Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore Revista jul_dez_2016

Revista jul_dez_2016

Published by ismaelmoura4, 2016-09-14 13:30:12

Description: Revista jul_dez_2016

Search

Read the Text Version

nacional de avaliação que possa retratar as condições de aprendizagem das escolasbrasileiras como um todo. Portanto, esta visão parcial da avaliação superestimava as contribuições destasdimensões em detrimento de uma análise que contemplasse, por exemplo, a dimensãoepistemológica que está umbilicalmente relacionada à capacidade cognitiva. Aqui o autorassevera que a avaliação educacional se encontra intimamente relacionada a uma concepçãode conhecimento hegemônica na escola. A nossa epistemologia praticada nas escolas brasileiras segue o modelo cartesiano,onde os conteúdos são encadeados numa perspectiva de linearidade, portanto, influenciandodiretamente nas metodologias docentes que reconhecem na avaliação apenas o fim de umpercurso. Em contrapartida a esta concepção de conhecimento linear, atualmente sevislumbra que o mesmo estrutura-se como numa rede. Assim avaliar não tem um lugarengessado e a avaliação tem que se caracterizar como sendo processual e acompanhar todoo desenrolar do movimento de ensino aprendizagem. Avaliar passa a ser algo que está alémda mensuração ou verificação de uma quantidade de conhecimentos adquirida. No modelode conhecimento em rede, avaliar é emitir juízos de valor a respeito de uma trajetória e deuma performance cujos sujeitos são professor e estudante. Prosseguindo a reflexão, o autor expressa a grande dificuldade que existe em fazer adiferenciação metodológica entre os atos de avaliativos nas perspectivas de mensurar econhecer processualmente. O autor critica a concepção avaliativa meramente de mensuração porque o parâmetroda objetividade esconde a subjetividade implícita. É difícil para o professor conseguir avaliarde forma justa quando tributário de uma concepção de conhecimento linear a partir deinstrumentais avaliativos impessoais. A questão é que uma avaliação cujo foco seja conhecer e avaliar processualmentetem que levar em consideração que o ato de avaliar não diz respeito apenas aos estudantes.Os resultados demonstram ou revelam os fracassos ou sucessos dos professores, pondo emberlinda seus planejamentos, objetivos, metas e metodologias. Em síntese, o autor expõe sua visão da grande responsabilidade e dificuldade que osprofessores encontram no ato de avaliar. Revista Trabalho e Sociedade, Fortaleza v.2, n.5, Jul/Dez 2016, Página 23 de 26

A tarefa do professor, ao avaliar, é bastante complexa e exige um desempenho competente, uma vez que envolve projetos, aspirações, realidades, sonhos, fantasias de seres delicados, em formação. Mais do que preocupações técnicas com quaisquer medidas associadas ao homem, de suas capacidades, de seu desempenho, é preciso situar o homem como medida de todas as ações, de todas as metas, de todos os projetos; nele e através dele consubstanciam-se e expressam-se todas as grandezas, todos os valores. (MACHADO, 2011, p. 270) Em suma, avaliar e medir são dois lados imprescindíveis a uma unidade quecontemple tanto a quantidade de conhecimento apreendida bem como o processo para aconstrução do acesso à rede de conhecimento. EDUCAÇÃO: CRISE, AVALIAÇÃO, VALORES Vive-se sob a égide de um clima de crise institucional que se traduz muitas vezesnuma descrença nas próprias capacidades humanas de encontrar meios de sair desta situação. A questão é encontrar o lugar da educação neste cenário. Ela faz parte da crise ou,como se acredita numa visão de senso comum, que ela é a saída para a crise que se instalou? O autor menciona que uma das maneiras de busca do entendimento da crise que seapropriou da educação está intimamente relacionada à falta de recursos ou mesmo á parcaestrutura de nossas escolas. Ninguém pode negligenciar que existem práticas não muitoescrupulosas e nosso autor não ignora tal fato. Porém, ele questiona se de fato os recursos são poucos apontando que independentedisso a questão é como se gasta nos projetos relativos à educação brasileira. O autor se refereo fato de que as despesas ordinárias quase sempre têm montantes inferiores ás despesasextraordinárias. É necessário que se corrija tais distorções uma vez que, pela lógica, asdespesas extraordinárias tendem a ser menos planejadas e consequentemente malexecutadas. Revista Trabalho e Sociedade, Fortaleza v.2, n.5, Jul/Dez 2016, Página 24 de 26

No entanto, mais impactante que a crise institucional de viés político, instaurou-seuma crise técnica na educação que se traduz em altos índices de repetência e evasão escolarque se encontram atrelados a uma concepção rígida de conhecimento que reproduz exclusõese a uma prática avaliativa que não da conta de um processo e se reduz a uma etapa destacaminhada, geralmente a final. Isto posto, o autor assume peremptoriamente sua crença de que a educação é uma dasportas de acesso à solução da crise institucional instalada em nossa sociedade. O autor aponta a necessidade de um pacto social em torno da educação aliada àvontade política de nossos governantes em participarem da solução uma vez que o Estado já“patrocinou” por demais a crise ao se manter omisso em determinadas situações ou mesmoquando adotou políticas públicas equivocadas.CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta é uma obra daquelas que devem ser lidas por todos os professores, gestores etécnicos que elaboram projetos, acompanham práticas e apoiam ações que se efetivam no“chão da escola”. O autor em nenhum momento apresenta soluções prontas aos problemaseducacionais, mas convida a todos para uma séria reflexão em torno de assuntos relacionadosà concepção de conhecimento que reflete atitudes e ações docentes e gestoras tributárias deuma visão enrijecida da epistemologia. Isso acarretou uma epistemologia que resultou numadidática onde os atos docentes compreendiam estudantes que recebiam passivamente osconteúdos e uma concepção de inteligência como uma espécie de organizadora eacumuladora de saberes nas memórias. Assuntos os mais variados possíveis tocantes à educação vem à baila quando seestuda de forma contundente, crítica e criteriosa as relações que se constroem nos espaçosescolares. Este livro deveria ser lido e conhecido dentre outros motivos pela grandecontribuição que dá ao debate educacional sob o ponto de vista da compreensão de Revista Trabalho e Sociedade, Fortaleza v.2, n.5, Jul/Dez 2016, Página 25 de 26

conhecimento como rede, quebrando o paradigma de um conhecimento linear edesencantador. Procurando responder à provocativa pergunta feita pelo autor se conhecer é encherum balde ou focalizar um holofote, estou convicto, a parir desta leitura, que o conhecimentoé tão dinâmico que não apenas ilumina ao nosso como se projeta como farol que nos permitever longe e tomar decisões melhor discernidas e exitosas em nossas vidas.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DE APOIOASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação – Rumo à sociedade aprendente. Petropólis-RJ: VOZES, 2007CASTORIADIS, Cornelius. A instituição imaginária da sociedade. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1992LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993MACHADO, Nilson José. Epistemologia e Didática. São Paulo: Cortez, 2011RICOUER, Paul. Interpretação e ideologias. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988 Revista Trabalho e Sociedade, Fortaleza v.2, n.5, Jul/Dez 2016, Página 26 de 26


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook