Esta revista é para si, leve-a consigo.Outono 2018 Quadrimestral €1 nº 11 Não vive sem telemóvel? Os sinais de dependência e como desligar(-se)Lusíadas Saúde Emagrecer diretora sofia oliveiravence prémio depois dos 40Marketeer É MESMO MAIS DIFÍCIL?NA CATEGORIA SAÚDEE BEM-ESTAR“Há algummédico a bordo?”RELATOS DE MÉDICOS QUESALVARAM VIDAS EM AVIÕES
EditorialLusíadas 2.0 Vasco Antunes Pereira Presidente da Lusíadas SaúdeRecebi há dois meses o desafio de liderar esta grande empresa e conside- ro este meu primeiro editorial da revista Lusíadas uma boa oportuni- dade para fazer um balanço do percurso feito desde que somos parte do UnitedHealth Group – o maior grupo mundial de saúde. Um percurso ambicioso sempre focado na nossa Missão comum de ajudar as pessoas a viver vidas mais saudáveis e de contribuir para que o sistema de saúde funcione melhor para todos, que foi ava- liado e reconhecido em diversos momentos: fomos o primeiro grupo privado português a ter unidades acreditadas pela Joint Commission International (JCI), a maior e mais importante auditora mundial de hospitais; colocámos a tecnologia ao serviço da qualidade e da segurança do Cliente ao ponto do Hospital de Cascais estar numa elite de apenas 3 hospitais europeus com o nível máximo da escala EMRAM do HIMSS Analytics, a mais reconhecida escala internacional de integração tecnológica na área da saúde; atingimos níveis de notoriedade inéditos junto daqueles que servi- mos, sendo reconhecidos como uma marca de saúde de excelência e eleitos, entre outros, como Escolha do Consumidor e marca premiada pela Marketeer. Este percurso e estes reconhecimentos, que refletem não só a qualidade da gestão do grupo Lusíadas Saúde mas acima de tudo a qualidade dos serviços que prestamos aos nossos clientes, levaram o UnitedHealth Group a convidar o meu antecessor, José Carlos Magalhães, a liderar a operação hospitalar das Empresas Banmédica, no Chile, Colômbia e Peru. Chegou o momento de iniciarmos uma nova etapa, de procurarmos formas cada vez mais ambiciosas de sermos fiéis à nossa Missão, respeitando sempre os nossos valores. Cumpriremos o valor da Integridade, definindo objetivos realistas e sendo rigorosos no seu cumprimento. Jamais abandonaremos a Compaixão, obrigatória a quem presta serviços tão vitais para a humanidade. Manteremos a crença no Relacionamento, conscientes do papel dos nossos Clientes, Colabo- radores e Parceiros, e da importância da sua colaboração. Apostaremos sempre na Inovação, aprendendo com o passado para nos prepararmos para o futuro, cultivando a curiosidade e investindo em novas ideias. E iremos continuamente melhorar o Desempenho, apresentando serviços e resultados de excelência sabendo que haverá sempre forma de continuar a evoluir. A base da nossa prestação de serviços individualizados, o objetivo comum da nossa multidis- ciplinar “Equipa de Equipas”, são os nossos Clientes e a ambição de cada vez mais “Saber Cuidar”. Objetivo a que nos dedicaremos com um foco muito concreto: ser uma referência mundial na área da saúde.REVISTA LUSÍADAS 3
Sumário 6 N um Minuto Sabemos Cuidar 10 Q uem disse o quê? 12 E ntrevista 50 B reves Lusíadas 16 Tema de capa 54 Rock in Rio: o regresso O telemóvel parece Prevenção do Hospital do Rock Família estar em todo o lado. 58 HPV: a prevenção é essencial Junto à cama quando 24 Há algum médico a bordo? 60 Clínica de Stº António: 76 5 benefícios de voltar 28 A limentação: o que é verdade à rotina dormimos (porque upgrade do bloco operatório serve de despertador), hoje pode ser mentira 61 D oenças coloproctológicas 78 C rianças bilingues: que amanhã? impacto no futuro? pousado à vista 30 S ono: as melhores posições com novas abordagens durante o trabalho, na para dormir 62 O Hospital de Cascais é um 82 Factos e Mitos: as dores mão quando andamos de crescimento existem EdsapSeacúiadleRota dos três mais tecnológicos mesmo? na rua e à frente dos da Europa nossos olhos em todas SAÚDE ORAL 64 Consulta da Enxaqueca no 34 Lavar os dentes: 10 factos Hospital Lusíadas Porto as circunstâncias: à 66 Estomatologia e Medicina mesa, enquanto vemos e mitos Dentária no Algarve 36 B ranqueamento de dentes: 67 Tratamento da obesidade televisão, quando nas Unidades Lusíadas no estamos com amigos e as dúvidas mais comuns Algarve 68 Clínica Lusíadas Almada e até com os filhos. Saúde e Inovação Parque das Nações com No tema de capa, acreditação JCI fomos saber que 40 E se os intestinos estiverem 70 Hospital de Cascais: primeiroimpacto na nossa saúde na origem da doença simulacro em Portugal do tem este hábito e quais de Parkinson? rapto de um bebé são os sinais de alerta 72 L usíadas vence Prémio que nos avisam de que 44 Porque é mais difícil perder Marketeer na categoria o mundo online está a peso depois dos 40? Saúde e Bem-Estar preencher uma parte 74 C onsulta do cabelo no demasiado importante 46 Será que foi alergia ao sol? Hospital Lusíadas Porto na nossa vida.Colaboram nesta revista Equipa de Marketing Mafalda Melo e Sampaio e Comunicação da Lusíadas e Guilherme Machado A equipa de Marketing e Comunicação da Lusíadas Saúde foi galardoada com o Prémio Mafalda Melo e Sampaio, mais conhecida por A Maria Marketeer na categoria Saúde e Bem-Estar, Vaidosa, é youtuber e blogger. Publicou o seu primeiro uma distinção partilhada com todos vídeo no YouTube em 2014 e hoje a sua conta tem mais de os colaboradores da Lusíadas. 219 mil seguidores. Lançou a sua revista A Maria Vaidosa Magazine há um ano. Guilherme Machado, que desde há4 dois anos é o gestor dos contactos com as marcas, e Mafalda Melo e Sampaio são pais de Madalena. R E V I STA L U S Í A DA S
68 propriedade Lusíadas, Acreditação JCI de Clínicas SGPS, SA Lusíadas Rua Laura Alves, 12 – 5.º 1050-138 Lisboa Foi a primeira vez que a Joint Commission Tel. 213 566 600 International, uma das mais prestigiadas Contribuinte n.º 506024989 entidades internacionais da área da saúde, Capital Social €32333333,00 acreditou clínicas em Portugal. diretora Sofia Oliveira12 70 coordenação Marketing e ComunicaçãoEntrevista srimecuélmdae-rHnaCoapasstspcociiatddaioesl editor e sede de redacçãoMafalda Melo e Sampaio, O Hospital de Cascais Plot - Content Agencyconhecida nas redes sociais como realizou o primeiro Av. Conselheiro FernandoA Maria Vaidosa, e Guilherme de Sousa, 19 – 6.ºMachado relatam a experiência simulacro de rapto de 1070-072 Lisboado nascimento da filha um recém-nascido numa Tel. 213 804 010no Hospital Lusíadas Lisboa. maternidade portuguesa. diretora de projeto Ana Duarte30 editora chefe Teresa d´OrnellasSono: quais as melhores editora executivaposições para dormir? Patrícia Silva Alves diretora de arteTodos temos uma posição Inês Reispreferida para dormir, mas sabia designque as diferentes posições podem Sónia Garcia e Sérgio Veteranoinfluenciar a qualidade do seu sono? produção e arte final Ana Miranda e Nuno Marques colaborações Ana Catarina André, Helena Viegas, Luciana Leitão, Maria Simões, Marisa Vitorino Figueiredo, Nicolau Ferreira, Sara Capelo, Sara Coelho (texto), Agência PH, Artur (fotografia) publicidade [email protected] impressão LiderGraf - Sustainable Printing Rua do Galhano, 15 (EN 13) – Árvore 4480-089 Vila do Conde revista quadrimestral Depósito legal n.º 379433/14 Publicação periódica | registada sob o n.º 125721 tiragem 20 000 exemplares estatuto editorial www.lusiadas.pt/pt/Paginas/revistalusiadas.aspx Queremos conhecer as suas sugestões e comentários à revista Lusíadas. Envie-nos as suas ideias para [email protected] A revista Lusíadas foi considerada Best Healthcare/ Medical Publication nos Content Marketing Awards 2015REVISTA LUSÍADAS Esta revista foi redigida ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. 5A Lusíadas Saúde é alheia ao conteúdo da publicidade externa. A sua exatidão e/ou veracidade é da responsabilidade exclusiva dos anunciantes e empresas publicitárias.
Num Minuto Como usar no dia a dia Louro Provavelmente já ouviu o um modo criativo? Foi a Rico em fibra, conselho de que usar ervas pensar nesta questão que a aromáticas para dar sabor Associação Portuguesa de vitamina A, aos alimentos é uma ma- Nutrição lançou o e-book vitamina C, cálcio neira de reduzir o consumo “Aromatizar Saberes: Er- de sal, além de ser impor- vas Aromáticas e Salicór- e potássio tante para evitar patologias nia” com sugestões. Fique cardiovasculares como os a saber como usar as ervas Alecrim acidentes vasculares cere- aromáticas em diferentes rico em vitamina brais. Mas como o fazer de pratos: C, potássio, cálcio, fósforo e zincoNum refresco Numa merenda a Num prato principal Num Numa sobremesaLimonada com meio da manhã Pargo assado com acompanhamento Uma laranja de erva-príncipe ¼ queijo fresco com alecrim e louro tamanho médio Arroz de ervilhas orégãos e salva (160 g) com folhas de poejo Quer ser fit? Dê 100 passos por minuto Praticar desporto regularmente é importante, incluindo a caminhada rápida (30 minutos pelo menos cinco dias por semana, por exemplo) de modo a se atingir a meta proposta pela Organização Mundial da Saúde. Mas o que significa uma “caminhada rápida”? Um trabalho publicado no British Journal of Sports Medi- cine analisou 38 estudos sobre atividade física e a conclusão foi que caminhar a um ritmo rápido equivale a dar cerca de 100 passos por minuto. “Este é um número que é muito fácil para cada um de nós medir sozinho”, explicou Catrine Tudor-Locke, uma das responsáveis do estudo, ao The New York Times. Assim, já sabe: conte quantos passos dá num minuto e tente atingir o ritmo proposto.6 REVISTA LUSÍADAS
Sabia que… 5 As investigações Número de no campo de concelhos em cronobiologia Portugal onde estão a ganhar havia, em 2016, cada vez mais mais homens do que mulheres. destaque. Correspondem aos concelhosDepressão e hábitos de sono: açorianos do investigadores descobrem nova relação Corvo, Lajes das Flores eUm estudo publicado no propensas a desenvolver Já as mulheres que refe- Ribeira GrandeJournal of Psychiatric Re- depressão do que aquelas riam ser mais produti- e, no continente,search estabeleceu uma que referiam ser mais pro- vas à noite eram 6% mais aos concelhosnova relação entre o cro- dutivas à noite ou que acor- propensas a desenvolver de Azambujanotipo, ou as horas a que davam mais tarde. As que a doença. Para este estudo e Grândola,as pessoas preferem estar afirmavam ser do tipo ma- foram monitorizadas, du- segundo dadosdespertas, e a incidência de drugador tinham uma pro- rante quatro anos, 32 470 compiladosdepressão nas mulheres de babilidade 12% menor de mulheres com a idade mé- para a Pordata.meia-idade e idosas. desenvolver depressão do dia de 55 anos. No inícioOs investigadores concluí- que as pessoas que diziam do estudo nenhuma tinharam que as mulheres que ser do cronotipo intermé- depressão, mas nos anos se-diziam ser mais produti- dio (nem acordavam mui- guintes 2581 foram diagnos-vas de manhã eram menos to cedo nem muito tarde). ticadas com a doença. O FATOR HUMANO Ser acompanhado pelo mesmo médico ajuda a reduzir o risco de morte Um estudo publicado na revista científica uma ideia já existente – as pessoas que BMJ Open concluiu que, qualquer que seja consultam o mesmo médico têm maior a especialidade, ser sempre acompanhado propensão a seguir de forma mais cui- dadosa os seus conselhos, a ter as vaci- pelo mesmo médico aju- nas em dia e a recorrer menos aos ser- da a reduzir o risco de viços de urgência – mas concluiu algo morte. A investigação, novo. “Basicamente, numa altura em feita por investigado- que a ênfase nos relatórios publicados res da Universidade na imprensa se concentra nas novas má- de Exeter e da Uni- quinas e na nova tecnologia, este artigo versidade de Man- mostra que o lado humano da Medici- chester, no Reino na é ainda muito importante e até uma Unido, resultou da questão de vida ou de morte”, assinalou análise de 22 estudos um dos autores do artigo, Denis Pereira publicados depois Gray, ao The Guardian. de 2010 e reforçaREVISTA LUSÍADAS 7
Num Minuto 81,3 anos Como tornar Veja alguns exemplos A esperança uma reunião deixados pela OMS: média de vida em de trabalho Portugal em 2015 Alimentação foi de 81,3 anos, saudável? o que superou 1 Reduzir as doses servidas no a média da O Comité Regional para a Europa da Organização União Europeia, Mundial da Saúde (OMS) quer tornar as suas catering: por exemplo, cortar segundo os dados as sanduíches ao meio. Esse da OCDE e do reuniões e encontros de trabalho mais saudáveis gesto “desencoraja que se coma Observatório e sustentáveis e, para isso, criou o guia \"Planear demasiado e evita o desperdício Europeu dos Reuniões de Trabalho Saudáveis e Sustentáveis\". de comida”. Sistemas e Como esse princípio pode ser usado em empresas, Políticas de porque não inspirar-se nestas sugestões e propor 2 Disponibilizar pratos mais Saúde. Mas, apesar dos bons alterações no seu local de trabalho? pequenos em vez de pratos resultados no grandes, para que a pessoa aumento da ingira porções mais pequenas. esperança média edxeevmidpaloˉ, por 3 Substituir os croissants ou em 2000 a média de o pão branco por sandes de pão anos de vida dos integral ou tortilhas de trigo portugueses era integral. de 76,8 anos ˉ, Portugal é Exercício físico também um dos países com o 1 Organizar a reunião de modo a menor número de anos de garantir que há uma pausa para vida saudável o almoço longa o suficiente para depois dos 65 que os participantes possam anos, segundo o praticar atividades físicas. Global Burden of “Inclua sugestões de caminhadas Diseases (2016). e outras possibilidades para praticar exercício físico na apresentação da reunião – talvez possa indicar quantas calorias são queimadas ou o número de passos dados ao percorrer um determinado percurso”, sugere a OMS. 2 Faça várias pausas durante o encontro – se a reunião tiver menos de quatro horas, deverá haver pausas de hora a hora (de três a cinco minutos) ou de duas em duas horas (de cinco a dez minutos). 3 Os períodos de debate ou de networking podem ser feitos em pequenos grupos de duas a três pessoas que percorrem percursos a pé. Sugira caminhadas no interior ou no exterior do edifício e combine uma hora de regresso. Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais www.rotasaude.lusiadas.pt8 REVISTA LUSÍADAS
10 1. Dolores Aveiro, Mãe de Cristiano Ronaldo “Prendi-me aos meus filhos e disse: ‘Vou lutar.’ ‘Vou lutar’ e luto até hoje.” 2. Margarida Vila-Nova, Atriz “A família, no meu caso, é um balão de oxigénio.” 3. Carolina Deslandes, Cantora “Existe muita falta de pessoas a assumirem as suas falhas, os seus medos.”4. Sérgio Godinho, Músico “Não nos devemos esquecer da infância porque traz um manancial de informação e de inocência que se deve conservar, mesmo que muitas coisas que acontecem na vida possam estragar essa inocência.” 5. Meghan Markle “Não fico sentada a pensar nos meus títulos e funções. Eu apenas faço o que me parece certo.” 6. Eduardo Marçal Grilo, Antigo ministro da Educação “Ainda há umas pessoas que ficaram paradas no tempo e que dizem 'no meu tempo é que era', como se as coisas estivessem sempre a piorar.” SOLUÇÕES 6 Margarida Vila-Nova Carolina Deslandes “Ainda há umas pessoas que ficaram paradas no tempo e que dizem 'no meu tempo é que era', como se as coisas estivessem sempre a piorar.” 5 4 Eduardo Marçal GriloDolores Aveiro “Não fico sentada “Não nos devemos esquecer a pensar nos meus da infância porque traz um títulos e funções. manancial de informação e de Eu apenas faço o que inocência que se deve conservar, mesmo que muitas coisas que me parece certo.” acontecem na vida possam estragar essa inocência.” 3 Meghan Markle “Existe muita falta de 2 pessoas a assumirem as “A família, no meu caso, é um balão de oxigénio.” suas falhas, os seus medos.”Sérgio Godinho 1 “Prendi-me aos meus filhos e disse: ‘Vou lutar.’ ‘Vou lutar’ e luto até hoje.” Quem disse o quê? ADIVINHE QUEM SÃO OS AUTORES DAS FRASES. CONSEGUE?
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TeEmnatrdeeviCstaapa MAFALDA MELO E SAMPAIO E GUILHERME MACHADOO hospital temconselheiros daamamentação edurante a estadaforam-me ajudando.A ida da enfermeira láa casa, uma semanadepois, também foifundamental.”Mafalda Melo e Sampaio12
“Esperámos tanto tempo por ti e estás aqui” Nas redes sociais Mafalda é A Maria Vaidosa, que dá dicas de moda e belezae agora também abrange as roupinhas da filha Madalena, nascida a 30 de maio no Hospital Lusíadas Lisboa. Por Sara Capelo Fotografia ArturO nascimento de Madalena foi um daqueles momentos E foi rápido?de felicidade extrema na vida em que os planos ficam M: Eu entrei no quarto às 9h, 9h30, e ela nasceu às 8 daesquecidos. Guilherme Machado (G) tinha acertado noite. Demorou um bocadinho mas não estive em sofri-o tipo de fotografias que podia tirar com o corpo clínico mento.da Maternidade do Hospital Lusíadas Lisboa mas, quan-do ao início da noite daquela quarta-feira, 30 de maio, Foi sendo informada de todo o processo, explicavam-a bebé foi colocada – o corpo ainda nu – nos braços de -lhe quando lhe iam dar a medicação?Mafalda Melo e Sampaio (M), o novo pai não disparou M: Sim. A minha médica, a Dra. Cristina Barbosa, avi-logo. Avisou primeiro a namorada, que estava de olhos sou-me logo que às 9h30 me vinha dar a primeira dosefechados, de que ali estava Madalena, e só depois foto- de medicação e depois do almoço tomei a segunda dose.grafou: a imagem que mostra a emoção da recém-mamã E sim, foi-me explicando: “Agora vão começar a vir asfoi horas depois publicada nas redes sociais de Mafalda. contrações…” E é o processo normal. Depois fomos paraA imagem recebeu mais de 150 mil gostos. “Esperámos a sala de partos.tanto tempo por ti e agora estás aqui”, pensou Mafal-da, que relata as dúvidas e felicidade dos primeiros dias Não é no mesmo quarto?à revista Lusíadas. M: Não. Fiquei no quarto a ter as contrações, levei a epi- dural e quando estava com a dilatação quase feita fuiComo foi a entrada na maternidade do Hospital Lusía- para a sala de partos. Nessa altura, depois da epidural,das Lisboa? não senti nada, nem mesmo enquanto fiz força para elaMafalda Melo e Sampaio (M): Estava muito relaxada, nascer.não sabia para o que ia. Como o parto foi induzido, játínhamos hora marcada. Cheguei ao hospital às 8:30 da A Dra. Cristina Barbosa já era sua médica antes domanhã. Fui com o Gui e os meus pais. Cheguei e disse: parto?“Venho ter a bebé.” E a minha mãe perguntou: “Não estás M: Não era. Fiz uma pequena pesquisa em vários sitesnervosa?” “Não.” e fóruns de maternidade por médicos obstetras que 13
Entrevista MAFALDA MELO E SAMPAIO E GUILHERME MACHADO Perfil fossem muito recomenda- dos e apareceu-me a Dra. Conheceram-se no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa. Cristina. Telefonei para Mas há um episódio de quando já andavam na o Hospital Lusíadas Lis- faculdade (ambos tiraram Marketing e Publicida- boa para marcar consulta. de, ela ainda fez o mestrado) que Guilherme Ma- Disseram-me: “Está cheia, chado, de 29 anos, conta para sublinhar o caráter é muito difícil.” É porque trabalhador da namorada, Mafalda Melo e Sam- a médica é boa! paio, de 27 anos: vendeu um carro para comprar um computador, de que precisava. Nas viagens, Publicaram uma foto- Mafalda gravava tudo com um telefone ou uma grafia no Instagram, que câmara. O trajeto lógico seria acabar na Internet: parece tirada quando lhe colocou o primeiro vídeo no Youtube em 2014 pousam a Madalena no como A Maria Vaidosa. Hoje, usa o Instagram e o colo pela primeira vez. Facebook para partilhar o seu lifestyle. Lançou a Guilherme Machado (G): sua revista – A Maria Vaidosa Magazine – há um E é. Foi logo a seguir. ano, saiu agora a 4.ª edição. Guilherme é desde há M: Eu sou um bocadinho dois anos o gestor dos contactos com as marcas. mariquinhas. No dentista, fecho os olhos para não14 ver nada. Quando estava na sala de partos, estava de olhos fechados e o Gui diz: “Podes abrir os olhos, está aqui a bebé.” Assim que olhámos, chorámos os dois. “Tão linda.” É aquele clichê, mas não estava à espera que acontecesse comigo. Quando o bebé chega sente-se uma responsabilidade acrescida? G: Era suposto a Mafalda sair na sexta-feira. Disse: “Sen- tia-me mais confortável se sair no sábado. ” [Mas] chegou a sexta-feira e já se queria ir embora. E eu só queria ficar mais, porque ali sabia que aquela parte do “o que faço” es- tava resolvida. Quando chegámos a casa os dois sozinhos com ela, aí é que foi. M: Eu por acaso não senti mesmo “o que faço”. Foi mais: “Sim, é verdade, esperámos tanto tempo por ti e estás aqui!” Agora já não, mas naquela primeira semana chora- va por tudo e por nada. Acho que é normal. Nessa primeira vez fizeram o toque pele com pele. Foi uma decisão vossa? M: Sim, nós pedimos. Mas o hospital promove isso. E amamentou logo? Foi um processo fácil? M: Sim, mal nasceu. Os primeiros dois dias foram muito tranquilos. Ainda no hospital: “Toda a gente diz que isto dói. Não dói nada.” Quando fomos para casa, depois de quatro dias a amamentar, o peito começou a ficar mais gretado e a doer um bocadinho. R E V I STA L U S Í A DA S
E pode ligar à médica ou a uma conselheira de amamen- Também foitação? importante termosM: O hospital tem conselheiros da amamentação e du- pesquisado muitorante a estada foram-me ajudando. A ida da enfermeira lá [sobre maternidade].a casa, uma semana depois, também foi fundamental, ex- Falo mais até pelaplicou-me como o bebé deve pegar e certifica-se também Mafalda, que foide que está tudo a correr bem. incansável na pesquisa que fez.”A enfermeira vai a casa para observar a mãe e o bebé?M: Sim. E também para saber se me estou a alimentar Guilherme Machadobem, se já recuperei dos pontos, e ajuda em algumas dú-vidas que uma recém-mamã tem em relação ao umbigo, pediatra também de lá?peso e até mesmo a cor do bebé. M: A Madalena é seguida pelo Dr. João Bismark.G: Eu sou aquela pessoa que faz mil e uma perguntas sópara ter a certeza que estou a fazer as coisas como deve Fizeram a consulta antes do nascimento? Tambémser. Por isso, a ida da enfermeira a casa foi um grande foram à Internet?alívio. G: Por acaso também fomos.Como foi o primeiro banho da Madalena? O que procuram num pediatra?M: Foi tão giro! G: Acima de tudo, identificarmo-nos com os seus ideais.G: Hoje é uma coisa que gostamos de fazer. É aquela parteem que existe mais contacto pele com pele, muito impor- Quais eram as perguntas que o Guilherme levava para otante para nós. A Madalena parece gostar e isso facilita pediatra?bastante. G: Uma das perguntas que fizemos foi sobre viagens. EuM: No hospital, nos dois dias que lá estamos, as enfer- e a Mafalda queríamos muito fazer uma viagem. Ponde-meiras ensinam-nos a dar banho ao bebé. Já ia mais des- rámos para onde poderíamos levar a Madalena com seiscansada para casa porque não fazia ideia de como se dava meses – não nos conseguimos separar, cortar aquele cor-banho. Enquanto lá estamos os enfermeiros também en- dão umbilical.sinam a mudar a fralda tendo em atenção o umbigo, [ex-plicam] se é para cima, se é para baixo. E que conselhos vos deu? Um local próximo, não tropi- cal?A maternidade é uma escola? G: Exato. Convém que tenha recursos para qualquer even-G: Sim. Também foi importante termos pesquisado muito. tualidade, como hospitais.Falo mais até pela Mafalda, que foi incansável na pesqui- M: Evitar viajar de avião na altura das gripes. Nós que-sa que fez. ríamos ir em dezembro para um sítio mais paradisíaco.M: Eu vejo tudo na net. Até a minha médica descobri na Fomos desaconselhados. Por isso, se calhar vamos paraInternet. um país da Europa.E também foram à Internet perceber como seria a rea- Uma bebé de verão traz condicionantes?ção dos vossos cães? Como os prepararam? M: Pelo menos no primeiro ano convém não ir à praia,M: Preparámos ao longo da gravidez. Fomos espalhan- a pele dela é muito sensível.do pela casa a cadeira da bebé, o berço, e preparámoso quarto. Quando chegámos a casa com a Madalena, mos- A Mafalda escreveu uma gracinha para a enfermeiratrámos-lhes que era um bebé. A cadela Bennie é que tem que vos acompanhou: anunciou que “daqui a três anosmais curiosidade. Ela vem sempre cheirar, quer ver. Agora voltamos”. Voltarão?já deixamos que se aproxime mais mas só pode lamber- M: Eu gostava de voltar. Três anos é o mínimo.-lhe os pés. Ela dá muitos beijinhos. Sempre que se apro-xima da Madalena fazemos-lhe festinhas para perceberque está tudo bem e que não foi substituída.Nos dias seguintes há as consultas, os pesos. Fizeramtudo no Hospital Lusíadas Lisboa. Escolheram umREVISTA LUSÍADAS 15
Tema de CapaQue relação temcom o seu telemóvel?
Quase sem darmos por isso, todos nós – criançase adultos – acumulamos horas diárias a olharpara o ecrã do telemóvel. Este apego ao mundovirtual é uma rampa para o isolamento social,perturbações de comportamento e alteraçõesnos padrões de sono, entre outros problemas.Por Marisa Vitorino FigueiredoComecemos por uma pergunta simples: quantas vezes por dia usa (ou espreita) o telemóvel? Dê o seu melhor palpite e, provavelmente, ficará muito abaixo da realidade. Isto porque diversas estatísticas (como a da empresa de estudos de mercado Dscout ou a da investidora tecno- lógica KPCB) apontam para um uso médio do telemóvel que pode oscilar entre 76 a 150 vezes por dia. Ou até mais, já que existem diversas investigações mundiais com re- sultados bastante diferentes. E como se traduz este usoem tempo? Um estudo da Counterpoint Research comutilizadores de smartphone de todo o mundo dá conta de cinco horas pordia. Mas há quem passe mais de sete horas a olhar para o ecrã. E não sãopoucos: uma em cada quatro pessoas, segundo a mesma fonte.Neste pequeno aparelho cabem jogos, redes sociais, e-mails e até a pos-sibilidade de marcar encontros com desconhecidos. Há um pouco para cadaum de nós e é por isso que os utilizadores extremos de smartphone tocamnestes 5400 vezes por dia, refere também o estudo da Dscout.Os benefícios deste equipamento são muitos, mas o seu uso abusivo é co-mum – e daí à dependência vai um pequeno passo. A adição ao smartphone as-sume-se como um vício real, como o que prende as pessoas ao jogo, ao álcoole à droga. O isolamento social, o agravamento de patologias mentais (comoa depressão ou a ansiedade), a perda de momentos importantes, a agres-sividade, a alteração do relógio biológico 2/3ou a inferiorização permanente peranteo outro (cuja \"vida perfeita\" se espreitanas redes sociais) são algumas das conse-quências do uso excessivo do telemóvel, dos portuguesesimpossíveis de ignorar. E de tratamento possuem telemóvelmais complexo do que desligar, simples- com ligação àmente, o ecrã. Internet, segundo o Barómetro deDos zero aos 100? Telecomunicações da Marktest.O adolescente que passa a maioria do tem-po isolado, no quarto, com o smartphone.A criança que sofre de bullying na escolae prefere a segurança dos amigos virtuais. 17
Tema de Capa É possível uma da Clínica Lusíadas Faro, estes são CRIANÇAS E ADOLESCENTES: utilização saudável os contextos mais comuns de quem do smartphone se procura ajuda especializada para \"É possível existirem regras lidar com a adição aos telemóveis. uma utilização desde o início.” Os adolescentes são realmente mais saudável vulneráveis e registam, em média, do smartphone Susana Peres, pediatra um maior uso. A explicação é sim- se existirem Hospital Lusíadas Porto ples: o diminuto autocontrolo. No regras desde entanto, os motivos que levam um o início\"O jovem adulto que trabalha em jovem ou um adulto a alhear-se e amarketing digital e, proativamen- refugiar-se no telemóvel podem ser Mais de um terço das criançaste, consulta o telemóvel a qualquer bastante mais intrincados. e jovens portugueses usamhora. O empresário workaholic que diariamente um smartphoneestá sempre ligado ao trabalho. Quando é que o entusiasmo (com maior incidência a partirOu o casal que, apesar dos proble- passa a vício? dos 13 anos), referem osmas na relação, passa horas lado resultados nacionais do projetoa lado sem comunicar, enquanto Perante a presença assídua do “Net Children Go Mobile”. Estaconsulta avidamente o telemóvel. smartphone no dia a dia, como traçar realidade está associada a umaSegundo Franclim Ribeiro, psicólo- a fronteira entre um uso equilibrado sensação de angústia por não tergo do Hospital Lusíadas Albufeira e e a adição? A resposta não é simples. telemóvel ou medo de não estar \"É difícil fazer a diferenciação do a par do que acontece no mundo que é ou não saudável – e muito do virtual. Tudo começa cedo: que é considerado normativo não é segundo um estudo da Entidade saudável\", sublinha Franclim Ribeiro. Reguladora da Comunicação Social, uma em cada cinco Se um adolescente passa quatro crianças entre os 3 e os 8 anos horas a jogar, por exemplo, é con- usa telemóvel. A pediatra Susana siderado um cenário \"muito grave, Peres, do Hospital Lusíadas dado que são quatro horas de isola- Porto, lembra que em todas as mento social\", mas não há fórmulas idades há sinais de alerta a que para quantificar o uso abusivo. deve estar vigilante: isolamento, irritabilidade, agitação e outras Em vez da quantidade de vezes alterações do comportamento, que se olha para o telemóvel, Fran- perturbações do sono ou clim Ribeiro prefere avaliar o impacto do apetite ou violência negativo no quotidiano. \"Se há uma desproporcional quando há perda de oportunidade por causa do uma proibição de jogar são alguns dos exemplos. E se oO vício que captou seu filho usa constantementea atenção da OMS o telemóvel, fica extremamente ansioso quando não o tem eHoje, quem olhar para este cenário está prestes a meses com \"impacto mente sobre a sua utilização, jáos principais manuais mudar. A OMS incluiu, este significativo\" na vida pode estar numa situação dede diagnóstico em ano, o vício em videojogos pessoal, profissional dependência. Para a pediatra, \"étranstornos mentais (o CID ou jogos digitais como um ou social para que esta possível uma utilização saudávelda OMS – Organização distúrbio mental na versão adição comportamental do smartphone se existiremMundial da Saúde – e preliminar da próxima possa ser diagnosticada. regras desde o início\". Maso DSM da Associação edição do CID (CID-11, que As implicações do uso é fundamental que os bonsAmericana de Psiquiatria) entra em vigor em 2022). em excesso da Internet exemplos venham dos própriosainda não encontra Segundo a OMS, é (incluindo smartphones) educadores, que também devemdescrito o vício dos necessário um período estão também a ser criar momentos offlinetelemóveis. No entanto, mínimo de doze estudadas pela OMS. em família.18 R E V I STA L U S Í A DA S
Algumas recomendações de comunicável, opte por um modelo Até aos 2 anos não deveSusana Peres com base nas mais simples. autorizar a criança a usarindicações da Associação o smartphone salvo paraAmericana de Pediatria: Recomendações gerais videochamadas com supervisão• Até aos 2 anos: não autorizar para os educadores: 1. Evite o uso destes equipamentos uso do telemóvel, por exemplo não ir o uso de smartphone, exceto como \"calmante\" ou \"babysitter\". à faculdade ou não ir trabalhar para videochamadas para familiares 2. Não permita o seu uso no ficar a jogar ou a usar uma app como (na presença de adultos). quarto ou durante as refeições. o Tinder, isso é um sintoma da adi-• Dos 2 aos 5 anos: limitar 3. Evite o seu uso até uma hora ção.\" Contudo, os sinais de alarme vão o uso de ecrãs a uma hora antes de dormir. além disso (ver caixa). por dia (programas educativos, 4. Ofereça opções para a criança com supervisão). Controle ocupar o tempo livre (desporto, A semelhança o tempo com rigor. jogos de tabuleiro, passeios, etc.). com outros vícios• A partir dos 5 anos: continue 5. Não proíba inteiramente mas a estabelecer regras claras na acompanhe o seu uso, estabeleça É comum ouvir-se alguém que usa duração e frequência do uso regras e fale sobre questões de excessivamente o smartphone a ne- destes equipamentos, tendo em segurança. gar o problema ou a desvalorizar a conta as necessidades e a idade 6. Dê o exemplo e crie espaços situação. São sintomas clássicos de da criança. e momentos livres de tecnologia negação e minimização comuns a• A partir dos 12/13 anos: só a (televisão incluída). outras patologias do comportamen- partir desta idade é que os jovens 7. Sobretudo para adolescentes: to aditivo, como o vício do jogo ou devem ser autorizados a ter converse e alerte para as questões do álcool. um telemóvel. Mas lembre-se de privacidade, cyberbullying e que um smartphone não é o segurança nas redes sociais. Mas há mais. As pessoas depen- mesmo que um telemóvel. Se o dentes de equipamentos eletróni- objetivo for apenas o jovem estar cos também reagem com \"irritabili- dade exacerbada\" à abstinência doREVISTA LUSÍADAS consumo. Por outras palavras: uma simples bateria descarregada (sem acesso a um carregador) é suficiente para gerar irritação e angústia des- proporcionais. 19
Tema de Capa Se usar 720h \"apenas\" o seu Ao longo do tempo, o vício do smartphonesmartphone provoca outro sintoma duas horascomum neste tipo de adições: a tole- por diarância. \"É preciso consumir cada vezmais para produzir os mesmos efei- a(cpso.oã.r.roraemnspaooi)s,ndedesesr7ei2at0emhpoorastos\", alerta Franclim Ribeiro. Ler 72 livros A explicação está na reação quí- de 300mica que ocorre no cérebro: uma páginassensação de prazer momentâneo,provocada pela libertação dos neu- (tendo em conta umarotransmissores dopamina e seroto- velocidade média denina. É uma espécie de recompensa leitura de dois minutosque se sente quando se passa umnível ou se obtém um like nas redes por página)sociais. A antecipação da recompen-sa gera, muitas vezes, uma maior usar o telemóvel como escape. É um aparentam ter a vida perfeita, é difí-descarga de dopamina e serotonina ciclo vicioso que importa quebrar. cil evitar as comparações constantes.do que a ação em si. Daí que plata- Por tudo isto, o diagnóstico e trata-formas como o Facebook ou o Insta- Como contrariar mento da adição ao smartphone sãogram usem as notificações para cria- a dependência? essenciais. Franclim Ribeiro reco-rem artificialmente esta expetativa e menda que se consulte um psicólogo\"agarrarem\" os utilizadores. Além de agravar patologias já exis- ou psiquiatra, mas o primeiro passo tentes, o uso excessivo de equipa- para a \"cura\" é comum a outros ví-Espelho meu, mentos eletrónicos pode ter impacto cios: reconhecer que existe adição.de que me escondo eu? na vida pessoal e profissional. Desde \"Se o uso de equipamentos eletróni- não aproveitar momentos agradá- cos for um escape para outro proble-A sensação de recompensa mantém veis à perda de oportunidades, pas- ma, é preciso ir à origem e abordaras pessoas de todas as idades agar- sando também por perturbações do essa questão\", explica o psicólogo. Seradas aos smartphones. Mas o que sono (geradas pelo impacto do uso for uma questão de criar laços sociaisnos faz recorrer ao telemóvel em pri- do telemóvel e da iluminação do ecrã ou ocupar o tempo, é importantemeiro lugar? Não se trata apenas de à noite, que contrariam o relógio criar atividades de substituição. De-trabalho ou da necessidade de comu- biológico), alterações alimentares, dicar-se a um hobby sem tecnologianicar. Usar estes equipamentos assu- impacto na postura física e até uma pode ser um bom ponto de partida.me-se como uma procura de novos permanente sensação de menoriza- No entanto, a prevenção continua alaços sociais mas acaba por ser, so- ção proporcionada pelas redes so- ser o melhor remédio. É importantebretudo, uma alternativa da tecnolo- ciais. No ecossistema do Instagram, contrariar o uso excessivo de equipa-gia para \"escaparmos\" a problemas já Facebook e Linkedin, em que todosexistentes, defende Franclim Ribeiro. \"A adição eletrónica é, normal-mente, uma situação secundária,que passa a ser um sintoma da pato-logia mental principal\", reforça. Porisso, as pessoas depressivas ou comansiedade tendem a refugiar-se notelemóvel ou em jogos. A tal sensa-ção temporária de prazer quando seusa o smartphone ajuda a \"masca-rar\" os sintomas da patologia inicialmas trata-se de uma ilusão perigo-sa. Quanto mais se usa o telemóvel,maior o isolamento social e o agrava-mento dos sintomas prévios. E, comisso, maior a necessidade de voltar a20 R E V I STA L U S Í A DA S
Ver cerca de 720 filmes Fotografia Artur Tirar a carta Se há uma perda de de condução oportunidade por causa doze vezes do uso do telemóvel, por exemplo não ir à (aulas teóricas faculdade ou não ir e práticas) trabalhar para ficar a jogar ou a usar uma appComo identificar o uso como o Tinder, isso éexcessivo do smartphone? um sintoma da adição.”Segundo Franclim Ribeiro, qualquer um dos seguintes Franclim Ribeiro, psicólogocomportamentos \"é uma boa razão para iniciar um Hospital Lusíadas Albufeiraacompanhamento por um especialista\", até como modo de e Clínica Lusíadas Faroprevenir o agravamento para uma situação de dependência.Tome nota dos sinais de alarme: mentos eletrónicos antes de se cair numa situação de dependência.• Perda de • Distração ou smartphones ou Para as crianças e adolescentes, é oportunidade dificuldade em jogos eletrónicos fundamental que se criem e reforcem (não ir a um lado manter conversas; (até quando não regras para lidarem com a tecnolo- ou não cumprir um estão em uso); gia. Já os mais velhos dependem do compromisso para • Círculo de autocontrolo: limitar o uso dos equi- usar o smartphone amizades virtuais • Insucesso em pamentos a determinados dias ou ou a jogar); superior às tentativas prévias horas, não aceder ao e-mail de traba- amizades reais; de diminuir lho fora do escritório e tomar cons-• Isolamento social; o uso; ciência do tempo que se perde nas • Pensamento redes sociais são alguns dos passos• Alienação do recorrente • Negação de uso que podem ser dados. Como comple- mundo exterior; relacionado com excessivo. mento, é fundamental dedicar tempo a atividades offline.REVISTA LUSÍADAS Mas voltemos ao início. A tomada de consciência é o primeiro passo para um uso saudável do telemóvel: a pensar nisso, quantas vezes olhou para o seu telemóvel enquanto lia este artigo? 21
{ Prevenção { Alimentação, bem-estar, desporto, trabalho... Nesta secção damos-lhe as ferramentas de que necessita para ter uma vida mais saudável. Todos os dias.Páginas 24 28 30 Há algum médico Alimentação: o As melhores a bordo? que é verdade posições para hoje pode ser Os médicos da mentira amanhã? dormir Lusíadas Saúde relatam situações Há alimentos que Dormir virado para em que prestaram já foram os vilões o lado direito agrava o auxílio de emergência a evitar e agora refluxo gastroesofágico. quando estavam fora do trabalho – a viajar não devem ser Já as pessoas com dispensados. Fique a insuficiência cardíaca de avião. devem deitar-se para saber quais são. esse lado. Curioso? Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais temas sobre prevenção www.rotasaude.lusiadas.pt
Prevenção Há algum médico a bordo? Uma emergência não escolhe local nem hora e, quando menos esperam, os profissionais de saúde podem ser chamados a salvar uma vida. Por Sara Coelho24 R E V I STA L U S Í A DA S
Consegui descobrir uma agulha, piquei a senhora, dei-lhe um corticoide e um anti-histamínico.” Celso Estevens, anestesiologista nas Unidades Lusíadas no AlgarveQ uando o chefe de deu, em agonia. O voo da companhia Asma em altitude cabine do voo entre aérea dispunha de kit de emergência Frankfurt e Lisboa mas tudo estava escrito em alemão. Jorge Nunes também já salvou uma perguntou se havia “Com a ajuda de uma hospedeira que vida a centenas de metros de altitude. um médico a bordo, falava um pouco de inglês lá conse- Num voo entre Istambul e Frankfurt, Celso Estevens per- gui descobrir uma agulha, piquei a uma mulher turca com cerca de 40 cebeu que alguém precisava da sua senhora, dei-lhe um corticoide e um anos começou a apresentar dificul- ajuda. “Uma senhora alemã estava a anti-histamínico”, recorda. Não tar- dade respiratória. “Há algum médico ficar com um edema de glote”, recor- dou a apresentar melhoras. a bordo?”, perguntou um membro da da o médico anestesista e intensivis- tripulação. De férias e com o pensa- ta das Unidades Lusíadas no Algarve. Foi pedido a Celso Estevens que mento longe das obrigações profis- preenchesse um formulário a jus- sionais, o coordenador da Unidade O edema de glote é um inchaço tificar o uso do kit de emergência de Cuidados Intensivos do Hospital que afeta a garganta e, se continuar a e, no fim, dirigiu-se à sua paciente Lusíadas Lisboa sentiu que o dever progredir sem ser tratado de imedia- inesperada para lhe dar alguns con- chamava e ofereceu-se para ajudar. to, impede a pessoa de respirar. Celso selhos finais. “Nessa altura reparei “Era uma situação de asma com gra- Estevens avançou pelo estreito cor- que ela tinha umas gotas para os vidade”, recorda. Para piorar, a pessoa redor do avião e a primeira pergunta olhos que continham flucloxaci- só falava turco. “Íamos a meio do voo que fez foi se a passageira era alérgica lina, um derivado da penicilina.” e a dúvida do comandante era se tí- a alguma coisa. “Penicilina”, respon- Aí estava a explicação. nhamos de fazer uma aterragem de emergência.” Felizmente, neste caso a caixa de medicação do avião tinha indicações em inglês e o médico con- seguiu fazer o tratamento necessá- rio. “A pessoa começou a melhorar e decidi que não era preciso aterrar.” Naquele dia, o médico salvou uma desconhecida e ainda evitou uma aterragem de emergência.REVISTA LUSÍADAS 25
Prevenção Íamos a meio do voo e a dúvida do comandante era se tínhamos de fazer uma aterragem de emergência.” Jorge Nunes, coordenador da Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Lusíadas LisboaDecisão de risco Aprendemos que uma coisa importante nestas circunstânciasApós umas férias na Costa Rica, Cláu-dia Febra estava pronta para regres- de emergência é manter umsar ao trabalho. Porém nunca pensou sorriso na cara.”que o trabalho começasse logo no voode regresso. “Tinha de apanhar três Cláudia Febra, coordenadora da Unidadevoos, estava super cansada, a dor- de Atendimento Urgente Adultosmir profundamente. Passadas três do Hospital Lusíadas Lisboahoras da partida de Miami senti queme tentavam acordar abruptamente. Quando sobrevoavam os Açores, Suspeita de ébolaEstava sentada na primeira fila, abri o comandante perguntou se era neces-os olhos, a porta do corredor encon- sário fazer uma aterragem de emer- Cláudia Febra teve outras situaçõestrava-se fechada e, através do óculo de gência. “Tive de decidir se a paciente a bordo. Celso Estevens tambémvidro, vi um homem de pé. Por centé- aguentava. Concluí que tínhamos quando ia a caminho do Uganda,simos de segundo pensei que era hi- tempo para chegar à capital espanho- em plena epidemia de ébola. “Es-jacking, que estávamos a ser seques- la.” Cláudia Febra passou as últimas távamos no avião, perguntaram setrados”, conta, entre gargalhadas. Era, quatro horas do voo a fazer de médi- havia um médico a bordo e eu fui.”na verdade, uma passageira alemã em ca de cabeceira, a tentar estabilizar O passageiro tinha 40 graus de febrecoma. “Uma primeira avaliação per- a paciente o máximo de tempo pos- e tremores. “Pensei que se dissessemitiu-me perceber que se tratatava de sível. E fora do seu lugar, mesmo na a alguém que suspeitava de ébo-hipoglicemia”, recorda a coordenadora aterragem, colocando a sua segurança la dava-se ali um desastre”, lembra.da Unidade de Atendimento Urgente em risco. À chegada, uma ambulância A tripulação da companhia começouAdultos do Hospital Lusíadas Lisboa. aguardava. Dentro do avião ninguém por pedir o cartão de médico a Cel-Havia outro médico a bordo e até es- percebeu a gravidade da situação. so Estevens para ter a certeza que setava de serviço a fazer o acompanha- “Aprendemos que uma coisa impor- tratava de um profissional habilitado.mento de uma cliente de seguros. Não tante nestas circunstâncias de emer- A seguir, contactou um médico notinha experiência para controlar a gência é manter um sorriso na cara Dubai. “Só depois da autorização des-situação mas tinha um estetoscópio e não transmitir nervosismo mas se médico é que podia atuar. Eu aviseicom manómetro e um medidor de gli- tranquilidade. Por isso é que as pes- que, se não pudesse usar a medicaçãocemia que permitiram à profissional soas que me conheciam não percebe- de imediato, teríamos de aterrar por-de Medicina Interna confirmar a hipo- ram. Perguntavam-me: ‘O que estás que era urgente.” Após alguns minu-glicemia. O avião tinha uma mala bem aí a fazer ajoelhada com agulhas na tos que pareceram horas, o médicoabastecida de primeiros socorros, com mão?’ Foi uma cena clássica de filme, fez a medicação e o estado do homemsoros e agulhas. “Pus soro à senhora, houve quem pensasse que eu estava ficou estabilizado. “Não era ébola. Pen-mas ela permaneceu entre o coma e a brincar ao INEM!” so que se tratava de malária que nãoum estado estuporoso, com alterações estava bem controlada.”de estado de consciência até Madrid.”26 R E V I STA L U S Í A DA S
TePmreavdeençCãaopaAlimentação:o que é verdadehoje pode sermentira amanhã?Já apontaram aos antioxidantes, à sojaou ao leite a capacidade de preveniremdiversas doenças. E agora são vilões?Por Sara CapeloRevisão científica: Marlene Sanches,nutricionista da Clínica de Stº AntónioO chá verde foi o último mito a cair. Em abril deste ano, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês) avisou que os su- plementos com extrato de chá verde podem danificar o fígado. O problemanão são as infusões, que contêm quantidades pequenas deantioxidantes (entre 90 a 300 mg), mas os suplementos, nosquais a concentração varia entre os 5 e os 1000 mg – e 800mg são considerados um risco para a saúde.No artigo da agência Reuters sobre este alerta, pergun-tava-se: “Quão saudável é saudável de mais?” E, de facto,vão-se acumulando evidências de que quando o consumoé excessivo e tem na origem produtos processados, em vezde saudável pode ser prejudicial. Tomem-se como exemploos suplementos antioxidantes, outrora considerados úteispara a prevenção de doenças (incluindo o cancro) ou para ocombate ao envelhecimento.28 R E V I STA L U S Í A DA S
Existem outros de laticínios”. Mais uma vez, o funda- alimentos cujas mental é a moderação. propriedades têm suscitado dúvidas. O paradoxo da soja É o caso do leite de vaca: ajuda Já chamaram à soja “o grão mila- ou não a prevenir groso” porque lhe atribuíam a ca- a osteoporose? pacidade de prevenir doenças car- diovasculares, colesterol elevado, Há sete anos um ensaio com 35 500 osteoporose, diabetes ou alguns mil homens norte-americanos, cana- tipos de cancro. Uma investigação dianos e porto-riquenhos com mais em ratos de laboratório divulgada de 50 anos concluiu que grandes doses em agosto último pela Universidade de vitamina E (ver caixa) aumentam do Missouri (EUA) adensou a ideia em 17% o risco de cancro da próstata. de que a proteína da soja pode com- E outros estudos sobre cancro nos bater os efeitos da menopausa nos pulmões ou melanoma têm adensado ossos e no metabolismo da mulher. a ideia de que grandes quantidades de No entanto, inúmeros estudos têm- vitamina E “podem ajudar as células -na transformado de heroína em vilã. cancerígenas do mesmo modo que O problema são as isoflavonas, que ajudam as células normais”, explicou o imitam o comportamento do estro- biólogo Zachary Schafer, da Universi- génio, o que pode encorajar o cres- dade de Notre Dame, à Scientific Ame- cimento dos tumores em mulheres rican. Ou seja, os antioxidantes dão com cancro de mama ou com maior maior capacidade a todas as células propensão para o ter. Em 2017, na (boas ou más) para invadirem outras revista Clinical Cancer Research, um áreas do organismo. grupo de investigadores de Washin- gton tentou explicar um paradoxo: E existem outros alimentos cujas porque é que as asiáticas que con- propriedades têm suscitado dúvidas. sumiram soja toda a vida têm taxas É o caso do leite de vaca: ajuda ou não de cancro de mama cinco vezes infe- a prevenir a osteoporose? Apesar de riores às norte-americanas? A ques- assegurar que é uma boa fonte de cál- tão, concluíram, está na ingestão: se cio, proteína ou vitaminas A e D, um a soja só for consumida depois do artigo da Escola de Saúde de Harvard aparecimento do cancro este grão (EUA) alega não existirem evidências não impede o desenvolvimento do suficientes de que, se se beberem dois tumor, antes o acelera. ou três copos de leite por dia, se atin- ge o valor de cálcio diário recomen- O que são dado (1000 mg para quem tem entre os antioxidantes? 19 e 50 anos; mais de 1200 para quem é mais velho) ou se reduz o risco de Incluem as vitaminas A, C, E, os fraturas. Além disso, “devido às preo- betacarotenos e o selénio que se cupações, ainda não respondidas, so- podem encontrar na fruta, vegetais bre o risco de cancro do ovário ou da e frutos secos. Tal como o nome próstata, talvez seja prudente evitar indica, previnem a oxidação – um o consumo de grandes quantidades processo de envelhecimento que danifica as células e que pode levar ao desenvolvimento de doenças cardíacas, da doença de Alzheimer ou de cancro.REVISTA LUSÍADAS 29
Prevenção Diz-me como dormes. . . Mudamos de posição várias vezes durante a noite mas todos temos uma posição preferida para dormir –e essa opção pode influenciar a qualidade do nosso sono. Saiba como. Por Helena Viegas
Pessoas na coluna, mas dormir virado de lado com refluxo interfere com outros problemas de saú- gastroesofágico de e é sobretudo importante saber que não devem é relevante o lado que se escolhe. “Em dormir deitados pessoas com refluxo gastroesofágico, para o lado dormir em decúbito lateral direito agrava o refluxo porque aumenta o relaxamen- direito. to do esfíncter gastroesofágico e facilita a passagem do conteúdo alimentar e doA queixa é por demais frequente: ácido gástrico do estômago para o esófa- “Tenho andado a dormir pes- go”, explica a coordenadora da Unidade simamente.”. Mas nem só de de Pneumologia do Hospital Lusíadas stresse ou excesso de estímulos Lisboa. Nestes casos, é benéfico dormir e cafeína se fala quando o pro- para o lado esquerdo. Já as pessoas com blema é o cansaço e a sensação insuficiência cardíaca, por exemplo, dor- de falta de descanso noturno mem melhor viradas para o lado inverso. – a escolha da posição para dor- A ciência descobriu que a sensação de mir também pode ter influên- incómodo que há muito estas pessoascia. “Existem muitas causas para se dormir mal e para referiam como justificação para preferiralgumas a posição pode ser determinante”, confirma Su- dormir sobre o lado direito tem umasana Moreira, coordenadora da Unidade de Pneumologia fundamentação clínica. “Ocorrem, dee especialista em Medicina do Sono – uma área a que, no facto, alterações do funcionamento car-Hospital Lusíadas Lisboa, se dedica uma equipa multidisci- díaco e hemodinâmica nestas pessoasplinar, que também envolve clínicos de Otorrinolaringolo- com decúbito lateral esquerdo durantegia, Neurologia, Medicina Interna e Estomatologia. Passar a o sono”, confirma Susana Moreira.noite de costas não é o mesmo que deitar-se de lado ou debarriga para baixo, mas cada uma das opções tem vantagens Recarregar bateriase desvantagens que se revelam diferentes para cada pessoa.Qual é a melhor posição para dormir? “Não existe uma res- Quando não se semana ajuda, mas nemposta universal”, afirma a médica. dorme o suficiente, sempre é suficiente para “é fundamental eliminar o cansaço, a Deitado de lado pagar a dívida ao sonolência e a lentidão organismo” logo que do pensamento que Prós: facilita a respiração e diminui o haja oportunidade, uma noite mal dormida ressonar. defende Susana provoca. O ideal é Contras: dormir para o lado direito Moreira. Ainda assim, manter um padrão de agrava o refluxo gastroesofágico; pes- sublinha a especialista, sono constante e dormir soas com insuficiência cardíaca devem compensar as horas de as mesmas horas todas evitar deitar-se para o lado esquerdo. sono perdidas ao fim de as noites. É a posição de sono mais habitual, fa- 14 12 12 10 Sono cilita a respiração, evita o ressonar (ou a 17 h a 15 h a 14 h a 13 h recomendado suaviza, pelo menos), mas não serve a todos. Colocar uma almofada entre 9 8 7 7 os joelhos pode até ajudar a manter as a 11 h a 10 h a9h a8h ancas alinhadas, aliviando a pressão 0-3 4-11 1-2 3-5 6-13 14-17 18- 64 +65 meses meses anos anos anos anos anos anos Fonte: Sleep Foundation 31
Prevenção As pessoas com da gravidade”, propiciando o estrei- Virado para baixo insuficiência tamento. “Como a via aérea superior tem apenas uma estrutura óssea de Prós: não interfere cardíaca devem sustentação posterior (na coluna), com a respiração. evitar deitar-se o relaxamento muscular próprio do Contras: favorece o de- sono diminui naturalmente o seu salinhamento da colu- para o lado diâmetro”, explica Susana Moreira. na e aumenta a tensão esquerdo. O movimento do diafragma contra na zona do pescoço. o volume abdominal, em especialDeitado de costas nas pessoas obesas, também é difi- O que está em causa é sobretudo cultado. “Nos doentes com diagnós- o desconforto. Para a maioria dasPrós: permite o ali- tico de apneia, o número de apneias pessoas, dormir na posição de decú-nhamento da coluna, duplica quando estão em decúbito bito ventral, de barriga para baixo,aliviando a tensão na dorsal”, acrescenta. Na gravidez, é desagradável e muitas vezes causacervical e as dores nas à medida que a gestação progride, dores na zona cervical ou sensaçãocostas. o peso do útero nos vasos abdomi- de dormência na zona do pescoço.Contras: dificulta a res- nais ganha importância e dormir de “É uma posição incomodativa maspiração, aumenta o res- costas também não é recomendado. sem riscos significativos”, resume asonar e o risco de apneia especialista em Medicina do Sono.do sono. Sabia que… A via aérea não fica comprometida Para evitar as rugas, a melhor e também não existe perturbação daDeitado de barriga para cima, com posição para dormir é, sem circulação – “a dormência ocorre pora cabeça e os ombros ligeiramente dúvida, de costas, sem qualquer compressão de nervos periféricos”,elevados, o corpo fica numa posição pressão na cara pousada na explica Susana Moreira.neutra, de relaxamento. A posição de almofada. A longo prazo, se dormirdecúbito dorsal, o termo médico que sempre virado para o mesmo ladodesigna a posição em que a pessoa poderá ter tendencialmente maisestá deitada de barriga para cima, fa- pés de galinha e rugas por cima dovorece um bom posicionamento da lábio desse mesmo lado – e dormircoluna, sendo por isso “uma opção de barriga para baixo favorecede conforto para várias alterações igualmente as rugas verticais queosteoarticulares”, explica Susana atravessam a bochecha.Moreira, especialista em Medicinado Sono e coordenadora da Unidade Porque ressonamos?de Pneumologia do Hospital Lusía-das Lisboa. O ressonar “é um nasal é uma causa nasal e a retenção deO alívio da tensão na zona do pes- ruído respiratório frequente, sendo líquidos, mas podecoço e cabeça ajuda a atenuar as gerado pela vibração também importante ter ser um sintoma dedores na área cervical e/ou lombar dos tecidos moles da em conta que “existem apneia do sono que(podendo ser aconselhada a coloca- via aérea superior que fatores externos que deve ser valorizadoção de uma almofada por baixo dos tipicamente ocorre agravam o ressonar, principalmente sejoelhos para melhores resultados). na inspiração, mas como o consumo houver subida daEm termos respiratórios, no entanto, também pode ouvir-se de álcool, relaxantes tensão arterial”, alertaesta é a posição com maiores riscos, na expiração”, explica musculares, opiáceos a coordenadoraque agrava o ressonar e aumenta Susana Moreira. O e tabaco”. Na gravidez da Unidade deo perigo de apneia do sono, lem- ressonar não resulta o ressonar é frequente Pneumologia dobra a médica. Isto acontece porque apenas de alterações por diversas razões, Hospital Lusíadas“é uma posição de maior fragilidade maxilares ou da como o aumento de Lisboa.anatómica, que deixa a via aérea em obesidade, a obstrução peso, a congestãodesvantagem em relação ao efeito32 R E V I STA L U S Í A DA S
Siga-nos em www.rotasaude.lusiadas.pt O site certo para cuidar de si Saúde oralESPECIAL ROTA DA SAÚDE Sabe tudo sobre lavar os dentes? Usar uma escova macia é melhor para as gengivas? É melhor lavar os dentes logo que termina a refeição ou esperar um pouco? E o fio dentário deve ser usado antes ou depois da escovagem? Se acha que domina a arte da lavagem de dentes, leia os dez factos e mitos que reunimos sobre este tema e tire a prova dos nove. Branqueamento: o que é Os dentes podem ter, naturalmente, uma tonalidade mais escura ou escurecerem devido a fatores como um trauma ou o consumo regular de bebidas como o café. O branqueamento é um tratamento eficaz e seguro que permite que os dentes fiquem mais brancos. Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais temas sobre saúde www.rotasaude.lusiadas.ptA ROTA DA SAÚDE É A ÁREA DO SITE LUSÍADAS ONDE PODE ENCONTRAR ARTIGOS, VÍDEOS E INFOGRAFIAS DE SAÚDE EXPLICADOS PELOS NOSSOS ESPECIALISTAS. 33
ESPECIAL ROTA DA SAÚDE > SAÚDE ORAL Especialidades em foco neste artigo: Medicina Dentária Lavar os dentes: 10 factos e mitos Depois das refeições, aguarde 30 minutos antes de lavar os dentes para que o pH da boca volte ao normal e o esmalte remineralize. COMER UMA MAÇÃ SUBSTITUI A ESCOVAGEM DOS DENTES? E PASTILHAS ELÁSTICAS SEM AÇÚCAR? CÁTIA GONÇALVES, MÉDICA DENTISTA DO HOSPITAL LUSÍADAS PORTO, AJUDA A ESCLARECER VERDADES E MITOS PARA GARANTIR QUE FAZEMOS UMA BOA HIGIENE, A MELHOR FORMA DE DEFENDERMOS A NOSSA SAÚDE ORAL. Por Maria Simões Colaborações Cátia Gonçalves, médica dentista do Hospital Lusíadas Porto Lavar os dentes três ve- 01 02 03 zes por dia e demorar pelo menos dois minu- AS ESCOVAS MACIAS A ESCOVAGEM MAIS DEVEMOS ESCOVAR OS tos em cada lavagem SÃO AS MELHORES IMPORTANTE DO DIA DENTES MAL ACABAMOS são as principais reco- PARA AS GENGIVAS. É ANTES DE DORMIR. mendações de Cátia Gonçalves, DE COMER. médica dentista do Hospital Lu- MITO FACTO síadas Porto, “para garantir uma MITO boa saúde dentária e periodontal As escovas macias Se não lavarmos os [o periodonto é constituído pelos são desaconselhadas, dentes os restos de Esperar meia hora é uma tecidos que fixam os dentes, como comida permanecem boa regra. Quando se as gengivas e o osso]”. O ideal é salvo em situações na boca durante a que cada pessoa seja aconselhada pontuais (como num noite, servindo de comem alimentos ácidos, por um profissional, para saber o período pós-operatório) alimento às bactérias. como tomate, laranja limão que é mais adequado à higiene da porque não asseguram Quando dormimos, a ou ananás, o esmalte dos sua dentição, recomenda a médica uma boa higiene. É a produção de saliva é dentista. placa bacteriana que menor e quase não há dentes fica mais frágil provoca inflamação nas movimento da língua, e propenso à abrasão da gengivas, fazendo-as o que ajuda a limpar escova. Deixar passar algum os restos de comida. tempo antes da lavagem sangrar. ajuda a que o pH da boca volte ao normal e o esmalte remineralize.34
Siga-nos em www.rotasaude.lusiadas.pt 04 05 OUTROS ARTIGOS RELACIONADOS NO SITE AS PASTILHAS ELÁSTICAS SEM AÇÚCAR O ELIXIR SUBSTITUI ROTA DA SAÚDE AJUDAM A PREVENIR AS CÁRIES. A ESCOVAGEM DOS Regras para FACTO DENTES. manter uma boa higiene dentáriaMascar pastilhas elásticas NÃO substitui a lavagem MITO infantildos dentes, mas ajuda a prevenir as cáries. O xilitol, usado como adoçante, aumenta o pH oral, o que O elixir pode ser usado Sabia que a cárie é a doençaajuda a proteger os dentes. Por outro lado, quando como complemento mas crónica mais comum na não substitui a lavagem infância? Fique a conhecer qual mascamos aumentamos a produção de saliva a frequência de escovagem que e o atrito nos dentes, o que ajuda a eliminar dos dentes. as crianças devem seguir e que escova e pasta deve escolher em os restos de comida. função da sua idade. Para ler este artigo na Rota da 06 07 08 Saúde, use este bitly ou código QR bit.ly/2zIKXWJUMA BOA ESCOVAGEM COMER UMA É IMPORTANTE BOCHECHAR DOS DENTES TEM DE MAÇÃ SUBSTITUI NO FIM DA LAVAGEM. Os bebés têm febre quando SER DEMORADA. A ESCOVAGEM FACTO os dentes estão DOS DENTES. a romper? FACTO É fundamental para garantir MITO que os resíduos de comida Entre os seis meses e os dois Deve demorar pelo saem da boca. Pode fazê-lo anos e meio os dentes de leite menos dois minutos Alguns alimentos com um elixir, reforçando rompem a gengiva, mas será que como as maçãs ajudam o flúor que permanece em causam mesmo febre? Conheça a para garantir que contacto com os dentes, resposta.todas as áreas da boca a limpar os dentes mas bochechar com água Para ler este artigo são lavadas: todas as porque a mastigação na Rota da Saúde,superfícies dos dentes, permite alguma limpeza é suficiente. use este bitly ou mas não substituem a código QR gengivas e língua. escovagem dos dentes. bit.ly/2LfTDs1 09 O FIO DENTÁRIO SÓ DEVE SER USADO ANTES DE ESCOVARMOS OS DENTES. MITO A ordem não é importante, o principal é garantiruma boa higiene oral que só é assegurada pela escova e o fio (ou escovilhão) dentário. Continue a ler este artigo em www.rotasaude.lusiadas.pt 35
ESPECIAL ROTA DA SAÚDE > SAÚDE ORAL É sempre necessário um aconselhamento Especialidades em foco neste artigo: Medicina Dentária prévio antes de fazer o branqueamento Branqueamento dentário de dentes: as dúvidas mais comuns É GRANDE A TENTAÇÃO DE TER UM SORRISO MAIS BONITO RECUPERANDO A COR ORIGINAL DOS DENTES QUE, AO LONGO DOS ANOS, FORAM ESCURECENDO. AJUDAMOS A ESCLARECER AS DÚVIDAS QUE AINDA PERSISTEM EM RELAÇÃO AO BRANQUEAMENTO DOS DENTES. Por Maria Simões Colaboração José Carlos Pinto Correia, coordenador da Unidade de Estomatologia do Hospital Lusíadas Lisboa Qualquer pessoa pode branquear os dentes? Não. Deve sempre aconselhar-se com um profissional de saúde oral para que avalie a sua situação específica. Pode ser alérgico a algum componente do tratamento, apre- sentar problemas nas gengivas ou ter muitos dentes restaurados (os agentes branqueado- res não atuam no restauro, provocando um resultado muito pouco uniforme). Somam-se a estes casos as mulheres grávidas e a ama- mentar e as crianças e adolescentes até por volta dos 15 anos porque ainda não têm o esmalte totalmente formado. Em todos estes casos o branqueamento é desaconselhado. Qualquer pessoa que faça um branquea- mento fica com os dentes brancos? Não. Depende sempre da resposta da estrutu- ra dos dentes de cada pessoa. O branqueamento enfraquece os dentes? O gel branqueador provoca uma reação quí- mica, atuando no pigmento que provoca o escurecimento dos dentes. Não é um pro- cesso abrasivo, por isso não afeta a estru- tura dos dentes.36
O branqueamento deixa os dentes sensíveis? Siga-nos em www.rotasaude.lusiadas.ptAlgumas pessoas podem sentir alguma sen-sibilidade durante ou depois do tratamento. OUTROS ARTIGOS SOBRE SAÚDE ORALA absorção de peróxido, uma das substâncias NO SITE ROTA DA SAÚDEativas do branqueador, pela polpa do dente(a que costumamos chamar “nervo”), pode Mau hálito: como prevenirprovocar inflamação. O dente também pode e tratarficar desidratado em consequência da expo-sição prolongada a uma temperatura elevada, O mau hálito pode ser bastante constrangedor mas a boa notíciaum procedimento comum no branqueamento. é que tem tratamento.Como se processa o branqueamento? Para ler este artigo naAtravés da reação química provocada pelo Rota da Saúde, use esteagente branqueador, que vai fazer libertar bitly ou código QRo oxigénio que altera a cor dos dentes. É o oxi- bit.ly/2mXaIczgénio que provoca a oxidação dos pigmentosamarelados da dentina. O que são as aftas?Durante o tratamento há bebidas e alimentos A alimentação e o stresse podem causar aftas. A especialista explica-que se devem evitar? -lhe também o que são exatamente.Sim. Devem evitar-se bebidas e alimentos ri-cos em corantes, assim como o tabaco, para Para ler este artigo nanão condicionar o resultado. Alguns exem- Rota da Saúde, use esteplos são o chá, café, vinho tinto e frutas áci- bitly ou código QRdas. Depois de concluído o tratamento bran- bit.ly/2JtyLbTqueador pode voltar aos hábitos de sempre,mas se consumir estes alimentos com mo- 37deração os dentes irão permanecer brancosdurante mais tempo.Os dentes podem ficar com um efeito artificial?O branqueamento respeita o tom natural dosdentes. Trata-se de recuperar o tom originaldos dentes depois de eliminado o escureci-mento que decorre ao longo do tempo.Os dentes voltam a escurecer?O efeito do branqueamento tem uma duraçãovariada, dependendo da composição dos den-tes de cada um. A cor obtida com o branquea-mento dura entre um e três anos e dependebastante do consumo de certos alimentos.Quem consome bastante chá, café ou fumaprecisa de um tratamento extra a cada seismeses para manter a cor desejada.
ESPECIAL ROTA DA SAÚDE > SAÚDE ORALwww.youtube.com/user/lusiadassaude Em númerosJá conhece o canal 550 193YouTube da Lusíadas? Minutos visualizadosSabe onde pode ouvir o seu médico a esclarecer dúvidas comuns e a expli- car-lhe estratégias para viver de forma mais saudável? Se leu o título deste 200 texto dirá “no canal YouTube da Lusíadas”, mas esta era uma pergunta comrasteira. O primeiro local onde poderá encontrar o seu médico será nas nossas Mais de 200 vídeos sobre áreasUnidades! Mas o canal YouTube da Lusíadas será a segunda melhor forma de ouvir como Pediatria, Nutrição Clínicao seu médico a explicar as dúvidas comuns de forma clara e informativa. E aindapode contar com mais. No canal YouTube da Lusíadas poderá encontrar várias ou Oncologiareceitas saudáveis com a validação científica do nosso corpo clínico e adaptadasa várias condições: desde uma sobremesa para pessoas com doença celíaca a um VÍDEOS MAIS POPULARESlanche saudável para crianças com diabetes.Como encontrar o canal YouTube Lusíadas? 1. U ma receita do chef AvillezProcure por “Lusíadas Saúde” no YouTube ou então aceda através deste endereço:www.youtube.com/user/lusiadassaude 2. O que é a esquizofreniaPode ainda subscrever o canal YouTube da Lusíadas para receber alertas quando e quais os sintomas?os vídeos são disponibilizados! 3. Higiene das mãos em flashmob do Hospital de Cascais 4. C ampanha Obesidade Infantil 5. Visita à Maternidade de Cascais 6. Como se faz uma TAC? 7. V eja como alguém com astigmatismo e miopia 8. U nidade de Anestesiologia do Hospital Lusíadas Lisboa 9. Joanetes: qual o tratamento? 10. O que é o cancro do pulmão?38 Nota: Dados referentes ao período compreendido entre 29 de maio de 2014 a 31 de julho de 2018.
{ Saúde e Inovação { Avanços científicos, novos tratamentos e todas as informações de que precisa para saber mais sobre a saúde de quem mais importa. A sua.Páginas 40 44 46 Nova esperança É mais difícil Alergia ao sol: para o tratamento perder peso o que é, afinal? depois dos 40? da doença de É um tipo de alergia Parkinson Repete a mesma comum mas que pode receita para emagrecer ser muito incómoda. Há cada vez mais desde os 30 anos e já provas científicas de não resulta do mesmo Conheça a história que o Parkinson pode modo? A especialista de quem se apercebeu ter origem no trato ajuda-o a perceber de que era alérgico intestinal. porquê. aos raios solares. Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais temas sobre saúde www.rotasaude.lusiadas.pt
Saúde e Inovação40 R E V I STA L U S Í A DA S
E se os intestinos estiverem na origem da doença de Parkinson? Há muitas causas para a origem da doença neurodegenerativa que afeta pessoas como o ator canadiano Michael J. Fox. Uma das fronteiras atuais da investigação aponta para uma ligação entre o sistema nervoso central e o tubo digestivo. Por Nicolau Ferreira Q uando falou num comité do Senado norte-americano em 2002, o ator canadiano Michael J. Fox escolheu expor os sintomas da sua doença. A sessão tinha o objetivo de fazer lobby pelo aumento do financiamen- to para a investigação científica da doença de Parkinson e Michael J. Fox (famoso pela trilogia de filmes Regresso ao Futuro) optou por ex- por-se: enquanto lia um texto no qual pedia mais dinheiro para o estudo da doença neurodegenerativa, os braços e o tronco também comunicavam a um ritmo descontrolado. A situação pode ter provocado algum desconforto, mas na- quele momento o corpo de Michael J. Fox transformou-se num testemunho público da doença de Parkinson. Descontrolo muscular, rigidez dos movimentos e tremores é a face mais visível de uma doença misteriosa que pode ser causada por fatores tão diferentes como a genética ou impac- tos que se tenham sofrido na cabeça, como se pensa que foiREVISTA LUSÍADAS 41
SaTúedmeaedIenoCvaapçaãoMichael J. Fox o caso do pugilista norte-americano “ Em cerca de dez porQuem não se lembra da Muhammad Ali (1942-2016), outro ros- cento dos casos sãopersonagem Alex Keaton, to famoso que viveu muitos anos com conhecidas mutaçõesda série dos anos 80 a doença de Parkinson e que também genéticas queFamily Ties, de certeza estava presente naquela sessão com causam a doença.que viu Michael J. Fox Michael J. Fox. Nos restantes,na trilogia Regresso pensa-se que a causaao Futuro. O ator, Recentemente, os cientistas des- envolve fatoresdiagnosticado com doença cobriram uma possível ligação entre genéticos, epigenéticosde Parkinson aos 29 anos, a doença de Parkinson, o sistema ner- e ambientais.”é o fundador da The voso central e o tubo digestivo, que seMichael J. Fox Foundation tornou um novo campo de investiga- não funcionam de um modo nor-for Parkinson’s Research. ção desta área. mal e pode então surgir a síndromeEsta é a maior organização parkinsónica.”não lucrativa a nível “É uma área de investigação quemundial que se dedica pode vir a trazer resultados importan- Quando os sintomas da doença co-à investigação de um tes”, diz-nos o médico Alexandre Men- meçam a surgir, pensa-se que metadetratamento para a doença des, neurologista do Hospital Lusíadas dos neurónios que produzem dopa-de Parkinson. Porto e do Centro Multidisciplinar da mina já morreu. A grande dificuldade Doença de Parkinson (ver caixa). Mas dos cientistas é compreender o que ainda há muito por compreender. desencadeia este declínio. “Na maioria “Apesar de existir bastante evidência das situações não se conhece a causa de que a doença, em algumas pessoas, da doença”, revela Alexandre Mendes. pode ter início no tubo digestivo, esse “Em cerca de 10% dos casos são conhe- facto não está ainda demonstrado.” cidas mutações genéticas que provo- cam a doença. Nos restantes, pensa-se A doença de Parkinson ficou co- que a causa envolve fatores genéticos, nhecida num ensaio de 1817 do mé- epigenéticos e ambientais.” dico inglês James Parkinson, no qual descreveu os sintomas de seis pessoas A doença de Parkinson com a doença. Além dos problemas e o sistema digestivo motores, os doentes de Parkinson também podem ter alterações cogni- Recentemente, começaram a sur- tivas, problemas de sono, depressão gir indicações de uma ligação entre e alterações urinárias ou intestinais. a doença de Parkinson e o nervo Neste momento, a medicação permi- vago, que liga órgãos como o cora- te melhorar os sintomas apesar de ção, o estômago e os intestinos, ao poder ter efeitos secundários. O que sistema nervoso central. O tubo di- está por detrás de todas estas mu- gestivo é, em conjunto com a pele, danças na vida destas pessoas é uma a grande superfície de contacto com diminuição continuada da produção o exterior. No caso dos intestinos, da dopamina, um neurotransmissor além de serem o local onde os nu- importante para o funcionamento trientes e a água são absorvidos, dos circuitos motores, que permitem também contactam com uma grande a normalidade dos movimentos. diversidade de bactérias e de compos- “Uma das características funda- tos que nos chegam pela alimentação, mentais da patologia da doença de alguns deles tóxicos. A grande rede Parkinson é a perda de neurónios nervosa que percorre os intestinos dopaminérgicos [que produzem do- pamina] numa área encefálica que se designa substância nigra”, ex- plica Alexandre Mendes. “Na falta de dopamina os circuitos cerebrais relacionados com o movimento R E V I STA L U S Í A DA S
tem os terminais muito próximos da Um centro exclusivosuperfície do tubo digestivo e sabe-se para a doença de Parkinsonpouco acerca do tipo de informação Com apenas alguns meses de vida, oque está a ser trocada entre o exte- novo Centro Multidisciplinar da Doençarior e o interior e que suscetibilidades de Parkinson, do Hospital Lusíadas Porto,existem em relação às bactérias e aos integra uma equipa multidisciplinar,agentes tóxicos. com neurologistas, neurocirurgiões, neuropsicólogos, psiquiatras, No entanto, tudo indica que exis- neurorradiologistas e fisioterapeutas,te uma ligação entre esta região e a para dar a resposta mais adequada adoença de Parkinson, pelo menos em cada pessoa com doença de Parkinsonalgumas pessoas. Por um lado, algu- ou outras doenças do movimento. Umamas começam a ter dificuldade em das terapias que o centro poderá oferecerdefecar anos antes de surgirem os é a estimulação cerebral profunda,sintomas mais evidentes de Parkin- uma técnica que passa por estimularson. Por outro, os “estudos em casos eletricamente o sistema nervoso paraincidentais de doença de Parkinson tratar os sintomas motores da doença dedemonstraram nas fases iniciais da Parkinson, o tremor e algumas formas dedoença a presença de patologia no distonite que teve uma grande expansãonúcleo motor dorsal do nervo vago. nas últimas duas décadas.Como o nervo vago inerva o sistemagastrointestinal, isso fez pensar que É uma área de investigaçãoo início da patologia pode ocorrer no que pode vir a trazertubo digestivo”, avança AlexandreMendes. resultados importantes.” Ainda não há uma prova acabada Alexandre Mendes, neurologistadesta ligação nem novos tratamen- Centro Multidisciplinar da Doençatos que incidam neste problema. Mas de Parkinson do Hospital Lusíadas Portoa porta está aberta para a pesquisa.“Fizemos um trabalho que encontrouum atraso no início da doença emdoentes submetidos a apendicectomia[remoção cirúrgica do apêndice] anosou décadas antes do aparecimento dossintomas motores. Tem sido tambémmuito investigada a importância dosmicrorganismos presentes no intesti-no e a sua eventual relação com o de-senvolvimento da doença de Parkin-son”, conta o médico, acrescentandoque esta é uma área “que poderá vir aajudar no conhecimento da doença eno seu tratamento”. 43
Saúde e Inovação Porque é mais difícil perder peso depois dos 40? Com o passar dos anos o nosso metabolismo altera-se, perdemos massa muscular e acumulamos gordura. Saiba o que fazer para contrariar os efeitos do envelhecimento. Por Ana Catarina André44 R E V I STA L U S Í A DA S
Abalança anuncia um há outras variáveis: a composição plo, a diminuição da função tiroideia peso nunca antes corporal de cada um e o género são [e das hormonas que produz] leva registado, começam determinantes. “A dificuldade em à diminuição do metabolismo ener- a acumular-se gor- perder peso é mais evidente nas mu- gético [calorias gastas]”, observa durinhas localiza- lheres do que nos homens, devido Margarida Vieira. das e torna-se cada ao declínio de massa muscular rela-vez mais difícil recuperar a forma. cionado com a menopausa”, explica Além do metabolismo,À medida que os anos passam, te- a médica. E acrescenta: “A diminui- principal fatormos mais tendência para engordar. ção de estrogénios [hormona sexual] responsável por“Em termos genéticos existem di- leva a uma diminuição da massa esta tendência paraversos fatores que aumentam a pro- muscular e a uma redistribuição da engordar, há tambémbabilidade de ter excesso de peso ou massa gorda.” Por norma, há maior uma perda fisiológicaobesidade após os 40/50 anos”, con- propensão para acumular gordura de massa muscularsidera Margarida Vieira, endocrino- em zonas como a barriga e as ancas. decorrente da idade.logista do Hospital Lusíadas Porto.E explica: “O metabolismo – pro- As alterações hormonais femini-cesso através do qual o organis- nas – há muitas mais além do estro-mo transforma os nutrientes em génio – fazem com que o corpo nãoenergia – vai-se tornando mais reaja como na juventude. “Por exem-lento. Assim, embora mantendoa quantidade de alimentos ingeri- Estratégias parados e o mesmo nível de atividade fí- controlar o pesosica, temos menos capacidade paraqueimar calorias, o que dificulta Para impedir que a gordura se • Aumente a ingestãoo processo de emagrecimento.” acumule, é fundamental adotar de legumes e fibrasPor exemplo, depois dos 40 anos um estilo de vida saudável. Couves, agrião e brócolos ajudamo metabolismo tende a desacelerar Margarida Vieira deixa as a compensar o desequilíbrio5% por década, como refere Pame- seguintes recomendações: hormonal provocado pelala Peeke, médica e investigadora • Faça mais desporto menopausa. Prefira cereaisamericana, no livro Fight Fat Over “É fundamental aumentar integrais, quer se trate de pão,Forty. Isto significa que aos 60 anos a prática de atividade física de massa, arroz ou outros.o metabolismo pode ser 10% mais modo a acelerar a metabolização • Evite gorduras e carnes gordaslento. das calorias”, diz a médica. “Privilegie o peixe e as carnes Além de modalidades mais brancas”, recomenda MargaridaNão culpe só o metabolismo convencionais (ao ar livre ou Vieira. Salmão, sardinha indoor), procure manter um estilo e peixe-espada, assim comoAlém do metabolismo, principal de vida saudável: opte pelas frango e peru, são boas escolhas.fator responsável por esta tendên- escadas em vez do elevador e • Limite o consumo de açúcarescia para engordar, há também uma ande a pé, em vez de ir de carro, Evite doces, refrigerantes e outrosperda fisiológica de massa muscular sempre que possível. alimentos com elevador teor dedecorrente da idade. Como conse- • Reduza a ingestão calorias e açúcar, sobretudo se for refinado.quência, queimamos menos calorias coma mais vezes durante o dia • Beba água em abundânciae armazenamos mais gordura. Mas Evite refeições hipercalóricas Não se esqueça que a hidratação e produtos processados e opte é fundamental para uma gestão por alimentos cozidos e grelhados. equilibrada do peso. Ingira, pelo Para contrariar o desaceleramento menos, 1,5 L de água por dia. do metabolismo, faça refeições de três em três horas.REVISTA LUSÍADAS 45
Saúde e Inovação Será que foi alergia ao sol? Apareceram-lhe manchas vermelhas na pele, pequenas borbulhas no peito ou nas mãos e um insuportável prurido depois de ter estado algum tempo ao sol? Não foi a primeira vez? Na praia ou na cidade, a explicação pode estar num problema que afeta pelo menos uma em cada dez pessoas: alergia ao sol. Por Helena Viegas46 R E V I STA L U S Í A DA S
REVISTA LUSÍADAS arolina Con- ceição não es- quece aquela primeira vez. Até aí, nunca tinha reagido à exposição solar e, depois C disso, embo- ra tenha tido outras manifestações, nenhuma foi tão violenta. Foi em 2010, quando es- tava de férias na Croácia. Começou por sentir um ligeiro prurido na zona do pescoço, surgiram-lhe pequenas erupções na pele e, em pouco tempo, a situação descontrolou-se. “As man- chinhas vermelhas alastravam, tinha imensa comichão e tornou-se impos- sível estar ao sol”, conta. Por sorte, estava acompanhada de um médico, que percebeu de imediato o que se passava, e tudo se resolveu sem per- calços de maior. “Tomei logo um anti- -histamínico e depois de explicar na farmácia o que se passava, deram-me um creme apropriado, com corticoi- des”, explica. Atualmente com 35 anos, a inves- tigadora na área da Arquitetura diz que nos anos seguintes ainda teve algumas borbulhas vermelhas, so- bretudo nos braços, a coincidir com a chegada do verão, mas não voltou a precisar de recorrer a medicação. “Passei a conseguir controlar a situa- ção com o protetor solar com fator de Na mesma pessoa, a alergia ao sol tende a manifestar-se da mesma forma.” Tiago Mestre, dermatologista Hospital Lusíadas Albufeira 47
SaTúedmeaedIenoCvaapçaão A alergia ao sol tem proteção 50+, antialérgico, que com- também não é de descartar a expli- uma prevalência prava na farmácia. Até que, este ano, cação dada pela própria. “Eu tenho pela primeira vez não precisei, não uma teoria. Acho que teve a ver com variável no mundo, tive nada...”, descreve. uma mudança de estilo de vida”, diz estimando-se que Carolina. E explica: “Antes trabalhava afeta 10 a 20% A alergia ao sol tem uma prevalên- todos os dias numa empresa, passava da população cia variável no mundo, estimando-se muitas horas num ambiente fechado. da América do que afeta 10 a 20% da população da Agora estou a fazer o doutoramento, América do Norte e da Europa. Cli- tenho um horário mais flexível e apa- Norte e da Europa. nicamente designada erupção poli- nho sol com muito mais regularidade morfa ao sol (EPS), trata-se de “uma durante todo o ano.” Isto faz sentidoAlergia ao sol: este ano patologia que, como o próprio nome quando se sabe que, entre as medi-ou para o próximo, indica, pode manifestar-se de dife- das de prevenção (ver caixa), estáprevina-se rentes formas”, explica Tiago Mestre, a exposição gradual ao sol — em in- dermatologista do Hospital Lusíadas glês skin hardening — um procedi-1 Evite a exposição solar durante Albufeira. Vermelhidão, pequenas mento que os dermatologistas muitasas horas de maior risco. vesículas ou bolhas, pápulas (borbu- vezes promovem com recurso a foto-2 Proteja-se do sol com roupa lhas) ou placas, prurido, são alguns terapia, com o objetivo de dessensi-opaca e escura e protetor solar com sintomas mais comuns. Depois, sen- bilizar a pele e amenizar os efeitos doSPF 50 +. do certo que “na mesma pessoa, a início do verão.3 Faça uma exposição gradual ao sol. patologia tende a manifestar-se da4 Recorra a suplementos nutricionais mesma forma”, algumas podem até O tratamentoantioxidantes antes da exposição. referir mal-estar ou febre.“Algumas pessoas relatam melhorias”, Uma vez manifestada a alergia,refere Tiago Mestre. É nas costas das mãos, no pescoço o tratamento não difere muito do e no peito, nos ombros ou braços, nas recomendado a Carolina na Croá- pernas e nos pés que a alergia ao sol cia, aquando da sua primeira crise. se manifesta mais recorrentemente. “Normalmente, em casos moderados “Costuma poupar a face”, confirma usamos dermocorticoides e anti-his- Tiago Mestre. “Normalmente a EPS tamínicos orais”, diz Tiago Mestre. é provocada por radiação UVA, ha- “Só em casos mais graves é que vale vendo raros casos em que pode ser a pena a prevenção ou o tratamento provocada por UVB e radiação de com recurso a outro tipo de fárma- comprimento de onda visível”, escla- cos, anti-inflamatórios como a hidro- rece o médico. xicloroquina ou imunossupressores orais”, acrescenta. Carolina Conceição nunca foi par- ticularmente dada a sofrer de EPS Em qualquer caso, é sempre reco- mas tem a pele muito clara e “difí- mendada a consulta de um médico, cil de bronzear”, o que a torna mais até para despistar outros problemas. suscetível. “A incidência da erupção “Existem outras dermatoses mais polimorfa ao sol é maior em mulhe- raras que podem ser agravadas ou res jovens entre os 20 e os 40 anos induzidas pelo sol como a urticária e em países de latitude elevada, assim solar, a dermatite actínica crónica ou como em pessoas de fototipo baixo fotossensibilidade induzida por dro- (pele clara), não sendo de excluir uma gas. Em casos muito raros, a alergia tendência genética”, explica Tiago ao sol pode até ser a primeira mani- Mestre. festação de uma patologia mais gra- ve como lúpus eritematoso”, alerta Para o especialista, não é de todo Tiago Mestre. Tratando-se de uma estranho que o problema de Caroli- verdadeira erupção polimorfa ao sol, na possa ter desaparecido (aparen- não há no entanto razão para alarme, temente) sem motivo — “algumas “a recuperação ocorre em geral em pessoas relatam desaparecimento da poucos dias”, garante o dermatologista. dermatose em anos posteriores, por razões desconhecidas”. No entanto,48
{ Sabemos Cuidar { Novidades, inovações e os rostos desta equipa que todos os dias cuida de si nas Unidades Lusíadas de norte a sul do país.54 60 64 70 72Páginas O regresso do Clínica de Enxaquecas: Primeiro simulacro Prémio MarketeerHospital do Rock Stº António: novas o impacto de rapto de um no dia a dia bebé A Lusíadas Saúde foi Dois anos depois, salas de Bloco distinguida com a Lusíadas Saúde foi Operatório A prevalência, as causas Pela primeira vez em e os tratamentos de Portugal, o Hospital de o Prémio Marketeer na de novo o Serviço A Clínica conta com um problema com Cascais fez um exercício categoria de Saúde eMédico do Rock in Rio. novas salas de bloco grande repercussão de treino, que envolveu Bem-Estar. Saiba o queDa preparação à ação, e melhorias ao nível de forças policiais, em que este reconhecimento social explicados por um se simulava o rapto de representa para quem contamos tudo. segurança clínica. médico neurologista do Hospital Lusíadas Porto. um bebé. veste a camisola Lusíadas todos os dias.Visite o site Rota da Saúde para saber mais novidades sobre o universo Lusíadas www.rotasaude.lusiadas.pt
Sabemos CuidarNovas valências na Clínica de Stº AntónioOs clientes da Clínica de Stº António Arritmologia também foi uma As instalações da Unidade depodem agora contar com uma nova novidade nesta transição”, exemplifica. Imagiologia foram remodeladasUnidade de Cardiologia e novidades Em relação à Unidade de Imagiologiana Unidade de Imagiologia já já existente, o principal destaqueexistente. Raquel Teixeira Maia, vai para a remodelação de todasda direção de negócio da Clínica de as instalações e a transição daStº António, explica que a Unidade ecografia, da mamografia e dade Cardiologia surge da necessidade osteodensitometria também para estede centralizar toda a oferta ao cliente novo espaço, formando-se assim umnuma área dedicada à especialidade. polo agregador de toda a área\"Anteriormente as consultas e os da imagem.exames estavam em áreas distintas da Para breve prevê-se a abertura deClínica. Esta nova Unidade promove uma área exclusivamente dedicadauma maior interação entre os à saúde da mulher, \"com a aberturaprofissionais e aumenta em grande de um centro que integre amedida a capacidade de resposta a ginecologia, a obstetrícia e todas astodos os clientes que nos procuram suas complementaridades como acom possibilidade de realização de ecografia, o diagnóstico pré-natal, oexames complementares no momento. apoio de enfermagem e os examesA abertura da Consulta de especiais”, refere Raquel Teixeira Maia.Nova Consulta do Ombro no Hospital Lusíadas PortoPara responder a uma necessidade “O principal objetivo é personalizado desde a primeiracrescente, o Hospital Lusíadas Porto conseguir proporcionar avaliação em consulta até aodispõe agora de uma nova Consulta à pessoa os melhores momento de alta”, diz João Torres.do Ombro onde as patologias desta tratamentos atualmente Já nos casos que exijam tratamentoarticulação são tratadas por uma disponíveis para o seu cirúrgico “são realizadas avaliaçõesequipa multidisciplinar com elevada problema, permitindo a por Medicina Interna e Anestesiologiaexperiência na área. integração num circuito específicas pré e pós-operatórias, altamente diferenciado assim como acompanhamento no que a acompanhe em internamento por um fisioterapeuta”. todo o seu percurso, Esta consulta destina-se a todas incutindo segurança as pessoas com dor no ombro, e confiança”, explica independentemente da idade. João Torres, ortopedista “Desde o jovem praticante especialista em Patologia do Ombro de desporto com problemas e responsável por esta consulta, que de instabilidade no ombro, até ao aponta também as vantagens desta doente mais idoso com artrose, iniciativa. Por exemplo, as pessoas passando pelos doentes que recorram a esta consulta “têm de meia-idade com patologia circuitos específicos que facilitam o da coifa dos rotadores”, exemplifica seu tratamento e acompanhamento o ortopedista.50 LUSÍADAS
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