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Uma Ponte Para o Infinito (excerto)

Published by D'Almeida ©, 2017-06-28 08:38:02

Description: Editor: Edição de Autor * Autor: João Firmino © * Capa: D'Almeida Ateliê © * Paginação, arte final, impressão e acabamento: D'Almeida Ateliê

Keywords: autores portugueses,livros poesia,poesia portuguesa,edição de autor,diva almeida,joão firmino

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Uma Ponte Para o Infinito... João Firmino



Ficha técnica Título original “Uma Ponte Para o Infinito” Autor João Firmino Revisão de texto pelo Autor Capa Arranjo gráfico de Diva Almeida com base em foto do Autor Impressão Atelier Gráfico artes gráficas & plásticasSetúbal | [email protected]ção, encadernação artesanal e acabamentos MJ Real Imo EditoraSetúbal | [email protected] ISBN: 972-8670-54-0 Edição do autor 2005



Uma Ponte Para o Infinito... João Firmino



PrefácioQuando nasce um livro de poemas, nasce simultaneamente aautonomia em relação ao seu Autor, que só lhe fica com aessência que qualquer um pode ou não atingir.É uma ave que se solta e que se afasta ao nosso olharenquanto lhe asseguramos a liberdade do voar porque não lhefoi cortada a dimensão das suas asas.Nesta obra, o Poeta nada perde, tudo ganha, porque no florirda dádiva recebe a maturidade dum sentir sempre renovado.É um “Verde” permanente em perpétua Primavera a desfazerincertezas do ontem, do hoje e do Amanhã até chegar àconsumação perfeita deste ideal feito “Uma Ponte para oInfinito”. Maria José Almeida MJ Real Imo Editora



Nota explicativae AgradecimentosNa segunda metade da década de 90, iniciei um percursoprofissional onde contactei com uma inesperada realidade paramim totalmente desconhecida, um Centro de Acolhimento ede Formação para jovens duplamente castigados peladeficiência mental e ausência de um comportamento juri-dicamente ajustado. Foi um tempo de imensa aprendizagem ede um olhar para a dureza de uma realidade inimaginável.Nesse Centro conheci a Drª Ofélia Bomba, médica Psiquiatra, ecom ela aprendi a ver o poético, a dor, o silêncio do sofrido, amútua compreensão entre o saber técnico e o saber humanoe, sobretudo, ir e voltar com um sentido de grande humor.No final dos anos 90, integrei-me num Projecto Cultural dePoesia “Poemas do País da Vida”, onde um grupo de poetas jápartilhava esta forma de sentir, quer em encontros culturaisespecíficos quer através de colectâneas de temas genéricos,tendo participado na primeira colecção organizada, desde oprimeiro volume ao vigésimo quinto (número de fecho damesma). Estas obras, assim como outras, são editadas pela MJReal Imo Editora. Neste Projecto pude transmitir muitosestados de alma que a nova realidade me provocava.Há cerca de um ano, foi dada expressão a uma ideia que jávinha em gestação, por um grupo de eborenses, de criar umarede de poesia na Net, utilizando, os que se associassem, osseus e-mails para enviarem e receberem poemas originais ououtros. A Maria João e o Alberto Frazão quase me em-purraram para o grupo das partilhas poéticas. Participei.“Um poema por dia” era o mote do “Circulo de Poesia” paranos incentivarmos mutuamente. O grupo foi crescendo, ospoemas partilhados também. Na maioria, só consegui enviarpoemas originais, que o vício da escrita há muito tomou contade mim. Mas aprendi a ler poesia, a partilhar com outros aessência de um interior definitivamente voltado para oexterior e enriqueci-me com tantas palavras que não conhecia.

A realidade agora era outra, mesmo a nível profissional. Ostsunamis e furacões de grau 5 estavam a tomar conta dahumanidade. Os poemas tomaram a forma dessa actualidade.À medida que o tempo passava, sentia que as trocas depalavras e a própria construção dos poemas eram a expressãode uma viagem de ida e volta. O sentido da poesia era oresultado do andamento que estávamos em conjunto a criar.E o movimento, a expressão de uma harmonia sublime entretodos.Após alguns meses, o José Manuel Chorão (um dos que deu a“cara” para a construção do Círculo) coloca-me um aliciantedesafio: “porque não editas e dás a conhecer a mais gente atua poesia?”. Recuei. Assustei-me. Lembrei-me de momentospassados, profundamente vexatórios, quando andava compalavras na mão de editor em editor e a escutar as suas“realidades” sobre o panorama comercial português no quetoca à leitura de poesia. Dizia-me um dos editores quecontactei: “Em Portugal não se lê poesia e os que lêem menossão os próprios poetas… mas de poetas todos se intitulam”.Obviamente que nada mudou nessa realidade, bem antes pelocontrário. Mas no final de um caminho há sempre umainfinidade de caminhos e nunca uma ausência de caminhos. Apouco e pouco a publicação começou a fazer sentido.Lembrei-me da MJ Real Imo Editora. Uma possibilidade deedição de autor. Fazia sentido. Como se a edição fosse umaprenda de aniversário ou de Natal para amigos e familiaresque de perto e há muito me acompanham. Agora, fazia todoo sentido.Agradeço a todos, que de perto ou de longe, directa ouindirectamente, contribuíram para a construção dos poemas esua publicação. Para todos e todos em um! João Firmino

DepoimentosNo florilégio de poesias com o título “Poemas do País da Vida”composto por 25 livros e editado pela MJ Real Imo, JoãoFirmino participou com 25 poesias. Seria prolixo, apesar detentador, falar de todas. Por isso, vou só citar o primeiroverso da primeira poesia do primeiro livro e o último verso daúltima poesia do último livro. Penso que diz muito sobre oJoão Firmino!...“Breve Adeus”“Tenho aberta uma caixa de tesouros que em mim deixaste.” João Farelo (Poeta participante no Projecto Cultural sem fins lucrativos “Poemas do País da Vida”)Pedem-nos um apontamento para um livro de poemas a sereditado por um amigo.Será que se pode escrever sobre os poetas?Não estão os poetas definidos nos seus poemas?Que nos pedem que digamos?Que o poeta se faz todos os dias?Que se rega com cada verso?Que cresce um pouco mais com cada poema?Um poeta é uma obra inacabada que se aperfeiçoa com oritmo das palavras. Isso sabemo-lo nós.

Estas palavras que aqui se alinham nasceram dum desafio.Trocar poemas seus ou de outros, num grupo que foicrescendo. Daí o primeiro poema “Um poema por dia”. Foi umaintenção. Ir escrevendo, reflectindo sobre o dia-a-dia. E ospoemas foram nascendo. Agora darão um sentido, serãoagrupados como um conjunto de reflexão e de partilha.Tudo dá um poema, podemos nós dizer.A vida é um poema que se compõe verso a verso. Ou talvezpaixão a paixão.Paixão pela vida! Viver sempre com intensidade todas as coisasque faz e todas as relações que mantém com os outros!São estas as ideias que imediatamente nos vêm à mentequando pensamos no João Firmino e é também isso que serevê na sua poesia.O João é um amigo de longa data com o qual temos tido aoportunidade de partilhar muitas das aprendizagens maisimportantes que temos feito ao longo da vida. Muitas delasforam o resultado de experiências óptimas, mas muitas outrassurgiram na sequência de momentos bastante difíceis edolorosos. Uma certeza temos: todas foram importantes, masestas últimas foram talvez as melhores, porque foram as quenos obrigaram a parar, a pensar e a tentar encontrar umsentido para a vida.O caminho de descoberta da razão e do sentido a dar aopercurso de cada um de nós está ainda em construção.Continuamos a segui-lo em conjunto. Maria João Figueira Alberto Frazão (Amigos de longa data e construtores da síntese entre a ciência e a poética)

Mãos no fundo dos bolsos, chuva no rosto, olhar inquieto adesvelar uma alma em ânsia: assim caminha o poeta pelamargem desse rio que é a vida, assim respira as palavras queele próprio criou e com que se inventa (e dos que passam nãohá quem veja nas suas costas as asas do sonho imenso?).Cada poema é uma pincelada que acrescenta; é mais um tom,uma cor, uma nota na pauta; assim constrói a beleza, aharmonia, assim partilha o sonho de outro horizonte.Poderíamos viver sem este livro? Certamente. Mas com ele avida tem mais sentido.São poemas ou é a vida que é assim como ele a diz?Do alto da sua imensa alma ele vê outro horizonte: entãodescreve, então revela que podemos ir por aí, que podemosler e caminhar, virar cada página como outro dia em quesomos mais nós mesmos. Porque o lemos e sentimos e comele caminhamos. Obrigado, João. Pela partilha. José Manuel Chorão (Poeta e dinamizador do Círculo de Poesia)Percorro, vezes sem conta, “uma ponte para o infinito” deJoão Firmino.Leio e releio os seus poemas. Encantada. Feliz. Surpreendida.Com a emoção indescritível da descoberta de um grandepoeta. Ofélia Bomba (Poetisa, autora dos livros de poemas “Poemas do Rato Morto”, “A Porta da Reixa” e “ Para ti”)



Dedicado à Vida.



um poema por diaPedem-me um poemaOra esta! Um poema por dia...Mas que julga o pedinte a quem pede?Um poema por dia?E vá lá porque não tambémA meio da manhã ou da tarde?Uma pausa para o caféE dois ou três dedos de conversa?Pensando bem, fico-me por aquiA alinhar mais um poema…Sorvo de um tragoUm gole de palavrasQuentes e macias… Ah!...Neste Inverno as palavras andam à solta.E pronto. Um poema a meio da tardeOu quem julga o pedinte que o poeta é?Um fazedor de palavras diárias, por encomenda?Não! Nada disso! O poeta só é poetaPorque faz do dia um ror de palavras à soltaE de cada segundo uma fonte sem torneira.(29 Dezembro 2004) 15

a linguagemda orquestra da manhãManhã de Sol, de frio e de secaManhã de Inverno, de bonança entre dois infernosManhã mansa, de espera e de esperançaManhã de sono, ao ritmo de um lento acordar.Que notícias navegam hoje nos multimédia?Que previsões revelam os trânsitos planetários?Que novas descobertas os cientistas terão publicado?Que ciclo se segue afinal, o do aquecimento ou da glaciação?Mas no mais mansinho do fim do tempoEntre o Natal e o começo do Ano NovoA onda assassina deslizava entre cânticosE como mil sereias tudo arrasou num abraçoManhã de silêncio, de escuta e de pesarPelos homens que não ouviram o rosnar da naturezaManhã constrangida de três minutos de silêncioPelos mortos de espanto, vivos de prantoQue ouvimos quando nos calamos três minutos?Que vemos quando fechamos os olhos para o silêncio?Que cheiramos quando saímos à rua em massa pelas vítimas?Que sentimos quando tocamos no inesperado desse encantamento?Manhã de sons, de silêncio, da orquestra do mundoManhã de respirações, de correntes e andamentosManhã de passos, de carros e de murmúrios caladosManhã de sinais, de consciência, abandonos e rupturasManhã de canções, de poesia e de colectivas pinturasVoltaremos a escutar todas as manhãs a orquestra do silêncio?(6 Janeiro 2005) 16


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