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O-barraco-ok

Published by Paroberto, 2021-05-12 14:15:33

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o barraco das letras e dos hieróglifos Sérgio Medeiros ARTE & LIVROS



o barraco das letras e dos hieróglifos



Sérgio Medeiros o barraco das letras e dos hieróglifos ARTE & LIVROS

Copyright © 2020 Sérgio Medeiros Copyright © desta edição Arte & Livros Projeto gráfico, capa e editoração Paulo Roberto da Silva Ilustrações de capa e miolo Sérgio Medeiros Revisão Sérgio Medeiros Ficha catalográfica M488b Medeiros, Sérgio, 1959- O barraco das letras e hieróglifos [Recurso eletrônico on-line] / Sérgio Medeiros. 1. ed. – Florianópolis : Artes & Livros, 2020. 80 p. : il. 206 x 292 mm ISBN 978-65-992122-2-2 (e-book) 1. Poesia visual brasileira. 2. Poemas. 3. Caligrafia. I. Título. CDU: 869.0(81) -1 Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 2020 Editora Arte & Livros Rua João Meirelles, 1213 – Apto. 107, Torre C – Abraão | Florianópolis-SC CEP 88025-201

sumário prefácio ■■ 7 ■■ letras e hieróglifos: barraco armado ■■ 11 ■■ epílogo ■■ 73 ■■



prefácio



labuta, ofício, labuta — o besouro que voltou para a toca — logo começa a lançar fora o pó 9



letras e hieróglifos: barraco armado

12

chique, quase pronto, chique — numa vitrine um funcionário enérgico tenta dar — naturalidade ao corpo petrificado do manequim 13

voz, ruído, música — escorrem fios brancos das — orelhas dos adolescentes 14

debandada, debandada, debandada — os guardanapos brancos dão saltos... — antes da janta como coelhos na grama 15

conclamar, incomodar, conclamar — o inseto gira à volta de um besouro — acomodado e logra fazê-lo alçar voo 16

átrio, canteiro, obra — flores abertas diante da cúpula — embrulhada da igreja 17

fumaça, rolos, fumaça — de uma máquina gigantesca no chão sobem rolos de fumaça — e o nevoeiro que cobre o céu desce os andares em construção 18

ginástica, balé, acidente — figos verdes e roxos deslizam — pelo piso encerado 19

sob o sol, balanço, sob o sol — o bando de gaivotas se esfarela nas ondas — e as asas que ainda batem se iluminam 20

voo, balanço, voo — uma bolha se assenta na grama e libera — antes de expirar todos os seus reflexos 21

luta, luta, luta — na única sacada acesa da ruazinha escura — uma moça dá murros no saco de pancada 22

folguedo, folguedo, folguedo — as nuvenzinhas são como dois filhotes de cadela: — se cheiram e se mordem e depois rolam abraçadas 23

exercício, céu, exercício — o urubu se esforça de manhã para avançar — além do jardim mas volta trazido pela brisa 24

verão, praia, festa — o menino carrega nas costas uma mesa — de quatro patas como um besouro albino 25

tarde, tarde, tarde — calções rubros cruzam correndo o gramado — quando a tarde cai 26

mosca, armadilha, mosca — com suas asas de ponta arrebitada o avião — parado parece grudado na mancha na pista 27

desjejum, sede, desjejum — o mosquito na asa de uma xícara — sonha decerto com dedos quentes 28

túnel, entulho, túnel — na carroceria aberta atrás e escura por dentro ossos — rubros empilhados que não parecem de mentira... 29

fruta, verdura, fruta — o motoqueiro tem preso no braço um pé de alface — que se arredonda verde no ar como uma melancia 30

porta, portão, porta — a formiga é um pedacinho de ferrugem — no novo cadeado 31

harmonia, sustentabilidade, harmonia — o pássaro desce num galho finíssimo — que inabalável não verga para o chão 32

anatomia, clima, anatomia — o esqueleto longuíssimo da névoa — não acompanha seus movimentos 33

pés, chutes e futebol — o jardineiro de pés pequenos sobe no muro depois da poda das árvores — e chuta galhos soltos 34

sono, sono, ... — de costas no chão o besouro parece meio adormecido... — então as formigas se põem a embalá-lo... 35

moleza, dureza, moleza — a pequena bromélia reaparece toda rígida — após a retirada à força das ervas do vaso 36

cantar, badalar, tagarelar — um galho repleto de folhas pousa como um sino — no gramado mas os passarinhos não vêm juntos 37

passo, freio, passo — o andarilho atravessa serenamente a avenida — sob o sol que desponta entre faróis iluminados 38

pintura, borrão, pintura — só se vê uma fina faixa azul na fuselagem — do jato que explora nuvens como um cateter 39

taça, taça, taça — o beija-flor emerge seco do fundo lilás de uma — bromélia cor de fígado que lhe deu de beber 40

além, além, além — a borboleta hesita ante um obstáculo invisível — mas o contorna e volta a avançar buliçosa 41

decapitado, contemplativo, decapitado — sobre o telhado de vidro diante do Atlântico surgiu — a cabeça eriçada de um jovem... que agora boia ali 42

oriental, ocidental, oriental — o anfitrião distribui docinhos japoneses — mas o pacote vazio é deveras barulhento 43

calma, luz, sombra — os bambus à tarde são como uma gaiola — onde um canarinho some nas sombras 44

porta, terraço, porta — os pássaros fogem mas uma folha se avizinha — da soleira com passos saltitantes de aranha 45

natal, carnaval, natal — um boné vermelho aparece preso — na serpentina do muro mais alto 46

cor, aroma, cor — quando surge o sol um fedor de combustível contamina o ar — do jardim iluminado 47

ventania, balanço, ventania — urubus deslizam pelo céu instável aos solavancos — sempre avante sem mover as asas 48


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