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ContoContigo

Published by Ana França, 2021-03-03 17:35:20

Description: Conto Contigo
Fotografia e Poesia de mãos dadas
Autores:
Fotografia: Henrique Santos
Texto: Ana França

Keywords: Fotografia, Poesia,Educação

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Há janelas Há muito tempo muito belas! Diferentes. De outros tempos. De outras gentes. Espreitou por elas uma princesa, um cavaleiro… Um arqueiro, a mão no arco, lançou por elas flechas e dardos. E uma dama delas jogou lenço bordado ao seu amado. Muito belas são as janelas!

Uma janela é uma janela. Janela Quem quer saber dela? O poeta que a abre ao nascer do dia... A mulher que a lava e a põe luzidia... Uma janela é uma janela. Quem quer saber dela? O gato sentado piscando o olhar... Estiraçado ao sol parece sonhar: - Janela, janela deixa-me saltar! É uma menina que vem à janela (Noite de luar, quem dera voar!) - Luar, luar, vem-me buscar mergulhar na noite, noite de cetim… E quando acordar É um novo dia E vou à janela E sou poesia.

Espelho. Lago Lago. Reflexo de água, mudo, encantado. Espelho aguado, líquido, molhado. Lanço uma pedrinha assim, a rasar… O espelho vai estilhaçar? Oh! Não, o espelho é água! A pedrinha salta faz desenhos de água. Ondinhas, mansinhas… Lago. Quieta superfície como uma planície molhada de sonho… O que terá no fundo?

- Porta-te bem, ó porta! Porta Vou passar com a minha torta acabada de fazer para dar à minha avó: -Abre-te, dá-me passagem de mim tem dó! Mas a porta, teimosa, mesmo torta, fez ouvidos moucos. Não tugiu nem mugiu. Não rangeu nem abriu. Que dia de loucos!

Muitos Postes Paus Muitos Pés Muitas Estacas Muitas Marcas. Muitos, mesmo muitos! Muitos postes a pular… Perfilados a marchar… Bem certinhos a parar… Ou simplesmente a olhar para o mar?

Vou à praia. Praia De saia. É nova, a minha saia. Hoje estreei-a e vim à praia! Quero brincar correr, saltar, cavar buracos e chapinhar. E a minha saia? É nova, quero-a mostrar! Mas… Se não a tiro como farei para me molhar?

Devagar se vai ao longe… O tempo a passar É devagar ou depressa? E os passos para andar São depressa ou devagar? Pressa

Rios são estradas, Rios caminhos de água sempre a correr sempre a passar nalgum lugar. Águas que cantam constantemente canções mistério a refrescar a alma da gente. Sou um barquinho casca de noz no rio a navegar, a navegar até à foz que beija o mar.

Aquela rocha à beira-mar Rocha Ah! Como gosto de a olhar... Será gigante adormecido a ouvir o mar, ali, esquecido? Será bicho, daqueles grandes uma baleia, um elefante? Será castelo abandonado?... Será ilha com um tesouro?... Veio a gaivota nela pousar. Olhou para mim, cabeça à banda a avisar: “Não penses mais, é a minha casa, rica casinha à beira-mar!”

Se o mar fosse cama Se o mar… eu dormiria numa onda. Sonharia conchas de cores nunca vistas, ouviria marulhos… Inventaria mergulhos em mundos sem fim por dentro de mim.

Entreaberta, convida… Visitas Entreaberta, espera… Ser empurrada, devagarinho… Pé ante pé, aqui vou eu. A porta range, bem de mansinho como a dizer: “Favor entrar, favor entrar!” E lá vou eu a visitar o meu vizinho!

Entrei. Vitral Lá estava ele. Bem no alto, colorido, o vitral. Mirei, e olhei e não cansei de olhar… Vidros, bocadinhos coloridos divertidos de adivinhar! O que contam? O que mostram? De que falam? O vitral precisa de sol. À noite esconde o que conta: Adormece, como nós, à espera do novo dia para mostrar alegria!

perpfrisesenças

Focinho ou cara? Amiga de pelo Carinho na expressão… Toco a cabeça em pancadinhas de festa. Conforto no passar da mão. Lambidela na testa. Pelo castanho e negro macio no tocar. Vem até mim num interesse amigo de farejar. Olhar em atenção permanente. Ternura em novelo. Lealdade que não mente. Amiga de pelo.

É um prédio de cara velhinha. Cara velhinha Rachas da parede como rugas na pele. Os anos passaram… O tempo desenhou marcas escuras, riscos abertos, fendas de tristeza, falhas na pintura anos e anos ao sol e à lua: Rosto de prédio que cresceu na rua… Mas lá estão eles, pedaços pendurados como bandeiras amarelas estendidas coloridas! São um sorriso de pano à solta no ar, ondulando na corda da roupa de um prédio velhinho de sonhar…

Ca-ta-ven-toooooooo! Cata-vento Catavento… Catavento… Catatoven Catotaven Caventato Caventota - que vento está! Tacavento – está cá vento, está! Tacatoven Tavencato Taventoca – está vento cá! Tatocaven Tatovenca Vencatato Ventacato Vencatota Ventocata – que vento cá está! Ventotaca – o vento está cá! Tovencata Tocataven Totavenca Tocaventa – toca a ventar! Ca-ta-ven-toooooooo…

As cegonhas fazem ronha? Cegonhas E são pássaros com vergonha? Há quem diga que trazem bebés dentro duma fronha… São tristonhas, as cegonhas? Aves pensativas em ninhos bravios de alturas sem par... Voam desenhos serenos e descem em pousos suaves. Dão passeios pernaltas na água à caça de rãs, à tardinha e cedo, pelas manhãs.

A minha cadela Ela, a minha cadela sentada no verde, quieta, a olhar, atenta, a cheirar, fica tão bonita! Olho para ela, a sentir o sol a saber do vento, a querer brincar! Pousa em mim o olhar: é a sua forma canina, meiga, de conversar… (em surdina) Gosto dela, da minha cadela. Faz-me companhia é uma alegria! Somos mesmo amigos. Não importa, não, que eu seja “humano” e ela seja “cão”!

Macaco: Macaquinho Ligeiro Imitador Maroto Matreiro. Macaco: Trepa Pula Salta Baloiça. Macaco: Espreitou Tirou Fugiu Desapareceu. O que tirou o macaco? O que pôs dentro do saco?

Mansamente, Mansamente abre olhares-ternura. Tranquilamente, sacode o pescoço-veludo. Compassadamente, mastiga folhas-frescura. Ligeiramente, pestaneja espanto-encanto. Silenciosamente, faço-lhe festas de olhar. Curiosamente, acompanho o seu andar. Alegremente, fico a vê-lo mastigar. Inesperadamente, desaparece a cabriolar!

Pombinhas… Pombinhas Meninas de asas tão finas. Pombinhas… Meninas, vestidinhos leves com penas armados fofos, matizados de desenhos breves. Pombinhas… Bicos de ternura a comer o pão. São seda pura bicando bicando migalhas ao calhas da minha mão! Pombinhas… Adeus, meninas de belo voar.

Menina de pedra, Rainha-menina chamam-te estátua escultura erguida na praça esculpida com graça. Princesa ou rainha a vénia te faço, senhora minha! Que linda ficas nos teus vestidos! O teu trajar é de encantar! Como eu queria, por um momento que tu saísses do pedestal e viesses, em passos leves cantar comigo um madrigal!

Voou e pousou, o pavão! (Re)pouso de pavão Bateu as asas e levantou do chão! Empoleirou a sua graça lá no alto, na grade da varanda, cabeça à banda, a olhar, a olhar, a repousar… Elegante… Distante… Que admiração provoca o pavão! Cauda sem fim muito bem fechada: leveza de penas caída de um jeito que nem a cascata! Lá está o pavão a olhar, a olhar… E aqui fico eu a admirar!

Lá vai Truz-truz, avestruz a avestruz, pássaro de truz! Quem conduz as passadas de tal ave? (Parece saída de uma nave…) Estranha, tamanha! Lá vai, a correr é um ovo gigante de penas, andante, bicho espacial e muito especial. Lá vai, num abrir asas de plumas tufadas bamboleante e elegante. Larga em corrida desabrida pernas de papa-léguas pescoço de girafa… Lá vai, pestanejando uns olhos com cortinados empoleirados lá no alto da cabecinha careca… Pergunto-me como ficaria de ténis de corrida e gravata colorida?

Ficha técnica O Henrique olhou à sua volta e fotografou Henrique Santos A Ana olhou para as fotografias e escreveu Ana França O Theme, do musical Love Story, foi composto pelo Howard Godall… É um perfeito “ninho” para o conjunto.


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