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Revista_F13 (1)

Published by Marcia Boroski, 2023-06-15 21:02:42

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13 ª Edição - XIII ano



Editorial Quantas Curitibas... Afinal, quantas cidades cabem em uma cidade? Será que é possível viver uma vida inteira em um município e conhecer tudo o que ele oferece? No ensaio que é a nossa capa, o Múltipla Curitiba, a Natália Schultz Jucoski nos brinda com fotos de vários cantos da capital paranaense, feitas por meio de muitas andanças e olhares. Assim, nós convidamos vocês para passear por Curitiba pelas fotos da Natália. E para aproveitar a viagem, trazemos um tríptico, feito pelo João Mafi, em comemoração aos 50 anos de um dos pontos principais dessa cidade. Na seção Brasil de Todos os Cantos, conhecemos um pouco mais do Monumento dos Imigrantes, em Valinhos (SP), do Buraco do Padre, em Ponta Grossa (PR), do Cemitério da Candelária, em Porto Velho (RO) e um grupo de choro de São Roque (SP). Na seção Entre-Vista, Keny Mariguele conversou com Mario Lucas Konze, um artista plástico de Navegantes (SC). Bárbara Tagliani, Talita Lopes e Amanda Zanluca conversaram com jovens pesquisadoras do campo da Comunicação Na seção Frame, elas contam essas histórias, bem como sonhos e desafios. Boa leitura!

SUMÁRIO TBoradsoilsdoes0C6antos Entre-vistas 14 O lugar do teatro 32 50 anos do calçadão da XV 38 Frame 40

Especial Curitiba Múltipla 20

BrasilDE TODOS OS CANTOS Monumento dos Imigrantes: história e representatividade Obra símbolo da imigração italiana chegou a ser furtada em Valinhos e ganhou nova forma nas mãos do artista Sérgio Ceron. Por Júlia Ribeiro ”Monumento dos Imigrantes”, obra que representa a imigração italiana na cidade de Valinhos (SP). Foto: Júlia Ribeiro. 6 O monumento dos imigrantes de original. Ela reproduz uma família italiana: Valinhos, no interior de São Paulo, é uma pai, mãe e dois filhos, sendo um de colo importante representação da imigração e outro com os pés sobre um globo italiana na cidade e, após ser furtado no terrestre. O primeiro monumento foi feito segundo semestre de 2018, retorna em em 1990, em bronze e foi furtado em novo estilo pelas mãos do artista Sérgio 2018. Ceron, de 58 anos. Em entrevista, Sérgio contou que A obra fica instalada na Praça José foi convidado a refazer a obra pelo ex- Ferraro, entre as Avenidas Imigrantes secretário de cultura do município, Tite e Gessy Lever, mesmo local da estátua Stopiglia. Ele pesquisou sobre famílias

BrasilDE TODOS OS CANTOS imigrantes, incluindo a sua que veio de Veneto, nordeste da Itália. “Se tornou um projeto pessoal. Pensei na minha família que veio ao Brasil em 1914 e enfrentou dificuldades”, afirmou. A escultura foi entregue após cinco meses de trabalho com dois metros de altura. As mudanças foram aprovadas pela Secretaria de Cultura e também pela população valinhense, segundo Sérgio. “Tive muitos elogios pela volta da escultura. Com as adequações que fiz ela ficou mais representativa. O artista, Sérgio Ceron, comenta que refazer o monumento 7 “se tornou um projeto pessoal”. Foto: Maria Ceron.

BrasilDE TODOS OS CANTOS Geologia, história e natureza em um só lugar O Parque Buraco do Padre é um deleite aos olhos e um patrimônio cheio de segredos e detalhes para quem gosta de história e geologia. Por Alanna Della Possa A cidade de Ponta Grossa (PR) abriga muitas belezas naturais, visto que, seu território está dentro do Parque Nacional dos Campos Gerais. Uma delas, é o Parque Buraco do Padre, que apesar do curioso nome - advindo dos padres jesuítas que ali meditavam -, guarda muitos atrativos geológicos, históricos e naturais. Mesmo ficando seis meses com as portas fechadas devido à pandemia de Covid-19, os administradores do parque seguem otimistas. “Para a fauna e para a flora foi um descanso significativo”, comen- ta Samuel Vogetta, gerente do parque. E haja fauna para descansar, são aproxima- damente 300 espécies de aves, 46 de ser- pentes e 35 de mamíferos. “O Buraco do Padre não é só uma cachoeira bonita, ele tem papel importante na formação da cidade e na nossa cultu- ra”, explica um dos guias do local, Billy Joy Ribeiro. O processo de formação da furna começou há mais de 400 milhões de anos atrás, quando a região sul do Brasil era fun- A furna principal do Parque Buraco do Padre e a queda do do de mar. Após muitas mudanças geológi- Rio Quebra Pedra. Créditos: Alanna Della Possa. cas, o solo cedeu e o Rio Quebra Pedra deu 8 origem à queda-d’água de 30 metros que encanta os turistas.

BrasilDE TODOS OS CANTOS 9

BrasilDE TODOS OS CANTOS Na Amazônia, um cemitério de homens e de máquinas que desafia o tempo, o abandono e os saqueadores No histórico Cemitério da Candelária estão sepultados milhares de trabalhadores que perderam a vida construindo a lendária Ferrovia do Diabo. Por Rubens Coutinho 10 Locomotiva abandonada em frente ao Cemitério da Candelária. Créditos: Rubens Coutinho. Na região central de Porto Velho, Trata-se de uma parte do patrimônio capital de Rondônia, existe um local histórico da “Estrada de Ferro Madeira- onde está preservada, mesmo que Mamoré” (EFMM), concluída em 1912. precariamente, a história de uma epopeia No local, também está preservada a no meio da outrora exuberante selva memória dos milhares de trabalhadores amazônica. que perderam a vida na obra que é

BrasilDE TODOS OS CANTOS considerada pelos historiadores como constantes saques. 11 um dos maiores desafios da engenharia ferroviária no Brasil. Um dos poucos túmulos preservados no Cemitério da Candelária. Créditos: Rubens Coutinho. Frente a frente, coexistem dois Grupo de alunos de cursinhos visitam a área dos ce- cemitérios: um de homens, outro de mitérios da Candelária e das Locomotivas. Créditos: máquinas. A separá-los, uma pequena Rubens Coutinho. estradinha de terra, cercada de mata nativa, quase margeando o rio Madeira, um dos afluentes do Amazonas. No Cemitério da Candelária, descansam trabalhadores recrutados no mundo todo. A maioria morreu de doenças endêmicas da região. E no Cemitério das Locomotivas, estão as máquinas e equipamentos que ficaram pelo caminho quando, em 1972, a administração militar da Madeira-Mamoré fez uma cerimônia de adeus no pátio da ferrovia. Todas as locomotivas que ainda podiam rodar foram reunidas no centro de Porto Velho e soaram o seu último apito. A professora de História, Rita Clara Vieira da Silva, formada pela Universidade Federal de Rondônia, faz parte de um grupo de historiadores que defende a preservação dos dois cemitérios e comenta sobre o fim da ferrovia. “A desativação das estradas de ferro no Brasil deu seus primeiros passos durante o Governo de Juscelino Kubitschek, que começou a construir as grandes rodovias. Décadas depois, nosso papel é de preservação da nossa ferrovia, ou do que restou dela”, diz a historiadora. Ainda, segundo a historiadora, quem desativou a Madeira-Mamoré foi o governo da ditadura militar. “Na medida em que os militares iam asfaltando as rodovias, acharam desnecessário manter a EFMM. Alegaram que era caro mantê- la”. Atualmente, apesar dos esforços de pessoas como Silva, os dois patrimônios sofrem dilapidação. Trilhos, dormentes, partes dos equipamentos e até as sepulturas dos trabalhadores sofrem

BrasilDE TODOS OS CANTOS Serestas e serenatas: o romantismo das noites sanroquenses Grupo de choro de São Roque (SP) resgata sucessos românticos e é acompanhado por centenas de moradores e turistas ao longo do ano. Por Lais Leme Alves 12 Grupo de Choro “Seresta e Serenata” alegra as ruas são-roquenses na última sexta-feira de cada mês. Créditos: Lais Alves. Criado há oito anos, o grupo de choro lim, cavaquinho, percussão, e curiosos se “Seresta e Serenata” reúne sempre na juntam ao longo do caminho nas quase última sexta-feira do mês, dezenas de duas horas de espetáculo que acontece músicos que seguem cantando pelas ruas sob à luz do luar, como manda a tradição. da cidade rumo ao coreto da Praça da República. No embalo de violão, bando- “Vem gente de Cotia, de Ibiúna, Mairinque e até de Santos”, conta José

BrasilDE TODOS OS CANTOS Carlos Dias Bastos, ou simplesmente Zé do Nino, conhecido por ser a representação das memórias e das tradições são-roquenses (São Roque em São Paulo). No repertório do grupo, estão clássi- cos da música brasileira, como Vinícius de Moraes, Lupicínio Rodrigues, Pixinguinha, Cartola, Noel Rosa, Jacob do Bandolim e Chico Buarque. “Tristeza, por favor, vá embora. Que- ro voltar aquela vida de alegria, quero de novo cantar”, canta Zé do Nino, em referência à música de Beth Carvalho - que também compõe o repertório do grupo. “Logo estaremos juntos novamente”, finaliza ele. 13 Integrantes do Grupo de Choro se aquecem antes de irem às ruas sanroquenses. Créditos: Lais Alves.

“A pintura é uma forma de manifestar o que não consigo dizer em palavras” Por meio da pintura, o artista plástico e fotógrafo de Navegantes (SC), se expressa e manifesta o que sente em suas obras. 14

Por Keny Henrique Mariguele como “caverna”, onde se isola e produz 15 suas obras em uma espécie de palco (uma Foi ainda na infância que o cata- parte mais elevada do espaço). Konze rinense, Mario Lucas Konze, de 29 anos, conta como foi o processo de se encon- começou a se interessar e a se expressar trar com a arte e o que ela representa em por meio dos desenhos. Aquilo que seria sua vida. Ainda, o artista plástico comen- apenas uma coisa de criança, veio a se ta sobre como a pandemia afetou seu tornar um trabalho quando ele comple- processo criativo, o processo de criação tou 20 anos. A Revista F entrevistou o de suas obras e, por fim, suas inspirações artista plástico em seu ateliê, um espaço e referências. composto por muitos livros e telas pin- tadas por ele. O artista nomeia o ateliê

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E-VNISTTRAES Revista F: Quando começou a desenhar telas apresentavam cenários diferentes. e pintar? Porém, seguiam um padrão como, por Mario Konze: Comecei na infância. Como exemplo, sendo imagens femininas, com ficava muito tempo de castigo, a única espelhos ou janelas mostrando cenários coisa que podia fazer era desenhar, e opostos. Você costuma pensar em série eu me expressava através dessa arte. para produzir o seu trabalho? Depois, parei de desenhar e, por volta Mario Konze: No início, comecei a fazer dos meus 20 anos, por acaso, voltei a alguns retratos para tentar estabelecer fazer desenhos. Vi uma amiga com uma uma técnica. Pois, como nunca aprendi a camiseta que gostei muito e perguntei pintar, sempre fui fazendo com base na onde ela havia comprado aquela peça. minha intuição. Até que, em um dia de Ela respondeu: “eu quem desenhei”. tédio, pensei: “vou pintar o que vier na Fiquei impressionado e curioso ao saber minha cabeça”. O padrão existente na sobre as canetas que ela havia usado exposição de 2021, foi ao acaso. Repre- para fazer aquilo. Então, ela me deu senta a minha expressão do momento uma caneta e eu fiz a primeira pintura em que foi produzida. No entanto, atual- numa camiseta branca. Depois, fiz outras mente estou desenvolvendo um trabalho pinturas e as pessoas começaram a se interessar. Assim, surgiram as primeiras encomendas, depois abri uma empresa que passou a ser minha principal fonte de renda. Revista F: E como surgiu o interesse em 17 pintar em telas? Mario Konze: Com a pintura das camisetas percebi que queria ampliar minha experiência com a arte. Um dia, comprei uma tela de 80x120 cm e comecei a primeira pintura. Foi uma experiência intensa e gostosa, pois, a cada pincelada, eu me arrepiava. Senti um prazer muito grande em construir camadas e disse para mim mesmo: “É isso!”. Tive a certeza que precisava fazer aquilo, mas sabia que precisava estudar e me aperfeiçoar. Na pintura, o tamanho da tela importa. Pois, uma tela grande, em branco, me intimida. É uma janela grande que, sem conseguir explicar, precisa ser preenchida. Revista F: Em 2021, na sua exposição, as

E-VNISTTRAES em série. Ele se chama “Carnes do Pens- amento’’, o qual será composto por 18 partes do corpo. Revista F: A pandemia do Covid-19 in- fluenciou na sua manifestação artística? Como? Mario Konze: Bastante, pois também me senti ansioso e me perguntando: “o que está acontecendo?”. Meu pai chegou a ficar internado em estado grave e eu só conseguia me expressar por meio da pintura. Foi um período de reclusão e de intensa expressão. A pintura é uma for- ma de manifestar o que não consigo dizer em palavras. Preciso pintar, não sei expli- car. Parece clichê, mas é como se o real não me bastasse. Preciso estar sempre fantasiando as coisas porque, para mim, o imaginário é sempre muito mais con- fortável. Então, pintei a “Pandenica”, que é inspirado na obra “Guernica” de Pablo Picasso, no qual é retratado o desespero do povo com a Guerra Civil Espanhola e, na “Pandenica”, existe referência ao hospital, ao sofrimento das pessoas e ao governo. Revista F: Como você lida com as in- pintor”. Mas atualmente, gosto de ouvir terpretações do público acerca das suas o que as pessoas acham do meu trabalho, obras? seja positivo ou negativo. Até porque, Mario Konze: É bem interessante isso. muitas vezes, nem eu sei interpretar Porque no início, o foco nunca foi pintar o que está sendo representado. Por para alguém. Era apenas a minha forma exemplo, meu amigo está escrevendo um de se expressar. Por isso, nunca criei uma 18 expectativa sobre como iriam entender livro no qual cita um dos meus quadros. Ele escreveu várias páginas falando o que tinha sido feito. Após a fase da sobre essa obra e eu não conseguiria pintura das camisetas, retornei a um escrever nem um parágrafo sobre aquele trabalho na área de logística e pensei: quadro, em específico. Acho isso muito “Bom, esse será o meu trabalho. Vou ficar interessante e comecei a gostar disso. aqui, quieto, pintando para satisfação De alguma forma, posso incomodar e pessoal. Só depois de um tempo passei estimular as pessoas a refletirem sobre a dizer às pessoas que também era um algo que também me incomoda. Eu pinto

E-VNISTTRAES para mim, porque me incomoda. Essa dom, mas acredito que tenho muita exposição é interessante porque fala sensibilidade para a imagem e para a sobre mim, de alguma forma. É como estética. Isso foi desenvolvido desde se eu estivesse pelado e para isso, é a infância, pelo meu interesse em preciso ter coragem. Existem questões representar o imaginário. A literatura, políticas ali que, às vezes, estão ocultas por exemplo, ajuda demais no meu ou representadas de forma simbólica, trabalho. Pode parecer estranho pensar por exemplo. O importante é ser honesto que eu treino a pintura a partir da com o que estou sentindo. literatura, mas para mim, o que importa é aplicar o conceito. Eu gosto muito da Revista F: Qual foi a primeira pessoa a parte abstrata. Por isso, me inspiro no ver um dos seus quadros e a te incentivar Kandinsky. Ele tem um conceito - que a mostrar o seu trabalho? acho muito lindo -, de que a arte é como Mario Konze: Meu pai, ele chorou uma religião. Apesar disso, não considero quando viu. Minha mãe, irmã e tias o meu trabalho como um dom. choraram, também, quando viram. E à medida que mostrava para outras Revista F: Além do artista Wassily Kan- pessoas da família, elas também se dinsky, quais são suas outras referências? emocionavam. Eles conheceram meu Mario Konze: Gosto muito do gaúcho trabalho ainda na época das camisetas, Iberê Camargo, que trabalhou com as- mas eram contra. Quando comecei a sociação livre da vida dele. Também do desenhar, eles perguntavam: “você vai paulista Mário Gruber, que pintou uns viver de arte? Você acha que isso vai palhaços em um cenário bem escuro. dar certo?”. Por isso, quando comecei Gosto muito da ideia dele. Todos eles me a pintar nas telas, não contei para eles. Quando mostrei o primeiro quadro, o 19 qual tenho muito orgulho dessa obra, porque embora não tenha uma estética bela, foi uma construção bonita para quem não sabia pintar - gostei da harmonização que consegui com as cores -, meu pai disse: “você é um artista!”. Embora não me importe com o termo artista, indico essa categoria nas redes sociais para cumprir um contrato social, mas não luto pelo artista. Eu luto pela linguagem. Luto por dizer as coisas de uma forma que não consigo falar. Hoje, tenho o apoio da minha família. Essa aceitação foi um processo muito bonito. Revista F: Você acredita que o seu tra- balho é um dom? Mario Konze: Não acho que seja um

Múltipla Curitiba Por Natália Schultz Jucoski Toda cidade tem uma característica principal; muito sol ou muita chuva, pou- cas flores ou muitos prédios. Curitiba é um pouco de cada uma dessas coisas, parece que reúne várias cidades em uma só. Em uma paisagem urbana que prevalece, a na- tureza não é deixada de lado. Grandes edi- fícios compõem e dividem a cidade com pequenos espaços. O aspecto de tranquili- dade pode ser encontrado a poucas qua- dras do centro populoso e movimentado. De um lado, os sons do comércio ecoam pelas ruas, do outro, a calmaria nas áreas verdes e extensas. A capital paranaense possui várias identidades, as cores que formam a cidade saem da banca de frutas do Mercado Municipal e vão até os muros da famosa rua São Francisco. Em Curitiba, faça frio ou calor, podemos enxergar uma pluralidade capaz de acolher a todos os gostos. 20

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ESPECIAL 24

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ESPECIAL O lugar do teatro é onde as pessoas O teatro quando sai das salas acusticamente planejadas e faz das ruas o seu palco, converte o espaço urbano em uma grande vitrine cultural Natália Schultz Jucoski 32

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A cultura funciona como uma rede de produção e compartilhamento de uma sociedade. Seu acesso é direito de todos. O teatro, por exemplo, quando sai das salas acusticamente planejadas e faz das ruas o seu palco, converte o espaço urba- no em uma grande vitrine cultural. Esta ação possibilita que a parte da população excluída, que não frequenta aquelas salas, consiga se aproximar e participar efetiva- mente da construção da cultura. Nesta série fotográfica, o teatro mos- tra seu potencial de transformar o espaço urbano. Quando as peças são encenadas nas passagens (e paisagens) da cidade, como na rua XV de Novembro, há quem pare no trajeto para assistir em um deslo- camento do cotidiano habitual, fenômeno tão próprio das artes; há quem olhe de relance e siga, como se aquele palco fosse efetivamente parte integrante daquele espaço, como se os prédios e vias fossem parte do cenário. Sua democratização (quantitativa- mente e qualitativamente) é mais do que necessária. É fundamental e urgente. Se é direito de todos, que os palcos estejam onde as pessoas estão. 34

ajudam muito. 35

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50 anos de um dos principais pontos Por Amanda Zanluca (texto) e João Mafi (fotos) Foi em 1972 que um dos pontos mais mento estão localizados, ainda: o primeiro conhecidos da capital paranaense, a Rua XV arranha-céu da cidade, o Edifício Garcez, o de Novembro (também chamada de Rua das Palácio Avenida, o relógio da Praça Osório e o Flores) foi inaugurado. Bondinho. Além de ser um espaço turístico, concentra Passados 50 anos da sua inauguração, o importantes marcos da história do Paraná. calçadão da XV continua sendo um dos luga- A Boca Maldita foi (e ainda hoje, é) palco de res mais reconhecidos da cidade curitibana. muitos atos políticos, como as manifestações Milhares de pessoas passam por essa via os Diretas já!. dias, que se tornou abrigo para comércios, residências e histórias paranaenses. Ao longo dos 3.300 metros de compri- 38

s de Curitiba: o calçadão da XV 39

Frame Pesquisadoras relatam suas experiências no Intercom Sul A Sociedade Brasileira de Estudos Inter- no campus da Universidade do Vale do disciplinares da Comunicação (Intercom), Itajaí, em Balneário Camboriú, Santa Ca- promove todos os anos um congresso tarina. Mulheres estudantes de jornalismo nacional na área de pesquisa em Comu- que atuam no campo de pesquisa, contam nicação. O encontro que ocorreu nos dias como foi participar do evento e falam so- 16, 17 e 18 de junho de 2022 reuniu alunos bre seus trabalhos e vivências na área. Por Talita Lopes 40 Intercâmbio de aprendizagem “Apresentei um trabalho sobre minha monografia de conclusão de curso, no Intercom Júnior. Foi uma experiência marcante e inspiradora. Minha ideia é iniciar o mestrado e participar de vários projetos, e esse intercâmbio de conhecimento me mostrou que o jornalismo de verdade não morreu. Tive ideias e insights por meio do contato com diversas pessoas empol- gadas e pude perceber o futuro do mercado e da graduação. Há muitas pessoas dispostas a criar informação boa, positiva e verdadeira” - Maryana Schmitd Pinto, 22 anos, estudante de Jornalismo na Universidade do Vale do Itajaí de Itajaí (Univali).

Frame Por Amanda Zanluca 41 Troca de conhecimentos “No meu trabalho, eu falei sobre a questão do consumo de streaming pelos jovens, que é algo que estou estu- dando desde o projeto de iniciação científica da minha universidade. Foi muito legal apresentar. Gostei de contar sobre o trabalho para jovens, ver gente da nossa idade e estar falando do meu trabalho - que estuda o consumo de streamings pelos jovens e para jovens. Gostei tam- bém do debate, porque não imaginei que haveria tantas contribuições e insights. Foi incrível ver que é relevante e ouvir gente falando que achou interessante. Acho que não tem nada mais gratificante do que essa troca. Para mim, essa é a palavra que define o Intercom. É uma troca que mostra que você, jovem, está no lugar certo” - Nathalia Miguel Brum, 21 anos, estudante de Jornalismo da Pontifí- cia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Frame Por Bárbara Tagliani Novas experiências “Minha pesquisa foi uma análise de discurso do podcast Mamilos. Falei sobre a desconstrução do conceito de mas- culinidade com aplicação na retórica aristocrática, abor- dando questões de gênero e de filosofia. Gostei muito da experiência de escrever um artigo científico, inclusive, 42 ganhei prêmios com o meu artigo na faculdade na qual estudo. Gostaria de sempre participar desses eventos acadêmicos, porque além de contribuir, a gente consegue aprender muito. Acho incrível e muito necessário para a nossa profissão de comunicadores” - Hellen Piris, 21 anos, estudante de Jornalismo do Centro Universitário Adven- tista de São Paulo (UNASP).

Frame Por Amanda Zanluca 43 Realidade de pesquisadora “É bem difícil ser pesquisadora no Brasil. Especialmente pelo financiamento. Nós recebemos pouco na bolsa, por exemplo, e são muitas horas. Além disso, nos dedicamos a estudar sobre o assunto e a fazer pesquisas. Falta remune- ração compatível. Por outro lado, é muito bom em relação a experiências e por isso pretendo seguir na área de pes- quisa” - Maria Rita da Costa Rolim, 21 anos, estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

Frame Por Amanda Zanluca Um encontro para se pensar outras formas de comu- nicação “É a minha primeira vez participando de um congresso. Entrei na graduação em 2020 e acabei não participando de nada presencialmente nesse ano. Em 2021 fizemos um projeto que possibilitou desenvolver um texto para parti- cipar da Intercom Jr.. Está sendo bem legal. Conheci várias pessoas, vi vários projetos interessantes também e que realmente possibilitaram pensar outras formas dentro da 44 comunicação, o que acredito que irá agregar muito para o meu conhecimento e para os estudos. A iniciação cien- tífica foi algo que me interessou bastante. Eu me formo ano que vem, então já estou pensando em outros proje- tos, algo que possa continuar nesse caminho” - Lucia Iara Bandeira de França, 20 anos, estudante de Publicidade e Propaganda da Universidade da Região de Joinville (UNI- VILLE).

Expediente Produção: A Revista F é uma produção laboratorial do curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter. Chanceler Prof. Wilson Picler Reitor Dr. Benhur Gaio Coordenador do curso de Jornalismo Dr. Guilherme Carvalho Professora responsável Dra. Marcia Boroski (MTB: 10737/PR) Projeto gráfico Núcleo de Imagem Ponto Zero Diagramação e layout Renata Cristina Foto capa Natália Schultz Editoras de textos Nicole Thessing, Fernanda Guedes e Amanda Zanluca Estudantes de Jornalismo Júlia Ribeiro, Alanna Della Possa, Rubens Coutinho, Lais Leme Alves, Keni Henrique Mariguele, Natália Schultz Jucoski, Amanda Zanluca, João Mafi, Talita Lopes e Bárbara Tagliani. Contato [email protected] Acesse o blog da Revista F www.blogdarevistaf.com.br

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