QUE É DO MEU SONHO?Que é desse sonho tão lindoQue um dia habitou em mimE era sol quente florindoO meu coração abrindoEm radioso jardim?Que é do sonho desfolhado?Mergulho em mim, onde está?Foi pássaro destroçadoDe encontro ao muro farpadoDa solidão que em mim há.No meu jardim de ternuraSó há pétalas no chãoE um vendaval de amarguraBem irmão da noite escuraCresce no meu coração.Mas eis o sol que abençoaPrimavera a ressurgirA vida torna a sorrirCai semente em terra boaMeu jardim volta a florir.- 1985 / 89 Janelas da Alma 49
ATÉ QUANDO? Já vem dos meus sonhos de criança A ânsia do direito à esperança No livro da vida todos pudessem ler E os vazios de justiça e de afectos Não fossem mais analfabetos A abater fora da balança. E vou-me perguntando Enquanto o mundo avança Porque há excluídos e eleitos Se todos devem ter iguais direitos Porque suam tantos numa luta inglória Valores a que negam a vitória Rosas a desabrochar que vão pisando Até quando? Até quando? - 1985 / 9050 Maria Só
POESIAVestida de esperança, qual criançaNuma nuvem voei, em liberdadeQuase o céu alcancei, era magiaQuando acordei, chorei saudadeE só a dor se acalmaQuando em minha almaSinto a poesiaPoesia é sonho, ansiedadeAis que se soltaramDa alma num gritoÉ pranto de adeusNum mar infinitoDe dor e saudadeOnde se afogaramPobres sonhos meusNum país de poetas vou vogandoNo peito um coração que não comandoVai-me levando em clima de emoçãoE assim vivo entre o sonho e a ilusãoPerguntando pela vida, dia a diaDonde me vem a essência da poesiaPoesia é sentir o peito a arderCantar o sonho e o amor cada momentoEm cada esquina da vida oferecerUm hino à paz e à liberdadeQue brota do meu ser e iço ao ventoNo poema constante que me invade- 1985 / 90 Janelas da Alma 51
TA LV E Z Talvez não saiba bem donde me vem Esta ânsia incontida de me dar A alma posta a nu a revelar Emoções que a invadem, mas por vezes Não sei se é pudor ou timidez Que se passa? É como uma mordaça Que me sufoca, silencia e causa dor. Mas vencerá meu coração Libertar-me-á dessa prisão Desatará todos os nós Meus versos andarão de mão em mão E então dirão Eu e a minha verdade A todos vós. - 1985 / 9052 Maria Só
SÓSem piedade, sem dóA morte veio e partistePara sempre nos separouE a minha alma ficouAinda mais só e triste.Amigo, amigo amadoAmigo que já perdiComo dói termos estadoQuantas vezes lado a ladoPerto e tão longe de tiLamento, hoje é verdadeSilêncios que não quebreiProfunda mágoa me invadeE agora tenho saudadeDos beijos que te não dei.- 1989 Janelas da Alma 53
POEMA A SETÚBAL Setúbal minha cidade Tens encantos sem igual E eu tenho muita vaidade De ser daqui natural. Urbe de trabalhadores Operários, pescadores Na faina buscam seu pão Valentes fazem-se ao mar Que nem sempre os vai poupar E arriscam a vida então Mas depois vem a bonança E até onde a vista alcança O rio azul é esplendor O céu também gosta dele E ao reflectir-se nele Deu-lhe esta famosa cor. Gente alegre, hospitaleira Que nos Santos populares Dá largas aos seus cantares À roda duma fogueira. Orgulhosa de seus filhos Que a honraram mundo fora Como o poeta Bocage Ou Luísa Todi a cantora.54 Maria Só
De belas praias famosaDe Albarquel à FigueirinhaAté à Arrábida formosaQue o poeta Gama amouE lá viveu e a cantouJóias da cidade minha.Para melhor a contemplarSubo ao velhinho casteloA ver o rio azul tão beloNossa cidade beijar.E por fim ao admirarOs extensos areaisAs águas mansas e purasDa nossa Tróia tão belaMaravilhosa aguarelaNo intenso azul a brilharPara o céu lá nas alturasSobe a minha prece ardenteMeu Deus de infinda bondadeProtege a minha cidadeE abençoa a sua gente.- 1992 Janelas da Alma 55
A POESIA SABE QUE A PROCURO Sonhos ansiedade Nostalgia saudade Embalam minha alma E anseio na poesia A seiva que me acalma Busco verdades que não vejo E estão na ternura dum beijo fugidio. Quando o dia é mais sombrio No meu rosto molhado Corre o pranto magoado Só, no meu canto em desencanto Como cega busco a luz Onde está? Quem me conduz? O que persigo, que me seduz? A poesia sabe que a procuro Porque não vem morar aqui comigo? E atarei as pontas do meu sonho Com fitas de alegria e esperança Cantarei bem alto um hino à criança Onde reside a aurora dum porvir risonho De paz de amor e esperança E acontecerá POESIA. - 1995 / 9756 Maria Só
E TA PA SEra a esperança,Alvas madrugadasPoentes rosados, prata no luarSonhos e desejos, afectos e beijosRisos de criança, o sol a brilharA fé e o amor, flores em botãoNo altar da vida que é o coração.O tempo mudou, o mar se encrespouE surgiu a dorLutas tempestades, angústias, saudadesDum bem que passou e jamais voltouSolidão maior, ausência de amor.E o ensinamento que ano após anoCom o desengano a vida nos trazÉ a sabedoria da aceitaçãoNa consciência do euQue gritou sem vozAté descobrir através do irmãoA essência da paz cá dentro de nós.- 1995 / 97 Janelas da Alma 57
SER MULHER Ser um sol que aquece o coração dorido Em vendavais de dor, porto de abrigo Quando perdida a fé e há desencanto Ser ombro amigo para secar o pranto. Ser amanhecer de um novo dia Mensageiro de paz e harmonia Ser amar, amar sua razão de ser Esquecida de si mesma, não esquecer. Ser estrela que dá luz à sombra escura Essência de renúncia e de ternura Um beijo de doçura onde estiver Ser assim é… ser MULHER. - 1995 / 9758 Maria Só
A PALAVRAPalavra é comunicaçãoUm complemento importanteO elo de ligaçãoCom o nosso semelhanteUma palavra somenteDe amizade e esperançaLeva apoio e confiançaSe a solidão está presentePalavras boas, abraçosDoces beijos de ternuraSão fortes, apertam laçosDesfazem muita amarguraGuerra, egoísmo, maldadeTiranias, maldiçõesInvejas e ambiçõesPalavras de crueldadeDádivas, sonho, criançaSorrisos, beijo, florRenúncia, perdão, esperançalindas palavras de amorE há uma breve singelaA maior que o mundo temEstá num altar, a mais belaA doce palavra mãe- 1995 / 97 Janelas da Alma 59
ACÇÃO DE GRAÇAS Foi um sonho acarinhado Longo tempo acalentado Dentro do peito da gente Fazia falta uma Igreja Verdade, verdade seja Fazia falta, era urgente. O tempo foi decorrendo O nosso anseio crescendo E um dia se fez projecto Perfeito, delineado Com toda a dedicação E os fieis contribuindo Para a sua execução. Lançou-se a primeira pedra Espaço já oferecido Mas faltava ainda tanto P'ra o sonho ser convertido. Houve ajudas de valia Promessas, empenhamentos Também houve impedimentos Demoras e contratempos Quanto problema surgia… Mas se alguém desanimava São Paulo nos recordava Tudo posso, tudo posso Naqu'Ele que me dá força E a esperança persistia E o Padre não desistia Quantos passos ele deu Quantas cartas escreveu A Igreja bem mereceu.60 Maria Só
Quando o projecto vingouE a obra se iniciouQue alegria benfazejaParedes foram subindoE o sonho tornou-se Igreja.Surgiu finalmente o diaRadiante de alegria, pleno de felicidadeEis aqui a nossa IgrejaTornada realidade.Linda, bela, acolhedoraSobre o Altar abençoadoEstá Cristo RessuscitadoTem seu Patrono São PauloE a Virgem Nossa Senhora.Hoje a Igreja de São PauloResplandecente de luzVestiu galas adornadaPara ser abençoadaPelas Graças de Jesus.Parabéns Padre GusmãoHá festa em seu coraçãoE em toda a comunidadeParabéns pela sua IgrejaSobe aos Céus nosso louvorBendito e Louvado sejaO Bom Jesus Deus de Amor.- 1997 Janelas da Alma 61
A VIDA Anseios, desilusões Projectos, sonhos, miragens Cobardias ou coragens Esperança ou dor nos corações. Horizontes de esplendor Ou uma viela estreita Onde não cresce uma flor Onde a beleza não espreita E a esperança já perdida São os contrastes da vida. Nesta amálgama de dons É que o homem se caldeia. E faz as suas opções Por isso há os maus e os bons Coabita o vil e o génio À beira de outro milénio. Há o que usa astúcia e manha E o que por bem se norteia Que sobe a pulso a montanha E o fraco no vão esperneia. Mas só encontrou vitória Aquele que foi leal Não subiu pisando o irmão Mas antes lhe deu a mão. E é esta a moral da história História da vida afinal. - 199862 Maria Só
PROVAVELMENTE ALEGRIASe amanhece um lindo diaSe meu irmão está sorrindoSe os sons trazem melodiaA minha alma está sentindoSerenidade e harmonia.Ao ver crianças brincandoEm folguedos no jardimCom as flores despontandoO quadro é belo, é encantoQue penetra fundo em mim.E então, pergunto ao meu coraçãoQue sonha com a paz no mundoNuma ânsia desmedidaQue vislumbro lá no fundo?Realidade ou fantasia?Se o sonho mudasse o mundoProvavelmente… alegria.- 1998 / 04 Janelas da Alma 63
ESCREVO PORQUÊ E PARA QUÊ? Escrevo porque me é grato passar Ao papel as minhas emoções Escrevo para assim vos revelar Das horas boas ou más as sensações O sonho é lindo, a esperança me invade Sinto o sol, o brilho e a beleza Mas se do Bem que anseio há só saudade Nuvens velam minha alma de tristeza E assim da dor e do amor brotam rimas Pois és tu, Poesia, que me animas De comandar meu ser tens o condão Nestes voos buscando Paz e Amor em cada dia O espírito se eleva em sintonia Escrevo e abro assim meu coração - 1998 / 0464 Maria Só
NUVENS ROSADASPor vezes, ao pôr do solNuvens transparentes, rosadasIluminadas sob um lindo e azul lençolFazem lembrar almofadasMacias… a convidar...A quando o dia terminarNelas se vá reclinar.A sensação que me invadeÉ de doce serenidade.Mais tarde, o dia já repousadoNovamente irá raiarEnvergonhado, já se escondeu o luarTudo ganha um tom rosadoE as nuvens transparentes, rosadasIluminadas no CéuTêm tanta, tanta belezaQue a madrugada fica acesaE este poema, nasceu.- 1998 / 04 Janelas da Alma 65
SOMOS PEREGRINOS Quem na vida não foi peregrino Em busca de um bem ainda quimera Numa ansiedade sem definição O próprio coração em desatino… Ciclicamente a natureza se renova E assim revivemos Em manhãs de primavera E o sonho continua sem ter fim No canteiro da vida fui colhendo Risos e prantos, dores e alegrias Fiz um ramo com amor Pus-lhe uma fita de cor E aqui o estou oferecendo Todo envolto em poesia - 1998 / 0466 Maria Só
SEBASTIÃO DA GAMAArrábida majestosaFoi a musa gloriosaDo Poeta Gama amadoNela viveu deslumbradoE a chamou de Serra MãeEnamorado fielLá viveu feliz noivadoE a elegeu para sua lua de mel.Ventos da serra gemendoNascentes cantandoAuroras rosadasPoentes douradosNos falam de siE lá em baixoO mar azul murmurandoNos estão lembrandoQue continua vivo aliSebastião da GamaTudo nos diz que foi aliQue foi feliz, feliz, feliz.- 1998 / 04 Janelas da Alma 67
MÃOS DO POVO Mãos do povo, calejadas e trigueiras Lutam em grandes canseiras Malham ferro, enfrentam o mar bravio Com a vida por um fio Nas obras, constroem um mundo novo Mãos do povo, na luta pelo seu pão São versos de uma canção. Semeiam, amassam pão Que vai a cozer no forno E à noite no leito morno Sabem acariciar E semeiam novas vidas Mãos do povo na batalha Por vezes sem uma migalha Em esperanças mal contidas. Mãos do povo, generosas, carinhosas Mãos que salvam e que sabem embalar Força viva dia a dia Sabem criar mais valia Mãos do povo, mãos Poesia. - 1998 0468 Maria Só
SONHOSO mundo dos meus sonhos não existeA realidade hoje é tão brutal…Dos quadros tristes, o mais tristeSão armas nas mãos duma criançaQue vai crescer assim sem pazSem esperançaSem amor, sem Natal.O pranto molha o meu rostoEnrugado de desgostoMas temos todos que lutarDe qualquer jeito…Com a força da Fé que nos animaAs crianças poderão realizarMuitos sonhos de encantarComo foram os meus sonhos de menina.- 1998 / 04 Janelas da Alma 69
O MAR Nasci perto do mar Por isso ele me atrai Na sua beleza e majestade Como ele meu pensamento vai Ora sereno e doce em calmaria Ora em vagas alterosas, tempestade. É sortilégio? É magia que o mar tem sobre mim? Selvagem, belo e altaneiro Quem sabe me leva um dia Todo sonho e fantasia Num cruzeiro De feitiço sem ter fim - 1998 / 0470 Maria Só
QUEIXUMESNão vinham de longe nãoMas que doía, doíaQueixumes, inquietaçãoDonde me vinham entãoOs queixumes que sentia?Como do vento gemendoOu sons de sinos plangendoEra triste, muito tristeQual lamento de criançaOu sopro de adeus à esperançaQue em minha alma não existe.Era bem perto, era aquiNuma dor sempre presente…De súbito estremeciO enigma decifradoEsses sons que então sentiEra a batida dolenteDo meu coração magoado.- 1998 / 04 Janelas da Alma 71
O QUE NOS MOVEUma fé profunda, inabalávelUma força maior que nos conduzNa luta pelo bem admirávelOnde encontramos paz, justiça e luz.Sentir na alma o céu duma alvoradaSaborear a chuva a deslizar no rostoContemplar a beleza do sol-postoE o mar bravio que admiramos.Abraçar amigos, criar esperançasÉ isso que nos faz sentir alguémFazer nascer sorrisos nas criançasÉ a nossa glória, contra o mal lutamos.E se alcançamos a vitóriaCom um sorriso, um beijo ou uma florO que nos move… é o AMOR.- 1998 / 04 Janelas da Alma 73
UMA SEARA SE AGITA Ondulante em movimento a seara se agita em murmúrios são os segredos do vento? Ou dos ceifeiros o lamento na sina de quem trabalha sem ter ninguém que lhe valha? Ela se agita e palpita o murmúrio é mais profundo como mulher que se dá e mata a fome ao mundo. Cai a noite e ao luar estrelas a vêm beijam. O sol nasce e vem dourá-la e as papoilas a enfeitá-la são um hino à Natureza como uma reza agitada pelo vento a seara é um altar pão e vida em movimento. - 1998 / 0474 Maria Só
P O E TAO poeta, homem só, não pode serPode sangrar de cansaçoPode morrer de tormentoMas se alcança num abraçoEstrelas no firmamentoÉ glória nesse momentoNascente sempre a correr.Com as sombras do passadoTece um soberbo bordadoIntemporal obra de arteE que melhor companhiaIça ao alto o seu estandarteQue é a força da poesia.- 1998 / 04 Janelas da Alma 75
SETÚBAL EM POESIA Arrábida, a Princesa Festival da natureza Verdes e azuis em orgia Contempla altiva, encantada A nossa Tróia tão bela Maravilhosa aguarela Lá do alto, assiste deslumbrada Ao noivado do Céu com o rio Sado Dessa boda abençoada Nasce este azul de magia E com a urbe enamorada Eis Setúbal em poesia. - 1998 / 0476 Maria Só
SILÊNCIOS DENTRO DE NÓSHá silêncios gritantes sem ter vozFeitos de angústias, saudades, solidõesNuma revolta surda, imensa, atrozNa crista das montanhasDas nossas ilusõesQueimando como lava de vulcõesSilêncios que habitam fundo em nósE há silêncios que revelam a vitóriaDo amor, da tolerância e do perdãoSobre o egoísmo, o ódio e a vingançaE ainda que tremendamente sósInundando de Paz o coraçãoSão silêncios de glória que há em nósPor entre beijos não dadosE afectos amordaçadosO sonho corre velozAnseios mudos e prantosSilêncios habitam tantosGritando dentro de nós.- 1998 / 04 Janelas da Alma 77
UMA VIDA Nas asas do vento Livre o pensamento Bem alto voei Pelo sol beijada De luz inebriada Um dia… sonhei, sonhei. Na minha ilusão O mundo na mão Seguro julguei Coração sem freios Em loucos anseios Um dia… amei, amei. Mais tarde o sabor Amargo da dor Bem fundo provei Espinhos da vida Deixaram-me ferida Um dia… chorei, chorei. E agora no fim Pedaços de mim Por aí deixei Pelo que dei à vida Lembrada ou esquecida Um dia… serei, serei. - 199978 Maria Só
O ARQUITECTO DIVINOSe os homens dessem as mãosSolidários como irmãosNum ideal de paz e amorGerando felicidadeComo a vida era melhorQuanto melhor na verdadeE Deus foi tão generosoDeu-lhes alma, inteligênciaE um mundo maravilhosoPara com arte e ciênciaTornarem mais preciosoMas o homem na ambição desmedidaDe mais ter que ser na vidaUsa essas capacidadesConstrói pontes, catedraisEstradas, barragens, cidadesMas não pára, não pára para sonhar Janelas da Alma 79
E o sonho é que doira a vida E o coração faz vibrar Vendo uma flor a brotar Uma noite de luar Ou um sorriso de criança Doce mensagem de esperança De nova aurora a raiar Se essa emoção já perdeu Pobre homem em desatino A pensar não se detém Que o Arquitecto Divino No dia da criação Tudo pôs na sua mão P'ra viver em paz e bem Só que ele não entendeu Deus por muito nos amar Ainda nos mandou Jesus Para assim nos guiar Nos seus caminhos de luz E para sempre nos lembrar Que o importante é amar Amar, sempre amar. - 200080 Maria Só
O LIVROO livro é um amigo preciosoIndispensável nas horas de lazerCom ele sonhamos e realizamosViagens que não vamos esquecer.Através desse professor amigoConhecemos novos povos e culturasE assim penetramos sem perigoEm longínquas paragens e aventuras.E há o livro que todos folheamosDia a dia com derrotas e conquistasVivências fortes que enfrentamosHoras felizes ou de dor sofridaSendo leitores e protagonistasDo Grande Livro da Vida.- 2000 / 04 Janelas da Alma 81
MULHER MÃE Foi criança, foi esperança, candura Botão a abrir para o mundo que a espera É sonho, mistério, ternura Desabrochando numa primavera. Mulher é esteio forte no Lar Rosa brava na hora de lutar No mundo do trabalho é um pilar Coração sempre aberto a ajudar Ela é garra, ela é seda, ela é flor Ao dar-se ao companheiro no amor E tornar-se-á berço de vida, Se em seu ventre nova flor vai ter guarida. E então é sol, é fogo, é mel, luz ideal Expoente máximo da dádiva total Centelha divina a ilumina Doce bem Quando além de ser Mulher É MÃE. - 200182 Maria Só
À DISTÂNCIAÀ distância do meu sonhoTão longa, tão sem medidaUm sonho belo e risonhoQue persigo pela vida.Por entre cortinas de águaMeus olhos rasos de mágoaEm busca dessa quimeraTem pela frente a distânciaAi… vencê-la quem pudera.E lá vai meu pensamentoComo águia bela a pairarSoltando penas ao ventoBem alto no azul do céuE eu vou com ela a voarDeixem-me sonhar, sonharEscuta esse sonho, meu Deus.- 2003 Janelas da Alma 83
NAVEGANDO Se a alma é criança Encontra na esperança Força de gigante Navega em bonança Não teme, não treme Mão firme no leme O porto é lá adiante. Mas o tempo avança Implacável, duro E nada o detém É como um tornado Leva em turbilhão Com a ilusão O sonho naufragado, O barco virado E o leme também. E o desencanto Fundo se instalou Já tarde, bem tarde Na curva da vida Surge ainda um lampejo Que traz o desejo E a força perdida De lutar e amar Cantar e chorar Sorrir e sentir, Viver e ser. - 200384 Maria Só
CAMINHANDOEra Primavera, alvas madrugadaspoentes rosados, prata no marsonhos, desejos, afectos e beijosrisos de criança e o sol a brilharrosas em botão no altar da vidaque é o coração.E o tempo mudou, o mar se encrespoue surgiu a dornuvens, tempestades, angústias, saudadesdum bem que passou e jamais voltousolidão maior, ausência de AmorE o ensinamento que ano após anocom o desengano a vida nos traze a sabedoria da aceitaçãoe a consciência do Eu que gritou sem vozaté descobrir através do irmãoa essência da Paz cá dentro de nós- 2003 Janelas da Alma 85
AVOZINHOS Que boas recordações A palpitar fundo em nós Das ternuras e emoções Do amor de nossos avós. O elo de ligação Apoio e sabedoria Entre cada geração Na Família os avós são Fonte de paz e alegria. Trabalho de casa feito Com ajuda do avozinho Diz cingindo o neto ao peito Vais ao futebol comigo. E a neta pede sorrindo Com ternura à avozinha Fazes um vestido lindo Para a minha bonequinha? Já na hora de deitar Depois de histórias contar Entre mimos e beijinhos A avó fica a rezar Como um anjo a abençoar O sono dos seus netinhos. - 200386 Maria Só
A TIQueria pintar uma telaCom cores feitas da luzDo arco-íris, tão bela…Oração viva em louvor,Para no Natal a deporAos pés do doce Jesus.Com vermelhas pinceladas,Sangue rubro a palpitarNo coração dos mortaisDele só brotasse amor,O ódio e a dor, jamais.Outras verdes são a esperançaQue há na alma da criançaAi não a faça chorarQue no seu olhar tão puro,Traz promessas de futuroQue não lhe podem negar.A cor branca é a PazAsas de anjo, purezaQue faça sentir tristezaAo homem pela cruezaDo mal que aos Homens faz.Pus-lhe a cor azul do céuQue é doçura e faz sonharE amarelo a cor do ouroE do amor doce tesouroQue vá no mundo imperar.Neste Natal pus assimNa tela a Ti dedicadaPrece da Fé que há em mimMeu Jesus aceita-a simNão vou pedir-te mais nada.- 2003 Janelas da Alma 87
V O LU N TA R I A D O O hospital de S. Bernardo Tem um canteiro perfumado De florinhas amarelas As voluntárias são elas Que ali estão a apoiar Os doentes e a tornar As suas vidas mais belas Sob as batas amarelas Há almas boas, singelas Que se dão aos doentinhos Em ajuda e em esperança Para aliviar seu mal Fazem surgir confiança E coragem dia a dia Doando apoios e carinhos Mudam tristeza em alegria Com valor e sem cansaço Se entregam num abraço Todo alma e coração Ajudar é seu preceito Merecem muito respeito E a nossa gratidão - 200488 Maria Só
SEPARAÇÃONum adeus de despedidaMágoa dum lenço que acenaVestem-se as almas de penaSaudade é já desmedidaSe em cada sonho há uma estrelaQue p’los namorados velaSurgirá o dia do regressoÉ a vitória do amor que não tem preçoE mal chegarão os beijosPara selar tantos desejosNessas horas de alegriaVence o amor da belezaE essa força, essa certezaÉ o milagre da Poesia- 2004 Janelas da Alma 89
O AMOR Sem amor o que era a vida? Se ele é quem reina e dá flor Então, de alma florida Num anseio sem medida Vamos render-lhe louvor. Mas o maior em qualquer lado O melhor que a vida tem É esse amor encantado No altar iluminado Que é um coração de mãe. E os parzinhos que com ardor E num enlevo sem fim Arrulham o seu amor Sob o olhar protector Do seu Santo Valentim. - 200490 Maria Só
NAMORADOSSempre que vejo um parzinhoDe mãos dadas namorandoOlhos nos olhos sonhandoSinto por eles carinhoVem-me logo ao pensamentoOs tempos de encantamentoQue há muito também viviE o sonho me vai levando.E quando em louco desejoTrocam um inflamado beijoPeço ao Santo ValentimOs deixe sempre sonharQue os mantenha sempre assim.E encantadaMe invade tanta saudade…Solteira e até já casadaAi Jesus, como era bom namorar.- 2004 Janelas da Alma 91
QUEM ÉS TU? Desbravas as florestas da minha solidão Limas as arestas da amargura És raio de sol que aquece o coração Catedral de estrelas luzindo em noite escura. Mudas a sombra em luz Farol que me conduz ao ideal Quem és tu afinal? Varinha de condão? Sonho? Magia? Perguntas-me quem sou! Queres que te diga? Então, se me procuras, me sentes, me vives Me respiras dia a dia Não vês que sou a tua grande amiga? Eu sou a POESIA! - 200492 Maria Só
LOGO QUE NASCILogo que nasci, choreiTinha que ser...Para viverOu então já pressentiQue a luta iria doer.Desde que embarqueiNesta aventura renhidaFui aprendendo pela vidaQue há horizontes ideaisOnde há amor e ternuraMas também cruéis punhaisFerindo em dor e amargura.Eu sei porque ameiQuase o céu alcancei, fui mãeA maior vitória, o maior bemMas também há derrotas e fracassosPisando espinhos vacilaram meus passosAté à beira do cais em que fiqueiA ver partir aqueles que ameiE no mesmo caisMinha ilusão em vão esperouUm bem sonhado que jamais chegou.E é por isso, eu seiLogo que nasci, chorei.- 2004 Janelas da Alma 93
UM CORAÇÃO PRECISA DE SOL Quem não sentiu algum dia A saudade e a solidão Vestindo o coração Numa imensa nostalgia? Ansiedades reprimidas Tornaram as nossas vidas Em tempestade e agonia. Mas, um abraço, uma flor Um sorriso de criança Trazem de novo a esperança E a alma se aquece então Olhai só quanta beleza Existe na natureza O sol raiou e afastou Essas nuvens de tristeza Pousou em meu coração Fê-lo sonhar e sorrir E quentinho irá florir. - 200494 Maria Só
QUERO CANTARQuero cantar, cantarAntes que a mortePara sempre corteOs ecos do meu cantoCantar, cantar ao mundoE à própria sorteCantar, cantar bem altoPara abafar bem fundo o pranto.- 2004 Janelas da Alma 95
FLAMINGOSSempre que flamingos vejoCom sua esbelta belezaUm quadro feliz revejoQue ficou no coraçãoE é hoje de certezaSaudosa recordação.Num passeio à tardinhaVi flamingos elegantesDe pescoços ondulantesNum charco molhando os pés.Minha filha pequeninaNa idade dos porquêsLogo ficou expectante.Após ter contempladoMe diz, “Mamã po qui éAlguns só têm um péPo qui têm tambémUns bicos tão gandes e encanados?”Lá expliquei como sabiaAquela curiosidadeEra bebé, hoje é séniorHoje recordo esse diaCom tanta, tanta saudade.Por isso agora aos vê-losSinto-me enternecerE quem me irá responder?Flamingos esbeltos e belosPorque gosto de vos ver?- 2004 Janelas da Alma 97
ARRÁBIDA Arrábida majestosa Foste a musa gloriosa Do nosso poeta Gama Tuas belezas cantou E amou como ninguém Em seus livros te citou Que deixaram tanta fama E te chamou Serra Mãe. Flora luxuriante Composta de raridades Deslumbra o passeante Que ao partir leva saudades Tuas fragas, teus penedos As fontes a murmurar Guardam decerto segredos De magia a recordar. E assim bela te revês No mar azul a teus pés Em cada canto um encanto Olhai só quanta beleza Foi dada aos mortais por Deus. Lá no alto Olhando a serra e o mar Quisera saber pintar, como a rezar Deslumbrada e extasiada Estou mais pertinho dos Céus. - 200498 Maria Só
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