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Livro. História 6 ano

Published by lucasgrisotti15, 2023-07-20 13:35:28

Description: Livro. História 6 ano

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de sacrifícios humanos, que eram realizados LINK COM GEOGRAFIA Dialogando com a História / 6o ano no alto de seus templos religiosos em forma de pirâmides. Durante o ritual do sacrifício, Cenotes são grutas ou eram oferecidos prisioneiro de guerra ou cavernas que formam pisci- mesmo jovens virgens. Os sacrifícios eram nas cristalinas provenientes feitos através da retirada de seus corações das águas das chuvas. São no altar cerimonial, ou por afogamento den- formações naturais encontra- tro dos cenotes sagrados. das principalmente na Penín- sula de Yucatán no México. Os maias possuíam estudos muito sofis- ticados para a época nas áreas da matemá- 101 tica, astronomia, engenharia e arquitetura. Confira alguns desses avanços: Matemática Seu sistema numérico tinha como base o número 20, diferente do nosso sistema que é decimal (tem por base o número 10). Dessa forma este número era considerado especial, pois além de ser a base de seus sistema matemático também simbolizava a espécie humana, que possui 20 dedos. Os numerais maias eram representados de for- ma muito diversa à nossa, sendo que assim como os olmecas, também possuíam um símbolo específico para representar o nú- mero zero. Astronomia Os maias foram excelentes astrônomos, construindo diversos observatórios espa- ciais, chegando a prever com exatidão a data de epclipses lunares e solares. Possuíam um calendário civil, que regulava a agricultura e a economia e que, por ser baseado no sol, tinha como duração 365 dias (período que a Terra demora para dar a volta ao redor do Sol). Já o calendário religioso, que regulava as festas cerimoniais e sacrifícios aos deu- ses, por ser baseado na lua possuía 260 dias divididos em 13 períodos de 20 dias cada.

Coleção História Reflexiva Sistema de escrita Vaso de cerâmica com escrita maia. Os maias não possuíam um sistema alfabéti- Pirâmide de Kukulcan em Chichen Itzá, México. co, sendo sua escrita formada por caracteres que representavam símbolos e sons. Ela era utilizada No seu livro digital, em ví- para registrar a passagem do tempo, importantes deos, assista sobre a Pirâ- eventos da cultura maia e mesmo a vida cotidia- mide de Kulkulcan em Chi- na. Infelizmente a grande complexidade da escrita chen Itzá, no México. maia impede que os estudiosos consigam deci- frá-la por completo, visto que um mesmo caracter pode ter diversos significados e mesmo sons. Arquitetura Os maias eram excelentes engenheiros e ar- quitetos tendo construído grandes templos em forma de pirâmide, estádios para o jogo de pelota maia (seu esporte predileto) assim como palácios. O material predominante destas construções era a pedra calcária, abundante na região da Meso- américa. Dentre todas as construções maias, a que mais chama atenção e impressiona é a pirâ- mide de Kukulcan, em Chichen Itzá, no México. Isto porque esta obra congrega arquitetura, mate- mática e astronomia. Este templo, constuindo em honra ao deus Kukulcan (a serpente emplumada) conta com quatro escadarias, cada qual com 91 degraus, além de um degrau comum a todas, no topo da pirâmide e centro cerimonial. Somando- -se os degraus temos o número 365, simbolizan- do o calendário civil e os dias que a Terra demora para dar a volta ao redor do sol. Mas não é apenas isto. Nos equinócios de primavera e outono, a pro- jeção específica dos raios do sol sobre o hemisfé- rio Norte forma, em seu entardecer, uma sombra especial sobre a pirâmide, que dá a impressão de que o deus Kulkulkan está se formando na esca- daria! Turistas de todo mundo se reuniem duran- te o equinócio, para assistirem a este espetáculo na pirâmide. Mas você é nosso aluno e alunaVIP e não precisa nem ir para o México para presenciar esta maravilha! Que tal assistirmos todos juntos no nosso livro digital? 102

Que tal colorirmos o ca- Dialogando com a História / 6o ano lendário maia ao lado? Estátua de cerâmica de um guerreiro asteca. O declínio maia ainda é um mistério para os historia- dores, pois quando os espa- nhóis chegaram ao México, as principais cidades maias haviam sido abandonadas. Acredita-se que longos perí- odos de seca e guerras cau- saram mortes, doenças e mi- grações da população maia para outras regiões, tendo os sobreviventes integrado-se a outras culturas, em especial a asteca. ASTECAS Os astecas foram uma importante civili- zação que se desenvolveu no México, e que teve seu apogeu no século XIV, quando o im- pério atingiu a soma de aproximadamente 11 milhões de súditos! Por ser uma cultura rela- tivamente mais recente que a olmeca, tolte- ca e maia, quando os espanhóis chegaram na América entraram em contato com esta civilização gerando choques culturais e sua posterior dominação. Por outro lado, este contato fez com que pudessemos conhecer melhor esta cultura. Ao contrário dos maias, os astecas for- maram um império unificado tendo por capi- tal a cidade de Tenochtitlán, atual Cidade do México. Eram politeístas tendo como princi- pal divindade o deus Huitzilopochtli, deus do sol, das guerras e dos sacrifícios humanos. Ou seja, os astecas também faziam sacrifí- cios cerimoniais, no topo de suas pirâmides, principalmente de povos inimigos captura- dos em combate. Outra semelhança com os maias é a sociedade hierarquizada, neste caso tendo o imperador como líder supremo 103

Coleção História Reflexiva e representante dos deuses, além de con- tar com uma elite sacerdotal e da nobreza. A maior parte da população era de camponeses Escrito asteca relatando a lenda da fundação de e a base econômica do império era a agricul- Tenochtlán. tura com destaque para o cultivo de diferentes Obra de Diego Rivera no Palacio Nacional, Mexico. espécies de milho. Cidade Asteca de Tenochtitlan, No campo cultural desenvolveram uma forma de escrita em forma de glifos, que não precisava seguir uma ordem pré-estabeleci- da, mas era escrita de forma a fazer sentido e transmitir a ideia desejada. Sobre o suporte para seus escritos, os astecas desenvolve- ram uma espécie de papel vegetal que lem- bra muito o papiro egípcio, mas que era feito a partir de lascas de cactos. Assim como os maias, também desenvolveram um calendário circular muito avançado para a época e que contabilizavam o ano civil em 365 dias. Uma informação interessante é que a bandeira do México provém de uma lenda asteca, quando no início de sua civilização o deus Huitzilopochtli anunciou aos sacerdotes que os astecas deveriam migrar pelo território em busca da terra sagrada em que deveriam fundar a sua capital, que daria origem a um grande império. O sinal de onde eles deveriam se estabelecer seria dado através de uma águia que, pousada em um cactos estaria de- vorando uma serpente. Este sinal específico demorou centenas de anos para ser avistado, mas estima-se que em 1325 d.C.ele foi visto em meio a uma pequena ilha no lago Texcoco (atual cidade do México). Foi desta forma que os astecas construíram uma linda capital em meio ao lago, através da construção de ilhas artificiais chamadas chinampas. Esta capital, denominada Tenochtitlán impressionou mui- to os espanhóis que desembarcaram no ter- ritório em 1521, pois possuía mais de 150 mil habitantes, era ligada por avenidas pluviais, além de ter diversos templos e palácios. Infelizmente, após a conquista dos aste- cas, os espanhóis aterraram o lago Texcoco e mudaram o nome da capital para Cidade do México. Como os astecas eram muito im- 104

perialistas, conquistando povos vizinhos e Retrato do Imperador Inca Manco Cápac datada Dialogando com a História / 6o ano obrigando-os a pagar tributos ao imperador, do século XVIII. isto foi usado contra eles quando da con- quista espanhola, pois os europeus fizeram Mapa extensão do Império Inca. alianças militares para obter ajuda dos po- vos subjugados pelos astecas. INCAS Agora vamos conhecer uma outra im- portante civilização pré-colombiana, mas que não se localizava na Mesoamérica, e sim na América do Sul. Estamos falando do po- deroso Império Inca que se desenvolveu nos atuais territórios do Perú, Colombia, Chile e Argentina, aproximadamente no ano mil de nossa era. Assim como os astecas, os incas formaram um império unificado ao qual de- nominavam de Tawantisuyu (em quéchua, seu idioma nativo, o império das quatro dire- ções). Sua capital Cusco (que significa um- bigo do mundo), abrigava a corte do Sapa Inca, título que o imperador recebia e que colocava-o como representante do deus sol. O império inca era muito, muito vasto, con- tando com mais de 4 mil kilômetros de ex- tensão interligados por estradas de pedras que até hoje sobrevivem ao tempo e podem ser utilizadas! Parte da comunicação entre este vasto império era feita através de ani- mais típicos da região: as lhamas e alpacas. É importante salientar que além de serem utilizados para o transporte, estes animais forneciam matéria orgânica para adubar a terra (através de seus escrementos), assim como lã para a fabricação dos tecidos. Os incas conseguiram formar seu exten- so império através de guerras contra outros povos da região. Por seu caráter imperialis- ta e bélico, os incas subjulgavam os outros povos nativos que, uma vez conquistados, passavam a dever obediência, trabalho e impostos ao imperador. O trabalho que eles deveriam realizar na construção de obras públicas, principalmente estradas era co- 105

Coleção História Reflexiva nhecido como mita, e o chefe local de cada Terraços agrícolas do Império Inca. região, o kuraca, era o responsável por con- vocar os trabalhadores e supervisionar as Uma das crianças incas, conhecidas como Múmias obras. de Salta. No campo econômico, tinham como No seu livro digital, em pesquisas, base a agricultura com destaque para o veja mais sobre as Múmias de Salta. cultivo do milho, pimentas e batata. Como grande parte do território ficava na região andina, para facilitar a agricultura em terre- no íngreme os incas construíram uma espé- cie de terraços que eram compartilhados pelas comunidades para cultivo coletivo. O nome de cada comunidade chefiada pelo kuraca era ayllus e muitos deles tinham vín- culos ancestrais de parentesco. O Império Inca era formado, portanto, por centenas de milhares de ayllus espalhados por todo ter- ritório. No campo cultural, não chegaram a desenvolver uma forma de escrita, porém possuíam uma espécie de registro da popu- lação (censo) muito avançado para a época, conhecido como quipus. Os quipus eram um conjunto de cordas de fibras vegetais que possuíam uma grande variedade de nós e cores, usados para determinar o número da população por região, bem como a con- tagem de impostos. Já no quesito religiosos, os incas eram politeístas tendo como principais divinda- des o deus criador Viracocha, o deus sol Inti e sua esposa a deusa da lua Mama-Kilya, bem como a deusa da terra, Pachamama. Também realizavam sacrifícios humanos, mas ao contrário dos maias e astecas que envolviam sangue, os sacrifícios incas eram feitos, na maioria das vezes, no topo dos an- des onde suas vítimas adormeciam e acaba- vam morrendo por hiportemia. Ficou curio- so para saber mais sobre estes rituais? Que tal conhecer a história das múmias de Salta, sobre três crianças incas entregues para o sacrifício e que acabaram sendo preserva- das pelo gelo? Basta acessar ao seu livro digital no box ao lado. 106

Por fim, ainda no que se refere à reli- LINK COM CIÊNCIAS gião, os incas possuíam uma cidade sa- grada, Machu Pichu, nome este que era Hiportemia é quando a tem- proibido a qualquer inca pronunciar, por peratura corpórea cae para me- ser considerado exclusivo dos deuses e da nos de 350. Isto pode ser letal, elite. A esta cidade só tinham acesso a cas- pois somos uma espécie home- ta sacerdotal e parte da nobreza. otérmica, ou seja, precisamos manter nossa temperatural cor- Nela, faziam-se rituais religiosos e de poral entre 360 e 37,50 para que purificação. Esta cidade era tão exclusiva e nosso corpo possa funcionar misteriosa que nem mesmo os espanhóis, normalmente. As múmias de Sal- após conquistarem o Império Inca, conse- ta faleceram devido à terem ador- guiram ter acesso à ela. Apenas no ano de mecido sob baixas temperaturas. 1911 a cidade foi oficialmente redescoberta em meio aos andes peruanos, pelo arque- Dialogando com a História / 6o ano ólogo americano Hiram Binghan, compro- vando que a lendária Machu Pichu era de fato real! Hoje em dia milhares de turistas que visitam o Perú se maravilham com esta obra prima da humanidade. Que tal colorir a cidade sagrada de Machu Pichu, abaixo? 107

REGISTRANDO E AMPLIANDO HORIZONTES Quanta riqueza e diversidade envolvendo as culturas do nosso continente, você não acha? Chegou a hora de consolidar tudo o que aprendemos ao longo dessa viagem pelas Américas! Registre as respostas em seu caderno, que logo logo virá o momento da cor- reção coletiva. 1. Explique o conceito de Mesoamérica e o por quê é importante para o estudo dos po- vos pré-colombianos. 2. Sobre os povos Pré-colombianos que estudamos, preencha a tabela de acordo com o que se pede (algumas informações já estão preenchidas): Região que Base Religião Achados ar- Informações queológicos importantes habitaram econômica Coleção História Reflexiva Olmegas Tostecas Maias Astecas Incas 108

3. Cite e explique duas características que os povos pré-colombianos tinham em co- mum? 4. Por que é tão difícil termos certeza sobre o modo de vida e crenças dos povos nativos da América? 5. Explique a origem do brasão da bandeira do México. 6. Dê um exemplo que comprova serem os maias excelentes astrônomos e arquitetos. 7. Sobre os Incas, explique o que era: a. Inca b. Ayllus c. kuraka d. Mita e. Quipus 8. Podemos dizer que as sociedades nativas da América eram igualitárias? Justifique sua resposta. 9. Escreva um belo parágrafo explicando o que podemos aprender com as civilizações nativas da América. Que tal finalizarmos este capítulo escolhendo uma das civilizações pré-colombianas Dialogando com a História / 6o ano para construir um mapa mental? Mãos-à-obra! 109

Idade Média: Capítulo principais características 8 do Mundo Feudal Coleção História Reflexiva MOTIVANDO A PENSAR A Idade Média é conhecida como o período da história, que durou entre os séculos V e XV, tendo início com a queda do Império Romano do Ocidente, e fim quando o Império Turco-Otomano conquista a cidade de Constantinopla. Como este período histórico é muito longo, compreendendo dez séculos, ele foi dividido em duas fases, que contém características econômicas e sociais específicas. Longe de querer aprofundar a história de mais de mil anos em que a Europa viveu neste período, nossos estudos nesse capítulo terão como foco conhecer um pouco mais de suas principais características.

Começando nossa história do início, a queda do Império Romano se deu em decor- Dialogando com a História / 6o ano rência de um período de grave crise devido ao aumento dos gastos públicos para vigiar as fronteiras do vasto império, corrupção da classe política, inflação, revoltas sociais e dimi- nuição da mão-de-obra escrava, visto que Roma não tinha mais condições de fazer guer- ras para escravização. Um fator externo que serviu como golpe final para esta situação foram as sucessivas invasões dos povos germânicos. Os germânicos eram populações provenientes de diferentes regiões europeias como a atual Alemanha, Luxemburgo, No- ruega, Suécia, partes da França e da Inglaterra. Muitos deles já viviam dentro do território romano, e até mesmo faziam parte de seu exército. O fato da grande maioria dos germânicos, que viviam fora das fronteiras do império, não possuírem a cultura romana e nem dominarem o latim, fazia com que os romanos se referissem a eles pejorativamente como bárbaros. Muitas invasões germânicas tinham como objetivo a conquista e tomada do território, enquanto outras visavam saquear as cidades, confiscando riquezas e alimentos, além de causar grande caos e violência. Lem- bremos que os romanos para formarem seu vasto império também foram extremamente violentos em suas guerras de conquista. A questão é que o medo da eminência de novas invasões germânicas fez com que parte da população abandonasse as cidades e fosse se abrigar nos campos no interior, que não eram tão visados pelos invasores. Começava desse modo o lento processo de ruralização, que faria com que a Europa Ocidental gradativamente tivesse sua vida cada vez mais voltada para o campo, culminando no processo de formação dos feudos. Deu-se assim o início do primeiro período da Idade Média, conhecido como Alta Idade Média que será marcado pela formação de novos reinos e do surgimento do sistema feudal. REINOS GERMÂNICOS Mapa do Reino Franco Com o fim do Império Romano e a o ocupação dos povos germâ- nicos iniciou-se sucessivamente a formação de novos reinos. Um dos que mais se destacou foi o Reino Franco, fundado no século V pela tribo germânica dos francos, na região da atual França. Um de seus mais importante reis, da di- nastia merovíngia, foi Clóvis que por volta do ano 495 converteu- -se ao cristianismo estabelecendo uma aliança com a Igreja, formando com isso um reino forte em torno da religião. 111

Coleção História Reflexiva Um importante momento do Reino Franco Retrato do imperador Carlos Magno feito pelo artista foi quando Carlos Martel, um dos funcionários Albrecht Dürer. reais da dinastia merovíngia (que governava Dinâmica relação suserania-vassalagem o Reino Franco desde sua criação) barrou o avanço islâmico, dos árabes que estavam con- quistando toda a Península Ibérica chegando ao territória da França, coração do Reino Fran- co. Isto ocorreu com a vitória na Batalha de Poi- tiers, em 732. Carlos Martel ganhou tanto poder e status com esta importante vitória militar que quando morreu, seu filho Pepino, o breve, foi aclamado rei dos francos dando origem à uma nova di- nastia, a Dinastia Carolíngia. Esta importante dinastia teve como principal rei o filho de Pe- pino, Carlos Magno, que teve um governo de muita prosperidade para o Reino Franco. Além de incentivar as artes, fortalecer a economia e conquistar para o império grandes territórios, Carlos Martel, buscando reforçar o apoio com a Igreja, assumiu o compromisso de defesa da fé cristã contra os árabes que ainda ame- açavam as fronteiras francas com a região da Península Ibérica. Este compromisso fez com que recebesse do próprio papa, na noite de Natal do ano 800, o título de “Imperador dos Romanos”, num resgate ao que um dia havia sido este grande império. Como forma de melhor administrar as ter- ras de seu reino que estava em expansão, Car- los Martel dividiu-as em condados, ducados e marcas, confiando à elite local a administração das mesmas. Para isso, seus fiéis seguidores passaram a receber títulos de nobreza (con- de, marquês e duque), ficando responsáveis pela cobrança de impostos, manutenção da lei e organização das vilas e cidades. Além da nobreza, Carlos Martel cotava com funcioná- rios especiais, os missi dominici (que significa “enviados do senhor”) que deveriam fiscalizar se os nobres e demais súdios lhe eram fiéis. A relação entre o imperador franco e a no- breza, a quem era confiada a administração de grandes lotes de terra, foi gerando o que os historiadores chamam de laços de vassa- 112

lagem. Em outras palavras, os nobres recebiam terras do imperador (suserano), devendo Dialogando com a História / 6o ano por isso jurar-lhe lealdade, proteção e serviços militares, tornando-se seus vassalos. Em contrapartida, o imperador, na condição de suserano, confiava-lhe as terras, garantia- -lhes proteção e o direito de cobrarem taxas sob seus moradores. Por sua vez, um nobre que que fosse vassalo do rei e por isso recebesse grande propriedade de terra, também poderia doar parte dela a outro nobre, tornando-se suserano e fazendo com que ele se tornasse seu vassalo.Isto pode parecer confuso, mas quando estudarmos os feudos en- quanto unidades fechadas, você logo entenderá melhor esta dinâmica. Opa, mas você pode estar se perguntando: mas, afinal o que é um feudo? A questão é que após a morte de Carlos Magno, no ano de 814, o Reino Fraco ficará enfraquecido, visto que seus descendentes não tinham a mesma habilidade para gover- nar e inclusive alimentavam brigas e disputas entre si. Toda a instabilidade e intrigas pa- lacianas culminaram em guerra civil e na divisão do reino em três partes, no ano de 843. Como se não bastasse, assim como ocorreu ao Império Romano, outros povos passaram a invadir e saquear o território franco. Eram eles os temidos vikings, hunos e árabes. A po- pulação apavorada e se sentindo vulnerável mais uma vez passou a fugir para as regiões distantes e lá pedir proteção e o direito de viver nas terras dos nobres locais. O medo de que as invasões estrangeiras chegassem à zona rural fez com que os no- bres cercassem suas terras com muros de pedra e construíssem como suas habitações castelos fortificados. Nascia assim os feudos. SISTEMA FEUDAL Senhor Feudal Com o progressivo desmantelamento do 113 Império Carolíngeo, houve o fortalecimento dos nobres que por terem terras fortificadas, pro- tegidas por muralhas e castelos, passaram a abrigar camponeses em busca de proteção e sustento. Estes nobres, portanto, se tornaram senhores feudais, suseranos dos moradores que habitavam os feudos, ou seja, dos servos, que prestavam juramento de vassalagem. O po- der real continuou a existir, mas como os reinos que se formaram a partir do fim do Império Ca- rolíngio não tinham uma presença tão forte do rei (que tinha o título de suserano dos suseranos), quem de fato mandava nos feudos eram seus senhores. A vida nestas propriedades era muito sim- ples. Como neste período os centros urbanos e o comércio entraram em declínio, a maioria dos feudos era autossuficiente, ou seja, produzia tudo que era necessário à subsistência de seus moradores. As terras do feudo poderiam ser di- vididas em mansos.

Para não ficarmos apenas na leitura do texto, No seu livro digital, selecionamos um video explicativo sobre a vida em vídeos, saiba nos feudos que irá lhe ajudar a compreender as in- formações sobre cada parte da propriedade feudal mais sobre o sistema e a preencher a tabela com as informações sobre feudal. as obrigações dos servos: O SENHORIO MEDIEVAL Manso Comum Os produtos retirados destas terras eram de uso tanto dos servos Manso Senhorial quanto dos senhores. As terras comunais eram constituídas de pas- Os produtos destas terras pertenciam exclusi- tos para criar animais e de florestas e baldios, onde os campone- vamente ao senhor. Nelas trabalhavam servos ses colhiam frutos e raízes, extraíam a madeira e o mel. A caça nas e outros camponeses. Ali se produzia tudo de florestas era exclusivamente dos senhores. No senhorio, em geral, que o senhor necessitava para manter sua fa- também havia celeiros para armazenar a colheita; um moinho para mília e outros dependentes. triturar os grãos e fornos para assar pães. Coleção História Reflexiva Nome da taxa No que consistia Quantidade Manso Servil que os servos Foram as terras destinadas aos deveriam pagar servos. Nelas eles produziam o que era necessário para a sua Corveia sobrevivência, devendo em troca cumprir uma série de obrigações para com o senhor. Poderia chegar a três ou mais dias na semana. Parte da produção Dependendo do deveria ser entre- caso, até metade gue ao senhor. da produção. Banalidade Variável, depen- 114 dendo do feudo. Servo

A Igreja continuou a exercer grande LINK COM CULTURA Dialogando com a História / 6o ano poder político e cultural sob a vida das pessoas neste período. Elas eram forte- Você sabia que não é mente influenciadas pela religião, sendo preciso ir para a França para as capelas, igrejas e catedrais importan- poder apreciar a lindíssima tes espaços de encontro em torno da mis- catedral de Notre-Dame de sa, sendo importante local da vida pública. Paris, exemplo clássico do O imaginário medieval era permeado pelo estilo gótico? medo dos demônios, do pecado e da per- dição, visto que a leitura bíblica que se fa- Acesso o seu livro digital, zia na época era muito voltada para a ideia em vídeos, e veja mais sobre de um Deus castigador, e do ser humano ela. como grande pecador que precisa sofrer para ser redimido. Isso se refletia na arte LINK COM A ATUALIDADE como com o estilo gótico com suas cate- drais monumentais ornadas por gárgulas A sociedade brasileira e muitos detalhes, que faziam o ser huma- pode ser considerada esta- no perceber-se pequeno perante Deus, mental? Pense bem, é pos- bem como as pinturas marcadas por te- sível a uma pessoa humilde, mas bíblicos e cores terrosas, sem muita através de muito estudo e alegria. esforço subir na vida? Ou para aqueles que nascem em Ainda sobre a sociedade medieval, famílias ricas, existe algum ela era altamente hierarquizada, ou seja, chance de falirem e com isso dividida em classes sociais. Estas classes descerem de clarre social? também eram chamadas de estamentos, Quais as diferenças entre a visto que havia pouca mobilidade social sociedade medieval e a dos entre elas e a atribuição de cada uma era dias de hoje? Reflita sobre bem definida. Desta forma, cabia a nobre- isto ao escrever sua resposta. za a proteção militar do território e sua ad- ministração, aos servos o trabalho e sus- tento das pessoas, e ao clero (integrantes da Igreja) o zelo pela vida espiritual. Não à toa uma máxima que os historiadores usam para ilustrar a sociedade medieval: uns rezam, outros guerreiam e outros tra- balham. Povo Clero Nobreza 115

BAIXA IDADE MÉDIA A partir do século XI a Europa Ocidental passou por profundas transformações que contribuiram para uma melhora na qualidade de vida e revigoramento da vida social, das cidades e do comércio. Isto se deveu à diversos fatores, desde a mudança do clima com o aumento das tem- peraturas proporcionando melhores colheitas, até o desenvolvimento de novas técnicas agrícolas como o sistema trienal de rotação de culturas (que permitia à terra descansar e tornar-se mais fértil), a charrua (uma especie de arado com ponta de ferro), bem como o atrelamento de bois e cavalos não mais pelo pescoço, mas pelos ombros e dorso, per- mitindo que puxassem a charrua com maior dinamismo. Além disso o fim das invasões estrangeiras fez com que as pessoas não tivessem mais medo de sair de seus feudos para comercializarem o excedente agrícola. Coleção História Reflexiva Renasceram assim as cidades e o comércio, voltando-se a usar largamente a moeda metálica. Com o aumento das atividades mercantis consolidou-se uma nova classe so- cial: a dos burgueses. Eles eram homem livres que se dedicavam ao comércio e passaram a morar nas cidades. Muitos deles também emprestavam dinheiro a juros, fazendo surgir o sistema bancário. Como forma de comercializarem produtos vindos de diferentes regiões da Europa, feiras passaram a ser organizadas em locais e datas pré-determinados como Bruges, Ausburgo e Medina do Campo. Junto com as feiras, o teatro e apresentações circences eram oferecidos ao público nestes grandes centros. Os burgueses que cada vez mais ganhavam espaço e influencia na sociedade pas- saram a criar as corporações de ofício como forma de relugamentar e proteger suas atividades. O objetivo destas corporações era estabelecer o preço dos produtos, assim como a qualidade e o número de estabelecimentos a trabalhar em cada área (as corpora- ções de ofício eram organizadas de acordo com a atividade, como carpintaria, ferralheria, tecelagem, sapataria etc). Apesar de muitas mudanças positivas No seu livro digital, em ocorridas durante a Baixa Idade Média, hou- vídeos, veja mais sobre o ve eventos que marcaram de maneira nega- que foram as cruzadas. tiva a história deste período. As Cruzadas, guerras santas entre cristãos e islâmicos fo- ram um deles. Convocadas no ano de 1095 pelo papa Urbano II, tinham como motivação principal a retomada de Jerusalem e dos lugares santos que haviam sido conquista- dos pelos turcos-seljúcidas (que não mais permitiam a peregrinação de cristãos a este território). Dessa forma, toda a cristandade europeia foi conclamada a se unir e lutar em nome de Cristo, formando grupos de cavalei- ros rumo à Terra Prometida. 116

Outros interesses também estavam en- Você sabe por que os médicos Dialogando com a História / 6o ano volvidos no conflito como o interesse dos medievais usavam esta máscara senhores feudais de que seus filhos conquis- estranha? Acesse o seu livro digi- tassem novas terras e riquezas (apenas o pri- tal, em pesquisas, e mate sua curio- mogênito herdava o feudo), assim como os sidade! mercadores tivessem acesso aos produtos feitos no Oriente. LINK COM LITERATURA Muitas expedições rumaram de diferentes Que tal ler o diário de um pontos da Europa para a região de Jerusalém, sobrevivente da peste? mas apenas oito cruzadas tiveram caráter ofi- cial, ou seja, haviam sido convocadas com o 117 aval da Igreja Católica. Apesar do grande es- forço, apenas a primeira cruzada conseguiu conquistar Jerusalém, por um curto período de tempo, tendo todas as demais perdido as batalhas para os turcos-seljúcidas. Outro evento que marcou o final da Idade Média foram a Grande Fome e a Peste Negra. A Grande Fome foi causada por alterações climáticas que geraram fortes chuvas e um inverno mais rigoroso. Dessa forma a safra de trigo e demais grãos entre os anos 1314 e 1315 foi severamente prejudicada elevando o preço dos alimentos o que gerou uma grave crise alimentar. Não se sabe o número exato de mortes em decorrência da fome, mas es- tima-se que em toda a Europa os números possam chegar a até um milhão de mortes por desnutrição e doenças relacionadas a ela. Por causa da crise alimentar, ocorreram muitas re- voltas camponesas e nas cidades. Mas nada do que tenha acontecido na Eu- ropa durante a Idade Média pode se comparar ao estrago causado pela Peste Negra. Trazida através das rotas de mercadores que vinham do oriente, a peste bunônica, como também é conhecida, é uma doença causada pela bac- téria Yersinia pestis transmitida pela picada de pulga de roedores como ratos e esquilos e que no ser humano tem um alto grau de letali- dade: uma a cada três pessoas vinham a óbito. Seus principais sintomas eram febre alta, dores de cabeça e os temildos bulbos (ca- roços) escurecidos que surgiam pelo corpo, em especial na região dos gânglios linfáticos

Coleção História Reflexiva como pescoço e virilha. Pouco se sabia acerca do modo de transmissão na época, o que fez com que muitos doentes fossem trancados, isolados e abandonados à própria sorte em suas casas. Muitas pessoas interpretavam a doença como castigo divino, quando na verdade já sabemos que a grande população de ratos e pulgas, decorrente da falta de higiene da época, era a verdadeira causadora.O fato do final do período medieval ter sido marcado por estes tristes acontecimentos fez com que muitos historiadores modernos olhassem para este período e acreditassem que esta foi uma idade das trevas, onde a humanidade viveu a ignorância e a escassez. Esta visão distorcida não levou em consideração im- portantes acontecimentos da Idade Média, como o surgimento das primeiras universida- des, a invenção dos moinhos d’agua, , as festas religiosas, o relógio mecânico e o próprio avanço na agricultura, o renascimento das cidades e do comércio. REGISTRANDO E AMPLIANDO HORIZONTES 1. Qual acontecimento marcou o fim da Idade Antiga e início da Idade Média? Se um his- toriador fosse estudar o período em que vivemos, qual acontecimento você acha que seria o mais marcante? 2. Qual importante reino se formou após o fim do Império Romano e qual o nome de suas duas principais dinastias? 3. De que forma Carlos Magno administrava seu vasto império? 4. Explique em que consistiam as relações de suserania e vassalagem. 5. Explique por que durante a Alta Idade Média houve o fenômeno da ruralização. 6. O que é uma sociedade estamental? Podemos classificar a sociedade brasileira des- ta forma? Justifique. 7. Quais classes sociais estão retratadas na pintura abaixo? Explique a relação delas com a frase: na sociedade uns rezam, outros guerreiam e outros trabalham. 118

8. Escreva o nome das diferentes partes do feudo e a que se destinavam. Dialogando com a História / 6o ano 9. Quais acontecimentos marcaram o início da Baixa Idade Média, permitindo o ressur- gimento do comércio e das cidades? 10. Escreva um parágrafo que explique o evento ao qual a imagem abaixo se refere. Apro- veite para colori-la e relaxar um pouquinho. 119

11. Quais eventos marcaram o final da Idade Média? De que forma isto impactou na visão que os historiadores modernos tinham sobre este período? 12. Agora faça uma pesquisa sobre duas grandes pandemias que marcaram o mundo, uma na Idade Média, a Peste Negra, e outra na Idade Contemporânea, o COVID-19. A partir dos resultados preencha a tabela: Agente Formas de Sintomas Grau de causador Transmissão Letalidade Peste Negra Coleção História Reflexiva Covid-19 120


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