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Jornal a Voz de Paço de Arcos - Nº7

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A Voz deJORNAL DEFENSOR DOS INTERESSES DA VILA DE PAÇO DE ARCOS E DAS LOCALIDADES CIRCUNDANTESFUNDADO EM 1979 POR ARMANDO GARCIA, JOAQUIM COUTINHO E VÍTOR FARIA Diretor: José Serrão de Faria | Bimestral | N.º 7, Outubro de 2016 DISTRIBUIÇÃO GRATUÍTA

ESTATUTO EDITORIAL FICHA TÉCNICA1 – A VPA é um jornal bimestral de PROPRIEDADE: Associação Culturalinformação geral na área da cultura e “A Voz de Paço de Arcos”da língua portuguesa, em particular na SEDE: Rua 1º de Maio, 6-A, 2.º Dto.defesa dos interesses dos habitantes da 2770-140 Paço de Arcosvila de Paço de Arcos e das localidades N.I.F.- 513600493 | E.R.C. nº 126726circundantes. DIRECTOR: José Serrão de Faria DIRECTOR-ADJUNTO: José Manuel2 – A VPA pretende valorizar todas Marreiroas formas de criação e os próprios SUBDIRECTOR: Maria Aguiarcriadores, divulgando as suas obras. EDITOR: José Lança-Coelho [email protected] – A VPA defende todas as liberdades, COLABORADORES: António M. San-em particular as de informação, tos; Carlos Beloto; Edgardo Xavier; Edu-expressão e criação. Ao mesmo tempo, ardo Faria; Fernando Marques; Graçaafirma-se independente de quaisquer Patrão; Helena Reis; J.C.; João Vasco;forças económicas e políticas, grupos, José Lança-Coelho; José Marreiro; Josélóbis, orientações, e pretende contribuir Serrão de Faria; Júlio Viegas; Luís Álva-para uma visão humanista do mundo, res; Luísa Manaças; Maria Aguiar; Ma-para a capacidade de diálogo e o espírito ria Clotilde Moreira; M.G.; Maria Joãocrítico dos seus leitores. Catalão; Mário Silva; Ondina Pires (Fo- tografia); Quilhosa Balsas; Rosangela e4 – A VPA recusa quaisquer formas Silvino Valentede elitismo e visa compatibilizar a Capa: Aguarela de Serrão de Fariaqualidade com a divulgação, para levar a Paginação: Andreia Pereirainformação e a cultura ao maior número Impressão: www.artipol.netpossível de pessoas. Tiragem: 2000 exemplares. Facebook: www.facebook.com/avozdepacodearcos Redacção e Administração: Sede Publicidade: [email protected] Tel.: 919 071 841 (José Marreiro) Depósito Legal: 61244/92 Retrato de Armando Caldas, Aguarela de Serrão de Faria2 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

EDITORIAL Este nosso núme- redentora, a constituir nova companhia ro de «A Voz de com o nome de «Intervalo», que actua no Paço de Arcos» é Teatro Lourdes Norberto, em Linda-a-Ve- dedicado a Armando lha, palco por onde têm passado peças dos Caldas, um grande ho- grandes nomes da dramaturgia nacional e mem de teatro, actor e internacional. São, também, de referir as encenador. interessantes «Semanas Culturais» que, Fundador do «1º Acto», leva a efeito, anualmente, na chamada em Algés, ainda antes «rentrée», onde homenageia vultos de to- da Revolução de 25 dos os campos da cultura e do espectáculo. de Abril de 1974, que Muito havia a dizer deste homem que res- restituiu a Liberdade pira teatro, mas como o espaço escasseia,e a Democracia ao país, tendo tido graves aqui ficam os nossos votos para que con-problemas com a famigerada PIDE de má tinue a sua meritória obra, por muitos ememória, que lhe vigiava os espectáculos, bons anos. Obrigado Armando!procurando obter informações acerca da A fechar, uma palavra de pesar pelo fale-identidade dos frequentadores do peque- cimento do Capitão Mário Wilson, capa eno teatro de bolso, e com a Censura dos assunto do nosso número 2, a cuja família,coronéis do lápis azul, que lhe cortava «A VPA» apresenta as suas condolências.partes significativas dos textos a represen- (ver texto de homenagem no interior datar; Armando Caldas, veio depois da noite revista). José Lança-Coelho(O) Teatro é (a) vida (Homenagem lírica a Armando Caldas)O lugar dos que vibram mordiamé no Palco na paz envelhecida que reinava- onde tudo acontece, - e que, bem sei, te perseguiu…de onde saem vozes, gestos, atitudes (A mim, o gozo que me dava!...que comandam a Vida P.Q.P….]e a injetamnessa imensa Plateia que é o Mundo. Quase sessenta anos de Teatro!!!... Caramba!Se assim não fosse Vividos com teimosia, com paixão,quem se importaria com a força dos que cedo escolhem oque a pena do dramaturgo, caminhoa leitura do encenador e, não sabendo outro modo de viver,ou o grito pujante do ator se obrigam a cumpri-lo!ecoassem no espírito do públicoe eventualmente gerassem neleousadas reflexões? (O Teatro é o sangue que te corre nas veias - e a melhor homenagem que se pode fazer-lhe é fazer como tu: senti-lo!)[Também eu, Armando, em muito jovem António Manuel dos Santospercorri palcos e foi ator em peças queJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 3

ARTIGO DE CAPAComo conheci Armando CaldasEstávamos no fim dos anos 60, fidelizar o públi- quando comecei a frequentar o co de Algés e não Primeiro Acto – Grupo de Teatro. só, com o êxitoFui pela mão duma amiga, moradora em que atingiamAlgés, que me entusiasmou, por saber a os espectáculosminha consciência política, herdada do apresentados.meu Pai, um republicano e antifascista Quer fossem co-que conhecia bem o sistema que opri- médias ou peçasmia a população deste país. Lá conheci mais formais, to-o jovem impulsionador e figuras como o das agradavamArquiteto Nuno Teotónio Pereira, o mú- aos expectadores... Quantas vezes lá fuisico Jorge Peixinho, o jornalista e poeta com a família !Fernando Assis Pacheco, o próprio Sa- Naquela tarde de 1994, quando o telefo-ramago , o homem de teatro Jorge Listo- ne tocou, estava longe de… Recebia eu,pad, o jornalista Correia da Fonseca, fe- um convite do Armando Caldas paralizmente ainda entre nós e tantos outros participar numa peça que estava a pre-anónimos, tal como eu,que ansiavam por aquele parar para a Companhia.convívio onde a palavra Comecei por dizer quemais ouvida e bastas vezes devia haver certamenterepetida era a Liberdade! alguma confusão, poisEstas gerações, não su- não tinha experiência,põem o que se experimen- nem idade para integrartava ali naquele espaço, o elenco.sempre apinhado! Era um Não poderei nunca es-misto de cumplicidade quecer o privilégio quee de medo, mas também ele me ofereceu, numade solidariedade! A tal das suas melhores pro-adrenalina, palavra que duções (sem manias),está agora tanto em voga que foi Lorca-Espanha–nos desportos radicais, Cumplicidades. O saberapossava-se de nós, mes- e o entusiasmo que põemo sabendo que os Pides em tudo o que faz a parpodiam entrar a qualquer momento e da paixão e a entrega, re-enfiarem-nos na “ramona” a caminho da cheadas de teimosia e por vezes obstina-António Maria Cardoso, mas… nós, não ção.desarmáva-mos, pois não Armando? É pela amizade que nos une, que estasMuitos anos mais tarde, (anos 90), já linhas, saíram directamente do coraçãocomo Diretor e Encenador do Intervalo para o papel. Um beijo agradecido pelosGrupo de Teatro e que entretanto assen- bons momentos que tenho vivido juntotara arraiais no Palácio Ribamar, conse- deste Amigo.guiu com a sua persistência conquistar e Maria Aguiar4 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

ARTIGO DE CAPAArmando Caldas e os diários foi concedido. Mil contos, melhor que nada. Crendo ser de boa diplomacia, oArmando Caldas iniciou-se no tea- Caldas lembrou-se de colocar uma cereja tro como actor, actividade que no bolo, isto é, pedir também ao Santana exerceu durante longos anos, paradepois se dedicar à encenação, sendo ele Lopes uma declaraçãoque coordena o grupo Intervalo, que já se para ser lida na home-chamou 1º Acto – Clube de Teatro, e que nagem, sem pensar queestá sediado no teatro Lurdes Norberto, o dito Lopes poderia,em Linda-a-Velha. por sua vez, lembrar-seConheci-o durante a «Primavera Marcelis- de lhe pedir a lista dasta» e, desde essa época, que, regularmen- pessoas que igualmentete, acompanho as peças que tem levado à tinham sido convidadascena. Tive também a honra de ser convida- a escrever. Vinte e quatrodo para participar com o meu testemunho horas depois de comuni-no livro, com que a Câmara Municipal de cados os nomes – MariaOeiras, homenageou este homem ligado à Velho da Costa, Antónioactividade dramática. Alçada Baptista, UrbanoPorém, o que me leva hoje Tavares Rodrigues e oa evocá-lo, prende-se com criado de Vocências – re-o facto, de ter voltado a ler cebia o desolado Caldasos Cadernos de Lazaro- a notícia de que o subsí-te de José Saramago. Na dio tinha sido cancelado.verdade, ao ler o primeiro Causa? Não foi dita. Parece que mais tar-destes Diários, vim en- de a Secretaria de Estado quis emendarcontrar no dia 4 de Junho a mão, prometendo 300 contos, mas aí ode 1993, o que o futuro Armando Caldas encheu-se de brios eNobel da Literatura, pois mandou-os passear. Com dinheiros arran-só ganhará o Prémio em jados aqui e ali, a homenagem não deixa-1998, escreve acerca do ria de se fazer. E agora a pergunta: o quenosso amigo comum. «Es- foi que levou o Lopes a cancelar o subsídiotava, posto em sossego, na e a não escrever a declaração? Receio deFeira [do Livro], a assinar chamar ao Manuel Ferreira o escritor daos meus livrinhos quan-do se me chega o Armando Caldas que,passado um bocado, começa a contar umahistória. Que ele e o seu grupo de teatro –o Intervalo – participaram na organizaçãoda homenagem ao Manuel Ferreira, essamesma para a qual, a pedido da OrlandaAmarílis, escrevi um pequeno texto. Que,como tudo custa dinheiro, e cada vez mais,pediu à Secretaria de Estado da Culturaum subsídio, cujo, milagre dos milagres,Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 5

ARTIGO DE CAPATerra Nova, que também é ilha? Ou, como nochet, que, continua retido em Inglaterra.é mais provável, nojo de misturar-se com Reencontro com Eunice Muñoz, amiga deos declarantes, de aparecer ao lado de um longa data e, André Gomes (o Pablo Neru-deles? E qual, se é este o caso? Fátima? Não da), antigo colega do curso de Filosofia dacreio. Alçada? Tão pouco. Urbano? Du- Faculdade de Letras, que ainda se lembra-vido. Eu? Sendo o Lopes aquele bom ca- va deste escriba obscuro. Dei os meus mo-tólico que conhecemos, o confessor deve destos parabéns a Joaquim Benite pelo en-saber…» (José Saramago, Cadernos de genho do cenário, simples, mas soberbo,Lanzarote, I, pp. 53-54) todo feito com portas.Depois do Diário de Saramago, atente-se E assim terminou mais uma tarde de teatrono que escrevi no meu modesto «Diário proporcionada, por aquele que consideroIrregular», ainda por publicar, em que sou um grande amigo, o Armando Caldas.»dois, - guilherme revolto um velho anar-quista que só usa a letra minúscula e escre- José Lança-Coelhove sem qualquer pontuação, e o registado Respirar Teatro e “dar-se”José Lança-Coelho, já que não sou baptiza- Para se dedicar umado nem professo qualquer religião - acerca vida a algode Armando Caldas: «monte do carrascal é preciso amá-la.alentejo 16 out 98 – deixei o campo para Para se dar aquilo quevir ao teatro 1º acto que agora é intervalo se amaaplaudir Saramago ouvi o urbano tavares é preciso amar os outros.rodrigues ler-lhe um elogio literário se- Para se ter tantos amigosguiu-se uma comunicação do armando é preciso merecê-los.caldas dizendo que o homem não podia Para se pôr em cena asaparecer pois estava no porto na cimeira perguntas que o TEATRO contém é preci-ibero-americana fiquei-me com a peça do so entender as respostas.ibsen guilherme revolto», «Linda-a-Velha, Para se gerirem os “egos” das “vedetas”18 de Abril de 1999 – O Armando Caldas é preciso ter a humildade de as entender.fez, mais uma vez, o favor de nos arranjar Para se transmitir a importância dodois bilhetes para o teatro, mais especifica- colectivo é preciso demonstrar-lhes que omente para «O Carteiro de Pablo Neruda», TEATRO é um todo.peça soberba no que respeita ao texto e à Para se “descobrir” o potencial de cada umencenação. Achei-a muito melhor que o é preciso saber onde o encontrar.filme, no que respeita à denúncia dos hor- Para se decidir o que é importante emrores do fascismo chileno, do assassinato cada momento é preciso estar atento emde Allende e à ascensão do criminoso Pi- todos os momentos. Para se ensinar a “voar” é preciso não limi- tar o “vôo” e deixá-los partir se a liberdade os chamar para outros poisos. Entendendo tudo isto, atingir-se-á o objec- tivo de uma vida a construir, a viver, a “dar” TEATRO como quem respira. O Armando entendeu-o desde sempre. Bem hajas por isso. Um beijo irmão do Fernando Tavares Marques.6 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

IN MEMORIUMHomenagem a dois capitães inesquecíveisOdia 5 de Outubro de 2016 ficará Voz de Paço de Arcos» homenageou no para sempre na minha memória, seu número três, fazendo a capa com uma pelo facto de, nesse dia, ter home- aguarela sua, executada pelo nosso direc-nageado dois enormes Capitães, embora tor, pintor Serrão de Faria.em sectores diversos, da lusofonia. O capitão Mário Wilson, que militou noReferir-me-ei primeiro, ao capitão Victor campo do futebol, mereceu este epitáfioAlves, um dos heróis do MFA que, com por ser um bom condutor de homens, ao seu gesto abnegado, pondo em perigo que aliava uma generosidade e uma boaa sua existência, fizeram a Revolução de disposição, primeiro como jogador (Spor-25 de Abril de 1974, aca- ting e Académica debando com a ditadura Coimbra), depois comofascista que vigorava em treinador (Benfica, ondePortugal, desde o 28 de foi campeão nacional eMaio de 1926, e restituin- ganhou a taça de Portu-do ao país a democracia gal por duas vezes, Be-republicana, plebisci- lenenses, Académica detária, resultante de elei- Coimbra, etc.).ções livres, numa pala- Entre os muitos presen-vra, a Liberdade. tes no velório estava umApós a instauração da antigo jogador da Acadé-democracia, Victor Alves mica, a quem ouvi umaviria a ser Ministro da história que, é a sínteseEducação, e eu, que fui perfeita da maneira deprofessor trinta e três estar na vida do capitãoanos, tantos anos como Wilson. Contava o ditoos que viveu Jesus Cristo, jogador que, uma tarde,nunca conheci nenhum após uma derrota por 9ministro que defendesse a 1, a equipa dos «estu-tanto a classe dos profes- dantes» estava ainda no-sores, como este capitão de elite. balneário, cabisbaixos, sem articularemFoi, pois, no passado dia 5 de Outubro que, palavra, sentindo-se as pessoas mais infe-estive presente numa homenagem ao valo- lizes do mundo, quando o treinador, queroso militar, feita pela Câmara Municipal não era mais do que o grande capitão Wil-de Oeiras que atribuiu o nome de Victor son, entrou e a primeira coisa que disse aosAlves a uma rotunda situada na Rua Cal- seus homens, foi o seguinte: «Eh pá, nãovett de Magalhães, zona alta de Paço de estejam assim, os tipos queriam-nos darArcos, em Oeiras, Concelho onde o gene- dez, e não conseguiram».roso Capitão habitou, enquanto viveu. A estes dois grandes Capitães, aqui deixo aA centenas de metros daquele local, rea- minha sincera homenagem e a minha in-lizava-se, ao mesmo tempo, o velório de finita admiração, extremamente grato poroutro grande capitão, que deu pelo nome ter sido contemporâneo de tão insignesde Mário Wilson (Sócio de «A Voz de Paço personagens.de Arcos» nº 135, honorário), a quem «A José Lança-CoelhoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 7

IN MEMORIUMFigura Notável 1984, é o pri- meiro cate-Écom imenso pesar que, «A Voz de drático da Paço de Arcos» assinala o desapa- especialida- recimento de um grande vulto da de no nossoHumanidade, que viveu grande parte da país.sua vida na vila de Paço de Arcos. O Pro- Devido aofessor Doutor António Baptista Fernan- seu valor, edes falecido a 18 de Outubro do corrente às mais deano, nasceu no Funchal, a 20 de Março trinta mil ci-de 1918, licenciou-se em Medicina em rurgias que1941. Cinco anos depois, tornou-se médi- realizou, re-co interno dos Hospitais Civis de Lisboa. cebeu a con-Realizou vários estágios na Inglaterra, decoraçãonos anos de 1948, 1949, 1954 e 1958. oficial da Ordem do Infante D. Henri-Em 1961, fundou a Sociedade Portuguesa que, e a Medalha de Mérito da Ordemde Cirurgia Plástica, e também a ele se dos Médicos.deve, a fundação da primeira unidade de O Professor Doutor António Baptistaqueimados no Hospital Universitário de Fernandes reuniu um acervo documen-Santa Maria, onde também leccionou. tal médico-científico, cujo destino seráEm 1973, fundou a Clínica de Todos os um museu com o seu nome.Santos. Dez anos mais tarde, torna-se o José Lança-Coelho primeiro professor de cirurgia plásticareconstrutiva e estética da Faculdade deMedicina de Lisboa. No ano seguinte,Écom pesar que «A Voz de Paço de Arcos», apresenta as suas condolências, à família enlutada de António Pedro Carmo, nascido a 17 de Novembrode 1963 e, prematuramente falecido a 5 de Setembro de 2016.8 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

CAMINHOSDe Algés a Linda-a-VelhaRotunda da Praça de Touros de comercialmente Algés - Hotel Solplay - Linda-a- agressiva. Velha, começamos este percurso Passamos à Av.pelo antigo mercado que é um dos mais Combatentes dafrequentados do Concelho de Oeiras. Grande Guerra,A sua localização, zona baixa de Algés, eixo central deque é muito populosa e a proximidade Algés, com mui-dos transportes públicos dá a possibi- tas lojas de ramoslidade de atrair muitos clientes de fora diversos. Aquide Algés onde também a variedade e a encontramos aqualidade dos produtos alimentares aí cervejaria Relen-comercializados são reconhecidas. to que há déca-A evolução do comércio afastou destas das mantém aestruturas distribuidoras muitos dos seus tradição de bomclientes pelo que advieram tempos de cri- serviço como res-se e dificuldades. Para inverter a situação taurante e maris-a Câmara Municipal de Oeiras seguiu o queira. Várias ge- rações recordam Mercado de Algés os seus famosos bifes. Um pouco mais à frente surgem- nos as instalações do centenário Club “Sport Algés e Dafundo”. Durante décadas a população local, e das localidades circundantes frequentavam o Stadium, cinema, concertos, bailes e ou- tros eventos. Hoje estas instalações estãoexemplo já experimentado em Antigo Mercado de AlgésLisboa, de transformar umaparte do mercado em zona ali-mentar e de lazer, o que trouxeuma nova vida àquele espaço co-mercial.Junto ao mercado temos a Pa-daria/Pastelaria Apapol, que hádécadas fabrica e comerciali-za pão de todos os tipos, e temacompanhado a evolução destesector pelo que tem resistidoà concorrência que é muita eJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 9

CAMINHOSCampo exterior e piscina do Sport Algés e Dafundoa ser subaproveitadas realizando-se aí so- pal Lurdes Norberto, criando o Intervalomente ensaios musicais. – Grupo de Teatro. Por esta verdadeiraEm frente, a livraria Espaço fundada em casa de cultura continua a passar a gran-1964 pelo Senhor Patrão, continua ao ser- de maioria dos grandes nomes da cultu-viço da cultura mas, a debater-se com as ra portuguesa, desde os anos sessenta dodificuldades que o ramo atravessa. século XX, nomeadamente os que nãoQuem acompanhou a sua abertura re- aceitavam o panorama cultural e políticocordar-se-á do impacto que teve na vida oficial do Estado Novo.cultural de Algés. Há já alguns anos que Durante este mês de Outubro tivemos ase verificou uma mudança na gestão, oportunidade de assistir à Semana Cul-iniciando-se novo período de actividade tural, evento que se repete há já 38 anos,adaptada às novas circunstâncias do mer- sendo um dos acontecimentos culturaiscado livreiro. mais apreciados pelos seguidores da vidaNa rua Eduardo Augusto Pedroso, temos artística do Concelho de Oeiras.o Auditório Municipal Amélia Rey Cola- Voltando ao Auditório Municipal Amé-ço, onde, em 1969, foi fundado o 1º ActoClube de Teatro. Os seus sócios atingi-ram o extraordinário número de cerca de2000 contando entre eles grandes figurasda cultura portuguesa. Um dos fundado-res foi Armando Caldas que se mantevena sua direcção até à sua extinção.Armando Caldas, e um grande númerode amigos transferiram-se para o auditó-rio municipal, em Linda-a-Velha, actual-mente denominado Auditório Munici-10 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

lia Rey Colaço, tunda, existevimos que está um belo es-em plena ac- paço público,tividade onde bem concebi-António Terra do e bem tra-desenvolve os tado, que pro-seus projectos porciona aosteatrais e de residentes dasanimação, com urbanizaçõesgrande impac- de alta quali-to nos públicos dade vizinhas,alvo, nomeada- a prática demente crianças Antigo Quartel dos Bombeiros desportos dee jovens. ar livre em óptimas condições. Paralela-Ao subir a Av. Miraflores começamos por mente existe o complexo de piscinas e oencontrar uns edifícios, praticamente, em ginásio que reforçam a oferta de recintosruína, mas onde ainda funcionam uma para a prática desportiva.oficina de trabalhar pedra e um armazém A segurança é um vector muito importan-de vinhos. Estes edifícios, incluindo o vi- te para a qualidade de vida dos cidadãoszinho antigo quartel dos Bombeiros Vo- pelo que aqui também está presente estaluntários de Algés, aguardam o avançar componente através da PSP.do projecto de transporte por carril que Os serviços de saúde são fundamentaisligará Algés à Falagueira, na Amadora. para a população. São vários os que aquiJá na parte nova desta Avenida temos o se encontram – clínicas com diversas va-novo Quartel dos Bombeiros e em frente lências, consultórios, laboratórios, e nãoo Pavilhão Desportivo Celorico Moreira, muito longe o Hospital de S. Franciscoanexo à Escola de Miraflores. Após a ro- Xavier, que é o hospital e a maternidade Parque Urbano de Miraflores 11Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

CAMINHOS tica de diversas modalidades desportivas, tendo sido o Hóquei em Patins a que mais se distinguiu. Voltaremos a esta colectivi- dade para melhor a conhecermos. Os laboratórios e a clínica Dr. Joaquim Chaves fazem parte de um grupo possui- dor de várias unidades, incluindo a Clíni- ca de Carnaxide, com várias valências e que tem vindo a afirmar-se no sector. Subindo, em direcção a Linda-a-Velha, encontramos instalações de muitas em- presas de serviços, comércio e também dePavilhão Desportivo Celorico Moreira habitação, em edifícios modernos de boa qualidade arquitectónica. No lado direitodo SNS, que serve o concelho de Oeiras, as instalações da Carris e um serviço depelo que merecerá a nossa especial aten- inspecção automóvel.ção num próximo número de “A Voz de Nos finais do século XIX, neste local exis-Paço de Arcos”. tiu uma vacaria, que era exemplar para a época e que foi visitada pelo Rei D. Pedro Ribeira de Algés V, que quis homenagear o seu proprietá- rio atribuindo-lhe o título de Visconde dePor falar em saúde, e em saúde pública, Barronhos. Segundo o diz o Conselheiroaplaudimos a próxima inauguração do do Rei, Tomás Ribeiro – aconteceu umCentro de Saúde de Algés que, depois de diálogo que ficou para a história:muitas polémicas e dificuldades está fi- - “ Fica sendo Visconde de Barronhos” diznalmente em fase de acabamento, graças D. Pedro V, ao que responde o lavradorà intervenção decisiva da CMO através do Francisco José Vitorino: - “Isto é a minhafinanciamento estratégico que ultrapas- desgraça, a minha desgraça!”sou o impasse provocado pela demora de Perante as razões apresentadas de quesolução por parte do Governo Central. constava o facto de após o título já nãoVoltando atrás temos a Liga de Melho- poderia apresentar-se como trabalhadorramentos de Algés mantém há décadas e que a suaa sua incessante actividade desportiva mulher sendoe cultural. A sua sede permite a prática Viscondessadeactividades de salão e o ginásio a prá- não continua- ria a trabalhar, o mesmo acon- teceria com a filha punha-se o problema de como manter as qualidades da quinta que estavam a ser reconhecidas? Liga de Algés12 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Ao subir até ao fim da avenida, chegamos à rotunda da entrada principal da Vila e temos à direita a auto-estrada para Lisboa , a estrada para Carnaxide, a rua Alexan- dre Herculano para as empresas Nestlé e Mota- Engil e a Av. 25 de Abril para o centro de Linda-a-Velha. Na Rotunda, Rotunda das sereias NestléPerante isto o Rei decidiu retirar-lhe o tí-tulo, dizendo:- “ Nunca aconteceu isto”- “ Foi Visconde por um quarto de hora,descanse deixa de ser Visconde. Assimcomo lhe dei o título lho tiro e dou-lheum abraço. Tem razão pensa bem”.Mota-Engil onde um belo trabalho de escultura representativo do banho da sereia, das Tágides e Ninfas do Tejo ins- piradoras de Camões surge-nos o moderno edifício do Centro Comer- cial- Central Park – e as instalações da Agência Abreu, onde há cerca de sessenta anos existiu a Fábrica da Coporel, que foi feita para produzir Coca Cola, o que não se concretizou por proibição governamental. Diz-se que Salazar receava que a Coca Cola levasse ao aumento do consumo de droga por causa doJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 13

CAMINHOSpróprio nome, mas, diz-se também que habitacional de grande dimensão haven-terá sido a pressão dos sectores da cerve- do grande expectativa à volta do impactoja e do vinho, por recearem grande perda que este empreendimento vai ter, na qua-de mercado, que terá levado à histórica lidade de vida da população.decisão. Assim, a fábrica ficou a produ- Uma transversal à direita leva-nos aozir a laranjada Fanta e lançou uma nova bairro 25 de Abril de habitações de custosgasosa que teve muito sucesso, era a B B, mais baixos, construídas pelo programainspirada na grande musa do cinema, Bri- SAAL, financiado pela CMO. Um centrogitte Bardot. Até o formato da garrafa era de dia e uma creche são os apoios exis-baseado nas curvas do seu corpo Mesmo tentes para além da Associação de Mo-ao lado, existiu a fábrica de baterias da radores do Bairro 25 de Abril, que atravésmarca Arga. da dedicação de muitos voluntários vaiEntramos, na Avenida mais movimenta- conseguindo verbas para fazer face às ne-da da localidade a Av. 25 de Abril, onde cessidades sempre prementes de conci-empresas, bancos, centros comerciais, su- dadãos portadores de deficiência. Prosse-permercados, consultórios e vários ramos guindo, encontramos a estrada nacional,de comércio e serviços desenvolvem a sua Avenida Tomás Ribeiro, que, para a direi-actividade. No antigo quartel militar está ta nos leva a Carnaxide e para a esquerdaem construção um complexo comercial e a Algés, passando pela Junça. Em frente Capela de Linda-a-Velha temos a estrada das Biscoitei- ras que nos leva ao Estádio Nacional e à Cruz Quebrada. O Sporting de Linda-a-Velha, antiga colectividade, que tem prestado grandes serviços à população, tem as suas ins- talações desportivas, junto a esta Avenida, no lado de Car- naxide. A sua importância leva-nos a voltar a falar desta colectividade. No centro desta localidade, temos o mercado que aguar- da decisões camarárias ten- dentes à sua modernização14 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

e futura utili- mos números.zação. O Co- No interior do bairro temos a Igreja Ma-reto mantém triz Nossa Senhora do Cabo, com as suaso seu estatu- pinturas de Vitor Lages, que torna umato, faz parte visita obrigatória, o Centro de dia, o Lar edo Brasão de a Escola de Música que continua a cana-Linda-a-Velha, lizar talentos para esta actividade culturalmas caiu em e profissional.desuso, novas Descendo a Avenida Carolina Michaelisnecessidades encontramos a Escola Secundária e ins-obrigam a no- talações de pequenas empresas e estamosvos palcos. de novo em Miraflores – na Quinta deA Capela de Coreto de Linda-a-Velha Santo António, que a par de belos edifí-Nossa Srª. do cios de habitação, inclui a Igreja de Mira-Cabo, mandada construir, à sua conta, flores, de arquitectura moderna, bonitos epelo Padre António Xavier Ligeiro, no bem cuidados jardins, salão de chá e umséculo XVIII está bem Centro Comercial, deconservada e tem manti- média dimensão ondedo a sua antiga traça. Foi se encontram as habi-o povo que a ampliou e tuais lojas comuns a es-cuidou dado que lhe foi tes espaços.doada pelo seu constru- A urbanização de Mira-tor. flores nasceu na quintaA Fundação Marquês de com o mesmo nome, ePombal, que tem por ob- igual a outras, como ajecto o apoio à cultura, Qta. da Formiga que ain-ao social e ao desporto da se mantém. no valedo Concelho, tem a sua que vem de CarnaxideSede no belo edifício para Algés, e onde correcamarário Palácio dos o Rio de Algés.Aciprestes. A importân- Durante décadas a quin-cia do papel que esta ta de Miraflores esteveFundação desempenha ocupada por famíliasobriga-nos a voltar a fa- que habitavam centenaslar dela, num dos próxi- Quinta de Stº. António de barracas de géneseJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 15

CAMINHOS Quinta de Stº. Antónioilegal, sem condi-ções de habitabi-lidade digna, era achamada Pedreirados Húngaros.A empresa Habitatadquiriu os terrenospara urbanizar, eimplantar um pro-jeto de construçãode prédios de habi-tação e serviços degrande qualidade,para iso era neces-sário resolver o pro-blema da populaçãoMiraflores aí residente. O plano de realojamento que a Câmara Municipal de Oeiras desenvol- veu após após o 25 de abril de 1974, veio pro- porcionar a sua trans- ferência para os bair- ros camarários então construídos, como o Bairro dos Navegado- res, em Talaíde p.ex., ficando, assim, dispo- níveis os terrenos para a concretização do pla- no de urbanização da- quela área. A abertura da econo-16 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Vista panorâmica sativadas, e com as instalações já muito degradadas, à espera de novos projec-mia permitiu que este projecto, e outros à tos, surge-nos uma nova zona de habi-sua volta, se concretizassem, criando uma tação implantada em ambos os lados danova centralidade hoje habitado por mi- estrada. No lado direito um conjunto delhares de pessoas, e instaladas centenas grandes prédios de habitação de alta qua-de empresas comerciais e de serviços. lidade, que integra a torre mais alta daTomando o caminho para a Junça temos redondeza e, no lado esquerdo prédiosem frente o Cruzeiro fronteiro ao Palácio de habitação, de boa qualidade, que inte-Ribamar (referido no número anterior), gram algumas lojas e na sua retaguarda ae seguimos pela Rua João Chagas. Logo Escola Gonçalves Zarco.à direita a sede da União de Freguesias Continuando a subir a Rua João Chagas,de Algés, Dafundo, Cruz Quebrada e surgem-nos edifícios comerciais de maiorLinda-a-Velha, a sede da Associação dos dimensão, como o ginásio da rede HelthComerciantes do Concelho de Oeiras e Club e a loja Lidl. Segue-se, o novo quartelAmadora, e a Igreja Cristo Rei de Algés. dos Bombeiros de Linda-a-Velha, enquan-Após uma zona de construções antigas, to à nossa esquerda avistamos, o tambémhabitação e algumas lojas, entramos recente, quartel dos Bombeiros do Da-numa zona de novos bairros residenciais, fundo. Duas instituições muito antigas e ade serviços, comércio e algumas antigasunidades industriais, na sua maioria de-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 17

CAMINHOSPalácio dos Aciprestesquem as populações locais, e não só, mui- mos com um memorial composto por trêsto devem. No vale, entre os dois referidos colunas de pedra, de autoria do mestrequartéis, a Estação de Serviço da Galp, e a Francisco Simões, que representam a Paz,linha de lavagem de viaturas, da rede Ele- a Justiça e a Liberdade, que foi implantadofante Azul. por iniciativa da CMO, e da Embaixada daChegados aqui entramos noutra zona ha- Turquia, para homenagear e perpetuar abitacional, esta de prédios mais baixos que memória do casal de diplomatas assassi-os anteriormente referidos, algumas lojas, nado neste local em 7/6/1982, cujos nomesclínicas, consultórios médicos e de advo- se seguem: Sr. Erku Akay e Srª. Nadinecacia, e também algumas empresas indus- Akbay, aqui fica a nossa homenagem.triais, de peque-na dimensão e Ao lado es-não poluentes. querdo umComeçamos a monte ondesubir a avenida está a Escola ,que nos leva ao e um conjuntoEstádio Nacional de pequenase ao edifício do horta agrícolasginásio da rede num conjun-Sol Play, que in- to de hortastegra outras zo- comunitário,nas de lazer (café, dinamizadopastelaria, etc.) e pela União delogo nos depara- Entrada para o jardim Freguesias de Algés, Dafun-18 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

do-Cruz Quebrada é possível apresentare Linda-a-Velha. No espectáculos de qua-cimo do monte ergue- lidade à populaçãose o muito bem loca- idosa em condiçõeslizado Hotel SolPlay, atractivas que de ou-de onde se avista uma tro modo era impos-das melhores vistas do sível.Concelho de Oeiras. Ora, quer o 1º. Acto -No lado contrário um Clube de Teatro, querbairro habitacional o Intervalo-Grupoonde se ergue a torre de Teatro, poderiamem pirâmide, que era existir, mas não seriao grande orgulho do certamente a mes-seu construtor, o di- ma coisa, sem umnâmico empresário homem dedicado,Armando dos Santos amigo do seu amigo,Aguda, já falecido. que ama o teatro, e asEsta torre conhecida pessoas do teatro, depela sua forma arqui- tal modo que são játectónica - Edifício Pi- centenas os seus co-râmide- com pisos de Cruzeiro de Algés legas por si homena- geados nas inesque-habitação, escritórios, cíveis Semanas Culturais que, desde háclínica de fisioterapia alberga o Auditório 38 anos, promove para comemorar o ani-Municipal Lurdes Norberto, de autoria ao versário do Grupo, sempre com grandeArqtº. Nuno Portas. êxito de salas mais que cheias, e sempreA empresa munícipal Parques Tejo está com agrado geral. Lembrei-me, agora,a construir um parque de estacionamen- que ainda não disse o nome desse gran-to ao lado deste edifício assim como a de homem de teatro, mas será preciso? Oreordenar toda a sua envolvencia o que amigo leitor não soube logo no início dose saúda. parágrafo anterior quem ele era?A convite da Câmara Municipal de Oei- Claro que sim, que estou a falar do actor,ras, este espaço está a ser explorado pela encenador, mestre e catedrático do tea-Intervalo-Grupo de Teatro, que surgiu tro e da poesia, e do amigo sempre atentopara dar continuidade ao grande, e reco- ao seu amigo, e que faz amigos em todonhecido, trabalho de qualidade, que vi- o lado onde se faz sentir a sua presença.nha sendo feito no 1º Acto de Algés, e que É por isso que a capa deste número temteve de ser interrompido. Nesta verdadei- uma aguarela que mostra bem o sua carara Cátedra de teatro tem o Intervalo-Gru- de homem bom, tranquilo afável, amigá-po de Teatro produzido centenas de peças vel e distinta.de teatro para todas as idades dos maiores Parabéns, e obrigado por tudo o que tensautores nacionais e internacionais. dado e vais continuar a dar a todos nósO seu trabalho tem sido reconhecido ARMANDO CALDAS.pelo público que sucessivamente enche José Marreiro e José Serrão de Fariaas salas, e pela CMO que apoia a sua ac-tividade. Graças a este, e outros apoios,Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 19

CAMINHOSUnião desportiva e Recreativa de AlgésEsta coletividade ins- piso de relva sintética e talada em Algés de novos balneários. Cima, dedica-se ao Atualmente, funcionafutebol, a sua equipa prin- aqui uma Escola decipal milita nos campeona- Futebol do SCP que dátos distritais da Associação formação a centenas dede Futebol de Lisboa. jovens que integram asO seu campo principal foi suas equipas de infantisintervencionado em 2010, e escalões seguintes.tendo recebido um novo José Lança-CoelhoLivraria Espaço em AlgésApós ter ganho, em 1988, o Prémio de Re- anos, se realizam em escolas, desde as pri-velação de Literatura Infanto-Juvenil da márias às secundárias. Foi num desses cer-Associação Portuguesa de Escritores, e tames que, conheci as três irmãs que, divi-uma Menção Honrosa no Prémio Inasset/ dindo tarefas, tinham adquirido a gerênciaInapa, com o livro «O Enigma da Gruta» da Livraria Espaço, em Algés, a quem dei àe de, no ano seguinte, ter sido convidado consignação a venda dos meus livros e, depela editora que me publicou a referida onde surgiu uma franca amizade.obra, para escrever outra, que originou otítulo «Viagem Maravilhosa ao Reino dos José Lança-CoelhoEcos», editora essa que não cumpriu o queestava no contrato com o pagamento na to-talidade, dos meus direitos de autor, partipara a publicação dos meus livros, na mo-dalidade de edição de autor, tendo escritouma biografia de Fernando Pessoa desti-nada à infância com o título de «O Caso doPoeta dos Mil Nomes».Comecei, então, por mote próprio, a apre-sentar-me em Feiras do Livro que, todos os20 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Algés e «a capital» de Eça de QueirósOs locais por excelência escolhidos as excursões a Linda-a-Pastora, ou à Se- por Eça de Queirós, para localizar nhora da Rocha. Era no tempo das burri- a acção deste livro, no que respeita cadas, das guitarradas, das serenatas.» (2)ao concelho de Oeiras, são Algés e o Da- A segunda referência de Eça a Algés re-fundo. porta-se ao momento em que Artur se co-Relativamente a Algés existem duas refe- meça a preocupar com a delapidação darências. A primeira, respeita ao persona- sua pequena herança, em Lisboa.gem Rabecaz, um republicano de Oliveira Após o contacto com diversos persona-de Azeméis, que passa as noites a beber e gens que se encarregam de gastar, cadaa jogar bilhar no botequim da Corcovada, um de acordo com as suas preferências, oe com quem Artur, o personagem princi- dinheiro que herdou do padrinho, eis quepal, encetará uma convivência com base surge um espanhol, de nome Manolo, quenas opiniões literárias e políticas, face ao se autoproclama um ex-combatente repu-deserto cultural que se revela naquela ter- blicano e que diariamente tem uma ideiara nortenha, sobretudo, para quem vinha extravagante do ponto de vista económi-do mundo universitário coimbrão, como é co: «irem a Queluz, tomarem uma quartao caso do citado Artur. ordem em S. Carlos, uma ceia na PonteSerá, pois, Rabecaz que, falando do tem- de Algés» (3), o que juntando às despesaspo que habitou em Lisboa, onde possuía inerentes a estas deslocações, como, ti-cavalos, cadeira em S. Carlos e carruagem, poias, luvas, charutos, para além das con-evocará com uma enorme dose de nostal- tas do hotel, perfazia a soma astronómicagia, «Que batidas para as portas de Algés!» de duas, três libras.(1). NOTAS:Algés, que pelo final do século XIX, poucomais era do que a actual Rua Major Afon- (1) QUEIRÓS, Eça de, A Capital, Lis-so Pala, começava a criar fama de local de boa, ed. Livros do Brasil, p. 59.lazer, com os seus retiros, adegas, hortas e (2) COLAÇO, Maria de Gonta; AR-passeios ao campo. Inclusivamente, canta- CHER, Maria, Memórias da Linha deva-se pelas ruas. Ingredientes que levarão Cascais, Lisboa, Parceria A. M. Perei-as autoras das Memórias da Linha de Cas- ra, 1943, ed. Fac-similada, 1999, CMC ecais, ao referirem-se a um tempo um pou- CMO, p. 81.co mais adiante, a escrever: «No começo (3) QUEIRÓS, Eça de, ob. cit., p. 317.deste século [XX] partia-se de Algés para José Lança CoelhoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 21

CAMINHOS DO PASSADOLinda-a-Velha e os duelos no Século XIXEm finais do século XIX, Linda-a- e Cunha Belém, Velha era local de duelos, onde se por parte de Pi- ajustavam contas, como o caso que nheiro Chagas, e,a seguir se conta. Manuel de Arria-Corria o ano de 1883, quando os direc- ga e Elias Garcia,tores dos jornais, «Diário da Manhã» e do lado de Maga-«O Século», respectivamente, Manuel lhães Lima -, quePinheiro Chagas e Magalhães Lima se concluíram ser oincompatibilizaram por questões políti- recurso às armascas. O primeiro, escreveu a 31 de Março que poria pontono seu jornal que, os republicanos con- final na contenda.viviam com sanguinários, e referindo-se O dia 3 de Abrilespecificamente, a Silva Graça, jornalista ficaria marcadode «O Século» dizia que este: “(…) pode pelo estabeleci-dar coices nas estrelas, esgotar todo o vo- mento de que o duelo entre os directo-cabulário dos malandros, insultar de um res dos dois jornais lisboetas, se realiza-modo extravagante e incrível que não nos ria no dia seguinte, às 16 h, em S. José dedemove nem uma linha do nosso propó- Ribamar, Linda-a-Velha, sendo o sabre,sito.” a arma escolhida, terminando o eventoPor seu turno, Trigueiros de Martel, jor- com o derramamento do primeiro san-nalista de «O Século» e, portanto, colega gue de um dos contendores.do citado Silva Graça, questionava, se ti- Embora os duelos fossem proibidos,rando a Chagas “uma letra só… não ficava muitas vezes as autoridades fechavam osum lindo nome?” olhos à sua realização, porém, desta vez, oNo dia seguinte, 1 de Abril, um domingo ministro do Reino, Tomás Ribeiro, amigolindo, «0 Século» na sua primeira pági- de longa data de Pinheiro Chagas, orde-na, anunciava que só um confronto entre nou à polícia que seguisse os duelistas eGraça e Chagas, terminaria com as discus- as suas testemunhas, impedindo-os de sesões públicas com o «Diário da Manhã». dirigirem a Linda-a-Velha, podendo re-O 2 de Abril terminou com a reunião das correr à força se para tal fosse necessário.testemunhas de ambos – Correia da Silva E foi.22 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Na verdade, no dia seguinte, Elias Garcia Tomás Ribeiro cedeu, e o duelo realizou-levou meia hora para despistar as autori- se no dia 8 de Abril de 1883. O 1º assalto dedades. Correia da Silva foi agredido pela 5 minutos não magoou ninguém, emborapolícia, junto dos Jerónimos, e preso du- Chagas tentasse aplicar os seus conheci-rante a noite. Magalhães Lima para fugir mentos militares, circunstância que levouàs atenções da guarda, entrou na Rua dos o irónico e impagável Eça a designá-lo porFanqueiros, subiu ao Hotel Pelicano, onde «brigadeiro Chagas». Porém, a miopia depela mansarda do terceiro andar passou Chagas que conduzia o sabre, não levava apara a Rua da Madalena. Aí apanhou uma melhor sobre o do adversário. O 2º assaltocarruagem, que foi detida pelo chefe da de 2 minutos não teve história, porém, dopolícia, o Ferreira, no Largo de Santa Bár- 3º, já não se pode dizer o mesmo, pois aosbara. 2 minutos, Magalhães Lima feriu o adver-Em Linda-a-Velha, à hora aprazada, só se sário na mão direita. O médico que supe-encontravam, Pinheiro Chagas e a sua tes- rentendia ao duelo, observou o ferimentotemunha Cunha Belém, e, Manuel Arria- e quis terminar a contenda, o que não fez,ga que se ofereceu para se bater no lugar satisfazendo os protestos do ferido. Reali-de Magalhães Lima. Chagas não aceitou e zou-se, então, um último assalto que, nãotodos regressaram à capital, extremamen- trazendo nada de novo à contenda, levoute frustrados, estado de espírito que levou os dois contendores a abraçarem-se e a ter-os emissários dos dois duelistas, no dia se- minarem o duelo de Linda-a-Velha.guinte, a conferenciarem com o ministro, A partir daqui, os dois jornais tiveram mui-avisando que, se a polícia continuasse a to cuidado no que diziam um do outro.opor-se, se deslocariam para uma regiãoda fronteira, onde realizariam o duelo. José Lança-CoelhoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 23

CAMINHOS DO PASSADOAlgés de Cima, património pitorescoCansam-se as pernas, inclinam-se as cercaduras de um tou- nossas costas, dobram-se as solas ral, portões enferruja- dos nossos sapatos quando nos en- dos, pendentes de ferrocaminhamos apeados para Algés de Cima. para içar os fardos deComo um íman, esse bairro nos atrai pela palha, uma cabeça bovi-pequenez das dimensões das velhas casi- na em terracota ornamentando um antigonhas que ainda por lá permanecem resis- celeiro, armazéns agrícolas que se volve-tindo à pressão imobiliária da nova cons- ram depois em oficinas. Poderemos entãotrução. imaginar as grandes searas de trigo e deDesajustados na sua orientação solar não cevada, as hortas, o olivedo, o pomar, os re-conforme ao moderno traçado das ruas banhos, o pastor, a figura temível do feitorque foram pavimen-tadas e substituíram zelando para que nadaantigos caminhos, pe- fosse roubado, o senhorquenos prédios de um guarda-livros apontan-piso, casa térreas, pátios, do tudo… Lá mais aci-arcos de pedra, escadi- ma a eira, os tanques, asnhas, um caramanchão carroças e até os carrosde parreira na mais de bois a arrastarem apura tradição das vilas grande ceifeira-debu-operárias e eis-nos na lhadora que vinha naVila Madalena, peque- altura da ceifa das sea-na mouraria lisboeta ras, assim como grupostransplantada para uma de homens e mulhe-grande colina envolven- res vindos do Alentejote de Algés. como mão-de-obra paraA capelinha de Nossa esse duro trabalho sazo-Senhora do Cabo pon- nal.tifica, bem frontal, num A sobrevivência das fa-largo calcetado que delimita o trânsito au- mílias dos trabalhado-tomóvel e o obriga a definir-se para outras res agrícolas passou também pelos empre-localidades, Miraflores ou Linda-a-Velha. gos de operariado nas pequenas fábricas ePatrimónio da Junta de Freguesia desde oficinas que começaram a aparecer nessa1962, por doação de Joana Pedroso Simões zona com o progresso industrial. DestaqueAlves , tem sido cedida para culto religio- para a grande fábrica de malhas e paraso e capela mortuária e é arquitectonica- uma outra de bolachas, ambas pertençamente uma forte construção que integrou da família de Filipe Nogueira, campeão deuma enorme e riquíssima quinta que se foi automobilismo, com a grande novidadefragmentando em heranças e partilhas. de passar a haver postos de trabalho paraTornando o nosso olhar mais atento con- as mulheres do bairro.seguimos ainda descortinar marcas de O associativismo desportivo e um ideáriotodo esse passado de ruralidade: antigas de benemerência e promoção de activi- dades de lazer remonta a esta época e é a24 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

matriz da União Desportiva e Recreativa dos para um mar que avançaria, nas gran-de Algés, UDRA. Quem diria que, décadas des marés cheias, quase até esta colina.depois, passaria a ser um tão bem cotadoclube federado em futebol e movimentan- Por aqui estamos, bem longe dado, numa dinâmica muito própria, tantos baixa algesina. Que tranquilida-adeptos? De muito longe se vê o vasto de! Brilham de noite engraçadose sempre verdinho relvado sintético que candeeiros de iluminação pública.veio substituir o velho campo de terra ba- Ainda há vasos de flores nas ruazi-tida … Mas findou-se a sua vertente de nhas, algumas árvores de grandeassociação de teatro e de organização de porte e um quase mútuo conheci-festas e bailes com música ao vivo … O mento de todos os habitantes lo-mundo está em mudança! cais. Envelhecidos, quase isoladosNovas finalidades são dadas às antigas mas plenos de dignidade. De táxihabitações: uma antiga taberna volveu-se se deslocam desde que o transpor-em habitação familiar e na velha pedra de te de proximidade, o «Lés-a-Lésmármore do balcão onde se serviam os » lhes foi retirado. E conseguemcopos de vinho pousam agora um berço e manter o sorriso para responder ebrinquedos de criança… Grande mudança acolher as perguntas de quem passar. Umatambém numa outra antiga grande casa de imensa sabedoria popular ligada à grandefamília, por lá se instalou agora um centro dureza de quem trabalhou toda a vida.religioso Batuira, com tão cuidado jardim O nosso Concelho é um mundo a desco-e roseiral que mais parece um hino de brir, pequenas e grandes viagens a fazeramor à Mãe-Natureza. aqui tão perto, para dentro da História eUma referência ainda ao género musical também, por que não, para dentro de cadado fado, de muita tradição em Algés de um de nós.Cima, a lembrar a origem muçulmanada sua génese, a par das jazidas de cal nos Luisa Manaças (Texto)milenares tempos em que o Tejo era mais Ondina Pires (Fotos)largo e as ribeiras desaguavam fortes des-cendo também por estes terrenos inclina-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 25

CENTENÁRIOOs nossos centenários boa disposição e simpatia. Du- rante várias décadas trabalhou,OSr. Salvador Felício dos Santos, igualmente como eletricista, na atingiu, no passado dia 26 de Agos- sua zona de residência,tendo-se to, a bonita idade de 100 anos. Ten- tornado muito conhecido pelasdo nascido na Alapraia, S.João do Estoril, suas qualidades profissionais edesde muito pequeno acompanhou os pessoais.seus pais para o alentejo, em várias locali- O seu trato, a sua maneira dedades, onde o seu pai se deslocava a traba- ser, a sua educação, o seu res-lhar como funileiro. peito pelos outros fizeram doQuando tinha somente 10 anos a sua famí- Sr. Salvador uma pessoa po-lia foi atingida por uma grande tragédia, pular, respeitada e consideradatendo os seus pais, Gregório dos Santos e por todos que com ele tiveram,Joaquina Felícia, falecido. Foi então o jo- e têm, oportunidade de consigovem Salvador acolhido por uns privar.tios que moravam na Parede. Mas O jornal A Voz de Paço de Ar-por pouco tempo, já que, passado cos, dá os parabéns por este acontecimen-algum tempo foi internado no to ao Sr. Salvador, e deseja muita saúdeColégio Casa Maria Pia ( hoje para si e para a sua família.integrado na Casa Pia de Lisboa)em Xabregas, onde permanece José Marreiroaté aos 18 anos. Segue-se o servi-ço militar, onde entra como vo-luntário.Uma vez cumprido aquele servi-ço cívico inicia uma carreira pro-fissional, como eletricista tendotrabalhado nas fábricas de bate-rias Tudor e Autosil, e nas ofici-nas da Soc. Com. Guérin.Aos 24 anos casa e vem viver paraLaveiras, onde ainda vive, e viverá espera-mos mais uns anos, com a filha e o genro,tendo a neta emigrado para o estrangeiro,em boa harmonia que ajuda a manter uma26 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

NATUREZAChoupo indústria do desenrolamen- to, destinada ao fabrico deFoi muito contestado embalagens. Estes choupos nas redes sociais e na foram utilizados em par- imprensa escrita, o ques, jardins e arruamentos,corte de um choupo em para fins diferentes daque-Caxias e de vários euca- les para que foram criados.liptos de grande porte no São árvores de crescimentoJardim de Oeiras, perto da muito rápido, por isso comzona destinada a piqueni- menos células por unidadeques, com o fim de se fazer de volume, espaços que se-uma zona para treino e rão substituídos por água.passeio de cães. Esse facto origina, que aoÉ sempre criticável o abate fim de três ou quatro déca-de árvores, sobretudo as de das, comecem a apodrecer egrande porte. São seres vi- constituem perigo para as pessoas que sevos, que demoraram déca- deslocam perto deles. É o caso do choupodas a atingir as dimensões que possuem e de Caxias. Além do mais, com a sua utili-que, de um momento para o outro, deixam zação em espaços públicos, corre-se o riscode nos encantar com o seu porte e a sua de plantar, por ignorância, clones femini-beleza. E se os motivos forem fúteis, ainda nos, que na Primavera largam aquele al-mais criticável será esse acto. godão portador de sementes, que polui asJá elogiei em números anteriores, a forma nossas ruas e os nossos pulmões. Já no caso da substituição, no Jardim decomo as árvores e os jardins são carinhosa- Oeiras, de árvores com muitas décadas demente cuidados neste Concelho. É exem- existência, uma beleza que os moradoresplo disso a criação do Parque dos Poetas, locais e os transeuntes se tinham habitua-a Praça Parque das Cidades e o Jardim das do a usufruir, por um parque para cães,Perdizes, já feito nesta legislatura, só para sabendo-se a existência de tantos outroscitar três exemplos, entre muitos outros. locais em que não teria sido necessário oEstou, pois à vontade para poder falar abate de árvores para esse fim, é de factodeste assunto. Na década de cinquenta do lamentável.século passado, foram importadas váriasvariedades de clones de choupos híbridos, José Serrão de Faria.desenvolvidos sobretudo em Itália, para a Eng.º Tecno. agrário.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 27

URBANISMOQue Modelo de Desenvolvimento Urbano parao Centro Histórico de Paço de Arcos? Sim, ouNão à proliferação de Esplanadas?As obras realizadas recentemente Histórico, em locais no Centro Histórico de Paço de Ar- sem qualquer vocação cos são o exemplo acabado do que para tal, agravando de uma forma muitonão deveria ter acontecido. Falta de orga- sensível e notória a problemática da Aces-nização, coordenação e controlo. Mas, so- sibilidade, da Mobilidade e do Estacio-bretudo, falta de informação e de comu- namento neste território.nicação, ao arrepio da melhor tradição do É o caso da construção da esplanada naConcelho de Oeiras nesta matéria, e em Tv. Caetano Félix, para a qual não se vis-manifesto contraste com as obras realiza- lumbra sequer o racional que possa fun-das há cerca de 15 anos, em que os Mora- damentar a sua concretização, numa viadores e os Comerciantes foram envolvidos já de si muito estreita, entalando-a entredesde o início do processo, o qual foi a to- as fachadas de dois edifícios contíguos, osdos os títulos exemplar. quais distam poucos metros entre si, comA situação agora criada levou, inclusive, Moradores a residirem a escassíssimosa que os Moradores e os Comerciantes metros desta plataforma, sujeitando osse tivessem sentido obrigados a contactar seus futuros clientes aos gases de escapepor sua iniciativa quer com a Administra- das viaturas que passam a poucos cen-ção da Parques Tejo, quer com o Coman- tímetros, comprometendo, simultanea-do da PSP de Oeiras, entre muitos outros mente, a respetiva Segurança, tornando-a,stakeholders, no sentido de se conseguir por isso, comercialmente desinteressante.um modus vivendi satisfatório para todas Já para não mencionar os impedimentosas partes durante o período de duração que cria à mobilidade de pessoas da 3ªdas obras, as quais se prolongaram por 3 idade e de jovens mães com carrinhos demeses. O que foi plenamente conseguido. bebé, uma vez que o passeio adjacente éNote-se que ninguém contesta a necessi- muito estreito, obrigando-os a contornardade das obras. Só o modus operandi dos pela estrada o obstáculo assim criado,serviços técnicos da CMO, em total des- por onde circulam viaturas automóveis,respeito pelos habitantes do Centro His- comprometendo-se, mais uma vez, a Se-tórico. gurança de pessoas, para além de colocarPorém, e quando todos julgávamos que entraves à atuação dos bombeiros em casoo pior tinha sido ultrapassado, eis senão de emergência e de destruir 2/3 espaços dequando os serviços técnicos da CMO, estacionamento, os quais, como é sabido,mais uma vez à revelia de tudo e de todos, são um bem muito escasso no Centro His-nomeadamente da União das Juntas de tórico de Paço de Arcos. SimultaneamenteFreguesia, a qual no nosso quadro jurídi- desvaloriza o imobiliário contíguo, comoco-constitucional representa os interesses é fácil de perceber.dos Fregueses, e sem qualquer consulta Mais grave ainda é o precedente que aprévia a quem quer que fosse, optou por construção da esplanada na Tv. Caetanofazer proliferar esplanadas pelo Centro Félix comporta, dado o inusitado da sua28 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

localização. Com efeito, doravante todo e niência, em que que os clientes entramqualquer restaurante tem o direito de re- e saem, e onde não permanecem, a qualclamar para seu uso uma esplanada, o que tem muito pouco movimento que o justi-comprometerá definitivamente a Acessi- fique, tenha sido atribuída uma esplanadabilidade, a Mobilidade e o Estacionamen- que subtraiu 2 estacionamentos ao Centroto numa zona já de si caótica. Histórico de Paço de Arcos? RespondaE sabe-se como é difícil de gerir o Prece- quem souber.dente na coisa pública. Como sabem to- - Porém, a questão de fundo subjacentedos aqueles que já exerceram funções em a toda esta problemática vai muito paraempresas públicas, como é o caso do autor além da mera construção das esplanadasdestas linhas. e tem a ver fundamentalmente com o Mo-Aliás, os quatro arquitetos que a convi- delo de Desenvolvimento Urbano que sete dos Moradores e dos Comerciantes se pretende impor, à revelia de tudo e de to-pronunciaram relativamente a esta opção dos, pelos técnicos da CMO aos habitan-são unânimes na sua condenação, pelas tes do Centro Histórico.profundas implicações negativas que tal Com efeito, se, porventura, o acesso dosacarreta para o conjunto deste espaço ur- clientes aos restaurantes ficar comprome-bano. Para além disso, pergunta-se como é tido, ou for de alguma forma dificultado,que é possível que um bem que é público, estes optarão por outros locais, tanto maisneste caso a Tv. Caetano Félix, tenha sido que a oferta gastronómica na Linha do Es-posta à disposição de interesses privados, toril é hoje muito ampla e variada, o quepor mais legítimos que estes possam ser, conduzirá ao seu inevitável encerramento,em detrimento do interesse público, no- ao que se seguirá o encerramento das lo-meadamente dos moradores desta rua, jas, as quais dependem em larga medidasem que estes tenham sido sequer consul- dos clientes que se deslocam aos restau-tados, quer pela CMO, ou pelo promotor rantes.da iniciativa, como era exigível, dada a ex- E o inelutável encerramento dos restau-cecionalidade e o impacto previsível desta rantes e das lojas traduzir-se-á no pro-opção no seu dia-a-dia? gressivo despovoamento do Centro His-O mesmo se aplica à esplanada de serven- tórico de Paço de Arcos, no aumento datia à Loja Gourmet, junto ao Restaurante marginalidade e da criminalidade, no“Carula”, construída também durante as consequente aumento da insegurança deobras que tiveram lugar recentemente pessoas e bens, bem como na degradaçãono Centro Histórico. Pergunta-se como é física deste espaço urbano a muito breveque é possível que a uma Loja de Conve- prazo. Estas dinâmicas são conhecidas eJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 29

URBANISMOestão devidamente estudadas. seja excluído, como tem vindo a aconte-É, por isso, que a visita, no passado dia 15 cer.de Setembro, ao Centro Histórico de Paço Porque é público e notório que a dina-de Arcos, do Senhor Presidente da CMO, mização que se pretende para o CentroDr. Paulo Vistas, foi um marco importan- Histórico de Paço de Arcos não passa porte, porque não só lhe permitiu auscultar dificultar o acesso a este território, sejade viva voz os Moradores e os Comercian- sob que forma for, mas por outras formas,tes, mas também porque foi possível che- para o que aqui se deixam algumas ideiasgar a um Acordo de Compromisso em 4 para que outros possam também trazer aspontos: suas e fazer-se o debate que é necessário e urgente: • Criação de um Auto-Silo que possa ser- vir os Moradores, Comerciante e Clien- • Criação no previsto “Auditório José de tes do Centro Histórico de Paço de Arcos, Castro” de uma Zona Museológica onde sem prejuízo de outros que a Parque Tejo possa ser criada, por exemplo, uma exten- venha a entender, tirando partido do que são do Museu do Automóvel*. Seria uma esteve para ser a Estação de Camionagem forma de potenciar não só o Museu Au- da Vimeca; tomóvel, praticamente votado ao esque- • Manter todo o Centro Histórico de Paço cimento, mas também o próprio Centro de Arcos aberto à circulação automóvel, Histórico; mormente a Rua Costa Pinto em toda a sua • Criação no “Auditório José de Castro” de extensão; um pequeno Posto de Turismo suscetível • Promover a colocação de esplanadas so- de informar os visitantes sobre as poten- mente nos locais que não comprometam cialidades do Concelho de Oeiras em geral de nenhuma forma a Acessibilidade, Mo- e do Centro Histórico em particular; bilidade e o Estacionamento no Centro • Promover a ligação através de TUK-TUK Histórico de Paço de Arcos; elétrico * do Auto-Silo aos restaurantes do • Manter em vigor até à entrada em fun- Centro Histórico; cionamento do Auto-Silo, o que se estima • Criar um Programa Anual de Animação possa ocorrer até Março do próximo ano, o que passaria a integrar, entre outras inicia- Acordo de Cavalheiros estabelecido pelos tivas, a “Feira Gastronómica”, se possível Moradores e Comerciantes com a Empre- estendida a toda a Rua Costa Pinto, a qual sa Municipal Parques Tejo e a PSP, sob o poderia passar a ter uma periodicidade se- beneplácito da União das Juntas de Fre- mestral. guesia. *Museu Automóvel – Ideia proposta peloEspera-se, assim, que a polémica surgida do Senhor Piló (Proprietário do Restau-com as obras realizadas de uma forma rante Astrolábio)inopinada no Centro Histórico de Paço de *TUK-TUK – Ideia proposta pelo Eng. Mi-Arcos possa ajudar a colocar os problemas guel Dias (Comerciante)deste espaço urbano na agenda da autar-quia, mas também possa contribuir para Eduardo de Almeida Faria – Gestor/Autorum amplo debate público relativo ao Mo- de Obras e Estudos sobre o Imobiliário e odelo de Desenvolvimento Urbano que sepretende para este território, em que todos Urbanismopossam ter uma palavra a dizer e ninguém30 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

CARTAS DO LEITORAlgés sim, Algés não para o lado de lá do Caminhos de Ferro: ou se passa mesmo na estação de AlgésAlgés é uma das princi- ou teremos de ir quase à estação da Cruz pais entradas no Muni- Quebrada para acedermos ao outro lado. cípio de Oeiras o que lhe Já foi sugerido por várias pessoas que sedá uma certa importância, mas fizesse uma passagem por baixo da linhaesta entrada continua muito a meio deste percurso mas não tem tidoabandonada e quem aqui chega aceitação por parte das entidades envol-tem dificuldade em se orientar vidas.para escolher o transporte que Estas terras de beira-mar espraiaram-sea poderá levar a outras terras de terras adentro e estão todas envolvidasOeiras. em prédios imponentes que constituemJá foi sugerido, há anos, que este Miraflores.grande largo tivesse um painel Há muito mais a dizer de Algés: o seu co-de boas vindas com um mapa dividido mércio de proximidade, os seus clubespor cores conforme as freguesias e as desportivos e o seu Sport Algés e Dafun-várias carreiras de transportes que ain- do com mais de cem anos de existênciada vão existindo. Já existiu um posto da sempre a formar campeões. VoltareiCarris mas agora só há umas bilheteiras noutra ocasião a esta terra onde vivo.de outras carreiras com horários reduzi-dos e uma papelaria onde se pode com- Maria Clotilde Moreiraprar o passe. Temos o comboio mas atéeste transporte não está bem assinalado.Esta área tem sido visitada pelo Presi-dente da CMO e estão em curso algumas“obras” como o acerto do relógio da torresinaleira.Esta terra possui uma zona de jardimmuito apelativa mas um senão é a faltade estacionamento relativamente pertopois hoje ninguém abdica de ter o carroali perto o que existe não chega para aprocura em muitos dias.Até à Cruz-Quebrada a estrada Margi-nal – Avenida Ivens não tem passagemJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 31

NOTAS SOLTASNota nº. 1 ter sido trans- formada na Ca-No ano de 1784 encontramos documentos pela anexa aoque atestam reparações no Mirante, nos Paço, tal qualquais constam a aplicação de vidros e res- hoje a conhece-tauro da pintura. mos.Estas obras indiciam, pois, uma degrada-ção ao longo dos cerca de sete anos após Nota Nº 4a sua construção a qual deixou inevitáveismarcas, não só devido às condições clima- É curioso apon-téricas mas também à localização geográ- tar que em 1789fica do Mirante no alto da Pena. há um docu-N.B. O Mirante ficava no alto do forte, mento ondeonde está o sinal. um pintor cha-Desaparecido há muito servia para a famí- mado Manuel Gonçalves faz trabalhoslia real observar os movimentos de navios de pinturas em tectos, paredes e caixilhosna barra do Tejo. dourados no Palácio de Belém. Isto vai ser importante porque mais tarde vamos en-Nota nº. 2 contrar este pintor a ser pago para pintar as telas da parede e os caixilhos douradosNo período posterior à morte de D. Pedro da sala de jantar do Paço.III e do Arquitecto Mateus Vicente de Oli-veira, ambos morrem em 1786, as obras na Nota Nº. 5Cascata, na Quinta Real de Caxias e nojardim continuaram. Essas obras trataram A Quinta continuava a produzir normal-basicamente dos acabamentos no Jardim mente os bens agrícolas, flores e legumes ee na Cascata e o início da construção do também laranjas. Para além disso, encon-Paço ( em Setembro de 1785). tramos notícias nos diversos anos, de me-Também encontramos documentos que rendas e jantares entre 1778 e 1790 feitos naconfirmam a continuação das obras na Quinta o que deixa antever já uma situa-Cascata em especialmente das pinturas. ção de aproveitamento da mesma comoSe estamos a falar de pinturas estamos a sítio para ser desfrutado. Realçar ausênciafalar de acabamentos o que permite apon- destes eventos antes de 1777, data em quetar os anos de 1784/1785, como datas prová- D. Pedro III iniciou as obras da modifica-veis para a construção da Cascata. ção da Quinta e construção da Cascata. Há notícias de festas e divertimentos queNota nº. 3 aconteceram na Quinta Real de Caxias assim como das ementas, numa delas emEm 1785, como já referimos anteriormen- 18 de maio de 1789 constava 18 presuntoste, iniciou-se a construção do Paço, e em Montaxe, 80 frascos de azeite e doce de1788, três anos depois, já verificamos que França, um jantar em abril de 1788 comexistem despesas para a compra de vinho o Bispo de Tessalónica no valor de 27 534para a Capela. Quer isto dizer que a ermi- reis, outro jantar a 15 de abril de 1789 no va-da referida no testamento de D. Pedro III lor de 117 140 reis. Foram pagos 12 800 reaisem 1783 como existindo na área da Quinta a 10 pescadores da zona de Caxias paracom o acesso pela mesma entrada, já devia levar os convidados a uma pescaria no32 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Tejo em 1798. Por meracuriosidade um traba-lhador na altura ganhavamensalmente em média3 880 reis.Nota Nº. 6 dos que trabalhavam para a Casa Real no século XVIII, há, no entanto, duas referên-Durante algum te4mpo cias que podem contribuir para um me-a Quinta Real de Caxias lhor conhecimento deste pintor.esteve sob a alçada do Em junho de 1789 um pintor chamadoAdministrador Luís Si- Manuel Gonçalves trabalhou no Paço damões Ressurgido que Quinta de Baixo. Em 1792 trabalhou duran-era simultaneamente ad- te todo o ano um pintor chamado Manuelministrador em Queluz. Gonçalves no Paço Real de Belém .D. João VI, em 1795 no- Por amável indicação do Sr. Prof. Vitormeia um Administrador Serrão, que agradeço, um pintor chamadoInspector para as Quintas da Bemposta, Manuel Gonçalves Vital, em outubro deCaxias e Queluz e a escolha recaiu em Ale- 1758, pintava a casa da fazenda do Hospitalxandre Rodrigues Ferreira, que chegou Real de Todos os Santos.em 1793 do Brasil onde fez uma missão a Talvez nestas duas hipóteses resida a iden-pedido de D. Maria I - a qual se chamou tificação do pintor das telas de Caxias.Viagem Filosófica. Prof. Carlos BelotoA partir de 1795, pela análise das contas edos Inventários que Alexandre RodriguesFerreira elaborou, é claro que se caminharapidamente para a conclusão do edifíciodo Paço Real de Caxias. A aquisição do mo-biliário, a pintura das telas quer do quartoquer da sala, a compra de baixela de cobre,dos instrumentos de cozinha, de cortina-dos deixam perceber que estaria perto dainauguração do Paço Real de Caxias.1) O pintor Manuel Gonçalves não faz par-te dos pintores decorativos mais conheciJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 33

ESPAÇOSPastelaria Oceania, 64 anos a adoçar as nossas vidasInaugurada em 3 de Maio de 1952 pelos Isabel Neves recorda “serviamos os lan- irmãos Mário, Serafim e Albano Neves, ches quando havia eventos importantes no com o apoio das suas irmãs Maria, Júlia Concelho, entre eles um lanche oferecidoe Isabel Neves, a Oceania continua a ser a no Forte das Maias à Princesa Margaridamais famosa Pastelaria de Paço de Arcos. de Inglaterra”. “Aqui os clientes são con-Orfãos de pai muito cedo, foram chegan- siderados como família, alguns já vêm dedo a Lisboa à medida que completavam a várias gerações”.instrução primária. Oriundos de uma al- Nos anos 60 ficaram famosos os “bifes àdeia isolada, de clima agreste e condições Oceania”. Também famosos desde o iníciode vida difíceis “os palmiros” (eram assim e imagem de marca são os “sticks” criadoscarinhosamente conhecidos por serem para homenagear os grandes campeões defilhos da excepcional tia Palmira) foram hóquei em patins da terra (Emídio Pinto,aprendendo o ofício numa das mais co- Jesus Correia e Correia dos Santos). Nosnhecidas pastelarias da capital. anos 70 começam a fabricar o folar brigan-A qualidade dos seus produtos e do servi- tino. Os anos foram passando e alguns dosço depressa conquistou uma clientela sóli- irmãos foram saindo do negócio. Assimda e variada. Era a Pastelaria de referência: nos anos 80 ficaram os sócios Serafim, Má- rio e Isabel. Mais tarde entram para a sociedade José António Castro e o pasteleiro David Ba- lão que trabalham na casa há 46 e 26 anos respectivamente e que gerem actualmente a Pastelaria após Isabel Neves se ter refor- mado em 2015, embora continue como sócia. A tradição e a qualidade conti- nuam a ser os pontos de honra desta casa. Aqui fabrica-se tudo de A a Z : da pastelaria tradicio- nal a todas as iguarias de Natal passando pelos saborosos pãe- zinhos. Delícias da casa, delícias34 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Oceania, telhas, trouxas de ovos são algu- A Oceania está aberta diariamente entremas das principais referências. as 7h30 e as 20h00. Fazemos votos que con-A reabilitação do Centro Histórico de Paço tinue a adoçar-nos a boca por muitos anosde Arcos possibilitou a criação duma es- com a mesma qualidade e simpatia.planada que será inaugurada brevemente. Helena ReisManloc - Oficina Automóvel e MotoEduardo Manuel Salavissa Martins, situação de empresário, começou com o profissionalmente conhecido por ingresso no Colégio Planalto, onde faz o Eduardo Martins, nasceu em Lisboa, décimo segundo ano, após o que cursamas desde muito pequenoque reside em Caxias, terra Engenharia Mecânica, node residência de seus pais e Instituto Politécnico deavós, famílias bastante co- Setúbal.nhecidas, e muito conside- Obtida a licenciatura en-radas por quem com eles tra na vida profissional,se relacionavam, ou ainda começando como enge-se relaciona, no caso do pai nheiro na Sorefame, ondee da mãe, já que os avós já participa na construçãonão estão entre nós. das carruagens para oO seu pai, também Eduar- Alfa Pendular. Passa, ain-do Martins, foi empresário, da, pelas OGMA, mas nãoestá reformado, e atual- fica agradado com a ex-mente, como pai e avó, é periência, e decide iniciarà família que dedica o seu um projeto próprio.tempo e preocupações. A Assim, em 2004, cria o seusua mãe, Alda Salavissa, primeiro estabelecimentofoi representante em Portugal, duma mul- de oficina de reparaçãotinacional da área da moda, está, também, automóvel, na garagem e jardim da suaa usufruir da merecida reforma, para além própria casa, onde cria 3 postos de traba-do apoio à família. lho, e se mantém durante 11 anos.A preparação, que o trouxe à sua atual As exíguas instalações, as dificuldades de parqueamento com inerente incómodoJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 35

ESPAÇOSda vizinhança, e o aumento constante de tegrado no conjunto em que está inserido,clientes, e volume de trabalho, levam o com pequenas vivendas, Convento da Car-nosso jovem Engenheiro e empresário a tuxa e um prédio de habitação, já bastantedecidir procurar instalações com melhores antigo, com que confina.condições para poder continuar a desen- Por fim, em Março de 2015, aconteceu, fi-volver o seu negócio. Assim, começa uma nalmente, a inauguração, foi um momentoaventura que só termina à sexta tentativa. de júbilo. Estava concretizado o grande so-As anteriores tentativas, cinco, ficaram nho do empreendedor Eduardo Martins,pelo caminho por não satisfazerem os cri- novas e adequadas condições para desen-térios dos respetivos serviços camarários. volver as suas capacidades de realização.As exigências eram tais que obrigavam a Como grande novidade foi criada a seçãoque o caminho a tomar fosse a desistência. de reparação de motos e pneus.Por fim surge a grande oportunidade, ad-quirir as atuais instalações. Aos já fidelizadosTratava-se de uma antiga unidade indus- clientes juntaram-trial, há muito desativada, e que em tempos se muitos novos,fora uma oficina de trabalhos em pedra, e o que fez aumen-posteriormente fábrica de produtos de be- tar o volume deleza das firmas Henry Colomer, primeiro, trabalho, e con-e Rui Romano, depois. Foi possível chegar sequentemente oa acordo com esta última firma, proprietá- número de postosria do imóvel, e obter as necessárias apro- de trabalho, quevações da CMO, após muitas negociações duplicaram, pas-e perante os estudos de viabilidade econó- saram de três amica e financeira, e a elaboração do proje- seis, e transmiteto de arquitetura de adaptação do edifício confiança para en-às suas novas funções. carar o presente eExecutada a obra, surge um edifício mo- acreditar que, apesar de todas as crises quederno, funcional e de qualidade respei- afetam a economia, e o ramo, o futuro serátando, no possível e recomendável, a traça risonho e que com muito trabalho, certa-original que o mantém perfeitamente in- mente, continuará a crescer e a aumentar o número de postos de trabalho. Os ingredientes para o sucesso estão lá, só é necessário que fatores externos não ve- nham perturbar e provocar dificuldades não previsíveis. Caxias está mais rica, são exemplos destes que precisa para fortalecer o seu tecido económico e proporcionar melhores con- dições de vida a quem cá vive ou cá traba- lhe. Que outros lhe sigam o exemplo. Ficamos à espera de o poder anunciar. Parabéns Eduardo. José Marreiro36 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

VELHICE A E A SUA DIGNIDADEA verdade nunca menteOs incêndiosPenso que ninguém ficou indife- nunciam com a rente, e até com o coração a “san- boca cheia, mas grar”, com as imagens dos incên- de imediato adios, que lavraram nos vários distritos esvaziam quedo nosso País, ao longo deste verão. é a “PREVEN-Gostaria em primeiro lugar, enviar a ÇÃO”.nossa solidariedade para tão grande Sendo Portugalcalamidade. detentor de umNão podemos assobiar para o lado, rico patrimónioperante a destruição da nossa flora e natural, que nos últimos anos tem sidofauna, e que se não forem tomadas me- devastado por incêndios, a proteçãodidas mais adequadas, Portugal, poder- das mesmas são feitas por guardas flo-se-á transformar num deserto. restais e os vigilantes da natureza. Fi-Observamos a audácia dos corajosos quei impressionado, quando soube quebombeiros com ajuda dos populares, para todo o país existiam pouco maisno “salvamento”, das populações inde- de meia centena de guardas e centena efesas, perante o risco de vida e de perda meia de vigilantes. O valor que se gastado fruto do seu trabalho e das poupan- para dominar os incêndios, dava e so-ças ao longo de anos de sacrifício, que brava, para investir nessas nobres cate-desesperadamente vêm esfumar num gorias profissionais.ápice. O que se passou na Madeira, foi hor-De fato esta situação “revolta”, ao veri- -ripilante. Quatro mortes e mais deficarmos a impotência na gestão gover- mil deslocados. Houve de imediatonamental e outras, que as populações um aproveitamento político à custa doconfiam para o seu bem-estar social. sofrimento da população. Será que osOuvindo e vendo os noticiários televi- governantes vão cumprir com o prome-sivos, esse trágico flagelo, que nos tem tido?. Estamos cá para ver.assolado, os depoimentos dos coman- Haveria muito mais para dizer. O quedantes dos bombeiros, dos engenhei- não foi dito, cada um de nós poderáros florestais e outros especialistas, têm complementar com a sua consciência.revelado estudos desde o 25 de abril Felizmente nem tudo é mau. Gostariade 1974, e que os relatórios passa pelos de enaltecer o trabalho dos Soldadosgabinetes dos decisores políticos e os da Paz, do nosso concelho de Oeiras,mesmos parecem ficar encalhados nas pela forma abnegada como tem desen-gavetas. Perante tal situação, quais são volvido o seu trabalho, para descansoos obstáculos? e conforto das suas populações. MuitoProvavelmente não será só de razão fi- Obrigado.nanceira, mas também de falta de von- Luís Álvarestade do poder político. Nestas alturas,existe uma palavra gasta, que todos pro-Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 37

CRÓNICAS por Silvino ValenteDois mundos num só mundoFruto do acompanhamento frequen- vel, durante tempo te a um familiar que tanto prezo, sem fim, de forma passo muitas manhãs na sala de es- a que os presentespera de um hospital da área de Lisboa. ficassem conhece-Da última vez aproveitei as horas que dores dos proble-aguardei pelo atendimento para, com mas íntimos domais minúcia, refletir no desenrolar dos amplo leque dosacontecimentos díspares passados na- seus amigos.quele exíguo espaço. Em contrapartida,Por um lado, com amargura, vi… Surgir durante igual pe-um senhor de meia-idade, com postura ríodo de espera, com que satisfação medébil, que estendendo a mão aos presen- deparei com…. A chegada de uma jovemtes, em cordial cumprimento, expressou risonha que acompanhava, certamente, aos desejos de melhoras para de seguida, avó numa cadeira de rodas e a mimoseavarealizando uma segunda volta, pedir uma com atenções e carinhos.moeda para suprir as suas carências fi- Uma mãe que vendo uma doente apoiadananceiras. nas canadianas mandou, prontamente, oA chegada de um técnico, sem ferra- filho levantar-se para lhe dar o lugar.mentas, com o intuito de reparar o indis- A funcionária, simpática, que no balcãopensável quadro elétrico indicativo das de atendimento resolvia os problemas dechamadas para as consultas, tarefa que, forma simples e eficiente.malgrado, só ficou concluída ao início da A enfermeira que, de braço dado, enca-tarde, depois da passagem de vários fun- minhava um paciente para a sala de tra-cionários pelo local. tamentos. A auxiliar que ensinava a uti-A entrada de um recluso acompanhado lizar a máquina automática das garrafaspelos guardas prisionais que ficou expos- de água e sumos. As voluntárias que, deto, no meio da sala, aos olhares curiosos forma gratuita, serviam aos utentes café,dos doentes e acompanhantes. A passa- leite, chá e biscoitos. A senhora sentadagem com azedume e a desoras, de uma num canto da sala que, de forma discreta,empregada conduzindo um carro, de rezava o terço. Por último, a ação da exce-avultadas dimensões, para proceder à cional equipa de médicos que desde sem-limpeza das casas de banho. A aproxima- pre nos tem acompanhado.ção de uma idosa, sem acompanhante, al- De regresso a casa, naquela tarde soalhei-quebrada pelas vicissitudes da vida, que ra, para o almoço em horas já bem pertoa todos pedia indicações, sem nexo, não do lanche, tive o sentimento que o am-obtendo quaisquer respostas. Duas uten- biente vivido no hospital refletia, profun-tes que certamente há muito não se viam damente, a nossa própria vida.utilizando o espaço como área de conví- Deus criou-nos livres para que as opçõesvio, aproveitavam a oportunidade para, de comportamento fossem por nós esco-em voz bem alta, atualizarem a história lhidas. E eu? E vós? A que mundo quere-das suas vidas. mos pertencer destes dois mundos?Por fim, um adolescente falou ao telemó- Silvino Valente38 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO CONCELHO DE OEIRASALMEIDA, Padre Teodoro de – Esta casa, dedicando-se ao apostolado e à escri- personalidade histórica deixou o ta dos volumes V e VI da já citada Recrea- seu nome mais ligado ao Conde ção Filosófica.de Oeiras, do que, propriamente, à vila do Em 1786, tem de trocar a cidade invictamesmo nome, no entanto, tratamos aqui a pela Galiza, para continuar a fugir à per-sua biografia, para que se possa aquilatar seguição que Sebastião José lhe continua adas diversas facetas da personalidade do mover, o qual ordenou a sua prisão e ime-Marquês de Pombal. diato regresso a Lisboa, com a ridícula acu-Padre da Congregação do Oratório de Lis- sação de que se encontrava louco.boa, nasceu nesta mesma cidade a 7 de Ja- Devido à fuga precipitada, Teodoro de Al-neiro de 1722. Deixou o seu nome ligado à meida não levava consigo os seus papéisintrodução da ciência experimental e ao de identidade, pelo que foi alvo da severi-espírito do século XVIII em Portugal. dade do bispo de Tui, tendo por isso queEntrou na citada congregação com treze recorrer à caridade. Nesta adversidade, osanos, onde estudou Humanidades, Geo- amigos pediam-lhe que se refugiasse nagrafia e Física, tendo nesta última discipli- Holanda, o que fez a partir de Vigo, a 26 dena como professor, o padre João Baptista Novembro de 1768, onde embarcou parade Castro, a primeira pessoa a ensinar Fí- San Sebastian.sica Experimental no nosso país. Acompanhado pelas autoridades espa-Com vinte e quatro anos, foi nomeado nholas à fronteira, o padre Teodoro desubstituto na cadeira de Filosofia na sua Azevedo alugou um quarto em Baionacongregação, onde cinco anos mais tarde (França), onde veio a abrir um Curso deera já efectivo, tendo publicado neste pe- Filosofia. Foi por esta altura que lhe veioríodo o primeiro tomo da Recreação Fi-losófica. A sua ascensão fulgurante nomagistério e no púlpito, trouxeram-lhe osprimeiros problemas com o Marquês dePombal, de que foram também vítimas osfrades oratorianos João Baptista, João Che-valier e Clemente Alexandrino.Iniciou, então, o padre Teodoro de Almei-da, uma fuga que durou toda a sua vida,para escapar à perseguição implacáveldo Conde de Oeiras. Foi, primeiro, parao Porto, onde a congregação possuía umaJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 39

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO CONCELHO DE OEIRASa ideia de escrever a sua obra. O Feliz In- Chega a Madrid esgotadíssimo, facto quedependente do Mundo e da Fortuna, ou o obriga a restabelecer-se aí durante umArte de Viver Contente em Quaisquer mês, entrando por isso em Lisboa, somen-Trabalhos da Vida, a que dedicaria uma te a 13 de Março do ano seguinte, após de-dúzia de anos, e onde tomaria como prin- zassete anos de exílio político.cipal objectivo a moralização, ao mesmo Entre as suas principais obras, para alémtempo que, procederia à miscelânea com da já referida, O Feliz Independente, citare-três componentes fundamentais, a ficção, mos, A Recreação Filosófica ou Diálogo sobrea História e, a divulgação científica. a Filosofia Natural para Instrução de PessoasO magistério de Teodoro de Almeida agra- Curiosas que não Frequentaram as Aulas (10dou de tal modo aos franceses que, come- tomos, publicados de 1715 a 1799), que foiçou a receber convites para leccionar em em Portugal o primeiro manual de Ciên-Auch e em Brest. No entanto, o Marquês cias Físico-Naturais, com o objectivo dede Pombal não desarmava da sua perse- vulgarização; Cartas Físico-Matemáticasguição, procurando expulsá-lo de França. de Teodoro a Eugénio (3 tomos), assinadosPor duas vezes, o governador de Baiona com o pseudónimo de Doroteo de Almei-recebeu ordens de Paris para o expulsar, da; Sermões, 1787, 3 t.; O Pastor Evangélico,porém, a amizade que entretanto gran- 1797, 4 t.; Meditações dos Atributos Divinos,jeara, fazia com que se refugiasse por uns 1796, 4 t.; o poema Lisboa Destruída, 1803;dias numa quinta, voltando depois ao de- para além de muitos outros trabalhos, al-sempenho das suas funções pedagógicas. guns manuscritos.Nesse intervalo de tempo, o próprio go-vernador de Baiona, já conquistado pelo José Lança-Coelhogrande coração de Teodoro de Almeida,comunicava o desaparecimento deste últi-mo às autoridades centrais de Paris.Cansado deste jogo do gato e do rato, Teo-doro de Almeida decide aceitar o convitepara exercer o magistério em Auch, ondeabre cursos de Física, Geometria e Geogra-fia, que duram até 1777, ano em que devi-do à morte do rei D. José I, e consequentequeda da autoridade política do Conde deOeiras, pode regressar a Portugal, retornoque inicia no último dia desse mesmo ano.40 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

ANIVERSÁRIOUnião de Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra,Paço de Arcos e Caxias comemorou o 3º aniversárioDecorreram no para que esses homena- passado dia 16 de geados recebessem de Outubro as co- forma legítima e distin-memorações do 3.º Ani- ta, os títulos propostos.versário da União de Fre- Os homenageados con-guesias de Oeiras e São tribuíram e contribuemJulião da Barra, Paço de para que nossa comuni-Arcos e Caxias Tiveram dade siga de mãos dadasinício com o Hastear das com os bons princípios eBandeiras junto ao Edifício Sede da União a vontade de construir uma vida melhor ede Freguesias, seguindo-se depois a sessão ainda como modelo de progresso e cidada-solene no Auditório da Assembleia Muni- nia. Os homenageados foram:cipal de Oeiras. Titulo Cidadania e SolidariedadeApós a intervenção do Senhor Presidente Maria Gabriela Tavares, José Norbertoda mesa de Assembleia da União de Fre- Machado, Associação de Familia Solidáriaguesias - Miguel Campos, deu-se inicio de Oeiras e Centro Nuno Belmar da Costaàs intervenções das forças politicas com Titulo: Arte e Culturaassento na Assembleia de Freguesia na Espaço e Memória – Associação Culturalseguinte ordem: Pelo CDS - Jorge Ribeiro de Oeiras,Mendonça; pelo BE - Nuno Vilhena; pela Titulo: EmpreendedorismoCDU - Rui Capão; pelo PS - António Mou- Maria do Rosário Almeidara; pelo PSD - Nuno Luís; Titulo Desportoe pelo OMAF - José Sousa Gomes. Clube Desportivo de Paço de Arcos – Sec-Usou também da palavra o Senhor Presi- ção De Pesca,dente da União de Freguesias José Eduar- Por bons serviços à comunidadedo Neno e terminou o ciclo de intervenções José Ezequiel e José Carlos de Oliveira.o Senhor Presidente da Câmara Municipal Conviver é uma atitude que precisa serde Oeiras, Dr. Paulo Vistas. muito bem administrada, em todos os âm-Nesta Cerimónia foram homenageados 5 bitos de nossa vida. Valorizar e reconhecercidadãos ilustres e 4 Instituições. As parti- o que temos de melhor é imprescindívelcipações sociais e as várias manifestações para que sejamos grandes seres humanos.de cidadania foram motivos suficientes Nota elaborada pela UNIOEIRASJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 41

CULTURA O BandoEm 1974, com o entusiasmo gerado pelo 25 de abril desse ano, Algés, como aliás aconteceu em todo o País, viveu uma grande eforia, e um movimento criativo e empreendedor que levou à criação de muitas cooperativas nos diversos sectores económicos. De entre elas destacamos a Cooperativa de Produção Artís- tica, Teatro e Animação O BANDO, que teve em João Brites e Jorge Barbosa, entre outros, figuras de destaque. O objeto primeiro de O BANDO era produzir teatro para crianças que os formasse para se tornarem adultos exigentes e participativos. No presente este grupo está instalado em Palmela, para onde se mudou em 2 000, e mantém os mesmos princípios no combate à uniformidade da representação, criando as mais diversas cenas, nos diferentes cenários possíveis. José MarreiroCompanhia de actoresUma companhia com mais de 10 os domingos | 11h anos de existência. No seu per- O ABC das 4 estações para crianças dos 3 curso contam-se várias produções meses aos 3 anos num espetáculo senso-teatrais, inúmeras horas de formação e a rial que estimula competências cognitivas,produção de eventos de significativa di- a imaginação, a linguagem e a expressãomensão, como o MITO - Mostra Interna- afetiva.cional de Teatro de Oeiras e POEIRAS da Criação: António Terra e Sandra José; En-Língua Portuguesa no Parque dos Poetas, cenação: António Terra; Interpretação:Oeiras. Fruto do seu trabalho, a CDA foi Sandra Joséjá agraciada com: Medalha Municipal de *Este tipo de espetáculos têm sido nomea-Mérito - Grau Prata - Câmara Municipal dos para vários prémios de entretenimentode Oeiras 2010 para famílias, nomeadamente, os PUMPKINProjecto Ampliarte - Prémio “Boas práticas AWARDS (Dra. Natacha Santos.)autárquicas” - Fundação Calouste Gul-benkian 2008. Atualmente, a CDA gere o Fred Martins, 12 nov | sáb | 21h30Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em Compositor de grandes sucessos, imorta-Algés. lizados por nomes como Ney Matogrosso, Maria Rita ou Zélia Duncan, é sem dúvi- Zum Zum Bararibê da um dos | Teatro grandes no- para be- mes dos ar- bés tistas da sua 16 out a 18 geração. dez, todos42 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Projeto assenta na concretização do concerto “Do- Madura, 15 mingo a cordas”. Todos os últimos domin- nov | terça gos de cada mês, pelas 17h00, no Teatro | das 15h às Municipal Amélia Rey Colaço. 16h30 Projeto de RaquelIntervenção Cultural e Artística onde as Marques,linguagens da Dança, Teatro, Cinema, Li- 3 dez | sáb |teratura, Música serão instrumentos de 21h30ação /experimentação, fruição e constru- Raquelção, com apresentações pontuais dos pro- Marques,cessos criativos à comunidade. cantora eDestinado a mulheres e homens maduros guitarrista,(+55 anos). acompanhada por Carlos Sério ao piano,Oxalá, 18 e 19 nov | Sex e Sáb | 21h30 interpretaram, neste concerto, repertórioPodia ser um espetáculo sobre a memó- brasileiro e português. Um encanto porria, mas é mais sobre a falta dela. Também todo o seu valor musical e poético.podia ser so- *Além de toda a programação a Compa-bre o amor, nhia de Actores promove formações pon-mas é algu- tuais, como é o caso do Clube de Teatrores sobre a Jovem (normalmente a decorrer ao longofalta dele. de todo o ano letivo), Oficinas de TeatroÉ um per- (lecionadas por atores convidados de re-curso pelos nome), Curso de Iniciação à Stand up Co-momentos medy, entre outros.marcantes desta pequena família de três, Em paralelo com esta função educativa, aatravessando tempos e espaços, mas sem Companhia de Actores tem também umasair do mesmo sítio. missão social, desenvolvendo e acompa-Produção: Joana Chandelier e Mara Guer- nhando projetos que envolvam na suareiro; Encenação: Pedro Luzindro; Inter- ação a comunidade onde pertence. Gran-pretação: Elisabete Pedreira, Joana Chan- de exemplo disso é o Projeto Madura (refe-delier, Mara Guerreiro rido anteriormente). Domingo a cordas apresenta Orquestra Nova de Guitarras, 27 nov | dom | 17h*A parceria com a Academia da GuitarraJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 43

CULTURAJosé de Castro de Paço de Arcos o imortalizou, assim como a rua com o seu nome e a fotobio- Embora não nos grafia da autoria do escritor Fernando Da- encontremos costa. Quando da inauguração da estátua– há 39 anos, altu- memória, este autarca afirmou, perante ra em que nos deixou, o povo que assistia, que iria tratar de en- não é razão para que contrar um espaço cultural , ao qual daria o trate por tu, como o nome de José de Castro. Acontece que já aliás nunca o fiz. passaram 39 anos da sua ausência e, depois Uma das razões des- deste autarca, mais nenhum teve por si a te facto é a enorme admiração e respeito que o José de Castroadmiração que sempre tive pelo grande e merece. Os seus colegas, os seus conterrâ-inesquecível actor que o José de Castro foi. neos e as novas gerações de actores que ou-Tenho sempre afirmado que o senhor para vem falar do seu talento, estão indignados.mim (e não só) foi o maior actor do século As promessas “falsas” do espaço culturalXX em Portugal. com o seu nome tem sido uma mentiraEste simpático e útil jornal que se chama constante. O local com projecto aprovado“Voz de Paço de Arcos” foi fundado por um seria (será) na descida da antiga estaçãogrande admirador seu que se chamou Joa- dos comboios, artéria que você descia e su-quim Coutinho. Este nosso amigo sempre bia quando vinha do teatro.lutou para que aqui a figura de José de Cas- Meu querido amigo, em 2017 os munícipestro nunca seja esquecida. Este periódico irão votar em novas eleições para a autar-está novamente a surgir das cinzas, com as quia. Será que desta vez a promessa do Au-dificuldades habituais da imprensa regio- ditório José de Castro será uma realidade?nal. Tem ao leme uma mulher de armas Normalmente no período de eleições osque se chama Maria Aguiar. É uma das intelectuais são muito “acarinhados” pelograndes admiradoras do seu talento como poder. Como seria extraordinária, numaactor e como figura humana. inauguração do espaço com o seu nome,José de Castro a presença dos seus colegas de teatro queNa sua ausência, o povo do Concelho de não esquecem e continuam a afirmar oOeiras elegeu, durante alguns anos, como enorme talento do José de Castro. Umpresidente da Câmara Municipal de Oei- abraço amigoras, uma figura polémica que se chamaIsaltino Morais. A este autarca se deve a Teatro Experimental de Cascais, João Vascoconcretização da estátua com que o povo44 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

Balada ao meu amor POESIA Definição evita confusãoDorme, dorme amor, paz à tua almaAí na montanha podes sossegar Freguês, pode ser sujeito de má nota,Nesse sítio lindo onde vais ter calma Autarca, pessoa do mundo camarárioSei que vais esperar-me até eu che- Trabalhas na ferrugem, és operário,gar… vives na mentira, fazes batota!Dorme amor, no meio das flores, Freguês, natural duma freguesia,Sonha com amor, Autarca, personagem perto do povo,Lembra-te de mim… O considerado velho, já foi novo. Quem nega DEUS , pratica heresia.Dorme amor, lembra o mar Amas a Realeza, és adepto daOuve o som desta dor Monarquia,Recados te vai levar O tirano, governa com fel no coração,Dorme bem, meu amor… O Democrata, respeita a maioria.Dorme, dorme amor, no meio d’es- Ateu, não tem amor pela religião,trelas Padre, exorta ao bem na homilia,Elas te encaminham pela estrada Político, deve ser leal à Nação.nova Júlio ViegasAconchegadinho aí, junto delasPensa na saudade que em mim se re- Como dói o tempo a passar lá fora,nova. O canto dos pássaros, o bulício mornoDorme amor, reza por mim do amanhecer…Entra no meu sonho pela madruga- Como dói a ausência de palavras,da Os abraços que não se fecham,Não sofras nesse jardim Entre desejos que morrem semTransporta-me paz, pra estar sosse- nascer…gada. Como dói todos os beijos não dados Esta vida por viver… Rosângela M.G.Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 45

POESIA Edgardo XavierA chegadaEstava na tua bocaera pele, a tua necessidadea terra quente e sedentaa tormenta,a foz do rio onde tudo era luz e nada,desespero.Arrasto a hora desvairadae a boca morde-me os teus beijos,palavras rudes, doces, cortadas.O corpo é profundidade, voz estranha,e, derramado, há sexono cais da maravilha.A seguir eu não existia.Sadomasa Montonaga Da ilustração Amarelo Era um monte, era uma ilha um falo ou heresia ? Estava nele quem subia quem de grande ia pelo desejar ao veneno. Marcado estava o vento vento com aromas de rio e o que havia era nada e tanto um quente hálito de Sol. Edgardo Xavier (crítico de arte A.I.C.A. Portugal.)46 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

O mê adufe Alexandra, recordando TchekhovMê cavalo diz que vai,mê cavalo assim me guia, Contemplei-a naquele dia de Verãovou tocar o mê adufe tal como Personagem renascidano rancho Penha Garcia. num romance:Mê cavalo assim me leva, Sorriste para a aceitação domê cavalo assim me guia, Amor, assim tão simplesmente tevou lá ver o mê amor entregavas confianteno rancho Penha Garcia. apenas na doçura dum beijo umSoa os cascos no compasso, apenasao subir Penha Garcia, breve e sem qualquer espécie demê cavalo troca o passo, complicação!mê cavalo assim me guia. Ahhhh! Não poder eu ser assim….Toco lá o mê adufe Jamais fui simples e nuncaque também me faz bailar, compreendi o Amor!vou lá ver o mê amor Apenas a paixão tumultuosae com ela vou casar. me arrastou para momentosToco adufe lá no baile de esplendor logo seguidos deacompanho as adufeiras, inquietação!no rancho Penha Garcia E… no entanto verifico agora tantosacompanho as cantadeiras. tipos de AmorVai o rancho pra Monsanto, Convivendo na paisagem íntimaVai o rancho pra Idanha. desnudando o EU aprisionado emmê cavalo troca o passo veias sangue e pele.mê adufe me acompanha Viverei ainda um dia um só dia maisMê cavalo pachorrento, aquecendo o meu corpo envelhecidosobe a serra sem parar, com a luz do SOL !levo adufe, pra sustento,mê sustento a bailar. Graça PatrãoVou até Penha Garciase o cavalo lá chegar,vou bailar com o mê amormê adufe vou tocar. Quilhosa BalsasJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 47

POESIA GANHA-SE o correr dos anosA vida é ganhar e perder A puberdade, já se sente, aí vem Ondas de um mar em nós agitadoGANHA-SE o primeiro choro Uma troca e aproximação no olharO abrir dos olhos, o peito da mãe Uma sedução, um desejo doutro alguémO estranho do espaço, do ar respirado Um beijo breve – namorada ouE um primeiro momento de vida namoradoNaquilo que mundo para nós tem Que faz adulto ser, que faz adulto ficarAinda não querido nem desejado Nos diálogos, na troca de sentimentos.Numa carícia que se repete sentida GANHA-SE um futuro em cada lua novaO começo, quem sabe, dum amanhã. Um sentido de aprumo e de orientaçãoGANHA-SE o pranto no sucesso Agora como pais, e avós, uma outraDo deslumbre de haver nascido visãoE como fonte límpida há um berço E um renovar dos tempos sempreCom beijos sôfregos e abraços incertoUm mágico som já destemido As engelhas, as cãs, na velhice a gratidãoQue ainda não tem poema nem verso De se ter percorrido o que já não estáNos perfumes carnais dos regaços por pertoNuma doçura sedutora mas não vã. Trazendo dentro do peito o apelo a cadaGANHA-SE o espaço em volta cançãoPara expandir, atingir a gatinhar Até ao dia final – quem sabe quando,Num sem fim de movimentos como ou onde.Que vão até ainda bem perto PERDE-SE tudo o que se ganhouO descobrir mais e alcançar O ar que nos sustentou, o tempo que nosEm vitórias, bons momentos devorouNum percurso ainda incerto Os avós, os pais, os tios, que enfim nosQue a leva nos pés se equilibrar. rodeavamGANHA-SE o gargalhar de criança Cada paixão que pelo caminho ficouNum amor que vai crescendo Vozes, gestos, lágrimas, risos, que nosNa força poderosa da mente animavamQue se vai aperfeiçoando Cada ensejo de paz e cada esperançaNo parque infantil, na escola que nos tocou.Mostra já o que é ser inteligente Mário Matta e SilvaConstruindo e engendrandoFormas e gestos em crescimento.48 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016

O pontoPonto é o lugar de intercessão entre morto dum motor, o ponto no dominóduas linhas. Pode ser a pinta ou uma ou no dado. Também pode ser um si-pequena mancha arredondada e de nal ortográfico de admiração, exclama-superfície indeterminada. Pode ser ção ou interrogação. Há quem chegueo lugar, o sítio, o vértice, o momento, em ponto, quem ponha os pontos nosa altura, o instante, o estado, o ponto is, seja um bom ponto, quem considerede rebuçado, o ponto escrito, o ponto ponto assente, quem faça o ponto node exame, o ponto pérola, o ponto pé teatro, quem marque o ponto ao entrarde flor, o ponto de conflito, o ponto de para o trabalho, quem conte ponto porhonra, o ponto de partida, o ponto de ponto e quem acrescente um pontochegada, o ponto de vista, o ponto ne- ao conto. Mas o melhor é pormos umvrálgico, o ponto em branco, o ponto ponto final na conversa.Às voltas com o pontoEm Ponto, aqui cheguei Ponto de Exame marcado Sinal Ortográfico leituraCom Pinta e bem cheiroso De Pérola feito a primor De admiração dúvida sóNa Mancha nunca toquei Pé de Flor encarnado Exclamação firme texturaAo Lugar vim receoso De Conflito sem amor Interrogação e Ponto s/nóSítio por mim conhecido De Honra e gente fina Bom Ponto não é doençaVértice de encanto feliz De Partida prós infernos Ponto Assente combinadoMomento muito querido De Chegada repentina Marcar Ponto é presençaAltura certa e com cariz De Vista e sono eternos Pôr o Ponto em RebuçadoInstante nunca pensado Nevrálgico sabor amargo Ponto Final na conversaEstado de Alma cansado Em Branco cor inculpada Que se alonga distraídaEm Ponto de rebuçado Ponto Morto descuidado Esta, não sendo perversaPonto escrito plagiado No Dominó pinta fadada Contará coisas da vida J.CJornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016 49

BREVES À SOLTANo dia 19 de Novembro, pelas 16.30 h, no Rua José Fontana, onde eram feitos despe- salão nobre da Biblioteca Municipal jos de diversa ordem, que tornavam o localde Oeiras, o nosso editor José Lança-Coe- uma autêntica e insalubre estrumeira. Olho faz uma palestra sobre, o 1º Centená- referido local que, dá para a estrada mar-rio da Intervenção de Portugal na Grande ginal, apresenta agora um espaço limpo eGuerra de 1914-18, seguindo-se a apresen- convidativo a passeios.tação do seu livro, «André Brun - Antologiade textos e anedotas sobre a Grande Guer- Acontece nos dias 17 e 18 de Dezembro,ra de 1914-1918» com a intervenção do escri- das 10h às 18h30, na Paróquia de Paçotor e ensaísta Miguel Real. de Arcos (Av. Senhor Jesus dos Navegantes, 1º andar) a 4ª Feira de Artesanato de PaçoTambém a 19 de Novembro, pelas 17 ho- de Arcos. ras, vão passar algumas “Curtas Me- Lá poderá encontrar Artesanato (pelas ar-tragens” no Auditório César Batalha, no tesãs do concelho), produtos em 2ª mão,C. Com.Alto da Barra, Oeiras e para o Gastronomia Portuguesa e exibição de Es-acompanhamento musical foi convidado colas de dança.o quinteto da Universidade Sénior “ NovaAtena “.Éde extrema urgência colocar um semá- OGrupo de Leitores da Biblioteca Mu- foro no final da Rua Luciano Cordeiro, nicipal de Oeiras vai ler e analisar oquando a mesma desemboca na Rua 1º de livro «The Empire» de João Valente, con-Maio, ou mudar o local da passadeira para corrente ao Prémio do Primeiro Romance,peões na Rua 1º de Maio, uma vez que, a realizar em Françadesde que o trânsito, em Paço de Arcos, foialterado, o fluxo automobilístico aumen- Realizou-se mais uma vez no Auditóriotou de tal modo que, apesar da Rua Lucia- do COSFA o Concerto de Outono queno Cordeiro, no local citado, ter um sinal a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeirasde proibição de velocidade de mais de 30 e o seu Maestro Nicolau Lalov gentilmenteKm/h, ninguém o cumpre, pondo em cau- oferece, todos os anos, à Delegação de Oei-sa a integridade dos peões que atravessam ras da Associação Coração Amarelo.na passadeira da Rua 1º de Maio, já que, adita passadeira, é imediatamente, a seguirà curva que marca a passagem de uma ruapara a outra.Em Paço de Arcos, a CMO acaba de dei- tar abaixo uma barraca degradada, na50 Jornal A Voz de Paço de Arcos | 3ª Série | N.º 7 outubro 2016


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