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ALFARRABIOS_DE_MASZAFY_Uma_coletanea_de

Published by eeooka, 2020-12-19 10:07:17

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ALFARRÁBIOS DE MASZAFY Uma coletanea de informações, que formam um panorama espiritualista Wagner Linares 1

Apresentação... Meus caros irmãos, humildemente venho oferecer o material que está nestas páginas, como uma contribuição ao conhecimento de cada um, que por ventura venha ler estas linhas. Advirto de antemão, que este conteúdo não é de verdades absolutas e definitivas; porém são factuais, no que se refere, à diversidade teológica e filosófica dentro da crença que abraçamos. Sinceramente, acredito que uma visão mais ampla e uma linha de pensamentos alternativa serão reações, que de alguma forma, sendo tomadas positivamente no âmbito de um raciocínio livre de amarras ortodoxas, poderão trazer esclarecimentos mais abrangentes da Umbanda. 2

Índice Introdução......................................................4 Uma passagem...............................................5 Uma breve história........................................ 6 Gabriel Malagrida.........................................10 A História da Umbanda: outra abordagem....13 Cumprimentos...............................................19 Preceitos........................................................20 Pontos Riscados............................................21 Cavalos, Entidades, Guias e Banhos.............26 O Terreiro......................................................33 A Defumação................................................ 35 Pontos Cantados............................................37 Amalás e Amacís...........................................41 Diversidade de rituais umbandistas...............43 São várias as versões dos mitos dos orixás...47 Os Orixás.......................................................49 Caboclos na Umbanda...................................54 Caboclo Pena Branca.....................................55 Linhas e Povos...............................................56 Exú e Pomba-Gira....................................... ..64 O arquétipo de Exu........................................66 A Armadilha do Tempo Passado....................72 Salve povo!....................................................77 Tradição.........................................................79 Bom o seguinte esse......................................80 Crônica..........................................................82 Orações..........................................................84 Assim era Umbanda.......................................88 K y r i é E l é i s o n......................................89 3

Introdução... Muitos autores afrmam que a Umbanda, é uma colcha de retalhos religiosa. Como não poderia dexar de ser, ao possuir como premissa primordial a liberdade; seja em seus elementos religosos; quanto em suas manifestações, em seu público e em seus praticantes? Imaginando uma colcha de retalhos, também é possível afrmar que não existem duas exatamente iguais. Pois os trapos, que a constituem também diferem entre sí; seja nas dimensões, cores, qualidade e consistência; formando desenhos distintos entre cada uma delas. Assim, considerando o a linha de pensamento destes notáveis irmãos, que se disporam a conduzir o estudo da Umbanda, como uma missão de aprofundamento do conhecimento, temos que humildemente concordar. Entretanto esta aceitação, deve ser confrontada com nossa própria experiênca e conhecimento, para que ocorra a transformação da informação em sabedoria. Ao cabo da leitura das páginas que se seguem, será percebido a diversidade de fontes; algumas até antagonicas, outras com variações de interpretações; mas este é o objetvo primário. A reflexão, o debate e a conclusão, são as etapas que seguem um caminho linear de informação, estudo, conhecimento e culminando, com o aproveitamento de sua essência, em sabedoria. Será uma viagem, transitando pela história, mitologia, ritualística, dogmas e depoimentos; que permitirão, ao menos, as perguntas: por que e como. E estas são as questões, que fazem da curiosidade a chave do estudo. Não tome estas páginas, como fundamentalmente verdadeiras, mas como sendo o conhecimento, que algum outro irmão utiliza, para professar a mesma fé que a sua. Boa Leitura! 4

Uma passagem... “Entrementes os seus discípulos lhe rogavam, dizendo:  Rabi, come. Ele, porém, respondeu:  Uma comida tenho para comer que vós não conheceis. Então os discípulos diziam uns aos outros:  Acaso alguém lhe trouxe de comer? Disse-lhes Jesus:  A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra. Não dizeis vós: ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Ora, eu vos digo: levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa. Quem ceifa já está recebendo recompensa e ajuntando fruto para a vida eterna; para que o que semeia e o que ceifa juntamente se regozijem. Porque nisto é verdadeiro o ditado: “Um é o que semeia, e outro o que ceifa”. Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.” João IV – 31a 37 5

Uma breve história... Texto encontrado em pesquisa, durante periódo de desenvolvimento mediúnico, para estudo e aprendizagem das origens da religião. Foi escrutinado e debatido entre os irmãos e os dirigentes espirituais da casa. Foi considerado fidedigno ao ocorrido. Zélio Fernandino de Moraes, nasceu no dia 10 de abril de 1891, no distrito de Neves, município de São Gonçalo - Rio de Janeiro. Aos dezessete anos, quando estava se preparando para servir as Forças Armadas, através da Marinha, aconteceu um fato curioso: começou a falar em tom manso e com um sotaque diferente da sua região, parecendo um senhor com bastante idade. À princípio, a família achou que houvesse algum distúrbio mental e o encaminhou ao seu tio, Dr. Epaminondas de Moraes, médico psiquiatra e diretor do Hospício da Vargem Grande. Após alguns dias de observação e não encontrando os seus sintomas em nenhuma literatura médica, sugeriu à família que o encaminhassem a um padre, para que fosse feito um ritual de exorcismo, pois desconfiava que seu sobrinho, estivesse possuído pelo demônio. Procuraram, então também um padre da família, que após fazer ritual de exorcismo não conseguiu nenhum resultado. Tempos depois Zélio foi acometido por uma estranha paralisia, para o qual os médicos não conseguiram encontrar a cura. Passado algum tempo, num ato surpreendente, Zélio ergueu-se do seu leito e declarou:  \"Amanhã estarei curado\". No dia seguinte, começou a andar como se nada tivesse acontecido. Nenhum médico soube explicar como se deu a sua recuperação. Sua mãe, D. Leonor de Moraes, levou Zélio a uma curandeira chamada D. Cândida, figura conhecida na região onde morava, e que incorporava o espírito de um preto velho chamado Tio Antônio. Tio Antônio recebeu o rapaz e fazendo as suas rezas, lhe disse que possuía o fenômeno da mediunidade e deveria trabalhar com caridade. O Pai de Zélio de Moraes Sr. Joaquim Fernandino Costa, apesar de não freqüentar nenhum centro espírita, já era um adepto do espiritismo, praticante do hábito da leitura de literatura espírita. No dia 15 de novembro de 1908, por sugestão de um amigo de seu pai, Zélio foi levado a Federação Espírita de Niterói. Chegando na Federação e convidados por José de Souza, dirigente daquela Instituição, sentaram-se a mesa. Logo em seguida, contrariando as normas do culto realizado, Zélio levantou-se e disse que ali faltava uma flor. Foi até o jardim, apanhou uma rosa branca e a colocou no centro da mesa onde realizava-se o trabalho. Tendo-se iniciado uma estranha confusão no local, ele incorporou um espírito e simultaneamente diversos médiuns presentes apresentaram incorporações de caboclos e pretos velhos. Advertidos pelo dirigente do trabalho, a entidade incorporada no rapaz perguntou:  “Porque repelem a presença dos citados espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens. Seria por causa de suas origens sociais e da cor?” Após um vidente ver a luz que o espírito irradiava, perguntou:  “Porque o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram quando encarnados, são claramente atrasados?”  “Por que fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?” 6

Ele responde:  “Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã estarei na casa deste aparelho, para dar início a um culto em que estes pretos e índios, poderão dar sua mensagem e assim cumprir a missão que o plano espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade, que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque não haverá caminhos fechados para mim.” O vidente ainda pergunta:  “Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” Novamente ele responde:  “Colocarei uma condessa em cada colina, que atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei.” Depois de algum tempo, todos ficaram sabendo que o jesuíta visto pelo médium, através dos resquícios de sua veste no espírito, em sua última encarnação, foi o Padre Gabriel Malagrida. No dia 16 de novembro de 1908, na rua Floriano Peixoto, 30 – Neves – São Gonçalo – RJ, aproximando-se das 20:00 horas, estavam presentes os membros da Federação Espírita, parentes, amigos e vizinhos e do lado de fora uma multidão de desconhecidos. Pontualmente as 20:00 horas o Caboclo das Sete Encruzilhadas desceu e usando as seguintes palavras iniciou o culto:  “Aqui inicia-se um novo culto, em que os espíritos de pretos velhos africanos, que haviam sido escravos e que desencarnaram não encontram campo de ação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas quase que exclusivamente para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos da nossa terra, poderão trabalhar em benefícios dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja a cor, raça, credo ou posição social. A pratica da caridade no sentido do amor fraterno, será a característica principal deste culto, que tem base no Evangelho de Jesus e como Mestre Supremo Cristo.” Após estabelecer as normas que seriam utilizadas no culto e com sessões diárias das 20:00 às 22:00 horas, determinou que os participantes deveriam estar vestidos de branco e o atendimento a todos seria gratuito. Disse também que estava nascendo uma nova religião e que chamaria Umbanda. O grupo que acabara de ser fundado recebeu o nome de Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse as seguinte palavras:  “Assim como Maria acolhe em seus braços o filho, a tenda acolherá aos que a ela recorrerem nas horas de aflição, todas as entidades serão ouvidas, e nós aprenderemos com aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos àqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois esta é a vontade do Pai.” Ainda respondeu perguntas de sacerdotes que ali se encontravam em latim e alemão. O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas. Nesse mesmo dia incorporou um preto velho chamado Pai Antônio, aquele que, com fala mansa, foi confundido como loucura de seu aparelho e com palavras de muita sabedoria e humildade e com timidez aparente, recusava-se a sentar-se junto com os presentes à mesa dizendo as seguintes palavras: 7

 “Nêgo num senta não meu sinhô, nêgo fica aqui mesmo. Isso é coisa de sinhô branco e nêgo deve arrespeitá” Após a insistência dos presentes fala:  “Num carece preocupá não. Nêgo fica no toco que é lugá di nêgo.” Assim, continuou dizendo outras palavras representando a sua humildade. Uma pessoa na reunião pergunta, se ele sentia falta de alguma coisa que tinha deixado na terra e ele responde:  “Minha caximba., nêgo qué o pito que deixou no toco. Manda mureque buscá.” Tal afirmativa deixou os presentes perplexos, os quais estavam presenciando a solicitação do primeiro elemento de trabalho para esta religião. Foi Pai Antônio também a primeira entidade a solicitar uma guia, até hoje usadas pelos membros da Tenda e carinhosamente chamada de “Guia de Pai Antônio”. No outro dia formou-se verdadeira romaria em frente a casa da família Moraes. Cegos, paralíticos e médiuns que eram dados como loucos, foram curados. A partir destes fatos fundou-se a Corrente Astral de Umbanda. Após algum tempo manifestou-se um espírito com o nome de Orixá Malé, este responsável por desmanchar trabalhos de baixa magia, espírito que, quando em demanda era agitado e sábio destruindo as energias maléficas dos que lhe procuravam. Dez anos após a fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade (registrada como tenda Espírita, porque não era aceito na época, o registro de uma entidade com especificação de Umbanda), o Caboclo das Sete Encruzilhadas declarou que iniciava a segunda parte de sua missão: a criação de sete templos , que seriam o núcleo do qual se propagaria a religião da Umbanda. Em 1935, estavam fundados os sete templos idealizados pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas - Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá; Tenda Espírita São Jorge e Tenda Espírita São Jerônimo - sendo curiosa a fundação do sétimo templo. Faltava um dirigente adequado ao mesmo, quando numa noite de quinta feira, José Alvares Pessoa, espírita e estudioso de todos os ramos do espiritualismo, não dando muito crédito ao que lhe relatavam sobre as maravilhas ocorridas em Neves , resolveu verificar pessoalmente o que se passava. Logo que assomou à porta da sala em que se reuniam os discípulos do Caboclo das Sete Encruzilhadas, este interrompeu a palestra e disse :  “Já podemos fundar a Tenda São Jerônimo. O seu dirigente acaba de chegar.” O Sr. Pessoa ficou muito surpreso, pois era desconhecido no ambiente. Não anunciara a sua visita e viera apenas verificar a veracidade do que lhe narravam. Após breve diálogo, em que o Caboclo das Sete Encruzilhadas demonstrou conhecer a fundo o visitante, José Alvares Pessoa assumiu a responsabilidade de dirigir o último dos sete templos que a entidade criava. Dezenas de templos e tendas porém, seriam criados posteriormente, sob a orientação direta ou indireta do Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em 1939, o Caboclo das Sete Encruzilhadas determinou que se fundasse uma federação (que posteriormente passou à denominação de União Espírita de Umbanda do Brasil, segundo relata Seleções de Umbanda n.º 7 1975), para congregar templos umbandistas e que deveria ser o núcleo central desse culto, em que o simples uniforme branco de algodão, dos médiuns estabelecia a igualdade de classes e a simplicidade do ritual permitida. 8

As sete linhas que foram ditadas para a formação da Umbanda são: Oxalá, Iemanjá, Ogum, Iansã, Xangô, Oxossi, e Exu. Enquanto Zélio estava encarnado, foram fundadas mais de 10.000 tendas a partir das acima mencionadas. Zélio nunca usou como profissão a mediunidade, sempre trabalhou para sustentar sua família e muitas vezes para manter os templos que o Caboclo fundou, além das pessoas que se hospedavam em sua casa para os tratamentos espirituais, que segundo dizem parecia um albergue. Nunca aceitara ajuda monetária de ninguém; era ordem do seu guia chefe, apesar de inúmeras vezes isto ser oferecido a ele. O ritual sempre foi simples. Nunca foi permitido sacrifícios de animais. Não utilizavam atabaques ou qualquer outros objetos e adereços. Os atabaques começaram a ser usados com o passar do tempo por algumas das Tendas fundadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas a Tenda Nossa Senhora da Piedade não utiliza em seu ritual até hoje. As guias usadas eram apenas as determinadas pelas entidades que se manifestavam. A preparação dos médiuns era feita através de banhos de ervas e do ritual do amaci, isto é, a lavagem de cabeça onde os filhos de Umbanda afinizavam a ligação com a vibração dos seus guias. Após 55 anos de atividade, entregou a direção dos trabalhos da Tenda Nossa Senhora da Piedade a suas filhas Zélia e Zilméia. Mais tarde junto com sua esposa Maria Isabel de Moraes, médium ativa da Tenda e aparelho do Caboclo Roxo fundaram a Cabana de Pai Antônio no distrito de Boca do Mato, município de Cachoeira do Macacú – RJ. Eles dirigiram os trabalhos enquanto a saúde de Zélio permitiu. Faleceu aos 84 anos no dia 03 de outubro de 1975. 9

Gabriel Malagrida... Texto encontrado em pesquisa, durante periódo de desenvolvimento mediúnico, para estudo e aprendizagem das origens da religião. Vale ressaltar, os fatos relatados quanto a vida terrena do Frei Gabriel Malagrida, como foco principal da pesquisa. Foi escrutinado e debatido entre os irmãos e os dirigentes espirituais da casa. Foi considerado fidedigno ao ocorrido. Gabriel Malagrida foi um missionário italiano jesuíta, nascido em Mennagio a 5 de Dezembro de 1689 e falecido em Lisboa, a 21 de Setembro de 1761 garrotado e queimado na fogueira. Malagrida tornou-se jesuíta em 23 de Outubro de 1711, tendo partido para as missões no Brasil, em 1721. Evangelizou os índios do Brasil, sobretudo nas regiões do Maranhão e do Pará. Prosélito da fé e inflamado pregador, ficou afamado como o “Apóstolo do Brasil”, tendo passado pelo Maranhão, Pará, a Bahía e Pernambuco. Malagrida voltou a Lisboa em 1750 e tendo aí assistido aos últimos momentos da vida do rei D. João V, tendo permanecido nessa cidade até 1751. Neste ano, regressou de novo ao Maranhão tendo aí estado até 1754, ano em que regressou definitivamente para Portugal a rogo de D. Mariana de Áustria. Este foi talvez o maior erro da sua vida, como veremos. Muito religioso, aproveitou o terremoto de 1755 para exortar os lisboetas à reforma dos seus costumes. Acicatado pela explicação das causas naturais da catástrofe, que circulou em folheto mandado publicar pelo poderoso ministro do rei D. José I, o Marquês de Pombal, escreveu uma pequena obra chamada Juízo da verdadeira causa do terremoto (1756) em que este se reputava de castigo divino e em que defendia que o infortúnio dos desalojados, se consolava com procissões e exercícios espirituais. O Marquês de Pombal, contudo, não gostou do que Malagrida escreveu e dando-se como aludido naquela obra, ele que não gostava de ser criticado, decidiu desterrá-lo para a cidade de Setúbal. Nesse desterro, Malagrida era visitado por muitas pessoas, e entre elas por membros da família Távora, tão odiada pelo marquês de Pombal. O suposto atentado de 3 de Setembro de 1758, e o processo dos Távoras que se lhe seguiu, proporcionou a Pombal a ocasião para perseguir Malagrida ainda com mais severidade e denunciá-lo à Inquisição como falso profeta, impostor e, pior de tudo, de ser um herege, o que equivalia à morte na fogueira. Septuagenário, alquebrado pelos trabalhos passados e pela prisão doentia, tornou-se demente, continuando a defender obstinadamente as suas crenças. Entregue à Inquisição de Lisboa e após um processo, considerado por vários historiadores de algo grotesco, foi acusado de herege e posteriormente foi condenado ao garrote e fogueira no auto-de-fé de 21 de Setembro de 1761, tendo sido queimado no Rossio, a praça principal de Lisboa. No final de 1908, Zélio Fernandino de Moraes, um jovem rapaz com 17 anos de idade, que preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha, começou a sofrer estranhos \"ataques\". Sua família, conhecida e tradicional na cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro, foi pega de surpresa pelos acontecimentos. Esses \"ataques\" do rapaz, eram caracterizados por posturas de um velho, falando coisas sem sentido e desconexas, como se fosse outra pessoa que havia vivido em outra época. Muitas vezes assumia uma forma que parecia a de um felino lépido e desembaraçado que mostrava conhecer muitas coisas da natureza. Após examiná-lo durante vários dias, o médico da família recomendou que seria melhor encaminhá-lo a um padre, pois o médico (que era tio do paciente), dizia que a loucura do rapaz não se enquadrava em nada que ele havia 10

conhecido. Acreditava mais, era que o menino estava endemoniado. Alguém da família sugeriu que \"isso era coisa de espiritismo\" e que era melhor levá-lo à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e alheia a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, Zélio levantou-se e disse:  “Aqui está faltando uma flor.” Saiu da sala indo ao jardim e voltando após com uma flor, que colocou no centro da mesa. Essa atitude causou um enorme tumulto entre os presentes. Restabelecidos os trabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. O diretor dos trabalhos achou tudo aquilo um absurdo e advertiu-os com aspereza, citando o “seu atraso espiritual” e convidando-os a se retirarem. Após esse incidente, novamente uma força estranha tomou o jovem Zélio e através dele falou:  “Por que repelem a presença desses espíritos, se nem sequer se dignaram a ouvir suas mensagens? Será por causa de suas origens sociais e da cor?” Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura. Um médium vidente perguntou:  “Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz? E qual o seu nome irmão?”  “Se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim, não haverá caminhos fechados. O que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre e o meu nome era Gabriel Malagrida. Acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da Inquisição em Lisboa, no ano de 1761. Mas em minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como caboclo brasileiro.” Anunciou também o tipo de missão que trazia do Astral:  “Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, às 20 horas, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados.” O vidente retrucou:  “Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto?” Perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse:  “Cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei.” 11

Para finalizar o caboclo completou:  “Deus, em sua infinita Bondade, estabeleceu na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde, todos se tornariam iguais na morte, mas vocês, homens preconceituosos, não contentes em estabelecer diferenças entre os vivos, procuram levar essas mesmas diferenças até mesmo além da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas socialmente importantes na Terra, também trazem importantes mensagens do além?” No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos. Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra, poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus. O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00 às 22:00 h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA – Manifestação do Espírito para a Caridade. A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto. Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes ali presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos. O caboclo foi atender um paralítico, fazendo este ficar curado. Passou a atender outras pessoas que haviam neste local, praticando suas curas. 12

A História da Umbanda: outra abordagem... Texto encontrado em pesquisa, durante periódo de desenvolvimento mediúnico, para estudo e aprendizagem das origens da religião. Vários cultos até hoje praticados no Brasil começaram na África, muito antes do período da escravidão, onde basicamente predominavam três religiões: cristianismo, islamismo e religiões tribais ou primais. Na realidade, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa politeísta das tribos. Por isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar as suas concepções através dos símbolos. Os cultos afros, inicialmente, eram ritos de preservação cultural dos grupos étnicos. No Brasil, eles associam-se à vinda de escravos negros trazidos de lugares como Nigéria, Benin e Togo. E também estão profundamente ligados à preservação da cultura, da arte e da religião dos negros. Em diferentes momentos da história, aos poucos, as religiões afro-brasileiras foram se formando nas mais diversas regiões e estados. É justamente por isso que elas adotam diferentes formas e rituais, diferentes versões de cultos. A Umbanda, historicamente, além de possuir suas raizes na África, possui também, por escala, raízes no Egito Antigo. A adoração aos Nétheres egípcios é a mesma realizada pela Umbanda aos Caboclos e Caboclas. Seus rituais são como uma canção às qualidades divinas. Estes rituais cultuam estas qualidades tão bem expressas pela “Árvore da Vida” kabalística. Segundo especialistas, “a Umbanda é uma grande colcha de retalhos”. Retalhos colhidos nas mais diversas tradições religiosas: Candomblé, Catolicismo, Judaísmo, Kardecismo, Budismo, Hinduísmo, Pajelança, Lamaísmo e outras mais. A tudo isto soma-se a pitada do brasileiro já tão mesclado em sua raça. Esta é a Umbanda, religião genuinamente brasileira, renascida em terras brasileiras. Por isso, afirmam que a Umbanda apresenta-se codificada de tal forma que permite dicussões sobre seus conceitos e sobre a maneira em que são apresentados. Como religião organizada a Umbanda surgiu por volta de 1920, em Niterói, Rio de Janeiro, registrada oficialmente pelo capitão José Álvares Pessoa. Datas históricas:  15 de novembro de 1908 - Zélio de Moraes, naquela época muito jovem, se reúne pela primeira vez com o presidente da Federação Espírita de Niterói, José de Souza e demais membros da diretoria. Ali, tomado por uma força espiritual, ele recebeu os primeiros sinais do Caboclo das Sete Encruzilhadas, embora não tivesse havido incorporação.  16 de novembro de 1908 - Primeira sessão de Umbanda na casa de Zélio de Moraes. Ele reuniu a família, vizinhos e amigos em Neves, Estado do Rio de Janeiro, no Brasil, e às 20 horas dessa noite, recebeu o espírito do Caboclo das Sete Encruzilhadas, que conduziu o processo de fundação da Umbanda até seu registro oficial em cartório, por José Pessoa.  1939 - Foi fundada a federação União Espírita de Umbanda do Brasil, que tinha como meta congregar os templos umbandistas e se tornar o centro da Umbanda. 13

Fundamentação Doutrinária: Conceitos de Umbanda: A Umbanda é uma religião natural que segue minuciosos ensinamentos de várias vertentes da humanidade. Ela traz lições de amor e fraternidade sendo cósmica em seus conceitos e transcendental em seus fundamentos.A essência, os conceitos básicos da Lei de Umbanda fundamentam-se no seguinte:  Existência de um Deus único.  Crença de entidades espirituais em evolução.  Crença em orixás e santos chefiando falanges que formam a hierarquia espiritual.  Crença em guias mensageiros.  Na existência da alma.  Na prática da mediunidade sob forma de desenvolvimento espiritual do médiun. Essas são as principais características fundamentais das Leis de Umbanda, uma religião que prega a Paz, a União e a Caridade. A origem da palavra Umbanda perde-se no tempo. São várias as definições que já foram apresentadas a respeito deste nome tão sagrado. Na verdade, quando o vocábulo Umbanda começou a ser introduzido pelos praticantes daquela nova religião, todos, de um modo geral, humildes o bastante para permitirem serem instrumentos daqueles que iriam fazer grandes revelações, não tiveram a preocupação de captar a verdadeira palavra mântrica que lhes estava sendo passada. A origem do vocábulo está na raiz sânscrita AUM que, na definição de Helena Petrovna Blavatsky, em seu Glossário Teosófico, significa a sílaba sagrada; a unidade de três letras; daí a trindade em um. É uma sílaba composta pelas letras A, U e M (das quais as duas primeiras combinam-se para formar a vogal composta O). É a sílaba mística, emblema da divindade, ou seja, a Trindade na Unidade (sendo que o A representa o nome de Vishnu; U, o nome de Shiva, e M, o de Brahmâ); é o mistério dos mistérios; o nome místico da divindade, a palavra mais sagrada de todas na Índia, a expressão laudatória ou glorificadora com que começam os Vedas e todos os livros sagrados ou místicos. Já a palavra Bandha, também de origem sânscrita, no mesmo glossário significa laço, ligadura, sujeição, escravidão. A vida nesta terra. Assim, analisando as duas palavras, podemos definir a Umbanda como sendo o elo de ligação entre os planos divino e terreno. Infelizmente, na época da revelação da Umbanda em terras brasileiras, não houve a preocupação em se manter a integridade do vocábulo. A palavra mântrica Aumbandha foi sendo passada de boca a ouvido e chega até nós como Umbanda. Pelo seu uso, o termo Umbanda, hoje já consagrado, ganhou força mântrica. Mas não devemos nos esquecer desta origem tão sagrada. A Umbanda, em síntese, é o elo de ligação entre a divindade e os seres humanos! É a manifestação do plano divino no plano físico. É o despertar de Deus no coração dos homens. No entanto, a Umbanda não crê em entidades tutelares de forças naturais. Esta é a concepção do Candomblé. A Umbanda crê em forças ou qualidades divinas que ao penetrarem no campo áurico do planeta, sentem-se atraídas por determinados habitat’s da natureza. As entidades cultuadas pela Umbanda, denominadas de Caboclos, Crianças, Pretos-Velhos, 14

Exus e Pomba-Giras, citando somente os mais cultuados, não são espíritos tutelares de forças naturais. São seres como nós, que já viveram e estiveram encarnados, exatamente como nós, diferenciando-se pelo seu elevado grau de espiritualização. A Umbanda presta culto a todos os grandes Avatares como Jesus, Buddha e Krishna. Assim, não somente o Mestre Jesus é o Mestre Supremo da Umbanda. Pela sua característica sincrética, a Umbanda cultua todos estes grandes seres, devotando-Lhes posição especial. Organização: Em 1939, foi fundada a federação União Espírita de Umbanda do Brasil, com o objetivo de congregar os templos umbandistas e se tornar o centro de referência da Umbanda. Com o avanço da sociedade brasileira, a partir da segunda metade do século XX, diminuiu a diferença entre os cultos afros, indígenas e europeus, e a Umbanda passou a ser praticada também por pessoas de outras raças, tornando-se muito popular em todo o território nacional. Na Umbanda o responsável pela coordenação dos “trabalhos” é o Dirigente Espiritual ou Diretor Espiritual. Esse não possuem todos os conhecimentos como Babalorixá ou Yalorixá, bem como não passa por todo o processo de preparação e aprontamento, visto que na Umbanda somente é permitido o uso de ervas e jamais sangue (com exceção dos Exús). A Umbanda se divide em 07(sete) linhas que são assim classificadas: 1ª Linha de Oxalá ou Linha de Santo: Nesta linha as falanges são de Santo Antônio, São Cosme e Damião, Santa Rita, Santa Catarina, Santo Expedito e São Francisco de Assis. Esta linha é responsável por desmanchar os trabalhos de magia. 2ª Linha de Yemanjá: Tem falanges das sereias que tem por chefe Oxum. Ainda nessa linha temos a falange das ondinas chefiada por Nanã; falange das caboclas do mar; Indaiá da falange dos Rios; Yara dos marinheiros e Tarimã das Calugas-Caluguinha da Estrela-guia. 3ª Linha do Oriente: Subdividida pelas falanges do Hindus, dos médicos, dos árabes, chineses, oriente, romanos e outra raças européias. 4ª Linha de Oxosse: Dividida nas falanges de Urubatão, Arariboia, Caboclo das Sete Encruzilhadas, Caboclo Sete Flechas, Águia Branca e muitos outros índios chefes falangeiros que protegem contra magia, dão passes e ensinam o uso das plantas medicinais. 5ª Linha de Xangô: Dividida nas seguintes falanges: falange de Yansã, do Caboclo do Sol, Caboclo da Lua, Caboclo da Pedra Branca, Caboclo do Vento e Caboclo Treme-Terra. 6ª Linha de Ogum: Dividida nas falanges de Ogum Beira-Mar, Ogum Iara, Ogum Megê, Ogum Naruê, Ogum Rompe-Mato, esta linha protege os filhos contra as brigas, lutas e demandas. 7ª Linha Africana: Dividida nas falanges do Povo da Costa, Pai Francisco, Povo do Congo, Povo de Angola, Povo de Luanda, Povo de Cabinda e Povo de Guiné, eles prestam caridades e orientam os fiéis para a prática do bem. Povo de Rua (Exú e Pomba-Gira): Povo de rua, compadres e comadres são denominações usadas na Umbanda para classificar entidades que trabalham num plano astral evolutivo. Estas entidades em alguns casos equivaleriam aos Exus das casas de Candomblé, frizo, em alguns casos, pois na verdade estas entidades trabalham e se portam de forma especial em seções particulares para elas (veja a página Os Exús). 15

Cultos e rituais: A Umbanda é uma das mais lindas expressões religiosas existentes. Religião que tem por base a prática da caridade e tem em uma de suas funções a elevação espiritual do médiun e das entidades que governam o próprio médiun. A Umbanda é uma grande expressão religiosa nacional com maiores laços com o Rio de Janeiro. Irradiou-se para os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e demais estados do Brasil e até nos E.U.A existem casas de Umbanda. É um culto popular aceito em todas as camadas sociais e de fácil acesso. A Umbanda, embora tenha origens em diversas raças e nações, torna-se simples à medida que o médiun adentra em seus conhecimentos. Dentre muitas entidades que baixam nos inúmeros terreiros de Umbanda existentes, cito como exemplo: Caboclos e Pretos-Velhos, que são considerados como tendo muita luz espiritual, força e sabedoria. Em verdade, o ritual de Umbanda é uma variação de outros cultos, baseada no espiritismo e como disse, tendo por base a caridade.  Exú: preto e vermelho  Ogum: vermelho e verde  Oxósse: verde ou verde com branco  Xangô: marrom  Oxum: amarelo claro ou ouro  Iemanjá: azul claro ou azul claro com branco  Iansã ou Oiá: marrom ou marrom com vermelho  Oxalá: branco A Dedicação do Médiun de Umbanda: A Umbanda apresenta como mensagem religiosa a prática da caridade pura, o amor fraternal, a paz e a humildade. Ela também se propõe a produzir, pela magia, modificações existenciais que permitam a melhoria de vida do ser humano. Através do ato da caridade e dedicação espiritual é que o médiun de Umbanda vai adquirindo elevação e consciência do valor de seu dom mediúnico, que na verdade foi lhe dado por Zambi para que se aprimorasse aqui na terra. As incorporações, os passes e descarregos feitos pelo médiun de Umbanda são todo o conjunto de afazeres espirituais que dia a dia fazem parte da vida do médiun. Portanto, o médiun é patrimônio maior desta maravilhosa religião que é a Umbanda. As sete forças de um Médium: 1 - O AMOR - É O Supremo Incriador, o Poder Absoluto que gerou a natureza e todas as outras coisas É a força eterna, fonte do tudo e do nada. O amor é a base de tudo, envolve a estrutura de todos os fatos no desenvolvimento. 2 - A PIEDADE - É o sentimento de devoção e de dar auxílio, ajudar, compadecer do sentimento alheio. Bondade para com o próximo, que causa para o médium um bem-estar no ato. É a força doada pelo Criador do Céu e da Terra, exemplificada na criação do Universo astral, como segunda via de evolução para voltar ás origens. 16

3 - A HUMILDADE - É o sentimento de simplicidade nas expressões a si mesmo; submissão á força superior; conhecimento de sua razão e respeito á do outro. Pedir com devoção conhecendo o seu valor e o da fonte superior. Conhecer o seu lugar, o seu eu, a sua missão, para seguir o seu caminho com resignação. 4 - A FÉ - É o sentimento da crença, do crédito, do valor recebido, a confiança, a graça alcançada vinda de “cima”, das forças superiores. É também, complemento da força da humildade. 5 - A FIRMEZA - Esta é a força adquirida pela sabedoria. O equilíbrio de forças adquirido através da pesquisa, do interesse, na busca dos conhecimentos das Leis Sagradas. Conhecendo estas Leis, terá forças para saber como agir e porque agir. É saber pagar o que deve, para receber o que merece. 6 - A SEGURANÇA - Forca adquirida pelo conhecimento da origem das coisas. Só se sente seguro em determinado lugar quem conhece profundamente este lugar. Quando estamos numa ponte, só nos sentimos seguros quando vemos as suas estrutura, suas bases, o material de que é feita, quem a fez e com que finalidade. Conhecendo a origem da ponte, então nos sentimos seguros. E nós, o que somos?, Como nos sentimos seguros de nós mesmos sem conhecer a nossa origem! 7 - A FORÇA - É o conhecimento dos rituais e da magia. A força do médium depende de seus conhecimentos da mística espiritual. Estes conhecimentos são adquiridos á medida que são merecidos e dados ou autorizados pelo Pai de Coroa (guia de frente), seja ele de uma banda ou de outra. Se o médium conhece as Leis Sagradas, ele sabe a que caminho leva uma banda ou outra, se está na banda de Luz (quem conhece a Luz, também conhece as trevas e por isso prefere a Luz), seu caminho será conduzido pela Luz. Se a força do médium é adquirida pelas trevas (quem vive nas trevas é porque não conhece a Luz), seu caminho será conduzido pelas trevas. O símbolo da força de um médium é o próprio ponto de força de seu Pai de Coroa Conselhos para os Médiuns: 1º - Conserve sua saúde psíquica, vigiando seu aspecto moral: a) não alimente vibrações negativas de ódio, rancor, inveja, ciúme, etc.; b) não fale mal de ninguém, pois não é juiz, e via de regra, não se pode chegar às causas pelo aspecto grosseiro dos efeitos; c) não julgue que o seu guia ou protetor é o mais forte, o mais sabido, mais, muito mais do que o de seu irmão, aparelho também; d) não viva querendo impor seus dons mediúnicos, comentando, insistentemente, os feitos do seu guia ou protetor. Tudo isso pode ser bem problemático e não se esqueça de que você pode ser testado por outrem e toda a sua conversa vaidosa ruir fragorosamente.Dê paz ao seu protetor, no astral, deixando de falar tanto no seu nome.Assim você está se fanatizando e aborrecendo a Entidade, pois, fique sabendo, ele, o Protetor, se tiver mesmo “ordens e direito de trabalho” sobre você, tem ordens amplas e pode discipliná-lo, cassando-lhe as ligações mediúnicas; e) quando for para a sua sessão, não vá aborrecido e quando lá chegar, não procure conversas fúteis. Recolha-se a seus pensamentos de fé, de paz e, sobretudo, de caridade pura, para com o próximo. 2º - Não mantenha convivência com pessoas más, invejosas, maldizentes, etc. Isso é importante para o equilíbrio de sua aura, dos seus próprios pensamentos. Tolerar a ignorância não é partilhar dela. Assim: a) faça todo o bem que puder, sem visar recompensa ou agradecimentos; 17

b) tenha ânimo forte, através de qualquer prova ou sofrimento, confie e espere; c) faça recolhimentos diários, a fim de meditar sobre suas ações; d) não conte seus “segredos” a ninguém, pois sua consciência é o templo onde deverá levá-los à análise; e) não tema a ninguém, pois o medo é uma prova de que está em débito com sua consciência; f) lembre-se de que todos nós erramos, pois o erro é humano e fator ligado à dor, ao sofrimento e conseqüentemente, às lições com suas experiências. Sem dor, lições, experiência, não há carma, não há humanização nem polimento íntimo, o importante é que não erre mais, ou melhor, que não caia nos mesmos erros. Passe uma esponja no passado, erga a cabeça e procure a senda da reabilitação: para isso, “mate” a sua vaidade e não se importe, de maneira alguma, com o que os outros disserem ou pensarem a seu respeito. Faça tudo para ser tolerante, compreensivo, humilde, pois assim só poderão dizer boas coisas de você. 3º - Zele por sua saúde física com uma alimentação racional e equilibrada: a) não abuse de carnes vermelhas, fumo, álcool ou quaisquer excitantes; b) no dia da sessão, não use carne, álcool ou qualquer excitante mais de uma vez; c) de véspera e após a sessão, não tenha contato sexual; d) mensalmente, na fase de lua crescente, use esse poderoso tônico neuropsíquico, sempre à noite: uma colher de sopa de sumo de agrião, batido com duas colheres de sopa de mel de abelha. Pode usá-lo antes de cada sessão em que for trabalhar; e) todo mês deve escolher um dia para ficar em contato com a natureza, especialmente uma mata, uma cachoeira, um jardim silencioso, etc. Ali deve ficar lendo ou meditando, pois assim ficará a sós com sua própria consciência, fazendo revisão de tudo que lhe pareça ter sido positivo ou não, em sua vida material, sentimental e espiritual. 18

Cumprimentos... Transcrição de parte de uma palestra doutrinária, realizada por entidade espiritual incorporada. Bom, em primeiro lugar no meu tempo nós nos cumprimentavamos da seguinte forma: os irmão de santo apertando a mão e dizendo saravá, e ao pai ou mãe de santo, beijando sua mão e pedindo a bença. Isto é claro na Umbanda. Hoje em dia, damos as mãos e dizemos: “Salve!”, para irmãos e tomamos a bença do pai ou mãe de santo (antes eles eram chamados de madrinha e padrinhos). No candomblé de de Bosse-Alaketo (casa de Bará) o certo é chegar ao ilê, se despachar com água, aguardar uns 20 minutos e jocarmos aos zeladores e demais cargos presentes e pedir-lhes a bença (Mutumbá) pegando as mão deles e fazendo o sinal da cruz e depois beijando suas mãos frente e verso, onde escutaremos a voz deles respondendo: “Mutumbá laxé”. Sr. Zé do Coco 19

Preceitos... Texto doutrinário da Fraternidade São Bartolomeu e utilizado para orientação aos irmão de fé. Como em todo e qualquer dogma, a Umbanda também faz uso de preceitos específicos e predeterminados. Na Umbanda os preceitos são abstenções voluntárias em benefício da positivação ou negativação de cada um, e se dividem em 3 grupos distintos, à saber: Primordial, Opcional e Ocasional PRIMORDIAL: é o preceito indispensável à todos os médiuns sem exceção como preparativo para os trabalhos mediúnicos nas sessões de terreiro, e se dividem em 7 itens:  Isenção de sexo, pelo menos 8 horas antes do início dos trabalhos mediúnicos.  Isenção de ingestão de produto animal que dependa do sacrifício do mesmo, inclusive peixes, isenção esta à partir de 24 horas antes do trabalho mediúnico.  Isenção nas 12 horas anteriores ao trabalho mediúnico, de maus pensamentos (ódio, orgulho, inveja, vaidade).  Uso de roupa apropriada e predeterminada para o trabalho mediúnico.  Banho de descarga, conforme determinado a cada um.  Pontualidade ao início da corrente fraterna.  Entregar-se ao trabalho espiritual sem a preocupação com a hora do término do mesmo. OPCIONAL: é o preceito que, em adendo ao primordial, é determinado pelo Orientador Espiritual ou pelo Chefe do terreiro, para determinados médiuns:  Isenção de produtos animais, mesmo que não dependam do sacrifício dos mesmos. Exemplo: manteiga, queijo, ovos, leite, etc.  Banhos de descarga especiais e específicos.  Firmeza extraordinária do Anjo de Guarda. OCASIONAL: é o preceito de emergência, o que é praticado em caso de emergência, quando necessário ao trabalho mediúnico, fora da corrente fraterna.  Firmar os Anjos de Guarda; o seu e da pessoa a ser atendida.  Exigir no local o mais absoluto silêncio e concentração.  Pedir licença e salvar o Orixá TEMPO.  Mentalizar o Divino Nazareno, invocando à Ele a permissão do trabalho sem os preceitos normais e rogando-lhe o auxílio do Astral Superior. Independente de todos estes preceitos, todo médium deve abster-se durante o trabalho mediúnico de jóias, bijuterias, objetos metálicos e dinheiro; enfim o médium deve procurar estar o mais puro possível para ingressar na corrente . 20

Pontos Riscados... Texto doutrinário extraído da apostíla de Pontos Riscados do Núcleo da Mata Verde, utilizado para estudos e debates entre os irmão de fé com intermediação de entidade espiritual dirigente incorporada. A Umbanda trabalha com linhas de trabalhos espirituais, qualquer trabalhador espiritual da Umbanda sempre estará vinculado a uma linha. Uma linha de trabalho é formada por um conjunto de falanges espirituais. As sete linhas da Umbanda: Como mencionamos acima, todos os trabalhadores espirituais da Umbanda sempre estão vinculados a linhas espirituais de trabalho. Estas linhas de trabalhadores da Umbanda são conhecidas como sete linhas da Umbanda. O conceito das sete linhas da Umbanda é muito antigo, mas até hoje muito pouco compreendido.Vários foram os autores e pesquisadores umbandistas que tentaram explicar este conceito das sete linhas da Umbanda, infelizmente interpretações equivocadas acabaram gerando uma grande confusão. Atualmente existem muitas “sete linhas da Umbanda”, algumas versões com 10, 14 e até 21 linhas. Para que todos possam entender de forma bem simples, acreditamos que precisamos voltar a origem da Umbanda no principio do século XX. A primeira codificação das sete linhas: A primeira codificação das sete linhas da umbanda foi apresentada em 1932, pelo escritor Leal de Souza. Leal de Souza era dirigente de uma das sete primeiras Tendas de Umbanda criadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas. Em 1932, Leal de Souza publica o livro “O Espiritismo, a Magia e as Sete Linhas de Umbanda” onde apresenta pela primeira vez as Sete Linhas da Umbanda. Observando as várias entidades espirituais que se manifestavam nos terreiros de umbanda daquela época, Leal de Souza agrupou todas as entidades nas seguintes linhas: Linha de Oxalá, Linha de Ogum, Linha de Oxossi, Linha de Xangô, Linha de Iansã, Linha de Iemanjá e a Linha das Almas. Em 1941 no primeiro congresso de umbanda estas sete linhas foram ratificadas como as sete linhas da Umbanda. Na doutrina dos sete reinos sagrados adotamos exatamente estas sete linhas de trabalho, como as sete linhas da umbanda. Entrecruzamento energético: Como já estudamos existem sete forças primordiais na natureza que estão vinculadas aos sete reinos sagrados e que possuem propriedades físicas, etéricas, mentais, emocionais e espirituais. Estas sete forças primordiais se mesclam na natureza e na dimensão espiritual formando os pontos de força. A este processo chamamos de Entrecruzamento energético. Pontos de força: Pontos de força são regiões espirituais onde as sete forças primordiais se cruzam, formando regiões energéticas vibracionais com as características das forças constituintes. A imagem abaixo apresenta os pontos de forças espirituais e os entrecruzamentos energéticos. Para facilitar o entendimento as sete forças primordiais foram numeradas e desenhadas com as cores correspondentes. Linhas horizontais e linhas verticais e no cruzamento os diversos pontos de força, 21

para ajudar no estudo adicionamos os números de cada reino sagrado e os orixás regentes. À partir das Sete Linhas da Umbanda encontramos quarenta e nove (49) pontos de forças As falanges espirituais: Falanges são agrupamentos de espíritos que possuem afinidades espirituais e vibracionais. Cada pontinho preto da imagem acima é um ponto de força e a cada ponto de força vibracional se associam as falanges espirituais. Em cada ponto de força podem existir varias falanges associadas àquela natureza vibracional espiritual. Uma linha de trabalho espiritual nada mais é do que um conjunto de pontos de força espiritual. Da geometria sabemos que uma linha é definida como um conjunto de pontos, da mesma forma na umbanda, cada uma das sete linhas da umbanda é formada por um conjunto de pontos de forças onde existem as várias falanges de trabalho. Vamos exemplificar, descrevendo em detalhes a Linha de Ogum. A linha de Ogum é uma das sete linhas da Umbanda e é representada na imagem pela linha vermelha horizontal. Formação espiritual da linha de Ogum: Para facilitar o entendimento as forças primordiais foram numeradas de um (1) a sete ( 7). A linha de número um (1), que tem a cor vermelha representa a força primordial Tatá pyatã, que é uma força vinculada ao reino do fogo e tem como regente o orixá Ogum. É fácil perceber que a linha vermelha se cruza com as demais linhas, formando os diversos pontos de forças (entrecruzamento energético) e de onde são formadas as diversas falanges espirituais. (1,1) Ponto de força formado pela força tatá pyatã pura Este ponto de força dará formação às falanges de Oguns, que comandam a linha de Ogum na Umbanda. São falanges deste ponto de força: Ogum Sete Espadas, Ogum sete Escudos, Ogum Sete lanças etc... Estas falanges atuam com a energia primordial pura do reino do fogo que é regida pelo Orixá Ogum. (1,2) Ponto de força formado pela força tatá pyatã e yby pyatã Este ponto de força dará formação a falanges de Oguns, que atuam no reino da terra. São falanges deste ponto de forças aquelas que se identificam como Ogum das pedreiras, Ogum sete pedreiras, Ogum sete montanhas, Ogum das Cavernas, Ogum de Lei etc... São as falanges de Ogum que trabalham no reino de Xangô. Os pontos cantados falam de Ogum e Xangô e os pontos riscados possuem sinais que 22

identificam os dois orixás. São falanges de espíritos que trabalham sob a supervisão de Ogum e Xangô. (1,3) Ponto de força formado pela força tatá pyatã e ybytu pyatã. Este ponto de força dará formação a falanges de Oguns, que atuam no reino do ar. São falanges deste ponto de força aquelas que se identificam como Ogum ventania, Ogum dos Ventos, Ogum Tempestade, Ogum sete raios etc... São falanges de Ogum que trabalham no reino de Iansã. Os pontos cantados falam de Ogum e Iansã e os pontos riscados possuem sinais que identificam os dois orixás. São falanges de espíritos que trabalham sob a supervisão de Ogum e Iansã. (1,4) Ponto de força formado pelas força tatá pyatã e y pyatã. Este ponto de força dará formação a falanges de oguns, que atuam no reino das águas. Iemanjá é a regente deste reino, é responsável pelas águas salgadas e oxum pelas águas doces. São falanges deste ponto de força aquelas que se identificam como Ogum Iara, Ogum Beira Mar, Ogum Sete Ondas etc... São falanges de Ogum que trabalham no reino de Iemanjá (Oxum). Os pontos cantados falam de Ogum e Iemanjá (oxum) e os pontos riscados possuem sinais que identificam os dois orixás. São falanges de espíritos que trabalham sob a supervisão de Ogum e Iemanjá. (1,5) Ponto de força formado pelas forças tatá pyatã e Caá pyatã. Este ponto de força dará formação a falanges de oguns, que atuam no reino das matas. São falanges deste ponto de força aquelas que se identificam como Ogum Rompe Mato, Ogum das Matas etc... São falanges de Ogum que trabalham no reino de Oxossi. Os pontos cantados falam de Ogum e Oxossi e os pontos riscados possuem sinais que identificam os dois orixás. São falanges de espíritos que trabalham sob a supervisão de Ogum e Oxossi. (1,6) Ponto de força formado pelas forças tatá pyatã e Abá pyatã. Este ponto de força dará formação a falanges de oguns, que atuam no reino da humanidade. São falanges deste ponto de força aquelas que se identificam como Ogum Sete Estrelas, Ogum Matinata, Ogum de Malê etc... São falanges de Ogum que trabalham no reino de Oxalá. Os pontos cantados falam de Ogum e Oxalá e os pontos riscados possuem sinais que identificam os dois orixás. São falanges de espíritos que trabalham sob a supervisão de Ogum e Oxalá. (1,7) Ponto de força formado pelas forças tatá pyatã e Anga pyatã. Este ponto de força dará formação a falanges de oguns, que atuam no reino das Almas. São falanges deste ponto de força aquelas que se identificam como Ogum Megê, Ogum de Ronda, Ogum Naruê, Ogum Xoroquê etc... São falanges de Ogum que trabalham no reino de Omulu (Obaluae). Os pontos cantados falam de Ogum e Obaluae (ou Omulu) e os pontos riscados possuem sinais que identificam os dois orixás. São falanges de espíritos que trabalham sob a supervisão de Ogum e Omulu. A linha de Ogum que é uma das sete linhas da Umbanda possui portanto sete pontos de forças, que darão formação a várias falanges. Este raciocínio é entendido a todas as sete linhas da Umbanda, totalizando 49 pontos de energia vibracional. Uma linha de trabalho na Umbanda é formada, portanto por falanges de espíritos que possuem afinidades espirituais com aquela energia da linha. Nomes de trabalho: Todos os espíritos que trabalham na umbanda possuem um nome de trabalho. Este nome não é o nome que aquele espírito utilizava quando viveu no planeta. O nome de trabalho é um nome que identifica a falange que aquele espírito está ligado, e é também o nome da falange que pertence. Por exemplo, um Ogum Sete Ondas pertence a falange de Ogum Sete Ondas. O nome de trabalho, portanto irá identificar a linha, qual orixá está vinculado, quais suas ordens de trabalho, forças 23

espirituais que movimenta e qual a falange que está vinculado. Por exemplo, um Caboclo que se identifica com o nome de Caboclo Pedra Preta, significa que está vinculado aos orixás Xangô e Obaluae (omulu), aos reinos da terra e das almas e movimenta as forças Yby Pyatã e Anga Pyatã. O termo Pedra identifica o reino da Terra (Xangô) e o termo Preta a cor do sétimo reino (Omulu/Obaluae). Lembrando que o Caboclo Pedra Preta pertence a falange dos Caboclos Pedra Preta. Além do nome de trabalho os espíritos utilizam os Pontos Riscados para se identificarem. Organização espiritual da Umbanda: É importante registrar que para entendermos os pontos riscados das entidades que trabalham na Umbanda será necessário conhecer bem os princípios seguidos por aquele Terreiro onde a entidade se manifesta. Em nosso caso estamos apresentando os conceitos referentes a doutrina dos sete reinos sagrados. Os princípios fundamentais da doutrina já foram apresentados acima e agora já podemos partir para estudar os sinais riscados. O ponto riscado de identificação de um espírito irá mostrar de forma semelhante ao nome de trabalho, embora mais elaborado, as informações de trabalho daquele ser espiritual. O ponto riscado da entidade irá apresentar qual sua linha de trabalho, sua falange, qual orixá está vinculado e quais suas ordens de trabalho ou forças espirituais que movimenta. Para que possamos entender estes sinais riscados será necessário que se conheça, muito bem, a organização espiritual da umbanda. São conceitos importantes:  Reinos: Fases da formação do planeta terra e que são utilizadas para identificação das hierarquias espirituais.  Hierarquias: Um conjunto de seres espirituais de diversos graus evolutivos.  Linhas: Um conjunto de falanges espirituais, ligadas ao orixá regente daquela linha.  Falanges: Um grupo de espíritos ligados por afinidades a um ponto de força.  Pontos de força: Pontos de energia vibracional espiritual formado pelo entrecruzamento das forças primordiais das sete linhas da Umbanda.  Espírito: Uma consciência que já viveu encarnada no planeta e agora atua como trabalhador da umbanda, podendo ser um Guia ou um Protetor espiritual. Aruanda e o Conselho dos Morubixabas: Aruanda é uma região existente no plano espiritual de onde provêm todos os trabalhados da Umbanda. Quando falamos em trabalhadores estamos falando naqueles que estão encarnados (médiuns, cambones e ogans) e também de todos os demais espíritos que se manifestam nos Terreiros. Aruanda é comandada pelo Conselho dos Morubixabas, órgão maior formado pelos espíritos ancestrais que dirigem as atividades de Aruanda e de todos os Terreiros de Umbanda. Embora nem todos os médiuns e dirigentes umbandistas tenham consciência (se recordem), todos nós viemos com ordens, instruções e orientações do Conselho dos Morubixabas para trabalharmos espiritualmente na umbanda. 24

Os Pontos Riscados: Existem diversos tipos de pontos riscados e com diversas finalidades. Neste curso iremos estudar somente os Pontos de Identificação das entidades que trabalham na Umbanda. Os conceitos básicos serão apresentados neste curso, e num segundo curso iremos apresentar os outros tipos de pontos riscados utilizados na magia da Umbanda. Pemba: É um giz utilizado para riscar os pontos de identificação. Sua origem é africana. Estudando os Pontos Riscados: Para entendermos bem os pontos riscados será necessário conhecermos bem os sinais que identificam as sete linhas da Umbanda. Também será necessário saber onde e como estes sinais estão grafados. Os pontos riscados podem ser abertos ou fechados, os pontos de identificação das entidades na sua maioria são fechados. Ponto fechado é aquele onde os diversos sinais se encontram dentro de um circulo. Os sinais e as sete linhas:  A linha de Ogum, vinculada ao primeiro reino tem como símbolos as espadas, lanças, escudos e em alguns casos uma bandeira.  A linha de Xangô, vinculada ao segundo reino tem como símbolos o machado de dois lados, montanhas, pedreiras um triangulo.  A linha de Iansã, vinculada ao terceiro reino tem como símbolos o raio e a espiral.  A linha de Iemanjá, vinculada ao quarto reino tem como símbolos o coração e as ondas do mar.  A linha de Oxossi, vinculada ao quinto reino tem como símbolos o flechas, folhas, arco e flechas.  A linha de Oxalá, vinculada ao sexto reino tem como símbolo a estrela de cinco pontas.  A linha de Omulu, vinculada ao sétimo reino tem como símbolo a cruz, cruzeiro das almas. Lembre-se que os conceitos apresentados até este momento, são conceitos definidos na doutrina dos sete reinos sagrados. Infelizmente muitos Terreiros não possuem estudos para seus membros, o que acaba gerando uma grande confusão. Ao pesquisarmos os diversos tipos de pontos riscados existentes, nem sempre iremos encontrar uma concordância doutrinária com os princípios da doutrina dos sete reinos sagrados. A falta de estudos, o animismo existente em muitos médiuns, e até a má fé de algumas pessoas ajudaram a criar este clima de confusão existente em relação aos Pontos Riscados de identificação das entidades. CONFORME PRINCÍPIOS DA DOUTRINA DOS SETE REINOS SAGRADOS Manoel Lopes 2015 25

Cavalos, Entidades, Guias e Banhos... Síntese de pesquisa na rede mundial, para uso em debates durante desenvolvimento mediúnico, com intermediação de entidade espiritual incorporada. A Mediunidade Na Umbanda, a mediunidade assume a característica de dom sagrado. Sem este dom, na realidade, não existiria a Umbanda na Terra. Mas o que vem a ser mediunidade? Por definição, é a capacidade humana de perceber a realidade dos seres e coisas que normalmente não são percebidas pelos nossos 5 (cinco) sentidos. Todos os seres humanos a possuem, em graus variáveis de sensibilidade, mas, no momento, são poucos os seres humanos que a possuem em grau suficiente para poder utilizá-la, como instrumento ou meio de contato entre as duas realidades: a visível e a invisível. Quero dizer que todos os seres humanos são influenciáveis pelos espíritos, mas nem todos precisam desenvolver ou cumprir missão. Como distinguir uns dos outros ? A mediunidade é um dom natural naqueles em que se manifesta espontaneamente. Causa primeiramente uma série de distúrbios de caráter variável: mental, emocional ou físico. Ou ainda através de insucessos na vida pessoal, nas áreas afetivas ou produtivas. Estes distúrbios já são o indício da faculdade e obrigam o indivíduo a procurar ajuda. Durante o processo de receber esta ajuda, podem se iniciar as manifestações das Entidades Espirituais ou não. Basicamente, a própria manifestação espontânea do dom e o seu grau são o parâmetro. Na Umbanda, nós consideramos que o próprio karma individual do ser humano o conduz e faz a mediunidade aflorar ou não. Mesmo nestes casos de mediunidade aflorada, existem pessoas que não tem karma missionário. Nestes casos, a mediunidade é considerada “de provação”. Algumas vezes, esta provação termina e surge o karma missionário. Em outras, o indivíduo suporta a sua prova durante toda a vida. Em casos raros, certos médiuns de mediunidade ostensiva convivem com ela de forma harmoniosa, o que demonstra progresso realizado em vidas passadas. Na realidade, a maioria dos médiuns com dom ostensivo, passa por fases diversas. Normalmente, ele se inicia com o karma probatório e depois passa para o karma neutro. Após inúmeros esforços verdadeiros e abnegados, caso se torne digno, entra no karma missionário, nesta ou em outras vidas. À cada fase da missão, estes três karmas ressurgem em graus variáveis. Entre os que têm dom ostensivo e karma missionário, existem aqueles que cumprirão sua missão na Umbanda e aqueles que cumprirão em outras realidades, sendo que o próprio karma e o próprio dom os leva e direciona, a uma ou outra realidade. Talvez agora nós perguntemos a nosso próprio respeito: Será que estamos no lugar certo? Temos alguma missão real ? Dentro de tantas variáveis, estas dúvidas são justas e estarão presentes durante algum tempo. Só existe um meio de saber: “consultar a voz do teu coração”. Ela não te enganará. Observa se realmente tens vocação, se te sentes feliz e impulsionado pelo teu Eu Interno a seguir o caminho. Porque eu te digo: – “Se tens uma missão, ela por si te chamará. Por Amor ou pela Dor, Tu encontrarás o caminho. A Lei do Karma não falha.” 26

O desenvolvimento, na prática, é utilização, experimentação e educação. Na Umbanda exige ainda iniciação e preparação ritualística. Dom mediúnico na Umbanda é verdadeiro caminho de Evolução e Libertação. É um caminho difícil, que exige verdadeira vocação e coragem, além de muito altruísmo, para ir até o fim. Continuando a falar sobre mediunidade, a próxima pergunta, naturalmente, deverá ser sobre os PERIGOS. Realmente eles existem e são de diversas naturezas, dependendo da tua formação Moral e do teu Karma. Os primeiros perigos são aqueles, aos quais toda a humanidade está exposta, uma vez que a faculdade é geral e consiste na atuação das forças ignorantes e hostis de encarnados e desencarnados, que buscam nos dominar e usar, depois escravizar e destruir. Os PERIGOS vindos do desenvolvimento são mais graves ainda. Os mais ocorrentes são advindos do mau desenvolvimento, porque o progresso da mediunidade significa, maior sensibilidade e exposição à atuação externa. Portanto, é dever de todo médium, além de desenvolver o dom, realizar a sua Reforma Íntima a qualquer preço. Ter humildade para acatar a orientação do seu desenvolvedor e de seu Guia espiritual. Verificar, antes de entregar a tua cabeça ao preparo, se o teu preparador é Digno e tem para isso preparo e conhecimento. Relembra o ensinamento de Jesus nesta hora: “Pelos frutos se conhece a árvore”. Mas, o pior perigo é desviar este dom divino para o mau uso: magia negra, exibicionismo, exploração de entidades para fins egoístas. isto é verdadeiro suicídio psíquico. Conforme a gravidade da falta, pode ocorrer a morte da alma, além de acarretar ao eu divino, pesado karma. Existem diversas modalidades de mediunidade ou dons. Elas variam, conforme as Entidades utilizam seus médiuns, ou pela variação dos próprios médiuns. Existem médiuns que as possuem em todas as modalidades e em graus elevados. São raríssimos e dentre eles, o mais conhecido é o Sr. Chico Xavier, mas podemos usar uma classificação simples e mais acessível para facilitar a compreensão de tema tão complexo: 1. Atuação Mental Intuitiva: Pode ser percebida ou não pelo médium. No seu grau mais elevado, o médium recebe na sua mente, da mente do Ser Comunicante, as idéias que expõe de forma consciente. É um estado de transe, onde a mente do médium está hiper-consciente e ele se sente de posse aparente do seu corpo. Neste estado podem ocorrer ou não os fenômenos de vidência e audição. Este tipo exige do médium maior preparo moral e cultural, uma vez que ele deve possuir linguagem e conteúdo para passar a mensagem da melhor forma possível, e distinguir o falso do verdadeiro. 2. Incorporação: É uma atuação mental intuitiva que envolve os fenômenos orgânicos apreciáveis e sensíveis pelos observadores e pelo próprio médium. Neste tipo ou fase, os organismos físico e mental recebem fluídos mais densos em abundância. Eles dão origem aos fenômenos orgânicos, coexistindo também com a atuação de complexos energéticos mentais, próprios a cada médium no seu subconsciente. A transferência das idéias é por via mental e a fala é quase que automática, variando esta transmissão de acordo com o grau de entrega ou resistência do médium. Normalmente, o médium tem consciência do que o cerca, mas não tem domínio completo sobre si mesmo. Esta consciência varia em graus até a inconsciência total, o que é raríssimo: 1/1.000.000. No momento do transe, o foco de consciência está interiorizado e parcialmente atuado pelo Espírito Comunicante. Após o transe, o que se sente normalmente, é a sensação de ter passado por um sono leve e ter sonhado. Logo tornamos a ter domínio total sobre nós mesmos e as lembranças do que aconteceu durante o transe, vagarosamente se apagam ou se confundem como 27

em um sonho normal. Observação: Nas duas modalidades, o médium percebe não apenas uma única Entidade Comunicante, mas, muitas vezes percebe várias Entidades. Nas duas modalidades, a Entidade pode comunicar-se pela escrita ou pela linguagem. Durante os transes de um mesmo médium, numa mesma sessão, com a mesma Entidade, os fluídos variam em intensidade e a comunicação é intermitente, variando também o comunicante. Em todas as modalidades, quaisquer que sejam os médiuns, estes podem ser usados por entidades boas ou más. 3. Indução Hipnótica à distância: Esta modalidade é a preferida pelos obsessores e pelas forças das trevas. Sua intensidade varia e aquele que a sofre não se apercebe, até que seja tarde demais. Ela pode também ser usada à distância. Esta é a faculdade geral da humanidade que, pelo seu atraso moral e excessivo materialismo, é presa fácil dos mais cruéis inimigos encarnados e desencarnados. A vítima, em sua consciência, está num estado entre o sono e a vigília, como se estivesse drogado ou alcoolizado. Sua vontade é dominada e nesse estado, comete os piores desatinos, crimes e loucuras, muitas vezes chegando ao assassinato ou suicídio. Também valem-se deste estado, os espíritos ligados à magia negra para atuar sobre os seus escravos humanos. Recordo que todas as modalidades, na realidade coexistem no mesmo médium e podem ser utilizadas, tanto por bons quanto por maus espíritos, com o conhecimento e aceitação dos médiuns ou não. Mesmo durante a incorporação do Guia de maior Luz, no melhor médium, pode ocorrer a interferência de um mau espírito ou das próprias tendências inferiores e ilusões do médium. A mistificação pode ser combatida e reconhecida pelo próprio médium ou por aqueles que o assistem. Portanto, esteja alerta e seja humilde quando alguém te alertar do que aconteceu. Mesmo os maiores e mais iluminados Mestres da humanidade atual foram tentados pelos maus espíritos. Recorda a história de JESUS e do Senhor Buda. Medite sobre isto! Tenha esta verdade sempre presente, verifique sempre se o conteúdo da mensagem obedece o Evangelho de JESUS. Se os fluídos que te envolvem são bons e se teu próprio comportamento diário obedece o próprio Evangelho. Na Umbanda, sabemos que são as nossas imperfeições que nos tornam vulneráveis. Temos inúmeras técnicas para nos defender, mas são terapias de alívio e socorro. Apenas a Reforma Íntima, a oração, a vigilância e a prática da caridade pura nos tornarão quase imunes. Portanto, se meditares, compreenderás que a melhor forma de te defenderes, é conhecer o perigo e dele te afastar. Reconhecendo o perigo e imediatamente percebendo o ataque, poderás mais facilmente proteger-se. Então, o trabalho na Umbanda também é um processo de auto-cura e auto- aperfeiçoamento, na medida em que o teu trabalho abnegado com o teu dom, alivia e esclarece carnados e descarnados. Enquanto você aprende, é aliviado, tornando-se cada vez mais consciente da vida e de si próprio, das Leis que regem o Universo e os Seres. Levando-se em conta que, a princípio, o dom mediúnico espontâneo, foi um dos responsáveis pelos distúrbios que te trouxeram até aqui, conclui-se que educando o dom e praticando a Espiritualidade e a Caridade, você novamente irá se harmonizar, estando bem mental, emocional e fisicamente: Isto não impede que você continue sujeito às lutas da vida (cumprir missão não dá privilégios, nem poderes extraordinários). Porém, lutará com forças redobradas, com mais alegria e mais fé. Compreendendo a justiça das tuas dores, saberá se resignar e superá-las: A cada dia, teu Amor a DEUS crescerá e com ele a tua autoconfiança, recebendo ainda auxilio da Hierarquia Espiritual a qual você abraça. 28

As Entidades O sucesso da Umbanda entre a população, principalmente as camadas mais desvalidas, apoia-se essencialmente nas entidades com que seus seguidores se comunicam: são espíritos que, sob a forma de índios, antigos escravos negros e Erês (crianças) apresentam-se e conversam com os adeptos em pé de igualdade, sem qualquer indício de postura hierárquica. Quem são, afinal, estas entidades? São espíritos de índios e negros, que durante um longo ciclo de reencarnações adquiriram mérito espiritual para, deixando de voltar ao mundo com um corpo, continuarem seu processo de evolução ajudando a humanidade. Os chamados Erês são índios, negros e mestiços na mesma situação, mas sob a entidade de crianças. Isto não quer dizer que essas entidades, em sua última ou últimas encarnações, tenham sido um índio, ou um negro, antigo escravo. É fácil reconhecer nos Caboclos, Pretos Velhos e Erês as três faixas etárias básicas do homem: a de adulto, a da velhice e da infância, cada uma delas marcada por um aspecto da personalidade - vigor e severidade, prudência e inocência. A essas entidades, mais do que seu papel de curandeiros, de detentores de segredos das ervas, raízes, frutos e da magia, coube a tarefa de conselheiros e orientadores da comunidade urbana que crescia. Com palavras simples e diretas nos dão, ainda hoje, exemplos de acuidade psicológica e fraternidade, paciência e consolo. O exemplo de um Preto Velho: Com a implantação de fazendas de gado e cultura em solo Brasileiro, muitas vezes, ou quase sempre sacerdotes do culto Africano chegavam trazidos como escravos pelos navios de contrabandistas que ganhavam a vida destruindo a de outros. Entre estes chegava, então, um jovem que estava predestinado a ensinar amor e sabedoria. Ainda, menino foi introduzido no trabalho árduo e sem trégua. Por sua bondade e sabedoria logo cativou a todos, até mesmo seus senhores, que, percebendo sua condição de tratar com animais feridos ou doentes, solicitavam sempre seus serviços, logo estando, este que seria um sacerdote em sua terra, curando e tratando pessoas a pedido de seus senhores. Era ele, então, tratado diferente em meio a tanta crueldade. Com esta oportunidade tinha então, condição de cuidar dos seus, como predisse um escravo já velho que morrerá em suas mãos: seria ele chamado de Pai pelos outros, por sua bondade de empenho em socorrer a todos, não importando se era escravo ou branco. Todos eram socorridos por Pai Preto, como era chamado pelos brancos. A fama de Pai Preto correu longe em solo brasileiro, tanto que chegou, sem tardar, ao conhecimento dos missionários, vindos para catequizar os povos da nova terra. Pai Preto tinha, então, 85 anos, já velho e quase não mais conseguia andar, o que não impedia de continuar com suas curas e benzeduras. Mas chegou a ordem, e a orientação: Pai Preto era \"feiticeiro\" e devia morrer como todos de sua época. Os seus antigos senhores não tiveram coragem de cumprir a missão e então combinaram de esconder Pai Preto e este ficaria assim até a morte, cuidando, é claro, dos interesses de seus senhores. Mas Pai Preto, que nunca soube dizer não ou se intimidar por qualquer perigo, não se deteve e continuou com suas mirongas, suas rezas e sua caridade sem fim. Logo a notícia correu, seria um fantasma ou quem sabe ele teria ressuscitado para desafiar quem mandava? Nova ordem chegou: então o \"feiticeiro\" deveria ser desenterrado e sua cabeça arrancada do corpo e enterrada em outro local, somente assim o \"mal\" deixaria de existir. Aqueles que tentaram esconder Pai Preto, agora com medo, decidiram matá-lo e cumprir o que lhes foi 29

ordenado. Tendo assim, aos 86 anos, Pai Preto deixado o plano físico para trabalhar com suas mirongas em planos mais elevados. Hoje nós que aprendemos a amar a Umbanda, com toda sua sabedoria, aprendemos sempre um pouco com aqueles que deixaram esta grande lição de vida e humanidade. Pai Preto é hoje para nós pai Jeremias do Cruzeiro, que, ao lado de Omulú, traz a cura para os sofredores dos dois planos. Pai Jeremias recebeu de Oxossi o direito de trabalhar em sua vibração, o que para nós é motivo de mais felicidade, pois como raizeiro e conhecedor das matas levou para o plano espiritual este conhecimento para a benção dos filhos da terra. Salve Pai Jeremias! Salve todos os Pretos Velhos! Salve Nossa Querida Umbanda! Mensagem recebida por Wagner Melo Simões em 15 de junho de 1998 As Guias Os colares usados na Umbanda são pólos de irradiação, pára-raios, defesa, patuás, bentinhos, terços ou qualquer nome que queira dar, conforme crença, região ou língua. Na Umbanda há as guias (colares), as pulseiras, braçadeiras (contra-eguns), patuás e outros elementos obedecendo os seguintes preceitos: Usa-se somente produtos naturais como: sementes, pedras, conchas, pedras preciosas e semipreciosas (mesmo que lapidadas), cristais e outros. • Jamais usa-se plástico ou outro produto artificial. • Usa-se metal apenas quando o Guia Espiritual ou Orixá pede. • Usam-se peles, partes de animais (dentes, guizos, unhas, etc.) sempre em harmonia com a entidade a quem se oferta a guia. • Dá-se preferencia a cordão de algodão (barbante cru) encerados (Fio de nylon somente em último caso). • As contas, sementes e outras peças devem formar múltiplos de 3, 7 ou 9. Todo material pronto (Guia já fechada) deve ser cruzada. • O cruzamento é feito pelo chefe do Terreiro (Mãe/Pai de santo) ou pelos Guias Espirituais. Para montar uma guia, deve-se montar tranqüilo, sem agitação externa. Dependendo da doutrina de cada terreiro deve ser feita uma firmeza no conga (ascendendo uma vela por exemplo) antes de montar a guia. Lembre-se que cada peça da guia (conta, concha, semente, etc.) vai ter uma oração dirigida a ela. Essas orações dadas pelos guias são para proteção, defesa, e aumentar a vibração do médium que a usa. A guia é uma peça benta com força e irradiação para nos proteger e aumentar nossa força, nossa vibração. Os Banhos Desde épocas remotas é conhecida a forma mágica das plantas e ervas medicinais. Daí os banhos serem considerados veículos de purificação do corpo e da mente, incluindo-se no processo de mediunidade dentro dos centros e terreiros de Umbanda e também de Candomblé. O banho de 30

descarga é um descarregamento dos fluídos pesados de uma pessoa. O banho de descarga mais usado é feito com ervas positivas, variando de acordo com os fluídos negativos acumulados que uma pessoa está carregando, e de acordo com os orixás que a pessoa traz em sua cabeça. O banho de descarga com ervas deve ser tomado após o banho rotineiro, de preferência com sabão da costa, sabão neutro ou sabão de coco. Um banho de descarga não deve ser jogado brutalmente pelo corpo e sim suavemente, com o pensamento voltado para as falanges que vibram naquelas ervas ali contidas. Por exemplo: se tomamos um banho com espada-de-são-jorge devemos elevar o pensamento a Ogum Guerreiro. Se tomamos um banho de rosas brancas, mentalizamos as águas de Oxalá, imaginamos Oxum e a falange do mar. E assim sucessivamente. Ao tomarmos o banho de descarrego podemos também entoar um ponto cantado, chamando os guias que vibram com aquelas ervas ali maceradas. Ao terminarmos o banho de descarga, devemos recolher as ervas e \"despachá-las\" em água corrente ou na praia. Muitas Entidades pedem ao final do banho, que deve ser acesa uma vela branca e rezar um Pai-Nosso e uma Ave-Maria para que Deus possa abençoar o corpo e a alma assim purificados. Mas, não são apenas os banhos de ervas os usados para descarga, há outros, que são fortes descarregos de maus fluídos. Por exemplo: os banhos de cachoeira, de mar, de água de Mina, de chuva (axé de Nanã), de rio, etc. Hoje em dia há banhos de descarga que são comprados prontos, mas não os recomendamos inteiramente, pois muitos não são preparados com o rigor que deveriam ser. Pois para preparar um banho, devemos colher as ervas certas, caso contrário, não há efeito positivo e/ou completo. Nesse sentido, é fundamental conhecer a época, dia e hora em que devemos colher as ervas sagradas, bem como o modo de prepará-las e a sua real utilidade dentro do processo de iniciação ou liturgia. Nos candomblés quem colhe as ervas é o Mão-de-Ofã, ou Olofá, que antes de entrar na mata saúda Ossãe (orixá das ervas e folhas) e oferece-lhe um cachimbo de barro, mel, aguardente e moedas. Esse sacerdote que se dedica às folhas, nos cultos de Nação, é o babalossaim, e ele usa seus dotes a cura, para a preparação de amacis e feitura de Santo no candomblé. Na Umbanda, os Pais e Mães de Santo tem o conhecimento do uso das ervas e no preparo delas. Mas, para nossos banhos de descarga, nós mesmos podemos comprar e/ou colher as folhas (desde que você as conheça), e prepará-las em água fervendo. NÃO SE DEVE COZINHAR AS ERVAS, e sim, colocá-las em águas fervendo, como uma infusão. Não se deve também deixar que outras pessoas coloquem a mão no seu banho, ou seja, que preparem o banho para você (salvo a situação em que uma Entidade Espiritual ou seu Pai ou Mãe de Santo autorize que outra pessoa faça o banho no seu lugar). O banho é a renovação do corpo e da alma, pois quando o corpo se sente bem e se acha refeito do cansaço, a alma fica também apta a vibrar harmoniosamente. Os antigos hebreus já usavam as abluções, que não deixavam de ser banhos sagrados. Moisés, o grande legislador hebreu, impôs o uso do banho em seus seguidores. O batismo nas águas ministrado por São João Batista, no Rio Jordão, era um banho sagrado, pois o batismo nas águas senão o banho mais natural (e porque não o primeiro banho purificador do ser humano nos dias de hoje, afinal, se batizam crianças ainda pequenos) que conhecemos, purificador do espírito, mente e do corpo. Os banhos sempre foram um potente integrante do sentimento religioso, haja visto os povos da Índia milenar serem levados a banhar-se nas águas do rio sagrado, o Ganges, cumprindo assim parte de um ritual que, para eles, é indispensável e sagrado. Há em toda a época antiga um Rio Sagrado, no qual os povos iam se banhar para purificar-se física ou mentalmente. Na África, a água é tida como de grande poder de força e de magia. Vemos até hoje nos candomblés as Águas de 31

Oxalá. Águas nos potes e tigelas, além de mirongas com água e axé. E quem nunca viu ou ouviu falar em lavar com água-de-cheiro as ESCADARIAS DO SENHOR DO BONFIM, em Salvador na Bahia ? Para nossos índios, hoje os Caboclos da Umbanda, o banho de Rio era alegria, prazer, lazer, satisfação e descarga. O rio Paraíba é um rio sagrado para os Tupinambás. Nele os índios faziam (ou fazem) seus rituais secretos. A Utilização dos Banhos: Em qualquer época, nos Centros e Terreiros de Umbanda, os banhos tem sido de grande importância na fase de iniciação espiritual; por isso, torna-se necessário um grande conhecimento do uso das ervas, raízes, cascas, frutos e plantas naturais. E como já sabemos, os banhos de ervas devem ser preparados por pessoas especializadas dentro dos terreiros ou por você mesmo(a). Se forem preparados por outra pessoa , que ela esteja com o seu corpo físico e seu corpo astral purificados, pelo menos pelo banho de uma erva, e livres de excitações sexuais; nem por mulheres na fase de menstruação (corpo liberto). A orientação e o uso das ervas são atribuições dos GUIAS ESPIRITUAIS, das ENTIDADES e dos ORIXÁS, através dos Chefes de Terreiros (Pais e Mães de Santo). Os banhos de ervas, são classificados normalmente em três tipos: Banho de Descarga, Banho de Ritual e o Banho de Iniciados. Todos os banhos de descarga devem ser tomados do pescoço para baixo; só se deve jogar o banho na cabeça quando for indicado pelo Orixá Chefe do Terreiro, ou autorizado pelo Babalaô ou Mãe de Santo. As folhas que caem dos banhos de ervas devem ser recolhidas e despachadas (jogadas) nos locais apropriados; em geral, vasos grandes de plantas, jardins, num rio ou mata, mas nunca no lixo e nem nas ruas. Há banhos para todos os Orixás e Entidades e sempre que tiver dúvida consulte-os ou consulte um Pai ou Mãe de Santo sobre o banho a ser tomado. Muitos banhos tem dia e hora para tomar, portanto, consulte um Pai ou Mãe de Santo se tiver dúvidas. 32

O Terreiro... Síntese de pesquisa na rede mundial, para uso em debates durante desenvolvimento mediúnico, com intermediação de entidade espiritual incorporada. A Gira Há dois tipos de sessões ou giras: de desenvolvimento e de trabalho ou caridade. As giras de trabalho são sessões públicas, onde os guias incorporam nos médiuns para atender ao público. Quando você entra num terreiro de Umbanda, você estará pisando num local sagrado, num templo, e cheio de energias, portanto a primeira coisa que se deve fazer é praticar o silêncio e a meditação. Lembre-se também que num terreiro muitas energias são usadas, portanto evite o excesso de metais no corpo (colares, pulseiras, relógios). As giras podem variar de terreiro para terreiro, sendo que cada terreiro determina os dias e o horário, mas em geral podemos padronizar as giras da seguinte forma: Despachar Exu - antes de começar (abrir) a gira são cantados pontos para os exus, afim de que estes entrem no terreiro (não há incorporação nessa parte) e retirem todos os pontos negativos, inclusive retirando os zombeteiros (exus não doutrinados para trabalhar e ajudar) e protegendo a porta (porteira) de cada pessoa, uma vez que deixaram suas casas para estar no terreiro. Abertura da gira - Começa com o ponto cantado de Abertura de Gira e são feitas as saudações a Oxalá. Em alguns centros é cantado o hino da Umbanda, em outros o hino é deixado para o final. Muitos terreiros utilizam uma cortina para o conga, quando há a abertura da gira é aberta a cortina. Depois da saudação, são puxados os pontos de cada orixá e entidade, sendo que o primeiro ponto é de Oxalá. Enquanto são cantados os pontos, velas são acesas no congá, a atenção fica por conta do Ogan, que deve acompanhar os pontos com o ponto firmado pela vela. A Oração - Quando todas as velas estão acesas e todos foram saudados, então é feita a prece que oficializará a abertura dos trabalhos. Essa prece é feita com um Pai-Nosso e uma Ave-Maria seguida de um pronunciamento de fé do Pai ou Mãe de Santo. No momento da oração, todos devem estar ajoelhados e nenhuma atabaque toca. O silêncio e a concentração na hora da oração é imprescindível. Defumação - Logo após a oração vem a defumação. A defumação é feita nos quatro cantos do terreiro, no congá, na guia da Mãe/Pai de santo, passando pelos mesmos, daí segue a corrente: Médiuns, fiscais e auxiliares, assistência. Bater cabeça - Esse é o ato submissão em que nos abaixamos diante de Jesus e todos os orixás, pedindo sua proteção. O médium se abaixa e toca suavemente a testa no chão, sim suavemente, mostrando respeito pela terra que toca e sendo humilde ao se abaixar diante de Deus. Em primeiro lugar são os pais de santo, depois pai e mãe pequeno do terreiro, seguidos dos médiuns, cambones e tabaqueiros. O ponto de bater cabeça é tocado, porém existe um ponto especifico para a Mãe/Pai de santo e outro para os demais. Após o ato de bater cabeça, todos estão prontos para receber os orixás. Os trabalhos (A incorporação, passes, consultas) - São chamadas as linhas que virão para trabalhar nesse dia, em muitos terreiros há a separação do passe da consulta, ou seja, virá uma linha para dar o passe e depois uma outra só para a consulta. Essa é, sem dúvida, a parte mais longa da 33

gira. Se for dia de homenagem a algum orixá, a homenagem será antes dos passes e das consultas. Nem tudo é apenas paz e amor. As sessões em que os pretos-velhos, caboclos, crianças, boiadeiros, baianos ou marinheiros descem para fazer o bem, ajudar as pessoas, contrapõem-se outras práticas que recebem o nome de DEMANDA. Muitas vezes os problemas que as pessoas enfrentam (desavenças familiares e conjugais, doenças, dificuldades nos trabalhos, etc.) são atribuídas à inveja, e mais concretamente, a trabalhos que seus inimigos encomendam a determinados espíritos. Os guias de luz não aceitam esse tipo de solicitação, geralmente creditada a Exus e Pombas- Giras zombeteiros, espíritos pouco evoluídos que, em troca de oferendas, não hesitam em fazer o mal. Sabemos que esses exus e pomba giras que aceitam esse tipo de *serviço* são chamados de zombeteiros. Para enfrentar essas demandas é preciso pedir ajuda às entidades que só trabalham na direita, que irão coordenar os exus que são doutrinados e que trabalham no terreiro para o bem. A Linha de Ogum, que ostenta o título de \"Vencedor de Demanda\", é a mais solicitada, uma vez que Ogum é Chefe de Exu e orixá da Direita. Os despachos nas esquinas, por conseguinte, constituem formas de manifestações e tentativas de resolução dos conflitos que são transpostos para a esfera dos espíritos, encarnados por intermediários. Fechamento - Após o atendimento, é feito o fechamento com uma oração (Pai-Nosso e Ave Maria e um pronunciamento de fé sobre o trabalho) que oficializará o fechamento dos trabalhos e da corrente. Muitos terreiros utilizam uma cortina para o congá, quando há o fechamento da gira é fechada a cortina. Após a oração é cantado um ponto de fechamento de giras (trabalhos). Assim é dado os trabalhos por encerrado nesse dia. 34

A Defumação... Síntese de pesquisa na rede mundial, para uso em debates durante desenvolvimento mediúnico, com intermediação de entidade espiritual incorporada. Os antigos sábios eram muito cautelosos e minuciosos em relação aos rituais, na preparação do ambiente, dos elementos de concordância, do incenso e dos ingredientes apropriados que tenham relação com o astro que rege o dia, com os aromas que interfiram na nossa aura e com o meio ambiente em que vivemos. Os incensos, usados de maneira correta, criam uma atmosfera no ambiente, de energia, equilíbrio e harmonia, que ajuda o ser humano a sintonizar mais facilmente com os planos superiores. Como ainda hoje acontece, em épocas passadas o incenso era usado para quatro finalidades: 1) Para Agradar aos Deuses: Acreditava-se que o cheiro agradável e aromático que o próprio homem sentia agradaria aos deuses ou à divindade. Vamos chamá-lo de função de oferenda do incenso. 2) Meio de Oração: O incenso era visto como um meio para a oração. Acreditava-se que a fumaça ascendente levaria aos deuses as petições daqueles que queimavam o incenso. Por causa de seu cheiro agradável acreditava-se que deveria ser um meio ao qual os deuses não podiam se fechar. 3) Meio de Neutralização: O incenso era queimado para mascarar ou neutralizar o mau cheiro oriundo de imolações (animais e outros materiais). Pela mesma razão também era usado nos funerais. 4) Meio de Influência Inter-Humana:O aroma e as vibrações do incenso sintonizam aquele que o queima com uma determinada finalidade ou dão um determinado estado de ânimo às diversas pessoas que se encontram no ambiente onde o incenso é queimado. O aroma e as vibrações despertam em todas as pessoas determinadas sensações e lembrança e sintonizam a psique e a mente com certos objetivos. Uso da Defumação na Umbanda: O incenso tem a incumbência de levar a prece para o céu. Seu uso é universal, associando o homem à divindade, o finito ao infinito, o mortal ao imortal. Relacionado ao elemento ar, representa a percepção da consciência que (no ar) está presente em toda parte. Os diferentes perfumes desempenham um papel de purificação, facilitando a ancoragem. Os incensos devem sempre ser acesos com fósforos, por ser natural, nunca apagados com um sopro, para que não seja passado para ele as impurezas do nosso corpo. Quando sentir que o astral de sua casa está um pouco denso, ande com o incenso por todos os ambientes, chamando pelo nome do seu anjo, ou então repita a oração: \"Cada casa tem um canto, cada canto tem um anjo. Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém.\" Uma resina aromática extraída de determinadas árvores, cascas, condimentos, folhas, flores, frutos...é denominada incenso. O resultado destas defumações de ambientes tem um significado mágico-religioso que e adotado desde tempos remotos, pelos povos orientais como os chineses, tibetanos, indianos e notadamente no Egito. Ao queimarmos incensos estamos ativando o plano mental-intelectual que se manifestam no poder dos elementares do ar, e intensificando o fluxo de 35

comunicação com o universo e com as pessoas. *Importante* O ritual de queimar incenso não deve ser corriqueiro, principalmente quando envolve pedidos de dinheiro e proteção. Mas se desejar usá-los com freqüência tenha o cuidado de escolher aqueles de características calmantes ou espirituais. No ritual de Umbanda: Existem muitas formas de se defumar um terreiro de Umbanda. Pode ser usado os turíbulos para as sessões (giras) ou então os tabletes (aqueles triângulos vendidos em caixinhas) para defumação de sessões para atendimento pessoal (consulta fora dos dias de gira). Aqui exemplificamos dois tipos de ritual para defumação: Primeiro se defuma o congá (01); em seguida os atabaques e seus curimbeiros (02); depois se cruza o terreiro saindo do canto esquerdo (03) do terreiro para o canto direito (04); logo em seguida do canto direito (05) para o canto esquerdo (06); depois se defuma os médiuns* (07) - que podem ficar em seus lugares ou podem se deslocar até o centro, onde está o Chefe do Terreiro. Após a defumação de seus médiuns, defuma-se as pessoas que vieram ao centro - enfim o público (08) e por fim, a Mãe/pai de Santo(09). *Os médiuns devem esperar a defumação antes de colocarem suas guias. Ou seja, devem aguardar descarregar as guias pela defumação antes de colocarem no pescoço. Outro tipo de ritual, também encontrado em terreiros de Umbanda mais ligados a linha do Kardecismo, podemos encontrar uma defumação da seguinte forma: primeiro defuma-se o congá (01); em seguida defuma-se a Mãe/Pai de Santo e seus médiuns, incluindo os atabaques e seus curimbeiros (02) e por fim o público (03), que pode adentrar ao círculo até o centro do Terreiro ou então aguardar em seu lugar onde de fileira em fileira será passado o turíbulo para defumar. Em geral a defumação na Umbanda limpa o terreiro e prepara a todos para receber a caridade. A defumação é sempre acompanhada de pontos cantados específicos para defumação. 36

Pontos Cantados... Síntese de pesquisa na rede mundial, para uso em debates durante desenvolvimento mediúnico, com intermediação de entidade espiritual incorporada. Dentro da ritualística de Umbanda, os pontos cantados são indispensáveis. São verdadeiras preces cantadas, que expressam a fé, a mística, a magia da Umbanda. Mas hoje em dia, infelizmente, existe muita adulteração. Antigamente – e mesmo hoje, em raros templos de Umbanda – nossos mentores os ensinavam, cantando-os durante as giras. Quando uma Entidade Espiritual (Caboclo, Pai-Velho, etc.) ensina um ponto cantado, dizemos que o mesmo é de raiz. Hoje em dia os pontos cantados de raiz são raros. O que há é muito ponto cantado sem pé nem cabeça, identificando o nível espirítico de quem os canta. Sim, temos observado, de há muito, pontos cantados de uma pobreza franciscana no verso e na musicalidade, que acabam por fornecer subsídios aos nossos mais fortes detratores. Este equívoco de muitos Irmãos em Fé já está sendo corrigido e entendido em muitos lugares, pois os verdadeiros Umbandistas são pessoas simples, honestas e bem intencionadas , que buscam de todas as formas melhorar seus rituais para melhor atender-se ao objetivo e finalidade máxima da Umbanda, qual seja a prática da caridade, em todas as suas formas e expressões. Deixemos para trás esses pontos desconexos, barulhentos, esquisitos, jungidos às coisas do baixo mundo astral e que foram \"feitos\" por \"veias poéticas\" profanas de visionários e fanáticos...pelo dinheiro! Os verdadeiros pontos cantados são, como já dissemos, os de raiz, dados que foram por uma Entidade Espiritual de fato e de direito. Expressam, de maneira sublime, uma mensagem, uma emoção, um sentimento, uma imagem, um alerta, etc. Como podemos observar ao ouvi-los, além de ativarem o misterioso fogo renovador da fé e do puro misticismo, movimentam uma linguagem metafísica onde cada um entende, segundo seu alcance, várias mensagens. Com eles as Entidades impregnam certas energias e desimpregnam outras, dependendo do ponto cantado no momento. Antes de citarmos e traduzirmos um ponto cantado de raiz, vejamos como devem ser os pontos e o que expressam, segundo cada uma das 7 Linhas Espirituais. Os pontos devem ser entoados não apenas com a boca, mas sim, muito principalmente, pelo coração, ou seja, devem ser sentidos, interiorizados. A \"corrente espiritual\" de um terreiro, ou seja, os guias, os protetores, esperam que todos entendam que os pontos cantados em verdade são o \"roteiro vibratório\" da gira. É o caminho vibratório por onde uma gira vai encaminhar-se. Pontos cantados adequados e harmonicamente cantados tornarão a gira tranqüila, proveitosa e organizada, dando-se o contrário quando os pontos cantados forem inadequados e inabilmente entoados. Como já dissemos, os \"verdadeiros\" pontos despertam a fé, a harmonia, o bom ânimo, o ajuste, etc. Jamais os pontos cantados devem ser \"gritados\", entoados a plenos pulmões, ferindo a sensibilidade astral de quem a tenha e mesmo de quem não a tenha. Pontos cantados altos, gritados, ativam o ardor guerreiro, atávico, fetichista, atraindo esta classe de correntes de pensamento e espíritos. Repetimos que os pontos cantados são verdadeiras preces, quando bem cantados, em cujas letras realmente há imagens positivas, que elevam o tônus vibracional (energético) de todos, facilitando a atuação das Entidades Espirituais em determinados médiuns e mesmo nos consulentes. O ponto cantado de raiz (dado por uma verdadeira Entidade) não se limita a atuar em certas 37

pessoas através de reflexo condicionado. É importante que entendamos que a música é uma combinação harmoniosa de sons. Como sabemos pela ciência oficial, todo som tem freqüência peculiar, tendo cor e emitindo, atraindo ou dissipando certas energias. Além dos aspectos místicos, o ponto cantado movimenta a magia de Umbanda. \"Procure entoar os pontos cantados adequadamente, sentindo-os e não apenas cantando-os. Sinta-os em sua alma e verá, surpreso, como você canta bem, como você está bem. O ponto cantado é o caminho vibratório por onde \"anda\" a gira. É o verbo sagrado, portanto entoe-os adequadamente, harmoniosamente...\" Meu congá tem guiné... pode pegar quem quiser! Meu congá tem mironga... só pega quem puder! Quando \"Pai Velho\" diz \"meu congá tem guiné...pode pegar quem quiser\", está se referindo às coisas que todos podem ver, às coisas externas, às coisas materiais. Continuando, quando diz \"Meu congá tem mironga...,só pega quem puder\", esta frase diz que há coisas que os olhos da carne não enxergam, mas há aqueles que enxergam o oculto, o real, o verdadeiro, o espiritual. Simplificando, o congá mostra aquilo que todos querem ver ou ouvir, mas também mostra àqueles que têm olhos e ouvidos que outros não têm. No congá há a forma, mas também há a essência, e esta só pega quem puder. Sequencia de Abertura Corre gira pai Ogum Lá na porteira eu deixei um sentinela Filhos quer se defumar Eu deixei seu Exú Tronqueira Umbanda tem fundamento Tomando conta da cancela Cheira incenso e benjoin, alecrim e alfazema Eu deixei seu Exú Tronqueira Oi defuma filhos de fé com as ervas da Jurema Tomando conta da cancela Defuma com arruda e guiné Lá na porteira eu deixei um sentinela Alecrim, benjoim e alfazema Lá na porteira eu deixei um sentinela Vamos defumar filhos de fé Eu deixei seu Exú 7 Encruzilhadas Defuma Tomando conta da cancela Defuma com arruda e guiné Lá na porteira eu deixei um sentinela Alecrim, benjoim e alfazema Lá na porteira eu deixei um sentinela Vamos defumar filhos de fé Eu deixei seu Exú 7 Encruzilhadas Tomando conta da cancela Vou abrir minha Jurema Lá na porteira eu deixei um sentinela Vou abrir meu Juremá Lá na porteira eu deixei um sentinela Vou abrir minha Jurema Eu deixei Maria Molambo Vou abrir meu Juremá Tomando conta da cancela Com a licença de Mamãe Oxum e de nosso pai Oxalá Eu deixei Maria Molambo Com a licença de Mamãe Oxum e de nosso pai Oxalá Tomando conta da cancela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Eu deixei Maria da Estrada Eu deixei seu Tranca Ruas Tomando conta da cancela Tomando conta da cancela Eu deixei Maria da Estrada Eu deixei seu Tranca Ruas Tomando conta da cancela Tomando conta da cancela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Eu deixei Exú Mirim Eu deixei seu Exú Veludo Tomando conta da cancela Tomando conta da cancela Eu deixei Exú Mirim Eu deixei seu Exú Veludo Tomando conta da cancela Tomando conta da cancela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela Lá na porteira eu deixei um sentinela 38

Eu deixei todos Exús Antes de raiar o dia Tomando conta da cancela Minha promessa irei pagar Eu deixei todos Exús Vou saldar minha rainha Tomando conta da cancela Vou jogar flores no mar Salve, salve Iemanjá laia laia Oxalá meu pai Tem pena de nós Lá no cruzeiro das almas Tenha dó Aonde as almas vão rezar Oxalá meu pai Pois elas rezam, rezam de alegria Tem pena de nós Quando os seus filhos combinam Tenha dó Mas choram de tristeza Se as voltas do mundo é grande Quando seus filhos não querem combinar Seus poderes são maior Se as voltas do mundo é grande Quem vence demanda é Ogum Megê Seus poderes são maior Quem rola as pedras é Xangô Kaô Flecha de Oxossi é certeira é Ogum em seu cavalo corre É, é, é E a sua espada reluz Oxalá é meu senhor Ogum em seu cavalo corre Ô, ô, ô, ô E a sua espada reluz Sete linhas na Umbanda Ogum, Ogum Megê Sete linhas ei de vencer Sua bandeira cobre os filhos de Jesus É na fé de Oxalá Ogum, Ogum Megê Ninguém pode perecer Sua bandeira cobre os filhos de Jesus Tem Oxum nas cachoeiras Iemanjá, deusa do mar Xangô, morreu com a idade E para nos defender Morreu sentado numa pedra Tem Ogum para demandar Foi ele quem escreveu a Justiça A, a, a, a Quem deve paga Quem merece, recebe Refletiu a luza divina Em todo seu esplendor Caboclo lindo da pele morena Vem do reino de Oxalá Ele é Oxossi, caçador lá da Jurema Onde há paz e amor Caboclo lindo da pele morena Luz que refletiu na terra Ele é Oxossi, caçador lá da Jurema Luz que refletiu no mar Mas ele é meu pai Luz que vem lá de Aruanda Mas ele é meu guia Para tudo iluminar Mas ele vai baixar A Umbanda é paz e amor Na fé de Deus e da Virgem Maria Um mundo cheio de luz É a força que nos dá vida Eu vi mamãe Oxum na cachoeira A grandeza que nos conduz Sentada na beira do rio Avante filhos de fé Eu vi mamãe Oxum na cachoeira Como a nossa lei não há Sentada na beira do rio Levamos ao mundo inteiro Colhendo lírios, lírio ê A bandeira de Oxalá Colhendo lírios, lírio â Colhendo lírios, para enfeitar nosso congá Abre a porta, ó gente Que aí vem Jesus Iansã deusa maior Ele vem cansado Iansã é moça rica Com o peso da Cruz Iansã deusa maior Vem de porta em porta Iansã é moça rica Vem de rua, em rua Iansã é deusa dos ventos Para salvar as almas Saravá moça bonita Sem culpa nenhuma Iansã é minha mãe Rainha do jacutá Já abri minha Jurema Iansã é minha mãe Já abri meu Juremá Rainha do jacutá Já abri minha Jurema Vem gritando Eparrei ô Já abri meu Juremá Roda que eu quero ver Com a licença de Mamãe Oxum e de nosso pai Oxalá Filhos de Umbanda não tem querer Com a licença de Mamãe Oxum e de nosso pai Oxalá Eu vou Vai, vai, vai Eu vou levar Aos pés do Nosso Senhor Um presente para Iemanjá laia laia Vai bater cabeça iaô Um anel de pedraria Que Oxalá mandou Para ela irei levar O iaô 39

Bate a cabeça Baba É pemba Venha pedir a proteção para os seus filhos não cair Bate a cabeça Baba Pai nosso que estais no céu Venha pedir a proteção pros seus filhos não cair Santificado seja o vosso nome Mas é babalaô, babalaô de Orixá Venha a nós o vosso reino Mas é babalaô, babalaô de Orixá Seja feita a tua vontade Assim na terra como no céu Oi salve a pemba O pão nosso de cada dia nos daí hoje Também salve a toalha Perdoai as nossas ofensas Oi salve a pemba Assim como nos perdoamos Também salve a toalha Aqueles que nos tem ofendido Salve a coroa Não nos deixai cair em tentação É de nosso santo Mas livrai-nos de todo mal É maior Amém Santo Antônio de Pemba Quem vem Segura o terreiro, segura o congá Quem vem lá de tão longe Pemba São nossos guias que vem trabalhar Somos filhos de pemba Quem vem E filhos de pemba Quem vem lá de tão longe Não podem tombar São nossos guias que vem trabalhar Pemba Oi, dá licença pelo amor de Deus Mas como clareou Meu Pai Pemba Oi, dá licença nos trabalhos meus Mas como clareou Oi, dá licença pelo amor de Deus Pemba Meu Pai Santo Antônio de Pemba Oi, dá licença nos trabalhos meus 40

Amalás e Amacís... Texto de pesquisa obtido na rede mundial e utilizado para estudo e debate entre os irmão de fé, com intermediação dos dirigentes espirituais. Amalá A comida que se oferece ao Orixá é o Amalá e é um grande campo de força. Muita gente pensa que a finalidade de um amalá é dar de comer aos espíritos. Erro grosseiro porque o espírito de luz não tem nenhuma necessidade de comidas humanas, por não terem mais o corpo físico. O amalá é um ritual que se faz com elementos que vibram na sintonia dos espíritos, que eles usam para criar um campo de força. O amalá reúne a força do médium, do Orixá e dos espíritos que vêm aceitar e se comprometer a executar o trabalho. Muitos pais-de-santo que por um motivo ou outro não possuem terreiro, trabalham com muita eficiência somente através das entregas aos Orixás. Em momentos de dificuldade, para a cura da saúde, o equilíbrio e a paz familiar, levantar as forças pela energia, e muitas outras necessidades, um amalá bem feito e direcionado à entidade certa resolve o problema. Pela quantidade de situações fica difícil enumerá-las nesta oportunidade. Cada objetivo tem que haver um trabalho certo, com a entidade especialista, e tudo isso ainda sob a inspiração de uma intuição. Essa matéria deve ser analisada quando estivermos mais aprofundados nessas nossas conversações. Vou fazer uma observação de grande importância: o umbandista pela sua religião que manipula e usa a natureza como para seus trabalhos é um ecologista em potencial. Qualquer material não biodegradável não deve ser deixado no local da entrega do amalá, exceto as velas que se queimam e derretem. Se isso não for possível a pessoa tem a obrigação de ir um dois dias após levantar toda a entrega feita. Os materiais usados nos amalás são: velas, charutos, cigarros, fumo, caixa de fósforos entreaberta, frutas, comidas e bebidas. Todo esse material são biodegradáveis. O alguidar que é onde se deposita a comida, segundo algumas correntes, forma uma ligação do amalá com o elemento terra por ser feito de barro. Mas se a entrega for feita no chão, o contato se dá mesma forma, razão porque recomendo que ao invés do alguidar, que se faça um canto bonito com folhas naturais, como folha de bananeira e outras de forma larga, e que se use uma porunga substituindo o alguidar de barro. Deixar ponteiro e facas que não têm nenhum efeito no amalá choca com a natural energia ecológica do umbandista. Copos de vidro ou copos de plásticos também caem no absurdo e no erro, por não terem nenhuma energia. Para a bebida deve ser usado um coitê e o que sobrar na garrafa deve ser jogado em círculo em volta do trabalho. Não vejo necessidade das fitas coloridas, se o trabalho pode ser cercado com raízes de folhagens extraídas do próprio mato. Todo amalá deve ter um objetivo específico. Não se faz um amalá só por fazer. O termo comumente usado para a feitura do amalá é “entrega”, o que não está errado considerando que estamos depositando materiais para os espíritos os transformarem em um campo de força. Deve-se imaginar que durante a construção de uma entrega o amor e carinho daquele que o está construindo, de certa forma transmite sua energia. As vibrações do Orixá ajudam a aumentar a energia do trabalho que será somado com a do espírito que for utiliza-lo. A intuição deve fazer parte da construção de um amalá. Existem receitas das entregas de cada Orixá ou espírito, mas ele não deve ser somente uma cópia. Alguns elementos que devem ser acrescentados nos amalás, desde que não fuja da vibração do orixá a quem se entrega, vem por intuição. O médium só se tornará independente, ou seja não vai depender da orientação de um espírito incorporado, quando ele souber manipular os elementos que constroem um campo de força 41

através do amalá. Quando estivermos falando sobre os elementos usados na Umbanda, como o fundango, ponteiros, pembas e outros, vamos descobrir que eles dificilmente devem ser usados em uma entrega. Quem faz uma entrega com materiais que possam agredir a natureza não deixa de ser um baita egoísta que não se importa com a humanidade e o semelhante. Amaci É o batismo do médium na Umbanda, através de um ritual que integra o filho a religião. A partir deste momento, alguns compromissos são firmados: do médium com suas entidades e do médium com a Umbanda. Neste ritual a cabeça do médium é lavada com ervas e bebidas do seu Orixá com o objetivo de conectar o filho ao seu pai de cabeça. Um pano branco é utilizado para condensar a energia despejada na coroa. A bebida utilizada é guardada numa espécie de pratinho de barro chamado alguidar, que é alimentado pelos pais de santo e representa a firmeza do filho na casa. Terreiro de Umbanda do Pai Maneco 42

Diversidade de rituais umbandistas... Integra do texto de orientação doutrinária do Núcleo da Mata Verde. É muito comum ouvirmos de pessoas que não são umbandistas, que a umbanda é uma grande confusão. Algumas chegam a falar que a umbanda é “casa da mãe Joana”, onde cada um faz o que quer. Não conseguem entender o motivo de um Terreiro não utilizar atabaques enquanto outros utilizam; outros usam roupas coloridas enquanto outros usam somente o branco, outros não trabalham com exus, enquanto outros fazem questão de trabalharem, outros criticam com rigor o uso de sangue e sacrifícios de animais, enquanto outros utilizam estes elementos. Chamamos isto de Diversidade de Rituais. Foi a partir desta experiência que percebemos o grande preconceito existente entre os umbandistas. A Internet veio facilitar o contato, o estudo e a divulgação das várias formas de se trabalhar na Umbanda. A diversidade de rituais era desconhecida por muitos, e tivemos oportunidade nestes 12 anos de presenciar terríveis disputas e choques entre umbandistas, cada um querendo afirmar que a “sua” umbanda era a verdadeira umbanda. Em alguns momentos as agressões chegavam ao extremo, passando de agressões verbais para processos judiciais. Quando iniciamos nossa caminhada na umbanda na década de setenta, tivemos oportunidade de visitarmos alguns terreiros e naquela época já percebemos a grande diferença existente entre os rituais de cada Terreiro. Infelizmente existia naquela época um grande preconceito, e eram comuns comentários de que determinada casa não era de umbanda, outros falavam que determinada casa era mais forte que a outra, o estudo era muito raro e na maioria das vezes desprezado pelos dirigentes. O tempo passou e por volta de 1997 começamos um trabalho de divulgação da umbanda pela internet através da lista de debates Saravá Umbanda. Com o passar do tempo e com o convívio nas listas, algumas pessoas passaram a entender que a umbanda, embora seja única, não possui uma única doutrina. Que não existe umbanda melhor ou mais forte que outra. Estas pessoas começaram então a respeitar e entender a diversidade de rituais existentes em nossa religião. Em 2006 criamos a RBU que atualmente possui mais de 14.600 integrantes (maio/2010) e é com tristeza que continuamos a verificar que a grande maioria das pessoas ainda desconhece esta realidade de nossa religião. Este pequeno texto tem a finalidade de mostrar para as pessoas de uma maneira simples e racional como que entendemos a Diversidade de Rituais existentes na umbanda. O conteúdo deste texto é apresentado no curso de doutrina umbandista “Umbanda Os Sete Reinos Sagrados” que desenvolvemos de forma gratuita no Núcleo Mata Verde e agora através do portal EAD do Núcleo Mata Verde (www.mataverde.org/ead), no curso a distancia é cobrada uma pequena taxa para ajudar na manutenção do site. Qual a diferença entre a Umbanda e as demais religiões tradicionais? O que é uma estrutura piramidal hierárquica autoritária? 43

Repare na figura abaixo: Várias organizações possuem como forma de organização e comando uma estrutura autoritária (centralizadora). Podemos citar como exemplo, a Igreja Católica que segue rigidamente as orientações de Roma, do Vaticano e que possui no Papa o chefe da igreja. Outro exemplo é o dos militares (Forças Armadas), que possuem uma hierarquia rígida e um comando único. Podemos enquadrar dentro desta estrutura hierárquica autoritária aquelas religiões ou filosofias que possuem uma doutrina rígida. Normalmente seguem algum livro ou livros e possuem muita dificuldade em fazer qualquer alteração doutrinária em função do modelo hierárquico autoritário. Por exemplo, o “Espiritismo” (chamado popularmente de Kardecismo) No ápice da Pirâmide está a \"doutrina\", o Pentateuco Kardequiano, e que por condição dos próprios espíritos que apresentaram a doutrina, não pode ser alterado em hipótese alguma sem a “concordância universal dos espíri-tos”. A doutrina espírita é do século XIX ( 1857). Este autoritarismo doutrinário se reflete em várias situações. É do conhecimento público os vários autores espíritas que ficaram proibidos de publicarem suas obras por serem considerados “não doutrinários”. Espíritos foram taxados de enganadores e mistificadores e seus livros psicografados deixaram de ser considerados espíritas. Não vamos citar os nomes, mas basta realizarem uma pesquisa na Internet e encontrarão vários casos. O uso de recursos como cromoterapia, uso de cristais, incensos, banhos, equilíbrio dos chakras, magia, apometria, reiki, e muitos outros assuntos não são considerados “doutrinários”, portanto os Centros que utilizam alguns deste recur-sos não são casas espíritas, podendo no máximo serem chamados de centros espiritualistas. O que é Estrutura em rede? Desde a década de 20, quando os ecologistas começaram a estudar teias alimentares, o padrão de rede foi reconhecido como o único padrão de organização comum a todos os sistemas vivos: “Sempre que olharmos para a vida, olhamos para redes” (Fritjof Capra - A Teia da Vida). As redes, basicamente descritas como conjuntos de itens conectados entre si são observadas em inúmeras situações, desde o nível subatômico até as mais complicadas estruturas sociais ou materiais concebidas pela humanidade. 44

Átomos ligam-se a outros na formação de moléculas, seres vivos dependem de intrincadas redes de reações químicas e de interações protéicas. Vasos sangüí-neos e neurônios formam redes essenciais para organismos complexos. Construções humanas como a distribuição de água, energia elétrica e telecomunicações podem ser vistas como redes, da mesma forma que estradas, rotas marítimas e aéreas, percursos feitos para entrega de bens e serviços. Relações sociais e negócios conectam pessoas e organizações segundo os mais variados padrões. Computadores, bancos de dados, páginas web, citações bibliográficas e tantos outros elementos compõem suas redes cotidianamente. Foi a partir destes conceitos que criamos em 2006 a RBU – Rede Brasileira de Umbanda. (www.rbu.com.br). Se estudarmos com mais detalhes, verificaremos que a umbanda se organiza desta maneira, repare na figura abaixo: Todos sabem que a umbanda possui vários fundamentos, entre eles: Fundamentos Africanos, Espíritas, Católicos, Indígenas, Teosóficos, Hinduístas, etc... “A Umbanda é uma religião universalista”. Vamos voltar nossa atenção para a imagem acima. Fizemos um desenho de uma rede plana e para ilustrar o que foi dito acima incluímos somente quatro funda-mentos básicos de nossa religião: Africano, Católico, Espírita e Indígena. Reparem que existem alguns “pontinhos” escuros nesta rede, são os “nós” da rede e que representam os diversos Terreiros de Umbanda existentes. Cada “nó” ou Terreiro tem um conjunto diferente de fundamentos, o que acaba refletindo no ritual seguido pelo Templo. Por exemplo: Terreiro (1) O Terreiro identificado por (1) tem uma forte influência Católica. São Terreiros que possuem no congá muitas imagens de Santos, Anjos, Arcan-jos, Jesus, Espírito Santo, etc... É comum nestes Terreiros as procissões para São Jorge, Nossa Senhora Apare-cida e demais Santos Católicos. Os Pontos Cantados sempre relacionam os Orixás aos Santos, e muitos chegam a afirmar que o Santo e o Orixá são a mesma coisa. As cerimônias são semelhantes aos da igreja católica: Batismo, Confirmação (Crisma), Casamento etc... Sempre lembrando as cerimônias católicas. Algumas casas não trabalham com Exú, algumas chegam a identificar o Exú ao demônio. Terreiro (2) 45

O Terreiro identificado como (2) está bem próximo dos fundamentos africanos, isto significa que naquele Terreiro os rituais africanos estão presentes de forma significativa. São Terreiros de umbanda que tem uma forte influência do Candomblé e do Culto Omoloko, alguns cultuam os Orixás de forma bem próxima ao do Candomblé, oferecem animais, usam inclusive sangue em alguns rituais, alguns chegam a afirmar que não são cristãos. Possuem rituais como: borí, deitada, mão de pemba, mão de faca, etc.. Exú é cultuado como um Orixá. O uso dos atabaques é imprescindível. Terreiro (3) Os Terreiros identificados como (3) tem uma forte influência da doutrina espírita. A doutrina espírita é estudada pelos seus integrantes. Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Exús, etc... são considerados espíritos em evolução e que já estão libertos do ciclo reencarnatório. No congá não fazem uso do sincretismo religioso, ou seja, não existem imagens de Santos; normalmente Orixás são entendidos como espíritos de muita evolução, sendo considerados pura energia. Orixás nunca incorporam. De forma alguma aceitam o uso de sangue ou sacrifício de animais como oferenda para os Orixás. Nestes Terreiros utilizam somente roupa branca; rituais de origem africana são totalmente desconhecidos nestes Terreiros. Conceitos como mediunidade, passes, vibrações, obssessores são muito comuns. Em alguns os Caboclos e Pretos Velhos fazem uso do fumo. Terreiro (4) Nestes Terreiros a presença de rituais de origem indígena é muito forte. Normalmente Caboclos comandam todos os Trabalhos, é comum o uso de charutos para defumação ou pajelança. Em alguns os nomes utilizados internamente são de origem Tupy antigo, e valorizam muito a tradição indígena brasileira. Conclusão: Como podem verificar não esgotamos as possibilidades, os fundamentos exis-tentes na umbanda são muitos e naturalmente que não se apresentam de forma única como descrevemos acima, eles se fundem em proporções diferentes e dão as características de cada Terreiro, a egrégora, a vida, o axé de cada casa. Não podemos de maneira alguma aceitar os absurdos que muitas vezes acabam na coluna policial dos jornais, mas precisamos neste momento em que existe uma grande intolerância para com a nossa religião nos unirmos e respeitarmos a maneira de trabalhar de cada Terreiro. Se estudarmos a história do Movimento Umbandista, verificaremos que embora os homens tenham insistido, durante vários anos, em enquadrar a Umbanda dentro de um sistema hierárquico autoritário (através de Federações, doutrinas, códigos etc...), ela sempre resistiu mantendo sua estrutura em rede. Precisamos entender que a Umbanda é uma religião nova, brasileira e que os Orixás nos presentearam com esta maravilhosa religião. Podemos afirmar categoricamente que: A UMBANDA é uma religião do futuro, uma religião que permite que cada um busque aquele Terreiro que fale mais alto ao seu coração sem deixar de ser umbandista. Se lembrarmos as palavras do Caboclo das 7 Encruzilhadas, veremos que os alicerces da Umbanda são a liberdade e a igualdade, gerando as mesmas oportunidades para todas as pessoas e espíritos virem trabalhar e evoluir. Manoel Lopes – Dirigente do Núcleo Mata Verde www.mataverde.org e-mail: [email protected] São Vicente, 30/08/2009 46

São várias as versões dos mitos dos orixás... Texto extraído do material de estudo doutrinário da Fraternidade São Bartolomeu. São várias as versões dos mitos dos orixás e, como em todos os mitos, algumas são incompatíveis entre si; mas a essência dos orixás pode ser perfeitamente absorvida através destas narrativas. Para os iorubás, a melhor representação do mundo é uma cabaça dividida ao meio, uma das metades constituindo o céu (orum, Obatalá), e a outra a terra (ayê, Odudua). No princípio de tudo, entretanto, não havia a terra, e os orixás viviam no orum, ao redor de Olorum, o senhor do Universo, secundado por Obatalá. Obatalá uniu-se a Odudua e tiveram dois filhos: Aganju, a terra firme, e Iemanjá, as águas dos oceanos. Outro mito diz que a terra era então um vasto oceano e os orixás desejavam conhecê-lo. Obatalá encarregou Oxalá de descer ao ayê, a metade inferior da cabaça, e espalhar o pó preto que formaria a terra firme. Entregou a ele o saco com o pó preto e uma galinha. Oxalá então partiu em viagem, mas no meio do caminho sentiu sede. Exu, vendo que Oxalá sentia sede, ofereceu-lhe vinho de palma e Oxalá bebeu. E tanto vinho que Oxalá bebeu que embriagou-se e caiu em sono profundo. Exu tomou de Oxalá o saco da criação e o levou a Obatalá, a quem contou que Oxalá beberá e negligenciara sua tarefa. Obatalá então entregou o saco a Odudua, que com ele desceu à terra, jogou o pó preto sobre o oceano e tornando-se ela mesma uma galinha, ciscou o pó preto até que se formaram os continentes e toda terra firme que há. Essa terra firme é Aganju, filho de Odudua e Iemanjá. Obatalá então criou um grande dendezeiro, pelo qual desceram à terra todos os orixás, cada um escolhendo uma parte do mundo que lhe agradava, e que passou a ser de seu domínio. Assim, Oxum e Obá escolheram as águas doces; Iansã quis os ventos; Xangô os trovões e as cachoeiras; Obaluaiê à terra firme; Nanã a lama dos fundos dos rios e os abismos; Ogum quis as montanhas e os minérios; Oxossi as matas e florestas; Oxumarê o arco – íris; Ewá os horizontes. Apenas Exu não sabia o que escolher, pois tudo e nada lhe agradava. E considerou-se assim dono de tudo um pouco, com que os demais orixás concordaram. Desse modo o mundo foi criado e dividido entre os orixás, e é por isto que cada um detêm o domínio de uma parte da natureza. Outro mito narra que Obatalá reuniu todos os materiais necessários à criação do mundo e mandou a estrela da manhã convocar todos os orixás. Apenas Orunmilá apareceu. Por isso Obatalá o recompensou, permitindo que apenas ele conhecesse os segredos da criação e do porvir. E foi assim que a estrela da manhã revelou a Orunmilá que todos os segredos e materiais da criação se encontrava numa concha de caramujo, dentro de um vaso que ficava entre as pernas de Obatalá. Orunmilá tornou-se então, dono dos segredos, das magias e conhecedor do futuro, das vontades, aquele que sabe a vontade de Obatalá e de todos os orixás, o que sabe com que matéria o homem foi feito. Outro mito narra que tendo tido o conhecimento das matérias da criação, teria sido Orunmilá e não Odudua o criador da terra, aquele a espalhar o pó preto sobre as águas. Orunmilá então é considerado o amigo de Obatalá. Quis então Obatalá criar os homens. Ajalá, o orixá oleiro foi incumbido de moldar as cabeças dos rios e outros elementos da natureza. Ajalá moldava as cabeças e as punha para assar em seu forno. Mas Ajalá tinha o hábito de 47

embriagar-se enquanto cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru. Depois que Ajalá terminava de fazer os oris (cabeças) Obatalá soprava nelas e lhes dava eni, a vida. Assim surgiram a terra e os homens, sob o domínio dos orixás. Cada orixá viveu então episódios diversos em sua história, dos quais narraremos aqui apenas alguns, pois a quantidade de versões dos mitos é praticamente infinita. Fraternidade São Bartolomeu 48

Os Orixás... Texto de pesquisa obtido na rede mundial e utilizado para estudo e debate entre os irmão de fé, com intermediação dos dirigentes espirituais. Uma das mais impressionantes marcas do estudo da Umbanda é a influência que os orixás exercem em seus filhos, ou seja, aqueles que nasceram sob o manto da vibração do Orixá, o que não se pode saber por data de nascimento, mas por rituais próprios da religião. Apesar de cada região cultuar diferentes Orixás e sincretizar com determinados Santos Católicos descreveremos os que cultuamos em nosso terreiro, as suas datas de comemoração e os arquétipos dos seus filhos. Isto não quer dizer que os outros terreiros estejam fazendo seus cultos erroneamente. Também informaremos algumas ervas que podem ser usadas para os banhos de cada um e suas respectivas entregas. OXALÁ O filho de Oxalá é pessoa normalmente tranqüila, de andar sereno, sem afobação, com tendência ao sofrimento, quando o busca. Gosta de transmitir seu gênio calmo, quer as coisas sem demonstrar, atingindo seus objetivos de forma bem natural. É teimoso. Na teimosia não gosta de impor suas idéias, mas não cede em seu ponto de vista. De todos os Orixás, o filho de Oxalá talvez seja o mais organizado, no dia a dia, escritórios e papéis. Não é líder mas não se submete facilmente a liderança de outro, ou seja, não manda e não gosta de ser mandado. Não é agressivo e quando agredido prefere demonstrar superioridade. Tem um tendência muito forte para a solidão, buscando pelo isolamento um encontro com a harmonia universal. Para que o filho de Oxalá tenha uma vida melhor, deve procurar despertar em seu interior a alegria pelas coisas que o cerca e tentar ceder à sua natural teimosia. Oxalá é o Orixá maior e por isso mesmo não atua diretamente em elementos do planeta, fazendo isso por intermédio dos outros Orixás. COR: branca AMALÁ: - 14 velas brancas, água mineral, canjica branca dentro de alguidar de louça branca, fitas e flores brancas. O local de entrega deve ser muito bonito e cheio de paz, como uma colina limpa, ou junto de uma entrega para Iemanjá, na praia. ERVAS – Poejo – Camomila – Chapéu de Couro – Erva de Bicho - Cravo – Coentro – Gerânio Branco – Arruda – Erva Cidreira – Era de S.João – Alecrim do Mato – Hortelã -Alevante – Erva de Oxalá (Boldo) – Folhas de Girassol – Folhas de Bambu. IANSÃ Iansã, a Senhora dos Ventos e das Tempestades, a Deusa Guerreira. Seu filho é conhecido por seu temperamento explosivo. Está sempre chamando a atenção por ser inquieto e extrovertido. Sempre a sua palavra é que vale e gosta de impor aos outros a sua vontade. Não admite ser contrariado, pouco importando se tem ou não razão, pois não gosta de dialogar. Em estado normal é muito alegre e decidido. Questionado torna-se violento, partindo para a agressão, com berros, gritos e choro. Tem um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito. Passa por cima de tudo que está fazendo na vida, quando fica tentado por uma aventura. Em seus gestos demonstra o momento que está passando, não conseguindo disfarçar a alegria ou a tristeza. Não tem medo de nada. 49

Enfrenta qualquer situação de peito aberto. Ciumento demonstra um certo egoísmo porque não se importa com que os outros sofram pelo seu gênio reconhecidamente mal-humorado. É leal e objetivo. Sua grande qualidade, a garra, e seu grande defeito, a impensada franqueza, o que lhe prejudica o convívio social. Por ser tão marcante seu gênio, se este fosse controlado, o que não é difícil, seria pessoa muito mais feliz e querida. Para definir bem a influência dos orixás nas pessoas vou contar uma estória engraçada: eu explicava para um grupo as influências dos Orixás nas pessoas. Simulei um fato. Duas pessoas brigando. Passando um filho de Ogum, ou ele passa direto e nem olha, ou já vai se meter na briga. Um filho de Xangô para, fica olhando, e já começa a reclamar. Coitado do baixinho! Por que será esta briga? Acho que aquele alto não tem razão. E pior, nem sabe brigar. É um fraco. E fica questionando. Um filho de Oxóssi para, senta no chão e, rindo, fica assistindo e se deleitando com a briga. Deu a entender ter terminado. Achei sugestiva sua explicação. Alguém indagou qual seria o comportamento das filhas do povo da água. Diante da minha negativa, alguém se propôs a completar. Bem, disse, uma filha de Iemanjá chamaria os dois, colocaria suas cabeças em seu colo e os acalmaria recomendando paz. Uma filha de Iansã já reclamaria e chamaria a polícia. E parou. De propósito, o esperto. Bem, perguntou alguém, e uma filha de Oxum, que faria? Nada, respondeu. Nem poderia. Os dois estavam brigando por causa dela... AMALÁ DE IANSÃ - 7 velas brancas e 7 amarelo escuro, água mineral, acarajé ou milho em espiga coberto com mel ou ainda canjica amarela, fitas branca e amarelo escuro e flores. Local de entrega em pedra ao lado de um rio. ERVAS - Catinga de mulata – Cordão de frade – Gerânio cor-de-rosa ou vermelho, Acúcena – Folhas de Rosa Branca – Erva de Santa Bárbara. OGUM Ogum é o Orixá da guerra, da demanda, da luta. Seu filho carrega em seu gênio todos os seus característicos. É pessoa de tipo esguio e procura sempre manter-se bem fisicamente. Adora o esporte e está sempre agitado e em movimento. A sua impaciência é tão marcante que não gosta de esperar. É afoito. Tem decisões precipitadas. Inicia tudo sem se preocupar como vai terminar e nem quando. Está sempre em busca do considerado o impossível. Ama o desafio. Não recusa luta e quanto maior o obstáculo mais desperta a garra para ultrapassá-lo. Como os soldados que conquistavam cidades e depois a largavam para seguir em novas conquistas, os filhos de Ogum perseguem tenazmente um objetivo: quando o atinge, imediatamente o larga e parte em procura de outro. É insaciável em suas próprias conquistas. Uma marca muito forte de seu Orixá, é tornar-se violento repentinamente. Seu gênio é muito forte. Não admite a injustiça e costuma proteger os mais fracos, assumindo integralmente a situação daquele que quer proteger. Leal e correto, é um líder. Sabe mandar sem nenhum constrangimento e ao mesmo tempo sabe ser mandado, desde que não seja desrespeitado. Adapta-se facilmente em qualquer lugar. Come para viver, não fazendo questão da qualidade ou paladar da comida. Por ser Ogum o Orixá do Ferro e do Fogo seu filho gosta muito de armas, facas, espadas e das coisas feitas em ferro ou latão. É franco, muitas vezes até com assustadora agressividade. Não faz rodeio para dizer as coisas. Não admite a fraqueza, falsidade e a falta de garra. O ?difícil? é a sua maior tentação. Nenhum filho de Ogum nasce equilibrado. Seu temperamento, difícil e rebelde, o torna, desde a infância, quase um desajustado. Entretanto, como não depende de ninguém para vencer suas dificuldades, com o crescimento vai se libertando e acomodando-se às suas necessidades. Quando os filhos de Ogum conseguem equilibrar seu gênio impulsivo com sua garra, a vida lhe fica bem mais fácil. Quando ele consegue esperar ao menos 24 hs. para decidir, evitaria muitos revezes, muito embora, por mais incrível que pareça, são calculistas e estrategistas. Contar até 10 antes de 50


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