51Poucos iniciantes têm a vontade ou a percepção, o conhecimento ou a orientaçãopara superar os truques de seu ego, para contornar suas aspirações, e poucoschegam aonde se propõem chegar.Não há limites para as pretensões do ego. Será como o aluno humilde hoje, mascomo o mestre pontifical amanhã.O ego oculta dele os feios motivos que impulsionam suas ações.O ego sabe que estará em perigo mortal se lhe permite penetrar em seu covil e olhá-lo diretamente nos olhos.O ego sabe muito bem como se proteger, como evitar que o buscador se afaste deseu poder sobre ele.O ego é tão poderoso seja se é esquecido ou condenado, pois, em ambos os casos,mantém o homem engajado numa busca egocêntrica.Todo movimento feito pelo ego tem como base o desejo de sua própriasobrevivência, sua própria autoperpetuação.O ego é perfeitamente capaz de fazer consigo todo tipo de compromissos ou tréguas– os morais com a sua consciência, as lógicas com o seu intelecto, as espirituais comsuas aspirações, e perfeitamente capaz de todo tipo de esquivas, sutilezas, evasões edisfarces, quer se trate de assuntos no nível de referência superior ou inferior.Até que ponto essas declamações de servir a humanidade, realmente apontam nadireção oposta - servindo ao ego? Até que ponto inclusive o balbuciar sobre osacrifício do ego, realmente lhe dá uma atenção excessiva e acaba por torná-lo maisforte? E com que frequência realmente mascara o desejo de um maior poder?Se o ego não pode afirmar-se abertamente, ele se inserirá insidiosamente.O ego se apresenta como sendo o único eu, o eu real, o eu integro.O ego tem muitos esconderijos. Exposto em um deles, logo ocupa outro.O ego parece ter uma capacidade colossal para a fraude e o engano a respeito deseus próprios motivos.O ego aceitará disciplina e até mesmo sofrimento em vez de se deixar matar.
52O ego pode estar adormecido e não estar realmente morto. Ou pode parecerinanimado e, no entanto, estar esperando por uma oportunidade.O ego pode encontrar muitos esquemas e muitos pretextos para impedir que faça oprimeiro gesto humilhante de rendição mental. Eles têm como objetivo, proteger suaprópria vida ou poder e para mantê-lo, através do orgulho, de ter que fazer qualquerespaço para a entrada do Eu Superior.O ego estabeleceu-se para si mesmo, o que não poderia fazer senão transformandouma ficção em realidade, supondo que seja o que na verdade nunca foi.Se essa verdade parece muito fria para alguns ouvintes, demasiada cruel para osdemais, a reação emocional é compreensível e perdoável. Mas isso faz com que sejamenos verdadeira?Há várias maneiras pelas quais o ego se livra de seu alcance quando se tenta pegá-lo.Nenhum aspirante sabe o quanto o ego pode fazer para enganar sua mente comfantasia e enganar seus passos com vaidade.Todos esses tipos, encerrados no ego e seus desejos como são, são mantidos fora doreino por nenhuma outra mão que a sua própria.O ego usa toda a astúcia do seu intelecto lógico e toda a sedução de sua naturezaamante do prazer, para manter um homem longe da busca.O ego pode deformar sua mente com sentimentos de injustificado desespero einjustificada imaginação de derrotismo ou com sentimentos de exagerada conquistae injustificada imaginação de otimismo.Se ele tenta estabelecer uma oposição ao ego, ele pode, por esse mesmo ato,simplesmente mudar sua área de atividade, mas ser enganado ao pensar que eleenfraqueceu sua atividade!O ego ressente-se naturalmente e é implacavelmente contrário ao único curso quelevará a sua derrocada final.O ego pode mascarar seu desejo de poder e prestígio com a preocupação com oserviço pela humanidade.O ego está realmente feliz? Na melhor das hipóteses, é apenas para os momentosocasionais em que se esquece ou se perde em algo maior, mas, normalmente, como
53poderia ser? Nunca está totalmente satisfeito com a sua sorte, sempre desejandoalgo necessário ou desejado. Oh, sim! Pode esconder sua infelicidade, inclusive de simesmo, mas o truque deve ter um fim.Ao tratar de não olhar a imagem real de si mesmos, olham para a mais cômoda - oego. Ao recusar-se a chegar a plena consciência de si mesmos, estão sob a influênciade paixões e desejos, tendências e sentimentos que o substituem de formafraudulenta e enganosa.O ego é desafiador, astuto e resistente ao fim.O ego é por natureza um enganador e, em suas operações, um mentiroso. Porque, serevelasse as coisas como realmente são, ou contasse o que é profundamenteverdadeiro, teria que se expor a si mesmo como o malicioso-enganador que fingia sero próprio homem e oferecendo a ilusão de felicidade.Todo mundo é crucificado por seu próprio ego.O ego é arrogante, orgulhoso, presunçoso e auto-iludido.Se o ego pode enganá-lo para se desviar da questão central de sua própriadestruição, para alguma questão secundária menos importante, certamente o fará. Osucesso desse esforço é muito mais comum do que o fracasso. Pouco escapam sendoenganados. O ego usa os modos mais sutis de se inserir no pensamento e na vida deum aspirante. Ele engana, trapaceia, exalta, e abaixa-o por turnos, se odeixar. Anatole France escreveu que é na capacidade de enganar a si mesmo que semostra seu maior talento. É um hábito constante e uma reação instintiva paradefender seu ego contra o testemunho dos resultados infelizes de sua própriaatividade. Ele precisará se proteger contra isso, uma e outra vez, pois suas própriasforças são pateticamente inadequadas, sua própria previsão é visivelmente ausente.O ego mente para si mesmo, mente para o homem que se identifica com ele, emente para outros homens.Enquanto a regra do ego for preservada, tanto tempo serão preservadas astendências kármicas que vêm com ela. Mas quando sua regra é enfraquecida, elastambém serão automaticamente mortas de fome e enfraqueceram. Para iniciar esteprocesso, comece a tentar tirar uma independente visão impessoal.O verdadeiro altruísmo de um tipo filosófico não é feito pelo eu, mas através do eu,não pelo ego, mas pelo próprio Eu Superior usando o ego. Poucos fazem esta
54graduação. A maioria pratica seu altruísmo, misturando-o com um motivo egoísta ou,em outros casos, mascando esse motivo inteiramente para não chatear a própriailusão ou a de outras pessoas.As palavras que picam pela sua verdade costumam dizer ao ego o que ele preferenão ouvir.Que o Neo-Vedantismo se recusa a reconhecer a natureza pecaminosa do homem,dificilmente o ajuda. O que ele é em seu ser íntimo certamente deve ser declarado,mas o que ele é em seu ser externo e cotidiano não deve ser ignorado. A visãofilosófica do homem, que é bem equilibrada, reúne as duas avaliações ao mesmotempo. Ele diz que o homem é essencialmente divino, mas imediatamentepecaminoso. Por isso, proclama a necessidade de auto purificação.O ego não precisa lutar pela supremacia; ele é supremo.Para manter o seu poder, o ego inventará subterfúgios em sua ação e insinuaráescondidas fugas em seu pensamento.Onde a razão serve a vaidade, e a imaginação se move apenas a pedido do ego, umhomem arma suas próprias armadilhas.O ego faz todas as concessões para sua própria fraqueza e encontra todo o apoiopara seus maus hábitos.O Eu Superior está ali, mas o ego intercepta sua comunicação.Sem compreender nem a si mesmos nem o funcionamento da Mente-Mundo, oshomens arrogantemente emitem juízos sobre outros homens, sobre a vida em gerale sobre Deus.Tal é a força do ego, que logo pode apagar a ideia de uma nova reforma moral, quenum momento de silêncio interior revelou-se como necessário.As racionalizações pelas quais o ego pode persuadi-lo de que ele é altamentemotivado quando não o é, são muitas e sutis.O ego é prontamente apaziguado pela lisonja e ferido pela crítica; mas o homem quetranscende sua tirania é capaz de avaliar a ambos com justiça.O ponto de vista do ego é muitas vezes distorcido, um preconceito, e portanto, umerro. Numa pessoa mais avançada, pode ser uma mistura e, portanto, confuso.
55A postura do ego pode assumir várias formas: alta como baixa, a suposta espiritualou a materialista declarada.Externamente ele pode parecer trabalhar apenas para o bem da causa, domovimento, do partido ou da instituição. Ele pode professar e até acreditar que issoseja assim. Mas, interiormente, ele realmente pode estar trabalhando para seupróprio ego, isto é, para si mesmo.Um dos principais delírios do ego, assume a forma de acreditar que seuplanejamento antecipado, seu gerenciamento fundamentado e suas aparentessoluções de problemas, são mais importantes do que realmente são.Enganados pelo seu forte interesse pessoal, a sua perspicácia é muitas vezesinexistente quando se acredita ser mais ativo!O ego desempenha suas emoções através de toda sua ampla gama, usando as maisopostas e conflitantes, em momentos diferentes, para se adequar ao seu propósito.Um homem pode ser o maior idiota da cidade, mas o ego dele pode ser ainda maior enão permitir que ele veja o que ele é.Mecanismos de defesaO ego, que é tão rápido em queixar-se sobre o maltrato de outras pessoas e tão lentopara confessar sua própria má conduta, é o seu primeiro e pior inimigo.O ego possui defesas muito poderosas, principalmente emocionais, às quais setransformam instantaneamente.O ego sempre procurará e encontrará maneiras de se desculpar. Ele fará qualqueroutra coisa que possa, ao invés de confessar honestamente sua própria vileza oudebilidade ou erro. Apega-se obstinadamente a eles, em vez de admitir anecessidade de uma profunda mudança.O ego tem uma capacidade infinita para colocar uma construção ou justificaçãofavorável em todas as suas ações, por mais errônea ou tola que sejam.Quando o ego vê um perigo para a sua própria existência contínua em qualquermovimento ou decisão proposta, cria medos, inventa falsas esperanças e exageradificuldades para evitar isso.
56As auto-justificações do ego são uma combinação para todas as suas loucuras epecados. Suas auto-contradições são uma amostra de elevadas aspiraçõesadulteradas por atos inferiores.Quando o ego é ferido, surgem sentimentos de orgulho.Todos estão prontos para se justificar e julgar aos outros; poucos estão prontos parase julgar e justificar aos outros.Se o ego fosse tão propenso a se condenar como se justifica, ou a justificar os outroscomo o faz para condená-los, quão rápida e fácil seria a busca.Tão forte e profundo é o domínio que o ego tem sobre ele, que a lisonja que toleraessa espera é aceita de forma sorridente, enquanto a crítica que a enfraquece, érejeitada com irritação.O esforço astuto do ego será persuadi-lo a atribuir seus problemas irritantes aqualquer coisa, exceto a causa primária correta - dentro de si mesmo - e a qualquerpessoa, exceto a pessoa primitiva correta - ele mesmo.Há oposição do ego, ameaçada sua vida. Ele procura persuadir-nos, seduzir ouaterrorizar-nos em diferentes momentos.O ego sabe bem como encobrir suas atividades mais feias com as auto-justificativasmais nobres.O ego pessoal está cercado por mecanismos de defesa que tornam difícil a operaçãode penetrar em sua cova.Quanto mais ele avança intuitivamente, mais os sofismas do ego procurarão distraí-lo.O ego automaticamente assume a postura de retidão, espontaneamente vem em suaprópria defesa, ao invés de examinar se realmente está certo.Freud deu muito que no final causou mais mal do que bem. Mas suas positivascontribuições incluem a desmascaramento dos mecanismos de defesa.A natureza inferior do ego tem medo de ser finalmente desalojada. Para evitar essedestino, ele entra em batalha com cada arma de resistência aberta ao polido engano.
57Infelizmente! O ego o persegue onde quer que ele vá. Isso é ruim o suficiente, masquando ele não o reconhece e culpa aos outros egos por seus problemas, é patético eaté triste.O ego está cheio de subterfúgios para evitar que ele se afaste. Estes vão todo ocaminho da megalomania pura, à sugestão de que não existe. Ele se ressente dascríticas, por mais verdadeiras que sejam, mas aceita elogios, por mais imerecidos.O ego sempre busca, e encontra, desculpas para sua indisciplina, justificativas paraseu delito, defesas contra acusações escritas por sua própria história pessoal.O ego pode suprimir cuidadosamente suas manifestações mais óbvias, tanto deoutras pessoas quanto de si mesmo.O ego pode depender de dar todas as razões para seus problemas, mas acorreta. Dessa forma, assegura a autoproteção e previne a agressão contra si mesmo.O ego continuamente o levará a entregar-se aos desejos de racionalizar seus errospassados. Ele deve escolher entre um engano tão agradável e a verdadedesagradável.A engenhosidade do ego se mostra em muitas fases diferentes, pelas quais ele podeter que passar. Em todas essas fases, procurará perpetuar seu próprio governo,promovendo enganosas ilusões e estimulando errôneos impulsos.Afirmar que o familiar e o habitual são o justo e o apropriado é um engano semânticopelo qual o ego distrai a atenção de seus próprios fracassos.O ego percebe o perigo em que é colocado e recorre a truques, enganos esubterfúgios para salvar a si mesmo.O ego usa os argumentos mais enganosos para evitar que ele alcance a verdade,apelando ao seu egoísmo subconsciente ou a sua gula intelectual ou seu oculto-poder-de-busca por prestígio.Quando sua conduta é indefensável, o ego o impulsionará a defendê-la.
58Auto-idolatriaEle deve começar por admitir com total franqueza que o ego não adora Deus, senão asi mesmo, e que carrega essa idolatria numa Igreja, se é religioso, ou na Busca, se émístico.Toma como uma banalidade que quase todo homem está apaixonado por simesmo. Se é para a influência divina entrar e tocá-lo, muito mais se é para possuí-lo,ele deve se privar desse amor próprio.É apenas idolatria em outro plano, mais refinado e sutil que o físico, para adorar oseu ego.Seus assuntos pessoais são tratados como cosmicamente importantes.O ego busca seu próprio interesse como primeira consideração e também sua última.Apesar de todos os contratempos, o ego continua mantendo sua equivocadaconfiança em si mesmo.O ego é enamorado de si mesmo.Como o pequeno ego quer ser admirado, seja digno de admiração ou não! Como seadmira a si mesmo e, especialmente, como pensa o tempo todo sobre si mesmo!O egoísta tem olhos apenas para si mesmo.O amor próprio que o ego exibe ou disfarça astutamente, em todas as circunstânciase através dos seus dias passados, de hoje e de amanhã, é simplesmente umacompleta extroversão do amor que a Mente-Mundo tem por si mesma, e que refleteem direção ao universo todo. O ego, como uma projeção que é finalmente rastreávela essa fonte divina, traz consigo o que não é nada menos e nada além do amordivino. Mas personalizado e estreitado à medida que se torna, essa força sagrada jánão é reconhecível pelo que realmente é. Por mais feio ou vicioso, detestável oucriminal, que o egoísmo humano se mostre às vezes, a sua natureza essencialpermanece inalterada, o amor que está no coração de Deus e mesmo no coração domundo. Se trata disso, que se Deus não se amasse, o homem não podia fazer omesmo, nem ansiar pelo amor de seu semelhante ou dá-lo à mulher. E se Deus nãoamasse o homem, nenhum homem e nenhuma mulher amariam a Deus, buscariam aDeus e negar-se a si mesmos por Deus. O corolário de tudo isso é que, uma vez que oódio é o oposto do amor, e muitas vezes é a causa do assassinato, seu nascimento no
59coração humano desliga a mente humana da luz do Eu Superior, de forma maisdecisiva do que qualquer outra paixão negativa. Ninguém pode encontrar a redençãoem quem é ativo, nem a humanidade em guerra será abençoada com a paz até queele seja expurgado.A auto-idolatria do ego mantém a maioria das sugestões de que seus motivos possamestar contaminados, seu serviço não tão desinteressado quanto parece, e suahumildade um manto pretensioso para a vaidade secreta.A terra gira em seu curso através do espaço exterior e em seu próprio eixointerior. Cada pessoa que é carregada pela terra também tem o seu eixo invisível, emtorno do qual sua natureza interior gira: este é seu ego.O ego é sempre o seu centro de gravidade.O amor próprio do ego é tão forte, seu apego a velhas atitudes são tão tenazes, suajustificação de ações falsas ou tolas são tão cegas, que a probabilidade de vencer seugoverno é frágil. Tudo isso mostra o quão absurdo que é a complacente auto-integridade do homem e a presunçosa virtude.É o amor próprio do ego que nos faz tentar defender-nos em todas as situações emque estamos claramente culpados. Isso é feito para justificar nossas ações, onde asconsequências demonstraram que estão gravemente erradas.O orgulho de um homem em sua própria capacidade de encontrar a verdade, obter ailuminação e alcançar a pureza, interrompe a humildade necessária para deixar o egoir e deixar o Eu Superior entrar.Egoísmo, egocentrismoO egoísmo, a limitação da consciência à vida individual separada da única vidainfinita, é a última barreira à realização da unidade com a vida infinita.O egoísta tem tanta chance de encontrar uma verdadeira paz mental como ohistoriador tem de encontrar a verdade na política.O egoísmo pode assumir formas diferentes e aquela em que ele se encerra com maissucesso é aquela forma religiosa-mística cujo todo tema é \"meu\" ou \"eu\", ou a
60expectativa de lucro pessoal. Mas se isso é preferível a um materialismo duro e semalma é questionável e discutível.Enquanto o ego viver nele, todos os seus motivos, atos, impulsos e objetivos serãoinfectados com o egoísmo.Aqueles cujo egoísmo é impenetrável pela sabedoria inspirada ou pelo mandamentoreligioso, devem tê-lo perfurado pela adversidade.Quando seu próprio egoísmo se torna ofensivo para si mesmo, e até mesmoinsuportável, ele pode considerá-lo como um sinal de progresso.Um homem tem muitos encargos para suportar em diferentes momentos de suavida, mas o mais pesado deles é o fardo de seu próprio ego.Todos os nossos movimentos ocorrem dentro do \"eu\". Todas as nossas decisões ejulgamentos, experiências internas e percepções intelectuais são o produto daatividade egoísta.A doença do egoísmo não é fácil nem rapidamente curada.Todos os seus pensamentos e imaginações se baseiam no egoísmo, estão imersos nacrença de que o ego existe e é real.Esta extensão do egoísmo pessoal, esta pseudo-conversão do singular em plural, esseegoísmo vestido como altruísmo, pode facilmente enganar o aspirante.Eles podem manter seus pensamentos apenas sobre si mesmos, nunca podemrelaxar e soltar o ego.Se seu egoísmo é muito forte, a parte mais alta da luz do Eu Superior será bastanteincapaz de transmitir sua consciência, não importa quão fervorosa seja sua aspiraçãopor isso.Se eu amo o ego, então receio outros homens ou a opinião de outros homens. Assimagirei de modo a agradá-los em vez da vontade superior.Não é errado que amemos e nos sirvamos a nós mesmos, a quem está maispróximo?, mas apenas que o façamos excluindo o propósito mais elevado da vida.O homem que afirma seu ego na vida cotidiana, é muitas vezes o homem que temmais sucesso do que seus modestos companheiros. Mas ainda é aberto a questionarse o seu tipo de sucesso vale a pena ter.
61Todo mundo está dedicado ao seu próprio \"eu\" de forma natural e inevitável. Mas osignificado do termo \"egoísta\" deve ser reduzido a aquele que habitualmente tentausar outros para sua própria vantagem ou tenta sempre seguir seu próprio caminho,independentemente das necessidades dos demais.Ele pode escapar das situações e dos arredores, mas há uma coisa da qual ele nãopode escapar, e que é ele mesmo.Por mais insignificante que seja aos olhos dos demais, o ego se carrega com um ar degrotesca importância. Por mais triviais que sejam seus problemas, são vastos para oseu próprio pensamento.Se o egoísmo é um pecado, devemos lembrar que, por baixo, está a verdade básicade que o homem é importante para si mesmo e, em menor grau, para os demais.Quando o egoísmo governa fortemente a vida emocional, ele claramente se escreveno rosto físico. Você não pode ter continuamente pensamentos significativos ao ladode um semblante fino.Há um certo sentido num homem que sustenta a opinião que, como ele não éresponsável pela criação do mundo, ele também não é responsável pelo seumelhoramento. Se ele se preocupa em não prejudicar ninguém, ele não pode seracusado de egoísmo, apenas de egocentrismo.Tanto as reações emocionais e as convicções fundamentadas podem estarequivocadas desde que um homem não se purifique desse egoísmo.A partir do momento em que o ego inferior se manifestou, se embarcou numacarreira de separação sempre crescente dos outros egos e de uma externalizaçãocrescente de sua fonte sagrada.O ego olha em todas as direções para suporte de modo que inevitavelmente secontradiz de tempo em tempo.Seu ego alterna entre odiar e adorar a si mesmo.O ego está lá para servi-lo, mas o homem equivocado, não iluminado, pensa que épara ser servido por ele.A mesma mistura de egoísmo e idealismo se mostrará em seu caráter através damaioria da Busca. Somente nos estágios mais avançados, o egoísmo diminuirá até suaeliminação final.
62Capítulo 44 - Desapegando do Ego ◌ Sua importância ◌ Porque a maioria não o faz ◌ Como genuíno caminho espiritual ◌ A rendição é necessária ◌ Sua dificuldade ◌ O ego corrompe a aspiração espiritual ◌ É necessário humildade ◌ Ansiando pela liberdade do ego ◌ O conhecimento é necessário ◌ Rastreando o ego à sua origem ◌ \"Dissolução\" do ego ◌ A graça é necessária ◌ Quem busca? ◌ Resultados do destronamento do egoDesapegando do EgoSua importânciaNossa libertação das misérias da vida depende unicamente da nossa libertação daescravidão do ego.Uma das razões importantes pelas quais os grandes professores espirituais sempreexigiram aos discípulos a necessidade de entregarem o ego, de renunciar a simesmos, é que, quando a mente está constantemente preocupada com seuspróprios assuntos pessoais, estabelece uma estreita limitação sobre a sua própriapossibilidade. Não pode alcançar a verdade impessoal, que é tão diferente e tãodistante dos temas que ela pensa dia após dia, ano após ano. Somente ao romper suamesquinhez auto-imposta, a mente humana pode entrar na percepção do Infinito, daalma divina que é o seu ser mais íntimo.Uma estimativa correta da força do ego explicará por que alguns aspirantesprogridem tão lentamente.
63Para todas as coisas existe um preço equivalente. Para a consciência do Eu Superior,pague com o que bloqueia o seu caminho: o sacrifício do ego.A parte menos importante da mente recebe nossa atenção quase que total. A Iludidoconsciente ego atacado pela ilusão - uma ilusão em si - nos obriga a ver e ouvir omundo dos sentidos, ou suas próprias formas de pensamento inúteis e imagens desonhos, quase o tempo todo. A parte real da Mente é ignorada e deixada de foracomo se fosse ilusória!Nenhum homem comum realmente conhece a si mesmo. Ele conhece apenassua ideia de si mesmo. Os dois não são o mesmo. Se ele quer conhecer o seuverdadeiro eu, deve primeiro libertar-se deste falso, deste imaginário, desta ideia.Ele se identifica com todos os movimentos do pensamento, da emoção ou da paixão,e, portanto, perde seu ser real.O ego que leva um homem aos seus problemas é pouco improvável que o tire deles -a menos que ele se reforme, se conheça ou deixe alguma sabedoria interior.Na falta deste enraizamento do ego, todas as soluções do nosso problema seconvertem em problemas cedo ou tarde.Se um homem quer acesso contínuo ao Eu Superior, deve lembrar que não élivre; existe um alto preço a pagar - o preço da submersão contínua do ego.É de conhecimento geral que um planeta segue uma trajetória circular, masdificilmente se sabe que o caminho espiritual segue um caminho semelhante em queesta verdade e ensinamento sobre o ego não são conhecidos, absorvidos eaplicados. Porque todo aspirante espiritual abriga o ego em seu coração, onde énecessário todo o disfarce possível para mantê-lo neste curso circular que acabaonde começou - em si mesmo. É por isso que, dos milhares que buscam, apenasalguns poucos alcançam, como lamenta o Bhagavad Gita.Sem algum tipo de purgação interior, eles simplesmente transferirão ao nívelreligioso ou místico, o mesmo egoísmo que eles anteriormente expressaram nomaterialismo.Você pode erradicar tantos preconceitos e eliminar tantas ilusões como desejar oupode, mas se a fonte deles - o ego - ainda permanecer, novas surgirão para ocuparseu lugar.
64O ego é o Satanás, o diabo, o princípio do mal, enquanto não reconhecido edominado.Enquanto ele empurrar seu ego para frente em todas as situações, tanto tempo eledificultará suas melhores oportunidades.Renascimentos, memórias, poderes ocultos - todas essas coisas existem e continuamporque perpetuam o ego - do que nós devemos tratar de fugir!A consciência como o ego nos separou da Fonte. Mas não precisa fazê-lo parasempre. Através da busca, podemos aproximar-nos cada vez mais da reintegração deum ego submetido com a sua Fonte, que, a partir de agora, atuará através de nós.Enquanto a vida do ego estiver desconectada em sua própria consciência do EuSuperior, tanto tempo será incapaz de aproveitar os benefícios e vantagens quedecorrem da conexão em seu subconsciente.Enquanto o homem estiver ligado à crença de que seu ego é real e duradouro, oupensa e age como se fosse, tanto tempo ele estará ligado às posses materiais e aosdesejos mundanos. Porque um é a raiz do outro.Aqueles que se afastam, traidores de seus eus superiores, para seguir as antigasiscas, devem percorrer todo o caminho da experiência até seu amargo final.Se ele quer o melhor que a vida pode lhe oferecer, ele deve, em troca, oferecer omáximo que ele tem. Ele deve oferecer a si mesmo. Não pode haver ocultas reservasou astutos subterfúgios nesta oferta, se é para ser aceito.O ego deve ser descartado antes que o próprio Eu Superior possa ser descoberto.O pequeno ego pode sofrer sob a verdade, tão difícil, tão difícil. No entanto, deve, nofinal, reconhecer que a verdade não é dura, mas se encaixa perfeitamente na ordemdivina.Somente quando o ego perdeu seu vigor, pode saber o que é a verdadeira pazinterior.Não é possível que os homens vivam juntos amigavelmente enquanto o ego osgoverna. Tudo o que eles podem fazer até que essa fonte de desarmonia sejagovernada, é reduzir sua fricção ao mínimo, reduzindo suas principais provocações.
65Somente separando-se da situação, da pessoa, ou do evento que ele estáinspecionando pode vir a qualquer compreensão verdadeira de um ou do outro.O Eu Superior exige sempre esse relacionamento consciente; o ego se recusa semprea cumprir a demanda.Enquanto o pequeno ego se sentir suficientemente sábio para tomar todas as suasdecisões e resolver todos os seus problemas, tanto tempo haverá uma barreira entreele e o poder superior.O centro do qual ele vive é o mais importante num homem.Quando os seres humanos se esquecem de sua origem e negam o seu ser maisíntimo, eles se tornam criaturas cujas vidas estão vazias de qualquer significadomaior - mais do que animais, sim, mas dificilmente humanos o suficiente parajustificar a dignidade da espécie.Um homem só pode ter apenas um pensamento por vez. Mesmo quando ele pareceter dois diferentes (fazendo duas ações diferentes simultaneamente), uma análisedetalhada mostrará que as ideias são sucessivas, mas tão rapidamente como sefossem juntas. Aplicando isto, se deduz que é sua propriedade do pensamento de seuego pessoal separado, o que o impede de alcançar a identificação com o EuSuperior. Isso não é dito, de outra forma, por Jesus?Essas lesões do ego são o preço que devemos pagar pelas bençãos do Eu Superior.Seu obstáculo é o sólido ego, o \"eu\" que fica no caminho e deve ser entregue porsacrifícios emocionais no sangue do coração. Mas uma vez fora do caminho, vocêsentirá um tremendo alívio e ganhará paz.Até que ele perceba que seu inimigo é o próprio ego, com todas as atitudes mentais eemocionais que o acompanham, seus esforços para se libertar espiritualmentemeramente viajam em círculo.Devemos obter um nível de conhecimento que transcenda a simples opiniãoindividual. Só podemos fazer isso se olharmos de forma impessoal e nãopessoalmente, se deixarmos cair o ego de nossa medida e cálculo.Enquanto a mente permanece tão fixa em seus próprios assuntos pessoais, sejameles pequenos ou grandes, não tem a chance de abrir seus níveis superiores. Quandoa atenção e a emoção são mantidas tão confinadas, perde-se a chance que elas
66oferecem desse uso superior. A paz, a verdade e a bondade que se poderiapermanecem intactas.Aquele que vive totalmente dentro de seu ego, vive num mundo fechado, mesmoque esteja dentro de si mesmo. Ele não pode obter nenhum conhecimento diretosobre o Divino Eu Superior, nenhuma experiência de confirmação dessas verdadesque as revelações dos grandes profetas lhe transmitiram. Esta é uma das razões pelasquais ele pode duvidar ou mesmo se opor a elas.O homem comum é o homem não iluminado. Ele vive em uma espécie de escuridão,embora ele raramente compreenda esse fato. Seu estado é determinado pelaposição que o \"eu\" mantém em sua consciência. Dominará todo o resto, ou serádominado pela Fonte a partir do qual ele brota e toma emprestada sua realidade?Quando o ego é reconhecido como sendo apenas um existente, não uma realidadeno sentido último, então a vida do ego, estando na dualidade, será transcendida acada momento que está sendo vivida. Essa transcendência torna a rotina diáriacomum, uma coisa santa e divina; no entanto, a rotina permanece bastante normal,bastante comum, não dramática, não especial, nem aparte da vida espiritual.Descobriremos a verdade sobre o que realmente somos na medida em quedescobrirmos o erro de acreditar que somos o ego e nada mais. Esta descobertaentrará em vigor e nos levará ao caminho da realização e da libertação, apenas namedida em que a vivamos, pois a filosofia não é filosofia a menos que seja praticadana vida.O homem começa sua busca pela mais alta Verdade com seu ego e se eleva para seusníveis superiores, mas no final ele deve deixar o ego se a Verdade for encontrada. Amaneira de encontrar a verdade é tal que ele deve deixar as limitações do ego e olharpara sua origem, sua fonte universal.Nós nos sentamos no ego com todas as suas limitações como numa prisão e nãosabemos que somos prisioneiros, pois nos identificamos com ele e nos cegamos poressas limitações. Está ali e tem que estar ali, mas não precisa estar ali para nosaprisionar ou para reduzir nossa perspectiva. O ego nos aprisiona, por exemplo, comsuas lembranças que nos mantêm mergulhados no passado, quando a sabedoria doespírito é viver no eterno agora - o que é tudo o que temos na realidade e que por sisó é real para o passado e o futuro possuir qualquer realidade.
67Quanto mais ele estiver adequadamente preparado para o impacto da experiência,mais verdadeiro será o esclarecimento. Quanto mais seu ego tenha sido purificado econtrolado, menos se misturará a essa iluminação.Se você deseja estar em harmonia com a ordem do universo, trabalhar com ela e nãose forçar contra ela, você deve parar de impor o ego - seu ego - sobre ela.A presença da alma deve ser realizada, sua consciência deve ser alcançada. Mas apresunção do ego ofusca a uma, a turbulência obstrui a outra.O ego é o centro dos conflitos que conduzem à dor. Não há como liberar-nos daúltima sem a prévia libertação do primeiro.O homem se move do Eu Superior para o ego e, portanto, se move para osofrimento.O homem que não tem outro apoio para suas atividades e empreendimentos do queo ego, e nenhum outro centro para seus pensamentos e sentimentos, é bastanteinseguro. Ele passa pelos eventos e situações da vida com medos e ansiedadesderivadas do passado ou extraídas do futuro.Quando ego confronta ego, e nenhum cede, não para o outro, mas para a verdade,então ambos devem sofrer.Na consciência do ego, um homem deve competir com outros homens e o maisagressivo ou o mais talentosos pode vencer. Mas na consciência do Eu Superior, nãohá competição contra ele.Se o Eu Superior permanece obstinadamente fora de seu alcance de consciência, éporque seu ego permanece muito dentro dele.Quão verdade é a afirmação metafórica da Bíblia de que o homem não deve olharpara o rosto de Deus e viver. Sim, ele, o ego, deve morrer se Deus estiver presente.Imitando o exemplo estabelecido por um líder espiritual, emulando suas ações ecaminhos e fala, pode contribuir de forma útil para a melhoria do eu, mas não podeerradicá-lo. Por mais que melhorado se torne, ainda é o antigo eu. O homem aindanão está liberado de sua escravidão e ainda está enjaulado dentro dos padrões depensamento fornecidos por outra pessoa.O que ele acredita ser, no fato egóico, esconde o que ele realmente é, na essênciaespiritual.
68Enquanto seu ego afirma sua supremacia em tudo o que faz, enquanto ele arranjartudo para ele, tanto tempo ele será vítima de sua própria ignorância e cegueira.Enquanto o ego for o centro de seu ser, ele é impulsionado por desejos e anseios, suamente coberta pela nuvem que esconde a Fonte dele.Existem vários obstáculos que impedem o caminho da verdade, mas o maior é opróprio buscador - suas limitações, seu apego ao ego.Ninguém o mantém fora desta iluminação exceto ele mesmo.Aquele que afirma o seu próprio ego em conflito com os demais, provocará destemodo, que a afirme o deles!A verdade não pode ser encontrada com base no que dará prazer ao ego. Essesentimento de gratificação pode ser um obstáculo para a sua descoberta, bem comoum engano da mente.Devemos ter cuidado para não nos tornar obstáculos por nossas identificações, nosdiferentes aspectos do nosso ego.Ao manter o ego fora do caminho, sua visão não está mais bloqueada com ilusões ouobstruídas com paixões.Todas as nossas relações com os demais serão marcadamente afetadas pela formacomo usamos nosso próprio ego e funcionamos nele.Os homens discutem delicadamente ou debatem ferozmente sob a influência de seuspontos de vista e tendências pessoais. Eles não sabem o quanto o ego colore seuspensamentos e declarações.Um homem não pode extrair a verdade pura sobre uma situação ou sobre o universo,se o seu preconceito pessoal e os motivos ocultos impedem que ele veja além de seuinteresse egoísta na situação ou no universo.É este ego pessoal o que nos impele a acreditar que é nós mesmos, nosso verdadeiroeu, sempre agarrando e sempre desejando, criando novas ilusões e falsas crenças; éesse ego, com seus caminhos astutos, que nos impede de descobrir a realidade.Como as pessoas podem encontrar a paz enquanto vivem em contradições internas,a parte mais profunda de seu ser sufocada pela parte da superfície?
69Quando cada pensamento e cada sentimento é dirigido a seu pequeno ego, quandoas grandes questões da própria vida nunca são feitas porque nunca são relevantes,um juízo verdadeiro deve declarar seu fracasso particular, seja qual for seu sucessopúblico.Enquanto a entidade humana vive separada da consciência de seu próprio eu real,não pode viver em paz. Mas quando é capaz de repousar completamente nesse Eu,não haverá uma segunda coisa para tirá-lo da paz.Perdidos na miséria do ego, eles não ouvem a voz alegre que lhes chama de um nívelmais profundo de seu próprio ser, não sabem se há uma graça a ser esperada.O ego se aprofunda em todas as nossas emoções e deve ser escavado novamente, sequisermos ser livres.Quando seus vários pensamentos e sentimentos começam a aparecer como objetospara o seu \"eu\", é um sinal de boas-vindas de que ele não está mais tão ligado ao seuego como antes.Tal é o domínio do ego separativo na maioria dos homens que, embora elescarreguem o tesouro divino com eles, eles não o consideram.Quando a mente está obstruída pelas memórias, acumulada a partir da experiênciapassada do ego, não pode se libertar do ego e \"voltar para casa\".O ego é uma tela que um homem encontra entre si e a verdade.Os padrões de hábito no pensamento e no comportamento tornam-se tão rígidoscom o tempo que a introdução de um novo estilo de vida, por mais desejável quepossa parecer, desencadeia uma longa luta.Somos prisioneiros do nosso ego porque somos prisioneiros do nosso passado.O ego está preso em suas próprias teorias e conceitos, preso por suas própriasideias. Estes não são necessários para a iluminação.A maioria das pessoas é prisioneira de suas próprias opiniões e julgamentos, seupróprio ponto de vista. A humildade intelectual necessária para afrouxar ou atémesmo deixar ir o que eles sustentam com tanta força e muitas vezes defendem tãoarrogantemente ou ignorantemente, é uma das primeiras qualidades que elesprecisam cultivar se quiserem começar a busca da verdade corretamente. Enquantoos homens estão tão fortemente ligados às suas próprias vontades pessoais e
70julgamentos limitados, não se pode esperar que atendam os ensinamentosimpessoais e as injunções transcendentes dos grandes profetas.Thoreau: \"É tão difícil ver a si mesmo como olhar para trás sem se virar\". O eu estáenvolvido no próprio ato de ver e pode colorir, distorcer ou obstruir a observação.Normalmente, os homens não escapam do seu próprio ponto de vista. Este é umaspecto do significado de Anatole France na sua frase: \"Tudo é opinião\". Pois tudo sebaseia no próprio ego, uma vez que o último participa em todos os eventos, tanto nasua criação como no pensamento sobre eles.O constante movimento dos pensamentos e o fascínio do ego com ele mesmo,esconde de nós o Divino Eu Superior, do qual ambos são derivados.As pessoas não olharão para o que é real se contradiz suas expectativas, mas apenasno que elas pensam deveria estar ali.Se alguém se queixa de que, apesar de todos os seus esforços, não consegue ver o EuSuperior, só pode ser porque ele obstinadamente persiste em ver seu próprio \"eu\"com todos os esforços. É isso que bloqueia o outro de sua visão. Por isso é que eledeve ser removido.Onde quer que ele vá ele traz consigo esse ego, olha o mundo com os mesmos olhos,os mesmos desejos e limitações.O ego o acompanha onde quer que ele vá. Portanto, não caia no autoenganogrosseiro e imagine tê-lo removido.Mesmo que a verdade mais elevada fosse aparecer em toda sua plenitude gloriosadiante de sua mente, ele seria incapaz de reconhecê-la pelo que é - muito menosentendê-la - se não houvesse preparação ou purificação para isso. Ele nem sequerseria livre para vê-la se o ego o abraçasse bem na sua rede circundante.O ego pode perceber apenas o que está dentro de si; portanto, nunca ultrapassa asua própria sombra. Mesmo quando seus pensamentos estão operando em altaverdade, esse fato ainda se mantém.A barreira a uma visão totalmente clara da verdade é o ego.O ego se coloca à sua maneira e fecha a verdade. Está tão imerso em si que não vênada além de seus próprios pontos de vista, suas próprias opiniões. E isso é verdade
71mesmo quando aparentemente sofre uma mudança mental ou conversão emocional,pois, no final, é o próprio ego, que sanciona a ideia ou crença recém aceita.O homem comum nunca está fora de si mesmo, mas sempre dentro de seu ego.O ego obstrui sua própria visão, quer esteja olhando uma situação em sua vida ou aDeus na meditação.O ego deve ser sustentado e inspirado pela natureza superior, mas, em vez disso, oencontramos restringindo o caminho para essa natureza.Os desejos que operam nele, em sua mente consciente e inconsciente, influenciamsuas perspectivas, suas crenças, suas opiniões, mas não são os únicos fatores a fazê-lo. Família, arredores, eventos e circunstâncias também fazem seu papel.Seu caminho para o objetivo é bloqueado pelo ego; seus vislumbres da verdade sãosubvertidos pelo ego; sua aspiração para o Eu Superior é contrariada pelos desejosdo ego.Ele toma somente a porção da verdade que se adapta ao seu ego e rejeita o resto.Impulsionado pelo ego em direção a uma ênfase indevida de um lado a outro, ele nãotem interesse em encontrar a verdade. De fato, se a ênfase é muito forte, seuinteresse reside em evitar a verdade!As opiniões existem onde o \"eu\" domina; a verdade é que o ego não domina.O ego vê sua própria imagem do mundo, colorida por suas próprias características econtida dentro de suas próprias limitações. Por isso, raramente vê as pessoas comorealmente são.Através de sua ignorância das operações e efeitos cármicos, o ego provoca muitasdas suas próprias oposições e muitos dos seus próprios problemas.A memória cria para nós padrões, tradições, valores e hábitos pelos quais vivemos. Éa autoridade dominante. Mas também é o tirano que nos mantém cativos e nos negaa liberdade - uma privação que efetivamente impede a descoberta da verdade eefetivamente constrói uma barreira para a realidade. Qualquer um pode se lembrardo passado egocêntrico dessa maneira, mas somente o sábio pode esquecer edissolver todos esses padrões.
72Toda discussão feita a partir de um ponto de vista egoísta é corrompida desde oinício e não pode ceder uma conclusão absolutamente segura. O ego coloca seupróprio interesse primeiro e distorce todos os argumentos, palavras, até mesmo parase adequar a esse interesse.Estou duvidoso de se alguém pode ser perfeitamente sincero, se suas ações nãovierem dessa fonte mais profunda. Ele pode acreditar que ele é, e outros podemacreditar o mesmo sobre ele, mas como suas ações devem vir de seu ego, que égerado pelo engano e mantido pela ilusão, como eles conseguem um padrão quedepende da verdade completa e expressar a realidade?Descrever o ego como \"pequeno\" e a personalidade como \"mesquinha\" é olhá-lo defora, onde se perde entre uma multidão de outros egos; mas para vê-lo dentro dopróprio homem é achar isso muito importante, dominando sua consciência, umgigante segurando-o. Está ali, e depois de todas as análises verbais que o reduzem anada, a sua presença se reafirma.Sob a superfície da consciência comum, ele reconhece e lembra a verdade quandolhe é apresentada por um homem ou um livro. Mas as falsas crenças legadas a elepor seus pais e os preconceitos nele inculcados por seu ambiente, fazem com que eleresista.Com uma parte de si mesmo, ele busca honestamente a verdade, mas com outraparte ele tenta dela evadir-se.Se ele é apenas a vítima de seu próprio ego ou se também do ego de outros homens -porque aceita as sugestões que lhe são impostas desde a infância - o resultado final éo mesmo.O ego pode, no começo, perder-se numa verdade, se for indesejável e desagradável,por aversão subconsciente a ela. Nesse caso, ele vai procurar em qualquer outrolugar do que o lugar correto, se afirma ser um buscador.Os emotivos são traídos por sua esgrima pessoal de sentimento; os intelectuais sãotraídos por sua transformação em análises pessoais e críticas; os fantasistas sãotraídos por sua imaginação pessoal. Em todas as três classes, o ego pessoal limita emolda seus resultados. Eles procuram por Deus, onde Deus não está.Nossa visão da vida geralmente é muito pessoal para nos permitir entender suasverdades mais profundas. Porque a pessoa impõe suas limitações intelectuais e seus
73desejos emocionais sobre a própria operação de ver e entender o que vê. Os seusapegos escondidos manipulam suas operações e recebem inteligência, ligando-a auma visão superficial e a uma compreensão simplificada.Ele nem sempre está ciente de seus motivos e, às vezes, engana-se sobre eles. Isso éporque alguns deles estão nas partes mais escoradas de seu ser ou porque estãoescondidos pelo poder ilusório do próprio ego.Seus interesses pessoais colocam uma tendência em seus julgamentos, enquantosuas condições externas moldam muitos dos seus pensamentos.Ele vive quase inteiramente nas impressões feitas em seus sentidos e nas emoçõesque podem despertar por meio deles.Ele tenta evitar reconhecer que é mantido prisioneiro na ignorância e no sofrimentopor seu próprio ego, que sua condição é insalubre e desequilibrada, e que ele deveencontrar algum meio de libertar-se de sua escravidão.Ele obstinadamente persiste em seguir seu ego, não porque seja superior ao deoutros homens, mas simplesmente porque é dele mesmo. Tal é a condição dohomem comum e a obstrução para saber a verdade.A luz não pode transpor seu ego, ou se o último é momentaneamente adormecido,não pode permanecer com ele, mesmo quando consegue fazê-lo.O ego fica no caminho, exceto em raros momentos em que o homem esquece-se desi mesmo ou quando vem um vislumbre da verdade.Enquanto o ego intelectual e animal pessoal governar a consciência, tanto tempo vaipassar de erro em erro.O ego, com sua mesquinha presunção e seus desejos particulares, o encerra sobre simesmo e o corta da vida universal, com sua verdade, sua realidade e seu poder.O neurótico tem contraído tanto a atenção como o interesse em seu pequeno eu.Cada ego tem sua própria versão pessoal da verdade, que coincide com as versões deoutros egos, apenas na medida em que refletem seus preconceitos e desejos, medose favores, e especialmente suas limitações. Por isso, é certo que não concorda commuitos.
74Uma situação como parece estar na superfície pode conter fatores que não estãovisivelmente presentes para aqueles que estão envolvidos nela. Pois o egoísmo ou aemoção podem cobrir seus olhos nesta matéria.É um fato antigo e conhecido que a verdade pode ser muito perturbadora e é por issoque é mais honrada do que praticada. Perguntemos: \"Para quem é perturbador?\" Eacharemos que a resposta se refere ao ego pessoal.Demora muito tempo, durante toda a vida, antes que a mente descubra que suaspróprias atividades imaginativas e especulativas impedem seu caminho para averdade ou que é vítima de poderosas sugestões recebidas de fora e nutridas oufortalecidas por tais atividades.A experiência está toda na sua cabeça. Ele pensa que é único para si mesmo, por issonão é muito fácil para ele separar o que é a contribuição de sua fantasia ou seu ego eo que vem da fonte autêntica do Eu Superior.O tipo de mente que um homem tem naturalmente irá colocar limites em suastentativas de encontrar e compreender a Verdade. Esses limites não são apenasaqueles que todos os seres humanos possuem em comum, mas também variam deuma pessoa para outra.Nós próprios colocamos certas limitações, deliberadamente ou inconscientemente,que cercam nosso pensamento e nossas atitudes, ou que podem ser a causa dedanos a si mesmo ou a outros.Os homens estão trancados dentro de seus pequenos egos. Eles estão na prisão enão sabem disso. Consequentemente, eles não perguntam, muito menos procuram,pela liberdade.Nenhuma mente que funciona atrás de uma tela de pressupostos preconcebidospode chegar à verdade.
75Porque a maioria das pessoas não o fazTemos que aceitar o fato de que a maioria das pessoas tem uma capacidade imensade estar bastante confortável dentro dos limites do ego, e não deseja deles se afastarpara um nível superior.Eles estão tão satisfeitos com seu ego que nem sequer questionam seu direito dedominar suas mentes e ditar suas políticas.Acreditando em si mesmo em lugar de Deus, em seu ego e não em seu próprio EuSuperior, eles agem de forma prejudicial ao seu verdadeiro bem-estar e obstruindoseus interesses superiores.Os obstáculos que impedem a propagação da filosofia entre as massas não sãoapenas a falta de cultura, a falta de lazer e a falta de interesse. O mais poderoso detodos é aquele que afeta todas as classes sociais - é o próprio ego. A maneira teimosaem que eles o apreciam, a força apaixonada com que eles se apegam a ele e atremenda crença que eles dão a ele, se combinam para construir uma muralha contraas declarações serenas da filosofia do que é. As pessoas exigem o que desejam. Porisso, é mais fácil dizer-lhes, e mais fácil para eles receberem, que a vontade de Deusdecide tudo e que a submissão do paciente a essa vontade é sempre o melhorcaminho, do que dizer-lhes que seu apego cego ao ego cria uma parte tão grande deseus sofrimentos e que, se eles não abordarem a vida impessoalmente, não há outrocaminho do que suportar resultados dolorosos de uma atitude errada. Este é ocaminho da religião. A filosofia, no entanto, insiste em dizer a verdade completa aosseus alunos, mesmo que seja uma voz separada e ainda esfrie seus egos até o osso. Aaceitação do ponto de vista filosófico envolve uma rendição do egoísta. Este é umajuste que apenas o moralmente heroico pode fazer. Não precisamos, portanto,esperar qualquer pressa da parte das pessoas para se tornarem filósofos.Tão precioso é o nosso insignificante ego que ficamos profundamente desapontadosao rendê-lo ao vazio aparente da não-dualidade.Os seres humanos em geral não se importam com o seu fim, suamortalidade. Quanto mais não lhes agrada esse conceito de sua não-individualidade!A filosofia é para os fortes. As almas fracas tremem em sua presença e se apegammais fortemente aos seus mesquinhos egoísmos.
76A maioria das pessoas é tão incapaz ou, portanto, tão indisposta de ver suas falhasque, mesmo quando estas são apontadas, se recusam a dar o consentimento. Elaspreferem usar a máscara do autoengano. Por quê? Porque a verdade rompantedanifica seu ego.O fato é que eles temem ter a resposta para a pergunta: \"Quem sou eu?\" Isso podeexigir que eles abandonem seus pequenos egos.Ninguém está ansioso para se perder como pessoa.O ser humano médio tem pouca ou nenhuma consciência de qualquer elementoespiritual em sua personalidade.Eles gostariam de ter seu céu e seu ego também. Eles gostariam de unir a grandezadaquele com a pequenez do outro. Mas isso é impossível.Eles estão muito preocupados com o julgamento sobre outras pessoas do que parafazerem isso sobre si mesmos.Absortos como estão na vida pessoal e familiar, não conseguem se abrir à radiaçãodelicada de seu ser mais íntimo e vivem como se não estivesse ali.Ao levar o transporte à outras terras para passar o seu lazer ou suas férias, elestentam, em vão e sem consciência, tirar o transporte de si mesmos, das compulsõesde pouca importância às liberdades do ser maior.Talvez não seja que as multidões de pessoas sejam más, que ficam tão imersas emtrabalhar para a subsistência, criando uma família, encontrando alguns prazeres, queo pequeno ego oferece seu único ser. Quanto perdem eles se atendem apenas a issoe nunca a questão suprema: Por que estou aqui?Eles estão tão acostumados a pensar em termos do ego que parece impossível (paraeles) pensar de qualquer outra maneira.A experiência de ser arrancado de suas raízes é tão desagradável que a recusauniversal de aderir ao pedido de Jesus de desistir do ego, é facilmentecompreensível. As pessoas sentem que a demanda é impossível de se cumprir.A maioria das pessoas se esconde de si mesma ou vive apenas numa pequena partede si mesma.
77Envolto nos limites estreitos de seu pequeno eu, raramente procurando expandir-separa além dele, sem interesse ou aspiração fora de uma existência meio animal, eleperece esquecido.Como genuíno caminho espiritualSe conseguimos separar-nos das reivindicações das memórias do passado e dasantecipações de resultados futuros, conseguimos separar-nos do ego. Este é ummétodo prático de alcançar o objetivo, um verdadeiro caminho de ioga.Renunciar ao ego é renunciar o pensamento dele, e isso é feito por acalmar a mentesempre que, na vida cotidiana, alguém se torna autoconsciente. Este silenciado, oego desaparece. É um apagamento profundo e mental do pensamento de ser \"XY\",esse rápido silêncio da ideia de ser uma pessoa particular, essa rejeição serena domovimento intelectual e agitação emocional do ego, que constitui a \"desistência doeu\" que Jesus e todos os grandes místicos insinuaram insistentemente. Esta arte deapagar o ego ao acalmar a mente, de repente, interrompendo a sua turbulência depensamentos, não podia ser praticada à vontade e, a qualquer momento, se nãotivéssemos praticado anteriormente e frequentemente em exercícios deliberados emhorários fixos. Não é uma arte na qual o homem na rua possa mergulharimediatamente. Ele não está pronto para isso. Ele deve primeiro obter uma naturezamental disciplinada através do trabalho diário na meditação, bem como umanatureza emocional subjugada através da vontade endurecida. Esses esforços devemser trazidos à perfeição primeiro, antes que a façanha de desistir do próprio egopossa ser levada à perfeição.Apenas a prática cotidiana na arte de trabalhar de forma deliberada e compreensivacom o Eu Superior, ao negar o ego, o levará finalmente ao estágio superior onde elepode trabalhar conscientemente com ele.Até que seja trazido à sua atenção, ele pode não saber que o ídolo a quem os pés eleestá continuamente adorando é o ego. Se ele pudesse dar a Deus a mesmaquantidade de lembrança que ele confere ao seu ego, ele poderia, em breve, atingir ese estabelecer, aquela iluminação a que outros homens dedicam vidas de esforçoárduo.
78Finalmente, há uma única fonte de todo poder - a fonte cósmica - e de toda ainteligência - a mente cósmica. Mas o ego atenua e estreita o poder e a inteligência,enfiando-se obstinadamente apenas na própria individualidade. Se, através daprática do misticismo filosófico, alarga a sua perspectiva e sintoniza a suamentalidade com a mente cósmica em que ela própria está enraizada, então ainspiração resultante florescerá em uma tremenda transformação de toda a sua vida.Tudo o que ajuda a levá-lo para fora da tirania do ego, seja uma ideia, uma situação,um estado de ânimo induzido ou um serviço particular, vale a pena tentar. Mas serámais fácil, e o resultado será mais bem sucedido, na medida em que ele se solte desua história passada.Isso requer um esforço pesado e envolve constante dificuldade em viver uma talvida. O ideal de travar e desgastar o ego pessoal, só pode ser suportado mantendoalegremente diante do olhar uma imagem da condição espiritual satisfatória dohomem livre de ego.Se ele pudesse parar de se apaixonar por seu ego e começar a se apaixonar pelo seuEu Superior, seu progresso seria rápido.Surge a questão: é possível abordar a vida com uma mentalidade livre doegoísmo? Esta é uma questão que a filosofia tomou muito a sério e diz: se o desejoexiste e o esforço for feito, haverá pelo menos uma abordagem menos egoísta doque seria de outra forma. Por conseguinte, desenvolveu um sistema de treinamentoda mente e sentimentos que, relativamente e tanto quanto é humanamente possível,liberta o ser humano de abordagens excessivamente egoístas à Verdade.Existe uma técnica útil para ajudar a atingir esse objetivo. É recusar identificar a simesmo, ao seu \"eu\", ao ego pessoal. Isso exige uma consciência frequente, ainda quemomentânea, dos pensamentos, emoções e do corpo. Pode ser feito a qualquermomento, em qualquer lugar e não deve ser considerado como um exercício demeditação.A primeira coisa a ser eliminada é a arrogância e a presunção, a lamentável vaidadedo ego terrestre e corporal.Quanto mais ele tenta lutar contra o ego, mais pensa e se concentra nele. Isso aindao mantém prisioneiro. É melhor dar-lhe às costas e pensar, concentrar-se no eusuperior.
79Um homem começa a entrar em si próprio, no dia em que rejeita o ego. Sua rejeiçãopode não durar mais de um minuto ou dois, pois o falso eu é forte o suficiente parareclamar sua vítima. Mas o processo começou, o que o levará ao fim.Não é só que ele deixa o ego de lado durante certos estados de elevado ânimo, mastambém que ele mantém firmemente essa negação de si mesmo durante aexperiência de momento a momento.Eles dedicam suas vidas a adorar o ego quando podem dedicá-los a adorar o PoderInfinito que sustenta suas almas e corpos.A quantidade de energia que ele derrama para sustentar o ego e segurar as ilusõespara seu próprio detrimento, também poderia perfeitamente servir para sustentaruma Busca do Eu Superior para seu próprio benefício.É mais prudente habitualmente desconfiar de seu próprio ego, e seus motivos, doque não.Se ele estiver disposto a procurá-los, encontrará os movimentos ocultos do ego noscantos mais insuspeitos, mesmo no meio de suas mais sublimes aspiraçõesespirituais. O ego não está disposto a morrer e até mesmo acolherá esse grandedesgaste de seu alcance se esse for o único meio de escapar da morte. Uma vez que énecessariamente o agente ativo nessas tentativas de auto-aperfeiçoamento, estarána melhor posição para cuidar que eles terminem como uma aparente vitória sobre simesmo, mas não real. Esta última pode ser alcançada apenas confrontando-odiretamente e, sob a inspiração da Graça, matando-o diretamente; isso é muitodiferente de confrontar e matar qualquer uma das suas variadas expressões dedebilidades e defeitos. Eles não são o mesmo. Eles são os ramos, mas o ego é araiz. Portanto, quando o aspirante se cansa dessa batalha sem fim do Caminho Longocom sua natureza inferior, que pode ser conquistada numa expressão apenas paraaparecer numa nova, fica cansado dos autoenganos nas realizações muito maisagradáveis imaginadas do Caminho Curto, ele estará pronto para experimentar oúltimo e único recurso. Aqui, finalmente, ele consegue entregar o próprio egocompletamente, em vez de se preocupar com seus numerosos disfarces - que podemser feios, como a inveja ou atraente, como as virtudes.Não é uma mudança dos conteúdos do ego que é realmente necessário, por maisatraente que possa ser, mas uma mudança que nos permita sair completamente doego.
80O ego se entronizou. Ele afirma sua supremacia em todos os assuntos. Essa situaçãopode ser permitida para as pessoas comuns, nos assuntos comuns da vida cotidiana,mas não pode ser permitida para pessoas que buscam a verdade nas mais gravesquestões da busca. O buscador deve, de fato, cultivar o hábito de olhar seu ego comoseu inimigo, deve resistir em vez de lisonjeá-lo.Tudo isso é simplesmente para lembrar o homem de seu eu melhor, no maisprofundo de seu interior, onde ele é feito à imagem de Deus.Se pudesse ser tanto o que é observado como o próprio observador por um únicosegundo, então, certamente, as duas condições mentais se aniquilariaminstantaneamente. A tarefa é tão difícil e forçada ao fracasso como tentar olhardiretamente para o próprio rosto. Assim, revela-se a impossibilidade inerente de talsituação. Existe apenas uma última esperança de sucesso em tal busca e é abandonartodas as tentativas de conhecê-lo pelos métodos comuns de conhecimento. O que talabordagem implicaria necessariamente? Isso envolveria dois fatores: primeiro, umaunião do \"eu\" pessoal no observador oculto, do qual é uma expressão, embora afusão não seja tão absoluta quanto ao obliterar completamente o ego; em segundolugar, um abandono do método intelectual que rompe a consciência empensamentos separados.A mudança real de ser o ego para se tornar o observador do ego é repentina.Assim, em sua marcha, o aspirante tem que superar suas sensações e emoções, seuspensamentos e raciocínios, tudo o que até então ele conheceu como ele mesmo,antes de poder despertar para a existência do observador oculto.Seu trabalho é primeiro descobrir onde começa o \"eu\"; em segundo lugar, e muitomais importante, onde termina e não é mais.É muito mais fácil se identificar com nosso próprio ego do que com o Eu Superior. Épor isso que é necessário o retorno incessante a essas ideias e exercícios.Meu querido Ego: \"É óbvio que neste mundo não posso viver sem você. Sua presençaé esmagadora, preenche todo instinto, pensamento, sentimento e ação. Mastambém é óbvio que não posso viver com você. Chegou o momento para ajustarnosso relacionamento. Então, tenho um pedido para lhe fazer. Por favor, saia do meucaminho!\"
81Não podemos evitar de viver num ego humano ou sentir seus desejos e anseios, poisa maioria de nós está apaixonada por ele. Mas pode ser posto em seu lugar emantido lá, primeiro através de um profundo entendimento, em seguida, através deuma elevada aspiração para transcendê-lo, e terceiro através de um seguimento daBusca até seu final.Ao analisar a nós mesmos, estamos ajudando a esmagar o ego. Mas isso é verdadesomente se a análise for imparcial e se for equilibrada pelas atitudes do CainhoCurto. Caso contrário, há uma mórbida preocupação excessiva consigo mesmo, quese adequa muito bem ao ego.Em todas as situações, ele deve se esforçar para distinguir e seguir a liderança daAlma, subjugando o clamor do ego. A primeira o guiará para que tudo funcione parao melhor em seu bem-estar espiritual, o último pode simplesmente piorar as mássituações.O que há em seu coração? Ramakrishna estava cheio da Mãe Divina, como elechamou a Deus. Em pouco tempo ele a encontrou. São Francisco de Assis deu ahumildade o seu lugar mais alto em seu próprio eu. Ele se tornou o homem maishumilde da época. Corrija um ideal no seu coração. Esse é o primeiro passo paraencontrá-lo.Esta exploração interna deve ser estendida até que penetre no mistério finalda existência do Eu.No final, ele deve desatar o nó de seu ego e depois suavizar sua consciência.A maioria dos homens está muito ansiosa para apaziguar seus egos, mas o aspirantesério deve lutar contra essa tendência.Quando o ego inferior concordar em resignar sua própria vida na do ego superior, agrande mudança evolutiva de nossos tempos se manifestará plenamente.Esse estado dividido de personalidade deve ser levado a uma santa integração, estaguerra civil dentro de si mesmo deve ser levada ao seu fim numa paz justa. Quantaexaustão mental, nervosismo discordante e transtorno emocional podem seratribuídos a ele!O trabalho começa por remover o que impede a mente de ver a verdade, aquelasqualidades e condições que tornaram impossível ver a realidade tal como é.
82A verdadeira luta não é aparente. O inimigo real é um oculto.Durante curtos períodos todos os dias, ele deve praticar algo que as experiênciascomuns não permitem que ele pratique – se interiorizar, ser impessoal e conhecer o\"eu\".Aqueles que se sentem frustrados por causa da ausência de experiência mística emsuas vidas, deprimem-se desnecessariamente. Para o seu progresso em valoressuperiores, a sua ascensão aos princípios acima do egoísmo, a escolha do verdadeirobem-estar sobre o mero prazer, mostram sua resposta ao Eu Superior e marcam seuavanço real, melhor do que qualquer experiência emocional transitória.Temos que aprender a reconhecer o eu individual, a pessoa, o ego, como uma coisafeita pela mente e, portanto, retirar-nos dela, afastar-nos dela, colocar espaço entrenós e ela e nos separar cada vez mais e mais a partir disso. À medida que esteprocesso se desenvolve, chegamos cada vez mais à Verdade, à iluminação.Quanto mais tentamos colocar a impessoalidade em nosso pensamento e em nossavida, menos provavelmente nos identificamos com o ego. Isso abre caminho, dáespaço, dá lugar ao que está por trás do ego para começar a se manifestar.Dá um ponto definido à vida de alguém, como também algo para recuperar osperíodos de rotina trivial e os aborrecidos encontros com pessoas semi-animais,totalmente egoístas.A Consciência que os homens procuram tão diversamente, em êxtase ou desespero,já está ali, mas encoberta, sufocada por sua própria autoconsciência. De dia e denoite, eles ficam apenas no estreito, no pessoal, seja em êxtase ou emdesespero. Eles correm para os outros, para gurus ou deuses, implorando para seremlibertados. Mas, no final, eles têm que se libertar.A rendição é necessáriaA tensão com que nos aferramos ao ego e, assim, nos separamos da vida do EuSuperior e a tensão com que nos fechamos na antiga existência miserável e limitada,são resultantes do hábito. Se quisermos fugir dele para a livre criatividade da vidamaior, teremos que quebrar seu círculo vicioso. Isso pode ser imposto sobre nós pelochoque de eventos drásticos, ou pode se tornar possível para nós pela graça de umhomem iluminado, ou pode ser alcançado por nós através da estimulação
83determinada de uma vontade desesperada. Seja como for, será o começo do fim parao ego e o começo do melhor para nós mesmos.Um mestre aconselhou paciência. \"Você pode quebrar o ferro com asmãos?\" perguntou. \"Desgaste-o pouco a pouco e um dia você poderá dividi-lo emduas peças com um único esforço. Assim é com o ego\".\"Bem-aventurados os pobres em espírito\", disse Jesus. O que ele quis dizer? Ser\"pobre\" no sentido místico é ser privado da posse do ego, isto é, tornar-se livre doegoísmo.Foi um mestre sábio que me disse: \"Não exija aos seres humanos uma abnegaçãoque não são capazes de dar, exija apenas que entendam qual é a direção para a quala Ideia divina do mundo os está empurrando. Através de um caminho ou outro, elesvirão no fim a sofrer o desgaste do ego até que ele seja finalmente reduzido acompletar a subserviência ao Eu Superior \".Avançará mais na Busca quem mais tenta se separar de seu ego. Será uma luta longa,lenta e difícil, pois a falsa crença de que o ego é o seu verdadeiro ser, agarra-o comuma intensidade hipnótica. Toda a força de todo o seu ser deve ser levada a essa lutapara remover o erro e estabelecer a verdade, pois é um erro não apenas do intelecto,mas também das emoções e da vontade.Jesus disse a seus ouvintes que abandonassem seus egos e encontrariam o EuSuperior. Mas como é que um homem abandona o que amou por tanto tempo, tãointimamente e tão ardentemente? O que ele precisamente tem que fazer?Quando todos os pensamentos de um homem são reunidos, esse total constitui seuego. Ao desistir deles, abandona o ego dele, se nega a si mesmo, na frase de Jesus.Ele deve se afastar da tirania do ego e assim, sem uma maior luta desnecessária,transcende-lo.Se um homem quer chegar à consciência do seu Eu Superior, deve deixar aconsciência do seu pequeno eu, deve se afastar de seu próprio mundo estreito. Masisso só pode ser efetivamente feito se for feito internamente.\"Perca a si mesmo e você se encontrará\", disse Jesus. Perder a falsa concepção deque o eu é algo por si só, capaz de ficar separado e sozinho, capaz de ser consideradoum objeto que você conhece, o sujeito. Deixe ir esta falsidade, e você encontrará a
84verdade. Cesse essa identificação com a personalidade, e você encontrará o EuSuperior.Enquanto conhecemos apenas o ego, permanece desconhecido o lugar em que elepermanece. A saída é abandonar o eu.Toda tentativa de desassociar-se de seu ego, de observá-lo em pensamento e emação, de desvincular-se de seus desejos e luxúrias, será bem-sucedida apenas se vocêfor implacável.Qualquer ataque frontal direto contra o ego, como se mostra a si mesmoabertamente, implica no uso do próprio ego. Pode triunfar sobre alguns defeitos, masnão consegue triunfar o que está por trás de todos os defeitos - o egoísmo. Somentea entrega da vontade e da mente pode ser eficaz em fazê-lo.É uma questão de mudar a imagem de si mesmo, de passar da imagem de um egopessoal à não tentativa de formar qualquer imagem, permanecendo literalmentelivre de qualquer identificação. Não é um trabalho ativo de negar o ego, mas sim umpassivo de ser simplesmente, vazio! Pois o ego sempre se esforçará para se preservar,usando quando deve os caminhos mais secretos, cheio de astúcia e fingimento,camuflagem e engano. Isso leva a si mesmo, procedimentos genuinamenteespirituais, e os perverte ou faz uso deles, para sua própria vantagem.Ele se apega obstinadamente ao seu ego e não pode relaxar no formoso anonimatodo Eu Superior.É necessário prevenir uma possível incompreensão. Subordinar o próprio ego nãosignifica submetê-lo ao ego de outra pessoa.A prontidão para entregar sua natureza inferior ao superior, desistir de sua própriavontade em obediência à vontade de Deus, deixar de lado o ego por causa do EuSuperior, coloca um homem muito adiante dos seus semelhantes, mas também ocoloca em certos perigos e conceitos errôneos de si mesmo. O primeiro perigo é queele tenha desistido de sua própria vontade apenas para obedecer as vontades deoutros homens, renunciado seu próprio ego apenas para cair sob a influência dosegos de outros homens. O primeiro equívoco é tomar as vozes menores como sendoa voz de Deus. O segundo perigo é cair na ociosidade pessoal sob a ilusão de que épassividade mística. O segundo equívoco é esquecer que, embora os esforços por simesmo não sejam suficientes para garantir o alcance da Graça, eles ainda são pré-requisitos necessários para essa vinda. Suas disciplinas intelectual, emocional morais
85são necessárias para atrair essa Graça, assim como suas aspirações, anseios e oraçõespor ela. Ele não pode esperar que Deus faça por ele, o trabalho que deve ser feito porsi mesmo.Ninguém mais pode fazer por um homem o que a Natureza lhe está ensinando afazer por si mesmo, isto é, entregar o ego ao Eu Superior. Sem essa rendição,nenhum homem pode atingir a consciência desse Eu Superior. É inútil olhar para ummestre para fazer com ele essa tremenda mudança dentro de si mesmo. Nenhummestre poderia fazê-la. A maneira correta e a única maneira é desistir desse patéticoapego ao seu próprio poder, à sua própria pequenez e às suas própriaslimitações. Tornar-se tão completamente contra si mesmo exige de um homem, umesforço emocional extremo do tipo mais raro e também do tipo maisdoloroso. Porque renunciar ao o ego é crucificá-lo.\"A verdade o libertará\", prometeu Jesus. De que tipo de liberdade ele estavafalando? A resposta só pode ser - do ego! E isso é corroborado por suas própriasafirmações, proferidas outras ocasiões, quanto à necessidade de morrer para simesmo.Onde o esmagamento do ego de um homem pode estar além de sua capacidade deabsorção lucrativa e até mesmo paralisar seu crescimento interior, o retrocesso deseu ego pode ser exatamente o que ele precisa e o que promoverá seu crescimento.O ego pode efetuar enormes conquistas no domínio da vida mundana, mas não podefazer nada no domínio da vida espiritual. Aqui, a melhor e a única realização é deterseus esforços, silenciar-se e aprender a permanecer quieto.Se ele está disposto a dar o domínio às forças intuitivas dentro de si mesmo, entãoele terá que exercer sua vontade contra as egoístas.Aqueles que são incapazes ou não querem destruir o governo interno do ego devemsofrer a sua destruição de fora. Mas, enquanto o primeiro caminho traz sofrimentoemocional e perturbação mental, o segundo traz isso junto com problemas,desilusões, doenças além de outros golpes.Toda personalidade deve ser transcendida finalmente. Mesmo o Mestre não é umaexceção a esta regra.Não só o ego, em algum momento do caminho, tem que sofrer humilhação, senãoque também tem que passar por crucificação.
86Todo peregrino nessa busca só pode acabar morrendo sobre sua própria cruz. Elepode elevar-se à união com o seu Eu Superior, só depois que o inferior sejacrucificado.Antes que possamos cultivar o melhor em nós, devemos crucificar o pior em nós. Oego deve ser pendurado e pregado gradualmente se o Eu Superior deve ressuscitarem nossa consciência. É por isso que é tão importante limpar nossas emoções ecorrigir nossos pensamentos. Os desejos e as negatividades devem ser superadospara fazer um caminho para a verdade, a beleza e a bondade.A auto-crucificação do ego é o término de uma longa linha de auto-humilhações,culminação dos anos passados a se retirar gradualmente de sua escravidão.Morrer para o ego significa que ele se libertará dos pensamentos rotineiros quecostumam dominar sua vida.O que ele deve fazer é renunciar ao ego com todo seu orgulho, sua ganância epaixão, e aprender a compreender sua dependência do Eu Superior.Se ele com tristeza percebe que sua conduta mais aparentemente espiritual e asações aparentemente altruístas foram ilusórias, se ele finalmente vê que viveu paraseu pequeno eu solitário, mesmo quando o mundo admirava seu altruísmo, entãochegou o momento de viver não principalmente para outros, mas para o outro eu,seu superior e maior.O ego deve ser renunciado, derrubado até não ser mais do que uma merapossibilidade.O ego, quando é disciplinado, refinado e espiritualizado, pode então ser nocauteado.O Ser Real não é uma coisa. Isto não significa que não seja nada. O homem está tãoconstituído que normalmente só pode conhecer as coisas. Se ele deve se aproximarde Deus, deve deixar de lado seu egoísmo, seu ser individualizado.O desejo de continuar a vida no ego contém todos os desejos possíveis. Isso explicapor que a mais dura de todas as renúncias para as quais um homem pode serperguntado é a do seu ego. Ele está disposto inclusive, a sofrer mortificações dacarne ou humilhações de seu orgulho, ao invés dessa última e pior crucificação.Quando seu próprio ego se torna intolerável para ele, com crescente frequência, elepode tomar isso como um bom sinal de que está avançando nesta estrada.
87A declaração de Jesus de que todo aquele que quiser salvar sua vida a perderá, éintransigente. É uma verdade eterna, assim como universal. É necessário tanto paraos ingênuos quanto para os sofisticados. Somente aqueles que, sob a tensão e a lutada existência cotidiana nestes tempos difíceis, ardentemente desejam a paz doesquecimento de si mesmos, podem começar a entender o primeiro fraco eco dasatisfação que a perda da vida traz. Isso significa, em linguagem mais clara, queaqueles que procuram a salvação em alguma parte profunda, oculta e fundamentalde si mesmos, devem fazer esta firme resolução de que as atividades físicas,emocionais e intelectuais do eu pessoal devem contar menos. Eles não serão capazesde fazer isso a menos que desejem a salvação mais do que qualquer outra coisa emsuas vidas. A declaração de Jesus significa que eles devem procurar libertar a vidadentro deles, da ideia muito limitada que o ego pessoal forma em torno dele edentro do qual ele permanece confinado apenas aos planos físico, emocional eintelectual, e trazê-lo para funcionar também no plano intuitivo-espiritual. Issosignifica que a condição inexorável que o Eu Superior impõe antes que ele se reveleem toda a sua beleza, sua grandeza, sua paz e seu poder, é que eles abram mãodesse desequilibrado interesse nas atividades inferiores deste mundo, em que estãotão totalmente imersos. Se essa abnegação conduz ao ponto extremo de retirada domundo, eles devem estar dispostos a obedecer e a tomar as consequências. Mas,como é fundamentalmente uma coisa interna, não leva necessariamente um homema dar este passo extremo, desde que ele mantenha sua vida interior e seja inviolávelmesmo enquanto lide com o mundo.Essa conquista pode parecer muito distante das possibilidades humanas e, de fato,achamos na história que muitos não se importaram nem conseguiram perceber, poisé muito doloroso para o ego. Mas as verdades metafísicas do renascimento sucessivona Terra e da irrealidade do tempo deveriam dar algo de consolo aqui. A primeiraensina uma grande paciência enquanto os homens trabalham diariamente na tarefade refazerem-se. O segundo ensina que o Eu Superior está sempre presente comtodos, que no eterno Agora não há futuro e que, teoricamente, a possibilidade de suarealização não pertence necessariamente a um renascimento distante.A tentativa de subjugar o ego tem uma melhor oportunidade de ter sucesso do que atentativa de estrangulá-lo.Se existe um único segredo de desenvolvimento que o místico bem sucedido podenos oferecer, é que o ego deve sair de nós e que devemos sair dele!
88O investigador sincero que pergunta de forma agonizante como pode continuar acarregar seu ônus de responsabilidade para si mesmo e de obrigação para com osdemais, se ele se despreza, necessita fazer estudos mais aprofundados sobre oensino sobre esse ponto.Entregue o ego ao que está mais além.Mesmo quando já não teme mais os outros, um homem deve ainda ter medo de simesmo - assim aconselhou um dos pensadores da antiga Roma. Até que o ego sejacompletamente conquistado, a vigilância sempre será necessária.A sabedoria do Salmo 46 - \"Aquieta-te e saiba que Eu Sou Deus\"- pode ser testadopor experiência. Pois no silêncio do ego, haverá sussurrado a revelação queesperamos.O homem que tem o suficiente respeito por si mesmo para perceber que ele poderia(e deveria) se tornar um homem melhor, achará que a linha de aperfeiçoamento de simesmo se estende até o infinito. Em que momento ele deve parar? Pois, no final, pormais que ele refine e aperfeiçoe o ego, deve entregar-se ao Eu Superior.Desista das ilusões externas e obtenha a realidade interior. Desista de considerar ocorpo como o eu e ganhe a consciência do Eu Superior.Uma vez que o trabalho de purificação avançou suficientemente longe, o trabalho dese despojar de seu egoísmo deve começar. Ele deve ser realizado tanto pela reflexãocomo pela ação, pela meditação como através da vigilância.Qualquer coisa e tudo pode ser feito para servir ao ego e ajudá-lo a engordar. Noentanto, eles também, considerados de dentro do caminho certo, podem ajudá-lo aemagrecer. É o apropriado negócio da verdade-aplicada, para mostrar dessa maneira.Toda vez que se resiste ao impulso de uma ação irritada, ou ao desejo de repreensãoamarga, ele resiste ao ego. O resultado cumulativo de muitas dessas disciplinas édiluir o ego e se aproximar da hora da sua destruição final.Nesse momento em que submetemos nossas tendências egoístas à disciplina doIdeal, diluímos o ego e abrimos o ser interior à luz da Verdade.Não digo que ele se dedique a uma tentativa vã de extirpar o ego, mas sim de suatirania.
89Ele precisará de força para se afastar da multidão, mais força para resistir às lisonjasdo mundo e rejeitar seus luxos, porém a mais poderosa de todas as forças, é negarseu ego e dele se libertar.Este preceito de Jesus significava que ele deveria abandonar o velho eu paraencontrar o novo, deixar-se como um animal pensante para se encontrar como umser iluminado intuitivo.Considere a relação que nosso corpo tem com seus pais. Durante sua infância foialimentado, vestido, abrigado e protegido por esses pais, desde que permaneceucom eles e olhou para eles para obter esses benefícios. Se fugisse e desertasse,provavelmente perderia alguns ou todos eles; acima de tudo, perderia os símbolosvisíveis do amor que os acompanhavam. A mente finita, sendo aquilo que habitadentro do corpo, tem a mesma relação com sua própria fonte-mãe, a Mente Infinitade Deus. Se ele se afasta do coração e de sua fonte, ele se encontra dependente deseus próprios e pequenos recursos limitados e sem ajuda. Sua vida é, então,assediada por perigos, pontuada de problemas e nublada por erros. Mas se desperta,arrepende-se e retorna; se começa pela fé, a oração, a ação e a meditação paraentregar sua vontade pessoal à vontade superior; se diariamente procura orientaçãoe força da Alma, a ajuda começa a entrar em sua vida.Qual é o significado da parábola do filho pródigo, exceto que ele é o homem que seafastou de si mesmo e que se alimenta das cascas da vida terrena, quando o pão doEu Superior lhe está sendo oferecido?Quanto mais ele não está disposto a desistir do julgamento e desejos do ego, maisprolongados serão seus sofrimentos.Aprende a pisotear o ego, a colocar seu orgulho de lado e resistir às suas paixões.Você será salvo, não pelo sofrimento de um homem numa cruz de madeira, há doismil anos, mas por seu próprio sofrimento, enquanto seu ego se crucificavoluntariamente hoje.A ambiciosa vontade agressiva do ego pessoal é substituída pela vontade passiva doego anulado.Quanto mais profundo ele se retira em seu ser mais íntimo, mais longe ele se retirada personalidade pessoal.
90Discipline o ego, seja duro com ele, pressione-o até o ponto de esmagá-lo. Há lucroem tal atividade.Ele deve criar coragem e realismo para ver os fatos verdadeiros sobre si mesmo nacara, e de uma vez rejeitar as vaidosas pretensões de seu ego.Temos que passar pela vida do ego, mas não precisamos ser escravizados eencadeados a ela.Todos buscamos nos satisfazer, cada um ao seu próprio modo. Não procuremoscegamente, mas numa consciência tão completa quanto possível, nos esforcemospara ver o que fazemos de um ponto de vista mais do que pessoal.O místico Sufi Akhlar-I-Jalali disse: \"Um pequeno passo além de mim era tudo\", eleconsiderava necessário para o alcance da iluminação.O ego deve cessar sua arrogância e abandonar sua independência. Deve deixar-seconduzir.Os sintomas de uma doença podem ser aliviados, ou mesmo perdidos, sem que adoença seja removida. O mesmo ocorre com o ego. Enquanto dominar a consciência,por tanto tempo, qualquer mudança física, emocional ou intelectual não serásuficientemente profunda. É necessária uma transformação radical: o domínio do egodeve se ir.Esvaziar a mente de todos os seus conteúdos é, por si só, uma operação admirável evale a pena tentar pelo bem dos benefícios. Mas não é, do ponto de vista filosófico,uma operação suficiente. Esquece o executante da operação - o ego. Ele tambémdeve ser esvaziado junto com seus próprios pensamentos.Deve chegar um momento, seja neste nascimento ou no posterior, quando o egodeve abandonar a luta, tanto com ele mesmo como com o Poder Superior.Cada experiência neste mundo tumultuado é uma chance de nos afastarmos donosso egoísmo habitual.
91Sua dificuldadePara tudo o que é falado e escrito a respeito, muito poucos conseguiram alcançar aplena rendição mística de seu ego.Essa noção do ego, adquirida pela ignorância e mantida pelo hábito, persiste deforma tão constante ao longo da vida, que normalmente as pessoas são incapazes demudá-la, apesar do sofrimento que ela constantemente lhes traz.Somente o tipo de reflexão mais profunda, ou a mais emocionante experiênciamística ou a força convincente da revelação de um profeta podem trazer um homempara a grande descoberta de que seu ego pessoal não é o verdadeiro centro de seuser.Alcançar o alívio do ego é possível para todos os aspirantes às vezes e por temposlimitados, mas, ao mesmo tempo, é suficiente somente para os raros que estão àbeira da sagacidade.A retirada dos sentidos é difícil, a retirada dos pensamentos é ainda mais difícil, masa retirada do ego é a mais difícil de todas as tarefas da ioga.Poucos homens estão cientes de seu próprio egoísmo, menos ainda o entendem, epouquíssimos são aqueles que se comprometem a superá-lo.Há tanta diferença entre a santidade dominical de um homem normalmente religiosoe a batalha abnegada de um aspirante a filósofo, como entre um cenário de palco eum real.Isso exige uma força sobre-humana para praticar a disciplina auto-imposta de viver,além dos desejos do ego.Se ele tentar repudiar o que é a parte mais forte de si mesmo - o ego - é provável quedescubra com que força estão vinculados seus desejos. Ele transferiu o objeto desuas atenções da esfera mundana para a esfera espiritual, mas o ego ainda estáativo. Quando sua meditação chega ao limiar da Verdade, ele se detém, aterrorizadocom o sentimento de que está se perdendo. Seu pequeno mundo pessoal é o assuntoque realmente lhe interessa.Aconselhar um homem sempre a remover o ego quando se considera uma situaçãoem que um julgamento moral é necessário é fatídico e inútil. É como dizer a umhomem que se levante por suas próprias calças.
92Alguns buscam o desapego de uma coisa, outros de outra coisa, mas aquele quebusca o desapego de seu ego tem o maior objetivo - e o mais difícil.Não é fácil para o homem inexperiente distinguir, entre os vários conteúdos de suaconsciência, quais são originários do Eu Superior e quais do ego.Ele acredita que está se rendendo ao seu eu superior, quando a todo o momentoestá apenas rindo-se de seu próprio ego.Minha caneta está paralisada em inatividade sempre que me lembro do quão difícil ésuperar o ego, quão inútil é pedir aos homens que se envolvam em uma empresa tãoaparentemente sem esperança.Somente aquele que busca constantemente apagar seu ego pessoal, pode saber oquanto é difícil, quão longo necessariamente é o trabalho. Porque isso exige nãoapenas uma absoluta honestidade de auto-exame, mas também uma completamodéstia de atitude.Quando o ego de um homem está inflamado de vaidade, nada pode ser feito porele. Ele deve então obter a orientação dos resultados de sua vaidade - o que nãopode, no final, mais que doloroso.Considere que todas as atividades do dia atendam para os cuidados ou interesses doego e emanam dele! Então perceba o quão difícil será para garantir o desapego dele.O erro reside em acreditar que a experiência o libertará de uma vez por todas da suanatureza inferior ou o implantará permanentemente em sua natureza superior.Se a mente inquieta do homem é difícil de conter, seu ego é ainda mais difícil deencadear.Com que frequência o aspirante despreza seu ego, e sem dúvida, quão raramente eleé capaz de abandoná-lo!O ego está tão cheio de subterfúgios e artimanhas, tão rápido para defender seuserros e pecados, que a luta contra ele não pode deixar de ser longa, prolongada eextrema.O ego oferece uma resistência amarga ao longo do caminho, disputa cada jarda deseu avanço, e não é superado sem uma luta incessante contra suas traições eenganos.
93A mistura de pensamentos e sentimentos, junto com o corpo que um homemconsidera como ele mesmo, que é a identidade que ele aceita, é difícil de banirvoluntariamente \"e imaginativamente\" numa condição de esquecimento einconsciência. Seria ainda mais difícil tirar da imagem todo o apego a sua própriapessoa e colocar nela os atributos da consciência.Os homens, durante a guerra, foram conhecidos por demonstrar grande coragem aoatacar outros homens, mas mostram extrema reticência a atacar um tipo diferentede inimigo - eles mesmos, ou melhor, a parte que é mais baixa e vergonhosa.O ego deve ser muitas vezes golpeado pela vida antes que sua autoconfiança possaser destruída.O ego corrompe a aspiração espiritualO ego é esperto, sutil e insidioso. Mesmo quando o aspirante há muito tenha deixadopara trás um tipo mais grosseiro de vida, ele se insere em suas orações e meditações,e entra na maior parte de seu trabalho interior.O ego facilmente se mascara como um sério buscador espiritual.Enquanto o ego ainda dominar, ou se esconder por trás de suas atividadesespirituais, ela serão feitas em vão, do ponto de vista de obter um vislumbre bemsucedido. Claro que, a partir de outros pontos de vista especiais, como melhorar ocaráter moral ou adquirir informações intelectuais, elas não são inúteis e têm umavaliosa importância.Por mais cuidadoso que possa tentar ser, evitar o preconceito pessoal em favor doego só pode ter sucesso em transferi-lo do plano bruto para um sutil. E quanto mais amente possui capacidade crítica em relação a preocupação dos outros, mais é cegapara seu próprio egoísmo.Para manter-se ligado a si mesmo, embora de forma mais sutil, o ego usará essaspráticas espirituais pelas quais você esperava dele escapar.Se o ego não puder mantê-lo por mais tempo por meio de seus instintos animais, elese disfarçará como seu Eu Superior, o adulará pelas suas elevadas aspirações, se
94inserirá em suas intuições e procurará enganá-lo enquanto se curva em oração ou sesenta em meditação.Hoje em dia há pouquíssimos que transcenderam o \"eu\", e alcançaram AQUILO queestá por trás dele. Quase todas as conversas contemporâneas sobre coisas espirituaisou os modernos mestres e profetas anunciados da experiência espiritual, apresentamevidências internas da presença oculta do ego, sejam quais forem os sinais externos.Infinita é a procissão de ilusões pela qual o homem mantém vivo seu ego. Elas setornam mais sutis na natureza e mais finas em qualidade, inclusive quando se elevamdo plano materialista para o espiritual, mas permanece a sua ilusão essencial.O ego pode se refugiar sob muitas mentiras, ilusões ou pretextos, e isso desde umtipo espiritual assim como um tipo mundano.A estrutura dos interesses, dos apegos, das tendências e das emoções egocêntricaspreenche a consciência do homem não iluminado e do homem aspiranteespiritual. No segundo caso, simplesmente ampliou-se para incluir crenças e dogmasreligiosos, experiências e sentimentos religioso-místicos, ou diminuiu-se para servir aconquistas ascéticas e fanáticas noções.As mensagens de seu Eu Superior, as mensagens de orientação e de advertência, deinstrução e de inspiração, podem vir frequentemente ao buscador; e ainda assim elenão pode recebê-las corretamente. Se suas emoções não interferem com elas, seuintelecto pode fazê-lo; se seus desejos não interferem, seu raciocínio pode fazê-lo. Mas, por trás de todas essas interferências, o ego, às vezes aberto e óbvio, éoculto, secreto e difícil de detectar. Está à espera de todas as mensagens intuitivas edeliberadamente se apodera durante o próprio momento da manifestação,esforçando-se para falsificar e enganar o buscador.No próprio ato de louvar a Deus ou de louvar o Espírito, o ego se gaba ou elogia a simesmo - tal é a astuta duplicidade com a qual leva um homem a pensar que estásendo muito espiritual ou se tornando muito piedoso.O ego ajusta-se habilmente a cada estágio de seu crescimento interior e, portanto,permanece em todas as suas relações e atividades.Eles buscam diferentes caminhos de fuga e imaginam que o novo caminho será oúltimo. Mas isso é um inútil engano enquanto o ego depende de sua própriaatividade para eliminar seu próprio domínio.
95Através da operação de eventos inesperados ou experiências indesejadas, estamosparcialmente expostos a nós mesmos pelo que sempre temos sido, mas nem sempreo sabemos. Mas tal é o poder e a astúcia do ego que nunca expõe a si mesmo - overdadeiro malfeitor - e nos mantém na ignorância da verdadeira raiz de nossosproblemas. Isso nos manterá preocupados com pensamentos de um tipo altamenteespiritual, nos permitirá sentir com presunção que estamos fazendo progressos, masnão nos permitirá ver e matar o verdadeiro inimigo – a si mesmo!Assim como as situações malignas na vida são feitas para produzir algum bem nofinal e favorecer o processo evolutivo, as que são benignas são feitas para produzirresultados ruins pela ascensão e astúcia do ego. Isso transformará suas muitasaspirações espirituais contra ele e as perverterá. Se ganha uma pequena paz interior,por exemplo, uma grande quantidade de presunção, orgulho ou mesmo arrogânciapodem ser misturados com ela.Quão facilmente o ego pode vestir-se de falso altruísmo ou se esconder atrás de umdiscurso de grande reverberação! Quão rápido pode explorar outros para seu própriobenefício! Quão facilmente pode levar uma genuína aspiração a um caminho lateralou, pior ainda, a uma armadilha!O amor próprio se esconde por trás da maior parte do que ele faz, e o persegue até ochamado reino espiritual, onde assume disfarces mais impenetráveis.Quando é forçado a defender-se e a justificar seus caminhos, o ego irá racionalizá-lose falar de sua \"necessidade evolutiva\" ou da \"missão superior e tarefa histórica\" doaspirante. Toda essa conversa é uma enganosa construção mental, não uma genuínaorientação intuitiva. O aspirante que é vítima de suas próprias desculpas,especulações, imaginações ou álibis mentalmente inventados é vítima dasmaquinações do ego. Assim, ao invés de acusá-lo como a verdadeira fonte de seuproblema, ele o apoia tontamente e, em vão, tenta encobrir seus erros.O ego está sentado ao seu lado esperando para enganá-lo sutilmente em tomardecisões erradas e interpretações falsas, se impedirem seu crescimento na verdade eassim preservar sua própria vida.Ele seria mais prudente suspeitar da presença do ego mesmo em suas aspirações,reflexões e experiências mais espirituais.
96É de se esperar que o ego se proteja, mesmo que isso tenha de ir tão longe quanto oengajamento numa missão que aparentemente termine em seu própriorebaixamento absoluto.Quão brilhantemente o ego pessoal se apodera de ideias e práticas para odesenvolvimento da impessoalidade!Ele não escapará facilmente do ego. Se ele transfere seus interesses para o planoespiritual, sua imaginação se transferirá para ali também e o lisonjeará comexperiências psíquicas ou visões.O ego está aqui, sempre no trabalho e presente, mesmo quando se supõem queesteja ausente.O ego recorrerá a qualquer estratagema para manter a vida. Ele consentirá até emqualquer disciplina ou curso espiritual, por mais elevado que seja, exceto o único queo afetará como um golpe mortal.Quando o ego não consegue detê-lo em fraquezas formais, ele se disfarçará de novoe direcionará sua força para canais sutis e inclusive espirituais. Se ele não podesegurá-lo por suas fraquezas mais óbvias, fará isso por seus mais sutis; se não atravésde seus defeitos, então, através de suas supostas virtudes. Não encontra muitadificuldade com toda a sua sagacidade e astúcia para perverter sua mais fervorosaaspiração espiritual em disfarçada auto-idolatria e suas experiências espirituais emvaidade não disfarçada. Ou usará seu sentimento de remorso, vergonha e atéhumildade para apontar a futilidade de suas tentativas de reforma moral e aimpossibilidade de suas aspirações espirituais. Se ele cede à duplicidade eperversidade de tais estados de ânimo, ele pode abandonar a busca na prática edeixá-la no ar como uma questão de teoria. Mas a verdade é que isto é realmenteuma falsa vergonha e uma falsa humildade.O ego se arrastará até mesmo em seu trabalho espiritual ou aspiração, de modo queele tirará do ensino, apenas o que se adequa aos seus próprios fins pessoais e ignoreo resto, ou apenas o que se adequa ao seu próprio conforto pessoal e seja contrárioao resto.Embora o ego afirme estar comprometido numa guerra contra si mesmo, podemoster certeza de que não tem intenção de permitir uma vitória real, mas apenas umapseudo-vitória. A mente consciente simples não é rival para tal astúcia. Esta é umadas razões pelas quais, de tantos buscadores espirituais, tão poucos realmente
97alcançam a união com o Eu Superior, porque os auto-enganados mestres logobuscam seguidores, enquanto que os verdadeiros são deixados em paz, semproblemas por tal ânsia.O ego constantemente inventa formas e meios para derrotar o objetivo da busca. Efaz isso de forma mais infatigável e mais astutamente do que nunca, quandopretende cooperar com a busca e compartilhar suas experiências.Para evitar a verdade, eles aceitam suas imitações.Essa velha raposa astuta, o ego, é bastante capaz de envolver-se em práticasespirituais de todo tipo e de mostrar aspirações espirituais de todo grau de calor.Em vez de reduzir o ego, ele meramente trocou suas áreas de interesse,permanecendo tão forte como antes. O não mundano foi levado a sua jurisdição emfavor do seu próprio crescimento e poder.O ego, não só lhe proporciona um caminho espiritual para mantê-lo ocupado porvários anos e, portanto, o impede de segui-lo até seu covil; ele ainda proporcionauma iluminação espiritual para autenticar esse caminho. É necessário dizer que essafalsa iluminação é outra forma de engrandecimento do próprio do ego?O ego-sombra produz sua parte da experiência interna ou da intuitiva enunciaçãoardilosa e misturada discretamente com a parte mais real.Se o ego pode despistar suas aspirações, levando-o a falsos mestres ou enganando-ocom verbosos sofismas ou levando-o em emoções extravagantes, ele utilizarácircunstâncias ou interpretará situações para que possa fazê-lo.Está em consonância com o limitado grau de desenvolvimento humano em massaque as religiões populares, tanto orientais como ocidentais, atendem ao ego. Isso évisível em vários pontos, tais como os ensinamentos sobre a oração e o estado pós-morte. Essas religiões tiveram que se adaptar aos não comprometidos. E,consequentemente, em seus objetivos morais, elas procuraram diluir o ego dohomem, já que ele não estava disposto para renunciar tentando perpetuá-lo.O ego orgulha-se do seu próprio esforço e ilude o homem a pensar que, portanto, écapaz de levá-lo ao objetivo desejado. Em tal visão, seu poder é tudo, o poder dagraça não é nada.
98O aluno é advertido para estar em guarda contra seu próprio ego, o qual podealimentar sua vaidade e presunção com a falsa ideia de que está muito maisavançado do que ele realmente é.Quando os homens confundem seus próprios desejos ou suas próprias suposiçõescom a vontade de Deus, o ego simplesmente transferiu a esfera de sua atividade doanimal para o pseudo-espiritual.Por mais finas que sejam as virtudes que cultiva, elas ainda são escolhidas pelo ego ecultivadas pelo ego, ainda egocêntricas - o que pode ajudar a interpretar opronunciamento de Jesus, sobre toda nossa justiça, sendo como imundos trapos paraDeus.Mesmo quando o aspirante ganhou sua vitória sobre a natureza animal dentro de simesmo, ele muitas vezes sofre uma derrota da natureza humana porque sua própriavitória pode preenchê-lo com presunção espiritual.Os homens se ajustam a seus próprios interesses. Eles podem abranger isso com altasconversas ou simples hipocrisia. Eles podem tratar de enganar os outros, ou até elesmesmos, com um espetáculo exterior de idealismo.Ele fez bem, mas não bem o suficiente. Porque, se essa parte de si mesmo se esforçapara promover sua busca, há outra parte - sua vaidade - a obstrui.Uma boa técnica espiritual pode tornar-se viciada, convertendo-a em outra maneirade se apegar ao ego, uma maneira subtil e disfarçada que engana a menteconsciente.A imagem que a pessoa comum costuma modelar para si mesma, de umaespiritualidade bem desenvolvida, geralmente é superior à realidade.Apesar do zelo de espiritualizar seus caminhos, enobrece suas ações e aumentar onível de suas aspirações, o ego nunca se esquece de si mesmo.O ego se senta na sela o tempo todo em que está viajando pelo Caminho Longo.Ele é mais frequente e mais facilmente consciente dos traços abertamentedestrutivos de seu caráter, do que dos sutilmente egoístas.Um homem pode transportar seu egoísmo em suas regras de autodisciplina, suaambição em suas aspirações e sua vaidade em suas meditações. Os resultadosapenas estimularão seu ego e não o minimizarão.
99O ego se infiltra na espiritualidade e a torna egoísta em seus contatos com os outrosou a estreita em sua compreensão dos demais.O \"eu\" se protege de todas as ameaças para completar a crença em sua própriarealidade, permanência e separação. Consequentemente, vê o trabalho metafísico-iógico como um perigo a ser removido por apropriação e absorção. Esse trabalho éentão mal utilizado para servir e fortalecer o ego enquanto parece desmascará-lo.É inevitável que o ego trate de libertar-se das restrições colocadas sobre ele, e assimprovocar uma recaída. Sua ganância natural pela autocomplacência, entra emconflito com essas restrições. Portanto, o novato que sente que fez um grandeavanço, não deve exultar também prematuramente, ou pode achar que seu avanço émenos estável do que parece.Quem quiser que busque a sua própria glória nessas práticas pode encontrá-la, masele manterá de fora, a graça.O que ele fez foi transferir o ego, com toda a sua ganância egoísta, sua arrogantecomplacência, sua colossal ignorância de sua própria fonte, das suas atividadesmundanas até as suas atividades espirituais. O ego fará todo o possível parapreservar sua existência e desenvolver todos os meios possíveis para garantir seufuturo. É por isso que o próprio homem raramente se desperta para o que estáacontecendo, e por que o destino pode esmagá-lo ao chão para destruir seusonho. Se esse evento ocorrer enquanto ainda é comparativamente jovem, quandoseus poderes são fortes e não no final da vida, quando eles são mais fracos e menosefetivos, ele é de fato afortunado, embora certamente, na época não pensará assim.\"Essa divina ilusão minha é difícil de perfurar\", diz o Bhagavad Gita . Aqueles queimaginam que isso é fácil e rapidamente feito, simplesmente se deslocam de umponto a outro dentro de seu próprio pequeno ego. Eles confundem o falso com overdadeiro, a ilusão de luz para a própria Luz.Enquanto as defesas do ego permanecerem intactas, o homem viverá dentro da suailusão, assim como todas as suas experiências espirituais. Elas podem serimpressionantes, dramáticas, emocionantes, arrebatadoras e extraordinárias, masainda serão baseadas na identificação com sua pequena consciência pessoal.É o pecado do orgulho espiritual, de orgulho no fato de que ele é um buscador. Masele não vê que quase sempre está no centro desta busca: é a sua relação com Deus oque importa. Sempre agarrando-se ao ego!
100É necessário humildadeIsso exige um estado de verdadeira humildade para que um homem reconheça queestá equivocado. Esse estado de ânimo o beneficiará de duas maneiras. Isso corrigiráum curso errôneo e diluirá um ego inchado.Chegará um momento em que ele terá que se afastar de si mesmo. Ele aprenderá aindignar seu próprio orgulho, a engolir sua própria vaidade.Ele sabe que é seu dever olhar além de seu pequeno ego, idealizar retiros e entrarem retiros da imersão contínua em sua própria personalidade. Se, em períodos tãocurtos, ele pode conseguir a impessoalidade e alcançar o anonimato, o resultado serábenéfico em proporção ao tempo dado. E mesmo que isso o torne mais humilde nasociedade, o levará a um lugar mais alto no céu.Quando um homem pode perdoar a Deus toda a angústia de suas calamidadespassadas e, quando ele pode perdoar outros homens e mulheres pelos erros que lhetenham feito, ele chegará à paz interior. Porque isto é o que seu ego não pode fazer.O ego exige, feroz e arrogantemente ou suave e astutamente, sua própria expressãosem obstáculos. Mas o ideal formado pela intuição a partir de dentro e por sugestãode fora, aconselha a moderação do ego.Lao Tzu elogiou a discrição no comportamento social e o mínimo discurso entreoutros. Ambas as sugestões foram destinadas a ajudar a colocar o ego em seu lugar ea humilhá-lo.Ansiando pela liberdade do egoO anseio que possui o buscador está aí por causa do que é o Eu Superior e o que oego não é. Existem contraditórias reações entre eles. O ego é atraído por umacompulsão evolutiva fora de si mesmo e, no entanto, também é repelido através deseu próprio instinto de auto-preservação. Portanto, o anseio não está sempre ali:uma e outra vez surge o conflito e a batalha deve ser revivida, a vitória recuperada.O cansaço da vida que se mostra no desejo de não nascer de novo em absoluto, noanseio da paz nirvânica, pode vir de haver suportado um sofrimento muitoprofundo. Mas também pode vir de ter se saturado com experiências de todos os
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