deixar explodir sua zanga, também lhe evitaria muitos remorsos. Seu maior defeito é o gênio impulsivo e sua maior qualidade é que sempre, seja pelo caminho que for, será sempre um Vencedor. COR : vermelha e branca AMALÁ DE OGUM - 14 velas branca e vermelha ou 7 brancas e 7 vermelhas, cerveja branca em coité, 7 charutos, peixe de escama e de água doce, ou camarão seco, amendoins e frutas, de preferência, dentre elas,. uma manga (melhor a espada), fitas vermelha e branca. Local de entrega, uma campina. ERVAS - Aroeira – Pata de Vaca – Carqueja – Losna – Comigo Ninguém Pode – Folhas de Romã – Espada de S. Jorge – Flecha de Ogum – Cinco Folhas – Macaé – Folhas de Jurubeba. XANGÔ Xangô, o Deus da Justiça, Senhor das pedreiras, exerce uma influência muito forte em seu filho. Todos os Orixás, evidentemente, são justos, e transmitem este sentimento aos seus filhos. Entretanto, em Xangô, a Justiça deixa de ser uma virtude, para passar uma obsessão, o que faz de seu filho um sofredor, principalmente porque o parâmetro da Justiça é o seu julgamento, e não o da Justiça Divina, quase sempre diferente do nosso, muito terra. Esta análise é muito importante. O filho de Xangô apresenta um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria. Tem comportamento medido. É incapaz de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam-se na segurança e chão firme que gosta de pisar. É tímido no contato mas assume facilmente o poder do mando. É eterno conselheiro, e não gosta de ser contrariado, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalma-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita. Não guarda rancor. A discrição faz de seus vestuários um modelo tradicional. Quando o filho de Xangô consegue equilibrar o seu senso de Justiça, transferindo o seu próprio julgamento para o Julgamento Divino, cuja sentença não nos é permitido conhecer, torna-se uma pessoa admirável. O medo de cometer injustiças muitas vezes retarda suas decisões, o que, ao contrário de lhe prejudicar, só lhe traz benefícios. O grande defeito dele é julgar os outros. Se aprender a dominar esta característica, torna-se um legítimo representante do Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira. Por falar em pedreira, adora colecionar pedras. AMALÁ DE XANGÔ - 7 velas marrons e 7 velas brancas, cerveja preta (mesmo [principio já explicado para Ogum e Oxóssi), camarão, quiabo, fitas marrom escuro e branca. Local de entrega na pedreira ou sobre uma pedra grande e bonita. ERVAS – Folhas de Limoeiro – Erva Moura – Erva Lírio – Folhas de Café – Folhas de Mangueira – Erva de Xangô – IEMANJÁ Iemanjá, a Senhora do Mar. A grande força, com indiscutível domínio no gênio e personalidade de seu filho. O fato de Iemanjá ser a Criação, sua filha normalmente tem um tipo muito maternal. Aquela que transmite a todos a bondade, confiança, grande conselheira. É mãe. Sempre tem os braços abertos para acolher junto de si todos aqueles que a procuram. A porta de sua casa sempre está aberta para todos, e gosta de tutelar pessoas. Tipo a grande mãe. Aquela mulher amorosa que sempre junta os filhos dos outros com os seus. O homem filho de Iemanjá carrega o 51
mesmo temperamento: é o protetor. Cuida de seus tutelados com muito amor. Geralmente é calmo e tranqüilo, exceto quando sente-se ameaçado na perda de seus filhos, isto porque não divide isto com ninguém. É sempre discreto e de muito bom gosto. Veste-se com muito capricho. É franco e não admite a mentira. Normalmente fica zangado quando ofendido e o que tem como ajuntó (o segundo santo masculino) o orixá Ogum, torna-se muito agressivo e radical. Diferente é quando o ajuntó é Oxóssi. Aí sim, é pessoa calma, tranqüila, e sempre reage com muita tolerância. O maior defeito do filho de Iemanjá é o ciúme. É extremamente ciumento com tudo que é seu, principalmente das coisas que estão sob sua guarda. COR : Azul AMALÁ DE IEMANJÁ - 7 velas brancas e 7 azuis, champanhe, manjar branco, fitas azuis e rosas brancas ou outro tipo de flor branca. Local de entrega, na praia. IEMANJÁ – Pata de Vaca – Folhas de Lágrima de N.Senhora – Erva Quaresma – Trevo e chapéu de couro. OXUM O filho ou filha de Oxum, a Rainha da Água doce, dona dos rios e das cachoeiras, carrega todo o tipo de Iemanjá. A maternidade é sua grande força, tanto que quando uma mulher tem dificuldade para engravidar, é à Oxum que se pede ajuda (pelo Amalá). A diferença maior é a vaidade. Filho de Oxum ama espelhos (a figura de Oxum carrega um espelho na mão), jóias caras, ouro, é impecável no trajar e não se exibe publicamente sem primeiro cuidar da vestimenta e a mulher do cabelo e da pintura. Normalmente tem uma facilidade muito grande para o choro. É muito sensível a qualquer emoção. Talvez ninguém tenha sido tão feliz para definir a filha de Oxum como o pesquisador da religião africana, o francês Pierre Fatumbi Verger. OXÓSSI Oxóssi é a Natureza, especificamente nas matas e no reino animal. É o conhecedor das ervas e o grande curador. É a essência da nossa vida. Seu filho tem um tipo calmo, amoroso, encantador, preocupado com todos os problemas. Um grande conselheiro pelo seu gênio alegre, muito embora com forte tendência à solidão. Incapaz de negar qualquer ajuda à alguém, sabe, como poucos, organizar o caminho para as soluções complicadas. Com respeito à sua própria organização familiar, é muito apegado as suas coisas e à sua família, à qual dedica atenção total no sentido de provê-la e encaminhá-la. Diante as dificuldades próprias é muito hesitante, mas acaba vencendo, sustentado pelo seu interior alegre e otimista. É carente. Não assume o problemas dos outros, mas fica lado a lado ajudando-os. Ama a Liberdade e a Natureza. O mato, as águas, os bichos , as estrelas, o sol e a lua, são a bússola de sua vida. Não discute a fé. Acredita e é fiel seguidor da religião que escolheu. Não é ciumento e muito menos rancoroso. Quando atacado custa revidar. Quando o faz se torna perigoso. É, neste particular, ladino como os índios. Pisa macio, mas é certeiro. Tem um gosto refinado. Gosta das coisas boas, veste-se bem e cuidadosamente. O filho de Oxóssi é talvez o mais equilibrado. Para que sua vida melhore, deve despertar aquele gigante que habita sua essência, o que o tornaria mais disposto a encarar as suas próprias dificuldades. ERVAS - Malva Rosa – Mil Folhas – Sete Sangrias – Folhas de Aroeira – Folhas de fava de Quebrante – Folhas de Samambaia – Folhas de Palmeira – Folhas de Laranjeira- Erva Cidreira – Folhas de Jurema – Folhas de Maracujá – Folhas de Palmito – Folhas de Abacateiro AMALÁ DE OXÓSSI - 7 velas verdes e 7 brancas, a mesma bebida de Ogum, 7 charutos, peixe 52
com escama de água doce ou uma moganga bem assada com milho dentro coberto com mel, fitas verde e branca. Local de entrega na entrada da mata. obs. a mesma de ogum. A magia dos Exús Acho desnecessário falar sobre a força e o poder dos mensageiros dos orixás. Toda a Umbanda não teria equilíbrio sem a participação dos exus. O Pai Maneco, falando da importância dos exus, apontou uma lâmpada acesa e disse: \"aquela luz é o resultado do perfeito encontro do positivo e do negativo\". Gosto de identificar o exu como o sargento no exército. Têm poder sobre os soldados e acesso ao alto comando militar. São os sargentos, como os exus, dotados de uma dupla função. Mandam e trocam idéias com os superiores, o que lhes garante um poder enorme. O exu faz o tipo da entidade semelhante aos encarnados. Brincam, brigam, dizem palavrões, são dóceis e amorosos mas podem repentinamente se irritar, no caso de não gostar de uma intimidade excessiva ou um gesto desrespeitoso. Por sua livre vontade resolveram trabalhar nesta linha. Muitos deles, em vidas anteriores, foram personalidades de destaque no meio social ou político. São inteligentes e amigos. Fazem o tipo que queremos. São nosso retrato. Mas não são maus. Muitos menos demônios. Não têm chifres nem patas de bode. Sua aparência no cascão espiritual é muito bonita. As estúpidas imagens vermelhas e feias cultuados pelos não menos estúpidos adeptos da Umbanda, inclusive eu, não têm nada a ver com suas bonitas figuras. Suas capas são campos energéticos para nossa proteção. Não fazem o mal. Os maldosos não são verdadeiros, muito menos exus. Só na cabeça tapada de quem acredita. O exu Tranca Ruas das Almas é muito bonito. Corpulento, cabelos claros, olhos azuis e muito marcantes, veste-se muito bem, camisa de seda, sapatos impecáveis, gesto sereno mas frio. Dificilmente emociona-se. É poderoso como todos os exus. São fiéis soldados dos Orixás com missão bem definida de nos proteger e ganhar sua evolução espiritual. Vejam uma consulta com o exu Tiriri. Uma senhora pediu-lhe para ele tirar um inquilino de seu apartamento, porque pretendia alugar por preço superior. Recebeu a seguinte resposta: está bem, minha filha. Vou procurar te atender. Mas antes tenho que encontrar uma moradia melhor e mais barata para teu inquilino?. É mole? Terreiro de Umbanda do Pai Maneco 53
Caboclos na Umbanda... Texto de pesquisa obtido na rede mundial e utilizado para estudo e debate entre os irmão de fé, com intermediação dos dirigentes espirituais Caboclos são entidades que se apresentam como indígenas e incorporam também no Candomblé de caboclo. As entidades assim denominadas que se apresentam nos terreiros de umbanda são espíritos com um certo grau espiritual de evolução. São considerados espíritos de índios que já morreram e que viraram guias de luz que voltam à Terra para prestar a caridade ao próximo. Ou almas de pessoas que assumiram a roupagem fluídica de caboclo como instrumento de ideal. São da Linha das Matas. Apresentam-se altaneiros, dando o seu grito de guerra e gesticulando como se lançassem suas flechas. Normalmente seus conselhos visam a melhorar o ânimo dos mais necessitados. A imagem quase sempre condiz com a figura do bom selvagem romantizado, belo, puro, nobre e arrojado. São espíritos sérios e bastante contidos. Normalmente os consulentes os tratam com muito respeito e até algum temor. Geralmente se utilizam de charutos para provocar a descarga espiritual de seu médium e também do seu consulente. Alguns assoviam, outros bradam no ato da incorporação. Costumam ser bastante sérios nos seus conselhos. São considerados, portanto, grandes trabalhadores dos terreiros. Nomes de alguns caboclos da Umbanda: Caboclo 18 Flechas Caboclo Ubirajara peito de aço; Caboclo 7 encruzilhadas; Caboclo Guaracy; Caboclo 7 flechas; Caboclo Tupã; Caboclo 7 Pedreiras; Cacique Aimoré; Caboclo 7 Montanhas Caboclo Cipó; Caboclo Tamandaré: Caboclo Arruda; Caboclo Pena Branca; Cabocla Jurema; Caboclo Pena-Marrom; Cabocla Juçara; Caboclo Cobra Coral; Cabocla Diana das matas; Caboclo Tupinambá; Cabocla Jupira. Caboclo Araribóia; Cabola Jandira da Pedreira Caboclo Tupi-guarani; Cabocla Tayara Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 54
Caboclo Pena Branca... Texto de pesquisa e utilizado para estudo e debate entre os irmão de fé, com intermediação dos dirigentes espirituais. . Nasceu em aproximadamente 1425, na região central do Brasil, hoje, entre Brasília e Goiás, onde seu pai era o Cacique da tribo. Era o filho mais velho de seus pais e desde cedo se mostrou com um diferencial entre os outros índios da mesma tribo, era de uma extraordinária inteligência. Na época não havia o costume de fazer intercâmbios e trocas de alimentos entre tribos, apenas algumas faziam isto, pois havia uma cultura de subsistência, mas o Cacique Pena Branca foi um dos primeiros a incentivar a melhora de condições das tribos, e por isso assumiu a tarefa de fazer intercâmbios com outras tribos, entre elas a Jê ou Tapuia, e Nuaruaque ou Caríba. Quando fazia uma de suas peregrinações ele conheceu na região do nordeste brasileiro (hoje Bahia), uma índia que viria a ser a sua mulher, chamava-se “Flor da Manhã” a qual foi sempre o seu apoio. Como cacique, foi respeitado pela sua tribo de tupis, assim como por todas as outras tribos e continuou, apesar disso, seu trabalho de itinerante por todo o Brasil na tentativa de fortalecer e unir a cultura indígena. Certo dia Pena Branca estava em cima de um monte na região da atual Bahia, e foi o primeiro a avistar a chegada dos portugueses nas suas naus, com grandes cruzes vermelhas no leme. Esteve presente na 1ª missa realizada no Brasil pelos jesuítas, na figura de Frei Henrique de Coimbra. Desde então procurou ser o porta-voz entre índios e os portugueses, sendo precavido pela desconfiança das intenções daqueles homens brancos que ofereciam objetos, como espelhos e pentes, para agradá-los. Aprendeu rapidamente o português e a cultura cristã com os jesuítas. Teve grande contato com os corsários franceses que conseguiram penetrar (sem o conhecimento dos portugueses) na costa brasileira - muito antes das grandes invasões de 1555 - aprendeu também a falar o francês. Os escambos, comércio de pau-brasil entre índios e portugueses, eram vistos com reservas por Pena Branca, pois ali começaram as épocas de escravidão indígena e a intenção de Pena Branca sempre foi a de progredir culturalmente com a chegada desses novos povos, aos quais ele chamava de amigos. Morre com 104 anos de idade, em 1529, o Cacique Pena Branca, deixando grande saudade em todos os índios do Brasil, sendo reconhecido na espiritualidade como servidor na assistência aos índios brasileiros, junto com outros espíritos, como o Cacique Cobra Coral. Apesar de não ter conhecido o Padre José de Anchieta em vida, já que este chegou ao Brasil em meados de 1554, Pena Branca foi um dos espíritos que ajudou este abnegado jesuíta no seu desligamento desencarnatório. 55
Linhas e Povos... Texto de pesquisa e utilizado para estudo e debate entre os irmão de fé, com intermediação dos dirigentes espirituais. O material referente aos Marinheiros fo transmtido por entidade espiritual incorporada Marinheiros \"Eu sou o marinheiro José Silva. Desencarnei durante a II Guerra Mundial, em um ataque que houve... Optei por trabalhar na Umbanda, como marinheiro, na linhagem de Yemanjá.\" (Comunicação de um Marinheiro durante uma gira de Umbanda em São Paulo). Uma falange de entidades costumeiramente fora da visão limitada e obtusa de muitos pais- de-santo é a que costuma se chamar de MARINHEIROS ou MARUJOS. São desconhecidos do público carioca, apesar de termos uma histórica zona portuária, tivemos a famosa \"Revolta da Armada\" contra o governo de Floriano Peixoto, e foi uma rebelião dos marinheiros. Uma contradição difícil de explicar, contudo ocorre que estes estão totalmente fora da Umbanda carioca ao contrário de São Paulo, onde possuem giras próprias. Infelizmente no Rio de Janeiro, o Brasil ainda dorme em berço esplêndido, apesar das inúmeras rajadas de tiroteios nos morros e bailes funk. Em São Paulo, o país já começou a caminhar lentamente. Vários dirigentes ignoram totalmente o trabalho dessas entidades e muitos tampouco ouviram falar na sua existência. Os poucos que já ouviram falar nos MARINHEIROS, talvez vendo-os em algum terreiro que visitaram há cem anos atrás, colocam erradamente que são caboclos da Linha d'água. É o mesmo que dizer que todo italiano canta bem. É uma definição totalmente incompleta. Essa legião é bastante complexa e abrangente. Engloba diversas classificações que conhecemos. Um Marinheiro, por exemplo, pode ser um caboclo ligado ao mar e virá gira destes, se for um caboclo de frente. Também pode ser um Exu das praias e virá comumente na gira destes, se for um Exu de frente. Por que condiciono esse \"se\"? Porque normalmente nos nossos terreiros, como são limitados apenas a consultas, há somente espaço para a incorporação do guia de frente do médium. Desse modo, a presença desses amigos do mar está cada vez mais escassa, pois muitas vezes eles estão presentes nas pessoas, mas não de frente, diminuindo ainda mais a possibilidade de trabalho nas casas de caridade. Muitos incorporandos nem ao menos sabem que carregam um marinheiro. Pensando nisso, pois paulista parece ser mais esperto do que carioca, pelo menos em matéria de Umbanda, tiveram eles a brilhante idéia de fazer giras só para marinheiros, na humilde e verdadeira tentativa de pô-los nos terreiros para trabalhar, gesto esse que deveria sempre ser imitado e espalhado por todos os terreiros de Umbanda. São também chamados de Povo d'água, portanto sob a égide de Yemanjá e Oxum. Também são frequentes nos filhos dessas divindades quando estas não incorporam. Eles assumem uma forma de representação desses orixás. Costumo sempre dizer, que se o bolo é grande (a nossa Umbanda) porque não dividir os pedaços igualmente entre todos? Precisamos ter a visão unificadora e integrante, jamais escludente e segregada do que quer que seja. Há várias falanges e ramificações de marinheiros e agregados a estes: MARTIM PARANGOLÁ, MARTIM PESCADOR, MARINHEIRO, SETE ESTRELAS DE YEMANJÁ, EXU DO MAR, MALANDRO DA PRAIA, ZÉ DA PRAIA, MALANDRO DA PRAIA DO PEIXE, etc. Também são ligados à artilharia. É uma gira bastante descontraída. Eles bebem, fumam mas trabalham muito. Faria bastante sucesso aqui no Rio, pois lembra um pouco às de Exu, pela alegria reinante e que costuma atrair um número maior de pessoas. 56
Diz o ogã Dr. Reginaldo Prandi da USP: \"Outro tipo social elevado à categoria de entidade de culto foi o marinheiro. Num país em que as viagens de longa distância, sobretudo entre as capitais da costa, eram feitas por navegação de cabotagem, o marinheiro era figura muito conhecida e de inegável valor. O marinheiro podia representar a mobilidade, a capacidade de adaptação a cenários múltiplos, o amor pela aventura de descobrir novas cidades e outras gentes. Cada tipo um estilo de vida, cada personagem um modelo de conduta. São exemplos de um vasto repertório de tipos populares brasileiros, emblemas de nossa origem plural, máscaras de nossa identidade mestiça. Uma vez escrevi que a umbanda não é só uma religião, ela é um palco do Brasil (Prandi, 1991: 88). Não estava errado.\" Os marinheiros são realmente espíritos de antigos piratas, marujos, guardas-marinhos, pescadores e capitães do mar ou se afinizam com essa vibração. São ótimos para casos de doenças, para cortar demandas e para descarregar os locais de trabalhos espirituais. As guias são geralmente azul e branca. A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho, Cachaça, e mais o que tiver de bom gosto. Fumam charuto, cigarro, cigarrilha e outros fumos diversos. Em seus trabalhos são sinceros e ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos. Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em procura de alguém, de um \"porto seguro\". Que os Marinheiros ajudem nossos dirigentes a abrirem a cabeça e pensarem na integração de todos os povos de Umbanda para o nosso próprio deleite e para que também eles possam se redimir dos erros pretéritos. Uma comunhão que precisa acontecer. MEUS CARANGUEJINHOS DAS ONDAS DO MAR, EU TRAGO OURO, EU TRAGO PRATA, DINHEIRO PARA GASTAR! OI QUEM DE MIM PERGUNTAR EU SOU MARTIN PESCADOR. QUANDO OS MEUS FILHOS ME CHAMAM VENHO CORRENDO AJUDAR! A linha ou falange dos marinheiros tem sua origem na linha de Iemanjá e são chefiados por uma entidade conhecida por Tarimá. São espíritos de pessoas que em vida foram marinheiros. São muito brincalhões e normalmente bebem muito durante os trabalhos, por esse motivo a sua evocação não é muito freqüente, o plano espiritual superior os evoca para descarga pesada do templo, desta forma a eles podemos pedir coisas simples, eles não são muito dados a falar ou dar consultas. A descarga de um terreiro uma vez efetuada será enviada ao fundo mar com todos os fluidos nocivos que dela provem. Os marinheiros são destruidores de feitiços, cortam ou anulam todo mal e embaraço que possa estar dentro de um templo, ou ainda, próximo aos seus freqüentadores. Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se em legiões, fazendo valer o principio de que a união faz a força, o que os torna imbativeis nesse sentido. Na linha dos marinheiros tem-se noticias de que alguns fazem curas e operações espirituais, nunca conhecemos nenhum deles que agissem dessa forma de modo correto e nesse tipo de situação toda precaução é sempre necessária. Aprendemos que a atuação dessa linha sempre foi à descarga pesada de um terreiro e de seus médiuns. 57
Ciganos Esta linha de trabalhos espirituais já é muito antiga dentro da Umbanda, e “carregam as falanges” ciganas juntamente com as falanges orientais uma importância muito elevada, sendo cultuadas por todo um seguimento espírita e que se explica por suas próprias razões, elegendo a prioridade de trabalho dentro da ordem natural das coisas em suas próprias tendências e especialidades. Assim, numerosas correntes ciganas estão a serviço do mundo imaterial e carregam como seus sustentadores e dirigentes aqueles espíritos mais evoluídos e antigos dentro da ordem de aprendizado, confundindo-se muitas vezes pela repetição dos nomes comuns apresentados para melhor reconhecimento, preservando os costumes como forma de trabalho e respeito, facilitando a possibilidade de ampliar suas correntes com seus companheiros desencarnados e que buscam no universo astral seu paradeiro, como ocorre com todas as outras correntes do espaço. O povo cigano designado ao encarne na Terra, através dos tempos e de todo o trabalho desenvolvido até então, conseguiu conquistar um lugar de razoável importância dentro deste contexto espiritual, tendo muitos deles alçado a graça de seguirem para outros espaços de maior evolução espiritual, juntamente com outros grupos de espíritos, também de longa data de reencarnações repetidas na Terra e de grande contribuição, caridade e aprendizado no plano imaterial. A argumentação de que espíritos ciganos não deveriam falar por não ciganos ou por médiuns não ciganos e que se assim o fizessem deveriam faze-lo no idioma próprio de seu povo, é totalmente descabida e está em desarranjo total com os ensinamentos da espiritualidade sua doutrina evangélica, até as impossíveis limitações que se pretende implantar com essa afirmação na evolução do espírito humano e na lei de causa e efeito, pretendendo alterar a obra divina do Criador e da justiça divina como se possível fosse, pretendendo questionar os desígnios da criação e carregar para o universo espiritual nossas diminutas limitações e desinformação, fato que nos levaria a inviabilização doutrinária. Bem como a eleger nossa estada na Terra como mera passagem e de grande prepotência discriminatória, destituindo lamentavelmente de legitimidade as obras divinas. Outrossim, mantêm-se as falanges ciganas, tanto quanto todas as outras, organizadas dentro dos quadros ocidentais e dos mistérios que não nos é possível relatar. Obras existem, que dão conta de suas atuações dentro de seu plano de trabalho, chegando mesmo a divulgar passagens de suas encarnações terrenas. Agem no plano da saúde, do amor e do conhecimento, suportam princípios magísticos e tem um tratamento todo especial e diferenciado de outras correntes e falanges. Ao contrário do que se pensa os espíritos ciganos reinam em suas correntes preferencialmente dentro do plano da luz e positivo, não trabalhando a serviço do mau e trazendo uma contribuição inesgotável aos homens e aos seus pares, claro que dentro do critério de merecimento, tanto quanto qualquer outro espírito teremos aqueles que não agem dentro desse contexto e se encontram espalhados pela escuridão e a seus serviços, por não serem diferentes de nenhum outro espírito humano. Trabalham preferencialmente na vibração da direita e aqueles que trabalham na vibração da esquerda, não são os mesmo espíritos de ex-ciganos, que mantêm-se na direita, como não poderia deixar de ser, e, ostentam a condição de Guardiões e Guardiãs. O que existe são os Exus Ciganos e as Moças Ciganas, que são verdadeiros Guardiões à serviço da luz nas trevas, como todo Guardião e Guardiã dentro de seus reinos de atuação, cada um com seu próprio nome de identificação dentro do nome de força coletivo, trabalhando na atuação do plano negativo à serviço da justiça divina, com suas falanges e trabalhadores, levando seus nomes de mistérios coletivos e individuais de identificação, assunto este que levaria uma obra inteira para se abordar e não se esgotaria. Contudo, encontramos no plano positivo falanges diversas chefiadas por ciganos diversos em planos de atuação diversos, porém, o tratamento religioso não se difere muito e se mantêm dentro de algumas características gerais. Imenso é o número de espíritos ciganos que alcançaram lugar de destaque no plano espiritual e são responsáveis pela regência e atuação em 58
mistérios do plano de luz e seus serviços, carregando a mística de seu povo como característica e identificação. Dentro os mais conhecidos, podemos citar os ciganos Pablo, Wlademir, Ramirez, Juan, Pedrovick, Artemio, Hiago, Igor, Vitor e tantos outros, da mesma forma as ciganas, como Esmeralda, Carme, Salomé, Carmensita, Rosita, Madalena, Yasmin, Maria Dolores, Zaira, Sunakana, Sulamita, Wlavira, Iiarin, Sarita e muitas outras também. É imprescindível que se afirme que na ordem elencada dos nomes não existe hierarquia, apenas lembrança e critério de notoriedade, sem contudo, contrariar a notoriedade de todos os outros ciganos e ciganas, que são muitos e com o mesmo valor e importância. Por sua própria razão diferenciada, também diferenciado como dissemos é a forma de cultuá-los, sem pretender em tempo algum estabelecer regras ou esgotar o assunto, o que jamais foi nossa pretensão, mesmo porque não possuímos conhecimento de para tanto. A razão é que a respeito sofremos de uma carência muito grande de informação sobre o assunto e a intenção é dividir o que conseguimos aprender a respeito deste seguimento e tratamento. Somos sabedores que muitas outras forças também existem e o que passamos neste trabalho são maneiras simples a respeito, sem entrar em fundamentos mais aprofundados, o que é bom deixar induvidosamente claro. É importante que se esclareça, que a vinculação vibratória é de axé dos espíritos ciganos, tem relação estreita com as cores estilizadas no culto e também com os incensos, pratica muito utilizada entre ciganos. Os ciganos usam muitas cores em seus trabalhos, mas cada cigano tem sua cor de vibração no plano espiritual e uma outra cor de identificação é utilizada para velas em seu louvor. Uma das cores, a de vinculação raramente se torna conhecida, mas a de trabalho deve sempre ser conhecida para prática votiva das velas, roupas, etc. Os incensos são sempre utilizados em seus trabalhos e de acordo com o que se pretende fazer ou alcançar. Para o cigano de trabalho se possível deve-se manter um altar separado do altar geral, o que não quer dizer que não se possa cultua-lo no altar normal. Devendo esse altar manter sua imagem, o incenso apropriado, uma taça com água e outra com vinho, mantendo a pedra da cor de preferencia do cigano em um suporte de alumínio, fazendo oferendas periódicas para ciganos, mantendo-o iluminado sempre com vela branca e outra da cor referenciada. Da mesma forma quando se tratar de ciganas, apenas alterando a bebida para licor doce. E sempre que possível derramar algumas gotas de azeite doce na pedra, deixando por três dias e depois limpá-la. Os espíritos ciganos gostam muito de festas e todas elas devem acontecer com bastante fruta, todas que não levem espinhos de qualquer espécie, podendo se encher jarras de vinho tinto com um pouco de mel. Podendo ainda fatiar pães do tipo broa, passando em um de seus lados molho de tomate com algumas pitadas de sal e leva-los ao forno, por alguns minutos, muitas flores silvestres, rosas, velas de todas as cores e se possível incenso de lótus. As saias das ciganas são sempre muito coloridas e o baralho, o espelho, o punhal, os dados, os cristais, a dança e a música, moedas, medalhas, são sempre instrumentos magísticos de trabalho dos ciganos em geral. Os ciganos trabalham com seus encantamentos e magias e os fazem por força de seus próprios mistérios, olhando por dentro das pessoas e dos seus olhos. Uma das lendas ciganas, diz que existia um povo que vivia nas profundezas da terra, com a obrigação de estar na escuridão, sem conhecer a liberdade e a beleza. Um dia alguém resolveu sair e ousou subir às alturas e descobriu o mundo da luz e suas belezas. Feliz, festejou, mas ao mesmo tempo ficou atormentado e preocupado em dar conta de sua lealdade para com seu povo, retornou à escuridão e contou o que aconteceu. Foi então reprovado e orientado que lá era o lugar do seu povo e dele também. Contudo, aquele fato gerou um inconformismo em todos eles e acreditando merecerem a luz e viver bem, foram aos pés de Deus e pediram a subida ao mundo dos livres, da beleza e da natureza. Deus então, preocupado em atende-los, concedeu e concordou com o pedido, determinando então, que poderiam subir à luz e viver com toda liberdade, mas não possuiriam terra e nem poder e em troca concedia-lhes o Dom 59
da adivinhação, para que pudessem ver o futuro das pessoas e aconselha-las para o bem. É muito comum usar-se em trabalhos ciganos moedas antigas, fitas de todas as cores, folha de sândalo, punhal, raiz de violeta, cristal, lenços coloridos, folha de tabaco, tacho de cobre, de alumínio, cestas de vime, pedras coloridas, areia de rio, vinho, perfumes e escolher datas certas em dias especiais sob a regência das diversas fases da Lua...” Trecho extraído do livro \"Rituais e Mistérios do povo Cigano\" de Nelson Pires Filho Ed.Madras Boiadeiros Uma coisa que sempre escutei ao longo da vida trilhada nos terreiros do Brasil inteiro, onde tive oportunidade de estar, de alguns felizmente, é que o Boiadeiro seria uma modalidade de caboclo. Mas na verdade não é bem assim. Para começar, não preciso aqui discorrer sobre as diferenças entre um vaqueiro, um homem que lida com gado, e um índio. Se alguém se lembrar da clássica figura do Lampião, famoso cangaceiro, certamente que não encontrará semelhanças com a imagem de um silvícola. Porém há, sim, uma relação entre as duas entidades, por vezes as falanges são totalmente agregadas, por vezes completamente separadas, como irei explicar a seguir. Há varias falanges da entidade que conhecemos como BOIADEIRO. Diversas modalidades que pertencem à linhas diferentes. Irei citar algumas que contabilizei ao longo de trabalhos de pesquisas em terreiros e livros: BOIADEIRO DA JUREMA, BOIADEIRO DO SERTÃO, BOIADEIRO NAVIZALA, BOIADEIRO DA BAHIA, BOIADEIRO SETE NÓS, BOIADEIRO DA CAMPINA, BOIADEIRO SANTA FÉ, ZÉ BOIADEIRO, MANÉ BOIADEIRO, SEU VAQUEJADA, JOÃO DA SERRA, BOIADEIRO DO PIAUÍ, BOIADEIRO DO SOBRADO, BOIADEIRO DE SÃO VICENTE, BOIADEIRO DA ESTAÇÃO DA LEOPOLDINA, BOIADEIRO VIRA SOL, QUERÊNCIO DO GRAVATÁ, KATU MANDARÁ, CARREIRO, VENÂNCIO, etc. Observem agora este ponto: DE ONDE VEM O CABOCLO DE PENAS? ELE VEM DO SEU JUREMÁ! DE ONDE VEM O SEU BOIADEIRO, MINHA GENTE? ELE VEM DO REINO BENDITO DE OXALÁ! Trata-se de uma falange de Boiadeiros ligada à Jurema, a formosa Cabocla que em Umbanda é tão cultuada, mas que vem de longe, de outras paragens. A Jurema é proveniente de uma cultura indígena, assim como a Iracema, de muitos séculos atrás, o que prova a sua força e a sua existência como entidade de muita luz, também ela com muitas falanges e desdobramentos. Voltando à análise do ponto acima. Vemos que este Boiadeiro é um caboclo, neste caso sim. Tem uma forte ligação com as matas e com a entidade que lhe comanda, a Jurema. Porém na grande parte dos casos, os outros, esses grandes amigos da espiritualidade não possuem relação com a caboclada. Muitos perguntaram o motivo deles baixarem então nas giras de caboclos, e lhes respondo que por falta de opção. Felizmente alguns terreiros em São Paulo, onde parece o Brasil querer se levantar (no Rio ainda ronca), já fazem giras separadas para Boiadeiros/Marinheiros/Baianos/Mineiros. E eu acho isso imprescindível. Sou da mentalidade que se o bolo é grande (a nossa Umbanda) temos que dividir com todos. É uma falange que quer trabalhar e precisamos abrir espaço sempre. 60
Esta parte colocada pelo nosso colega a divergencia em nossa casa pois podemos ter varias linhas atuando ao mesmo tempo não precisamos ter chamadas especificas. Há outras falanges de Boiadeiro que são ligadas à Chapada, são os chamados Gentileiros. Muita gente nem sabe disso. Já ouviu falar mas não se informa a respeito do termo nem o que pode significar. São espíritos que viveram nesses lugares, em vida, ou que se afinizam com esses locais. Não possuem nenhuma ligação com a Jurema, ou com os índios. O Boiadeiro da Bahia já inclusive se apresentou para mim uma vez, em sonho. É completamente diferente da figura do índio e do vaqueiro clássico. É um menino escuro sentado num cavalo. Chega a parecer demais com a figura do Negrinho do Pastoreio. O Boiadeiro Navizala me consta que seja de Nação. O Boiadeiro Katu Mandará é traçado com Exu, O Boiadeiro do Sertão, a exemplo de vários outros, tem a mítica figura do cangaceiro/vaqueiro, também não é ligado aos caboclos mas sim às Almas. O Sr. João da Serra é de sertão, porém das serras, que são muito comuns no interior do Rio Grande do Norte, tive oportunidade de conhecê-lo num terreiro que funcionava nessas paragens, quando lá estive. O Carreiro é um Boiadeiro traçado com Preto-Velho, soube de sua existência poucos dias após escrever este artigo. E por aí vai, meus amigos. De Norte a Sul há Boiadeiros com formas, linhas e apresentações diferentes. Dizer, de uma forma geral, que Boiadeiro é Caboclo é o mesmo que dizer que todo italiano canta bem, e isso sabemos que não é bem assim. Abramos espaço nos nossos terreiros para essas entidades!!! Giras só para Boiadeiros/Marinheiros/Baianos/Mineiros. Para terminar esta mensagem. Então como classificaremos BOIADEIRO? Eu classifico BOIADEIRO como BOIADEIRO. BAIANO como BAIANO. MARINHEIRO como MARINHEIRO. MINEIRO como MINEIRO e fim de papo!!!! Baianos Muita dúvida ainda paira a respeito da diferença entre a entidade conhecida como Baiano e Preto-Velho. Muitos pais-de-santo, ainda ignorantes, dizem que é tudo a mesma coisa e na verdade não é bem assim. Caem no mesmo erro de dizerem, sem averiguação, que Boiadeiro é Caboclo. Dirão, sem dúvida também, que todo italiano canta bem. Vamos tentar esclarecer as diferenças mediante explicações que, espero, sejam proveitosas para todos. Entidades que são menos conhecidas na Umbanda, os Baianos normalmente estão associados erroneamente aos Pretos-Velhos, pois são comumente evocados nas giras e nas festas destes com pontos como “Bahia ou África, vem cá vem nos ajudar...”. Isso ocorre porque ambos são da Linha que conhecemos como Linha das Almas. Possuem ligações ou traçamentos com os Boiadeiros, daí a existir o Boiadeiro da Bahia, que em tese também é um Baiano. Mas se para alguns, Baiano e Velho é a mesma coisa, então por que há sessões (giras) separadas em alguns terreiros pelo Brasil, principalmente em São Paulo, destes e daqueles? Qual a diferença do Preto- Velho da Bahia e um Baiano? Todas essas dúvidas tentaremos responder a seguir. Muitos seriam, em vida, filhos dos escravos que foram trazidos da África para o Brasil, outros seriam pessoas desencarnadas que tiveram vida na Bahia ou que se afinizam espiritualmente com o local. Trazem a descontração como marca, o aprendizado de como trabalhar as adversidades, a alegria, a magia, a brincadeira sadia. Assim, médiuns que são geralmente introspectivos, quando incorporados, soltam-se liberando a sua alegria interna. Outros já são comunicativos por natureza e desenvolvem outras qualidades com o seu Baiano, como a flexibilidade diante das situações, como amparar o irmão com alegria e trazer alívio para as dores do próximo. Uma coisa poderão perguntar, 61
mas e o Preto-Velho da Bahia é Baiano? Sim, este se poderá considerar como tal pela sua origem, porém o mesmo não se dará no contrário. Todo Velho da Bahia é Baiano, mas nem todo Baiano é Preto-Velho. Essa é a premissa. E é daí que vem a confusão. Um dos mistérios que envolve essa falange é a clássica e mítica figura do Zé Pelintra. Muitos equivocadamente pensam que é um Exu, mas seu Zé é um dos Mestres da Jurema do Catimbó. Trata-se de um ENCANTADO, termo agora muito em moda que designa todas as entidades \"excluídas\" de uma classificação genérica, ou seja, não são Caboclos, Exus, Crianças, Pretos-Velhos, etc. Quando tiver dúvida acerca de uma falange que não se enquadra em determinada classificação poderá ver que é um ENCANTADO. Ex: Cigano. O que é Cigano? Exu? Não! Caboclo? Errou feio!!! Preto-Velho? Tampouco!!! A resposta é essa, ENCANTADO!!!! Perceberam???? Mas em se tratando de Zé Pelintra, há alguns que “viram” nas giras de Baianos (na direita) e como Zés originalmente nas giras de Malandros e/ou Exus (esquerda) e até como Marinheiros. Como Baiano, seu Zé fuma cigarro de palha, bebe batida de côco, pinga, coquinhos ou simplesmente cachaça, sempre com a sua tradicional vestimenta. O argumento é reforçado por aqueles que defendem que a falange desse malandro não é de fato à de Exu. Acredita-se que muitos estariam ligados à Bahia e seriam por isso Baianos. Um dos exemplos é o Malandro da Baixa do Sapateiro, o Malandro do Pelourinho, seu Zé do Côco, Zé Baiano, etc. Há muitas falanges de Baianos, citarei algumas que contabilizei em trabalhos de pesquisa em livros e na observação em terreiros que estive em São Paulo: Zé Baiano, Baiano Severino, Zé Ligeiro, Maria Baiana, Baiana do Balaio, Maria do Balaio, Zé do Côco, Baiana Sete Saias, João Baiano, Boiadeiro da Bahia, Pai Mané Baiano, Maria Quitéria Baiana, Pai Zé Baiano, entre muitos outros. Exu-Mirim Uma vítima dos pais-de-santo ignorantes é a entidade conhecida como Exu Mirim por muitas vezes ignoradas ou banidas nos terreiros de Umbanda. Aqui colocamos o Mirim como qualquer exuzinho pequeno, um traçamento de erê (criança) com exu. Digo isso porque há uma corrente que defende que o Exu Mirim nada mais é do que um adulto que viveu na cidade de Mogi- Mirim contrariando a tese de um exu criança. Irei investigar a questão mais fundo posteriormente. Em se tratando deste artigo, classifico-o como qualquer exu menino. Há diversas falanges e procurarei enumerar algumas. Para começo de conversa, a célebre imagem que vende nas lojas de umbanda do país inteiro prejulga a sua aparência. Representaria muito bem o personagem Brasinha, o amiguinho do Gasparzinho dos desenhos animados. É fruto da falta de capacidade daqueles que fazem imagens de santos, muitas vezes completamente diferentes do que a realidade propõe. A apresentação deles é variada conforme a linha e conforme a irradiação. Afinal de contas, uma criança nunca pode ser igual a outra. Carrego um Exu Mirim que se apresentou uma vez para mim como Joãozinho Navalha, um malandrinho. Me disse que me ajudaria em um concurso que fazia naquela ocasião para Belo Horizonte. Tinha o intuito de ficar com minha esposa, que na época lá residia. O danado, me atendendo, me deu inclusive a colocação que teria. Pediu um trabalho muito simples com doces, eu fiz, e a coisa realmente deu certo. Eu de fato consegui passar naquela prova e fui chamado. Ele errou a colocação por muito pouco. Meu deu o décimo-quinto lugar e eu fiquei um pouco abaixo, décimo-nono. Possivelmente ele me julgou menos burro do que realmente sou. Tal fato para mim teve enorme importância pois percebi o quanto eles trabalham e para o bem. A mediunidade, no meu entender, é fé raciocinada. Não podemos acreditar em nada sem comprovação. Kardec, por exemplo, quando fez o Livro dos Espíritos, consultou diversos médiuns e por conseguinte suas 62
entidades, para assim responder as perguntas as quais tinha dúvida. Haveria de existir uma coerência entre as respostas variadas de pessoas que não se conheciam, caso contrário, não seria possível a realização da obra. O mesmo ocorre conosco. Precisamos investigar a nós e aos outros e assim estaremos pesquisando e comprovando os fatos. Mas infelizmente há diversos dirigentes de terreiros que discordam que sejam eles grandes trabalhadores. A própria figura da Criança, do Erê, é vítima de preconceito nas casas umbandistas. A sua presença é reduzida a uma festa ao ano, quando assim incorporam. No restante ninguém se lembra que existem. Os exus por seu turno, são muitas vezes também discriminados. Muitos os classificam como seres malignos, traidores, rabos de encruza, eguns e outras classificações piores. Portanto imaginem juntar uma coisa na outra, ou seja, Exu com Criança, o que pode dar na cabeça das pessoas preconceituosas e obtusas? O pior possível! Soube que vários pais-de-santo não permitem a sua incorporação em terreiros alegando que são espíritos embusteiros, bagunceiros e obsessores. Muitas vezes, devido a essa imbecilidade, são tratados de forma ruim e grosseira quando incorporam, e acabam por conseguinte por fazerem arruaças. Advem daí a sua má interpretação. As formas são diversas. Alguns são Malandrinhos, outros Caveirinhas, outros se apresentam como pequenos faunos. As variantes são inúmeras. Exu Mirim nada mais é que o travesso das dimensões negativas, que com sua irreverência resolve qualquer mal entendido e desmancha as confusões. Guardião de todas as Linhas trabalha junto a Exus e Pomba Giras. Ajuda a abrir caminhos, desfazer os malfeitos e incentiva o trabalho social para resgatar os que estão na marginalidade. Fazem par com os erês nas dimensões negativas pois erês também o são. Muitos tiveram vida na terra como meninos de rua. Outros como travessos, o fato é que se afinizam com a forma de Criança e são muitas vezes os que ajudam esses marginais para que encontrem o caminho certo. Entre as falanges há: Exu Menino, Exu Mirim, Exu Caveirinha Menino, Exu Veludinho, Joãozinho Navalha, Zezinho da Calunga, Malelê, entre outros. Em alguns terreiros há a incorporação dessas entidades em giras de Crianças. O pensamento reinante diz que não é muito aconselhado, mas nas casas que tive a oportunidade de estar, não presenciei qualquer tipo de incidente, transcorrendo tudo na mais absoluta paz e tranquilidade. Se existe amor e o propósito da caridade, Deus está presente, portanto não há o que se temer. Umbanda é amor, e caridade mas também responsabilidade. Havendo corrente tudo irá acontecer de maneira satisfatória. Que a Umbanda se abra para essas entidades. \"Bem aventurados os humildes pois estes herdarão a Terra”. Salve! Ele é Exú É Exú mirim! Não me nega nada Sempre me diz sim! 63
Exú e Pomba-Gira... Texto pesquisado na rede mundial, e utlzado para debates entre os irmãos de fé, com intermediação de dirigente espritual incorporado, durante o desenvolvimento mediúnico. Sem dúvida que existe muitas histórias sobre a linha da esquerda (exús e pombas-giras), mas claro que muitas dessas não conferem, e em muitos centros de Umbanda é difícil de se ver trabalhos sérios com essa linha. Os exús e pombas-giras são entidades que em muitas vezes não têm noção do que estão fazendo aos outros e a si próprios, sendo assim consideradas como \"crianças\" que fazem tudo que você pedir, mas é claro que nesse “pedir” existe uma cobrança de algo material, a final estão mais próximos das coisas terrenas. E a nossa missão quando chegam a um Terreiro pela primeira vez, é doutrina-las para fazerem somente o Bem, sem jamais prejudicar qualquer pessoa que seja, e dai em diante trabalham sob o comando das entidades de luz, que conhecem as necessidades e urgências. Como dissemos um Exú é uma entidade que quando ainda na sua ignorância faz o que lhe for pedido e pago, mas as coisas não param só nisso. Ao executar um trabalho maldoso, ela passa a cobrar cada vez mais a pessoa que solicitou e ao entender que aquela tarefa era errada, então se vira contra o solicitante e é nessa etapa que as coisas complicam. Por isso, que em um Terreiro tudo é feito sob o comando das entidades chefes, caboclos e pretos-velhos, pois as permissões vêm deles. O que os levam para lá ? Muitos são os fatores contribuintes para tal, pois quando encarnados podem ter feito coisas erradas, ou mesmo depois de desencarnado pode não ter aceito a situação e ter ido para as trevas. Mas de lá não saem mais? Claro que saem, tudo nessa vida é mutável, para tudo tem estágios. Assim são eles, uma vez nas trevas começam uma caminhada para a evolução espiritual, que dará luz, paz, felicidade, crescimento, lições de nosso Pai, e tudo mais que vem D'Ele. Um exemplo: Exu de duas cabeças: apesar do nome, não quer dizer que tenha as duas cabeças, mas significa que pode trabalhar tanto pelo bem como pelo mal, e na Umbanda só faz pelo bem. É fundamental trabalhar com a esquerda ? Claro. A esquerda dentro de um terreiro, é quem segura a tronqueira, pois é feito o firmamento de um Exú como chefe da esquerda e sob o comando dele trabalha todas as outras entidades da esquerda do terreiro, não podendo jamais fazer algo que contrarie a Lei. O Exú firmado como chefe além de obedecer as entidades de luz chefes do terreiro, ainda trabalham sob o comando de Ogum (Lei), e se sair da linha “dança”. Veja que tudo é uma corrente e uma coisa só, a Umbanda trabalha sob a Lei que o Pai deixou escrita na Bíblia, representa a humildade, fé, caridade, esperança, perdão, etc... As primeiras informações registradas sobre a Umbanda datam dos anos 20 deste século e vêm de Niterói, no Rio de Janeiro, Estado onde, em 1941, organizou-se o Primeiro Congresso do Espiritismo de Umbanda. Estas primeiras notícias, no entanto, faziam já menção à “Macumba”, no intuito de diferenciar-se dela, denotando, portanto, a pré-existência de práticas afins. Múltiplas iniciativas, livres de controles hierárquicos, potencializavam a comunicação entre elementos do catolicismo, do Espiritismo Kardecista e das tradições afro-brasileiras. Uma nova linhagem religiosa emergiu deste turbilhão simbólico, apresentando-se dividida, contudo, entre os nomes de 64
“Umbanda” e “Quimbanda” ou, mais vulgarmente, “Macumba”. Embora compartilhando um mesmo conjunto de crenças, estes nomes alternativos indicam uma divisão de sentido. Supostamente, a Umbanda trabalharia “para o bem”, enquanto a Quimbanda se distinguiria pela sua intenção de trabalhar “para o mal”. Esta é uma interpretação simplista, no entanto, pois a ambivalência entre o bem e o mal parece ser, na verdade, característica dos fundamentos míticos desta corrente religiosa. Concebe-se inserida num ambiente cósmico dividido entre diversas facções que se relacionam através de ataques e defesas místicas. Como ocorre nas disputas de amor e noutras situações competitivas, o bem de uma parte pode ser o mal de outra, e vice-versa. A mitologia umbandista tem um claro sentido hierarquizante. As entidades religiosas distribuem-se por sete “Linhas”, comandadas por um orixá ou santo católico. As linhas subdividem- se em “Falanges” e “Legiões”, pelas quais distribuem-se espíritos desencarnados em vários estágios de evolução. O altar principal, chamado “Congá”, costuma ser enfeitado com uma grande quantidade de imagens e objetos, ilustrando a complexidade do panteon umbandista. Estes altares podem ter imagens de Cristo, o Guia do Terreiro, Nossa Senhora, santos como São Lázaro, São Jorge, Cosme e Damião, orixás, pretos velhos, caboclos, velas, colares, flores e por vezes ícones cívicos, como a bandeira nacional. A Umbanda surgiu no entre guerras, momento de forte afirmação do Estado nacional, e se assume como religião patriótica. O culto é feito numa “Gira”, composta de música e dança sagradas. Os atabaques marcam o ritmo, os médiuns cantam o “ponto” sob a liderança da Mãe ou Pai de Santo, dançam em roda, e recebem os guias espirituais, funcionando como seus “cavalos” ou “aparelhos”. Além de se expressarem dançando a sua energia vital, como ocorre no Candomblé, os guias da Umbanda se apresentam para dar conselhos aos fiéis que se aproximam. Orientam os fiéis e purificam-nos através de “passes”, protegendo-os dos ataques místicos de que são vítimas. A Mãe e algumas filhas de santo mais desenvolvidas costumam receber fiéis para consultas, o que fazem incorporadas pelos seus guias. Os terreiros de Umbanda tornam-se, assim, centros de avaliação e de resolução de uma infinidade de pequenos conflitos que afligem as pessoas em seu cotidiano. São especialistas na identificação das causas dos infortúnios, profundos conhecedores da psicologia social local. Ajudam a conformá-la, inclusive, emprestando-lhe um sentido maior. As competições cotidianas, cujos resultados desiguais semeiam a inveja e o ressentimento, resultam na produção de feitiços, ou mesmo na simples geração de negatividades que fazem mal. O povo da Umbanda (dir-se-ia o povo brasileiro, em larga escala) leva a sério o “mau olhado”. Invenção cultural notável, a Umbanda traz, para a interpretação e resolução de conflitos, personagens “marginais” da hierarquia simbólica dominante: caboclos afoitos, que representam os espaços não domesticados das matas; pretos velhos, escravos já à margem do trabalho, que têm a sabedoria realista de uma vida sofrida; Exús e Pombas Giras, identificados a personagens das ruas, que não se escondem atrás de máscaras sociais bem comportadas e que se movem com facilidade pelos meandros perversos dos conflitos humanos; crianças, que ainda não entraram na idade da razão. São estes os guias para a proteção e o aconselhamento. Distantes das autoridades oficiais, sejam seculares ou sagradas, possuem os poderes que se acumulam nas margens das estruturas burocráticas e simbólicas. São poderes usualmente descartados pelas ideologias oficiais, que encontram abrigo na Umbanda e podem, através dela, dar um sentido positivo à sua experiência e ao seu destino. 65
O arquétipo de Exu... Texto publicado na rede mundial, sobre uma reunião de doutrinamento, com perguntas e respostas a uma entidade espiritual incorporada. O arquétipo de Exu é muito comum em nossa sociedade, onde proliferam pessoas com caráter ambivalente, ao mesmo tempo boas e más, porém com inclinação para a maldade, o desatino, a obscenidade, a depravação e a corrupção. Pessoas que têm a arte de inspirar confiança e dela abusar, mas que apresentam, em contrapartida, a faculdade de inteligente compreensão dos problemas dos outros e a de dar ponderados conselhos, com tanto mais zelo quanto maior a recompensa esperada. As cogitações intelectuais enganadoras e as intrigas políticas lhes convêm particularmente e são, para elas, garantias de sucesso na vida. Qual a diferença entre os chamados “Exu-quiumba” e “Exu-de-Lei/-batizado”? Essa será uma resposta simples, clara, mas eu deixo a você um dia, ou dois, ou três... porque para responder a sua primeira pergunta de 40, eu poderia falar por três horas... porque quando se vai falar sobre o Exu-quiumba ou o Exu-de-Lei, nós temos que voltar na história da demonologia Mesopotâmica, a 4.000 anos antes de Cristo, onde tudo começou. Bom, até eu chegar ao Exu-quimba, eu fico ao seu dispor... Agora, você anota e os outros lêem depois. A diferença entre o Exu quiumba e o Exu-de-Lei é que os Exu-quimba são espíritos que se prestam a serviços tanto do mal quanto do bem, porque não sabem o que fazem, para eles não existe diferença entre mal e bem, porque o conceito de mal e bem está longe da consciência, da sua razão. O Exu-quimba é aquele usado pelos feiticeiros, pelos magos, que trabalham com Exu... ou outros espíritos fazendo o mal, não necessariamente chamados Exu (porque se você estuda as profundezas da magia, da bruxaria, não se tem o nome “Exu”. “Exu” é um termo yorubá, que veio da África.). O mal na mesma base, na mesma vibração (da magia feita com um Exu-quimba) é feito em várias seitas diferentes, com o mesmo potencial - na bruxaria européia, no voodu, na alta magia, e em várias outras seitas. O Exu-quiumba é esse Exu que se presta a esses serviços, que atende os pedidos quando recebe o material. Ele só tem os olhos no material que ele recebeu, é como se ele fosse um pistoleiro: você paga, ele mata; ele recebeu, ele faz; ele não tem noção (do bem e do mal). Posso acrescentar aí que no dia que ele tiver a noção do que o pai-no-santo ou outra pessoa que está usando ele, está fazendo com ele; o dia em que ele pensar em progredir e querer descobrir as faltas horríveis que ele cometeu, e que ele foi usado... ai, ai, ai... É aí que ele vai cair em cima da pessoa que usou dele, e vai cair muito, porque ele é vingativo. Esse é o Exu-quimba. Através dos Exus-de-Lei, é feito uma mescla entre os Exus-quimba e os Exus-de-Lei dentro dos terreiros para dar uma oportunidade que os Exus-quimba se melhorem. Em qualquer terreiro, tenha ele qualquer intenção, seja ele de qualquer origem da criação que o pai-no-santo ou a mãe-no-santo (o babalorixá ou a ialorixá) recebeu. Às vezes o pai-no-santo tem um bom coração, uma boa índole, mas ele teve aquela criação de que “o Exu dá o que se pede”. Mas tendo um bom coração ele tem uma boa escora e um bom Exu-de-Lei, mas é colocado nesse meio o Exu-quiumba para fazer o trabalho sujo que por ventura é solicitado, mas nessa mistura eles (os Exus-quimba) vão crescendo, estando em paz. Não sei se isso responde a uma outra pergunta, mas o Exu-quimba não vê diferença no Exu-de-Lei; eles pensam que são todos iguais; em uma lei onde não manda a lei do amor, mas a lei do mais forte, a lei do respeito imposto pelo braço, pela maldade. É por isso que os Exus-de-Lei se apresentam muito 66
poderosos sobre eles, e eles têm que respeitar. O papel da sua escora é impedir que outro Exu lhe faça mal - por isso você “entrega” para Exu. A sua escora é um amigo de todas as horas, um iluminadíssimo, que além do bom coração que tem e do conhecimento profundo da magia, se dispôs a cuidar de você; e ele vai tratar de Exu como um Exu. Um (Exu-quiumba) não sabe quem é o outro (Exu-de-Lei), e ele (Exu-quiumba) não sabe porque está mergulhado nessa ignorância, nessa cristalização mental. Todos nós temos um grau de cristalização mental. Às vezes nós não queremos enxergar o que é necessário fazer, mudar, para que possamos ser mais felizes. Às vezes nós sabemos, no “fundinho” nós sabemos, e a voz da consciência, e a voz determinante desse Exu compadre, dessa escora, está sempre nos alertando, porque ele está totalmente ligado às fraquezas humanas, aos vícios da matéria e aos vícios do coração. O Exu-de-Lei se dispõe a trabalhar, seja qual for a seita, para que essa transformação seja realizada; para que seja feita a vontade do Senhor, nos novos tempos que virão. Essa falange de espíritos, que entra em todas as seitas, a fim de, aos pouquinhos, ir mudando a concepção das idéias, dos preceitos, e do coração. Vai chegar o dia que o Exu- quiumba não vai ter acesso aos terreiros, no dia em que o coração das pessoas mudarem, o ponto de vista mudar: o que é mexer e lidar com um ser espiritual. As pessoas materializam muitos os espíritos... isso vai mudar. Nesse dia a Umbanda vai mudar também. Porque existe a “lei de Exu”, segundo a qual todo trabalho necessita de um pagamento? No caso em que esse pagamento se dá através de objetos materiais, como conciliar essa forma de trabalho com a essência da Umbanda, que é a prática e o exercício da caridade verdadeira, através do exercício do amor livre de interesses? Primeiramente, o fato de pagar Exu não foge da lei da caridade. Pagar Exu, ou seja “pagar o chão” é uma lei que a quimbanda conhece. Se os Exus-de-Lei trabalham mesclados com os Exus- quimba para a evolução deles (dos Exus-quiumba)... tudo bem que eles (os Exus-quiumba) são ignorantes, mas eles não são burros. Essa é a lei da pemba, a lei da Umbanda, a lei da Quimbanda, dessa área da magia. O Exu-de-Lei, que nunca fez ou não faz a maldade (porque você pode pedir a maldade para o Exu-de-Lei, mas não vai ser ele que vai fazer e, sim, você mesmo, junto com outras forças.). Bom, você tem que pagar o chão. Infelizmente o chão sai caro em muitas casas... Mas “pagar o chão” é uma moeda, uma moeda de um centavo, é o simbolismo. Infelizmente, as pessoas procuram esse “simbolismo” de acordo com a cara da pessoa: “esse tem dinheiro, é tanto; esse não tem, vai ser tanto; desse eu vou cobrar muito dinheiro, mas como esse outro não tem eu vou cobrar 10; o chão foi pago. A paga do chão é uma necessidade - você vai entender o porquê agora. Se um quiumba vira para mim e fala “você está fazendo o bem”. Eu viro pra ele e falo na mesma hora: eu recebo não é para fazer o que me pagam? Não importa se é o bem ou se é o mal. “Não é essa a lei?”; “Ah! Mas você não é um Exu porque você só pratica o bem...”, eu falo: “Não, eu recebo para fazer o que me pedem, o que me pedem eu tenho que cumprir.” Se você paga o Exu para ter o ouro, você vai ter o ouro. Se você paga o Exu para ter a mulher que você escolheu, você pode pedir em 3, 7, ou 21 dias e ela vai ser sua. Se o pai-no-santo for “bom”, se a energia for bem colocada, o seu emprego, a sua mulher, o seu carro... tudo, você vai ter na sua mão, porque esses (Exus-quiumba) são espíritos profundos conhecedores da lei material e longe da lei do coração. A paga do chão é essa: eu tenho direito de fazer o que você me pedir, pois você está me pagando. Eu estou aqui trabalhando para você, não estou fazendo caridade. É a lei da quimbanda: paga, recebe. Como cada médium deve “cuidar” do seu Exu? Primeiro, com respeito. Eu estou cansado de ver bons médiuns, com bons Exus, que, quando 67
alguém faz alguma coisa contra eles, jogam o bom amigo e companheiro de todas as horas contra quem fez. O Exu, ou guardião, abaixa a cabeça, faz uma prece, pede perdão por ele... Mas esse médium vai ter quem faça. O pessoa que mexe com a quimbanda tem que ter cuidado até com seus pensamentos, porque ela joga. Não queira que o meu cavalo tenha raiva de você; não é pra passar medo para você, mas para exemplificar a força que ele tem, o potencial de “jogar”. É assim que funciona e é assim que é: cada um é responsável pelos seus atos e cada um colhe o que planta, sempre. Respeito e carinho: é a melhor maneira de tratar do seu Exu. Ele não vai lhe cobrar, ele quer ver você feliz. Ele vai lhe cobrar se você andar errado, mas quando eu falo “ele vai lhe cobrar” eu falo o que o Exu intimamente significa, a lei da causa-e-efeito. Porque mesmo os quiumbas são utilizados, na sabedoria do cordeiro de Deus, para que seja realizada a lei da ação-e-reação. Eles são utilizados sem saber, para que essa lei se cumpra; assim como vários espíritos são utilizados nos processos da natureza, no desabrochar e no crescer das flores, das plantas, na chuva, no vento, na terra, no fogo; as ondinas, no mar, os elementais, os gnomos... todas as expressões de inteligência, todos os processos evolutivos em crescimento mental, mesmo que ele possa estar dormindo na fase mineral, ou despertando na fase animal, ou tendo sensações nessa mesma... eles estão sempre sendo manipulados pela lei do Criador. Para trabalhos que atingem esse nível, graças a esse mesmo Criador, existem vocês, na Umbanda. Em alguns terreiros, o desenvolvimento mediúnico se dá primeiramente através dos trabalhos com Exus. Por que em nossa Casa não é assim? Por que, em nossa Casa, Exu não se manifesta em sessões públicas? Primeiro, por causa do pai-de-terreiro de vocês. Ele não quer e nós temos que respeitar a decisão dele. Por um lado, ele está correto e pode ser que no futuro ele venha a mudar os pensamentos. Por mais que eu esteja 100% no médium, que é o coisa mais rara e quase impossível de acontecer (o espírito estar 100% incorporado no seu cavalo - porque por mais que ele esteja assentado e com as rédeas na mão do espírito, o cavalo é quem está caminhando, os olhos do cavalo, a percepção dos sentidos de olfato, de audição vem na frente da pessoa que está montada nele). Então, por mais que nós estejamos 100%, nós ainda respeitamos essa decisão dele. Essa decisão pode ser consciente ou inconsciente. Eu vou tentar explicar o que eu tenho aqui, nessa casa mental (do médium). Por muitos anos, e pelos muitos erros relacionados com a confusão que as pessoas fazem de Exu, ele (o médium) não quer pelo medo do que as pessoas vão pedir para Exu, e ele não quer também, como ele leva o trabalho muito pelo lado Kardecista - pelo choque material, porque o Exu trabalha muito na matéria, porque o Exu é o agente da matéria. Por elevar o trabalho a um nível, a uma estrutura, a um conhecimento, a uma base, ele acha que o Exu vai entrar em choque com os ensinamentos. Além disso, ele sabe que Exu pode trabalhar espiritualmente. Mas se eu desço na Terra, eu ponho fogo no meu caldeirão, eu empunho a minha espada, e pego a minha capa, o meu vinho e o meu charuto. Isso não significa que o terreiro tenha mais ou menos força, porque embora ele não abra sessões de atendimento para Exu, ele cuida de Exu como tem que ser cuidado, a segurança é muito bem feita, ele faz a parte dele e Exu está cumprindo o papel que tem que ser cumprido; isso não altera em nada nos trabalhos do terreiro. Se submetidos a uma análise superficial, os hábitos e forma de expressão de algumas entidades da Umbanda parecem não estar em sintonia com um trabalho que visa a espiritualização do Ser. Por exemplo, no caso dos Exus, o atendimento com o fumo, a bebida, vestimentas, palavrões, arrotos etc. Uma reflexão maior nos indica que esses hábitos podem ter 3 causas, as quais podem, teoricamente, atuar em conjunto ou não. São elas: Esses hábitos são necessários e fazem parte dos fundamentos da Umbanda. Nesse caso, eles estão sob uso consciente e voluntário da entidade. Cabe aos médiuns estudar e procurar 68
entender os fundamentos da Umbanda e o motivo pelo qual as entidades possuem uma forma determinada de expressão; Esses hábitos são resquícios de hábitos arraigados nas entidades; estão sob uso consciente e voluntário da entidade, mas não são necessários e/ou parte do fundamento da Umbanda. Nesse caso, seria responsabilidade do médium tentar alterá-los, através de uma “doutrinação”; Eles são frutos de hábitos e experiências do médium e são usados pelas entidades devido as limitações impostas pelo uso do veículo mediúnico. Nesse caso, como no anterior, tais hábitos não seriam necessários e/ou parte do fundamento da Umbanda. O médium teria a responsabilidade, assim, de se educar e alterar suas crenças e hábitos para não influenciar tanto na forma de expressão das entidades. Para exercer uma mediunidade responsável e dentro dos fundamentos da Umbanda, precisamos saber distinguir entre essas alternativas. Como proceder para distinguí-las? Primeiramente, esquecendo da Umbanda, vamos analisar o veículo mediúnico de uma forma geral. O espírito trabalha no médium sem a necessidade de qualquer veículo físico para que o mesmo trabalho, com a mesma qualidade, se processe. Eu mesmo, quando eu desço, eu tento manter a feição do médium como ele é; a voz, o jeito de olhar, a aparência, para mostrar que o médium não precisa mudar a sua postura e que o que vale é a mensagem que sai pela boca. Poderia não ser eu, poderia ser ele aqui falando; isso não interessa, o que interessa é o aprendizado que está sendo transposto. O médium, ao longo do tempo, vai aprendendo a lidar com ele mesmo, sempre para melhor. Mas se você analisar o sentido da lei da quimbanda, a maneira com que as entidades descem, e a maneira na qual elas trabalham, eu já respondi essa pergunta para você, quando estava falando de quiumba e Exu-de-Lei. A maneira na qual o espírito trabalha não altera o produto, a qualidade da comunicação, mas se ele trabalha com um linha assim, uma linha de quimbanda, ele tem que trabalhar de acordo. Isso não significa que todo o Exu necessita do fumo ou do álcool ou dos paramentos. Isso vai depender do compromisso dele com o médium e do compromisso da carga que ele vai jogar em cima do médium; isso não significa que um Exu que beba muito álcool seja “melhor” ou “pior” que um Exu que beba água. A diferença é o trabalho que um ou o outro realiza. Porque às vezes, o médium pode estar com um Exu que está bebendo muito e um outro médium, com um Exu que está bebendo água está realizando muito mais do que o Exu que está bebendo muito. Aí entra o sério perigo, um risco muito grande, do médium consigo mesmo. O médium tem que ter a consciência, a responsabilidade de saber até que ponto ele está treinado para o trabalho. Porque se ele não está completamente sintonizado com o energia do Exu, e esse Exu bebe e fuma, ele vai acabar absorvendo os resíduos negativos que o vício contém. Isso vai atrapalhar o físico dele, a mente dele, e ele vai acabar entrando em sintonia com entidades que necessitam desse vício. É por isso que eu respeito o meu cavalo na decisão de não desenvolver a linha de Exu, porque vocês ainda não chegaram no ponto de entender que o que vale é a essência, que a cura se dá através da imposição das mãos. “Ah! Mas porque é assim com ele? Porque é que o Pinga-fogo desce, bebe e fuma?” Eu estou jogando as 3 alternativas juntas, tá? É do espírito? É. É do médium? Também. Cada caso é um caso que se deve analisar olhando muito tempo atrás. Quem sabe a quantos e quantos séculos ele vem trabalhando nessa rotina? Ou quem sabe ele não fez mal uso do álcool e do 69
fumo no passado e os mesmos se apresentam na mediunidade para que ele possa trabalhar e santificar esse vício? Vê-se, então, que cada médium é um médium e cada caso é um caso; não existe diferença de um para o outro, nunca. Mas o médium tem que ter a consciência e a responsabilidade. O trabalho é realizado da mesma maneira. Os ingredientes, durante o trabalho, são utilizados no sentido de trabalhar na mesma faixa vibratória, na mesma onda na qual os espíritos ignorantes trabalham. É claro que nós mudamos completamente o sentido. O fumo é um vício, mas, ao mesmo tempo, quando eu o uso, eu faço uma quebra físico-psíquica no ar, que destrói, que corrói todas as larvas, bacilos, fungos, projetados pelas formas-pensamento, projetados pela infecção, poluição, sujeira mental que todos nós acumulamos no nosso dia-a-dia, em nossas auras, em nosso psíquico, de uso não só individual, mas com as próprias entidades. Eu uso desse mecanismo para o bem. Cada Exu vai canalizar esse mecanismo para o sentido do trabalho que desenvolve. Por que crianças (na matéria) e mulheres menstruadas não podem ficar perto de Exu (incorporado)? Por que a menstruação impede alguns trabalhos mediúnicos? As pessoas tem a idéia errada de que o Exu não tem a vibração boa e, por isso, as crianças não podem estar perto de Exu, porque são “puras”. Mas é a forma na qual o Exu vem que choca as crianças. Não é pela pureza, mas é porque a criança não entende. Às vezes, certo tipo de trabalho choca vocês, quanto mais uma criança... Então, em respeito a essa entidade que está em fase de amadurecimento terreno, formação psicológica de suas idéias e concepção a respeito do mundo, dos pais, família, sociedade, circunstâncias, crescimento... É um choque para as crianças. Você não pode colocar uma criança na presença de Seu Tranca-Ruas; vai ser criado um medo na criança. Isso não tem nada a ver com vibração. Infelizmente, todos têm essa idéia errônea sobre vibração, principalmente sobre Exu. Quanto à menstruação, Exu trabalha com o símbolo mais específico da matéria, da vida: o sangue ou, como muitos Exus dizem, a “menga”. “Menga” é um termo nagô, provindo da sociedade yorubá, originária da África. Sangue é vida e quando a mulher está menstruada ela está liberando muito sangue e Exu trabalha com sangue. Quando eu bebo, eu recupero toda a glicose que estava sugando do meu cavalo. E se o meu cavalo não pudesse beber? É claro que eu recuperaria de outra maneira. Mas é por aí, a questão do elemento sangüíneo. Podem haver exceções. Se o Exu fala “ela está menstruada, mas ela fica na jira”, ele vai bloquear a pessoa, ele vai preparar a pessoa espiritualmente e isso acontece muito no terreiro de vocês. Como o trabalho (da jira) é raro, mensal , as pessoas menstruadas são preparadas porque se elas perderem o trabalho só vão participar de um outro em 2 meses. Qual o trabalho espiritual e físico desempenhado pelo Tronqueira? Por que é necessário que um médium específico tenha essa função? A casa tem um tronqueira espiritual. O tronqueira de vocês é o mestre Tranca-Ruas, o responsável pela segurança da casa embora ele trabalhe com uma falange imensa de Exus e não- Exus que colaboraram para que o processo se passe - desde a segurança de vocês até os problemas que vão ser encaminhados nas mãos de vocês. Por agora, por exemplo, todos nós já sabemos, para os próximos 50 anos, as pessoas que vão chegar, o dia que vão chegar, a hora que vão chegar, porque vão chegar, como vão chegar e como serão resolvidos os casos. Cada caso é um caso e cada caso tem uma maneira de se lidar. Seu Tranca-Ruas, na coroa do meu cavalo, é o responsável pela tronqueira espiritual. O tronqueira , ou o ogã (porque o ogã é todo aquele que presta serviço material no terreiro, não só no atabaque; a palavra “ogã” se usa muito para os tocadores de atabaque porque são os que 70
mais aparecem) tem a finalidade de representar Exu na matéria. Para complementar, o tronqueira, pela lei da pemba, pela lei da Umbanda, da Quimbanda, não incorpora. Nós não permitimos que o tronqueira abra o seu psíquico, porque ele tem que estar bem, ele tem que estar firme, equilibrado, controlado, ciente de seus próprios pensamentos, das suas emoções. Porque ele é a representação material e se a porta da mediunidade não é aberta, ele tem mais segurança para agüentar os trabalhos pesados que caem sobre ele. Esse é o papel do tronqueira. Alguém tem que ser o tronqueira. Porque, nessa casa, o tronqueira é o meu filho? O papel dentro de uma casa não significa nem destaca uma pessoa sendo melhor do que a outra. Ele é o tronqueira porque, além de ser o tronqueira da casa, ele é o tronqueira do meu cavalo. Aonde o meu cavalo vai, ele vai atrás; aonde meu cavalo pisa, ele pisa atrás. Há 12 anos, quando meu cavalo teve a manifestação com o Caboclo Tupinambá, ele estava do lado, já exercendo o papel de segurança física. Pela lei do santo, o tronqueira tem que passar por 7 anos, 10, 15, dependendo da nação, para chegar a esse nível... mas a preparação é antiga, e só é dado a cada um o que cada um consegue realizar. Exú Pinga Fogo 71
A Armadilha do Tempo Passado... Integra de carta aberta publicada na rede mundial, e utilizada para estudos e debates entre os irmão de fé, com a mediação dos dirigentes espirituais. Cabe aqui uma breve explanação: Na mitologia Yoruba, Orunmilá é um orixá, e divindade da profecia, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ejibe. Ele é reconhecido como \"Ibi Kejì Olodumare\" (segundo só a Olodumare (Olorum, Deus)) e \"Èléri Ípìn\" (testemunha da criação). O título ibikeji não pertence apenas a ỌỌrúnmìlà, mas também a Ọbàtálá, e por extensão, a todos os Òrìṣà que possuem o Poder Delegado de Olódùmarè (Deus). A forma completa deste título (oríkì) é: Aláàṣẹ Igbákẹjì Olódùmarè. Sobre elerí ìpin a melhor tradução é: testemunha, aquele que viu (ẹlẹẹ ẹỌ rí), da escolha individual (ìpin:nun), isto é, \"a testemunha do que a pessoa escolheu\". Em resumo, ẹlẹẹ ẹỌ rí ìpin quer dizer que Òrúnmìla sabe o que a pessoa escolheu, por ela mesma, para vir fazer no mundo. Orunmilá também é às vezes chamado Ifá que é de fato a incorporação do conhecimento e sabedoria e a forma mais alta da prática de adivinhação entre os Yorubas. Embora Orunmilá não seja de fato Ifá, a associação íntima existe, porque ele é o que conduz o sacerdócio de Ifá. Ifá é o nome de um Oráculo dos Yorubás na Nigéria. Os sacerdotes de Ifá são chamados Babalawo (o pai dos segredos). Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre . Desde cedo, eu experimentei junto a mim a “presença” do Orisa Orunmila, ao qual hoje sou devotado. Mas, sentia-me confuso quanto a isso especialmente quando me achava entre espiritualistas meus confrades e com eles discutia a essência de nossa própria forma de louvação bem brasileira aos Orixás: a Umbanda Esotérica. Freqüentemente, nesses momentos, quando eu respeitosamente questionava meus maiores com relação às origens de certos rituais dos Orixás cultuados na Umbanda Esotérica, paradoxalmente eu esbarrava em um forte preconceito cultural anti-africano, o qual classificava tais origens pejorativamente como \"africanismo\" e que era mais sucintamente expressado pelo pensamento de que os conhecimentos africanos estavam 300 anos fora de sintonia e que, agora, éramos “nós” os que atualmente detinham os reais segredos do poder místico. E a origem desta minha interrogação era que o nome do Orisa Orunmila Ifa não estava incluído dentre os sete nomes principais que atribuíamos aos Orixás Ancestrais na Umbanda Esotérica: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xango, Yemanjá, Yori e Yorimá. Tal relação de nomes hierárquicos era a honrada convicção daquele grupo a aquele tempo e tudo em nome de uma Sabedoria que consideravam mais antiga ainda do que a Africana: a Sabedoria Esotérica. Eu acabava por me conformar com tal “convicção”, mas sentia-me um prisioneiro no quarto fechado do conhecimento alheio. Um dia rebelei-me espiritualmente contra tudo e todos! Decidi iniciar minha própria jornada à procura de conhecimentos, mas não tinha parâmetros definidos. Eu só tinha dúvidas que me atormentavam: Por que um Orisa que não era cultuado na Umbanda Esotérica “gritava” em minha cabeça tradições que não eram as de meus ancestrais raciais? Por que um adivinho que não era da religião afro-brasileira, afirmara que eu era um Babatunde (um Pai que retornou), sem que nenhum de nós dois soubéssemos, à aquela época, o que tal palavra significava? 72
Por que uma Entidade Espiritual da Umbanda, insistia que eu fosse submergido na Eerupee, a Lama, quando nenhum de meus mestres conhecia um tal ritual? Então, em minha jornada que pensei solitária, pois, na verdade, eu estava sendo guiado por mestres espirituais desencarnados, deparei-me novamente com um aforismo esotérico que antes me parecia banal: conhece a ti mesmo! E, desta vez, fez-se luz em minha mente: como eu poderia conhecer o mistério dos Orixás se eu não havia ainda decifrado o enigma de mim mesmo? A reflexão sobre este ponto fez-me assumir o problema de minha própria alteridade bem brasileira: se eu acreditava na reencarnação, tinha que assumir que dentro de mim eu carregava as marcas do destino de meus antepassados índios espoliados, de negros escravizados e de brancos opressores! No entanto, eu aceitara como verdadeira a supremacia da herança espiritual helena- semítica, consubstanciada na Sabedoria Esotérica, em detrimento de todas as outras. E esta minha jornada à procura de conhecimentos levou-me a explorar, descobrir e assimilar as convicções de raiz das etnias africanas Bantu e Sudanesa, bem como também as convicções de raiz da raça Tupi-Guarani brasileira e as dos Egípcio-Heleno-Semita que realmente compõem os Três Pilares da Umbanda Esotérica, constituindo-se na Filosofia das Forças Vitais da Natureza. E, assim, eu que já era um Mestre de Linha da Umbanda, forjei-me também em Babalawo, Pajé e Místico Esotérico! Foi então que pude preencher a lacuna da existência do Orisa Orunmila Ifa na Umbanda Esotérica por compreender que sob a denominação de \"Yorimá\", o qual, neste credo, é \"patrono\" da Falange dos \"Pretos-velhos\", primeiramente existia a figura do Orisa Obaluaiye, o Senhor da Terra da Vida, e, acima dele, a do Orisa Orunmila Ifa, o Senhor dos Destinos Humanos. Da mesma forma, a denominação \"Yori\" atribuída à Falange das \"Crianças\" da Umbanda e cujos \"patronos\" são São Cosme e São Damião, havia eclipsado os Gêmeos Sagrados Ibeji, chamados Taiwo e Kehinde! Também os Ere e os Tobossi africanos haviam sido sincretizados no terceiro gêmeo africano - Idowu - aquele que, na Umbanda, é conhecido por \"Doum\"! Axé! Eu havia realizado minha própria síntese esotérica! A partir dessa síntese, confirmei a mim próprio o que já presentia: que em termos de Umbanda Esotérica, as denominações Tupan, Zambi, Olorun e Jeovah são nomes diferentes nos quais diferentes raças expressam o mesmo conceito de Deus Único, Onipotente e Onipresente! E quer os chamemos por Guaracy, Yacy e Rudá - Xangô, Yemanjá e Yori - São Gerônimo, N.S. da Conceição e São Cosme e São Damião, todos são Seres Espirituais de Origem Divina para os que assim os chamam e que todos eles, incluídos os demais restantes, eu posso agrupar sob a denominação genérica e atual de Orixás Ancestrais, sem com isso estar ofendendo, por diminuir ou engrandecer, nenhuma corrente religiosa. O ponto de semelhança entre eles é inquestionável em sua grandeza: Deus! Passou-se o tempo e, nos dias atuais, eu esperava que todos nós praticantes da Filosofia das Forças Vitais da Natureza já tivéssemos crescido em conhecimentos e que, após 30 anos, pudéssemos enfocar as semelhanças básicas daquilo em que cada um acredita e desta forma ter respeito pelas diferenças críticas em nossas práticas religiosas individuais. Mas, a pouco tempo atrás, eu senti, melhor dizendo, eu li, nas palavras de um Ifa Babalawo altamente educado e respeitado, missionário africano baseado na Califórnia - EUA, quase o mesmo antigo preconceito cultural que havia tentado me enjaular no passado, só que em sentido inteiramente oposto. 73
Em sua honrada convicção, ele generosamente estendia sua mão aos descendentes daqueles que haviam sido exilados de suas pátrias pela diáspora da escravidão, expressando em forma de parábola a convicção de que o conhecimento místico atual das religiões de origem Afro, na América do Norte e América Latina, era como “águas barrentas”: este conhecimento místico tinha tido seu valor na sustentação da crença nos Awon Orisa no período de provações, mas agora era dispensável porque, através daquele que assim se expressava e de seus confrades, todos poderiam beber a “água límpida” da Antiga Sabedoria Africana. Esta é a honrada e generosa convicção daquele Babalawo e seus confrades. Mas, após quase 400 anos de sangue, suor e lágrimas para ter o direito de expressar livremente nossas crenças religiosas neste Brasil, não pude aceitar a implicação, subentendida em suas palavras, de que as convicções de cunho exclusivamente africano são as únicas de real valor ou sabedoria. E, então, meditando sobre todos esses desencontros espirituais, passados e presentes, operou-se em mim nova síntese suplementar: eu resolvi, sem abrir mão dos títulos de Mestre Itaoman e o de Babalawo Babatunde por mim conquistados na Umbanda Esotérica, adotar os simples nomes espirituais de Oberefun Si Okojumide (Yoruba) e Piron (Tupi-Guarani) e que me foram outorgados e mandados usar por meus Mestres Espirituais como sêlos de proteção e penhor de perdão alcançado por meus erros passados, através de meus méritos passados, presentes e futuros. O primeiro nome - o africano - me foi revelado num Jogo de Búzios por um “Preto Velho”, Pai Vicente de Angola (etnia Bantu), mas é expresso em Yoruba (etnia Sudanesa) significando “Aquele que rezava para o navio aportar logo”, tamanho fôra seu sofrimento e horror a bordo do navio negreiro, horror e sofrimento estes que foram comuns a todos na Diáspora. Louvo aqui àquele Babalawo que “A da Ifa fun” ou “criou Ifá para mim naquele Jogo de Búzios, o mais correto e imparcial que já ví em toda minha vida. O segundo deles - o indígena - significando “Falcão”, revelou-me diretamente meu Mestre Xamânico Espiritual Caboclo Pedra Preta, em uma visão astral na contra-partida espiritual de nossa Cachoeira Sagrada na “Terra da Pedra da Cruz de Fogo”, que é o que significa o topônimo “Itacuruçá”, cidade berço e sede da T.U.O. - Tenda Umbandísta Oriental aonde pontificou meu Mestre Yapacani na Corrente das Santas Almas Benditas do Cruzeiro Divino. Adotei-os porque eles representam a angústia e o desespêro, mas também toda esperança daqueles que tiveram de fazer a longa travessia do oceano para serem escravizados em terras estranhas e aí aprender e aceitar as individualidades religiosas ancestrais de cada grupo étnico já aqui existentes, também massacrados e espoliados de seus direitos, mesclando seus conceitos espirituais em uma nova forma religiosa momentânea que lhes desse um ponto de resistência comum, transformando-a assim em semente de sobrevivência espiritual para seus descendentes. E assim o fiz porque senti que em ambos os casos anteriormente relatados, separados por quase 30 anos, a fraqueza humana que precisa sentir que o seu próprio modo é o melhor ou o único modo, diminui o potencial do Mana, da Benção, da Mandinga e do Axé de todas as Divindades, porque exclui o conhecimento ou a sabedoria de qualquer outra pessoa ou grupo diferente daqueles que se erigem em árbitros da Espiritualidade. Se eu também me colocasse nessa posição de árbitro do que vale a pena ou não, nunca poderia avaliar o trabalho de outros, cujas prática e ritual podem diferir honestamente do modo como encaro a Realidade Paralela, porque agir desta forma seria o mesmo que auto questionar a própria autoridade absoluta da qual eu pudesse me sentir investido. E, assim, aumentei meu conhecimento espiritual sobre mim mesmo, pois resolvi não ficar congelado em minha prática ritual, recusando-me a usar sempre e sempre as mesmas experiências passadas dos outros, sem nunca acrescentar nada de bom ao Porvir. Pois, esta posição de árbitro da 74
Espiritualidade me faria, em vez de navegante do Rio do Conhecimento, um náufrago, não em “águas barrentas”, mas em águas estagnadas! E eis o que o conhecimento de mim próprio me ensinou: Acredito em Deus: Único, Absoluto, Onipresente e Onisciente seja qual for o Nome que a Humanidade Lhe atribua através dos Tempos e Lugares. Tenho como minha verdade que Ele reflete sua Infinita Bondade pelo Universo de sua Criação, através de Seres Espirituais de Origem Divina a quem denomino de Orixás Ancestrais. Compreendo o Mana, a Benção, a Mandinga e o Axé (Força Espiritual) dos Orixás Ancestrais como energia vivente, atuante e onipresente em nome de Deus por todo o Universo, não como estórias dos Contos da Carochinha de qualquer origem! Tenho como Básico que a Espiritualidade pode se expressar de muitas formas. Aceito que grupos diferentes que, por diferentes razões, começaram a usar este \"feixe\" de energias de modos diferentes, agem de modo perfeitamente lógico: simplesmente é um reconhecimento das condições e realidades atuais donde eles praticam as suas convicções. Acredito que todas as Entidades Espirituais Superiores entendem as mudanças de comportamento, meios e palavras que foram impostas aos descendentes de seus antigos fiéis por meios sociais adversos como conquista, escravidão e colonização, não ficando passivas e ferreamente agarradas ao Passado como se fossem seres humanos. Afirmo que Elas são o Eterno Presente, seja de que forma esse Presente se afigure a cada um dos humanos! Decidi que em vez de enfocar meus esforços nas diferenças em ritual, palavras, idioma ou oferendas, prefirei sempre enfocar o fato de que, se o que se pratica é feito com carinho e devoção, com caráter e consideração, os resultados serão realizados! Assim, vidas podem ser melhoradas; enfermidade pode tornar-se saúde; pobreza pode dar vez à abundância; ignorância pode ser mudada em conhecimento. Em última instância, importa aos beneficiários destas transformações que palavras e em que língua, que ritual ou quais oferendas realizam essas benesses??? Mas, ainda hoje, cada grupo religioso atual tende a rejeitar muita coisa de outro grupo por causa das diferenças que lhes foram impostas pela realidade do cotidiano, cada um achando que a “sua” própria maneira é a “única” correta, e, muito freqüentemente, os homens põem em julgamento não os resultados, mas sim se eles foram obtidos pelos meios que eles acham os únicos corretos. Se esses meios não refletirem seus próprios modos, serão capazes de negar que aqueles resultados foram propiciados pelas Divindades e dirão, do alto de sua Antiga Sabedoria: pura sorte! Fé na Essência da Sabedoria Divina dos Orixás Ancestrais, prefiro eu dizer! Pois, se nós aprendermos a utilizar e trabalhar com estas energias viventes da Realidade Paralela na Realidade em que hoje nós vivemos, para mim, os modos antigos já mudaram: eles já não são mais Sabedoria Antiga e sim, simplesmente, Sabedoria. E, desta forma, conhecendo a mim próprio, resolvi o paradigma de minha crença pessoal: a Sabedoria dos Orixás Ancestrais não é algum Mistério Antigo, congelado ou encapsulado no tempo. Ela é eterna e infinita, sempre pertinente ao tempo e condições em que é aplicada. Assim, o Odu de um Jogo de Ifá “lançado” para um indivíduo em 2000 tem pouquíssima 75
referência com a forma “específica” deste mesmo Odu à 500 anos atrás em uma cultura totalmente diferente: deste Odu, só me resta aceitar a “essência de sua Sabedoria”. Ou seja, os Odu, viventes e atuais, devem ser aplicados e interpretados em relação a energia de um ser humano que vive no tempo presente e em relação à forma cultural a que ele pertence. O mesmo se aplica a seus rituais e orações. E isto é saber aplicar a Essência da Sabedoria dos Odu de Ifa, quando nos diz no Odu Ogunda Meji: “Ifá, quem é capaz de levar alguém ao Infinito e estar sempre acompanhando esta pessoa?” E da compreensão de todas essas Essências dos Odus, adveio-me o auto conhecimento que o Orisa Orunmila Ifa me concedeu, pois hoje eu sei que quando minha Ori Orun (“cabeça-no-além”) se “ajoelhou” perante o Todo Poderoso e Misericordioso Olorun foi para pedir-Lhe que me concedesse a honra de poder tornar-me um Ancestral do Futuro, por ser um dos compiladores do marco atual brasileiro de uma nova maneira de sentir, pensar, traduzir e expressar a Sabedoria dos Orixás Ancestrais, trazendo-a para a compreensão deste povo, neste tempo, neste dia e nesta hora. E, ao estender a todos os que aqui lêm a oportunidade de Auto Conhecimento, através deste “Espelho Mágico Virtual”, eu estarei bem cumprindo o meu Destino nesta Terra-da-Vida. Que tu procures bem cumprir o teu, se ele for, como o meu, o de estar sempre aprendendo, uma vez que aquele que só sabe ensinar é porque nada aprendeu! Mana, Aché e Bençãos. Piron Itaoman Babatunde Oberefun Si Okojumide 76
Salve povo!... Integra de mensagem postada no newsgroup Fraternidade São Bartolomeu, e utilizada para debates entre os irmão de fé. Estive meio desaparecido devido a problemas técnicos que a informática de vez em quando atinge a seus usuários. Agora com esse obstáculo vencido, estou de volta para contribuir com meus pitacos nos assuntos em pauta, colocados pelos irmãos do grupo. Como o número de e-mails era elevado; e os li todos, pude apurar uma visão global sobre as opiniões e pensamentos sobre a \"teosofia\" manifestada pelos participantes. Para iniciar fica aparente o continuo debate em relação ás doutrinas e dogmas que cada terreiro utiliza em seus trabalhos. Mas como escrever sobre doutrina sem falar da firmeza ou da falta dela entre os médiuns. E está evidente que tonica do assunto está em sua falta, devido a vaidades e ciúmes provocando desentendimentos e até encerramento das atividades do Centro. Alias, falando sobre vaidade é interessante verificar a importância que é dada naquele diploma de “Pai de Santo” que fica escancaradamente exposto em alguns terreiros mostrando que foi concedido após conclusão de um tal curso, principalmente quando a assinatura do concedente é de algum desses autores famosos que perambulam pelo mercado editorial. Eu nunca vi um caboclo ao ser coroado receber diploma. Em um dos e-mails encontrei uma passagem interessante dita por um Exu, que vou reproduzi-la textualmente: “Lixo é esse livro que você andou lendo! Ganga é uma corruptela do termo Nganga, do tronco lingüístico bantu. Quer dizer \"o mestre”, aquele que domina algo. O termo foi usado por muitos, desde sacerdotes até mestres na arte da caça, da guerra, da magia, etc. Algo parecido com o Kimbanda, mas esse, mais relacionado diretamente a cura e a prática de Mbanda. A linha de Exus Ganga é formada por antigos sacerdotes e guerreiros negros. É isso! Vê se queima a porcaria do livro onde você leu essa besteira de “lixo”... O que me chamou a atenção foi o fato de que havia sido feita uma pergunta para a entidade e ela devolveu a resposta sobre o assunto questionado; mas parece que hoje em dia é preferível sair buscando literaturas, de procedência desconhecida ou duvidosa ao invés de se ter humildade, ajoelhando-se aos pés de, por exemplo, um velhinho que fica sentadinho pitando seu cachimbo, pedir licença e fazer uma pergunta sobre um assunto de Umbanda. O fato é que, voltando a falar sobre vaidade, existem zeladores que preferem a quantidade à qualidade do corpo mediúnico do terreiro; onde em alguns casos os próprios zeladores não passaram por uma preparação adequada. Atualmente existem zeladores com três anos de terreiro, quando há tempos atrás, era normal esse período de preparação ser de no mínimo sete anos. Em outros casos preferências pessoais interferem no desenvolvimento do corpo mediúnico da casa, provocando as fofocas, ciúmes e desentendimentos entre os irmãos. E qual o resultado disso?! Aquele irmão um pouco mais antigo, mas ainda despreparado, resolve sair do terreiro e abrir sua própria casa. Isto é, torna-se um ciclo negativo que dá margem para acontecimentos bizarros e absurdos, que vão do comercialismo ao fanatismo mais descabido. Um outro ponto importante e muito salutar é o intercambio de informações com outras vertentes do espiritualismo, é interessante tomar contato, compartilhar conhecimentos e até traçar 77
paralelos, tomando sempre cuidado em não confundir os elementos que formam a base de cada uma dessas seitas que tem sua devida importância na vida espiritual das pessoas. Porém, é muito significativo citar que todas essas vertentes fluem da mesma fonte que é o animismo, a mais antiga forma religiosa praticada pela humanidade e quanto mais no aprofundarmos no conhecimento dos mecanismos da mediunidade, incluindo análises com base científica isso propiciará uma melhor compreensão das energias ou vibrações emanadas durante uma gira. Um exemplo disso é uma sessão de cura feita na Umbanda, pois verifiquei que se tem falado muito de Apometria, sem desmerecer o trabalho realizado pelos irmãos de outras seitas, mas é um assunto que não tem sido explorado pelo grupo. Ao contrário disso é o debate anual sobre as giras durante a Quaresma onde alguns terreiros tradicionalmente interrompem seus trabalhos e outros continuam trabalhando normalmente. Na minha opinião a questão se inicia no ponto em que absolutamente ninguém é obrigado a participar de uma gira, principalmente se não está devidamente preparado para desempenhar um trabalho de tamanha responsabilidade. Na seqüência gostaria de saber a Umbanda é uma religião cristã (e isso não quer dizer que seja católica)? Se a resposta for afirmativa, devemos então obedecer aos preceitos cristãos onde se inclui a Quaresma. Um outro aspecto que é necessário ser exposto é que, talvez algum irmão mais atento aos trabalhos tenha já percebido, durante determinadas épocas do ano e não somente na Quaresma, as entidades ficam um período sem vir em terra, mas não todos simultaneamente; sendo assim torna-se possível atender aos necessitados de caridade. O que acontece é que alguns terreiros tradicionalmente tem como doutrina não trabalhar durante esses quarenta dias. Concluindo posso dizer, que não basta dizer que Umbanda é fé, amor e caridade; concordo que são pilares da nossa religião, mas antes de tudo temos que ter muita seriedade e responsabilidade em nossos pensamentos, atitudes e atos, pois somos instrumentos que canalizam energias sutis que atuam sobre o intimo das pessoas e como para toda ação a uma reação... Queridos irmãos já escrevi tudo o que gostaria de compartilhar com vocês, agora vou preparar o descarrego (ou como foi escrito, limpeza energética) do meu computador e depois vou acender uma vela feita de parafina com pigmento dourado, mas que sempre dá uma chama amarela de combustão com excesso de oxigênio; como qualquer outra vela. Que Oxalá abençoe a todos! Wagner – Maszafy 78
Tradição... Integra de mensagem postada no newsgroup Fraternidade São Bartolomeu, e utilizada para debates entre os irmãos de fé. A Umbanda, sendo uma religião ou seita, o termo em sí é o menos importante, que talvez seja a mais recente na história da humanidade, já sofre com as tradições que foram desenvolvidas à partir de seu nascimento. No momento atual em que vivemos, algumas vozes se levantam dizendo que a Umbanda não é a mesma de tempos atrás. São incluídos elementos religiosos que até então, seriam considerados estranhos, se comparados com a Umbanda em seus primeiros passos; e é aí que reside a tradição. Se voltarmos nossa atenção ao Candomblé, veremos que a tradição é um dos pilares dessa religião; incluindo a genealogia de seus Zeladores como guardiões dessas tradições, sem nos esquecermos que não há padronização de seus cultos, levando em conta as diferenças entre as nações. Traçando um paralelo à nossa amada Umbanda, é notório que hoje em dia permeiam em nosso meio, senhores que alegam a detenção do conhecimento, da dominação dos assuntos umbandistas e de possuir a solução mágica ou a mais profunda verdade. Mas pergunto, quem são esses senhores, qual sua formação, quem foram seus Zeladores, qual é a sua tradição ou será que são criações de chocadeira? 79
Bom o seguinte esse... Transcição de depoimento concedido, por entidade incorporada, como material de estudos e debates na Fraternidade São Bartolomeu. Vamos começar pelo começo, certo? O que é a Umbanda? A grande dúvida de quem se diz praticante da Umbanda, é que a Umbanda, nada mais e nunca foi mais além, do que uma conduta moral; aonde as pessoas, dentro da prática religiosa e no seu dia a dia praticam PAZ, AMOR e CARIDADE, não necessariamente nessa ordem. Diga-se para todo esse povo, que a Umbanda é onde voce está buscando Deus, o Criador, a Origem, O que criou tudo e aonde tudo começou. Nós praticantes do espiritualismo, os que são chamados de cristãos, os evangélicos, os kardecistas, os Zambia e a Ciência que chama de Big Bang o principio de tudo; isso é Deus. Deus está dentro de mim, está dentro do meu menino, está dentro de você, está dentro dessa flor que está aqui, está dentro do cachorro que está ali e está dentro do passarinho. Agora o que acontece, é que o povo quer explicar com palavras bonitas o que não tem explicação, porque entender Deus é ter fé; explicar Deus é usar de má fé. Desculpe o trocadilho. Então agora o povo fala o que é a Umbanda. Não tem o que se falar, não tem o que o que se dogmatizar, não tem o que doutrinar ou fundamentar ou estabelecer regras. A Umbanda foi criada em 1908, num Centro kardecista, pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas que diz o seguinte: “Está criado a partir de hoje, o local onde se pratica caridade, onde se procura Deus e onde todos aqueles espíritos que não cabem aqui, que não cabem no Candomblé, que não cabem no Catimbó, que não cabem no Xambá e que não cabem no Xangô; vão ter um lugar para se manifestar.” Por isso se diz que a Umbanda é um território livre. A Umbanda é paz e amor, é o mundo cheio de luz, é a força que nos da vida e a grandeza que nos conduz. Está escrito num jornaleco aí, o nome de quem fez o hino da Umbanda e não foi essa pessoa quem fez; porque quem escreveu o hino, foi uma mulher que era do Primado de Umbanda. Mas a Umbanda é isso. A Umbanda é um caminho e isso já foi dito por Tiago, Mateus, Lucas e Paulo; está em Corintos e quem disse foi o Filho do Homem: “Nem todos aqueles que pregam o nome do meu Pai herdarão o reino dos céus”. Nesse momento, nessa parábola Ele não disse que todas as religiões, todas as seitas que crêem em Deus, tem fé em Deus; vão herdar o reino dos céus. Não é todo mundo que pratica essa ou aquela ou aquela outra que vão herdar. Vão herdar não é quem faz parte, mas quem pratica. Porque não são todos aqueles que dizem o nome de meu Pai é que vão herdar o reino dos céus. Vão herdar aqueles que praticam, aqueles que acreditam. E deixo aqui, antes de continuar a definir a Umbanda uma mensagem para os letrados dentro da Umbanda, para os espíritos que psicografam, não estou falando que não existe psicografia; 80
catamilhografia, como chamam os Marinheiros dessa casa. Falem bem, ou falem mal, mas foi dentro da minha casa que é no tempo que surgiu a catamilhografia. As pessoas podem não acreditar, podem achar que o que eles estão lendo é balela, mas foi dentro da minha casa numa conversa entre dois Marinheiros que surgiu essa história; ou psicodigitação como chamam os espíritos mais elaborados, ou mais sofisticados quer queira o povo ou não. Eu sou do tempo que se sentava num banquinho. Como eu ia lá no Catimbó e no Catimbó eu sentava num toco, e do lado do toco havia um punhado de fumo num potinho de madeira e o cachimbo. O médium sentava, o espírito virava e se servia, botava brasa no seu pito tomava uma cachaça, cangibrina, manguassa, água que passarinho não bebe, conversava e dava consulta. Somente depois é que fui me aventurar nas veredas da Umbanda - o culpado disso é um baiano chamado Zé Baiano que arrumou para minha cabeça - para ver como é que é e para ver como é que fica. Aí eu passei a sentar num banquinho que tinha uma gavetinha contendo pito e fumo. Ao lado uma vela de cera; não era dessas velas moderna, já firmada no pé e um quadradinho de madeira para cuspir. Porque eu não conheço um preto-velho que fuma cachimbo e não cospe. Como depois houve a necessidade de uma conversa mais aberta em face de uma mente mais enegrecida, putreficada que se diga o diabo não existe; o diabo como o povo prega é a ausência de Deus. Não existe o inimigo, não existe alguém que está contra Deus existe e sim a falta D’ele. Uma pessoa que não crê Nele de modo algum; por mais que Ele seja bondoso, por mais que Ele ame o que fez, Ele não vai castigar. Ele não vai desamparar, mas essa pessoa fica tão repulsiva tão negativa que nem sua energia consegue chegar perto dessa pessoa. Agora ser umbandista voltando, a vaca fria é ter fé, não no caboclo, no cigano, no preto velho, no marinheiro, no Exu, na Pombo gira mas ter fé em Deus, no Criador. Se você crer no Criador você vai ter fé, se você tem fé no Criador, você tem fé na criatura e se você tem fé na criatura vai acreditar não só nos espíritos, mas vai crer no seu semelhante. Ai nesse momento está a maior arma, por que Deus não tem nada contra ninguém, Deus cria desafios, cria barreiras; não porque Deus é sacana. É porque tudo que é conquistado é mais gostoso nós valorizamos os desafios, portanto a vida é um desafio. Senhor Zé do Côco 81
Crônica... Texto escrito para atividade de reflexão e questionamentos durante os trabalhos de desenvolvimento mediúnico. Após nascer fui batizado como católico, durante a minha vida sempre convivi com a Umbanda, mas também conheci outras seitas e religiões, bem como pessoas que professavam outras religiões. Freqüentei e fui discípulo por alguns anos de um centro Kardescista, o abandonei por opção pessoal. Resolvi definitivamente me desenvolver e fazer parte de um terreiro umbandista. È onde me encontro hoje. O que sei da Umbanda? Mas será que esse conhecimento é o mais importante? As hierarquias, os rituais; são importantes, não tenho dúvidas, mas é o mais importante? Os fundamentos, a doutrina também tem um grau de importância, mas ainda assim persiste a dúvida. Somando-se a esse amontoado de incertezas, veio o envolvimento com o Candomblé; que por sinal eu admiro e respeito muito, pelas suas raízes fincadas nos tempos mais remotos da história da humanidade, mas que sinceramente eu somente participo, pois sou obrigado. Enfim são experiências de vida e espirituais que aumentam o meu conhecimento, mas não definem sua importância dentro do universo de informações que absorvo. O que possuo como verdades são: acredito no Criador, em Deus Pai, sou antes de tudo cristão e tento ser umbandista. A partir daí é que começam as dúvidas. Sei que ser umbandista é ter fé, amar, ser humilde e praticar a caridade. Dentro desses quatro pilares, talvez o mais fácil seja praticar a caridade, não que a pratique na condição ideal. Sendo assim os outros três pilares tornam- se ainda mais frágeis e por conseqüência a sustentação da minha condição espiritual torna-se comprometida. E entre as inúmeras dúvidas que possuo surge uma verdade: tenho que mudar. Para que essa transformação aconteça, acho que primeiramente tenho que analisar alguns dos paradoxos que fazem parte de mim. A fé. Como posso ter fé se tenho dúvidas, mas acredito no Criador e nos espíritos que mantenho contato e isso não tenho dúvida. Acreditar é ter fé? Acho que a confiança é um termo que está mais próximo da fé do que a crença. E confio plenamente, como também tenho certeza da confiança que depositam em mim, mas tenho medo de desapontá-los e isso me torna inseguro. O amor. Eu já amei, sei o que é o amor. Amo o próximo? Não, tanto quanto gostaria; acho que isso acontece porque até hoje ainda não consegui ter a certeza de que fui amado. Com certeza me protejo, me fecho, pois não quero sofrer. E aí sofro ainda mais. A humildade. Não sou humilde. A insegurança é um ácido que corrói mais rápido e mais profundo que qualquer produto químico conhecido. Tenho medo que as pessoas confundam a humildade com fraqueza. Por tudo que escrevi até agora, usando alguma lógica, posso concluir que não sou umbandista porque tenho medo de mim mesmo e que o mais importante da Umbanda é ter coragem! Acho que o primeiro passo corajoso que é possível dar, é admitir que ser Umbandista, na plena acepção da palavra, não é fácil e que para se tornar Umbandista é necessário uma reforma intima intensa e profunda. Mas como ser racional o suficiente, para que tal transformação ocorra envolvendo sentimentos tão intensos e contraditórios da nossa vida carnal? Afinal a bagagem de experiências que acumulamos, durante nossa passagem pela Terra, são sensações e sentimentos. O conhecimento apreendido é acumulativo, mas não quer dizer que se torne em sabedoria. Acredito que a chave para abrir a porta da transformação intima; é utilizar como desacelerador da velocidade das reações, a experiência e a sabedoria através do raciocínio claro à respeito das ações que venham 82
a ser tomadas. É facil falar, eu sei mas, será que é possivel transformar em prática cotidiana esse raciocínio? Particularmente acredito que sim, mas antes gostaria de discutir o que vem a ser uma reforma intima. Primeiramente vou tomar como exemplo, a reação que é tomada ao tocar algum objeto que esteja muito quente. Sendo que muito quente, é uma indicação abstrata, variando de intensidade de pessoa para pessoa. A reação de afastamento em relação ao objeto que transmite essa sensação também irá variar com a mesma intensidade. De modo geral a consequencia do afastamento será o alívio ou a cessação da dor provocada pelo contato; entretanto a reação será instintiva, mecanica; isto é independente do raciocinio para que aconteça. Para a pessoa que passou por esta experiencia, a consequencia da reação foi benéfica, devido a proteção que gerou ao orgão que manteve o contato. Portanto ao reagirmos aos acontecimentos cotidianos, procuramos as consequencias que nos sejam benéficas com sensações resultantes que também nos tragam alívio, cessação de dor ou sentimentos mais elevados como: alegria, amor, satisfação pessoal ou material. A diferença reside, que através da mecanica ou das reações istintivas nem sempre conseguimos atingir a benesse dos sentimentos mais elevados. Ao contrário, podemos ser levados aos sentimentos mais baixos ao permitirmos que somente o instinto ou o ato mecanico comandem nossa reações e as consequencias serão: o arrependimento, o remorso e o rancor, entre outras. A conclusão dessa análise evidencia que o domínio das reações possa ou deva ser considerado o primerio passo para iniciar a transformação das pessoas em busca dos sentimentos mais elevados. Wagner – Maszafy 83
Orações... Coletânea de orações utilizadas pelos irmão de fé. Em especial, a última prece, que foi ditada diretamente por entidade espiritual Pai Nosso da Umbanda Pai nosso que estais nos céus, nas matas, nos mares e em todos os mundos habitados. Santificado seja o teu nome, pelos teus filhos, pela natureza, pelas águas, pela luz e pelo ar que respiramos. Que o teu reino, reino do bem, do amor e da fraternidade, nos una à todos e a tudo que criastes, em torno da sagrada cruz, aos pés do divino salvador e redentor. Que a tua vontade nos conduza sempre para o culto do amor e da caridade. Dai-nos hoje e sempre a vontade firme para sermos virtuosos e úteis aos nossos semelhantes. Dai-nos hoje o pão do corpo, o fruto das matas e a água das fontes para o nosso sustento material e espiritual. Perdoa, se merecermos, as nossas faltas e dá o sublime sentimento do perdão para os que nos ofendam. Não nos deixeis sucumbir, ante a luta, dissabores, ingratidões, tentações dos maus espíritos e ilusões pecaminosas da matéria. Enviai- nos, pai, um raio de tua divina complacência, luz e misericórdia para os teus filhos pecadores que aqui habitam, pelo bem da humanidade, nossa irmã. Assim seja... Oração dos Pretos Velhos Ao Sagrado Princípio do Todo invocamos, do mais íntimo de nossa Consciência, em sinal de reverência à Verdade, ao Amor e à Virtude, propositando cooperar junto às Legiões de Pretos Velhos, Índios, Hindus e Caboclos, para os serviços que são chamados a desempenhar na Ordem Doutrinária. Ao Cristo apelamos, como Diretor Planetário e Senhor dos Sete Escalões em que se distribui a Humanidade Terrestre, composta de encarnados e desencarnados, desejando oferecer colaboração eficiente, de caráter fraterno, em defesa da Verdade e da Justiça, contra aqueles que, contrariando os Sagrados Objetivos da Vida, se entregam aos atos que contradizem a Lei de Deus. Conscientes da integridade da Justiça Divina, afirmamos a mais fiel e intensa observância dos Mandamentos da Lei, conforme o Divino Exemplo do Verbo Exemplar, para todos os efeitos invocativos. Acima de alternativas constituirá barreira contra o Mal, em qualquer sentido em que se apresente, venha de onde vier, seja contra quem for, conquanto que, em defesa da Verdade, do Bem e do Bom. Conseqüentemente, que aos bondosos Pretos Velhos seja dado refletir, em seus trabalhos, os sábios e santos desígnios daqueles que, traduzindo a Divina Tutela do Cristo Planetário, assim determinarem das Altas Esferas da Vida. Que as legiões de Índios, simples, espontâneas e valorosas, sempre maravilhosamente ligadas à natureza exuberante, possam agir sob a direção benévola e rigorosa dos Altos Mentores da Vida Planetária. Lutando pela Ordem e pelo Bem, pelo progresso no seio do Amor, que tenham de Deus as graças devidas. Que às numerosas legiões de Hindus, profundamente ligadas às mais remotas Civilizações do Planeta, formando portanto nas Altas Cortes da Hierarquia Terrestre, sejam concedidas pelo 84
Senhor Planetário as devidas oportunidades, para que forcem, sustentem e imponham a Suprema Autoridade. Que nesta hora cíclica, em que a Terra transita de uma para outra Era, as Mentes humanas possam receber os eflúvios da Pureza e da Sabedoria, a fim de que sintam os Divinos Apelos do Cristo, em favor dos Santos Desígnios do Pai amantíssimo, que é a divinização de todos os filhos. Que as legiões de Caboclos, humildes e bondosos, tão ligadas aos que peregrinam a encarnação, para efeito de expiações, missões e provas, a todos possam envolver, proteger e sustentar, desde que se esforcem a bem da Moral, do Amor, da Revelação, da Sabedoria e da Virtude, pois que, fora dessa Ordem Doutrinária, não há Evangelho. Prece a Xangô Poderoso orixá de umbanda, pai, companheiro e guia. Senhor do equilíbrio e da justiça. Auxiliar da lei do carma, só tu tens o direito de acompanhar pela eternidade, todas as causas, todas as defesas, acusações e eleições, promanadas das ações desordenadas, ou dos atos impuros e benfazejos que praticamos. Senhor de todos os maciços e cordilheiras, símbolo e sede da tua atuação planetária no físico e astral. Soberano senhor do equilíbrio, da eqüidade, velai pela inteireza do nosso caráter. Ajude-nos com sua prudência. Defenda-nos das nossas perversões, ingratidões, antipatias, falsidades, incontenção da palavra e julgamento indevido dos atos dos nossos irmãos em humanidade só tu és o grande julgador. Kaô Kabecile Xangô! Prece ao Caboclo Sete Flechas Salve Zambi, Pai e criador de todo o universo! Salve Oxóssi, rei da mata e chefe de todos os caboclos! Salve seu Sete Flechas e sua falange guerreira! Sete flechas, baixai sobre nós um jato da vossa divina luz, iluminando os nossos espíritos para que possamos entrar em comunicação com esta centelha de luz divina que emana das vossas sagradas flechas, defendendo e amparando-nos neste mundo terreno. Salve as sete flechas que vos foram dadas espiritualmente, para defender-nos de todas as provas que não nos vêm de Zambi. Bendito seja Oxóssi que vos o colocou sobre o vosso braço direito a flecha da saúde para que derrame sobre nós os bálsamos curadores. Bendito seja Ogum, que colocou sobre vosso braço esquerdo a flecha da defesa para que sejamos defendidos de todas as maldade materiais e espirituais. Bendito seja Xangô que vos cruzou uma flecha em vosso peito para defender-nos das injustiças da humanidade. Bendita seja a grande mãe Yemanjá que colocou uma flecha em vossas costas para defender-nos das traições de nossos inimigos. Bendito seja Oxalá que vos colocou uma flecha sobre vossa perna direita para cobrir os nossos caminhos materiais e a senda da espiritualidade. Bendita sejam as Santas Almas que vos botaram uma flecha sobre vossa perna esquerda, para lavar os nossos caminhos, iluminando os nossos espíritos e defendendo-nos de todas as forças contrárias à vontade de Deus. Bendito sejam os Ibejis que entregaram em vossas sagradas mãos a flecha do astral superior, para dar à humanidade a divina força da fé e da verdade. Zambi foi quem ordenou, os Orixás as flechas vos entregou. com as forças das sete flechas, Seu Sete Flechas me abençoou. 85
Prece aos médiuns Deus todo-poderoso, permiti que, nas comunicações que solicito, eu seja assistido por bons espíritos. Preservai-me da presunção de me julgar isento da influência dos maus espíritos; do orgulho ou vaidade que me cegaria, iludindo-se quanto ao valor das comunicações que obtenha; de todo e qualquer sentimento contrário ao espírito de caridade para com todos os meus irmãos e especialmente para com os outros médiuns. Se eu for induzido ao erro, inspirai a outrem o pensamento de me avisar, e a mim a humildade para aceitar com reconhecimento a advertência e tomar para mim mesmo os conselhos e instruções que me ditarem os vossos bons espíritos. Permiti que eu nunca seja levado a abusar ou, de qualquer modo, a envaidecer-me com a faculdade que, para meu benefício, fizeste a graça de me conceder; antes, eu vo-lo peço, meu Pai, me retireis do que consistais que seja desviada do seu fim providencial, que é o bem de todos e o meu próprio adiantamento moral. Prece de Exú Sou Exú, senhor. Pai, permite que assim te chame, pois, na realidade, Tu o és, como és meu criador. Formaste-me da poeira Ástrica, mas como tudo que provém de Ti, sou real e eterno. Permite Senhor, que eu possa servir-Te nas mais humildes e desprezíveis tarefas criadas pelos teus humanos filhos. Os homens me tratam de anjo decaído, de povo traidor, de rei das trevas, de gênio do mal e de tudo o mais em que encontram palavras para exprimir o seu desprezo por mim; no entanto, nem suspeitam que nada mais sou do que o reflexo deles mesmos. Não reclamo, não me queixo porque esta é a Tua vontade. Sou escorraçado, sou condenado a habitar as profundezas escuras da terra e trafegar pelas sendas tortuosas da provação. Sou invocado pela inconsciência dos homens a prejudicar o seu semelhante. Sou usado como instrumento para aniquilar aqueles que são odiados, movido pela covardia e maldade humanas sem contudo poder negar-me ou recorrer. Pelo pensamento dos inconscientes, sou arrastado a exercer a descrença, a confusão e a ignominia, pois esta é a condição que Tu me impuseste. Não reclamo, Senhor, mas fico triste por ver os teus filhos, que criaste à Tua imagem e semelhança, serem envolvidos pelo turbilhão de iniqüidades que eles mesmos criam, e eu, por Tua lei inflexível, delas tenho que participar. No entanto, Senhor, na minha infinita pequenez e miséria, como me sinto grande e feliz quando encontro n'algum coração, um oásis de amor e sou solicitado a ajudar na prestação de uma caridade. Aceito sem queixumes, Senhor, a lei que, na Tua infinita sabedoria e justiça, me impuseste, a de executor das consciências, mas lamento e sofro mais porque os homens até hoje, não conseguiram compreender-me. Peço-Te, Oh Pai infinito, que lhes perdoe. Peço-Te, não por mim, pois sei que tenho que completar o ciclo da minha provação, mas por eles, os teus humanos filhos. Perdoa-os, e torna-os bons, porque somente através da bondade do seu coração, poderei sentir a vibração do Teu amor e a graça do Teu perdão. Oração aos Amigos Planta Senhor esta primavera, uma árvore dentro do meu coração, e nela pendurai, ao invés de flores, os nomes de todos os meus Amigos! 86
Os amigos que nos fazem sorrir e às vezes chorar, que emprestam-nos seus ouvidos, que dividem palavras de conforto. Os amigos de longe e os amigos de perto Os amigos reais e os amigos virtuais. Os amigos antigos e os recentes. Os que vejo cada dia e os que raramente encontro. Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos.Aqueles das pontas dos galhos, mas quando o vento sopra, sempre aparecem entre uma folha e outra. Os das horas difíceis e os das horas alegres. Os amigos jovens, os amigos velhinhos, as crianças amigas. Os que sem querer magoei, e os que sem querer me magoaram. Amigos que murcharam e caíram, mas que continuam por perto seguindo alimentando a nossa raiz com alegria. Lembranças maravilhosas de quando nossos caminhos se cruzaram. Amigos sempre dispostos... sempre Amigos. Senhor, no silêncio desta oração, venho pedir-te a Paz, a Sabedoria, a Força e a Beleza. Quero sempre olhar o mundo com os olhos e o coração cheios de Amor. Quero ser paciente, compreensivo e prudente. Quero ver muito além das aparências... assim mesmo como Tu nos vês...e assim Senhor, ver somente o bem em cada um deles. Pai...fecha os meus ouvidos a todas as asneiras; guarda a minha língua de todas as maldades ... para que só de bênçãos se encha a minha alma. Que eu seja bom e alegre em todos os dias de minha existência. E como um eterno aprendiz, nesta vida aprendi que com um amigo : ”A Amizade é a união de dois espíritos afins criando entre eles um laço de ternura e de afeto, onde cada um moverá montanhas pelo outro sem que se sinta o peso da terra.” Pai...conserve o meu coração livre do ódio e minha mente livre da ansiedade. Quero simplesmente viver, esperando pouco e dando muito. Quero encher a vida de Amor, espalhar a Luz, a Alegria, a Beleza e a Felicidade ! Quero ser o Amigo que curará as feridas , sem fazê-las doer. E como Tu, permanecer quando todos os outros tiverem partido... O tempo passa... a primavera e o verão se vão, o outono e o inverno se aproximam e perdemos algumas de nossas flores. Algumas nascerão e outras por muitas estações permanecerão. É o ciclo da vida ! Pai ... quero ser aquele amigo que diz: “Eu te Amo” sem qualquer medo de má interpretação, pois Amigo é quem AMA ... “E PRONTO”. Senhor, meu Grande Amigo, reveste-me de tua beleza e que todos que de mim se aproximarem, sintam a tua presença. Amém !!! Prece de Encerramento da Cura Meu Pai Celestial; Nós todos aqui presentes, humildes servos de sua infinita benevolência, agradecemos aos Guardiães que designaste para proteger-nos em nossa senda de caridade; realizada nesta casa, dedicada ao atendimento daqueles que buscam a cura em seu corpo bem como em sua alma. Agradecemos também meu Pai, às Entidades que aqui vieram cumprir sua missão de caridade, despejando a luz que Tu concedes como bençãos, ungindo esses irmãos necessitados e removendo os miasmas de que padecem. E por fim meu Pai Celestial agradecemos a permissão que nos deste, a servir de instrumentos, para a realização de mais esta missão no dia de hoje. E assim como, aqui bem chegamos; daqui bem iremos, em nome de Deus. Que assim seja.......... Marinheiro Sete Ondas 09/06/2008 20:27h 87
Assim era Umbanda... Texto transmitido, por entidade incorporada, para estudos e debates durante o desenvolvimento mediúnico. A Umbanda era uma coisa que ninguém conhecia, porque existia espiritismo, candomblé, catimbó, catolicismo seitas evangélicas. Um dia um espírito disse que ia fundar um local aberto para quem quisesse, manifestar seja para aprender, seja para ajudar. Esse homem foi um caboclo, mas na verdade era um frade e fez que surgisse uma seita que pudesse aceitar quem quer que seja, sem distinção de cor posição social ou grau de conhecimento. Para quem viesse dar sua mensagem, mostrando a situação que estava naquele momento, e o que necessitava para alcançar a luz. Assim nasceu a Umbanda com 07 linhas, e os povos para atender a quem precisar e quem quiser conhecer o outro lado fora da carne. Assim era a Umbanda. Assim era a Umbanda e não é mais. Marinheiro Sete Ondas 88
K y r i é E l é i s o n... Transcrição, na íntegra da apresentação, recebida por e-mail, para reflexão dos irmão de fé. Uma breve jornada, oportunidades, legados que ficarão. Qual o mundo que deixaremos para trás para as próximas gerações, quando partirmos? Que herança lhe destinaremos? O futuro dependerá do que agora fizermos. E, certamente, há muito por se fazer... O futuro dependerá do que agora fizermos. E, certamente, há muito por se fazer... Cabul, Afeganistão Três anos depois da queda do regime Talebã, - num país dilacerado pela guerra e onde as oportunidades de trabalho, alimentação e necessidades básicas são escassas, crianças disputam migalhas de carvão que caem dos sacos transportados por caminhões da Cruz Vermelha, de modo a garantir seu próprio sustento e de suas famílias. Karkhla, Paquistão Crianças com idade entre 4 e 6 anos, em sua maior parte provenientes de famílias afegãs refugiadas da guerra civil que acomete seu país natal, trabalham em fábricas de tijolos. O seu desgastante trabalho consiste em virar os tijolos para que sequem mais rapidamente ao sol. O seu peso de criança permite que realizem seu penoso trabalho sem amassar os tijolos em que se apóiam. Tegucigalpa, Honduras Abutres e crianças disputam as sobras que encontram num aterro sanitário da capital hondurenha. Juan Flores e outras crianças reviram o lixo a fim de encontrar qualquer coisa que possa ser comido ou vendido. Congo, África Central A avó de Chantis Tuseuo, de nove anos de idade, estende a mão para sua neta, gravemente desnutrida, que aguarda atendimento num posto de saúde nos arredores de Kinshasa. No mundo, segundo dados do UNICEF, estima-se que 55% das mortes de crianças estão associadas à desnutrição, à fome que debilita lentamente. Siliguri, Índia Ruksana Khatun, de nove anos de idade, quebra pedras na periferia da cidade. Pequenas mãos calejadas em troca de um salário irrisório. Segundo a Organização Internacional de Trabalho, OIT, mais de 220 milhões de crianças trabalham no mundo, mais da metade delas em funções perigosas e em condições e horários precários, com jornadas de trabalho de até 17 horas. San Vicente, Colombia 89
Na entrada de um bordel, adolescente aguarda o próximo cliente. Dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, revelam que milhões de crianças são vítimas da exploração sexual em todo o mundo. A cada ano, um milhão e duzentas mil crianças são vítimas de tráfico e venda. Triste mundo que assim trata as suas crianças. Mais de 100 mil meninas são vítimas de exploração sexual no Brasil, conforme dados da Organização Internacional do Trabalho, OIT. O filme “Anjos do Sol” aborda a cruel realidade que cerca o tema. Conforme relatos da equipe de produção, a exploração sexual de crianças e adolescentes no país ocorre em duas frentes: - nas cidades litorâneas, estando ligado ao turismo sexual realizado por estrangeiros; - e nas cidades do interior das regiões Norte e Nordeste, onde a necessidade desesperada de renda criada pela pobreza leva os pais a venderem suas filhas. O filme expõe algumas das práticas que envolvem a exploração sexual infanto-juvenil, como o leilão de meninas virgens, e os personagens que lucram com esse mercado: aliciadores (que compram as meninas de suas famílias), donos de boates, cafetões, coronéis e políticos. Dentre as tantas histórias tristes que inspiraram o roteiro do filme está a da pequena menina apelidada de R$ 0,50, por ser este o preço que ela cobrava por programa. Recife, Brasil A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima existirem 100 milhões de crianças vivendo nas ruas do mundo subdesenvolvido ou em desenvolvimento, das quais 10 milhões no Brasil. A maioria dessas crianças abusa das drogas, que as ajudam a negar, a fugir da realidade, a matar a fome, e a se aquecer. Muitas destas crianças mantêm algum tipo de laço familiar, porém despendem a maior parte do tempo nas ruas, - pedindo esmola, vendendo coisas de pouco valor, engraxando sapatos, lavando vidros de carros -, a fim de complementar o ganho familiar. Não raro, se envolvem em pequenos furtos. Outras vivem de fato nas ruas, em grupos, dormindo em prédios abandonados, debaixo de pontes e viadutos, e em parques públicos. Nos dois grupos, os meninos são maioria. As meninas têm por destino a prostituição. Califórnia, Estados Unidos Não muito distante da Disneylândia, a Terra da Fantasia, crianças, filhos de pais viciados em drogas, catam latas a fim de complementar o orçamento familiar, e ajudam, como podem, nos afazeres domésticos. Segundo dados do Escritório das Nações Unidas de Combate às Drogas e ao Crime, UNODC, o uso de drogas ilícitas no mundo vem crescendo, apesar dos esforços mundiais de controle. Os EUA permanecem como os principais consumidores de maconha e cocaína no mundo O aumento no consumo das drogas sintéticas - como a anfetamina e estimulantes similares ao ecstasy - é considerado preocupante pela facilidade com que elas são produzidas, já que, ao contrário das drogas tradicionais, não são necessárias grandes áreas de plantações, sendo produzidas com produtos químicos facilmente obtidos, em laboratórios muitas vezes improvisados, tornando o combate mais difícil. Segundo o UNODC, a questão das drogas sintéticas exige uma redefinição das abordagens adotadas, devendo-se mudar o paradigma em torno da questão do combate às drogas, com a prevenção ganhando uma importância muito maior do que a repressão. Talvez seja hora dos políticos e governantes incluírem “compaixão social” nas suas pautas e agendas de trabalho. Tão perversas quanto persistentes, as desigualdades sociais e a pobreza atingem particularmente a população infanto-juvenil no país. Estudos têm mostrado que as condições de vida das crianças é mais severa em lugares onde a infra-estrutura escolar é de baixa qualidade. Faz-se necessário, portanto, criar condições que estimulem um aumento na freqüência 90
escolar, com a consequente ampliação dos seus horizontes e o desenvolvimento das suas potencialidades. As políticas destinadas a acabar com o trabalho infantil também devem procurar eliminar a necessidade da família pela renda da criança. A insanidade das guerras… Irlanda do Norte, décadas de 80 e 90 Chechênia, 1997 Kosovo, 1999 África, desde sempre Faixa de Gaza, Palestina, 2004 Iraque, 2005 Israel, 2006 Líbano, 2006 etc, etc etc... até quando? É no coração da noite, que desponta o dia. Qual o mundo que pretendemos deixar para as futuras gerações? Um mundo mais justo, certamente... O Reino de Deus não irá despencar sobre nossas cabeças da noite para o dia, se somos sinceros no nosso desejo de que ele venha até nós, temos que fazer a nossa parte. O Reino de Deus, a idade áurea marcada pela justiça, não descerá dos céus, ele soerguer-se-á do chão em que pisamos, regado pelo sagrado suor dos que se importam com o próximo. A sua chegada depende de pequenos atos de bondade, de heróicos gestos de compaixão. Qual o mundo que deixaremos para as crianças de hoje, para as que ainda nascerão? Misericórdia A palavra misericórdia, de origem latina, surge da junção de misereo / miséria, e cor / coração. Ela representa, portanto, um sentimento de empatia, colocar a miséria do próximo no nosso próprio coração. A misericórdia se refere ao coração que se compadece e age. O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença. Érico Veríssimo Kyrié Eléison Antiga invocação grega que significa: Senhor, envia Teu Sopro, envia Tua Misericórdia. Estou precisando do Teu Sopro, da Tua Força, da Tua Misericórdia. 91
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Sermão da Montanha Há muito por ser feito ainda. Quem semear, colherá... Deus move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer. Mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver. Antigo ditado oriental O Peregrino 92
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