Joaquim Alice ... do mais profundo de nós (os dois) Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
... do mais profundo de nós (os dois)
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JOAQUIM ALICE ... do mais profundo de nós (os dois) Livro DOIS – Laranja Chacra Umbilical – Svadhisthana Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
© 2020 Editora Arte & Livros Projeto gráfico, capa e editoração: pamalero artes Revisão: Vilca Marlene Merízio Ficha catalográfica A398d Alice, Joaquim ...do mais profundo de nós (os dois) : Livro Dois – Laranja Chacra Umbilical – Svadhisthana [Recurso ele- trônico on-line] / Joaquim Alice; Vilca Marlene Merízio, organização, introdução e notas. – Florianópolis : Arte & Livros, 2020. 97 p. Inclui referências ISBN: 978-65-88719-11-4 (e-book) 1. Poemas. 2. Poesia portuguesa – História e crítica. 3. Filosofia. I. Merízio, Vilca Marlene. II. Título. CDU: 869.0-1 Ficha Catalográfica elaborada por Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma sem prévia permissão por escrito dos autores. Impresso no Brasil
Sumário Introdução ao Livro DOIS ... Do mais profundo de nós (os dois) | 7 Poemas | 15 15 | Sê !!! “Um bom despertar” | 43 17 | Teu arco-íris Trevo de quatro folhas | 44 18 | Amarelo no canto da boca Sorriso | 45 Renascer do forcado | 46 19 | O vivente Apanhados... | 47 20 | Céu Amiga Christiane | 48 Conflito/domínio | 49 22 | Fading Norte | 50 23 | Prazer Confusão | 51 24 | Amiga T.B. Amiga | 52 25 | Frescura da fonte Não te quero | 53 26 | Esgar Noutro sítio... | 54 27 | O sufoco Faz como quiseres | 56 Hino à vida | 58 28 | Miss Novo ser | 59 29 | Bem-te-vi O teu centro | 60 31 | A pasmar Teu sorriso | 61 32 | Mr. Rosary Wood Fanfarra | 62 33 | Estandarte Feira | 63 34 | O tempo que falta Amiga d’alma | 64 Olhos p’ra ver | 65 35 | Solidez Autorreconhecimento | 66 36 | Anticristo Inverso | 67 37 | Persistência Pureza | 68 39 | Pesca 40 | Y tresmalhado 41 | Well come little rose 42 | Well come love
69 | Sorris quando 83 | Viagem ao interior 72 | Essa agora 84 | É no torcer da 73 | Revelação 86 | Sinto-te a vibrar 92 | Casta e sabedora 74 | Quero puxar(-te) 93 | Grave ameaça 75 | Teu maná 94 | Helen 76 | Tu cuidas 95 | Levo-te... a ti ... 97 | Referências 79 | Desconfiada 80 | Timoneiro 81 | Supernova
Introdução ao Livro DOIS ... do mais profundo de nós (os dois) Segundo livro dos quatro que formam o Quaternário Joaquim Alice Inferior, este volume, ao indicar a predominância do elemento Água, centra nos sentimentos amorosos a sua tônica. Enquanto que no Livro Um o foco recaiu no elemento Terra, cuja ressonância sustenta a dinâmica entre o homem (ele só) e a 7 natureza, e o eu lírico aparentava importar-se em demasia com segurança, poder corporal e formação da identidade, numa direção direta e linear, neste Livro DOIS, ... do mais profundo de nós (os dois), a atenção claramente volta-se para o desejo de intimidade, de amor compartilhado, de fantasias de caráter sexual e de criatividade na busca de um parceiro, aspectos típicos do segundo chacra. O 2o Chacra, ou Chacra Umbilical, em sânscrito, é chama- do Svadhisthana, que quer dizer “morada de si mesmo”.1 Localizado no corpo humano na região genital e no plexo gástrico, a sua cor é laranja. É formado pela simbologia da flor de lótus de 6 pétalas,2 representando seis manifestações 1 JOHARI, Harish. 2010, p. 117. 2 As 6 pétalas representam os estados de máxima alegria e de prazer natural, deleite no controle das paixões e a felicidade suprema na concentração. Idem, ibidem, p. 107.
.... do mais profundo de nós (os dois)mentais: afeto (condescendência), desconfiança, desdém, ilusão, destrutividade e impiedade. Seu órgão dos sentidos é a língua; seu sentido predominante é o paladar; seu órgão de ação são os genitais. O seu mantra é a sílaba seminal VAM, que, quando repetida, purifica os bloqueios nas regiões inferiores do corpo físico. Ao reverberar, o mantra intensifica a produção e a circulação de fluídos nos corpos compostos pela água (sangue, muco, urina, saliva e outros fluídos). A respiração pela narina esquerda ativa a nadi Ida, estimulando o hemisfério direito do cérebro que está relacionado ao comportamento emocional. Também, no 2o Chacra, estabelece-se a relação entre a Água, a Lua, as emoções e a psique.3 A divindade presente no 2o Chacra é Vishnu, o senhor da preservação, que mantém o poder sobre o Universo e cujo auxílio centra-se no crescimento e no desenvolvimento, que vai dos 14 aos 21 anos, época da juventude humana. Vishnu é também considerado a fonte do poder espiritual e do conhecimento mais elevado que em tudo penetra e vive. Ele é o deus responsável por manter o equilíbrio entre as forças criadoras de Brahma e as forças destrutivas de Shiva. “Ele é o eterno benfeitor do Chakra Svadhisthana”.4 A imaginação do ator lírico que fala neste corpo antropomorfo de escrita (a obra completa desta coleção), aqui, tendo o segundo chacra em grande atividade, busca por imagens idílicas onde possa sempre estar em relação com uma outra pessoa, não dizendo com isso que essa parceria seja a definitiva. Suas conquistas têm alvo fácil, são passageiras, tal como no mito de Dom Juan, pulando de flerte em flerte, e logo 8 se esquecendo de quem se enamorou anteriormente. 3 Idem, ibidem, p. 109-120. 4 Idem, ibidem, p. 121.
Não quero dizer com isso que o poeta Joaquim Alice, Joaquim Alice tenha dado voz a uma criatura (literária) infiel que busque o prazer mundano em cada alma que encontre; não. Mas, acompanhando-se atentamente as confissões líricas do eu enamorado, é de se acreditar, sim, que sempre há um novo 9 amor a ser conquistado em nome do Amor. Frustrada, mas lúcida, a personagem poética arroja-se na direção de um outro ninho, sem, contudo, deixar de estar focada no seu próprio interior que, carente de companhia amorosa, parte sempre na direção do outro, que lhe acolhe a amizade ou a “paquera”, como exemplificam os versos de “O Vivente”: Qual abelha inquieta, de flor em flor saltitando, assim acho que me creem quando na rua me veem, (... desfilando) em companhia indiscreta. Conhecedor de si mesmo e seguro quanto a isso, o eu lírico justifica seu comportamento donjuanesco: Se inveja (eu) suscito, não é esse o meu intento, apenas sou eu... sem máscara. E completa, jocosamente, confirmando que está ciente de suas atitudes, que não há [nele] narciso, mas só o vivente. Forma admirável, simples, não ofensiva, e até simpática de colocar em versos a verve corriqueira de um jovem namorador. E, em caso de amizade, seu comportamento também é cordial e amoroso, sem deixar de ter uma pitada de sensualidade: Teu sorriso é uma bênção/ Tua boca... um lago extenso.../ Teu olhar, sorriso.../ Teu jeito, oferta../ O teu corpo... escultural (“Amiga T. B.”). Tudo exatamente a permitir uma leitura que possa considerar este segundo livro como representante das atitudes de uma pessoa com o seu 2o Chacra, o Umbilical, bem desenvolvido e equilibrado, exercendo plenamente as funções que lhe são devidas.
Os teóricos orientais dizem que para a pessoa “permanecer saudável e equilibrada, deve entender e respeitar as limitações naturais do corpo e da mente”.5 Sobre o prazer sexual, Johari ainda diz que o 1o Chacra (visto no volume introdutório à obra) existe para satisfazer os impulsos físicos e fornecer o conhecimento básico para os iniciantes no amor e que, só no segundo, o ato amoroso torna-se prazeroso por si mesmo (quando realizado sem excessos). Em relação aos outros chacras, a propensão à sexualidade, no terceiro chacra, libera as tensões, a dominação e o controle; enquanto no quarto, o sexo é companhia, contato. No quinto, a satisfação sexual chega por meio do som e de outras formas mais sutis. Nos outros chacras superiores, por opção, o sexo pode ser deixado em segundo plano. Mas, neste momento, o que nos interessa é a relação que há entre as atitudes expressas pela voz representante da criatura literária, que pode ser a do poeta fictício ou não, e as características reais do Chacra Umbilical, que todos nós, seres humanos, possuímos em .... do mais profundo de nós (os dois) menor ou maior atividade. A representação deste chacra no comportamento humano recai nos planos da procriação, diversão, fantasia e alegria em termos de sexualidade. No sentido contrário, quando em disfunção, podem ocorrer manifestações de ciúme, desejo exacerbado pela união sexual (não importa com quem), pela expansão exagerada do círculo de amizade, pelo estabelecimento da identidade pessoal e pelo endeusamento de si próprio, tudo como forma de atrair parceiros temporários. O sacrifício pela obtenção do amor do outro começa influenciado por este chacra. Há a possibilidade de enlaces 10 matrimoniais e o começo da formação da família que continuará unida desde que não haja descomprometimento com os acordos celebrados. Nesse caso, o Chacra Umbilical 5 Idem, ibidem, p. 127.
manter-se-á em equilíbrio, que só será quebrado quando um Joaquim Alice dos parceiros, de forma egoística, dará importância demasiada apenas à gratificação dos seus instintos, sem se importar com os sentimentos de quem com ele convive. Isso gera problemas de ordem psicológica e espiritual em ambas as partes. 11 O segundo chacra também, quando não equilibrado, pode originar o sentido de nulidade, um estado de vazio, ausência de propósitos, pessimismo, falta de entusiasmo e até influências negativas. Inveja e ciúme pioram a situação porque cresce o desejo de possuir o tempo, a atenção e a qualidade das outras pessoas, o que resulta num quase permanente estado de inquietude, ansiedade e desejos de destruição. A pessoa mente, desenvolve falsa autoestima e procura a companhia de pessoas que lhe podem satisfazer os desejos libidinosos, tudo para chamar a atenção de quem quer conquistar. O nível de consciência do segundo chacra reside nas emoções. É sabendo controlá-las que este ponto de energia se harmoniza. Isso não quer dizer, alerta John P. Miller,6 que se deva reprimir ou ignorar as emoções: é preciso tomar consciência delas e saber canalizá-las para a meta certa. Vejamos agora como se comportam as vozes ouvidas nos poemas de Joaquim Alice que compõem este Livro DOIS. Como este chacra é o dos relacionamentos, do estar a dois, do desejo à flor da pele, Joaquim Alice não foge disso. Pelo contrário, dá voz à voz que deseja, investe, ama, possui. De olhos abertos, atentos, prontos para gozar os frescores da vida sem se preocupar muito com as consequências que podem advir de um ato menos pensado, mas aceite pela caracterização da fase que atravessa: a dos desejos por união sexual. E na parceira, na partner que pensa poder valer de sua companhia pela vida inteira, põe esperança e desejo de felicidade. 6 MILLER, Joan P. 2015. p. 30.
.... do mais profundo de nós (os dois) O desejo: Volto a transbordar [...] Querendo [...] fundir-me contigo... ...tocar-te a alma e, bem assim, ... desfrutar de contato físico, levar-te, com extrema meiguice e cuidado, a adormecer... ... mal tocando a tua pele... antes roçando, meramente, a ínfima penugem que a cobre... [...] E querendo (tu) fazer amor... Ser teu alazão, teu garanhão... Ou, até, teu mar-de-prata... Ou azeite, imóvel e suave... Ou mesmo, VULCÂO... Mas quando nada parece dar certo, o sentimento de vazio, de nada valer como pessoa, deixa esse eu representado pela voz que reclama, ainda a sentir influência dos poderes do chacra básico, o do instinto: Sou quem Ninguém-sabe-quem é... – ideia reforçada em “Confusão”: Na busca, na procura, o desespero, desencanto, frustração. Na avidez, a ilusão... Busca atenta... mas errada, filha da confusão. 12 E o resultado, em aniquilamento, que parece ser total (“Noutro Sítio... Em qualquer lado”):
E cá fico... SÓ... ... luzes apagadas... Joaquim Alice Ouvidos tapados... olhos cerrados... Boca trancada e seca, mãos atadas... Só é desfeito quando afinal, da autocompaixão, nasce novo 13 alento: de novo, Acendeste meu lume.../ e vou ter de o controlar! (“Inverso”). E a vida continua, com suas Marés, seus altos e baixos, novas investidas, recaídas... A roda da vida funcionando... Amores indo e vindo. E nos momentos de solidão, a ideia de que nada vale a pena porque ... O que sinto... é vontade!!!? O que sinto... é despudor. Por isso, a ilusão, o autoaniquilamento: Sou cada vez mais apenas... EU. Sou cada vez mais ... um mero nada! Até o surgimento de uma nova oportunidade, já com avanço para as características do chacra posterior, o do Plexo Solar, o chacra das emoções: [...] E no silêncio do meu amor, só reside aceitação [...] os olhares prescrutadores que me lanças, as insinuações mais abertas... tudo isso eu deteto com a atenção do guerreiro, do caçador-solitário que tudo vê [...]7 Que bom se no AMOR sempre pudéssemos ter a graça do compartilhamento! Vejamos no próximo livro, como Joaquim Alice consegue vivenciar as suas emoções, não sem antes desfrutar da beleza poética de cada um dos versos que englobam este ... do mais profundo de nós (os dois), cheio 7 “Sinto-te a vibrar”.
.... do mais profundo de nós (os dois)de sensualidade e desejos pela relação, se não perfeita, pelo menos, prazerosa, em completa união dos agentes femininos e masculinos do princípio da vida. Florianópolis, 7 de outubro de 2019. Vilca Marlene Merízio 14
Poemas Sê !!! ...e desfrutarei em paz das paisagens que tens dentro, bem sabendo da diferença... que isso faz quanto ao (teu) centro.
Teu arco-íris Joaquim Alice COISA LINDA... ... profusão de cor(es) com mais de um arco, ... entrevejo-o, por vezes... (apenas) naqueles breves instantes (MÁGICOS que são) em que baixas a guarda... (inconscientemente) e o (teu) sentir transborda... (simplesmente) [assim (te) traindo.] E é ver-te... apanhada de surpresa... incauta! COISA LINDA... Fugaz qual estrela cadente... 17
.... do mais profundo de nós (os dois)Amarelo no canto da boca ... resto de ovo... (da gema) tão minúsculo mas... tão amarelo contra tua pele castanha, quadro perfeito, singelo... ... tuas mãos harmoniosas, unhas tratadas... mas tão simples, belas... em perfeição tuas dimensões e teu jeito, tudo harmonioso e perfeito, um espanto de paisagem. Por isso, ... extasiado... me detenho... em ti ponho meus olhos... e é tal a vibração, que tu paras, olhas-me e perguntas: E, ENTÃO...??? 18
O vivente Joaquim Alice qual abelha inquieta, de flor em flor saltitando, assim acho que me creem quando na rua me veem, (... desfilando) em companhia indiscreta. Quando em par... sempre suscito atenção e certo olhar de quem se compraz, atrevido, ... “desdenha”, mas quer “comprar”. Se inveja (eu) suscito, não é esse o meu intento, apenas sou eu... sem máscara, só com apito. Chamo a atenção... já mo disseste... e d’alguma forma o sei: não há em mim o narciso, mas tão só o vivente. 19
.... do mais profundo de nós (os dois)Céu (com horário) Descoberto o CÉU... esse sentir diáfano, puro e sem nuvens... aconchegante, sereno e ingênuo... dá-se a expansão, a abertura plena e volto a transbordar... a vir-por-fora ... querendo abrir-me totalmente até me diluir no TODO e, também, fundir-me em Ti e contigo... ... tocar-te a alma e, bem assim, ... desfrutar de contato físico, levar-te, com extrema meiguice e cuidado, a adormecer ... alisar teu cabelo com minhas mãos e com a pele dos meus braços, passar ao de leve, levezinho... meus dedos ao longo das tuas formas generosas, belas, lindas... quais elementos da Natureza (planaltos, vales, sulcos... colinas, etc.) ... mal tocando a tua pele... antes roçando, meramente, a ínfima penugem que a cobre... de louros e pequeníssimos pelos. E, querendo (tu) fazer amor... ser teu alazão, teu garanhão... 20 ou, até, teu mar-de-prata... ou... azeite, imóvel e suave... ou, mesmo, VULCÃO...
Mas, querendo tu dormir, ser nuvem... fofa... Joaquim Alice onde te deixes embarcar em sonhos gentis de cores suaves... e ... te deixes ir... assim... no mais profundo e prazeroso descanso, FELIZ... ... mas ... deparo com outro cenário... pois... pro efeito... são INÚTEIS (absolutamente) os dias “úteis”... e, quanto aos restantes (que nunca serão bastantes... sabem sempre a pouco), ... existe HORÁRIO! ... ... ... ... ... ... ... ... 21
.... do mais profundo de nós (os dois)Fading1 Sou cada vez mais apenas... EU. Sou cada vez mais ... um mero nada! Sou cada vez mais o ponto (holográfico) que faz parte do todo... e o contém. E faço viagens por mim adentro onde deparo contigo nas tuas versões... (várias). E quanto mais fundo cavo menos me revejo e mais me diluo. Sou a imagem de contornos tão esbatidos que (quase) inexisto. 22 1 FADING. Tradução livre: desvanecimento; desaparecimento.
Prazer Joaquim Alice É bom... e salutar se assumido. É mau... pesado... doentio, se não assumido... Se combatido, se não aceite... nem gozado, se não é livre de ser sentido, se gera culpa... revolta, se é egoísta e tudo quer para si, se preocupado... se censurado, se combatido... se recusado, se visto como um diabo, se condicionado: a ser desta ou daquela forma, deste ou daquele feitio, com este ou aquele pressuposto, sem esta ou aquela nuance, por este ou aquele contexto (desejado)... MAS QUANDO É... É! 23
.... do mais profundo de nós (os dois)AMIGA T. B. Teu sorriso é uma bênção. Tua boca... um lago extenso... Teu olhar, sorriso... Teu jeito, oferta... O teu corpo... escultural! 24
Frescura da fonte Joaquim Alice A fonte verdadeira jorra... INCESSANTE p’ra qualquer lado que olhes, quer p’ra fora, quer p’ra dentro, por todo o sítio, a qualquer hora. E, no que respeita à matéria, ela flui e se desvia quando por ela passas, elevado e em ato de aceitação, tal como aceitas a frescura ao alcançares um regato ... COM A MÃO. 25
.... do mais profundo de nós (os dois)Esgar ...foi teu esgar que fixei, foi nele que te reconheci... (foto antiga) Teu ser me havia tocado, ...então, lá longe no tempo, de raspão (apenas) e deixara a marca-d’-água invisível, mas presente e forte (como TU), Impossível de apagar qual sigla por ferro em brasa fixada. Curioso... (como)... um simples flash instantâneo faz o cruzamento! (Imprime o padrão...) E é capaz de transmitir, revelar o caos... e ainda ... a promessa de futura ORDEM... contornando e deixando intata a vasta seara das emoções. A VERDADE... É! (realmente! ... e apenas.) 26
O sufoco Joaquim Alice Contido e amordaçado (até) obrigado a implodir toda a bagagem de um novo amor que, finalmente, por ambos se revelou, viu a luz do dia ... apareceu, soltou-se, brotou contido, amordaçando tudo ... A vontade de te ver, de (te) tocar, de (te) olhar, de (te) contatar... (tirania! ???) 27
.... do mais profundo de nós (os dois)Miss A leveza conferida pelo amor... trazes Contigo, rua abaixo, em ti... É(s tu)! Altivez, agora, flamejante, luminescente, suave e boa, agradável, elegante, sensual (como nunca)... Alimentada, cultivada, remexida com arado, ... profundo...Terra arejada, revolvida, preparada!!! (PLANTA-ME!... ... ... Ecoa...) 28
Bem-te-vi Joaquim Alice Por detrás de disfarces, coroas com brilhantes de penas, plumagens, 29 risadas... ... ... exuberâncias mil... BEM-TE-VI... Num estar/ser meio sem-jeito (até), vacilante quanto baste, mas sem se deixar revelar... fértil solo (senti-o), mostrando-se disfarçado... de beleza ofuscante... qual campo, de neve coberto, belo... mas GELADO!!! Já eras, então, fértil solo (sabia-o, sentia-o tão bem...), ofertando o seu melhor, bouquês primorosos... ramos, grinaldas floridas... de HUMOR... Encantamentos de arranjos (majestosos), pétalas frágeis... mas perfeitas, delicadas ... TÃO bem feitas... ofertas únicas... tesouros, imensas riquezas... extensas, de infinito primor, eram... tão-só em meio do (teu) pior, TUA DÁDIVA... de amor, TEU MELHOR!
.... do mais profundo de nós (os dois)... Bem-te-vi a esbanjá-lo, ... ofertando-o tanto àquele que o possui, como ao que não o tem, ... num contínuo fluir, sem sequer olhar a quem... Gritos, brados ao céu... arrepiantes, aflitos, desesperados-pedidos-de-socorro, por entre (etilizados) vapores em constantes estertores, possuído, mas sempre de pé, protetor, entregue ... sempre a dar-se (e ao seu melhor), suportado, unicamente, pela fé. 30
A pasmar Joaquim Alice Ah... Estás (finalmente) aí!!! Agora que já desisti... após o abandono, desiludido de expetativas, sem nada mais querer, desejar... À porta assomas, então... por fim, olho-te, nem pestanejo, d’intenções... cheguei ao fim!!! Estás aí... pois-bem... é teu o risco (... a conta também ...) Nem te saúdo... (até) apenas me basto com o nosso encontro de olhares, ... absorto... fico ... ... a pasmar!... 31
.... do mais profundo de nós (os dois)Mr. Rosary Wood Fitas-me... de longe... (embora bem ao perto tu te encontres.) Distante... já te vejo noutro filme, noutra dimensão ... e, aí, de longe, trocas as voltas... mudas o jogo... alteras tudo... e, sem sequer, uso-de-força. O que acabas por fazer, com mestria imediata... é deixares-me sozinho, baralhado, totalmente indefeso. O que fazes, afinal, é forçares-me (sem força) a que me force, eu a mim próprio, no sentido por que optaste na sageza... com arte, destreza e porte. 32
Estandarte Joaquim Alice E o volume... ai!... o volume... Traço distintivo, é como um selo, tratado como vestido-de-cauda... É lindo, forte, esplendoroso ... o teu cabelo... Danças com ele, andas às voltas, prendes, soltas e (até) espalhas, mudas de lado, endireitas e entortas. E o que quer que lhe faças ... confesso que me agrada sempre vê-lo dá-te a força, o porte ... é ... estandarte! 33
.... do mais profundo de nós (os dois)O tempo que falta O tempo que falta... constante, premente, é tudo o que sinto... no presente. O tempo que falta p’ra tudo fazer até o desejo parece perder. Sou outro contigo, mas assim quero o tempo que falta... p’ra ser sincero. 34
Solidez Joaquim Alice Muito mais sólida é como andas (agora)... fluis, no teu ser, bem mais atenta. Encontras-te bem mais consciente, ganhas-te a ti própria a cada dia (é o que sinto)... Ganhaste substância... robustez. 35
.... do mais profundo de nós (os dois)Anticristo Se te mostro o meu desejo, mesmo que entusiasmado, buscas todo o argumento que me deixe ali ... prostrado. Esgotado é como fico, mas fiel ao meu gostar (de ti), lá insisto em te explicar aquilo que fazes comigo. Torno-me um chato. Canso-te imenso ... desagrado-me. Chego a ficar revoltado (comigo). Sei... não o fazes por querer, razão pela qual eu insisto... pr’a veres essa parte de ti... ... o anticristo... 36
Persistência Joaquim Alice Teu porte é altaneiro, teu comprimento é marcante, 37 distinto... confere-te beleza... És esbelta! Dignidade é o que sinto ao olhar-te. Meiguice é o que aflora quando ninguém-está-a-olhar. Estás tão ávida de afetos... (sinceros!), embora fujas desse teu lado, como se de escuridão se tratasse (e... como tens medo do escuro!!!), Aceita o teu lado feminino... aceita teus dedos (dos pés) descobertos, tal como as mãos. São graciosos os teus pés, teu dedos e unhas tão cuidadas movem-se, sensuais, penetram o espaço... perfeitos. Dás tanto... quando te sentes segura, dás tanto quando adivinhas ser possível a aceitação, dás-te... investes... abres-te... cedes ... tudo (penso eu)... porque não corro atrás de ti.
.... do mais profundo de nós (os dois)Aceito-te, amo-te... mas não te quero conquistar, não para mim ... APENAS E UNICAMENTE PARA TI! E é este o desconhecido jogo que te sentes a jogar. É isto que andas a sentir e, curioso, embora muito incômodo, por vezes, ... determinas-te (já) a PERSISTIR. 38
Pesca Joaquim Alice Já fui isca, já fui rede, já me dei e me ofereci. Agora... bem mais contido, protejo-te, até, de ti. Persegui e enganei... Vibro eu, tal como sou... e reages, perturbada! Conheço bem o teu ser... o brilhar da “bicharada”. 39
.... do mais profundo de nós (os dois)Y tresmalhado Foste já mero bandido, malfeitor e revoltado... de tudo fizeste (já)... Agora... (pelos anos) amestrado, mudado que estás, teu encanto é bem outro, por vezes, até ignorado, incompreendido, não visto, não notado. Olham-te ainda como o outro que foste... Aguenta-te à bronca (amigo)... É o preço de teres acordado e ... no meio de adormecidos... andares... tresmalhado. 40
Well come little Rose2 Joaquim Alice ... partilhas comigo teu pensar, teu sentir... teus estados, tuas dúvidas... saudades... 41 teus “buracos negros”, tuas vias lácteas. ... INTIMIDADES... E eu... com solenidade (perante isso... que é sagrado), te recebo, te escuto, te ouço, te embalo, talvez até te proteja, te abrace, sem valorar o que quer que veja, senão pelo BEM, pelo mais digno, pelo puro, pelo são, p’lo saudável, por tudo aquilo que és... de perfeição, como rosa que se abre (emoções reconheces...) e deixa... assim... de ser botão. 2 WELL COME LITTLE ROSE: Tradução livre: Bem vinda, pequena rosa.
.... do mais profundo de nós (os dois)Well come love3 É em ti que vivo, por vezes, e sinto-me ausente se não estás presente, mas depressa sou... TU... em mim ... e, então, já posso sorrir novamente... pois que estás presente, sempre (que o queira)! Ficas inquieta... sentes algo incômodo: é a sintonia e a ressonância que te fazem vibrar “não-sozinha” e, olhando à volta, não vendo ninguém, é um desatino tal confusão, pois sabes-te só... Torna-se difícil tal entendimento, pois há conflito entre os olhos e o sentimento. O tempo que falta, constante... premente.. é tudo o que sinto... no presente. [WELL COME LOVE] 42 3 WELL COME LOVE: Tradução livre: Bem-vindo, amor.
“Um bom despertar” Joaquim Alice Logo pela manhã... bem cedo, a mim... vens desejar ... ... ... (espectro de algum medo que te anda, por aí, a minar). P’ra LUZ, tenho sempre quem me arraste! Mandas-me acreditar, ter confiança, ser firme, inteligente, ... concentrado... em segurança... Penetro, assim, em tua mente em estado curioso (mas respeitoso) ... de criança! 43
.... do mais profundo de nós (os dois)Trevo de quatro folhas Fraco sou... em demasia, p’ra vos vir saudar de voz. Fico, então, maré vazia... Salta-me emoção atroz. Fico rouco e entupido, nós se formam no meu peito, congelo e fico ardido, falta-me, de todo, o jeito. Não me imponho sacrifício, nem cultivo orgulho... Humildade é meu ofício... Fico bem junto ao gorgulho.4 Apraz-me o vosso enlevo, faz-vos bem e lava a alma... Fico melhor... na calma, prefiro procurar/encontrar um trevo. 44 4 Gorgulho: designação de vários insetos [...], sendo muitas espécies parasitas dos cereais.
Sorriso Joaquim Alice Olho de frente e vejo o mar, Ondas, cristas, reboliço... Olho sempre sem parar, 45 quero ver de onde vem o que sinto... este enriço5 que não me deixa medrar.6 Quero o fado... Quero vê-lo todo inteiro. Quero trocar-lhe as voltas. Quero dar-lhe o meu despacho. Quero é transferi-lo. Quero ficar liberto... Optei por reconstruí-lo. Se não fora o teu pesar, o que aqui sinto, embora, nem mesmo to vou mostrar... não vás tu... fugir... agora! 5 Enriçar: riçar; emaranhar 6 Medrar: crescer, desenvolver-se, prosperar.
.... do mais profundo de nós (os dois)Renascer do forcado7 O touro pelos cornos é como te conheces... a agarrá-lo!!! Qual espanto... o teu, ao pisares a caca... e, então, notares (agora) estares acariciando as orelhinhas da vaca. Não podes ser tu, não te estás a conhecer, não descortinas o porquê do que está a’contecer. ... apenas cansaste... Descobres... o verso, o oposto... do sofrer: o AMAR! 46 7 Forcado: (em tauromaquia) homem que nas touradas faz as pegas, enfrentando o touro corpo a corpo.
Apanhados – pelo divórcio Joaquim Alice ... foi como vos vi, como vos senti... acanhados, cabisbaixos, ambos ressentidos da vida, ressentidos pela frustração ... do estilhaçar de projetos. Sentimentos que se esfumaram... meras ilusões... Gelados!!! ... perante a frieza dos desfechos... sucessivos. Mesmo fisicamente... cada um se encolhendo, perante a voracidade atroz da VIDA sentida, agora, como ameaça. [aquilo que fora amor... transformado em desgraça] 47
.... do mais profundo de nós (os dois)Amiga Christiane Conheço-te já... por intuição. A tua grandeza é genuína e, como tal, conheço-te... Apenas não me movo p’ra te ir ver; disso não necessito. A grandeza e o teu amor são aquilo em que acredito. Tal certeza é a que tenho no teu digno e reto agir... Sorrio... com alento, por (teu) mero existir. Não preciso de te ver ou sequer de te falar, deixo-te apenas SER; noutros lados ... vou “pregar”. 48
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