Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore RODRIGUES, Juniores - Datados

RODRIGUES, Juniores - Datados

Published by Sandro Brincher, 2022-05-17 22:43:45

Description: Poemas

Keywords: poemas,poesia,poetry

Search

Read the Text Version

KATARINA KARTONERA Datados [2014 / 2018] juniores FLORIANÓPOLIS 2022 1

Capa feita com papelão coletado na via pública de São Thomé das Letras-MG e pintada à mão, em maio de 2022, no atelier itinerante da KATARINA KARTONERA Datados [2014 / 2018] Editor responsável e projeto gráfico Evandro Rodrigues Conselho editorial Sérgio Medeiros e Dirce W. do Amarante SILVA, Arlindo Rodrigues da. Datados [2014 / 2018]. Florianópolis — SC. Katarina Kartonera, 2022. Agradecemos ao autor pela cooperação, autorizando a publicação deste livro. www.katarinakartonera.wikidot.com Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição poderá ser reproduzida sem autorização desta editora. 2

SUMÁRIO Faz algum tempo (...), p.5 Datados [2014 / 2018], p.9 Sobre o autor, p.80 Sobre a editora, p.81 3

4

Faz algum tempo que surgiu, na Argentina, Buenos Aires, 2003, o fenômeno editorial “cartonero”. A palavra tem origem em “cartón”, papelão em espanhol. Os catadores de papelão são chamados de “cartoneros”. Foi aí que Washington Cucurto, escritor, e Javier Barilaro, artista plástico, criaram pela primeira vez o objeto livro feito a partir de capa de papelão, “cartón”, com uma cooperativa de publicação de livros, aliados aos trabalhadores “cartoneros”. Deram o nome de Eloisa Cartonera: “Mucho más que libros”. Transformaram o lixo em luxo. Publicaram escritores consagrados ou não, entre outros, Cesar Aira e Douglas Diegues. Vendem as pequenas obras no atelier, instalado na região onde está o famoso estádio do Boca Juniors. Também comercializam os produtos pelas ruas, praças, bares, etc. A iniciativa chamou atenção de leitores e da imprensa internacional. Foram convidados a participar de inúmeros eventos, inspirando outros agentes culturais, escritores, leitores, artistas e pesquisadores sem fronteiras. Estiveram em 2007 na 27ª Bienal de São Paulo, em contato com Lúcia Rosa, incentivaram na criação do coletivo Dulcinéia Catadora, que destaca seus títulos mais relevantes Homens de Papel, de Plínio Marcos (teatro), O Monstro e o Minotauro, de Laerte e Paulo Scott (cartoon e poesia) e Auto-retrato aos 90 anos, de Manoel de Barros (poesia). Aos poucos, “brotam como flor na bosta da vaca”, diz Diegues, se expandem pelos países da Sudaka Ameríndia até América do Norte, Europa e África. Essas editoras perfazem em centenas, mais que centenas de títulos publicados, com milhares de exemplares comercializados. A arte contemporânea pede outras vias de passagem. Segundo o francês Nicolas Bourriard, curador e crítico de arte, anuncia então projetos por espaços públicos e privados, buscando sobreviver nas relações de contato e convivência: 5

A questão não é mais ampliar os limites da arte, e sim testar sua capacidade de resistência dentro do campo social global. Assim, a partir de um mesmo conjunto de práticas, vemos surgir duas problemáticas totalmente diversas: ontem, a insistência sobre as relações internas do mundo artístico, numa cultura modernista que privilegiava o ‘novo’ e convidava à subversão pela linguagem; hoje, a ênfase sobre as relações externas numa cultura eclética, na qual a obra de arte resiste ao rolo compressor da ‘sociedade do espetáculo’. As utopias sociais e a esperança revolucionária deram lugar a microutopias cotidianas e a estratégias miméticas: qualquer posição crítica ‘direta’ contra a sociedade é inútil, se baseada na ilusão de uma marginalidade hoje impossível, até mesmo reacionária. Há quase trinta anos, Félix Guattari já saudava essas estratégias de proximidade que fundam as práticas artísticas atuais (BOURRIAUD, 2009, p.43). Esse livro fetiche, em formato cartonero, que chamou minha atenção, em 2008, para uma pesquisa de bacharelado, letras, na Universidade Federal de Santa Catarina, fez nascer, no mesmo ano, a Katarina Kartonera. Katarina se refere ao estado de Santa Catarina (BR); Kartonera é uma referência ao modelo de produção dos livros. Publicamos poucas dezenas de títulos, mas de alto nível, sejam escritores experientes ou aqueles que buscam oportunidade para demonstrar seu trabalho ao público. O conselho editorial, nossa referência, trata-se de Dirce Waltrick do Amarante e Sérgio Medeiros. São reconhecidamente professores titulares UFSC, escritores, tradutores e ensaístas. Este espaço é para a poesia, como a poesia é para todos, “desde que se sustente”. Apresentamos agora juniores, ex-colega de graduação, “irmão”, pesquisador, que há muito tempo desenvolve suas habilidades tanto na escrita quanto pela música, cantor e letrista. Amadureceu e inaugura aqui, para nosso prazer, Datados [2014/2018]. Poesia. Seja bem-vindo! Do editor 6

“Todo me lo has dado, Señor. Me diste a mi padre y la muerte de mi padre, a mi madre y su muerte, a mi hermano Juan y a su destino, a Jorge, el verdadero y el fantasma, a mi mujer, Chepita, y a mis hijos, a mi cama me diste y a mis huesos que reclaman más tiempo. Me diste todo, sí, y me he entregado a vivir y a morir con calendario. Sólo te pido que me dejes solo a punto de las ocho porque es hora de dormir.” (Jaime Sabines, 1991: 489) 7

8

[26/09/14] Eu preparo um prato novidade eu encarno a pedra presente é passado as preocupações voam com as gotas de sabão pano de prato na panela lavada lava lava lava de pronto o pranto de cebola que passado é presente [26/09/14] O prato vazio antes da refeição de não vem o prato no armário quando vai sair dar-se ao mundo o prato de esmalte carcomido lembra da comida de dias e de noite cala nos sonhos ecoa o arranhar dos garfos aposentados que, do fundo da gaveta, roncam sem nenhuma culpa 9

[06/02/15] Jó o que me resta ri dessa miséria que me testa 10

[12/03/15] Paira o ponto no ar no fim de tarde eu acordo pro mundo mudo de roupa e de cabelo de olhar pesado pesadesço as escadas e imagino o que seria uma alameda os pontos pairando nem alados nem flutuados no fim de tarde guardando esse mistério de não ter mistério algum [12/03/15] JAZZ sinto essa confusão fudida 11

[12/03/15] Vou sair só a porta impede mas com jeitinho eu peço ela cede e se torna cúmplice desse tolo escapismo [12/03/15] Todo o resto - este caroço esta casca esta gota no piso este fiapo no sorriso - me pertence [12/03/15] “Furniture” - junto com “queue” - é minha palavra preferida em inglês há muitos anos vi um gringo num palco maravilhado com a palavra “guardanapo” 12

[24/03/15] Toda pedra perda toda perca peco todo preço peço todo prego pego noite e martelo 13

[02/09/15] Não vou me adaptar creio que não porque crer é adaptar se somente se a folha cai isso deveria bastar gostaria muito de não crer em folhas que flutuam [02/09/15] O caminho corre uma corrida injusta cada passo passa mas o caminho fica (pegada indecifrável que a chuva enlameia) 14

[09/09/15] A poesia é uma dor de barriga você não pensa sobre até ela acontecer [09/09/15] As asas recolhidas não escondem você ser um Anjo seja bem-vindo Estrela da manhã [09/09/15] para Gabriel Veppo O turista - sem acidente - assemelha-se à paisagem O turista - incidentalmente - assemelha-se à paisagem 15

[09/09/15] Quando eu quis silêncio saí por aí pra ver que o conjunto do mundo é grande e pequeno é azul e plano e pulsa: impossível música [09/09/15] A criança imóvel o mundo sem margens lágrimas plácidas [09/09/15] A educação pela pedra pela perda perdão 16

[24/09/15] Os gatos me seguem pela casa pelos muros espreitam atravessam a rua quando é de noite sabem meus destinos gastam suas sete ou nove vidas aparecendo e deslizando sobre minha sombra os gatos sabem que quando sorrio algo falta mas fingem que tudo está muito bem eles piscam olham à sua volta e voltam pros becos eu sigo - seguido - e alcanço a servidão Saudade 17

[24/09/5] Caminheiro noturno vai que a rua é sua é caminho de estrelas é chão madrugada oirado e perfumado por essas mulheres - flores trans - tramas da noite tecidos solares sodomas e salmouras sexo e tédio - na mesma moeda? 18

[27/09/15] Quando eu era pequeno eu podia ir ao altar pedir licença a Cosme e Damião e pegar balas pra chupar essa deve ter sido provavelmente minha maior conexão com o sagrado 19

Seguir junto [29/09/15] nessa estrada que se chama [29/09/15] solidão [29/9/15] rumo a todos os corações de partidas e chegadas Mala é um saco nela cabe o apenas Vou soltar sua mão vou voltar a fita rever a trilha brilhar de tarde pra ninguém perceber que pelas ruas transita um fantasma que me segue e aparece em todas as vitrines 20

[10/03/16] Me movo com atenção removo a carne desse prato de fome Paris nunca me foi juiz de mim nunca me fui fui apenas o que não fui um Sertanejo [forte] o sol [forte] o Cangaço como instituição o rio seco que corre em veias secas e seu curso me diz de uma pele seca e árida de um zanzar desalojar de represas e presas fáceis um curso que não para para conversa fiada 21

[03/05/16] Universo me vem à mente um inverso simples datado ditado de estrelas - extraterrestres ets etc. [03/05/16] Doce de tudo visível imediato como pode tanto saber nessa tarde de passeio não adianta inventar não adianta a via vai pra lá pra passar na faixa tem que dar o passo assim 22

[03/05/16] Incrível que no tempo que no tampo que no trampo rompe a gota e escorre e corre e cor rompe a gota e o sol invoca um tempo em que o mar era a casa 23

[06/05/16] Uma imagem sempre a margem sempre à margem do não visto imprevisto ruído branco surdo o ponto cego não importa se trezentos e sessenta 24

[06/05/16] Sobre o Sol paira um infinito se ofusca a busca o bosque o toque a língua da linguagem afora além aflora antes e depois nada é durante porque passou o sentido é e sentido o mundo é essa lacuna {espaçamento} movimento o ciclope se acalma ninguém passa mas o nunca {nunca} tem fim 25

documento [19/o5/16] doc [19/05/16] cu memento me em si mento : ductibilidade célula: cédula: onde circula verdadeiramente a vida 26

[19/05/16] Num canto a vida de gaiola violada voou voou voou vou ou 27

[25/05/16] Acontece: a qualquer momento mono de um lado tudo igual sereia do entulho me chamou e não ouvi prefiro Iara que fala na cara e encurrala solidão é sólida é trajeto rio cinza e duro nas margens, fuligem fogem os bichos com o som do canto com o tom do tanto o tato ausente : encanto 28

[12/07/16] Eu nunca fui ao espaço pra saber se o silêncio existe entre homens e mulheres e o farfalhar de olhares a inundação de gestos é possível não ouvir um sorriso? onde uma alma encontra esse refúgio? seria o silêncio um refugo dos deuses inalcançável ou o silêncio é tudo isso tudo menos o barulho tudo menos a voz o silêncio seria um nó? ou um traçado um salto sem pulo o estanque do sentido o sentido do nulo 29

[18/09/16] Enquanto espero perco o foco esqueço as regras deixo o leite derramar… {a espera esperar não é algo que se aprende no máximo se entende…} as regras que esqueço as contas de um terço como a vida sementes dormentes sem água… esperança 30

[18/09/16] Nesses dias sombrios eu faço eco não serei um poeta num mundo caduco serei o poeta de um mundo nenhum não me interessam fronteiras só as línguas no entanto não me importa porque chamam Terra ao planeta nesses dias sombrios não cabem os nomes todos os bois se contam bit bytes bulls e numa praia num lugar-país do norte invertido acendo essa lâmpada e relembro o juramento de não ser nesse mundo nada que pareça soberba ou inessencial 31

[23/08/16] Eu vivo em pílulas com horário marcado alarme-relógio minha identidade secreta é secreta de mim de todos a euforia contida de um riso que eu não sei quem me emprestou eu conto as gotas do relógio e quando o monstro acorda eu engulo a dose e durmo de cinco a seis horas-relógio e acordo pro pesadelo do ofício que não sei quem me deu quem me empurrou a dor de cabeça é só sintoma eu conto a conta-corrente me aprisiono sem vontade sem rancor 32

[25/09/16] É uma traição a/os poetas não darem títulos [25/09/16] Não posso mais celebrar nada não me permito fico apenas fictício como quem vê passar fantasmas de si mesmo carregando medalhas honrarias que ferem o peito o cansaço e a noite se misturam autobiografagia que as pílulas resolvem 33

[26/09/16] Eu não nasci pra demandas nasci pra ser esse torto roto e desviado desavisado eu não vim eu estou indo e onde estive é a medida do que deve ser medido o tempo é a minha métrica nem pra frente bem pra trás só o que me resta é isso esse pedaço de pão esse sudário encardido essa bula não lida essa melodia tão escassa esse pixel esse fracasso tão planejado esse plágio 34

[03/10/16] O que narrar em manhãs todas nubladas? o fio de sol conduz a algum fim? o que me contam casas acordando e corpos adormecidos em pleno ofício? 35

[03/10/16] Como ascender essa chama fazê-la ser vista revista ser como um sol verde plena de esperança os homens caminham as mulheres caminham o mundo é feito todo dia {narrativa} a quem cabe a divisão do que é fruto das sementes que eu semeei reguei colhi mas que não estão em minha mesa esse sol verde a quem anuncia suas raízes seus matizes que em plena cortina de fumaça faz continuar a espera esperando na espera se pairando 36

[30/10/16] Quanto vale a cabeça de José agora que ela está na bandeja temperada com ervas finas com uma leve camada de óleo é tentador falar dos seus olhos ocos José não existe é só sabor sem saber José que faltou sal no prato que se preparou [30/10/16] Jornada noite madrugada janela morta sem alma requadro triste no blackout resiste esse fio de luz artificial como o sono que às pílulas abre seu caminho 37

[04/11/16] Abro uma página qualquer e me salta um qualquer peixe não-ornamental salta-me o que é elemento afundo minha mão no papel e há um fundo viscoso quem mora ali uma mão que se levanta cumprimento-estrela sóis e sóis e “sois somente um” depois de passar a onda do tempo assevera a página que o seu verso é ensolarado e verborrágico mas pra chegar lá não existe caminho ou atalho só a mão - mãe - do mar 38

[28/11/16] Ideias amarelas aladas esse sol é só memórias cinzas cinzeladas esse Bolor que afeta o papel esse Bolor céu e mel Bolor Bolor Bolor não sol Bolor que embola minha língua um dia minha língua provou e se perdeu no labirinto do Bolor 39

[06/04/17] Como o rádio se parece com a morte alguém distante que acena antena atenta como o rádio se parece com a morte todas as vozes lounge todas, às vezes, longe como me distraio o rádio como a morte essa morte em ondas constantes me distraio de costa a costa o rádio me custa muito porque se parece não comigo como eu espero o rádio se parece com a morte e isso é algo de que não posso duvidar o rádio se parece com a morte 40

[17/10/17] Eu sou um alvo indescritível sempre sabem onde me acertar [17/10/10] Passa uma década como minutos as Horas cansadas praguejam demasiado esforço fazem as pessoas vão carne de asfalto fome de cão o pão da padaria avisa que é hora e é hora é hora de tudo menos de começar 41

[17/10/17] Sumiu uma alma do purgatório então o purgatório sumiu e começou na cabeça das mulheres e dos homens uma ideia de humanidade furada ninguém vai mais ao inferno já não se ia ao céu os mistérios permanecem pra quem quer quem quer que seja pode ser o milagre esse truque esvaziado que vaza balão de fim de festa metamorfose pra lavar com água e sabão neutro ou de coco 42

[17/10/17] Nas malhas da tensão a atenção se des 43

[09/11/17] Quero o sol e o que eu puder… não se eleva nada sem dor [10/11/17] Ó formas alvas brancas e musselinosas que me assombram na voz negra d’O assinalado 44

[13/11/17] Cada agulha é um palheiro cada poema é um ponteiro inerte sem de morte precisão previsão [13/11/17] Cabeças cabeças cabeças serão almas serão mortuários peças de um museum num futuro esquecido ? 45

[28/12/17] Sou um homem quase poeta quase fiz uma música quase chiclete e agora quando me pedem pra cantar quase engasgo rio amarelo e quase não sei o tom pra pedir desculpa [28/12/17] Não seria difícil cantar aquela canção mas canção é coisa de acadêmico ou de criança o que rola solta é a música e música tem estilo e não gênero 46

[28/12/17] Não é preciso apagar a luz nosso relógio não tem hora eu fecho os olhos e tudo está iluminado pelas velas das almas talvez pelo amanhecer sem aviso pelo rio de sol dos olhos da única testemunha um homem cego uma mulher mágica nesse mundo ninguém sente falta da fartura das trevas da sua textura esponjosa carne suculenta da sua sintaxe que só casa com a dos amantes há uma onomatopeia de puro brilho que morre e morre entranhada nas gargantas dos anjos faça-se o breu 47

[28/12/17] Um espectro - lá fora, as cores de uma bandeira com a qual brincam os velhos crianças mimados cá dentro, uma raiva sem alvo pois pra todos os lados voam os patos [28/12/17] As retas as arestas os cristais na mesa um sonho de ateliê morsas e madeira metal e parafusos ferramentas em punho e toda essa lembrança que não se tornou mobília 48

[28/12/17] Todas as pontes do mundo vão pro lado de lá não tem volta porque sempre é caminho a seguir ir reverso um nem foi seria melhor mas lá estão as pontes ou melhor cá estão as pontes ou ainda cá estamos nós balançando vindas e idas pro lado que é sempre um só 49

[28/12/17] Eu fujo do mundo e me escon do atrás desse muro de vidro sou todo ouvidos e frames des focados mas sou stéreo essas linhas minhas linhas não falam disso porque é banal o meu se ntir diante de quem finge que não sente remorso ontem eu sentei a semana inteira papel e caneta na mão essa tinta é na verdade verde e não fa z sentido a não ser que tudo renasça sem morrer 50


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook