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A BARROSANA EDIÇÃO DE ANIVERSÁRIO -

Published by dvazchaves, 2020-10-31 23:23:38

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A 3 NOVEMBRO A BARROSANA2017 Revista de informação Versão digital NOVEMBRO 2020

PORTUGAL COMEÇA AQUI… A TERRA E AS GENTES…

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 3 A BARROSANA PERIODICIDADE DIRECT OR E FUNDADOR Mensal Domingos Chaves CONTACTOS Coordenação Email: [email protected] https://a-barrosana.webnode.pt/contacto/ Domingos Chaves DIREITOS Textos de Edição Nos termos do disposto no n.º 2, alíneas i) e j) do artigo 68.º e do artigo 75.º, n.º 2, Ficha Técnica E… BARROSO É ISTO MESMO… alínea m) do Código dos Direitos de Autor Domingos Chaves, Catarina Pereira. e dos Direitos Conexos, e do artigo 10.º Barroso da Fonte, Fernando Gonçalves Barroso não tem monumentos, nem precisa!... da Convenção de Berna, é de todo ou de Rosa, António Chaves, Custódio Montes Barroso é só por si um verdadeiro parte, proibida a reprodução bem como a Marie Oliveira, Arménio Santos, Carlos monumento. O granito que deu forma às suas distribuição, comunicação ou colocação Tomás, Fernando Botelho Gomes, Isabel \"muralhas\", aos velhos quartéis de outrora, às à disposição da totalidade ou parte dos Tavares, João Damião, Raquel Costa, José igrejas e ao casario, foi arrancado às encostas conteúdos desta publicação com fins Alves, Jorge Martins, António Lourenço que descem até ao Cávado e ao Rabagão, os comerciais directos, indirectos ou outros., Fontes e Gabinete Imprensa da C.M. rios que serpenteiam os termos de toda a em qualquer suporte, através de qualquer Montalegre região. Esse é o granito omnipresente que meio técnico, sem a autorização prévia consubstancia, torna concreta e palpável a do director. Fotografia memória do meu povo. Foi com essas pedras EDIÇÃO Domingos Chaves, C.M. Montalegre, José que ele se defendeu, construiu as suas humildes habitações, paços senhoriais ou Novembro 2020 - Edição 36 Alves, Fernando D. C. Ribeiro, Artur vivendas burguesas, pavimentou as ruas, DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Pastor, Mauro Fernandes Heléne Martins, albergou santos em igrejas e conventos e deu Versão digital guarida aos militares que o defendiam das Raquel Costa e Portal Google invasões. A Barrosana Nessas pedras deixaram os mestres canteiros ISBN as suas identitárias marcas e os pedreiros as 152281/2017 suas fortes e certeiras cinzeladas. Hoje não se Execução ouve o pedreiro a percutir a pedra, nem o Domingos Chaves bulício dos militares em serviço ou de licença, e são poucas as crianças que alegram e dão REVISTAONLINE vida às ruas cada vez mais desertas. Mas os que por cá andam, os que cá moram e os que https://a-barrosana.webnode.pt/ como eu não abandonam a \"terra\", têm a firme convicção de que o futuro de Barroso terá que ser ainda mais risonho. Sejamos justos: aquilo que tem para oferecer é único. Tudo que ficou dito, é ímpar!... A arquitectura moldada pelo Larouco e pelo Gerês, tem aqui uma das suas pérolas mais brilhantes e marcantes em comparação com outras que existem por essa Europa fora.

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 4 Sempre até ao fim… Domingos Chaves Olhando para o papel que a comunicação social tem E… já lá vão três anos!... Nesta jornada, a “A Barrosana” assumiu desde desempenhado por estes lugares de Barroso, é incontornável sempre a postura de intransigente defensora da nossa vasta região, desde o aportarmos a esta revista, que se vem alavancando na demanda não mais remoto lugar até às aldeias e vilas que a integram, todas elas com apenas da informação, mas também na solidária mão que sempre problemas comuns. Tal visão, passa e continuará a passar no futuro pela sua deu aos anseios e aspirações de uma geografia demasiado distante coesão em torno de um objectivo: o desenvolvimento do território como da vista e do coração dos poderes, que ao longe apenas e sempre um todo, sem querer saber onde começam as fronteiras de uma freguesia, procuraram adivinhar o que por aqui se passou e passa. ou terminam as de um qualquer lugar. Um “berço” que nos embala por O papel da comunicação social local, não pode de forma alguma entre as serranias da incerteza e que só se manterá à tona, se o pensamento, ser dissociado do contexto social onde ela está inserida. Não tal como a acção, for comum. compreender isso é não compreender um dos fundamentos Foi baseado em tais pressupostos, dos quais não se desviará, que a “A essenciais deste trabalho de proximidade. Uma revista que não Barrosana” instituiu o seu desígnio de construção e fortalecimento deste esteja entranhada no sentir colectivo da comunidade que serve, não título. Um título que aprendeu também, que estando comprometido com o cumpre em pleno a sua função. Neste mês em que celebramos o desenvolvimento do concelho, sabe também que tal só é possível, com uma terceiro aniversário, o compromisso eleva-se novamente ao mesmo visão global do território e que os grandes e reais problemas ultrapassam as padrão que a fez já uma referência nas Terras de e é com o fronteiras administrativas do Município. Perpetuar o espírito das grandes reconhecimento do trabalho de quem connoscoBarroso e além reflexões sobre o Interior, é outra das obrigações históricas da “A fronteiras!... Novembro é o mês do nosso aniversário colabora, que Barrosana”, que enquanto título, honra as suas raízes e marca de abraçamos o desafio do futuro. informação, com a consciência do que representa para o território e para os É claro que não estamos naturalmente isentos a críticas e a reparos. seus leitores. Mas fica apenas e só, o renovar de uma mensagem: a “A Às portas do seu terceiro ano de vida, a “A Barrosana” continuará por isso Barrosana”, está, como sempre esteve, ancorado na nossa “Pátria este umbilical conceito de compromisso. O conforto, esse, encontramo-lo Barrosã”, nas suas angústias e esperanças e sempre com as suas tantas vezes na memória de dias pretéritos que vão pontuando a nossa gentes. existência e que se tornaram relevantes excepções nesta travessia colectiva de O futuro está aí e vamos a ele, com convicção e empenho… um quotidiano que nos pertence e que moldamos segundo a nossa perspectiva e modo de estar na vida. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 5 OS DESTAQUES O DESTAQUE DO MÊS 8 A pandemia que nos ensinou, “que todos precisamos de todos” EDITORIAL 7 10 A “encomenda”… SOCIEDADE VACINAÇÃO O Dia de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos, lembrados e todo o país. Campanha iniciou-se em todo o concelho… SOCIEDADE 16 A contra-reforma das freguesias ECOS DAHISTÓRIA 19 A História de Portugal vista à luz da moral 25 15 CULTURA A casa Barrosã e o Patrimonio construído COMUNIDADES 39 Uma retrospectiva das comunidades portugueses nos 57 mãos diversos países da Europa. POLITICA NACIONAL Os grandes assuntos do momento O Concelho em Noticias 41 12 15 19 Barroso da Fonte João Damião Fernando Fernandes 33 38 39 António Chaves Custódio Montes Marie Oliveira POLITICAMENTE FALANDO 64 O a l e r t a c o n t r a o s n a c io n a l is m o s e o s p o p u l is m o s Retrospectiva A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 6 A evocação do poeta Por ti, pelo teu ódio à Liberdade “anti-regime”… à Razão e à Verdade, a tudo o que é viril, humano e moço, a fome e o luto apagaram os lares e os homens agonizam aos milhares no exílio, no hospital, no calabouço. Por ti raivoso abutre Jaime cujo apetite sôfrego se nutre Cortesão de lágrimas, de gritos, de aflições gemem nas aspas da tortura (1884 - 1960) ou baixam em segredo à sepultura os mártires que atiras às prisões. A este claro Povo, herói dos povos, que deu ao Mundo mundos novos, mais estrelas ao Céu, mais luz ao dia; a este livre e luminoso Apolo atas as mãos, os pés e o colo, e encerras numa lôbrega enxovia. Falas do céu, como um doutor no templo mas tu encarnação e vivo exemplo da hipocrisia vil dos fariseus, pelos sagrados laços que desunes, pelos teus crimes, até hoje impunes roubas ao mesmo crente a fé em Deus. Passas... e mirra a erva nos caminhos, Jaime Cortesão as aves, com terror, fogem aos ninhos, e ao ver-te o vulto gélido e felino, Médico, Político, Escritor e Historiador mulheres e mães, lembrando os lastimosos casos de irmãos, de filhos ou de esposos, Formou-se em medicina e como voluntário integrou o corpo bradam crispadas as mãos: Assassino! Assassino! médico do CEP-Corpo Expedicionário Português, na I Guerra Mundial. Em princípios de 1918 foi gaseado enquanto prestava Passas... e até os velhos, cujos anos têm costumado a monstros e tiranos assistência a soldados feridos. dizem, com a boca cheia de ira e asco: - Sobre esta Pátria mísera que oprimes, jamais alguém foi réu de tantos crimes. Vai-te! Basta de vítimas! Carrasco! Passas... e ergue-se, vai de vale a cerro Mais tarde opôs-se ao Estado Novo e no princípio dos anos 30, dos hospitais, do fundo das masmorras exilou-se em Espanha onde apoiou a jovem república até o às inospitas plagas do desterro, General Franco tomar o poder após uma longa guerra civil. um coro de ais, de imprecações, de morras. Perseguido, Cortesão escapa para França, mas é obrigado a regressar a Portugal em 1940 após a invasão alemã. São multidões que rugem num só brado: - Maldita a hora em que tu foste nado! Com outros republicanos portugueses é preso pela PIDE mal - Que se malogre tudo quanto almejas; chega ao país. Libertado do Aljube em 1941, retira-se para o - Conturbem-se os teus dias de aflição; Brasil onde vai viver até 1957. Regressou entretanto a Portugal, - Neguem-te as fontes água, a terra pão e as estrelas a luz - Maldito sejas! tendo morrido em 1960. Jaime Cortesão (publicado no jornal clandestino \"A Verdade“) A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 7 EDITORIAL O Golpe… Os políticos assumem-se, os covardes pensam com as pernas… Domingos Chaves Vamos lá chamar os bois pelos nomes!... Montalegre não é tativa, à mais elevada taxa de mortalidade infantil e à inexistência de governado, como aconteceu no passado, por gente nomeada serviços médicos e cuidados de saúde, que hoje ardilosamente alguns pelo regime salazarista, muito menos à custa da intimidação nostálgicos saudosistas procuram branquear. E não esquece o povo armada dos eleitores, em que a Oposição PPD/PSD no mínimo residente, nem esses tais que foram em busca de uma vida melhor e hoje já foi perita. Será que já se esqueceram?!... Montalegre é sim se vêem confrontados com a desconsideração e até a ameaça… governado e desde hà 30 anos, por quem o povo entende que o deva ser através do voto directo e secreto em urna, e em Como a História não se apaga, há que subvertê-la… alguns casos até, com o apoio de figuras gradas do próprio PSD e dos seus Vereadores que votaram favoravelmente Assim como não esquecem, que a tal fuga ao contrário daquilo que Planos e Orçamentos. E sendo assim desde hà 30 anos, é querem vender, se iniciou na década de 60, no tal tempo a que os porque o povo não hesita em conceder-lhe o seu voto de desbocados televisivos chamaram de “reino maravilhoso”, como se confiança e em passar um atestado de incompetência à dita soubessem o que isso significa e se prolongou até aos anos 90. Era o tempo Oposição. E este, é de facto um problema para os arredados!... em que andávamos por cá 32.728 resistentes à desgraça que nos Um problema sim, mas que cabe a eles resolver, ao invés de impunham. Era o tempo em que passados 10 anos e já em 1970 passamos reiteradamente continuarem a refugiar-se em desculpas de a ser 22.925. Era o tempo em que 11 anos depois, que coincidiram com os mau pagador e na falta de democracia. Recorrer a terceiros, primeiros 5, dos 4 mandatos da governação do PPD/PSD, passamos a ser seja através de programas de televisão para o efeito 19.403. E era o tempo, em que a diferença já abismal, aumentou em mais encomendados, seja a discursos de ocasião importados e 3.939 almas nos 7 anos que se lhe seguiram, face à ausência de politicas de concertados com evangélicos brasileiros que fazem de Salazar fixação que hoje tanto reclama. Feitas as contas, restaram então 15.464 e Bolsonaro as suas bandeiras de estimação para “malharem” resistentes. E isto tem um significado: um significado que se traduz no a governação que o povo consagrou, nunca será a solução, isso diferencial de 32.728 para 15.464, entre 1960 e os finais da governação sim o problema. PPD/PSD em 1989. De então para cá, agora sim nos últimos 30 anos - e Um problema decorrente de uma táctica que confirma a tal esta é que é a verdade, saíram mais 4.927 almas e a população segundo o incompetência que o povo lhe atribui e o esconder de acções e Census de 2011, fixou-se nos 10.537 indivíduos, números idênticos aos comportamentos de quem não as assume. actuais. Ora sendo assim e ao contrário daquilo que a “calhandrice” E já agora, porque não dizê-lo também, seria óptimo argumenta, pergunta-se: quem promoveu e quem conteve afinal o surto deixarem-se de rituais. “Desenterrar os mortos” para além do migratório que atingiu a região?!... As evidências estão todas à vista e o pecado, revela ausência de soluções. Dito por outras palavras: que está à vista escusa candeia. fazer bandeira de imagens fora de prazo, de discursos truncados e descontextualizados e de reacções públicas a uma Desiludam-se pois todos aqueles que apostam no quanto pior melhor!... O distância de sete anos, gravadas por um canal local privado e concelho não está em saldo e dispensa os “novos fariseus”. Felizmente e em rebuscadas na internet para servirem como arma de arremesso todos os quadrantes políticos, gente existe ainda por cá, que sabe honrar a politico, é de um amadorismo tal, que não há palavras para o sua condição de Homem ou Mulher. Quanto aos oportunistas, que outra descrever. coisa não sabem fazer, que não seja colocar o concelho na lama, não Será que ainda ninguém percebeu que tudo isso já foi carecendo de açaime, que lhe seja distribuído um arganel que lhe fira bem politicamente julgado pelo povo em 2013 e em 2017, com os beiços ao refocilarem no esterco que eles próprios cavam. duas estrondosas maiorias absolutas?!... Se esta é a táctica, bem podem mudar de treinador. Não há televisão ou encomenda, ainda que tenha eleito Montalegre como “bicho careto a abater”, que entregará seja a quem fôr, a chave do galinheiro – só o povo é soberano. Povo que não está de cócoras, muito menos é lambe botas como alguns tentam fazer crer. O povo não esquece o seu passado. Não esquece as razões porque milhares de compatriotas foram obrigados a fugir à única coisa que o país e a sua terra tinha para lhes oferecer até aos anos 80 e se resumia à pobreza, ao analfabetismo, à miséria, à escola facul- A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 8 A PANDEMIA QUE NOS ENSINOU A CONCLUIR “QUE TODOS PRECISAMOS DE TODOS” Este é um dos maiores desafios, senão mesmo o maior, das nossas vidas!... É o samente altíssimos níveis de ignorância e que entendem momento, em que todos nós enquanto comunidade, teremos que suplantar sob que tudo é reversível. pena de colapso. A Covid-19 entrou no nosso dia-a-dia em Março e é um dado Há uma coisa que se chama “realidade”!... Uma adquirido que nos irá acompanhar-nos nos próximos tempos. Vai fazer-nos realidade que não pode nem deve ser escondidad e para companhia nas nossas casas, nas escolas, nas universidades, nos empregos, nas a qual todos olhamos na esperança de que nas ruas e por onde quer que nos desloquemos. universidades e laboratórios, onde neste momento, As melhores perspectivas, apontam que lá para meados do próximo ano, talvez milhares de cientistas buscam em contrarrelógio tenhamos boas notícias, em termos de combate a este vírus, que veio travar a inédito, uma vacina que coloque esperança no fundo todas as nossas rotinas e que arrasou todas as cadeias de afectos, horizonte e o esperado travão neste pesadelo em que implementando receios e medos nunca vistos. Uma questão de saúde pública, vivemos. principalmente a de quem por várias razões é mais vulnerável à acção do vírus. Nestes dias de chumbo, em que a saúde pública nos Estamos portanto, perante o momento que todos queremos ultrapassar o mais está a obrigar a redefinir os quotidianos, há também rapidamente possível, mas que para o efeito, exige o melhor de nós. E o melhor um outro nível de angústia e que está directamente de nós é simples: respeitar as indicações das autoridades de saúde. ligado à questão económica. As sequelas que advêm Passos, que todos nós já conhecemos suficientemente há mais de meio ano, e deste cenário de excepção irão permanecer por muito que são mais do que nunca prementes no actual contexto em que as novas tempo. Muitos empregos já foram e muitos outros infecções diárias aos milhares nos entram casa dentro sem pedir licença. E o ainda irão ser destruídos com o brusco abrandamento melhor de nós, passa também por ignorar e até combater toda a espécie de da actividade económica. E sendo assim, também aqui boatos e alarmismos, incendiados pela ignorância e pela má-fé de quem no meio nos cabe um papel de responsabilidade cívica. Dentro de um manto de receio em que se vive, quer adensar a realidade para alimentar das restrições e das cautelas a que estamos obrigados, outras agendas que não a da saúde pública e a da protecção da comunidade. As não podemos esquecer que em cada aldeia, vila e tais veleidades que neste domínio se pagam geralmente muito caras, quando cidade, muitos negócios são sinónimo de sobrevivência estamos a falar de saúde. Há factos, que por muito que custe a alguns, são de milhares de famílias. inquestionáveis e inamovíveis. Dito isto, é por isso fundamental que as garantias que a ciência nos dá – mesmo Nos próximos tempos irão avolumar-se as “más que escassas numa doença nova – são para levar a sério e condenar todas as notícias” e a nossa percepção sobre tudo o que nos “revoltas” de “libertários” que não hesitam em ir para a rua gritar que a máscara rodeia tenderá a adensar-se. Nada é mais humano e incomoda e restringe, e de negacionistas de toda a estirpe que ostentam orgulho- compreensível. Somos nós e as nossas difíceis circunstâncias que a isso nos obrigam. Mas a forma como sairemos delas – porque iremos sair – depende também de nós enquanto indivíduos e elementos responsáveis de uma comunidade. Não estamos sozinhos nesta hora e chegará o dia em que a esperança reocupará o seu devido espaço nas nossas vidas. Cuidemo-nos e aguardemos por esses dias que virão. A Barrosana



Noticias de A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 10 Neste dia, acredita-se que a fronteira entre a vida na Terra e a vida divina estava enfraquecida e portanto podia haver “contacto entre os vivos e os mortos do Além”. É uma forma Domingos Chaves de homenagear “os heróis da fé”, acrescenta o padre Anselmo Borges. Este é pois um capítulo da história, mas a criação do Dia de Todos os Santos também juntou o útil ao agradável. De acordo com a explicação do padre Borges, os cristãos já celebravam os mártires, aqueles que celebravam até à morte a obra e a palavra de Jesus, no século II. A Igreja Católica festejava a vida de um santo em cada dia do ano e este era um modo de venerar aqueles que “intercediam a Jesus pelos humanos”. A certa altura, o número de santos aumentou - em consequência da perseguição dos romanos - e então foi necessário criar um dia em que se celebrassem todos eles. E o Dia dos Finados?!... A festa não acaba porém aqui: a 2 de novembro ainda é dia de celebrar a vida e a morte, apesar das pessoas aproveitarem o feriado do dia 1 ou o domingo mais próximo a este dia para homenagear os entes queridos que já partiram, porém, o Dia dos Finados é oficialmente a 2. Com uma pequena diferença: é que os finados “são aqueles que estão no purgatório à espera de julgamento antes de chegarem ao céu”. Esta celebração foi implementada pelos monges de Cluny, em França, no século IX. A New Catholic Encyclopedia afirma que “durante toda a Idade Média era popular a crença de que, nesse dia, as almas no purgatório podiam aparecer em forma de fogo-fáctuo, bruxa ou sapo”. Porém, diga-se, não existe nenhuma referência bíblica ao Dia de Todos os Santos, isto é, nenhuma passagem da Bíblia fala claramente sobre a necessidade de se implementar um dia para celebrar os “heróis da fé”. Mas há passagens em que a Bíblia aconselha os cristãos a evitar rituais que os coloquem em contacto directo com os mortos. “Como é que o certo pode ter alguma coisa a ver com o errado? Como é que a luz e a escuridão podem viver juntas? Como podem Cristo e o Diabo estar de acordo? O que é que um cristão e um descrente têm em comum?”, pode ler-se no livro de Coríntios. Em Portugal, o dia 1 de novembro traz um outro marco da história. Foi neste dia, em 1755, que um grande terramoto sacudiu Lisboa e destruiu grande parte da capital, quando milhares de pessoas assistiam às missas do Dia de Todos os Santos. A partir daí, e para assinalar a data que destruiu as casas de várias pessoas atirando-as para a pobreza, as crianças corriam as ruas a pedir “pão por Deus” para receber comida. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI |11 Noticias de Todos os anos pela manhã do dia 1 de Novembro, os De 31 de Outubro a 2 de Domingos Chaves portugueses têm por hábito sair de casa e deslocarem-se aos Novembro, a Câmara de cemitérios para homenagearem todos os membros da Montalegre, em articulação A autarquia apela assim ao máximo família já falecidos. Enquanto cumprem o ritual – limpam as com todas as Juntas de respeito e cumprimento das regras campas de mármore, acendem as velas e colocam as plantas Freguesia, irá manter abertos estabelecidas, lembrando que o sentido numa jarra, a que se seguem as respectivas rezas. os cemitérios do concelho, de responsabilidade e comportamento É assim — com pequenas variações ao longo do País , que reforçando as medidas de individuais são o melhor factor de se vive o Dia de Todos os Santos em Portugal, ou se vivia prevenção por forma a segurança da comunidade. até 2012, ano em a crise obrigou a diminuir o número de mitigar o risco de eventual feriados – civis e religiosos - e a Igreja cedeu o seu 1 de contágio, no âmbito da Novembro. Actualmente o hábito está de regresso e é Covid-19. cumprido, figurando estes rituais, normalmente no domingo anterior à data de 1 de Novembro. O Samhain era celebrado aquando da chegada do inverno, quando a natureza parecia estar “adormecida”. À época, este povo usava um calendário lunar que dividia o ano Mas quando começou então esta celebração?!... Para em duas épocas - a quente e a fria. Depois de tempos de fertilidade, era altura de chegarmos à implementação do Dia de Todos os Santos é manter a esperança em boas colheitas. Como?!... Acendendo a tal fogueira, preciso recuar ao tempo dos celtas. Este povo que passou contrariando o ambiente sombrio da noite que chegava cedo, organizando verdadeiros pelo território que hoje faz parte da região do Barroso, banquetes e bebendo “até perder a razão”, como descreve o padre Anselmo Borges. celebrava o arranque do inverno com dois objectivos: Era o réveillon da fé celta. Este tipo de celebração não era, ainda assim, exclusivo dos apaziguar os poderes do outro mundo – isto é, as forças do celtas: também os romanos organizavam os saturnais, que funcionavam como uma Além, onde estariam as almas dos mortos – e pedir a passagem de ano espiritual, com grandes festas e com muita comida e diversão. abundância nas colheitas futuras. Quem o explicou já por diversas vezes, foi o padre Anselmo Borges, teólogo e professor da Universidade de Coimbra. Nesta festa a que os Celtas designavam por Samhain, recordavam-se os antepassados “concentrando o sagrado num tempo e lugar determinados”. Depois acendiam o “primeiro fogo”, que tinha um outro significado: a vida. O Dia de Todos os Santos nasceu no tempo do Papa Gregório IV. Estávamos no ano de 835 d.C.. O processo de Cristianização – conversão ao credo cristão – continuava através da proliferação dos ensinamentos dispostos na Bíblia. Foi por isso que o Papa Gregório IV escolheu o dia 1 de Novembro para celebrar todos aqueles que morreram com “uma vida plenamente realizada, que são exemplos de vida e estão na glória de Deus”. A Barrosana

Noticias de A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI |12 Com castanhas e vinho, já se anda caminho… Tenho pelos provérbios um enorme respeito. Minha mãe que nunca conheceu uma letra, falava pelos *Dr. João Barroso da Fonte cotovelos e, a cada conto, acrescentava um ponto. A falta da riqueza verbal em que a nossa Língua sempre foi fértil, remediava-se com os ditos populares que diziam muito em poucas palavras. O – Outras memórias: evolucionista Lamarck provou que a necessidade cria o órgão. É a lei do uso e do desuso. «O que é difícil tem outro valor. Como trabalhador Como estamos próximos do S. Martinho, tempo em que se prova o vinho, ocorre-me falar da de valor mínimo e de vontade máxima, não me castanha e do vinho. Dois produtos que a terra dá, mas nem todas as terras são suficientemente posso queixar, porque os meus pais, sábios férteis para darem estes dois bens essenciais, em quantidade e qualidade. O clima e a altitude exercem agricultores sempre me ensinaram a viver feliz e a grande influência na produção, sobretudo do vinho. E, na mesma região, há anos em que se produz ser feliz com pouco. muito e bom e outros anos em que se dá pouco e de fraca qualidade, quer a castanha que o vinho. A classe nobre ou erudita, sempre quis pairar acima Neste ano a falta de chuva no seu devido tempo, prejudicou, parcialmente, quer a castanha quer o do grosso humilde da nossa população, mesmo que vinho. Mas não foi dos piores. isso implicasse um atropelar ou até descaracterizar das raízes da língua materna. Eu sei – acrescenta A castanha chegou mais tarde e é mais pequena e o vinho ainda beneficiou da chuva que chegou Jorge Lage – que um ou outro técnico agrário ou excessivamente tarde. Apesar destas contingências e da falta de mão-de-obra, o calendário anual docente do ensino superior gostaria de se intrometer cumpre-se e pelo S. Martinho, come-se a castanha e bebe-se o vinho. É a tradição no seu esplendor. neste trabalho de recolha etnográfica e de Às crises climatéricas a que o homem não pode opor-se, acrescem as da desertificação e da etnolinguística, reduzindo à medida da sua visão este concorrência. Antes da adesão à União Europeia apenas se importavam alguns produtos agrícolas manto cultural que o povo teceu ao longo de nove porque os nacionais, nalguns casos, não chegavam para abastecimento do todo nacional. Com a séculos. Obra que poderá um dia ser trabalhada e liberalização dos mercados, o país deixou de ter falta de qualquer bem comestível e, ao longo do ano, urdida por etnógrafos, filologistas ou dicionaristas nunca faltam produtos sazonais. De verão e de inverno há sempre muita quantidade mas pouca sérios e doutos». Mais um grande livro a merecer o qualidade. Regra geral nenhum tipo de fruta ou de tubérculos, se compara àquilo que se colhe em pódio no mercado livreiro. Portugal. O próprio vinho, chega muito bem apresentado, tal como a fruta. Mas o sabor de outros tempos foi chão que deu uvas. A entrada na UE matou a agricultura, desertificou o país e empobreceu o povo. Com este introito pretendo dizer que estamos às portas do S. Martinho, época de primazia para a castanha e para o vinho «novo». Ninguém despreza a tradição e há que mantê-la para estímulo dos mais novos que devem ligar-se aos usos e costumes. Com esta preocupação se ocupam alguns intelectuais oriundos da «Província», que nasceram entre ouriços e salgadeiras e não querem perder essa ligação umbilical aos campos, sejam castanheiros, marmeleiros, cerejeiras ou outra qualquer árvore, cuja imagem guardam desde a meninice. Jorge Lage é um exemplo concreto dessa peregrinação país fora, visitando soutos, recolhendo receitas em que a castanha é rei, como a cereja em cima do bolo, ouvindo provérbios, lendas e maneiras de conservar, pelo ano adiante, castanhas cruas, assadas ou cozidas. Apaixonado pela memória dos seus tempos de criança, já no entardecer da sua caminhada, fixou os olhos no valor dessa árvore e desse fruto. Já editou quatro obras, que o catapultam para especialista nacional. Neste livro fala do desprezo com que nasce, cresce e morre o castanheiro, em qualquer pedaço de terra, ao deus-dará, sem esterco, sem dono e sem os mimos da cebola, da alface ou do tomate. Ensina ao homem como deve resistir ao clima, ao sol, à chuva e ao gelo. Como cumpre o seu destino montanhês, aceitando a vizinhança dos fetos, das silvas ou das urzes. Não dá ouvidos à florestação, à falta de regadio ou às disputas da propriedade. Não toma partido pela individualidade ou pelo coletivismo. Tanto cresce ao ar livre, encostado aos marcos, como às paredes. Indiferente à vontade humana, floresce, dá folhas, dá fruto e dará madeira da melhor que há. Os seus frutos não têm dono. São de quem os apanhar e os comer. Sem pressas e sem destino marcado. Vê passar gerações, desafia incêndios e tempestades; abriga os pastores e os animais; dá lenha para aquecer os pobres e os ricos. Sem pressas, cumpre o seu destino, durante séculos, milénios, quase parecendo o rei da biodiversidade. Jorge Lage, transmontano de antes quebrar que torcer, nasceu no verão de 1948, em Chelas que rima com Cabanelas, sua freguesia. Talvez, nesses difíceis tempos de criança, como eu e tantos, tenha dormido à sombra dum castanheiro, quando a mãe, levando-o ao colo, teve de ir ao monte levar o almoço ao pai, que não podia perder tempo nos caminhos. Intuiu, nesses possíveis percalços da sociedade embaraçada que o Castanheiro seria o símbolo da sua firmeza, independência e durabilidade. E, talvez por isso, tenha escrito nas primeiras páginas deste seu quarto livro, sobre Maria Castanha A Barrosana

Noticias de A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 13 DIA DE SÃO MARTINHO 11 de Novembro Dizem os relatos, que um dia aconteceu um facto que omarcou para A HISTÓRIA E A LENDA toda a vida: numa noite fria e chuvosa de Inverno, às portas de Amiens – França -, Martinho ia a cavalo, provavelmente no ano de 338, quando viu Não podemos dizer que a vida de São Martinho “se um pobre com ar miserável e quase nu, que lhe pediu esmola. perdeu na noite dos tempos”!... Este santo, dizem ter Martinho não levava consigo qualquer moeda, mas num gesto de nascido em território do Império Romano - Sabaria, solidariedade, cortou ao meio a sua capa e entregou-a ao mendigo para hoje Hungria, entre 315 e 317. Foi o primeiro santo do se agasalhar. Os seus companheiros de armas riram-se dele, porque Ocidente a ter a sua biografia escrita por um ficara com a capa rasgada, mas segundo a lenda e quando chovia contemporâneo seu - o escritor Sulpício Severo. copiosamente, de imediato a chuva parou e os raios de sol irromperam por entre as nuvens, como se tratasse de um sinal do céu ou de um Martinho era filho de um soldado do exército romano e milagre. Conta ainda a lenda, que no dia seguinte, Martinho teve uma como mandava a tradição, filho de militar tinha que ser visão e ouviu uma voz que lhe disse: “cada vez que fizeres o bem ao mais militar, assim como filho de mercador tinha que ser pequeno - no sentido social de mais desprotegido - dos teus irmãos é a mercador, e filho de pescador devia ser pescador. mim que o fazes”. Martinho, dizem ter estudado em Pavia, para onde a família foi viver, e entrou para o exército com 15 anos, tendo chegado a cavaleiro da guarda imperial. Tinha a religião dos seus antepassados - deuses que A partir desse dia, Martinho passou a olhar para os cristãos de outro faziam parte da mitologia dos romanos e venerados no modo. Depois do encontro com o pobre, que considerou ter sido com Império, que como é óbvio, variavam um pouco de Jesus, Martinho sentiu-se um homem novo e viria a ser baptizado na região para região, dada a imensidão do mesmo. Páscoa de 337 ou 339. As Gálias teriam os seus deuses próprios, como os A partir de então, entendeu que não podia continuar a perseguir os seus tinham a Germânia ou a Hispânia. Porém, o jovem irmãos na fé. Percebeu que os outros eram na realidade mais seus irmãos Martinho não estava insensível á religião pregada três que inimigos. Porém e como isso contrariava o poder instalado, só teve séculos antes, por um homem bom de Nazaré. uma solução - o exílio, porque oficialmente só podia sair do exército com 40 anos. A Barrosana

Noticias de A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI 14 11 NOVEMBRO|DIA DE SÃO MARTINHO A HISTÓRIA E A LENDA Hoje, o sentido de irmão está no Ocidente perfeitamente A vida de São Martinho foi dedicada à pregação como era prática no tempo, interiorizado, mas na época era algo de totalmente mandou destruir templos de deuses considerados pagãos, introduziu festas revolucionário. Era uma sociedade estratificada e os grandes religiosas cristãs e foi o primeiro a defender a independência da Igreja do senhores, onde se incluía a classe militar, não se misturavam poder político, o que era muito avançado para a época. Nem sempre a sua com a plebe e muito menos um escravo era considerada pessoa acção foi bem aceite, daí ter sido repudiado e por vezes maltratado. Sulpício humana. Daí Cristo ter sido crucificado. O amor entre todos Severo, aristocrata romano, culto e rico, fica fascinado com o como irmãos que pregava, era verdadeiramente contra os usos comportamento pouco comum de Martinho e escreve entre 394 e 397 a do tempo. Todos o que o seguiram e praticaram a solidariedade biografia daquele que ficaria conhecido por São Martinho de Tours. A obra eram vistos como marginais e mais ou menos perseguidos. chama-se apenas Vita Martini - escrito em latim - livro que teve enorme Martinho ainda militar, mas com uma dispensa vai ter então repercussão no mundo medieval e se espalhou até Cartago, Ao lexandria e com Hilário - mais tarde Santo Hilário a Poitiers. Funda Síria. Sabe-se que este livro foi muitíssimlido (Enciclopedia Cattolica, Cidade primeiro o Mosteiro de Ligugé e depois o Mosteiro de do Vaticano, 1952, p. 220), o que era difícil numa época em que os livros eram Marmoutier perto de Tours. Entretanto a sua fama espalha-se e caros e quando só o clero e monarcas mais cultos os liam, certo é, que foi um muitos homens vão seguir Martinho e optar pela a vida verdadeiro “best-seller”. monástica. Com o tempo, as suas pregações, o seu exemplo de despojamento e simplicidade, fazem dele um homem Hoje, por toda a Europa os festejos em honra de São Martinho estão considerado santo. É aclamado bispo de Tours, provavelmente relacionados com cultos da terra, das previsões do ano agrícola, com festas e em Julho de 371. Preocupado com a família, lá longe, e com canções desejando abundância, e nos países vinícolas do Sul da Europa, com a todo o entusiasmo de um convertido vai à Hungria visitar a prova do vinho novo e a água-pé. Daí os adágios “ pelo São Martinho vai à família e converte a mãe. adega e prova o teu vinho”, ou “castanhas e vinho pelo São Martinho”. Fonte: Enciclopédia Universal A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 15 CAMPANHA DE VACINAÇÃO ARRANCOU EM TODO O CONCELHO | VACINE-SE ATÉ AO FIM DO INVERNO Informe-se na Junta de Freguesia O Municipio de Montalegre informa toda a população em geral de que a Para a população residente nas localidades onde existam extensões partir de 19 de Outubro se iniciou a campanha de vacinação contra a gripe de saúde, vão ser disponibilizados horários próprios. Para as sazonal de forma gratuita para os utentes com idade maior ou igual a 65 restantes populações, estão previstas deslocações às sedes das anos de idade e aos grupos de risco. De modo a evitar aglomerados no Juntas de Ffreguesia, ou localidades, com recurso à bibliomóvel ou Centro de Saúde, as equipas de enfermagem do ACES do Alto Tâmega e ainda ao domicílio das pessoas, consoante o caso. Para estas Barroso – Centro de Saúde de Montalegre, em colaboração com a autarquia pessoas, solicita-se que façam uma inscrição prévia junto dos e Juntas de Freguesia, vão deslocar-se a todas as localidades do concelho serviços sociais da Câmara Municipal, através do telefone 276 510 para a administração das mesmas. 200, ou junto do Presidente de Junta da sua área de residência. Assim, prevê-se a seguinte planificação: Para a população residente na vila de Montalegre, vai ser disponibilizado um Nota: horário para administração das 15H00 às 18H00, no Centro de Saúde de Os dias e horários agendados, estão sujeitos a alteração, de acordo Montalegre, devendo, para o efeito, fazer o agendamento prévio pelo com disponibilidade da vacina. telefone 276 510 160. As informações actualizadas serão divulgadas pelos Presidentes das Juntas de Freguesia. TOXINAS|O QUE SÃO|COMO PREVENIR João Damião Antenas de telemóveis, transmitem ondas energéticas, os telemóveis produzem energia electromagnética e por isso quando está junto de nós estamos a ser Toxinas, são proteínas que afetam negativamente o organismo afetados. Os cabos de alta tensão afetam todos os seres vivos num raio à sua volta. podendo provocar fadiga e doenças. A pele é o maior órgão do Luzes florescentes até podem causar dores de cabeça, assim como os corpo e qualquer coisa posta aí é absorvida e entra no computadores, televisões, rádios e micro-ondas. As toxinas são eliminadas do corpo, organismo. A ciência admite que tudo o que é administrado através do nariz, da boca, trato urinário, cólon e pele. O nariz e a boca eliminam as topicamente na pele pode chegar ao fluxo sanguíneo. Daí a toxinas pelo uso dos pulmões. Trato urinário ocupa-se de as eliminar dos rins e do controversa de aplicar protectores solares e outros produtos fígado. O cólon é através do estômago, fígado e do intestino delgado. Finalmente a cosméticos. Através da respiração também entram toxinas, pele elimina pela transpiração. Quando o organismo já esta condicionado, digamos, dependendo do local onde vive e trabalha. Os ambientadores, já não funciona em pleno, vamos ter mais acumulação de toxinas e tóxicos. Por pólenes, gases emitidos pela cola, tintas, amaciadores da roupa, exemplo os antibióticos matam as bactérias benéficas do intestino e do cólon, assim do ar condicionado, também transmitem e podem ser como a falta de exercício para que aumente o processo de eliminação. O uso diário contaminantes. Os olhos podem transmitir resultado de de cremes e loções na pele, podem complicar o bom funcionamento dos poros da imagens que causam emoções negativas, assim como os pele. Quantas mais toxinas colocarmos no nosso corpo, mais as pessoas ficam ouvidos, mas só quando certas vibrações são mais irritantes e expostas a doenças, bem como aumentam a gravidade das mesmas.Transpiração, mais chocantes. purificação do cólon com irrigações de água tépida, desintoxicação geral do organismo com fruta e sopa de legumes, ausência de comida processada, são a base para eliminar as toxinas em excesso e os tóxicos. Não esqueça! Depois dos sacrifícios, vem as compensações. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 16 A CONTRA-REFORMA DAS FREGUESIAS A reforma das freguesias de 2013, levada a cabo pelo Gverno de Pedro Passos Coelho deu naturalmente, muito que falar. Primeiro porque se estava a mexer na organização do território e sabe-se que este é um daqueles dossiers que mesmo antes de ser mexido já ferve e do qual todos fogem a sete pés. E de facto esta dita reforma não fugiu à regre e inflamou os ânimos com a extinção e fusão de centenas de freguesias, em nome de uma pouco disfarçada ideia de poupança e racionalização dos recursos. Do então mapa, foram varridas 1.168 autarquias de proximidade e muitas populações protestaram. O território,é, como sabemos, organizado de forma artificial; organização essa que tem como função primeira, fazer com que o Estado e os serviços fundamentais que presta na gestão da coisa pública e na garantia do bem-estar dos seus cidadãos, sejam feitos de uma forma relativamente uniforme, dentro das naturais condicionantes geográficas e económicas de cadaum dos territórios que as compõem. Ou seja, o Estado organiza administrativamente o país E isso é particularmente visível para quem numa primeira linha iria beneficiar para fazer o que tem de fazer, ou seja, da forma mais eficaz com a dita “coesão”: os territórios mais frágeis, ou seja “nós”, no nosso território possível em cada centímetro do território pelo qual é longínquo e esquecido sempre abandonado pelo Poder Central. Exactamente responsável. aquelas geografias que tinham como único elo com o Estado a sede da Junta de Porém, em Dezembro de 2012, o então Ministro Miguel Freguesia, o seu Presidente, o Secretário, e todos os serviços de proximidade que Relvas, em nota enviada à imprensa, afirmava que com a nelas se prestavam. Agora, chegou-nos a notícia de que o actual Governo se reorganização administrativa que estava prestes a ser prepara para baralhar e voltar a dar de novo. Um baralhar e dar de novo, que levada a cabo “a coesão territorial iria sair reforçada”. Não mereceu “um relativo consenso das Aassociações de Municípios e de Freguesias se sabe bem qual seria o conceito de “coesão territorial” de para avançar com um novo mecanismo para aumentar o número de Freguesias. Miguel Relvas, mas se ainda coincidir com o que as Nas contas da Associação Nacional de Freguesias, os pressupostos do executivo palavras “coesão” e “territorial” significam no dicionário, levarão à criação de 600 novas Freguesias, para um total de 3.692. Uma medida, não parece que esse acto de boa fé em prol do território que a correr tudo segundo os planos do Governo, já será uma realidade nas tenha funcionado. A não ser que “fusão” e “coesão” sejam próximas eleições autárquicas. Porém, serão vários os critérios que conduzirão à sinónimos, o que um bom dicionário também tratará de criação de novas freguesias - e em alguns casos à reversão da reforma de 2013 - negar. O que se passou, evidentemente, foi um acto de entre eles o da população: A nova freguesia – segundo se diz - deve ter pelo menos, reorganização para poupar em momento de aflição 900 eleitores, com uma exigência que baixa para 300 eleitores nas zonas “de baixa orçamental, o que não deixando de ser legítimo, até densidade” como é o caso do concelho de Montalegre.Dito isto, a pergunta que porque a organização do território não é nenhum dogma, então se fará a curto prazo, é para além do facto de algumas localidades nada teve a ver com “coesão” de coisa alguma. recuperarem o “estatuto” de Sede de Freguesia, o que se pergunta é o que irá efectivamente acontecer, para além disso. Para uma “contra-reforma” valer a pena, não se pode esgotar em estatutos a conquistar ou a reconquistar por muito simbólicos que eles possam ser para as comunidades. A questão é outra, bem mais decisiva para todos: Como se poderá reforçar o papel das freguesias em territórios de excepção, despovoados e envelhecidos, tão carentes de serviços e de proximidade do Estado. Este sim o fulcro da questão… A Barrosana

Noticias de A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI |17 O RETRATO DE PORTUGAL NA EUROPA… O “Retrato de Portugal na Europa” — edição de 2020 — é uma publicação lançada pela Pordata, contendo uma base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, na data em que se assinalou o Dia Europeu da Estatística. A publicação, que reúne dados do Eurostat, o Gabinete de estatísticas da União Europeia, compara, sempre que possível, vários indicadores socio-económicos de Portugal com os restantes 26 Estados-Membros, incluindo população, rendimentos, educação, saúde, emprego, protecção social, macro-economia, ciência e tecnologia, ambiente, energia, turismo, justiça e segurança. As estatísticas mais actuais disponíveis centram-se nos anos de 2018 e A percentagem da população residente em Portugal sem o ensino secundário 2019, com excepção das relativas à protecção social, que recuam a ou superior com idade entre os 25 e os 34 anos, foi no ano passado a terceira 2017. Diz-nos a publicaçãp, que em 2018, Portugal tinha 157 idosos - mais alta com 24,8% de uma tabela liderada novamente por Espanha com com 65 ou mais anos - por cada 100 jovens com menos de 15 anos, 30,2%. Portugal foi também, em 2019, o terceiro país com mais consumo superando a média da UE a 27 países com 132 idosos, ocupando o privado e dívida nas administrações públicas em percentagem do Produto terceiro lugar da tabela, liderada por Itália com 171 idosos. O país Interno Bruto, respetivamente 64,1% e 117,7%, numa lista encabeçada em viria a subir para a segunda posição em 2019, ao ter 55% de ambas as situações pela Grécia, com 68,0% e 176,6% respectivamente. No agregados domésticos de uma só pessoa com 65 ou mais anos, ano passado, a maioria das empresas em Portugal com 10 ou mais pessoas ao ultrapassando a média de 40% da UE. Neste item, a Croácia é o país serviço, tinha uma página na Internet - 59%, mas o país figurava nos três que tem mais idosos a viverem sozinhos - 66% dos agregados - e a piores lugares, atrás da Dinamarca, no topo com 94% e da média da UE com Suécia menos 13%. 77%. Muito embora Portugal seja Portugal é pouco o terceiro país com mais poupador e tem patrões e médicos por 100 mil trabalhadores com baixa habitantes - 515, escolaridade… ultrapassando a média europeia - 378, é um dos OS 12 DADOS MAIS RELEVANTES oito com menos camas em SOBRE PORTUGAL FACE À U.E. hospitais • 1 - É o 3.º país com menor percentagem de jovens no total da sua O retrato laboral do país população residente. Quanto ao retrato laboral do país, Portugal liderava em 2019, o pódio em termos de percentagem de empregadores e trabalhadores • 2 - É o 3.º país com mais médicos por por cada cem mil habitantes. por conta de outrem sem o ensino secundário ou superior, • 3 - É com a Alemanha o país onde a factura da electricidade é mais respectivamente com 47,4% e 39,8% - a média europeia era de 16,3% em ambos os casos. pesada. O país manteve-se no pódio, mas baixando para a terceira posição, ao • 4 - È o sétimo país com maior número médio de horas de trabalho por ter 20,8% da população empregada com contrato de trabalho temporário - Espanha ocupava o primeiro lugar com 26,3%, sendo semana; que a média da UE era 15,0%. • 5 -.É o quinto país entre os demais com maior desigualdade na Segundo as estatísticas, Portugal era em 2019, o sétimo país com maior número médio de horas de trabalho por semana - 35,6 horas distribuição dos rendimentos. para os trabalhadores dependentes, sendo que a média da UE era • 6 - É o país em que se vive em média mais ano e meio do que na média 29,9 horas. Neste campo, a Polónia foi o país que despendeu mais horas de trabalho semanais - 38, e a Alemanha menos 25,6. O sétimo europeia - 81,6 anos. lugar também é ocupado por Portugal quanto à taxa de abandono • 7 - É o 7.º país com menor taxa de mortalidade infantil. escolar precoce que em 2019 se situou nos 10,6% entre os jovens dos • 8 - Está em quinto lugar entre os países com maior desigualdade na 18 aos 24 anos que não completaram o ensino secundário - a média da UE a 27 foi 10,2%, com a Espanha a figurar no topo, com 17,3%. distribuição dos rendimentos. • 9 - É o 7.º país com maior abandono escolar. • 10 - É o país com maior percentagem de trabalhadores sem ensino secundário. • 11 - É o 3.º país com maior percentagem de trabalhadores com contrato de trabalho temporário. • 12 - É o 3.º país com maior dívida das administrações públicas. A Barrosana



A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI |19 (Continuação) A HISTÓRIA DE PORTUGAL VISTA À LUZ DA MORAL… Fernando Fernandes OS POVOS DA PENÍNSULA IBÉRICA Fernando Fernandes Major do Exército No espaço que é hoje Portugal, existem vestígios de ocupação humana desde A instabilidade política e militar não se limitava à Península, tendo Roma o Paleolítico, tendo sido descobertos indícios fortes de que, neste espaço, visto sucederem-se vários Papas e antipapas, guerreando-se entre si. conviveram Homo Sapiens e Homo Neanderthalensis, sendo esta última Começa a consolidar-se o Feudalismo, uma forma de os reis obterem um uma raça humana que se extinguiu, embora se creia que, por se terem mínimo de lealdade por parte de condes seus subordinados. cruzado com homo Sapiens, ainda hoje somos portadores de alguns dos seus No meio desta incrível confusão, destaca-se D. Afonso Henriques, o genes. herdeiro do conde francês, Durante todo o período Pré-histórico, a Península foi invadida constantemente por grupos humanos vindos de paragens tão longínquas D. Henrique (senhor do Condado Portucalense), que sonha construir um como o Médio Oriente. Movimentavam-se muito porque eram caçadores- reino independente e estável numa faixa costeira ocidental da Península. recolectores e tinham de mudar de poiso quando os recursos naturais se Por morte do pai, a mãe, D. Teresa não lhe cede o poder e este vê-se esgotavam na região onde estavam. Com a descoberta da agricultura e da obrigado a batalhar com ela, derrotando-a. D. Afonso Henriques, que pecuária, as tribos passaram a fixar-se nos territórios mas eram alvo deve vassalagem ao rei de Castela, finge cumprir o seu dever mas vai frequente de expulsões, provocadas por povos mais agressivos ou numerosos tratando de se fortalecer para dar o golpe final na sua dependência. Pede Esta saga de fixações e expulsões durou milhares de anos, tendo estabilizado ajuda a numerosas frotas de Cruzados do Norte da Europa que iam para a quando os romanos aqui se instalaram. É desta época o povo Lusitano, um Terra Santa e vai conquistando e saqueando terras aos mouros. Esperto, conjunto de tribos fixadas na Serra da Estrela e arredores. D. Afonso Henriques promete trocar a sua vassalagem a Castela pela ao Os Romanos eram bastante tolerantes em relação aos povos conquistados, Papa e este reconhece-o como rei de Portugal. Sem alternativa, em 1143, desde que não causassem problemas. Mas os Lusitanos eram rebeldes e foi no Tratado de Zamora, o Rei de Castela reconhece também Portugal preciso Roma recorrer a um traidor para, finalmente, neutralizar a como reino independente. Com a preciosa ajuda dos Cavaleiros resistência deste povo. Templários (a quem D. Afonso Henriques doa imensos territórios) e A partir do Século IV, o Império Romano perdeu força e a Península foi aproveitando-se de divisões internas entre os reinos mouros e cristãos, invadida por inúmeros povos do Norte da Europa, nomeadamente, Godos, Afonso vai acrescentando territórios ao seu reino. Em 1169 quase deita Suevos, Celtas, Alanos e muitos outros, estabelecendo reinos muito voláteis tudo a perder quando se deixou aprisionar, em Badajoz pelo rei de Leão, em termos de fronteiras. Acredita-se que foram os Visigodos, povo “bárbaro” aliado aos mouros. Curiosamente, libertam-no quase de seguida. Em 1185 germânico, quem trouxe para cá o cristianismo. Durante cerca de 400 anos, morre o primeiro rei de Portugal. até ao Século VII, a Península foi um caldeirão fervilhante de reinos, Todo este período, desde as invasões bárbaras até ao Seculo XIII, a condados e feudos lutando todos contra todos, conquistando e perdendo Península Ibérica pouco tempo teve de paz: Reinos atrás de reinos, territórios uns para os outros. condados atrás de condados, tratados de paz, casamentos e alianças, Toda esta instabilidade governativa e as guerras constantes, fizeram que traições, conquistas, chacinas, destruições e devastações sucederam-se a poucos vestígios edificados restassem desta época. Em 711, Rodrigo, o uma velocidade vertiginosa, tornando o estudo da História deste período último rei Visigótico foi derrotado em Guadalete por Tarif ben Ziyad, um num pesadelo para qualquer historiador. Vocês estão cansados, só de ler califa berbere e oficialmente é instalado o domínio muçulmano na Península. este resumo? Agora imaginem como é que eu estou, depois de consultar Domínio esse que nunca foi total, uma vez que, na sua expansão máxima bibliografia e ter encontrado milhares de nomes de reis, condes, Papas e (Clalifado Omíada, em 750) havia uma estreita faixa litoral no Norte (Golfo anti-papas! Não é para me gabar, mas condensar 10.000 anos de História da Biscaia) onde permaneceu o Reino das Astúrias. Peninsular numa páginas é obra! Estou aqui que nem posso! A Península chegou ao ano 1000 como palco de guerras de mouros contra Vou deixar o resto para o outro mês. cristãos, mouros contra mouros e cristãos contra cristãos, havendo diversos califados, por um lado, e reinos e condados, por outro. E assim continuou por mais dois séculos. A FUNDAÇÃO DO REINO DE PORTUGA Em 1100, todo o Norte e Centro da Península continua a ser palco de conflitos territoriais, embora a presença de reinos e condados cristãos se venha consolidando. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 20 Mitos e enganos da História de Portugal De Viriato a Salazar… Na História lusa nem tudo o que luz é forçosamente ouro. Dois dos VIRIATO NASCEU 181 ANOS ANTES DE CRISTO E mais famosos exemplos, que vão do mito de Viriato, ao facto de PORTUGAL COMO REINO SÓ SURGIU EM 1143, ISTO É Salazar ter “casado com a nação” e à sua abstinência em relação a CERCA DE 1.300 ANOS DEPOIS DA SUA MORTE. UM mulheres, vai uma grande distância. No caso de Viriato, abordaremos nesta edição aquele que foi um dos MITO CRIADO PELO ESTADO NOVO COMO ADIANTE grandes mitos da História de Portugal, quanto a Salazar, ao contrário SE VERÁ… do que se diz a este respeito, há todo um outro mundo das muitas Hermínios, tenham alguma coisa a ver com a Serra da namoradas, nacionais e estrangeiras, casadas ou solteiras. Em muitos Estrela. Viriato era de facto um Lusitano, mas não porque se casos, “a nação” ter-lhe-á concedido tempo ou então ele permitiu-se considerasse Lusitano, isso sim porque os romanos o tê-lo e muito, para alimentar e usufruir desses namoros e prestar designavam como tal, tal como faziam a todas as comunidades atenção aos seus dois filhos, o que significa que não terá sido um da região entre o Alentejo, Estremadura espanhola e celibatário. Um tema que ficará para a próxima edição!... Nesta é o Andaluzia, região de onde de facto era originário e segundo tempo de falarmos então sobre VIRIATO. filho de um chefe tribal, que teve de se tornar salteador dado ao Chegados então aqui, desde sempre nos foi “vendido” que os tempo não ter direito à herança paterna, tendo adquirido por Lusitanos haviam sido os antepassados dos portugueses e sempre foi igualmente comum, ouvirmos o adjectivo luso, para classificar os via de tal, um vasto conhecimento do território e experiência portugueses e as suas obras e feitos. Mas será que é mesmo assim, ou guerreira. Foi aliás nesta região e nunca nos chamados Montes estaremos perante um mito criado pela nossa historiografia?!... Herminios, que se registaram os acontecimentos bélicos que Vamos então a factos: a Lusitânia foi o nome que gregos e romanos opuseram os povos locais aos romanos, tendo Viriato sido antigos deram à extremidade ocidental do mundo conhecido e só aclamado chefe desse grupo de Lusitanos, fruto das suas com a conquista e domínio romano deste território é que foi diversas vitórias, até ser atraiçoado e morto, levando à aprofundando o conhecimento sobre o mesmo e se foram deixando conquista desses terras pelos romanos em meados do século II referências históricas sobre os povos que aqui habitavam, bem como antes de Cristo. Traição que foi aliás fomentada pelo Estado os seus usos e costumes. A criação no século I a.C. da província romana da Lusitânia, região a A Barrosana sul do Douro até à actual Estremadura espanhola, contribuiu e muito para a generalização do mitónimo para designar todas as comunidades que aqui habitavam e uma das personagens que a nossa historiografia mais utilizou para associar os portugueses aos antepassados Lusitanos foi Viriato. Viriato foi aliás retratado sobretudo pelo Estado Novo, como um pastor nascido nos Montes Hermínios e como um valoroso guerreiro que unificou os Lusitanos na luta contra os invasores romanos, tendo-os derrotado diversas vezes até ser atraiçoado. Contudo, nem Viriato foi um pastor, muito menos nasceu nos Montes Hermínios!... Aliás, não há sequer certezas de que os Montes

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 21 Mitos e enganos da História de Portugal De Viriato a Salazar… nos manuais escolares do Estado Novo e que após a glorificação deste “pai ancestral” como exímio guerreiro em quem os soldados portugueses se deveriam rever, o viria a renegar enquanto chefe indígena que se revoltou contra o imperialismo estrangeiro, pois era difícil não encontrar similitudes com a Guerra Colonial. E tanto assim foi, que a figura de Viriato, por determinação do Governo de Marcelo Caetano, acabaria mesmo por desaparecer dos manuais de História a partir do ano de 1968 já em plena guerra, e a seis anos da data da revolução em 25 de Abril de 1974. Apesar de tudo e pese embora não se possa dizer na plenitude ter existido uma ligação directa entre Lusitanos e Portugueses, não deixa de ser verdade também, que muitos de nós terão uma costela ou duas dos povos que eram apelidados de Lusitanos, sobretudo no sul do país, ao contrário de outros que habitaram a zona a norte do Rio Douro, que são afirmadamente de origem galaica. Galaicos também chamados de calaicos, que eram um conjunto de tribos celtas ou castrenses que habitavam o noroeste da Peninsula Ibérica correspondendo hoje em dia ao espaço geográfico que abrange o Norte de Portugal, a Galiza, as Astúrias e parte do Reino de Leão. A primeira referência aos galaicos é aliás feita por Apiano, que Apesar de tudo e pese embora não se possa comenta que Cépio, depois de perseguir e não conseguir dizer na plenitude ter existido uma ligação alcançar e derrotar Viriato numa primeira fase, virou-se contra directa entre Lusitanos e Portugueses, não deixa os Vetões e contra os Galaicos, destruindo os seus campos. de ser verdade também, que muitos de nós terão uma costela ou duas dos povos que eram apelidados de Lusitanos, sobretudo no sul do país, ao contrário de outros que habitaram a zona a norte do Rio Douro, que são afirmadamente de origem galaica. Isto apesar da historiografia sobre os lusitanos e Viriato tem abalado a relação directa entre ambos e Portugal, abalando e remetendo para o mito a suposta relação entre ambos os povos e territórios. Apesar de todas estas considerações o que está de facto em Para poder tirar algumas conclusões sobre o modo como surgiu e se análise é Viriato, a tal personagem ressurgente e quase sempre desenvolveu a identificação e associação de Viriato à identidade presente, na memória colectiva nacional. nacional portuguesa importa ainda assim fazer um breve périplo pela É por isso que o termo “lusitano” continua a ser utilizado de principal historiografia dedicada ao tema, na mesma medida em que uma forma bastante comum para identificar determinados se deve analisar também a restante produção literária erudita e elementos e características materiais ou imateriais ligados a criativa que ajudou a alicerçar a memória colectiva. Portugal e aos portugueses. Isto porque entre o que se sabe sobre a vida de Viriato e a lenda que se criou à sua volta vai um abismo de diferença. Tido como um pastor dos Montes Herminios e chefe dos bravos lusitanos, contando- A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 22 Mitos e enganos da História de Portugal De Viriato a Salazar… -se até que liderou a resistência contra Roma, Carlos Fabião, um professor da Universidade de Lisboa, especialista em matérias da época romana, conta-nos uma versão bem diferente, que vai aliás de encontro ao que sobre o assunto já foi dito: Viriato não viveu nos Montes Hermínios, mas sim na região que hoje corresponde à Andaluzia e Extremadura espanholas. Era um chefe tribal do séc. II a.C. e o povo dos lusitanos uma abstracção criada pelos autores romanos para designar quem vivia no Extremo Oeste da Península Ibérica. Apesar de considerar estas primeiras fontes pouco sólidas, outro historiador, José Mattoso, afirma que do cruzamento dessa primeira historiografia com os posteriores autores greco-latinos será possível concluir que Viriato “teria nascido da Lusitânia, junto do Oceano” e que nada justifica a tradição de atribuir à Serra da Estrela como local do seu nascimento, pois nessas fontes o “Monte Hermínio” não surge em momento algum associado a Viriato ou às Guerras Lusitanas. Apesar destas primeiras associações dos desígnios nacionalistas do regime do Estado Novo a Viriato, o regime como já foi referido, haveria posteriormente de renegar o chefe lusitano, tendo em conta conciliar a identidade nacional, herdeira da romanização, com um Viriato opositor a Roma. E este paradoxo aprofundou-se ainda mais com a Guerra Colonial, já que Viriato simbolizava a resistência indígena perante o imperialismo estrangeiro - nesse caso o português. Talvez por ai se explique o desaparecimento de Viriato dos manuais escolares. Apesar disso, a memória colectiva portuguesa persiste em relembrar Viriato, sentindo-se honrada na ligação que estabelece com esse símbolo e arquétipo nacional. Ainda que a historiografia, já desde o século XIX, tenha definido a história de Viriato e sua ligação aos portugueses como mítica, Viriato não desaparece da memória dos portugueses. O herói lusitano parece querer resistir à historiografia com a mesma bravura e determinação que terá resistido aos romanos. Assim, o mito de Viriato, mesmo podendo não ser história factual dá origem indirecta à história nacional, de como se tentou alicerçar a identidade nacional num símbolo mais antigo 1.300 anos que a própria nacionalidade. Uma história que demonstra a existência de um mito quase vivo, que conseguiu sobreviver aos séculos, sendo constantemente adaptado conforme os interesses dos homens, especialmente o interesse de alguns portugueses. Ainda que de uma forma mitológica, Viriato é português, nem que seja por empréstimo utilitário. Quanto aos factos históricos, dificilmente poderão sustentar o mito comum de Viriato, mas certo é, que também não o negam completamente, ainda que as ligações aos portugueses possam ser ténues dada a distância de muitos séculos entre a existência de um, a formalização de Estado-Nação de outro e as muitas movimentações políticas, culturais e de povos que se entrepõem entre Viriato e os portugueses. A verdade é que Viriato ainda vive na memória colectiva dos portugueses, contribuindo assim para a sua identidade colectiva. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 23 25 NOVEMBRO 1975| VISTO 45 ANOS DEPOIS Em 1975, o actual Primeiro Ministro António Costa, actual líder do Partido Socialista, tinha então 14 anos e iniciava-se na actividade política. Foi a 25 de Novembro desse ano, que forças moderadas e radicais se defrontaram numa luta pela democracia. Ganharam os moderados e a partir dai em termos políticos, viria a ser criado o chamado “arco da governação”, composto por PS, PSD e CDS, iniciando-se um longo ciclo que só terminaria em finais de 2015 com a criação da chamada “geringonça”. Foram os períodos em que as influências dos Partidos à esquerda do PS eram banidos do Poder e entretanto recuperadas com a chegada de António Costa à chefia do Governo, Ao longo de oito meses de 1975, terminados a 25 de novembro, Portugal Havia que experimentar tudo o que durante 48 anos fora banido, da esteve perto da guerra civil. Houve de tudo no Verão Quente: detenções de Coca-Cola ao Último Tango em Paris, do nudismo à autogestão. Na militares e de civis, demissões, intentonas, atentados, barricadas, boatos, mais rua, as coisas avançavam mil vezes mais depressa do que na esfera atentados, aceleração da ocupação de terras, nacionalização de empresas, outra institucional. Ter um Parlamento eleito e uma Constituição em vaga de bombas, controlo operário, cerco ao Parlamento, quatro governos, um andamento era bom, mas sabia a pouco. Como dizia na época uma dos quais, de Pinheiro de Azevedo, entrou em greve (“autossuspendeu-se”!). canção de Sérgio Godinho, “só quer a vida cheia quem teve a vida Pelo meio até houve umas eleições — as primeiras livres e universais, para a parada” e “ a sede de uma espera só se estanca na torrente”. Assembleia Constituinte, vencidas pelo PS. A vertigem revolucionária passou quando se deu o triunfo da ala moderada dos militares. Na foto, já na tarde de Explodiu uma constelação de experiências, das cooperativas de dia 27, nos Comandos da Amadora, Ramalho Eanes faz um briefing da produção e distribuição às fábricas abandonadas pelos patrões ou situação, com a presença deVasco Lourenço, comandante da Região Militar de pelas multinacionais e geridas por quem lá trabalhava. Num bairro Lisboa (à direita), e Marques Júnior (de pé), entre outros. O PREC chegara ao construído longe de tudo, nos arredores de Cacém - Mira Sintra -, os fim. Se Eanes teve a alvorada em novembro, Otelo Saraiva de Carvalho teve o moradores foram criando creches, farmácias e jardins onde nada ocaso. O estratego do 25 de abril — para uns herói, para outros vilão, uma havia. Alguns dos melhores arquitectos projectaram os bairros das espécie de sol e sombra da Revolução — é afastado do poderoso corpo militar operações SAAL e das cooperativas de habitação. Cercado no Copcon (Comando Operacional do Continente) e detido pouco tempo depois. Quartel do Carmo, a 25 de Abril de 1974, Marcello Caetano O 25 de Novembro de 1975, foi reduzido por quase todos os comentadores, ao confronto entre democracia ocidental e totalitarismo soviético. Duas semanas antes, Mário Soares e Álvaro Cunhal tinham protagonizado o famoso debate na RTP do “Olhe que não, doutor”, exactamente quando Henry Kissinger, então Secretário de Estado de Nixon, via em Soares e Cunhal, émulos de Kerenski e de Lenine e previsto para Portugal o mesmo desfecho de 1917, na Rússia. Mas era, de facto, isso que estava em causa?!... Entre 1974 e 1975 viveu-se m dos períodos mais ricos e agitados da História portuguesa recente!... E porquê?!... Porque um regime que parecia eterno caiu num só dia. Sem censura, sem polícia política e sem guerra colonial. O mundo parecia então ao alcance da mão. MEMÓRIAS DA REVOLUÇÃO… A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 24 chamara Spínola “para o poder não cair na rua”. Uma parte já tinha caído. E 1975 o resto do poder depressa se tornou multipolar. Um ano depois, os Partidos não se entendiam. O Presidente da República, não eleito, era um polo de Alguma vez teria sido outra coisa?» Ironicamente, em 1980, em novo conspiração. Estava assinado um pacto entre o Movimento das Forças período agitado, marcado pela bipolarização e pela morte de Sá Armadas e os Partidos. O Conselho da Revolução tutelava a produção Carneiro a dois dias das eleições presidenciais, seria Eanes, o vencedor legislativa. Nos círculos militares vivia-se um delicado equilíbrio. A Igreja militar do 25 de Novembro, em tempos amaldiçoado pelos sectores à virava à direita e amotinava o campo contra o comunismo. Até porque a esquerda do PS, a travar nas urnas a viragem à direita que teria hiperpolitizada vida de Lisboa, aparecia como um universo estranho às representado a eleição de Soares Carneiro. Malhas que a História tece... populações rurais, cujo quotidiano pouco mudara com o 25 de Abril. Proliferavam braços armados da extrema-esquerda à extrema-direita. A O FIM DO PREC FOI HÀ 45 ANOS Polícia não funcionava e era substituída pelos militares do COPCON, que frequentemente tomavam partido nas ocupações de casas, fábricas ou terras. SÚMULA DOS ACONTECIMENTOS:Depois das eleições de Abril de No final do Verão Quente de 1975, os sectores básicos da economia estavam 1975, acentuaram-se as divergências entre os diferentes projectos nacionalizados. Lisboa tinha semana sim, semana não, grandes políticos. A 25 de Novembro, os militares ligados à extrema esquerda manifestações de moradores, trabalhadores, estudantes e soldados, às quais tomam pontos estratégicos e o país entra em estado de sítio. delegações da extrema-esquerda europeia davam um toque cosmopolita. No Um ano após a revolução, a sociedade portuguesa encontrava-se Norte havia bombas e arruaças contra as sedes do PCP e Partidos mais à bastante dividida existindo uma oposição clara entre aqueles que esquerda. Lá se dizia que Portugal só começava de Rio Maior para norte e pretendiam prosseguir a revolução com o MFA, incluindo-se aqui o que para baixo era “Moscovo”. Os diversos poderes político-militares viviam Governo liderado por Vasco Gonçalves e os que entendiam que o um equilíbrio instável que não iria durar sempre e a tentação totalitária não caminho se deveria fazer com os Partidos políticos sufragados em estava só do lado da esquerda. O revanchismo dos derrotados do 25 de Abril eleições. sonhava com um Pinochet português e o Estádio da Luz cheio de Nos meses seguintes o país assistiria a uma série de episódios de “comunas” para fuzilar... violência de grupos mais ou menos organizados da extrema-esquerda e Entretanto, o antagonismo entre a extrema-esquerda e o PCP era insanável. da extrema-direita, e a ameaça de uma guerra civil era real. Mais que uma vez, o serviço de ordem comunista interveio, de forma Em Julho, Vasco Gonçalves propõe recentrar a autoridade no Conselho musculada, contra movimentos de trabalhadores ou de estudantes que não da Revolução e a liderança política num Diretório que incluiria também conseguia controlar. Já Mário Soares tinha a apoiá-lo na famosa manifestação Costa Gomes - na altura Presidente da República, e Otelo Saraiva de da Fonte Luminosa radicais da extrema-direita com quem não se sentaria à Carvalho. Mas o “Grupo dos nove”, um conjunto de militares mesa. Ao fim do dia 25 de Novembro de 1975, quando as forças afectas ao VI moderados e pertencentes ao Conselho da Revolução propõem um mês Governo Provisório neutralizaram as unidades militares contestatárias, depois, que o poder seja exercido pelos Partidos políticos. Na sequência houve choro e ranger de dentes dos dois lados. Mais à esquerda acusava-se o desta tomada de posição são afastados do Conselho. A 12 de Novembro, PCP de traição por não ter apoiado a resistência nas ruas. No extremo uma manifestação das forças de esquerda impede os deputados de oposto do espectro amaldiçoava-se o major Melo Antunes quando este saírem do Parlamento durante dois dias e na semana seguinte o apareceu na TV a vincar que o PCP era indispensável à construção da Governo JÁ DE Pinheiro de Azevedo entra em greve por falta de democracia. condições para exercer o seu mandato. A 25 de novembro toda esta A 30 de Novembro, escrevia-se em «Le Monde»: «A revolução romântica, à tensão chega ao limite, com sectores da esquerda radical a tentarem um 'Couraçado Potemkine', que há um ano incomodava a Europa e inquietava golpe de estado, que acabou por ser frustrado pelos militares que se Washington, dissipou-se em 48 horas como uma nuvem de fumo. encontravam com o “Grupo dos nove”, apoiados por um plano militar liderado por Ramalho Eanes. 45 anos depois A Barrosana



MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído A Casa Barrosã

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 27 MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído Tudo aquilo que o Homem Barrosão acrescenta à natureza é Cultura, ou seja, toda a obra do Homem é cultural. Pode mesmo dizer-se que onde existe a mão do Homem existe, forçosamente cultura. Contudo, os homens não acrescentam coisas à Natureza da mesma maneira!... Cada grupo tem a sua forma peculiar de o fazer. A variedade das condutas humanas é pautada, essencialmente, por padrões ou modelos, tendo como sustentáculo o sócio-cultural. Padrões que assumem toda uma dimensão comunicacional, onde cada homem se identifica, se conhece e reconhece nas suas formas de expressão, de adaptação e de transformação do meio circundante às suas necessidades e condicionalismos. Tudo factos que lhe permitem desenvolver as suas potencialidades e a sua própria individualidade. Nesta edição, iremos então falar do património construído, transcrevendo nas páginas seguintes os ensinamentos do Mestre vilapontense, José Dias Baptista, no livro Montalegre, onde nos fez uma resenha da casa barrosã. Das casas antigas construídas em pedra arrancada às serranias do território, de interiores sombrios, paredes e tectos escuras como breu, mas sempre acolhedoras e de lareiras acesas grande parte do ano para cozinhar e as aquecer. Casas onde de Novembro até Março se penduram por cima das ditas lareiras grandes quantidades de porco salgado e enchidos para serem fumados. É também deste meio, que o homem barrosão extrai parte das necessidades para a sua subsistência e que vão desde a dita casa ao vestuário aí produzido, passando pelo alimento e utensílios que ao longo do tempo foram aí construídos pelas mãos de gente habilidosa, desde peças de vestuário a instrumentos gratuitos, inseridos no ciclo das trocas de favores. Não é por acaso que o Homem é o único ser na Terra com capacidade de criar, adoptar, adaptar e modificar objectos, ideias, crenças ou costumes e o barrosão não foge à regra!... Nele existe uma componente da cultura e de criador em função das circunstâncias que o envolvem. O natural foi-se assim aliando ao cultural, procurando o próprio equilíbrio comunitário e social A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 28 MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído JoséDiasBaptista A Casa Barrosã A habitação barrosã actual vai perdendo dia a dia as É significativo que a povoação se aglomere e concentre sobre o características da nossa arquitectura tradicional. A base dessas Outeiro, Oiteiro, Eiteiro, Iteiro, que tudo é um e significa o construções era o granito local que agora vai sendo substituído sítio do altarium, o altar. Muitas das actuais povoações nunca por outros materiais, conquanto haja exemplos abundantes mudaram de sítio, nasceram junto do altar e lá continuam, inspirados nos arquétipos da região. Por via da regra, tais bem integradas na paisagem. exemplos são igualmente incaracterísticos porque não passam A casa do lavrador tem, normalmente rés-do-chão e primeiro de péssima imitação das obras de brasileiros de trona-viagem do andar. N o rés-do-chão são as cortes dos animais (e às vezes, a século XIX, com dois e três andares e até águas furtadas. cozinha, e no primeiro andar os sobrados e a sala. A aplicação de novos materiais verifica-se também nos canastros, São poucas as que exibem uma varanda para a rua. capelas, abrigos para o gado e até nos caminhos. A nossa casa Geralmente têm uma porta carral para o pátio interior. integrava uma povoação aglomerada à roda dos lugares de culto Em consequência desta “evolução/revolução” a arquitectura e não longe de água, na linha dos hábitos ancestrais dos moderna vem desfigurando a fisionomia das nossas castrejos nossos antepassados. Aliás, o povoamento barrosão é, povoações com o emprego de materiais industrializados, maioritariamente, não só semelhante como está assente sobre os castros de há três mil anos. coloridos e berrantes. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 29 MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído Esta mudança anti-tradicional (e, não raro, anti - natural) deve-se a motivos de índole cultural provocados por cinquenta anos de obscurantismo; deve-se às técnicas agressivas de marketing e publicidade e ainda à rapidez da construção actual. Nos alinhamentos contíguos uma escada interior sobe ao primeiro andar em cujos compartimentos se entra através da varanda. Algumas, não obstante, servem-se de escaleiras exteriores em granito. O pátio ou curral é quase sempre fechado, com porta ou cancela para a horta ou cortinha. No seu interior há as portas das cortes, da dispensa e, por vezes, do palheiro e tulhão. O granito de cada zona (a carta geológica refere como principais tipos o de Montalegre - Pondras-Borralha, o de Vila da Ponte, o de Parada, o de Pisões, o de Telhado, e o granitoide de Seselhe) era o material de construção por excelência. Os telhados tanto podiam e podem ser de duas como de quatro águas. Mais de duas, geralmente com guarda-ventos. Hoje a cobertura é de telha; aliás, o colmo, no acto das debulhas que hoje se praticam, não sai em tão boas condições de ser utilizado como era antigamente. A cozinha é a divisão primordial da casa barrosã. Ali se junta toda a família para comer, falar e fazer serão; ali se cura o presunto e o fumeiro; ali se erguia o caniço. As casas mais abastadas tinham ali o seu forno, ao lado da lareira. Esta recebe o fogo entre dois escanos, sobre um dos quais rodava a burra ou com a caldeira ou potes para irem ao fogo. Contra a parrogueira juntava-se a cinza de carvalho para fazer a barrela. Entre a borralheira e a parrogueira ficava o trasfogueiro de ferro, pedra ou madeira onde poisavam as achas a arder. Do escano, ou mesmo da parede, podia pender uma mesa para se comer no Inverno. Esta parte da cozinha é, muitas vezes, coberta por uma saia que se destinava a encaminhar o fumo para os enchidos (e, muitos anos antes, para o caniço das castanhas) e, por fim, para a chaminé exterior. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 30 MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído A Aldeia O concelho de Montalegre é constituído por 3Z freguesias e estas Demograficamente, os dez milhões de habitantes por mais de 130 lugares. Na generalidade são povoações distribuem-se à proporção das ventosas mais activas: quatro pequenas, cada vez mais pequenas – metade das casas recuperadas quintos pelo vale do Tejo e pelo litoral e o restante quinto, ou novas e outra metade em ruínas. que são dois milhões de habitantes, foi mandado aos quintos Grassa entre nós a desertificação devido a uma administração por esses ermos sem fim. São verdadeiros emigrantes pública monarquicamente centralizada, desde há novecentos dentro da sua própria casa e na terra que eles fizeram e anos, em que a distribuição da riqueza se faz à medida da gula fazem ainda. insaciável da Foz do Tejo que tudo arrebanha, que tudo leva, que Moram em casas de granito, algumas muito bonitas, mas a tudo consome. “Eles comem tudo e não deixam nada!” falta de educação estética e de outras educações, leva alguns Figurativamente Portugal é um polvo especial, de pequeníssima a substituir os seus materiais por outros mais brilhantes e cabeça (e sem cérebro) e um capelo enorme que chega ao Porto; coloridos mas menos duradoiros e eficazes. longuíssimos braços carregados de duas filas de ventosas que se Há várias povoações com núcleos de construções estendem pelo território a partir do litoral: um vai a Caminha, tradicionais, bem conservados, muitíssimo belos e dignos de outro a Vila Real ao longo do Douro por causa do vinho fino; o ajuda para a melhor preservação do património construído. terceiro vai a Viseu devido aos queijos da Serra; o quarto à Cova Estão neste caso Fafião, Pincães, Salto (diversos lugares de da Beira; o quinto sobe pelo Tejo até às Portas do Ródão; o sexto freguesia) Currais, Vila da Ponte, Viade, Carvalhais, Cervos, entra pelo Alentejo até Évora; o sétimo desce ao Algarve e o Donões, Gralhas, Tourém, Pitões, Parada e Sirvoselo. Em último segue o Vale do Sado para admirar os golfinhos descendo todas elas há núcleos construídos dignos de integrar os o rio. roteiros de visita ao património que o Ecomuseu defende. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 31 MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído A Aldeia As casas podem e devem ser divididas historicamente em dois grupos: os lavradores e os cabaneiros. Tais designações vêm dos alvores da fundação nacional: os Herdadores e os Cabaneiros. Cumpre esclarecer que o nosso cabaneiro não é o servo da gleba, não é o “homem” adstrito à propriedade como aconteceu noutras regiões. Esses eram homens/ força de trabalho mas os nossos sempre foram pessoas! Nalguns locais foram considerados coisas diferentes: “Nesses seis casais moram vinte e um homens e três cabaneiros”. E também: “Há ai quarenta e sete casais e três cabaneiros”- como explicam as Inquirições de D. Afonso III, de 17Z8. Assim se contrapunha o cabaneiro ao homem e ao casal – o que, entre nós, não acontecia. O nosso cabaneiro era homem livre, pessoa civil que possuía casa e horta conquanto não tivesse gados para contar: vacas, cabras ou ovelhas. Como hoje, o povo barrosão que não possuía bens de raiz como os herdadores, servia quem queria e se não tinha mais independência era porque não eram muitos os terrenos produtivos. Escravos eram apenas os mouros cativos na guerra que não conseguiam remir-se. A liberdade era entre nós um princípio geral. Estas ideias ajudam a compreender o tipo construtivo das nossas aldeias, das próprias habitações e restantes edifícios. Assim a casa do lavrador costuma ter porta carral, pátio interior e primeiro piso com sobrados e sala, onde dormem os moradores e recebem as visitas. Não obstante, o compartimento mais importante é a cozinha. Aí se come, se passa a maior parte do tempo de ócios e se fazem os serões. Tem dispensa onde existe a salgadeira, os produtos alimentares secos (farinhas, feijões, batatas, enchidos, presuntos e o galheiro do pão) e outros alimentos. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 32 MONTALEGRE | UM CONCELHO COM HISTÓRIA O Património Construído A Aldeia Já a casa do cabaneiro é muito mais humilde. Fica muitas vezes pegada à do lavrador ou das suas cortes e combarros. Geralmente é térrea e tem apenas dois ou três (e ás vezes apenas um) compartimentos: uma cozinha onde guarda o pouco que tem, aí come, dorme e arruma a lenha em que se empoleiram meia dúzia de galinhas que ganham a vida nas ruas e valetas. No tugúrio ao lado desta quadra dorme o seu porco. Claro que hoje as mudanças aceleram ao ritmo da vida. Os cabaneiros emigraram, os lavradores mecanizaram as suas explorações e o ambiente habitacional e patrimonial mudou radicalmente. Uma das construções sagradas da nossa terra era o Forno do Povo mas o seu uso tradicional já não existe. Pelo mesmo caminho de inexorável abandono irão outras construções igualmente sagradas como o Combarro, o Tulhão, a Eira e o Moinho. E que dizer das profissões tradicionais? Onde estão os nossos canteiros, os soqueiros, os croceiros, os ferreiros, os ferradores, os capadores, os colmadores, os seitoiras, os atadores, os amoladores, as costureiras, os albardeiros, os homens de arte que faziam molhelhas, engaços, malhos, sertãs e trempes; os carpinteiros que faziam carros de bois, grades, arados, rocas, espadelas, maços, dobadouras, berços e caixões; as parteiras, as mulheres de virtude, etc. etc? Tudo vai desaparecendo a passos de gigante no rodar veloz dos tempos actuais. (Créditos : José Dias Baptista –In Montalegre) A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 33 A ÁRVORE MAIS ÚTIL DO MUNDO UMA BREVE DESCRIÇÃO Por: Dr. António Chaves Aquilino Ribeiro homenageou o castanheiro ao dele referir: \"trezentos anos a crescer, 300 em seu ser e outros trezentos em morrer\". Esta árvore longeva pode atingir os 45 metros de altura e uma copa que Economista, Escritor e Jornalista pode ir até aos 40 metros de diâmetro. Existem dois tipos de castanheiros: os bravos (produção de madeira) e os mansos (bravo enxertado: para produção de fruto). O castanheiro apresenta folhas grandes e dentadas e tem em cada pé tanto flores masculinas como femininas. De Maio a Junho floresce e os seus frutos amadurecem de Outubro a Novembro. As flores femininas, agrupadas em duas ou três no interior de uma cápsula espinhosa, chamada ouriço, dão depois origem às castanhas. Em Novembro, o ouriço abre, desprende-se da árvore e cai libertando assim as castanhas. Aos 8 anos o castanheiro começa a dar fruto, mas só decorridos 20 anos é que a frutificação passa a ser regular. O castanheiro manso gosta de viver em vertentes montanhosas situados em zonas abrigadas e frescas em altitudes superiores aos 500 metros e com baixas temperaturas no inverno. Desde o Paleolítico que o homem aprecia o fruto do castanheiro, tendo sido durante muito tempo o mais importante farináceo em muitas regiões. A maioria da castanha produzida em Portugal (87%) tem origem em três zonas de Trás-os-Montes e Alto Douro: Bragança, Vimioso, Vinhais, Chaves, Montalegre, Murça, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e e ainda, Trancoso e Aguiar da Beira. Em 1950, Portugal produzia 50 mil toneladas de castanha, valor este que sofreu um decréscimo acentuado a partir de meados dos anos setenta devido principalmente à doença da tinta e do cancro americano. A produção nas décadas de 80 e 90 ronda apenas as 20 mil toneladas. Desde o ano 2000 tem havido uma recuperação para perto das 30 mil toneladas, ainda que ao aumento das plantações corresponda, quase sempre na mesma proporção a morte de castanheiros devido aquelas doenças. Nesta última década, as medidas fitosanitárias de combate ao cancro e a introdução de clones resistentes à doença da tinta, a par das mais modernas técnicas de plantio, gestão de soutos e incentivos comunitários, têm dado sido um contributo aos agricultores, para continuarem a lutar pelo restabelecimento dos nossos soutos, valorizando cada vez mais a castanha como um produto tradicional em que vale a pena apostar. A castanha portuguesa impõe-se no mercado externo, pela sua indiscutível qualidade, absorvendo quatro quintos da produção. Os portugueses consomem apenas um quinto da produção, e predominantemente, no mês de Novembro. Após o S. Martinho, há uma quebra na procura de 80%. Na restauração mantém-se a oferta durante todo o ano, sendo a castanha utilizada na confecção de variados pratos e sobremesas. A maior parte da castanha é vendida fresca, existindo no entanto empresas que vendem e exportam já a castanha sem pele e congelada. Alguns castanheiros imponentes no nosso Portugal dignos de se ver encontram-se no distrito da Guarda. São exemplares com dimensões inacreditáveis, como o de Guilhafonso, com idade estimada de 400 anos e uma altura de 19 metros, o que lhe permite ser considerado o maior exemplar na Europa, chegando a produzir anualmente mais de 500 Kg de castanha da variedade Rebordã. Existiu tambem até a alguns anos atrás o \"castanheiro velho milenar\" na Arrifana com um perímetro superior a 13 metros, considerado até então o maior do país e os castanheiros gémeos de Famalicão da Serra. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 34 A ÁRVORE MAIS ÚTIL DO MUNDO COMO PLANTAR UM CASTANHEIRO CASTANHAS NO MUNDO Se, apenas por curiosidade e graça, quiser tentar \"fazer\" um castanheiro, escolha uma ou mais castanhas de boa qualidade e em perfeitas condições. A castanha e um pouco da sua história: Note que, a partir de uma castanha, facilmente conseguirá obter um castanheiro, mas nada lhe garante que o mesmo venha a produzir boas castanhas. Para tal, seria necessário, enchertar esse A popularidade das castanhas no mundo, é fruto de castanheiro (passados dois ou três anos) com um garfo de um castanheiro, que sabe ser um uma história muito extensa que nos acompanha há excelente produtor, e então, se tudo fôr bem feito, e se nenhum imprevisto (condições milhares de anos. Em vários países, o historial ambientais, doenças, falta de água, golpe acidental, etc), entretanto acontecer, então é só esperar de informação, apesar de extenso, encontra-se de uns anitos para poder saborear as primeiras castanhas. Existem métodos, ainda experimentais, tal modo disperso e em tantas línguas, que que referem a possibilidade de efectuar o enxerto do garfo na própria castanha, de modo a que, obrigaria a horas intermináveis de consultas, por desse garfo, nasça um castanheiro capaz de produzir castanhas idênticas à do castanheiro de forma a encontrarmos a informação relevante que onde foi o garfo recolhido . No entanto a taxa de sucesso deste método, é muito reduzida. Por eventualmente possamos querer encontrar. A último, pode encontrar à venda em vários viveiristas ou hortos, castanheiros já formados e pretensão, de que Filipe.com possa vir a ser essa enxertados com determinada qualidade de castanha e nesse caso, poderá ganhar algum tempo base de dados articulada e actualizada, só fará no que respeita ao crescimento do castanheiro até que dê as primeiras castanhas. sentido, se indicar também caminhos relativos a cada país produtor de castanhas. ESPAÇAMENTOS PLANTAÇÃO Assim, compilámos uma lista indicativa da Os castanheiros podem atingir, quando adultos, os 30 metros de copa, por isso devem ser existência e realidade, ainda que não exaustiva, do plantados com espaçamentos entre 8 a 12 metros. Por vezes há quem utilize até aos primeiros enquadramento da castanha em cada um anos de produção de fruto, espaçamentos menores, de modo a rentabilizar a produção de fruto. deles. Pelo menos, todas as entradas indicadas a Depois são removidas as árvores intermédias, repondo os espaçamentos de modo às copas seguir por país, foram verificadas por forma a poderem crescer sem se tocar. sabermos que a informação nelas contidas está relacionada com o tema, suscitou relevância, e TERRENOS - PREPARAÇÃO encontra-se disponível para consulta. Contudo, Em Setembro, deve abrir as covas e deixá-las a \"respirar\" de modo a prepará-las para receber as toda a responsabilidade do conteúdo, apresentação, novas árvores que pretende plantar (Novembro, Dezembro). Se puder, procure efectuar uma desenvolvimento e actualização das mesmas, é- análise das terras de modo a avaliar correctamente a sua fertilidade. A falta de informação nos completamente alheia. relativamente à qualidade dos solos, leva a uma prática comum e regular de aplicação de Por esse facto, todas as páginas de informação, nas estrumes ou adubos. listas seguintes apresentadas por país, serão pelo menos verificadas regularmente quanto à PODAS localização e conteúdos, de modo a que, possamos Normalmente procede-se a poda ligeira no inverno quando a planta se encontra no período de mantê-las ou então removê-las caso deixem de repouso vegetativo e apenas dos ramos de menor diâmetro, mas sempre sem exagerar (a ideia é apontar informação relacionada e relevante para o não enfraquecer as defesas da própria árvore), mas moldando-a para que tenha um tronco tema das “castanhas”. Como podem calcular as direito e livre de ramagem muito entrelaçada. Quando os castanheiros já são adultos, parece ser listas de páginas e ficheiros seguintes não bom para os mesmos proceder a poda da ramagem seca. As podas devem ser ligeiras e pretendem de modo algum abranger a totalidade efectuadas em cada 2, 3 ou 4 anos, mas não existe uma regra rígida. Por último, tambem já da informação existente, antes pelo contrário, alguém referiu que se pode e deve efectuar essas podas ligeiras em Julho / Agosto, pois nestes faltarão muitas mais acrescentar, na nossa busca meses a árvore está na sua fase de maior vigor e ressentir-se-à muito menos dos golpes incessante de informação sobre castanhas. provocados pela poda. A ideia é sempre podar ligeiramente de modo a que a árvore não fique enfraquecida e possa por isso estar mais sujeita a um ataque do parasita da tinta. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 35 A ÁRVORE MAIS ÚTIL DO MUNDO CARACTERÍSTICAS GERAIS E MORFOLÓGICAS É uma árvore de grandes dimensões que atinge 20 a 30 metros de altura DISTRIBUIÇÃO (por vezes mais) e de folha caduca. O porte é geralmente imponente O Castanheiro europeu ocorre por toda a Europa do Sul (de Portugal e com um tronco espesso e uma copa semi-esférica, mais ou menos Espanha à Grécia, podendo a Norte ser encontrado em Inglaterra e País alongada. O tronco é liso nos primeiros dez-quinze anos, mas a casca de Gales ou Alemanha, para além de todo o norte de França. rapidamente se fendilha criando linhas pouco profundas que, com o envelhecimento das árvores, faz com que o tronco mais pareça estar PREFERÊNCIAS AMBIENTAIS torcido. O Castanheiro é uma árvore que se adapta facilmente a diversos tipos de As folhas verdes brilhantes, lanceoladas (em forma do bico de uma clima e altitude ocorrendo desde altitudes baixas até ao cimo das lança) e dentadas (com a margem das folhas com pequenos dentes) e montanhas, apesar de haver uma preferência por altitudes entre os 400 e estão dispostas alternadamente sobre os ramos. O comprimento é 1000 metros (por vezes mais), climas sub-atlânticos, sem temperaturas variável mas é comum atingirem os 20 cm de comprimento e mais de 5 abaixo dos 15º negativos e solos ligeiramente ácidos. cm de largura. Do pé das folhas saem durante um período variável entre Maio e Julho O CASTANHEIRO NO ECOSSISTEMA os amentilhos (cachos de flores amarelas) que parecem iluminar a O Castanheiro está associado ao Carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e árvore, razão porque em algumas zonas do país lhes chamam candeias. ao Carvalho-roble. Sob as suas copas ocorrem igualmente inúmeras O forte odor destas flores atrai abelhas e outros insectos que, plantas espontâneas, contribuindo grandemente para o aumento da juntamente com o vento, transportam o pólen de umas árvores para diversidade biológica. outras. Entre os animais que frequentemente visitam as áreas de castanheiro O desenvolvimento dos frutos dá-se no interior de um invólucro aparece o javali que se alimenta das castanhas que caem ao solo e que as espinhoso - ouriço. Em cada ouriço desenvolvem-se normalmente três disputa a coelhos e outros animais. castanhas de forma cónica mais ou menos achatada. A partir do início É uma árvore que permite o desenvolvimento de alguns cogumelos de Outubro os ouriços abrem e libertam as castanhas que caem no comestíveis conhecidos sob as suas copas, tirando a própria árvore algum chão. benefício de algumas destas espécies. É sempre útil recordar que estas espécies de cogumelos não são todas comestíveis pelo que a sua recolha só deverá ser feita por quem os conheça bem. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 36 A ÁRVORE MAIS ÚTIL DO MUNDO CURIOSIDADES E UTILIZAÇÕES CURIOSIDADES ticas dos seus frutos e tem sido um componente essencial da economia Em Portugal há alguns exemplares de castanheiros monumentais nos das populações rurais. Do fruto das variedades que as populações foram distritos de Bragança Viseu e Guarda, cujos troncos têm circunferências seleccionando e que as mão hábeis foram enxertando, é obtido um com cerca de 10 metros e as copas conseguem abrigar várias dezenas rendimento importante com a sua venda quer para produto de luxo da de pessoas. Tratam-se de castanheiros centenários que parecem querer culinária e confeitaria, quer para farinhas de rações pelas suas qualidades cumprir o dito do povo que diz que um castanheiro leva 300 anos a nutritivas. Nas regiões de produção é um importante alimento, quer para crescer, 300 a viver e 300 a morrer. pessoas quer para animais, nomeadamente para o porco e perú cujo A presença do castanheiro está bem patente na toponímia de Portugal acabamento é feito com castanha. onde aparecem frequentemente designações como Souto, Castanheiro A madeira tem inúmeras aplicações em cestaria, toneis e mobiliário mas ou Castanhal. Só com a designação de Souto há mais de três centenas também na construção para soalhos, portas e revestimentos. É uma de menções toponímicas. madeira com uma densidade de cerca de 0,6. Tem o inconveniente de poder fendilhar quando seca. UTILIZAÇÕES O Castanheiro é explorado pela qualidade da madeira e pelas caracteris A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 37 BENTO DA CRUZ EM DESTAQUE NA COMUNIDADE DE LEITORES DA REDE CASAS DO CONHECIMENTO O livro \"Planalto de Gostofrio\", do escritor Bento da Cruz, esteve em destaque na 12.ª sessão da Comunidade de Leitores da Rede Casas do Conhecimento, dinamizada online, através da plataforma ZOOM, a partir do auditório da biblioteca municipal. Fátima Fernandes, vereadora da educação da Câmara de Montalegre, apresentou a obra, num momento expressivo do retrato narrativo do autor, de incontornável valor para a preservação do património cultural da região. Na opinião dos leitores, o escritor Bento da Cruz foi uma valiosa descoberta. A obra foi descrita como «poesia em forma de prosa», «uma escrita sem pressa», atribuindo-lhe a qualidade de «narrador ímpar». O encontro contou com a participação de Emanuel Cruz, filho do escritor, e de outos familiares e amigos. A Comunidade de Leitores da Rede Casas do Conhecimento esteve de regresso com PLANALTO DE GOSTOFRIO novas sugestões de leitura e mais encontros marcados. Há semelhança das edições «Bento da Cruz criou em Planalto de Gostofrio uma anteriores, o programa da terceira edição promoveu a leitura de seis obras (literárias e inviolável história de amor que é uma autêntica écloga não-literárias, de autores nacionais e internacionais) do Ensaio ao Romance, em prosa vivida por António, zagal de vacas, e sua prima procurando ir ao encontro de um público heterogéneo, despertando interesses e Carolina, pastora de gadinho. Este idílio infantil não promovendo a partilha de conhecimentos diversos. Enquanto as questões de encerra, porém, todo o livro, porquanto a par dele distanciamento físico forem aconselhadas pela Direção Geral de Saúde, os encontros acontecem outras histórias. Uma delas é a da Família dos foram feitos apenas online, recorrendo à plataforma Colibri-Zoom, à semelhança das Marinheiros: quantos são, como vivem, o que fazem; duas últimas sessões da segunda edição. Em Montalegre, a escolha do livro recaiu em trabalhos agrícolas, dificuldades económicas, matança dos \"Planalto do Gostofrio\" do escritor Bento da Cruz. Recordar que a Comunidade de porcos, idas à missa e à feira, horas tristes, horas alegres. Leitores da Rede Casas do Conhecimento é uma iniciativa organizada pela Casa do Outra é a do Povo de Gostofrio: organizações Conhecimento e os Serviços de Documentação da Universidade do Minho, em comunitárias, rivalidades entre vizinhos, zaragatas com colaboração com as Casas do Conhecimento dos Municípios de Boticas, Montalegre, aldeias limítrofes, a vezeira, a chega do boi, os incêndios, Paredes de Coura e Vila Verde. Tem como principais objetivos a promoção da leitura os bailes, a má língua. Ainda a da Região de Barroso na ao longo da vida, tornando-a numa atividade de caráter social e comunicacional, que década de trinta. Planalto de Gostofrio é no seu conjunto, motive a partilha de conhecimento, reflexões e inquietações a partir de uma um livro solar, um cântico de alegria e ação de graças ao experiência de Leitura, contribuindo para a nossa formação enquanto cidadãos ativos, Criador dos pássaros e das rosas». capazes de questionar o mundo e agir sobre ele. Fonte: Gabinete Imprensa da CMMontalegre BENTO DA CRUZ REDE CASAS DO CONHECIMENTO A Barrosana

Noticias de A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 38 Lampejos dememória (continuação) Por: Dr. Custódio Montes PARAFITA Juíz Conselheiro Jogávamos à choca, à cabra cega, às escondidas, praticávamos desportos, como atirar ao xito, jogar ao vinte, às pedrinhas e, no verão, quando já “eramos homens”, Fui pastor nadávamos até ao marco, num lago que o rio fazia junto ao meu lameiro. Sim, porque só nos consideravam homens quando conseguíamos nadar até ao dito O meu pai morreu em 31.1.1951, com 31 anos, num marco e nos sentávamos nele. acidente de viação, tinha eu acabado de completar sete Aí sim, diziam-já nadou até ao marco….. e eramos respeitados como tal. anos de idade. Mas nessa altura, já ia sozinho com as Mas os que sabiam nadar só nos deixavam entrar na aventura depois de darmos provas, vacas. E, depois da morte do meu pai, nesse ano, e do dentro do rio, onde a água não cobrisse. E, quando a prova ocorria já nós nos tínhamos meu avô paterno, no ano seguinte, passei a pastor de fartado de treinar nas poças da rega, na aldeia. Normalmente, o dia corria bem, a serviço, meu irmão, a homem do arado e minha mãe, a menos que desse a “mosca” a alguma das vacas e se pusesse a arrabar porque, nesse mulher e homem da casa. O lameiro que mais caso, suávamos as estopinhas para a trazer de regresso à manada. lembranças me traz é o de “Regabão”, pegado à margem E se aparecêssemos em casa sem algum animal, tínhamos tareia pela certa. esquerda do rio Rabagão, a mais de uma hora de casa. Eu, normalmente, tinha uma táctica que nunca falhava para regressar a casa sem As vacas desciam pelo povo abaixo e depois das últimas problemas. Levantava as mãos ao céu e dizia - oh nossa Senhora de Fátima se me casas do Padrão, atravessada a estrada, onde a carreira trouxeres de volta a briosa (era a que mais arrabava) dou-te um milhão de contos parava e a “D.ª Julinha” entregava um ramo de flores ao quando for grande. Deu-me sempre resultado esta táctica mas a dívida foi aumentando corredor da volta que passasse em primeiro lugar, e dada tanto que a ter que saldá-la, nem saberia a quanto montava ou se era pagável, mesmo a curva das Lezírias, deixava de se ver a aldeia e, além do com a sua reestruturação, como agora se diz. gado, só a fusca me acompanhava, menos quando o cio apertava. Passava-se o corgo da Agueira e depois subia-se A hora de voltar para a casa era a de chegar pelo pôr do sol. Minha mãe dizia-me, o monte de cabeça de Mua. como já era tradição, que devia voltar com as vacas para a corte quando a sombra Ao chegar ao cimo, olhando para trás, voltavam a ver-se batesse no meio da encosta Nascente do monte do Castelo. Mas, muitas vezes, as casas da aldeia, mas, dobrado o monte, nunca mais se distraídos a brincar, a noite surpreendia-nos a meio do percurso, o que obrigava os alampavam. Fome só à noite porque a minha mãe me nossos pais a irem saber de nós, com lampiões na mão. Durante a minha meninice, mandava a merenda dentro duma saca de linho, também tornei águas, levantei pesos para mostrar a minha valentia, ajudei no campo. normalmente um naco de presunto e pão, e um vidrinho Andei descalço na neve, escalei montes e penedos em busca de mais vastos horizontes, de vinho. O maior tormento era a solidão e a percorri terras semeadas e vales aos fradelhos e aos míscaros. Subi a carvalhos à cata de possibilidade de poderem aparecer lobos esfaimados pelas ninhos e refresquei-me à sua sombra em dias de verões escaldantes, habituando-me a encostas, como se ouvia aos serões. Mas, lobos nunca os respeitar os frondosos carvalhais, razão pela qual ainda hoje não gosto de cortar vi, a não ser um, na aldeia, já morto e enfiado num pau carvalhos pela raiz por entender que as florestas são de todas as gerações. desde o rabo até à boca, transportado pelo matador, à Tive os meus namoros, quando pastoreava o gado, mas, com mais vigor, no meter dos frente, e por outro homem, atrás, e um outro com uma fenos, pois mandavam calcá-lo no palheiro aos rapazes e raparigas e lá dentro havia saca a pedir pela aldeia pela façanha do abate. E a solidão escuridão bastante para os encostos ao de leve e outros afagos que, na altura, eram era apenas temporária, logo quebrada pouco depois de tudo para nós…. chegar, pois havia sempre outros pastores por ali para as À noite assistia aos ensaios da banda de música, quando os havia, já no tempo do brincadeiras do costume. Na margem direita do rio, do sossego, findos os trabalhos agrícolas, e que decorriam no sobrado do Pinto, dos meus lado oposto ao meu lameiro, havia uma poula que era o avós maternos, sendo ensaiadores os meus tios, e um deles maestro - o ti Zé do Pinto. nosso campo desportivo. Custódio Montes A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 39 COVID-19| FRANÇA ANUNCIA NOVO CONFINAMENTO E FECHA FRONTEIRAS AOS PAÍSES FORA DA U.E. O Presidente francês Emanuel Macron falou ao país via televisão, para Marie Oliveira | Paris anunciar novas e mais apertadas, medidas de restrição, atendendo à evolução da pandemia da Covid-19 em França. A França avançou assim Em análise à evolução do combate à pandemia, afirmou que para um “confinamento mais rigoroso mas adaptado”, sublinhou Macron. “se os esforços feitos foram úteis, a lucidez exige que se Assim, entre as principais medidas destaque para a proibição de eventos reconheça que não basta. O vírus está a circular em França a sociais e convívios entre familiares, bem como de manter abertos bares e uma velocidade que nem mesmo as previsões mais pessimistas restaurantes. Contudo, as escolas, do ensino básico, não vão encerrar mas chegam. Não tínhamos previsto. Ontem morreram 527 dos as universidades sim. O teletrabalho será obrigatório. nossos compatriotas. Ontem contávamos quase 3.000 pessoas “Decidi que é necessário determinaro confinamento em todo o território em cuidados intensivos, ou mais da metade das capacidades de nacional. As escolas ficarão abertas, e os lares podem receber visita. acolhimento”, ressalvou o presidente. “A nossa estratégia foi Tal como na primavera, poderemos sair de casa para ir trabalhar, ir a definida no verão. Tratava-se de viver com o vírus e de consultas médicas, dar assistência aos familiares, fazer compras ou fazer controlar sua circulação, contando com nossa capacidade de breves passeios junto às nossas casas. Bares e restaurantes vão fechar. testar, alertar, proteger. É o que estamos a fazer desde agosto. Funcionários e empregadores que não possam trabalhar continuarão a Fizemos tudo certo? Não. Mas fizemos tudo que podíamos. beneficiar de desemprego parcial”, detalhou. Macron adiantou ainda, que Podíamos ter ido mais rápido no início dos testes. Como todos será elaborado um plano especial para os trabalhadores independentes, os nossos vizinhos, somos acometidos pela aceleração comerciantes, micro e médias empresas. repentina da epidemia, por um vírus que parece ganhar força com a aproximação do inverno. Estamos todos na Europa, surpreendidos com a evolução do vírus”, rematou. “Creches, escolas e colégios continuarão abertos com protocolos de saúde País em situação crítica fortalecidos. Pelo contrário, faculdades e estabelecimentos de ensino superior oferecerão cursos online. Sempre que possível, o teletrabalho será Entretanto, médicos franceses vêm alertando que o seu país generalizado novamente. Mas, esta é uma segunda diferença em relação à \"perdeu o controlo da epidemia\" de covid-19, um dia depois primavera, os balcões dos serviços públicos continuarão abertos. As nossas das autoridades de saúde terem relatado 52.000 novos casos, fronteiras internas ao espaço europeu permanecerão abertas e, salvo enquanto as nações europeias aumentam restrições para excepções, as externas permanecerão fechadas. Quanto aos cemitérios, reduzir contágios. Jean-François Delfraissy, Presidente do neste período marcado pelo Dia dos Finados, permanecerão abertos e Conselho Científico que assessora o Governo francês sobre o quero que possamos continuar a enterrar os nossos entes queridos com vírus, disse que o país está numa \"situação muito difícil, crítica dignidade”, avançou ainda. até\". \"Provavelmente existem mais de 50.000 novos casos todos os dias”. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 40 FRANÇA | GOVERNO PORTUGUÊS PROMETE FRANÇA | FORÇAS POLICIAIS LANÇAM REFORÇO DA REDE CONSULAR… CAÇA CONTRA MOVIMENTOS ISLÂMICOS Várias operações policiais têm sido lançadas em França contra \"dezenas de indivíduos\" envolvidos no movimento islamita, anunciou o Ministro do Interior francês, afirmando que o professor recentemente decapitado foi vítima de uma “fatwa”. O compromisso foi assinalado pela Secretária de Estado das \"Eles claramente emitiram uma “fatwa”- decreto religioso Comunidades Portuguesas, durante uma intervenção gravada na Noite islâmico, neste caso de morte, contra o professor\", disse Gerald de Gala da Câmara de Paris. Berta Nunes reafirmou a intenção do Darmanin à Rádio Europe 1, apontando para os suspeitos sob Governo reforçar a rede consular em França e apelou aos portugueses e custódia.Estas operações policiais, decididas na sequência do lusodescendentes naquele país para que estudem nas universidades Conselho de Defesa, terão continuidade nos próximos tempos. nacionais e invistam em Portugal. Segundo o Ministro, as operações não visam \"necessariamente “Gostaria ainda de reforçar o compromisso do Governo português com indivíduos ligados à investigação\" do assassínio do professor de o reforço da rede consular, procurando sempre prestar a todos os história Samuel Paty. Visam, sim, \"transmitir uma mensagem: cidadãos portugueses o serviço e o apoio que lhes é devido”, afirmou a (...) nem um minuto de trégua será dada aos inimigos da governante na Gala dedicada à comunidade portuguesa em França e República\", sublinhou Gérald Darmanin. Desde o assassínio do organizada pela Associação de Lusodescendentes. professor, na em Conflans Saint-Honorine, \"mais de 80 .“A ligação da comunidade portuguesa em França a Portugal é muito investigações\" foram abertas por ódio online e já ocorreram particular e muito nos tem dado ao longo dos anos”, disse a Secretária prisões, acrescentou o Ministro. referindo que quer dissolver de Estado, e acrescentou: “Ficaríamos muito honrados que esse várias destas associações de malfeitores. caminho se continuasse hoje a fazer, também, através da criação, no âmbito do Prémio Literário Ferreira de Castro, dirigido às ... comunidades, através do contingente especial para acesso de emigrantes e familiares ao ensino superior português, que neste ano registou um LUXEMBURGO|NÚMERO DE INFECTADOS aumento de 60% no número de candidatos”. E ainda “através do novo Programa Nacional de Apoio ao Investimento CRESCE 265% NUMA SEMANA da Diáspora, dirigido àqueles que planeiam regressar um dia a Portugal e igualmente àqueles que, permanecendo nos países que os acolheram, O número de infectados com covid-19 cresceu 265% atingindo procuram investir em Portugal”, continuou. Para Berta Nunes, a os 3.387 casos, só na última semana. Verificaram-se assim mais cerimónia em que participou “é um momento de celebração muito 1.280 novos contaminados, do que na semana anterior. Há ainda importante, naturalmente, mas é também um momento de reflexão a registar 12 novas mortes no mesmo período. comum em torno da comunidade franco-portuguesa em França”, que é Este crescimento foi acompanhado por um aumento do “bem-sucedida”. A Secretária de Estado aproveitou o momento para número de pacientes nos hospitais, concentrados nos cuidados saudar os mais de 7.000 eleitos de origem portuguesa nas eleições normais, o que pode ser explicado pela estrutura etária dos municipais: casos positivos. O grupo etário dos 15-29 anos ainda se destaca como o mais afectado, seguido pelo grupo etário dos 30-59 anos, que mais uma vez registou o maior aumento na semana passada. A incidência no grupo etário dos 0-14 anos continua a ser cerca de metade da dos adultos. Também houve um forte aumento no grupo etário dos mais de 75 anos. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 41 CORRIDA DOS 4 CASTELOS 2020 TERMINOU EM MONTALEGRE Prova em 2021, terá lugar entre os dias 3 e 5 de Junho Terminou no Castelo de Montalegre a travessia do Ultra Trail-Corrida dos 4 Castelos, cujo palco foi o Parque Nacional da Peneda-Gerês. O evento, denominado TransPeneda-Gerês, iniciou-se no interior do Castelo de Melgaço, passou pelos Castelos de Castro Laboreiro, Lindoso e terminou em Montalegre e nasceu para a realização do Campeonato do Mundo de Trail em 2016 com uma versão de 85 quilómetros. Este ano, passou a ter uma distância de cerca de 165. A corrida dos 4 Castelos, é uma uma iniciativa que nasceu para a realização do Campeonato do Mundo de Trail em 2016, com uma versão de 85 quilómetros, percorrendo a parte central do Parque Nacional. O evento cresceu este ano para a distância mítica de aproximadamente 165 quilómetros, atravessando todo o Parque Nacional. Esta travessia foi feita non-stop, tendo os participantes, como tempo limite para a sua realização, um total de 50 horas. Houve ainda a possibilidade de participar na modalidade de estafetas, com mais 100 vagas disponíveis para equipas de três elementos. Neste caso, a estratégia da equipa foi um aliciante à participação, já que cada equipa pôde definir quantos e quais quilómetros cada elemento fez. Por exemplo, se um dos três elementos se lesionar no início da prova, os outros dois colegas puderam cumprir todo o restante percurso e a equipa ficou qualificada. O evento, permitiu ainda aos participantes, definir qual dos elementos foi o melhor a subir ou a descer e atribuir essas partes do percurso a esses mesmos atletas para conseguir mais vantagens. Para os que não puderam participar já este ano, fica a informação que a edição de 2021 também já tem data marcada: será realizada entre os dias 3 e 5 de Junho. Os participantes poderão usufruir, para além da prova de 165 quilómetros, das distâncias de 100, 55 e 27 quilómetros. COVID-19 “SACUDIU” COM AS BRUXAS PELO MENOS ATÉ AGOSTO DE 2021 A \"noite das bruxas\", que começou a ser celebrada em 2002, tornou- se já num dos principais eventos no concelho e numa das \"maiores festas de rua do país\". Porém em 2020 e fruto do Covid-19 que afecta o país no seu todo, vai ser adiado pela segunda vez consecutiva. A “sessão” de Novembro, agendada que estava para 13 deste mês, voltou a ficar sem efeito, prevendo-se que na melhor das hipóteses possa regressar em Agosto de 2021 com a mesma força, entusiasmo e determinação. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 42 SURTO DE COVID-19 ATACOU FORTE NO CONCELHO E… DE REPENTE, SALTO “VIROU VILA FANTASMA”… Actividade económica do concelho só foi reactivada e de forma progressiva a partir de 20 Outubro Quando menos se fazia esperar, um surto de covid-19 transformou a vila de Salto, onde o silêncio ocupou os estabelecimentos comerciais e até a escola básica, que chegou a ter apenas um aluno disponível num universo de 70 para assistir às aulas presenciais. O comércio lamentou-se com as quebras no negócio e as pessoas refugiavam-se em casa. Salto “virou quase um deserto” com receio do Covid-19. A actividade económica só foi reactivada e de forma progressiva a partir de 20 de Outubro- Foi assim desde o primeiro dia de Outubro, data em que A vila, vive um pouco do comércio local, da passagem desta estrada que faz a ligação à soou o alarme na freguesia, após quatro funcionárias do auto-estrada em Arco de Baúlhe. É a saída principal do concelho e tínhamos muito Lar da Nossa Senhora do Pranto terem testado positivo à movimento nos cafés e restaurantes – referiu o autarca. Na pastelaria de Vitória Martins Covid-19. A situação escalou para um surto depois da o “movimento foi descendo drasticamente” desde que se soube que havia casos em realização de testes que confirmaram 26 casos de infecção Salto. “A cada dia que passa há menos pessoas a parar aqui”, disse. entre os 30 utentes e 10 entre os 20 colaboradores da instituição. Nos dias que se seguiram, e com o surgimento Vitória Martins está preocupada, mas depois de dois meses de portas fechadas por causa de novos casos na comunidade, a Câmara Municipal de do confinamento diz que não quer voltar a encerrar. Foi difícil!... As pessoas voltarem ao Montalegre decidiu suspender, missas, feiras e serviços ritmo normal e agora já estava a acontecer. Aos pouquinhos foram vindo. Sempre fui públicos na freguesia para impedir “a disseminação muito exigente com o uso de máscaras e a alertar as pessoas para desinfectarem as mãos descontrolada do vírus”. “ – salientou. O Presidente da junta de freguesia, Alberto Fernandes, José Oliveira tem uma carrinha de venda ambulante de peixe e passa duas vezes por descreveu um ambiente diferente nesta vila que costuma semana em Salto onde disse, que ao contrário do que era normal, encontrou ser “muito movimentada”. As pessoas - contou, “retraíam- “pouquinhos clientes”. “que diferença. De 100% não se trabalha 20- Está muito fraco” – se, ficavam mais em casa e as que saíam andavam com as apontou. devidas precauções”. “Estamos todos tristes com isto, mas aguardamos por melhores dias. Com este medo os pais não estavam a deixar ir os filhos à escola. Houve dias em que vieram cinco, três e chegou a comparecer apenas um aluno”, afirmou à agência Lusa. A viver perto da básica de Salto, uma idosa, que não se quis identificar, disse estranhar o silêncio que ocupou aquele estabelecimento de ensino frequentado por cerca de 70 crianças. A escola não fechou e os professores e funcionárias continuaram a ir trabalhar. “Os meninos não têm vindo e na vila, há uma semana as pessoas andavam abaixo e acima e não se via ninguém na rua”, contou, acrescentando que mesmo assim só sai à rua quando é “mesmo preciso”. Também na escola secundária do Baixo Barroso, na Venda Nova, em cerca de 150 alunos, foram menos de 50 os que foram às aulas nos dias que se seguiram ao aparecimento do surto. Alguns dos estudantes ficaram mesmo em isolamento profilático. Sem nenhum caso positivo até ao inicio do mês, a partir do dia 8 a freguesia ultrapassou os 50. Os primeiros foram detectados no Lar Nossa Senhora do Pranto, espalhando-se depois pela comunidade. O Agrupamento de Escolas Doutor Bento da Cruz confirmou que foram confirmados três casos de covid-19 na escola básica e secundária do Baixo Barroso e dois na escola básica de Salto. Ainda se vêem pessoas pelas ruas, na sua maioria a usar máscara, pelos cafés e esplanadas, mas, segundo Alberto Fernandes, são muito menos do que é normal nesta localidade. Ao longo da Estrada Nacional 311, que atravessa Salto, encontram-se cafés e pastelarias, restaurantes, bancos e os correios, com reduzida clientela. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 43 SURTO DE COVID-19 ATACOU FORTE NO CONCELHO… AUTARQUIA ALIVIOU MEDIDAS CONTRA A PANDEMIA DE FORMA PROGRESSIVA Depois de fazer o ponto da situação relativamente à crise AS MEDIDAS QUE FORAM ENTÃO TOMADAS pandémica de Covid-19 e ter-se revelado que existiam duas cadeias de transmissão no concelho, uma em Salto e PARA COMBATE À PANDEMIA… outra em Montalegre, o Municipio decidiu implementar várias medidas de protecção de forma a conter a Após reunião da Comissão Municipal da Proteção Civil, o Executivo propagação do vírus, alterando o horário dos montalegrense reforçou as medidas para que “se estancassem os vários funcionários municipais reduzindo o número de surtos em desenvolvimento” no concelho. presenças em actividade de funções, desconcentrar os Em comunicado, informava então, que devido ao “aumento horários das brigadas externas, encerrar o castelo de generalizado de casos positivos Covid-19 e o efeito multiplicador que as Montalegre e cancelar as feiras de Montalegre e Salto, cadeias de transmissão conhecidas potencia”, cafés, restaurantes, bares, estabelecendo as 19 horas para o encerramento de cabeleireiros e comércio em geral passam a funcionar das 10 às 19H00 estabelecimentos de restauração e cafés. em “toda a área territorial do concelho de Montalegre”, à excepção de farmácias, padarias e postos de combustível. O Municipio, solicitou ainda aos párocos do concelho a O documento referia ainda que o ACES do Alto Tâmega e Barroso diminuição, “ao máximo possível” das celebrações “determinou o encerramento das Extensões de Saúde do concelho e a litúrgicas e a proibição de participação em velórios. redução das consultas presenciais no Centro de Saúde, bem como a total Orlando Alves, Presidente da Câmara e “face à desinfecção da estrutura”. A autarquia e Comissão Municipal de constatação do vírus estar disseminado por todo o Protecção Civil, relembrava que “prevalecem as demais medidas território concelhio, apelou ainda para que as pessoas constantes no comunicado tornado público anteriormente e que permanecessem em casa e evitassem ao máximo saídas estavam relacionadas com os horários dos funcionários ao serviço do desnecessárias e concentrações sem o necessário Município, serviços municipais e feiras”, apelando, mais uma vez, “ao distanciamento, ao mesmo tempo que apelava ao uso uso generalizado da máscara, mesmo em espaços abertos, ao permanente de máscara e higienização continuada das distanciamento social, etiqueta respiratória, higienização e desinfeção mãos. “Se todos assim fizermos, sairemos vencedores - constante das mãos”. disse. Passados que foram 20 dias e após análise das Orlando Alves, referia que as medidas “ainda que contrariados, somos condições no concelho, a actividade viria a ser relançada obrigados a anunciar, dado prenunciarem sem qualquer disfarce ou de forma progressiva com o regresso à normalidade de mistificação, a gravidade do momento que estamos a viver, mas que funcionamento da restauração e a reabertura das feiras espero sejam por todos entendidas e acatadas”. Felizmente que as coisas de Montalegre e Salto. As cerimónias de culto foram melhoraram e muito e as medidas adoptadas tiveram para o efeito tal também retomadas, ainda que com restrições e em importância que em 20 de Outubro, o mesmo Presidente elaborava um comunicado, dando conta que a partir daquela data todas as medidas estreita colaboração com a Igreja. íam ser progressivamente revertidas. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 44 SURTO DE COVID-19 ATACA FORTE NO CONCELHO AUTARQUIA REFORÇOU MEDIDAS CONTRA A PANDEMIA Covid-19 | 140 testes feitos a pessoas E… CASTELO FECHOU PORTAS ligadas ao Lar S. José deram negativo APÓS 17 MIL VISITAS DESDE JULHO No dia Nacional dos Castelos, celebrado a 7 de Outubro passado e em pleno contexto epidémico, o Castelo de Montalegre atingia a marca de 17 mil visitas no período compreendido entre aquela data e o mês de Julho, quando da sua reabertura ao público após décadas em que se encontrou fechado por falta de condições de segurança. Esta é pois a estatística que comprova apesar do momento conturbado que vivemos - a importância da \"sala de visitas\" do Município, exemplo de atracção e e beleza cultural, que agora devido a medidas de prevenção contra o Covid-19, foi temporariamente encerrado. Depois do surto de covid-19 no Centro de Saúde de Montalegre, as atenções viraram-se para o lar da Misericórdia. Uma utente que precisou de atendimento hospitalar testou positivo para a covid-19, mas a cadeia de contágio não terá sido a mesma. Os diferentes focos no concelho levaram então à tomada de medidas. Entre elas, a testagem de 140 pessoas ligadas ao lar, entre utentes, funcionários e contactos próximos. Segundo o Provedor Fernando Rodrigues explicou à Lusa os resultados deram todos negativos. Acrescente-se que entre os testados se encontram alguns trabalhadores das valências creche e da unidade de cuidados continuados. CONCELHO TENTA TRAVAR FONTES DE TRANSMISSÃO… Refira-se, que a abertura do Castelo ao público, só foi possível graças ao investimento feito na sua requalificação, cujos custos atingiram os 1,5 Os primeiros casos a serem conhecidos no concelho tiveram milhões de euros, no âmbito de um protocolo celebrado entre a origem no lar de Salto. Dos 36 inicialmente infectados da Direção Regional de Cultura do Norte, o Município de Miranda do instituição, apenas uma idosa ficou internada. As Douro e o Município de Montalegre, datado de 23 de Março de 2016, preocupações passaram também pelas escolas, que permitiu a apresentação de uma candidatura a financiamento ao nomeadamente a do Baixo Barroso, onde três turmas programa Portugal 20.20, que integrou a intervenção referida e ficaram em isolamento. Dois elementos dos bombeiros de garantiu financiamento por fundos comunitários no montante de 85% Salto também testaram positivo. Face aos factos, o Município do custo dos trabalhos. resolveu implementar medidas rigorosas para travar a Covid- A título de curiosidade refira-se ainda que o Dia Nacional dos Castelos 19, designadamente a suspensão das feiras, desfasamento dos tem como objectivo promover em todo o país iniciativas e actividades horários de trabalho dos funcionários camarários e que visam a reflexão sobre o património fortificado. Castelos que são o encerramento do Castelo. A pedido do Municipio, a testemunhos da memória colevtiva dos povos e representam uma Diocese de Vila Real chegou a anunciar também, que importante referência arquitectónica, histórica, cultural e simbólica de decidia “suspender temporariamente as celebrações do culto um país. Portugal possui centenas de castelos e fortes, sendo alguns e outras atividades pastorais nas paróquias do Arciprestado deles reconhecidos pela UNESCO como Património da Humanidade. do Barroso - concelho de Montalegre - até que as condições melhorem”, situação entretanto já em parte revertida. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 45 PRESIDENTE DA REPÚBLICA, MARCELO REBELO DE SOUSA, MARCA PRESENÇA NAS BODAS DE OURO DO PARQUE NACIONAL DA PENEDA GERÊS… O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, uma instituição de ensino superior, uma associação de participou no passado dia 11 de Outubro, na cerimónia que defesa do ambiente e outros actores de relevância local assinalou o 50.º Aniversário da Inauguração do Parque inerentes a cada Municipio O Governo, consolida assim a Nacional da Peneda-Gerês. O evento contou ainda com a estratégia de valorização do território e da Rede Nacional presença do Ministro do Ambiente e do Secretário de Estado de Áreas Protegidas, focada numa gestão activa e de da Conservação da Natureza, das Florestas e do Ordenamento proximidade. Este protocolo, o sexto a ser assinado, prevê do Território. uma verba de 100 mil euros, a ser aplicada durante 36 Na ocasião foi assinado o protocolo de co-gestão do Parque meses, para apoio técnico e operacional e actividades Nacional da Peneda-Gerês, entre o Instituto de Conservação da prioritárias de promoção da co-gestão desta área protegida. Natureza e das Florestas, o Fundo Ambiental e a ADERE- Até ao final de 2020, os investimentos destinados às áreas Peneda Gerês, organização que desenvolve a sua actividade nos protegidas ascenderão os 29 milhões de euros. Municípios integrantes deste território – Arcos de Valdevez, O Parque Nacional da Peneda-Gerês foi a primeira área Melgaço, Montalegre, Ponte da Barca e Terras de Bouro. protegida criada em Portugal, mantendo-se como o único O modelo de co-gestão desta Área Protegida, integra também com o estatuto de Parque Nacional, reconhecido internacionalmente com esta classificação. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 46 BARROSO MARCA O RITMO FAFIÃO COM NOVO MIRADOURO UM VERDADEIRO DESAFIO PARA GENTE DE CORAGEM… A vista é impressionante, mas para alguns pode ser um desafio!... Quer isto dizer, que quem não gosta de alturas, terá que fazer um esforço extra para lá chegar. Uma coisa é porém certa: vale a pena… Trata-se do novo Miradouro de Fafião, situado no topo de um bloco gigantesco de graníticos penedos, ligados a outros por uma ponte de ferro. Está situado em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, logo ali bem pertinho da aldeia de Fafião. Uma aldeia histórica e plena de vida, pertencente à freguesia de Cabril. Do miradouro pode avistar-se a magnitude das serras e vales do Gerês, com paisagens imponentes que nos fazem sentir pequenos. Pode ver-se igualmente a barragem de Salamonde, o rio Fafião – outrora chamado de Tôco - um afluente do Cávado, nascido na Serra do Larouco e o Fojo do Lobo, uma das maiores armadilhas de lobos da Península Ibérica – uma estrutura em pedra que outrora era usada para proteger os rebanhos e as aldeias. Para os interessados numa eventual visita, podem deixar o carro no centro de Fafião e seguir a pé por um pequeno caminho sinalizado que começa no parque de merendas da aldeia. Lá que vale a pena, isso vale!... Só visto… A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 47 PISCINA MUNICIPAL VAI SER REQUALIFICADA A OBRA ESTARÁ CONCLUÍDA EM 2022 A Câmara Municipal de Montalegre vai investir cerca de 1,5 milhões de euros na A reabilitação do edifício é essencialmente ao requalificação das Piscinas Municipais. Os trabalhos vão decorrer em 2021 e 2022, e nível da sua envolvente opaca exterior, de permitem a “incorporação de novas tecnologias, com maiores ganhos de eficácia forma a melhorar significativamente o seu energética e de protecção ambiental, menos poluidores”, garantiu o presidente da comportamento térmico, a introdução de sis- Câmara Municipal de Montalegre. Orlando Alves explicou que o executivo está a trabalhar à luz de um projecto que ultrapassa 1,5 milhões de euros, quase A requalificação vai permitir integralmente suportado pelo orçamento municipal. Apesar de ter financiamento obter mais eficiência energética garantido pelos fundos comunitários (500 mil euros), o quadro comunitário apenas e ganhos ambientais. Trabalhos financia o que tem estritamente a ver com eficiência energética (revestimento decorrem em 2021 e 2022. exterior e equipamentos). Os restantes encargos terão de ser assumidos pelo temas de energia renováveis, nomeadamente município montalegrense. painéis de solar térmico para AQS, e A reabertura da piscina está agendada para o Verão de 2022. A intervenção consiste intervenções pontuais no interior de maneira na separação da nave principal da nave do tanque de aprendizagem. Nas fachadas a melhorar a funcionalidade dos espaços e pretende-se garantir o isolamento térmico das mesmas, bem como a aplicação de um acessibilidades. Vai ser colocado isolamento novo acabamento de forma a proteger o isolamento colocado. Os vãos envidraçados térmico do teto e as lâmpadas serão LED; serão substituídos por caixilharia com vidro duplo e corte térmico para que caldeiras vão funcionar a pellets e serão garantam o isolamento térmico e mantenham a temperatura constante no interior. colocados painéis solares, A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 48 CADA NOVA EXPLORAÇÃO RECEBERÁ 4.OOO EUROS DE SUBSIDIO… AUTARQUIA SUBSIDIA EXPLORAÇÕES DE PEQUENOS RUMINANTES Na sequência do que vem sendo feito, a autarquia de Montalegre em articulação com a Cooperativa Agrícola do Barroso, volta a incentivar a produção pecuária do concelho. Desta feita, foram atribuídos cerca de 50 mil euros à exploração de pequenos ruminantes - caprinos e ovinos. Foi ainda anunciado que o aparecimento de nova exploração recebe 4.000 euros. A cerimónia - informal devido à crise epidémica da covid-19 – teve lugar no interior do Pavilhão Multiusos. Segundo Orlando Alves, Presidente do Municipio, “este subsídio aparece na linha de continuidade daquilo que temos vindo a fazer. Recordo – disse, que já distribuímos o apoio ao nascimento de espécies de raça autóctone barrosã; apoiamos a Cooperativa na produção de batata de semente e nas restantes actividades que promove e desenvolve ao longo do ano; e temos um alto investimento na Feira do Fumeiro. Este é também um apoio a uma actividade bonita, muito interessante, também muito cansativa e punitiva, sobretudo nos dias de Inverno. É uma actividade rentável que podia ser aproveitada pela generalidade dos residentes no concelho de Montalegre. Na área dos pequenos ruminantes, ninguém tem a nossa capacidade. Estamos convencidos que este é o caminho, isto é, apostarmos naquilo que nós somos. Somos agricultura de qualidade, pecuária de excelentíssima qualidade e somos floresta. Apostar nestes três vectores é reforçar a nossa identidade. Aproveito para felicitar os produtores pecuários que se dedicam a esta actividade e por isso expresso aqui o reconhecimento do Município. Também uma palavra de saudação à Coopbarroso que tem feito um trabalho notável”. Enquanto isso, Nuno Sousa, Presidente da Cooperativa Agrícola do Barroso, realçou que “o subsídio é fundamental para a sobrevivência destas explorações familiares. Foram distribuídos 50 mil euros para 42 explorações agrícolas de pequenos ruminantes. A ideia do subsídio é manter os efectivos. Foi dado um valor de 4.000 euros por exploração nova. Este ano houve em Cabril, Sabuzedo e em Montalegre. Mal esteja entregue o processo na Cooperativa, o dinheiro entra na conta dos agricultores». A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 49 SALTO | COVID-19 FEZ PRIMEIRA VITIMA MORTAL NO LAR PROTOCOLO DA CONSTRUÇÃO DE ACESSOS Um homem de 66 anos que foi infectado no surto do À PONTE DA ASSUREIRA ENTRE MUNICIPIO E coronavírus que atingiu o lar de Salto, acabou por morrer no Hospital de Vila Real onde havia sido internado, segundo EXÉRCITO FOI RENOVADO… fonte da instituição. O Município de Montalegre renovou o protocolo de colaboração com o Exército português através do Regimento de Engenharia n.º 3, sediado em Espinho, com vista a concluir o acesso, em terra batida, até à \"Ponte da Assureira\". Recorde-se que os trabalhos - iniciados em meados de 2019 - foram interrompidos devido ao surto epidémico da covid-19 pelo que foi necessário prolongar os mesmos. Contactado pela agência Lusa, Alberto Fernandes, responsável pelo Lar de Nossa Senhora do Pranto, na freguesia de Salto, confirmou que o homem havia morrido naquele estabelecimento hospitalar, referindo que se tratava de um dos infectados no surto que atingiu a instituição, mas que sofria também de outras patologias. O utente estava institucionalizado há cerca de 20 anos naquele lar. Alberto Fernandes disse ainda, que estão dados como recuperados 20 utentes e nove funcionárias da instituição, as quais estão também a regressar ao serviço. Do total de 30 utentes, 26 contraíram a infecção pelo novo coronavírus, faltando ainda recuperar cinco. Quanto à origem do surto na instituição, Alberto Fernandes disse que \"tudo indica que possa ter sido uma visita de um utente\". O autarca apontou ainda outras \"boas notícias\" nesta vila, como o regresso dos alunos à escola \"com normalidade\" e a reposição da missa e da feira semanal, que se realizam, como habitualmente, no domingo.O medo afastou muitas crianças da escola e a suspensão de feiras e missas, foi uma das medidas implementadas para travar a propagação do surto. Alberto Fernandes acredita que \"lentamente\" a vila Segundo Orlando Alves, “estivemos a renovar um protocolo iniciado em vai recuperando o movimento que a caracteriza, já que é Maio do ano passado que visa criar uma acessibilidade à \"Ponte da local de passagem para muitos trabalhadores, pescadores e também caçadores. Assureira\". Refira-se que Montalegre activou o Plano Municipal de A ideia é que Chaves lhe dê continuidade e fique transitável. Os Emergência e Proteção Civil no dia 02 de outubro, depois trabalhos tiveram de ser interrompidos em Março por causa da covid-19. de terem sido detectados os primeiros casos positivos no Lar A ideia é retomá-los mau grado estarmos perante uma ameaça Nossa Senhora do Pranto, onde foram infectados 26 utentes semelhante ao que tivemos no mês no Março. e 15 funcionárias, alastrando-se depois às escolas, bombeiros Vamos aguardar que corra bem, de forma a que a acessibilidade à ponte e particulares. No surto que atingiu a freguesia de Salto já se finalize”. todas as pessoas foram recuperadas. A Barrosana

A BARROSANA | NOVEMBRO 2020 | EDIÇÃO XXXVI | 50 PRESIDENTE DO MUNICIPIO DISSE “PRESENTE”… DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO Este ano, no Dia Mundial da Alimentação, o Presidente da Câmara de 2020 Montalegre fez um conjunto de reflexões não só sobre a efeméride como também sobre o facto do território barrosão ser Património Comemorado desde 16 de Outubro 1981, o Dia Mundial Agrícola Mundial. Uma distinção que acarreta orgulho e da Alimentação, é alusivo à data de criação da responsabilidade. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura - FAO, em 1945. Este marco traz uma importante reflexão sobre a necessidade de uma alimentação saudável, acessível e de qualidade, chamada de \"Segurança Alimentar e Nutricional\". O objectivo desta comemoração é dar consciência e potenciar uma acção global para aqueles que sofrem com a fome e a necessidade de garantir a segurança alimentar e dietas nutritivas para todos. Segundo dados do relatório \"O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo 2020\" pela OMS- Organização Mundial da Saúde e por outros fundos, cerca de 750 milhões pessoas foram expostas a níveis graves de insegurança alimentar em 2019. Orlando Alves sublinhou que o galardão «é uma vénia ao trabalho dos As nossas acções antepassados». O concelho, acrescentou o autarca, é sinónimo de são o nosso futuro... riqueza patrimonial que obriga a todos a um constante respeito pela mãe natureza. TEMÁTICA ANUAL Por curiosidade, referia-se que este ano a FAO - Organização das Desde a primeira comemoração, o Dia Mundial da Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura assinala os seus 75 anos de existência. Alimentação aborda temas diferentes a cada ano no intuito de potencializar, descentralizar investimentos e viabilizar o acesso de todos à alimentação saudável. Ao longo dos anos já foram abordados temas como \"A comida vem primeiro\", 1981; \"Alimentação e meio ambiente\", 1989; \"A luta contra a fome e a desnutrição\", 1996; \"Lutar contra a fome para reduzir a pobreza\", 2001; \"Sistemas alimentares saudáveis\", 2013; \"Mudar o futuro da migração: investir em segurança alimentar e no desenvolvimento rural\", 2017, e \"Nossas acções são nosso futuro: um mundo fome zero para 2030 é possível\", 2018. Este ano, o tema é \"Cresça, alimente, sustente. Juntos\", onde lança um apelo à solidariedade global, dentro do cenário de pandemia de Covid-19, para ajudar as pessoas mais vulneráveis a recuperar e tornar os sistemas alimentares mais sustentáveis, fortes e resilientes. Fonte:Gabinete Imprensa da CMM A Barrosana


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