Joaquim Alice ... do mais profundo da (minha) emoção Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
... do mais profundo da (minha) emoção
2020 Editora Arte & Livros Rua João Meirelles, 1213 - Apto. 107, Torre C - Abraão | Florianópolis-SC CEP 88025-201 | Fone: (48) 99971-2285 [email protected]
JOAQUIM ALICE ... do mais profundo da (minha) emoção Livro TRÊS – Amarelo Plexo Solar – Manipura Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
© 2020 Editora Arte & Livros Projeto gráfico, capa e editoração: pamalero artes Revisão: Vilca Marlene Merízio Ficha catalográfica A398d Alice, Joaquim ...do mais profundo da (minha) emoção : Livro Três – Amarelo Plexo Solar – Manipura [Recurso eletrônico on-line] / Joaquim Alice; Vilca Marlene Merízio Organi- zação, introdução e notas. – Flo-rianópolis : Arte & Livros, 2020. 107 p. Inclui referências ISBN: 978-65-88719-03-9 (e-book) 1. Poemas. 2. Poesia portuguesa – História e crítica. 3. Filosofia. I. Merízio, Vilca Marlene. II. Título. CDU: 869.0-1 Ficha Catalográfica elaborada por Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma sem prévia permissão por escrito dos autores. Impresso no Brasil
Sumário Introdução ao Livro TRÊS ... Do mais profundo da (minha) emoção | 7 Poemas | 17 19 | A fuga Na senda | 46 20 | Insignificância Leviandade | 47 Canteiro de cactos | 48 21 | Ido Violino | 49 22 | A diferença 2 Vibração | 50 Casulo | 51 23 | Bloqueado Vazio | 53 24 | Impróprio para consumo Trankilito | 54 Amigo | 55 25 | Complemento Pedra(s) | 56 27 | Como? ... Por quê? Aparência | 58 29 | Espanta espíritos Torpor | 60 Amiga tê | 61 30 | O afinar Amiga T. B. 2 | 62 31 | Irmão Teimosos pulsantes | 63 Equação grata | 64 32 | Amiga susaninha Menina | 65 33 | Amiga Susaninha – 2 Tsavliris | 66 Mortes incutidas | 67 34 | O teu programa A tua barricada | 68 35 | Histórias Promete-te | 69 37 | O maluco Sigo em frente | 70 38 | À nora A agonia do renascer | 71 39 | Ajuda A sério | 73 40 | Alegria 41 | Férias do coração 42 | Miscarriage 43 | Planar 44 | Desgraça/alegria 45 | Piras-te
74 | A existência Luto do próprio | 90 75 | A tua vontade À-toa | 91 O bem ... equilibrado | 92 76 | Abre-te Ó luz | 93 77 | Vidreira The invitation | 94 78 | Dar/viver Coiffeur das vibrações | 95 79 | Como quem... Abri-me ao incerto ... | 97 80 | Bem hajas Traz-me | 98 81 | Clave de sol O vibrar | 99 82 | Lucro ... Lucram Alquimia | 101 83 | Estado transitório de ser No acautelar da vida | 102 84 | Ela diz/pensa Amor do avesso | 103 85 | Escondes-te Quero saber-te bem | 105 86 | Fecho a porta atrás... O monge | 106 87 | Este ser Saudade | 107 88 | Gestos e toques 89 | Anti-presente
Introdução ao Livro TRÊS ... do mais profundo da (minha) emoção Este terceiro livro que compõe o Quaternário Inferior da Joaquim Alice obra de Joaquim Alice, ... do mais profundo de (todos) nós, contém poemas cujas emoções podem estimular ou aniquilar o ser humano, conforme a disposição energética que vibra em seus corpos. Está ligado diretamente às características de uma pessoa 7 fortalecida ou dominada pelo terceiro chacra, o Plexo Solar. Manipura é o nome em sânscrito do 3o centro de energia do corpo humano e quer dizer Repleto de Joias. É a fonte de onde jorram, armazenam-se, purificam-se e se transformam as emoções. É o chacra regido pelo Sol e pelo elemento Fogo. Como propósito da alma, busca o equilíbrio e a harmonização das emoções; reforça a autoestima e permite ao ego o desenvolvimento da personalidade, tal qual como fala a voz do corpo antropomórfo de escrita, em “Equilíbrio dos Opostos”: Me cumpro em AMOR, qual pastor que, amando as ovelhas, as conduz a pastos verdejantes Localiza-se no pâncreas, na metade superior do abdômen, abaixo da ponta do esterno, mais exatamente na altura do estômago, quatro a seis dedos acima do umbigo. Tem a função
.... do mais profundo da (minha) emoçãode “especializar, subdividir e difundir a vitalidade dimanante do sol”1 participando do “eterno êxtase da vida”.2 Seu princípio fundamental é o da aceitação que conforma os ânimos, assim como é apresentado em “Amor”, por Joaquim Alice: Sinto... acender-me por dentro [...] desfruto dessa magia... [...] Sou-te por inteiro / no meu centro. Fisiologicamente, rege o sistema digestivo, principalmente o estômago, bem como o pâncreas, glândula que desempenha papel importante na digestão dos alimentos e na secreção da insulina pelo organismo. Assim, também ligado às glân- dulas suprarrenais, contribui para o processo de resposta ao estresse.3 Em “Ido”, ouve-se a voz do poeta, que confessa: Por vezes deixo a Rota [da malícia, reserva mental, astúcia enganosa, interesseira e egoísta... de expediente calculista]... Ainda no mesmo poema, Joaquim Alice se assume: Deixo o vento me levar... Já sem aguentar sem poder mais rendo-me, deixo-me ir... Psicoemocionalmente, este terceiro centro rege o ego, o foco, a boa relação consigo mesmo e com os outros, a determinação, a motivação, a atitude, o autocontrole, o brilho, o poder pessoal e a satisfação, tratando, assim, do valor a si mesmo, da autoimunologia e da responsabilidade. Tem relação fundamental com o eu interior, estabelecendo o equilíbrio ou 8 desequilíbrio entre as questões materiais e espirituais. 1 LEADBEATER, C. W. 2006, p. 35. 2 OSHO. 2013. 3 GERBER, Richard. 2006, p. 30.
Ouçamos, de Joaquim Alice, a voz que concorda, em Joaquim Alice “Férias do Coração”: Controlo a ansiedade e o temor ... e diminui a dor... 9 Quisera assim fazer com a emoção, assim dando férias... ao coração. Ou ainda, a voz, o eco, em “Diferença 2”: Avidez de busca [...]... Intranquilidade, inconstância, desassossego, desatino... Catavento desgovernado [...]... Todas as correntes vibracionais negativas como as formas emocionais do temor, pânico, irritação, raiva, ira, fúria, cólera, depressão de ânimo e melancolia podem ter sua entrada pelo Plexo Solar, quando esse estiver desarmônico ou desequilibrado. É com algumas dessas emoções aflorando que assistimos à declaração do eu lírico em “Impróprio para consumo”, a se defender de acusações injustas: tantas (foram) as acusações, os desafios ... os desatinos ... [...] se te digo preto ... afirmas branco... se te digo não ... acreditas sim. se te afirmo ser ... estás certa que sou tudo-menos-isso!
.... do mais profundo da (minha) emoçãoE para arrematar, uma explosão de sentimentos, numa tentativa de defesa: Fiquei afetadíssimo,/ deixei-me ruir. [...] sou tudo-menos-isso – expressa bem a injúria cometida, o sabor a calúnia, o travo a desgosto, desilusão; emoções em solavancos (“Complemento”). E o leitor comove-se porque sofre em todo o seu corpo de carne e osso. E o que dizer da morte pressentida em “Como?... Por quê?”: Assisto à minha morte em aparente desnorte. É vero, diria meu avô italiano, as emoções determinam não só a nossa vida como o nosso corpo também. Por isso, convictos de que o ser humano, quando está disposto para isso, é capaz de provocar mudanças em si e com quem dialoga/convive, torcemos para que tudo acabe bem para a personagem poética que, sabiamente, reage à estagnação e solta-se, desprendendo-se de tudo o que o consome, conseguindo, asssim, a liberdade. E, o poeta alivia o panorama das emoções negativas. Ele conhece, tem a chave do segredo, por isso, exorta ao discernimento, em “Desgraça/Alegria”: Não te enfronhes, nem concluas... Sê livre e vê Constata apenas e abre-te à realização! O discernimento ajuda a mente a compreender e a definir o tipo de emoções que nos alegra ou atormenta, e isso gera mais possibilidades de escolha. Dependendo do estado harmônico deste Plexo, a vida emocional poderá ser satisfatória ou sofrer 10 a influência de fontes exteriores procedentes do astral, capazes de provocar confusões mentais e obstrução dos sentimentos positivos, perdendo a lucidez quanto ao seu aspecto único e singular dentro das variadas vivências deste nosso mundo
plural. É quando dizemos que pegamos “olho gordo”,4 que Joaquim Alice estamos com encosto,5 ou que o “olho grande”6 do vizinho fez- nos perder na loteria, as tais energias pesadas e negativas, que não sabemos de onde vêm, e, que o terceiro chacra se estiver em desequilíbrio, logo atrai para si. 11 O terceiro chacra quando não dominado por bons pensamentos gira em torno da dúvida, dando cabo da vitalidade e criando formas-pensamento altamente negativas. Pensamentos sadios, altrístas e positivos são necessários para levar ao discernimento, evitando a fé cega e a crença no que os outros dizem, sem passar pelo crivo pessoal. Teoricamente, como centro da energia psicoemocional e principal porta de entrada para as energias que afetam a consciência humana, o 3o Chacra é influenciado pelo modo como lidamos com questões relativas ao nosso poder pessoal, se estamos nos sentindo empodeirados7 quanto à nossa vida pessoal, social, familiar e de trabalho (Somos nós que controlamos a nossa vida ou somos por ela controlados?). Assim, quando Joaquim Alice escreve, em “O Canteiro de Cactos”: tuas fugas [...] são socorro bradado aos céus, [...] são cactos do teu canteiro, ele sabe o que diz, e, nos últimos versos, surge a constatação, quando aos cactos compara todas as artimanhas de fuga de um “tu” que não quer se render às 4 Olhar de inveja que, segundo a crença popular, pode causar malefícios ou tem o intuito de prejudicar outra pessoa. Disponível em: https://www.dicio.com.br/ olho-gordo/. Acesso em: 28 maio 2018. 5 Encosto: Em certas religiões é um espírito (entidade sobrenatural), geralmente, maligno que se apodera do corpo [...] Sujeito chato que vive de dar golpes e promover situações negativas para os outros, que vive a seguir alguém com intenção de tirar alguma vantagem. Pessoa que não gosta de trabalhar e vive às custas de alguém. 6 Inveja, olho gordo. 7 Com domínio sobre a situação.
evidências da falta de amor por si próprio, do apego a um passado que o prende, do contentar-se com o desconhecimento a respeito dos efeitos que seus próprios sentimentos, viciados na dor, ainda lhe provocam; na verdade ... esse carrasco./ ... que te mata.../ enquanto ignoras o que sente ... Fabuloso! No corpo metafórico da obra, Joaquim Alice faz a réplica não só do corpo humano, mas de todas as vicissitudes e alegrias que o formam. Ainda mais, além de constatar, diagnosticar, aponta o caminho para a realização de felicidade e harmonia do outro: Este vazio residente, tão vasto [...] na ausência de luz... movimento contínuo do nada... [...] em direção ao todo, só tem um antídoto que pode curar: é o preenchimento .... do mais profundo da (minha) emoção entusiasta/ útil/ construtivo/ altruísta.../ pleno de Bem. Associado também ao prazer, o Plexo Solar, como também é chamado este chacra, manifesta a sabedoria espiritual advinda do profundo conhecimento que nos dá sobre nosso grupo de pertencimento e sobre nosso espaço físico no universo. Embora seja relacionado com o mental, seu funcionamento saudável vincula-se à vida psicoemocional de todos os indivíduos já que os pensamentos e o sentido da vida regulam a vida emocional. A emoção é o desejo que se mescla com o intelecto. O amor, emoção de índole atrativa, prazerosamente une as pessoas; é a energia integrante do universo. O ódio e as emoções de índole repulsiva, dolorosamente, separam as pessoas; são energias desintegrantes, assim como entendo do que é dito em 12 “Bloqueado”, por Joaquim Alice:
Embotam-se-me os neurônios. Joaquim Alice Eriçam-me os dendritos, Apagam-se as sinapses. Fico lerdo... incapaz Qual bruto... 13 Estúpido... bloqueado... As emoções de ódio (nas suas manifestaões de menosprezo, hostilidade, violência, agressividade, inveja, ciúme e inso- lência, agravo mútuo e medo) afetam muitíssimo o Chacra Umbilical ou 2o Chacra; e as emoções de amor8 (benevolência, solidariedade, veneração e respeito), enobrecem o Chacra Cardíaco, ambos vizinhos do Plexo Solar, um para baixo e o outro para cima, respectivamente. Em “Leviandade”, Joaquim Alice, mostra como faz quando seu eu lírico fica alterado: Se me revolto em descontentamento, desprazer, em desejos insatisfeitos (incertos embora...)... Se olho p’r’o lado, se julgo ver o mal, aí fico, então grudado, qual ser incauto na armadilha apanhado. Se olho p’ro outro lado, novamente me insurjo, repugno, abomino ... mas aqui... neste plano, aqui onde me encontro, olho com a mente... escancarada... E é pelo afastamento do que o aborrece, pela concentração em outro “ter-que-fazer”, neste caso, na prática da respiração, que ele encontra uma solução no ato de respirar: ...me posso, então, ausentar, anos luz percorrer na senda infinita... do AMAR. 8 O amor e o ódio são as mais elaboradas e intelectuais formas dos desejos de possuir e de afastar. LEADBEATER, op. cit., p. 69.
O bloqueio neste chacra impede a abertura dos chacras superiores e dá origem a problemas digestivos, diabetes, úlceras, bulimia e aneroxia, estômago dilatado. A pessoa torna- se, quando este chacra está em desequilíbrio, dominadora, tirânica, agressiva ou, no seu contrário, apática, submissa e incapaz de se defender. E Joaquim Alice aponta a inanição e a estagnação como os grandes desafios da humanidade a serem enfrentados e transmutados. Quando bem equilibrado, o Plexo nos auxilia na cons- cientização acerca de nosso próprio valor, nos tornando flexíveis, capazes de compartilhar alegria, energia, calor hu- mano e poder. Aumenta ainda a função do poder viver, transformar e evoluir. Fundamental para a manutenção da vida, o poder é responsável pelas escolhas entre um caminho ou outro, e pela capacidade de conduzir a própria existência e de ser feliz. Do seu desajuste, em ponto exacerbado, pode surgir a prepotência .... do mais profundo da (minha) emoção e o sentido megalomaníaco da onipotência, movimento no qual o indivíduo, ao pensar que possui superpoderes, quer gerir a vida do outro, muitas vezes, justificando tal atitude como maneira de evitar que a outra pessoa passe pelas experiências, que quase sempre são necessárias ao próprio crescimento. Gera, assim, autoritarismo e tirania ao exigir que a outra pessoa se transforme, mude a sua maneira de ser, para atender às suas vontades egoísticas. Nessa interferência na vida de outrem, a pessoa que se considera onipotente, consciente ou inconscientemente, pensa ter atributos de maior inteligência do que o outro, de ser mais capaz e, em razão disso, frustra-se quando não consegue direcionar o seu próximo conforme a sua 14 vontade. Pessoas assim querem controlar tudo e todos, devido ao seu complexo de superioridade,9 que normalmente surge do 9 Psicologicamente, esse movimento é, em um nível profundo, a tentativa da criatura se igualar ao Creador, único verdadeiramente Onipotente, daí a sua
orgulho, constituindo-se, então, uma reação ao complexo de Joaquim Alice inferioridade que toda pessoa prepotente/onipotente possui. E se lermos atentamente os poemas deste Livro Três que segue, talvez possamos registrar momentos dessa falta de generosidade geradora de abismos insondáveis no processo de alteridade humana. Justamente para o lado contrário é que a seta lançada por Joaquim Alice nos quer conduzir. Boa leitura! Florianópolis, 7 de outubro de 2019. Vilca Marlene Merízio 15 origem no complexo de inferioridade. A pessoa se sente inferior e tenta, de todas as maneiras, acabar com esse sentimento, desenvolvendo a pseudo- superioridade.
Poemas Consoante a qualidade da semente e do terreno, assim colhes... novidade saudável e fresca... ou veneno.
A fuga Joaquim Alice O problema... a aflição, é o construir do motivo ... da dispersão. é um não-sei-que-fazer... é um aflitivo ter-que-fazer... é o dilema, é a fuga... da cadeia que o prisioneiro sabe não poder empreender. Foge, então, para DENTRO! Viaja, empreende uma longa viagem sem retorno. Vai... descobridor... desbrava... descobre... 19
.... do mais profundo da (minha) emoçãoInsignificância E, até... abençoarei meu carrasco, aquele que me puser fim a esta vida ... tal como reconheço a bênção de cada momento (da vida), reconhecendo, em simultâneo, que, perante a vastidão infinita... e a criação (inerente a cada segundo), aquilo que me fica... é a ideia... da minha... INSIGNIFICÂNCIA. 20
Ido Joaquim Alice Por vezes deixo a Rota... [da malícia, reserva mental, astúcia enganosa, interesseira e egoísta... de expediente calculista]... Deixo o vento me levar... Já sem aguentar, sem poder mais, rendo-me, deixo-me ir. Ventos sopram e me transportam... levam-me por diante. Enquanto me encontro rendido, sou levado, encaminhado, acarinhado... (ido! ...) Quando acordo... estou distante... 21
.... do mais profundo da (minha) emoçãoA diferença 2 Avidez de busca (externa), avidez de operar a diferença... Intranquilidade, inconstância, desassossego, desatino... Cata-vento desgovernado vai batendo em todo o lado... Tudo, ao redor, atingido, mudado. Opera-se a diferença e, em frenética vibração, atinge-se um equilíbrio entre o que está fora e o interior. 22
Bloqueado Joaquim Alice Embotam-se-me os neurônios. Enriçam-se-me os dendritos. Apagam-se as sinapses. Fico lerdo... incapaz qual bruto... estúpido... bloqueado... (MAS NÃO QUERO... OBRIGADO ) 23
.... do mais profundo da (minha) emoçãoImpróprio para consumo Impróprio para consumo foi como me deixaste, tantas (foram) as acusações, os desafios ... os desatinos ... Crês o contrário de tudo que sou (atualmente): se te digo preto ... afirmas branco... se te digo não ... acreditas sim. se te afirmo ser ... estás certa que sou tudo-menos-isso! ... e, curiosamente... não fui de todo capaz de manter íntegro o meu estado de espírito. Fiquei afetadíssimo, deixei-me ruir... 24
Complemento Joaquim Alice (laço entre pereira e laranjeira) Tão felizes... estrada afora, 25 de mãos dadas, sempre in Love... Promessas d’amor eterno, segredos, confissões, histórias, conversas, olhares, redenções, tudo muito lindo, semelhanças descobrindo. Chegada a estação das diferenças, toldou um pouco o tempo: escurecia o céu, de vez em quando, orvalhos, pancadas d’água... chuviscos, por vezes, somente, umidade excessiva se (pre)sentia no ar, raramente trovoadas... Alguma dificuldade havia ao cada uma olhar a flor que a outra produzia... estranheza (!)... algum travo a desgosto, desilusão, alguma vontade de mudança (na outra) ... vontade de algum modo reconhecida pelo sentido atento da destinatária, ressentida ... silêncios...
.... do mais profundo da (minha) emoçãoofensas (caladas), tristezas (sentidas, mas algo veladas), emoções em solavancos, comunicação em soluços, em cortes... compreensão afetada... diálogos feitos monólogos, olhares... (em um só sentido) ... ... ... ... ... ... ... .. .... algum desespero... (cego) ... ... ... ... ... ... ... .. .... até que, ... fartas, já cansadas, desagradadas... ... recolhem-se ambas e, uma vez recolhidas, acabam por notar algo que havia escapado... olham para si próprias, examinam suas flores de novo, mas, desta vez, com NOVO OLHAR... de experiência feito, noutra realidade, noutro lugar. Suas flores, essas conhecidas e familiares, estão algo estranhas (agora), perfeitas é que não (!)... talvez incompletas (pensam)... Sozinhas, sim, é um fato!!! 26 Agora começam a entender, afinal, o tipo de sentimento: na outra têm de ver ... o seu próprio complemento.
Como? ... Por quê? Joaquim Alice rumo ao inexorável final (parcial, embora) novo início [...] e, se me indagas... me perguntas ... direi, talvez ... não saber... (mentindo, assim) quando... me é claro... senti (já) o doce... fofo... agradável... e morno sentir que o ponto-do-não-retorno já passou... ficou para trás e que a viagem passou a ser (agora) alucinante, movimento uniformemente acelerado velocidade estonteante... Assisto à minha morte em aparente desnorte, vejo-me desintegrar, diluo-me... cada vez mais... no TODO. 27
.... do mais profundo da (minha) emoção Solto-me, desprendo todas as amarras e SOU... ... GENUÍNO... em cada gesto... em cada inspiração... ... em cada prece... dádiva... e, bem assim, ... no Amor (que vos dedico). 28
Espanta espíritos Joaquim Alice (despertador da alma – altar de culto) Há uma parte de mim que já não sente, a que foi cortada abrutamente... Sarada, embora, com o tempo, (foi-o só) fisicamente, bocado de mim (é certo), mas diferente (!!!)... Perdeu o sentir, ficou dormente. Castigo imediato do Ser superior. 29
.... do mais profundo da (minha) emoçãoO afinar ... para o jeito apanhar ao jogar(es) defeituoso... torto... cambado... repete e repete... bem feito (!!!) ... p’ra interiorizar(es), automatizar(es), criar(es) esse “instinto”... que ... no exato segundo, (quando for preciso voltares a jogar) o movimento te sair perfeito, a decisão acertada, de sabedoria “cristalizada”, e sintas, com um sorriso, recompensado o (pequeno) esforço... 30
Irmão Joaquim Alice Esse mundo, bem pesado, constróis... qual castor-perfeito, atarefado apagas... todos esses sóis, negas ver... daí, o escuro.... como resultado. Carregas esse peso (excessivo), arrastas essa cruz no teu calvário. Quisera aliviar-te... mas ignoras que o receber (por vezes), do DAR faz parte; que o partilhar é (um) tesouro que a todos enriquece; que o amar obriga, também, ao esquecimento do próprio, e que o positivo, quando o é, é leve, é bálsamo, é unguento. (Felicidade!) 31
.... do mais profundo da (minha) emoçãoAmiga Susaninha Encantado... é o mundo que te pinto (pensas!)... Deleitas-te a ouvir-me, reconheces-te pr’além do quanto te (des)conheces. Significações e explicações, pontos de vista, conversas sem LIMITES... enormes... na abrangência. Surpreendida (é como te sentes... espantada, até!) Como te mostro o quadro onde tens andado... escondida, submersa... convencida de... aí... lá... estares segura! WRONG1!!! PRISIONEIRA-DE-TI-PRÓPRIA, sim... 32 1 Wrong: Errado (tradução livre).
Amiga Susaninha – 2 Joaquim Alice Já lá estás. Já lá te encontras. Já consegues, – SEM QUE O SAIBAS!!!– ver, tão claramente... Trata-se de um DOM... é sinal, por si só... da semente do início - [...] de capacidade (é revelador!)... [...] e eu, meio sem jeito, como a querer refutar tal teoria, querendo negar a evidência (tua), vou tentando diluir a realidade, desvalorizo (com cautela) o sucedido... ... e dou por mim: INDEFESO-EM-TUAS-MÃOS, a deixar fluir (preciso aprender), a soltar-me de humildades cegas, vergonhas tolas e, acima de tudo, de MEDOS!!! 33
.... do mais profundo da (minha) emoçãoO teu programa ... teu programa tem tendências, por isso “está programado”: do mal reter o máximo, ao bom ser desconfiado. Debaixo do que levas como que na brincadeira, sem te aperceberes... crias asneira, esbanjas, pões fora, deturpas e quebras de tudo um pouco... logo, que bom!... Reténs, aumentas, importas e acreditas nas criações do teu “tom” (do teu “programa”). Delete, help, F1, enter... por favor, faz qualquer coisa, age, ... muda, apercebe-te não estares a ser tu ... no teu melhor, mas tão-só numa grande trama, urdida p’lo teu programa. Agora... tudo acertado! 34
Histórias Joaquim Alice O que tu és, na realidade, por detrás de todos os disfarces 35 está normalmente bem à vista... no que pensas, dizes, imaginas e fazes, ... nos assuntos em que falas (na forma como os perspectivas)... ... Está atento!!! ... ... Está atento a TI... em primeiro lugar. Atenta no que te “vês” a fazer... ... ... e tens as ideias... e torces-te ao falar e trazes histórias, contos e peripécias, narradas com pormenor cirúrgico que atesta a sua veracidade... e quem conta acredita e quem ouve é envolvido por essas (in)verdades.
.... do mais profundo da (minha) emoçãoE tudo sabes e tudo contas, falas, opinas, és uma tentação à idolatria (da tua pessoa)... O teu ser é bom estratega ... perverso embora ... As histórias hilariantes hoje contadas haja o que houver são isco da perversidade, hino (também) ao próprio ego egoísta, necessitado de atenção. 36
O maluco Consegui detetar as “ligações” como se (até) conseguisse ouvir tuas sinapses... Descortinava, então, o teu sentir, aquilo que proferias ... Disparates2... pra mim... faziam sentido... faziam REAL sentido, só que ... (parece-me) demasiado PROFUNDO para coadunar-se com a superficialidade do dia a dia normal... insípido, estéril... iludido... pobre... demasiado pobre ... Li, em ti, um sentido bem mais vasto, bem mais rico... identificável, apenas, por detrás do pano-de-fundo... e, assim... se tu estavas/eras-então MALUCO, era-o eu... tanto mais. Joaquim Alice 37 2 Disparates: tolices, asneiras.
.... do mais profundo da (minha) emoçãoÀ nora Quero lá estar... e não estou! Quero fazer... e... lá vou! Troco e baralho tudo... esqueço! Quero até ser... e, não sou... Fazem-me trocar as voltas, fazem-me ficar parado, dispersam minha atenção, fico mesmo despojado. De um momento para o outro, basta-me trocar de lado, fico logo todo-roto, perco-me... ... baralhado! Como se alguém brincasse... ... certos neurônios apagassem... p’ra que, então, eu ficasse à nora.. sem bagagem. 38
Ajuda Joaquim Alice Não te substituas aos outros; ajuda-os (apenas). Sê suave, como ligeira brisa e não como um tufão que, ao chegar tudo varre, tudo muda de lugar. É que a brisa... gentilmente... agrada quem a recebe/sente; e fá-las sair p’ra rua... no intuito de a gozar ... E a mudança assim se opera, ajustada a cada um, Mudam... a seu bel-prazer... é o que lhes agrada... ajuda, apenas... (essa gente). 39
.... do mais profundo da (minha) emoçãoAlegria Alegria é aquilo que me trazes. Alegria é algo que ofertas com amor. Sempre (tu) a crias para bem de quem quer que a detetou e não te pões, em vão, carpindo a sorte sempre que cai em solo infértil. Manténs e até redobras as energias pois sabes que ao pobre a visão cegou. 40
Férias do coração Joaquim Alice Controlo a ansiedade e o temor... ... e diminui a dor... Quisera assim fazer com a emoção, assim dando férias... ao coração. 41
.... do mais profundo da (minha) emoçãoMiscarriage3 ... por detrás das aparências, ... na ilusão... nesse auge de sentir (...falseado, embora), pensas tudo... (e pensas... torto). ... e, ou te cuidas... ou te centras ... ou te convertes... ou crês (!!!)... ou pares um aborto! 42 3 Miscarriage: Aborto (tradução Livre).
Planar Joaquim Alice Tal como a ave que plana... apesar de sossegada, de não mexer-se, desloca-se sem parar... e, até por vezes, para, desafio à gravidade, em jogo invisível (de forças). Por vezes, me desloco (também) sem mexer... em lindo e frágil movimento, tênue liberdade, mas tão rica e harmoniosa! ... ... canto de harpa, melodia doce, encantada... Pairo atento à densidade do pensar (já não do ar). Danço embriagado com a sutileza do planar. 43
.... do mais profundo da (minha) emoçãoDesgraça/alegria ... desgraça? ... alegria ? Tudo é conforme pode neste nosso dia a dia. Não te enfronhes, nem concluas... Sê livre e vê, constata apenas e abre-te à realização! 44
Piras-te Detetas que não estou bem ... e o que fazes? atiras-mo à cara... e piras-te!!!4 É assim que te importas, como dizes, com as pessoas (?)! Sim, porque, afinal, não sabes, nem jeito tens (ainda) ... p’ra ajudar o parceiro quando não te dá, de graça, tudo aquilo que se passa. Talvez, até só precisasse que, na busca da origem, colaborasses ... essa que lhe escapa. Joaquim Alice 45 4 Piras-te: vais-te embora.
.... do mais profundo da (minha) emoçãoNa senda ... pois na senda que percorres, esforçado, no vazio onde te moves, bem intencionado, na ignorância do teu progresso, (já) cansado ... incapaz de o relatares, mesmo que queiras, mas bem certo do teu rumo... nisso seguro!!! Consciente, por vezes apenas, do que NÃO queres ... ... é ver-te seguir, queixo erguido, na altivez humilde ... mas sólida... na certeza do amor (de que tu vives), ao dá-lo sempre (que consegues). ... e, fica certo, como sempre, que, ao fazê-lo, te alimentas da fartura do que (te) sobeja: é milagre... é fartura (sim!). ... mas cautela: quando deixas de o dar ... nada te sobra, seca-te a fonte, greta-te a alma, consome-te o temor. 46
Leviandade Joaquim Alice Se me revolto em descontentamento, desprazer, em desejos insatisfeitos (incertos embora...)... Se olho p’r’o lado, se julgo ver o mal, aí fico, então grudado, qual ser incauto na armadilha apanhado. Se olho p’ro outro lado, novamente me insurjo, repugno, abomino ... mas aqui... neste plano, aqui onde me encontro, olho com a mente... escancarada... E desta vastidão, então, vislumbro a imensidão de cada segundo na sua imponência ... diminuta, (mas) implacável... no passar, (mas) tão fértil... em seu poder. Só quando isso compreendo, sinto, entendo... é que, então, venho a pensar que o olhar p’ros lados (o que é habitual) é pura leviandade quando tenho, pelo menos, que... agora RESPIRAR... E, levado pelo seu ritmo, pela concentração... pelo sintonizar ...me posso, então, ausentar, anos luz percorrer na senda infinita... do AMAR. 47
.... do mais profundo da (minha) emoçãoCanteiro de cactos Bem pior já estiveste ao reteres (-te) ... o mais possível. Com o desagrado, aprendeste contida ... a ficar invisível, envolta num jogo-de-véus... Tuas fugas ... quando as vejo, são socorro bradado aos céus. ... Socorrer-te é meu ensejo ... mas depressa te aborreço caso seja frontal, tenho é de ter cuidado... dosear bem esse sal... são cactos do teu canteiro... que é o teu historial. [Sei que sofres, querida... ] Aquilo (tudo) que reténs ... que ninguém to mostre, nem te dê parabéns, pois logo saltas... defendes e atacas ... com unhas e dentes, esse carrasco ... que te mata ... enquanto ignoras o que sentes. 48
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