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lusiadas13

Published by Plot Content - SA, 2019-11-07 10:40:35

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Keywords: Saúde

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Esta revista é para si, leve-a consigo. Vencer o medo OS CONSELHOS DOS CAMPEÕES 2019 Semestral €1 nº 13 Novo Hospital em Braga A APOSTA DA LUSÍADAS NO NORTE DO PAÍS Falsas Soluções que diretora sofia marques memórias melhoram vidas SERÁ QUE TUDO Exemplos de quando a excelência, O QUE SE LEMBRA o fator humano e a tecnologia É MESMO VERDADE? fazem a diferença



Editorial Uma equipa de equipas: Vasco Antunes Pereira agradecimento Presidente do Conselho de Administração da Lusíadas Saúde E stamos a entrar na reta final de mais um ano e, no balanço do mesmo, olhamos para os muitos desafios superados, para o conhecimento adquirido e para os sucessos que celebrámos em equipa! Quando, há cerca de um ano, assumi a enorme responsabilidade e desafio deste cargo, sabia que o meu maior objetivo seria garantir a prossecução diária da nossa Missão através da excelência clínica, da qualidade e segurança dos cuidados, e da melhor experiência dos nossos clientes, colaboradores e parceiros, assegurando continuadamente o compromisso com os nossos Valores. Hoje, passado um ano, orgulho-me de poder fazer parte da equipa Lusíadas que permite, de forma sistemática, que tudo isto aconteça, e a quem devo os meus sinceros agradecimentos. Neste percurso tem sido nosso desígnio garantir que estamos cada vez mais juntos das comunidades onde mar- camos presença, mantendo-nos atentos às suas necessidades e procurando dar uma resposta eficaz e de qualidade. Acreditamos que só aliando tecnologia – como uma ferramenta decisiva para melhorar a experiência e a segu- rança dos cuidados – à humanização e individualização dos cuidados de saúde, prestaremos os melhores serviços. Queremos continuar a demonstrar o verdadeiro Saber Cuidar em cada um dos nossos gestos. Focamo-nos nos nossos clientes e também nos nossos profissionais. Deste modo, apostamos no desenvolvimento dos cola- boradores, promovendo a atualização constante nas melhores práticas e a cooperação entre equipas para uma aprendizagem e partilha contínua. Acreditamos, também, na prosperidade gerada pelas sinergias decorrentes dos intercâmbios dentro do uni- verso UnitedHealth Group – maior empresa mundial de saúde e à qual orgulhosamente pertencemos. Foi nesse contexto que recentemente nos juntámos às restantes geografias da UnitedHealthcare Global para assinalar o Dia Mundial da Segurança do Doente, tendo mobilizado os colaboradores de todas as nossas unidades e apelado ao envolvimento dos nossos clientes, cuja cooperação é essencial para a obtenção dos melhores resultados em saúde. E porque queremos estar cada vez mais próximos de si, para o ajudar a viver uma vida mais saudável e para que saiba que com a Lusíadas Saúde, esteja onde estiver, está em boas mãos, continuámos o upgrade da Clínica de Stº António, alargámos o Bloco de Partos do Hospital Lusíadas Lisboa (HLL) e estamos prestes a inaugurar, em Braga, o novo Hospital Lusíadas. No último ano estivemos, também, com as nossas equipas clínicas onde estiveram os portugueses: no Rock in Rio, na Volta a Portugal, no Festival F e em muitos outros eventos. Estamos nesses eventos porque os responsáveis dos mesmos nos confiam a saúde dos seus participantes, tal como o Comité Olímpico e o Comité Paralímpico de Portugal nos voltaram a confiar a saúde dos atletas que representarão o nosso país nos Jogos de Tóquio 2020. Procuramos não só estar mais perto, mas, também, proporcionar a quem nos procura as melhores práticas e os mais recentes avanços tecnológicos na prestação de cuidados de saúde. Um exemplo desta procura de inovação, com impacto na vida humana, foi a realização, no HLL, do primeiro procedimento que permite proteger os doentes cardíacos que sofrem de fibrilhação auricular e não podem recorrer a medicamentos anticoagulantes. Continuamos plenamente confiantes que a implementação de inovação e tecnologia em benefício da qualidade e segurança dos cuidados aporta valor à excelência clínica e à melhor experiência de clientes e profissionais. Iremos, assim, perse- guir o objetivo de juntar os nossos hospitais privados ao lote restrito de hospitais europeus – incluindo o Hospital de Cascais – que alcançaram o nível máximo de maturidade tecnológica da escala EMRAM da HIMSS Analytics. Perspetivando o futuro, são muitos os desafios que se nos apresentam, e com eles a determinação de fazermos mais e melhor. Nem sempre será fácil, mas sabemos o que ambicionamos, e todos os sinais nos indicam que es- tamos no caminho certo! E é por isto que quero agradecer a dedicação de cada profissional da equipa Lusíadas e, sobretudo, a confiança que cada um dos nossos clientes deposita nos nossos cuidados. REVISTA LUSÍADAS 3

Sumário A excelência clínica é 8 Num Minuto Sabemos Cuidar 69 H LL criou grupo um caminho que se 12 Quem disse o quê? multidisciplinar para as 14 Entrevista 50 Breves Lusíadas doenças oncológicas constrói todos os dias. 18 Tema de capa 54 C línica Médica da Foz do tórax Pensando e pondo em prática estratégias mais Prevenção na rede Lusíadas 70 C línica da Insuficiência eficazes de encaminhar 56 Lusíadas foi o Serviço Cardíaca do Hospital 26 Ultrapassar o medo: de Cascais os doentes rumo a conselhos dos campeões Médico da Volta a Portugal uma recuperação mais 57 N ova equipa de gestão 72 Curso para cuidadores 30 Dieta vegetariana informais na Clínica Lusíadas rápida e que garanta vs. dieta omnívora das Unidades Lusíadas no Almada maior qualidade Algarve LEuspsíeacdiaalsBlog 58 C línica Lusíadas Sacavém Família de vida, investindo tem nova Unidade em equipamento OFTALMOLOGIA de Medicina Física 74 Sonambulismo nas crianças topo de gama ou 34 Como detetar e corrigir e de Reabilitação 78 H ormonas: homens unindo diferentes 60 Conheça o novo Hospital a miopia? Lusíadas Braga vs. mulheres especialidades em 36 Tratar e prevenir o olho seco 62 C línica de Stº António: 82 F actos e mitos: a água torno do objetivo de 38 Blog Lusíadas em números Atendimento Urgente cuidar sempre melhor. Pediátrico 24h por dia engarrafada é melhor Saúde e Inovação 63 Nova Unidade de do que a da torneira? É desses casos que Gastrenterologia da Clínica falamos no tema 40 Como a memória nos prega de Stº António de capa: soluções partidas 64 Valência em alergia medicamentosa no Hospital aplicadas nas várias 44 A rtrite reumatoide: Lusíadas Porto Unidades Lusíadas que diagnóstico precoce 65 Cirurgia cardíaca no Hospital é essencial Lusíadas Porto: mais-valia melhoram vidas. 66 Nova oferta na área da 48 Congelar óvulos: quando proctologia no Hospital é opção? Lusíadas Albufeira 68 M argarida Lobo Antunes é a nova diretora clínica do Hospital Lusíadas Lisboa Colaboram nesta revista Mário Patrão Pedro Kol Jorge Lima e José Costa Fotografia de José Costa por Ricardo Pinto | Regata de Portugal Mário Patrão é o piloto português com Pedro Kol acumula na sua carreira Jorge Lima e José Costa formam a dupla de mais títulos nacionais de Todo-o-Terreno desportiva cinco títulos de campeão velejadores que vai representar Portugal nacional de kickboxing, dois títulos nos Jogos Olímpicos de 2020 na classe de em motos. Ao longo da sua carreira de campeão europeu e um mundial 49er. Os atletas conquistaram resultados desportiva, Mário Patrão conta com participações de destaque em competições de K1. É também fundador da importantes em provas internacionais, Academia Kolmachine, espaço como o Campeonato do Mundo de Classes como o Campeonato do Mundo da focado na prática de desportos de especialidade e a mítica prova combate e no treino funcional. Olímpicas ISAF, os Jogos Olímpicos Rali Dakar. de 2016 ou o Mundial de 49er. 4 R E V I STA L U S Í A DA S

70 propriedade Lusíadas, Clínica da Insuficiência SGPS, SA Cardíaca Rua Laura Alves, 12 – 5.º 1050-138 Lisboa A iniciativa do Hospital de Cascais ajuda Tel. 213 566 600 os doentes a perceberem melhor a Contribuinte n.º 506024989 insuficiência cardíaca e a reconhecerem Capital Social €32333333,00 sinais precoces de descompensação. diretora Sofia Marques 14 coordenação Marketing e Comunicação Entrevista editor Gil, filho de Márcia Silva e João Ribeiro, Plot - Content Agency nasceu com o queixo retraído e fenda Av. Conselheiro Fernando do palato e foi tratado no Hospital de Sousa, 19 – 6.º Lusíadas Porto. A sua história deu um 1070-072 Lisboa livro: O Menino que Queria ter o Céu Tel. 213 804 010 na Boca. editora chefe Teresa d´Ornellas 30 74 editora executiva Patrícia Silva Alves Dieta vegetariana Sonambulismo diretora de arte vs. dieta omnívora nas crianças Inês Reis design Ambos os regimes alimentares Os conselhos da neurologista Pedro Dias, Mafalda Maia, Rita Barata-Feyo apresentam vantagens e desvantagens. pediátrica para lidar com o produção e arte final Fomos compará-los para saber quais são. Ana Miranda, Pedro Pinguinha sonambulismo nas crianças. Esta colaborações perturbação do sono traz algumas Ana Catarina André, Nicolau Ferreira, Helena dúvidas aos pais, mas segundo as Viegas, Sara Capelo, Sara Batista (texto), Artur, Bruno Barata, Ricardo Meireles, Egídio Santos estimativas da norte-americana (fotografia) National Sleep Foundation afeta publicidade Ramimo Mayet 40% dos menores. Tlm. 969 135 032 impressão ERRATA O artigo correto pode ser LiderGraf - Sustainable Printing lido usando este bit.ly Rua do Galhano, 15 (EN 13) – Árvore Na edição n.º 12 da Revista Lusíadas, por lapso alheio ou código QR: 4480-089 Vila do Conde à médica que assegurou a validação científica do http://bit.ly/2VIjXOk revista semestral texto, foram publicadas informações incorretas no Depósito legal n.º 379433/14 artigo \"O que é a Urticária?\". Publicação periódica | registada sob o n.º 125721 tiragem 20 000 exemplares estatuto editorial www.lusiadas.pt/pt/Paginas/revistalusiadas.aspx Queremos conhecer as suas sugestões e comentários à revista Lusíadas. Envie-nos as suas ideias para [email protected] A revista Lusíadas foi considerada Best Healthcare/ Medical Publication nos Content Marketing Awards 2015 Esta revista foi redigida ao abrigo do novo Acordo Ortográfico. A Lusíadas Saúde é alheia ao conteúdo da publicidade externa. A sua exatidão e/ou veracidade é da responsabilidade exclusiva dos anunciantes e empresas publicitárias. 5

{{Somos United A Lusíadas faz parte Brasil Vidas mais saudáveis, sistemas de saúde mais fortes do maior grupo de saúde do mundo. O UnitedHealth Group Brasil O UnitedHealth Group, que opera no país através de duas detém a Lusíadas, é o maior plataformas distintas: e mais diversificado grupo de AMIL. Seguros de saúde saúde do mundo, com mais e dentários; de 40 anos de experiência. AMERICAS SERVIÇOS MÉDICOS. Hospitais Chile, Colômbia e Peru e centros especializados. EMPRESAS BANMÉDICA +5 MILHÕES Líder em assistência médica e seguros de saúde de clientes individuais através com operações no Chile, Colômbia e Peru dos seguros de saúde e dentários. 2 MILHÕES 13 110 35 de clientes Hospitais de alta Clínicas Hospitais segurados complexidade e centros ambulatórios 6 Centros de Oncologia 110 Clínicas e centros ambulatórios 370MIL Clientes institucionais Colômbia Brasil Chile Inserida no UnitedHealth Peru Group, a UnitedHealthcare Global está presente em mais de 130 países José Carlos Magalhães, CEO da A Amil recebeu dois prémios da Associação Lusíadas Saúde entre 2013 e 2018, assumiu Brasileira de Marketing de Dados para os seus contact a liderança do UnitedHealth Group Brasil, centers: “Melhor dos Melhores” e “Ouro nos Serviços regressando assim a uma empresa onde de Cliente Final”. Os prémios reconhecem a nova esteve 24 anos antes de assumir os política da Amil que visa resolver as questões dos destinos da Lusíadas. clientes durante a primeira chamada. 6 REVISTA LUSÍADAS

OS VALORES MISSÃO DO UHG Ajudar as pessoas a viver vidas mais saudáveis e contribuir para que o sistema de Integridade saúde funcione melhor para todos. A UnitedHealthcare Global (UHCG) dedica-se Compaixão a garantir a saúde, o bem-estar e a segurança dos trabalhadores e das populações Relacionamento em várias partes do mundo. Aos particulares, a empresa oferece seguros de saúde, serviços e prestação de cuidados médicos. A UHCG melhora a prestação de cuidados Inovação de saúde usando os recursos empresariais do Grupo UnitedHealth nos mercados Desempenho locais. Portugal ATUAÇÃO Portugal A UnitedHealthcare Global está presente em mais de 130 países e serve mais de 7 milhões de clientes. A empresa trabalha no sentido de criar um sistema 6 global de prestação de cuidados de saúde mais interligado, mais alinhado e mais acessível às pessoas e às organizações que serve. Aqui incluem-se empresas locais Hospitais e multinacionais, governos, seguradoras e resseguradoras; particulares e as suas famílias. 700 O que oferece: Camas de internamento • S eguros de saúde nos inúmeros locais onde está presente; 6 • P restação direta de cuidados de saúde através de hospitais, clínicas e consultórios Clínicas médicos em regiões específicas do globo; Braga • S eguros de saúde com benefícios para colaboradores de empresas multinacionais a Clínica Stª Tecla Porto trabalhar fora do seu país de origem e para particulares; Hospital Lusíadas Porto • Soluções de risco e de assistência para situações de desastre natural, com soluções Clínica Lusíadas Gaia Cascais de resposta rápida, móvel e planos de gestão de risco; Hospital de Cascais • S oluções médicas para localizações onshore e offshore; (PPP) • A cesso a uma rede global de profissionais de saúde e hospitais de forma a melhorar Lisboa Hospital Lusíadas Lisboa a saúde, o bem-estar e a segurança de quem trabalha no estrangeiro, os executivos Clínica Lusíadas Parque das Nações que viajam regularmente e os viajantes individuais. Clínica Lusíadas Almada Clínica Lusíadas Sacavém A UNITEDHEALTHCARE GLOBAL Clínica de Stº António EM FACTOS Algarve Hospital Lusíadas Albufeira 70 mil 54 hospitais CEO Clínica Lusíadas Faro Clínica Lusíadas Forum Algarve colaboradores detidos ou administrados Molly Joseph 225 7 milhões Sede clínicas e centros de clientes Minnetonka, ambulatórios estado do Minnesota (EUA) detidos ou administrados Pelo terceiro ano A Empresas Banmédica foi reconhecida com consecutivo, a Amil o Prémio IMPULSA para a participação feminina, ganhou o Prémio Valor quer pelo número total de mulheres na equipa quer Inovação Brasil na categoria pelo número de mulheres em cargos executivos. O prémio é uma parceria entre a PwC Chile, a \"Planos de Saúde e Seguro\" Fundación Chile Mujeres e o jornal local El Pulso. pelo seu empenho na inovação. 7 REVISTA LUSÍADAS

Num Minuto vai mudar Desde 2003, data em que a atual Roda dos Alimentos A Roda portuguesa foi redigida, vários dos alimentos entraram no padrão de consumo dos portugueses A divisão da Roda dos e muitos estudos foram Alimentos por grupos permite publicados com análises aos produtos que ingerimos. Por identificar facilmente qual isso, a Roda dos Alimentos a proporção em que os portuguesa vai ser revista para se atualizar. Segundo alimentos de cada um desses o Programa Nacional para a grupos deve estar presente Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), essa na alimentação diária. alteração deve estar concluída até o final de 2020. Um dos 8 aspetos que os especialistas vão analisar é a referência ao consumo moderado de vinho que constava da Roda dos Alimentos de 2013, onde se lê que os adultos podem consumir esta bebida alcoólica sem risco desde que estejam dentro das quantidades admissíveis para homens e mulheres. Agora, essa referência pode ser alvo de discussão, tal como assinalou a diretora do PNPAS, Maria João Gregório, em entrevista ao Diário de Notícias: “A evidência mais recente diz-nos hoje que não há qualquer nível de ingestão de álcool que possa ser considerado seguro e sem riscos para a saúde. A Organização Mundial da Saúde atualmente recomenda consumo zero\", disse a especialista, reconhecendo, no entanto, que o grupo de trabalho não quer “descurar as questões culturais” inerentes ao consumo de vinho. R E V I STA L U S Í A DA S

Comer mais cedo pode ajudá-lo a perder peso Antecipar a hora das refeições pode redução da segregação da hormona favorecer a perda de peso, sugeriu que regula a fome e o apetite do que uma investigação publicada na revis- com o gasto de calorias. ta médica Obesity. Os investigadores liderados por Courtney M. Peterson, “Comer em sincronia com o ritmo professora na Universidade do Alaba- circadiano, fazendo refeições mais ma, nos Estados Unidos, revelaram cedo durante o dia parece reduzir o que a perda de peso decorrente da peso corporal e melhorar a saúde do metabolismo”, indicam os autores so- antecipação da hora das refei- bre os resultados que, salientam, são ções estará provavelmente preliminares e precisam ainda de ser mais relacionada com a desenvolvidos. 300 000 Número de anos de vida saudável que poderiam ser poupados se os portugueses melhorassem os seus hábitos alimentares, segundo o estudo “Global Burden of Disease”, de 2017. Ser intelectualmente ativo na meia-idade pode ajudar a prevenir o declínio cognitivo Já é conhecido que o cérebro vai sofrendo alterações à medida que envelhecemos. O Défice Cognitivo Ligeiro (DCL) situa-se entre o declínio cognitivo normal relacionado com a idade e a demência, caracterizando-se por esquecimento, dificuldade em acompanhar uma conversa e em tomar decisões, entre outros. Embora o DCL possa aumentar o risco de demência, não significa que todas as pessoas com este problema venham a sofrer de demência. Agora, um estudo que envolveu um número elevado de participantes ao longo de mais de cinco anos de pesquisa e divulgado recentemente na publicação médica Neurology, defende que usar regularmente o computador e ser intelectual e socialmente ativo durante a meia-idade pode reduzir o risco de Défice Cognitivo Ligeiro. Os investigadores concluíram que vários tipos de atividades mentais estimulantes realizadas durante a meia-idade – e daí em diante – demonstravam efeitos positivos na saúde do cérebro: 1 2 3 Estar envolvido A realização de A utilização em atividades trabalhos manuais do computador sociais e lúdicas (como jogar diminuía o risco diminuía às cartas ou fazer de Défice Cognitivo o risco de DCL palavras-cruzadas) reduzia o risco Ligeiro em em 37%. de DCL em 20%; 42%, mas já numa idade mais avançada; REVISTA LUSÍADAS 9

Num Minuto O seu telemóvel pode estar Cientistas a fazê-lo engordar descobrem a explicação para Se está preocupado com o instinto maternal as calorias que ingere, um estudo realizado Será que o instinto maternal é despertado pelas na Universidade Simón hormonas ou existe outra justificação? Bolívar, na Colômbia, dá um conselho importante: Costuma chamar-se à de células ativado pela 42 000 reduza o tempo diário de oxitocina “a hormona do oxitocina se situava numa utilização do smartphone. amor” e tem sido alvo de área do cérebro associada Mais de 42 100 Isto porque, depois inúmeros estudos pelo ao instinto maternal. crianças nasceram, de uma pesquisa que potencial que tem no Mais ainda, percebeu-se em Portugal, no primeiro envolveu um grupo de tratamento da ansiedade, que essa ativação só semestre de 2019. 1060 estudantes entre os depressão pós-parto, entre acontecia quando o 19 e os 20 anos ao longo outros distúrbios. Embora estrogénio, hormona Estes números, de seis meses, verificou- esta hormona já tivesse feminina, estava também provenientes de dados -se que quem usava o sido associada ao instinto presente. do Programa Nacional telemóvel cinco ou mais maternal, não tinha sido de Diagnóstico Precoce, horas por dia aumentava encontrado um argumento constituem um recorde o seu risco de obesidade cientificamente convincente em 43%. Concluiu-se até à data. Mas uma de nascimentos igualmente que 26% pesquisa recente com em relação aos últimos dos estudantes que ratos de laboratório, liderada tinha excesso de peso e por um biólogo americano, três anos. 4,6% que eram obesos apurou que nos ratos do passavam mais de cinco sexo feminino um grupo horas ao telemóvel. Os investigadores alertam assim para o facto de que, a nível geral, o tempo de exposição às tecnologias está associado à obesidade – fator de risco para doenças cardiovasculares. Vacina universal contra a gripe à vista? Já está em curso o primeiro ensaio clínico para uma vacina universal contra a gripe, visto este ser um desafio constante no âmbito da saúde pública. A vacina chama-se H1ssF_3928 e está a ser desenvolvida por cientistas do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, em Maryland, nos Estados Unidos. O objetivo da vacina é ensinar o organismo a desenvolver respostas imunitárias protetoras contra vários subtipos do vírus influenza. O ensaio clínico vai ser constituído por várias fases. Aguardemos por boas notícias. Visite o Blog Lusíadas para descobrir mais temas de saúde 10 R E V I STA L U S Í A DA S



12 1. Fátima Lopes, apresentadora, Observador: “Quando percebo que não fiz alguma coisa bem, antes de abrirem a boca, sou a primeira a pedir desculpa.” 2. Filomena Cautela, apresentadora, Fama ao Minuto: \"Porque talvez esteja a viver a fase mais intensa de trabalho da minha vida, mas sei bem o que é estar em casa sem trabalho e não esqueço que a televisão é efémera para quem não cede.” 3. Ferran Adrià, chef, Visão: “Em Espanha, a alta cozinha é mais importante do que o futebol.” 4. Madonna, cantora, Vogue: “[Os telemóveis] acabaram mesmo com a minha relação com os meus filhos. Eles são inundados com imagens e começam a comparar-se com outras pessoas, e isso é muito mau para o seu autocrescimento.” 5. Miguel Esteves Cardoso, escritor, Público: “Ao longo dos anos acumulei centenas de desconhecidos que tenho de cumprimentar e que têm de me cumprimentar aconteça o que acontecer. É por isso que não conheço quase ninguém das pessoas a quem falo.” 6. Rodrigo Guedes de Carvalho, jornalista e membro do projeto musical Xave, Observador: “Houve uma altura em que eu não só desisti, como com uma grande raiva parti a guitarra e jurei que nunca mais tocaria.” SOLUÇÕES Madonna 6 Fátima Lopes “Houve uma altura em que eu não só desisti, como com uma grande raiva parti a guitarra e jurei que nunca mais tocaria.” “Ao longo dos anos acumulei 4 Ferran Adrià centenas de desconhecidos que “[Os telemóveis] acabaram mesmo tenho de cumprimentar e que têm com a minha relação com os meus de me cumprimentar aconteça filhos. Eles são inundados com o que acontecer. É por isso que não conheço quase ninguém das imagens e começam a comparar-se com outras pessoas, e isso é muito pessoas a quem falo.” 5 mau para o seu autocrescimento.” Filomena Cautela Rodrigo Guedes de Carvalho 2 3 “Porque talvez esteja a viver a “Em Espanha, a alta cozinha fase mais intensa de trabalho da minha vida, mas sei bem o que é mais importante do que é estar em casa sem trabalho e não esqueço que a televisão é o futebol.” efémera para quem não cede.” “Quando percebo que não Miguel Esteves Cardoso fiz alguma coisa bem, antes de abrirem a boca, sou a primeira a pedir desculpa.” 1 Quem disse o quê? ADIVINHE QUEM SÃO OS AUTORES DAS FRASES. CONSEGUE?

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TeEmnatrdeeviCstaapa Quando percebemos R E V I STA L U S Í A DA S que o Dr. Bessa Monteiro era o maior especialista nesta área, decidimos ir ao Porto.” Márcia Silva 14

“Tínhamos medo que não falasse e hoje o Gil é um tagarela” O Menino que Queria ter o Céu na Boca tem um nome: Gil. O filho de Márcia Silva e João Ribeiro, agora com dois anos e meio, nasceu, em Almada, com o queixo retraído e fenda do palato, mas foi na consulta do Hospital Lusíadas Porto que a família encontrou as respostas que procurava. A sua história deu um livro. Por Helena Viegas Fotografia Bruno Barata Quando se aperceberam de que algo não estava bem quência de Robin. Por algum motivo que desconhecemos, com o vosso filho? o queixo do Gil ficou recuado e isso empurrou-lhe a língua Márcia Silva (M): No momento em que o Gil nasceu, olhá- para cima, o que impediu o céu-da-boca de fechar. Ficou mos para o queixo dele e percebemos logo que era retrog- com a fenda do palato completa. nata, tinha o queixo recuado. Durante a gravidez, antes da ecografia morfológica, houve uma médica que nos disse Que idade tinha o Gil quando decidiram ir ao Porto? que o bebé era retrognata e isso poderia indiciar outras M: Duas semanas, era muito pequenino. Quando perce- complicações. Depois, nas ecografias seguintes, garanti- bemos que o Dr. Bessa Monteiro era o maior especialista ram-nos que não, disseram-nos o mesmo na consulta de nesta área, decidimos ir ao Porto. Aqueles primeiros dias genética — e nós quisemos acreditar que estava tudo bem. de vida foram muito difíceis. Eu tive a subida do leite, mas Mas quando ele nasceu era claramente percetível: o Gil era não consegui amamentar, o leite deve ter secado provavel- mesmo retrognata. mente com o choque, a ansiedade. Tínhamos muita dificul- dade em alimentá-lo, ele era pesado todos os dias, estava Já tinham ouvido falar da Fenda Palatina? a perder peso. M: Quando a primeira médica nos falou do retrognatis- João Ribeiro (J): A alimentação foi sempre o mais difícil. mo, pesquisámos e percebemos que havia uma associação Ele tinha de estar inclinado para o leite não lhe sair para entre o queixo recuado, a fissura no lábio e o palato. Mas o nariz — tinha a abertura no céu-da-boca —, e demorava o Gil tinha o lábio intacto e, quando nasceu, foi um misto mesmo muito tempo, às vezes duas horas, a beber um bi- de emoções tão grande que, apesar do retrognatismo, não berão, não conseguia fazer a sucção. pensámos logo que tinha fenda. Como correu a primeira consulta? Quando tiveram o diagnóstico? M: Depois de muitas dúvidas, o Dr. Bessa Monteiro expli- M: O Gil não conseguia mamar e, no segundo dia, uma cou-nos que o Gil tinha Sequência de Robin e explicou- enfermeira tentou dar-lhe um copinho de leite e saiu-lhe -nos os passos seguintes. Disse-nos que o Gil poderia ter tudo pelo nariz. Foi aí que descobriram a fenda, ainda em de fazer terapia da fala durante algum tempo, nos ouvidos Almada. Mas só depois, já no Hospital Lusíadas Porto, é também poderia vir a ter problemas, mas que iria ser ope- que percebemos que o Gil tinha aquilo a que se chama Se- rado aos nove meses e que tudo iria correr bem. Depois REVISTA LUSÍADAS 15

Entrevista MÁRC I A SI LVA E JOÃO RIB E I R O encaminhou-nos logo para uma equipa de terapeutas da fala aqui de Almada e pôs-nos em contacto com outras fa- mílias — isso foi das coisas mais importantes! Sentimo-nos logo muito apoiados. Saíram do Hospital Lusíadas Porto com um plano traça- do, mais confiantes. J: Com um plano, a saber o que ele tinha e o que era preciso fazer para preparar a boca do Gil para as futuras dificulda- des. Não o deixar usar chupeta, ou chuchar no dedo, por- que a sucção não faz bem, o céu-da-boca fica mais côncavo. Fazer-lhe massagens para estimular os músculos das bo- chechas. Cuidar da higiene dos dentes, porque ele tinha de ter uma boca muito sã, até por causa da operação, para não haver bactérias. Mais para a frente, estimular a mastiga- ção, porque isso iria estimular o queixo a vir para a frente. M: As terapeutas da fala, que vieram logo a nossa casa, nunca mais deixaram de acompanhar o Gil. Alertaram-nos “Não consigo ler o livro sem me virem as lágrimas aos olhos” António Bessa Monteiro, “O Gil chegou muito cedo Clínica e Genética. com que ganhem confian- Coordenador de Cirurgia à consulta e isso faz toda Há muitas coisas a que ça, até porque eles são Pediátrica do Hospital Lusíadas a diferença”, começa os médicos têm de estar a outra parte da equipa, por dizer António Bessa atentos, relacionadas com quem faz o trabalho em Porto Monteiro. A cirurgia de a motricidade orofacial, casa”, sublinha. encerramento do palato posicionamento da língua, António Bessa Monteiro é feita entre os nove e os desenvolvimento da fala recebeu de Márcia Silva doze meses — “quando e não só. “Estas crianças a história que escreveu a estrutura anatómica da têm muitas otites de repe- inspirada no filho algum criança já permite traba- tição, por isso durante a tempo depois de ter lhar mais à vontade e ela cirurgia fazemos sempre operado o Gil e demorou ainda não fala” —, mas o a profilaxia da perda pouco tempo a perceber trabalho começa antes. E de audição”, explica o o impacto que as palavras isto quer esteja em causa especialista. A colocação podiam vir a ter. A cada uma fenda Lábio Palatina de minúsculos tubos de dois anos, o Hospital ou apenas do palato, ventilação no tímpano Lusíadas Porto organiza como no caso do Gil. permite a drenagem de um colóquio sobre este A equipa do Hospital líquido do ouvido médio tema, e para a 4.ª edição, Lusíadas Porto “assenta para o canal auditivo que decorreu em março, num tripé básico: cirur- externo. foi preparada uma peque- gião, ortodontista e tera- “Os pais chegam-nos na edição de O Menino peuta da fala”. Mas é um sempre muito aflitos, que Queria ter o Céu na grupo multidisciplinar, que preocupados”, descreve Boca. “Ainda hoje não inclui ainda as especiali- Bessa Monteiro. O papel consigo ler o livro sem dades de Otorrinolaringo- dos médicos é “ajudar, me virem as lágrimas logia, Psicologia, Nutrição explicar-lhes tudo, fazer aos olhos”, confessa. 16 R E V I STA L U S Í A DA S

O Gil era um bebé muito pequenino e, quando passou no corredor, deitado na maca, ficou toda a gente a olhar para nós e senti vontade de desabar...” Márcia Silva para coisas tão simples como a importância do gatinhar. Que tipo de acompanhamento tem o Gil agora? A posição faz com que o peso da língua e do queixo em- M: O queixo dele já está completamente alinhado, o re- purrem o maxilar e ajudam a corrigir o prognatismo. São trognatismo desapareceu — muito devido ao trabalho de pormenores mas está tudo interligado. E a verdade é que, prevenção que a equipa fez connosco —, mas a fenda pode hoje, o Gil não é retrognata. Ficou tudo corrigido. ter consequências, provavelmente na fala. O Gil é visto pelo Dr. Bessa Monteiro uma vez por ano, é seguido tam- Que procedimentos implicou a cirurgia? bém por um otorrinolaringologista e um ortodontista, o M: O Gil foi operado no dia 10 de outubro de 2017, uma Dr. Rowney Furfuro. Tem tido um desenvolvimento su- semana antes dos nove meses. Chegámos ao Porto de vés- per positivo. É quase irónico, porque nós tínhamos mui- pera, muito ansiosos. Ele era um bebé muito pequenino e, to medo de que o Gil não conseguisse falar — porque há quando passou no corredor, deitado na maca, ficou toda crianças que não conseguem — e hoje é um tagarela. a gente a olhar para nós e senti vontade de desabar... Vê- -lo receber a anestesia foi um momento para esquecer. No Como surgiu o livro O Menino que Queria ter o Céu na final, tive um choque: entrei e ele estava todo ensanguen- Boca? tado, ao colo da anestesista, achei que tinha acontecido M: Quis escrever uma história simples, para exteriorizar algo... Depois, quando o Gil estava a despertar, tentávamos o que tinha sido a nossa luta e sobretudo para mostrar a cantar para o acalmar, mas ele não nos reconhecia, só cho- minha gratidão ao Dr. Bessa Monteiro e à sua equipa — e rava. Essas primeiras horas foram muito difíceis. Depois, fiz um texto para lhes agradecer e para um dia ler ao Gil. A as coisas melhoraram, recuperou muito bem. ideia do livro veio depois. O Dr. Bessa Monteiro respondeu- -me a dizer que tinha sido das homenagens mais bonitas que lhe haviam feito. As outras famílias insistiam para que partilhasse a história, a ilustradora Célia Fernandes dis- pôs-se a colaborar, o Hospital apoiou-nos e apresentámos o livro em março, na 4.ª edição do colóquio sobre Fenda Lábio Palatina, organizado pelo Hospital Lusíadas Porto. Foi arrebatador. As pessoas começaram a chorar, mas eu consegui aguentar-me e naquele momento senti, agradeci. Vai precisar de voltar a ser operado? Que mensagem passa esta história? M: É uma incógnita. Só com o crescimento se verá, mas se M: Que é possível superar, é possível lutar, é possível apa- o céu-da-boca for aumentando o suficiente para trás não nhar as tais estrelas e pô-las no céu da nossa boca. É uma será necessário. mensagem de esperança e de motivação. REVISTA LUSÍADAS 17

Tema de Capa Soluções que melhoram vidas Reorganizar as equipas para que o doente chegue mais rápido à sala de operações; desenvolver e aplicar técnicas cirúrgicas inovadoras; apostar em equipamento topo de gama e em recursos humanos altamente qualificados para tratar melhor. Exemplos de excelência clínica das equipas das Unidades Lusíadas de norte a sul do país que fazem a diferença. Por Ana Catarina André Fotografia Artur e Ricardo Meireles 18 R E V I STA L U S Í A DA S

Nuno Côrte-Real, Eduarda Reis e Maria João Centeno Fast Track do Colo do Fémur: mover Com a implementação o hospital em torno de um objetivo do Fast Track do Tratamento Cirúrgico HOSPITAL DE CASCAIS das Fraturas do Colo do Fémur, o tempo O DESAFIO. Quando uma pessoa idosa A ALTERAÇÃO. Com a implementação médio até à cirurgia entra nas Urgências com uma fratura do Fast Track do Tratamento Cirúrgi- diminuiu para 36,24 do colo do fémur a comunidade médica co das Fraturas do Colo do Fémur, o horas (valores de já sabe que todas as horas contam: a tempo médio até à cirurgia diminuiu 2018) quando, antes probabilidade de morte aumenta ex- para 36,24 horas (valores de 2018) do projeto, o Hospital ponencialmente quanto mais tempo quando, antes do projeto, a Unidade de Cascais demorava, demora a ser operada (o tratamento é demorava, em média, 80 horas. Já o ín- em média, 80 horas. sempre cirúrgico, salvo raras exceções). dice de mortalidade baixou para 0,2% A indicação da Administração Central em 2018. Como foi possível? “Aqui- ras do colo do fémur são uma urgên- do Sistema de Saúde é de que a cirurgia lo que se fez era aquilo que se fazia. cia – precisam de ser operadas nas pri- deva acontecer até 48 horas após a che- Faz-se é de uma forma mais organiza- meiras horas”, refere Nuno Côrte-Real, gada ao hospital, mas em 2015, no Hos- da, mais metódica, mais célere, e isso coordenador da Unidade Funcional de pital de Cascais, só 50% destes doentes mudou francamente o prognóstico Ortopedia, explicando que estas fratu- eram operados nesse intervalo. Mais: a destes doentes”, explica Eduarda Reis, ras são delicadas porque, normalmen- taxa de mortalidade intra-hospitalar diretora clínica do Hospital de Cascais. te, “são sintomas de uma situação mais destes doentes era de 8% em 2015, quando em 2012 se situava nos 3%. A ESTRATÉGIA. Primeiro houve uma Era preciso agir, concluiu a equipa do componente clínica. “Fizemos forma- Hospital de Cascais. A resposta a esta ção específica para os ortopedistas e os questão é hoje um caso de estudo. anestesistas, explicando que as fratu- REVISTA LUSÍADAS 19

Tema de Capa complicada”, que denotam a fragilidade fazer um algoritmo no processo clínico de saúde da pessoa idosa. Já a Unidade eletrónico do doente. “Logo que entra Funcional de Anestesia, de onde par- e é triado pelo enfermeiro com certas tiu o alerta inicial para esta questão, situações-chave, o sistema informáti- alterou a sua estratégia anestésica na co alerta para que possa ser uma fra- abordagem dos doentes permitindo tura do colo do fémur e dispara uma que fossem intervencionados mais série de alarmes, desde pedidos de cedo, aplicando o consenso existente análises, de radiografia, de aviso para entre a Sociedade Portuguesa de Anes- a anestesia, etc.”, explica Eduarda Reis. tesiologia e a Sociedade Portuguesa de Ortopedia na abordagem dos doentes RESULTADOS. Neste processo, que im- com fratura do colo do fémur, como plicou “mover o Hospital em torno de refere Maria João Centeno, coordena- um objetivo”, o sentimento é de dever dora desta Unidade Funcional. Mas as cumprido porque os resultados alcan- mudanças foram além destas equipas: çados são “extremamente gratifican- “Interviemos também com a Medici- tes”, diz Eduarda Reis. Mas a equipa na Interna. Toda a gente no Hospital clínica ambiciona mais – a meta é, de Cascais recebeu formação sobre a agora, fazer estas cirurgias até 24 ho- necessidade de levar os doentes o mais ras após a chegada do doente. Mais: rapidamente possível para o bloco este projeto está a servir de inspiração operatório”, recorda Nuno Côrte-Real. a outras áreas. “Estes exemplos são A equipa responsável pelo processo importantes porque fazem-nos pen- incluiu os departamentos de Orto- sar noutras situações em que podemos pedia, Anestesia, Medicina Interna e replicar este modo de fazer as coisas Direção da Urgência Geral, bem como para outras situações de urgência”, as Direções Clínica, de Enfermagem, revela Eduarda Reis, acrescentando de Produção, de Eficiência e Melhoria que os profissionais do Hospital de Contínua e de Sistemas de Informa- Cascais, tanto da área médica como ção. A tecnologia ajudou a simplificar de enfermagem, “são pessoas absolu- processos – o protocolo foi usado para tamente abertas à inovação”. Técnicas inovadoras para tratar a obesidade CLÍNICA DE STº ANTÓNIO O QUE É. Além de apresentar uma visão Ribeiro, coordenador do Centro e da holística sobre o tratamento de doen- Unidade de Cirurgia Geral da Clínica ças como a obesidade e a diabetes, o de Stº António. “É uma derivação de Centro Multidisciplinar da Doença uma técnica já existente (o chamado Metabólica da Clínica de Stº António minibypass gástrico) que elimina a sua distingue-se por um conjunto de abor- principal complicação (o refluxo biliar) dagens e técnicas cirúrgicas inovado- e que nos diferencia internacionalmen- ras. O bypass gástrico com bolsa longa, te. Está a ser usada em países como a desenvolvido para evitar o refluxo de França, Itália, Bélgica, Brasil, Índia e bílis para o estômago e o esófago após Turquia”, diz o médico, revelando que o procedimento cirúrgico para tratar a o avanço deu origem a um artigo na obesidade, foi criado em 2013 por Rui prestigiada revista Obesity Surgery. 20 R E V I STA L U S Í A DA S

O bypass gástrico A juntar à vanguarda cirúrgica pro- numa remoção parcial do estômago. com bolsa longa priamente dita, o Centro prima ainda Em poucos meses, passou de 108 para foi criado por pelos avanços na abordagem cirúrgi- 62 quilos. “Estou ótima agora. Tenho Rui Ribeiro. É ca. “Temos abordagens minimamente mais agilidade, sinto-me mais confiante uma derivação invasivas, como a cirurgia por mini- e com mais saúde. O facto de o Centro de uma técnica laparoscopia. Em vez de utilizarmos incluir acompanhamento nutricional e já existente instrumentos com 10 ou 5 milímetros psicológico, além do seguimento cirúr- e diferencia de diâmetro usamos de 3 milímetros, gico, foi fundamental”, diz. A opinião internacional- que deixa marcas quase impercetíveis.” é partilhada por Ana Silva, de 34 anos, mente o Centro Outra abordagem que reduz muito as que fez um bypass gástrico, outra téc- da Clínica de cicatrizes visíveis é a cirurgia transum- nica de tratamento da obesidade, e per- Sto António. bilical. Os cortes são feitos dentro do deu 71 quilos: agora pesa 82; em 2017, umbigo e utilizam-se dispositivos espe- a balança marcava 153. “Rejuvenesci. Rui Ribeiro, coordenador ciais que deixam o doente quase sem A minha autoestima melhorou, passei a do Centro Multidisciplinar cicatrizes, que ficam escondidas e in- conseguir fazer caminhadas. Sou outra da Doença Metabólica visíveis. “Esta modalidade é particular- pessoa.” Patrícia Coelho, de 25 anos, op- da Clínica de Stº António mente útil para tratar a diabetes tipo tou pelo mesmo procedimento. Chegou 2 em doentes sem obesidade severa.” a pesar 110 quilos. “Não tinha noção do quão doente estava. Comia muito, be- RESULTADOS. São inúmeros os doentes bia muitos refrigerantes e nunca me que atestam as mais-valias do Centro sentia cheia. Estava sempre cansada”, Multidisciplinar da Doença Metabó- conta a jovem, que colocou um bypass lica da Clínica de Stº António. Susana gástrico no verão de 2018. “Cumpri to- Nunes, de 40 anos, faz parte do grupo. das as recomendações médicas à risca Em 2018 foi submetida a um sleeve e hoje peso 66 quilos”, conta. “A equipa gástrico, procedimento que consiste do Dr. Rui Ribeiro salvou-me a vida.” Como tratar a fibrilhação auricular, a arritmia mais prevalente HOSPITAL LUSÍADAS PORTO O QUE É. A ablação por cateter é um Através da ablação por cateter utilizam- procedimento que pretende eliminar -se eletrocateteres (uma espécie de fios) de um modo preciso os estímulos elé- para chegar às veias pulmonares, onde tricos que promovem o aparecimento por norma está a origem do problema. de fibrilhação auricular, um tipo de Estima-se que este tipo de arritmia – a arritmia cardíaca em que os batimen- mais prevalente e com tendência para tos são completamente irregulares e aumentar de incidência – afeta cerca habitualmente rápidos, diminuindo a de 2,5% da população portuguesa aci- eficiência do coração. “As aurículas per- ma dos 40 anos. “A fibrilhação auricular dem a sua função mecânica, levando duplica o risco de mortalidade e aumen- ao abrandamento do fluxo sanguíneo, ta cinco vezes o risco de acidente vas- o que favorece a formação de coágulos cular cerebral. Também está associada dentro do coração que se podem des- ao aparecimento ou agravamento de prender e provocar um acidente vas- insuficiência cardíaca e de demência”, cular cerebral”, explica o cardiologista explica o especialista, acrescentando e eletrofisiologista Luís Adão, do Hosd-olesqtTeeeuqrmeuuoqamuetaciratasautibtraomrdenagtoemdemstualtpiadtioscloipgliiandare.ve pital Lusíadas Porto. si dellent, quo blautas inctae REVISTA LUSÍADAS acerum quam 21

Tema de Capa MAIS-VALIAS. Como explica Luís tecnológico. Os recursos humanos Luís Adão, cardiologista Adão, a ablação por cateter permi- também são de excelência, incluindo e eletrofisiologista do te controlar os sintomas da doença, três eletrofisiologistas cardíacos com Hospital Lusíadas Porto melhorar a qualidade de vida, dimi- formação em centros de referência nuir o número de hospitalizações internacional, nomeadamente em e baixar o risco de mortalidade em França e em Inglaterra. Conta ainda doentes selecionados. “A taxa de su- com a colaboração de um especialis- cesso esperada depende das caracte- ta em anestesiologia para permitir rísticas individuais de cada doente maior segurança ao procedimento e e do tempo de evolução da arritmia, contribuir para o conforto do doen- mas globalmente situa-se entre os te”, sublinha o cardiologista. 70%-80%. São raras as complicações graves”, sublinha o médico, referindo A ablação por cateter que este procedimento tem melhores permite controlar os resultados do que a toma de medica- sintomas da fibrilhação mentos. Ainda assim, “nos indivíduos auricular, melhorar a com maior risco de acidente vascular qualidade de vida, diminuir cerebral está indicada a prescrição de o número de hospitalizações anticoagulantes orais”. e baixar o risco de mortalidade em doentes Além da fibrilhação auricular, o selecionados. Hospital Lusíadas Porto destaca-se também no tratamento de outras arritmias. “Temos uma unidade de tratamento de arritmias moderna e bem apetrechada do ponto de vista 22 R E V I STA L U S Í A DA S

Cirurgia pioneira para tratar a hérnia discal lombar UNIDADES LUSÍADAS NO ALGARVE O QUE É. A Cirurgia Endoscópica da Co- pleta da dor.” O procedimento normal- luna é uma técnica endoscópica utiliza- mente é feito com anestesia local e em da na cirurgia da hérnia discal lombar regime de ambulatório. Exige os mes- que permite visualizar todas as estru- mos cuidados da cirurgia clássica à co- turas da coluna com um dispositivo luna, mas num período de tempo cerca com 6,6 milímetros de diâmetro e uma de 30% inferior. “O doente não deve fa- incisão na pele de apenas 1 centímetro. zer esforços durante cerca de 30 dias e Como explica o neurocirurgião Gonçalo deve retomar a prática desportiva após Neto d’Almeida, “o disco lombar é for- 60 dias de pós-operatório.” mado por um anel exterior resistente – o anel fibroso – e por uma estrutura VANTAGENS. Até há pouco tempo, a ‘gelatinosa’ no interior deste anel – o cirurgia da hérnia discal lombar era núcleo pulposo (semelhante a uma car- realizada com recurso à técnica aberta, tilagem de consistência mole)”. E acres- o que implicava uma recuperação de centa: “A hérnia discal existe quando há pelo menos dois meses e a administra- rotura do anel fibroso e o núcleo pul- ção de anestesia geral. Agora, graças à poso sai para o exterior, provocando técnica endoscópica, este período fica geralmente um processo inflamatório reduzido a três semanas. Mas não só: local muito intenso com eventual com- como a incisão é muito mais pequena, pressão do nervo ciático (que está em há um trauma muito mais reduzido contacto com o anel fibroso). A dor in- para todos os tecidos e estruturas, com tensa, em geral designada ‘ciática’, re- especial destaque para os músculos. sulta do somatório destes dois fatores.” E os resultados são os mesmos de um procedimento clássico, garante Gonça- EM QUE SITUAÇÕES ESTÁ INDICADA. lo Neto d’Almeida. “A tecnologia evolui Os doentes com hérnias discais nem em todas as especialidades no mesmo sempre têm indicação para cirurgia. sentido: cirurgia cada vez menos in- “Deve ser reservada como tratamento vasiva, em que os gestos são cada vez de última linha. Atualmente existem menos agressivos para o doente, com outras opções terapêuticas que podem incisões mais pequenas, implicando ajudar os doentes, como medicação, menos tempo de recuperação e maior fisioterapia, acupuntura e tratamen- qualidade de vida.” tos percutâneos (através da pele) para a dor”, refere o também diretor clíni- Gonçalo Neto d'Almeida, co das Unidades Lusíadas no Algarve, diretor clínico das Unidades acrescentando que a cirurgia como pri- meira opção é realizada em casos raros Lusíadas no Algarve em que existem défices neurológicos (por exemplo, diminuição da força Até há pouco tempo, a cirurgia da hérnia discal muscular do pé, incontinência uriná- lombar era realizada com recurso à técnica aberta, ria) ou em situações em que as pessoas o que implicava uma recuperação de pelo menos apresentam fragmentos volumosos de dois meses e a administração de anestesia geral. núcleo pulposo dentro do canal lombar. Agora, este período fica reduzido a três semanas. “Durante o procedimento, o cirurgião limita-se a remover a hérnia discal, ou seja, a descomprimir o nervo ciático, de modo a que haja uma regressão com- REVISTA LUSÍADAS 23

Regina Ribeiras, Apenas alguns hospitais, como cardiologista o HLL, dispõem de uma equipa no Hospital de cardiologistas dedicados Lusíadas Lisboa a ecocardiografia e com capacidade para realizarem ecocardiografia avançada. Cardiologia – Ecografia Cardíaca insuficiência cardíaca. Neste contexto “avançada”: ecógrafo topo de gama “pode ser uma ferramenta excecional- mente útil nas decisões de estratégia HOSPITAL LUSÍADAS LISBOA de intervenção na área da arritmologia, nomeadamente para implantação de O QUE É. Trata-se de um equipamento de ser usado na prática clínica diária, cardiodesfibrilhadores e de pacemakers ultrassónico que obtém imagens bidi- também é utilizado no planeamento de ressincronização”. mensionais e tridimensionais do cora- e monitorização de cirurgia cardíaca Mas não só, sublinha a médica. “Trouxe ção em movimento e em tempo real, e tratamentos de intervenção cardía- três inovações no domínio da interven- além de possuir software de análise ca por cateter, “permitindo aumentar ção cardiológica percutânea [implanta- sofisticado que permite realizar o que substancialmente a segurança das inter- ção de válvulas sem recurso a cirurgia se denomina de “ecocardiografia avan- venções e potenciando a melhoria de re- i.e., através da pele]: recebe em tempo çada”. O novo ecógrafo cardíaco do sultados”, salienta Regina Ribeiras, car- real a imagem da fluoroscopia durante Hospital Lusíadas Lisboa é um destes diologista do Hospital Lusíadas Lisboa. as intervenções por cateterismo, otimi- equipamentos topo de gama que, além “Se se pensar que as decisões durante os zando a comunicação do cardiologista procedimentos de intervenção podem de imagem com os cardiologistas de in- ter de ser tomadas em circunstâncias tervenção e garantindo melhores resul- de instabilidade do doente, percebe-se tados; permite realizar fusão do exame facilmente a importância de ter acesso de Angio-TAC com as imagens de eco a imagem cardíaca com elevado porme- em tempo real melhorando a navegação nor anatómico e funcional”, acrescenta. dos cateteres e, finalmente, a utilização de uma sonda neonatal que, usada em O novo ecógrafo cardíaco MAIS-VALIAS. “Este tipo de informa- adultos por via naso-esofágica, evita a do Hospital Lusíadas Lisboa ção é particularmente importante na anestesia geral mas mantendo toda a avaliação das doenças valvulares, so- informação de imagem.” Esta utilização bretudo na perspetiva de seleção e mo- avançada da ecografia em cardiologia, nitorização de intervenções cardíacas para diagnóstico ou intervenção, exi- por cateterismo”, diz a médica. O equi- ge não apenas o melhor equipamento pamento, que também funciona com re- mas sobretudo um elevado nível de curso a machine learning, permite fazer diferenciação e de especialização dos ainda a análise tridimensional da defor- cardiologistas que a utilizam, esclarece mação cardíaca, informação adicional Regina Ribeiras. “Apenas alguns hospi- que pode ser relevante em pessoas com tais, como o Hospital Lusíadas Lisboa, dispõem de uma equipa de cardiologis- tas dedicados a ecocardiografia e com capacidade para realizarem ecocardio- grafia avançada, conduzindo a diagnós- ticos mais corretos e a tratamentos car- diológicos com maior sucesso e menos complicações.” 24 R E V I STA L U S Í A DA S

{ Prevenção { Alimentação, bem-estar, desporto, trabalho... Nesta secção damos-lhe as ferramentas de que necessita para ter uma vida mais saudável. Todos os dias. Páginas 26 30 Medo: os Dieta vegetariana conselhos dos vs. dieta campeões para omnívora vencê-lo O que são, as vantagens e as Atletas das mais desvantagens de cada diferentes modalidades uma e os erros mais revelam as suas “armas frequentes. Também secretas” quando são respondemos a uma dúvida comum: é confrontados com saudável para uma o medo, bem como criança fazer um regime vegetariano? estratégias para evitá-lo. Visite o Blog Lusíadas para descobrir mais temas sobre prevenção

Prevenção Como os campeões ultrapassam o medo No desporto como na vida, saber gerir os receios e ansiedades é fundamental para alcançar o equilíbrio e atingir os melhores resultados. Dois velejadores, um kickboxer e um piloto contam a sua experiência. Por Ana Catarina André Jorge Lima e José Costa R E V I STA L U S Í A DA S 26

P revia-se que a tempes- tade chegasse a Palma de Maiorca, Espanha, às nove da manhã. Para con- seguirem treinar e regres- sar a terra a tempo naquele dia de in- verno, os velejadores José Costa e Jorge Lima foram para a água às sete da ma- nhã. O inesperado, porém, aconteceu. Em poucos minutos o vento aumentou de intensidade e as ondas foram fican- do cada vez maiores. Como não con- seguiam regressar a terra, desceram a vela grande da embarcação, mas sem apoio o barco virou-se: “A vela ficou a flutuar na água. Não a conseguíamos trazer para junto do barco. A tempes- tade estava cada vez pior e ia-nos em- purrando para a costa de escarpas”, recorda José Costa. “Estivemos cerca Foto: Ricardo Pinto, Portugal Sailing Team Quanto maior for o domínio Pedro Kol, kickboxer Nos treinos daquilo que é possível procuro simular dominar, mais confiantes A solução está em colocar o foco na- ao máximo o estamos e menos receio quilo que é possível controlar, garante. ambiente de temos.” “Quanto maior for o domínio daquilo competição para que é possível dominar, mais confian- saber bem José Costa, velejador tes estamos e menos receio temos.” o que virá.” Para Jorge Lima, que forma dupla com de hora e meia a lutar contra a natu- José Costa, na vela o maior inimigo é Pedro Kol reza. Quando decidimos que teríamos o clima que pode tornar-se agressivo, de cortar os cabos e perder a vela para como foi o caso. “Com os anos, ganha- 27 não embater nas rochas, apareceu mos maior capacidade de antecipação o treinador dinamarquês com quem e diminuímos os riscos”, diz. estávamos e conseguimos inverter a situação.” Com a ajuda de um barco Antecipar e treinar a motor, conseguiram puxar a vela para fortalecer a confiança maior do barco para o bote de apoio, e ganhar o controlo para voltar a terra Na vela, como noutras modalidades, o em segurança. medo pode ser paralisador, impedindo mesmo a progressão e a superação in- Numa situação limite como esta, dividual de cada atleta. Como explica José Costa e Jorge Lima não se deixa- a Psychology Today, trata-se de “uma ram vencer pelo cansaço. “Foi funda- reação vital ao perigo físico e emocio- mental manter a calma e gerir as for- nal” intimamente ligada à evolução ças para aguentar o tempo que fosse da espécie humana. Se não sentísse- necessário”, diz José Costa. “É preciso mos medo, não nos protegeríamos das respeito pela natureza, não medo.” ameaças, assegurando assim a sobrevi- vência. No desporto, está quase sempre REVISTA LUSÍADAS

Prevenção Estratégias para lidar Mário Patrão, piloto com o medo Siga as recomendações do Se souber que fiz tudo era fã de artes marciais. E acrescenta: National Health Service, o o que estava ao meu “Relativizar também ajuda. Às vezes, serviço nacional de saúde alcance, o meu chip muda penso que se estivesse na guerra seria britânico: e a confiança está lá.” muito mais difícil. Além disso, é preci- 1. Faça uma pausa para poder so estar ciente de que ter medo é abso- Mário Patrão lutamente natural.” encarar a situação com mais clareza; presente, não só pela possibilidade de O piloto Mário Patrão conta que 2. P rocure respirar de forma falhanço (medo de falhar), como tam- recorre à própria história para conti- profunda e pausada sempre bém pelo perigo inerente a muitas nuar a avançar. “As minhas origens que começar a sentir-se atividades. Um estudo realizado em são humildes e desde cedo tive de co- assustado; 2018, pela Faculdade de Motricidade meçar a lutar por mim. Creio que não 3. E nfrente aquilo de que tem Humana, da Universidade de Lisboa, tive a opção de ter medo. A minha mãe medo: é a melhor forma de feito com base numa amostra de 405 sempre me incutiu a luta e o trabalho ultrapassar a situação; atletas, concluiu que o medo de falhar como base de vida e isso ajudou-me a 4. Imagine o pior cenário, de está ligado à ansiedade, levando assim ser positivo”, afirma, contando que a modo a poder relativizar o a crer que pode condicionar os resulta- queda que sofreu no Dakar, em janei- que lhe poderá acontecer; dos desportivos. ro de 2019, terá sido provavelmente o 5. E ncare racionalmente aquilo momento da carreira em que teve mais que o assusta: assim poderá Cabe a cada um encontrar a me- medo. “Senti uma forte dor nas costas afastar pensamentos lhor estratégia para enfrentar o medo. e percebi que tinha a coluna fraturada. negativos; O kickboxer Pedro Kol, que pela na- Como sou uma pessoa calma e acima 6. N ão tente ser perfeito. tureza da atividade está habituado a de tudo paciente, procurei os meus mé- A ansiedade também faz combates duros e a adversários intimi- dicos de confiança na Lusíadas e entre- parte da vida; datórios, diz que o que assusta é o des- guei a minha sorte ao universo.” Ainda 7. P ense num sítio ou num conhecido. “É por isso que nos treinos que episódios como este possam ocor- episódio feliz; procuro simular ao máximo o ambien- rer, o segredo para minimizar receios 8. C onverse com alguém sobre te de competição para saber bem o que e ansiedades está no treino, garante. o que o assusta; virá”, afirma o atleta que, aos 8 anos, já “Se souber que fiz tudo o que estava ao 9. P rocure adotar uma rotina meu alcance, o meu chip muda e a con- saudável. Uma boa noite de fiança está lá.” sono, uma caminhada e uma refeição equilibrada são, R E V I STA L U S Í A DA S muitas vezes, uma grande ajuda para a ansiedade; 10. C uide de si, celebrando os seus sucessos. 28



Prevenção Dieta vegetariana vs. dieta omnívora Os riscos de comer apenas alimentos de origem vegetal são superiores aos de ingerir carne diariamente? E as vantagens de um regime em relação ao outro? Fomos comparar. Por Sara Capelo Uma dieta que do Hospital Lusíadas Porto. Guiados inclua carne ou pela especialista em Nutrição Clínica, outra apenas ba- comparámos em cinco pontos os dois seada em vege- regimes alimentares: tais? A pergunta é tão antiga que 1. E m que consiste até o terceiro a dieta omnívora Presidente dos e a dieta vegetariana? Estados Unidos da América, Thomas Jefferson, é recordado por ter ponde- Contrariamente aos herbívoros e aos rado qual destas duas opções seria a carnívoros, os omnívoros comem melhor para ele. O estadista acabou de tudo um pouco sem restrições, por se decidir por um meio termo: vi- incluindo produtos vegetais e ani- ver moderadamente, manter a carne mais, a partir dos quais metaboli- na dieta, mas apostar mais nos vege- zam os nutrientes. Já os vegetaria- tais. nos são tendencialmente herbívoros. “Independentemente do tipo de dieta, o importante é que seja va- riada, equilibrada e completa. Este último requisito é mais difícil de cumprir com a dieta vegetariana”, as- sume Alina Fernandes, nutricionista 30 R E V I STA L U S Í A DA S

Vegetarianismo Ainda assim, dentro deste regime ali- assimilação por esta via seja menor), a aumentar mentar apenas os veganos, isto é, os o principal problema é a ausência que seguem uma dieta vegetariana de fontes de vitamina B12, que só se Consome-se mais carne estrita, não consomem produtos de encontram nos produtos de origem mas também há mais origem animal. Quando os ovos e la- animal (carnes, aves, mariscos, ovos ticínios fazem parte da alimentação, e leite). Esta vitamina desempenha vegetarianos: é-se ovolactovegetariano. funções essenciais no organismo, • Em cinco décadas, a como a formação dos glóbulos ver- quantidade média de 2. E xistem vantagens melhos do sangue e do ADN ou o de- carne consumida por de uma dieta em relação senvolvimento e manutenção da in- pessoa aumentou de 23 à outra? tegridade do sistema nervoso central. kg em 1961, para 43 kg Como os ovos e o leite fazem parte em 2014. Em Portugal, Não necessariamente. “Qualquer da dieta dos ovolactovegetarianos, 2018 foi um ano recorde, uma delas pode ser perniciosa”, ex- conseguem cobrir esta necessidade. com um consumo de plica Alina Fernandes. Depende do Já os veganos necessitam de alimen- modo como os alimentos são selecio- tos enriquecidos (extrato de levedura, 117,4 kg por pessoa nados, confecionados, combinados bebidas vegetais, cereais de pequeno- (uma média de e consumidos ao longo do dia. Ain- -almoço) ou de suplementação duas da assim, a nutricionista clínica do a três vezes por semana, seguindo as 300 gramas por dia). Hospital Lusíadas Porto assume que recomendações de um profissional. A carne de porco é a é “mais difícil” para um vegetariano mais consumida, seguida seguir uma dieta “variada, equilibra- São também comuns os défices da e completa”. de vitamina D, zinco e iodo, cálcio, da de aves. alguns aminoácidos e ácidos gordos • Em simultâneo, 3. Quais são, então, as essenciais. aumentou o número carências de quem segue de vegetarianos: em cada um destes regimes? Para quem segue uma dieta om- setembro de 2017 eram nívora, as carências dependem da 120 mil, o quádruplo Se os vegetarianos podem obter fer- frequência com que ingere deter- de 2007, segundo a ro através do consumo de legumi- minados alimentos. Por exemplo, se consultora Nielsen. nosas ou oleaginosas (embora a sua não consumir peixes gordos e oleagi- Destes, 60 mil seguiam nosas, também pode ter ingestão in- uma dieta estritamente suficiente de ácidos gordos ómega-3. vegana. Era entre as mulheres e os jovens Independentemente (dos 25 aos 34 anos) que do tipo de dieta, o se encontravam mais importante é que seja variada, equilibrada e vegetarianos. completa. Este último requisito é mais difícil de cumprir com a dieta vegetariana.” Alina Fernandes, nutricionista do Hospital Lusíadas Porto REVISTA LUSÍADAS 31

Prevenção 4. Q uais são os erros mais Sabia que… Na dieta frequentes de quem Em 2015, a omnívora, segue uma e outra dieta? Organização Mundial o excesso da Saúde classificou de consumo Mais uma vez, tanto os omnívoros estes produtos, desde de carne e, como os vegetarianos cometem er- o bacon às salsichas, sobretudo, ros, explica a nutricionista clínica do como cancerígenos. de alimentos Hospital Lusíadas Porto. processados E, na Bélgica, um comité de espe- (charcutaria ou Na dieta vegetariana, o maior erro cialistas concluiu que “um regime enlatados), de todos é assumir-se que é a melhor restritivo provoca carências inevitá- pode levar ao opção para perder peso, quando veis”. Em Portugal, a Direção-Geral desenvolvimento muitas vezes acaba por ser mais ca- da Saúde não é tão restrita quanto de doenças. lórica devido ao modo de confeção as autoridades britânicas ou belgas, dos alimentos. E nem sempre os mas sugere sempre um planeamen- produtos de origem vegetal são mais to feito por um profissional de saúde saudáveis do que os de origem ani- para garantir que estão a ser ingeri- mal; alguns são até mais processa- dos os nutrientes necessários. Alina dos. Por fim, não se pode, como já foi Fernandes acompanha esta reco- descrito, fazer uma dieta totalmente mendação: as crianças devem seguir vegetal sem tomar suplementos nu- uma dieta vegetariana “apenas se os tricionais devidamente aconselha- pais forem devidamente orientados dos por um nutricionista. por um nutricionista com experiên- cia e se seguirem todas as recomen- Na dieta omnívora, o excesso de dações de suplementação”. consumo de carne e, sobretudo, de alimentos processados (charcutaria ou enlatados) pode levar ao desen- volvimento de doenças. Apenas um exemplo: em 2015, a Organização Mundial da Saúde classificou estes produtos, desde o bacon às salsichas, como cancerígenos. O problema está na quantidade consumida. E existe, entre os omnívoros, quem cometa o erro de não consumir produtos ve- getais suficientes, nomeadamente hortícolas e fruta, que fornecem vi- taminas, minerais e fibras necessá- rias para uma vida saudável. 5. Uma criança pode ser As crianças devem seguir uma dieta vegetariana vegetariana? “apenas se os pais forem devidamente orientados por um nutricionista\" O problema, explica Alina Fernandes, é que “pequenos comportamentos podem levar a défices nutricionais com um efeito irreversível no cresci- mento e desenvolvimento da crian- ça”. As autoridades de saúde do Reino Unido, por exemplo, não recomen- dam esta dieta a menores de 2 anos. 32 R E V I STA L U S Í A DA S

Blog Lusíadas A referência em saúde ESPECIAL BLOG LUSÍADAS Oftalmologia Como detetar e corrigir a miopia Além de sentir dificuldade em ver as imagens ao longe, quem tem miopia pode fechar os olhos para ver melhor e sentir dores de cabeça. Nas crianças, a doença pode passar despercebida, por isso tenha atenção se o seu filho esfregar muito os olhos, se se sentar muito próximo da televisão ou se não se aperceber da presença de objetos mais distantes. Com a ajuda de um oftalmologista fique a conhecer as várias formas de corrigir a miopia. Como prevenir o olho seco O olho seco pode provocar ardor e vermelhidão e, em alguns casos, visão desfocada. Por isso, além de recorrer à utilização de lágrimas artificiais, é importante adotar alguns comportamentos que garantam uma maior lubrificação ocular. Visite o Blog Lusíadas no nosso site para descobrir mais temas sobre saúde O BLOG LUSÍADAS É A ÁREA DO SITE ONDE PODE ENCONTRAR ARTIGOS E VÍDEOS DE SAÚDE EXPLICADOS PELOS NOSSOS ESPECIALISTAS. 33

ESPECIAL BLOG LUSÍADAS > OFTALMOLOGIA Especialidades em foco neste artigo: Oftalmologia Como detetar e corrigir a miopia A MIOPIA AFETA 20% A 30% DA POPULAÇÃO MUNDIAL E, EM MUITOS CASOS, MANIFESTA-SE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA. OS SEUS EFEITOS PODEM SER MINIMIZADOS COM ÓCULOS, LENTES DE CONTACTO OU CIRURGIA. Por Ana Catarina André Colaborações José Maia Sêco, oftalmologista do Hospital Lusíadas Lisboa e Clínica Lusíadas Almada Sabia que… Além da dificuldade em ver ao longe, a miopia também se pode manifestar através da necessidade de fechar parcialmente os olhos para ver melhor. 34

A miopia – uma doença contacto, que permitem que as ima- Siga-nos em www.lusiadas.pt que afeta a visão ao lon- gens que observamos sejam correta- ge – resulta de um erro mente focadas na retina. As lentes po- OUTROS ARTIGOS refrativo, ou seja, de uma dem ser usadas a partir dos 15/16 anos RELACIONADOS NO BLOG alteração na morfologia – até esta idade recomenda-se o uso LUSÍADAS do globo ocular. Os míopes têm o glo- de óculos – desde que sejam cumpri- bo ocular maior do que o normal ou a das as regras de higiene e utilização (à 11 doenças córnea (camada externa do olho) mais noite devem ser sempre retiradas, en- dos olhos mais curva do que devia, o que faz com que tre outras recomendações) e quando comuns a luz que chega ao olho não seja focada não haja contraindicações, como falta de um modo correto na retina – é por de lágrima ou existência de alergias. Sabia que as cataratas afetam 60% isso que estas pessoas têm uma visão É importante que exista um acompa- das pessoas com mais de 65 anos? desfocada ao longe. Embora não se co- nhamento médico regular que permi- E que a alergia ocular, a miopia e nheça a fundo a sua origem, pensa-se ta monitorizar eventuais problemas. o astigmatismo são, entre outras, que está associada a fatores hereditá- das doenças oftalmológicas mais rios. A utilização excessiva de disposi- A cirurgia é para todos? comuns? Conheça as causas e os tivos eletrónicos, como computadores, Outra forma de corrigir esta alteração tratamentos. televisores e telemóveis, pode agravar no globo ocular passa pela realização Para ler este artigo no nosso blog, a miopia. Por norma, surge durante a de uma cirurgia, que pode ser feita use este bitly ou código QR infância e a adolescência e tende a pro- através da colocação de uma lente (me- http://bit.ly/2OBJUPI gredir com o crescimento. nos comum) ou a laser (procedimento mais vulgar). Este tipo de tratamento Será que Sinais de alerta está indicado, sobretudo, para as pes- o meu filho Além da dificuldade em ver ao longe, soas com mais de 18 anos, com uma vê mal? a miopia também se pode manifestar graduação até oito dioptrias e estabi- através da necessidade de fechar par- lizada há, pelo menos, vinte e quatro Uma em cada cinco crianças tem cialmente os olhos para ver melhor. meses. Quem sofre de outras patolo- problemas de visão. Cabe aos pais Mas não só: muitas pessoas queixam- gias oculares, como doenças autoimu- estarem atentos, até porque o -se de dores de cabeça e sentem algu- nes sistémicas, doenças do colagénio diagnóstico precoce é fundamental. ma dificuldade quando conduzem, ou que não tem a córnea com a espes- Semicerrar os olhos é um dos sobretudo à noite. sura suficiente, não pode ser submeti- sintomas mais conhecidos, mas do a esta intervenção. “tiques” como esfregar os olhos Nas crianças, a doença pode passar são também sinais de alerta. despercebida. Daí a importância de Quando feita a laser a cirurgia Para ler este artigo no nosso blog, consultar um oftalmologista, para um dura entre quinze e vinte minutos use este bitly ou código QR rastreio oftalmológico, por volta dos e é realizada com anestesia local. http://bit.ly/336H0FF 3 anos. Os especialistas recomendam Através de um programa informáti- que os pais estejam atentos para ve- co, os médicos conseguem calcular 35 rem se os filhos fecham parcialmente com precisão o padrão de excisão os olhos, com frequência, se pestane- corneana que têm de corrigir – no jam muitas vezes, se não se apercebem fundo, o erro existente no globo da presença de objetos mais distantes, ocular –, de modo a devolver a visão se esfregam os olhos com regularidade normal. Os resultados são perma- e se têm tendência para se sentarem nentes na maioria dos casos – oito muito perto da televisão ou, na sala de em cada dez pessoas não voltam a aula, têm de se sentar nas filas mais usar óculos nem lentes de contacto próximas do quadro para consegui- após a cirurgia. Ainda assim, pode rem ler o que está lá escrito. haver uma regressão provocada, por exemplo, por uma gravidez ou alte- Óculos ou lentes? ração hormonal, que faz com que a A miopia pode ser facilmente corrigida pessoa volte a ver mal e tenha de através do uso de óculos ou lentes de usar óculos novamente.

ESPECIAL BLOG LUSÍADAS > OFTALMOLOGIA Especialidades em foco neste artigo: Oftalmologia Como tratar e prevenir o olho seco FAÇA PAUSAS AO LONGO DO DIA, EVITE AMBIENTES COM FUMO E AR CONDICIONADO E RECORRA A LÁGRIMAS ARTIFICIAIS, SE NECESSÁRIO. Por Ana Catarina André Colaboração Paulo Santos, coordenador da Unidade de Oftalmologia da Clínica de Stº António O s sintomas que provoca são sensação Pode estar associado ao uso de lentes de contac- de desconforto, secura, ardor e verme- to, ao tabagismo e à toma de alguns medicamentos lhidão ocular e, ainda que pareça um que podem reduzir a lubrificação dos olhos, como contrassenso, lacrimejo. Com alguma os antidepressivos, ansiolíticos, anti-histamínicos, frequência, surge também visão desfo- anti-hipertensores e diuréticos. Mas não só: a expo- cada ou flutuante (ora está bem, ora apresenta ima- sição à poluição, a ambientes com ar condicionado ou gens desfocadas que correspondem, exatamente, aos fumo do tabaco e o uso de cosméticos podem agra- períodos em que a lágrima se altera). Estas perturba- var o problema. Por outro lado, o olho seco pode ser ções visuais são mais marcadas quando se lê, utiliza causado por algumas doenças autoimunes (a artrite o computador, vê televisão ou conduz. O olho seco reumatoide e a síndrome de Sjögren, por exemplo) – doença que afeta entre 7,4% e 33,4% da população ou doenças da superfície ocular e cirurgia refrativa – ocorre quando o fluido lacrimal é insuficiente ou a corneana (como o LASIK). Mas, na maior parte dos sua composição se altera, limitando a qualidade de casos, o olho seco é uma consequência do envelhe- vida e afetando a realização de algumas tarefas do cimento – à medida que os anos passam, tendemos quotidiano. Nos casos mais graves, provoca dor ao a produzir menos lágrima e com menos qualidade. pestanejar, fotofobia intensa e pode conduzir a úlce- A menopausa também tem sido associada à síndro- ras e infeções na córnea. me de olho seco. 36

O tratamento Siga-nos em www.lusiadas.pt Para restaurar ou melhorar o fluido lacrimal é ne- OUTROS ARTIGOS RELACIONADOS cessário recorrer, em muitos casos, às lágrimas ar- NO BLOG LUSÍADAS tificias (evitando aquelas que têm medicamentos associados para diminuir a vermelhidão ocular). Conjuntivite: bacteriana O sucesso do tratamento depende, em grande me- ou viral dida, do seu uso prolongado e do cumprimento da posologia prescrita. Recomenda-se também que À inflamação da mucosa que reveste a face interna as pessoas associem medidas de higiene da pálpe- das pálpebras e a esclerótica do olho chama-se bra e evitem a exposição a ambientes poluídos ou conjuntivite. Pode ser causada por bactérias ou com ar condicionado e que adotem uma postura vírus, no caso das infeciosas, as mais frequentes. correta frente ao computador. Nas situações mais A conjuntivite alérgica é a mais comum nos outros graves, os médicos podem ter de efetuar a oclusão tipos. Pode ser provocada pelos pólenes, pelos dos pontos lacrimais, recorrer a colírio de soro au- alérgenos presentes no pelo do gato e por produtos tólogo e associar medicamentos tópicos, como é o em spray ou que entrem em contacto direto com o caso dos corticoides ou imunomoduladores. Os su- olho – como soluções para lentes de contacto. plementos de ácidos gordos ómega-3 podem ter al- gum efeito, embora não haja evidências científicas. Para ler este artigo no blog, use este bitly ou Quem trabalha frente ao computador código QR deve fazer várias pausas ao longo https://bit.ly/2HvNEfI do dia – por cada vinte minutos de utilização do computador. Passar uma aliança no olho faz desaparecer Prevenir o olho seco Sabia que… um terçolho? O olho seco pode Para evitar o desconforto e outros sintomas asso- ser causado por O bloqueio de uma ou mais glândulas que se ciados ao olho seco, é importante adotar alguns algumas doenças encontram no bordo e na espessura da pálpebra comportamentos que garantam maior lubrificação autoimunes, origina um pequeno abcesso, palpável, às vezes ocular. Quem trabalha frente ao computador deve como a artrite doloroso, na sequência da infeção causada pela fazer várias pausas ao longo do dia – por cada vinte reumatoide e bactéria Staphylococcus aureus. Os hordéolos minutos de utilização do computador, deve-se olhar a síndrome de externos são os mais frequentes, duram uma a três para um objeto afastado 20 pés (aproximadamen- Sjögren, por semanas e podem drenar de forma espontânea, te 6 metros) durante vinte segundos –, piscando os exemplo. com alívio da dor. O calor parece ter um efeito olhos e utilizando lágrimas artificiais, em caso de benéfico, o que originou a crença de que passar desconforto. Durante esse período, procure fixar uma aliança quente no terçolho ajuda a curá-lo. o olhar em objetos distantes. Verifique também se o ecrã está abaixo do nível dos olhos, para evitar Para ler este artigo no abri-los em excesso. Isto pode ajudar a desacelerar nosso blog, use este bitly a evaporação das lágrimas entre piscadelas. ou código QR https://bit.ly/327xJfp É fundamental evitar também ambientes po- luídos, espaços com ar condicionado ou outros aparelhos de aquecimento que agridem os olhos. Se se justificar, utilize um desumidificador para melhorar a qualidade do ar em sua casa ou no escritório. Ao ar livre, proteja os olhos do sol e do vento com óculos de sol. Beba, pelo menos, 1,5 litros de água por dia e procure fazer uma dieta equilibrada, rica em vitamina A (a cenoura e a ba- tata-doce são alguns alimentos a incluir na dieta). 37

Siga-nos em www.lusiadas.pt Blog Lusíadas: a referência em saúde No Blog Lusíadas, a que pode aceder a partir da página principal do nosso site – www.lusiadas.pt - vai encontrar os temas essenciais para a saúde e para o seu bem-estar explicados pelos especialistas das Unidades Lusíadas de todo o país. 700 ARTIGOS 4 GRANDES ÁREAS DOENÇAS PREVENÇÃO GRAVIDEZ CRIANÇAS E ESTILO DE VIDA E MATERNIDADE EXEMPLO EXEMPLO EXEMPLO EXEMPLO Enfarte: como identificar Magnésio: Os bebés têm febre As pistas que a criança os sintomas para que serve quando os dentes estão dá quando precisa de a nascer? atenção Uma dor intensa no peito costuma O magnésio atua na produção de me- ser o sinal mais frequente de en- latonina, o que beneficia a qualidade O nascimento dos dentes nos bebés Não existe uma manifestação específi- farte, mas não é o único. Aprenda do sono; na formação do colagénio, pode originar um aumento de tem- ca quando as crianças sentem a falta a identificar os sintomas porque, fundamental para os ossos, tendões peratura e uma “ponta de febre” da atenção dos pais, mas há alguns em caso de urgência, é muito im- e cartilagens e é até reconhecido por que preocupa sempre os pais. Mas indícios de que algo possa não estar portante atuar rapidamente - todos aliviar a intensidade das dores de ca- quando as crianças têm febre acima bem. Nas crianças mais pequenas, as os minutos contam. Nas mulheres, beça e das enxaquecas. Mas, como dos 38ºC, então a origem da febre birras excessivas e desadequadas à nos idosos e nos diabéticos, os sin- todos os minerais, não é produzido pode ser outra e o melhor é levá-los idade, e nas mais velhas a diminuição tomas podem ser atípicos, pelo que pelo organismo e tem de ser forne- ao médico. do rendimento académico são sinais a é essencial estar informado. cido através da alimentação ou de ter em consideração. suplementos. Para ler Para ler Para ler Para ler este artigo este artigo este artigo este artigo no nosso blog, no nosso blog, no nosso blog, no nosso blog, use use este use este use este este código QR código QR código QR código QR 38

{ Saúde e Inovação { Avanços científicos, novos tratamentos e todas as informações de que precisa para saber mais sobre a saúde de quem mais importa. A sua. 40Páginas 44 48 elsestmaeSmbmearspoabsrsmaieaaoqmqsrueueedmecenoóonrasislagt?or,uir Será que a Diagnóstico Congelar óvulos: memória nos precoce na artrite o que deve saber prega partidas? reumatoide Esta técnica pode As chamadas “falsas ser aconselhada em memórias” existem É uma doença algumas situações e as suas causas são autoimune, crónica como problemas de variadas. Descubra e com impacto na infertilidade, doenças por que acontecem e qualidade de vida. Por as consequências que isso, o diagnóstico genéticas, entre outras. Fique a saber podem ter nas precoce é muito nossas vidas. importante para dar em que consiste. uma resposta eficaz. Visite o Blog Lusíadas para descobrir mais temas sobre saúde

Saúde e Inovação Quando a memória nos prega partidas Sempre que nos lembramos de algo, estamos a reconstruir essa memória. E, durante o processo, essa recordação pode ser alterada. As memórias falsas podem ser inócuas mas também uma fonte de problemas. Por Nicolau Ferreira 40

Até onde podemos con- médio e longo prazo”, diz Pedro Cin- fiar na nossa memó- tra. Há outros tipos de classificação, ria? Desde a década de como a memória de trabalho, ligada 1970 que a investiga- ao número de coisas que consegui- ção científica começou mos memorizar num tempo imediato a revelar que podem e logo a seguir são esquecidas. existir “buracos” na memória e que o nosso conhecimento, crenças e expec- Ainda não se sabe como é que o tativas têm influência quando parti- cérebro guarda e gere toda esta infor- lhamos com os outros uma recordação. mação, até porque há diferentes áreas Na última década do século xx, a im- responsáveis por diferentes tipos de portância desta questão aumentou memória. “O córtex visual, para a 'me- quando se descobriu que era possível mória visual', o córtex parietal para a criarmos memórias falsas. localização espacial, o córtex pré-fron- tal para a memória de trabalho [usada Mas o que é uma falsa memória? no imediato]”, explica o psiquiatra. “É a evocação de um acontecimento que não ocorreu mas que o indivíduo Sabe-se ainda que a acetilcolina é tem a forte convicção de que aconte- um neurotransmissor importante na ceu. Refere-se não só à elaboração de formação de memórias. Contudo, isto memórias em torno de acontecimen- não chega para compreender o que é tos que ocorreram, mas também de a memória, ou seja, qual é o suporte acontecimentos que nunca tiveram fisiológico que nos permite lembrar- lugar”, explica-nos Pedro Cintra, mé- mo-nos de um aniversário importan- dico psiquiatra do Hospital de Cascais. te, de umas férias especiais ou de um acontecimento traumático. O que se A capacidade dos humanos de guar- sabe hoje é que, sempre que acede- darem informação que viveram é fun- mos a uma memória, há um processo damental para tudo, desde aprende- de reconstrução dessa lembrança es- rem qualquer assunto até possuírem pecífica, e nessa plasticidade cerebral uma narrativa lógica da sua própria podem entrar elementos novos que vida. “A memória pode ser definida não faziam parte da realidade. como a capacidade de adquirir, arma- zenar e recuperar ou, evocar, informa- Reconstrução de memórias ção. Consoante o tipo de informação, podemos falar em memória de curto, Num artigo de revisão de 2009 sobre falsas memórias, Eryn Newman, in- Uma falsa memória vestigadora na Universidade Nacional é a evocação de um da Austrália, e Stephen Lindsay, in- acontecimento que vestigador na Universidade de Vitória, não ocorreu mas que no Canadá, referem uma diversidade o indivíduo tem a forte de trabalhos científicos que revelam convicção de que como facilmente podemos alterar as aconteceu.” lembranças. Algumas experiências mostram que fabricamos memórias Pedro Cintra, psiquiatra falsas sobre nós, que permitem criar do Hospital de Cascais uma narrativa de melhoramento pes- soal ao longo do tempo. Outras expe- riências, focadas em memórias asso- ciadas a acontecimentos históricos, revelam que ao longo dos anos é possí- vel alterarmos a memória do contexto onde vivemos ou testemunhámos esse 41

Saúde e Inovação Químicos acontecimento histórico. Ou, de um ras. Neste sentido, as memórias falsas e memórias modo mais banal, contextualizamos podem ser importantes para formar- certas memórias com uma série de ele- mos uma narrativa de evolução posi- Há vários químicos que mentos de acordo com uma coerência tiva acerca de nós. Do ponto de vista interferem com as memórias, que atribuímos à realidade. social, podem ainda servir para nos alguns dos quais podem ser inserirmos com uma certa coerência usados a nível terapêutico. Um estudo de 1981 mostrou que as numa narrativa coletiva. Pedro Cin- “Após casos de violação, pode memórias que as pessoas submetidas tra dá o exemplo de alguém que teve ser administrado um beta- à experiência tinham de um escritório um acidente vascular cerebral e se -bloqueante, o propranolol, universitário tendiam a descrever uma esqueceu de onde esteve. Esse doen- que interfere na formação de imagem que já tinham desse tipo de te “pode ter a memória de que este- memórias. O seu uso é altamente sala. Assim, “'lembravam-se' frequen- ve internado no hospital quando, na controverso”, refere Pedro temente de objetos expectáveis mas realidade, não se lembra espontanea- Cintra. Outras substâncias criam que não estavam presentes, como li- mente de nada e a informação foi-lhe alterações percetivas, como o vros, e não se recordavam de objetos transmitida por familiares”. LSD, o ecstasy e a cocaína, e presentes mas que não eram expectá- “induzem memórias que podem veis, como uma cesta de piquenique”, Mas há casos em que o esque- ser consideradas falsas”. lê-se no artigo. cimento e a falsa memória podem estar associados a uma maneira de 42 Para que servem evitar a dor psicológica do trauma, o as falsas memórias que torna mais delicada a avaliação de certas situações, como o abuso se- Newman e Lindsay explicam que, na xual de menores. “Uma pessoa pode maior parte das vezes, a memória é recordar-se de ter sido abusada na confiável. Mas defendem que as me- infância por um vizinho quando, na mórias falsas fazem parte da capacida- realidade, o abuso foi cometido por de que temos de nos incluirmos numa um irmão”, exemplifica Pedro Cintra. narrativa temporal que começa no pas- Em situações como estas, que têm sado, passa pelo presente e corre para o um contorno jurídico, como é possí- futuro, e que nos permite, a partir das vel distinguir uma memória verda- memórias, elaborar cenários sobre as deira de uma falsa? “Nem sempre a consequências das nossas ações futu- distinção é fácil. Depende da infor- mação recolhida, do contexto, das incongruências e inconsistências do discurso e, em algumas circunstân- cias, de outros elementos legais, por exemplo a prova testemunhal.” R E V I STA L U S Í A DA S



Saúde e Inovação Artrite reumatoide: diagnóstico precoce é essencial Inflamação e dor nas articulações, dificuldade em abrir portas: estes são os primeiros sinais de uma doença incapacitante. Um diagnóstico precoce é fundamental para se dar uma resposta eficaz contra a artrite reumatoide. Por Nicolau Ferreira O que desencadeia uma de de Reumatologia do Hospital Lu- resposta do sistema síadas Lisboa. A membrana sinovial imunitário contra o é uma espécie de saco que existe nas próprio corpo é ain- articulações e que contém um líquido da alvo de muita dis- que permite lubrificá-las, ajudando- cussão, mas a artrite -as a manterem-se móveis. Na artrite reumatoide nasce desse fenómeno reumatoide, as células do sistema imu- enigmático. As células do sistema nitário atacam esta membrana conti- imunitário atacam as articulações, nuadamente, provocando uma infla- desenvolvendo inflamação, dor e mação. Se não houver uma regressão inchaço. Ao longo do tempo, este natural dos sintomas ou um tratamen- processo leva à destruição das to eficaz que diminua a inflamação, a articulações e dificulta a mobi- membrana transforma-se num tecido lidade das pessoas. Nas últimas semelhante ao de uma cicatriz. Esta décadas, a diversificação dos trata- mudança causa um dano irreversível à mentos aumentou as possibilida- cartilagem e à articulação, que se torna des de os médicos conseguirem um rígida e deformada. Ao longo do tempo, bom prognóstico para mais doentes. este anquilosamento faz atrofiar os te- No entanto, um diagnóstico precoce cidos da região em causa. é a melhor forma de se evitar e adiar os danos irreversíveis que esta doen- Como a doença atua ça provoca. Num primeiro momento, a artrite “A artrite reumatoide é a causa mais reumatoide costuma atacar as arti- frequente de reumatismo inflamató- culações das mãos e dos pés de um rio crónico, em que a nossa resposta modo simétrico. Depois, progride imunitária 'exaltada' se vira contra para os pulsos, os joelhos e os ombros. nós agredindo em particular as arti- Os pacientes começam por sentir dor culações através da sua estrutura mais e rigidez numa ou mais articulações, íntima, a membrana sinovial”, explica que ficam inchadas e quentes. A artrite António Vilar, coordenador da Unida- reumatoide pode ainda “afetar outros 44 R E V I STA L U S Í A DA S

Nas últimas décadas, a diversificação dos tratamentos aumentou as possibilidades de os médicos conseguirem um bom prognóstico para mais doentes. REVISTA LUSÍADAS 45

Saúde e Inovação A artrite reumatoide também é frequente”, elucida o reu- Num primeiro momento, é a causa mais frequente matologista. “Atinge, por isso, duas a doença costuma atacar as de reumatismo a três vezes mais as mulheres do que articulações das mãos e dos pés inflamatório crónico, os homens.” Em Portugal a prevalên- de um modo simétrico. Depois, em que a nossa resposta cia da doença é de 0,7%, o que signi- progride para os pulsos, imunitária 'exaltada' se fica que podem existir entre 50 e 90 os joelhos e os ombros vira contra nós.” mil pessoas com artrite reumatoide. Em dois anos foram observados mais dias, são um motivo para se ir ao mé- António Vilar, coordenador de 10 mil portugueses com a doença. dico, avisa o reumatologista. da Unidade de Reumatologia E para se ter uma ideia do seu impacto do Hospital Lusíadas Lisboa económico, o custo da perda de produ- O tratamento passa primeiro por tividade destas pessoas é cerca de 204 químicos contra a dor e que também órgãos, como os olhos, pele, coração, milhões de euros. reduzem a inflamação, como a aspiri- pulmões, glândulas salivares e lacri- na ou o ibuprofeno. Outros fármacos mais”, explica António Vilar acerca Por tudo isto, um diagnóstico são prescritos no curso da doença e desta doença muito incapacitante. “Os precoce é essencial para começar a servem para limitar a atividade do sis- doentes com artrite reumatoide são atacar a doença, reduzindo o proces- tema imunitário, como o metotrexato. os que têm pior qualidade de vida e so inflamatório antes de os primei- Este químico faz parte do grupo das maior incapacidade funcional”, avisa ros efeitos irreversíveis surgirem. drogas antirreumáticas modificadoras o médico. “O diagnóstico precoce faz-se com da artrite reumatoide, que demoram uma referenciação atempada ao reu- semanas a darem resultados. A artrite reumatoide parece es- matologista”, explicita António Vilar. tar ligada tanto à genética quanto A sensação de inchaço e calor nas ar- O efeito dos tratamentos é muito ao ambiente. Sabe-se que no caso de ticulações, as dores noturnas, a rigi- variado. Muitos pacientes conseguem gémeos verdadeiros, se um deles ti- dez matinal, a dificuldade em realizar desacelerar a progressão da artrite ver artrite reumatoide, o risco de o atividades quotidianas como abrir a reumatoide mas há quem não obtenha outro a desenvolver é de 20%. Por porta ou cortar o pão, são sintomas resultados. “Maior literacia em saúde outro lado, apesar de se desconhecer que, se aparecerem e durarem alguns e apoio social” são relevantes para o o que faz iniciar a reação autoimu- prognóstico, observa o médico. ne, há observações científicas que sugerem que as pessoas com artrite Avanços da ciência: reumatoide têm uma suscetibilidade tratamentos inovadores genética a ativadores que existem no ambiente, como os vírus, lê-se na en- Entretanto, há novos tipos de terapias que possibilitam alternativas para estes ciclopédia Britannica. Pensa-se, por doentes. “Os avanços mais recentes no tratamento têm a ver com a identificação isso, que quando são expostas a estes das diferentes moléculas da inflamação dirigindo contra elas anticorpos, enzimas ativadores se dê uma série de reações ou bloqueando recetores que intervêm no processo inflamatório”, explica António no sistema imunitário que desenca- Vilar. Estas moléculas “são, por isso, mais dirigidas e seletivas para o processo deia a inflamação. inflamatório e de desregulação imunitária em curso, resultando daí maior eficácia com menos efeitos adversos”. A artrite reumatoide “inicia-se qua- se sempre entre os 30 e os 50 anos, mas após a menopausa [nas mulheres] 46 R E V I STA L U S Í A DA S



Saúde e Inovação C ongelar óvulos não garante uma gravidez, mas pode ser Congelar óvulos: uma solução com alguma uma solução probabilidade de sucesso para quem? para as mulheres que re- ceberam tratamentos gonadotóxicos O processo é feito em regime de ambulatório (quimioterapia, radioterapia pélvica), e sob sedação. Está indicado para mulheres que foram submetidas a cirurgias re- com doença oncológica, patologias genéticas petidas aos ovários, mas também para e problemas de infertilidade, mas não só. as que têm problemas de infertilidade (endometriose, por exemplo) e sofrem Por Ana Catarina André de doenças genéticas, como a monos- somia do cromossoma X. Não deve, 48 porém, ser uma solução para quem apenas deseja adiar a maternidade, sublinha Daniela Sobral, ginecologista obstetra do Hospital Lusíadas Lisboa, uma vez que “ainda não há dados su- ficientes que permitam recomendar o congelamento de ovócitos” nestes ca- sos. “A gravidez tardia está associada a maiores riscos para a grávida e o feto”, acrescenta a ginecologista especializa- da em Medicina da Reprodução. Como explica a médica, “a colheita dos óvulos é realizada após uma esti- mulação ovárica com injeções hormo- nais subcutâneas que dura entre 10 a 15 dias e durante a qual são realizadas ecografias e análises”. O processo é fei- to em regime de ambulatório e realiza- do sob sedação. Os óvulos são depois vitrificados, “um processo com uma taxa de sobrevida maior” por compa- ração ao congelamento lento, outra técnica existente. Para que tenha maior hipóteses de sucesso, o congelamento deve ser feito entre os 25 e os 35 anos. “Aos 40 anos, se se conseguirem congelar dez ovócitos a probabilidade de se con- seguir uma gravidez é de 30%. Aos 44 anos essa probabilidade com os mesmos dez ovócitos diminui para 20%”, explica, sublinhando que aos 35 anos essa probabilidade seria de 70%. Ainda que os óvulos possam fi- car congelados durante muito tempo, ao fim de cinco anos é preciso assinar um novo consentimento para manter a criopreservação. R E V I STA L U S Í A DA S

{ Sabemos Cuidar { Novidades, inovações e os rostos desta equipa que todos os dias cuida de si nas Unidades Lusíadas de norte a sul do país. Maquete de uma das salas de espera do futuro Hospital Lusíadas Braga Páginas 58 60 68 70 Clínica Lusíadas Novo Hospital Hospital Lusíadas Clínica Sacavém com Lusíadas Braga Lisboa com nova da Insuficiência oferta reforçada A nova Unidade direção clínica Cardíaca Lusíadas resulta de uma A nova área de A pediatra Margarida No Hospital de Cascais Medicina Física e de parceria com a Santa Lobo Antunes é a os doentes com Reabilitação da Clínica Casa da Misericórdia de Lusíadas Sacavém tem Braga e vai ocupar parte nova diretora clínica insuficiência cardíaca valências de fisioterapia, das antigas instalações do Hospital Lusíadas são acompanhados terapia ocupacional e Lisboa, sucedendo a terapia da fala e está do Hospital Leopoldo Matos que por uma equipa instalada num edifício de São Marcos. vai integrar um novo multidisciplinar que independente, junto Conselho Consultivo agrega especialidades refceLorumêsníahcdioaasspeimStaaBlúrddaeega como a Cardiologia, à Clínica. do grupo. a Medicina Interna ou a Pneumologia. Visite o nosso site para saber mais novidades sobre o universo Lusíadas

Clínicas Lusíadas celebram Foram usados jogos e desafios com o objetivo Dia da Criança no Almada Forum de desmistificar o medo dos cuidados de saúde A 1 DE JUNHO, para celebrar o Dia Mundial da Criança, as equipas das Clínicas Lusíadas Almada e Parque das Nações montaram um espaço para os mais pequenos, no Almada Forum, onde simularam um serviço de urgência com triagem, avaliação médica, sala de tratamentos, sala de observações e até cuidados intensivos. A iniciativa, intitulada \"As Clínicas do Vasco\", levou cerca de 200 participantes a cuidarem de alguns bonecos, entre peluches e dinossauros que, como explica a médica Sofia Couto da Rocha, “apresentavam problemas comuns entre os humanos, como dor de barriga por ingestão de excesso de chocolate ou alteração na cor da pele depois de um dia de praia”. E conta: “As simulações de paragem cardiovascular criaram momentos de suspense e diversão.” “Nesta ação foram usados jogos e desafios com o objetivo de desmistificar o medo dos cuidados de saúde, dos profissionais e da visita ao médico”, refere o enfermeiro Fernando Carvalhão, coordenador de enfermagem da Clínica Lusíadas Almada. O dia – acrescenta – “teve ainda um cariz educativo, com especial enfoque na saúde oral, na alimentação saudável e nos cuidados a ter na praia”. Não foram apenas as crianças que tiraram proveito da iniciativa, refere Sofia Couto da Rocha. “Os pais mostraram orgulho ao verificarem que os seus filhos também Sabem Cuidar.” Curso de primeiros socorros e segurança infantil A CLÍNICA LUSÍADAS PARQUE e confiantes. Em situações alguns sinais da doença como febre, de verdadeira emergência, a vómitos e diarreia e apresentámos os DAS NAÇÕES disponibilizou um curso informação do que pode e deve acidentes mais frequentes em crianças sobre primeiros socorros pediátricos e ser feito pode salvar vidas”, e algumas estratégias preventivas.” segurança infantil. explica a enfermeira Inês Rama, O objetivo foi que, no final, os “É fundamental que os pais, perante as uma das responsáveis pela participantes soubessem como ajudar pequenas eventualidades do quotidiano iniciativa que decorreu os mais pequenos em caso de doença que envolvam as suas crianças e bebés, no Parque das Nações. ou sintomas repentinos. saibam como atuar e se sintam seguros O curso, que incluiu temas Composto por duas sessões, cada uma tão diferentes como fraturas, de quatro horas, o curso destinou-se traumatismos, afogamentos, a pais, avós e também a educadores alergias, feridas, queimaduras de infância, professores e auxiliares de e picadas de insetos, foi lecionado por educação. Mas não só, como sublinha uma equipa multidisciplinar composta a enfermeira Sofia Santos Domingues: por médicos e enfermeiros. “Foram “Pode ser útil igualmente para todos abordados princípios e noções gerais os profissionais que pretendam estar sobre socorrismo”, diz o enfermeiro dotados das competências necessárias Fernando Carvalhão, coordenador para a eficaz prestação de cuidados em de enfermagem da Clínica Lusíadas caso de acidente com crianças, até à Almada. E acrescenta: “Falámos de chegada de equipa diferenciada.” 50 R E V I STA L U S Í A DA S


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