Joaquim Alice ... o todo em todos nós, no estado perfeito do um Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
... o TODO em TODOS nós, no estado perfeito do UM
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JOAQUIM ALICE ... o TODO em TODOS nós, no estado perfeito do UM Livro OITO – Translúcido Vilca Marlene Merízio Organização, Introdução e Notas ARTE & LIVROS
© 2020 Editora Arte & Livros Projeto gráfico, capa e editoração: pamalero artes Revisão: Vilca Marlene Merízio Ficha catalográfica A398d Alice, Joaquim ...O Todo em todos nós, no estado perfeito do um : Livro Oito – Translúcido [Recurso eletrônico on-line] / Joaquim Alice; Vilca Marlene Merízio, organização, introdução e notas. – Florianópolis : Arte & Livros, 2020. 129 p. Inclui referências ISBN: 978-65-88719-10-7 1. Poemas. 2. Poesia portuguesa – História e crítica. 3. Filosofia. I. Merízio, Vilca Marlene. II. Título. CDU: 869.0-1 Ficha Catalográfica elaborada por Onélia Silva Guimarães CRB-14/071 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma sem prévia permissão por escrito dos autores. Impresso no Brasil
Sumário Introdução ao Livro OITO O TODO em TODOS nós, no estado perfeito do UM | 7 Poemas | 17 19 | A perfeição... Perfeito | 48 20 | Mimetismo O que me vai na alma | 50 O ser (multi)unívoco | 53 22 | Enferruja a alma Da luz, da sombra e... | 54 23 | Potencialidade A grandeza do ser | 56 24 | Falo eu Na morte | 58 Oportunidades | 59 25 | Lutos ... e partos Muito amar | 60 26 | Gnomo sou Coaxar de rã | 61 28 | Nova flor Coleção de momentos... | 62 29 | Ascensão Quero | 63 30 | Eternidade Grato eu’stou | 64 31 | Full time job Dando graças | 65 32 | Ensopado Regresso da paz | 66 Em tudo ver o melhor... | 67 34 | Cotos das árvores... Espuma de cerveja | 68 36 | Frondosas araucárias Luar | 69 Estar de pé | 70 37 | Surf Divino Gerar consciência | 72 38 | Amor e liberdade No abstrato | 73 39 | Bumerangue divino 2 Vida viva | 74 Vós | 75 41 | Gênese Vida na morte | 77 42 | Sorriso Mistério do casulo | 79 43 | Calafrio 44 | Agradecimento 45 | Orgulhado 46 | Os saltos 47 | Perfeição
81 | Morri em vida Sou | 106 82 | Bem te vejo By the end of the day ... | 107 83 | Mater dei Deixo de ser | 108 86 | Porteiro Cegueira p’ro mal | 109 Escapatória/sabotado | 110 88 | Entregue a si O outro | 111 89 | Crio Olá | 112 90 | Voo Em estéreo | 113 91 | Vivo Cegas à nascença | 114 92 | Vida Reativo/proativo | 116 Navegar sem vista | 118 93 | Ressonância do ser Vazio-residente | 119 94 | Único Tudo ao mesmo tempo | 120 95 | Um Atração positiva | 121 Ponto de encontro | 122 96 | Tud’ é ninguém Sou aceitação | 123 97 | Segredo Agora é o momento | 124 Olhar da alma | 125 98 | Ter morrido Tudo (re)vive | 127 99 | Road book Vida | 128 Silêncio-preenchido | 129 100 | Sem solfejo 101 | Ser insondável! 102 | Cumpro-me! 103 | Suportado pela fé 104 | A posse 105 | Bonança
Introdução ao Livro OITO O TODO em TODOS nós, no estado perfeito do UM Sê livre, sê DEUS! J.A. Compondo a terceira e última parte desta coleção, o Joaquim Alice presente livro agrega poemas que tratam da Transcendência. A medicina vibracional considera a existência de chacras superiores aos sete principais, aqui apontados em toda a sua 7 extensão, que apoiam a metáfora do corpo antropomorfo de escrita, imagem que, em linguagem figurada, permitiu agrupar o conjunto de poemas de autoria do autor açoriano Joaquim Alice nos seus oito volumes desta coleção, conforme as oito categorias correspondentes, cada uma delas, aos sete-mais-um chacras do corpo humano, que este oitavo livro, O TODO em TODOS nós, no estado perfeito do UM, encerra. Sobre o Oitavo, o Chacra da qual chamamos Chacra da Transcendência, Richard Gerber apresenta seu estudo a partir das experiências da clarividente americana Carolyn Myss1 e da comprovação do cirurgião, também pioneiro no campo da medicina energética, Dr. Norman Shealy, ambos médicos 1 GERBER, Richard. 2006, p. 431. O autor recomenda a leitura da obra da médica intuitiva, Carolyn Myss, Anatomy of the Spirit: the Seven Stages of Power and Healing. Nova York: Harmony Books, 1996, obra que trata sobre a “dinâmica dos chakras e da relação desses com a saúde e a doença”.
.... do mais profundo da (nossa) essênciaresponsáveis pelo tratamento de pessoas que sofreram fortes abalos na sua estrutura familiar e/ou pessoal, como perdas e doenças, e que, presas ao passado por muito tempo, dele conseguem se libertar através da aceitação do fato e do exercício do perdão necessário para a limpeza energética. Os dois médicos perceberam que a “disfunção em diferentes chacras relacionava-se a emoções ou experiências da vida estressantes ou dolorosas às quais os seres humanos se agarram”,2 como se fosse – a lembrança traumatizante – uma forma de sobreviver ao trauma, uma tábua de salvação a que se apegam, vitimizadas, apresentando dolorosas feridas psíquicas difíceis de serem curadas pelos danos quase irreversíveis, tanto no corpo espiritual e psíquico, quanto no físico. Diz a Dra. Carolyn Myss que, ao conetar-se com antigas chagas emocionais, a pessoa está a reinvestir energia altamente negativa, mesmo inconscientemente, nas mágoas de um passado imutável, à custa do equilíbrio da sua “conta bioenergética”. Aprender a mudar o foco para o positivo, lembrando que a nossa alma é eterna, é uma possível solução para o apaziguamento da dor. Essa visão simbólica de mudança de foco, ensina Dra. Myss, permitirá que os acontecimentos sejam sentidos não mais a partir do nível inferior da chaga aberta, mas de um patamar superior de percepção movido para um ponto elevado do nível simbólico. Daí, é possível enxergar o fato causador do sofrimento, observá-lo e analisá- lo e, sem julgamentos, deixá-lo para trás, não mais lhe dando importância, mas considerando-o como uma causa menor, passível de compreensão e, consequentemente, de perdão. Isso 8 seria o que o nível do oitavo chacra seria capaz de causar: a divinização através da sublimação da dor crucial da perda de algum bem altamente valorizado. 2 GERBER, op. cit, p. 63-65.
Enxergar-se a partir do nível do oitavo chacra é possível Joaquim Alice quando começamos a compreender as lições de vida da perspectiva simbólica do nosso Eu Superior e das potencialidades da nossa alma. Descobrir o nosso próprio poder de cura interior e reconhecer a parte da nossa natureza espiritual divina são atos 9 facilatadores na aproximação, e possível regeneração, da fagulha que nos torna eternos enquanto seres humanos. Como nos exorta Joaquim Alice: Sê livre, sê DEUS! Mais exatamente, o poeta mostra-nos um possível caminho, em “Segredo”: Já tive ... o meu calvário ... e, na cruz, vim a morrer. Por me ter deixado ir, e vários lutos ter feito, ... é que vim a renascer. Assim, consideramos que 8o Chacra, o Transcendental, é o vórtice energético, situado acima de nossa cabeça e para além do sétimo chacra, o Coronário. Ele nos liga à nossa alma eterna, principalmente quando vencemos uma situação conflitante de perda, estresse, doença ou outra qualquer calamidade que nos tenha feito sofrer em demasia. O Oitavo Chacra é o elo entre a personalidade e o Eu Superior. É o ponto além do que somos, ou pensamos ser, pelo qual podemos ascender até a 7a dimensão. Desse ponto, podemos perceber a vida da perspectiva da vida simbólica do Eu Superior que nos permite apreciar o modo como nossa alma opta por nos colocar em situações de elevado stress, adversidade e doença para podermos aprender mais sobre o nosso verdadeiro poder e a nossa natureza espiritual superior.3 3 GERBER, op.cit., p. 64.
.... do mais profundo da (nossa) essênciaComo corpo antropomorfo de escrita, a obra de Joaquim Alice apresenta, à semelhança do funcionamento do sistema de chacras, ao integrar aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais dos corpos densos e sutis formadores do ser humano, uma evolução tal, desde os instintos exaltados da puberdade à maturidade espiritual a que é possível se chegar pelo esforço pessoal. Assim, recomendo, seja acompanhada a trajetória poética de Joaquim Alice pelos seus oito livros apresentados nesta coleção. É imprescindível manter-se atento aos “sintomas”, desde os da terceira dimensão,4 onde o espaço e o tempo são compartidos com o volume, e nada mais apresentam do que a soma de um dia atrás do outro, com dias bons e outros ruins, tempo sem esperança ao lado de outros com bom-humor, mas todos resultantes das ações, comportamentos, pensamentos e emoções da alma em evolução. Há, porém, a certeza de muitas pessoas já estarem evoluídas espiritualmente,5 principalmente aquelas que procuram aumentar o seu conhecimento, man- tendo convívio saudável, boas leituras e estudo, quando já vivem ou estão prestes a vivenciar a quinta dimensão.6 Saindo de uma terceira dimensão, onde tempo, volume e espaço são objetos de medição concreta – e aí estamos falando de todo o Quaternário Inferior, quer dizer, dos chacras mais densos – do Chacra Básico (Livro UM), Umbilical (Livro DOIS), Plexo Solar (Livro TRÊS) e o Cardíaco (Livro QUATRO) –, para a quinta dimensão, onde a paz é aclamada pelo espírito acolhedor e amoroso do trabalho por um ideal, com a visão 4 Livros Um, Dois e Três, especialmente. 10 5 Do Livro Quatro ao Oito. 6 Entendendo as dimensões, 2015. Disponível em: http://gustavotanaka.com. br/entendendo-as-dimensoes/; Onde todos os universos se encontram https:// setimadimensao.blog/ e https://portal2013br.wordpress.com/2015/03/01/ acienciadas-dimensoes-a-setima-dimensao-quarta-parte/. Acesso em: 10 maio 2018.
centrada na consciência e o foco na divindade interna (do 5o ao Joaquim Alice 7o Chacra), é possível, ao homem deste século XXI, sublimar- se numa sétima dimensão onde a integração entre Tudo, Todos e o TODO acontece (Livro OITO). Mas esse processo pode ser longo, por isso há necessidade de um acompanhamento por 11 quem de direito. O alinhamento com a consciência da quinta dimensão atrai a pessoa para a comunhão com seus semelhantes, alguns desses ainda despertando para essa nova forma de pensar e convictos de que estão em sintonia. Nesse caso, demonstram o propósito de que estão em sintonia de mudar a consciência humana para dimensões superiores. É sempre bom lembrar, como nos faz constantemente Joaquim Alice, que a união de todos que se disponibilizam para ancorar as energias do bem, as frequências de nova terra num planeta em transmutação, se tornam ainda mais acessíveis. De toda forma, singelamente, podemos apontar algumas situações que podem identificar, a exemplo do que sentimos ao ler a obra de Joaquim Alice, especialmente na sua maneira de ser e de estar, se já estamos na quinta dimensão, direcionando- nos para uma sétima, ou se continuamos estagnados quanto à nossa evolução espiritual. Pessoas, a exemplo do poeta em foco, que estão na Quinta Dimensão ou caminhando para ela, sentem: ■ Sensação de paz interior e de alegria: estados a que todos aspiramos (aspecto espelhado pela maioria dos poemas criados por Joaquim Alice); responsabilidade por todos os atos realizados, também pelos menos bons, liberando sentimentos de vitimização através do perdão; aceitação do sofrimento e esforço para a transformação do mal em bem; amor e compaixão por todos os aspectos de si mesmo e compreensão das
.... do mais profundo da (nossa) essênciafalhas dos semelhantes; sentimento de abundância e prosperidade, mesmo quando ainda não temos tudo o que desejamos; propósitos altamente elevados. Desejo de curar e de auxiliar os outros nesse processo; respeito e amor por todas os reinos cujas formas viventes são iluminadas pela centelha da força vital, quer sejam homens, animais, plantas ou minerais; transformação da reação negativa em força positiva; visão ampla, com os olhos do Espírito; sintonia com o Eu Superior; entrega pessoal à vontade Divina que permite maior alinhamento com as leis universais e, finalmente, vontade de libertar-se de velhas identidades que não nos representam mais e de se abrir para o novo, adotando novas atitudes tendo em vista o crescimento e a evolução pessoal. Para ficar mais claro e alcançarmos melhor entendimento sobre esse assunto, apresento um resumo das leituras feitas, sobre as diversas dimensões em que vivemos: A terceira dimensão é bidimensional (espaço e tempo). A quarta, é uma realidade sem tempo, como existe no pensamento. Na quinta dimensão, remove-se o espaço. Tudo se conecta e une e todos somos um só. Nessa consciência superior, deixamos de ver o outro como inimigo, porque o outro é parte de nós. – “Eu sou Tu”, diz Joaquim Alice, em inúmeras passagens de seu texto poético, sem que o eu ou o outro percam identidade, mesmo constituindo uma única consciência espiritual. A quarta e a sexta dimensões são apenas pontes para se chegar à quinta e à sétima. Elas atuam juntas. 12 Na Sétima Dimensão, em frequências energéticas de muita luz, compartilham-se conhecimentos do mundo místico e holístico. Quanto mais elevada for a frequência vibratória em que se esteja, mais próximo se estará de encontrar a Consciência Universal. Essa é a dimensão onde todos os Universos se
encontram, a ideia do sagrado se fortalece e a bem-aventurança Joaquim Alice mística se propaga, assim como o contato com a natureza. Na quinta dimensão há paz; na sétima, o conhecimento puro, a santidade que permite ao ser, na sua condição humana, conviver com o divino que nele habita. 13 Alcançar a sétima dimensão é fácil e lógico para aquele que se esforça no caminho da perfeição, agindo como gerente de um banco de memórias capaz de apagar mapas de caminhos tortuosos que levam aos territórios densos e perigosos do passado de sofrimento, substituindo-os por maquetes estruturadas para novas experiências vivenciais, cada uma feita à medida para cada pessoa segundo as suas obras. E a lei dos chacras pode ajudar nessa caminhada. Se conhecermos a sua funcionalidade, evitando repetições inúteis e, como diz Joaquim Alice, fugirmos à estagnação, mais fácil será continuar a trajetória com a sensação de otimismo, alegria e bom-humor. Quando compreendermos a dinâmica física, emocional, mental e espiritual de cada um dos sete chacras, mais as características especiais do oitavo, estaremos preparados para a transformação dos nossos padrões de pensamento, sentimento e reação que nos levarão a uma nova dimensão baseada na felicidade. Todas as questões humanas a respeito do que somos, do que aqui viemos fazer e para onde vamos, são questionamentos que nos alçam às dimensões divinas que começam, na realidade, dentro de nós e que são espiritualmente capazes de nos ajudar nas respostas de que necessitamos. Quando essa voz é bloqueada por nossa vontade explícita, e o nosso pensamento se recusa a voltar- se para a espiritualidade, continuando a ignorar o significado da vida, geramos sentimentos de ansiedade e de depressão, bem como criamos uma sensação de peso e fadiga que nos impedem de raciocinar logicamente deixando-nos em completa “lassidão espiritual” causada pela falta consciente de sintonia com o nosso Eu Superior. Nesse caso, haverá uma cisão entre o ego na sua expressão consciente e a verdadeira essência que quer-
se comunicar com ele. Outro caso de bloqueio apontado por Gerber é a “insatisfação divina”, ou seja, a insatisfação pessoal desde a profissão que se escolheu até a revolta pela vida que se acabou por ter com o(a) companheiro(a) conjugal. Quando, ao contrário, passamos a aceitar nossa vida, a mostrar-nos agradecidos por ela, e compartilhamos pequenos e simples gestos de amor e de bondade, gradualmente, geramos energia altamente positiva que será redimensionada para todos os que vivem conosco e para o ambiente. A ética pessoal, a coragem, o partilhamento, a fé e a devoção lustram nossa alma. Assim, a energia da graça pode- nos ajudar a crescer e a prosperar. Quando damos amor e ajuda às outras pessoas, quando as olhamos e reconhecidamente as acolhemos, não importando como elas são, estamos tratando ricamente do nosso Eu Superior. Se, pelo contrário, nos isolamos em egoísmo, raiva e sofrimento, todo o corpo físico .... do mais profundo da (nossa) essência sofre e nos encolhemos dentro da nossa própria negação, impedindo que a graça da divindade se extravase em nós. Para sentir a beleza cósmica e transitar por todas as dimensões planetárias, o homem precisa de se habituar a olhar de dentro de si com amorosidade para todo o universo. Aí, sim, estará livre para amar e ser amado como merece. Não necessitará de palavras especiais: seu silêncio interno determinará o grau de evolução a que poderá chegar. Não é uma medida física; é um estado de ser, um estado de transcendência da realidade mundana para o infinito. E essa beatitude, ultrapassando o mundo físico, gera no indivíduo, que assim se cria em despojamento pelo bem do outro, um 14 sentido de “totalidade, de paz e fé, dando um sentido de propósito à sua existência”.7 7 BRENNAN, Barbara Ann. (1987) 2006), p. 129.
Acontece o mesmo com o Homem de Corfu, que Lúcia Simas tão bem conseguiu descrever em seu livro (2016), de quem nós aproximamos a voz que fala nos poemas de Joaquim Alice, ao lermos os significativos versos de ... do mais profundo de (todos) nós, a sua obra que se espalha nos oito livros desta coleção. “Nós”, que tanto pode ser você e eu, quanto os “nós’’ que precisamos vencer nesta nossa complicada via terrena. Explico: acompanhada a evolução desse eu lírico, cuja voz se faz ouvir em todos os poemas da obra de Joaquim Alice, agora apresentada, mesmo de forma imparcial, sem querer entrar nos méritos estilísticos e literários,8 ao final da leitura, quando os poemas do poeta açoriano alcançam alto nível de comunicação, é possível vislumbrar-se a possibilidade de, um dia, Creador e criatura conviverem na Energia Plena, mesmo que seja no imaginário literário. Neste corpo antropomorfo de escrita, a voz do poeta, ao longo do amadurecimento do seu eu interior, vai se sublimando até percebermos que o trânsito entre o Ponto Celestial (o tal espaço a que Lúcia Simas chama Casa de Cristal) e o ponto do planeta Terra onde habitamos são apenas dimensões a que podemos chegar conforme o nosso estado de espiritualização consciente. Joaquim Alice 8 ... cabíveis nos estudos retóricos da teoria e da crítica literárias, mas minha função aqui é apresentar, para que seja melhor comprendida, a poesia de Joaquim Alice neste nosso mundo meridional em relação à comunicação linguística dos 15 Açores que, por vezes, se distancia da expessão brasileira catarinense da nossa Língua Portuguesa, ambas se valendo da mesma origem, mas que têm variantes consideráveis no seu léxico e na sua sintaxe gramatical.
.... do mais profundo da (nossa) essênciaconcebo, sem esforço, a UNIDADE, ... mesmo daquilo que denominamos contraditório basta que me liberte de mim e de tudo ... basta que SEJA ... (simplesmente) TUDO!9 Ler agora, os poemas de Joaquim Alice, com a intenção de deixá-los reverberar no fundo de nossa alma, é o que, realmente, apetece... Vamos lá... Desejo-lhe uma excelente leitura!!! E muita paz! Florianópolis, 7 de outubro de 2019. Vilca Marlene Merízio 16 9 “Êxtase”, J.A.
Poemas
A perfeição do imperfeito Joaquim Alice A perfeição é um caminho ... a percorrer (nunca um destino). Senão... nem chegas a pôr-te a caminho ... com receio ... de o falhares (como se fora algo de estático e material... que pudesses agarrar!). Só após a conclusão da “cestinha-e-do-ovo”, poderias aspirar a melhorar o trabalho, ou a partir para outro... munida, já, com a experiência no primeiro obtida. Caso contrário... é só “imaginação-em-círculo-vicioso”, “imaginação-no-vazio”. Sem chegar... sequer... à ação, fica muito embaraçoso... ... perfeita desilusão!!! Contenta-te com a “IMPERFEIÇÃO-DO-MOMENTO”, sabendo que, assim, percorres passo a passo... mas segura... ... a via da perfeição... 19
.... do mais profundo da (nossa) essênciaMimetismo ... sintonizo ... o teu pensar, sintonizo ... o teu sentir, sintonizo ... teu Ser, sintonizo... ... passo a vibrar (por simpatia)... como Tu, e, às tantas, ...meu ser clonou o teu (já nem sequer sou... ao ponto de, por momentos – variáveis na duração – passar (eu) a ser uma mera inexistência). Todo eu sou, então, TU. ... o mais-que-perfeito-tu... NASCE e é creado!!! ... cuidarei de apresentar-to muito em breve... completamente, em Ti inspirado, consigo ser-te... Bem mais perfeito, estou aqui e aí... em simultâneo. Neste processo... sou alimentado... Aperfeiçoo... e sou aperfeiçoado como se fora... DIVINIZADO nesse mais-que-tu que foi creado. 20 Nem fome, nem sede, nem cansaço... sequer... venho a sentir. Sou infinito... Toco a eternidade.
E a eternidade Joaquim Alice enriquece-me, enobrece-me, santifica-me. Sou fonte de uma nova energia... inesgotável... (qual personificação de AMOR). E tu, sendo também, por momentos, o “outro” ... elevas-te ... ascendes e, no processo, és arrastado. 21
.... do mais profundo da (nossa) essênciaEnferruja a alma Não me faças falar de mim, que se me enferruja a alma... Faz-me, antes, SER... e abre-te tu também... Seremos UM só... brilhante qual estrela cadente... Rasgaremos um sorriso na alma de quem nos vir. 22
Potencialidade Joaquim Alice Incomensurável... inimaginável... incerta... e só, por cada qual determinável, desconhecida, embora adivinhada... sentida... ... quase insondável... Instável. Variável... pelo mais ligeiro e breve pensamento, ... moldável! Não é... mas “vai sendo”, cresce e diminui consoante o que, do SER, intui... e sempre... inversamente proporcional a superficial... 23
.... do mais profundo da (nossa) essênciaFalo eu (agora: vivendo) Quando me vens ver, visitar... quando vens falar comigo, conversar... quando te abres, “te confessas”... quando, comigo, és tu próprio(a)... então, ... deixo-me ascender, alimentado que me sinto, pela monumental atenção que te dedico, como te aprecio, miro, absorvo, na mais pura liberdade em que te deixo... (só semelhante àquela em que me encontro). Assim, na sublime ressonância deste par, o que, afinal, ... encontras é a ti!!! ... (“aberto de par em par”) O teu regozijo é patente, a tua inspiração ... fluxo incessante... cumpres-te (descortinas, afinal... não estar doente). E o mundo se reduz àquele instante. Sentes o sabor de estar “vivendo”, sentes que estás sendo “todo-inteiro”. Esse fluxo só te permite “ir-sendo”. ... Surpreendes-te... (meio confuso, com o “teu-ser-verdadeiro”). 24
Lutos ... e partos Joaquim Alice ... várias vezes já morri (matei-me) e fui sepultado (vários lutos!) e... aqui ando... ainda pra que me aches... “encontrado” seja atalho... pra Ti... ... me aches ... e te encontres (!) e... no caminho da evolução... possamos estar... SER nós próprios ... muito embora (“aqui”) apenas... por um bocado conscientes de ... sermos todos... UM ... noutro lado 25
.... do mais profundo da (nossa) essênciaGnomo sou Pensas de mim, estou certo... que sou pouco sociável. Enganas-te... ‘stou sempre perto, de forma... inexorável. Apenas por não me veres, dizes que... não te visito(!), aguardas... para me teres... Estou sempre por perto... repito. Visitas nunca te fiz, atenta bem no que digo... Visitaste-me solta e feliz, e eu: “chamei-te um figo”,1 corri, fugi... ignorei-te e nem te quis encarar... pois senti bem o teu jeito, ias, tão só... a passar. Tenho estado aqui sozinha a ver-te do outro lado. Quisera ter-te aqui, pertinho, juntinha, lado a lado. Jamais tu te esquecerás daquela visão... inesperada, embora me visses de trás, em ti eu fiquei gravada. 26 1 “chamar-lhe um figo” significa comer sofregamente uma coisa que se considera deliciosa; servir-se de algo com grande prazer. Dicionário Priberam. Disponível em: www.priberam.pt. Acesso em: 17 maio.
Ver-me-ás sempre que queiras, Joaquim Alice basta cuides ... BEM ... de ti, te tragas feliz e te vertas p’ra dentro... onde te vi!! Até que... em data p’ra festejar, sinta a vindima e o mosto de vires para ficar: ... mostrarei, então, meu rosto. Até lá, querida irmã e alma gêmea... tão amada... aguardo esse amanhã... inspirada. Visita-me tu, com frequência, estou sempre aqui, ao dispor... não faço interferência... Aguardo-te ... com (muito) amor. 27
.... do mais profundo da (nossa) essênciaNova flor O meu viço a ti (também) se deve neste momento (fase)... que é breve, mas invulgarmente rico. Aqui fico... cresço em ti, com teu olhar, atenção... no conforto do teu ser... onde sinto, ajudas-me a crescer, evoluir, partir, quebrar aquilo que fui e, de mil cacos, compor uma outra nova flor ... a exalar o perfume... suave e doce ... do amor. 28
Ascensão Joaquim Alice Ascensão é trilho irreversível, garanto. como a pipoca (expandida) alva, fofa, saborosa deixou de ser grão de milho. 29
.... do mais profundo da (nossa) essênciaEternidade Tudo se conjuga finalmente quando o espaço não tem tempo quando a eternidade nasce a qualquer hora, em qualquer lugar... Na individual dimensão unificada, solta-se a harmonia da unidade Tudo que é impuro se desfaz desaparece, deixa de existir p’ra dar lugar ao paraíso à beleza... e ao sonho de vida FELIZ. 30
Full time job 2 Joaquim Alice O BEM é algo que paira e interpenetra tudo... mas mesmo tudo... 31 Quando o ”persegues” (no sentido de te pautares por ele), jogas então um imenso jogo... vasto, bem vasto... diria até ... MEGAVASTO. ... tentei já traçar-lhe o mapa... registar o trilho, fixar-lhe as imensas conexões, mas fiquei perante o infinito; tive de optar entre registrá-lo ou vivê-lo, por se tratar de tarefas que se excluem (uma à outra), até porque, p’ra vivê-lo, tens de estar super-atento a full time job it is...!!! 2 Trabalho a tempo inteiro.
.... do mais profundo da (nossa) essênciaEnsopado (em amor) Sem que me oponha seja ao que for, te recebo... (e não só!), te vejo, te admiro, te respeito, parto ao teu encontro, onde quer que estejas, certeiro, e tu, rendido... sem sequer te aperceberes de ti próprio, cedes, aceitas a dádiva porque, embora sem consciência, já sentiste (que) mesmo antes de te revelares, eras ACEITE. ... e, se por vezes te irritas... pelo meu agir, é sempre porque em mim vês (porque to mostro) a ti (despido de capas) ... pois aquilo que pensas irritar-te... NÃO O É!!! A tua irritação veio do fato de te veres encontrado 32 quando, no teu esconderijo, te achavas prudentemente isolado. Eis senão quando, mesmo sem que olhes, sabes-me bem rente...
ao teu lado. Joaquim Alice Consciente do esforço despendido ao criares esse espaço interior e, certo do teu segredo estar bem guardado... irritas-te... não com motivo, mas apenas por cegueira cega, pois se enxergasses... FELIZ ficarias, pelo amor a que te havia votado e no qual te deixo embebido, ensopado. 33
.... do mais profundo da (nossa) essênciaCotos das árvores podadas Projetos abandonados, oportunidades esbanjadas, verdades omitidas, elogios retidos, “Travagens a Fundo” evitadas, ... que formam? Árvores robustas, mas podadas, erguem os seus cotos aos céus. Pasmadas, estagnadas, o vento nelas não mexe... Nem cantam... sequer. Mas, também vê... É aqui que mais há... mudança, esforço, força... metamorfose, dor... mas resultado... evolução. É processo mais sofrido, mas de (bem) melhor VISÃO. O corte é mal que (se) comete, tendo em vista o melhor. 34 Há que sofrer esse frete pr’a lição saber de cor...
Dois processos bem distintos, Joaquim Alice se com cotos... ou sem, o que importa é serem pintos da mesma cesta do BEM! 35
.... do mais profundo da (nossa) essênciaFrondosas araucárias ... são o contrário... libertas, livres, soltas. Expandidas (livremente), ascensas... imensas... altas, frondosas... Semeiam sombra abundante e, como fluem ligeiras... esguias, dançam ... Ao vento... se penteiam. Hinos propagam... São Vida... e também a dão... em conforto/proteção. E o vento, sendo o mesmo... sempre igual, é cortado d’outro modo... consoante ele pode tratar de cada qual. 36
Surf Divino Joaquim Alice No momento em que o tempo fica (não passa!), no momento em que o tempo (apenas) É... sentes-te dono-do-mundo, senhor-de-tudo, mas... liberto, parte do todo, mas também o TODO. Nesse ponto, te é dado conferir a totalidade, nesse(s) momento(s) te é dado SER. Sendo tudo-e-todos em plena aceitação, ... completamente em completude total, em vislumbre inocente, consciente do divino, do bem, do melhor da Vida, da morte, do destino... e da sorte, de tudo, do todo, sorrindo-de-aceitação-plena surfas a vida, surfas entre as dimensões, sendo exatamente suportado, alimentado pelo movimento, pela leveza, pela rapidez, pelo fluir... só te restando... DESFRUTAR. 37
Amor e liberdade Quem sou eu, afinal, para me insurgir contra tal produto da paixão? Sujeito-me e definho, embora lute por o fazer demorar ... talvez com a esperança de que um dia a luz se faça dentro desse lar... .... do mais profundo da (nossa) essência E as paixões, uma vez iluminadas, tornem óbvio a teus olhos a iniquidade dos vastos efeitos e nefastos, pois que só assim conseguirás voltar atrás e compreender que o amor verdadeiro existe e é fugaz, isento de desejo e até de vontade. Como condição primeira, tem o dom e a dádiva da liberdade, pois amor e liberdade são um só, inseparáveis tal almas gêmeas... Nunca poderás sentir vontade de obter posse do outro, ou pôr-lhe rédeas. 38 E, por muito que te agrade o garanhão, fechado num estábulo ou num cercado, perde toda a graça natural que só consegue ter em liberdade.
Bumerangue3 divino 2 cada um de nós O que está em cima é como o que está em baixo. Joaquim Alice Aquilo que dou é aquilo de que necessito e, nos momentos mais apropriados 39 (e difíceis ... que têm sido na sua maioria), ... regressa a mim, para me ajudar, ... o mesmo texto, igual ideia, pensamento... trazido por um qualquer (anterior) beneficiário... como se o amor, ao ser lançado livremente... partisse em viagem, ... mas regressasse à base, à origem, trazido pelo Universo (certeiro) em dia de precisão. E é ver-me (a mim), ESPANTADO com o impacto violento, choque de lucidez que a revelação provoca... 3 Arma de arremesso usada para caçar e para guerra na Austrália e alhures, cuja forma varia, sendo a mais conhecida a peça arqueada de madeira que, após descrever curva, retorna às mãos do lançador (Houaiss).
.... do mais profundo da (nossa) essênciapor um lado, e, por outro, por saber (ao ser disso informado) que, no passado, terei tido essa conversa, mostrado essa ideia, apresentado tal pensamento (em ato-de-ajuda-ao-próximo). Não me lembro, não me recordo... Mas, sim... reconheço-me nele, todo... inteiro! (como sendo (eu) pessoa muito capaz disso!)! Baralha, confunde ... mas, que bom, reconforta ... por estranho que pareça, também eu sou Universo. Cada um de nós o é... 40
Gênese Joaquim Alice da perfeição Faz de cada momento a PERFEIÇÃO (possível) Sintoniza-te com o positivo ... o belo ... o simples Sê humilde-nas-exigências Regozija-te com o que vives em cada instante Vibra em harmonia ... mesmo em meio ao caos Sê, Tu... Gênese do bem, do bom, do belo... do Magnífico! 41
.... do mais profundo da (nossa) essênciaSorriso (Segue) Segue, vai em frente, sem olhar ao redor, ... assim, será BEM MELHOR! Embarca nessa viagem tal como estás, e já não é pouca... a bagagem. Traz somente o teu ser. (Ao longo do caminho...) ... vê-lo-ás crescer... a olhos vistos... Lá, sempre ele esteve. Paciente, aguardava que o visses sem a mente... o sentisses (apenas), reconhecesses seu vibrar e, uma vez sintonizado, expandisses o sentir e tudo abarcasses a sorrir, liberto. 42
Calafrio Joaquim Alice Assomo (apenas) ao portal do banco-de-dados do chamado inconsciente... ... e ... deixo a magia atuar (forçosamente). Solto-me integralmente sou tudo e todos... e sorrio... ... sou a água em movimento, a folha à deriva na superfície e aquela que, quieta, (se) afundou... ... sou o movimento em si, bem como o próprio leito do rio, passo a observador diluído pela tomada de consciência da enorme dádiva. Também sou o calafrio... 43
.... do mais profundo da (nossa) essênciaAgradecimento Muitas vezes já morri ... e fui sepultado, muitas... (coitado!) e... de cada vez ... ressuscitei ... renovado. Enriqueci-me... nesse processo, depurei(-me), fundi-me ... e refundi-me, ... tendo libertado muita escória, ... tanto pecado ... bem mais do que contém ... a memória, e... por cá ando... ainda entre os vivos... “mortificado”. Cada vitória... acrescenta-me glória... merecedor... claro que não sou! ... mas fico ... eternamente GRATO. 44
Orgulhado Joaquim Alice Reduzo, agora, o vibrar... ponho-me a par, equilibrado... sou uno, sou o todo, ... sintonizado, tão ínfimo... e tão ousado, humilde... mas orgulhado. Quero ser (e sou ) dono do mundo quando estou assim centrado. Sigo o equilíbrio, a divindade ... sou aquele que é tudo, não sou nada... ... Sou o meio, o processo, o percurso (o conteúdo?)... Crio a vida, crio a onda, e por ela sou... moldado. Só me resta agradecer: MUITO OBRIGADO! 45
.... do mais profundo da (nossa) essênciaOs saltos Do pensamento eu aproveito as ideias, mas ... igualmente, os SALTOS, sejam ou não quânticos. Decerto são bem-vindos, aceites como bênçãos, trazem lufadas de ar... frescura(s) de outras dimensões. Ou são meros sistemas de descarga... atingidas altas pressões... equilíbrios automáticos... mecanismos milagrosos, atestando o que somos: autênticas/verdadeiras perfeições. 46
Perfeição Joaquim Alice Qual oleiro moldando (o) barro construo/crio a realidade só com o pensamento, e deixo, assim, o barro... construir-me. Nesse trabalho-meditação, coloco o pensar suspenso no vazio, no centro (!), imóvel, calmo, ciente, apenas, do fluir do BEM... e só dele nasce a obra perfeita em sua imperfeição terminada em sua incompletude. E olho-a... a ela... Vendo, apenas, perfeição. 47
.... do mais profundo da (nossa) essênciaPerfeito Aberto às possibilidades sem fim de cada momento, numa interação fluente com o processo da vida, descobrindo a riqueza e a profundidade de toda a experiência, deixo a tendência de me guardar vigilantemente, fechado e defendido. Ao integrar o corpo, a mente e os sentidos... emerge o equilíbrio... lá do fundo. Deixo, pois, agora, trabalharem juntos, cabeça e coração, atendendo às necessidades recíprocas... fazendo-os viver num só mundo, de sutil e extasiante beleza. ... e, nesse interior, deparo com PAZ, HARMONIA. Deixo a mente e o corpo integrarem... sensação e sentimento. 48
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