Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore Vale Mais Dezembro & Janeiro 18'19

Vale Mais Dezembro & Janeiro 18'19

Published by info, 2019-08-27 07:13:01

Description: Vale Mais N.º64

Search

Read the Text Version

www.valemais.pt Informação diária ISMENIA MENDES DE MONÇÃO PARA OS GRANDES TEATROS DE NEW YORK 9 772183 750096 MELGAÇO VILA NOVA DE CERVEIRA ARCOS DE VALDEVEZ MANOEL BATISTA ALTO MINHO GASTRONÓMICO MEZIO Nos momentos mais difíceis Chef Chakall a promover alimentação Jardim Zoológico do Parque vejo o horizonte aberto saudável com produtos locais Nacional abre em maio 00064 #N.º64 :: #DEZEMBRO/JANEIRO :: #2018 :: #BIMESTRAL :: #PVP 1€ :: Diretor. AGOSTINHO LIMA www.valemais.pt 1

Com muito trabalho e dedicação, os objetivos traçados cumprem-se. Há cada vez mais empresas a procurarem-nos para dar a conhecer os seus produtos e serviços. Também verificamos que as empresas estão mais profissionais e conhecedoras de um conceito mais adequado aos nossos valores. ALGUNS PARCEIROS COMERCIAIS QUE CONFIAM NA VALE MAIS DELTA CAFÉS | OPTIMINHO | EPRAMI | IRMÃO PEREIRA | ENERGE | OPTIMINHO | MARCO BRINDE | IDEIA CONCRETA | CAIXA AGRÍCOLA | ILUZA | ABRIL PUBLICIDAD | CVRVV - COMISSÃO VINHOS VERDES | METSEP | INVERT | PRADOS DE MELGAÇO | RIO PARK | HOTEL BIENESTAR TERMAS DE MONÇÃO | AQUÁRIO | PROBE | EMPOLGANT IDEA | ECAM | HEITOR CAMPOS AMOEDO | LARA CENTRO DE INSPECÇÕES PNEU CERTO | VODAFONE | OVNITUR | SANATÓRIO CONCHEIRO | CIM ALTO MINHO | INTERMARCHÉ - DISTRIÂNCORA | QUINTA MALAPOSTA | PROVAM | DORF | ARCOBARCA | CÂMARAS MUNICIPAIS | A TODOS ELES, DESEJAMOS FELIZES FESTAS 2 www.valemais.pt

Opinião Temos presenciado, com atenção, os passos que se estão a dar no que diz respeito à cooperação e as relações transfronteiriças. 37 | Manuel Cunha_Polén O Rio que corre ao contrário 38 | Adelino Silva Coopalima - Organização ao serviço do Mundo rural Quem realmente vive neste território percebe, facilmente, que o 41 | Luís Ceia Alto Minho Business Awards IPVC Ativar futuro das ligações pessoais, políticas e empresariais está aqui ao 42 | José M. Carpinteira Orçamento de Estado 2019 lado. Os concelhos de fronteira, principalmente, têm muita mais 44 | Emília Cerqueira Pequenas, médias e grandes mentiras relação com a Galiza do que o resto do Norte de Portugal. Um Secções facto facilmente perceptível no dia-a-dia destes municípios. As Eurocidades, recentemente criadas, são prova disso. 76 | Saúde Vacinação da Gripe - Mito ou realidade? 80 | Turismo Realidade aumentada - Da Madalena ao Cupcake Portanto, parece-nos inevitável e expectável que a Estratégia Rio 82 | Nutrição Nutrição e Gravidez Minho Transfronteiriço 2013 será uma realidade. 86 | Sexo & Amor Compreender a Excitação 87 | Desporto O Futebol Clube dos Três Grandes É com bons olhos que nos damos conta dos esforços que têm vindo a ser realizados no sentido de tornar esta região o centro Reportagens de uma região europeia. 10 | MONÇÃO E MELGAÇO É fundamental uma mudança de mentalidade, de tradições e de políticas. É imprescindível que os fundos comunitários transfron- Sair da \"Vinhos Verdes\" teiriços fiquem na região da fronteira. Caminhar para uma DOC Monção e Melgaço No entanto, os quadros legais e regulamentários (de ambos países) são muito diferentes, pelo que não se avizinham tempos 13 | PONTE DE LIMA fáceis para esta Estratégia, assim como não será fácil contornar a tensão entre cooperação e concorrência. Tiago do Vale Mas esperemos que este processo, que contou com a participa- Arquiteto limiano obtém galardão ção da sociedade, através daqueles que representam instituições, internacional associações ou coletividades, dê o mote para uma estratégia, ver- dadeiramente, cooperativa, a desenvolver, nos próximos 10 anos 34 | ALTO MINHO & GALIZA São muitas as áreas onde a cooperação é fundamental. II Fórum Rio Minho Transfronteiriço Destaco, sobretudo, a mobilidade e acessibilidade em relação Estratégia 2030 apresentada em Tomiño ao transporte público, entre núcleos urbanos diretos, como Caminha-A Guarda, Vila Nova de Cerveira-Tomiño, Valença-Tui, 54 | VALENÇA Monção-Salvaterra, Melgaço-Arbo, bem como a conexão entre as áreas metropolitanas de Vigo e Porto. Museu do Bombeiro De igual modo, o usufruto de equipamentos, infraestruturas e Coleção integra cerca de 4000 peças serviços existentes, como escolas, conservatórios ou coletivida- des, compartilhando o seu uso e, assim, melhorar a convivência 58 | VIANA DO CASTELO & CAMINHA conjunta. Plano da Orla Costeira Destacamos, ainda, a cooperação empresarial, de modo a impul- sionar a acessibilidade ao emprego. Demolições, limitações e proibições de construção junto ao mar Situamo-nos num território que é, possivelmente, o espaço terri- torial transfronteiriço com mais população, mais dinâmico e com 66 | MELGAÇO maior atividade, ao longo dos mais de 900 km’s de fronteira entre Portugal e Espanha. Eudosia Estamos, portanto, no centro de uma região e não no final de Uma Professora Galega refugiada nas montanhas dois países. de Castro Laboreiro José C. Sousa www.valemais.pt 3

Reportagem #Vila Nova de Cerveira CHEF CHAKALL Promover a alimentação saúdavel com produtos locais Na 3.º edição da iniciativa ALTO MINHO GASTRONÓMICO trouxemos o Chef Chakall a Vila Nova de Cerveira. Foi no passado dia 13 de outubro que o reconhecido Chef esteve neste concelho onde se surpreendeu com alguns dos seus produtos endógenos. 4 www.v3a.lªemEaDisI.ÇptÃO ALTO MINHO GASTRONÓMICO _ VILA NOVA DE CERVEIRA

Texto :: Manuel S. & José C. Sousa UM KIWI DIFERENTE Em dia de feira semanal, o Chef passou a manhã no Mercado Joana Pereira é uma jovem cerveirense, da freguesia de Rebore- Municipal. Reconhecido por muitos dos seus admiradores que, da, engenheira de minas e mestranda em agronomia (falta-lhe a com ele, quiseram tirar fotos ou selfies para a posteridade, dissertação). Tinha à venda a espécie de kiwi que Chakall escolheu andou às compras de produtores locais com que depois realizou um showcooking com receitas saudáveis. Na cozinha, montada para a degustação que, no Mercado, foi levada a efeito. em pleno Mercado, teve a companhia de quatro alunos da escola profissional ETAP e de uma cozinheira da autarquia que, “É uma variedade que tem origem nas zonas frias da China e que normalmente, serve a população escolar. O Chef não escondeu a foi melhorada para poder ter produções mais interessantes. Não sua admiração pela qualidade dos produtos. tem pelo, pesa entre 10 e 20 gramas, a colheita é um pouco mais cedo que o outro kiwi que se conhece (finais de julho até setembro) e é bastante mais doce. Pelo facto de não ter pelo e ser fácil de comer é que as crianças o adoram. Este ano, está a ter um sucesso incrível, mais do que aquilo que estava à espera” – refere-nos. A jovem ainda nos fala dos cuidados que é preciso ter com a rega, nem mais nem menos, e do facto de ter iniciado a produção em abril de 2015 e, no ano passado ter produzido 200 quilos. “Este ano, já produzi seis toneladas; espero para o ano produzir o do- bro. A produção irá aumentar até aos sete anos. A partir daí, estabili- za” – acrescentou. A exportação, neste momento, é efetuada através de uma cooperativa da zona de Coimbra e os seus objetivos passam por 'ganhar escala'. “Para isso, é preciso haver mais investimento, eu sou jovem, há que ter paciência” – reconhece. O MEL Alberto Dias era um produtor local de mel que tinha os seus produtos à venda no Mercado de Vila Nova de Cerveira e que Chakall adquiriu. À VALE MAIS, sublinhou que, se existe mel na região é graças à vegetação variada, bem como à qualidade do clima e a não polui- ção. Embora, também, devido a fatores climáticos e a ‘invasores’, a quantidade ter vindo a ‘sofrer’, mas não a qualidade. “Falta uma estrutura bem pensada, com bom marketing. Descu- rou-se, durante muito tempo, a produção que deve estar acompa- nhada por tudo o que é evolução e o marketing para saber ven- der. Depois falta aglomeração para criar um músculo e, quando nos metermos lá fora, temos de perceber que não é o pequenino, é o grande que vai pedir cada vez mais” – observou. A Alemanha, acrescentou, é o principal mercado em todo mundo, comprador de 60 por cento mel. Também é, para lá, que vai a maior parte da exportação de mel português. 3.ª EDIÇÃO ALTO MINHO GASTRONÓMICO _ VILA NOVA DE CwEwRwV.vEalIeRmAais.pt 5

VIERAM VER O CHEF CHAKALL Temos venda de galinhas, de coelho, a venda de uma série de pro- dutos que são muito transversais e muito mais saudáveis. Não são os Eram muitos os que queriam ver Chakall. Entre eles, dois amigos produtos criados pela indústria e intoxicados pela parte dos pesticidas, espanhóis. Gerardo Alegre, residente em Tomiño e empresário em dos adubos e todas as substâncias utilizadas na produção, são produ- Cerveira, e o seu amigo de Madrid, Luís Lopeare, a trabalhar no tos mais biológicos e saudáveis.” porto de Marin. “Viemos ver o chef, vimos uns vídeos dele e agora conseguimos falar com ele. Foi bom ver tudo isto” – comentaram A autarquia está, pois, atenta a estas questões da alimentação com a VALE MAIS. saudável. “É um dos nossos objetivos e vamos continuar. É só estarem atentos às iniciativas que vamos desenvolver” – avisa. Entre o público, a expectativa era muita e o interesse por seguir a re- ceita do Chef, evidente. No fim, muitos dos presentes saborearam e NA BIBLIOTECA COM PAIS tecerem encómios às receitas de Chakall, um mestre de cozinha que E CRIANÇAS se destaca, também, pela sua comunicabilidade e sentido de humor. À tarde, Chakall esteve no auditório da Biblioteca Municipal. MERCADO LOCAL COM Com pais, educadores e crianças, cerca de quatro dezenas. Numa PRODUTOS MAIS SAUDÁVEIS conversa, em tom informal, partilhou experiências – inclusive a sua própria, ele que é pai de crianças e adolescentes entre os 3 e os 15 Sobre as confeção de receitas, Aurora Viães, vereadora com os pe- anos -, não se esquecendo de lembrar que “somos o que come- louros da Ação Social, Educação e Cultura, foi perentória: mos” e da necessidade de “equilíbrio, sensibilidade e bom senso”. A propósito, sublinhou que “uma perna não anda sem a outra”! “Tivemos, aqui, uma ponderação muito importante. Se, por um lado, é fundamental a divulgação do nosso Mercado, por outro, temos Aqui, entre muitas conversas à volta do trabalho conjunto entre neste espaço um conjunto de produtos locais e regionais a que as os pais e os professores, sobretudo, sobre a cozinha saudável, foi pessoas podem ter acesso, a um preço bastante acessível. O facto explicado o caso de sucesso que se realiza na Escola de Covas, das pessoas verem que o próprio chef fez as compras ali, utilizando onde um projeto sobre a Bolota adquiriu papel principal em prol os ingredientes que estavam lá, na hora, foi fundamental para esta de outros ingredientes mais prejudiciais para a saúde. O Projeto questão de divulgação do Mercado e dos produtos que temos. Ao “Um Olhar sobre o Mundo da Bolota” foi distinguido com os mesmo tempo conseguimos associar a questão da alimentação sau- prémios de ‘Melhor trabalho no escalão do Pré-escolar’ e ‘Maior dável a um mercado ativo.” participação dos alunos do 1º ciclo’, a nível nacional, no projeto NEPSO (Nossa Escola Pesquisa a Sua Opinião), promovido pela E acrescentou: “O nosso mercado tem a vantagem de ainda ser Fundação Vox Populi. muito tradicional. Lá podemos encontrar de tudo. Desde o produ- to local mais associado aos vegetais, às couves, às leguminosas, Também aqui, Aurora Viães, considera que os desideratos preten- até ao produto animal. didos com a presença de Chakall fora cumpridos. 6 www.v3a.lªeEmDaisIÇ.ptÃO ALTO MINHO GASTRONÓMICO _ VILA NOVA DE CERVEIRA

www.valemais.pt 7

3.ª EDIÇÃO ALTO MINHO GASTRONÓMICO _ VILA NOVA DE CERVEIRA “O grande objetivo era, precisamente, que os pais tivessem alguma Chakall considera pertinente “falar seriamente com a criança como abertura para colocar questões como; que alimentos podemos utilizar se fossem adultos, e não falar só como crianças. Coisas importantes para substituir, por exemplo, o sal, ou como é que podemos confecionar como “não gostas deste legume, mas vamos experimentar um ou- o peixe, algo difícil de convencer as nossas crianças a consumir. Estas di- tro; não gostas de brócolos, mas vamos experimentar as cenouras”. cas que o Chef Chakall acabou por partilhar connosco são muito simples e que, se calhar, no dia a dia, nem nos lembramos de as utilizar. Mas são Sobre esta ação de sensibilização, reconhece que são um grão na dicas que certamente irão ajudar muitos pais a ultrapassar algumas das areia. “Se queremos fazer uma duna, temos de por muitos grãos dificuldades que têm para fazer com que seus filhos consigam assumir de areia. Um grão de areia na construção do futuro de uma boa estes alimentos que são fundamentais para o crescimento e o desenvol- alimentação para as pessoas e as crianças. Neste caso, acho que vimento de uma criança saudável”. contribuo de uma forma, mais ou menos sensível, com as pessoas, O modo com os pais e educadores afluíram ao auditório da Biblio- pelo facto de ser pai e cozinheiro. Agora é continuar o trabalho teca também a satisfez. que ficou aqui. Fiz a minha parte. Deixei a semente”. “Esta sala esteve muito bem composta. É um trabalho que a Câmara Municipal já começou no final do ano passado, tem sido O Chef acha, todavia, que há sensibilidade para a questão. “Pelas uma preocupação da autarquia acompanhar esta dificuldade que perguntas que recebi aqui, nesta sessão, a principio com as pes- os pais têm e que também sentimos nas cantinas escolares em soas um bocadinho tímidas fui percebendo que há uma sensibi- ver como as nossas crianças, às vezes, têm alguma (objeção) em lidade, um interesse, e há que as consciencializar que só há um ingerir determinados ingredientes e alimentos. Assim, podemos caminho e esse é o de trabalhar juntos”, terminou. partilhar com os pais esta preocupação e estas dicas, definir estra- tégias comuns que nos levem a ter uma sociedade, uma juventude Esta 3.ª edição da iniciativa “Alto Minho Gastronómico”, plena de su- e umas crianças mais saudáveis e ativas.” cesso, foi promovida pela revista VALE MAIS em parceria com a Delta Cafés e com o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira. CHAKALL: “DEIXEI A SEMENTE” RECEITAS À VALE MAIS, Chakall preferiu destacar o quão importante é o tra- balho conjunto entre a ‘casa’ e a escola. Os professores “já foram FRANGO COM MEL E LIMÃO educados para lidar com crianças, os pais não. É um trabalho em Ingredientes para 4 pessoas que a batuta tem de ser levada pelos pais, que devem, preferen- cialmente, consumir o maior número de ingredientes produzidos • 4 coxas de frango localmente, assim como produto da época, e procurar novas • 2 colheres (de sopa) de limão formas para as crianças comerem o que não gostam de comer.” O Chef defende, porém, o equilíbrio na alimentação. “Não po- • Coentros, hortelã e sal q.b. demos ser completamente castradores, tem de haver equilíbrio, • 1 dente de alho sobretudo, entre o açúcar e o sal. O açúcar natural das frutas é suficiente para as crianças, não precisam de • 2 colheres (de sopa) de azeite estar a comer guloseimas ou outras coisas. Se não há um equilíbrio entre • 1 colher (de sopa) de manteiga as duas partes, uma perna anda para a frente e a outra para trás….”. • 1 colher (de sopa) de mel 8 www.valemais.pt • 1 colher (de sopa) de mostarda Preparação 1. Fazer uma marinada para o frango com o alho picado, os coentros, a hortelã, o azeite e o sumo de limão e inserir a mistura entre a pele e a carne da coxa de frango e temperar com sal. 2. Numa frigideira quente com um fio de azeite marcar bem as coxas de frango e deixar cozinhar com a tampa. Depois adicionar a manteiga, o mel e a mostarda à restante marinada, mexer bem até homogeneizar o molho e pincelar o frango. Tapar e deixar dourar. Quando o frango estiver cozinhado retirar e servir com a mistura de batatinhas, cenoura e abóbora fritas. Decorar o prato com ervas frescas picadinhas. CREME DE CASTANHAS DE VILA NOVA DE CERVEIRA Ingredientes: • 700g de castanhas sem casca • ½ pés de aipo • 400ml de natas • 2 sementes de cardamomo • Manjericão para decorar Preparação Comprar as castanhas assadas no mercado de V.N.Cerveira. Pique a parte de cima dos pés de aipo grosseiramente. Reservar uma dúzia de folhas, para a decoração. Deixar ferver e acrescentar as sementes de cardamomo e um pouco de sal. Deixar cozer até as castanhas se esma- garem com facilidade. Passar as castanhas e o aipo pelo passevite ou triturar até obter uma consistência cremosa. Manter a sopa tapada em lume brando. Picar as folhas de aipo que estavam reservadas, juntar as natas à sopa e rectificar o tempero, juntando pimenta, se for necessário.

www.valemais.pt 9

Reportagem #Monção & Melgaço SAIR DATexto :: Manuel S. “VINHOS VERDES” CAMINHAR PARA A DOC DE MONÇÃO E MELGAÇO Monção e Melgaço podem deixar de pertencer à DOC (denominação de origem) dos Vinhos Verdes e passar a uma com o seu próprio nome. Que o caminho já está a ser feito parece ser a opinião dominante. Texto :: Manuel S. HÁ MUITA GENTE A DEFENDER A IDEIA Porém, também há quem não deixe de lembrar que ainda se está O presidente da Câmara Municipal de Monção acha que a criação no período de transição que visa o alargamento da produção de de uma DOC de Monção e Melgaço começa a ser uma opinião Alvarinho com a menção Vinho Verde à totalidade da região dos “um bocadinho generalizada”. vinhos verdes. A produção de vinho com a denominação de ori- gem Vinho Verde Alvarinho a partir de uvas produzidas fora desta “O que é importante referir é o caminho de afirmação que está a sub-região será uma realidade a partir da vindima de 2020/21. ser feito por parte de Monção e Melgaço. Diria quase no sentido de conseguirmos retirar a palavra sub-região a Monção e Melga- Uma DOC (denominação de origem) exclusiva de Monção e Mel- ço. No objetivo de ter a região de Monção e Melgaço. Quando gaço é a hipótese provável e sobre a qual se fala. A VALE MAIS falamos na questão de estarmos ou não integrados (e criar) numa ouviu os chefes dos dois municípios, o presidente da Associação DOC ou não, isto tem a ver com uma afirmação maior da nossa de Produtores de Alvarinho destes concelhos e o líder da Adega região” – observa António Barbosa. Cooperativa Regional de Monção, entidade que recebe mais de metade da produção nesta sub-região. 10 www.valemais.pt

Explicando: “Aquilo que consideramos é que temos um vinho que Reconhece, porém, que hoje há determinado tipo de circunstâncias nada tem a ver com aquilo que é produzido na restante região – e que, depois de olhadas a esta distância, “seria tentado a afirmar acho que os resultados estão aí à vista com prémios internacionais que sim, já o tenho dito nalgumas intervenções minhas, mas gosto que são ganhos, com o reconhecimento cada vez maior por parte de ser mais prudente. Aguardar o que o mercado vai ditar, ver o da nossa região, que se começa a formar não só pelo vinho, mas por que é que este trabalho de transição para o final da exclusividade, tudo aquilo que integra. Uma coisa é certa; é que quando vemos o que vai ditar em termos de volumes e entender o que acontecer uma garrafa de vinho, naquilo que vamos vender, lá dentro está mais nos primeiros anos a seguir ao final da exclusividade. Só nessa altu- do que o néctar, é também a história que está por detrás”. ra é que estaremos em condições de poder, efetivamente, perceber se o caminho é esse, se é outro ou pode existir um 3.º caminho que E prossegue: “A questão do caminho da DOC não deve ser uma hoje, um de nós, não conseguiu, sequer, perspetivar. preocupação. Esta deve ser o da afirmação cada vez maior, da região de Monção e Melgaço. Depois, o mercado todo se encarre- “O poder politico também tem feito, em conjunto, o trabalho com gará de dizer se esse é ou não o caminho. Hoje, já há muita gente a esta sinergia perfeita que está a ser criada entre Monção e Mel- defender isso, com opiniões diversas. Isso significa que, se fizermos gaço. O futuro é imprevisível e, diria mesmo, aquilo que vem será um caminho normal de afirmação da região, no final, iremos lá sempre melhor do que podemos estar a pensar hoje” – concluiu. chegar, porque a questão tem a ver com isso. Não nos devemos preocupar tanto se vamos ou não sair da região, se devemos ou UM PERCURSO QUASE BRUTAL não criar uma DOC, o importante é que consigamos transmitir para o consumidor aquilo que é nosso. Enquanto se está a beber um Por sua vez, o seu homólogo de Melgaço considera que os dois alvarinho e a olhar para a garrafa com o símbolo que diz de Monção concelhos estão a fazer um percurso muito interessante, “diria, e Melgaço. É a aposta que estamos a fazer.” quase brutal”. “De crescimento, de consolidação, de ganhar valor, notoriedade. Aquilo que achávamos que era absolutamente cru- Colocado perante o tempo que é necessário para efetuar o per- cial, ter a marca vinho verde, hoje, embora continue a ser impor- curso, o edil monçanense responde: ”Se este caminho de afirma- tante, Monção/Melgaço já consegue ter uma própria” – referiu- ção de Monção e Melgaço, daqui a dois três quatro ou cinco ou -nos o edil Manoel Batista. 10 anos, tornar inevitável essa circunstância, cá estaremos para a analisar. Não o poder político, mas aqueles que são os principais Subinhou, porém: “O percurso que Monção/Melgaço pode vir a agentes, neste caso, os produtores da própria uva e quem vinifica fazer será ditado pelos produtores. Por aqueles que são os atores e vende depois o produto. Isso vai depender muito desse trabalho principais. Milhares de produtores de vinha, de uva, dezenas de de afirmação do território”. produtores de vinha. Eles têm, de alguma maneira, o destino da região nas mãos. Os que estão e os que poderão vir a estar. Pormenorizando: “Em 2021 será definitivo o final da exclusividade Acredito que a região se começa a tornar apetecível para grandes e do alvarinho no rótulo das garrafas do vinho por toda a sub-re- produtores de outras regiões virem para cá. Os que estão e os que gião. Acho, porém, que o crescimento de mais 30 por cento da hão-de vir são os grandes atores, os grandes responsáveis e o des- nossa região, nestes últimos três anos, demonstrou o contrário tino, de alguma maneira, está na mão deles. Isto para contrariar, às daquilo que inicialmente prevíamos; o fim da exclusividade poder vezes, algum comentário á de que são as câmaras que se metem penalizar a região. O consumidor tornou-se mais atento para nisto e de que estão a querer fazer ou condicionar o que quer que perceber o que é efetivamente o Alvarinho, os territórios onde são seja e o caminho da região. Há um entendimento enorme entre os feitos e os locais onde têm mais qualidade. Este caminho é o da dois presidentes de Câmara (eu e o António Barbosa), as câmaras afirmação de Monção e Melgaço”. estão aqui para colaborar, para fazer aquele que é o seu papel histórico na promoção e, porventura, também em fóruns onde seja Perante a nossa insistência, o chefe do município monçanense admi- feita algum trabalho de definição estratégica. Mas não estão aqui tiu ser um dos que pensa que poderá vir a acontecer a DOC. ”Mas para atrapalhar. Porque os atores principais são mesmo aqueles poderá não acontecer. Teremos de aguardar, ver quais são os resulta- que estão no terreno, os produtores de uva e de vinho.” dos desta afirmação do território, perceber de que forma estamos no mercado e se haverá interesse ou não nessa diferenciação”- www.valemais.pt 11

No entanto, o edil melgacense acha que a região tem condições para fazer o caminho para a DOC de Monção/Melgaço. “Não quer dizer que o vá fazer. Mas não tenho dúvidas, no hori- zonte dos próximos 10 anos, a região pode fazer esse caminho. E pode crescer de forma a que se torne uma região com a autonomia que for possível negociar e assumir. Tenho a noção de que tem todas as condições para o fazer. As coisas têm de ser feitas com calma, com serenidade, bem alicerçadas, sem pressas, porque as pressas e as precipitações, habitualmente, não dão bom resultado. É preciso, primeiro, consolidar bem as coisas e, depois, veremos.” DENTRO DA REGIÃO DOS VINHOS VERDES NÃO EXISTE DEBATE SOBRE ESTE ASSUNTO A Adega Cooperativa Regional de Monção atingiu, em 2017, uma O presidente da Associação de Produtores de Alvarinho de Mon- “faturação histórica” de 14,5 milhões de euros, tendo sido produ- ção e Melgaço, Miguel Queimado, reconhece que uma DOC da zidos seis milhões de garrafas de vinho verde. Tendo registado um sub-região é um assunto de se fala, desde o Acordo do Alvarinho, aumento de 8% no volume de vendas e de 27% nas exportações, concluído em 2015, mas defende que não está em cima da mesa é tida como a maior adega da região dos vinhos verdes. e que não existe debate (formal) sobre o assunto. Armando Fontainhas é o presidente desta Adega, desde janeiro “Hoje existe uma estratégia, um orçamento, um caminho, uma marca de 2014, após ter exercido, durante 13 anos, a vice-presidência coletiva, um conjunto de comunicações organizadas no que diz res- peito a Monção/Melgaço e vai-se construindo a casa por baixo. Temos “Não podemos sair da Região dos Vinhos Verdes. Não temos os alicerces e as paredes montadas, falta construir o telhado. Este será sequer dimensão, nem massa crítica para isso. Mas podemos ter colocar uma Denominação de Origem como marca aqui da Região. uma DOC que terá de ser estudada dentro da Região e não contra Mas isso é um caminho que se vai fazendo, construindo e poderá ser, a Região dos Vinhos Verdes” – garantiu à reportagem da VALE digamos, todo o culminar neste processo que se iniciou em 2013”. MAIS. Admite ser um caminho para percorrer a médio prazo, mas, sublinha, O dirigente cooperativo concorda que é “um caminho de futuro”, tem de se perceber como se vai encontrar a DOC dentro da certifica- enfatizando que “uma região autónoma de Monção e Melgaço é ção da Região dos Vinhos verdes, pois a entidade certificadora con- algo simplesmente impossível”. tinua a ser a Comissão de Viticultura dos Vinhos Verdes. “Não tem a mínima lógica a criação de uma nova estrutura”, garante, perentório. Reconhece, por outro lado, que passar da atual DOC dos Vinhos Verdes para de Monção e Melgaço poderá, nomeadamente, ser O mesmo, inicialmente seria político, entre os produtores e a “muito importante a nível de comunicação”. região, depois um processo legal dentro da região, o Estado português e a União Europeia. “Porque, em última análise, quem Admite que, neste momento, não sabe ainda como isso poderia, even- aprova a denominação de origem na Europa, hoje em dia, acaba tualmente, ser operacionalizado dentro da Região dos Vinhos Verdes, por ser a própria União Europeia”, observou. até por desconhecer quanto vinho está “certificado” em Monção e Melgaço. Uma hipótese, portanto, possível, mas viável só a médio prazo. Para isso, considera, existir uma necessidade de consolidação da marca Monção/Melgaço e uma consciência coletiva à volta desta, passando isso por um “debate alargado”. No entanto, lembrou que a sub-região demorou 20 anos para definir o que diz respeito à sua estratégia coletiva que a leva a ter, agora, um selo de certificação próprio, a primeira e única em Portu- gal, e uma marca coletiva a ser promovida pelo país e no mercado externo. “Nem somos uma denominação de origem, nem esta- mos ‘totalmente’ integrados numa região. Temos uma estratégia semi-autónoma. Temos de resolver isto nos próximos 10 anos. Não vamos andar neste limbo durante mais 20. O debate há-de vir para cima da mesa quando estivermos a preparar o que será a passagem para por fim este período de adaptação” (transição) – concluiu. 12 www.valemais.pt

www.valemais.pt 13

Reportagem #Ponte de Lima TIAGO DO VALE ARQUITETO LIMIANO OBTÉM GALARDÕES INTERNACIONAIS Texto :: Manuel S. Tiago do Vale é oriundo de Ponte de Lima e um dos mais brilhantes arquitetos da sua geração. Com 40 anos, completados em agosto último, os seus méritos têm vindo a ser reconhecidos internacionalmente. Agora foi a prestigiada revista britânica Blueprint Awards que lhe atribuiu o prémio de “Melhor Projeto Sustentável”. A Blueprint Awards é uma publicação especializada e o júri integrava profissionais de prestígio na área da arqui- tetura e design a nível mundial. Entre eles, nomes como Daniel Libeskind e David Adjaye. ÓSCARES DA ARQUITETURA Foi com o projeto do Espiqueiro - Pombal do Cruzeiro, situado em Ponte de Lima. Este, já este ano, tinha ob- tido o prémio do Júri e do Público na Conservação dos prémios A+, da plataforma Architizer. Criada em 2008, a Architizer é a maior plataforma de arquitetura online, conforme nos referiu Tiago do Vale. A partir de 2013, organiza anualmente os A+ Awards, hoje o maior evento mundial de prémios do meio, sendo considerados os Óscares da arquitetura. O Júri dos A+Awards avalia, todo os anos, milhares de projetos de mais de uma centena países de todo o mundo e integra alguns dos nomes mais destacados do universo da arquitetura, como Denise Scott Brown, Bjarke Ingels ou Tom Kundig. 14 www.valemais.pt

“Os prémios da Blueprint ou como os da A+Awards são Editou, entretanto, o livro “Urban Complex”, da pedras basilares do panorama da arquitetura mundial: Design Media Publishing, e da edição, em chinês, é uma enorme honra ser considerado por um júri tão “城市综合体”, da Liaoning Science and Technology ilustre e continuar a ver a arquitetura portuguesa nos Publishing House. palcos mais destacados do mundo - humildemente, Foi jurado de prémios na área da arquitetura, desta vez, pela nossa mão. Dá-nos um ânimo muito em Portugal e no estrangeiro, e comissário forte para continuar por este caminho”, referiu-nos o arquiteto. de eventos neste âmbito. Com obra publicada por todo o mundo, tem ESTRUTURA DO SÉC.XIX apresentado conferências e assinado artigos O projeto do Espigueiro-Pombal parte de em revistas da especialidade sobre arquitetu- uma estrutura datada do final do séc. XIX, ra, urbanismo e reabilitação. O seu trabalho composta por dois espigueiros tradicionais tem sido exposto aquém e além-fronteiras. em bases graníticas unidas por uma cobertura comum, que passou a abrigar o pombal. www.valemais.pt 15 O espaço entre os espigueiros passou, entre- tanto, a ser usado para a secagem de cereais, sendo usados dois painéis basculantes para controlar a ventilação. As madeiras apodrecidas foram substituídas “peça a peça”, sendo corrigida a fragilidade estrutural original com elementos de travamento diagonais. O espaço, já sem utilização agrícola, tem, agora, um uso genérico. “É, agora, um santuário entre as copas das árvores”, subli- nha o ateliê de arquitetura. PREMIADO PELA PRIMEIRA VEZ EM 2014 O arquiteto de Ponte de Lima já se viu premiado, nacio- nal e internacionalmente, cerca de uma dúzia de vezes. A primeira delas foi em 2014, com o primeiro prémio no Building of the Year Awards. Ainda no mesmo ano teve a Primeira Menção Honrosa do Prémio do Instituto de Habitação e da Reabilitação Urbana. No ano seguinte, foi finalista do Prémio Nacional de Arquitetura em Madeira e obteve o primeiro prémio dos A+Awards. Segue-se, em 2016, o 3º prémio do American Architecture. No ano passado, foi três vezes contemplado: Fina- lista dos Prémios COAG de Arquitetura; primeiro prémio do American Architecture Prize e finalista dos Prémios Construir. Este ano, além dos galardões atrás referidos (da Blueprint Awards e da plataforma Architizer) , ainda registou 3.ºs lugares do Internatio- nal Design Awards e no International Architetcture Awards, bem como menção honrosa no Global Archi- tecture & Design Awards. Tiago do Vale, cujo ateliê de arquitetos se situa em Braga, formou-se na Universidade de Coimbra, onde foi senador e membro da Assembleia da instituição. Pós-graduou-se em Estudos Avançados, em Patrimó- nio Arquitetónico, pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Reportagem #Monção ISMENIA MENDES DE MONÇÃO PARA OS GRANDES TEATROS DE NEW YORK Quisemos conhecer melhor esta atriz, apaixonada por Shakespeare, que se formou na prestigiante The Juilliard School, em New York, instituição que foi considerada pela QS Universty Rankings como a melhor do mundo na área de artes performáticas em 2016. Feminista feroz, acredita, de forma inabalável no direito e domínio das mulheres sobre o seu próprio corpo e considera, um absurdo, as mulheres serem mais mal pagas que os homens nos mesmos trabalhos e que tenham de trabalhar o dobro para isso. 16 www.valemais.pt

Texto :: José C. Sousa Por isso, desde muito nova sempre tive um grande gosto por contar histórias. Quando tinha 12 ou 13 anos mudamo-nos para Summit, Viveu em Monção, de onde a família é originária, até aos três anos, New Jersey, um subúrbio com uma escola pública e que tinha um altura em que os seus pais decidiram emigrar para os Estados Uni- excelente projeto de teatro. Foi aí que me apaixonei pelo teatro, e dos da América, pelo que sabe, por influencia da mãe, que adora onde fiz as minhas primeiras audições e representações. Também foi mudanças e que, juntamente com o pai, viu um futuro nos EUA. onde descobri que tinha medo do palco, medo esse que combati e ultrapassei e decidi que queria ser atriz. A LIGAÇÃO A MONÇÃO Foi aí que decidiste que querias estudar na Tens memórias da tua infância em Monção? ‘Julliard’? Não tenho memórias desse tempo mas os meus pais contaram- Sim. Fiz audições para a Julliard no meu último ano de escola -me muitas histórias. Sobre como eu era obcecada pelo meu avô secundária. Foi um processo longo e exaustivo e entrar naquela materno. Ia buscar-lhe os chinelos, não deixava mais ninguém escola foi a oportunidade de uma vida. Tive imensa sorte. Não só, trocar-me a fralda, queria estar sempre sentada ao lado dele. No de ser aceite nessa excelente escola, mas também, de estar certa entanto, tenho algumas vagas memórias sobre estar fascinada da minha vocação aos 18 anos. com a dança tradicional local – o Rancho. Como foi estudar na ‘Julliard’? Estiveste cá recentemente? O programa de atores da Julliards é um projeto de quatro anos. Sim! Estive em Monção em Agosto. Fui apresentar o meu namora- É intenso e exaustivo. Começamos todas as manhãs com uma do, Christian, à minha família, e mostrar-lhe de onde sou. Diverti- aula de movimento às 9h00 e o dia termina, às 23h00, com um -me imenso a mostrar-lhe todos os meus sítios preferidos! Adoro ensaio para qualquer que seja o projeto em que estamos a traba- visitar as Muralhas de Valença e Monção, adoro ir à praia e visitar lhar. Apenas temos um dia livre por semana. Os dias são preen- algumas igrejas antigas e locais históricos. Vou muito à Pastelaria chidos com aulas de atuação, aulas de voz, aulas de palhaço, Chave D’ouro e dou muitos passeios. Também faço questão de aulas de máscaras, aulas de Shakespeare e muitas mais. Aquela passar algum tempo em Lisboa e de comer imenso peixe! escola testou tudo em mim – e deu-me muita da minha ética e perseverança no trabalho. Foi lá que também encontrei alguns Portugal é um país antigo e muito bonito. Nunca há tempo suficiente dos meus amigos mais queridos, a família que escolhi. Foi um para passear e visitar tudo o que queria. Mas, principalmente, gosto momento muito profundo e importante da minha vida. de passar o máximo de tempo que posso com a minha família. VIDA DE ATRIZ Portanto, continuas ligada a Monção? Como é a vida de atriz? Sim! É a minha segunda casa! Grande parte da minha família vive em Monção, é o sitio onde passei a maioria dos meus verões A vida diária de um ator significa experienciar muita rejeição. quando era criança, onde fiz a minha primeira comunhão e onde É esquisito. É suposto seres ensinada, o suficiente, para aceitar os meus pais renovaram os seus votos. mais rejeição, numa semana, do que uma pessoa normal aceita num ano e, ao mesmo tempo, a ser incrivelmente vulnerável e Como vês Monção e Portugal desde os EUA? sensível no teu trabalho. Pode causar dano e, às vezes, causa. Há altos e baixos, como uma montanha russa. É por isso que, ter São a minha casa longe de casa. Penso neles com muita sauda- relações sentimentais e amar-te a ti mesmo é tão, imensamente, de. As minhas raízes estão aí a minha família está aí e, de muitas importante. Sem isso, é muito fácil perderes-te no meio do caos. formas, o meu coração está aí. Estou muito grata por ter sido abençoada com magníficos familia- res e amigos. Eles são a minha âncora. Tens contacto diário com a tua família? Como surgiu o primeiro trabalho? O contacto é maioritariamente pelas redes sociais. Com a diferen- ça horária e com o trabalho, por vezes é complicado mas faço o O meu primeiro trabalho como atriz foi representar a Princess meu melhor para estar em contacto sempre que posso. E geral- Katherine and the Boy em Shakespeare’s Henry V. Foi algo muito mente consigo fazer uma visita uma vez por ano. importante para mim. Quando saí da Julliard estava um pouco traumatizada com Shakespeare e este foi um passo muito impor- A IDA PARA OS ESTADOS tante para curar algumas dessas inseguranças e medos. UNIDOS DA AMERICA E que outros, fizeste? Como foi a mudança para os EUA? Muito Shakespeare. É a minha paixão. Estas peças e personagens Fomos para Newark, em New Jersey, onde já existia uma grande co- é onde está o meu coração. É nelas que encontro os meus maio- munidade de emigrantes portugueses que nos recebeu muito bem, res desafios e as vitórias mais eufóricas. Nunca fico aborrecida e foi aí que passei grande parte da sua infância e onde comecei por quando faço algo de Shakespeare. Estas peças nunca deixam de frequentar um escola católica, onde fui vítima de muito bulling. me surpreender. Depois, também faço bastantes peças novas, em Nova York. É muito aliciante fazer parte da criação de uma obra de Como viveste essa situação? arte e isso pode ser, incrivelmente, compensador. Obrigou-me a mudar de escola, mas deu-me por outra lado, um www.valemais.pt 17 grande gosto pelos livros, que acabaram por funcionar como um escape, para mim.

Qual foi o mais importante? Até a este momento, na minha carreira, considero que fazer o papel de Cressida, em Shakespeare’s Troilus e Cressida at the De- lacorte, no Central Park foram os trabalhos mais importantes que já tive. Este último foi o papel mais importante que desempenhei até ao momento e o Delacorte é o sitio mais impressionante onde se possa trabalhar. Tens alguma situação caricata para nos contar? Quando estava a acabar a formação na Julliard, tive uma reunião com um agente de Los Angeles, onde ele me disse que era “mais ‘bonitinha’ em New York do que em Los Angeles”. Esta área está repleta de misoginia e de uma superficialidade muito violenta, por isso, apenas tento manter-me à margem de tudo isso e amar-me a mim mesma. De facto, amar-te a ti mesmo é das coisas mais rebeldes que podes fazer no mundo do espetáculo. Em televisão participas em Orange is the New Black e High Maintenance Sim! Atualmente também estou a gravar uma personagem resi- dente na última temporada do Orange is the New Black, que irá para o ar no Netflix no próximo ano. High Maintenance é um espetáculo formidável na HBO e onde desempenho o papel de Anja Jacobs. Ela é uma “millennial” que luta para se encontrar a ela mesma e estabelecer relações com pessoas que não pertençam à sua adição, pelos meios de comuni- cação sociais. Foi muito engraçado de filmar. AMERICA DO PRESIDENTE TRUMP Como é viver na América de Trump? É um recordar diário do lado mais negro, ignorante, racista e de misoginia da América. É um recordar diário, e em cada respirar, do que tenho que demonstrar, como artista e cidadã, e daquilo contra o que tenho que lutar. O que achas sobre o facto do Presidente do país ser acusado de tantos casos de machismo e assédio? O Trump é a manifestação do que há de pior na América. Este é um monstro que a América criou. E agora cresceu e amadureceu e está a governar o país e nós temos de lidar com as consequências. A América mostrou às mulheres e crianças que os seus corpos não têm importância. Que os homens podem abusar de nós e ser presidentes. Que os homens podem abusar de nós e ser presiden- tes do Supremo Tribunal de Justiça. Agora, temos que lidar com as consequências dessa mensagem. E eu, pelo menos, tenho uma profunda fúria que está pronta para lutar até ao dia que morrer. 18 www.valemais.pt

www.valemais.pt 19

FEMINISTA FEROZ És uma defensora do feminismo e dos direitos das mulheres? Sim. Sou uma feminista feroz. Até aos ossos. E, às vezes, meto-me em confusões, por causa disso. Como quando tive de combater o ódio suado e bêbado de um homem, quando intercedi entre ele e uma mulher que ele estava a assediar no comboio. Ou como quando fui alvo de assédio, e esperei que outro homem interce- desse a meu favor. Eu acredito, de forma inabalável, no direito e domínio das mulheres sobre o seu próprio corpo. Acredito que é absurdo as mulheres serem mais mal pagas que os homens nos mesmos trabalhos e que tenham de trabalhar o dobro para isso. Acredito que todos nós, nos deveríamos sentar e debater no desconforto de olhar honestamente para os nossos privilégios. E devemos fazer, o que estiver ao nosso alcance, para moldar as nossas culturas para que possamos reflitam sobre o que de melhor somos capazes de fazer, e não o contrário. Por outro lado, outra das grandes polémicas nessa área, são os numerosos casos de assédio sexual e moral que as atrizes sofreram? Já vivenciaste alguma situação? Ser assediada é uma realidade aceite pelas mulheres. É simples- mente algo que nos acontece, a todas, o tempo inteiro. O negó- cio em que estou tem um problema de persuasão de homens que estão em posições de poder e tiram vantagem de jovens atrizes e outras mulheres vulneráveis. Mas não é um problema exclusivo à minha profissão. Recentemente, estava a levar uma menina da escola para casa e fui “assobiada” na frente dela. Ela fez-me uma série de perguntas. Porque é que aqueles homens estavam a dizes aquelas coisas? Se os homens me fazem isso com muita frequência? Como me sentia com aquilo? E então, perguntou; “isso também me vai acontecer a mim?” Ela tem 9 anos. Por outro lado, tenho sempre um “bastão” na minha bolsa. Não uso o meu cabelo com rabo-de-cavalo à noite, para não ser agarrada por trás. Uso as chaves entre os dedos e quando saio do metro vou logo para casa. Ser mulher significa temer sempre pela minha segurança. Consideras que esta situação ainda persiste? Acho que o movimento #metoo trouxe alguma luz sobre o quão profundo é o assédio sexual. Acho que começou a discussão. Não acho que algo tenha mudado. Talvez, algum dia, mude. Mas isso vai depender de uma mudança de culturas para que criemos rapazes que respeitem as raparigas, que nos vejam como iguais, e que valorizem o nosso papel na sociedade. Neste momento a nossa cultura continua a vender as mulheres como objecto sexual, paga menos às mulheres, pelo mesmo trabalho, nega-nos direitos sobre o nosso próprio corpo, coloca a culpa do assédio sexual no cumprimento dos nossos decotes, diz-nos que a nossa beleza nos define, e poderia continuar, e continuar... Como podemos esperar que os homens respeitem as mulheres quan- do essas, são as lições que eles, e nós, aprendemos todos os dias? 20 www.valemais.pt

A VIDA NA METRÓPOLE Tirando essas situações que já falamos, como é viver em New York? É espetacular. E cansativo. Mas a maioria das vezes dá-nos gran- des lições sobre respeito, espertos da rua, e esperteza espacial. Eu amo New York! É uma cidade vibrante e diversificada, que nunca para de abrir a minha mente. Passo a maioria dos meus dias ou a trabalhar numa peça de teatro, num programa de televisão, num filme ou a fazer audições para isso. E quais são os teus passatempos favoritos? Quando não estou a atuar, geralmente pratico kickboxing, leio, ou devoro algum show com que esteja obcecada. Também adoro passar o tempo com os meus amigos e com as pessoas que gosto e ver todo o teatro que possa. Estás a estudar algo de momento? Tento sempre manter-me atualizada no meu ofício. Atualmente estou envolvida num magnífico workshop sobre Shakespeare, no qual passamos um tempo considerável a estudar os seus textos no que se referem a antigas deusas/deuses e outros arquétipos. Tens algum projeto em mente? Sim! Irei atuar numa peça nova chamada “Marys Seacole” no Lincoln Center, no ano novo e depois, fazer o papel de Lady Macbeth, na Primavera. 6 ANOS DE CARREIRA TEATRO: • MACBETH LUCILLE LORTEL THEATRE (MAIO-JUNHO 2019) • MARYS SEACOLE LINCOLN CENTER (FEVEREIRO-MARÇO 2019) • THE LIAR (CSC) • TROILUS AND CRESSIDA (THE PUBLIC - DELACORTE) • MUCH ADO ABOUT NOTHING (THE PUBLIC - DELACORTE) • GRAND CONCOURSE (PLAYWRIGHTS HORIZONS) • YOUR MOTHER’S COPY OF THE KAMA SUTRA (PLAYWRIGHTS HORIZONS) • THE WAYSIDE MOTOR INN (THE SIGNATURE THEATER) • FAMILY FURNITURE (THE FLEA) • BABY SCREAMS MIRACLE (CLUBBED THUMB) • KATHARINE/BOY IN HENRY V (TWO RIVER THEATER) TELEVISÃO/FILMES • TALI GRAPES - ON THE UPCOMING SEASON OF ORANGE IS THE NEW BLACK • ANJA JACOBS - ON HIGH MAINTENANCE (HBO) • THE DEVIL YOU KNOW - (HBOPILOT: JENJI KOHAN/GUS VAN SANT) www.valemais.pt 21

22 www.valemais.pt

www.valemais.pt 23

24 www.valemais.pt

www.valemais.pt 25

Reportagem #Arcos de Valdevez ARCOS DE VALDEVEZ ONDE PORTUGAL SE FEZ NO EXTREMO FOI DE VEZ Arcos de Valdevez Onde Portugal Se Fez. Este foi o slogan criado recentemente e que se inspirou na história da fundação da nacionalidade. E no Extremo foi de Vez, podemos acrescentar. Foi no Extremo, freguesia do concelho de Arcos de Valdevez, que surgiram, no contexto da Guerra da Restauração (1640 – 1668), os fortins do Bragandelo e da Pereira. 26 www.valemais.pt

Texto :: Manuel S. DURANTE GUERRA DA exército entre os quarteis da comarca, RESTAURAÇÃO e o visconde de Vila Nova de Cerveira Nesse sentido, uma equipa da unidade intensificou os trabalhos de fortificação de arqueologia da Universidade do Mi- Como surgiram estes fortins, das praças da província portuguesa. nho (UAUM) esteve ali em trabalhos que datação e o papel que tiveram Enquanto isso, os portugueses pre- visaram avaliar os possíveis lugares que ao longo dos tempos? param os ‘tercios’ e companhias de o exército espanhol usou para, em 1658, ambas províncias, os galegos ganharam atacar as guarnições portuguesas que Os fortes de Bragandelo e Pereira o forte da Portela de Vez, guarnecido defendiam estas importantes passagens. surgem no Extremo no contexto da com 150 elementos de infantaria. Guerra da Restauração. Não sabemos Nos dois anos seguintes continuou a Enquadrados na Guerra da Restaura- exatamente quando foram construí- formação de ambos exércitos “e, ao ção, os fortins do Extremo representam dos, mas conhecemos algumas refe- mesmo tempo, juntava o marquês de – como reconhece o Município de Arcos rências à sua existência neste período. Viana um exército para a conquista e o de Valdevez – uma mais-valia para o A primeira referência conhecida é do conde do Prado outro para a defesa”. turismo e a cultura deste região. “São Conde da Ericeira do ano 1658, quan- A 12 de julho de 1662, o exército gale- exemplares superlativos no contexto de do o marquês de Viana, Governador de go entra na província de Entre Douro e toda a Península Ibérica” – observa. Armas e General do Exército de Galiza, Minho pola ponte de barcas de Lapela; manda, a 7 de dezembro, assaltar a 23 de julho, desde Monção, dirige-se, Os trabalhos arqueológicos, que se inicia- dois fortes que cobriam o caminho por Moreira e Rio Bom, até ao Extremo, ram no último verão, vão ter continuidade até Arcos de Valdevez, para obrigar onde ocupa a eminência das Pereiras, no próximo ano. Realizados no âmbito ao visconde de Vila Nova de Cerveira, do projeto de Conservação, Estudo, de onde dominava os fortes de Por- Valorização e Divulgação dos Fortes de Governador de Armas de Entre-Dou- tela de Vez. Por sua vez, o conde de Brangandelo e Pereira são suportados, no ro-e-Minho, a mudar de sítio o quartel Prado, que estava alojado no Castelo âmbito de um protocolo, entre a Câmara general em que estava colocado o de Trajão, dirige-se por Boalhosa e Municipal e a Universidade do Minho exército português. Ocuparam-se am- ocupa o posto do Pedroso, “superior (unidade de arqueologia). O coordenador bos os fortes, que foram abandoados ao segundo forte da Portela de Vez geral dos trabalhos foi Luís Fernando antes de serem tomados, sendo quei- [...], donde ficou cobrindo Valença, o Oliveira Fontes, arqueólogo e diretor da madas as fatorias. Com a chegada das forte de S. Francisco e as freguesias de UAUM. Além do investimento autárquico, notícias da perda dos fortes de Extre- Coura, que ministravam o sustento do a unidade de arqueologia também supor- mo, o visconde levantou o quartel do exército” (Ericeira 1945). Depois de seis tou parte das intervenções. Nesta esteve rio Mouro e dirigiu-se para reedificar os dias de luta, o exército espanhol põe-se também a arqueóloga e investigadora da fortins. Em fevereiro de 1659 capitulou em marcha o 29 de julho, dirigindo-se Xunta da Galiza, Rebeca Blanco-Rotea, a Praça Forte de Monção e os espa- até Arcos de Valdevez, em cujas ime- Uma participação financiada pelo seu nhóis conseguiram recuperar Salvaterra diações tem lugar uma campanha de contrato de pós-doutoramento da Univer- do Miño. O marquês de Viana dividiu o guerra nos meses seguintes. sidade de Santiago de Compostela, den- tro do Grupo de Investigação Síncrisis. www.valemais.pt 27 Foi ela que assumiu a direção científica dos trabalhos durante a sua estadia de investigação na UAUM. Entrevistada pela VALE MAIS, a espa- nhola Rebeca Blanco-Rotea torna públi- co muitos e importantes factos relaciona- dos com os Fortins do Extremo.

Na noite do 3 de outubro, D. Baltasar abandona o quartel fortes e da sua localização, assim como a da possível infor- de Giela, onde estava alojado, para dirigir-se aos fortes de mação obtida em diferentes arquivos históricos. Os fortes Portela de Vez, para ocupar de novo os altos das Pereiras e puderam ser reocupados durante as guerras napoleónicas, Mourisca, deixando o rio Vez no lado esquerdo do exérci- mas estas e outras dúvidas só poderão ser esclarecidas à to. Enquanto isso, o conde de Prado dirige-se ao posto do medida que avancemos na investigação arqueológica. Pedroso, com o rio Vez à direita do exército. Ambos ocu- pam os postos respetivos a 26 de outubro. No dia seguinte, UM CONSERVADO E OUTRO DESTRUÍDO D. Baltasar Pantoja manda conduzir a artilharia pesada a Monção, desdobrando parte do exército para proteger o O Forte de Pereira está quase destruído e o do coluna militar, graças á distribuição, pelos montes, de várias Bragandelo conservado. Porquê? bocas de fogo. O conde de Prado faz o mesmo, seguindo a coluna e distribuindo 1500 militares pelos vales até Mon- O Forte de Bragandelo está em muito bom estado de ção. O enfrentamento, sujeito á irregularidade do terreno, conservação, graças à utilização do lugar, fundamentalmen- durou todo o dia. Na madrugada do 14 de outubro, põe-se te para gado e mato, o que fez com que que não fossem em marcha o exército espanhol, do que se aperceberam os alteradas as estruturas que o enforman. No entanto, o portugueses ao prendê-los nas minas do Forte da Pereira, forte da Pereira viu-se afetado, fundamentalmente na parte o que não puderam fazer com o de Bragandelo, ao mandar superior, pela construção recente de um campo de futebol. defendê-lo o conde de Prado. Além disso, em volta, tem arborização de repovoação que oculta parte das estruturas do perímetro. Por outra parte, a trincheira de comunicação que existe entre ambos os Como, e em que contexto, os fortes foram fortes, já se viu afetada historicamente na zona mais baixa construídos? da mesma, onde se localiza o povoamento, pela construção de vários socalcos e parcelas de exploração agrícola, assim Não temos mais noticias que as anteriormente referidas, como pelos muros que as delimitam. Mais recentemente, a desconhecemos quem os mandou construir. Também não estrada que liga Monção e Arcos de Valdevez e a de Mon- sabemos o momento exato da sua construção, que, possi- ção e Paredes de Coura, pelo Extremo, também cortaram velmente, estaria vinculada aos acontecimentos da guerra esta trincheira em dois pontos. que tiveram lugar após a ocupação por parte do exército espanhol do lugar de São Pedro da Torre (Valença), mo- Este ano, as escavações arqueológicas mento no que se intensificaram os ataques daquele país demoraram um mês e no próximo ano serão dois. ao território português, como se falou na questão anterior. É assim? Precisamente um dos objetivos deste projeto é procurar avançar nas respostas a estas questões, tendo em conta os Efetivamente, em 2018, as escavações tiveram uma duração dados arqueológicos, o estudo detalhado da tipologia dos de um mês e levaram-se a cabo no contexto de um estágio da Universidade do Minho no que colabora a Unidade de 28 www.valemais.pt

Arqueologia. A nossa intenção é que, no próximo ano, as Os fortes de Extremo são um escavações tenham uma duração maior, mas é um aspeto património excecional para a zona, que está por decidir, e que se avaliará entre a Universidade pela sua singularidade, pela sua do Minho, a Câmara de Arcos de Valdevez, o coordenador importância histórica na construção da intervenção e a diretora da mesma. dos Estados Modernos e na própria independência de Portugal, pelo seu INTERESSSE E FINANCIAMENTO estado de conservação e localização numa paisagem cultural onde quase O objetivo será prolongar os trabalhos se pode perceber o passar do tempo. arqueológicos por vários anos? Em ambos os Devemos fazer todo o possível para fortins ou apenas no de Bragantelo? por os Fortes de Extremo no mapa na investigação das fortificações O objetivo no Extremo é contribuir á valorização dos Fortes fronteiriças. Possivelmente, não se de Extremo, tanto o de Bragandelo como o da Pereira. levou antes a cabo um projeto destas Inicialmente, focalizamos os trabalhos em Bragandelo pelo características nas fortificações seu melhor estado de conservação, que nos permitirá, que, de certo modo, tiveram menor possivelmente, obter de maneira mais rápida as respostas notoriedade, até ao momento, às questões que referimos acima, sobre a sua construção, no estudo da fortificação da raia, autoria e evolução no tempo. Por outra parte, a sua sin- que normalmente se centrou nas gular tipologia fixa faz com que também consideremos de grandes praças fortes como Valença interesse focalizar-nos neste forte. Mas a intenção no futuro, e Monção, na raia norte. Cremos que que dependerá fundamentalmente de conseguir financia- o Extremo pode contribuir para dar mento, assim como do interesse mostrado pelos implicados outras respostas sobre um património e as comunidades locais, é que os trabalhos abarquem a que nos tem surpreendido. totalidade das estruturas defensivas da zona: os fortes, as trincheiras de comunicação, os possíveis acampamentos www.valemais.pt 29 ou os postos de tiro, também a paisagem fortificada em volta. Mas, cada um deles, levará o ritmo que a própria investigação, ou o seu estado de conservação, assim como a propriedade dos sítios determinem. Este ano constituiu uma primeira tomada de contacto que nos permitiu definir o estado de conservação das estruturas do forte de Bragan- delo, a sua complexidade e as necessidades com vista à planificação do próximo ano. RESPOSTAS SOBRE PATRIMÓNIO QUE SURPREENDE No futuro, o objetivo é disponibilizar os fortins para visitas de estudo e turísticas? Para quando? Um dos objetivos é conseguir converter os fortes num refe- rente patrimonial e cultural da zona, que não só contribuirá para aumentar o conhecimento deste tipo de estruturas e paisagens fortificadas raianas, mas, se conseguimos conver- tê-los num atrativo turístico-cultural e num polo de desen- volvimento sustentável para a zona, será um grande êxito. Evidentemente, antes devemos dar os passos necessários para, primeiro, conhecer os sítios e, segundo, valorizá-los, e sempre fazendo-o com a implicação nas comunidades locais. O ritmo vai marcar o financiamento e o interesse por este projeto. Se todos dermos as mãos, não teremos que estar a falar por muitos anos.

Reportagem #Galiza ORQUESTRA VIGO 430 PROJETO FORMADO POR PROGRAMAS SINFÔNICOS DE MÚSICA BARROCA, ANTIGA E DE CÂMARA A Orquestra Vigo 430 é um projeto musical profissional formado por diferentes secções especializadas para abordar programas sinfônicos, de música barroca e antiga, música de câmara, bem como uma secção concebida como um passo prévio para os jovens músicos antes de alcançarem a orquestra sinfônica. \"Este projeto era uma ideia que vinha desenvolvendo desde a Texto :: José C. Sousa minha estada na ‘Joven Orquesta Nacional de España’, e que pen- Nasceu de forma independente, em 2005, como uma pequena sava ser um modelo ideal para realizar um trabalho de qualidade\". orquestra de câmara com a intenção de criar um núcleo orquestral Iniciei este caminho quando percebi que estavam reunidas as de cordas, de qualidade, para mais tarde se conseguir, de uma circunstâncias certas, e quando constatei, também, o surgimento de forma muito progressiva, aceder a projetos mais ambiciosos em uma grande geração de jovens instrumentistas de cordas, na Galiza. tamanho e complexidade. Tradicionalmente, sempre tivemos uma formação jovem espe- Para sabermos mais sobre esta Oequestra estivemos à conversa com tacular de instrumentistas de sopro, completamente enraizados Javier Escobar, Diretor Artístico que nos contou um pouco mais sobre a na cultura e na sociedade galegas, mas, no que diz respeito aos realidade deste projeto. instrumentos de corda, a situação era muito diferente. 30 www.valemais.pt

www.valemais.pt 31

Vale Mais: Qual é o propósito desta VM: Como caracteriza este projeto? Orquestra? JE: Tentamos oferecer uma programação o mais variada e atraen- Javier Escobar: O objectivo é oferecer uma programação de alta te possível. Gostamos muito da inovação nas propostas, mas sem qualidade, com produção própria, à cidade de Vigo e, por exten- perder o rumo da coisa que realmente importante, que é a músi- são, a toda a Galiza, inclusive a zonas onde este tipo de música ca. Acho que, na procura da originalidade e conquista do público não costuma chegar. Esses objetivos já foram alcançados, agora, a todo custo, infelizmente, estão-se a fazer propostas musicais de precisamos alcançar uma maior regularidade que faça com que qualidade duvidosa e que acabam por confundir parte do público. aumente o número de espetáculos. Neste momento, a limitação é, exclusivamente, orçamentária. VM: Como tem sido a evoluindo da Orquestra? VM: Como está composta? JE: A evolução foi lenta, no início, e muito rápida nos tempos mais recentes. Passamos três anos a trabalhar como uma pequena JE: Estamos muito orgulhosos de dizer que contamos com 70% orquestra de câmara, no seguimento de uma proposta inesperada dos músicos da nossa terra, combinados com a contribuição que tivemos, para ser a orquestra residente do Concurso de Piano do inestimável e indispensável de músicos do resto da Espanha e do Royal Club Náutico de Vigo. Tivemos a desculpa perfeita para criar a estrangeiro, incluindo muitos deles de Portugal. Como curiosida- Orquestra Vigo 430, que agora cumpre 10 anos. A partir daí tudo foi de, dizer, também, que é uma orquestra muito feminina, já que mais rápido: os grandes solistas, as óperas e a evolução meteórica da mais da metade da Orquestra Vigo 430 é constituída por mulhe- orquestra em termos de qualidade. Fundamental foi, também, quan- res. Isto não se deve a nenhum tipo de discriminação positiva, mas do se incorporou à equipa a nossa atual gerente Ana Novoa, sem a é uma tendência nos últimos tempos em que descobrimos que há qual seria impossível entender a orquestra, neste momento. um número muito elevado de mulheres que se dedicam à música, alcançando os mais altos níveis de excelência. VM: Como são selecionados os músicos? VM: Algum momento que destacaria da sua história? JE: A nossa Coordenador Geral, Julia Estevez, é uma das pessoas mais importantes na nossa organização e é responsável por sele- JE: É difícil, para mim, destacar algum, já que ultimamente, tenho cionar os instrumentistas de sopro e percussão, e eu sou responsá- a sensação, felizmente, de que cada concerto é o melhor que vel pelos músicos de corda. fizemos até então. Também não quero destacar nenhum solista já que todos eles nos ofereceram grandes experiências. Por enquanto, preferimos não fazer testes de admissão, pois preferimos ter uma avaliação, no terreno, dos músicos que estão VM: E as principais distinções que recebeu? perto de nós. JE: Recebemos em 2014 o Prêmio Martín Códax da música, mas Há, o entanto, o caso dos instrumentistas estrangeiros que nos enviam do que estou mais satisfeito é verificar como concerto após con- currículos acompanhados de um vídeo. Se achamos que são propos- certo aumenta a lista de seguidores fiéis à orquestra. tas interessantes e que podem contribuir para a coesão e reforço da orquestra, geralmente, convidámo-los para um programa de testes. VM: Que apoios tem a Orquestra? 32 www.valemais.pt JE: Neste momento dependemos, exclusivamente, do apoio do Concelho de Vigo, e em breve esperamos que as conversações com a Universidad de Vigo deem frutos para um acordo de coo- peração que nos tornará na orquestra residente na Universidade.

Equipa ANA NOVOA JAVIER ESCOBAR ANDREA GONZÁLEZ JULIA ESTÉVEZ Gerente Diretor Artístico Diretora Técnica Coordenadora geral Estamos também empenhados na procurar de patrocínios priva- Ela foi a minha primeira escolha e, felizmente, ficou entusiasma- dos, algo complicado dada a atual situação e a pouca tradição da com o projeto quando o propus. Foi uma incorporação muito que, nesse sentido, temos no nosso país, mas estamos otimistas e importante para nós, já que está contribuindo, muito, com a sua esperamos mudar gradualmente. experiência e não temos dúvidas de que é parte fundamental no crescimento e expansão de futuros projeto. VM: Como está, a Orquestra, aos olhos de Vigo e da Galiza? VM: Existem outros projetos? JE: Não me corresponde a mim responder a essa questão, mas o JE: Sim, muitos e ilusionantes. O mais difícil para a próxima tempo- feedback que recebemos é que somos cada vez mais importantes rada será escolher entre muitas propostas. Mas queremos enfatizar em Vigo, e em outras partes da Galiza, como Lugo – onde produ- tudo o que diz respeito à formação de públicos e concertos destina- zimos grande parte da nossa programação. Por outro lado temos dos a crianças e jovens, com propostas, isso sim, de maior qualidade. muita ilusão de poder tocar no Norte Portugal. Somos otimistas por natureza, senão não teríamos chegado aqui Mas, até agora temos recebido inúmeros comentários de surpresa com todas as dificuldades que tivemos para superar. Mas parece (agradáveis) por muitas pessoas que não sabiam que Vigo tinha que, finalmente, poderemos atingir as metas a que nos propuse- uma orquestra dessa qualidade. Isso tem o lado negativo, que nos mos e isso será uma notícia muito agradável para todos. diz que algo que não estávamos a fazer bem na comunicação. É algo que com as mudanças que temos implementado e com a VM: Dia 14 celebram o vosso 14.º inclusão de Bea Camiña como Diretora de Comunicação assim aniversário com um concerto especial. como a própria Andrea, acreditamos que irá melhorando, a partir de agora, fazendo com que a nossa atividade chegue ao público. JE: Não podíamos pensar numa melhor maneira de comemorar o 10.º aniversário da Orquestra Vigo 430 do que tendo uma solista tão VM: Como é efetuada a programação? transgressiva e original como a pianista turca Ayşedeniz Gökçin e o seu “Symphonic Aysedeniz: a rock journey for piano and orchestra”. JE: A programação baseia-se nas inúmeras propostas que nos chegam, tentando sempre formar uma programação equilibrada Trata-se de um concerto que constitui uma simbiose perfeita entre e interessante ao longo do ano. Com o crescimento que o projeto a música clássica e pop-rock. Além disso, será, também, trans- estava a ter, precisávamos de cobrir o cargo de Diretor Técnico mitido em streaming na plataforma digital “Tolemias” e temos a e a inclusão de Andrea veio preencher uma lacuna importante e certeza de que será um concerto único. permitiu-nos outorgar mais especificidade nas tarefas de cada um. www.valemais.pt 33

Reportagem #Alto Minho & Galiza II FÓRUM Rio Minho Transfronteirizo O II Fórum do Rio Minho Entre as primeiras conclusões, a “Estratégia Rio Minho Trans- Transfronteiriço realizou-se, no fronteiriço 2030” assenta em seis eixos considerados prioritá- passado dia 29 de novembro de rios e comuns, nomeadamente: 2018, no Auditório de Goián, Tomiño, Espanha e revelou o sucesso do 1. RIO MINHO processo participativo afeto à elaboração da “Estratégia Rio Minho 2. GOBERNANZA E SERVICIOS CONXUNTOS Transfronteiriço 2030”, no qual intervieram, diretamente, cerca de 500 3. TURISMO SUSTENTÁBEL pessoas dos dois lados da fronteira. 4. CULTURA TRANSFRONTEIRIZA Texto :: José C. Sousa 5. MOBILIDADE Este segundo encontro serviu para dar a conhecer as primeiras conclusões de um vasto trabalho de análise do território iniciado 6. ECONOMIA INNOVADORA E SUSTENTÁBEL nos finais de 2017. Cada eixo é composto por um vasto conjunto de objetivos e O documento final será disponibilizado publicamente no primeiro ações específicas. trimestre de 2019, assumindo um processo de recolha de suges- tões contínuo. Perante a presença de cerca de uma centena de participantes, o presidente da CIM Alto Minho, entidade parceira deste projeto, Os diferentes mecanismos implementados incluíram cinco mesas destacou “o ciclo de reflexão e de preparação da estratégia de sectoriais, um inquérito online, dois fóruns públicos e inúme- desenvolvimento para o rio Minho”, elaborada “com ambição e, ras reuniões com os 13 concelhos e câmaras municipais, que naturalmente, com alguma ilusão”. “Este AECT do Rio Minho não culminaram num documento profundo e realista da vontade de é contra ninguém, queremos é ter mais oportunidades para fazer cooperação transfronteiriça. mais coisas. Se crescermos mais, estamos a dar um impulso positi- vo aos nossos países”, disse José Maria Costa. 34 www.valemais.pt

Por sua vez, a presidente da Deputación de Pontevedra elogiou o ca- As perspetivas são elevadas, aguardando que o nosso contributo lo- ráter inovador deste projeto “por ter como protagonista a população cal possa alavancar um desenvolvimento sustentável do Rio Minho e do território”, sublinhando que “no século XXI não se pode deixar de da efetiva eliminação das fronteiras”, assegurou Fernando Nogueira. contar com a inteligência da cidadania neste tipo de projetos”. Além dos atores acima referidos, tiveram, ainda, intervenções nes- Carmela Silva realçou ainda “o ideal humanista desta estratégia, te fórum: Sandra González, Alcaldesa de Tomiño; Manuel Reigosa, porque se está a falar de um grande território que precisa de um Presidente da FCCR e Reitor da Universidade de Vigo; Manuel grande projeto”. Rodríguez, Técnico da FCCER e Valerià Paul, Diretor do FCCER; Xavier Martínez Cobas, Professor do Departamento de Economia O diretor do AECT Rio Minho salientou que “o elemento dife- Financeira e Contabilidade da Universidade de Vigo; José Alberto renciador deste projeto está no fato de, pela primeira vez, ser Rio Fernandes, Catedrático e Professor na Faculdade de Letras elaborada uma estratégia de um ponto de vista transfronteiriço, da Universidade do Porto; Francisco Carballo Cruz, Professor da enquanto território único, com uma forte base de participação Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho; Sandrina cidadã e uma visão científica”. Antunes, Professora do Departamento de Relações Internacionais e Administração Pública da Universidade do Minho. Ester Silva, Úxio Benitez anunciou que, com este documento, pretende-se Vice presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimen- “colocar o rio Minho no mapa e no lugar que lhe corresponde”, to Regional do Norte e Xosé Lago García, Sub diretor geral de manifestando a pretensão de transformar este território na segun- Cooperación de Acción Exterior e Cooperación Transfronteiriza. da experiência a nível europeu na criação de um Investimento Ter- ritorial Integrado Transfronteiriço (ITI) “que permita aplicar fundos A Organização deste Segundo fórum esteve a cargo da Deputación europeus desde uma visão global do território”. de Pontevedra; Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Rio Minho (AECT Rio Minho);Comunidade Intermunicipal do Alto O vice-diretor do AECT do Rio Minho e Presidente da Câmara Minho e Fundação Centro de Estudos Euro-Regionais (FCCER). Municipal de Vila Nova de Cerveira também destacou o impulso deste fórum “na consolidação da estratégia de futuro desta região Esta jornada esteve enquadrada no projeto Estratégia de Coo- para a década 2030”. peração Inteligente do Rio Minho Transfronteirizo – Smart Minho, cofinanciado em 75% pelo FEDER através do POCTEP 2014-2020. “Estamos a trabalhar num programa de desenvolvimento trans- fronteiriço que se revela em consonância com os planos recen- temente anunciados pelos nossos governos. Não o fizemos por arrastamento, mas constatamos que vai de encontro ao que está a ser delineado a nível ibérico. www.valemais.pt 35

Opinião Texto :: M.ª Fátima Cabodeira A TERRA AÉ DAEMQOUUEM Uma caixa de supermercado é um observatório social por excelência. Para lá das frias estatísticas com que amiúde somos bombardeados, diz muito sobre as escolhas e a situação financeira dos cidadãos. Recentemente, deparei-me com um homem de Mais do que o desfile das mordomas, que é o cartaz televi- meia idade que tinha ao colo um bebé sorriden- sivo da romaria, sempre apreciei o Festival de Bombos, na te e … três cenouras na mão, que pagou contan- Praça da República, pelo estrépito colorido que se espraia do as parcas moedas. por toda a cidade, bem como a Procissão ao Mar, prece- Esta imagem podia bem ser o mote para um romance ou dida dos tapetes desenhados, com sal, de forma laboriosa um filme. Confrontámo-nos com a velha questão de saber pela comunidade piscatória nas ruas da Ribeira, em Mon- se é a arte que imita a realidade ou se a realidade imita a serrate, para receber a padroeira dos pescadores: Nossa arte. Neste caso, a realidade cai abruptamente sobre nós, Senhora d’Agonia. fazendo-nos questionar o conceito abstrato da “distribuição Num tempo em que todos querem ser (re)conhecidos, ver- da riqueza”. tendo opiniões em catadupa nas redes sociais, o “terreiro” No passado mês de outubro, a cidade e o distrito de Viana das novas tecnologias, saber ouvir é uma preciosidade em do Castelo perderam uma personalidade, que se mostrou vias de extinção. incansável na organização da romaria das romarias - Fran- Coligi ainda um outro assunto: os políticos que destratam e cisco Cruz. Durante longas décadas – desde os anos 60 do humilham a classe jornalística, exibindo atitudes autoritárias, séc. XX-, presidiu e/ou integrou a Comissão de Festas de negando-se a responder a perguntas, fingindo não ouvir Nossa Senhora d’Agonia. as perguntas, emitindo declarações unívocas, sem direito a Como bem sabemos, em agosto, os vianenses exibem contraditório, estão a contribuir para o esboroamento da de- orgulhosos a sua identidade caleidoscópica em sucessivos mocracia. E a propagar o populismo, que tem sempre uma quadros – o traje, o ouro, os objetos ligados ao amanho da intenção perniciosa na sua origem. terra e do mar, os gigantones e cabeçudos, etc., etc.. Termino esta crónica desejando que a presente quadra Em 1999, tive a honra de o entrevistar pela primeira vez. Escrevi natalícia sirva para avivar o espírito de solidariedade e não sobre ele um perfil. E descobri que não era natural de Viana do apenas o consumismo egoísta. Castelo, mas sim da Póvoa do Lanhoso. Guardo a imagem de afabilidade e disponibilidade com que tratava os seus interlo- cutores. Em futuros trabalhos jornalísticos, haveria de o ouvir falar - sabia e apaixonadamente - sobre a complexa estrutura dos programas das festividades, cujos “números”, como lhe chamava, (e simbolismo) conhecia por dentro. Francisco Cruz, enaltecia, porém, “a imensa alegria que o povo sente em ser vianense, que toca os que nos visitam”. 36 www.valemais.pt

Opinião Texto :: Manuel Cunha_Pólen Assim, sob os auspícios daquele lugar, passados três meses, nos Santos, nasceu a Maria. A luz da O RIO casa e do Ribeiro. – Tia Libânia? A Maria sabe desta QUE CORRE história?? – Não!!! – Então porquê?? – Oh, ainda AO CONTRÁRIO… havia de pensar que fomos ali para a afogar… (risos). Depois a senhora teve outra filha. Diz quem “a vida real não conta Que era bem ir debaixo da ponte, era o termo usa- sabe, as duas meninas mais bonitas de Castro histórias, somos nós que do. O remédio era a senhora grávida ir com duas Laboreiro. Foi a sorte de Deus; disse ela. Outra as contámos…” pessoas da família, no mínimo, para junto da ponte senhora contou; - doutra vez, depois de muito onde noite fora esperariam um caminhante que tempo de espera por um desejado padrinho, assim (ouvido de passagem na antena 2) fizesse cumprir o devido ritual. Assim, teria de as- que surgiu alguém, os desesperados esperantes pergir a barriga da esperançada com a água fresca fizeram tamanho alarido a pedir o devido ritual que Há por ali a chegar a Castro, a área de lazer do ribeiro. Os relatos foram surgindo. A Tia Libânia o homenzinho desatou a fugir, cheio de medo, com das Veigas. Um recanto de sossego onde um levou o pai e a cunhada. Já tinha tido dois filhos as pessoas a correr atrás dele e a desgraçadinha, riacho murmura segredos que por vezes um sem sorte nenhuma. À terceira foi de vez e em de- coitada, enfiada na água, a misturar as lágrimas ouvido mais atento consegue discernir. é uma onda sespero de causa optou pela esperança da ponte. com as águas corridas… Outra senhora contou de de algodão que se estilhaça a baralhar fragmentos Saíram, ainda de dia do Ribeiro de Baixo, a pé ser- um caso duma vizinha que depois de ter corrido entre a ficção e a história. E quando surge a ponte ra acima, treze quilómetros de granitos esfarelados bem o primeiro nascimento após a cerimónia da das Veigas, o suspense sobe de tom mas nada nos pela agudeza das erosões, até ao local do palco ponte, ainda teve mais seis filhos. Outra senhora diz dos relatos que ali se passaram. Fomos ouvindo milagreiro. Chovia que Deus a dava. Ela metida no falou de um caso em que o caminhante apadrinhou as histórias com a leve sensação que estávamos rio, ensopada até aos ossos, barriga saliente de seis dezassete casos assim. Ele, quando por ali passava, perante uma ponte irmã-milagreira de granitos da meses a penar, ali a penar, transidinha de frio. O já sabia aos que as pessoas iam. Que morava ali mítica ponte da Misarela. Assim , resolvemos fazer pai e a cunhada, em cima da ponte, ensopadinhos perto, dizia. Bem se afiambrou a uns belos repas- uma visita à Biblioteca das Memórias Castrejas, até à crença, a olhar um lado e outro à cusca de um tos… As pessoas falaram ainda da Ponte do Mouro mais concretamente ao lar do Centro da Vila, Cas- peregrino qualquer. Longa se tornou a noite. Por também para um milagre específico para um bom tro Solidário, onde fomos muito bem recebidos. fim, e por bem, lá acabou por passar um senhor, nascimento das crianças. Assim fica a trilogia das Assim que a conversa versou sobre as peripécias da que vinha acompanhado de um cão. Feito o devido pontes mágicas; a Misarela, a das Veigas e a do ponte, causas e efeitos, toda a gente queria falar. propósito, o padrinho da ocasião, disse as mágicas Mouro. A Misarela já toda a gente conhece, vários Vamos ao assunto. Quando as crianças nasciam e palavras; eu te baptizo em nome do Pai, do Filho e romances já lhe fizeram a devida homenagem. passado pouco tempo, Deus nosso Senhor as le- do Espírito Santo. Amem!!! - Depois, os quatro jun- A da Veigas, agora que vem a lume, seria muito vava dos pais a levitar no cosmos, a crença popular tos fizeram o festim da ceia que tinham preparado interessante fazer um levantamento humano das pelas vivências dos seus antepassados tinham a dita de véspera para o ansiado momento. pessoas que vieram ao mundo por essa passagem, ponte para quebra desses efeitos maléficos. e quem sabe, uma vez por ano, num belo dia de verão, juntar tudo e todos a fazer uma festa que eleve a ponte a um património humano, familiar e afectivo, que por especial razão, ela bem merece. Talvez nasçam assim novas e belas histórias… A ponte do Mouro, essa fica para uma próxima… em jeito de resumo, sobra a expressão de uma senhora a tentar explicar o fenómeno da ponte; - aquilo deve ser por causa do rio que corre ao contrário… www.valemais.pt 37

Opinião Hoje, a Coopalima tem, no contexto regional, uma posição do- minante na dinamização económica do mundo rural e na defesa Texto :: Adelino Silva da agricultura de minifúndio, com enfoque no apoio às pequenas explorações (bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves), bem como COOPALIMA no acompanhamento de diferentes produtores (viticultores, fruti- cultores, horticultores e floricultores). ORGANIZAÇÃO UM PARCEIRO ESTRATÉGICO DA EDILIDADE LIMIANA AO SERVIÇO Esta “organização inovadora” atingiu, em 2017, uma faturação de 8.500.000,00€, em resultado do apoio à produção de leite, da ven- da de todos os fatores de produção e da prestação de serviços. Apresenta como marca diferenciadora, a comercialização dos DOMUNDORURAL mais variados produtos e equipamentos agrícolas, medicamentos veterinários e combustíveis e a disponibilização de apoio técnico especializado, no aconselhamento, na organização das mais diver- Chama-se “Cooperativa Agrícola dos Agricultores do Vale do sas candidaturas, na inseminação artificial, no contraste leiteiro e na formação profissional. Lima – Coopalima”, foi fundada em 1977 e, hoje, apresenta- se como um dos mais relevantes “bastiões” na defesa e na Com 22 trabalhadores, alocados a diversas áreas técnicas, a promoção das atividades económicas ligadas ao mundo rural, Coopalima estrutura-se em quatro secções: “compra e venda de irradiando a sua influência, a partir da vila limiana, a diversos fatores de produção”, “gestão”, “sanidade animal” e “produção municípios do Alto e do Baixo Minho. de leite”, sendo que esta última envolve cerca de 50 produtores, de cujas explorações saem, mensalmente, 1.400.000 litros de leite, garantindo uma faturação, a rondar os 450.000,00€. Sediada num amplo edifício com uma área de 4.500 m2, num espaço periurba- no de localização privilegiada, esta instituição regista no seu “projeto organizacional” dois grandes eixos es- tratégicos: a requalificação das atuais instalações e a melhoria dos serviços a disponibilizar aos seus associados. Esta cooperativa transformou-se num parceiro estratégico da edilidade limiana, não só na criação do “Balcão Rural” e no fomento da atividade agropecuária, mas também na orga- nização de prestigiados certames, como o “Concurso Regional da Raça Holstein Frísia do Alto Minho” e na participação em eventos, como a “Feira 100% Agrolimiano”. Ao longo de 41 anos de vida, a Coopalima passou por altos e Hoje, a Coopalima apresenta-se como baixos, mas foi sob a “liderança” de uma plêiade pró-ativa uma das mais distintas estruturas or- de dirigentes — Carlos Correia do Lago, Nuno Magalhães ganizacionais, não só no tecido económico e social da região, mas e António Gonçalves —, que esta organização adotou abordagens também, no campo ambiental, na preservação das imagens mais inovadoras de “planeamento e gestão estratégica”, ganhou prestí- pitorescas que diferenciam o Minho: a paisagem rural. gio e influência na região e conquistou os principais atores ligados ao mundo rural, ultrapassando hoje os 1200 associados. Carlos Correia do Lago, questionado sobre as vantagens de uma eventual fusão da Coopalima com a Adega Cooperativa limiana, A mudança do “paradigma gestionário” incidiu nas “vantagens com- sublinha: “Acho que uma eventual fusão com a Adega Cooperati- parativas” dos bens que disponibiliza, nas “vantagens competitivas” va poderia ser benéfica para todos. Deveria ser feito um estudo”. dos serviços que presta e na sua reestruturação funcional, direcionada para a promoção de uma performance organizacional de excelência. Funciona ainda como “Posto do Serviço de Nacional de Identi- ficação e Registo Animal” e como” Delegação da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes”. 38 www.valemais.pt

www.valemais.pt 39

Opinião Depois da exuberância psicadélica de 1967, com as edições de “Sergeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band” e “Magical Texto :: Manuel Pinto Neves Mistery Tour”, os Beatles publicam um duplo álbum intitulado “The Beatles”, tornado conhecido por “White O5D0ESPABONEIASOT…SLES Album” pela sua capa totalmente branca. 40 www.valemais.pt A brancura imaculada da capa pode simbolizar um desejo do grupo de regressar às origens após a viagem ao “país das maravilhas” do ano anterior, a vontade de reflectir sobre o caminho de cada um. O “Album Branco” é fruto de um retiro espiritual na Índia, para es- tudar a meditação transcendental, então em voga, com o célebre Maharishi Mahesh Yogi, que, depois, mandariam “dar uma volta”. Neste álbum vamos encontrar das mais límpidas baladas que os “Fab Four” de Liverpool alguma vez registaram, com destaque para Paul McCartney, especialista neste género, como se pode ver em temas como “Blackbird”, “I Will”, “Rocky Racoon”, “Martha, my dear” ou ainda “Mother´s Nature Son”. Porém, John Lennon assina também temas assombrosos como “Dear Prudence”, “Ha- piness is a warm gun” e, sobretudo, “Julia” (dedicada à mãe). Era uma personalidade que necessitaria, em breve, da solidão para conseguir exprimir-se na sua plenitude. No entanto, numa outra perspectiva, encontramos uma inespera- da “piscadela” a Chuck Berry, via Beach Boys (!), no tema “Back In The USSR”, ou no violento proto- hard “mcCartiano” de “Birth- day” e de “Helter Skelter”. No meio de uma trintena de canções, vamos descobrir ainda o experimentalismo da música concreta em “Revolution 9”, de Lennon. Juntando a tudo isto o belís- simo “While My Guitar Gently Weeps” de George Harrison, acompanhado por um solo notável de Eric Clapton, o crítico “Piggies” e “Long, long, long”. Finalmente, vamos ouvir, a fechar o álbum, Ringo Starr, verdadeiro “crooner” romântico, em “Good Night”. Uma das características fundamentais deste duplo álbum é o alargar das discrepâncias entre as pesquisas individuais de Lennon e McCartney, que prenunciavam a separação iminente e se revelavam incompatíveis com o colectivo. Para uns, ele é um retorno à realidade, uma queda das nuvens ao chão; para outros, o verdadeiro disco-testa- mento ao “rock”. Os Beatles privilegiavam o regresso ao “rock”. De- pois da complexidade psicadélica, a simplicidade era bem-vinda. O “Álbum Branco” é, afinal, um disco repleto de tensões e de contradições, que iriam levar, em 1970, à emancipa- ção individual de cada músico e, consequentemente, ao fim do grupo. Hoje, decorridos cinquenta anos (eu tinha dezoito anos na altura da sua edição), como é bom voltar a ouvir o “Álbum Branco” e ter vontade de “descobrir” toda a dis- cografia dos Beatles. Vai ver que vale a pena, caro leitor!

Opinião minino (Quinta dos Fumeiros); Prémio Instituição de Mérito Regional (Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Noroeste); Prémio Evento do Texto :: Luís Ceia Ano (ArtBeerfest); Prémio Projecto do Ano (Novo Rumo a Norte); Prémio Associativismo (Lúcio Afonso – Aviários e Agro-Pecuária). ALTO MINHO O Prémio Prestígio foi entregue a António Camelo (Restaurante Came- BUSINESS lo). A empresa Casa Peixoto foi condecorada com o Prémio Carreira. AWARDS IPVC ATIVAR Reconhecendo o importante papel das multinacionais instaladas na região, sendo as maiores responsáveis pelos excelentes indica- Doze empresas e empresários de todo o Alto Minho foram dores que a região apresenta: distinguidos em diferentes categorias em mais uma edição do Alto Minho Business Awards, este ano renomeados de Alto • Taxa de cobertura 154% das importações o que corresponde Minho IPVC Business Awards 2018. a um Superavit de 600 milhões de euros, enquanto Portugal no seu todo é deficitário (PT -82%;); Ainiciativa – promovida pela Confederação Empresarial do Alto Minho (CEVAL), pelo Instituto Politécnico de Viana do • Taxa de desemprego - 6, 7% (mais baixa da Região Norte); Castelo (IPVC) e pela Comunidade Intermunicipal do Alto Minho (CIM Alto Minho) – teve como finalidade distinguir o que • A indústria, em termos relativos quando comparado com o de melhor se faz na região, ao nível da inovação, gestão e em- Comércio e Serviços, tem maior peso na atividade económica preendedorismo. O evento teve também uma vertente solidária a da Região, ao contrario do que sucede no resto do País. favor do Estabelecimento Prisional de Viana do Castelo. A nossa grande preocupação concentra-se em tornar as nossas Ao todo, foram entregues 12 prémios, aos seguintes vencedores: PME´s maiores, que cresçam à “boleia” desta dinâmica, mas para isso Prémio Inovação Produto (Minho Fumeiro); Prémio Inovação Proces- também é preciso que as grandes empresas se abram à comunidade. so (Clínica João Carlos Costa); Prémio Inovação Marketing (Hotel São as nossas empresas que: Feel Viana): Prémio Inovação Organizacional (Sanitop); Prémio Inter- nacionalização (Omatapalo S.A.); Prémio Empreendedorismo no Fe- • São transversais na economia da Região existindo em todos os sectores das atividades económicas; • Constituem pilares essenciais para a estabilidade do tecido empresarial regional; • Conhecemo-las pelas pessoas, têm rosto; • Criam emprego duradouro (afetivo); • Investem os lucros na região (património pessoal ou reinves- timento na empresa); • Em situações de crise mantem os postos de trabalho; • Já empegaram os avós e agora empregam os netos; • Estão ca para sempre; • Criam riqueza para região; • Pagam os impostos onde ganham o dinheiro. Apoiar as start ups, sim, mas não esquecer as empresas que já existem, as de sempre, as que estão aqui hoje, estiveram ontem e estarão seguramente amanhã Estes são os nossos heróis, e como sempre defendi, pagam os im- postos onde ganham o dinheiro, o que devia acontecer com todas as empresas localizadas neste país. www.valemais.pt 41

Opinião Texto :: José Manuel Carpinteira ORÇAMENTO ESTADO 2019 Quando há três anos o Primeiro Ministro, António Costa, São duas obras reclamadas há décadas, por autarcas e em- assinou com os partidos à esquerda do Partido Socialista um presários da região, e que agora avançam. O Orçamento acordo que lhe permitiu formar governo, com apoio de uma contempla, ainda, investimentos na requalificação de Escolas, maioria parlamentar, assumia um claro compromisso com os por todo o Alto Minho, e na área do ambiente, nomeadamente portugueses: governar para as pessoas, reforçar a coesão na Orla Costeira e no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Este social e incrementar o crescimento económico, sem deixar de Orçamento será, portanto, também por via do investimento pôr as contas públicas em dia. público, bom para o Alto Minho. Com a aprovação do quarto e último Orçamento de Estado Este é o Orçamento que nos permite lançar as bases para um futu- desta legislatura, não podemos deixar de reconhecer que ro ainda mais justo, mas com a consciência de que ainda há muito afinal havia mesmo outro caminho, feito por mulheres e por para fazer e os ventos que sopram da Europa não são favoráveis. homens comprometidos com o crescimento sustentável do país e com o bem-estar dos portugueses. 2. Foi aprovado, recentemente, pelo Conselho de Ministros o ‘Estatuto da Pequena Agricultura Familiar’, que visa reconhecer e O Orçamento para 2019 prevê que o investimento da Administra- distinguir a especificidade da agricultura familiar. Esta discrimina- ção Central crescerá mais de 20%, o que representa mais de 380 ção positiva da pequena agricultura familiar, está essencialmente milhões de euros investidos nos serviços públicos e nas infraestrutu- orientada para os territórios de minifúndio, como o Alto Minho. ras críticas. O Orçamento de Estado vem assim reforçar a aposta em serviços públicos de qualidade e em infraestruturas que melhoram a No entanto, o certificado de ‘pequeno agricultor familiar’ só vida das pessoas e a competitividade da nossa economia. é atribuído a quem o requerer e mediante algumas condi- ções. Os requerentes têm de ter mais de 18 anos, uma ex- Para o Alto Minho, o Orçamento contempla investimentos ploração agrícola na qual a mão-de-obra assalariada não seja na eletrificação da linha ferroviária do Minho, de Viana do superior à da família, uma faturação inferior a cerca de vinte Castelo a Valença, e inclui também investimentos em acessos mil euros e a propriedade tem de estar cadastrada. rodoviários importantes como: o início da construção do novo acesso que ligará o porto de Viana do Castelo ao nó da A28, A partir daí o ‘pequeno agricultor’ terá acesso prioritário a em São Romão de Neiva, uma obra há muito aguardada e benefícios como a redução de impostos e facilidades no âm- unanimemente considerada como fundamental para o aumento bito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR). O título da competitividade e operacionalidade do porto comercial de atribuído ao ‘pequeno agricultor’ permite também aceder Viana; e uma nova ligação do parque empresarial de Formariz, a um regime simplificado em matéria de licenciamento das em Paredes de Coura, ao nó da A3, em Sapardos, incluída no unidades de produção, aos mercados e aos consumidores, Programa de Valorização das Áreas Empresariais lançado pelo assim como a um regime específico de contratação pública Governo, em fevereiro de 2017. para fornecimento de proximidade de bens agroalimentares. 42 www.valemais.pt

www.valemais.pt 43

Opinião Texto :: Emília Cerqueira PEQUENAS, MEMGÉERDNAIATNSIDREASS ORÇAMENTO DE ESTADO No dia em que foi aprovado, o quarto e último, orçamento de estado deste governo não poderia deixar de tecer algumas considerações sobre este documento estruturante para a vida dos portugueses no próximo ano. Este orçamento, à primeira Também temos pequenas mentiras, com seja o anúncio de redu- vista, parece um orçamen- ção de IVA na eletricidade... depois vamos ver e afinal é apenas to virtuoso e que vem me- nos contadores, e depois vemos ainda um pouco melhor e per- lhorar a vida dos portugueses, cebemos que afinal é apenas no alugueres dos contadores com desde logo; baixa as propinas menos potência (lembram-se daqueles contadores que dão para para todos, os livros escolares umas lâmpadas e pouco mais? É desses que se trata).... Também são gratuitos para todos os alunos de escola pública, diminui os temos às médias mentiras, basta pensar no anúncio do governo preços dos passes sociais, atualizações e reposição das carreiras de que dispõe de 50 milhões de euros para atualizações dos salá- de função pública, baixa do IVA na eletricidade, e mais um exten- rios da função pública. so rol de medidas ansiadas pelos portugueses.... No entanto se olharmos com mais cuidado veremos que mais uma vez os portu- Mas surpresa das surpresas.... esse valor não consta do orçamen- gueses são brindamos com pequenas médias e grandes mentiras. to, e se não consta não existe. Ou a tão anunciada descentraliza- ção de competências para os municípios...mas depois o pacote A principal mentira deste orçamento é, sem dúvida, o facto de, financeiro?! NADA!!! como refere o próprio primeiro-ministro, sem cativações não se controlar a execução orçamental, e assim este orçamento, à se- Entre taxas e taxinhas os portugueses tem a maior carga fiscal de melhança dos anteriores, conter muita previsão de despesa que já sempre!!! Não só não baixou como aumentou a despesa pública e a dí- sabemos à partida que não é para levar a sério. vida pública em muito, apostando que iríamos sempre crescer mesmo sabendo que a economia vive de ciclos de expansão e de recessão. O orçamento já não é uma previsão daquilo que se pretende rea- lizar mas, tão só, uma série de promessas apresentadas sem que E o que fez o governo novamente com este orçamento de estado? haja qualquer intenção de às realizar.... são as famosas cativações Continua a gastar o que não pode, onde não deve, não provendo que transformaram os orçamentos num documento que permite pelo futuro, governando apenas e só para grandes anúncios elei- tudo e nada, onde às expectativas são criadas mas depois logo toralistas, rezando para que o país continue a crescer (apesar des- se vê.... AS CATIVAÇÕES são claramente a grande mentira deste te orçamento não conter uma única medida de apoio às empresas) orçamento, tanto assim que nesta legislatura já se cativaram mais por forma a que esse crescimento provado e o saque fiscal aos de 1.000 milhões de euros, reduzindo o investimento público ao portugueses permite continuar a alistar os desvarios despesistas mínimo de sempre. do governo e sejam disfarçadas às grandes, médias e pequenas mentiras deste orçamento.... pelo menos até às eleições.... Nada mais importante, nem Portugal, nem os portugueses. 44 www.valemais.pt

www.valemais.pt 45

Reportagem #Arcos de Valdevez A PARTIR DE MAIO PRÓXIMO Texto :: Manuel S. C M MEZIO Conforme nos referiu o chefe do municí- Y VAI TER pio arcuense, João Esteves, trata-se de CM JARDIM um investimento (1.ª e 2.ª fase) superior MY ZOOLÓGICO um milhão de euros, suportado pela CY autarquia e com fundos comunitários. CMY Arcos de Valdevez vai ter um parque biológico No âmbito do Norte 2020, a candidatura K que compreenderá uma área dedicada à botânica é de 480 408 mil euros, enquanto a do e outra que será um jardim zoológico. Situar-se-á POSEUR é de 798 092 euros. num espaço contíguo à Porta do Mezio, numa área que ultrapassa os 10 hectares. Na parte da flora local, serão mostra- das as espécies autóctones do Parque 46 www.valemais.pt Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), que no Mezio tem uma das suas “portas de entrada”. Raposas, cabras bravias, javali e veado serão alguns dos animais autóc- tones selvagens que constarão do jardim zoológico. Na parte dos domésticos, haverá, nomeadamente, vacas, ovelhas e galinhas. “Será, essencialmente, um espaço-mos- tra dos animais da área do PNPG” – sublinhou João Esteves. O autarca referiu-nos que a 1.ª fase das obras já se iniciou e estará brevemente finalizada. “Esperamos ter tudo pron- to no próximo ano; a partir de maio contamos ter uma parte dele aberta ao público” – adiantou. A execução e gestão deste parque bioló- gico – botânico e zoológico - cabe à As- sociação Regional de Desenvolvimento do Alto Lima (ARDAL), associação sem fins lucrativos criada em 2000 e que já é responsável pela Porta do Mezio. Esta (ARDAL) tem como sócios promoto- res a Câmara Municipal de Arcos de Val- devez, Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, Cooperativa Agrícola dos Agricultores de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca, Associação Nacional dos Criadores da Raça Garrano, Associação dos Criado- res da Raça Cachena, Misericórdia de Arcos de Valdevez, Núcleo de Arcos de Valdevez da Cruz Vermelha e Confraria de Nossa Senhora da Peneda.

Tenda aquecida 23h00 Arte em Peças Música e Cinema Hugo Band 15 a 31 Dezembro*, Centro Cultural 15 , 16 e 19 Dezembro, Centro Cultural Grupo Vivodance Dias 15 a 23 e de 26 a 30 > das 14h às 19h Cinema Infantil Força Ralph: Ralph vs Internet DJ Zack Dias 24 e 31 > das 14h às 17h 15 (sábado) > 17h30 e 21h30 (11 a 14 por marcação para grupos) 16 (domingo) > 15h e 17h30 Caixa da Música 00h00 + info: www.arteempeças.com 19 (quarta) > 15h Simão Praça (Bitch Boys) *Encerra 25 de Dezembro 16 , 22 e 23 Dezembro, Ruas da Vila Pedro Caldas (DJ Set) Tenda Natal Encantado Banda DixieCoura DJ Mosca a.k.a NUNO 19 Dezembro 15h00, Ruas da Vila 15 a 24 Dezembro, Largo Hintze Ribeiro A Música Sai à Rua com o Conservatório de Música Circuito WIPEOUT (circuito insuflável para do Alto Minho - Paredes de Coura, Coura Voce e famílias) dos 6 aos 99 anos DixieCoura Espaço Infantil dos 2 aos 5 anos O Comboio vai partir! 19 Dezembro 21h30, Igreja Ecce Homo Dias 15, 16, 22 e 23 > das 10h às 17h Concerto de Natal Coura Voce Dias 17 a 21 > das 10h às 12h30 e das 13h30 às 17h 22, 23 e 27 Dezembro, Centro Cultural Dia 24 > das 10h às 12h30 Cinema Infantil O Quebra-Nozes e os quatro reinos 22 (sábado) > 17h30 e 21h30 Escola do Rock 23 (domingo) > 15h e 17h30 27 (quinta) > 15h Concertos, 21h30 Dia 16 > Restaurante Forno do Minho Sorteio de Natal Dia 19 > Associação de Padornelo Dia 20 > Associação de Rubiães PRÉMIO DE 1000€ EM COMPRAS Dia 21 > Apresentação Final Escola NO COMÉRCIO TRADICIONAL. do Rock 2018, Caixa da Música Neste Natal valorize o trabalho e o carinho dos comerciantes e produtores Cinema, 21h30 locais. Compre com ternura. Compre em Dias 17 e 18, Centro Cultural Paredes de Coura. Ver regulamento em: + info: escoladorock.paredesdecoura.pt facebook.com/aepcoura.associacao Org.: AEPCOURA com o apoio do Município de Paredes de Coura. www.valemais.pt 47

Reportagem #Melgaço MANOEL BATISTA “NOS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS, CONSIGO VER O HORIZONTE ABERTO” Manoel Batista Calçada Pombal nasceu no Brasil há 53 anos e tem dupla nacionalidade (luso-brasileiro). É presidente da Câmara Municipal de Melgaço, desde 2013. Desempenhou, entre 2009 e 2013, as funções de vice-presidente e vereador. Antes, foi sacerdote católico e, em Viana do Castelo, coordenador do Gabinete de Apoio à Família (GAF) e fundador do Banco Alimentar Contra a Fome. Texto :: Manuel S. POPULISMOS DE DIREITA E ESQUERDA Em conversa com a VALE MAIS, fala das suas experiências de Um bom pretexto para se falar da recente eleição de vida, do otimismo e da serenidade que o carateriza, da sua vida Bolsonaro como Presidente da República. pessoal e pública, do seu projeto de vir a trabalhar numa missão de âmbito humanitário e de temas como o celibato, o sacerdócio “Uma péssima decisão para o Brasil e o mundo. Acho que por mulheres, o divórcio, a homossexualidade. esta galopante entrada de gente da área da extrema-direita para assumir o poder em países vários, alguns com a dimen- Manoel Batista exprime-se de forma tranquila são do Brasil, é preocupante”. “Nasci no Rio de Janeiro, mas os meus eram naturais de Venade, “O povo brasileiro tem vivido tempos muito difíceis. Quando es- Caminha. Sou de uma família, como muitas outras do nosso país e tive no Rio, no ano passado, e percebi as dificuldade nas área da da nossa região, que esteve ligada ao Brasil. O meu avô paterno economia, e na social, aquilo que é um processo de crescimento tinha estado no Rio de Janeiro, como emigrante, e, na década exponencial das favelas que toma conta da cidade, na que foi de 50, o meu pai e o meu tio foram para lá. Meu pai veio casar a a sua parte mais nobre, construída até pelos portugueses nas Venade e regressou com a minha mãe para lá, onde nasci. Hoje década de 40 e 50. Um país rico que criou, ao longo das últimas ainda mantenho ligações. Tenho lá primos.” décadas, uma desigualdade gritante na sua população. Livre-nos Deus das imagens que já temos visto na América Latina. Basta O Brasil foi, pois, um país a que voltou. lembrar o que tem sido o processo na Venezuela.” “Desde que vim, definitivamente, em 1979, fui lá em 2001, numa visita de 15 dias, e, no ano passado (três semanas em dezembro). Tenho lá os familiares que já cá tinham vindo várias vezes. Fui rever algumas raízes e contactar com a família.” 48 www.valemais.pt

MANOEL BATISTA NÃO SE ESCUSA DE TOMAR POSIÇÃO SOBRE QUESTÕES POLÉMICAS “Outra questão complexa na nossa sociedade e que tem de fazer também este percurso. A aceitação da homossexualidade. Um homem ou uma mulher, que se assumem como homossexuais, ainda hoje têm uma dificuldade muito grande em serem aceites na sociedade. Embora o discurso, muitas vezes, seja contrário. Temos de ter a capacidade de que a opção de cada um seja respeitada. Também aí a Igreja tem feito um processo interessante, um discurso diferente e, porventura, uma atitude pastoral diferente em relação a todas estes homens e mulheres.” “É importante percebermos que hoje, homens e mulheres que, claramente, assumem a sua homossexualidade, estão a ter papéis relevantes na sociedade. Há primeiros-ministros e primeiras-ministras no mundo inteiro que se assumiram como homossexuais. Cá temos uma ministra da Cultura que se assumiu publicamente como tal.” www.valemais.pt 49

Aí, o populismo é à esquerda! ber aquilo que são os processos de lide- Aceitei o desafio. Antes, não houve passa- rança. Após a ordenação, vim paroquiar gem por nenhum partido político.” “É ao contrário, mas os resultados são os Chaviães, Paço, Cristoval, numa 1ª fase, e, mesmos.” em 1994, também Fiães. Tudo experiên- CELIBATO, DIVORCIADOS cias enriquecedoras. Deixo o sacerdócio E HOMOSSEXUAIS Manoel Batista regressou ainda de em 1998 e, entretanto, passo pelo GAF e tenra idade a Portugal. estou na fundação do Banco Alimentar de Deixou o sacerdócio em 1998 e, aí, Viana do Castelo.” também se colocou a questão do ce- “Com três anos e meio vim para Venade. libato. É uma questão recorrente… Fiquei cá até aos 12. Com esta idade, E como surgiu o bichinho da política? acha que este devia ou não acabar? regresso com as minhas mãe e irmã ao Rio, estivemos lá um ano e meio e, aí sim, vie- “Acho que está sempre em nós. Quan- “Nada na vida é sim ou não. Com o mos de forma definitiva em 1979. Depois do temos uma visão do mundo, quando celibato também. Ele não deve ser uma segui o percurso normal, escolar. Já o tinha achamos que podemos colaborar para condição para o sacerdócio. É outra feito e interrompido. Aos 19 anos (1984) é alterar e melhorar, fazer algo em prol dos questão. Isto está amplamente discutido que entro para o Seminário.” demais, ela está presente. Independente- na teologia da Igreja e, porventura, já ao mente de termos ou não uma vida política nível pastoral. É possível ser padre, servir O percurso de formação ocorre no seminá- ativa e uma filiação partidária. Foi isso o povo de Deus, sem ser celibatário. rio em Santa Margarida, na faculdade de que aconteceu já com o facto de me ter Assim como servir sendo celibatário. Esta Teologia, em Braga. candidatado à associação de estudantes. questão tem de ser trabalhada de forma a “Nada na vida é sim ou não. C Com o celibato também. Ele não M Y deve ser uma condição para o CM sacerdócio. É outra questão. Isto MY CY está amplamente discutido na CMY teologia da Igreja e, porventura, K já ao nível pastoral. É possível ser padre, servir o povo de Deus, sem ser celibatário. Assim como servir sendo celibatário. Esta questão tem de ser trabalhada de forma a que haja liberdade e condições para que tenhamos padres e, porventura, mulheres que possam também assumir o sacerdócio. A questão não pode ficar fechada no sexo masculino. Tenho a certeza de que, feita esta discussão, este amadurecimento, na sociedade e na Igreja, haverá um caminho diferente daquele que hoje acontece.” “Sou ordenado em 1991. A área da teologia No fundo, era já uma vontade de interferir que haja liberdade e condições para que foi fundamental como marca para a minha e fazer alguma coisa, de ajudar, colaborar, tenhamos padres e, porventura, mulheres personalidade. Tive a oportunidade, além de prestar serviço.” que possam também assumir o sacerdócio. aprender um pouco nessa área, de consoli- A questão não pode ficar fechada no sexo dar uma estrutura e uma visão do mundo a “Depois, com toda a vertente social em masculino. Tenho a certeza de que, feita partir daí. Mas, sobretudo, também, foi um que estive investido – desde 1998 –, esse esta discussão, este amadurecimento, na momento para experiências interessantes bichinho foi crescendo. Em 2009, depois sociedade e na Igreja, haverá um caminho que me marcaram para a vida.” de ter feito esse percurso no GAF, tive a diferente daquele que hoje acontece.” oportunidade de fundar o Banco Alimen- Observa. tar. Nesse processo, surgiu o convite por parte do, então, presidente da Câmara, Rui “Fui o primeiro presidente da associação Solheiro, para a candidatura a vereador. de estudantes da Faculdade de Teologia de Braga. Lidei com muita gente e perce- 50 www.valemais.pt


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook