Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore Book lusiadas9_web

Book lusiadas9_web

Published by Plot Content - SA, 2017-12-15 10:53:57

Description: Book lusiadas9_web

Search

Read the Text Version

Esta revista é para si, leve-a consigo.Lusíadas nº 9 Inverno 2017 €1LusíadasSaúde CONTRA A OBESIDADE INFANTILme9ses Detetives De dentro para fora: da saúde como o bebé percebe o mundo COMO TRABALHA A MEDICINA INTERNA Micróbios ELES ANDAM AÍ, DO TELEMÓVEL À ESPONJA DE COZINHA



EditorialTrabalho de equipa JMosaégCaalhrãloess Presidente da Lusíadas SaúdeNão fazemos nada sozinhos. Esta é uma reflexão que podemos fazer ao longo desta edição da revista Lusíadas. Tomemos como exemplo para ilustrar esta afirmação a entrevista a José Luís Morais, um exemplo de persistência e otimismo, que teve como grande apoio os profissionais do Hospital Lusíadas Lisboa. Mas toda a nossa atividade na área da saúde é assente em colaboração, em trabalho de equipa, em visão conjunta e global. Os artigos sobre os “dete- tives” da saúde, as intervenções pioneiras nos Hospitais Lusíadas Albufeira e Lisboa, a criação do médico de família Lusíadas nas Clínicas Lusíadas Al- mada e Parque das Nações, a Via Verde da Dor Torácica no Hospital Lusíadas Porto, o “Tratamento da Obesidade” na Clínica de Stº António, na Amadora, a investigação científica no Hospital de Cascais, apenas para mencionar alguns dos temas abordados nas próximas páginas, vêm reforçar isso mesmo, a ideia de que só acompanhados conseguimos grandes feitos, de que o conjunto é sempre mais forte do que o individual. Uma palavra especial para a sensibilização que o grupo Lusíadas começou a fazer de forma mais visível para a Obesidade Infantil, um problema não só de Portugal mas do Mundo, o qual todos temos obrigação e capacidade de ajudar a combater. E num período de grande inovação para a Lusíadas, duas enormes conquistas recentes enchem-nos de orgulho. O Hospital de Cascais e o Hospital Lusíadas Porto conquistaram a certificação HIMSS numa escala utilizada a nível internacional, que avalia os sistemas e tecnologias de informação em prol dos doentes na área hospitalar e, consequentemente são os hospitais comprovadamente com maior integração tecnológica em Portugal ao serviço de quem cuidam. O Hospital de Cascais com a certifi- cação de nível 7 integra uma restrita elite de 4 hospitais na Europa e o Hospital Lusíadas Porto, com a certificação de nível 6, integra um igualmente raro grupo de 2,5% de hospitais na Europa. Dois moti- vos de enorme orgulho para todos nós, mas sobretudo passos muito importantes dados no sentido de proporcionar aos nossos clientes não só o melhor cuidado, como a maior segurança, humanização e inovação, pondo as tecnologias de informação verdadeiramente ao seu serviço. E por fim o milagre da vida, com as perceções durante os 9 meses de gestação de um bebé. O milagre da vida pelo qual todos trabalhamos em equipa nos Hospitais e Clínicas Lusíadas, seja para o nascimen- to de um bebé, para um tratamento prolongado, para um procedimento complexo ou simples, ou numa consulta ou exame de prevenção. Mais do que profissionais de saúde, somos pessoas que cuidamos da vida de outras pessoas, todos os dias.REVISTA LUSÍADAS 3

Sumário Esta revista é para si, leve-a consigo. Saúde e InovaçãoLusíadas nº 42 Detetives da saúde: como 9 trabalham os especialistas de Medicina Interna Outono 2017 €1 46 T udo o que deve saberCampanha sobre medicamentosLusíadasSaúde 48 C onselhos para o casal lidar com a disfunção erétil CONTRA A OBESIDADE INFANTILme9ses Detetives 6 N um Minuto De dentro para fora: da saúde 10 Q uem disse o quê? como o bebé percebe 12 E ntrevista o mundo COMO TRABALHA 16 Tema de capa A MEDICINA INTERNA Prevenção Micróbios ELES ANDAM AÍ, 24 S ensibilização social contra DO TELEMÓVEL À ESPONJA a obesidade infantil DE COZINHA 28 A história do blogue de Às quatro semanas Samanta McMurray Sabemos Cuidar 70 S abia que a incontinência de gravidez, já tem urinária tem tratamento? 30 Afinal, porque coramos? 52 Breves Lusíadas coração. Às 16, 32 E les andam aí: os sítios mais 56 Conheça a nova 72 Hospital de Cascais promove impressões digitais. a investigação científica Perto das 24 semanas, in do roteiro dos micróbios Clínica Lusíadas Faro o bebé reconhece a 58 C irurgia pioneira à coluna no 74 U nidades de Estomatologiabanda sonora exclusiva dEsapSeacúiadleRota da Clínica de Stº António e que o envolve: os sons Hospital Lusíadas Albufeira da Clínica Lusíadas Sacavém que vêm de fora, os CORAÇÃO 60 Atacar as infeções cada vez mais procuradas batimentos cardíacos 36 S abe o que é o sopro no da mãe, a voz dela. multirresistentes: Família Não há mãe ou pai coração? sessão de formação no que não deseje saber 38 Quando os batimentos Hospital de Cascais 76 C omo prevenir as quedas como se desenvolve 62 Cirurgia para tumores na terceira idade o seu bebé ao longo cardíacos aceleram, isso da coluna vertebral no dos nove meses de pode ser... taquicardia Hospital Lusíadas Lisboa 78 L ivros para crianças: as 64 M édico de família nas sugestões e os conselhos gravidez. Clínicas Lusíadas Almada dos especialistas No tema de capa, o e Parque das Nações que lhe propomos 66 Hospital Lusíadas Porto: via 82 F actos e Mitos: a canja de é exatamente isso: verde para a dor torácica galinha cura a gripe? de dentro para fora, 68 C entro Multidisciplinarconheça a vida do bebé da Doença Metabólica dadesde a barriga da mãe Clínica de Stº António: uma até ao colo dos pais. abordagem integradaColaboraram nesta revista José Luís Morais Samanta McMurray Sofia Oliveira A história de um homem Quando a busca por uma Responsável de Marketing cuja vida mudou devido a alimentação saudável mas e Comunicação da Lusíadas, uma doença que o deixou criativa se alia à paixão por tetraplégico. O percurso do qual fotografia e um sentido estético fala-nos dos números nunca desistiu, com o apoio apurado, o resultado é o blogue alarmantes da obesidade incondicional dos profissionais Eat Love, muitos workshops, infantil em Portugal e de como da Unidade de Medicina Física vários livros e projetos para a marca sentiu necessidade o futuro. Samanta McMurray e de Reabilitação do de desenvolver uma Hospital Lusíadas Lisboa. contou-nos tudo. campanha de sensibilização social diferente do habitual.4 R E V I STA L U S Í A DA S

16 propriedade Lusíadas, Tema de Capa SGPS, SA Rua Laura Alves, 12 – 5.º Guiado por uma 1050-138 Lisboa obstetra e um pediatra Tel. 213 566 600 especialista em Contribuinte n.º 506024989 neonatologia, descubra Capital Social €32333333,00 como se desenvolve diretora o bebé desde as primeiras Sofia Oliveira semanas de gravidez coordenação até aos primeiros dias Marketing e Comunicação após o nascimento. editor 56 Plot - Content Agency Av. Conselheiro Fernando Conheça a nova de Sousa, 19 – 6.º Clínica Lusíadas Faro 1070-072 Lisboa Tel. 213 804 010 Com uma localização premium na cidade, diretora de projeto junto ao Mercado Municipal, Ana Duarte a nova clínica funciona em articulação editora chefe com o Hospital Lusíadas Faro e permite Teresa d´Ornellas uma maior proximidade. editora executiva Patrícia Silva Alves24 diretora de arte Inês ReisSensibilização designsocial contra a obesidade Catarina Pereira, Mariana Camacho e Rita d´Eçainfantil produção e arte final Ana Miranda, Pedro PinguinhaA Lusíadas Saúde lançou uma e Ricardo Calmãocampanha para a prevenção colaboraçõese luta contra a obesidade infantil Alda Rocha, Ana Catarina André, Helena Viegas,e disponibiliza a partir de agora Luciana Leitão, Marisa Vitorino Figueiredo, Sarauma secção dedicada ao tema Capelo, Susana Lúcio e Tiago Carrasco (texto),na plataforma de conteúdos Artur, João Reis (fotografia)Rota da Saúde. publicidadeContamos-lhe como nasceu Sónia Vigárioesta campanha que tem Tel. 213 804 010 | Tlm. 919 328 661como mote “A obesidade impressãoinfantil ensina às crianças LiderGraf - Sustainable Printingcoisas que elas nunca Rua do Galhano, 15 (EN 13) – Árvoredeveriam saber”. 4480-089 Vila do CondeConheça as histórias. revista quadrimestral Depósito legal n.º 379433/14REVISTA LUSÍADAS Publicação periódica | registada sob o n.º 125721 tiragem 20 000 exemplares estatuto editorial www.lusiadas.pt/pt/Paginas/revistalusiadas.aspx Queremos conhecer as suas sugestões e comentários à revista Lusíadas. Envie-nos as suas ideias para [email protected] A revista Lusíadas foi considerada Best Healthcare/ Medical Publication nos Content Marketing Awards 2015 Esta revista foi redigida ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. 5A Lusíadas Saúde é alheia ao conteúdo da publicidade externa. A sua exatidão e/ou veracidade é da responsabilidade exclusiva dos anunciantes e empresas publicitárias.

Num MinutoA riquezanutricional dosOs espargos podem serverdes, brancos ou roxos mas,independentemente da cor,segundo a BBC Good Foodestão repletos de vantagens. As propriedades 1 Os espargos são ricos em 4 Também contêm ácido fólico, vitamina A, um nutriente que importante para a produção das protege os olhos, a pele e o células sanguíneas e essencial sistema imunitário. durante a gravidez. 2 Contêm ainda vitamina C, que 5 Têm propriedades diuréticas, ajuda a fortalecer as artérias e o que significa que ajudam a contribui para a formação do combater a retenção de líquidos colagénio. e a formação de cálculos renais. 3 São uma boa fonte de 6 Também podem ajudar vitamina K, que contribui para se se bebeu um pouco de mais, a formação dos ossos e para a uma vez que a fibra vegetal e coagulação do sangue, podendo os flavonoides reduzem os ajudar a reduzir o risco de danos no fígado provocados diabetes. pelo álcool.6 R E V I STA L U S Í A DA S

EUA aprovam novo tratamentopara o cancroA agência que controla informação genética que completa nos três mesese supervisiona os permite detetar e matar as seguintes. Ainda assim,medicamentos e os alimentos células cancerígenas. Depois, apesar das vantagens, onos Estados Unidos (Food são reintroduzidas método pode ter efeitosand Drug Administration) no organismo do doente. secundários graves. O maisaprovou um tratamento A leucemia linfoide aguda frequente é a respostainovador que visa combater ocorre na medula óssea, exacerbada do sistemasobretudo a leucemia desenvolvendo-se sobretudo imunológico, que provocalinfoide aguda. em crianças. A maioria febre muito alta e quedaTrata-se da primeira terapia dos doentes cura-se com súbita de pressão arterial,genética aprovada neste país e quimioterapia ou radioterapia, além de dificuldade emcusta perto de 385 mil euros. havendo uma baixa taxa respirar e inchaço dos órgãos.O tratamento consiste de recuperação quando há Nalguns casos, estas reaçõesna utilização das células recaídas. Este tratamento deve graves em pacientes jádo sistema imunitário — ser uma opção para pacientes debilitados podem ser fatais.os linfócitos T — que se até 25 anos que não melhoremencontram no corpo do com outra terapia.próprio paciente. Dos 63 pacientes já tratadosEstas células são modificadas com esta terapia, 83%de modo a adquirirem entraram em remissão45% Um estudo da Universidade do Porto indica que 45% das crianças portuguesas com 6 anos tem cáries dentárias, o que exige programas específicos de tratamento para este escalão etário.Google cria teste para a depressãoA Google lançou um A empresa norte-americanaquestionário sobre depressão juntou-se à Aliança Nacionale saúde mental, destinado para a Saúde Mental norte-aos utilizadores norte- -americana (Nami) neste-americanos que façam projeto. “Os resultadospesquisas relacionadas com o do teste podem ajudar atema. O questionário tem por pessoa a ter uma conversaobjetivo ajudar os utilizadores mais informada com oa perceberem se estão a entrar médico”, refere a Namiem estado depressivo e os num comunicado citadoresultados não são partilhados. pela BBC.REVISTA LUSÍADAS 7

Num MinutoComo prevenir 3a osteoporosena infância Por serem ricos em vitamina D e terem funções anti-É a partir da infância que os cuidados -inflamatórias, também os peixescom a saúde óssea devem passar a gordos, como a sardinha e o salmão,ser prioritários, não só para garantir o devem ser incluídos na alimentaçãocrescimento saudável da criança mas dos mais novos. De salientar que ostambém para prevenir uma doença processos inflamatórios aniquilamque costuma aparecer na velhice: a os efeitos do cálcio, contribuindo paraosteoporose. o enfraquecimento dos ossos.Segundo o Instituto de Saúde Nacional dosEstados Unidos, citado pelo The WashingtonPost, a osteoporose é \"uma doença pediátricacom consequências geriátricas\". Assim, cabe aospais garantirem que os seus filhos recebem osminerais cálcio, magnésio, zinco, cobre, manganêse potássio, além das vitaminas D e K, que são osnutrientes que compõem os ossos.E, embora o leite de vaca seja a fonte de cálciomais comum na infância, a verdade é que há outrasopções. Saiba quais. 1 2 Os vegetais de folha verde As leguminosas, de que — espinafres, couve kale, são exemplo o feijão, brócolos, alcachofra —,os frutos secos e as sementes o grão-de-bico, as ervilhas fornecem cálcio e zinco. e as lentilhas, são ricas em cálcio e magnésio. Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais www.rotasaude.lusiadas.pt8 REVISTA LUSÍADAS



Quem disse o quê? ADIVINHE QUEM SÃO OS AUTORES DAS FRASES. CONSEGUE? 1 Robbie Williams “Enquanto crescemos, a norma é queimarmos a pele, deixá-la cair e depois está tudo bem. É de loucos!” Adele 2 3 “Quem passa por “Ao beber água do uma situação do foro rio, eu ingeri uma oncológico sabe que bactéria que é uma das tem de ir com calma. principais causas de É não pensar nisso.” morte em África.” Hugh Jackman 4 Fernanda Serrano “Tive uma depressão 5 pós-parto muito “[A depressão] corre complicada depois de ter tido o meu na minha família. Não sei filho e isso deixou-me se estaria tão doente assustada.” sem a fama.” 6 “Qualquer pessoa que Ljubomir Stanisic deseja filhos consegue Nicole Kidman perceber o grau de deceção quando se tenta engravidar sem êxito.” SOLUÇÕES 1. Hugh Jackman Ator “Enquanto crescemos, a norma é queimarmos a pele, deixá-la cair e depois está tudo bem. É de loucos!” 2. Fernanda Serrano Atriz “Quem passa por uma situação do foro oncológico sabe que tem de ir com calma. É não pensar nisso.” 3. Ljubomir Stanisic Chef “Ao beber água do rio, eu ingeri uma bactéria que é uma das principais causas de morte em África.” 4. Adele Cantora “Tive uma depressão pós-parto muito complicada depois de ter tido o meu filho e isso deixou-me assustada.” 5. Robbie Williams Cantor “[A depressão] corre na minha família. Não sei se estaria tão doente sem a fama.” 6. Nicole Kidman Atriz “Qualquer pessoa que deseja filhos consegue perceber o grau de deceção quando se tenta engravidar sem êxito.”10



TeEmnatrdeeviCstaapa JOSÉ LUÍS MORAIS12

“Se não consigo correr 10 quilómetros, ando100 metros. Mas ando” De um dia para o outro, José Luís Morais deixou de andar, de falar e até de respirar de forma autónoma. Foi diagnosticado com Síndrome de Guillain-Barré, que o deixou tetraplégico. Sobreviveu, mas tem um longo caminho de recuperação pela frente que, longe de o desmotivar, lhe dá garra para reconquistar o que a doença lhe roubou. Por Marisa Vitorino Figueiredo Fotografia ArturVer as pessoas Primeiro a dormência nos dedos da mão, depois a dificuldade a engolir e a falaolhos nos olhos, arrastada, a limitação de movimentos, o andar hesitante. E, quase sem se dar porem pé, foi algo isso, a paralisia tornou-se total do pescoço para baixo. Como um relâmpago, aextraordinário. Síndrome de Guillain-Barré, variante de Miller Fisher, afetou-lhe os nervos peri-E levou a que me féricos e deixou-o em risco de vida. Durante os 160 dias em que esteve na Unidadeesforçasse cada de Cuidados Intensivos (UCI) do Hospital Lusíadas Lisboa, teve de ser reanimadovez mais.” cinco vezes, até que, mais estável, ganhou condições para começar a recuperação, na Unidade de Medicina Física e de Reabilitação. Desde então, tem aprendido na fisioterapia e na terapia da fala o que damos por adquirido: falar, sentar-se, caminhar, comer e respirar sozinho. A recuperação – apesar de garantida – é demasiado lenta para quem tem de reaprender tudo. Nada que assuste José Luís Morais, 55 anos, habituado a valorizar as pequenas conquis- tas. Até porque, realça: “sem esforço, nada se consegue.” Deu entrada no Hospital Lusíadas Lisboa a 1 de maio de 2016, pelo seu próprio pé. Percebeu logo que era grave? Fui à consulta na Unidade de Atendimento Urgente porque não me sentia bem. Às vezes acordava com uma dormência na mão, mas no geral era uma si- tuação estranha, que ainda hoje não consigo identificar. No entanto, a médica que me atendeu deve ter suspeitado de algo, porque me deu alta condicionada e marcou consulta de urgência de Neurologia para o dia seguinte. Nesse dia, os sintomas já se tinham agravado. Quando tentei beber leite, de manhã, não conseguia engolir, não consegui bochechar ao lavar os dentes e tinha alguma dificuldade a falar.REVISTA LUSÍADAS 13

Entrevista JOSÉ LUÍS MORAISComo decorreu essa consulta de neurologia? pírito que contribuiu para o sucesso desta recuperação.Os joelhos e os cotovelos não reagiram ao toque do martelo, Uma pessoa não se pode deixar vencer pela doença.apesar de andar pelo meu próprio pé. Tive depois de fazeranálises e uma ressonância magnética, mas apenas aguentei Apesar da força, alguma vez sentiu medo?10 minutos porque senti uma aflição enorme e dificuldade Sim, quando me quiseram tirar do ventilador. Tive medoem respirar. Tiraram-me da máquina e, por essa altura, já porque foram meses sem respirar autonomamente, osnão consegui apertar os botões da camisa sozinho. Comecei pulmões deixaram de ter força e tinha sempre o apoioa sentir a boca de tal forma cheia de saliva, sem controlo, da máquina. Psicologicamente, foi assustador. Recomeceique tive de ser aspirado. Puseram-me numa maca e não me com períodos de 15 minutos e, nessa fase, os enfermeiroslembro de mais nada. foram fabulosos, chegaram a estar comigo na box o dia inteiro para me ajudar na adaptação.Ficou inconsciente?Sim, de 2 de maio até meados de julho, quando estava na Quando começou a fisioterapia de recuperação?Unidade de Cuidados Intensivos. A minha esposa diz que Depois de o ventilador ser retirado. O processo de fisio-fui reagindo, mas só me lembro de ter uns sonhos estra- terapia, na Unidade de Medicina Física e de Reabilitaçãonhos, misturados com episódios que penso terem acon- do Hospital Lusíadas Lisboa, durou perto de mês e meio.tecido mesmo. Posso ter sofrido do ponto de vista físico Tinha perdido a massa muscular toda, porque a doençamas não tinha consciência nenhuma de onde estava e do destruiu o sistema nervoso periférico e, como tal, a infor-que estava a fazer. mação dos nervos não chegava aos músculos.Esteve em risco de vida durante esse período? O que conseguiu mexer primeiro?Pelo que sei, tive de ser reanimado cinco vezes nesse pe- Os ombros. Fiz pequenos movimentos, cinco centímetrosríodo. A equipa médica sentiu muita dificuldade em que para a frente e cinco centímetros para trás. Parece pouco,eu reagisse e desse a volta à situação. É graças a eles que mas parecia que estava a puxar um avião. Cansava-meestou aqui. Por muita força que eu tivesse – e os médicos muito e tinha de ser logo aspirado. Houve um dia em que,e enfermeiros dizem que sim –, se não fosse aquela equipa com a ajuda de um equipamento, conseguiram pôr-mefabulosa não estava aqui hoje. na posição vertical. Foi a primeira vez que estive de pé, ao fim de meses. Ver as pessoas olhos nos olhos, em pé, foi algo extraordinário. E levou a que me esforçasse cada vez mais.Foi a primeira vez que estive de Em que fase estava a sua recuperação quando saiu dopé, ao fim de meses. Ver as pessoas Hospital Lusíadas Lisboa?olhos nos olhos, em pé, foi algo Tive alta a 22 de dezembro de 2016, mais de sete meses de-extraordinário.” pois de ter ido às urgências. Nessa altura, já tinha algum equilíbrio sentado e conseguia fazer pequeninos movi-E como reagiu quando lhe explicaram o que era a Sín- mentos de mãos. Foram conquistas fantásticas. No últimodrome Guillain-Barré? dia, já conseguia estar deitado de costas, com os braçosJá antes de ouvir o diagnóstico nunca me tinha ocor- esticados com ajuda e a segurar numa bola. Parecia querido que isto era uma situação irreversível. Depois estava a segurar o mundo nas minhas mãos.explicaram-me que se tratava de um processo com-plexo, de recuperação lenta, mas possível de ser feita E hoje em dia?a 100%. Sem sequelas, portanto. Nunca fiquei desmo- Estou muitíssimo recuperado. Depois da alta do Hospitalralizado. Há coisas que não consigo fazer, outras que Lusíadas Lisboa, fui transferido para o Centro de Medi-consigo. Todos os dias, valorizava as coisas mais insig- cina de Reabilitação de Alcoitão, onde continuei a minhanificantes: levantar um dedo, dar uma volta na cama, recuperação. Hoje já consigo andar de andarilho. Graças àesticar mais a perna, aguentar mais uns segundos de terapia da fala, comecei a falar desde fevereiro deste ano,alongamentos, por exemplo. Talvez tenha sido este es- e estamos agora a afinar pequenas coisas. Consigo comer tudo, exceto massas. Com a terapia ocupacional, já sou capaz de fechar as mãos e pegar em alguns objetos. Ago- ra é continuar a recuperação. Sinto que, ao longo deste processo, ganhei mais duas famílias a somar aos laços de14 R E V I STA L U S Í A DA S

sangue: a família da equipa do Hospital Lusíadas Lisboa Da esquerda para a direita, Carla Afonso,e a família do Centro de Alcoitão. Luís Ramusga e José Luís MoraisQue conselho daria a quem acaba de ser diagnosticado Um caso fora do comum,com a doença?Diria para jamais desanimar. É preciso pensar que a situa- com um empenho foração é completamente reversível. Por isso, este é o momen-to de trabalhar. Claro que vai ter de sofrer alguma coisa. de sérieNa fisioterapia, houve muitas alturas em que chorei coma dor. Mas para conseguir os objetivos tem de se suportar José Luís Morais foi diagnosticado com umaa dor. Sabemos que há esperança e isso é fundamental. doença rara, cuja incidência é de 0,6-4 casosPode não ser uma recuperação a 100%, mas será a 98% ou por 100 mil pessoas/ano, em todo o mundo.a 95%. O que seja, vai ficar melhor do que está. É sempre A Síndrome de Guillain-Barré é “umapreciso pensar de forma positiva. Se não consigo correr polineuropatia desmielinizante aguda do Sistema10 quilómetros, ando 100 metros. Mas ando. E isso é que Nervoso Periférico, ou seja, consiste numa doençaimporta. inflamatória dos nervos periféricos”, explica Carla Afonso, coordenadora da Unidade de MedicinaREVISTA LUSÍADAS Física e de Reabilitação do Hospital Lusíadas Lisboa. Uma doença cuja causa específica ainda não foi descoberta, com efeitos rápidos e recuperação lenta. Como sintomas, além da dormência da mão, José Luís Morais apresentava assimetria facial e dormência no lado direito da cara. Mais tarde, o estado agravou-se para uma situação de tetraparésia (paralisia de todos os membros) ascendente súbita e perturbação da fala (disartria flácida). Carla Afonso lembra que, dentro da raridade da síndrome, este foi “um caso clínico grave”, da variante menos frequente Miller Fisher. \"O processo de reabilitação envolveu uma equipa multidisciplinar, nomeadamente os colegas da Unidade de Cuidados Intensivos, de Otorrinolaringologia, intervenção da terapia da fala, fisioterapia, enfermagem de reabilitação e Fisiatria”, salienta. A fisioterapia foi fundamental para a recuperação, “ganho de controlo motor e funcionalidade”, reforça, por seu lado, Luís Ramusga, fisioterapeuta que, durante um mês e meio, acompanhou a recuperação de José Luís Morais. Com exercícios diários e de curta duração, o fisioterapeuta conta que, “à data de saída do nosso serviço, o paciente já detinha um bom equilíbrio dinâmico sentado e movimentos ativos em todas as articulações”. Mesmo assim, este será “um trabalho que perdurará por vários meses, já que os progressos, ainda que diários, são lentos”. Ainda em fase de recuperação, o empenho de José Luís Morais é sublinhado por toda a equipa. “Foi algo que o ajudou muito na sua recuperação, para chegar onde está hoje”, conclui a médica Carla Afonso. 15

Tema de CapaDe dentropara fora:como obebé percebeo mundoO tacto é dos primeiros sentidos a desenvolver-seno feto. Sabia que os gémeos até costumamencostar as bochechas para brincar?Acompanhe-nos numa viagem à vida no úteroe aos primeiros dias cá fora.Por Sara Capelo16

neonatalogista Fernan- do Chaves, do Hospital Lusíadas Lisboa, tem observado como os re- cém-nascidos gostam de ser tocados pelos pais mas não por estra- nhos. E a este facto nãoOé alheio que o desen- volvimento das papilasgustativas se inicie às 8 semanas de gestaçãoe que, entre as 13 e as 15, estas sejam já seme-lhantes às de um adulto. E que o olfato se de-senvolva pela mesma altura, pelo que o fetoreconhece o cheiro da mãe. Ou que já tenha osistema auditivo pronto às 20 semanas (apesarde só responder a sons altos cerca de 21 diasdepois) e, portanto, identifique a voz do pai.É que, quando os bebés nascem, “os órgãos jáestão quase totalmente amadurecidos”, subli-nha o especialista do Hospital Lusíadas Lisboa. E tudo começou apenas 280 dias antes,quando uma célula de 0,1 mm, o óvulo, foi fe-cundada por outra centenas de vezes inferior,o espermatozoide. Apesar de todos os avançosque vão proporcionando um conhecimentocada vez mais sólido, para a obstetra PaulaRamôa, do Hospital Lusíadas Porto, o inícioda vida humana compõe-se ainda de mistério.“Tem sido muito difícil avaliar o desenvolvi-mento sensorial do feto, o que o bebé sentee vê, como perceciona o desenvolvimentointrauterino e o ambiente que o rodeia. Nãotemos mecanismos para o avaliar diretamen-te”, diz à revista Lusíadas. Mas as técnicas queexistem e os incontáveis estudos são um con-tributo para compreender a evolução que ocor-re desde aquele minúsculo óvulo de 0,1 mm atéao recém-nascido com mais de 40 cm de com-primento – e é incrível. Às três semanas de gestação, raras sãoas futuras mães que já sabem estar grávidas– contudo, o feto que cresce dentro delas jácomeçou a adquirir o sentido do tacto. E às 12semanas, já sente e responde ao toque em todoo organismo, com exceção do topo da cabeça,com menor sensibilidade até ao nascimento.Os gémeos que crescem em bolsas diferentes,por exemplo, começam a usar o tacto para brin-carem um com o outro durante o quinto mêsde gestação: através da fina e flexível membra-na do saco amniótico, encostam as bochechas. 17

Tema de CapaO nascimento E os que dividem a bolsa não têm luz: basta apontá-la para a barriga danão é um ato isolado, essa barreira e agarram nos pés e mãe. “Os recém-nascidos ficam inco-é uma continuação. mãos um do outro. modados com uma luz muito forte eO bebé tem uma vida quando se aproxima o fim da gravidezintrauterina e o parto Outros órgãos dos sentidos come- reagem da mesma maneira: defen-não é um ato isolado, çam a estar formados pelas 24 sema- dem-se, movendo-se dentro da bar-trata-se de um período nas. É quando o feto começa a sentir riga, viram-se ao contrário, tapam-sede transição o cheiro e o gosto do líquido amnióti- com as mãozinhas.”entre a vida intra co. Às 28 semanas, revela o documen-e extrauterina.” tário A Vida no Ventre, da National Na fase final da gravidez, de acor- Geographic, o feto coloca a língua de do com as medições da atividadeFernando Chaves, fora e engole o líquido amniótico por- cerebral reveladas em 2010 no docu-neonatologista que está a treinar o paladar e o olfato. mentário da National Geographic, oHospital Lusíadas Lisboa feto sonha e tem pesadelos: os movi- Contudo, aqui reside mais um mentos dos olhos, feitos com as pál- enigma para a obstetra do Hospital pebras fechadas, são semelhantes aos Lusíadas Porto: “O que ele sente em de todos os humanos fora do útero. termos de paladar do líquido amnió- tico já é mais difícil de saber.” Mas “Mas a preocupação mais recor- podemos apontar alguns sinais de rente dos pais, refere Paula Ramôa, que o doce não lhe é desconhecido: é se o feto ouve quando falam com quando a sacarina é injetada no líqui- ele ou quando põem música perto da do amniótico no terceiro trimestre, o barriga. Sim, ouve: o sistema auditivo bebé suga mais rápido. As primeiras está completamente intacto à vigé- papilas gustativas a estarem educa- sima semana, mas só quase um mês das, que já estão desenvolvidas à nas- depois é que os nervos que conduzem cença, são as que sentem o doce: um o som estão totalmente funcionais. prematuro de 33 semanas também “Começa a conseguir reconhecer sons suga mais intensamente quando os que vêm de fora, os batimentos car- mamilos da mãe estão doces. díacos da mãe, a voz dela”, diz a obste- tra. O feto já se move ao ritmo desta É mais ou menos pelas 25 sema- voz, com a qual se vai familiarizando. nas, quando os olhos já estão forma- E assusta-se, por exemplo, se a mãe dos, que o feto começa a ser sensível der um grito. “Isso vê-se durante a à luz. Mas “o apuramento do senti- ecografia. E se ligarmos o doppler dos do” continua, diz Paula Ramôa. Às ruídos cardíacos fetais, o bebé mexe- 31 semanas, por exemplo, os pais -se imediatamente porque tem um podem fazer jogos simples com uma reflexo ao ouvir o seu próprio ritmo cardíaco”, prossegue Paula Ramôa. EDesenvolvimento do feto também reage à voz do pai que, porvisto pela História ser mais grave, até é mais facilmente recebida no interior do útero: “A pare-Este processo foi durante séculos fruto de especulações que hoje de abdominal funciona como um fil-consideramos risíveis: a tradição judaico-cristã ditava que o coração tro e os sons mais graves passam come a cabeça eram os primeiros a formarem-se por serem os órgãos mais facilidade”, diz a especialista.do sentimento e da inteligência. Santo Agostinho, que viveu entre osséculos iv e v, dizia que a alma entrava no embrião masculino ao 44.º Stresse no útero,dia e no feminino ao 88.º porque os homens eram mais ativos do que consequências cá foraas mulheres. A evolução científica, desde os estudos anatómicos àsautópsias ou à introdução da ecografia há 60 anos, permitiram afastar Talvez mais importante seja a in-em definitivo estas crenças. fluência que o bem-estar da mãe tem para o feto, aponta Paula Ramôa. A especialista identifica seis hormo- nas que influenciam toda a vida intra e extrauterina do ser humano para18 R E V I STA L U S Í A DA S

Sabia que… 19 As experiências do médico inglês Ian Donald, nos anos 50, foram um grande avanço no conhecimento da vida no útero. Mas só duas décadas depois a ecografia, uma tecnologia que usa ultrassons (captam o som que vibra nos tecidos e transforma- -os em imagem), se vulgarizou. Hoje, os pais têm ainda acesso às ecografias 3D e 4D nas quais, além do diagnóstico do feto (para detetar malformações nos órgãos internos), as imagens ganham volume e veem-se em pormenor as feições e movimentos do bebé.o bem (as chamadas hormonas dobem-estar) e para o mal (as do stres-se): as pessoas saudáveis apresentamníveis mais elevados de serotonina(que regula o humor, promove umsono tranquilo, inibe a ira e regula oapetite), de oxitocina (libertada pelaglândula hipófise quando se estabe-lece uma relação importante entrepessoas) e de neurotrofina (a hormo-na antidepressão). Por outro lado, existem “hormo-nas libertadas pela mãe em situaçõesde stresse (o cortisol, a adrenalina e anoradrenalina) e o bebé tem a perce-ção disso porque passam para a pla-centa”, refere. Um exemplo: quandoliberta cortisol, a mãe sente cólicasabdominais, o ritmo dos seus bati-mentos cardíacos altera-se e podeficar exausta em situações mais pro-longadas. Ora, sublinha a obstetra,REVISTA LUSÍADAS

Tema de Capa De dentro para fora Imagem “este stresse vai passar para o feto. do feto às E o cortisol, ao alterar o metabolis- 4 semanas | 20 semanas mo de forma tão intensa, vai induzir- O feto mede entre 4 a 6 mm e pesa menos -lhe algumas doenças ou alterações de 1 g. Já tem coração; começa a formar-se metabólicas, nomeadamente na o sistema nervoso e os restantes órgãos. glândula suprarrenal; será um bebé 8 semanas | com mais tendência para engordar, O feto tem o tamanho de um feijão ser diabético”, enumera. Ou seja, a (27 a 35 mm e 4 gramas de peso). memória da vivência pré-natal per- Formam-se os braços e as pernas; começam siste no organismo e terá consequên- a desenhar-se os olhos, as orelhas, o nariz e a cias diversas muitos anos depois. boca; todos os órgãos estão bem definidos. “Há estudos feitos por psiquiatras 12 semanas | que demonstram que há uma corre- Mede 7,5 cm e pesa perto de 15 g. Nascem lação entre a qualidade de vida dos as unhas; identifica-se a estrutura do pescoço pais, a ligação afetiva entre os côn- e o nariz ganha a forma definitiva; os rins já juges, o ambiente em família e a vida produzem urina; o estômago e os intestinos extrauterina: a adaptação da criança estão ativos. Ensaia os primeiros movimentos à escola, o comportamento em casa, respiratórios ao contrair e relaxar o tórax. a agressividade. Tudo se relaciona de 16 semanas | um modo quase direto com a forma Mede cerca de 16 cm e pesa 110 g. como a gravidez é vivida”, conclui. Surgem as pestanas e as impressões digitais; o fígado começa a produzir a bílis. Já reage aos sons e aos movimentos bruscos. 20 semanas | Tem 25 cm e pesa cerca de 300 g. Os órgãos estão prontos. Começa a controlar os movimentos do corpo: mexe no cordão umbilical e toca na cara com as mãos. 24 semanas | Mede 30 centímetros e pesa entre 700 e 850 gramas. Os músculos dos braços e das pernas estão prontos. Termina a migração dos 80 mil milhões de neurónios para as suas localizações definitivas. 28 semanas | Pesa entre 1 quilo e 1 quilo e meio e mede 36 cm. Tem um paladar apurado porque tem mais papilas gustativas do que terá ao nascer. Já pestaneja e boceja. 32 semanas | Mede 41 cm e pesa 1,8 Kg. A pele já não tem rugas. Os pulmões começam a segregar surfatante, uma substância que lhe permite respirar. 36 semanas | Pesa cerca de 2,7 Kg e mede 45 cm. Respira entre 30 a 70 vezes por minuto. Desenvolve a gordura subcutânea e engorda cerca 30 g/dia. Os ossos do crânio permanecem macios para se adaptarem ao canal de parto.20 R E V I STA L U S Í A DA S

O mito da visão turva de montagem como os automóveis, A parede abdominal completamente prontos.” funciona como umNão existe, portanto, um antes do filtro e os sons maisparto e um pós-parto, como se ao O tacto é dos primeiros sentidos graves passam comcortar o cordão umbilical a tesoura que o recém-nascido coloca em aler- mais facilidade.”cortasse todas as experiências vivi- ta. “Adoram ser tocados pelos paisdas nas cerca de 40 semanas ante- mas não pelos enfermeiros, médicos Paula Ramôa,riores. “O nascimento não é um ato ou familiares. Por outro lado, tanto obstetraisolado, é uma continuação. O bebé a intensidade como a segurança no Hospital Lusíadas Portotem uma vida intrauterina e o parto ato de pegar também transmitemnão é um ato isolado, trata-se de um calma ou ansiedade ao recém-nasci- útero (como os batimentos cardíacosperíodo de transição entre a vida in- do”, diz o neonatologista. através da aorta): é por isso comumtra e extrauterina, que se inicia uns os pais recorrerem aos chamadosdias antes e termina uns dias depois O contacto da pele com pele logo sons brancos, como um secador dedo nascimento”, explica Fernando nas primeiras horas de vida é hoje cabelo, para acalmar e adormecer osChaves. O recém-nascido chega a um uma prática quase universalmente filhos nos primeiros dias de vida. “Jáambiente diferente, ao qual se adap- obrigatória por ser benéfica para tive histórias de bebés que acalma-ta de forma progressiva também gra- a mãe (que inicia o processo de es- vam com o som da máquina de lavarças aos órgãos dos sentidos. O que treitamento de laços e acelera a pro- roupa”, conta.se passa é que nem todos os órgãos dução de oxitocina que estimula aestão igualmente maduros, expli- produção de leite materno) e para David Chamberlain, autor deca: “Os bebés não vêm de uma linha o bebé, que logo a identifica. “Não é The Mind of Your Newborn Baby (A só o tacto, mas também a visão e o mente do seu recém-nascido, numa olfato, que vem perfeitamente defi- tradução livre), estudou como a nido. O bebé sente o cheiro da mãe”, memória se começa a formar logo que reconhece do útero, “o colostro, a partir de experiências em bebés os líquidos que envolvem o parto”, prematuros logo após o nascimento. enumera. Por exemplo, um desses bebés, já em rapaz, tinha medo de fita adesiva. O Quanto à capacidade de visão de psicólogo reconstituiu a sua vida até um recém-nascido, não é verdade, às primeiras horas e encontrou uma sublinha Fernando Chaves, que este explicação: quando estava ainda na veja turvo, ou a preto e branco, ou incubadora, a enfermeira arrancou- a uma distância muito curta de 8 a -lhe um pouco de pele com a fita ade- 10 cm. \"Os olhos são um dos órgãos siva que o ligava a um dos monito- que já vêm quase totalmente ama- res. Esse desconforto ficou. durecidos. O recém-nascido tem uma visão nítida e policromática até 40-50 cm, apresentando uma ligeira limitação na visão periférica (campi- metria até 170.º).” Os sons podem ser mais pertur- badores nas primeiras horas de vida. Caso não se verifique uma surdez congénita, o aparelho auditivo vem pronto a ser usado mas não tem memória. É como a memória de um computador acabado de estrear: está ainda vazia. “O sistema nervoso central recebe inputs. À medida que está cá fora, o bebé vai tendo contac- to, familiarizando-se e aumentando a sua base de dados de sons.” Alguns são-lhe mais familiares porque se as- semelham aos que lhe chegavam noREVISTA LUSÍADAS 21



{ Prevenção { Alimentação, bem-estar, desporto, trabalho... Nesta secção damos-lhe as ferramentas de que necessita para ter uma vida mais saudável. Todos os dias.Páginas 24 28 32 Contra A história Eles a obesidade de Samanta andam aí... McMurray infantil Como podemos Leia o que a criadora defender-nos dos A Lusíadas Saúde do blogue Eat Love, micróbios e bactérias tem um novo projeto Samanta McMurray, no dia a dia? Leia algumas sugestões. de sensibilização, tem a dizer sobre com crianças como alimentação saudável. protagonistas. Saiba mais. Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais temas sobre prevenção www.rotasaude.lusiadas.pt

PrevençãoUma campanha contraa obesidade infantilque parte dascriançasVasco, Carolina, Margarida,Daniel e Joana são os cincopequenos protagonistasde um vídeo onde se falasobre possíveis patologiasassociadas à obesidadeinfantil.Por Luciana Leitão24

Dia Mundial do Da ideia ao projeto Combate à Obesida- de, que se assinala A ideia surgiu porque há já vários anos que a a 11 de outubro, ser- Amil – empresa brasileira que integra o mesmo viu de mote para o grupo da Lusíadas (UnitedHealth Group) – con- lançamento de uma duz uma campanha contra a obesidade infantil campanha muito es- “com resultados muito positivos no alerta jun- pecial para a Lusía- to das populações para esta problemática”, diz Sofia Oliveira, responsável de Marketing e Co-Odas Saúde: de sensi- municação da Lusíadas Saúde, acrescentando: bilização social para “Dado que este é um problema não só no mundo,a prevenção e luta contra a obesidade infantil. mas também em Portugal, onde os números são “A Lusíadas Saúde disponibiliza uma plata- igualmente alarmantes, decidimos meter mãos àforma de conteúdos de saúde e bem-estar – Rota obra e começar a pensar numa forma diferenteda Saúde – que conta a partir de agora com uma de chamar a atenção para este grave problemaárea exclusiva dedicada à obesidade infantil, da nossa sociedade.”com informação e conselhos disponíveis 24 ho-ras e com a validação científica do nosso corpo Por se tratar de uma patologia que resultaclínico”, explica o presidente da Lusíadas Saúde, em problemas de saúde “que se julgam ser tipi-José Carlos Magalhães. camente de adultos, mas que são já uma realida- Esta campanha, que tem como mote “A obe- de em crianças com excesso de peso”, optou-sesidade infantil ensina às crianças coisas que elas por torná-las as protagonistas do vídeo. “Quemnunca deveriam saber”, foi acompanhada de melhor do que as próprias crianças para infor-um vídeo onde os mais pequenos falam sobreas possíveis patologias associadas à obesidade.O objetivo é claro: interromper, desde logo, umciclo que pode trazer-lhes complicações de saúdeno futuro. “Queremos alertar pais, cuidadores e a socie-dade em geral não apenas em relação aos pro-blemas provocados pelo excesso de peso, comotambém para a necessidade de incentivar a pre-venção através de hábitos de alimentação maissaudável e da prática de exercício físico regular”,realça José Carlos Magalhães.O grande objetivoda campanha é asensibilização, paraque se possa mudarcomportamentos e levarmais pessoas a daro passo decisivo emdireção a um futuro maissaudável. 25

PrevençãoSabia que… marem sobre as possíveis consequências que a Em Portugal, cerca de 1/3Crianças que obesidade infantil pode provocar?”, acrescenta. das crianças têm excessopassam mais de peso e 17% sofremde cinco horas Sofia Oliveira conta ainda que, na preparação de obesidade. Tendo emem frente a da campanha, o maior desafio foi a criação do conta que \"estas criançasecrãs tendem a conceito. “Queríamos ir por um caminho com- correm o risco de virengordar, refere pletamente diferente daquele que normalmente a sofrer de patologiasum estudo da é traçado, que tipicamente junta questões de ex- associadas à obesidade\",Universidade de clusão, bullying e problemas sociais associados estes números \"sãoHarvard, EUA. ao excesso de peso”, salienta. Contando com o alarmantes\". apoio da equipa médica encontrou-se “a melhor abordagem e também a mais real”. Leopoldo Matos, Coordenador do Conselho Médico da O grande objetivo da campanha é a sensibili- Lusíadas Saúde zação, para que se possa “mudar comportamen- tos e levar mais pessoas a dar o passo decisivo Mais: acredita que as pessoas parecem não em direção a um futuro mais saudável”. E sa- estar muito despertas para esta realidade, diz lienta os “vários exemplos de crianças e jovens” a também professora do primeiro ciclo: “Por seguidos nos Hospitais e Clínicas do grupo “que exemplo, hoje, no lanche da manhã, aqui na mudaram o rumo da sua vida, e também da das escola, uma das crianças levava um pacote de suas famílias, adotando hábitos mais saudáveis”. gomas.” O que dizem os pais Também Cláudia Almeida revela que a filha dos protagonistas do vídeo Joana tinha o sonho antigo de aparecer na te- levisão e esta foi a oportunidade ideal. “Seria “Achei ótimo em todos os aspetos”, diz Lino Nu- uma forma de a pôr a fazer uma coisa de que nes, em relação à participação de Vasco no vídeo gosta e ao mesmo tempo desmistificar a ques- da campanha. “Serve para dizer ao meu filho que tão da obesidade”, diz. E espera que a sua filha, está com o peso que não deveria estar e fazer-lhe ao participar neste vídeo, tenha um papel ativo ver que tem de fazer dieta”, explica. na divulgação de um “problema a mitigar”. Por seu turno, Marta Figueiredo considera Na sequência desta campanha, a Lusíadas que a campanha “faz sentido”, sobretudo tendo Saúde disponibilizou uma avaliação do risco de em conta que a filha Carolina sofre de colesterol obesidade a todas as crianças que participaram, elevado. E, ainda que a sua filha esteja já des- que inclui acompanhamento médico. perta para a necessidade de ter atenção ao que come, a participação no vídeo serviu para per- ceber a ligação entre o excesso de peso e essa patologia. Élio Dias também acredita que a participa- ção do filho Daniel nesta campanha já está a trazer benefícios. “Talvez o tenha sensibilizado para o assunto e até já perdeu uns quilinhos”, refere, salientando que o ajudou a ganhar algu- ma força de vontade. Já Cláudia Batista admite que a filha partici- pou mais por se sentir fascinada pelo universo televisivo do que pela temática. Porém, depois de ver o resultado, acredita que “vai chamar a atenção para o problema da obesidade infantil”.26 R E V I STA L U S Í A DA S

REVISTA LUSÍADAS 27

TePmreavdeençCãaopa Q uando se entra em Eat Love a primeira coisa História que nos capta a aten-de um blogue ção são as fotografias de alimentos, cuidado- Eat Love, um projeto de Samanta McMurray, samente conjugados traduz o conceito de alimentação saudável e alinhados, que aguçam o apetite em receitas inovadoras e que revelam um de qualquer bom garfo. Mas o que é sentido estético apurado. mais surpreendente é que as imagens não ilustram doces nem alimentos Por Luciana Leitão Fotografia Maria Rão altamente calóricos. Pelo contrário, e Samanta McMurray o blogue de Samanta McMurray tem receitas e artigos sobre alimentação28 saudável. O interesse pela nutrição Samanta McMurray, de 31 anos, co- meçou a interessar-se por nutrição ainda na adolescência. “Na puberdade, engordei – não fiquei obesa, mas en- gordei uns quilinhos”, recorda. Foi aí que começou a experimentar novos estilos de comida e a perceber como o seu corpo reagia às diferenças. E, tal como a mãe, acabou por tomar o gosto por inovar na cozinha. “Aprendi mui- to com ela na parte em que não sigo receitas”, diz. Samanta prefere fazer experiências com os ingredientes. Aquilo que era um hobby acabou por ganhar destaque. Na Suíça, depois de uma tentativa de arranjar emprego na sua área de formação, Arquitetu- ra, acabou por transpor algumas das ferramentas artísticas adquiridas na licenciatura para a culinária. Passou, assim, a elaborar receitas saudáveis, tentando fotografá-las de um modo criativo. E, depois de alguns incentivos, Fui uma das pioneiras da cozinha saudável em Portugal mas com boa fotografia.” Samanta McMurray R E V I STA L U S Í A DA S

Sopas com Segredos Sopas e acompanhamentos fáceis de fazer e servidos como de costume: com o coração. Autora Samanta McMurray Editor Editora In Preço 14,99 €Made by Samanta: pequenos-almoços irresistíveis Sabia que...SMOOTHIE BOWL TROPICAL SUPER SMOOTHIE BOWL Atualmente, Samanta vive em Cleveland, Ohio,Ingredientes Toppings Ingredientes Toppings cidade onde se realiza • Kiwi • Granola o prestigiado Content• 10 morangos • Maracujá • 1 mão-cheia • Sementes de chia Marketing World, que • Sementes variadas de espinafres • Framboesas distinguiu a Revista• 5 framboesas Lusíadas em 2015 com o • 1 banana congelada • Amoras prémio “Best Healthcare/• 1 banana Medical Publication”. • 1 fatia de ananás• 100 ml de água de coco • 1 c. café de spirulina • 100 ml de águasobretudo por parte de um primo, Por exemplo, o dia agora começa que as combinações de alimentos se-chef de cozinha, decidiu apostar a sé- sempre com um “smoothie verde”, jam apelativas, o blogue acabou por serio no projeto. normalmente com espinafres. E a destacar. “Fui uma das pioneiras da co- refeição na qual mais investe é o pe- zinha saudável em Portugal, mas comO nascimento do blogue queno-almoço. Outra das práticas que boa fotografia”, diz Samanta. defende é o jejum intermitente. “Acre-Foi desse amor de Samanta pela ali- dito mais na limpeza [do organismo] Mas a visibilidade do projeto e osmentação saudável e pela fotografia do que passar o dia a sumos”, realça. convites para a publicação de livrosartística que nasceu, em 2013, o blo- Assim, costuma jantar uma sopa leve surgiram sobretudo depois de ter sidogue Eat Love. Porque é nisso que Sa- às 19h e só volta a comer na manhã convidada pela atriz e bloguer Vanes-manta acredita: “Comer é um ato de seguinte ou, quando tem um jantar sa Martins a escrever, semanalmente,amor.” E é por ter amor aos alimentos mais pesado e tardio, opta por atrasar uma receita saudável no seu blogue.e ao impacto positivo que podem ter o pequeno-almoço cerca de duas ouno corpo e na mente, que o seu blo- três horas. Quanto ao exercício físico, O amor pela fotografia artística egue apresenta alternativas dentro do Samanta já foi “mais obcecada”, salien- pela alimentação saudável acabam poruniverso saudável. “Não tem de ser só tando que o objetivo deve apenas ser traçar o seu percurso atual e futuro,pescada com legumes”, salienta. “mexer-se todos os dias”. que é tudo menos linear. E se hoje co- labora com um estúdio de fotografia, Eat Love é muito mais do que um A visibilidade e o futuro faz consultoria a restaurantes e de-repositório de receitas, já que defende senvolve receitas saudáveis, no futu-um estilo de vida saudável. Um estilo As práticas para uma vida saudável são ro, depois de terminar uma formaçãode vida que faz com que Samanta se já meio caminho andado para garantir nos Estados Unidos e alcançar o títulosinta bem, física e psicologicamente, e uma boa dose de seguidores. Juntan- de Health Coach, espera poder casarque espera que possa fazer o mesmo do-se fotos artísticas, que fazem com todos os seus vários amores numpor quem a lê. único projeto.REVISTA LUSÍADAS 29

TePmreavdeençCãaopa R E V I STA L U S Í A DA S Sabe porque é quecoramos? Os seres humanossão os únicos animais que coram. O processo é incontrolável e manifesta-se quando menos esperamos. A ciência tem uma explicação para o fenómeno. Por Ana Catarina André30

mond, investigador nesta área, à re- vista norte-americana Time. Pessoas mais tímidas tendem, também, a co- rar mais vezes. Ao longo dos anos, é possível desenvolver estratégias que favoreçam a socialização, minimizan- do os episódios de desconforto e ini- bição.Uma piada, uma gafe, Afinal é bom corar? um encontro românti- Se é daquelas pessoas que passa a vida A rosácea é uma co ou um comentário a corar, não se preocupe. Nem tudo incómodo. De repen- se reduz ao embaraço ou à vergonha dermatose frequente, te, as maçãs do rosto quando o rubor denuncia as suas emo- caracterizada por começam a ficar mais ções. Um estudo feito pelos investiga- vermelhidão ou ruborquentes e avermelhadas e toda a gen- dores holandeses Corine Dijk, Peter de facial, com aparecimentote se apercebe do seu embaraço. Co-rar é a “mais peculiar e a mais huma- Jong e Madelon Peters, mostrou que se de pápulas e pústulas,na das expressões”, dizia o naturalista é mais facilmente perdoado quando se acompanhada debritânico Charles Darwin, no livro cora. “Os nossos resultados revelaram sensação de pruridoA Expressão das Emoções no Ho- que em contextos de transgressão ou ou ardor facial.”mem e nos Animais. É incontrolável, contrariedade, corar é um sinal cor-imprevisível e acontece a todos, nemque seja uma vez na vida. poral benéfico. Parece, portanto, im- Manuela Paçô, prudente esconder o rubor ou tentar dermatologista Mas, afinal, o que se passa no nos- não corar nesse tipo de contextos”, ex- Hospital Lusíadas Lisboaso corpo para provocar esse rubor? O plicam os autores no relatório sobre aprocesso não é totalmente compreen-dido ainda pela ciência, mas sabe-se investigação.que a adrenalina associada a contex-tos de tensão faz com que os vasos Mas há mais: outra pesquisa, destacapilares da face dilatem. Como con-sequência, o fluxo sanguíneo no rosto vez desenvolvida pelo psicólogo Robbaumenta, alterando a tonalidade nor-mal da pele. É nesta fase que coramos Willer, da Universidade da Califór-e que os outros se apercebem do nos-so incómodo. nia, nos EUA, concluiu que demons- Toda a gente cora, independente- trar embaraço faz com que os outrosmente da raça. No entanto, o rubor émais notório nas pessoas com a tez confiem mais em Corar ou rosácea?mais clara. O processo e a frequên- si. “Faz parte decia com que ocorre podem dependerde fatores hormonais e anatómicos, uma espécie de Se corar é uma expressão natural do organismo,explicou o australiano Peter Drum- cola social que o mesmo não se pode dizer sobre doenças promove a con- dermatológicas, como a rosácea, que se manifestam Sabia que… fiança e coopera- também através de rubor facial. “A rosácea é uma a adrenalina ção no quotidia- dermatose frequente, caracterizada por vermelhidão associada a contextos no”, assegurou ou rubor facial, com aparecimento de pápulas e de tensão faz com que o investigador, pústulas, acompanhada de sensação de prurido os vasos capilares da em comunicado. ou ardor facial”, explica a dermatologista Manuela face dilatem O embaraço, se Paçô, do Hospital Lusíadas Lisboa. A especialista for moderado – explica ainda que, nestes casos, muitas pessoas defende o mesmo se queixam de pele seca e áspera e de intolerância grupo de trabalho aos cosméticos. A patologia é mais frequente – é um sinal de em mulheres de meia-idade e tem tratamento, virtude. Razões embora haja tendência para novas crises, já que suficientes para a pele é reativa. “Utilizam-se antibióticos orais não ficar (tão) ou de aplicação local, e cosméticos suaves. Na incomodado da fase de vermelhidão recorre-se ao uso de laser próxima vez que vascular”, explica a médica. Deve, ainda, evitar mudanças bruscas de temperatura, ingestão de alimentos quentes ou condimentados, exposição direta ao sol, utilização de cosméticos inadequados (antienvelhecimento, por exemplo) e a realização de procedimentos estéticos sem supervisão médica. corar.REVISTA LUSÍADAS 31

PrevençãoOs esconderijosdas bactériasSabe quais são os objetos mais sujos de sua casa?Por mais estranho que pareça, não é o tampo da sanita.O cesto da roupa suja, a esponja de cozinha e mesmoo telemóvel alojam muito mais bactérias.Por Tiago Carrasco 134 mil Não há nada mais anti- go na história da Hu- Cada cm2 da superfície manidade do que a de uma esponja de convivência entre os cozinha tem, em nossos semelhantes e as bactérias. Elas es- média, mais de 134 mil tão presentes na vida de qualquer ser bactérias, 456 vezes humano desde o seu primeiro fôlego. Logo quando nasce, o recém-nasci- mais do que um tampo do, ao passar pelo canal de parto, é de sanita colonizado por milhares de bactérias que vão ser cruciais para o desenvol- vimento do seu sistema imunitário. Os microrganismos estão por todos os lados: no ar que respiramos, nos alimentos que ingerimos, em todos os objetos do nosso quotidiano. A relação entre bactérias e hu- manos sempre foi vasta e comple- xa. Alguns micróbios são benéficos para o Homem. As Lactobacillales, por exemplo, são usadas para fazer32

iogurtes, queijos e outros lacticínios Sabia que… Esponja de cozinhafermentados. Não existiria vinagre Há microrganismossem a Acetobacter. E nem pensar muito resistentes É dos objetos mais sujos. Investigadores danos antibióticos, nas vacinas e nos e alguns podem Universidade do Arizona, EUA, analisaramavanços da biotecnologia. Por outro permanecer até 30 1000 esponjas usadas e encontraram salmonelalado, cerca de 30% dos microrganis- meses em superfícies em 10% das amostras. Cada cm2 da suamos podem provocar patologias. Se- inanimadas. superfície tem, em média, mais de 134 milgundo a OMS, entre 2000 e 2011, o Os Estafilococos bactérias, 456 vezes mais do que um tamponúmero de mortes por infeções cau- aureus conseguem de sanita. “Os panos da louça e as esponjassadas por microrganismos continua sobreviver mais de sete são usados para remover restos de alimentose estar nas dez principais causas de meses em superfícies. e ficam impregnados dessa matéria orgânicamorte. Nas últimas décadas, foram Certos fungos, como que ajuda as bactérias a proliferar”, explicavários os microrganismos que esti- a Candida albicans Ana Gonzalez Pereira. “Têm de ser lavadasveram por trás da propagação das - causadores de com água bem quente, deve usar-se lixívia emaiores pragas jamais enfrentadas candidíases na boca ou há mesmo quem as coloque no micro-ondaspela humanidade, lembremo-nos na região das fraldas durante um ou dois minutos. Devem serda tuberculose, da gripe Espanhola dos bebés, por exemplo substituídas quando dão sinais de desgaste ou(pandemia mais letal de gripe da his- - pode resistir até três sujidade, de preferência uma vez por mês”.tória), o Ébola, o recente Zika. Con- meses em superfícies.tudo, com o avanço da medicina, o Então, reforça Ana Tábua de cortedesenvolvimento de vacinas e a pro- Gonzalez Pereira,dução de antibióticos, temos vindo a é preciso apostar na Os pequenos cortes, riscos e fissuras provoca-ganhar algumas batalhas. prevenção. “Lavar dos pela faca ao cortar alimentos, são ideais as mãos é a primeira para acumulação de bactérias. Alimentos crus, Se é inegável que os micróbios coisa que se deve fazer especialmente as carnes vermelhas, não devemandam por todo o lado e que é im- à chegada a casa”, diz ser cortadas na mesma tábua que frutas ou ve-possível derrotá-los, também é ver- a enfermeira. “Segundo getais sem que esta seja previamente lavada.dade que têm objetos preferidos a Organização Mundialpara viver, para os quais é precisa de Saúde, uma lavagem A carne crua tem uma grande quantidadeespecial atenção. “Os microrganis- deve durar cerca de de bactérias, que acabam por ser destruídasmos gostam especialmente de locais 40 segundos e pode durante o processo de confeção. Contudo, sehúmidos e com restos de matéria ser feita com sabão colocarmos alimentos que não vão ser cozi-orgânica, que os ajudam a desenvol- normal”. As superfícies nhados sobre a tábua, estes acabam por ficarver-se”, diz Ana Gonzalez Pereira, devem ser limpas contaminados.Enfermeira Coordenadora do Grupo regularmente, nãode Coordenação Local do Programa sendo obrigatório “É importante ter tábuas sem ranhurasde Prevenção e Controlo de Infeções o uso de produtos nem reentrâncias onde se possam acumulare de Resistência aos Antimicrobia- bactericidas. “E restos. Assim sendo, as lisas, de plástico, polie-nos, do Hospital Lusíadas Lisboa. convém tirar os sapatos tileno ou de vidro, são melhores que as de ma-“As mãos são o maior veículo de à porta de casa”, diz deira, que pela sua natureza são mais porosas”,transmissão. Quando carregamos Ana Pereira. A via refere Ana Gonzalez Pereira.no botão do elevador, cumprimen- pública é muito suja,tamos alguém ou nos agarramos “Pisamos tudo, desde 33no autocarro, trazemos nas nossas o cuspo de outrasmãos os micróbios existentes nesses pessoas aos dejetos dossítios. Caso não haja uma adequada animais. Os sapatos,higienização das mãos, acabaremos as rodas das bicicletaspor contaminar os objetos de casa”. ou dos carrinhos deE sabe quais os utensílios mais con- bebé são condutores detaminados? Conheça as surpresas bactérias”. O melhorque a sua casa lhe reserva. é ter chinelos para andar em casa.

Prevenção Outros esconderijos Torneiras Cesto da roupa suja dos micróbios É um paradoxo abrir uma torneira “A roupa suja tem restos da nossa Computadores para se lavar as mãos e ficar com pele e as bactérias gostam dessas elas ainda mais sujas. Mas isso escamas, alimentam-se delas”, Piores do que os telemóveis pode acontecer. “Convém desinfetar refere Ana Gonzalez Pereira. “Além porque escondem migalhas as torneiras com lixívia de vez disso, os recipientes de roupa suja debaixo dos teclados. em quando para evitar voltarmos costumam estar na casa de banho, Periodicamente, devemos virar a contaminar as nossas mãos que apanha muitos vapores, o teclado ao contrário para depois de cada lavagem”, alerta a proporcionando o ambiente húmido remover migalhas, aspirar e enfermeira. Os chuveiros também que as bactérias apreciam”. Opte desinfetar. devem ser desinfetados, podem por um cesto arejado de plástico ser causadores de infeções, pelo ou de outro material lavável, evite Tapetes desenvolvimento de biofilmes, os de madeira ou forrados com e provocar graves infeções tecidos, que não se conseguem Os da cozinha ficam com pingos respiratórias. lavar. Preocupe-se ainda em lavar dos cozinhados e migalhas de a roupa interior separadamente alimentos. Os da casa de banho Telemóvel e desinfetar periodicamente a apanham vapor de água e gotas máquina de lavar roupa colocando provenientes das descargas de Sendo o objeto mais tocado no quo- lixívia no compartimento de autoclismo. Devem ser lavados tidiano, é normal que seja também detergente e ativando-a, sem roupa pelo menos uma vez por mês, ou um dos mais contaminados. Inves- dentro, a temperaturas elevadas. sempre que estejam visivelmente tigadores britânicos encontraram sujos. cerca de 600 unidades formadoras de colónias (ufc) de Estafilococos au- Prato do cão reus (causadores de muitas doenças em humanos, que podem ser graves Dupla fonte de contaminação: ou mesmo fatais) no ecrã de um ta- os restos de comida e a língua blet, cerca de 140 ufc no ecrã de um do animal. É necessário proceder telemóvel, e apenas 20 ufc na tampa à lavagem das gamelas com de uma sanita. O telemóvel é utiliza- regularidade. do quando estamos em casas de ba- nho públicas e poucos se preocupam Biberão onde o pousam. “É importante lim- par com regularidade o ecrã e fazê- É quente, húmido e preenchido -lo, de preferência, com um toalhete com leite infantil repleto de humedecido com álcool”, lembra Ana nutrientes, condições idílicas Gonzalez Pereira. para qualquer micróbio. Não convém deixar o leite dentro do Há microrganismos biberão mais de quatro horas. muito resistentes. Alguns Deve ser lavado e esterilizado podem permanecer até após a utilização, principalmente 30 meses em superfícies por recém-nascidos. Evite deixar inanimadas. a tetina em contacto com a bancada da cozinha. R E V I STA L U S Í A DA S34

Siga-nos em www.rotasaude.lusiadas.pt O site certo para cuidar de si CoraçãoESPECIAL ROTA DA SAÚDEO que éo soprocardíaco? Normalmente, o sangue flui de modo contínuo e numa única direção dentro das cavidades cardíacas, sem fazer barulho. Quando há uma interferência ou turbulência, pode identificar-se um sopro durante o exame físico médico através da auscultação cardíaca com o estetoscópio. Fique a saber mais sobre os dois tipos de sopro. Taquicardia: o que é É a aceleração dos batimentos cardíacos. O ritmo cardíaco é controlado por sinais elétricos que são enviados ao longo dos tecidos do coração. Quando esses sinais são produzidos de um modo anómalo, pode ocorrer taquicardia. Normalmente, não costuma apresentar sintomas. Porém, nalguns casos altera de modo significativo o funcionamento do coração. Esteja atento. Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais temas sobre saúde www.rotasaude.lusiadas.ptA ROTA DA SAÚDE É A ÁREA DO SITE LUSÍADAS ONDE PODE ENCONTRAR ARTIGOS, VÍDEOS E INFOGRAFIAS DE SAÚDE EXPLICADOS PELOS NOSSOS ESPECIALISTAS. 35

ESPECIAL ROTA DA SAÚDE > CORAÇÃO Especialidades em foco neste artigo: Cardiologia Sopro no coração: o que é? O SOPRO NO CORAÇÃO É UMA ALTERAÇÃO CARDÍACA QUE PROVOCA O SURGIMENTO DE UM SOM ADICIONAL DURANTE O BATIMENTO CARDÍACO, SINALIZANDO UMA INTERFERÊNCIA NO FLUXO SANGUÍNEO. Por Luciana Leitão Fatores de risco Colaboração Luís Moura, para o sopro no cardiologista no Hospital Lusíadas coração Porto e na Clínica Lusíadas Gaia – História familiar de Osangue flui de modo contínuo e numa O sopro doenças cardíacas. única direção dentro das cavidades não é uma doença cardíacas, sem produzir barulho. mas um sinal – D oenças durante a gravidez. Quando há uma interferência ou de doença, devendo, – U so de certos turbulência, pode identificar-se um por isso, tratar-se sopro durante o exame físico médico através da a patologia que lhe medicamentos. auscultação cardíaca com o estetoscópio. No so- está associada – Consumo de álcool ou de pro denominado inocente a turbulência costuma ser normal, ocorrendo um sopro benigno quando drogas durante a gestação. o sangue flui mais rapidamente através do coração. – Hipertensão arterial. Acontece sobretudo às crianças, devido à despro- – H istória de febre reumática. porção entre o tamanho das estruturas do coração – E nfarte do miocárdio. e dos vasos sanguíneos. Por outro lado, algumas – Hipertensão pulmonar. doenças podem causar o aparecimento de um so- – Doenças do miocárdio. pro temporário benigno, sem relação com qualquer doença cardíaca. É o caso da febre, anemia, hiper- Sintomas de sopro tiroidismo, exercício físico ou gravidez. no coração Nas crianças, as doenças cardíacas que causam sopros são geralmente congénitas e são geralmente acompanhadas de sintomas como: – P roblemas no desenvolvimento. – F alta de apetite. – Perda de peso.36

Nos adultos as doenças Porém, em alguns Siga-nos em www.rotasaude.lusiadas.ptdesenvolvem-se casos o soproao longo do tempo, pode sinalizar a OUTROS ARTIGOS SOBRE CRIANÇASpodendo levar a NO SITE ROTA DA SAÚDE:sintomas como: existência de uma das seguintes Os diferentes– Falta de ar. batimentos do coração– Tonturas. doenças cardíacas:– Episódios de batimentos VALVULOPATIAS Todos temos corações diferentes e por isso também batem de forma Grupo de doenças única. Stresse, cafeína, desporto e idade são alguns dos fatores que cardíacos rápidos. que se caracteriza influenciam a nossa frequência cardíaca. Quer saber como bate o seu– D or no peito. coração? A frequência cardíaca é a quantidade de vezes que o coração– Diminuição da tolerância pela presença bate por minuto e o seu valor normal varia entre 60 e 100 batimentos de lesões nas por minuto. Porém, os batimentos do coração podem oscilar com a ao esforço físico e, nas fases válvulas cardíacas, idade, atividade física ou a presença de doenças cardíacas. mais avançadas, sintomas de insuficiência cardíaca. podendo Para ler este artigo na Rota da Saúde, use este– P onta dos dedos, línguas estas provocar bitly ou código QR e lábios roxos. alterações no http://bit.ly/2zm9jBw– T osse frequente. funcionamento– C ansaço excessivo. cardíaco e na O que deve saber sobre doenças– Suor excessivo. circulação. A causa cardiovasculares– Inchaço ou edema mais comum é a generalizado no corpo. febre reumática. O coração é o motor do ser humano. Por ser vital deve ser cuidado com CARDIOPATIAS especial atenção, uma vez que as ameaças ao seu bom funcionamentoDiagnóstico de sopro CONGÉNITAS estão sempre à espreita. Reconhecido como um órgão essencial à vida,cardíaco As cardiopatias o coração é um músculo especializado que bombeia o sangue para todo congénitas são o corpo e garante que existam sempre nutrientes e oxigénio suficientesAinda que o médico consiga malformações para que o organismo funcione de um modo eficiente. Mas nem sempremuitas vezes através do tudo se desenrola em harmonia.exame físico estabelecer ou defeitosa causa do sopro cardíaco, na estrutura Para ler este artigo na Rota da Saúde, use esteisto nem sempre é possível. anatómica do bitly ou código QRPode, por isso, ser necessário coração e nos http://bit.ly/2ApMI7sefetuar um ecocardiograma grandes vasoscom doppler, que permite presentes no Sabe como cuidar do seu coração?identificar o tipo de lesão nascimento.nas válvulas, medir o grau de Muitas vezes são As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte nosinsuficiência ou estenose e graves, podendo países desenvolvidos. A boa notícia é que em grande parte dos casosavaliar os danos no músculo significar risco de podem ser prevenidas.cardíaco. Quais são os principais inimigos do coração? “Além da idade e vida. do historial familiar, a hipertensão arterial, a diabetes, o colesterolTratamento DOENÇA DAS elevado, o tabagismo e o excesso de peso. Quanto maior for o número destes fatores de risco na mesma pessoa, maior será o riscoO sopro não é uma doença, ARTÉRIAS de desenvolver doenças cardiovasculares. Assim, para eliminar osmas sim um sinal de doença, CORONÁRIAS fatores de risco, terá de promover um estilo de vida saudável.devendo, por isso, tratar- Corre quando-se a patologia que lhe está a circulação do Para ler este artigo na Rota da Saúde, use esteassociada. Se for um sopro sangue para uma bitly ou código QRtemporário ou intermitente, parte do coração bit.ly/2zAchpheste desaparece após o é interrompida,tratamento das condições 37que lhe dão origem. provocando lesões no músculo cardíaco e alterações no aparelho subvalvular e valvular. Continue a ler este artigo emwww.rotasaude.lusiadas.pt

ESPECIAL ROTA DA SAÚDE > CORAÇÃO Especialidades em foco neste artigo: Cardiologia Taquicardia: 1 0 0 bpm Como avaliar o que é? Diz-se que a frequência há taquicardia quando HÁ TAQUICARDIA QUANDO UMA PESSOA um adulto apresenta cardíaca ADULTA APRESENTA EM REPOUSO UMA FREQUÊNCIA CARDÍACA em repouso A frequência cardíaca pode SUPERIOR A 100 BATIMENTOS uma frequência cardíaca ser facilmente avaliada, CARDÍACOS POR MINUTO. contando o número de superior a 100 bpm. batimentos por minuto Por Manuel de Sousa Canada, através da palpação do cardiologista na Clínica pulso arterial. Há vários de Stº António pontos no nosso corpo onde A frequência cardíaca é o número de ba- isto pode ser feito, mas o timentos cardíacos por minuto (bpm). O seu valor normal situa-se entre 60 e pulso radial é mais acessível 100 bpm. Varia muito de indivíduo para e simples. Com a palma da indivíduo e, regra geral, é maior na in- mão virada para cima, basta fância, diminuindo com a idade. Em cada pessoa va- colocar os dedos indicador ria também muito, sobretudo devido ao esforço e ao estado emocional. e médio da outra mão logo acima da articulação Com o esforço há um aumento gradual da frequên- com o antebraço, no lado cia cardíaca, até um valor máximo que depende da do polegar, e procurar a idade. Este pode calcular-se de forma aproximada sub- traindo o valor de 220 à idade. Assim, por exemplo, pulsação da artéria. para uma pessoa de 60 anos, este valor será aproxima- Diz-se que há taquicardia damente de 160. Estes níveis correspondem ao limite quando uma pessoa adulta máximo de esforço tolerado, traduzindo-se numa sen- sação de exaustão. O tempo necessário para atingir apresenta em repouso esta frequência cardíaca varia com a capacidade física uma frequência cardíaca de cada pessoa e tem a ver com o treino físico. superior a 100 bpm. Além da frequência cardíaca, é importante perceber se o pulso é regular ou irregular.38

Siga-nos em www.rotasaude.lusiadas.pt Tipos de e a maior parte das vezes OUTROS ARTIGOS SOBRE CORAÇÃO taquicardia associa-se a uma sensação NO SITE ROTA DA SAÚDE: Muitas vezes a taquicardia de mal-estar e fraqueza Alimentação para doentes é assintomática, sobretudo ou mesmo desmaio. com patologia cardiovascular quando é regular e a Neste caso é difícil palpar Ter uma alimentação saudável é muito Para ler este artigofrequência cardíaca se situa o pulso e, muitas vezes, importante, especialmente para as pessoas na Rota da Saúde, não se consegue contar com patologia cardíaca. Uma alimentação use este bitly ou entre os 100 e 140 bpm. saudável é crucial para manter o peso ideal, código QRTrata-se geralmente de uma as pulsações. a pressão arterial em níveis normais, baixar bit.ly/2hYXetZtaquicardia sinusal. Pode não É importante recorrer de os níveis de colesterol e controlar os níveisse encontrar uma causa, mas imediato a um centro onde de açúcar no sangue.é, normalmente, secundária, possa ser assistido e realizar Uma alimentação equilibrada pode assim um eletrocardiograma. contribuir para baixar o risco de vir a sofrer relacionando-se com Por vezes, estes sintomas um enfarte ou um AVC.qualquer uma das seguintes são de curta duração e quando a pessoa é assistida Tensão arterial: situações: já não apresenta taquicardia, o que é e quais os sinais de alerta? • Ansiedade. pelo que o seu despiste nem • Consumo de estimulantes sempre é imediato, obrigando Mesmo sem sintomas visíveis de Para ler este artigocomo cafeína, tabaco, álcool a uma série de exames que hipertensão, é importante fazer medições na Rota da Saúde, e outras drogas. têm de ser efetuados até regulares e adotar hábitos de vida saudáveis. use este bitly ou• Efeito secundário de alguns se chegar ao diagnóstico. De forma silenciosa, a tensão arterial elevada código QR medicamentos. Este tipo de taquicardias desgasta o corpo humano e aumenta bit.ly/2gCUAx8 • Estados febris. pode surgir durante ou após as probabilidades de uma doença como esforços físicos, sobretudo acidente vascular cerebral (AVC) ou enfarte • Anemia. em condições extremas. do miocárdio (EAM). Descubra porquê. • Hipertiroidismo. Esta forma de taquicardia Daí a necessidade de Prova de esforço cardiopulmonar: pode também relacionar-se vigilância da atividade física, o que é? com doença cardíaca e/ ou pulmonar, por vezes sobretudo nas pessoas Agora, um novo equipamento de Para ler este artigo grave. Neste caso, em geral idosas. última geração disponível na Unidade na Rota da Saúde, está associada a sintomas Cardiovascular do Hospital Lusíadas Lisboa use este bitly ou como cansaço, dificuldade A prática de exercício físico permite uma avaliação em esforço, a código QR respiratória e retenção de regular é muito importante, prova de esforço cardiopulmonar. Sendo bit.ly/2zob5nS mas é necessário moderação uma técnica não invasiva, mede os gases líquidos. respirados para uma máscara, dando-nos a Em qualquer circunstância, e vigilância médica nos noção de como estes se modificam quando é importante recorrer ao casos de risco. se faz esforço, avaliando assim a sobrecarga que é imposta ao organismo. médico para despistar Se além da taquicardia as suas causas, sendo o pulso é irregular, trata-se Continue a ler este artigo emgeralmente necessário fazer em geral de arritmias que www.rotasaude.lusiadas.pt análises, eletrocardiograma podem aumentar o risco de acidente vascular cerebral e outros exames (AVC). É muito importante complementares. despistar estas arritmias Quando a frequência cardíaca é mais elevada sobretudo nas pessoas (acima de 140-150 bpm) mais idosas. Daí a trata-se em geral de outro tipo de taquicardia, necessidade de recorrer ao médico para que este as possa identificar e tratar. 39

ESPECIAL ROTA DA SAÚDE > CORAÇÃOwww.rotasaude.lusiadas.pt/prevenir-obesidade-infantil/Obesidade Infantil: a novasecção da Rota da SaúdeS abia que a Rota da Saúde tem uma nova seção inteiramente dedicada aos ARTIGOS MAIS POPULARES DA temas da nutrição infantil, ao exercício físico na infância e a todas as CATEGORIA OBESIDADE INFANTIL questões que envolvem o tema da obesidade infantil? Se aceder ao ende-reço www.rotasaude.lusiadas.pt poderá encontrar informação sobre doenças 1. Como fugir àstão preocupantes na infância como a diabetes ou saber qual o peso da genética armadilhas que nosna obesidade infantil. Também poderá ler as explicações para essas perguntas levam a comer demaispreparadas por quem sabe: os nossos especialistas. 2. Transtorno deComo encontrar a Rota da Saúde? compulsão alimentar: o que é?Pode ir diretamente à página (rotasaude.lusiadas.pt) ou então irà nossa página de Facebook (lusiadas.pt) e seguir-nos! 3. O que é a diabetes infantil? 4. Qual o desporto certo para o seu filho? Só ele sabe 5. Quiz: a sua família tem hábitos alimentares saudáveis? Outros canais Lusíadas 80 mil Número de pessoas que nos segue no Facebook. 293 mil 2.286 5.987 131Número de pessoas que assistiu Número de partilhas do vídeo Número de gostos do vídeo Número total de vídeos dos ao vídeo da nossa campanha da nossa campanha. da nossa campanha nas nossos especialistas partilhados através das redes sociais. redes sociais. no canal YouTube da Lusíadas.40 Nota: Dados referentes ao período compreendido entre 11 de outubro e 11 de novembro

{ Saúde e Inovação { Avanços científicos, novos tratamentos e todas as informações de que precisa para saber mais sobre a saúde de quem mais importa. A sua.Páginas 42 46 48 Conheça os Medicamento: Como lidar com detetives da do laboratório a disfunção erétil Saúde à farmácia Saiba quais são Como é feito um Qual é o percurso os conselhos dos diagnóstico em do medicamento até especialistas para Medicina Interna? chegar à farmácia? Visite os bastidores o casal lidar desta especialidade. Quais são as e ultrapassar este diferenças entre genérico e marca problema. original? Visite o site Rota da Saúde para descobrir mais temas sobre saúde www.rotasaude.lusiadas.pt

Saúde e InovaçãoMedicinaInterna: quemsão estes“detetives”da saúde? Há quem os considere uma espécie de detetives que investigam doenças misteriosas, trocando a lupa pelo estetoscópio. Mas o trabalho de um especialista em Medicina Interna vai muito mais além do diagnóstico. Por Marisa Vitorino Figueiredo Fotografia João Reis42

De forma colegial, Oque faz, ao certo, um mé- damos a nossa dico de Medicina Inter- na? Se fôssemos confiar opinião e chegamos nas séries e filmes sobre a decisões melhor a vida hospitalar, o mais fundamentadas certo seria vê-lo como em equipa.” uma espécie de mago de bata branca, que diag- Fernanda Louro, nostica instantaneamen- diretora do Departamento te os casos mais enigmá- ticos. Na vida real, contudo, pouco é o que une, de Especialidades por exemplo, um qualquer Dr. House (da série Médicas e Urgência com o mesmo nome) a um internista. Na Medi- Hospital de Cascais cina Interna, as decisões tomam-se em conjunto e não existem palpites casuais, já que o diagnós-REVISTA LUSÍADAS tico tem de ser sustentado num conhecimento profundo das doenças. Há, no entanto, algo em comum: os casos são complexos e, por vezes, bastante difíceis de diagnosticar e tratar. “A atividade do internista vai muito além da de detetive”, começa por explicar Nuno Vieira, especialista em Medicina Interna do Hospital Lusíadas Albufeira, até porque “muitas vezes, o diagnóstico é o mais fácil, o mais complexo é mesmo o tratamento e o seguimento de doentes complexos, que acumulam múltiplas doenças e complicações”. Mas, tal como um Sherlock Hol- mes do foro médico, “não se pode negar que o desafio do diagnóstico de um doente é apaixo- nante e muito aliciante”, acrescenta. 43

SaTúedmeaedIenoCvaapçaão Os médicos de Medicina Interna estão so- bretudo associados a casos complexos, cróni- cos e com várias patologias simultâneas. Com um olhar abrangente, atento a todos os órgãos e sistemas, são os especialistas privilegiados para fazer uma primeira análise de quem che- ga ao hospital. Mas também para diagnosticar casos que já passaram, sem sucesso, por outras especialidades, ou casos que tocam, simultanea- mente, em várias especialidades. De acordo com a diretora do Departamento de Especialidades Médicas e Urgência do Hospital de Cascais, Fer- nanda Louro, “a maior parte das doenças são sistémicas, atingem vários órgãos ou sistemas e, por isso, o internista é o especialista que está melhor posicionado para integrar toda a infor- mação e fazer o diagnóstico”. Muitas vezes, o diagnóstico é o Isto não significa, no mais fácil, o mais complexo é mesmo entanto, que apenas os o tratamento e o seguimento de casos mais complexos doentes complexos.” sejam do foro dos in- Nuno Vieira, especialista em Medicina Interna ternistas. “A Medicina Hospital Lusíadas Albufeira Interna pode diagnosti- Geral e Familiar foca-se no indivíduo saudável car todo o tipo de doen- integrado na família, e acompanha o doente ambulatório, em articulação com o hospital”, “Os casos ça em adultos, podendo explica. Além disso, acrescenta Fernanda Louro, são cada vez mais depois assegurar o tra- “o internista vê doentes muito mais graves e, por complexos” tamento e seguimento isso, está mais vocacionado para tratar a doença desses doentes – ou re- aguda e a doença crónica, podendo apoiar ainda o clínico geral em doença crónica ligeira”. Com o envelhecimento da ferenciá-los para outras população e o aumento do especialidades”, lembra À procura do diagnóstico tempo de sobrevivência com Nuno Vieira. No trabalho de detetive, reúnem-se pistas para doença crónica, “a Medicina Mas, nesse caso, o resolver o mistério. No hospital, recolhe-se a his- tória clínica do doente de forma exaustiva e tudo Interna organiza-se para que distingue um in- é observado de um modo pormenorizado. “Este é dar resposta qualificada ternista de um médi- o pilar do diagnóstico”, esclarece Nuno Vieira. É a aos sistemas complexos, na co de Medicina Geral partir desta anamnese e observação que se cons- Geriatria e doenças crónicas”, e Familiar? Para Fer- trói “um conjunto de hipóteses diagnósticas que sublinha Fernanda Louro, nanda Louro, a princi- possam ‘encaixar’ naquela situação específica”. diretora do Departamento pal diferença está na de Especialidades Médicas abordagem que é feita. e Urgência do Hospital “Fazemos uma análise de Cascais. Cabe também individual, focada nos ao internista, nas suas vários sistemas da pes- consultas e ao seu nível de responsabilidade no hospital, soa, da doença comple- promover a saúde e prevenir xa, apoiada na história a doença e fatores de risco, natural da doença e e contribuir, nas diferentes processos patológicos, dimensões, para produzir semiologia, standards mais anos de vida saudável internacionais de boas à população portuguesa. práticas e custo/efe- tividade. A Medicina44 R E V I STA L U S Í A DA S

Sabia que… Só nesta fase são usados exames complemen- especialidade mais indicada para o tratamentoNa Medicina tares de diagnóstico, como as ecografias ou as da doença. Este é um trabalho fundamental, queInterna, as biopsias, para que, a partir das hipóteses, se che- garante a ausência de “zonas de ninguém” entredecisões tomam-se gue ao diagnóstico provável. as várias especialidades.em conjunto e nãoexistem palpites “Baseamo-nos menos em exames do que ou- Por norma o serviço mais numeroso do hos-casuais, já que tras especialidades médicas. Apesar de também pital, a Medicina Interna é crucial para fazero diagnóstico precisarmos da complementaridade com exa- triagem e encontrar o diagnóstico certo por en-tem de ser mes, baseamo-nos muito no conhecimento da tre um conjunto extenso de possibilidades. Tra-sustentado num história natural das doenças, da sua expressão e ta-se quase de encontrar a agulha num palheiroconhecimento das suas variações no doente”, elucida Fernanda de sintomas, sistemas e órgãos. É difícil, masprofundo das Louro. Nuno Vieira realça que “a capacidade de fazerdoenças uma boa avaliação do doente e desenvolver o seu Este trabalho de observação e diagnóstico raciocínio clínico”, integrando a informação dos não é, no entanto, solitário. Muito pelo contrário: exames complementares, é o grande trunfo do a Medicina Interna é, por excelência, um saber internista. em diálogo. No Hospital de Cascais, a diretora implementou uma reunião diária, onde todos os internistas falam dos seus casos mais problemá- ticos e expõem as suas dúvidas. “De forma co- legial, damos a nossa opinião e chegamos a de- cisões melhor fundamentadas em equipa. Não basta o conhecimento e a alusão; é necessário um saber próprio, modéstia, utilização dos conheci- mentos no doente concreto, estudo, compreen- são e capacidade de dúvida clínica e partilha, com aptidões e competências no interior da es- pecialidade, e com outras especialidades, centra- do nos interesses do doente. É uma especialidade que se apoia em sólidos critérios clínicos, ímpar no sistema nacional de saúde no país.” Depois do diagnóstico, há ainda muito por fazer. Em casos crónicos, de múltiplas doen- ças, é comum que o internista coordene todo o acompanhamento, tratamentos ou cuidados pa- liativos posteriores ao diagnóstico. Ou, em alter- nativa, que acompanhe a pessoa até uma outraREVISTA LUSÍADAS 45

SaTúedmeaedIenoCvaapçaãoTudo o que precisade saber sobremedicamentos(mas ninguém lhe disse) Dos primeiros comprimidos feitos no País, em 1893, pela Companhia Portuguesa de Higiene, aos dias de hoje, a indústria farmacêutica mudou muito. Saiba porquê. Por Ana Catarina André Fotografia Artur Granulados, cápsulas, ampolas, supositórios. Há cada vez mais soluções para tratar umas doenças e prevenir o aparecimento de outras. Mas afinal qual é a diferença entre estes tipos de medicamentos? Como são produzidos? Vale a pena optar por genéricos? Com a ajuda de Domin- gas Palma, farmacêutica dos Serviços Farmacêuticos do Hospital de Cascais, explicamos-lhe tudo. Como se faz um medicamento? Normalmente começa-se pela pesagem e dispensa das matérias-primas. Segue-se depois o processo de fabri- co propriamente dito: granulação, mistura, calibração ou compressão. Durante o processo de fabrico, há um controlo de qualidade físico-químico e microbiológico. A fase seguinte é o acondicionamento primário (coloca- ção em blisters ou enchimento de frascos, por exemplo), à qual se segue o acondicionamento secundário (em caixas) e a distribuição.46 R E V I STA L U S Í A DA S

O que é o princípio ativo?Pode ser designado também por substância ativa e é res-ponsável pelo efeito produzido pelo medicamento, porexemplo curar uma gripe. Segundo o Estatuto do Me-dicamento (diploma legislativo sobre o tema), é a subs-tância usada no fabrico destinada a exercer uma açãofarmacológica, imunológica ou metabólica com vista arestaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas oua estabelecer um diagnóstico médico.Qual é a diferença entre uma cápsula e um comprimido?As principais diferenças entre cápsulas e compridos, mas A grande diferença entretambém entre xaropes, granulados ou supositórios, têma ver com o estado físico, o método de fabrico e a via o medicamento de referênciade administração de cada um deles, explica Domingas e o genérico é o preço,Palma. Os comprimidos, obtidos por compressão de um mais baixo dos genéricos.”volume constante de partículas, são preparações sólidasque contêm uma ou mais doses de várias substâncias ati- Domingas Palma,vas. São administrados por via oral: alguns deglutidos ou Serviços Farmacêuticosmastigados, outros dissolvidos em água, antes da toma. Hospital de CascaisTambém há alguns que devem permanecer na boca paraaí libertarem a sua substância ativa.Por outro lado, as cápsulas duras – administradastambém por via oral – são preparações sólidas de doseúnica, contidas num invólucro duro. Esse invólucro, dose, esta é administrada com a ajuda de um recipientesólido ou semissólido, é muitas vezes constituído por para medir o volume prescrito pelo médico.gelatina. O que é um supositório?As ampolas têm um invólucro semelhante? É uma preparação sólida de dose única com a forma, ta-Não. São recipientes – de vidro ou plástico – selados por manho e consistências adequados para ser administra-fusão, com uma forma semelhante a um tubo. Só podem da por via retal. Contém substâncias ativas dispersas ouser abertos por quebra e o seu con- dissolvidas em bases adequadas queteúdo destina-se a ser utilizado uma Medicamentos podem ser solúveis ou dispersíveisúnica vez. em números em água ou que podem fundir à tem- peratura corporal.E os granulados, o que são? 407,6 milhões de eurosSão preparações constituídas por Foram gastos em Portugal com Qual é a diferença entre um genéri-grânulos sólidos secos. Cada um de- medicamentos, entre janeiro e co e um medicamento de marca?les forma um aglomerado de partí- julho de 2017, refere o Infarmed. Um medicamento genérico utiliza osculas de pó. Administrados por via 2892 dados de um medicamento de refe-oral, são deglutidos diretamente, É o número de farmácias rência para a obtenção da sua pró-mastigados, dissolvidos em água ou existentes em Portugal, de acordo pria AIM [autorização de introduçãonoutros líquidos apropriados. com dados da PORDATA de 2016. no mercado]. É preciso apenas de- 8 milhões de euros monstrar que a respetiva formulaçãoO que define um xarope? Foi quanto os portugueses (que em termos de substância ativaÉ uma preparação líquida – de dose pouparam nos últimos dois anos é obrigatoriamente igual à do medi-única ou multidose – com sabor doce por optarem pelos genéricos. Em camento de referência) é bioequiva-e uma consistência viscosa. Contém julho a quota de mercado destes lente [idêntica na substância ativa].normalmente um agente aromático medicamentos era de 47,8%. A grande diferença entre ambose é administrado por via oral. Quan- é o preço, que é mais baixo nos ge-do é preciso tomar mais de uma néricos.REVISTA LUSÍADAS 47

Saúde e Inovação Como lidar com a disfunção erétil Este é um problema para ultrapassar como casal: não tenha vergonha e fique a saber que os terapeutas sexuais e os urologistas podem ajudá-lo. Por Sara Capelo Fotografia ArturS e sofre de disfunção erétil, po- O que é a psicoterapia sexual? nha de lado os complexos de culpa e a vergonha e procure Usa, principalmente, métodos cognitivo- ajuda. E deve ter a mesma ati- -comportamentais e, quando não existe causa tude se é o seu parceiro quem médica subjacente (doenças cardiovasculares ou sofre de disfunção erétil. Tal- acidentes vasculares cerebrais, por exemplo) que vez ainda não tenham falado poderia obrigar a outro tipo de tratamento médico, é sobre este problema mas, acre- por si só \"bastante eficaz\", sublinha a psicóloga Júlia dite, ambos sentem errada- Machado. Tem como objetivos educar sobre o sexo mente culpa e vergonha, que e os fatores que o afetam, encorajar a discussão os psicoterapeutas sexuais e os urologistas podem aberta dos sentimentos e diminuir a ansiedade e ajudar a ultrapassar. Vamos por partes para escla- a vergonha, tratar o casal em conjunto e sugerir recê-lo porquê e como pode alterar a situação. comportamentos e atitudes sexuais. Numa primeira fase, as sessões são em separado para se definir o48 que cada um pensa sobre a situação já que, refere ainda a especialista do Hospital Lusíadas Porto, existem \"variáveis cognitivo-afetivas autocríticas e expetativas.\" R E V I STA L U S Í A DA S

São vários os estudos \"Ninguém pode \"A culpa científicos que conseguiram saber que não é minha\" demonstrar que a Psicoterapia Sexual, sou normal\" Quando ele está a pensar isoladamente, melhora a “não sou capaz”, ela questiona- disfunção erétil, bem como A vergonha, expressa em ideias -se: “não devo ser atraente”. a combinação desta com como esta, é um grande entrave Este tipo de pensamentos medicação terapêutica para se procurar um médico e negativos \"prejudicam o fazer o tratamento – que, na processo de estimulação adequada.” realidade, ajuda a retomar uma erótica e interferem vida sexual satisfatória [ver negativamente com a resposta Júlia Machado, psicóloga caixa]. As pessoas costumam sexual\", explica Júlia Machado. Hospital Lusíadas Porto procurar Júlia Machado, Ou seja, acabam por ser um psicóloga do Hospital Lusíadas entrave para a atividade sexual.REVISTA LUSÍADAS Porto, depois de o urologista O consenso geral dos estudos aconselhar psicoterapia. E são conhecidos, refere ainda a \"vários os estudos científicos que psicóloga, \"é que a disfunção conseguiram demonstrar que a sexual masculina aumenta Psicoterapia Sexual, isoladamente, a disfunção psicológica melhora a disfunção erétil, bem feminina\". Quando ele deixa como a combinação desta com de lhe tocar, de a procurar, medicação terapêutica adequada\", surge nela um \"sentimento refere a especialista. de angústia, frustração, raiva, confusão e culpa (a maioria O que deve fazer: das vezes acha que não é “Quebrar o silêncio\", sugere Júlia atraente)\". Machado. Ter uma \"conversa franca\" com um amigo ou O que deve fazer: amiga e através do seu relato Conversar abertamente sobre compreender que não se é o o assunto. Porque enquanto único a ter este problema. E não os homens não precisam de é: segundo Rui Borges, urologista falar sobre sentimentos – as do Hospital Lusíadas Porto, esta mulheres, acreditam eles, condição, a que vulgarmente se sabem-no sem ser necessário chama impotência, afeta 30% expressá-los verbalmente –, dos homens entre os 40 a 49 as mulheres \"adoram saber anos, 50% quando têm entre 50 que são apreciadas ou que e 59 anos e 75% dos que têm o seu auxílio é valorizado. mais de 60 anos e menos de 69 O aspeto mais importante do anos. Além disso, explica ainda a relacionamento é a capacidade psicóloga do Hospital Lusíadas de expressar as suas Porto, \"a confiança no parceiro dificuldades”, salienta Júlia ocupa um papel central na terapia Machado. Sem diálogo, criam- dos problemas eréteis\", pelo que é -se desentendimentos. essencial \"tentar desenvolver uma boa discussão entre o casal sobre os problemas\" e, para este ponto, \"a terapia de casal pode ser muito útil\" porque existem problemas no relacionamento. 49

SaTúedmeaedIenoCvaapçaão\"A minha A disfunção erétil afetavida sexual 30% dos homens entreacabou\" os 40 e os 49 anos, 50%Pelo contrário. \"Não se quando têm entredeve desistir da vida sexual 50 e 59 anos e 75% dospor medo da frustração que têm mais de 60 anosno momento da tentativa.Esse tipo de atitude pode e menos de 69 anos.”causar danos irreversíveisao relacionamento\", diz Júlia Rui Borges, urologistaMachado. Além de que, Hospital Lusíadas Portoprossegue a psicóloga, \"umadas maneiras de tratar a Que tratamentosdisfunção erétil é continuar a existem para a disfunção erétil?manter a vida sexual ativa\". A ereção falha quando um estímulo sexual, que pode ser físico ou mental, não obtémO que deve fazer: uma resposta integrada do cérebro, nervos, vasos sanguíneos e hormonas e queAs terapias psicológicas deveria levar a um aumento do sangue no pénis. As causas da disfunção erétil podemajudam \"a aumentar a ser psicogénicas (stress marital ou do emprego, ansiedade de performance, problemasautoestima que, neste caso, financeiros, depressão) ou orgânicas (desde as doenças cardiovasculares, hipertensãoé muito afetada\", refere a arterial, diabetes, colesterol elevado a algumas doenças neurológicas, como o Parkinsonmesma especialista. E nunca ao alcoolismo crónico e tabagismo). Nestes casos, refere o urologista Rui Borges, dose esqueça que a relação Hospital Lusíadas Porto, é importante alterar o estilo de vida. Trinta por cento dossexual é muito mais do que homens melhoram quando deixam de fumar, beber álcool introduzema penetração. As mulheres uma alimentação saudável e uma rotina de exercício físico.devem manter uma atitude E, se isto não resultar, têm disponíveis três tipos de tratamento:tranquilizadora: \"Pode serconversar ou em silêncio, mas 1. Fármacos orais 2. Aparelho de vácuo 3. Prótesecom expressões que acalmem;uma demonstração de carinho, São a primeira linha de Na segunda linha de Na última linha deum sorriso, um beijo, um tratamento. Relaxam o tratamentos, quando o tratamentos está aabraço\", diz. E devem propor músculo liso dentro dos homem não quer recorrer colocação de uma prótesenovas abordagens à relação corpos cavernosos, o que aos fármacos orais ou se peniana.sexual, desde prolongar os permite o preenchimento do estes não foram eficazes,preliminares a assistir a filmes pénis com sangue. Contudo, pode recorrer-se a umeróticos, propõe. para provocar a ereção é aparelho de vácuo que necessário um estímulo é colocado no pénis e o50 sexual. mantém rígido por efeito de sucção e pela colocação de um anel constritor na base peniana. Outra opção é a administração intracavernosa ou intrauretral de medicamentos vasodilatadores. R E V I STA L U S Í A DA S


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook