia. Desse modo, cada texto desse livro vale por uma assinatura – com todo o peso que um nome pode ter quando se tem firma reconhecida pela honestidade de suas intenções. Por isso, insistimos na compreen- são do poder de síntese que um autógrafo tem. Ele carrega, nos limites da sua grafia, uma intrincada carga de informações que configuram uma personalidade. Assim também o poema, que em seus poucos versos traduz as peculiaridades do ser poeta. Para afastar qualquer dúvida quanto a essa representatividade, à guisa de mais uma contribuição para o entendimento da metapoesia, a seguir, reiteramos a pergunta para que sua resposta seja bastante elucidativa do título escolhido. O que é um poema? É seu autor bem contornado pelas pró- prias palavras, embora cercado de palavras alheias por todos os lados – por isso, o seu melhor autógrafo é a sua criação poé- tica. Uma questão de identidade, de metapoesia, de assinatura. De autografia. Prof. Edvaldo Rofatto Academia Limeirense de Letras Cadeira 35 Patrono: Emiliano Bernardo da Silva • 11 •

UM CHAMADO O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. omeço este texto com os versos de “Autopsicografia”, de Fernando Pessoa, publicados pela primeira vez em 1932. São três quadras perfeitas em que ele, usando o heterônimo de Álvaro de Campos, fala sobre o que é ser poeta, fala sobre ele mesmo e leva o leitor a refletir profundamente sobre o significado de escrever poesias. Curto, conciso, com ritmo perfeito, o poema “Autopsicografia” , quase um século após ser concebido por um dos maiores e mais completos escritores em língua portuguesa de todos os tempos, ainda gera discussões, pesquisas, interpretações e serve ,sobretudo, ao humano desejo de compreender as razões da poesia, as motivações de seu criador. A ALLe – Academia Limeirense de Letras, atenta ao seu papel fun- damental de incentivar a criação literária no município de Limeira, não se furta também ao dever de estimular a leitura e promover, entre seus membros, os desafios de um mergulho cada vez mais profundo nos vários gêneros literários. Os membros da Academia, portanto, estão em permanente trabalho de aprimoramento da própria produ- ção literária, e são chamados à participação constante em projetos de • 12 •

grande relevância. Um deles é este, denominado “Autografias”, para que cada um apresente a sua visão poética sobre a gênese da poesia. Pessoa, mais do que qualquer outro poeta, resumiu no seu belo e conhecidíssimo poema aqui mencionado, o que se passa com aquele que escreve, a relação entre o que cria fisicamente com “o outro” que habita seu coração e sua alma,estendendo essa relação ao leitor,aos olhos e mentes que receberão esses versos. Difícil não encontrar, entre as obras de todos os poetas, um poema em que o autor declare, com suas peculiaridades, as razões de abraçar um ofício que, muitas vezes, parece ter sido encaminhado a ele por uma força superior e inexplicável, da qual não é possível fugir. E aqui estamos nós, membros da ALLe - Academia Limeirense de Letras, atendendo ao chamado da Presidente, Profa. Dra. Adriana Pessatte Azzolino, revirando nossos corações e nossas almas em busca de palavras que traduzam, para nossos leitores, as razões de termos escolhido trilhar os caminhos da poesia. Que esses amigos leitores se transformem em nossos parceiros, ou mais do que isso, cúmplices. José Farid Zaine Cadeira 08 Patronesse: Maria Paulina Rodrigues Provinciatto • 13 •

A POESIA E SEUS POETAS origem da poesia, tal qual a conhecemos hoje, ocorreu no período clássico da Grécia Antiga, no qual a escrita e os regis- tros sofreram um excepcional desenvolvimento. Dentre a profícua produção intelectual dos filósofos gregos de então, sobressai a obra “Poética”, de Aristóteles (384-322 AC). Nesta obra, Aristóteles faz uma clara distinção entre “história” e “poesia”. A “história”, segundo o texto, trata de coisas que sucederam e se referem ao particular. A “poesia”, por seu lado, trata das coisas que poderiam suceder, segundo a verossimilhança e a necessidade. Refere-se ao universal, pois atribui a um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que por liame de necessidade e verossimilhança, convém a tal natureza. Neste contexto, a poesia é, por essência, uma imitação de causas naturais, tendo como elementos básicos o Meio (linguagem verbal, elocução, ritmo, canto e metro), Modos (narração e drama) e Objeto (ação praticada por homens segundo seus caracteres). Os caracteres compreendem imagens de pessoas superiores (textos que envolvem epopeias e tragédias), pessoas inferiores (textos que envolvem comédia, sátira e paródia) ou simplesmente pessoas iguais. Como decorrência, o poeta deve ser mais fabulador que versificador, tanto pela imitação das pessoas como das ações. Ou seja, mesmo que faça uso de sucessos reais, nem por isso deva deixar de ser poeta, já que as coisas que trata podem ser, por natureza, verossímeis e possíveis. A “Poética” de Aristóteles chama à atenção para os poetas persua- sivos, que são aqueles que vivem as mesmas paixões de seus perso- nagens, agitando nos outros a mesma excitação e a mesma ira que neles sente. Assim, o maravilhoso e o falso são legítimos na epopeia se o poeta os fizer de modo que pareçam razoáveis. Ou seja, frequen- temente prefere as coisas impossíveis, mas críveis, de que aquelas possíveis, mas incríveis. • 14 •

Ovídio (Públio Ovídio Naso, romano, 43 – 18 AC) em sua obra “A arte de amar”, explora conceitos muito próprios para os poetas, tais como: “Há um Deus em nós, e levado por ele nos inflamamos. Os poetas são chamados de adivinhos e amados dos deuses”. Nesta mesma obra Ovídio constrói belas frases que inspiraram inúmeros outros poetas, tais como: “Não se pode fazer voltar a água que passou nem a hora que transcorreu”. “O pudor só é útil se é fingido; o verdadeiro é quase sempre prejudicial”. “A melhor ajuda para a mente é romper com os grilhões que iludem o coração”. “A punição pode ser anulada, mas a culpa será perene”. “Os poetas sempre foram caros aos deuses e aos reais; nos tempos antigos, eram recobertos de recompensas e seu nome estava ligado a uma majestade religiosa, a uma veneração”. Como se pode notar, existem muitas referências, nos quinhen- tos anos antes de Cristo, de que a “poesia” representaria algo mais filosófico e mais sério de que a própria “história”, talvez por aquela representar um contexto universal, enquanto que esta se restringe ao particular. Entre 1308 e 1321 da era cristã, Dante Alighieri (1265 – 1321) escre- veu “A Divina Comédia”, composta por 3 livros: Inferno, Purgatório e Paraíso. Trata-se de um dos melhores clássicos da literatura universal, compreendendo, em seu conjunto, 14.233 decassílabos, em grupos de três versos, também conhecidos como tercinas. Alguns séculos depois surge Luis de Camões (1524 – 1580) com o maravilhoso “Os Lusíadas”, publicado em 1572. A obra com- preende 10 contos, distribuídos em 1.102 estrofes, cada qual com 8 versos. • 15 •

Pouco depois temos Miguel de Cervantes Saavedra (1547 – 1616), com sua obra prima “Don Quixote” e outros textos igualmente exce- lentes, tais como as Novelas Exemplares. Cervantes é considerado, unanimemente, dentre os melhores autores da literatura universal. São inúmeras as referências que Cervantes faz, em suas obras, sobre a poesia e os poetas, tais como: “O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram, mas como deviam ser; e o historiador há de escrevê-las, não como deviam ser, e sim, como foram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade”. “Se o poeta fosse casto nos seus costumes, os seus versos também o seriam. A pena é a língua da alma: como forem os conceitos que nela se conceberem, assim serão os seus escritos”. Na novela do “Licenciado Vidraça”, alguém pergunta ao persona- gem Tomas Rodaja se ele era poeta, ao que ele responde: “Até agora não fui tão tolo nem tão feliz”. Como a resposta não foi bem com- preendida, Tomas repete: “Não fui tão tolo que me tornasse um mau poeta, nem tão feliz que tenha merecido ser um bom”. Continuando, o personagem afirma que “admirava e reverenciava a ciência da poesia, porque continha em si todas as demais ciências, pois se serve de todas, de todas se adorne e pule, e traz à luz suas maravilhosas obras, com que enche o mundo de proveito, de prazer e de maravilha”. Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987), no poema “Disquisição na Insônia”, faz a seguinte referência a Don Quixote e Sancho Pança: • 16 •

“Que é loucura: ser cavaleiro andante ou segui-lo como escudeiro? De nós dois, quem o louco verdadeiro? O que, acordado, sonha doidamente? O que, mesmo vendado, vê o real e segue o sonho de um doido pelas bruxas embruxado? Eis-me, talvez, o único maluco, e me sabendo tal, sem grão de siso, sou – que doideira – Um louco de juízo”. Concluindo, vê-se que a poesia representa uma manifestação artís- tica muito ampla, que revela um pouco da alma de seu autor, além do conhecimento e prazer contido em seus versos e poemas. Aborda coisas de Deus, da natureza, do amor, de injustiças, das virtudes e defeitos dos seres humanos. Quanto ao poeta, é aquele que tem o dom de enxergar um pouco além do que os outros, surfar com delicadeza sobre os encontros e desencontros, falar sobre o amor mesmo estando privado dele, enten- der a alegria do choro e a tristeza do riso, saber distinguir se um “sim” decorre de uma convicção ou de um descuido do “não”. Artemio Bertholini Cadeira 16 Patrono: Martinho Levy • 17 •





O poeta e a poesia De verso em verso ele conta história De amores não correspondidos De paixões não contidas De lutas inconclusas De derrotas aceitas. Rancores e amarguras? De revelação de sentimentos ocultos Das belezas da natureza Do profundo do mar Dos altares dos céus De tristezas e alegrias. Sempre a se expressar... De amores, de flores De sons, de tambores Que tocam nos corações Daqueles que se apaixonam. Sensações e emoções! Que coisa estranha é essa, afinal? Dentre muitas lutas e buscas Vem a poesia dos poetas E suas palavras são descanso para a alma E consolo para o coração! Adriana Pessatte Azzolino Cadeira 32 Patrono: Reynaldo Kuntz Busch • 20 •

O poeta O poeta, pessoa que nasceu com uma sensibilidade ímpar, Sabe expressar sentimentos através da arte de compor versos. Os gregos da Era Clássica já ensinavam que o ser humano, diferente do ser animal, vive as quatro dimensões até o último dia de vida. A dimensão ética, a estética, a poética e a política. Os poetas criam rimas para expressar duas dimensões que lhe são próprias: a estética com a poética. Aos demais cabe somente a admiração. Com admiração, saúdo os nossos poetas. Pe. Alquermes Valvassori Cadeira 30 Patrono: Bispo Dom Idílio José Soares • 21 •

O que é o homem Universo ganhou um co-criador Muito senhor de si Até sentia-se multiplicador. Mais até fazia Onde não havia Lugar para tanta Elegância e harmonia Cultuando a si mesmo Único, mesmo a esmo, Libertando do egoísmo Alma e espírito sem sincretismo. Diz-se que um dia Enquanto dormia Foi dele tirado Onde viveria encantado Tendo sempre ao seu lado Outro ser amado Não menor que os seres alados. Pe. Alquermes Valvassori Cadeira 30 Patrono: Bispo Dom Idílio José Soares • 22 •

Metapoema 1 Pena branca Pena preta Pena azul Todas as penas. Pena sofrida Pena esquecida Pena desvairada Pena longa. Pena que dá pena: Pena seca Pena sem pena Pena de escrever Pena de chorar Pena de marcar Mas a pena que dá pena: Pena suja Pena gasta Pena num canto Pena sem olhar Pena torta. Pena que dá pena: Pena quieta Pena surda Pena que não escreve Pena que imagina Pena que sofre. Novamente Pena que dá pena Saudade da minha pena Saudade do meu poema. Anibal Olivan Filho Cadeira 23 Patrono: Jurandir Godoi Vitta • 23 •

Metapoema 2 Quando escrevo uma poesia, É a poesia que me escreve, É a alma que esvazia O conflito que laceia. Ao escrever uma poesia, Corro ladeira de palavras, Não caio e não soluço, Apenas olho tranquilo. Ao escrever uma linha Digo o que quero dizer, Compreendo à luz do saber, Concluo o que tenho que fazer. Ao sobrepor das palavras, Frases sobressaltam ao meu ver, Faço-me entender? Mas juro Quero eu me compreender. De tudo que escrevo Saboreio o humano saber, Tão simples, tão complexo, Apenas Escrever. Anibal Olivan Filho Cadeira 23 Patrono: Jurandir Godoi Vitta • 24 •

Metapoema 3 O que vejo e escrevo, Não se sobrepõe ao desejo Do grito bravo Ao doce do favo. Pensar e sorrir, Ver e pedir, Autocracia Me faz rir. Pena solta a bravejar, Conquista a cravar, Nada tenho a soltar Apenas um breve reclamar. Reclamo do que escrever, Falta o que querer, Não consigo trazer O que muito saber. Agora Bravejo Escrevo Peço. Tudo é um grande desejo. Qual? O seu desejo....... Anibal Olivan Filho Cadeira 23 Patrono: Jurandir Godoi Vitta • 25 •

Metapoema 4 Palavras Caminhos infinitos Vento Traz a poeira. As palavras, Como o vento, Toca a todos. Escreve-se em segundos. A estrada é apenas Um breve respirar Todos os caminhos levam Ao infinito olhar. O significado do ser Não é confrontar O dia e a morte Ou escrever o que se quer É apenas ser o que se é. O silêncio da voz Se torna o som forte Ao escutar A caneta correndo as linhas De um caderno a preservar. Só faço O que quero Só escrevo O que desejo Linhas hão de rolar Pensamentos Não vou cortar. Anibal Olivan Filho Cadeira 23 Patrono: Jurandir Godoi Vitta • 26 •

Metapoema 5 Um dia escrevi, Outro dia revi, Em outro apenas adormeci. Um dia pensei, Outro dia cansei, Em outro apenas chorei. Um dia reclamei, Outro dia lastimei, Em outro apenas olhei. Um dia li, Outro dia adormeci, Em outro apenas senti. Um dia eu quis, Outro dia me vi feliz, Em outro dia refiz. Um dia penso, Outro dia faço, Em outro apenas vivo. Mas hoje escrevo. Escrevo o que pensei, Escrevo o que reclamei, Escrevo o que li, Escrevo o que penso, Vivo o que escrevo. Anibal Olivan Filho Cadeira 23 Patrono: Jurandir Godoi Vitta • 27 •

Indriso Cântico livre Grito impresso, rimado. Voz do íntimo, d’alma. Brilho intenso dos olhos. Cântico livre, alado. Paz, alegria e calma. Cores vivas dos sonhos. Luz que do céu irradia Fonte de amor, poesia. Carlos Alberto Fiore Cadeira 02 Patrono: Valdir Salviatti • 28 •

Galope à beira mar Voz do poeta Os versos cantados, mensagens de amor, Transmitem as dores, algozes do peito, E deixam prostrados, sem clima e sem jeito, Quem busca o consolo e a ilusão de supor Que a vida é mais bela na voz de um cantor. A voz de um poeta, perdido ao luar, É um grito da alma... O poder de falar Da angústia, dos medos, dos males, da vida, Da sorte distante, esperança perdida, Das lágrimas quentes, salgadas qual mar. Carlos Alberto Fiore Cadeira 02 Patrono: Valdir Salviatti • 29 •

Triolé Os versos Os versos que cantei ao seu ouvido Eu hei de carregar no coração. Quem fez toda essa arte foi Cupido. Os versos que cantei ao seu ouvido Nasceram em minh’alma, de um gemido, Na luta em que o sim venceu o não. Os versos que cantei ao seu ouvido, Eu hei de carregar no coração. Carlos Alberto Fiore Cadeira 02 Patrono: Valdir Salviatti • 30 •

Ofício Construir um poema é tarefa difícil. É o encontro da arte e do artista no Olimpo. Letra a letra, estudada, a palavra é o ofício Que já nasce com o ser. É jazida! É garimpo! Cada verso plantado à raiz de uma estrofe Traz, por vezes, o amor escondido em metáforas. Ah! O que a mente esconde é este mundo limítrofe Entre as almas e a luz de uma límpida egrégora... O passeio do olhar pela métrica e rima Vai além, muito além do que o texto entretece. Busca a essência... O tesouro... Uma nova obra-prima. Poesia é canção que põe roupa de prece. A extensão, tanto faz! Nem precisa ter mote! E, se o espaço faltar, entra em cena o estrambote. Carlos Alberto Fiore Cadeira 02 Patrono: Valdir Salviatti • 31 •

O Poeta O poema nasce O poema cresce E os poetas Almejam a eternidade Carlos Eduardo Pompeu Cadeira 17 Patrono: Vitório Bortolan Filho • 32 •

Vestimenta Uma vestimenta sem adorno No discurso não cabe Como, enfim, traduzir, Quando está em mim, arraigada em minhas origens! Inspira a minha história. O por vir! Então, tece a poesia... Que destemida agasalha e acalenta. Com ou sem simetria... Qualquer corpo veste, Veste o poeta no seu dia a dia! Assim, poesia é o conviver com a singularidade, Diante dela teu gozo ou dor são indiferentes. Traz a essência da linguagem invadindo-te inteiro, Uma fala ao revés da fala. O Ubuntu na linguagem africana: \"Sou o que sou pelo que nós somos\". Como o poeta que não se cala. Ah! Poesia vai além de um estilo social. Nova roupagem! Reforça a sua peculiaridade, Entrelaça sentimento e razão. Serena forma de identidade, Vestimenta que pulsa o coração. Dirce Pereira do Prado Cadeira 40 Patrono: Pe. Maurício Sebastião Ferreira • 33 •

Espelho Somos um o espelho do outro, Conhece em mim, algo desconhecido... Assim, me tornei igual e frágil. O que fizeste de mim? – É como sou visto. E feito poesia existo! A poesia reflete minha alma! É a forma, a essência e o modelo, Às vezes, estilhaça, vira mil Mas... A ideia reflete: Ganho voz, desvenda o meu corpo, Com significância, Mesmo a distância. Ah! A poesia desafia o impossível, Implode a fala. No verso engasta a rima, Aprimora, alteia e assingela... Ensina! Ora, nessa imagem de espelho. O poeta depara-se com um risco: o de entre o fazer poético Um conhecer indivisível, de trincar seus preconceitos. Meu reflexo, Sou eu?... – Não é mais. – Está lá, na poesia. Dirce Pereira do Prado Cadeira 40 Patrono: Pe. Maurício Sebastião Ferreira • 34 •

Literafro Literafro- deter as palavras para o Negro? Não. Incluí-los. Dar voz de direito a todos os povos. Retratar a história brasileira Batucar- falar o dia a dia Poesia! Em ritmo de samba ou erudito Sente-se a poesia. Como o poeta que depõe nos tambores; Lirismo, a essência da Arte... Seja curta - longa demais, Mais do que isso ...Alma- grafias, Poesia! Ah, Literafro é pura poesia, Fala do vivido – não vivido, Sentimento que o poeta sente, Independe de etnia, Não obstante as inúmeras proezas, Metapoesia? Pertence ao poema do poeta Contexto do dia! Poesia. Dirce Pereira do Prado Cadeira 40 Patrono: Pe. Maurício Sebastião Ferreira • 35 •

Eu, lírico Como sangue, teu verso Levará tua história, Barco de vários fardos. Põe nas tuas palavras Tuas falsas verdades E sinceras mentiras, Para seres, no tempo Mutável como tu, O de agora e de sempre. Aprende a renascer Se outra maior vontade Fizer no teu poema Teu mais fiel retrato. Abandona-te à sorte De ser menos quem és Para mais destacar, Além do mero humano, Teu berço de poeta E cova de espartano. Edvaldo Aparecido Rofatto Cadeira 35 Patrono: Emiliano Bernardo da Silva • 36 •

Gênesis O sol e as luas Já passaram sobre a história. Mais luas e outro sol Ainda virão sobre novas memórias, Mas, agora, nesse momento De luz difusa sobre o seu gesto, Suspende-se o tempo, Não é dia nem é noite, Não é antes nem será depois. Desmedido esse instante Em que a sua mão se estende Para o ato da criação E, durante esse passeio do seu braço, Para criar um universo com suas letras, Um céu se enche de astros, A terra distribui seus reinos E um sopro enche seu peito Para nascer seu canto Em sete sentidos. Sem descanso. Edvaldo Aparecido Rofatto Cadeira 35 Patrono: Emiliano Bernardo da Silva • 37 •

Lavoura Aceita o papel como campo Em que lanças tuas sementes, Sem se prender a uma estação, Para crescer nesse recanto O que tens de triste e contente. Revolve as tuas memórias, Entrega-te a esse esforço, Escolhe uma forte emoção E depõe no metro da história Os feixes que trazes no dorso. Cultiva as tuas palavras! Do punhado de grão refeito Virão frutos de sabor pleno. Quando colheres tua safra, Para mais guarnecer teu eito, Abre teu olhar sobre a vida, Sem demandas e sem tristezas: Nada foi mais, nem será menos, Tudo tem a exata medida Da colheita que tu ensejas. Edvaldo Aparecido Rofatto Cadeira 35 Patrono: Emiliano Bernardo da Silva • 38 •

Self Eis a minha palavra, Reflexo de quem sou: Para me desfazer E, então, me recompor, Sou o que se contempla Na íris de um poema, O espelho que revela Além da cara externa, A minha face extrema. Edvaldo Aparecido Rofatto Cadeira 35 Patrono: Emiliano Bernardo da Silva • 39 •

Érato* Feito um fino feitiço, Canto dessa sereia É mão que acaricia A pele das lembranças E afaga no horizonte Do insondável desejo Geografia isenta De espaços possíveis. Tudo é tarde e distante, Mas fica cedo e próximo, Com inúmeros timbres No imponderável ritmo. Ouve-se o escrito E se escreve a voz Em canto inaudito Que salva ou afoga Em desdobrados cabos De tormentos da alma, Onde todos nós somos, Ouvindo íntimas letras Ou lendo o próprio som, Um Ulisses vencido, Desatado do mastro, Aos seus mares descido. (* deusa grega da poesia lírica) Edvaldo Aparecido Rofatto Cadeira 35 Patrono: Emiliano Bernardo da Silva • 40 •

Poetar Poetar, é saber externar O que o coração sente. É perpetuar com palavras O que vai em nossa mente Fazer versos é conversar consigo mesmo, Levando a todos o que sente, O que pensa e ao se expressar, Demonstrar que gostaria de mudar! Poetar é citar passagens tristes e alegres, É descrever a beleza da natureza, Da nossa infância querida, da nossa família, Da vida que Deus nos deu! Poetar é com o coração pensar, Falar, contar, desabafar, É externar sentimentos de carinho, amor, gratidão, De felicidade e até desilusão. Poetar, é não guardar para si As belezas que vê, e o que acha interessante. Poetar é se transportar ao lúdico, conseguindo Conquistar o que na realidade a vida não pode nos dar! Eudóxia Silva Castro Quitério Cadeira 04 Patrono: Dr. Trajano de Barros Camargo • 41 •

Ser poetisa Escrever o que sente em versos, Tem que rimar, E a verdade deve imperar Revelando tudo o que sente e faz! Nem sempre é fácil, Mas é preciso na dificuldade agir, E buscar a melhor solução para o momento Mesmo que haja aborrecimento! Eudóxia Silva Castro Quitério Cadeira 04 Patrono: Dr. Trajano de Barros Camargo • 42 •

Escrever poesias Escrever poesias Escrever poesias É seguir viagem em uma É ir a um encontro às cegas jornada Consigo mesmo, Para dentro de nós mesmos. E você vai curioso E depois, de dentro para Para no final, adorar a fora, descoberta. Dar voz ao que somos por Escrever poesias palavras vivas, É permitir-se por um breve Escritas com o coração e a momento coragem. Sentar em algum lugar e Escrever poesias fazer dele o seu refúgio É inspirar-se nas pequenas E por alguns instantes, coisas, Externalizar em algumas É observar o vento tocar as linhas flores. O que para você é viver. É olhar o que não é visto, Escrever poesias É sentir o que por É dizer ao mundo circunstâncias da vida Que você está vivo, Não sentimos Vibrante cotidianamente. E o quanto se permite ser e Escrever poesias escrever. É olhar para o papel e a caneta E saber que ali se encontra um casamento perfeito E você é a aliança Entre o sentimento e as palavras. Elaine Aparecida Dias Cadeira 18 Patronesse: Maria Thereza Silveira de Barros Camargo • 43 •

Travessia Literária De um lado a outro do rio, há vida Imensidão de cores, possibilidades, amores! Ei de me lançar sem medo, Coloco-me em travessia! Certa de que no mesmo lugar, não posso ficar... Galgo meus pés rumo a um mundo novo. Na certeza de que ele virá! Enquanto caminho, escrevo. Paralelo simétrico, Prosa ritmada em versos. Conectivos de êxtase e contemplação! A alma do poeta, Discorre na grafia... A aorta contempla Poesia em travessia! Enredos que dançam Num vaivém sem fim, Sensibilidade aflorada... Âmago que fala em mim. Enquanto eu? Busco o poeta que me habita! Gisele de Fátima da Cruz Godoi Cadeira 03 Patronesse: Elza Sophia Tank Moya • 44 •

Figuras de Linguagem Metonímia, que ironia... Dizia a vó do poeta. Procurei por um poema Melhor que velho de idade Engenhoso e criativo. É ser um jovem poeta! Tecido em verso ou prosa, Essa antítese me deixou Sensível, contemplativo... encabulada, Devia ter uma linguagem Teria aliteração a poesia Cheia de cores, figurada... armada? Foi só exagerar nas rimas, Outros sabem tudo, De hipérbole fui chamada! contudo eu não... Na busca por aquele poema, Deixo a minha alma Omiti termos sombrios... sossegada! A cabeça girou... elipse. Suei um calor gelado, Bailarina, fouetté, lua em Paradoxo multifocal... eclipse! Versos compilados, sem Girava como um globo de rimas... neve... Sentimento unilateral! Já me sentia um zumbi. Por ironia do destino, Metáfora descompassada, A poesia eu encontrei. Comparação que nunca vi! Multilinguagem, arte por Quis encontrar o poema arte... Que fosse pequenininho Se é metapoesia? Eu não E tão profundamente sei! livre... Feito asas de um passarinho. Gisele de Fátima da Cruz Godoi Cadeira 03 Patronesse: Elza Sophia Tank Moya • 45 •

Mega poética Eis a arte de expressar A essência do sentir. As palavras emanadas Vêm à tona revelar Os momentos, emoções. Em palavras limpas, claras... Natureza, amizades, Sofrimentos e tristezas, A infância, a velhice E o amor que ao peito aflora. O poeta, enquanto cria, Paira leve e sereno Em seu mundo imaginário, No silêncio, no deleite De prazer inebriante E na paz que reconforta, Seu olhar livre de regras Traz na veia, o dom sublime De dar cores à existência E perfume à própria vida. Guiomar Comfort Castilho Cadeira 20 Patrono: José Justino Castilho • 46 •

E eu te direi... Se me perguntares algum dia, do que é feita a amizade? eu te direi: Procura conservar em teu coração a tolerância, a humildade e o perdão, Certamente terás a alegria de ter sempre perto, ontem, hoje e amanhã o amigo certo!... Se me perguntares após, do que é feito o amor? eu te direi: Mantém puro teus mais caros sentimentos, alimentando-os a cada dia, em todos os momentos, e viverás a ventura de perpetuar o sublime poder que é amar!... Se me perguntares, ainda, de que é feita a vida? eu te direi: Fita o céu, o mar, as flores e o infinito e tudo o quanto houver de mais bonito. Sinta mais além, da natureza, a essência!... e encontrarás a razão da existência! Contudo, se ao final me perguntares, e a felicidade onde está? eu te direi: Não a procures longe, em tempo distante, pois ela está sempre perto a todo instante! Vive a vida, cultive o amor e a amizade e encontrarás sempre a teu lado a FELICIDADE!... Guiomar Comfort Castilho Cadeira 20 Patrono: José Justino Castilho • 47 •

A poesia e o poeta Não sou filósofo nem poeta, sou igual a você. Sinto dores no corpo, na alma, inquietação na mente. Sou mortal, com tempo efêmero de vida. Eu também erro e por isso posso perguntar: o que fazemos nesse mundo? Qual o objetivo de nossa existência? Por que sentimos dor? Por que temos ansiedade? E se no mesmo dia, no interior daquele mesmo útero, outro espermatozoide, com carga genética diferente da que o gerou tivesse fecundado aquele mesmo óvulo que deu início à sua vida, como seria você hoje? Teria puxado por quem da família? É, eu sei. É intrigante. É angustiante se a gente começar a pensar muito nisso. Não sei se outros animais pensam, mas nós animais humanos pensamos, temos raciocínio, criatividade, bondade e maldade. Há quem não pensa, quem pensa pouco e quem, pensando muito, procura respostas, alternativas e fugas, mesmo sem o talento que outros possuem, para não pensar demais ou para clarear as ideias. O futebol é uma boa saída, assim como sair correndo por aí, fazer academia de ginástica, ver novela, filmes na TV, pintar, costurar, cantar e tocar um instrumento... escrever. Escrever pode ser bom, tanto como uma conversa de boteco ou com o psiquiatra. Tudo tem me feito crer que os escritores, os poetas com tino filosófico, metafísico, procuram ser intérpretes da mente, tentando relacioná-la com a matéria, esta compreendendo tanto o corpo físico como a natureza. Faz bem a si, mesmo que não tenham leitores, embora possam compartilhar com os outros que os leem. Sim, poetas são intérpretes da mente. Poetas não param, não se aposentam, pois jamais compreenderão tudo o que se passa na mente. E eu, como não sou atleta, aficionado por televisão, pintor, costureiro, cantor, instrumentista, e continuo tendo necessidade de entender quem sou, continuarei. Continuarei escrevendo. Jair Tadeu Gonçalves de Oliveira Cadeira 22 Patrono: Antonio Prince Rodrigues • 48 •


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