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Vale Mais Outubro & Novembro'18

Published by info, 2018-10-19 09:24:55

Description: Vale Mais n.º63

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9 772183 750096 00062 Hipódromo de Ponte da Barca Enche para receber o Grande Prémio de Portugal MONÇÃO VILA NOVA DE CERVEIRA VALENÇA MESA DO CORDEIRO FERNANDO NOGUEIRA HISTÓRIAS DE CONTRABANDO Vence 7 Maravilhas à Mesa Nunca tive como objetivo (final) “Com oito anos, já andava no trapiche” ser presidente de câmara valemais.pt 1 #N.º63 :: #OUTUBRO/NOVEMBRO :: #2018 :: #BIMESTRAL :: #PVP 1€ :: Diretor. AGOSTINHO LIMA

Com muito trabalho e dedicação, os objetivos traçados cumprem-se. Há cada vez mais empresas a procurarem-nospara dar a conhecer os seus produtos e serviços. Também verificamos que as empresas estão mais profissionais e conhecedoras de um conceito mais adequado aos nossos valores. ALGUNS PARCEIROS COMERCIAIS QUE CONFIAM NA VALE MAIS DELTA CAFÉS | OPTIMINHO | EPRAMI | IRMÃO PEREIRA | ENERGE | OPTIMINHO | MARCO BRINDE |IDEIA CONCRETA | CAIXA AGRÍCOLA | ILUZA | ABRIL PUBLICIDAD | CVRVV - COMISSÃO VINHOS VERDES | METSEP | INVERT | PRADOS DE MELGAÇO | RIO PARK | HOTEL BIENESTAR TERMAS DE MONÇÃO |AQUÁRIO | PROBE | EMPOLGANT IDEA | ECAM | HEITOR CAMPOS AMOEDO | LARA CENTRO DE INSPECÇÕES PNEU CERTO | VODAFONE | OVNITUR | SANATÓRIO CONCHEIRO | CIM ALTO MINHO | INTERMARCHÉ - DISTRIÂNCORA | QUINTA MALAPOSTA | PROVAM | DORF | ARCOBARCA | CÂMARAS MUNICIPAIS | 2 valemais.pt

Opinião Monção e os minhotos encheram-se de peneiras com a vitória no “7 Maravilhas à Mesa”. O concelho de Deuladeu mobilizou-se à volta deste30 | José E. Moreira Racismo e Humanismo objetivo e conseguiu o desiderato. A autarquia liderou essa união em torno32 | Mª Fátima Cabodeira Leituras Outonais de algo que se pode revelar substantivo para estas terras raianas, se, agora,34 | Adelino Silva Norton Matos_O eterno amor limiano ninguém se deitar “à sombra da bananeira”.38 | José M. Carpinteira A descentralização avança40 | Luís Ceia Linha do Minho Nesse sentido, como avisam já alguns industriais de restauração, teráSecções de se continuar a trabalhar para que se obtenham resultados concretos. Desde logo, não fique cada um na sua “capelinha”, mas, pelo contrário, se68 | Saúde Incontinência Urinária articulem vontades para que haja resultados concretos. Nesse âmbito, o69 | PEGN A importância do Team Work Município de Monção não se pode demitir de continuar envolvido no projeto,70 | Nutrição O que precisa saber sobre o Iodo como ‘articulador’, para que os ‘escolhos’ sejam ultrapassados.72 | Turismo Fawlty Towers à Portuguesa76 | Imobiliário Não só quem casa quer casa Um deles, aflorado nesta edição, tem a ver com o servir o prato do “Cordeiro à Moda de Monção”, brejeiramente designado por “Foda à Monção”, emReportagens qualquer dia da semana. Sabendo-se que não se pode servir como se fosse um bife, pois tem de haver comensais suficientes para justificar a sua14 | Ponte de Lima confeção e a marcação ter a antecedência suficiente para o preparar.Museu do Brinquedo Há, por outro lado, que fazer uma aposta forte na qualidade. Quer no produto em si, quer na maneira como se atende o cliente. Como lembra um nossoEspaço para miúdos e graúdos colaborador, nesta edição, acerca da sua experiência, durante uns dias de férias, com setor do alojamento e restauração. Tem de haver visão e profissionalismo.26 | Caminha A impressão que se deixa no cliente é fundamental, decisiva até. A qualificação e o empenho de quem trabalha no setor, que tem de ser devidamenteVilar de Mouros compensados, é crucial para que não se deite a perder esta vitória da “Foda”.Fotorreportagem. Vilar de Mouros é mítico A par do cordeiro, o Alvarinho é outro elemento potenciador da atratividade da região. Os que a visitam para conhecerem estes manjares, por assim42 | Viana do Castelo dizer, acabam por não se limitarem a isso. Aproveitam para a conhecer e acabam sempre por fazer mais algumas despesas. Veja-se o que acontecerGTSA com o recente “Monção e Melgaço Grandfondo – A Origem do Alvarinho”. A pretexto deste divino néctar, estas terras viram-se invadidas, no2500 atletas no Grande Trail da Serra d'arga bom sentido, por mais de 2 mil ciclistas, mais familiares e amigos. Que, obviamente, regressaram às suas terras deslumbrados com os vinhos, a50 | Alto Minho gastronomia e as paisagens únicas que estas terras raianas proporcionam.António Costa Importa saber recebê-los e proporcionar-lhes o melhor. Assim, de certeza, voltarão a vir e passarão a palavra a outros que também se deslocarão atéComeçou o ano letivo em Melgaço e Paredes de Coura estas terras. Por outro lado, é fundamental saber aproveitar as oportunidades que os ‘media’ podem proporcionar. Há que saber identificar, desde logo, os54 | Arcos de Valdevez públicos a que interessa chegar e não apresentar uma imagem ‘popularucha’ em programas cujos espetadores também não serão os que vêm até estasRota Cister paragens. Existem, felizmente, programas que são de entretenimento e, concomitantemente, têm qualidade. O 7 Maravilhas é um bom exemplo!Arcos integra Rota Cisterciense Haja visão!56 | Minho Manuel S.AIMINHO valemais.pt 379 pessoas e 47 empresasacusadas de \"ganhos elícitos

Inauguração da ponte 25 Março 1886Reportagem #ValençaHistórias do contrabando em Valença TianoaFnadraivaa: \"nCootmrapoiitcohea\"nos, já Texto :: Manuel S. Chama-se Salustiano Costa Faria, mas, em Valença, todos o conhecem por Tiano Faria. Com sete décadas de vida, este aposentado da EDP já andava no contrabando aos oito anos. Uma vida cheia de vida do atual presidente dos Bombeiros Voluntários da localidade (onde entrou, como bombeiro, em 1968) e, durante 40 anos, porta-voz do PS na Assembleia Municipal. Figura prestigiada no meio, sublinha que, em qual- quer coisa que se faça na sua terra, é sempre chamado a colaborar. FILHO DE TRAPICHEIRA “Entrei no contrabando porque a minha mãe era trapicheira. Ia todos os dias ida para Espanha, levava café, ovos, cebolas, tudo o que podia. Transportado por baixo da roupa. Uma das coisas que dava muito dinheiro, na época, era o café. Em vez de 10 quilos, se pudesse passar 12 ou 13…. Então os filhos eram utilizados. Não era um exclusivo meu, nem do meu irmão.” NA ESCOLA COM CHEIRO A SUOR E CAFÉ ERAM SEIS IRMÃOS “Os que se safaram foi o mais velho, o mais novo e outro do meio. Sou o 5º. Isto era por necessidade. Com oito anos, que carga poderia levar!? Mal alimentado, levava o café escondido no corpo. Atava-se uma corda à cinta. Antes de irmos para a escola, eu e meu irmão passávamos a fronteira, entregávamos o café numa casa contatada pela minha mãe. Chegávamos à escola com cheiro a suor e a café. Não devia ser uma mistura muito agradável, porque os colegas reclamavam quando entravamos na sala. Nem sempre eramos pontuais por causa disso.”4 valemais.pt

UMA SITUAÇÃO QUE PODERIA AFETAR (4 escudos), em valores de hoje. Só que a minha mãe dava um prazo de validade de um mês e bastava a unha grande do pé crescer um bocadoO PERCURSO ESCOLAR que já furava o pano. Então, dependurávamos as alpercatas ao pescoço e andávamos por aí. Nessa época era proibido andar descalço em Valença,“O meu correu normalmente. O do meu irmão nem tanto. Primeiro, por- a multa era 7, 5 escudos. O meu irmão acaba por ser apanhado, é autuadoque era mais velho do que eu e, depois, tinha dias em que era capaz de e quando a multa foi entregue em casa por um GNR (vivíamos dentrofazer duas viagens. Sendo ele mais velho, eu consegui acabar a escola da Fortaleza), a minha mãe dizia que não podia ser por termos saídoprimeiro. Como vivíamos numa época em que se podia andar na escola calçados de casa. Ele respondeu: ‘Pode ser, só que os sapatos não estão(primária) até aos 15/16 anos, o meu irmão saiu com 14, porque ele, já no pescoço. Encontramos o seu filho assim e tem que pagar’. O meu paiaos 10 anos trabalhava muito para a casa.” ainda tentou ver se evitava a multa… na época era muito dinheiro.”NUNCA DESISTIU DE ESTUDAR CONTRABANDIDAS E TRAPICHEIRAS: A DIFERENÇA“Primeiro, fiz a chamada 4ª classe. Depois de sair da escola, os meus paisempregaram-me numa loja de eletrodomésticos. Mas só lá estive ano e Viviam com dificuldades, mas há histórias de contrabandistas quemeio porque não gostava daquilo. Ao ponto que, com 14 anos, saí da casa. ganhavam muito dinheiro.Fui trabalhar para Monção (joguei no Desportivo), na Hidroelétrica do Coura,que depois passou para a EDP. Mais tarde sou transferido aqui para Valença “Temos que diferenciar os contrabandistas da trapicheira. Aquele faziae conseguia trabalhar e estudar. Ainda fiz o 2º ano (agora chamam 6º) e fortunas porque trabalhava no rio. De barco, passavam dezenas de sacasaproveitei todas as oportunidades que a empresa me deu, em termos de de café por dia. As trapicheiras não. Eram autorizadas a passar com deter-formação. Cheguei a estar numa escola profissional em Braga, um ano, no minada quantidade. Imagine 3 kg de café, duas dúzias de ovos… e o trans-Porto e em Palmela. Essa formação dava direito a equivalências e cheguei porte delas era o próprio corpo, ou seja, tinham de escondê-lo, porqueao atual 9º ano (no ensino profissional).” passavam sempre mais quantidades do que lhe eram permitidas.REGRESSANDO À SUA INFÂNCIA E À TRAPICHE, As trapicheiras, tanto as espanholas, como as portuguesas, usavam, naquelaCONSIDERA QUE TEVE UMA INFÂNCIA FELIZ época, uma espécie de passaporte, o cartão de raiano. A história da trapi- cheira devia ter nascido… entre a ponte de ferro e as chamadas escadinhas.“Escrevi um livro em que conto o que foi a minha infância. O titulo que lhe Existia ali um depósito de mercadoria, especialmente para o sal. Estamosdei foi Uma Infância Feliz. Houve pessoas, na altura, que me disseram que a falar de 1920 – 1930. O sal, naquela altura, ainda vinha de Setúbal. Sófoi de um arrojo muito grande. Quando leram sobre a minha infância, o mais tarde é que vem de Aveiro. Em barcos de algum porte até Caminha e,que lá constava: andava descalço, mal vestido, comecei a trabalhar muito depois, havia uma empresa de Seixas que se dedicava aa transportes comnovo, brinquedos tinha que se inventar. Eu era realmente feliz porque fazia barcos mais pequenos. Era descarregado precisamente nesse armazémaquilo que eu queria. Brincava da forma como gostava de brincar, andava que ficava junto à ponte metálica e, se consultarmos a palavra trapiche, odescalço pela questão de poupar o calçado. O dinheiro não era muito, dicionário diz-nos que é um armazém junto ao rio. Provavelmente, quemmas havia umas alpercatas que se comprovam em Tui por dois cêntimos trabalhasse nestes, deviam ser conhecidos por trapicheiro.” valemais.pt 5

NOUTRAS TERRAS DA FRONTEIRA, PORÉM, TAMBÉM Às trapicheiras, nem sempre fechavam os olhos.SE FALAM DE TRAPICHEIRAS Mandavam-nas à revistadeira. Esta, se se aper- cebesse, por exemplo, que levava seis quilos de“Vinham pessoas de Cerveira, Monção, Caminha, de Lanhelas para passar café, tirava-lhe um quilo. Só que este já dava umaqui. A trapicheira começou-se a enraizar. Se formos para a raia seca, para a prejuízo tremendo porque, mesmo passando oszona de Trás os Montes, é contrabandista. Houve pessoas, aqui em Valença, outros cinco quilos, já não ia cobrir o que tinhamque fizeram fortuna com o contrabando. Inventava-se muito para a época. retirado”. Reconhece que “havia sempre algumDou-lhe o exemplo de uma loja que ficava a uns 40 metros da linha do por baixo da mão. Nem tudo se fazia por amizadecomboio. Enquanto este era carregado com cargas (legalmente) de Valença ou compaixão, mesmo sabendo o que as mulhe-para Espanha, o maquinista e o ‘fogueiro’ carregavam sacos de café dessa res faziam era apenas para sobreviverem.”loja. Enchiam aquilo tudo de café. Se, por acaso, não fossem bem sucedi-dos, se as autoridades andassem ali em cima, já tinham combinado com o PENICILINA DE PORTUGALdono do estabelecimento, que tinha uma carri- PARA ESPANHAnha, para levar o café para perto do cemitério deValença. Abaixo uns 50 metros passa o comboio, o QUE SE PASSAVA MAIS DE LÁ PARA CÁ?maquinista chegava ali, parava-o e carregava ali amáquina com o café.\" “Em grandes quantidades, era o peixe. Muito mais barato. Só para ter uma ideia, à hora do almoço,Passavam com a mercadoria por debaixo da quando ‘elas’ começavam a vir de Tui para cá, noroupa, mas os guardas da fronteira sabiam disso. antigo mercado na rotunda, no Largo da Esplanada,À custa do trapiche, nunca se passou de ganhar eram capazes de estar 20 carrinhas do Porto, dapara o dia a dia e alimentar os filhos. Póvoa de Varzim, de Viana ou de Esposende. Era tanta quantidade que enchia aquelas carrinhas“Não se pode estar a dizer que as autoridades todas. Também passavam caramelos e pastas denão soubessem. Imagine, no verão, as trapicheiras chocolate. Mas isso ia tudo para fora de Valença,passarem ali cheias de roupa. Esta não tinha outra porque aqui havia a concorrência de termos uma fábrica de chocolate. Mas,finalidade que não fosse tapar… mas nem sempre posso dizer, por dia, passavam-se para cá umas 500 pastas de chocolate.eram bem sucedidas. Da parte de cá, podiampassar o café que entendessem. Já os ovos eram Outro contrabando que se fala pouco é o de perfumes e pó de arrozproibidos de passar, havia falta deles. A Espanha para as senhoras. Havia uma particularidade. As mulheres traziam essessai da guerra civil nos anos 40 e, a nível de Braga, produtos, de fácil transporte pelo pequeno volume. Havia até duas pen-Viana e do Porto, toda a gente andava a comprar sões de casais luso-espanhóis. Aquilo era colocado nestas, vinham pes-ovos para levar para lá. Até pelos barcos passa- soas do Porto que marcavam uma noite para ficar em Valença, comovam, eram pagos a um preço muito alto. Entre as se viessem fazer turismo, muitos até dormiam ou aguentavam até meiaautoridades espanholas e as portuguesas havia noite/uma da manhã, pagavam o quarto, mas carregavam esse tipo deum tratado em que era proibido passá-los. produtos de beleza em que, normalmente, o destino era o Porto. Daqui é que era feita a distribuição. Estamos a falar em doses industriais.”6 valemais.pt

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E DE CÁ PARA LÁ? guardado naquela casa grande (apontei a aduana espanhola). Respon- deu: ‘ao chegar a casa, vou-te dar a casa grande’. Acompanhei a minha“O café como base essencial. Ovos. Produtos da horta. Os próprios gan- mãe e, ao chegar junto ao ‘carabineiro’, a minha mãe, a chorar de formachos do cabelo era levados daqui. O tabaco. Estamos a falar do contra- compulsiva, pediu-lhe para me dar o café. Ele lá condescendeu e dissebando da trapicheira. Tudo servia, inclusive medicamentos. Em 1920, no para o ir buscar. Só que, quando cheguei ao local... eu tinha levado trêsauge da tuberculose, também se fazia contrabando da penicilina. Esta quilos, o corpo não dava para mais, mas havia uma grande quantidadechegou primeiro a Portugal. Quem se dedicou a esse tipo de negócio de café de outras apreensões. Meti tudo que pude dentro da saca defez também fortuna. Com os tempos da aliança luso-britânica, a mais lona, pus aquilo às costas e virei-me para a minha mãe e disse: ‘Já levoantiga do mundo, era através dos ingleses que a penicilina chegava a mais café do que aquele que me foi tirado’. O ‘carabineiro’ virou costas,Portugal. Muita gente morreu, mas também muitos pais salvaram-se e apercebeu-se da minha inocência, ao chegar a casa onde o deixava,aos filhos graças a ela. Curioso é que pouco de fala disto.” junto à pousada de Tui, a senhora que o recebeu notou também que trazia muito. Eram 15 kg. Andei oito dias com as pernas a parecer queOBSERVA abanavam. A minha mãe, todos os dias em que fossemos bem suce- didos, pagava-nos, numa loja que havia junto ao edifício da aduana, um“Uma forma de fintarmos as autoridades, na época do Natal, com o pão muito grande, chamavam-lhe chusco, metiam dentro uma posta detorrão de Espanha, as uvas passas, as coisas próprias da época, era bacalhau, e uma gasosa. Nesse dia, tive direito a duas sandes e a duasdespachá-las pelo correio, como se fosse um par de sapatos. Mas nem gasosas. Mas, depois de ter sido apanhado, a minha mãe nunca maissempre corria bem. Muitas vezes, as autoridades chegavam lá para ver, me mandou. Aos 9 anos, fui retirado por incompetente.”na hora da saída do correio, e abriam… quando se apercebiam que osnomes eram disfarçados …. Era um trabalho feito pelas trapicheiras e OUTRA HISTÓRIA CURIOSAtrapicheiros. Destes, em Valença, que eu conhecesse, havia cinco. Mulhe-res, essas, eram para aí uma centena.” “Cumpri o serviço militar em Moçambique e só comecei a conhecer os colegas depois de estarmos lá. A determinada altura, todos que-RETIRADO POR INCOMPETÊNCIA riam saber o que cada um de nós fazia na vida civil. Metia-lhes muita confusão eu ser enfermeiro militar e nunca ter sido enfermeiro civil. OHOUVE SITUAÇÕES EM QUE O NOSSO ENTREVISTADO pai de um tinha um escritório, o de outro uma empresa, tudo gente rica.FOI O PROTAGONISTA Eu fugia sempre porque tinha vergonha que me perguntassem o que era a minha vida e a dos meus pais. Mais pelo facto da minha mãe ser“Eu era um inocente. Levava aquilo sem saber o que ia a fazer. O meu trapicheira. Até que um dia, um pergunta-me diretamente o que fazia nairmão era muito mais habilidoso. Tinha jeito. Passávamos em frente vida civil. Respondo, de imediato, que ajudava na empresa de transpor-à aduana (alfândega), não tínhamos cartão de raiano, nada, íamos tes internacionais da minha mãe. Na época, 1970, pouco se falava desozinhos, levávamos uma bola de trapos, íamos a brincar com ela e a transportes internacionais. ‘O que é isso’? ‘É levar material de Portugalpensar que estávamos a enganar as autoridades espanholas. Só que, para Espanha e depois de Espanha para Portugal’. ‘Então porque nãoem determinada altura, um ‘carabineiro’ chama por nós. O meu irmão, passaste de cabo’? ‘Não dei as minhas habilitações, queria ver se evitavaraciocino rápido, foge. Eu não fugi, fui ter com ele. Tinha oito anos, ele vir para cá’. Ao fim de 10 minutos, para os da minha companhia, eu eradeitou-me a mão ao peito e às costas. Apercebeu-se logo que eu levava o mais rico e podia ter outro posto na tropa. Só que, com o decorrer docafé. Chamou a revistadeira. Esta levou-me para uma sala, como tempo, as coisas começaram a cair. O escriturário era pedreiro e assimconhecia a minha mãe e esta lhe dava umas certas recompensas, só por diante. Até que tive de lhe contar a minha história, meia verdade eme tirou o café que eu levava na zona do peito. Ao sair, o ‘carabineiro’ meia mentira: transportes internacionais porque a minha mãe levava,virou-se para mim e disse: ‘ Estás a ver como vais mais magro’. Res- no corpo, café, ovos, etc., para o lado espanhol; para cá, tinha de vir no-pondi-lhe: ‘Vou mais magro na barriga, mas vou mais gordo nos braços vamente carregado com peixe, chocolate, tudo que faltava em Portugalporque levo aqui o material’. Então volta a chamar a revistadeira para (por exemplo, a Coca Cola era proibida).”lhe dizer que o café dos braços também era para tirar. Depois faço aviagem de regresso a Portugal para ir à escola. Encontro a minha mãea meio da ponte. Quando me viu, estranhou. Disse-lhe que deixei o café8 valemais.pt

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Reportagem #MonçãoMONÇÃO É UMA DAS A Mesa do Cordeiro de Monção foi eleita uma das “7 Maravilhas de Portugal à Mesa” em conjunto com as mesas de Lages do Pico, Vila Real, Terras de Chanfana, Albufeira, Bairrada ao Mondego e Mirandela.Texto :: Manuel S. Em Monção, a mobilização, promovida pela Câmara Municipal, foi em grande. Como acertada se revelou a escolha do famoso e prestigiadoMonção ainda está a acordar do sonho! O prato com que se apresentou chef Evaristo Cardoso, estabelecido em Lisboa há muitas décadas eno concurso televisivo “7 Maravilhas à Mesa” consagrou-se, no último onde tem um dos restaurantes mais conceituados, frequentado pormês de setembro, como uma das sete mesas vencedoras do popular famosos do desporto, das artes e da vida política.concurso da RTP. E tudo começou, quase um ano antes, com perto deduas centenas de candidaturas. Foram muitas as chamadas telefónicas coletivas, de monçanenses e amigos de Monção, para o número 760 10 70 47 (que têm um custoAs “7 Maravilhas à Mesa” foram a sétima edição das “7 Maravilhas definido e terminam sempre com uma mensagem de agradecimentoem Portugal”, um projeto que juntou gastronomia, vinhos e azeites, e pela participação), com a autarquia local a ter um papel determinanteroteiros, num conceito integrado de “mesa” que não existia. O projeto na liderança e êxito da iniciativa.arrancou em novembro de 2017, com a fase de candidaturas. Foramselecionadas 49 pré-finalistas por um painel de 77 especialistas de Foram amigos a indicarem, cada um, outros três para efetuarem idên-várias regiões do país. ticas chamadas a iniciativas de animação que passaram, até, pela des- locação do presidente da Câmara aos estabelecimentos comerciais daA votação pública começou a 20 de julho e as finalistas foram apuradas urbe e às aldeias do concelho. Nestas, os populares realizavam telefone-em sete galas eliminatórias. Em cada gala uma destas foram apuradas mas na companhia do autarca. No dia do concurso, além da comitivaduas finalistas, num total de 14, que foram votadas numa segunda fase que se deslocou àquela cidade algarvia, na principal praça da vila dede votação, entre 9 e 16 de setembro, altura da gala final, na Praia de Deuladeu, houve animação, com ecrãs gigantes e muitos telefonemas.Albufeira, no Algarve. ESPETÁCULO DE QUALIDADEAlém de Monção, a primeira a ser anunciada, foram, pois, eleitas maisseis mesas: Albufeira, Bairrada ao Mondego, Lajes do Pico, Mirandela, O evento de consagração das 7 Maravilhas, em Albufeira, revelou-seTerras da Chanfana e Vila Real. Antes da entrega de prémios, o presi- um espetáculo de entretenimento, mas de excelente qualidade,dente das “7 Maravilhas à Mesa”, Luis Segadães, apresentado por Catarina Furtado e José Carlos Malato.anunciou que a próxima edição, em 2019, será Salvador Sobral foi o artista convidado. “Amar pelosdedicada à doçaria. Dois” e “Mano a Mano” foram os dois temas interpretados pelo vencedor do FestivalMONÇÃO TODA da Canção, em 2017. Em palco, comoMOBILIZADA em todas as outras galas deste ano, esteve Daniel Pereira Cristo e a suaA Mesa de Monção, além do Cordei- banda, com uma “Rapsódia à Mesa”.ro à Moda de Monção (gastronomia), O espetáculo contou ainda com trêscontemplava a Aguardente Velha Pa- momentos de dança e um momentolácio da Brejoeira e Alvarinho Palácio piromusical, a encerrar.da Brejoeira Colheita 2016 (vinhos eazeites), Palácio da Brejoeira, Museu doAlvarinho, Adega do Palácio da Brejoeirae Feira do Alvarinho (roteiros).10 valemais.pt

AUTARCA AGRADECE A RESTAURAÇÃO“Agradeço a todos que contribuíram para este sucesso da Mesa de Américo Felgueiras, do Restaurante Cabral, é uma dos profissionaisMonção. Quando os monçanenses estão unidos, todos os desafios da restauração com quem falamos. Lembra, a propósito, que prepararsão possíveis de concretização. Um momento histórico para o nos- o cabrito não é o mesmo que um bife. Na sua perspetiva, ao fim deso concelho com benefícios nos mais variados setores. Este selo de semana não haverá problemas, dada a previsível muito maior procura.qualidade abre-nos uma porta que, todos juntos, queremos aproveitar Já durante a semana, entende que deve ser articulada uma solução quepara a promoção do nosso território, aliando as vertentes gastronómica, poderá passar por, alternadamente, existirem um ou dois restaurantesturística, patrimonial e festiva” – referiu, a propósito deste feito, o edil locais disponíveis para o serviram nestes dias de menor afluência.monçanense António Barbosa. De resto, esta “já se sente”, garante-nos, e, como alternativa aoJÁ SE SENTE Cordeiro à Moda de Monção, tem servido o Cabrito Assado na Brasa, que pode ser preparado com menos antecedência e tem agradado àA restauração monçanense mostra-se otimista com esta proeza do prato clientela deste restaurante.do Cordeiro à Moda de Monção no concurso das 7 Maravilhas. Os primei-ros reflexos disso já se começam a sentir, mas nota-se a necessidade de Guilherme Tavares, do Restaurante Sete À Sete, sublinha também queuma reunião entre os restaurantes e a Câmara Municipal, no sentido de se já se sente um maior movimento na procura deste prato e que esteencontrar uma melhor forma de corresponder às expetativas. vai crescer. Um dos exemplos ocorreu com participantes no Monção e Melgaço Granfondo by Trek, no penúltimo fim de semana de setembro,A questão – referem-nos – não se colocará tanto para o sábado e que encheram o seu estabelecimento para degustarem a iguaria.domingo, mas sobretudo durante a semana, em que se espera menosclientela que, todavia, não pode ser defraudada nas suas expetativas. Todavia, atento, comunga da opinião de que, com a colaboração daSob pena de se deitar fora a “galinha dos ovos de ouro”! autarquia, deve ser encontrada uma solução que permita à restaura- ção local disponibilizar o prato durante toda a semana e os clientesA questão prende-se com o facto do prato ter de ser preparado com cerca sentirem-se sempre satisfeitos. Alerta, também, para a complexidadede 24 horas de antecedência e de um cordeiro médio poder dar para servir do prato. Dependendo do apetite dos comensais, um cordeiro médio,mais de uma dúzia de pessoas. Dito de outro modo, as pessoas têm de com uns 10 kg, poderá dar até umas 15 pessoas. Poderá, no entanto, serestar informadas que têm de marcar com antecedência durante a semana servido metade do cordeiro, nunca menos. Com a certeza de que haveráe que cozinhar, apenas, para umas três ou quatro pessoas não se justificará. clientes para o mesmo. Caso contrário, registar-se-á prejuízo. valemais.pt 11

O responsável desta unidade de restauração observa, também, a A complexidade e morosidade do prato é algo que tem de merecer prio- Cnecessidade do prato ser servido no dia em que fica confecionado e, ridade em todo o processo. Quando estava a falar com a VALE MAIS, Mem nenhuma ocasião, ser deixado para o dia seguinte. A questão da deu conta de um cordeiro, para ser servido num almoço de sábado, que Yqualidade é decisiva para a sua afirmação e consolidação, de modo a começou a ser preparado numa quinta-feira, ao início da noite. CMatrair, cada vez mais, visitantes a Monção. MY Maria Dias sublinha, também, a necessidade de se encontrar um modo do CYMaria Dias, do Restaurante Dona Maria, refere também que o au- cordeiro estar disponível para ser servido nos dias de menor afluência e CMYmento de clientes a perguntarem pelo Cordeiro à Moda de Monção da importância da informação dos clientes. Por isso, advoga também uma Kestá a crescer e confia de que ainda vai aumentar muito mais. Desde reunião entre os restaurantes, coordenada pela Câmara Municipal, no sen-já, passou a constar das ementas de sábado e domingo, quando, tido de se procura um modo desta questão ser ultrapassada.anteriormente, era apenas ao domingo. Um restaurante também com pergaminhos em Monção é o Central. Ali, Ma-De resto, na sequência do concurso televisivo, já recebeu telefonemas, ria Júlia é a chef e, neste momento, a aposta no Cordeiro à Moda de Monçãoaté do Alentejo, a perguntarem se podiam vir saborear o petisco. E, com não será a aposta principal, dado o mesmo estar em processo de trespasse.certeza, que, ao virem a Monção, não se ficarão apenas por isso e apro-veitarão para outros consumos. Dá conta, porém, com o êxito do prato de Monção nas 7 Maravilhas e revela mesmo que fez questão de participar na votação. No entanto,São, pois, centenas de clientes esperados no Dona Maria. A sua responsá- para já, com bastante êxito, assegura, no seu restaurante servem-sevel mostra-se particularmente preocupada com a qualidade e satisfação “Mãozinhas de Borrego”.dos mesmos, confiante de que, só deste modo, o negócio poderá crescer.12 valemais.pt

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Reportagem #Ponte de Lima Mais de 100 mil visitantes em quatro anos Museu do brinquedo de Ponte de Lima ESPAÇO PARA MIÚDOS E GRAÚDOSINAUGURADO A 8 DE JUNHO DE 2012, O MUSEU DO BRINQUEDO É JÁ UM DOS PONTOS OBRIGATÓRIOS DE VISITA EM PONTE DE LIMA.AO LONGO DE QUATRO ANOS, FORAM MAIS DE100 MIL OS VISITANTES, MIÚDOS E GRAÚDOS, QUE PASSARAM POR ESTE ESPAÇO QUE JÁ SE TORNOU ICÓNICO E COM LUGAR PARA BOAS NOSTALGIAS.14 valemais.pt

Texto :: Manuel S. Situado na Casa do Arnado, em Além da Ponte, na margem direita do rio Lima, junto à ponte romana da vila de António Feijó, em mos-Em concreto, foi-nos mesmo apontado que, até agora, o número tra permanente, estão brinquedos produzido em Portugal, desde osde visitantes anda pelas 112.500 pessoas: 25% de espanhóis, 25% finais do séc. XIX até 1986.de outros países estrangeiros (sendo predominante o Brasil) e osrestantes 50% portugueses. “O Museu integra mais de 3 mil peças na sua exposição per- manente, todas elas diferentes, além de, aproximadamente, 2O espaço, disponibilizado pela autarquia, foi objeto de um protocolo mil peças oriundas de doações” – observam, à VALE MAIS, osestabelecido com o Município de Ponte de Lima, a Associação Conce- responsáveis pelo mesmo.lhia das Feiras Novas e o colecionador Carlos Anjos. Este cedeu a suacoleção de brinquedos para ali serem expostos (mostra permanente). valemais.pt 15

A sua gestão cabe à Associação Concelhia das Feiras Novas, em MAIS DE 5 MIL PEÇAS A RETRATARparceria com o Município de Ponte de Lima. A sua diretora é Ana HISTÓRIA DO BRINQUEDOCarneiro, sob a subordinação da vereadora Ana Machado Na conversa que registaram connosco, foi-nos destacado que seUMA EXPERIÊNCIA EMOCIONAL trata do primeiro Museu em Portugal, e único deste género no país, a integrar milhares de peças que retratam a história do brinquedo fa-No rés do chão do museu ‘está’ a história de muitos dos fabricantes bricado no nosso país durante 100 anos, e mostra como se brincavaportugueses de brinquedos. Inclusive, pode-se comparar o brinque- em Portugal, antes da era tecnológica.do português ao estrangeiro na questão do fabrico. Imitavam-semoldes. Também está disponível uma resenha de perto de duas Assume-se, assim, como um “organismo recetor, guardião e trans-centenas de fabricantes nacionais. missor de um património vasto e valioso e também como um espa- ço cultural que fomenta e incentiva a aprendizagem e a brincadeira”.Assim, no primeira andar, os brinquedos estão dispostos por ordem cro-nológica (por décadas). Deste modo, os visitantes têm um perceção das Enquadradas no seu plano de trabalho estão motivações educativastécnicas de fabrico usadas ao longo dos tempos, das matérias primas e (através de ações no âmbito do serviço educativo não formal), museo-da localização das unidades industriais onde eram fabricados. lógicas (realizadas através de um plano estruturado de conservação e salvaguarda, e de inventários), científicas (promoção de investigações,Ali se nos depara uma excelente oportunidade para visitarmos e nos en- de pesquisa, de estudos na área da arqueologia industrial e de ediçãocantarmos com os guizos de folha de flandres, jogos de tabuleiro, os cava-leiros, os canhões em folha, os baldinhos de praia em madeira, as bonecas de publicações, que pretendem ver reforçada com o estabelecimentode pasta de papel, os triciclos, carros a pedais, as camionetas, barcos e de parcerias entre instituições, tais como universidades e museus dacomboios. Em destaque, ainda, os brinquedos em plástico, considerada, mesma área de atuação), turísticas e lúdicas.por muitos, a altura em que o brinquedo nacional atingiu o seu auge. Paralelamente o Museu do Brinquedo Português promove visitasO museu dispõe ainda a Sala de Brincadeiras, Oficina do Brinquedo e sala guiadas dirigidas aos vários públicos-alvo – turistas, idosos, gruposde exposições temporárias. A terminar a visita, há uma loja para, quem o profissionais, associações culturais e recreativas -, e destaca-se pelodesejar, poder levar para casa brinquedos que podem ser ‘únicos’. desenvolvimento de uma programação dirigida ao segmento infantil. Esta é constituída, não apenas por simples visitas, mas também por“Visitar o Museu do Brinquedo Português é uma experiência emocio- visitas guiadas com atividades (com construção de um brinquedo),nal”, observava-nos um dos visitantes que, com os filhos, acabava de a festas de aniversário e atividades em família.efetuar. Uma experiência que pode acontecer em qualquer dia da se-mana (exceto à segunda-feira) entre as 10 e as 12h30 e as 14h e 18h. Há, ainda, atividades a desenvolver em parceria com os agrupamen-Encerra a 1 de janeiro; domingo de Páscoa; 1 de maio; dia de Natal, tos de escolas e a dinamizar nos estabelecimentos de ensino. Podesegunda-feira das Feiras Novas e no dia seguinte (Feriado Municipal). compreender mostras temáticas com peças representativas do espólio do museu, ateliês, jogos e brincadeiras.Através de projetos diversificados, as entidades parceiras do museu“pretendem inovar e investir neste espaço museológico, através deprojetos diversificados.”16 valemais.pt

1 BRINQUEDOS PARA MENINOS E MENINAS 2 SOLDADINHOS E ARMAMENTO MILITAR A educação das crianças mantinha-se O contexto histórico influencioucom a diferenciação do género e os brin- o fabrico de objetos militares dequedos eram fabricados propositadamente diferentes materiais, desde sol-para ambos os sexos. Aos meninos eram dados de recortar, ao chumbo, àatribuídos brinquedos aobre as artes dos folha, ao barro; da pasta ao plásti-ofícios, da guerra e do lazer. Às meninas co, espingardas de madeira às pis-eram dedicados brinquedos relacionados tolas de plástico, principalmente para os meninos que, desde cedo, com o recato da casa, a arte das ativida- aprendiam a arte da guerra. des domésticas e maternais. 3 BRINQUEDOS DE PLÁSTICO 4 JOGOS O plástico carateriza e domina Os jogos encontram-sea época áurea do brinquedo representados através deportuguês, matéria-prima piões, cordas, bolas, jogos deutilizada em todo o género de tabuleiros, dados e em outrosbrinquedo, principalmente nos construções. anos 50 e 60. valemais.pt 17

Reportagem #Vila Nova de Cerveira Nunca tive como objetivo final ser presidente de Câmara Entrevista ‘pessoal’ com Fernando Nogueira Desde janeiro de 1994 que é autarca no município de Vila Nova de Cerveira, a sua terra natal – nasceu na freguesia de Cornes. Exerce asfunções de vice-presidente da câmara desde 1998 e presidente desde 2013. Com duas irmãs mais novas, Fernando Nogueira, 66 anos de idade, tem quatro filhos e já cinco netos. É engenheiro eletromecânico formada na Universidade do Porto e o seu percurso profissional passou por duas décadas nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).18 valemais.pt

Texto :: Manuel S. Na adolescência, também passou pela idade dita da ‘parvalheira’? “Não tive muito tempo para ela. Tinha um grupo de 4/5 amigos. A certaSou natural, criado e vivido aqui, exceto nos períodos em que fui altura, tive direito a ter uma pequena mota que me dava alguma liberda- estudante nos ensinos secundários e superior, bem como durante de, mas também para trabalhar. Nos meus tempos livres, sempre o fiz. Se o serviço militar. Mas a residência oficial foi sempre em Cerveira”, queria ter uns trocos, para uma pequena extravagância, tinha que traba-diz-nos, sorridente sublinhando que esta “sempre foi a minha casa”. lhar. Aos 14/15 anos, passei a trabalhar como ajudante de eletricista, quer em V. N. Cerveira, quer nos concelhos vizinhos. Nos tempos de férias e, àsRessalva, porém: “Acho que é importante ser natural de V.N. Cerveira para vezes, ao fim de tarde. Cheguei a ser ajudante de eletricista na Câmaraser cerveirense, mas todos aqueles que a adotam e a passam a considerar Municipal, no tempo em que a distribuição de energia elétrica era feita pora sua terra, para nós, são cerveirenses. Há muita gente que não tendo nasci- esta. Lembro-me também de ter ido trabalhar para algumas freguesias dedo aqui, tem toda a legitimidade de se considerarem cerveirenses como eu. Paredes de Coura, Valença, por aí assim. Não me queixo.”Não queremos excluir ninguém desta família cerveirense. Há quem estejacá há muitos anos e, para eles, com toda a legitimidade, é a terra deles.” AVÓS COM REGRAS ‘À TROPA’Falando das recordações mais longínquas que guarda de Cerveira. Havia tempo para namorar? “Arranjava-se tempo para uns namoricos. Mas não havia para“Era uma pequena vila, com pouco comércio. Não tinha indústria. Um muitas mais coisas. Para um bailarico à noite, ao fim de semana, osconcelho pequeno, rural, de muita emigração, sobretudo nos anos 60, tempos eram muito controlados, os avós tratavam disso. Tìnhampara França, em grande escala, e, depois, para os países limites desta, regras. Diria de serviço militar. Tínhamos hora de entrada e acomo Alemanha e Suíça.” dispensa era só até determinada hora. Se a esta não estivéssemos, depois, se quiséssemos sair, já não era fácil.”VER OS PAIS TRÊS VEZES EM 16 ANOS Com que idade teve a primeira namorada? “Sei lá… provavelmente uns 17 anos. Colega de escola.”“Outros continuaram a emigrar para os Estados Unidos e o Canadá E já era um líder, como agora?(como sucedeu com os meus pais). Por via disso, tive uma infância um “Sempre fui discreto, não gosto de me expor demasiado. Apesar de sópouco difícil. Desde os meus quatro/cinco anos até aos 21. Nesse perío- poder ser líder porque as coisas correram bem. Era bom aluno. Nãodo, eu (e minhas irmãs) só estive com os meus pais três vezes. Vieram precisava de demasiado empenho. E só por aí. Por essa saliência, é quecá com intervalos de 7 a 8 anos. poderia eventualmente ter algum destaque. Não era demasiado traquina, algo comedido. Não me recordo de nenhum problema com professores.Como era então a sua relação com eles? Nesse aspeto, não fui um revolucionário. As lideranças, às vezes, são nas escolas. No meu tempo, eram mais por essa via. Eu procurava sempre ter“Por carta. Quase que nem os conhecia.” uma posição mais pacífica, mais moderada.”E quando estavam cá? valemais.pt 19“Quando vieram cá, cerca de um mês em cada vez, dava paratratarem dos afazeres normais deles, como qualquer emigrante, etambém estar um bocadinho… nesses tempos era quase como estarcom um estranho” - desabafa.Como foi a sua infância?“A de um miúdo de aldeia, de família, com avósmaternos muito ligados à agricultura e paternos aocomércio. No estabelecimento deles comprava-se evendia-se de tudo. Desde o sal, ao adubo, ao ferro, aomilho, à farinha, etc. Trabalhava-se muito. Tinham umpequeno supermercado na aldeia e eu adorava essafunção. Com 10 ou 11 anos, gostava muito. Andava naescola que terminava às 15h. Antes de ir, ia-se colhererva ou regar. Depois de vir da escola e até de noite,continuava-se a trabalhar nessas tarefas, quer deajuda para os avós, nessa tal mercearia, quer mesmoem trabalho de esforço mais físico.”Mas também brincava com os seus colegasde escola.“Havia tempo para a brincadeira. Andava na escolaprimaria e tinha que fazer uns 3 km a pé. Vinha-sealmoçar a casa e voltava-se à escola. No inverno, nãousávamos guarda-chuva. Lembra-me de usar os sacosde sisal em que se fazia uma carapuça. Eram os nossosabrigos. Nunca fomos uma família de passar necessida-des alimentares ou de roupa, mas tinha de se trabalharmuito para que as coisas corressem bem. Desde osmais pequenos… hoje talvez fosse considerado trabalhoinfantil. Na altura era absolutamente normal.”

Como entrou, então, na politica? sei pela proximidade e pelos meus concidadãos. Neste momento, a minha obrigação é muito maior nesse sentido. É um trabalho a pensar“Foi despertada com o 25 de abril. Antes dessa data, apesar de já ser naquilo que eu acho ser fundamental para o presente e para algumasespigadote, interessava-me, mas nunca me quis embrenhar nessa ativi- coisas que temos de estruturar para o futuro.”dade. Esse espírito mais político cresceu e desenvolveu-se mais quandofui, ainda jovem, para os Estaleiros de Viana do Castelo (ENVC). Foram “Quando nos propomos a uma eleição, toda a gente gosta de o fazeruma grande escola política para muita gente. Não fugi à regra.” para ganhar. Se não acontecer ou não tivesse acontecido, também não havia mal nenhum ao mundo. Nunca tive o objetivo objetivo final serEm miúdo, que sonhava ser quando fosse grande? presidente de Câmara. Tenho orgulho e honra em o ser. Mas também me sentiria realizado com a minha atividade profissional.”“Sempre fui comedido, gosto de estar tranquilo. Sempre que posso, fujoàs situações em que pode haver stress. Sou de consensos, privilegio Neste aspeto, a sua primeira experiência profissional foi nosempre essa via. Desde miúdo quis ter alguma formação e os meus pais ensino.gostaram de contribuir para isso. Eram tempos mais difíceis, mas maisfáceis para quem tinha alguma formação de base.” “Foi na escola secundária de V. N. Cerveira. Pouco tempo, não chegou a um ano. Daqui fui para os ENVC. Lá trabalhei 20 anos, na área daNUNCA PENSOU SER POLÍTICO engenharia. Era uma grande empresa na região do Ato Miho, penso, a maior. Tinha, nesse tempo, 2 100 funcionários. Também era umaE já pensava na política? grande empresa em termos de formação. Na questão política, havia uma grande atividade. Fundamentalmente de esquerda. Os meus pais,“Gostava de andar nas organizações, discutir os assuntos, mas nunca me emigrantes, regressaram quando eu estava no serviço militar. Em 1973,passou pela cabeça vir a ser um político ativo. Aliás, costumo dizer que sou se não me engano. Para o bem e oara o mail, com a sua formação, eramum prestador de serviços públicos, estou numa função pública em que sou pessoas mais ligadas à direita. O meu pai teve uma atividade politicapresidente de Câmara que também se considera uma atividade politica.” ligada ao PSD. Foi da hierarquia concelhia do partido e presidente de Junta (até falecer). Eu, de certa forma, na aldeia, era a ‘ovelha negra’. NãoToma decisões politicas e não meramente técnicas! alinhava na mesma política da família. Era do contra. Na altura, diziam, era comunista. Mas nunca me senti comunista.”“Estou numa função pública, sempre com o sentido de serviço públicoe não político. Não trabalho em função de calendários políticos, emfunção de que vai haver ou não um ato eleitoral. Para mim, tenhode trabalhar em função dos nossos munícipes. Sempre me interes-20 valemais.pt

FECHO DOS ENVC FÉRIAS NO BRASIL E CAVACO SILVAQuando saiu, os ENVC estavam no seu apogeu. Como vê o Mas, nas viagens que já conseguiu fazer, tem algo de engra-seu fecho e a solução que foi encontrada? çado ou curioso que possa agora contar?“Houve ali uma série de fatores e, na minha opinião, o empurrão final “Num pequeno período de férias de praia no Brasil, fomos para um local quefoi aquele malfadado incidente no navio Atlântida para os Açores. entendíamos que era isolado de pessoas conhecidas, um eco resort a cerca deAinda hoje não encontro explicação para aquele desastre. Sabendo que 70 km de S. Salvador da Baía. Era numa aldeia com uma praia privada. Quando,havia muita infuência politica, estávamos num governo PS (Sócrates), à noite, chegamos lá, ouvimos falar português (de Portugal). Achamos estranhoo regional dos Açores também era da mesma cor política, os ENVC já num local daqueles. No dia seguinte, ao pequeno almoço, qual foi a nosso estra-não estavam bem, mas foi, como se costuma dizer, o empurrão final, a nheza quando vimos a família Cavaco Silva (ele, a esposa e outros familiares).gota que fez transbordar o copo. O incidente foi por uma opção técnica Estavam como cidadãos incógnitos. E assim continuaram. Foi no período queprovavelmente remediável, embora não ultrapassável porque o navio já mediou entre ele ser primeiro-ministro e Presidente da República. Na época doestava construído. Podia ter sido gerado um consenso.” tabu. Respeitamo-nos mutuamente. Ninguém fez a ‘denuncia’.”Mas… e a solução? Mas conversaram com eles?“Provavelmente foi a possível. Internamente, os ENVC não se terão “Sim. Estivemos cinco dias no mesmo local, eramos os únicos portugueses,conseguido adaptar… mas estão uma situação geoestratégica por onde conversou-se naturalmente. O professor passava o dia na suas leituras, mas apassam centenas de navios que precisam de reparação.” família era uma famiia normal no aspeto comunicativo. Como outra qualquer”Está a caminho dos 25 anos como autarca. Como tem conci- O melhor do mundo são as crianças?liado a sua vida particular com a atividade politica? “O melhor do mundo, claramente, são as crianças. São elas que nos vão dar“Só não digo que é difícil, porque não tenho o direito de o dizer. Quando continuidade, a garantia do futuro. São elas que nos fazem rir, que nos fazemnão nos sentirmos bem, a porta está sempre aberta para sair. Mas não esquecer as agruras da vida, são descomplexadas e dizem-nos algumasé fácil essa conciliação. Durante muitos anos, quase que não vi os meus coisas que nem todas as pessoas nos dizem. A inocência das crianças é algofilhos crescerem. Já eram espigadotes quando entrei para esta vida poli- maravilhoso. O amor espontâneo, não interesseiro, que nos dão. É o melhor quetica, mas depois não os acompanhei como devia. Essa responsabilidade se pode ter na vida, especialmente quando se caminha para uma idade menoscaiu mais na minha mulher, mãe dos meus filhos. jovem.”Durante muitos anos não soube o que eram fins de semana livres, hou- UM POUCO CASEIROve anos em que nem férias tive. Hoje, as coisas estão mais organizadas,os nossos vereadores também representam e ajudam nestas tarefas. Um livro de e para sempre?Provavelmente, também conseguimos conciliar melhor. Temos agoranecessidade de dar mais atenção não aos filhos, mas aos netos. Quero “Os livros que mais me marcaram foram na infância e juventude. Liaver se consigo mais algum tempo para usufruir deles, naquela parte que muito os clássicos portugueses. Todos me seduziram e marcaram.não tive com os filhos, aquele envolvimento maior, de proximidade.” Quando andava no secundário, em Viana do Castelo, estava na casa de uma família que tinha uma biblioteca fabulosa. Isso marcou-me. NaNão obstante, que costuma fazer nos tempos livres minha aldeia, havia a biblioteca itinerante da Gulbenkian, esperava queque possa dispor? ela passasse para eu buscar os livros. Também gostava, como os outros miúdos, de jogar futebol, mas, de certa forma, era um pouco caseiro.”“Vou lendo os meus dossiês. Quando era mais novo e em estudante, eraum devorador de livros. Quando começava a ler, quase não parava. Nos Qual é o seu ponto fraco?últimos anos, se calhar, assumi que eu próprio não tinha tempo para asleituras. Mas ainda gosto de ler um livrito. Se for um em contexto histórico, “Sou sensível quando as pessoas me põem alguns problemas que,entusiasma-me ainda mais. Gosto de dar um passeiozionho. De conhecer entendo, são reais. Fico, de certa forma, fragilizado e sensível a algumasoutras paragens diferentes das nossas. Não é que vá ver coisas mais bo- destas situações. A parte humana das pessoas é muito importante e énitas que em V. N. Cerveira e no Minho. Só que há alguma indisponibilida- aquilo que a nós, até pela proximidade, nos toca mais. Mas nem todas asde temporal e também financeira. Não nasci no seio de uma família rica, situações, aparentemente dessa fragilidade, são 100% reais. E há quemvivemos do meu salário e do da minha mulher (atualmente aposentada)”. saiba jogar com os sentimentos dos outros.” Quando foi a última vez que fez alguma coisa pela última vez? “A única coisa que fiz pela última vez foi nascer.” // valemais.pt 21

Reportagem #Arcos de Valdevez Arcos de Valdevez acolheu a IV Edição das OLYMPICS 4 ALLArcos de Valdevez acolheu a 4.ª edição das Olimpíadas Séniores distritais, as quais contaram com a participação de cerca de 200 séniores, em representação de todos osconcelhos do distrito.Integradas no projeto Olympics 4 All, estas Olimpíadas têm comoobjetivo estimular a mobilidade, o exercício físico e as capacidadescognitivas que, aliadas ao convívio e ao lazer, tornam a competiçãoo aspeto menos importante desta iniciativa.As equipas tiveram oportunidade de praticar várias modalidades,desde jogos tradicionais a basquetebol, voleibol, natação eatletismo, sempre com boa disposição e companheirismo.22 valemais.pt

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Reportagem #Paredes de CouraParedes de Coura Vegetariana CARNE ARTIFICIAL É A ALIMENTAÇÃO DO FUTURO Texto :: Manuel S. Brianna Cameron alertou mesmo que é necessário encontrar uma alter- nativa à tradicional produção de carne, insustentável até pelo aumento daDurante o congresso internacional “Paredes de Coura Vegetariana”, população mundial. A conferencista norte-americana – que trabalha com que recentemente decorreu na vila e sede de concelho mais alta do empresas recém-criadas de carne de cultura e de carne 'vegetariana' - Alto Minho, a apresentação, pelo investigador holandês Mark Post, de falou das capacidades proteicas da carne artificial, das evoluções no setor carne cultivada como transição para uma alimentação vegetariana motivou (designadamente com o leite e produtos como o tofu) e das opções entre particular atenção por parte das cerca das três centenas de congressistas. carne limpa a partir das recolhas de tecido animal e das plantas (aqui também já se trabalha para o 'marisco' produzido a partir destas). Mark Post, pioneiro mundial a apresentar uma prova de conceito de carne artificial ou carne de laboratório, descreveu o exemplo do cultivo Na sua opinião, será sempre o consumidor a decidir, sublinhando a de células num tanque com capacidade para 25 mil litros de água. Isso, evolução que se está a conseguir, a nível do replicar o gosto e a textura, afiançou, permitirá cultivar carne para 25 mil pessoas. nestes alimentos artificiais, fundamental para o atrair. Uma poupança de energia e água assinalável, sem antibióticos e soro (este Portugal é considerado um mercado pequeno a nível do setor vegetariano, substituído por um produto artificial), e carne mais limpa e saudável – assinalou. mas em que há muita procura. Calcula-se que existam perto de 120 mil vege- Algo que dispensará a criação, para abate, em grandes quintas de pecuária. tarianos no nosso país (1, 2 por cento da população). Nos últimos 10 anos, o crescimento do mercado vegetariano terá crescido mais de 400 por cento. Outra possibilidade passa por carne baseada em plantas. Tudo isto para defender um regime alimentar que, entende, facilita o percurso para OFICINA PARA BIO-NEGÓCIOS uma alimentação mais saudável. Uma Oficina de Negócios para apoiar projetos sustentáveis, inovadores, Um dos argumentos é, ainda, o de que a carne artificial tem ácidos gor- biológicos e vegetarianos, vai ser criada em Paredes de Coura e deverá dos insaturados, favoráveis, até, na ajuda à redução do colesterol. começar a funcionar no início de dezembro. Mark Post calcula que cada um dos seus hambúrgueres custe, daqui, O anúncio da mesma foi efetuado pelo presidente da Câmara Municipal a três anos, uns 10 dólares. E lembra que, há três anos, o seu projeto de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira, durante a abertura do congres- de carne artificial era caso único e, há dois, começaram a surgir outros. so internacional “Paredes de Coura Vegetariana”. O balcão funcionará Mais recentemente, esteve num congresso em S. Francisco (EUA) e nos Paços do Concelho e visa agilizar e ajudar os investidores num já lá existiam 25 empresas a quererem cultivá-la. De tal forma que já caminho que, referiu-nos, é longo e burocrático. perspetiva o futuro churrasco familiar com carne artificial. Nesse sentido, visa dar apoio legal, jurídico e de consultoria também na Instado sobre a recolha dos tecidos nos animais (visando a carne artificial) produção e comercialização. e o facto de ser algo doloroso, referiu que as agulhas não são propriamen- te das mais finas e comparou-a às da recolha de sangue. Uma para uma O autarca justificou a criação desta oficina face a necessidades sentidas, pequena anestesia e outra para recolher a amostra para cultivar. algumas das quais têm sido notadas durante as várias edições (já são quatro) daquele congresso. Como exemplo, apontou o caso do Tino Al- Na sequência da intervenção de Mark Post, registou-se a de Brianna Ca- ves, a sua produção de alheiras vegetarianas e os projetos de expansão meron que dissertou em como as inovações do vegetarianismo e da carne dos seus negócios nesta área. artificial podem transformar o nosso sistema alimentar a nível global.24 valemais.pt

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Reportagem #CaminhaFotorreportagem Fotografia :: Vítor Ferreira Vilar de Mouros é mítico! Vilar de Mouros voltou a ficar cheia de gente e de boa música. Foi em agosto último, a aproximar-se do fim, que decorreu mais uma edição do mítico festival, a 15.ª, agora frequentado também por aqueles que ali estiveram há já alguns anos e agora vieram com os próprios filhos.Texto :: Manuel S. O cartaz permitiu-nos recordar músicos e bandas já com carreiras longas e que, em termos gerais, se apresentaram em boa forma. AssimSegundo a organização, terão passado pelo recinto, ao longo de sucedeu com a banda de Johnnny Rotten, a voz do ex-Sex Pistols, visto, três dias, à volta de 30 mil pessoas, um número idêntico à edição por muitos, como a cabeça do movimento punk; com a frescura de inaugural, já lá vão 47 anos. O espaço apresentava excelentes Chrissie Hynde e dos Pretenders; e o Peter Murph a assinalar os 40condições, inclusivamente a nível de restauração e lazer. As condições anos da sua banda, os Bauhaus, pais do rock gótico, logo no primeiro dia.para os músicos e espetadores foram excelentes. O mesmo não depode dizer dos locais de estacionamento…. mais de dois quilómetros Depois continuou, nomeadamente, com os Incubus, uma das maiores re-em estradas de pedras e parques junto a campos de milho. ferências do rock americano dos anos 90; os portugueses David Fonseca e GNR (com o primeiro-ministro a assistir); os dEUS, liderados pelo  qua- se-português Tom Barman; e John Cale, um dos fundadores dos Velvet Underground, uma das mais influentes bandas da história do rock. A próxima edição já tem data: 22, 23 e 24 de agosto de 2019.26 valemais.pt

DESDE 1971A 1ª edição (entre 1965 e 68 realizaram-se outras quatro, masdedicadas à música folclórica) do Festival de Vilar de Mourossucedeu em 1971, por iniciativa do médico dali natural, Antó-nio Barge.Elton John, Manfred Mann foram os cabeças de cartaz daquelaque é considerada a edição inaugural daquele que foi apelida-do \"Woodsotock português\".Woodstock (o original, nos Estados Unidos) tinha sido há doisanos e ainda sobravam muitos resquícios comportamentaisdo movimento hippie dos anos 60. A pacata aldeia minhotaviveu, então, momentos únicos com a excentricidade de muitosdos festivaleiros e um evento cujo formato era inimaginávelnaquela época. valemais.pt 27

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Reportagem #Monção“Com as vicissitudes que o processo teve nos últimos anos e PERCEBER COMO ENTRAR NO NEGÓCIOo tempo que tem estado parado, diria que fez-se luz ao fundodo túnel”. Foi assim que António Barbosa, chefe do município E explicou: “Aquilo que nos importa, neste momento, como município, é per-monçanense, reagiu à notícia de que o AIMinho, que tem 90% do cebermos de que forma podemos entrar neste negócio, de podermos avan-capital do Minho Park, entrou em processo de liquidação. çar. Temos cinco por cento do parque empresarial, mas temos também de ver que este tem dívidas enormíssimas de mais de 10 milhões de euros –OMinho Park foi um ‘sonho” já com quase oitos anos, ainda José entre bancos, empresas que lá estiveram a fazer as obras, processos, estão Emílio Moreira era presidente de Câmara. Abrange terrenos das a ser exigidas devoluções de IVA e devoluções de fundos comunitários”. freguesias de Pinheiros, Troporiz, Mazedo e Lara. Na altura, previa--se, então, a criação de 1 250 postos de trabalho diretos. Um investimento “Como estávamos antes é que nem atava, nem desatava. De tal formade vários milhões de euros a pensar em 90 hectares de terreno e que que o secretário de Estado recusava-se a receber o presidente de Câ-está parado. A primeira fase compreenderia 56 hectares de terreno para mara”, observa, face à situação do processo que estava “a ser investiga-receber 80 lotes para unidades empresariais (54 empresas, 15 serviços do pelas autoridades judiciais, neste caso, a Polícia Judiciária”.e 11 armazéns) e 889 lugares de estacionamento (765 ligeiros e 124pesados). António Barbosa afirma que “seja através do município, seja através dos privados, este património tem que ficar liberto”. Reconhece, porém, “nãoAgora, reagindo à notícia da liquidação da AIMinho e falando à margem da se resolve num mês, mas vai, garantidamente, acontecer alguma coisaapresentação da Semana da Eurocidade Monção/Salvaterra, o autarca re- mais rapidamente, se calhar por outra via. Efetivamente, chegamos àconheceu que se trata de “uma má notícia para uma associação com muitos conclusão de que não havia outra forma.”anos, mas, se calhar, é a forma de, uma vez por todas, o processo andar”. Questionado diretamente sobre se a Câmara Municipal de Monção as-“Estamos a estudar a estratégia, de que forma vamos entrar neste sumiria a parte financeira do Minho Park, o edil apontou a boa situaçãoprocesso. O objetivo é sim, seja sozinhos, seja com parceiro, aproveitar financeira da autarquia.este momento para conseguirmos, de uma vez por todas, resolver oproblema grave que é o Minho Park. Que está ali parado. Hoje temos “Temos uma Câmara que vai chegar ao final deste ano com uma divida deuma procura enorme a nível empresarial” – sublinhou. médio e longo prazo acima dos 4 milhões de euros. Isto num orçamento com fundos comunitários a rondar os 20 milhões de euros anuais. O impactoSão “mais de 50 mil metros que estavam prontos a arrancar. Está tudo desta divida no orçamento camarário é diminuta. Evidentemente que conti-pronto, rotundas, arruamentos, as infraestruturas principais. Uma coisa nuamos o esforço de redução, mas isto permite-nos alguma alavancagem”.que ali falta é um investimento de 1, 2/1, 5 milhões de euros que tem aver com a questão das águas pluviais. Num projeto de 10 ou 12 milhões, Notando que “temos a porta outras situações graves”, garante que sediria que estamos mesmo numa fase muito final”, observou. poderá avançar “se virmos que o negócio interessa ao próprio municí- pio poder tomar mão naquilo que se trata, agora, de ativos da AIMinho, neste caso, a parte da quota que tem na associação Minho Park”. valemais.pt 29

Opinião RACISMO versus HUMANISMOAssistimos, nos dias de hoje, com uma frequência preocupante, em várias localidades e países de todo o planeta, a várias manifestações contra comportamentos racistas manifestos no exercício de funções jurídicas, de atividades de defesa e segurança, de arbitragens desportivas, de gestão empresarial, de governação política, de controlo e admissão em espaços de lazer, de vigilância nos serviços de fronteiras, etc. Haverá, na realidade, factos iniludíveis, que justifiquem tais reações espontâneas ou organizadas? Texto :: José Emílio Moreira Austrália; ciclo da borracha na América do Sul; atitude racista que levou os portugueses, a partir do séc. XV e XVI, a aprisionarem os negros das terrasMas, estando quase no fim do primeiro quarteirão do Séc.XXI, haverá, descobertas em África e a venderem-nos como escravos quer para Portugal na mente dos cidadãos ou na organização social de sociedades com quer para o Brasil; é uma atitude racista a que desencadeou a guerra civil tanto avanço intelectual e tecnológico, conceitos e práticas racistas? no Biafra na década de 70 e no Ruanda mais adiante, com a eliminação criminosa de milhares de homens e mulheres da etnia considerada inimiga e Apesar de sermos todos homens e mulheres, tidos com a mesma dignidade hu- inferior. Podemos considerar racista o próprio nazismo, pois para preservarem mana, distinguimo-nos por uma grande diversidade de nacionalidades, de grupos, a pureza da sua raça ariana (origem da “raça” alemã) teriam que eliminar as de religiões, de classes e raças. No entanto, pelo menos teoricamente, parece que raças impuras, nomeadamente a raça judia. Não se pode apagar a memória estamos de acordo que, apesar de haver diferenças, não significa haver automati- dos campos de morte, entre 1940-1945, sobretudo de Auschuitz e de tudo por camente superioridade ou inferioridade de ninguém. Porém, no interrelacionamen- que passou o povo judeu, indelevelmente registado em vários documentos to social ao longo da história da humanidade é isso o que tem acontecido. e realisticamente retratado em vários filmes, com destaque para o filme “A Lista de Schindler” de Steven Spielber; podemos também considerar racismo( Mil e um fatores de ordem biológica, geográfica, económica, religiosa, embora sendo a situação muito complicada e difícil de compreender) o exem- cultural, de coloração da pele e étnica, tem levado a haver, na sociedade, plo de Saravejo: luta fraticida na ex-Juguslávia onde se mataram por razões grupos de homens considerados de valor desigual, com direitos e deveres ou motivos de ordem rácica, religiosa, económica, política e de ambições desiguais. Por conseguinte, com comportamentos permitidos ou impostos pessoais de chefes sem escrúpulos. Podemos também considerar racismo a de um modo desigual, impedindo uma integração, por vezes difícil, a todos segregação dos ciganos nos países ocidentais por onde passam ou o que está os homens na mesma sociedade. A história está cheia de exemplos desses. a acontecer em países da Europa onde árabes ou outros emigrantes estão Entre outros, um dos motivos de segregação é a chamada raça. a ser discriminados ou atacados de forma violenta por neo-nazis , ultra-na- cionalistas ou ideólogos de extrema direita. Também o contrário: ataques de Parece evidente haver uma grande diversidade racial na população humana. árabes radicais em zonas de população europeia branca. Infelizmente, temos No entanto, os autores têm dificuldade em defini-la: uns apontam a diferença notícias nos dias de hoje, de segregação, em algumas escolas, de filhos de de carateres físicos transmitidos geneticamente ou a respetiva componente ciganos ou de africanos de cor. Embora em sentido estrito e sociologicamente hereditária. Raríssimos autores admitem, contudo, desigualdades sociais por menos rigoroso, também se pode considerar “racismo” a exclusão do convívio meras diferenças de aspeto físico. Praticamente, todos aplicam a palavra “Raça” normal na sociedade de grupos minoritários considerados inferiores ou para designar grupos de indivíduos, embora interpretem de modo diferente a anómalos como o grupo de homossexuais, a segregação de emigrantes ou re- natureza de tais indivíduos: uns consideram como raça grupos de indivíduos fugiados, ou mesmo a exclusão de certos lugares ou profissões na sociedade ligados por combinações de certos carateres somáticos; outros consideram-na por pertencerem a credos e sexos diferente dos dominantes, ou , mesmo até, como formada por agrupamentos naturais de indivíduos e aqui conta bastante por não pertencerem ao partido político do poder instalado. a sua própria origem geográfica. Não se pode, contudo, confundir “Raça” com nação ou povo nem com grupo etnolinguístico ou religioso. Então, para definir Outro exemplo ainda muito vivo na memória coletiva, era a prática racista da Áfri- “Raça” há que ter em conta não só as caraterísticas biológicas comuns (em ca do Sul, conhecida como o “Apartheid”, onde, até à eleição de Nelson Mandela, parte geneticamente determinadas) mas também culturais (adquiridas ao longo os homens e mulheres de cor preta eram considerados inferiores aos brancos, da história). Assim podemos definir “Raça” como o conjunto de homens com minoria dominadora, não tendo os mesmos direitos de acesso a lugares públicos, caraterísticas físicas e culturais comuns, diferentes de outro grupo, sem, contudo, vivendo em bairros e cidades separadas, frequentando escolas, igrejas e outros se admitir superioridade ou inferioridade absoluta de nenhum grupo racial. locais públicos diferentes como cafés, restaurantes, etc, usando até transportes diferentes. Hoje, no entanto, na maior parte dos casos, pratica-se o “Racismo” sem Mas a História está cheia de exemplos bem diferentes: com a convicção, não ter dele uma definição muito consciente e fundamentada, possivelmente mais só de desigualdades raciais, mas sobretudo de desigualdade de valores de perigosa: vivem-se mais comportamentos racistas do que se racionalizam. raças, surgiram , por todo o lado, defensores, por vezes muito radicais, mais práticos ou mais teóricos: tratamento e genocídios dos indígenas na conquista europeia das américas e no processo de colonização da África, América e30 valemais.pt

O “Racismo” continua a existir e apenas, enganosamente, se fundamenta ex- Todos ou quase todos tem consciência desta visão humanista, desta conceçãoclusivamente em dados biológicos ou geográficos, pois, na realidade, encontra de “irmandade” de todos os seres humanos. Mas afinal, porquê ainda tantoso seu fundamento estruturante também em interesses económicos e políticos conflitos violentos por esse mundo fora, de países contra países, de culturasmisturados com preconceitos de origem pseudo-religiosa, ou falsamente filo- contra culturas, de regiões contra regiões, de grupos contra grupos ?sófica como as categorias de puro e impuro quanto à origem de um povo ouclasse eleita ou condenada quanto ao seu destino. Trump parece considerar TERMINO COM DOIS TESTEMUNHOS:o “povo americano” superior e eleito para defender a civilização e dominar omundo…Islamitas radicais defendem a criação de um Califado Universal para 1- Estava eu, um certo dia, em conversa sobre racismo com uma colegadefesa do seu Deus Único e verdadeiro: Alá e a sua “bíblia”, o Alcorão. O racis- (casada e com filhos) e um professor do Mestrado. Todos defendiamos ,mo, seja ele qual for, provoca, ou com vivências sociais inculturadas ou com com convicção, estes princípios humanistas de inteira igualdade. Até que, oimposições coercivas, desigualdades de direitos e deveres entre cidadãos, Professor, um pouco incisivo, perguntou à minha colega: olha lá, se um dia,grupos e povos. Dada ao adiantado da História ( ?), pois vamos quase no fim um dos teus filhos te entrar na casa com uma companheira negra e te disser:do primeiro quarto do Sec. XXI, podemos pensar que o racismo duro já acabou “mãe, apresento-te a minha companheira, namoramos há bastante tempo,ou está quase debelado, pelo menos no aspeto teórico e legal. Mas, mais teóri- gostamos muito um do outro e vamos casar. Enquanto não arranjamos alo-co ou mais vivencial, o mundo de hoje ainda está demasiado contaminado de jamento, queríamos viver na tua casa”. Como reagirias? A minha colega, ficouatitudes racistas, no seu sentido estrito ou mais lato. séria, calada por uns momentos e lá respondeu: “bem, ainda não me sinto preparada para esta nova situação”.É um grande fracasso humanista. Todos somos tão poucos para construir um 2- A LÁGRRIMA DE PRETA:” Encontrei uma preta--Que estava a chorar--Pe-mundo melhor! A História tem mostrado que o desenvolvimento civilizacional di-lhe uma lágrima –- Para analisar”. “Recolhi a lágrima-- Com todo o cuida-resulta de conflitos, mas também de enriquecedores contactos e de grande do--Num tubo de ensaio- Bem esterilizado”. (…) “Nem sinais de negro-- Nemcolaboração. Podemos aceitar uma desigualdade de atributos físico e mentais vestígios de ódio-- Água (quase tudo)- E cloreto de sódio”-- António Gedeãoentre indivíduos ou grupos humanos, sem se admitir, de modo algum, supe-rioridade ou inferioridade absoluta. Há simplesmente DIVERSIDADE !!! Pelos O que escrevi neste singelo texto, não tem nada de original, nem pretendemenos, em princípios, é hoje quase universalmente condenado o RACISMO ensinar nada a ninguém. Talvez até as ideias expostas não estejam beme, à força da MORAL, considera-se contrário à dignidade humana. O artigo 1 arrumadas nem claras e evidentes, como defendia Descartes. Mas, comoda Declaração Universal dos Direitos Humanos diz: “ Todos os seres humanos Sócrates, o grande Mestre Filósofo Grego, apenas pretendi fazer umanascem livres e iguais em dignidade e direitos e dotados, como são de razão Maiêutica, ou seja , ajudar a dar à luz o que cada uma já tem no seu interiore consciência, tem de comportar-se uns com os outros com espírito fraternal”. para se conhecer melhor a si e aos outros.No ponto 2, continua: “Toda e qualquer pessoa tem todos os direitos e liber-dades proclamadas nesta Declaração, sem diferença de raça, cor, sexo, língua,religião , opinião política ou de qualquer outra índole, origem nacional ou social,situação económica, nascimento ou qualquer outra condição.”Olhando o mundo lá longe, mas reparando com atenção também à nossa volta,às vezes tão pertinho, ou mesmo dentro de nós, parece que estamos ainda napré-história…De acordo com estas ideias, parece correto afirmar sem dúvidasque o desenvolvimento integral do mundo necessita da colaboração de todosos homens, da colaboração de todos os povos. O aperfeiçoamento humano nãopode ser obra de um só grupo racial, étnico ou ideológico. valemais.pt 31

Opinião Leituras Outonais O regresso dos furacões pré-anuncia a chegada do Outono. Aqui pelo Alto Minho as temperaturas mantêm-se elevadas para a época, com temperaturas superiores a 30 graus.Texto :: M.ª Fátima CabodeiraContudo, as rotinas do dia-a-dia denotam já os regressos à escola Como sempre vinco ao meu filho, um livro é, mais do que tudo, e ao trabalho, que sempre caracterizam o mês de setembro uma companhia. De todas as artes, a grande Literatura é aquela imbuído de uma ténue melancolia. que tem o condão de encenar e aprofundar os complexos e con- traditórios meandros da natureza humana, por onde perpassam os(Permitam-me um à-parte, os sportinguistas deram uma lição de ci- mais elevados e mesquinhos sentimentos.vismo e de amor à instituição, tendo ido votar em massa para escolhero novo Presidente. Agora, é aguardar que a normalidade permita o À minha volta, a natureza mostra-se abundante em frutos: nozes, figos,ressurgimento da glória que já alcançou.). abóboras, uvas, espigas, castanhas (brevemente) preparando-nos para a estação seguinte, mais desnudada.Do Verão, trago comigo a réstia de leitura, por entre nortadas e a canícu-la cada vez mais acentuada por via das alterações climáticas. Eu gosto da brisa, dos odores e das cores do Outono, já o revelei noutras ocasiões. As vilas e as aldeias ganham por esta altura uma beleza madura,Depois do sucesso alcançado com “O Deus das Pequenas Coisas”, muito peculiar. Passear ao acaso, deixando-se tocar pela magia da paisa-vencedor do Booker Prize, a escritora indiana Arundhati Roy regres- gem, é uma excelente opção, com que termino mais esta minha crónica.sa, 20 anos volvidos, com um novo romance intitulado “O Ministérioda Felicidade Suprema”.Quem, como eu, leu deslumbrada o seu primeiro livro, sabe que épreciso mergulhar devagar na sua escrita e estrutura narrativa. Destafeita, narra-se uma estória de sobrevivência no sub-mundo dosexcluídos, tendo como pano de fundo um país dominado por antigosmodelos de estratificação social.32 valemais.pt

Opinião No Moinho do Tempo “somos uns afortunados o contar com este espacio Crastejo, que é um monumento natural em si mesmo, mágico e surprendente, um autentico tesouro.” Manuel Rivero Perez – 2005Texto :: Manuel Cunha_Pólen Aquilo só funcionou durante dois anos. Moía centeio e milho, quando moía… A última vez que moeu para a família proprietária, levantou-seQuase a chegar a Castro Laboreiro, quem por Portelinha passa, uma ventania tal que uma das velas se enrodilhou na roupa da Ti’ Maria sobe o olhar a um alto e fica uma espécie de espanto em so- Antónia que a deixou nudinha como quando veio ao mundo. bressalto. O que é aquilo, perguntam. Um Castelo? Uma Torre?Um posto de vigia? E, para sentir de perto o que de longe cativa, sobe o O sonhador, Ti’ Domingues Fernandes sentenciou; - Acabou-se o Moinho!!viandante curioso, por aquele curro arriba. Ali se senta e contempla. Se Acabou-se o pesadelo! Alguém ofereceu 50 contos pelo mesmo, mas ocoincide com o pôr-do-sol a tingir mágoas plenas, fica a sensação de orgulho sorriu mais alto e um dos ícones mais desconhecidos de Castro La-algo que nos eleva a outras latitudes. boreiro continua na família. Depois foi gerido pelo avô do Ti’ Aurélio até uma altura em que umas pessoas do lugar estavam na mina da Barreira a tratarNa eira do meio pergunta memórias daquele monumento. Nada, mesmo das águas quando ouviram o Moínho a rugir de louco pela fúria do vento.pessoas idosas a lembrar, não sobra nada. Um século de vida dura talconstrução. Era o Moinho de vento, trazido do Brasil em sonho que se E foi o fim… Pelo menos para a moagem e a preocupação de domar ostornou tormento. Afinal, não é a fantasia que fazia o mundo girar? Pela ventos doidos. O que resta do moinho está de vigia. Uma vigilância comfamília ainda sobram histórias. O custo da obra, supervisionado por um cem anos. Tem em frente a Senhora prenha de Anamão e nas suas cos-técnico vindo do Porto, terá ficado pelos 30 contos. Uma fortuna para a tas a nascente do rio Trancoso, a nascer ali a seus pés no sítio das Mes-época. Um bom investimento na cabeça do sonhador. Ainda por cima, tras onde se define a linha fronteiriça Portugal - Espanha. Portelinha temseria porventura, o único Moinho de Vento em toda a região da Peneda- mais três moinhos. O Moinho do Porto, o Moinho de Cima e o Moinho do-Gerês. Mais fácil a força dos ventos do que a força das águas. Prado Grande. Três moinhos que devem ter trabalhado a bom trabalhar.O Moinho nasceu. Paredes fixas e cúpula giratória. Com um diâmetro de No entanto, este Moinho de vento no Monte do Curro continua sel-quatorze pessoas de braços abertos a dar-lhe a volta. E velas de pano a vagem e altivo nos seus quase mil e cem metros de altitude que ogirar ao vento. O engenho, em ferro e carvalho, cedo mostrou rebeldia. – guindam a uma vaidade que se agrava com o estilhaçar das memórias.o vento nunca vinha certo e embaralhava tudo – disse a Ti’ Virginia. E vai moendo gerações atrás de gerações. E é quando o vento sopra forte que todas as velas se apagam naquele bolo de granito feito pelo sonho de um homem… O Moinho de Vento… valemais.pt 33

Opinião NORTON DE MATOS O eterno amor do povo limiano Há personalidades que, pela profundidade das causas que defendem e pela relevância das suas obras na história de um país ou de uma comunidade, passam a incorporar os fundamentos que modelam o “espírito de um povo” ou, se quisermos, o “sentimento de pertença a uma agregação social”. Texto :: Adelino Silva Se o percurso de NM foi marcado pela venturosa atmosfera familiar em que cresceu e pelos traços vincados do seu “génio especial” — diz JoséEm março de 1867, um desses vultos nasceu na vila de Ponte de Norton —, também a fina e distinta “identidade” da antiga vila medieval, Lima (PL) e é, para todos os limianos, um elemento inquestionavel- que o viu nascer, contribuiu para lhe moldar o extraordinário caráter e a mente agregador e motivo de infinita estima e saudade. elevada craveira humana, que fez dele um dos mais admiráveis atores da vida pública portuguesa, num período que principia em Goa (1898) e Falamos de José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos (NM), o “gene- só finda com a sua morte, aos 87 anos, em janeiro de 1955. ral-político” que — justamente há 70 anos (1948) — apresentou a sua candidatura à presidência da república (com 81 anos) para se bater con- Diz NM: “Levei comigo para os meus ‘trabalhos nas sete partidas’ a tra o Estado Novo. Retirou-a em 1949, por múltiplas e intrincadas razões. lembrança acalentadora da terra onde passei os meus primeiros anos” (in, José Norton). Hoje existe um amplo acervo documental que revela o pensamento e a obra de NM. Porém, para se “mergulhar” nas mais nobres e profundas dimensões da sua personalidade, de inconfundível carisma, há uma bio- grafia da autoria de José Norton — seu sobrinho-neto —, produzida numa narrativa de feição histórica e intimista, que é, forçosamente, uma obra de leitura insubstituível e que se exibe ao leitor vestida com uma estética ar- rebatadora e cativante, que a todos enfeitiça pela grandiosidade do relato.34 valemais.pt

MERECIA SER PATRONO Norton amou devotamente PL, aí passando — em total tranquilida-DE UMA DAS ESCOLAS de, mas sempre com preocupações sociais apuradas —, os últimos anos de vida e, hoje, bem merecia ser patrono de uma das escolasEntre incontáveis cargos e funções públicas que NM exer- de sua terra natal, como forma de se evocar e preservar, junto dosceu, merecem realce: militar de carreira; duas comissões em jovens, o seu venerável e irrepetível legado! //Angola — governador-geral (1912 a 1915) e alto-comissário(1921 a 1923); investigador na Índia portuguesa (1898 a1908); negociador com a China sobre as fronteiras de Macau(1909); delegado de Portugal na conferência de paz, após a1.ª Grande Guerra (1919); embaixador em Londres (1924 a1926); ministro da Guerra e das Colónias; docente no InstitutoSuperior Técnico.Destacou-se, ainda, como escritor, colunista, conferencista,político republicano, opositor ao Estado Novo e grão-mestreda maçonaria.À luz do pensamento republicano de então, NM difundiu,com suprema grandeza, “a arte de ser português”, pelasparcelas desse “Portugal Maior” disperso entre o Minho eTimor — com quem viveu um fervoroso amor —, esculpin-do, com as suas ações patrióticas, páginas épicas da nossahistória coletiva.Em Goa, NM teve o mérito de criar, de raiz, o cadastro daqueleterritório; em Angola, Norton revolucionou o paradigmacolonialista e a forma de governança, valorizando a condiçãodas populações autóctones e fundou, habilmente, a cidade deHuambo (1912); como ministro da Guerra, organizou, numatarefa intrépida (“milagre de Tancos”), o Corpo ExpedicionárioPortuguês que combateu na 1ª Guerra Mundial. valemais.pt 35

Opinião A CRIANÇA Pedagogia VivaEllen Key e Maria Montessori, duas das maiores pedagogas do século XX, defendiam que este era “o século da criança”. Texto :: Manuel Pinto Neves Os autores da Declaração dos Direitos da Criança sentiram, por isso, a necessidade de afirmar que “A criança deve ser protegida contra todaNa verdade, a sociedade contemporânea reconheceu a criança como e qualquer forma de negligência, de crueldade e de exploração. (…). A uma pessoa e procura descobrir, cada vez com mais entusiasmo, nas criança não deve ser admitida num emprego antes de ter atingido a ida- ciências biológicas, psicológicas e sociológicas, o manancial inesgotável de mínima apropriada; não deve, em caso algum, ser forçada ou auto-desse mundo maravilhoso que brota da natureza infantil. rizada a ter uma ocupação ou um emprego que prejudique a sua saúde ou a sua educação ou que entrave o seu desenvolvimento físico, mentalFoi no século passado, mais precisamente em 20 de Novembro de ou moral”. Acrescentam ainda que esta Declaração é proclamada “para1959 (cerca de seis décadas depois das duas pedagogas atrás referidas que (a criança) tenha uma infância feliz e beneficie tanto no seu próprioo terem feito), que a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a interesse como no da sociedade, dos direitos e liberdades que aí sãoDeclaração dos Direitos da Criança. enunciados”. Convidam ainda “os pais, os homens e as mulheres, a título individual, bem como as organizações de beneficência, as autoridadesEste reconhecer de direitos é a parte que faltava no movimento global da locais e os governos nacionais a reconhecerem estes direitos e a esfor-libertação humana. çarem-se para assegurar o respeito que lhes são devidos por meio de medidas legislativas e outras adoptadas progressivamente”.A exploração das crianças tende, pelo plenos teoricamente, a desapare-cer, deixando para trás os dias negros do advento da industrialização. Termina-se este espaço com as palavras de Alan Doan: “To be a child / is to know the funo d living / To have a child / is to know the beauty ofÉ claro que muito há ainda para fazer, pois em muitas partes do Globo não life” (Ser criança / é conhecer a alegria de viver / Ter uma criança / ése considera ainda a criança de maneira suficientemente digna e humana. conhecer a beleza da vida).36 valemais.pt

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Opinião A descentralização avançaAs Leis que dão forma ao processo de Descentralização para as Autarquias Locais e Entidades Intermunicipais já estão publicadas. Refiro-me, nomeadamente, à Lei-Quadro da transferência de competências e a alteração à Lei das Finanças Locais.Texto :: José Manuel CarpinteiraALei-Quadro 50/2018, de 16 de agosto, identifica os princípios e garantias da transferência de competências para as Autarquias Locais e para as Entidades Intermunicipais, que estabeleceum calendário gradual, entre 2019 e 2021, e cria uma Comissão deacompanhamento da Descentralização, integrada por representantes detodos os Grupos Parlamentares, do Governo, da Associação Nacional deMunicípios e da Associação de Freguesias, que avalia a adequabilidadedos recursos financeiros de cada área de competências.No que respeita à alteração da Lei das Finanças Locais, Lei 51/2018, de 16de agosto, as alterações operadas foram relevantes para o processo deDescentralização, uma vez que criam o Fundo da Descentralização, recei-tas adicionais (IVA e IMI do património imobiliário público sem utilização,cujo sujeito passivo seja o Estado) e caminha-se para a convergência coma média europeia em termos de participação na receita fiscal.Entretanto, o Conselho de Ministros já aprovou sete dos vinte e trêsdiplomas setoriais que concretizam a transferência de competências,após um processo de consensualização com a ANMP e a ANAFRE. Osrestantes diplomas serão aprovados até 15 de outubro. O processo detransferência de competências agora aprovado é gradual, na linha doque já prevê a Lei-Quadro da Descentralização, podendo as AutarquiasLocais assumir as novas competências de forma faseada até 2021.A Descentralização reforça e aprofunda a autonomia local, aumentando E, sobretudo, com as famílias portuguesas que recuperaram rendimen-as competências dos municípios e freguesias em áreas determinantes tos e readquiriram esperança e confiança. É um caminho que deve serpara o bem-estar, coesão e desenvolvimento do país. Cumprindo-se, prosseguido, com a consciência de que ainda há muito para fazer e queassim, os objetivos de maior proximidade, maior eficiência e eficácia dos há muita coisa que está longe de estar bem.serviços públicos prestados aos cidadãos. Mas, na minha opinião, em casoalgum, a Descentralização poderá servir para ‘despejar’ responsabilidadesda Administração Central para a Local. Por isso, este processo requer se-renidade, total transparência e sobretudo confiança entre as partes envol-vidas. Haverá sempre críticas, legítimas dúvidas e receios, mas temos queavançar e mudar de paradigma de um Portugal demasiado centralista.2 . O Governo do PS cumpriu os primeiros mil dias de governação e há É, pois, fundamental continuar no próximo Orçamento de Estado amotivos de satisfação perante os bons resultados obtidos. O Governo do PS melhorar os rendimentos, aumentando pensões e aliviando o IRS dastem demostrado que havia um outro caminho para Portugal, ao contrário do famílias. Continuar a reforçar as políticas sociais. Continuar a incentivarque o PSD e CDS nos “venderam” durante muito tempo. Temos orgulho de o investimento das empresas. Continuar a aumentar o investimentopoder dizer que o Governo cumpriu os compromissos com os portugueses, público em saúde, educação, cultura, ciência e infraestruturas. Queremoscom os parceiros parlamentares e com as instituições internacionais. continuar a fazer de Portugal um país melhor e mais justo.38 valemais.pt

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Opinião Linha do MinhoA cerimónia de consignação da empreitada de eletrificação do troço Viana do Castelo – Valença da Linha do Minho, foi marcante, pelo ato em si, pela concretização de um investimento essencial para a região, mas acima de tudo, pelo simbolismo que acarreta. Texto :: Luís Ceia Não fora o papel interventivo dos agentes locais, de um e outro lado da fronteira, a ligação teria caído, provavelmente também já teria sidoDa quase extinta ligação a Vigo, chegou mesmo a ser interrom- encerrada a ligação de Viana do Castelo a Valença. Obviamente, os pida por um tempo, a possibilidade de termos uma ligação de autarcas e membros do governo envolvidos foram determinantes, mas qualidade e competitiva entre Vigo e o resto do país, inclusive até não nos podemos esquecer do papel interventivo das Associações Faro, foi um enorme salto que se deu. Importa agora concluir o troço Empresariais transfronteiriças. Recordo que, para chamar a atenção que falta na Galiza, para podermos ter a ligação a Vigo e através do AVE do atentado, à cooperação transfronteiriça que estava praticamente (Comboio de Alta Velocidade) espanhol à Europa. consumado, as Associações Empresariais chegaram num movimento simbólico a parar a o trânsito na ponte Eiffel de Valença. É justo, na hora Os ambiciosos objetivos de redução de emissões de CO2 (30% até das comemorações, ressaltar o papel que as Associações Empresa- 2030) que Bruxelas se prepara para legislar têm de ser acompanhados riais têm tido na defesa intransigente dos valores da região. O que em pelo investimento público em infraestruturas que reduzam o transporte tempos foi designado de Linha do Minho e Ramal de Braga e agora se rodoviário. Somente 4% das mercadorias para Espanha são movimenta- pode designar de Linha de Braga, Ramal do Minho, poderá finalmente das por via ferroviária, pelo que facilmente se percebe que há aqui uma de pleno direito, concluídas as obras adjudicadas, voltar a ostentar com enorme oportunidade, até porque a rede rodoviária pode perder competi- propriedade a designação original, isto é, de Linha do Minho. tividade e os custos energéticos e ambientais têm um peso crescente. Ainda não estamos satisfeitos, para além do Porto de Mar, das porta- Está previsto que venha a haver a curto prazo, barreiras muito fortes à gens, impõem-se concluir a A28 até Valença, como reclamava o Sr. passagem de transportes rodoviários pesados pelo País Basco e limita- Presidente da Câmara Municipal de Valença aquando da cerimónia ções às horas de condução em alguns países Europeus. da adjudicação da empreitada da ferrovia, em presença do Ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Dr. Pedro Marques, afirmando “ser O escoamento de mercadorias portuguesas para o resto da Europa necessário dar conclusão a uma via que acaba no meio do nada, no poderá ficar comprometido, se não houver, entretanto, uma aposta forte monte , e serve muito poucos, e depois recondicionar toda a ligação às no transporte ferroviário. Portugal deve fazer um esforço de investimento vilas de Monção e Melgaço”. anual na ordem dos €1000 milhões na ferrovia para não ficar isolado da Europa. Em números redondos, serão €600 milhões do Orçamento do Os meus parabéns pessoais, ao Dr. Jorge Mendes, ilustre autarca de Estado mais €400 milhões do orçamento europeu, entre fundos comuni- Valença, que no meio da festa, onde ficava bem um discurso de agra- tários do Portugal 2030 e fundos do Mecanismo Interligar Europa (CEF). decimento, soube pôr o dedo na ferida e reclamar no meio das palmas, a conclusão do traçado da A28. Tenho consciência, pelo que conheço Devem servir para o país investir sobretudo na construção da nova rede em do seu caráter, que fosse o governo do seu partido, o faria igualmente. bitola europeia (com carris que distam entre si 1435 mm) e na segurança Precisamos no Alto Minho de vozes inconformadas, independentes da da rede existente em bitola ibérica (1668 mm), para evitar descarrilamentos agenda política nacional, ou outras quaisquer agendas, mas sim depen- e substituir carruagens obsoletas. As contas são de Mário Lopes, professor dentes da defesa intransigente das pessoas e do território Alto Minhoto. do Instituto Superior Técnico, que tem trabalhado no tema da ferrovia com o Conselho da Indústria Portuguesa da CIP. O próximo quadro comunitário deve reservar entre 2,5 a €3,5 mil milhões para a ferrovia pois o PNI 2030 “é a última oportunidade para corrigir os erros do passado”.40 valemais.pt

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Reportagem #Viana do Castelo & Caminha 2500 ATLETAS no Grande Trail da Serra d’ArgaNo fim de semana de 21 a 23 de setembro, o Grande Trail da Serra d’Arga (GTSA) levou milhares de pessoas a São Lourenço daMontaria, para uma prova que contou com atletas de vários países. Mas não só. A edição deste ano teve, uma vez mais, muitas novidades para os seus participantes e a inclusão da vizinha Galiza no projeto GTSA foi uma delas.Texto :: José C. Sousa No domingo, dia 24, decorreram em simultâneo três provas competitivas: o Trail Longo, com 33km e 21km, e o Trail CurtoOrio Minho e o Monte de Santa Tecla foram palco da prova com 14km. Teve ainda lugar uma caminhada de 7km. Todas as Sunset 13km, na sexta-feira, e a do GTSA Aventura 80km, ao provas foram circulares, com partida e chegada em S. Lourenço romper do dia de sábado. Com partida às 6h00 no centro de da Montaria, em Viana do Castelo.Caminha, os atletas dos 80 quilómetros seguiram para a travessia dorio Minho em kayak, subiram ao Monte de Santa Tecla, regressando Nesta edição estiveram presentes cerca de 2500 atletas, oriun-para a mata do Camarido com nova travessia a pares em kayak. Su- dos de 24 países diferentes, com destaque para Espanha, França,biram ao Monte de Santo Antão, depois ao Monte da Sra. das Neves e Cabo Verde e Portugal. Apesar de forte contingente de atletasentraram em Dem. Aqui, o percurso passou a ser coincidente com o do internacionais, a 8.ª edição do Grande Trail Serra d’Arga foi domi-GTSA 53km, correndo os participantes os 80 quilómetros em conjunto nada por atletas portugueses na prova rainha, tanto na vertentecom os da versão de 53 quilómetros. Um grande desafio que uniu a masculina, como feminina.volta completa à Serra d’Arga, com Caminha, e A Guarda, Galiza.O GTSA KM Vertical aconteceu também no sábado, dia 22, de manhã,em Estorãos, permitindo assim que os seus participantes vissem a partidaem Dem. Com a partida do GTSA 53km, às 9h00, e do KM Vertical, às10h30, houve uma grande massa humana e uma grande festa no alto daSenhora do Minho.42 valemais.pt

Créditos_Fotos de: SUSANA LUZIR / MIGUEL FERREIRA / ARMÉNIO BELOHélio Fumo, do Runners do Demo/ Compressport Internacional, foi o A Serra d’Arga tem um território com 4500 hectares e faz parte do maci-grande vencedor da prova rainha, de 53 quilómetros, ao completar a ço montanhoso da Peneda-Gerês. Também conhecida por Montanha Sa-prova em 5 horas, 22 minutos e 44 segundos. A segunda posição foi grada devido aos seus trilhos seculares, esconde em si vários quilómetrosde Francisco Freitas, do ACD Jardim da Serra, tendo o terceiro lugar de calçadas romanas que ligam as populações, de aldeia em aldeia. Nãosido conquistado por Leonel Cunha, Trail Team Bifase. No feminino, há, em Portugal, outra serra com tamanha altitude encostada ao Atlântico.venceu Sofia Roquete, do Arrábida Trail Team, que completou a Apenas 10 quilómetros separam o mar dos 825m de altitude máximaprova em 6 horas, 51 minutos e 35 segundos. desta serra na zona Norte de Portugal, onde os ventos fortes arrastam a massa de ar húmido do Atlântico que dá vida a este local.Na prova maior, de 80 quilómetros, o grande vencedor foi JoãoRodrigues, dos Amigos da Montanha, tendo o segundo lugar sido O Grande Trail da Serra D´Arga é organizado pela Carlos Sá Natureconquistado por Carlos Peixoto, do mesmo clube. O terceiro lugar foi Events®, com o apoio e colaboração das câmaras municipais dede Fernando Garcia. Ricardo Miranda foi quarto, pelas Águas de Al- Caminha, Viana do Castelo, Ponte de Lima e A Guarda. juntas deveolos, e Amândio Antunes, do Afifense Trail, foi quinto. No feminino, freguesias de Dem, São Lourenço da Montaria, Estorãos, e União deMariana Ballester foi a vencedora da prova de 80 quilómetros, tendo Arga S. João, Arga de Cima e Arga de Baixo.sido a única atleta feminina a completar a aventura maior do GrandeTrail da Serra d’Arga. valemais.pt 43

Texto :: José C. Sousa A secretária de Estado destacou a arte de bem receber o investidor do concelho vianense, frisando o crescimento acentuado do muni-Viana do Castelo representa 1,5% das exportações nacionais e cípio vianense como um exemplo para Portugal, referindo que, na 46% das exportações de todo o Alto Minho. Em 2011, Viana indústria transformadora de fabricação de máquinas e equipamen- do Castelo exportou 443 milhões de euros e, no ano passado, tos, Viana do Castelo cresceu 530% nos últimos tempos.o valor das exportações ascendeu a 831 milhões. Ana Teresa Lehmann afirmou que o município é conhecido além-Os números foram divulgados durante a inauguração do Espaço -fronteiras e destacou o cosmopolitismo da ação internacional pro-Empresa de Viana do Castelo, instalado no Serviço de Atendimento movida pelo presidente da Câmara Municipal, apresentando Vianaao Munícipe (SAM), numa cerimónia que contou com a presença da do Castelo como um exemplo de modernização.secretária de Estado da Indústria, Ana Teresa Lehmann.44 valemais.pt

A governante referiu que Viana do Castelo é um caso de sucesso O Espaço Empresa é uma iniciativa desenvolvida pelo IAPMEIe um grande contributo para a economia nacional, destacando a (Agência para a Competitividade e Inovação), em parceria comdinâmica empreendedora e afirmando que é um concelho onde se a AMA (Agência para a Modernização Administrativa) e a AICEPentende a indústria transformadora. (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). Funciona como um balcão único de atendimento, destinado aosNos últimos seis anos, o município vianense subiu 11 posições empresários que desejem realizar serviços e/ou obter informaçõesno ranking das exportações, sendo hoje o 16.º concelho nacional inerentes ao exercício de uma atividade económica e ao ciclo de vidamais exportador. Neste momento, estão a ser investidos 136,95 da sua empresa.milhões de euros na criação de novas empresas ou na moderni-zação das existentes. O projeto Espaço Empresa promoveu a criação uma rede de pontos únicos de atendimento às empresas, com serviços disponibilizadosJá o autarca José Maria Costa destacou o percurso de Viana do pela Administração Central e Local. Quer através do canal presen-Castelo no que toca ao apoio e acolhimento às empresas, que cial, numa lógica de proximidade e de atendimento personalizado,inclui a criação de um Gabinete de Apoio ao Investidor, a cria- quer através dos canais online e telefónico, constituindo-se como ação de uma Incubadora, a Aceleradora, entre diversos espaços Rede Nacional de Apoio às Empresas e ao Investimento.de acolhimento empresarial. O aumento do volume de negócios também é uma realidade, comViana do Castelo a registar um aumento de 50,1%, destacando-se, O presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelodentro dos resultados, 46% do volume de negócios a ser garantido (AEVC), Luís Ceia, criticou o Governo por criar estes Espaço nospela indústria e 30% pelo comércio e serviços. municípios, lamentando que o projeto tenha “deixando de fora a casa das empresas”. “Francamente não gostámos da forma como este processo foi con- duzido. Podia ter sido conduzido de outra forma quando sabemos que cooperando todos ganhamos e quando temos um corpo jurídico e técnicos especializados. Qualquer dia corremos o risco de o país estar todo municipalizado”, afirmou. Luís Ceia defende que o Espaço Empresa de Viana do Castelo deve- ria ser integrado nas instalações da associação. “Temos instalações para isso. Poderíamos ganhar todos. Espero que, no futuro, como já tem acontecido noutros casos, não mandem para aqui, os empresários, (AEVC) para tirarem as dúvidas”. valemais.pt 45

Fotorreportagem #Monção & Melgaço Monção & Melgaço GRANFONDO foi um sucessoA primeira edição do “Monção e Melgaço Grandfondo – A Origem do As paisagens deslumbrantes e o calor abrasador marcaram estaAlvarinho” contou com cerca de 2000 participantes sendo que 30% eram primeira edição. O regresso no próximo ano já está confirmado. estrangeiros. A prova, com mais de 100 quilómetros de extensão, teve parti- Confira algumas imagens que marcaram este evento.da em Monção, passagem por Melgaço e chegada novamente em Monção.46 valemais.pt

valemais.pt 47 Créditos_Fotos de: TIAGO FERREIRA / JOSÉ CUNHA / FERNANDO RAMOS / EDUARDO CAMPOS / MATIAS NOVO

Reportagem #Vale do Minho RIO MINHO ReAcosnsihneactiumraendtoosdAeuFtorosndteeiraA Delegação Portuguesa da Comissão Permanente Internacional para o Rio Minho, o Capitão do Porto de Caminha, os Presidentes deCâmara dos Municípios de Caminha, de Vila Nova de Cerveira, de Valença, de Monção e de Melgaço participaram, a 25 de setembro de2018, em mais uma edição conjunta da Assinatura dos Autos de Reconhecimento de Fronteira, no Troço Internacional do Rio Minho(TIRM), com os respetivos Alcaldes homólogos de Espanha.Este evento, que teve a presença do Vice-almirante Diretor-Geral Com o apoio da Marinha Portuguesa, da Autoridade Marítima Nacio- da Autoridade Marítima e Comandante-Geral da Polícia Marí- nal e da Armada Espanhola, a formalização da assinatura destes Au- tima, da Subdelegada do Governo em Pontevedra, do Coman- tos, foi realizada a bordo do NRP Rio Minho. Para isso, os Presidentes dante da Zona Marítima do Norte e do Comandante del Mando de de Câmara embarcaram neste navio, em Vila Nova de Cerveira e os las Unidades de la Fuerza de Acción Marítima en Ferrol. Alcaldes embarcaram no Patrulha Cabo Fradera, na Comandância Naval del Miño, navegando ambos os navios, em direção a um ponto Esta ação que consiste na assinatura anual dos Autos de Reconhe- de rendez/vous, previamente definido. cimento de Fronteira, prevista nos termos do artigo XXV do Tratado de Limites entre Portugal e Espanha, assinado a 29 de setembro Com os navios fundeados de braço dado nas águas do TIRM, for- de 1864 e nos termos do artigo VIII do seu anexo I, assinado a 4 de malizou-se o ato da assinatura, acrescentando-se deste modo, mais novembro de 1866 tem por objetivo ratificar o reconhecimento efe- uma peça à História deste Troço Internacional. tuado de algumas secções de fronteira do rio Minho, em ambas as margens, pelos respetivos autarcas, que são acompanhados pelos Com esta iniciativa, as entidades representativas das diferentes ins- respetivos delegados municipais. tituições presentes e com responsabilidades no TIRM, tiveram mais uma oportunidade para partilhar e fomentar o intercâmbio de ideias Posteriormente, é efetuado o envio dos Autos, para as autoridades supe- e iniciativas, com o objetivo de preservar e desenvolver esta região. riores administrativas, no caso português o Ministério dos Negócios Es- trangeiros, que procederá conforme exijam os factos relatados nos autos.48 valemais.pt

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Reportagem #Melgaço & Paredes de Coura ANTÓNIO COSTAcomeça o ano letivo em Melgaço e CouraO primeiro-ministro, António Costa, inaugurou a requalificação da Escola Básica e Secundária de Melgaço. Depois, ainda passou por Paredes de Coura onde teve um encontro com Mario Nogueira, líder da FENPROF.Texto :: Manuel S. & José C. Sousaa Com este apoio, Melgaço vai promover diversas ações que visam a redução e prevenção do abandono escolar precoce, bem como aSatisfeito com o projeto, António Costa enalteceu o executivo promoção da igualdade de acesso a um ensino infantil, primário e melgacense e toda a comunidade escolar pela aposta na edu- secundário de boa qualidade, incluindo percursos de aprendizagem cação: «É fundamental que se realizem estes investimentos formais, não formais e informais para a reintegração no ensino e nanas escolas. Melhores equipamentos e melhores recursos, garantem formação. «Se queremos continuar a atrair, como o Alto Minho está,melhores condições à comunidade escolar», assegurou. temos de apostar na qualidade. Temos de atribuir as ferramentas necessárias. Os alunos têm de sair das escolas preparados, paraDurante a visita, António Costa teve a oportunidade de visitar vá- darem resposta às necessidades do futuro. Continuar a investir é arias salas e equipamentos do estabelecimento, nomeadamente a chave do nosso futuro.», afirmou o Primeiro Ministro.Sala do Futuro, resultado do projeto School4all - Plano Integradoe Inovador de Combate ao Insucesso Escolar. Este Plano resultade uma candidatura aprovada no âmbito do Programa Opera-cional Regional do Norte, Norte 2020, num investimento de 236939.13 euros, sendo 85% do valor (201 398,26 euros) financiadopelo Fundo Social Europeu (FSE).Texto :: Manuel S.50 valemais.pt


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