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Published by Terceirize Editora, 2021-10-05 13:52:43

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REVISTABzzz D’ALÉMAR ANO 8 | Nº 96 | JULHO/AGOSTO 2021 Viaje pela Mouraria JOÃO CUNHAÚ CLEODON O poderoso que ANDRADE se apoderou de Baía Formosa A interessante história do médico DOM QUIXOTE que é nome de hospital no RN O roqueiro que construiu um RECORDAÇÃO castelo no sertão do RN De Sanderson e Zila CHEIA DE GRAÇA SE VINÍCIUS DE MORAES A VISSE PASSAR, ECOARIA SUA ETERNA CANÇÃO. PAULA ROCHA GASPAR ENCANTA NÃO APENAS PELA SUA BELEZA, MAS TAMBÉM PELO BOM GOSTO, PELA EDUCAÇÃO E A DELICADEZA DE SER NATURALMENTE CHIQUE. CONVERSAMOS COM A NOVA INFLUENCER QUE NASCEU EM BERÇO ESPLÊNDIDO E É EXEMPLAR SERVIDORA PÚBLICA JULHO/AGOSTO 2021 1





EDITORIAL BzzzEXPEDIENTE PUBLICAÇÃO: COLMEIA JEL COMUNICAÇÃO PRESTIGIADA ---------------------------------------------------- BZZZ ONLINE Écom muito orgulho que a partir desta edição passamos a ATUALIZAÇÃO DIÁRIA E BLOGS contar com a colaboração de mais dois gigantes das letras: www.bznoticias.com.br Geraldo Queiroz e Anderson Tavares de Lyra. O currículo de @revistabzzz cada é bem extenso, mas só para se ter ideia, segue um resumo: Revista Bzzz ---------------------------------------------------- - Professor aposentado da Universidade Federal do Rio Gran- SUGESTÕES DE PAUTA, de do Norte - UFRN, Geraldo Queiroz foi reitor da Institução en- CRÍTICAS E ELOGIOS tre os anos de 1991 e 1995. Desde maio de 2019 é membro da [email protected] Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL). Escritor, é es- ---------------------------------------------------- tudioso da vida e da obra do imortal Manoel Rodrigues de Melo. EDITORA ELIANA LIMA - Historiador por formação, Anderson Tavares de Lyra é mem- [email protected] bro da Academia Macaibense de Letras, do Instituto Histórico e ---------------------------------------------------- Geográfico do RN, do Instituto Histórico, Geográfico e Antropo- PROJ. E DIAGRAMAÇÃO lógico do Ceará, do Instituto D. Isabel I, Rio de Janeiro, e do Insti- TERCEIRIZE EDITORA tuto Paraibano de Genealogia e Heráldica. www.terceirize.com ---------------------------------------------------- Pois bem. Esses dois ilustres e queridos chegam para fazer COMERCIAL companhia ao também acadêmico da ANRL Ivan Lira de Carva- EDILÚCIA DANTAS lho e ao jornalista Minervino Wanderley. Todos empenhados na (84) 99109 9678 relevante missão de resgatar histórias e memórias destas terras ---------------------------------------------------- potiguares. E mais. COLABORADORES AURA MAZDA, ANDERSON TAVARES DE LYRA, E nesta edição, Geraldo Queiroz traz um dueto poético e lite- GERALDO QUEIROZ, IVAN LIRA DE CARVALHO, rário entre Zila Mamede e Sanderson Negreiros. Anderson nos MINERVINO WANDERLEY presenteia com a história da figura controversa de João de Albu- ---------------------------------------------------- querque Maranhão Cunhaú. Ou apenas João Cunhaú. Ivan Lira CAPA conta sobre a vida e a obra de Cleodon Carlos de Andrade, que SAULO ROCHA muitos conhecem por dar nome ao hospital público no municí- pio de Pau dos Ferros. Minervino discorre sobre as aventuras de [REVISTA Bzzz] José Ronílson Dantas, que se inspirou no filme ‘El Cid’, de 1961, para erguer um castelo no sertão do RN. E nossa entrevista de capa já está dando o que falar. Ela é a atual mais badalada influencer das mídias sociais: Paula Rocha Gaspar Cavalcanti. A repórter Aura Mazda conversou com a bela para saber da sua vida – ela que é das mais tradicionais famílias potiguares – de fama e profissional da Justiça Federal. E agora a novidade da cegonha que reforçará ainda mais suas ativida- des de mulher singularmente plural. Na minha coluna, conto um pouco sobre o mais alfacinha bairro de Lisboa: Mouraria. Boa leitura Eliana Lima - Editora 4

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ÍNDICE 40 56 44 8 | AS LISBOETAS 50 66 6 76 | TÚNEL DO TEMPO 72 [REVISTA Bzzz]

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• FAVO • ELIANA LIMA [email protected] AH, MOURARIA! Com a vacinação estancando a pandemia de lisboetas, de efervescência multicultural, berço do fado, o famoso canto português: Mouraria. covid, eis que o governo português abriu as por- Conta a história que ali foi a zona onde vi- tas novamente aos brasileiros. E logo atravessei veram os mouros, até serem expulsos após a conquista da capital portuguesa por D. Afonso o Atlântico para rever minha Duda Linda e as ter- Henriques, em 1147. Os que ficaram tiveram ras d’alémar que tanto amo. Aproveitando que que se converter ao cristianismo. O bairro foi estou ainda em fase de teletrabalho. por anos e anos discriminado, até hoje reduto de várias nacionalidades – falam em mais de Apesar de muito trabalho e pouco passeio, 50, a maioria da Índia, Bangladesh, China, Mo- çambique e Paquistão. agarro-me à luz do sol que ainda dorme tarde e nos finais de semana para visitar cantos, re- cantos e encantos destas paragens de Camões. E um deles foi um dos mais tradicionais bairros Largo da Severa Casa onde morou Maria Severa [REVISTA Bzzz] 8

• FAVO • A mais conhecida cantora de fado A partir de 2009 passou a receber atenção portuguesa, no da Câmara Municipal de Lisboa, com a recu- auge da juventude: peração de imóveis históricos e incentivo no Amália Rodrigues roteiro turístico e cultura. Afinal, é o berço do fado. Lugar onde viveu Maria Severa Onofria- na, a primeira fadista conhecida em Portugal, no século XIX. Mulher considerada de imensa beleza, prostituia-se e cantava. Reza a lenda que foi amante do 13.º Conde de Vimioso, fidalgo português que se notabilizou como cavaleiro tauromáquico, de nome Francisco de Paula de Portugal e Castro (1817-1865). Teria sido a ponte para o fado chegar aos salões aristo- cratas. Maria Severa era conhecida também pelo seu temperamento “briguento”, herda- do da mãe, Maria Barbuda, célebre e temida prostituta da Mouraria. Severa viveu apenas 26 anos (1820-1846), mas revolucionou a Lisboa do seu tempo. O poeta Bulhão Pato, que a conheceu pes- soalmente, assim descreveu-a: “A pobre rapa- riga foi uma fadista interessantíssima como nunca a Mouraria tornará a ter!”. Pelas ruas, fadistas que cantaram e encantaram épocas são retratados Boemia e história Imaginem como JULHO/AGOSTO 2021 Fernando Maurício (1933-2003) arrebatou corações 9

POIS BEM • FAVO • Foi na Mouraria onde Tasca Zé da Mouraria cresceu Mariza, a mais inter- nacional fadista portuguesa da atualidade. Lugar onde se pode sabo- rear a culinária lisboeta em típica tasca: Zé da Mouraria. A primeira, pois sua fama de bom fez abrir o segundo res- taurante, esse mais turístico. É na tasca onde unicamen- te se pode saborear o vinho verde exclusivo da casa, que no Vivino tem pontuação 4.1 (o máximo é 5). Encante-se também! Vinho verde exclusivo da casa Pelas ruas históricas 10 [REVISTA Bzzz]

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• EDITORIAL|HISTÓRIA • Ivan Lira de Carvalho Membro da Academia Norte-rio-grandense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do RN, do Conselho Estadual de Cultura e da Academia de Letras Jurídicas do RN. Professor da UFRN, Juiz Federal CLEODON CARLOS DE ANDRADE Em pose de galã, Cleodon aos 37 anos Entre chistes E CURAS 12 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Os irmãos Cleodon e “Para onde foi encaminhado?” Sigismundo, Pode ser essa a pergunta que este fardado se intercala a milhares de diá- logos envolvendo o destino de pacientes Faculdade residentes no Alto Oeste potiguar e a res- Nacional de posta poderá sofrer pequenas variações, Medicina, Praia mas significando a mesma coisa: “Para o Vermelha, Rio Dr. Cleodon Andrade” ou simplesmente “Para o Cleodon”. Situando essas conver- Formado em sas nas últimas quatro décadas, o inda- Medicina. Rio gador entenderá que não foi enviado o de Janeiro, doente para uma pessoa... para um pro- 1931 fissional da saúde, mas sim para uma ins- tituição, o Hospital Regional Dr. Cleodon 13 Carlos de Andrade, localizado em Pau dos Ferros-RN, cobrindo trinta municípios da chamada “Tromba do Elefante”, com po- pulação estimada em duzentos e cinquen- ta mil habitantes. A homenagem ao pran- teado médico se faz justa por pelo menos duas razões: foi lá que ele nasceu (na antiga povoação de Caieira, hoje Almino Afonso, mas outrora território de Patu) e foi também nessa região onde exerceu por quase toda a vida – com intervalos curtos – a profissão de Hipócrates. Nasceu a 31 de julho de 1903, sendo o terceiro dos onze filhos de Joaquim Cirilo de Andrade e Jardilina Carlos de Andra- de (Abdon, Adalgiza, Cleodon, Clidenor, Clodoaldo, Albena, Albaniza, José Cirilo, Sigismundo, Ana e Alba). Os estudos bá- sicos foram feitos em Patu. Mais adiante, inspirado por um dos irmãos mais no- vos, Sigismundo (nascido em 1909), que havia seguido para o Rio de Janeiro para melhor se instruir e trabalhar, Cleodon também rumou para a Capital Federal, lo- grando ingressar, em 1925, na Faculdade Nacional de Medicina, a tradicional insti- tuição que funcionava na Praia Vermelha, sendo titulado médico em dezembro de 1931. Teve colegas de turma que fizeram história na saúde brasileira, a exemplo de JULHO/AGOSTO 2021

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Arthur Pereira e Oliveira (Dire- Noel Rosa foi tor do Centro de Ciências da Saú- contemporâneo de da Universidade Federal de de Cleodon na Santa Catarina), de João Batista Faculdade Nacional de Resende Alves (escritor e ca- de Medicina. Trocou tedrático do Curso de Medicina o bisturi pelo violão da UFMG, integrante da Acade- mia Mineira de Medicina) e de Nomeado por Mário Câmara para o cargo de Posse como médico do Instituto de Aposentadoria e Achiles Scorzelli Júnior (lente da médico-chefe do Posto de Saúde de Mossoró, Pensões dos Marítimos. Areia Branca, 1934 Universidade Federal Fluminen- em 1935 se e membro da Academia Brasi- leira de Medicina). Mas, se pelos necologia e obstetrícia, segmento 1938, com Idezith Dantas, filha do corredores e salas da respeitável que seria o trilho da sua profissão Coronel Chico Dantas e de Dona Faculdade da Urca transitavam afora, mesmo que em algumas Zefinha, ele um rico senhor de tão conspícuas figuras, um aluno ocasiões tivesse que repartir essa terras e de gado, natural de Picuí- que ali ingressou em 1930 não predileção com a clínica geral, até -PB, que chegou à ribeira do Rio tirou a conta certa com os ensi- mesmo pela carência nas cidades Apodi ainda novo e fez fortuna e namentos da arte de Hipócrates: onde labutou. Assim, trabalhou história, sendo o primeiro prefeito sujeito franzino, vindo do bairro em Apodi, Portalegre, Caraúbas, constitucional de Pau dos Ferros e de Vila Isabel, ostentando um Ceará-Mirim, Lages, Areia Branca, dando base para que uma das suas sério defeito no queixo, fruto de Mossoró, Natal, Angicos, Assu e propriedades, a “Tesoura”, fosse um acidente no parto a fórceps e Macaíba, mas fez de Pau dos Fer- povoada e viesse a se transformar que preferia os botecos às alas de ros o seu esteio, onde casou, em no município que leva o seu nome: anatomia e não trocava as pautas musicais pelos tratados de histo- logia. Quem arriscar o nome de Noel de Medeiros Rosa acerta precisamente no autor de “Pal- pite Infeliz”, de “Fita Amarela”, de “Último Desejo” e de “Feitio de Oração”. Perdeu a Medicina e ga- nhou a música, conforme se ex- trai da opinião de Zuza Homem de Melo, posta nas páginas 386- 387 da “Enciclopédia da Música Brasileira: Popular” (São Paulo: Art Editora; Publifolha, 2000). Anel no dedo, diploma na mala, foi a vez de Cleodon Carlos retor- nar ao Rio Grande do Norte para exercer a arte de curar. Para ser mais preciso, a missão de colo- car gente no mundo, pois a essa altura já se especializara em gi- 14 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Francisco Dantas-RN. Desse casa- Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Pau dos Ferros. Idezith e Cledon Andrade mento advieram quatro filhos: Li- neu Dantas de Andrade (Promotor O casal Cleodon e Idezith, em festa junina no Clube Ipiranga, Mossoró. 1948 de Justiça), Maria Cleide (proprie- tária rural, hoje aposentada), Ma- Assu, anos quarentas. No Bar de Zé do Bar, Cleodon Carlos (sapatos brancos) com amigos, tilde (educadora) e Renato (ban- inclusive Costa Leitão e os irmãos Edgar, Nelson e João Batista Montenegro cário), já falecidos os dois últimos. No exercício da Medicina uma dedicação inexcedível, tanto que o maior laurel que gostava de exibir era o de haver trazido à luz uma ponderável parcela da população oestana, à exceção óbvia dos par- tos caseiros tão comuns àquela época. Mas reconhecia que sozi- nho não daria conta do volume de assistência que lhe era requi- sitada em Pau dos Ferros, a isso se somando os compromissos que tinha com atividades funcio- nais em outras cidades. Passou a prescrutar um médico com quem pudesse dividir a clientela, con- siderando também a partida do Dr. Ferreira do Monte para resi- dir na Bahia. Falamos de 1941. O destino entrecruzou em Natal, no Hotel América, o biografado e o Dr. José Fernandes de Melo, cur- rais-novense que se iniciava na profissão, e estava sendo estimu- lado pelo amigo Mário Marcelino a se mudar para a “Princesinha do Oeste”. É de José Fernandes o rela- to do episódio, na segunda edição do livro “Nem todos calçam 40” (Natal: Editora Jovens Escribas, 2017, página 126): “Neste exato momento apareceu inesperada- mente o Dr. Cleodon de Andrade, que foi logo ratificando a ideia/ convite de Mário, insistindo para que eu viajasse com ele que esta- va de saída para Pau dos Ferros, JULHO/AGOSTO 2021 15

• EDITORIAL|HISTÓRIA • onde residia. Aleguei que estava Pau dos Ferros, uma mesa de paz política. Entre outros, Chico Nunes, trabalhando em São Tomé e não José Fernandes, Lindalva Torquato, José Meirelles e Cleodon Carlos podia sair assim tão intempes- tivamente pois tinha problemas Zé Fernandes era deputado de se- Algumas atitudes de Cleodon pendentes a solucionar, ao que ele gunda legislatura, das hostes da figuram no anedotário político retrucou de imediato: Zé Fernan- UDN e tinha contas a acertar com regional. Uma bem conhecida des, esta é uma oportunidade deci- o grupo Nunes, na base do voto, ocorreu na já mencionada elei- siva para a sua carreira e você não pois havia sido por ele derrotado ção de 1952, onde ele disputou pode perdê-la. Passaremos por São no pleito de 1947, na sua primei- com José Fernandes a prefeitu- Tomé, onde você resolverá seus ca- ra tentativa de governar Pau dos ra de Pau dos Ferros. Meio que sos e depois prosseguiremos para Ferros. Deu-se, pois, a ruptura a contragosto, percorreu todo o Pau dos Ferros. (...) Se consumava entre os médicos amigos, debai- município pedindo votos. Aonde ali a clássica sentença de César às xo de palavras ásperas por parte o jipe não ia, seguia a cavalo. Ao margens do Rubicão: ‘Alea jacta de Cleodon, conforme recorda chegar à casa de um compadre, est’ – A sorte está lançada. (...) E a escritora Sônia Faustino (filha em cuja mulher havia feito meia desta forma, do dia para a noite, de José), levantando o véu da sua dúzia de partos, expôs a razão me transferi para a velha e bicen- memória infantil. da visita e obteve a promessa de tenária cidade oestana...”. voto do varão, que preveniu não Realmente, Cleodon Carlos mandar nos desejos da esposa, A amizade entre Zé Fernandes não era pessoa muito branda; a que anunciava votar no adversá- e Cleodon seguia risonha e franca. sinceridade do verbo vencia a rio. Mesmo assim, foi estimulado Tanto que em 1943, quando este prudência. Preciosa, nesse con- pelo compadre a tentar a rever- seguiu com a família para residir texto, a observação que sobre ele são cívica. Surpreendeu-se com em Assu, para trabalhar no SESP fez o seu sobrinho Francisco Al- a passionalidade da rurícola: “Se (Serviço Especial de Saúde Pú- ves de Andrade, Chiquinho: “Era veio atrás de voto, perdeu a via- blica, um órgão federal), alugou mais Carlos do que Andrade”, gem, pois eu sou todinha de Dotô a sua casa da Rua Pedro Segundo identificando DNA nas partes do Zé Fernandes!” foi a resposta, ao colega José, que se casara com sangue do biografado, comparan- com gestual das mãos escorren- Lindalva Torquato (futuramente do o temperamento das pessoas do pelo corpo. O sangue ferveu, Deputada Estadual e Conselheira das duas famílias. do Tribunal de Contas do Esta- do). A camaradagem entre am- bos tinha um laço a mais: eram aficionados por um joguinho de baralho. Entre dama, valete e rei prosseguiram parceiros, até mes- mo porque o interesse político que se avivara em Fernandes era inteiramente alheio aos horizon- tes de Andrade, que se gabava do apartidarismo. Mas a mosca azul picou-lhe em 1952, com a ofer- ta para disputar o executivo do Município com o apoio do então prefeito, Lycurgo Nunes, do PSD. 16 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • subiu na montaria e partiu. Antes, Sobre participar de eleições, Deputado Raimundo Abrantes - ALRN deixou uma máxima: “Compadre, precisa votar em mim não; dis- após a derrota de 1952 ele nunca penso voto de corno!” mais quis disso saber. Abriu exce- Outra, na mesma linha de afo- bação. Quando morou em Angi- ção para se integrar à campanha cos, trabalhando como médico da Estrada de Ferro Central do do genro Raimundo Abrantes Brasil, meados dos anos quaren- tas, ocupava o tempo livre dos fi- (Sinhô Abrantes), empresário do nais de semana “fazendo uma fé” no carteado. Certa vez emendou ramo de usina de algodão, esposo dia e noite, perdendo mais que ganhando, e foi ficando chateado de Cleide, que se elegeu deputa- com um “peru” (curioso que não joga, mas fica arrodeando e arris- do à Assembleia Estadual do Rio cando palpites). O tal pitaqueiro, Grande do Norte em 1966. Findo lá para as tantas, anunciou que o pleito, recolheu-se a cuidar das ia para casa dormir, pois estava propriedades rurais e ao seu ofí- cansado. Cleodon sacou o revól- cio de profissional da saúde. ver e sentenciou: “Daqui você não sai! Desde cedo que está botando Pois bem. Entre filantropia azar na mesa, fazendo-me per- médica e tiradas pitorescas, com der dinheiro! Agora só sai daqui quando em ganhar!”. O sujeito desavenças superadas pelo tem- preferiu não pagar para ver e fi- cou a cochilar, sentado em um po, encerrou a sua vida terrena tamborete, até que a sorte sorris- a 08 de janeiro de 1987, em Pau se para o apoquentado jogador. dos Ferros, onde está sepultado. Vez em quando tinha umas ex- No sentido horário, Lineu, Cleide, Matilde e Renato. Filhos centricidades. Morando em Assu, recebeu de presente uma cobra. Sim, uma jararaca. Cismou que aquilo seria a solução para com- bater ratos que se atreviam a che- gar à cozinha da casa. Apesar do desespero de Dona Idezith, inclu- sive em razão do perigo para as crianças, não deu trela. Somente se desfez do ofídio quando uma noite descobriu que a bichinha (?) estava devidamente enrodi- lhada na cama da sua filha Matil- de, de poucos anos de idade. JULHO/AGOSTO 2021 17

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • Minervino Wanderley 18 [REVISTA Bzzz]

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • JOSÉ RONÍLSON DANTAS DOM QUIXOTE POTIGUAR A HISTÓRIA DO SERIDOENSE ROQUEIRO QUE CONSTRUIU UM CASTELO NO SERTÃO POTIGUAR Por Sergio Vilar / Fotos: Sergio Vilar Dom Quixote é interpretado trabalho fora de sua Carnaúba tros acima do nível do mar. Está por muitos como louco, dos Dantas, em trabalho com distante poucos quilômetros do delirante e cheio de imagi- escavação de rochas e mine- centro de Carnaúba dos Dantas. nação, mas por trás do persona- ração, ele volta ao Seridó para De lá dá para ver o Monte do gem há um propósito lúcido do construir sua morada. A obra Galo, importante destino religio- seu criador, Miguel de Cervantes. ainda estava no início quando so do Estado. São aproximada- E esta é a analogia mais próxima ele assistiu o filme El Cid. E na mente 20 cômodos e 56 janelas que consegui imaginar para re- tela do cinema, a imponência distribuídos em quatro torres, tratar o feito de um interiorano do castelo do cavaleiro Dom sendo a mais alta de 21 metros potiguar que ergueu um castelo Rodrigo Diaz de Bivar mudaria de altura. Ao todo são aproxima- no alto de uma colina rodeado de o curso do seu destino. damente 1500 metros quadra- uma paisagem insólita, sertaneja. dos de área construída nos sete “Sempre sonhei em cursar ar- hectares de terreno. Se Dom Quixote pretendia imi- quitetura. Fiz o curso técnico de tar heróis cavaleiros dos roman- edificações na ETFRN antes de Ronílson é um personagem ces que lia para vivenciar suas passar no teste para a Odebrecht. por si só. Tem jeitão de moto- aventuras, José Ronílson Dantas, Quando voltei, quis construir mi- queiro roqueiro e é mesmo um 59, também se inspirou na figu- nha casa e quando vi esse caste- apreciador de rock progressi- ra de um personagem do cinema lo do filme foi a inspiração para vo. O cabelo branco e calvo não para construir seu sonho. E a par- meu sonho arquitetônico que me impede um rabo de cavalo cur- tir do filme ‘El Cid’, de 1961, um guiou e me guia até hoje, porque to, tipo Paulo Coelho. E ele tem épico dirigido por Anthony Mann não parei ainda”, conta Ronílson. também uma espiritualidade e com Charlton Heston e Sophia De fato, o castelo vive em obra. A aflorada, assim como o mago de Loren no elenco, começaria a ser próxima ideia é construir cômo- O Alquimista. Diz ter 59 anos na erguido, em 1984, o hoje conheci- dos subterrâneos, aproveitando terra, porque a alma é infinita. do Castelo de Bivar. a elevação do castelo e o terreno Inclusive ainda pretende cons- em declive. truir seu túmulo no terreno do Ronílson havia passado em castelo, onde quer “morrer e teste para a construtora Ode- O Castelo de Bivar está er- ressuscitar” por ali também. brecht, em 1979. Após anos de guido em uma colina a 310 me- JULHO/AGOSTO 2021 19

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • BIVAR OU VIVAR? Curioso é que, apesar do ventilação no interior do Castelo Já possui encanação e ligações nome do cavaleiro ser Dom Ro- impressionava. hidráulicas e elétricas. Faltam as drigo Diaz Bivar, Ronílson tinha mobílias. “Construí para morar e entendido Vivar. Na época não Outra curiosidade é o banhei- ainda vou realizar meu propósi- existia internet para conferir a ro da suíte, em local mais alto: a to no tempo devido. Eu trabalho pronúncia ou a escrita correta. porta de um armário disfarçado com obras e muitas estão para- E assim foi registrado em cartó- dava acesso a um amplo banhei- das, setor de mineração em crise. rio: Castelo de Vivar. Só depois ro com banheira em mármore já Então a questão financeira tam- o padre Antenor, então dono do construída. Aliás, o Castelo tem bém é determinante”. Castelo Engady, de Caicó, alertou todas as condições de moradia. que era Bivar. “Gastei dinhei- ro com advogado pra trocar o José Ronílson Dantas, o conde do Castelo de Bivar nome”, relembra aos risos. E apesar da grandiosidade da obra, não há absolutamen- te nenhum rabisco, planta ou desenho em papel referente à construção do Castelo. “Tudo veio da mente. Quando está em período de construção, eu paro, olho, penso e informo minha ideia ao pedreiro. Por isso a área construída ainda está indefinida, porque sempre está em obras. Quando pinta um dinheiro, eu invisto aqui”, diz, sem precisar quanto de investimento já foi fei- to. “Se tivesse calculado acho que já tinha desistido”, brinca. E assim foi construído e bem construído todo o Castelo de Bi- var. Os cômodos amplos foram projetados para uma moradia confortável, com quartos para os nove filhos, salas e ambientes para o lazer. Embora esteja finca- do no alto de uma colina, a pai- sagem e o sol do meio dia quei- mavam a pestana da equipe de jornalistas da agência de notícias espanhola EFE, naquela tarde de sexta-feira (12 de janeiro). Mas a 20 [REVISTA Bzzz]

• PENSE! NUMA NOTÍCIA • VISITAÇÃO E DIVULGAÇÃO Infelizmente para os curio- so abrir ao turista. Mas tudo ao Globo Repórter fez reportagem sos o Castelo permanece como seu tempo”, estima Ronílson, que um destino turístico particular, pretende inaugurar o Castelo em 2000, com o jornalista Luiz apenas para contemplação, mi- com uma grande festa aos mol- ragem. “Quando você abre ao des medievais, “com todos co- Carlos Azenha. Curioso é que o público precisa oferecer estrutu- mendo galetos com a mão”. ra. E não há banheiro para o vi- tema da matéria tratava da in- sitante. Fiz o castelo para morar, A revista Terra, da editora fidelidade. “Eu tinha uma ruma mas tomou uma dimensão além Abril, talvez tenha sido a pri- de mulher e vieram conversar desse objetivo. E sei que preci- meira a divulgar o Castelo de Bi- var, ainda no século passado. O comigo e, claro, mostraram o castelo. Aí ficou conhecido. De- pois vieram Record, Bandeiran- tes…”, relembra. PELEJAS DE OJUARA Em 2006, a equipe de filmagem jas de Ojuara, do escritor potiguar lio Levir namorava uma menina do cineasta Moacyr Góes passou Nei Leandro. O Castelo de Bivar fi- de Carnaúba, que morava no Rio gurou, no filme, como a morada da de Janeiro. Ele me alertou que a solicitar visitações constantes Mãe de Pantanha. iriam pedir de graça, mas que tinham dinheiro para pagar. Eu no castelo. E só depois de um ano “Inicialmente queriam reali- cobrei mil reais ao dia e deu tudo zar as filmagens de graça, por- certo, embora muito barato. Fo- dessa frequência, solicitaram a lo- que seria divulgação do castelo. ram 15 dias de locação”. cação do espaço para as filmagens do filme ‘O Homem que Desafiou o Mas um ator global chamado Ju- Diabo’, inspirado no livro As Pele- JULHO/AGOSTO 2021 21

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Geraldo Queiroz Jornalista / Membro da ANL DE SANDERSON A ZILA DEFINITIVA HOMENAGEM 22 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Dois personagens marcan- à amiga. Disposta em página in- honra que me foi conferida pelos tes do Rio Grande do Nor- teira, a matéria reúne sob o título acadêmicos de sucedê-lo naquela te: Zila Mamede e Sander- (Quando Zila/ num fim de tarde / instituição. Explicitava, também, son Negreiros. Além de poetas e encantou-se / nas águas fundas do o compromisso de preservar sua do fazer literário que os direcio- mar), além da crônica, dois poe- memória, divulgando o que tão nava, Zila dedicou-se de corpo e mas da autora que marcam defi- bem construiu com a palavra, a ser alma ao trabalho como Bibliote- nitivamente a presença do mar na conhecido pelos mais jovens. cária. Sanderson, ao Jornalismo. vida e na poesia de Zila: Mar Mor- Além disso, e maior que isso, há to e Canção do Afogado. São esses os fundamentos de se admirar o humano ser que que me levam a dividir com o lei- os caracterizou ao longo da vida. Ao assumir, em maio de 2019, a tor desta revista os textos veicu- Tive a honra de desfrutar da ami- cadeira nº 40 da Academia Norte- lados em O POTI de 22.12.1985. zade e dos ensinamentos que -Rio-Grandense de Letras (ANRL), A publicação, ainda hoje acessí- generosamente sabiam compar- sucedendo o jornalista e antigo vel em minhas estantes, me foi tilhar. De Sanderson fomos vizi- vizinho da Roselândia (falecido oferecida com entusiasmo por nhos no Conjunto Roselândia, por também no mês de dezembro, em outro vizinho, Carlos Lima, tam- quase 20 anos, constituindo com 2017), tive o prazer de utilizar seu bém nosso companheiro na anti- os moradores da Rua Desem- primoroso texto como guia para a ga Faculdade de Jornalismo Eloy bargador João Dantas Sales uma elaboração do discurso que pro- de Souza, onde iniciamos rica ex- comunidade verdadeiramente nunciei na ocasião, agradecendo a periência como professores. solidária. Com Zila, sempre nos encontrávamos no ambiente Sanderson Negreiros, jornalista fraterno da casa de uma irmã e grande amiga sua, Terezinha de Queiroz Aranha. À família, ela es- tendia o bem-querer e temas para muitas conversas e lições. Em dezembro de 1985, a no- tícia sobre a morte sufocada de Zila no mar de Natal impactou a população da cidade e seus admi- radores, de norte a sul do país. E nos fez mais tristes naquela tarde, a pensar além-fronteiras, numa canção interpretada por Merce- des Sosa – Alfonsina y El Mar – que conta poeticamente o desapareci- mento de Alfonsina Storn, poetisa argentina também tragada pelo mar. No domingo antes do Natal, O POTI publicava uma crônica as- sinada com toda a sensibilidade e força criativa de Sanderson, em que presta definitiva homenagem JULHO/AGOSTO 2021 23

• EDITORIAL|HISTÓRIA • 24 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • QUANDO ZILA, NUM FIM DE TARDE, ENCANTOU-SE NAS ÁGUAS FUNDAS DO MAR A última vez que a vi, você ca- que perseguiam a Estrela da Ma- Zila Mamede, poetisa minhava pela Praia do Forte, de nhã, encantamento de seu amigo maiô róseo, chapéu à cabeça, na- paternal Manuel Bandeira, como feito da paina e da lã mais como- quele andar que eu adivinharia poderiam descobrir – poderosos vente, lastro de anêmonas e gi- à distância. Vi-a assim na manhã olhos videntes – os caminhos do rassóis (principalmente os giras- nascitura, de recentíssimo do- sertão, o hectare onde dorme o sóis azuis que você amava), cuja mingo, pleno daquele verão que vento sertanejo, o acento vertigi- única circuncisão foi ter sofrido amadurece no ar as cores de de- noso de sua infância passada em da vida o batismo de sagrar-se zembro – as belas cores de azul Nova Palmeira, Paraíba, e Currais poeta, e cujo canto comove, não e amarelo – e você estava sem Novos. Mas, sobretudo, olhos que pela gratuidade do sentimento, óculos. Ao chamar-lhe pelo nome, amaram e revisitaram, durante mas pela inesperada presença você não percebia seu amigo todos os momentos, o mar que ou dom de saber ver as coisas – o pressuroso que, de quase longe, a enfeitiçava, o mar estrangeiro Universo, enfim – pelo seu lado exultava na alegria de sempre re- que lhe era um chamamento diu- solar e lunar, que fica além da vi- vê-la e reconhecê-la, em qualquer turno, o mar e sua vertigem de são puramente física. lugar e instante. horizontes, suas possibilidades de vagas e rumores, seus domí- Tanto a conheci, durante trin- Mais tarde, telefono-lhe con- nios de assombro e melancolia, ta anos! Nossa amizade frequen- tando a aparição de minha fra- de fascinação e alumbramento, tou todas as esquinas da sur- terna amiga. “E por que você não de vida e auroras. presa, a instigação de todos os veio me falar de mais perto?” – foi silêncios e compreensões; e essa a pergunta, marcada por aquele Amiga e minha irmãzinha, riso, riso ziliano, que só concedia por que tanto essa presença do pleno de oferta e encantamento. mar em suas cercanias, nos li- mites externos de seus poemas, – Não fui porque preferi nos bulevares do seu sonho? Seu acompanhar-lhe com o olhar – espírito já vinha com a certeza respondia eu. dessa prova que iria enfrentar? Você amava essa vastidão ma- Há pouco, vi seu corpo entre- rítima ao ponto de dizer, em gue ao silêncio absoluto, hori- um poema que nessa liberdade zontalmente, retirado das águas (que o mar oferece) queria um profundas, do mar morto que dia se afogar? você adivinhou e descreveu em seu primeiro poema. Os olhos Seu mapa-múndi, querida estavam cobertos, esses olhos Zila, já trazia referências indo- máveis sobre o naufrágio, frágil, JULHO/AGOSTO 2021 25

• EDITORIAL|HISTÓRIA • amizade nunca sofreu um dimi- jar, sempre pensando em crescer Extremamente rigorosa con- nuto tom de ocaso. Mesmo que por dentro. sigo, não dava tréguas ao que passasse meses sem vê-la, eu lhe parecia ser necessidade de sempre veria você pela primeira E estudou nos EUA, defendeu disciplina interior. E exterior. vez – e me sentia feliz. tese na Universidade de Brasí- Cumpria horários, compromis- lia, formou-se em biblioteco- sos, palavra empenhada, direitos Em 1956, você dirigia a Biblio- nomia no Rio de Janeiro. Viveu adquiridos, com um rigor serta- teca do Atheneu Norte-riogran- experiências as mais diversas: nejo. Sua palavra valia a pena. dense. Eu tinha uns 16 anos, e lia iludiu-se e desiludiu-se com a Não sofria multa, nem correção e escrevia furiosamente. Todos os Universidade da capital federal, monetária. dias ia vê-la, conversar com você quase destruída pela repressão minhas inquietudes bastardas, de 64; acreditou em novos inten- Nesses trinta anos, quantas meus desejos incipientes, meus tos – a pesquisa da obra de Cas- vezes a surpreendi, anonima- sonhos especulativos. Era uma cudo consumiu-lhe vários anos, mente, sendo fiel à amizade! conversa longa. Você logo se afir- como, agora, a que empreendeu Nesses trinta anos, quantas ve- mou para mim a irmã mais velha, sobre João Cabral de Melo Neto zes surpreendi você, Zila, sendo a grande irmã, que me descobria quase sucumbiu suas forças – generosa, e exercitando a bon- os livros para ler, que madrugava mas onde estivesse, estariam a dade escondidamente! Um dos para meu espírito os temas da impaciência e a obstinação de seus grandes bens de amizade cultura, a vocação para a poesia fazer, os novos projetos literá- não era povoado por nenhum si- e o tom para essa música interior rios, na face, a sua, que exigia nal semafórico. Você escolhia os da amizade, que nunca haverá de convivência; que, apesar de tudo rumos da vida no silêncio. desaparecer na retina dos meus e da solidão que a cometia den- olhos fatigados, como disse o samente, estava sempre prestes Gostava de mostrar-lhe meus Poeta. Da biblioteca, íamos para para participar, para o diálogo poemas – eu, que há vinte anos sua casa, que você tão bem re- aberto, destemido e, até agressi- não os faço para merecer o nome corda em um poema, na vibração va, na defesa de seus pontos de de poeta – e você me ensinava das tardes do Tirol, do Tirol que vista, mas morrendo de amores Poesia. Você não era apenas um forma para mim uma espécie de por quem queria bem e que lhe poeta. Era uma mestra, no sen- triângulo-das-bermudas ao con- tenha mostrado o caminho da tido que quis emprestar a essa trário: quem olhar os céus, nas fraterna convivência humana. palavra Ezra Pound. À maneira manhãs e tardes do Tirol, não de Jorge Guillén sobre Garcia morre nunca. O que poderia em você soar Lorca, eu lhe dizia: você não faz como disposição agressiva era frio nem faz quente. Você faz Zila. Na sua casa, a presença de resultante da timidez da menina sua Mãe. Simpática, efusiva, que que em você persistia; da meni- No seu livro SALINAS, você diz, servia uns lanches sertanejos na que quis ser freira, teve sua na dedicatória, que eu recebes- inesquecíveis. Naquela casa, adolescência banhada pelo so- se de você o sal da ternura mais você contemplou a poesia de nho conventual – e, de repente, humana. Sal que no Evangelho seus dois grandes livros, ger- teve que ser o centro espiritual é sinal de vida – e não de morte. minativa e seminal, que são O de toda a família, pela dedica- E você lutava com uma ambição ARADO e SALINAS. Do terraço ção extremosa, pela doação de imensa, sem cessar um minuto, daquela casa, da rua tirolesa, ao si mesma, no silêncio do que por viver. Tinha uma ortodoxia de vento bom ainda dos anos 50, vi lhe passava como revelação; ou cumprir seu dia que não se vê em o sonho prorromper de seu ros- como alegria desatada dos que poetas. Eram tantas horas para to - e você imaginava viajar, via- se sentiam felizes ao seu lado. caminhar a pé, tantos minutos para exercícios aeróbicos, tanto 26 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • tempo para a leitura – e, assim, A poetisa que Manuel Ban- olhar, o olhar do amigo e do ir- compartimentava o dia, que se deira considerava uma das mão acompanhará sempre você, multiplicava milagrosamente. maiores de nossa literatura, em como na manhã recente da Praia todos os tempos, a lírica visio- do Forte, quando caminhava, so- Na sexta-feira de manhã, nária que conheceu a prática do zinha, límpida, clara, estuante você entrou em licença médica verso de Rimbaud – “todo sol de ser, como se trepidasse sobre e foi para o mar, nadadora afoi- é atroz e todo luar é amargo” – um sismo de ventos; ou se equi- ta. Antes, cantou, feliz, em seu vestiu-se – como antes tinha-se librasse nas calçadas-arrecifes apartamento. Era um mar de vestido premonitoriamente em que circulam a beira do mar. ventos e correntes inesperadas. seus poemas – de marinheira, e Porque ninguém via, mas a Eter- E uma dessas vagas levou-a sub- mergulhou para sempre. Mesmo nidade já pousava a mão de luz mersa, para o outro lado da ci- sem o seu perfil material, meu sobre seu ombro. Adeus (SN). dade – a Redinha. Poemas de Zila em OPoti JULHO/AGOSTO 2021 27

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Anderson Tavares de Lyra Historiador João de Albuquerque Maranhão Cunhaú em óleo do alemão Karl Ernest Papf João Cunhaú e o litígio de Baía Formosa 28 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • João de Albuquerque Mara- Luzia Antonia de Albuquerque Maranhão Arco Verde, jovem, em óleo de Karl Ernest Papf nhão Cunhaú é uma das figu- ras mais controversas da Casa Em setembro de 1870, João petente por seu advogado Dr. Ma- Cunhaú, no auge de sua autori- nuel Januário Bezerra Montene- Hereditária de Cunhaú. Nascido gro, e obtendo êxito em primeira no histórico engenho, no dia 24 dade, era o “dono de Canguare- instância, foi com o juiz municipal de junho de 1833, era filho na- de Canguaretama, auxiliado por tural de Amaro de Albuquerque tama”. Partiu para Baía Formosa uma guarnição de força policial, no dia 04 de agosto de 1877, es- Maranhão e de Ana Francisca e ordenou a derrubada de algu- bulhar os moradores que conti- nuavam firmes em seus propósi- Dutra. Cresceu trabalhando na mas casas de moradores que não tos de não pagar os foros. lida campesina nos engenhos, lhe pagavam foros pelas terras. Não houve resistência e João O conflito só não foi maior devi- Cunhaú mandou derrubar 11 ca- fazendas e sítios da família. Estu- do o pedido de ajuda ao governo sas e ordenou a construção de novas no local que seriam desti- dou na infância. Era alfabetizado provincial feito pelo delegado. A nadas a outros foreiros. Os mora- dores despejados viajaram a Natal e sabia escrever. contenta permaneceu na Justiça. No dia 16 de outubro de Alguns anos mais tarde, em 1867, João Cunhaú casou com princípio de 1877, João Cunhaú a sua prima Luzia Antônia de continuava a sua luta para pro- Albuquerque Maranhão Arco var os seus direitos sobre Baía Verde, filha do famoso Briga- deiro André de Albuquerque Formosa. Impetrada a ação com- Maranhão Arco Verde, na Igre- ja Matriz de Nossa Senhora do Desterro, em Vila Flor, interior do Rio Grande do Norte, na pre- sença do vigário José de Matos Silva. Da união tiveram cinco fi- lhos: Horácio, André, Maria da Conceição, Benedita M. da Con- ceição e Antonieta. O casal resi- diu por alguns anos no Engenho Cunhaú, depois passou a morar no Engenho Estrela. Membro do Partido Liberal, João Cunhaú foi eleito vereador e presidente da Câmara Munici- pal de Canguaretama no período de 1870-1873. É nesse período que, na posse das antigas escri- turas e documentos seculares da propriedade Cunhaú, inicia-se um processo na Justiça visando a oficialização de “seus direitos” sobre os terrenos de marinha onde foi edificado o povoado da Baía Formosa. JULHO/AGOSTO 2021 29

• EDITORIAL|HISTÓRIA • e reclamaram da situação ao Pre- Engenho Estrela sidente de Província, que era ad- versário político de João Cunhaú Capela de Nossa Senhora da Conceição da Baía Formosa e partidário do deputado Amaro Bezerra. Assim, tanto o presidente Dos moradores da Baía For- preso, ao estado maior em Natal, quanto o chefe de polícia instiga- mosa morreram durante a luta por um ano, até que foi julgado ram os moradores à resistência. os seguintes: pescadores Fran- e absolvido das acusações por cisco de Magalhães, Joaquim do unanimidade pelos jurados. De Sabendo dos entendimen- Porto, Manuel Joaquim Belleu e seus capangas foram presos e tos entre moradores e a admi- Germano de Tal. Outros tantos pronunciados: Miguel Fulgério, nistração da província, João saíram feridos leves ou grave- André Quintiliano, José Enéas e Cunhaú seguiu para o povoado mente, tendo falecido os seguin- Pedro Tanico. da Baía Formosa, no dia 10 de tes, dias após a luta: Miguel dos agosto de 1877, acompanhado Anjos Pequeno e João do Porto. O conhecido litígio da Baía For- por seu jovem filho Horácio de Cinco senhoras ficaram viúvas e mosa foi uma página sangrenta Albuquerque Maranhão e cerca vinte e oito crianças órfãs. do autoritarismo e do mandonis- de 40 homens, entre trabalha- mo do Brasil imperial. Episódio dores e capangas do seu enge- João Cunhaú foi recolhido, triste da nossa crônica histórica nho Estrela, segundo argumen- tou sua defesa “preparado para assistir a qualquer incidente contra ele aparecesse”. Segundo relatos da época, os moradores ficaram apavorados com o enorme séquito, munidos das armas mais potentes e ater- rorizantes. Os nativos animados pelo pescador Francisco de Maga- lhães, armaram-se com pedaços de madeira, pedras e garruchas. Naquele momento, é possível que tenham recordado a primeira tentativa de expulsão perpetrada por João Cunhaú aos antes. Segundo ainda a defesa de João Cunhaú, logo que o grupo entrou no povoado: “(...) foi rece- bido com os nomes mais injurio- sos pelos ‘maus’ rendeiros, que sem o menor escrúpulo dispara- ram uma descarga fazendo cair ferido por uma bala ao jovem Horácio (...) agora avalie o pú- blico o que faria um pai em tão aflitivo estado (...)”. 30 [REVISTA Bzzz]

• EDITORIAL|HISTÓRIA • Município de Baía Formosa O valor foi dividido até 1885 e Mata da Estrela, um dos maiores nunca foi totalmente pago pelos resquícios da Mata Atlântica no Mata estrela com a lagoa da Coca-cola adquirentes. Logo em seguida, Nordeste e atrativo turístico bas- João Cunhaú aderiu ao movi- tante procurado. e que nos leva a refletir sobre os mento abolicionista e liberta os conflitos por terras ainda hoje seus escravos sem condições. A partir de 23 de novembro existentes. O município de Baía Doa um importe valor à Socie- de 1883, dia do falecimento de Formosa, até hoje, tem na data de dade Libertadora Natalense. D. Luzia Antônia de Albuquer- 10 de agosto, um dia histórico de que Maranhão Arco Verde, João resistência de sua comunidade e Senhora do Engenho Estre- Cunhaú vai desaparecendo gra- comemora com festas. la, graças à sensibilidade de D. dativamente do noticiário e vai Luzia Antônia, esposa de João entrando no ostracismo. Sua úl- Após todos os acontecimen- Cunhaú, que mandou demarcar tima aparição ocorreu quando tos, João Cunhaú vendeu o Enge- uma grande área de mata nativa; ele aderiu ao movimento repu- nho Estrela em agosto de 1882 temos atualmente a conhecida blicano. Faleceu em Canguareta- aos ingleses Eduard Charles ma, no dia 05 de agosto de 1896. Bowm e John Loughan Reed, da companhia Reed, Bowm & Cia., Sua fama de homem autori- por trezentos contos de réis. tário persistiu durante anos no imaginário popular do estado. Luís da Câmara Cascudo recolheu algumas passagens de sua vida. Em uma de suas Actas Diurnas, indagou sobre o paradeiro dos filhos e netos de João Cunhaú e Luzia Antônia. Todos buscaram o anonimato. Alguns foram embora do Rio Grande do Norte. André fa- leceu solteiro, em Canguaretama. Maria Antonieta mudou para o Rio de Janeiro, onde casou e dei- xou descendência. Sua filha Benedita Maria da Conceição ficou no Rio Gran- de do Norte. Morou entre Can- guaretama e São José de Mipi- bú. Teve duas filhas de Pedro Ferreira da Silva, filho do co- ronel Felipe Ferreira da Silva (de Mangabeira, Arêz) e Joana Olímpia Ferreira da Silva. Uma dessas filhas foi Sebastiana Ferreira da Silva, guardiã da memória da antiga Casa Here- ditária de Cunhaú, uma de mi- nhas bisavós maternas. JULHO/AGOSTO 2021 31

Foto: Jefferson Rodrigues REPORTAGEM|CAPA PAULA GASPAR OLHA ELA! 32 [REVISTA Bzzz]

SUCESSO NO Agraciosidade e a elegância Neta de Denise Pereira Gaspar, INSTAGRAM COM O de Paula Rocha Gaspar Ca- sinônimo de elegância e finesse SEU PERFIL VOLTADO valcanti atraem olhares de do Rio Grande do Norte ao Rio admiradores e admiradoras por de Janeiro, Paula segue os passos PARA A MODA, onde ela passa. Muito além de da avó ao se inserir no mundo da PAULA GASPAR É um visual harmônico, a inteligên- moda. Hoje ela é uma das princi- A QUERIDINHA DO cia de Paulinha, como é chamada pais influenciadoras à frente de por amigos e familiares, a fez al- marcas potiguares com amplitu- MOMENTO NOS cançar voos altos na vida pessoal de nacional, como Palone, Fio a FLASHES E HOLOFOTES e profissional. Aos 32 anos, ela Fio, ZOE e Bia Souza Brand. Para é linda e sabe viver, como bem se ter ideia, Denise foi uma das DO GLAMOROSO canta Caetano Veloso. Servidora clientes estreladas do badalado MUNDO DAS REDES exemplar da Justiça Federal, a It Dener Pamplona (1937-1978), SOCIAIS. HERDEIRA DE Girl (ícone de charme, beleza, ele- considerado o pioneiro da alta- DUAS TRADICIONAIS gância e carisma que dita moda) -costura brasileira. divide com o público das redes FAMÍLIAS DO RN, sociais tendências do street style Quando nasceu, Paulinha era ELA É EXEMPLO DE (termo usado no mundo da moda a única neta mulher por parte do que indica estilo independente pai e caçula por parte de mãe. QUE ELEGÂNCIA de classe social) à haute culture Mimos não faltaram à primeira ESTÁ NAS ATITUDES, (alta costura). menina que nascia na família. A proteção natural dos que a amam PRINCIPALMENTE NO TRATO COM Foto: arquivo pessoal O PRÓXIMO. E SE ORGULHA DE SER EFICIENTE SERVIDORA DA JUSTIÇA FEDERAL Por Aura Mazda Estilista Dener Pamplona, (1937-1978) Com as avós Denise Gaspar e Vivi Rocha JULHO/AGOSTO 2021 33

REPORTAGEM|CAPA não a fizeram perder a noção do anos depois, quando já estava um momento de lazer e férias mundo real e seus problemas, na faculdade e gostava de me ar- conforme recorda. Por volta dos rumar para as aulas. Sempre fui da Justiça, tinha esse tempo de 13 anos, viu a família passar por muito vaidosa”, confessa. momentos de dificuldade quan- me dedicar às redes sociais. Na do o comércio de roupas que Sete meses após se formar administrava foi à bancarrota. no curso de Direito, passou de época, era uma coisa totalmen- Paula dedicou-se aos estudos primeira em um concurso da dali em diante, porque não que- Justiça Federal, em 2012. As- te orgânica”, explica. ria depender dos altos e baixos sumiu em dezembro de 2014. do comércio. “Sempre fui inse- Foi quando começou a postar Na pandemia, o processo rida no meio da moda por causa em suas redes sociais alguns para se tornar influenciadora da loja de roupa dos meus pais, registros de viagens que fazia de moda e comportamento foi além da referência da minha avó ao lado do marido, Paulo Caval- Denise. Quando a loja deles que- canti, explorando o mundo dos acelerado. Começou a dar dicas brou, esse lado ficou um pouco vinhos. “Sempre postava as de- adormecido, vindo a ressurgir gustações e, lógico, postava os sobre moda e expor um pouco meus looks também. Como era mais do dia a dia, menos como hobby e mais de forma profis- sional. Naturalmente, começou a ser chamada para trabalhar com marcas. Foi a primeira virada de chave no processo de se tornar profissional na área da moda. Foto: Nara Santos Foto: Jefferson Rodrigues 34 [REVISTA Bzzz]

Foto: Jefferson Rodrigues JULHO/AGOSTO 2021 35

REPORTAGEM|CAPA O primeiro trabalho de ex- dia a dia, para que eu também na pandemia, ia para a Praia de posição foi com a ZOE, marca de possa encaixar em minha vida”. Jacumã e eu deixei de ir para roupa da amiga Jéssica Lopes. trabalhar nos fins de semana”. Não demorou para ser convidada Das responsabilidades entre pelas badaladas Palone Design e a Justiça e o mundo da moda, Agora, o novo momento é a marca de moda-praia Fio a Fio não mede esforços. “Às vezes de um significado que não con- para fazer fotos de campanhas. estou fazendo uma foto e chega segue descrever em palavras “Estou com as três empresas até uma prisão em flagrante, mi- exatas. Um dos seus sonhos era hoje e morro de orgulho de es- nha Vara é Comum, então pego conceber um filho ou filha para tar com elas desde o comecinho, qualquer tipo de processo”. Os que os avós pudessem conhe- quando eu era menor e elas acre- dois mundos completam-na. cer o bisneto, ou bisneta. A mãe, ditaram em mim”, celebra. No entanto, isso teve um preço Ariane Rocha Gaspar, é um dos “caro”, porque, segundo Pauli- seres humanos que mais admi- Detalhe: só aceita fazer nha, algumas outras áreas de ra no mundo. “É uma alma evo- trabalhos para empresas que sua vida foram deixadas um luída, que veio para a terra em ela realmente acredite e que pouco de lado. Voltou a cuidar missão de ajudar ao próximo”, estejam inseridas no seu dia a da saúde quando descobriu derrete-se. Lições que preten- dia. Prefere fazer marcas que, que estava grávida, há poucas de passar para o herdeiro que de fato, consuma. “Primeiro pela semanas. “Minhas relações pes- carrega. E nós da Bzzz acres- credibilidade do meu público, soais foram afetadas. Antes fi- centamos: Ariane, além de bela cresci falando do que gosto, sou cava muito com minha família, alma, é também referência de exigente. Tem que estar no meu que durante os fins de semana, elegância e beleza. Foto: Nara Santos Paulinha com a mãe Ariane Rocha Gaspar [REVISTA Bzzz] 36

MUNDO DA MODA Desde a hora que acorda, um Influencers Alexandra Pereira (@alexandrapereira) e Leonie Hanne (@leoniehanne) comportamento, uma paisagens ou conversa do seu dia se transfor- tivo da poderosa marca italiana vida pessoal, diferente da maior ma em shooting (fotos) de moda Bottega Veneta, de propriedade do parte das brasileiras, é o que as que inspira Paula Gaspar, que tem grupo Kering, é o grande nome do tornam diferentes. “A influência como marca registrada a autenti- mundo da moda para Paula Gaspar. do Brasil está muito aliada ao dia cidade. Os seguidores sabem que “Ele chegou e renovou tudo. Cada a dia, já as de fora são algo mais ela, em nenhuma hipótese, dará objeto que ele lança vira desejo”. conceitual, de inspiração, acho dica de um produto que não usa. mais bacana assistir”. A espanho- Longe de ser fútil, Paulinha acha As influenciadoras interna- la Alexandra Pereira e a alemã que moda é uma forma de expres- cionais são as que mais chamam Leonie Hanne são as It girls inter- são da alma, de mostrar ao mun- a atenção de Paulinha. Ela conta nacionais que a inspiram. do quem a pessoa é. “Além disso, que o fato de mostrarem menos a o setor da moda emprega milhões de pessoas. Na pandemia, as lojas precisaram se reinventar e ir para o digital. Para mim, moda é como música, não é essencial, mas não sabemos viver sem”. Como marca, admira a NV, de Nati Vozza. “Ela é um fenômeno, cresceu com uma base sólida em rede social. Apesar de ser polêmi- ca, ela construiu um império e isso é admirável”, considera. O jovem britânico Daniel Lee, diretor cria- Foto: Hallysson Bysmarck Foto: Nara Santos JULHO/AGOSTO 2021 37

Foto: Nara Santos REPORTAGEM|CAPA 38 [REVISTA Bzzz]

Foto: Hallysson Bysmarck RN DE SUCESSO Longe do centro fashion do No setor de vestuário, o RN Brasil, que fica no Sudeste, o Rio ainda fica atrás de estados como Grande do Norte é um estado com muitos profissionais pro- o vizinho Ceará. “Vejo que algu- missores, cheios de bom gosto. mas empresas daqui querem A falta de crescimento indus- imitar outras de fora, como a trial, entretanto, trava o cres- própria NV. Não adianta, por cimento de marcas, considera mais que você goste e admi- Paulinha, mas algumas seguem firmes nos degraus do reconhe- re uma marca, temos que ter a cimento. Para ela, Palone, por nossa própria história e nossa exemplo, é um ponto de desta- identidade. Para mim esse é um que. A marca é comandada por diferencial da Bia Souza Brand, Palone Queiroz Leão, especiali- por exemplo. Ela está super re- zada em criação e produção de lacionada a tendências, além de acessórios. “Poucas marcas na- ter personalidade”, finaliza. Em- cionais competem de igual para presária e estilista potiguar, Bia igual com ela”. Souza foi a nossa entrevistada de capa da edição de nº 78, feve- reiro/março de 2020. Estilista Bia Souza Brand JULHO/AGOSTO 2021 39

PUBLICADA EM MAR/ABRIL DE 2019 40 [REVISTA Bzzz]

JULHO/AGOSTO 2021 41

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JULHO/AGOSTO 2021 43

PUBLICADA EM OUTUBRO DE 2017 44 [REVISTA Bzzz]

JULHO/AGOSTO 2021 45

46 [REVISTA Bzzz]

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48 [REVISTA Bzzz]

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PUBLICADA EM OUTUBRO DE 2017 50 [REVISTA Bzzz]


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