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A consciência na cultura e na religião

Published by mkt, 2021-12-13 18:09:55

Description: A CONSCIÊNCIA NA CULTURA E NA RELIGIÃO
Vergonha e culpa como fenômeno empírico do superego/eu ideal - MANUAL DE ELÊNCTICA
Autor: Klaus W. Müller
Número de Páginas: 680
Ano: 2013

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KLAUS W. MÜLLER A CONSCIÊNCIA NA CULTURA E NA RELIGIÃO Vergonha e culpa como fenômeno empírico do superego/eu ideal MANUAL DE ELÊNCTICA



A consciência na cultura e na religião Vergonha e culpa como fenômeno empírico do superego/eu ideal MANUAL DE ELÊNCTICA

Klaus W. Müller A consciência na cultura e na religião Vergonha e culpa como fenômeno empírico do superego/eu ideal - Manual de Elênctica Coordenação editorial: Walter Feckinghaus Tradução: Doris Korber Revisão: Josiane Zanon Moreschi Edição: Sandro Bier Capa: Sandro Bier Editoração eletrônica: Josiane Zanon Moreschi This book was published in Germany by VTR with the title of \"Das Gewissen in Kultur und Religion. Copyright © 2010 by VTR. Translated by permission. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Müller, Klaus W. A consciência na cultura e na religião : vergonha e culpa como fenômeno empírico do superego/eu ideal : manual de elênctica / Klaus W. Müller ; tradução Doris Korber. - - 1. ed. - - Curitiba, PR : Editora Esperança, 2013. Título original: Das Gewissen in Kultur und Religion. ISBN 978-85-7839-090-7 1. Consciência 2. Consciência - Aspectos religiosos I. Título. 13-08219 CDD-241.1 Índices para catálogo sistemático: 1. Consciência moral : Cristianismo 241.1 As citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional, Editora Vida (2000), salvo quando identificada outra versão na referência. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total e parcial sem permissão escrita dos editores. Editora Evangélica Esperança Rua Aviador Vicente Wolski, 353 - CEP 82510-420 - Curitiba - PR Fone: (41) 3022-3390 - Fax: (41) 3256-3662 [email protected] - www.editoraesperanca.com.br

Klaus W. Müller A consciência na cultura e na religião Vergonha e culpa como fenômeno empírico do superego/eu ideal MANUAL DE ELÊNCTICA 1ª edição Tradução: Doris Korber Curitiba 2013



Ao prof. dr. Lothar Käser e à sua esposa, Gisela, amigos da época conjunta na Micronésia.

... pois a verdade nunca poderá ser refutada. (Sócrates, citado por Platão, Gorgias 473b) Sócrates fala de elenchos, uma “pedra de toque” (lidita), a ser friccionada na alma de uma pessoa para testar sua qualidade. (cfe. Gorgias 486d)

Sumário Prefácio à edição brasileira.......................................................................................................................27 Prefácio.............................................................................................................................................28 Capítulo 1: Introdução – Compreendendo a consciência..................................................................29 1. Escopo e foco....................................................................................................................................30 2. Contexto pessoal para a elênctica....................................................................................................31 2.1 Lothar Käser: mentor................................................................................................................31 2.2 Elênctica: disciplina da missiologia sobre a consciência........................................................32 3. Consciência: fenômeno da filosofia popular......................................................................................34 3.1 Consciência: exemplos de citações..........................................................................................34 3.2 Consciência: seres humanos e animais...................................................................................35 3.3 Consciência: instinto e alma....................................................................................................36 3.3.1 Consciência versus instinto.........................................................................................36 3.3.2 A alma nos animais e nos seres humanos.................................................................38 3.4 Consciência: natureza e peculiaridade de acordo com culturas e religiões.....................38 3.5 Consciência: definição resumida e fundamentadora como tese inicial.................................39 4. Elênctica, consciência e superego na discussão científica..............................................................40 4.1 Filosofia...............................................................................................................41 4.1.1 Sócrates e Platão.........................................................................................................41 4.1.2 Kittsteiner (1995).........................................................................................................42 4.2 Psicologia/psiquiatria..................................................................................................42 4.2.1 C. Ellis Nelson (1973).................................................................................................43 4.2.2 Walter Wanner (1984)................................................................................................43 4.2.3 Michael Dieterich (1997)............................................................................................43 4.2.4 Tilmann Moser (2003)...............................................................................................44 4.2.5 Karl Heinz Brisch (2002)...........................................................................................44 4.2.6 Matthias Richard (1998).............................................................................................45 4.2.7 Michael Winterhoff (2008/9)......................................................................................46 4.3 Pedagogia..............................................................................................................47 4.3.1 Christa Meves (1980).................................................................................................47 4.3.2 Ron Kubsch (2007)....................................................................................................47 4.3.3 Reinhold Ruthe (2007)...............................................................................................47 4.3.4 Bernhard Bueb (2008).................................................................................................47 4.3.5 Helmut Kentler (1979)................................................................................................48 4.3.6 Neil Postman (1995)...................................................................................................48 4.4 Sociologia....................................................................................................................48 4.4.1 Helen Merrell Lynd (1958)........................................................................................48 4.4.1.1 Abordagens da identidade eixo da culpa e eixo da vergonha...........................49 4.4.2 Carl D. Schneider (1977).............................................................................................49 4.4.3 Ole Hallesby (1977)....................................................................................................49 4.4.4 Jerry White (1978).......................................................................................................50 4.4.5 Franz Renggli (1979)...................................................................................................50

10 4.4.6 Mary Douglas (1982)..................................................................................................50 4.4.7 Truddi Chase (1988)....................................................................................................50 4.4.8 Rolf Kühn/Michael Raub/Michael Titze (1997)......................................................50 4.4.9 Associação Internacional para Defesa da Liberdade Religiosa (1982)....................51 4.4.10 Ruth Bang (1967)........................................................................................................51 4.4.11 Lutz von Padberg (1984)...........................................................................................51 4.4.12 Micha Hilgers (1996).................................................................................................52 4.4.13 Stephan Marks (2007).................................................................................................52 4.5 Religiões..........................................................................................................52 4.5.1 Ayse Önal (2008).........................................................................................................53 4.5.2 Christoph Reuter (2003).............................................................................................53 4.5.3 William A. Lessa, Evon Z. Vogt (1972)..................................................................54 4.5.4 Horst Bürkle (1996)...................................................................................................54 4.5.5 Ekkehard Wohlleben (2004).......................................................................................54 4.6 Teologia...................................................................................................................55 4.6.1 C. A. Pierce (1958).......................................................................................................55 4.6.1.1 Ocorrências e análise de consciência no Novo Testamento.............................55 4.6.2 Martin Klopfenstein (1972)........................................................................................56 4.6.3 J. I. Packer (1973)/A.W. Tozer (1961/1985).............................................................57 4.6.4 Walter Kasper (1977)..................................................................................................57 4.6.5 Eckstein, Hans-Joachim (1983)..................................................................................57 4.6.6 Siegfried Kettling (1985)...........................................................................................58 4.6.7 Hans Walter Wolff (1994)..........................................................................................58 4.6.8 John MacArthur (2002).............................................................................................58 4.6.9 Alfred Meier (2006)....................................................................................................58 4.7 Etnologia...............................................................................................................59 4.7.1 Ruth Benedict (1934/1946).........................................................................................59 4.7.2 Gerhardt Piers/Milton B. Singer (1953/1971)..........................................................60 4.7.3 Melford E. Spiro (1958/1975)...................................................................................60 4.7.4 Thomas Gladwin, Seymore Sarason (1953/1970)....................................................60 4.7.5 Marc J. Swartz (1955).................................................................................................60 4.7.6 Wolfram Eberhard (1967)...........................................................................................60 4.7.7 Lily Abbegg (1970).....................................................................................................61 4.7.8 Alan R. Tippett (1971)................................................................................................61 4.7.9 Lowell Noble (1975)....................................................................................................61 4.7.10 Lothar Käser (1977)....................................................................................................61 4.7.11 Robert B. Edgerton (1992)..........................................................................................62 4.7.12 Geert Hofstede (1993)................................................................................................62 4.7.13 Lothar Käser (1997).....................................................................................................62 4.7.14 Jürgen Rothlauf (1999)................................................................................................62 4.8 Missiologia..........................................................................................................................63 4.8.1 Gisbertus Voetius 1589-1676 e as raízes da ciência da missão..............................63 4.8.2 Walter Freytag/Peter Beyerhaus (1961)......................................................................64 4.8.3 J. H. Bavinck (1960/4)..................................................................................................64 4.8.4 Wayne T. Dye (1976)..................................................................................................65 4.8.5 David Hesselgrave (1983)...........................................................................................65 4.8.6 Klaus W. Müller (1988)...............................................................................................66 4.8.7 Hans Kasdorf (1989)...................................................................................................66 4.8.8 David J. Hesselgrave/Edward Rommen (1989).........................................................66

Sumário 11 4.8.9 Karl Wilhelm Rennstich (1990).................................................................................67 4.8.10 Robert Priest (1994)...................................................................................................67 4.8.11 Alfred Neufeld (1994)................................................................................................67 4.8.12 Ruth Lienhard (2000).................................................................................................67 4.8.12.1 Estrutura.......................................................................................................68 4.8.12.2 Pesquisa e bibliografia..........................................................................................68 4.8.12.3 Escopo e delimitação.............................................................................................68 4.8.12.4 Resultados......................................................................................................69 4.8.13 Martin Lomen (2003)..................................................................................................69 4.8.14 Thomas Schirrmacher (2005).....................................................................................69 4.8.15 Hannes Wiher (2004)..................................................................................................69 4.8.15.1 Essência..........................................................................................................70 4.8.15.2 Avaliação........................................................................................................71 4.8.16 Thomas Schirrmacher/Klaus W. Müller (2006).........................................................71 4.8.17 Robert Badenberg (2008)...........................................................................................71 5. Pedagogia e didática.........................................................................................................................72 5.1 Orientações didáticas................................................................................................................72 5.2 Orientações sobre a exposição................................................................................................73 5.3 Orientações sobre o texto........................................................................................................74 5.4 Orientações sobre a estrutura..................................................................................................74 5.5 Orientações sobre a motivação...............................................................................................74 Capítulo 2: Elênctica – O ensino da consciência orientada pela vergonha e pela culpa no contexto cultural...............................................................................75 1. Um sistema integral de controle social............................................................................................76 1.1 Uma situação “típica”..............................................................................................................76 1.1.1 A “situação legal”........................................................................................................78 1.1.2 O problema: o que é “pecado”?...............................................................................78 1.2 A autoridade como ponto de referência do “pecado”...........................................................79 1.3 Valores definem “peso” do “pecado”....................................................................................79 1.4 Padrões de comportamento são as condições básicas do pecado..........................................81 1.5 Honra e prestígio são ameaçados pelo “pecado”.................................................................81 1.5.1 A lógica do “pecado”.................................................................................................82 2. Elênctica: O estudo da consciência humana orientada pela vergonha e pela culpa em seu contexto cultural e religioso...............................................................................................87 2.1 Pré-concepções..............................................................................................................87 2.2 Sinopse sistemática da consciência.........................................................................................89 2.2.1 A estrutura básica da consciência...............................................................................89 2.2.1.1 Consciência “boa” e “má”.....................................................................................89 2.2.1.2 Culpa e direito/justiça como analogias à consciência “má” ou “boa”...........89 2.2.1.3 Vergonha e honra/prestígio como analogias para uma consciência boa ou má..........................................................................................93 2.2.1.4 Prestígio como analogia à honra........................................................................96 2.2.1.5 A força e a sede da consciência.......................................................................99 2.2.1.6 O eixo das normas: obediência, punição e perdão..............................................101 2.2.1.7 O surgimento de leis..........................................................................................103 2.3 Autoridade superior................................................................................................................106 2.3.1 Orientações da consciência......................................................................................107

12 2.3.1.1 Orientação pela culpa...........................................................................................107 2.3.1.2 Orientação pela vergonha.....................................................................................109 2.3.1.3 Pecado como culpa ou vergonha........................................................................110 2.4 Os mecanismos da consciência.............................................................................................111 2.4.1 Mecanismo de incriminação: vergonha e culpa.........................................................111 2.4.1.1 Mecanismo de defesa: medo...............................................................................112 2.4.1.2 Resumo............................................................................................................113 2.4.2 O primeiro crime: despertar do medo (Gn 4)...........................................................114 2.4.3 O medo na consciência como analogia à dor...........................................................116 2.4.4 Consciência orientada pelo medo.............................................................................116 2.4.4.1 Mecanismo de alívio: paz de espírito................................................................118 2.4.5 Consciência individual...............................................................................................122 2.4.5.1 A “consciência cultural”, “consciência social” e “consciência religiosa”, ou: A consciência como garantia da dignidade................................................123 2.4.5.2 A dignidade humana como fundamento..............................................................125 2.4.6 A solução do problema..............................................................................................127 2.4.6.1 Análise de outras correlações para a solução do problema – especialmente para missionários.................................................................................................128 2.5 Literatura..........................................................................................................................131 2.6 Termos da elênctica e suas definições..................................................................................131 2.6.1 Termos fundamentais para a consciência.................................................................131 2.6.2 Os três pares de polos opostos na consciência...........................................................134 2.6.2.1 Culpa/justiça..................................................................................................134 2.6.2.2 Vergonha/honra..............................................................................................134 2.6.2.3 Pecado/justiça................................................................................................134 2.6.3 Os três mecanismos da consciência...........................................................................135 2.6.4 Os cinco fundamentos do funcionamento da consciência.......................................136 2.6.5 Definição...............................................................................................................137 Capítulo 3: Desenvolvimento e funcionamento da consciência orientada pela culpa e pela vergonha........................................................................................139 1. Formação da consciência orientada pela culpa ...........................................................................140 1.1 Introdução.......................................................................................................................140 1.2 Definição........................................................................................................................141 1.3 Nascimento com potencial para a consciência..................................................................141 1.3.1 Disposições genéticas da estrutura da personalidade................................................141 1.3.1.1 Comparação: cultura e pessoa.............................................................................141 1.3.1.2 Perspectiva externa, perspectiva interna e “campanários”.............................141 1.3.1.3 Classificação de acordo com Persolog (DISG)................................................142 1.3.1.4 Três níveis da personalidade...............................................................................144 1.3.2 Influências pré e pós-natais.......................................................................................145 1.3.3 Percepção e reflexos...................................................................................................145 1.3.3.1 Instinto........................................................................................................146 1.4 Educação na célula familiar básica – uma situação socialmente independente.................147 1.4.1 Influência pós-natal....................................................................................................147 1.5 Situação socialmente independente.......................................................................................149 1.5.1 Autoridade e consequência........................................................................................149 1.6 Internalização das normas......................................................................................................150 1.6.1 Aculturação..........................................................................................................151

Sumário 13 1.6.1.1 Saúde cultural e social.......................................................................................151 1.6.1.2 A consciência doente.........................................................................................153 1.7 Autoridade da consciência.....................................................................................................153 1.7.1 Integração de normas, padrões e autoridade.............................................................153 1.7.2 Sede da autoridade.....................................................................................................154 1.8 Reação da consciência...........................................................................................................154 1.8.1 Transgressão de norma em pensamentos...................................................................155 1.8.2 Transgressão de normas em ações............................................................................155 1.8.3 Valorização e punição................................................................................................155 2. Funcionamento da consciência orientada pela culpa...................................................................156 2.1 Mecanismo de incriminação..................................................................................................156 2.1.1 Incriminação.........................................................................................................156 2.1.2 Expectativa de punição..............................................................................................156 2.2 Mecanismo de defesa.............................................................................................................157 2.2.1 Medo como fenômeno psíquico.................................................................................157 2.2.2 Medo como fenômeno religioso................................................................................158 2.2.3 Medo como fenômeno social...................................................................................158 2.2.4 Defesa.................................................................................................................159 2.2.5 Expectativa de punição..............................................................................................159 2.2.6 Fracasso do mecanismo de defesa............................................................................160 2.3 Mecanismo de alívio..............................................................................................................160 2.3.1 Estrutura paralela no funcionamento........................................................................160 2.3.2 Alívio após uma transgressão cometida em pensamentos.......................................160 2.3.2.1 Avaliação de valores e consequências...............................................................160 2.3.2.2 Obediência.....................................................................................................160 2.3.2.3 Comportamento conforme as normas................................................................161 2.3.2.4 Controle social.....................................................................................................161 2.3.2.5 Perdão e paz de espírito...................................................................................161 2.3.3 Alívio depois de uma transgressão cometida de fato.............................................162 2.3.3.1 Punição como reforço na incriminação............................................................162 2.3.3.2 Execução voluntária da punição.........................................................................163 2.3.3.3 Execução involuntária da punição.....................................................................163 2.3.3.4 Punição como vingança.......................................................................................163 2.3.3.5 Punição como alívio............................................................................................164 2.3.3.6 Imposição da punição..........................................................................................164 2.3.3.7 Reintegração................................................................................................165 2.3.3.8 Efeitos sociais.......................................................................................................165 2.3.3.9 Valor do perdão....................................................................................................165 2.3.3.10 Influência dos valores cristãos sobre as culturas..............................................166 2.3.3.11 Paz absoluta.........................................................................................................166 2.4 Fracasso do alívio...................................................................................................................167 2.4.1 Repressão da culpa: consciência sem força...........................................................167 2.4.2 Consciência desperta e incriminação permanente.....................................................168 3. Formação da consciência orientada pela vergonha........................................................................168 3.1 Nascimento com potencial para a consciência.......................................................................169 3.2 Educação na família ampliada – uma situação socialmente dependente.........................170 3.2.1 Influência pós-natal....................................................................................................170 3.2.2 Aculturação em uma situação socialmente dependente.........................................171

14 3.2.2.1 Iluminismo, razão e lógica, e sua influência sobre a consciência orientada pela vergonha.......................................................................................172 3.2.2.2 Individualismo e liberdade..................................................................................173 3.2.2.3 Pobreza e solidariedade........................................................................................174 3.2.2.4 “Sangue é mais espesso que água”..................................................................174 3.2.2.5 Coesão...........................................................................................................175 3.3 Internalização das normas......................................................................................................176 3.3.1 Aculturação...............................................................................................................176 3.3.1.1 Saúde cultural e social.......................................................................................176 3.3.1.2 A consciência doente – manifestações doentias.................................................176 3.4 Sede da autoridade na consciência orientada pela vergonha...............................................178 3.4.1 Autoridade e coerência..............................................................................................178 3.4.1.1 Autoridade orientada pela culpa: para comparação...........................................178 3.4.1.2 Autoridade orientada pela vergonha...................................................................179 3.4.2 Integração de normas, padrões e autoridade.............................................................181 4. Funcionamento da consciência orientada pela vergonha...........................................................181 4.1 Reação da consciência orientada pela vergonha diante de uma transgressão de norma.......181 4.1.1 Transgressão de normas em pensamentos: oculta.....................................................181 4.1.1.1 Excurso: sobre a liberdade dos pensamentos....................................................182 4.1.2 Transgressão de normas na prática: não observada, em particular...........................182 4.1.2.1 Efeitos sobre a imagem de Deus......................................................................183 4.1.2.2 Efeitos sobre a confidencialidade......................................................................184 4.1.3 Transgressão de normas na prática: observada, pública............................................185 4.1.4 Avaliação e punição...................................................................................................186 4.2 Mecanismo de incriminação..................................................................................................186 4.2.1 Incriminação............................................................................................................187 4.2.2 Expectativa de punição...............................................................................................187 4.3 Mecanismo de defesa.............................................................................................................187 4.3.1 Medo.........................................................................................................................187 4.3.1.1 Medo como fenômeno psíquico..........................................................................188 4.3.1.2 Medo como fenômeno religioso em culturas orientadas pela vergonha............188 4.3.1.3 Medo como fenômeno social em culturas orientadas pela vergonha.............188 4.3.2 Medo como mecanismo de defesa...........................................................................189 4.3.3 Fracasso do mecanismo de defesa..........................................................................189 4.4 Mecanismo de alívio..............................................................................................................189 4.4.1 Estrutura paralela no funcionamento........................................................................190 4.4.2 Alívio depois de uma transgressão cometida em pensamento..............................191 4.4.2.1 Obediência......................................................................................................191 4.4.2.1.1 Excurso: obediência como fato...................................................................191 4.4.2.1.2 Ponderação de valores e consequências......................................................192 4.4.2.1.3 Comportamento de acordo com as normas...............................................192 4.4.2.2 Controle social.....................................................................................................192 4.4.2.3 Perdão e paz de espírito.....................................................................................193 4.4.3 Alívio depois de uma transgressão de fato..............................................................194 4.4.3.1 Alívio depois de uma transgressão oculta........................................................194 4.4.3.1.1 Expectativa da punição é negação – incriminação permanente como reforço da defesa..............................................................................194 4.4.3.1.2 Fracasso do alívio.......................................................................................195 4.4.3.1.3 Alívio depois de uma transgressão pública..............................................196

Sumário 15 4.4.3.1.4 Punição voluntária........................................................................................198 4.4.3.1.4.1 Reintegração.....................................................................................199 4.4.3.1.4.2 Controle social eficiente (e seus resultados).................................200 4.4.3.1.4.3 Paz de espírito – alvo e propósito da consciência...........................201 4.4.3.1.4.4 A lembrança fica no transgressor e no grupo: isolamento no tempo e no espaço.....................................................................201 4.4.3.1.4.5 Consciência desperta e incriminação persistente: ainda é possível uma nova transgressão?.....................................201 4.4.3.1.5 Punição involuntária.....................................................................................202 4.4.3.1.6 Punição como vingança – assassinato e suicídio como punição para o causador da vergonha.......................................................................202 4.4.3.1.6.1 Assassinato..................................................................................202 4.4.3.1.6.2 Suicídio.....................................................................................203 4.4.3.1.6.3 Difamação e bullying........................................................................204 4.4.3.1.7 Imposição da punição..................................................................................205 4.4.3.1.8 Punição como alívio?..................................................................................205 4.4.3.1.9 Reintegração...........................................................................................207 4.4.3.1.10 Controle social eficaz (e seus resultados).................................................207 4.4.3.1.11 Paz de espírito – alvo e propósito da consciência.....................................208 4.4.3.2 Fracasso do alívio.............................................................................................208 4.4.3.2.1.1 Punição como reforço da incriminação na percepção da vergonha.......................................................................................208 4.4.3.2.1.2 Incriminação permanente: isolamento no tempo e no espaço........209 4.4.3.2.1.3 A morte como saída.........................................................................209 4.5 O valor do perdão e da reconciliação................................................................................210 4.5.1 Perdão é santificação..................................................................................................210 4.5.2 Passos racionais e emocionais em direção ao alívio................................................211 4.6 Reconciliação à moda do cacique de Puluwat....................................................................212 4.6.1 O erro grave...............................................................................................................212 4.6.2 A primeira pá.............................................................................................................212 4.6.3 A perda de reputação..............................................................................................213 4.6.4 Distância..............................................................................................................214 4.6.5 A reconciliação à moda do cacique........................................................................214 4.6.6 O segundo erro..........................................................................................................215 4.6.7 A lição da reconciliação...........................................................................................216 4.7 Seleção de literatura usada e continuada..............................................................................217 Capítulo 4: Mudança de paradigmas na consciência..................................................................219 1. Mudança de paradigmas na consciência......................................................................................220 1.1 Análise e interpretação de processos subconscientes..........................................................221 1.1.1 Testes......................................................................................................................221 1.2 Interpretação..................................................................................................................224 1.2.1 Orientação: critérios e valores...................................................................................224 1.2.2 Status: sentimentos.....................................................................................................225 1.2.3 Estrutura: estratégia de sobrevivência......................................................................226 1.3 Exemplo: “Michael Kohlhaas”...............................................................................................227 1.3.1 Contexto histórico......................................................................................................227 1.3.2 Novela...........................................................................................................227 1.3.3 Interpretação...............................................................................................227

16 1.3.4 Avaliação...........................................................................................................228 1.3.5 Consequências.......................................................................................................228 1.4 Cunhagem da consciência.....................................................................................................229 1.4.1 O contexto do ser humano..........................................................................................229 1.4.1.1 Mundo.............................................................................................................229 1.4.1.2 Cultura..............................................................................................................230 1.4.1.3 Religião..........................................................................................................230 1.4.1.4 Sociedade........................................................................................................231 1.4.1.5 Coesão...........................................................................................................231 1.5 Autoridade......................................................................................................................232 1.5.1 A força da consciência.............................................................................................232 1.5.1.5 O exemplo do relógio..........................................................................................232 1.5.1.2 Força...............................................................................................................232 1.5.1.3 Impedimento....................................................................................................234 1.6 Normas primárias..................................................................................................................234 1.6.1 Normas.................................................................................................................235 1.7 Função: os ponteiros.............................................................................................................236 1.7.1 Status: consciência pesada.........................................................................................238 1.7.2 Status: consciência tranquila.......................................................................................238 1.7.3 Consciência sob estresse...........................................................................................239 1.7.4 Consciência insensível...............................................................................................239 1.8 Reconfiguração e nova cunhagem da consciência.............................................................240 1.8.1 Mudança de paradigmas religiosos..........................................................................241 1.8.1.1 Teorias da mudança de religião.......................................................................241 1.8.1.2 Uma mudança de paradigmas religiosos envolve:...........................................243 1.8.1.2.1 O reconhecimento da autoridade como objeto da religião....................243 1.8.1.2.2 O ser humano como sujeito da religião....................................................244 1.8.1.2.3 O sentido da vida como objetivo religioso...............................................245 1.8.1.2.4 A nova coesão, o pertencimento.................................................................245 1.9 A mudança de paradigma na consciência com base no exemplo da “conversão” cristã......246 1.9.1 Troca de autoridade....................................................................................................246 1.9.1.1 Relacionamento com Deus e com o ambiente.................................................248 1.9.1.2 Reorganização das normas.................................................................................251 1.9.1.3 Sentido horário e anti-horário............................................................................254 1.9.1.4 Os “minutos” e os espaços livres........................................................................255 1.9.1.5 Ensino coerente e inteligente.............................................................................256 1.9.1.6 Excurso: sincretismo............................................................................................257 1.9.1.6.1 Etnopedagogia: integração de valores, normas e autoridade correspondentes na consciência.................................................................259 1.9.2 Mudança por meio do ensino direcionado.............................................................260 1.9.3 Mudança gradual de paradigmas..............................................................................262 1.9.3.1 Razão, emoções e janelas epistemológicas.......................................................263 1.9.3.2 Mudança dos sentimentos...................................................................................265 1.9.3.3 Controle social.....................................................................................................267 1.9.3.4 Mudança de paradigmas na estrutura da personalidade..................................269 1.9.3.4.1 Os três níveis da personalidade..................................................................269 1.9.3.5 Voluntariedade............................................................................................274 1.9.3.5.1 Interferência soberana da autoridade.........................................................274 1.9.3.5.2 “Conversão“ infantil....................................................................................275

Sumário 17 1.9.3.5.3 Medo.......................................................................................................275 1.10 Seleção da literatura usada e continuada............................................................................277 Capítulo 5: A consciência no contexto social...............................................................................279 1. A imagem do coqueiro como ilustração: o efeito da consciência no contexto social............280 1.1 Influências e forças no desenvolvimento natural da personalidade (isto é, da consciência)............................................................................................................280 1.2 Coqueiro: o solo.....................................................................................................................282 1.3 O tronco: forma e estabilidade (sustentação)......................................................................286 1.4 O exemplo do coqueiro...........................................................................................................289 1.5 Influências internas e externas..............................................................................................290 1.6 Os frutos: beleza (flor), alimento (fruto maduro), multiplicação (reprodução)...................291 1.7 A produção de um fruto: culpa e vergonha...........................................................................291 1.8 As necessidades básicas.........................................................................................................293 1.9 O fruto no estágio da flor.......................................................................................................293 1.10 O fruto comestível...................................................................................................................295 1.11 O fruto maduro.......................................................................................................................295 1.11.1 Processos de amadurecimento...................................................................................296 2. Dois modelos de compreensão para vergonha e culpa..............................................................297 2.1.1 Efeito da consciência no contexto social/modelo B..............................................298 2.1.2 Cosmovisão..........................................................................................................302 2.1.3 Senso de responsabilidade (corrupção).....................................................................305 2.1.4 Liderança – submissão e inserção em status e papel..............................................309 2.1.5 Sistema de valores/lógica/legislação..........................................................................315 2.1.5.1 Direito e legislação..............................................................................................315 2.1.5.2 Valores..........................................................................................................316 2.1.5.3 Lógica..............................................................................................................316 2.1.6 Integração, controle social e as respectivas manifestações reconhecíveis da consciência............................................................................................................319 2.1.7 Normas éticas e padrões comportamentais sociais..................................................325 2.1.8 Aconselhamento, mentoria, consultas e motivação.................................................333 2.1.9 Disciplina e autocontrole............................................................................................339 2.2 Seleção da literatura usada e continuada.............................................................................344 Capítulo 6: Reflexões teológicas....................................................................................................347 1. Reflexões teológicas..............................................................................................................348 1.1 Conceitos relacionados: resumos lexicais.............................................................................348 1.2 Textos bíblicos sobre a consciência.......................................................................................349 1.2.1 Textos sobre a consciência no AT............................................................................349 1.2.2 Textos sobre a consciência no NT...........................................................................349 1.2.2.1 Textos sobre a consciência impura, culpada.......................................................350 1.2.2.2 Textos sobre a consciênca pura, limpa no NT...................................................350 1.2.2.3 Textos sobre a consciência fraca no NT............................................................350 1.3 A consciência na discussão secular científica e teológica..................................................350 1.3.1 International Standard Bible Encyclopaedia:.............................................................351 1.3.1.1.1 Consciência sequente (Sequent Conscience)..............................................351 1.3.1.1.2 Julgadora..........................................................................................351 1.3.1.1.3 Punitiva..........................................................................................351

18 1.3.1.1.4 Previdente...................................................................................351 1.3.1.1.5 Social..............................................................................................351 1.3.1.2 Consciência previdente........................................................................................352 1.3.1.3 Teorias intuitivas e associadas.............................................................................352 1.3.1.4 Capacidade de aprendizado da consciência........................................................353 1.3.1.5 A consciência na história e na literatura...........................................................353 1.3.1.5.1 Suposições antigas.......................................................................................353 1.3.1.5.2 Reforma e pós-Reforma..............................................................................354 1.4 Consciência/syneidesis: estudo da palavra e ocorrências......................................................354 1.5 Consciência no Antigo Testamento.......................................................................................355 1.6 Vergonha e desonra no Antigo Testamento............................................................................356 1.7 Honra no Antigo Testamento.................................................................................................358 2. A consciência orientada pela vergonha no Antigo Testamento...................................................360 2.1 Seleção de textos e contexto cultural....................................................................................360 2.1.1 Contexto cultural dos escritos bíblicos....................................................................360 2.1.2 A formação da consciência de acordo com os primeiros capítulos de Gênesis.....361 2.2 Termos e conceitos linguísticos para consciência................................................................365 2.2.1 Coração..................................................................................................................365 2.2.2 Rins........................................................................................................................366 2.2.3 Pecado e culpa...........................................................................................................366 2.2.4 Vergonha e expressões relacionadas..........................................................................369 3. O campo semântico consciência como conceitos individuais e corporativos.............................370 3.1 A consciência em relacionamentos humanos individuais.....................................................370 3.2 A consciência no relacionamento individual entre a pessoa e Deus.................................373 3.3 A consciência corporativa do povo de Israel.......................................................................373 3.4 O povo de Israel e as nações.................................................................................................374 3.4.1 Deus defende a honra de seu povo.............................................................................374 3.4.2 Deus castiga os pecados de Israel com desonra........................................................375 3.4.3 O restabelecimento de Israel para a honra de Deus.................................................375 4. Manifestações práticas....................................................................................................................376 4.1 Nudez física e sexualidade.....................................................................................................376 4.1.1 Vergonha e sexualidade..............................................................................................376 4.1.2 Pecado, vergonha e nudez..........................................................................................377 4.1.3 Castigo e educação....................................................................................................378 4.1.3.1 Castigo pela vergonha – um elemento interpessoal...........................................378 4.1.3.2 Castigo da parte de Deus...................................................................................378 4.1.3.3 Punição como elemento de cunhagem...............................................................378 4.1.3.4 Castigo como retribuição pela injustiça............................................................379 4.1.3.5 Doenças e sofrimento..........................................................................................379 4.1.3.6 Morte.............................................................................................................380 4.1.3.6.1 Morrer.....................................................................................................380 4.1.3.6.2 Morte...................................................................................................380 4.1.4 A força dinâmica do medo da desonra e da tentativa de restabelecer a honra....381 4.1.4.1 Força dinâmica para motivação e controle social.............................................381 4.1.4.1.1 O sentido da vida e o medo de perder este sentido................................381 4.1.4.1.2 Deus usa a força dinâmica da vergonha e da honra.................................381 4.1.4.1.3 A possibilidade de sobrevivência do indivíduo e do povo........................382 4.2 Restabelecimento da honra por meio de influências externas...........................................382

Sumário 19 4.2.1 Castigo da parte de Deus..........................................................................................382 4.2.2 Confirmação da parte de Deus...................................................................................383 4.2.3 Confirmação da parte de pessoas..............................................................................384 4.2.4 Restabelecendo a si mesmo........................................................................................384 4.2.4.1 Desprezo/zombaria e indenização.......................................................................384 4.2.4.2 Vingança e retribuição/reparação........................................................................386 4.2.4.3 Alívio da dor da vergonha...................................................................................387 4.2.4.4 Confissão e arrependimento.................................................................................388 4.3 O caos da perdição.................................................................................................................388 4.3.1 Sintoma do caos: a ausência de vergonha...................................................................388 4.3.2 Sem possibilidade de fuga: medo.............................................................................388 4.3.3 Morto vivo: vergonha insuportável...........................................................................388 4.3.3.1 O exemplo clássico: Acã e sua família...............................................................389 4.4 A elipse dinâmica da consciência orientada pela vergonha no Antigo Testamento...........390 5. O Antigo Testamento como condição básica necessária à proclamação do Evangelho................394 5.1 A essência do Evangelho........................................................................................................394 5.2 O Evangelho sem a base veterotestamentária: perigo de sincretismo.................................395 5.3 Proclamação missionária: “impulso” longo – “pouso” seguro.........................................397 5.4 A moldura do Antigo Testamento e a essência do Evangelho........................................398 6. O termo consciência nos textos do Novo Testamento...................................................................399 6.1 Estudos etimológicos e de significado....................................................................................399 6.1.1 O reconhecimento de Deus na natureza, conforme Rm 1.19..................................400 6.1.2 O verbo ........................................................................................................401 6.1.3 O substantivo ..............................................................................................402 6.1.3.1 A syneidesis dos gentios em Rm 2.15.............................................................402 6.1.3.2 A syneidesis de Paulo em Rm 9.1 e 2Co 1.12............................................404 6.1.3.3 A syneidesis dos coríntios, que julga outras pessoas, em 2Co 4.2 e 5.11......404 6.1.3.4 A syneidesis dos fracos em 1Co 8.7-13.............................................................405 6.1.3.5 1Co 10.25-29: ...................................................................406 6.1.3.6 Rm 13.1-7: ...................................................................406 6.1.3.7 Syneidesis no restante do NT..........................................................................407 6.2 A classificação da consciência no Novo Testamento.............................................................407 6.2.1 Compreensões do Novo Testamento e conhecimentos obtidos a partir da observação de outras culturas.............................................................................407 6.2.2 Teses sobre a consciência com base nas fontes do Antigo e do Novo Testamento..............................................................................................409 6.2.3 Identificação da formação da consciência veterotestamentária conforme Rm 1+2....................................................................................................410 6.2.4 Síntese da compreensão de consciência no Novo Testamento................................411 6.3 Textos do Evangelho de Mateus – do ponto de vista do leitor orientado pela vergonha.....413 6.3.1 Mt 1.1-17 Descendência honrosa..............................................................................413 6.3.2 Mt 1.18-24 Comprometida – e grávida.....................................................................413 6.3.3 Mt 2.1-3 Notícia ameaçadora.....................................................................................414 6.3.4 Mt 2.11 Os sábios junto a Jesus................................................................................414 6.2.5 Mt 2.13-15 Fuga para o Egito...................................................................................414 6.3.6 Mt 2.16 Emoções de Herodes...................................................................................414 6.3.7 Mt 2.20-22 O assassino está morto..........................................................................415 6.3.8 Mt 2.23/Jo 1.46 De volta a Nazaré.........................................................................415

20 6.3.9 Mt 3.1-10 João junto ao Jordão................................................................................415 6.3.10 Mt 3.11-17 Batismo de Jesus.....................................................................................416 6.3.11 Mt 4.1-11 Tentação.....................................................................................................416 6.3.12 Mt 4.12-17 Base para o ministério público...............................................................417 6.3.13 Mt 4.18-22 Chamado dos primeiros discípulos.........................................................417 6.3.14 Mt 4.23-25 Primeira manifestação pública de honra e autoridade.............................417 6.3.15 Mt 5.1-12 As bem-aventuranças.................................................................................417 6.3.16 Mt 5.13-16 Valores de vida.........................................................................................417 6.3.17 Mt 5.17-20 Palavra e verdade....................................................................................417 6.3.18 Mt 5.21-26 O começo determina a direção, ou: de pequeno se torce o pepino.........417 6.3.19 Mt 5.27-32 Relacionamentos proibidos......................................................................418 6.3.20 Mt 5.33-37 Mais verdadeiro que a verdade?...............................................................418 6.3.21 Mt 5.38-42 Vingança, retribuição, perdão...................................................................418 6.3.22 Mt 5.43-48 Filhos do amor..........................................................................................419 6.3.23 Mt 6.1-4 Piedade verdadeira......................................................................................419 6.3.24 Mt 6.5-15 Cuidando de relacionamentos baseados na expiação..............................419 6.3.25 Mt 6.16-18 Honestidade não busca honra.................................................................419 6.3.26 Mt 6.19-24 Valores equivalem às suas autoridades.................................................419 6.3.27 Mt 6.25-34 Interferências no relacionamento produzem preocupações..................420 6.3.28 Mt 7.1-6 Valores subjetivos.........................................................................................420 6.3.29 Mt 7.7-12 Ajuda que valoriza.....................................................................................420 6.3.30 Mt 7.13-23 A honra é determinada pelo alvo, não pelo trajeto.................................420 6.3.31 Mt 7.24-27 Obediência pelo reconhecer da autoridade da Palavra............................421 6.3.32 Mt 7.28-29 Autoridade verdadeira..............................................................................421 6.3.33 Mt 8.1-4 A doença da vergonha.................................................................................421 6.3.34 Mt 8.5-13 Honra não é obstáculo..............................................................................421 6.3.35 Mt 8.14-17 Curado para servir...................................................................................422 6.3.36 Mt 8.18-22 Reconhecer autoridade significa obedecer de forma espontânea e comprometida.......................................................................................422 6.3.37 Mt 8.23-27 Morte desonrosa na presença do Senhor?...............................................422 6.3.38 Mt 8.28-34 A própria vergonha decorrente do prejuízo pesa mais do que a honra do outro em decorrência da cura....................................................422 6.3.39 Mt 9.1-8 Comprovação do poder sobre o pecado por meio da cura.........................423 6.3.40 Mt 9.9-13 Desonra da expulsão transformada em justiça.........................................423 6.3.41 Mt 9.14-17 Evitando comportamento desonroso.......................................................423 6.3.42 Mt 9.18-26 A vergonha se cala diante da honra arrebatadora...................................423 6.3.43 Mt 9.27-31 Falta de visão é uma vergonha – o ganho de honra é arrebatador.........424 6.3.44 Mt 9.32-34 Ofensa direcionada para conservar a própria reputação.......................424 6.3.45 Mt 9.35-37 Honra por meio de corresponsabilidade................................................424 6.3.46 Mt 10.1-4 Posição de honra ou sofrimento?...............................................................424 6.3.47 Mt 10.5-16 Incumbência honrosa com autoridade......................................................424 6.3.48 Mt 10.17-25 Coesão com quem?................................................................................425 6.3.49 Mt 10.26-33 Quem vê além do horizonte?.................................................................425 6.3.50 Mt 10.34-39 Consequências da valorização...............................................................426 6.3.51 Mt 10.40-42 A honra faz os valores renderem juros altos........................................426 7. O desenvolvimento da consciência neotestamentária: alterando a orientação pela vergonha para a culpa sob influência do Evangelho......................................................................................426 7.1 Introdução.....................................................................................................................426 7.1.1 Reflexão etnológica....................................................................................................426

Sumário 21 7.1.2 Orientação pela vergonha..........................................................................................427 7.1.3 Orientação pela culpa................................................................................................427 7.1.4 Aplicação da teoria em outras culturas.....................................................................428 7.1.5 Aplicação da teoria em contextos bíblicos...............................................................428 7.1.6 Correlações do Antigo Testamento............................................................................428 7.2 Mandamento e interpretação: padrão de pensamento de Deus........................................429 7.2.1 Vergonha e culpa como manifestações do padrão de pensamento humano..............429 7.2.2 Interpretação neotestamentária das leis do Antigo Testamento...............................430 7.3 O padrão de pensamento de Deus........................................................................................432 7.3.1 O mandamento duplo do amor..................................................................................432 7.3.2 O padrão básico.........................................................................................................432 8. Mudança da orientação pela vergonha para culpa no exemplo de Pedro....................................433 8.1 Experiências de Pedro em relação direta com Jesus Cristo.................................................433 8.1.1 Orientação............................................................................................................433 8.1.2 Autoridade.........................................................................................................433 8.1.3 Soberania............................................................................................................434 8.1.4 Previsibilidade.................................................................................................434 8.1.5 Consequências.....................................................................................................435 8.1.6 O grande engano........................................................................................................436 8.1.7 O grande despertar.....................................................................................................436 8.1.8 A consequência do amor..........................................................................................437 8.2 Os efeitos do Espírito Santo em Pedro na história de Atos dos Apóstolos......................437 8.2.1 Função em um contexto antigo: nova incumbência...............................................437 8.2.2 Vida transformada por normas espirituais: novo poder............................................438 8.2.3 Forma-se a igreja: novas diretrizes.........................................................................441 8.2.4 Ministério e vida dos líderes: sob nova autoridade.................................................442 8.2.4.1 Autoridade sobre acontecimentos físicos...........................................................442 8.2.4.2 Autoridade diante de autoridades humanas.......................................................443 8.2.4.3 Autoridade religiosa.............................................................................................443 8.2.4.4 Autoridade política..............................................................................................444 8.2.5 A atitude espiritual se impõe: nova estrutura...........................................................445 8.2.6 Discernimento de espíritos: novos desafios............................................................446 8.2.7 Inserção cronológica: a mudança de paradigmas em Paulo: nova flexibilidade......447 8.2.8 A mudança de paradigmas em Pedro: novo conhecimento...................................449 8.2.8.1 Preparativos para mudanças decisivas – “amolecendo” a consciência.............449 8.2.8.2 Reconsideração radical – mudando a consciência..............................................449 8.2.8.3 O Espírito Santo supera todas as expectativas – fortalecendo a consciência......450 8.2.8.4 Mudança de paradigmas: a consciência está livre para as missões mundiais...451 8.2.9 A igreja do Novo Testamento: novos princípios.......................................................452 8.2.9.1 Valorização de leis do Antigo Testamento...........................................................452 8.2.9.2 Respeito diante da autoridade humana da nova igreja......................................452 8.2.9.3 Uma nova legislação entre em vigor..................................................................453 8.2.9.4 A situação.............................................................................................................453 8.2.9.5 O episódio crítico.................................................................................................453 8.2.9.6 Correção baseada na nova escrita........................................................................454 8.2.9.7 “O Espírito Santo e nós” – a nova aliança........................................................455 9. As cartas de Pedro.........................................................................................................................455 9.1 A primeira carta....................................................................................................................455

22 9.1.1 Os destinatários..........................................................................................................455 9.1.2 O conteúdo..................................................................................................................456 9.1.2.1 A imagem de Deus...............................................................................................456 9.1.2.2 A Escritura Sagrada.............................................................................................456 9.1.2.3 A igreja.................................................................................................................456 9.1.3 Aspectos importantes.................................................................................................457 9.2 A segunda carta.......................................................................................................................460 9.2.1 Os destinatários..........................................................................................................460 9.2.2 O conteúdo.................................................................................................................460 9.2.3 Aspectos importantes.................................................................................................460 9.3 Avaliação..........................................................................................................................462 9.3.1 A vida de Pedro.........................................................................................................462 9.3.1.1 A consciência transforma-se lentamente, mas com segurança, dentro da estrutura geral......................................................................................462 9.3.1.2 A mudança definitiva de paradigmas na consciência de Pedro.........................462 9.3.2 A teologia de Pedro...................................................................................................464 10. A cunhagem intencional da consciência nos colaboradores de Paulo.........................................464 10.1 Sobre o método......................................................................................................................464 10.2 Os resultados:..........................................................................................................................466 10.2.1 A primeira carta de Paulo a Timóteo.......................................................................466 10.2.1.1 A consciência natural do ser humano (não cristão)........................................466 10.2.1.2 A nova consciência..............................................................................................467 10.2.1.2.1 A forma.........................................................................................................467 10.2.1.2.2 O padrão.......................................................................................................467 10.2.1.2.3 Orientação.............................................................................................468 10.2.1.2.4 Autoridade..........................................................................................468 10.2.1.2.5 Princípios da mudança.................................................................................468 10.2.1.2.6 Agentes da transformação............................................................................469 10.3 Segunda carta de Paulo a Timóteo e a carta a Tito..............................................................469 10.3.1 Princípios da transformação.......................................................................................469 10.3.2 Agentes de transformação.........................................................................................470 10.4 Resultado...................................................................................................................470 11. A prioridade da orientação pela culpa sobre a orientação pela vergonha nas correlações bíblicas..................................................................................................................471 11.1 A conclusão soteriológica......................................................................................................471 11.2 Prioridade bíblica da culpa sobre a vergonha.......................................................................473 11.3 Conclusão das correlações teológicas....................................................................................476 11.4 Elênctica: desmascarando o conhecimento do próprio pecado................................................481 12. Seleção de literatura usada e ampliada..........................................................................................482 Capítulo 7: Entendendo a elênctica: a consciência na prática....................................................485 1. Questões sobre elênctica para discussão e avaliação......................................................................487 1.1 Definições..........................................................................................................487 1.2 Estrutura básica da consciência orientada pela vergonha/culpa........................................487 1.2.1 Sobre o gráfico e sua aplicação:.................................................................................487 1.2.2 Sobre a diferença entre a consciência orientada pela vergonha e a orientada pela culpa..............................................................................................488 1.2.3 Exemplos de problemas.............................................................................................488

Sumário 23 1.3 Formação e funcionamento da consciência orientada pela vergonha e orientada pela culpa (capítulo 3)......................................................................................489 1.3.1 Formação e desenvolvimento.....................................................................................489 1.3.2 Fator “pecado”............................................................................................................490 1.3.3 O caráter público do fato.........................................................................................490 1.3.4 Mecanismos: defesa, incriminação, alívio..................................................................490 1.3.5 Exemplos...............................................................................................................491 1.4 Efeitos sociológicos da consciência (capítulo 5)..................................................................492 1.4.1 Diferença entre os modelos A e B do coqueiro (“forma”)........................................492 1.4.2 O “solo”......................................................................................................................492 1.4.3 Influenciando a forma................................................................................................493 1.4.4 O funcionamento........................................................................................................493 1.4.5 Exemplos..........................................................................................................493 1.5 Entendimentos básicos sobre a consciência.........................................................................494 1.6 Para finalizar, mais um teste................................................................................................495 2. Pesquisa sobre o tema consciência................................................................................................496 2.1 O computador manual como ferramenta de pesquisa...........................................................496 2.2 Roteiro de vida........................................................................................................................501 2.2.1 Cunhagem familiar e seus efeitos: o ambiente familiar..........................................502 2.2.1.1 O mito familiar.....................................................................................................502 2.2.1.2 O lema familiar.....................................................................................................502 2.2.1.3 Cunhagens e efeitos externos – impressões externas da infância....................502 2.2.1.4 Informantes apropriados.......................................................................................503 2.2.1.5 Avaliação: esboçar, comparar, avaliar informações.............................................503 2.2.1.6 Refletir informações.............................................................................................503 3. Fases da educação para a consciência............................................................................................504 3.1 Primeira fase da educação: pais..............................................................................................505 3.2 Segunda fase da educação: colegas de escola e amigos........................................................505 3.3 Terceira fase da educação: namorado ou namorada como pessoa de referência .....................505 3.4 Quarta fase da educação: emprego..........................................................................................506 3.5 Quinta fase da educação: educação dos próprios filhos.........................................................506 4. Razão, emoções e as janelas epistemológicas..................................................................................507 5. Alcançando uma consciência orientada pela vergonha.................................................................511 5.1 Exemplo: a mensagem cristã para sociedades tribais fechadas...........................................511 52 A acessibilidade do ser humano atual: princípio e abordagem para a proclamação............516 6. Status, papel e prestígio...................................................................................................................519 7. Poder político e a consciência orientada pela vergonha................................................................523 7.1 A situação antes do contato com os estrangeiros..................................................................523 7.2 Aceitação de mudanças políticas estrangeiras........................................................................524 7.3 Reação.............................................................................................................................524 7.4 O sistema político interno de uma “tribo”............................................................................524 7.5 O sistema político “entre tribos” de uma ilha.....................................................................525 7.6 Características e peculiaridades psicológicas........................................................................526 7.7 Rendição a um governo político............................................................................................527 7.8 As duas funções dos espíritos...............................................................................................528 7.9 Estrangeiros e espíritos: a essência da disposição à rendição...........................................528 7.10 Função dos alemães: foram reconhecidos imediatamente e sem oposição...........................529

24 7.11 Resumo......................................................................................................530 7.12 Orientação para avaliação e aplicação no trabalho missionário............................................530 7.12.1 Substituição funcional................................................................................................531 7.12.2 Missionários como personalidades de poder, a missão como poder estrangeiro......531 7.12.3 Igreja local e controles internos................................................................................532 7.13 Literatura...................................................................................................................532 8. Mudança de valores e consciência................................................................................................533 8.1 Desenvolvimentos relevantes para a consciência na Europa e um posicionamento.........533 8.2 Iluminismo..........................................................................................................................534 8.3 Desenvolvimentos relevantes para a política e a sociedade................................................535 8.4 Drástico declínio de valores...................................................................................................537 8.5 Tolerância e relevância dos valores.......................................................................................539 8.6 Conservação dos valores........................................................................................................541 8.7 Não há valor sem autoridade ou liberdade de vontade..........................................................541 8.8 Abordagens para a consciência orientada pela vergonha na nossa sociedade....................542 8.9 Uma consciência funcional.....................................................................................................543 8.10 Componentes ausentes e alterados na consciência da nossa sociedade..............................544 8.11 Reinterpretação de valores e leis...........................................................................................545 8.12 Autoridade ausente – a sociedade transforma-se em autoridade........................................546 8.13 Fortalecimento da consciência................................................................................................547 8.14 Afiamento da consciência.......................................................................................................548 8.15 Exemplo e resistência.............................................................................................................549 8.16 Literatura selecionada.............................................................................................................550 9. A consciência doente.....................................................................................................................551 9.1 Saúde e doença como termos psicológicos, sociais e religiosos.......................................551 9.2 Base pré e pós-natal para a consciência: o epigenoma.........................................................552 9.3 Base pré e pós-natal para a consciência: apego seguro ou inseguro...................................553 9.4 A consciência insensível........................................................................................................556 9.4.1 Insensibilidade em relação à autoridade, às normas e aos valores...........................556 9.4.2 A consequência..........................................................................................................557 9.5 A consciência hipersensível..................................................................................................557 9.6 A consciência fraca...............................................................................................................558 9.7 A consciência sob estresse..................................................................................................559 9.8 Métodos de cura alternativos...............................................................................................560 9.8.1 Educação em orfanatos..............................................................................................560 9.8.2 Acampamentos educativos (“boot camps“): tentativa de uma mudança de paradigmas voluntariamente forçada em jovens..............................................562 9.9 Sintomas de doença................................................................................................................564 9.10 Orientações para tratamento.................................................................................................565 9.10.1 Fortalecer a autoridade...............................................................................................565 9.10.2 Garantir a dignidade...................................................................................................565 9.10.3 Valores adequados......................................................................................................565 9.10.4 Leis e mandamentos apropriados..............................................................................566 9.10.5 Punições alternativas..................................................................................................566 9.10.6 Reconhecer pecado/transgressão de norma e chamá-lo pelo nome........................566 9.10.7 Liberdade/paz para todos..........................................................................................566 9.10.8 Exigir responsabilidade..............................................................................................567 9.10.9 Mecanismos funcionais..............................................................................................567 9.10.10 Limites da consciência.............................................................................................567

Sumário 25 9.10.11 Questões para estudo................................................................................................568 10. Firmeza da consciência: levando uma vida reta com ajuda de um perfil..................................568 10.1 A consciência como perfil: usos e comparações..............................................................568 10.2 Firmeza na sociedade pós-moderna: reflexões sobre um ethos cristão.............................568 10.3 Exemplo do veleiro.................................................................................................................570 10.3.1 A vela..........................................................................................................................570 10.3.2 A quilha......................................................................................................................571 10.3.3 O leme........................................................................................................................571 10.3.4 A construção...............................................................................................................572 10.3.5 O vento.......................................................................................................................572 10.3.6 A correnteza...............................................................................................................573 10.3.7 O perfil.......................................................................................................................573 10.4 O exemplo da canoa...............................................................................................................574 10.4.1 Perguntas........................................................................................................576 10.5 Forma: normas e valores......................................................................................................576 10.5.1 Profundidade do perfil: confiabilidade e disposição ao sofrimento.......................578 10.5.2 A carcaça (estrutura): estabilidade e resistência.......................................................579 10.5.3 Pressão: vedação e Espírito de Deus.........................................................................580 10.5.4 Limpeza: purificação e santificação...........................................................................581 10.5.5 Corpos estranhos: lei e fé..........................................................................................582 10.5.6 Balanceamento: comunhão e intuição........................................................................583 10.5.7 O perfil de modelos bíblicos....................................................................................584 10.5.7.1 Daniel (Daniel 1-6).............................................................................................584 10.5.7.1.1 Aderência (Dn 1.8).......................................................................................584 10.5.7.1.2 Forma (Dn 1.8; 2.28; 2.46-47; 3.28-30).....................................................584 10.5.7.1.3 Profundidade (Dn 6.8-12)............................................................................584 10.5.7.1.4 Camadas (Dn 6.1-6).....................................................................................584 10.5.7.1.5 Pressão (Dn 6.11,17,22)...............................................................................584 10.5.7.1.6 Limpeza (Dn 1.3-20)...................................................................................584 10.5.7.1.7 Corpos estranhos (Dn 2.12-16; 6.3-6).......................................................584 10.5.7.1.8 Constância (Dn 5.17; 1.1,4,30-34; 5.30-6.1)...............................................584 10.5.7.2 Davi......................................................................................................585 10.5.7.2.1 Aderência (1Sm 17)....................................................................................585 10.5.7.2.2 Forma (Sl 23; 1Sm 16.1-13)........................................................................585 10.5.7.2.3 Profundidade (1Sm 18.17-27; 19.1+18; 21.11; 23.6-14)...........................585 10.5.7.2.4 Camadas (2Sm 17-19.9; 1Sm 16.1-14; 24.1-23; 26.1-25).........................585 10.5.7.2.5 Pressão (1Sm 25.1-39; 2Sm 15.30-37; 16.5-14).......................................585 10.5.7.2.6 Limpeza (Sl 51; 2Sm 11; 12.1-25)............................................................585 10.5.7.2.7 Corpos estranhos (2Sm 9; 1.1-16; 21.1-14)...............................................585 10.5.7.2.8 Constância (Sl 69).........................................................................................585 11. Literatura usada e ampliadora........................................................................................................585 Capítulo 8: Exemplos...........................................................................................................................587 1. Mudança da orientação pela culpa para vergonha..........................................................................588 1.1 Senso de justiça na década de 1950...................................................................................588 1.2 Um pedaço de madeira na autoestrada...............................................................................588 1.3 Publicidade voltada para uma consciência orientada pela vergonha..................................588 1.4 Controle no lugar de proibições...........................................................................................589

26 1.5 Por que o islamismo é atraente para os alemães da pós-modernidade..................................589 1.6 Correlações históricas.............................................................................................................589 1.7 Prisioneiros....................................................................................................................590 1.8 Educação/hábitos na primeira infância..................................................................................590 1.9 Homossexualidade.....................................................................................................590 1.10 Confissão tardia.......................................................................................................................591 1.11 Ética econômica moderna......................................................................................................591 1.12 Política partidária....................................................................................................................592 1.13 Mudança de valores...............................................................................................................592 1.14 Arrependimento tardio............................................................................................................592 1.15 Trabalhadores estrangeiros.....................................................................................................592 1.16 Bullying e perseguição..........................................................................................................593 1.17 Ser gay é bom.......................................................................................................................593 1.18 Valores cristãos.......................................................................................................................593 2. Mudança da orientação pela vergonha para culpa........................................................................593 2.1 Coco roubado..........................................................................................................................593 2.2 Furto – observado ou não?......................................................................................................594 2.3 Consciência pesada: para quê?..............................................................................................594 3. Honra e prestígio – vergonha e desonra.........................................................................................595 3.1 Símbolos de prestígio.............................................................................................................595 3.2 A vergonha decorre da educação ou da genética?.............................................................595 3.3 Boas notas para combater o sentimento de vergonha..........................................................595 3.4 Notas escolares........................................................................................................................595 3.5 O diretor nativo e professor com doutorado..........................................................................596 3.6 Raiva por causa do desprezo à honra?...................................................................................596 4. Minorias étnicas – integração e adaptação.....................................................................................597 4.1 Igrejas étnicas na Alemanha..................................................................................................597 4.2 Conflito de valores..................................................................................................................598 5. Coesão do grupo..............................................................................................................................598 5.1 Unidades sociais......................................................................................................................598 5.2 Estrutura de aldeia..................................................................................................................598 6. Suicídio.................................................................................................................................599 6.1 Suicídio por um dólar.............................................................................................................599 6.2 Suicídio e vergonha...............................................................................................................599 6.3 Suicídios em série..................................................................................................................599 6.4 Suicídio devido à ameaça de vergonha...............................................................................600 7. Assassinato.....................................................................................................................................600 7.1 Pai estrangula a filha..............................................................................................................600 7.2 Assassinato de honra em Berlim............................................................................................601 7.3 O assassinato de Frère Roger/Taizé.......................................................................................601 7.4 Abuso de crianças, sequestro e assassinato...........................................................................601 8. Coragem para morrer e pena de morte........................................................................................601 8.1 Coragem para morrer entre os jovens da Nova Guiné.........................................................601 8.2 Sentença de morte entre os índios surui.............................................................................602 8.3 Forca.......................................................................................................................................602 8.4 Crucificação.....................................................................................................................602

Sumário 27 9. Castigo................................................................................................................................603 9.1 Pelourinho.............................................................................................................603 9.2 O “pelourinho” moderno.........................................................................................................603 9.3 Pelourinho tradicional: respeito pela autoridade...................................................................603 9.4 Transferência de oficiais como forma de punição.................................................................603 9.5 Castigo – interpretações ocidentais e nativas........................................................................604 9.6 Prisioneiros orientados pela vergonha.................................................................................604 10. Autoridade...........................................................................................................................604 10.1 Compreensão cultural de democracia....................................................................................604 10.2 Autoridade do irmão mais velho...........................................................................................606 10.3 O missionário como autoridade superior..............................................................................606 10.4 Status dos pastores.................................................................................................................607 10.5 Imagem de Deus....................................................................................................................607 10.6 Níveis de contato...................................................................................................................607 10.7 Hierarquia de cargos e pleno poder....................................................................................607 10.8 Autoridades para diferentes funções....................................................................................608 10.9 Kibutzim.................................................................................................................608 11. Normas..............................................................................................................................608 11.1 Comunismo e iniciativa própria............................................................................................608 11.2 Competição esportiva – quem vai vencer?..........................................................................608 12. Medo...............................................................................................................................................609 12.1 Controle como fato de medo................................................................................................609 12.2 Medo como fenômeno social................................................................................................609 12.3 Símbolos do medo para lembrar autoridade e castigos.......................................................609 13. Valores/dignidade........................................................................................................................610 13.1 O engano como valor...........................................................................................................610 13.2 Casamentos informais.............................................................................................................610 13.3 Figura nua...............................................................................................................................610 13.4 Corrupção........................................................................................................................610 13.5 Decadência dos valores na Alemanha..................................................................................610 13.6 Assédio na estrada..................................................................................................................610 13.7 Veredito orientado pela vergonha?.........................................................................................611 14. Aconselhamento/disciplina na igreja..............................................................................................611 14.1 Ancião da igreja na Micronésia............................................................................................611 14.2 Disciplina da igreja ou fome................................................................................................612 15. Pecado..........................................................................................................................................612 15.1 Quem é o pecador?................................................................................................................612 15.2 As latas de carne em conserva roubadas.............................................................................612 15.3 Pecado maior?.........................................................................................................................613 15.4 Avaliando como “pecado”......................................................................................................613 15.5 O castigo pelo pecado é hereditário.....................................................................................613 16. Exemplos de culturas diferentes.....................................................................................................613 16.1 Protótipo da consciência cristã.............................................................................................613 16.2 Deficiência como vergonha para a família..........................................................................614 16.3 Deficiência causa alterações na estrutura da consciência...................................................614 16.4 Educação linguística...............................................................................................................614

28 16.5 Embriagues e suas consequências.........................................................................................614 16.6 Expiação católica....................................................................................................................615 16.7 Confissão evangélica..............................................................................................................615 16.8 “Porta-voz de aluno”.............................................................................................................616 17. Conflitos entre entendimentos ocidentais e não ocidentais..........................................................616 17.1 O missionário como autoridade estrangeira, superior.............................................................616 17.2 Furto de utensílios de cozinha..............................................................................................616 17.3 Diretor de escola....................................................................................................................617 17.4 Participantes da conferência...................................................................................................617 17.5 O caixa para compras (fictício)............................................................................................618 17.6 Escolha de anciãos da igreja................................................................................................618 17.7 Marinheiros micronésios em navio alemão............................................................................619 17.8 Propriedade abandonada.........................................................................................................620 17.9 Terreno para um aeroporto...................................................................................................620 17.10 Tolerância: detalhe ou negligência?.....................................................................................620 17.11 Uma repreensão com prestígio............................................................................................621 17.12 “Favela”..........................................................................................................................621 18. Exemplos comentados.....................................................................................................................621 18.1 Comparação entre orientação pela vergonha e pela culpa...............................................621 18.2 “Michael Kohlhaas“ – uma novela de Heinrich von Kleist...............................................622 18.2.1 Pano de fundo histórico.............................................................................................622 18.2.2 Novela.......................................................................................................................622 18.3 Suicídio em decorrência de abuso homossexual.................................................................623 18.4 Teologia sincretista.................................................................................................................624 18.5 Disciplina para pastores respeitados....................................................................................624 18.6 Feridas não curadas...............................................................................................................628 19. Reconciliação à moda do cacique de Puluwat.............................................................................628 19.1 Contexto..............................................................................................................................628 19.2 “Apworo” – rompimento com um tabu animista...................................................................629 19.3 Coqueiro ou fruta-pão?..........................................................................................................631 19.4 Taitos – a Bíblia viva..............................................................................................................631 19.5 O teste de força espiritual – o sangue do espírito.................................................................631 19.6 O erro fatal.............................................................................................................................632 19.7 A primeira pá.........................................................................................................................632 19.8 A perda de reputação...........................................................................................................633 19.9 Distância.........................................................................................................................633 19.10 Reconciliação à moda de Puluwat........................................................................................634 19.11 O segundo erro......................................................................................................................635 19.12 A lição da reconciliação......................................................................................................635 Índice remissivo.....................................................................................................................................637 Índice de referências bíblicas usadas...................................................................................................661 Índice de nomes e lugares.....................................................................................................................673

Prefácio à edição brasileira A consciência na cultura e na religião, de Klaus Muller, é um avanço na missiologia brasileira. Eu me lembro dos primeiros textos que tínhamos no mestrado de missiologia nos EUA – Customs e Cultures and Christianity, de Eugene Nida (1963); The Bridges of God, de Donald McGavran (1955); The Indigenous Church, de Melvin Hodges (1953) e An Introduction to the Science of Missions, de Johan Herman Bavinck (1960). Este último livro, de Bavinck, marcou minha visão missionária com o conceito muito enfatizado, o de Elentics, ou o que chamo em português de “elênctica”. O que era “elênctica” para Bavinck? Era o conceito de que a primeira tarefa evangelizadora do missionário é levar o povo à consciência de que é pecador. É a ciência da conscientização sobre a realidade humana de separação de Deus por causa do pecado. Dr. Muller agora escreve um livro, muito bem-vindo, desenvolvendo esse conceito para missionários e para a igreja cristã. Temos ouvido sobre conceitos de pecado baseados em cul- turas de “culpa” e de “vergonha”. Professores de missões no Brasil têm tratado essa diferença para nos ajudar a entender como os diferentes povos veem o pecado. Recentemente, acrescen- tou a esses dois o conceito de “medo”. É necessário que o missionário entenda essas diferen- ças para não levar uma abordagem da cultura dele para uma nova cultura que não entenderia bem do que se trata. Se o missionário vai levar o Evangelho para um povo, o primeiro passo é ajudar as pessoas a compreenderem seu pecado e necessidade de perdão e salvação. Se não compreenderem porque Jesus morreu na cruz, nunca vão realmente compreender a salvação ou porque tal ato terrível tinha que acontecer por amor a nós. Por isso, este livro é mais um instrumento muito valioso para ajudar no alcance missionário das nações. Mas, além disso, é muito valioso para todos nós nas igrejas protestantes brasileiras. Temos esquecido, em grande escala, que somos pecadores e que a mensagem do Evangelho é primeiramente perdão deste pecado e libertação dos seus efeitos. Não falamos mais do arre- pendimento. Quase não existem pessoas quebrantadas por causa do seu pecado. Achamos que estamos bem, pois nunca roubamos ou matamos alguém. E os pregadores não querem aborre- cer as pessoas, falando de suas falhas e culpas. A mensagem se tornou um grande “pensamento positivo”, que Deus é amor e não vai nos prejudicar, só abençoar e cuidar. Espero que este novo livro seja lido por pessoas que possam fazer diferença na missiologia, na eclesiologia e no cristianismo da nossa nação. Barbara Helen Burns

Prefácio De todos os aspectos da personalidade humana, nenhum me parece – depois de décadas de estudos pessoais sobre o assunto – tão multifacetado e rico em subestruturas quanto aquilo que cientificamente, segundo Sigmund Freud, chamamos de “superego”, mais recentemente de “eu ideal” e, popularmente, de “consciência”. A maioria das pessoas possui ideias simples a respeito. Elas limitam as funções da consciência a uma ajuda para conseguir identificar in- tenções e ações como boas ou más, o que não passa de uma definição mínima. Na verdade, a consciência individual forma a base da inteligência emocional do ser humano. Sem a atuação da consciência na vida diária, a pessoa seria incapaz de ser “pessoa”, ou, mais precisamente, um ser social. Afinal, a consciência não está relacionada apenas à moralidade e ao pecado, mas também à questão do que os seres humanos entendem como honra e vergonha. Além disso, a maioria das pessoas não tem consciência de que as funções do superego, eu ideal ou consciência dependem de forma elementar do desenvolvimento da personalidade nos primeiros anos de vida, nem de que estas funções são intensamente influenciadas pelo ambien- te social e pela cultura nos quais o indivíduo é obrigado a crescer. O desconhecimento dessas condições da ação humana não raro tem consequências fatais, pois elas são de importância fundamental para a interação bem ou malsucedida entre as pessoas. Atualmente há uma extensa literatura sobre o tema “elênctica”, nome dado – com um leve desvio da compreensão socrática – ao estudo moderno da consciência. Neste livro Klaus W. Müller apresenta sua tentativa de trazer uma síntese abrangente desse estudo. Ao longo de dé- cadas de trabalho, a partir de experiências pessoais na convivência com pessoas de sociedades diferentes de praticamente todos os continentes, também como conselheiro espiritual, mas principalmente no âmbito de sua atuação como professor universitário, ele desenvolveu uma teoria da consciência em sentido abrangente, que inclui aspectos psicológicos, sociológicos, pedagógicos, teológicos e muitos outros. Quem procura apresentar um campo de pesquisa com tal amplidão dificilmente alcançará completude nem conseguirá fazer justiça a todos os pontos de vista científicos. Algumas ca- deias de argumentações podem ser atacáveis, ou demandam, ao menos, habituação a elas. A abundância de ideias aqui reunidas, apresentadas, comparadas e analisadas formam uma arca de tesouros tanto para especialistas quanto para leigos interessados no assunto. Certamente justifica-se a grande expectativa pela discussão pública das teses do autor. Schallstadt, maio de 2009 Prof. dr. Lothar Käser

Capítulo 1 Introdução: Compreendendo a consciência Este capítulo tem por objetivo apresentar o leitor à origem do assunto “elênctica”, a história do termo, o ramo científico que se originou a partir dele e a aplicação pessoal feita pelo autor. Uma breve discussão de lite- ratura importante mostrará que este manual não inventou este assunto nem pretende esgotá-lo, e que também não tem a ambição de ser autossufi- ciente, abrindo mão de literaturas de outras disciplinas e de tantos outros pesquisadores e pensadores do passado, presente e futuro. Mais do que isso, o livro pretende abrir caminhos trilháveis na selva das disciplinas cien- tíficas, das pré-concepções e conhecimentos científicos e, principalmente, do conhecimento e senso popular sobre a consciência. Também é importante entender que o autor não deseja medir forças com outras disciplinas cien- tíficas. Ele prefere usar resultados de pesquisas, principalmente das áre- as etnológica, psicológica e pedagógica, aplicando-os à missiologia com base na teologia. Também é dado o devido crédito a pessoas e circunstân- cias que contribuíram para este livro e para o debate sobre este assunto.

32 Capítulo 1 - Introdução - Compreendendo a consciência 1. Escopo e foco Este tema representa um conflito para mim. Não quero abrir concorrência com outras disciplinas – e não tenho a pretensão de com- preendê-las ou representá-las corretamente. Parto dos seus resultados, procurando ao máxi- mo entender seu contexto – mas é justamente aí que podem aparecer lacunas significativas. Não tenho a pretensão de dominar todas as disciplinas abordadas. Minha área, a missiologia, abrange outras áreas limítrofes; áreas em que os conhecimentos se sobrepõem, e essa reali- dade muitas vezes não é percebida. É por isso que cada disciplina traça suas interpretações a partir do seu centro, com seus próprios pontos focais – e com ferramentas científicas específicas. Esse é o “atalho” egocêntrico de qualquer disciplina científica. Por isso, prova- velmente nenhuma disciplina que tenha tratado do tema “consciência” se considerará ade- quadamente representada aqui. Do meu ponto de vista, procuro coletar informações de uma forma que acredito ainda não ter sido estabelecida para esse tema. É por esse motivo que, até agora, cada disciplina científica chegou a resultados diferentes, inúteis e não aproveitados pelas outras disciplinas. Mais distan- te ainda está a tentativa de aproveitar os resultados das diferentes disciplinas para aplicações transculturais; na melhor das hipóteses, foram ignoradas, se não categoricamente desprezadas: não cabiam no conceito específico. Mas essa coleta de resultados é importante, pois amplia enormemente os horizontes e permite conclusões, em um processo no qual cada disciplina dá sua contribuição e precisa, ao mesmo tempo, questionar-se, a começar pela teologia. Pode ser doloroso aceitar esse tipo de questionamento a partir de evidências, permitir novos rumos ao pensamento e, de certa forma, contemplar-se “de fora para dentro”. Não é preciso abrir mão de suas próprias convicções, mas é possível enriquecê-las, ampliá-las e até mesmo testá-las: eu me submeti a essa disciplina. Essa nova visão esconde surpresas, nas quais tendemos, no primeiro momento, a atribuir certa incompetência ao outro, para nossa própria autoafirmação e para não ser obrigado a aceitar o outro lado; os argumentos que surgem muito provavelmente virão da própria experiência. Quero encorajá-lo a não agir assim, mas se deixar surpreender. Trata-se de um único tema: consciência – tecnicamente chamada de supereu, superego ou eu ideal. Propositadamente manterei em toda a obra o termo genérico, cujo uso e definição po- pulares lhe deram uma compreensão mais ampla, sujeita a mais pré-concepções e mal-entendi- dos, que devem ser corrigidas aqui. São deixados de lado aspectos específicos que interessem apenas a determinadas disciplinas. A “consciência” deve ser compreensível no contexto da cultura e o papel da religião na sua formação deve ficar perceptível. Devido ao meu trabalho anterior com este assunto eu esperava impulsionar outras pes- quisas detalhadas, que comprovassem a utilidade e a validade do meu raciocínio e dos meus modelos. Isso aconteceu. Por isso, também muitas correções foram integradas ao longo dos anos. As definições tornaram-se mais precisas, mas também mais abrangentes. Uma pessoa só muda efetivamente seus modelos de pensamento e comportamento na medi- da em que sua consciência muda. Dessa forma ela influencia seu entorno e gera certa alteração cultural. Mas, para isso, o ser humano precisa de determinadas informações que compreenda e aceite. Quanto mais elementos de informação forem ouvidos, compreendidos, assumidos e armazenados de forma consciente e de boa vontade, tanto mais cedo a consciência será forma- da e marcada por eles. Formam-se novos padrões, mudam-se sistemas de valores. Primeiro a pessoa aprende a reagir de forma consciente, depois cada vez mais inconscientemente. Na comunicação e cooperação transcultural o conteúdo da mensagem transmitida não é al- terado pelos esforços de convencimento. Não é possível impedir mudanças em uma mensagem

Contexto pessoal para a elênctica 33 simplesmente deixando de transmiti-la. Qualquer mensagem traz mudanças – em si mesma ou em outros – do contrário não é uma mensagem. Neste caso não teria nada a dizer e não valeria a pena comunicá-la. Mas, como também não é possível não comunicar (Watzlawick), cada men- sagem é colocada à prova por si mesma: O que ela muda, e de que forma, seja comunicada ou omitida? Trata-se sempre de pessoas que determinam situações. Pessoas e situações são deter- minadas pela cultura e pela religião – consciente ou inconscientemente. Quanto mais se procura omitir ou ignorar um elemento, tanto mais significado oculto ele ganha. A forma com que a men- sagem é comunicada (verbal ou não verbal, aberta ou oculta) é determinante para que o conteúdo seja compreendido e a consciência, atingida. Esconder conteúdos religiosos ou culturais para que a pessoa e sua consciência tenham mais facilidade para mudar seu comportamento de acordo com sua própria vontade torna o conteúdo da mensagem obsoleto, diminui o valor da cultura e da religião – o que serve apenas para inflamar seus respectivos valores enraizados na consciência. O novo estilo de vida só é adotado na medida em que a consciência de uma pessoa é alterada e marcada voluntariamente, por exemplo, por meio de uma mudança de paradigmas religiosos. 2. Contexto pessoal para a elênctica 2.1 Lothar Käser: Mentor Não fazia muito tempo que Lothar Käser, professor de ensino médio, que na época realizava “mi- nistério exterior” como enviado de sua igreja para atuar no auxílio humanitário na Micronésia, assumira o posto de diretor do colégio da igreja evangélica na ilha de Tol, na parte ocidental da laguna Chuuk. Certo dia ele pescou um livro na lixeira da biblioteca e ficou fascinado pela leitura depois de umas poucas frases. Desde então o tema do “superego” ocupa sua mente – e eu também fui fortemente “contagiado” por isso. Vivíamos discutindo fenômenos isolados em nossos encon- tros ocasionais ou em conversas via rádio, ele, a princípio, do ponto de vista teórico, e eu, um jovem missionário, a partir das experiências práticas que não faziam sentido para mim. Lothar Käser tinha respostas, mas não tinha perguntas, enquanto eu tinha perguntas e nenhuma resposta. Nos nossos encontros ocasionais coordenávamos nosso conhecimento durante longas conversas noturnas. Então, no começo dos anos 70, Käser apresentou um modelo durante a conferência anual dos cooperadores em Chuuk/Micronésia que deixou todos de queixo caído. Ele lera autores pertinentes e apresentou-nos os resultados de suas reflexões. Além disso, solicitara que alguns de nós fizessem breves palestras sobre temas relacionados à consciência. Essa foi a primeira vez que tratei desse assunto de forma concreta e por escrito. Nos anos seguintes, os resultados das pesquisas etnológi- cas de Lothar Käser sobre assuntos como “Conceitos de alma e corpo nos habitantes insulares de Chuuk”1 formaram a base para uma compreensão que se tornou determinante para mim. Cerca de 25 anos depois desse primeiro desafio, no dia 25 de julho de 1998, quando am- bos já éramos professores universitários, ele presenteou-me com o livro de Kittsteiner, Die Entstehung des modernen Gewissens (A formação da consciência moderna), acompanhado do seguinte bilhete: “Considero este livro um fornecedor de ideias de primeira linha. Você não vai concordar com algumas coisas, mas, na verdade, também isto fornece ideias... Portanto, libere seu espírito (=intelecto) das correntes e escreva uma introdução à elênctica com o objetivo de que o leitor compreenda, sem necessidade de conhecimento prévio, que elemento fascinante é a consciência dentro da existência humana como um todo”. 1 Lothar Käser. “Der Begriff Seele bei den Insulanern von Truk” [O termo alma na compreensão dos insulares em Truk]. Dissertação. (Universidade de Freiburg, 1977.) Lothar Käser. Die Besiedlung Mikronesiens [A colonização da Micronésia], Tese de doutorado. (Berlim: Dietric Reimer Verlag, 1990.)

34 Capítulo 1 - Introdução - Compreendendo a consciência Em 1997 foi publicada a opus magnum de Käser, Fremde Kulturen. Eine Einführung in die Ethnologie (Diferentes culturas. Uma introdução à etnologia)2. Esta obra tornou-se referência já em sua primeira edição e contém um capítulo de 40 páginas intitulado “Cultura e superego (consciência)”. Neste capítulo ele processou a literatura existente até então, inclusive alguns artigos isolados de minha autoria. No primeiro semestre de 2008, por ocasião de seu 70º aniversário, presenteei Lothar Käser com o primeiro esboço da presente obra. No dia 22 de agosto de 2008 recebi dele um bilhete, forma pela qual tínhamos trocado muitas informações importantes ao longo dos anos, antes da época dos e-mails e do Skype. O bilhete vinha acompanhado de um recorte da revista Der Spie- gel com um obituário de Heinz Dieter Kittsteiner (65), que o caracterizava da seguinte forma: “Perspicaz e não convencional – poderíamos usar estas palavras para caracterizar a pesquisa deste historiador, natural de Hannover...”. Em seguida Lothar Käser leu atentamente meu manus- crito e devolveu-o capítulo por capítulo: eu ainda tinha algumas lições de casa para fazer. Sou muito grato a ele e a sua esposa, Gisela, porque o incentivo dado há tantos anos agora pôde assumir forma própria. Eles também incentivaram muitas outras pessoas a ocuparem-se primeiro dos bastidores do idioma e da cultura, antes de darem início ao ministério propriamente dito. Ele é responsável por conquistar um lugar fixo para a etnologia na missiologia alemã. Ao longo dos quase 40 anos de nossa amizade mantivemos constantemente as discussões sobre este assunto; ele continuou trabalhando no âmbito das suas pesquisas etnológicas, en- quanto eu interpretava seus resultados e minhas próprias descobertas para a missiologia. 2.2 Elênctica: disciplina da missiologia sobre a consciência O ponto de partida concreto do meu raciocínio foi o modelo original de comparação do de- senvolvimento e funcionamento da consciência orientada pela vergonha versus a consciência orientada pela culpa, desenvolvido por Lothar Käser. Hoje tenho muita dificuldade em discer- nir quais ideias vieram de quem. Especialmente a literatura padrão sobre o assunto tornou-se tão familiar para nós quanto nossos próprios pensamentos. Amalgamaram-se todos em uma nova unidade, que naturalmente tem impulsos externos fortes. Por isso, abro mão aqui de iden- tificar fontes originais e posteriores, além da comprovação de teses que já estão solidificadas. Há quase 30 anos transmito minhas descobertas principalmente a missionários e teólo- gos, e há aproximadamente 10 anos ensino elênctica de forma sistemática. A pedido da AMG (Academia de Missões e Plantação de Igrejas, na sigla em alemão), em Giessen (Alemanha), desenvolvi um curso semestral completo com 30 aulas a partir deste tema, e também tive o privilégio de dar palestras sobre aspectos específicos a especialistas de outras disciplinas. Ao longo destes anos, recebi retorno e confirmações de teólogos, missionários, colaboradores de ações de ajuda humanitária, cooperadores de igrejas, pedagogos, sociólogos e psicólogos. Eles confirmaram as teses, e sua experiência contribuiu para dar novos impulsos. Assim as desco- bertas foram testadas de forma múltipla em diferentes culturas e religiões. Pesquisas e séries de palestras objetivas em diversos continentes e países (Índia, Bósnia, Eslováquia, Sudão, Paraguai, Argentina, Brasil, Micronésia) reforçaram ainda mais essas te- ses, ampliando-as e abrangendo cada vez mais áreas de estudo relacionadas. A primeira tentativa concreta de desenvolver o assunto foi minha tese de mestrado na School of World Mission (Escola de Missões Mundiais) do Fuller Theological Seminary nos EUA: nesse processo percebi o real alcance deste tema quando tratado de forma científica. A elênctica era abrangente demais para uma tese de mestrado. Dez anos depois o assunto voltou à 2 (Londrina: Descoberta, 2004) (N. de tradução)

Contexto pessoal para a elênctica 35 discussão: elênctica ou Vicedom3? Meu orientador de doutorado aconselhou-me: “Se você pre- tende terminar a tese, escolha Vicedom!” Para tratar da elênctica, teria sido necessário realizar um segundo estudo de cultura para poder compará-lo à Micronésia. Então fui ultrapassado pe- los estudantes da (naquela época) Universidade Livre de Missões, em Korntal, onde trabalhei por 17 anos. Lothar e eu recebemos confirmações importantes por intermédio de estudantes, doutorandos e colegas, que retomaram o assunto e escreveram pesquisas próprias4. Também houve colegas que defendiam que o tema já tinha sido teologicamente “exaurido” há muito tempo – postura ignorante que só tem aquele que entende pouco de cultura. Ao longo destes anos, novos artigos e dissertações foram sendo continuamente publicados, abordando temas específicos e finalmente aglutinando-se em um todo. Um semestre livre para pesquisa na Universidade Livre de Teologia Giessen (FTH, na sigla em alemão) deu o impulso importante e necessário para que os muitos fragmentos e pensamentos não desenvolvidos fos- sem elaborados de forma sistemática. Quero expressar minha gratidão ao reitor, prof. dr. Helge Stadelmann, ao decano, dr. Ste- phan Holthaus, ao diretor geral, Andreas Trakle, e ao diretor de departamento, dr. Friedemann Walldorf, por toda compreensão, interesse e ajuda – eles mostraram uma enorme boa vontade em promover a missiologia não apenas dentro de sua própria instituição. Outros colegas par- ticiparam ativamente, fornecendo encorajamento por meio de seu interesse, correções, breves debates e – não poderia ter sido de outra forma – notas de rodapé, mas também por meio de outras formulações teológica importantes, entre eles dr. Walter Hilbrands, dr. Henry von Sie- benthal, dr. Heiko Wenzel, prof. dr. Armin Baum. Quando se trata de um projeto iniciado há 35 anos, é impossível citar o nome de todas as pessoas envolvidas que foram importantes para mim. Quero agradecer a todos os que tomaram parte nesta discussão e fizeram suas próprias pesquisas relacionadas, os estudantes da (então) Universidade Livre de Missões (Academia de Missões Mundiais, Korntal) e da Universidade Livre de Teologia, assim como da Academia para Missões e Plantação de Igrejas de Gies- sen. Um trabalho preparatório especialmente bom foi realizado por Andreas Hirsch em seus trabalhos no seminário e também em contribuições especiais depois de sua formatura (FTA, agora FTH). Eva Dittmann, porta-voz dos alunos da FTH, elaborou o índice remissivo. Andreas Rauhut compilou as correções feitas por estudantes que haviam lido esboços anteriores. As ilustrações científicas foram aprimoradas pela artista gráfica Olga Sokolov, ex-aluna da AMG. A bibliografia de pesquisa contou com a colaboração de Margarethe Freitag, Andrea Stroetzel, Salome Metzger, Eberhard Werner e, principalmente, Holger Kerschbaum. Janine Hofeditz, formanda da FTH, fez a análise crítica da obra, assim como Friedemann Knödler, formando do 3 Georg Friedrich Vicedom foi missiólogo alemão, missionário pioneiro na região central da Nova Guiné, profes- sor e pesquisador. (N. de revisão) 4 Samuel Wunderli, The Significance of Shame and Guilt-Oriented Consciences for Cross-Cultural Ministry. M.A.-MPP. (Columbia/SC.: Columbia Biblical Seminary and Graduate School of Missions, 1990.) Gisela Paluch, Das Ehrver- ständnis der Japaner auf dem Hintergrund biblischer Ethik in seiner Bedeutung für den missionarischen Gemeindeauf- bau in Japan. Trabalho de conclusão de curso equivalente a mestrado. (Korntal: Freie Hochschule für Mission, 1991.) Doris Eberhardt, Socialization of Tingau Children among the Lele in Manus. Trabalho de conclusão de curso de mestrado. (Korntal: Columbia International University, 1997.) Hannes Wiher, Missionsdienst in Guinea. Das Evangelium für eine schamorientierte, von Animismus und Volksislam geprägte Gesellschaft. Edition afem, mission scripts Vol. 14. (Bonn: VKW, 1998.) Robert Badenberg, The Body, Soul and Spirit Concept of the Bembain Zambia. Fundamental Characteristics of Being Human of an African Athnic Group, Edition afem, mission academics, Vol.9. (Bonn:VKW, 1999.) Ruth Lienhard, Restoring Relationships:Theological Reflections on Shame and Honor among the Daba and Bana of Cameroon. Dissertação de doutorado em estudos transculturais, Fuller Theological Seminary, School of World Mission, Pasadena. (UMI Dissertation Services, Ann Arbor, Mich., 2000.) Martin Lomen, Sünde und Scham im biblischen und islamischen Kontext: Ein ethno-hermeneutischer Beitrag zum christlich-islamischen Dialog, edition afem, mission scripts 21. (Nurembergue: VTR, 2003.) Hannes Wiher, Shame and Guilt, A Key to Cross-Cultural Ministry, dissertação de doutorado, Potchefstroom University for Higher Education, África do Sul. (Bonn: VKW, 2003.) Robert Badenberg, Sickness and Healing. �A�C��a�s�e��S�t�u�d��y�o��n�t�h��e�D��i�a�le��c�t�ic��o�f�C��u�lt�u��re��a�n��d��P�e�rs�o�n��a�- lity, dissertação de doutorado na Universidade da África do Sul, edition afem. (Nurembergue: VTR, 2003/2008.)

36 Capítulo 1 - Introdução - Compreendendo a consciência curso de mestrado da AWM Korntal e colega na diretoria da AfeM; ele investiu muito tempo na elaboração do layout e trabalhou em conjunto com o editor, Thomas Mayer, para dar bom termo ao projeto. Por último, mas não menos importante, recebi também apoio de amigos como Lothar Jost e da minha família: três filhos adultos (Simone, pedagoga e musicista; Samuel, carpinteiro e médico; Nathaniel, pedreiro e pai social) e, principalmente, minha esposa, Ulrike. 3. Consciência: fenômeno da filosofia popular 3.1 Consciência: exemplos de citações 1. Em geral, a consciência (do latim conscientia, “conhecimento de alguma coisa comum a muitas pessoas”) é vista como uma instância especial da mente humana que determina a forma como a pessoa julga suas próprias ações. Por motivos éticos ou morais a pessoa é constrangida a realizar ou deixar de realizar determinadas ações. A tomada de decisões pode ser percebida como inevitável ou como mais ou menos consciente, isto é, com ple- no conhecimento de seus pré-requisitos e possíveis consequências (responsabilidade). A consciência pessoal normalmente é vista como dependente das normas sociais, mas tam- bém de posições morais individuais da pessoa. Normalmente nos sentimos bem quando agimos de acordo com nossa consciência. Falamos de uma consciência boa ou tranquila. Quando agimos contrariamente à nossa consciência, temos uma sensação ruim subjetiva. Falamos de uma consciência má, de consciência pesada ou de remorsos.5 2. O termo da psicologia profunda “superego” foi cunhado por Sigmund Freud e descreve ideais e regras internalizados (“consciência”), que normatizam as ações do ser humano. “Fulano parece ter um superego muito severo, talvez ele o tenha assumido de seu pai (pos- sivelmente também da avó).” Ele se manifesta na forma de vozes interiores (“incitador”, “estraga-prazeres”). Um superego severo fomenta a formação de depressões.6 3. “Uma consciência má é um cachorro que late continuamente.”7 4. “A ausência de vergonha é um sinal seguro de imbecilidade.”8 5. “A consciência não pode ser subornada.”9 6. “A consciência é um relógio que está sempre no horário certo, nós é que, às vezes, perde- mos a hora.”10 7. “A consciência é um relógio com um fuso horário diferente para cada cultura.”11 8. “ O homem não é tão ruim assim por natureza, ele só não é bom o suficiente para as deman- das da vida social moderna.”12 5 Termo “consciência”, em http://pt.wikipedia.org/wiki/Consci%C3%AAncia_(moral). Acesso em 12/03/2013). 6 Praxis für Psychosomatische Medizin u. Psychotherapie, Coaching, Mediation u. Prävention. dr. med. Herbert Mück. 51061 Colônia (Alemanha). http://www.dr-mueck.de/HM_Praxis/Life-Therapie-Tagebuch/Kommentare/ HM_Ueber-Ich_Gewissen.htm. (Acesso em 12/03/2013 - página em alemão). 7 “Mönch und Kanzelredner Abraham a Sancta Clara 18.jh” (Monge e pastor do século 18 Abraão de Santa Clara), In Peter Bacher, TV Gesund&Leben no 15/2008; págs. 4-5. (Johann Ulrich Megerle  foi um  monge  católico,  pregador  moralista e escritor alemão. Escreveu suas obras sob o pseudônimo Abraão de Santa Clara. Peetencia à Ordem dos Agostinianos Descalços – N. de Revisão) 8 Sigmund Freud, citado por Stephan Marks, Scham, die tabuisierte Emotion. (Patmos 2007.) 9 Peter Bacher, TV Gesund&Leben no 15/2008; págs. 4-5. 10 Erich Kästner in Peter Bacher, TV Gesund&Leben no 15/2008; págs. 4-5. 11 Walter Freytag, citado por Peter Beyerhaus in Jan Hermelink e Hans Jochen Margull (ed.). Basileia. Walter Frey- tag zum 60. Geburtstag. (Stuttgart: Evangelischer Missionsverlag, 1961), págs. 146-157. 12 Konrad Lorenz, Das sogenannte Böse. Citado por Ruth Bang, Autorität, Gewissensbildung,Toleranz... (Munique: Ernst Reinhard Verlag, 1967), pág. 9.

Consciência: fenômeno da filosofia popular 37 9. “ A crença em autoridades é a fonte da consciência.”13 10. “Que eu saiba, até hoje nenhum tirano deu este nome a si mesmo; o posto é mais desejado do que o título.”14 Gráfico 1: A consciência15 Elênctica: definição da filosofia popular (kwm 2009/03) Fonte da ilustração: G. Mehren, possivelmente Badische Zeitung 10/1990 A consciência como superego, superpoder autoridade absoluta, instância máxima controle torturante, impedindo a livre vontade, estragando a alegria de viver Instituto de Pesquisa de Cultura e Religião 2009 – Direitos reservados Klaus W. Müller 11. “Há mais de 3000 anos foram proclamados os Dez Mandamentos – a base da fé cristã. Agora, justamente um sacerdote evangélico, obrigado por sua ocupação a proclamar e cumprir es- ses mandamentos, começa a arranhá-los. O eloquente [...] conselheiro anuncia na entrevista: ‘Adultério não é pecado!’ e fundamenta seu tenso relacionamento no sexto mandamento: ‘Para mim, isto é uma opinião burguesa ultrapassada. Setenta por cento dos casamentos man- quejam e claudicam. Por isso não podemos usar mandamentos e regras para transformar o casamento em uma prisão.’ [...] ‘E quando (pessoas) [...] falham em massa diante do sexto mandamento, precisamos elaborar algo novo. O tempo ultrapassou muitas coisas.’ ”16 12. Doze anos depois, em 2007, a representante distrital de Fürth, Gabriele Pauli, da CSU, de- fendeu a limitação do casamento a 7 anos durante sua campanha eleitoral: se os “casamentos perdessem a validade depois de sete anos”, os parceiros poderiam separar-se sem a burocracia do divórcio. [...] Mas os parceiros também poderiam “ativamente buscar uma prorrogação”.17 3.2 Consciência: seres humanos e animais Das duas, uma: ou a evolução não se completou, ou não previu esse desenvolvimento – a consciência (assim como a alma) não pode ser explicada do ponto de vista da evolução. Mas é cientificamente inquestionável que o homem tenha uma consciência. As diferenças nos fatos comprovados sobre a consciência são meramente de estilo e forma, na intensidade ou na per- cepção; estão nas áreas da cultura e da religião, nos mecanismos e efeitos. 13 Nietzsche, Menschliches, Allzumenschliches. Citado por Ruth Bang, Autorität, Gewissensbildung, Toleranz... (Munique: Ernst Reinhard Verlag, 1967), pág. 39. 14 Max Frisch, Die chinesische Mauer. Citado por Ruth Bang, Autorität, Gewissensbildung, Toleranz... (Munique: Ernst Reinhard Verlag, 1967), pág. 11. 15 Mehren 10/90; possivelmente “Badener Zeitung”. Infelizmente não foi possível reconstituir a fonte original. 16 Pastor da ARD Jürgen Fliege (48) em seu bate-papo vespertino (‘Fliege’, 16h30); ele trabalhou durante 15 anos como conselheiro em uma vila perto de Aachen. (...) ‘Quando digo: adultério não é pecado, não estou querendo dizer: prostitua-se à vontade.’ Bild am Sonntag, 08.10.1995. 17 Welt Online, 07.09.2007. Em http://www.welt.de/politik/deutschland/article1196564/Stoiber_legt_Pauli_den_ Parteiaustritt_nahe.html. (Acesso em 12/03/2013, site em alemão)

38 Capítulo 1 - introdução - Compreendendo a ConSCiênCia Obviamente há estruturas básicas pré-natais para a lógica e o raciocínio nos seres humanos, que vão se formando junto com o cérebro e o sistema nervoso, possibilitando suas habilidades sociais: a capacidade de desenvolver a consciência, organizar uma linguagem de acordo com sua gramática e perceber o senso de comunidade. Afinal, o ser humano só precisa de consciência e linguagem para lidar com outros seres superiores. Em conjunto com as necessidades básicas, elas formam a base para sua capacidade de moldar a vida junto com outras pessoas. 3.3 Consciência: instinto e alma As citações e explicações anteriores pretendem incentivar a análise do termo “consciência” em um âmbito mais abrangente, que acabará por levar à “elênctica”. Mais tarde voltaremos a tratar, discutir, explicar e definir os contextos relacionados. A definição inicial não contradiz as posteriores, mas traça uma linha separatória entre consciência e instinto, principalmente em comparação com os animais. 3.3.1 Consciência versus instinto O instinto18 é inato a seres humanos e animais. É a capacidade de ativar, por meio do corpo, as informações elaboradas pelas células cerebrais. Esta capa- cidade não pode ser apagada nem suprimida. No momento do nascimento, as células cerebrais contêm determinadas informações, como as necessidades básicas (alimentação, procriação, proteção, segurança, calor, luz, etc.). Elas desenca- deiam reflexos e estimulantes: são os impulsos primitivos. Por isso, a capacidade de sobrevivência de seres humanos e animais é diminuída quando as necessidades básicas não são atendidas. Os impulsos também podem ser descritos como vontade e força para viver. Em geral, são in- tuitivos e incontroláveis, garantindo, assim, a manutenção da vida. O ser vivo reage “automati- camente” de forma a preservar sua própria vida. Esse comportamento instintivo tem organização hierárquica: os impulsos dominantes podem ser provocados ou suprimidos; o fator decisivo é a situação que gera os estímulos. Isso ativa também os impulsos subordinados. Os impulsos têm sua origem nas necessidades básicas (alimentação, procriação) comandadas ou geradas pelo instinto. Por exemplo, o impulso de respirar e gritar (ou chorar) é desencadeado por um estímulo de dor ou choque (luz, temperatura). Um bebê usa o tato para buscar o calor da mãe, o seio e o ma- milo para conseguir leite materno, e os impulsos de sugar e engolir são desencadeados pelos toques correspondentes. Depois das primeiras experiências (cheiro e toque), o bebê reconhece a mãe. Está estabelecida a primeira “ligação” (em inglês, a etnologia usa o termo bonding). A capacidade de aprendizado do cérebro se inicia imediatamente após a ingestão de ali- mentos e também por meio do sono. As primeiras experiências reforçam os neurônios e geram as sinapses entre eles. O cérebro começa a pensar e a sentir de acordo com as estruturas for- madas por esses processos. 18 A exposição baseia-se na seguinte defi nição para instinto: Meyers großes Taschenlexikon, 4ª edição complet. revisada. (Mannheim, Leipzig, Berlim, Zurique: B.I. Taschenbuch Verlag 1992.) “Medieval instinctus naturae ‘impulso natural’, do latim instiguere ‘instigar, impulsionar’. Capacidade de animais e seres humanos de responder a determinados impul- sos de advertência, despertamento e orientação com um comportamento vital e autopreservador bem coordenado, por meio de sistemas de coordenação inatos do sistema nervoso central. O comportamento instintivo é inato, mas pode ser modifi cado por meio da experiência, especialmente em animais superiores. O comportamento instintivo tem organização hierárquica; a estimulação de centros superiores pode ser gerada ou suprimida de forma subordinada, sendo que o papel decisivo é desempenhado pela situação que desencadeia o impulso. Em muitos casos, a disposição geradora (disposição, impulso) é pré-requisito para o comportamento instintivo (por exemplo, fome, cio), que então provoca as ações de apetência, cuja execução acarreta a ação fi nal que satisfaz o impulso (por exemplo, o abatimento da presa). São desencadeados por um mecanismo [...] inato por meio de estímulos-chave específi cos”.

Consciência: fenômeno da filosofia popular 39 O sistema nervoso central está ligado aos neurônios e coordena o comportamento básico inicial. Os impulsos dos sentidos (tato, paladar, olfato, audição e visão) agem como estimu- ladores do sistema nervoso e, em conjunto com as informações (adquiridas pela experiência) nos neurônios, agem como alertas prévios ou posteriores. Assim formam-se padrões básicos de comportamento, e cada experiência e informação e suas respectivas interligações (sinapses) contribuem para tornar esses comportamentos e sua coordenação cada vez mais diferenciados, confiáveis e rápidos, até adquirir capacidade de reconhecimento (comparação). São estimulan- tes os processos que a experiência tenha identificado como perigosos ou dolorosos (cheiros, ruídos como tiros, vozes estranhas, a campainha de casa) ou agradáveis (situações conhecidas). Uma ação desencadeadora (disposição, impulso) é pré-requisito para a prática do com- portamento instintivo (fome, cio), em cujo transcurso é possível chegar à ação que satisfará o impulso (abater uma presa, trabalhar para obter alimento). Instintos e impulsos não podem ser escolhidos, eles são determinantes. Na medida em que o domínio sobre o corpo cresce, outras experiências, observações e situações são coordenadas. Por meio dos impulsos, elas motivam às imitações para conseguir outras boas experiências e sensações (alimentação, calor, amor). O comportamento que con- serva a vida da espécie é desenvolvido ao máximo na medida em que o domínio sobre o corpo aumenta (impulso para alimentação e sexual). Experiências e situações comandadas externamente são estimulantes. As reações de outros par- ticipantes do grupo também são integradas. Nesse processo as coordenações são modificadas. Isso é revelado por meio de determinados padrões de comportamento, correspondentes ao respectivo ser. No caso dos animais, o alimento é um desencadeador (cheiro) importante, como também são os impulsos em relação a outros animais (cão e gato, impulso de caçar). Um mecanismo inato usa estímulos-chave para desencadeá-los. A vida em manadas ou bandos, ou então isolada, requer que o animal disponha de certa inteligência para adaptar-se à situação dada, especialmente quan- do há alterações nas condições climáticas que prejudiquem a cadeia alimentar correspondente. Os limites para os animais são muito mais restritos do que para o ser humano. Talvez por isso tantos animais já estejam extintos; e o homem (ainda) não. Ele tem capacidade para eliminar ou destruir suas próprias bases de vida. Por causa do domínio do seu instinto, um animal nunca fará isso, mesmo que possa. Portanto, o ser humano pode, ao contrário dos animais, dominar e/ou alterar os “elementos instintivos“ inatos de forma intelectualmente consciente. De acordo com seu grau de inteligência, animais conseguem treinar padrões de comporta- mento (tanto a aquisição quanto a eliminação) por meio de recompensas e punições. Sua lógica limita-se a isso, enquanto o ser humano permite lógicas e justificativas mais profundas. Para essa função é necessária uma pessoa de referência, sendo que a autoridade pode ser transferida de forma atenuada para outras pessoas de referência. Esperam uma recompensa quando o com- portamento é “correto“, ou punição em caso de “erros” (dor, privação de alimento ou amor). Além disso, o comportamento precisa corresponder à natureza do animal para que possa fun- cionar de forma duradoura. Quando a pessoa de referência e sua reação, que serve de reforço constante ao padrão, desaparecem, a função correspondente no animal começa a diminuir. Por esse motivo, a reação do animal às medidas educativas do ser humano não representa cons- ciência, mas um padrão aprendido, que depende do instinto para aplicar seu entendimento, que exi- ge ou limita determinadas funções ou padrões de comportamento. Nos animais o instinto é perma- nente e não pode ser ampliado de forma significativa. Ele é sempre a base para os demais padrões de comportamento treinados, que só podem ser aprendidos com base no comportamento instintivo e em impulsos primitivos (alimentação, reprodução). O “aviso posterior”, que faz um cachorro, por exemplo, esperar um castigo depois de comer a salsicha que estava em cima da mesa, não é consci- ência, mas um padrão de comportamento baseado em impulsos hierárquicos: o cheiro da salsicha é

40 Elênctica é o estudo da consciência do homem em seu respectivo contexto cultural e religioso. A consciência individual, que forma a base da inteligência emocional do ser humano, é uma das condições mais elementares, sem a qual é impossível conviver com outras pessoas em uma comunidade funcional. Somente a consciência apropria- damente formada dá ao homem o status de ser social. É disso que trata este livro. Ele não apenas representa a grande variedade de formas pelas quais as pessoas taxam a desobediência a normas éticas de “pecado” e qual é o papel da sua cultura ou camada social nesse processo, mas também investiga o que há por trás de massacres suicidas, assassinatos por honra e fanatismo religioso, se o “peso na consciência” é interpretado como culpa, vergonha ou medo, como diferentes padrões de consciência levam à paz consigo mesmo e com seu ambiente social, e o que significam “arrepen- dimento” e “perdão” nessas condições. Detalham-se as figuras de autoridade que possuem significado para a consciência, e que tipo de influência as normas éticas têm sobre a compreensão de “justiça” e “honra” em uma sociedade. O autor inclui em seu raciocínio pontos de vista etnológicos, psi- cológicos, sociológicos, pedagógicos, teológicos e muitos outros, elaborando assim uma ampla teoria da consciência, que pode ajudar a explicar e compreender o comportamento muitas vezes incompreensível de pessoas de outras sociedades, como, por exemplo, estrangeiros em busca de asilo.


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