Ode à chuva Joaquim Alice caio d’um céu não-limpo, caio... da bruma cinza. 99 Venho solta, venho liberta. Trago notícias de cima, trago a braguilha aberta. Venho em bando? Acompanhada? Venho é una (mas... por vezes,) com o vento, de-mão-dada. O meu canto é conhecido, único, inconfundível e até o (ser) adormecido me acha aprazível. Caio por vezes forte como quem vem limpar ... Cautela com o meu porte, poucos podem escapar, o meu peso é colossal! Muito pouco... será igual! A tudo dou outro ar, outro tom e outra graça, Muito fica a brilhar, embora escuro o faça. A luz, então, se fixa, prende-se, fica colada. Pudesse eu explicar... tamanha trapalhada... .... Mas, no descortinar disto tudo... é lindo, intrincado, belo! ... Penetro na chuva e em tudo... passo a ser chuva, caio igualmente. Estou livre, molho... e sou molhado; sou pingo... e sou o pingado;
.... do mais profundo de mim sou luz, sou brilho, também fico “estanhado”... e é sempre nesse “mix”, baralhação, contradita... onde a verdade se esconde: simples, pura, expedita. Aquele que quer (isto) explicar fica perante o infinito, perde-se completamente, ... coisa essa maldita! Ali está... mesmo à vista... quase lhe posso tocar, real obra do Artista, obra-prima perfeita, simples, simples... tão simples... basta para ela olhar, basta nela atentar, entrar, ser... Amar! 100
Santa inquisição privada bem intencionada (acredito!), Joaquim Alice enveredas pela senda... a CRUZADA. Tão cheia que te encontras... 101 Concentrada naquilo que entendes, naquilo que queres, naquilo que pensas saber, naquilo em que acreditas (de momento), ... movida... (nem tu sonhas!) POR CEGUEIRA ATRÓS!!! Rasgas vento... com o peito, avanças vitoriosa, ... ... em alazão veloz montada sentes-te GLORIOSA(!) e... não pensas em mais nada. Caminhas distâncias enormes, Mas as guerras que tu travas, são contra inimigos reais... quando, afinal, sofres, entopes e encalhas ... porque estão dentro de ti... os infiéis, estão dentro de ti... os bárbaros, estão dentro de ti... os hereges, estão dentro de ti... os apetites vorazes, estão dentro de ti ... ... as tentações... E... incapaz de os aceitar ... vais, então, alguns transeuntes abatendo,
.... do mais profundo de mim... condenando-os, à priori, à morte... à fogueira (da tua inquisição), queimando-os, até às cinzas... nas chamas da tua cegueira, vapores da tua frustração... Já não ouves, não vês, não queres sequer saber... partes, rebentas, destróis tudo, queimas... fazendo um barulho infernal, só assim te distraindo ... ... do teu próprio ANIMAL (!!!). 102
Sóbrio Joaquim Alice sóbrio é cavalheiro 103 Sóbrio é um prazer Sóbrio é encantador Sóbrio é BELO RAPAZ Sóbrio é (ainda) mais sensível Sóbrio consegue ser um mago Sóbrio é sábio da vida (oh! ... se é... ) Sóbrio é HUMOR (qual banda desenhada) Faz da vida a sua tela ... pinta obras d’arte sem parar Sóbrio é atento ao que faz Sóbrio é desperto para a vida, é criativo, amoroso, forte... e bem capaz!
.... do mais profundo de mim Sóbrio é perspicaz... Sóbrio controla, comanda... Sóbrio ama tudo à sua volta ... está alerta Sóbrio molda o universo Sóbrio é simples, bom... UM MUNDO... 104
Ambição Joaquim Alice não sei da palavra... Não sei do termo... Ignoro seu sentido. 105 Conduzo(me) na vida sem para tal atentar... É como se não existisse... É como vedado estivesse pra mim... nesta vida. Quiçá... como castigo, por ter-me excedido em práticas de extrema ambição... Tanto assim é que agora meu destino... o reverso da medalha, me é dado viver. E não enxergo... Não vejo... Não entendo. Como cego sem ver... cruzo estes tempos em malabarismos (apócrifos), apenas obtendo aquilo que (muito) desejei, quando do desejo (já) me livrei... passo a ter tudo, quando seu significado, para mim, deixei... atinjo a meta (só),
.... do mais profundo de mim ao desistir da corrida, alcanço a vitória, quando deixo de lutar, (só) ganho, ao me deixar perder... VIVO (apenas) ao me deixar morrer. 106
Longe... Joaquim Alice longe, me sinto... do cerne da questão, do centro, ... do interior. Sinto-me folha de outono ... solta de árvore, ... esvoaçando à deriva. Mas, eis que, ou a volta, volto a centrar-me, consigo interiorizar-me, mergulhar no centro... adentro E, no meio do nada, descortino... tudo (aquilo que vale a pena). 107
.... do mais profundo de mimEspaço expandido (casa vazia) ... qual pele seca... que se solta e fica pr’atrás... ... sentires dificilmente combináveis e que se excluem: melancolia... coragem... saudade... aventura... terra-de-ninguém... prospecção, mas... que se complementam. ... EQUILÍBRIO da natureza do que é frágil, da certeza do que é seguro, ... mantém o vibrar em ressonância-de-tranquilidade ... e o deslumbramento de autoconsciência... Nasceu LIBERTO, ao soltar-me, ... ao deixar fluir, ... ao aceitar... ... ... ... em gratidão. 108
Festival de verão (Os galos na madrugada) Junto-me a tal festa de bom grado, Joaquim Alice bebo... inúmeras garrafas... de silêncio. Vejo ninguém... e sinto todos. Vou bebendo... vou servindo bebida sagrada... de silêncio, ... pleno de som. Aviões cruzam os céus... à volta... viajam... Pássaros começam a cantar à medida que o céu vai perdendo a escuridão, tão suavemente... e tão silenciosamente... A sinfonia revela-se no seu majestoso e fofo soar. ... é-me permitido mantê-la cá dentro (no meu interior): espalhá-la-ei a toda a volta atingindo cada um... no âmago ... e os galos, longe, continuam a conversar. 109
.... do mais profundo de mim Liberdade ... sirvo taças... ... brindo, ... à vida... Acordo pra mim mesmo. Desperto! Até que enfim! 110
Pontes... que amo Joaquim Alice amo... Pontes que me lanças... Pontes que se fortalecem... Pontes permanentes no sentido, diferentes nas origens. Pontes... que amo sentir, pois prescindem de tudo... Bastam-se a si mesmas... Apenas SÃO! Pontes... que amo. 111
.... do mais profundo de mimOs dias de sombra, peso e desalento eXAURIDO de força e ânimo mentais ... cego d’ esperanças ... ... faço-me mudo ... ... arco de palavras ... ... vivo em meu mundo (isolei-me!) Cata-vento de ideias e pensamentos virados pra dentro ... sou, agora, assumidamente ... Julgo ... fazer frente a fado. Julgo ... estar contente, Julgo ... (só) Resta-me .. SORRIR ... E assim, ... sorrio. 112
Descubro-me através do que não quero... Joaquim Alice não desejo... não pretendo: descubro-me... e encontro o meu ser... o mais recôndito, o envergonhado, o silencioso, o genuíno... [obrigado!] “No estrondo surdo das vagas. o profundo silêncio do oceano.” “Se não queres ser pobre nem estar só... procura o silêncio, a pureza, a luz, a imensidão, a ordem divina... em ti próprio.” “É pela harmonia que trazes em ti que meço a qualidade do teu SER.” 113
.... do mais profundo de mim O meu nascer termina... o dia, nasço eu... Nuvens cor de rosa espraiam-se nos céus, gotículas gigantescas, mas frágeis, ... desestruturadas, movem-se imperceptivelmente, navegam de lado... Cantam, ainda, alguns pássaros (dispersos). A Luz do dia... despede-se com suavidade, o ar... em stand-still... É esta a “onda” que melhor opera... o meu nascer. 114
Anoitece Joaquim Alice O cinzento do céu apagou a cidade da paisagem, e, bem assim, ... o mar. Choveu sobre tudo e todo o verde se esconde, molhado. O dia termina... parado. Tudo... tão sossegado! O fim do dia... cobre a paisagem com um manto... e, cada vez menos, luz... 115
.... do mais profundo de mim Valeu a pena todo o sufoco das dúvidas vividas, o sofrimento, a indecisão, a dor do desatino, o sentir-me dilacerado pelas forças opostas em jogo... Valeu a pena o esforço, a coragem não foi em vão... O caminho penoso percorrido em solidão, o enfrentar do Adamastor, as feridas abertas... a gangrena... Tudo valeu a pena! 116
Fim do dia Joaquim Alice O adeus... da luz... ao fim do dia, é gentil... de cores e de silêncios... pontilhados (grilos... rãs...) ... ... ... ... Lentamente, cedendo lugar à escuridão... Vai-se... a luz... sem dizer adeus... Foi. 117
.... do mais profundo de mim Sou feliz! Com a sequência da vida me basto, aceito a vida descubro o prazer d(ess)a aceitação Felicidade? Sim... Sou feliz! 118
Referências BRENNAN, Barbara Ann. Mão de Luz: Um Guia para a Cura através do campo de Energia Humana. 23. ed. São Paulo: Pensamento Ltda. (1987) 2006. D’ÂNGELO, Edson; CÔRTES, Jane Jardel. Ayurveda: a Ciência da Longa Vida. São Paulo: Madras, 2018. FIORAVANTI, Celina. O Pai-Nosso e os Chakras: Como ativar os centros de energia através da prece. São Paulo: Ground, 2000. FRAWLEY, David. Uma Visão Ayurvédica da Mente: A Cura da Consciência. 9. ed. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 2017. GERBER, Richard. Um Guia Prático de Medicina Vibracional. São Paulo: Pensamento, 2006. HONERVOGT, Tanmaya. Guia Completo de Reiki: um curso estruturado para alcançar a excelência profissional. Trad. E Euclides Luiz Calloni, Cleusa Margô Wosgrau. São Paulo: Pensamento, 2008. HOSAK, Mark; LÜBECK, Walter. O Grande Livro de Símbolos do Reiki: A Tradição Espiritual dos Símbolos e Mantras do Sistema Usui de Cura Natural. São Paulo: Pensamento, (2014) 2010. JOHARI, Harish. Chacras: centros de energia de transformação. Trad. Maria Epstein. São Paulo: Pensamento, 2010. LEADBEATER, C. W. Os Chacras ou centros magnéticos vitais do ser humano. São Paulo: Pensamento, 2006. MILLER, Joan P. O Livro dos Chakras, da Energia e dos Corpos Sutis: Uma Nova Visão das Tradições Antigas e Modernas sobre os nossos Centros de Energia. São Paulo: Pensamento, 2018, p. 50. OSHO. El Libro de los Chacras. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Grupal; Arkano Books/Grupal, 2013. SHERWOOD, Keith. Terapia dos Chacras. São Paulo: Siciliano, 1988/1995. Site recomendado http://henriquetamagiacigana.wordpress.com.chakras.
Este livro foi editorado em Minion Pro e Roboto Slab. Publicado on-line pela Editora Arte & Livros em novembro de 2020.
escritos ... basta que me liberte de mim... e de tudo … basta que SEJA … (simplesmente) 9 786599 212253 9 786588 719084 9 786599 212239 9 786588 719053
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