ISSN 2179 - 2046 14 9 772179 204008 RAZÃO | EMOÇÃO | PRAZER | DEVANEIO R$ 20,00
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EDITORIAL Lá se vai 2010. E só temos a agradecer pela sua companhia, parceria, amizade. Percor- remos um bom ano juntos. De nossa parte, reiteramos o compromisso de continuar investindo no crescimento do Gru- po, sem perder o foco na qualidade do atendimento e dos serviços. Nesse sentido temos colhido bons frutos, como, por exemplo, a recente nomeação, pela Audi, da Eurobike como concessionária de São Paulo, capital. Além de contribuir para o crescimento do Grupo, fortalece ainda mais o segmento premium, e todos ganham com isso. Esta edição traz novidades no projeto gráfico, mais moderno, e maior diversidade no con- teúdo editorial. Gostaríamos de receber seus comentários a respeito! Abordamos temas diferentes na razão, prazeres daqui e de lá do deserto de Atacama, fomos até a Alemanha visitar a belíssima exposição Art Cars Collection, devaneamos por São Paulo, capital. É uma edição bem plural, ficamos felizes com o resultado; esperamos que você goste. Boa leitura, boas festas! Um grande abraço, Henry Visconde Diretor Presidente [email protected] 6 | Eurobike magazine
COLABORADORES 123 Eurobike magazine é uma publicação do Grupo Eurobike de concessionárias Audi, BMW, Land Rover, MINI, Porsche e Volvo. 456 Av. Wladimir Meirelles Ferreira, 1600, CEP 14021-630 - Ribeirão Preto - SP Tel.: (16) 3965-7000 789 www.eurobike.com.br | www.eurobikemagazine.com.br [email protected] 10 11 12 Ombudsman 13 14 Patricia Braga www.eurobike.com.br/ouvidoria 1 Bianca Bassani, 2 Bruno Garcez, 3 Caio Guatelli, (11) 3883-7105 4 Carol Da Riva, 5 Carol Ribeiro, 6 Eduardo Petta, 7 Guto Carvalho, 8 Juan Esteves, 9 Kriz Knack, Editorial: Eduardo R. da C. Rocha, Heloisa C. M. Vasconcellos 10 Lalo de Almeida, 11 Marcelo Curia, Direção de arte: Eduardo R. da C. Rocha 12 Mariluza Costa, 13 Patricia Cornils, Coordenação e produção gráfica: Heloisa C. M. Vasconcellos 14 Simone Fonseca Administração: Nelson Martins Representação para publicidade: Nominal | www.nominalrp.com.br 8 | Eurobike magazine Preparação e revisão: Denis Araki Foto da capa: Carol Da Riva Produção: blue media Tiragem desta edição: 13.000 exemplares Impressão: Ipsis Distribuição: Eurobike Proibida a reprodução, total ou parcial, de textos e fotografias sem autoriza- ção da Eurobike. As matérias assinadas não expressam, necessariamente, a opinião da revista. Blue media Rua Fidalga, 471 Cj. 02 Vila Madalena - São Paulo - SP CEP - 05432-070 Tels.: 11 2729-5360 | 2769-5360 www.bluemedia.net.br Auditada pela
# 14 | 12 2010 CONTEÚDO 24 | emoção 26 | BMW Art Cars Collection 48 | Emoção a milhares de giros 52 | Asas da memória 60 | 500Km de Interlagos 10 | razão 12 | A escolha é nossa 16 | O azeite na mesa. E a Amazônia de pé 18 | O Homem Porsche 10 | Eurobike magazine
66 | prazer 68 | Deserto vibrante 80 | Joalheria de raiz brasileira 84 | Achados e imperdíveis 86 | devaneio 88 | São Paulo cidade luz! 11 | Eurobike magazine
12 | Eurobike magazinezzzzzzzzaaaaaãoooãoorrrrrrããããããããazzaaazaazzoorrrrrooooooooaãããaaãaãzzzzzzrrarãarãrãzãraãrooozrzãroozrzaaaaaaaaããããoooooozzrrrrrãzzzzzzzzaaaaaãooãoorrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaaaaãããããzzzzzrrazããzãzzãzãrrrrarrrarooooozãaaaaaaaaããããoozoozorrrrrãozzzzzzzzaaaaaooooããrrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaaaaãããããzzzzzrrazãzzãzãzaaããrorrrrorrrooozãaaaaaaaaããããoooozozrrrrrãozzzzzzzzaaaaaooãooãrrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaaaaãããããzzzzzrrazzãzãazaããzãrrorrrroooorrzãaaaaaaaaããããzzooooorrrrrãozzzzzzzzaaaaaoãoooãrrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaaaaãããããzzzzzrrazzãzzããããzaarrroorooorrrrzãaaaaaaaaããããozozooorrrrrãozzzzzzzzaaaaaoãoãoorrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaaaaãããããzzzzzrrazazãaãzzããzãrorrroooorrrrzãaaaaaaaaããããzoozooorrrrrãozzzzzzzzaaaaaãooooãrrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaaaaãããããzzzzzrrazazaãããzããzzroorrrrorrroozãaaaaaaaaããããooozzoorrrrrãozzzzzzzzaaaaaooooããrrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooãaãaaããaãzzzzzrrazrrrãrrarãããrãrazzozoooozzãaaaaaaaaããããooozzoorrrrrãozzzzzzzzaaaaaããoooorrrrroããããããããraaaaazzzzzoorrrrarooooooooaãaãaãããazzzzzrra
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14 | Eurobike magazine RAZÃO
A escolha é nossa O Brasil se encontra em um momento de virada, uma fase de incontáveis possibilidades, mas também em uma encruzilhada, na qual a opção a ser trilhada pode selar o destino do país. É essa a visão de Eduardo Giannetti da Fonseca, um economista que critica a obsessão brasileira com a eco- nomia e o consumismo, um professor universitário que se volta contra o elitismo do meio acadêmico e um en- saísta cujo próximo livro deverá ser uma obra literária Por Bruno Garcez | Fotos Juan Esteves 15 | Eurobike magazine
RAZÃO brasileiro. “Os brasileiros passaram a agir como um hipocondría- co, que mesmo saudável, fica obcecado em não voltar a ficar doente”, compara. “O Brasil tem um sonho, o de ser uma novidade para o mundo. “Há algo errado se, no momento quando mais se prospera, mais Mas existe também a fantasia mal resolvida do Brasil potência, se enriquece, mais se fica enredado no valor econômico. Caí- do país ser uma cópia empobrecida dos Estados Unidos, de mos em algum tipo de armadilha. A imagem que uso é a da cor- viver como vivem os cidadãos médios dos Estados Unidos, mas rida armamentista. Dois países se armando cada vez mais. E, esse modelo não pode ser exportado.” ao final, cada vez se sentindo mais inseguros. Um paradoxo. A economia virou a corrida armamentista do consumo.” A visão de mundo de Giannetti parece moldada por suas idas e vindas. Doutor em economia pela Universidade de Cambridge e O autor de O valor do amanhã acredita que o país ainda não membro do Conselho Superior de Economia da Federação das acordou para uma das frases recorrentes de seu livro, vencedor Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele já foi, na juven- do Prêmio Jabuti em 2006: “Use agora e pague juros, ou econo- tude, um militante trotskista de extrema esquerda. mize agora e receba dividendos”. Hoje, crê que o Brasil precisa conciliar suas diferentes aspi- Foi essa capacidade de unir extremos, as aspirações do país rações: “Incorporar o que de melhor há no mundo ocidental, rumo à modernidade e a necessidade de promover um cresci- a conquista da tecnologia, mas também promover melhorias mento sustentável, que fez com que Giannetti se identificasse básicas em educação e saneamento e oferecer oportunidades com a proposta da senadora Marina Silva e se tornasse asses- iguais, sem acarretar no que Freud chamou de ‘mal-estar da sor de sua campanha à presidência. civilização’. Nós queremos a civilização sem mal-estar. Senão, o brasileiro perde sua alegria, sua atitude descompromissada; foi “Eu acho que a Marina representou uma renovação. Traz va- esse jeito afável e esse encontro dos mundos que resultou em lores que foram entendidos por 20% da população, mas que vi- coisas como a bossa nova”, exemplifica. nham sendo deixados de lado, como educação, meio ambiente e saneamento básico. O nosso capital humano tem uma forma- Giannetti não é um economista típico. Em seus livros de ensaios, ção muito aquém do minimamente tolerável. A formação edu- títulos como Vícios privados, benefícios públicos?, com o qual cacional que oferecemos faz com que a maioria da população venceu pela primeira vez o Prêmio Jabuti, em 1995, ou As partes tenha uma qualificação profissional frágil, algo realmente muito & o todo, se debruça sobre complexos problemas econômicos sério. O Brasil fica no 54º lugar no ranking mundial de aprendiza- sem enveredar pelo “economês”. Não é só nisso que ele difere do em matemática, ciências e línguas, e 53% dos eleitores que de outros colegas. foram às urnas na última eleição não têm ensino fundamental completo. Uma educação de qualidade para toda a população é um desafio e é algo que a Marina compreende.” 16 | Eurobike magazine Sua ardorosa defesa por um modelo de crescimento susten- Já que o assunto é educação, eis aí outra área na qual Giannetti, tável, guiado pelo cumprimento de metas básicas e não movido que é professor há mais de vinte anos, não tem reservas em por aspirações consumistas fizeram com que ele, mesmo sendo atirar contra o próprio patrimônio. “O processo de educação no um dos mais conceituados economistas do país, passasse até Brasil é muito ritualístico. O professor ensina o que está no ma- mesmo a jogar contra seu próprio time. nual e o aluno reproduz. Não estimula o processo de pensa- mento. Os alunos querem o conhecimento mastigado, o que Giannetti acredita que a economia continua tendo um papel pre- está no livro, no texto, o que é dado na lição. Aluno brasileiro ponderante no dia-a-dia brasileiro, mas que isso acaba sendo aprende tabuada e não consegue fazer multiplicação, não dá algo negativo, um sintoma dos anos de hiperinflação e suces- conta do que envolve pensamento, é um recital. No ensino fun- sivos pacotes econômicos malogrados que o Brasil enfrentou damental é assim.” no passado. O professor do Insper — Instituto de Ensino e Pesquisa —, de “O país viveu uma situação muito crítica; se sua saúde anda São Paulo, diz que os problemas da faculdade são semelhantes mal, você se preocupa com ela. Mas se a saúde melhora, isso e ainda contam com um agravante. “A academia tem o cacoete te liberta para se preocupar com outras coisas, com outros va- da linguagem hermética, opaca, os professores têm o vício de lores.” Mas, na visão do autor, não foi isso que ocorreu no caso falar um com o outro. Eles se comprazem em publicar artigos em
periódicos que ninguém lê. Fazer uma carreira é o que importa.” Fantástico, da Rede Globo, Giannetti descarta enveredar pelo 17 | Eurobike magazine Com uma trajetória que prima pelo inusitado, causa pouco es- mundo do audiovisual. “Cinema não é a minha praia. O Fernan- panto que o mais recente trabalho de Giannetti seja uma obra do Meirelles (diretor de Cidade de Deus) até me chamou para literária e não um ensaio econômico. Lançado em julho deste colaborar, mas não me sinto apto a contribuir. Penso em pala- ano pela editora Companhia das Letras, A ilusão da alma - bio- vras, não em termos visuais.” grafia de uma ideia fixa trata de um jovem professor de literatura especializado em Machado de Assis que, após retirar um tumor Para concluir, Giannetti quer dissipar qualquer imagem de ce- cerebral que o deixa parcialmente surdo, resolve se isolar do ticismo que possa ter passado em relação ao momento e ao mundo e fica obcecado em mostrar a relação entre o cérebro e futuro brasileiro. “O que dá uma grande vantagem ao Brasil é a mente. que o país é o resultado fascinante da mistura profunda de três etnias. Principalmente a cultura africana, que é uma cultura pré- Para seu próximo projeto, Giannetti pensa em repetir a dose. moderna com valores que precisam ser revividos e que falam “Há várias possibilidades, mas uma certeza que tenho é que mais alto do que essa obsessão atual com a técnica.” seguirá, como o último livro, um caminho mais literário que en- saístico. Me sinto motivado a fazer algo na fronteira com a li- teratura.” Apesar de já ter apresentado um quadro no programa
RAZÃO Arquivo Ouro Verde O azeite na mesa. E a Amazônia de pé Por Eduardo Petta 25 de outubro de 2010, São Paulo, restaurante Dalva e Dito. Pois sim, castanha-do-brasil, uma amêndoa que só cresce na Evento: Jantar da Terra. 120 pessoas chegam para o banquete floresta amazônica e em mais nenhum outro lugar. Semente beneficente sob o slogan “para salvar o planeta”, imaginado pela que despenca uma vez por ano de quarenta metros de altura, mente mirabolante do chef Alex Atala. Os convivas se aboletam encapsulada em pesados ouriços (do tamanho de um crânio) ao simbólico custo de cinco mil reais o casal. Logo chegam as dos ga-lhos da Bertholletia excelsa, mais conhecida como casta- entradinhas, assinadas por onze craques como Bel Coelho, He- nheira, ou “rainha da floresta” — pelo porte ereto de seus troncos lena Rizzo e Mara Salles. Vinhos tintos, brancos e champagnes que crescem rumo aos céus. Prensada a frio mecanicamente, e franceses. Ao tilintar dos talheres, pratos quentes: oito peças de de forma natural, transformada em néctar, em sumo, em supra- design, todas de chefs internacionais. Quem dá a largada é o sumo azeite. peruano Gaston Acúrio com seu duo de ceviche de luxo, se- guido do tamboril com lulas do indiano Atul Kochhar, da rabada A ideia surgiu da cabeça de duas mentes brilhantes do mun- braseada do japonês Tetsuya Wakuda e outras tantas iguarias do acadêmico, Luís Fernando da Fonseca e sua esposa, Ana que deus me sacuda. A bandeira quadriculada, claro, fica por Luisa Da Riva. Foi, aliás, nos bancos das salas de aulas que conta de Alex Atala. O chef mais pop do Brasil se faz de estátua eles se conheceram. PhD pela Universidade de Kentucky, nos de Rodin e pensa. Olha os vinhos da França, lembra do conceito EUA, Luís Fernando era professor de Ana na Faculdade de Ve- terra brasilis e voilá, das mangas do avental cria um insuperável terinária da USP. Mas eles só se tornariam um casal anos mais pirarucu com ratatouille do sertão. A combinação perfeita mon- tarde, quando Ana Luisa terminou o seu mestrado em Ciências sieur Atala? Ainda não. Falta regar com azeite. Um fio de ouro Ambientais pela USP. O amor pelo campo e pela terra levou-os escorre líquido pelo prato, dourando a noite. a morar em Alta Floresta, em 2000, na região norte do Mato Grosso, onde surgiu o sonho de criar um negócio lucrativo, mas que mantivesse a floresta em pé. 18 | Eurobike magazine Aproximamo-nos com um zoom mega-ultra-superóptico da Em 2003, após dois anos de pesquisas com a Escola Superior mesa do Alex para observar melhor esse azeite e descobrir em de Agronomia Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo e que olivais mediterrâneos floresce essa boa cepa. Qual não é a outras entidades, fundaram a Ouro Verde, uma pequena agro- surpresa ao conferir o rótulo: azeite extra virgem de, de... cas- indústria com o intuito de beneficiar a castanha-do-pará. “Be- tanha-do-brasil? Como assim? neficiamento”, esta foi (e é) a palavra-chave, segundo Luis Fer-
nando Laranja, para o comércio das castanhas (e de qualquer Carol Da Riva outro produto da floresta) sair do período do homem primata e ingressar no mundo atual capitalista. Além do azeite, a Ouro Verde passou a produzir o creme de cas- tanha e um granulado (uma espécie de farofa), valorizando as- sim os produtos, que antes só eram vendidos in natura, a baixo valor. “Os apanhadores de castanha eram muito mal remunera- dos. Isso fazia com que eles não dessem importância para a ma- nutenção da floresta. Era preciso pagá-los melhor, incentivá-los, capacitá-los e acima de tudo incluí-los em toda a cadeia produ- tiva, para que se animassem a preservar”, conta Luis Fernando. O trabalho inicial foi duro. Tiveram que convencer as comuni- dades indígenas e os pequenos agricultores, mas aos poucos foram ganhando o respeito das populações locais e da comu- nidade científica. Em 2006, a Ouro Verde foi uma das vence- doras do programa New Ventures da Fundação Getúlio Vargas. Em 2007, ganhou o prêmio Chico Mendes (categoria negócios sustentáveis) e de Inovação Tecnológica da FINEP. Com muito esforço, conseguiram dois selos respeitados no mercado: o Car- bon Free (que assegura emissão zero de carbono em quase todas as fases do processo produtivo) e o Ecocert Brasil (para produtos orgânicos, livre de agrotóxicos). Tanto sucesso chamou a atenção do Grupo Orsa — uma das Carol Da Riva principais organizações brasileiras no setor de madeira certifica- da (na região do Vale do Jari, entre o Pará e o Amapá) —, que in- apelo de Amazônia que os chefs adoram.” E recomenda às 19 | Eurobike magazine corporou a Ouro Verde para compor um projeto ousado: preser- pessoas que o experimentem puro, “como exercício de saúde”. var uma área gigantesca da floresta (cerca de dois milhões de Afinal, a lista de componentes benéficos da castanha é longa: hectares) com negócios que a mantenham em pé e incluam a fibras, proteína, cálcio, ferro, potássio, vitamina E, zinco e, prin- comunidade nos lucros. O casal comemora junto com os vários cipalmente, uma dose substancial de selênio, importante antioxi- colaboradores que estão com a Ouro Verde desde sua criação. dante que atua no equilíbrio da tiróide, fortalece o sistema imu- Oito anos depois de preencher o primeiro frasco de azeite, a nológico, previne o câncer, reduz o colesterol e protege contra a Ouro Verde gera renda para mais de duzentas famílias com a ação dos radicais livres. compra de quinhentas toneladas ao ano de castanha advindas de várias comunidades, exportando-as para França, Holanda e O poder da castanha não é novidade para os amazônidas. A Canadá. farinha de castanha com mandioca, por exemplo, era um ótimo alimento para levar nas viagens quando as tribos mudavam de Se no oceano dos negócios a Ouro Verde nada de braçada, no lugar, pela fadiga da terra ou pela proximidade de inimigos. Era a mar da culinária o azeite vai conquistando seu lugar. Além das chamada “farinha dos guerreiros”, ainda hoje usada em algumas casas de Alex Atala, o azeite já ilustra as páginas de vários ou- aldeias para reforçar o beiju e a tapioca. Pensando bem, nestes tros menus. O chef Leo Botto, do paulistano Lorena 1989, por dias de hoje, em que precisamos renovar a energia a cada dia, exemplo, gosta de usar o azeite para coroar o seu filhote com faz todo sentido o chef Alex Atala ter regado o seu “jantar da creme de coco fresco e castanha-do-pará com banana ao forno. terra” com esse azeite criado para salvar, se não o planeta, ao Já Pascal Valero, do Le Coq Hardy, o recomenda “no lugar do menos uma parte preciosa da floresta amazônica. azeite de nozes, em vinagretes, para temperar saladas, espe- cialmente as que levam queijos”. Para Luís Fernando, o segredo do azeite é o seu aroma suave, fino e adocicado. “Ele dá um sabor exótico aos alimentos, um
RAZÃO O HOMEM PORSCHE Marcel Visconde avança com a Stuttgart, maior importadora Porsche da América Latina Por Mariluza Costa | Fotos Caio Guatelli 20 | Eurobike magazine
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RAZÃO tre a função de diretor da Stutttgart e de executivo da Biosin- tética, empresa farmacêutica que era de sua família. À frente 22 | Eurobike magazine Para chamar a atenção de clientes tão especiais, nada de de áreas-chave, como a de marketing, ele aprendeu noções descontos, promoções ou brindes. Nem mesmo festas popula- importantes sobre o mundo corporativo. “No setor farmacêutico res ou eventos chamativos. No segmento de carros de luxo, o fiz uma trajetória que me deu conhecimento prático de como é que funciona mesmo é a novidade. Quando um novo modelo esse processo, tanto em âmbito comercial como administrativo”, Porsche é lançado, o importador exclusivo da marca para o Bra- afirma. Segundo o empresário, a base de ambos os tipos de sil sabe que vai ampliar as vendas e ganhar mais espaço no negócios é muito parecida. A experiência acumulada foi útil em mercado. várias áreas da importadora. “Eu era um ‘faz tudo’, porque a empresa era muito pequena.” “Quem tem oferta apropriada para atender a demanda com certeza cresce nessas ocasiões”, afirma Marcel Visconde, presi- Desde a época da dupla jornada, muita coisa mudou na vida dente da Stuttgart Sportcar, revendedora oficial da Porsche. desse empreendedor paulista. A família cresceu e hoje espera Aconteceu em 2002, quando o Cayenne foi lançado, marcando a chegada do quarto filho: uma menina. Os outros são dois me- uma nova fase da empresa. O utilitário esportivo de luxo, se- ninos, de três e cinco anos, e a filha mais velha, de oito anos. A gundo mais vendido da marca no mundo — só perde para o expansão não se resume à vida privada: em 2006 ele tornou-se clássico 911 — é também o preferido por aqui. O modelo que presidente da Stuttgart. A empresa tem avançado ano a ano, mais cresce em vendas representa 55% dos negócios da Stutt- com novos showrooms nas principais cidades do país: Porto gart e uma importante porta de entrada para novos clientes no Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Ribeirão Preto restrito clube de proprietários Porsche. Atrai consumidores que a marca é representada pelo irmão, Henry Visconde, presidente permanecem fiéis. “Com o tempo eles migram para carros mais da Eurobike. esportivos e de maior valor”, afirma Marcel, que também adota o veículo — com perdão do trocadilho — carro-chefe da Stuttgart As vendas, que crescem em ritmo acelerado, devem fechar para uso próprio. este ano 65% maiores do que no ano passado. “O último quadrimestre de 2009 foi muito ruim, mas agora o mercado está Não se sabe se foi a variedade, com quinhentas opções de aquecido”, esclarece. acabamento, a estabilidade ou a sensação de segurança o que atraiu a atenção das mulheres para o Cayenne, mas o público A força da marca em território brasileiro fez o país ultrapassar feminino já representa 30% dos compradores do modelo. Com o México, tornando-se o maior importador da América Latina isso descobriu-se que elas — como eles — também gostam das cinco linhas Porsche: 911, Boxter, Cayman, Panamera e de estilo e exclusividade na hora de dirigir. A tradução mais fiel Cayenne. No primeiro trimestre, as vendas mais que dobraram, desses atributos num veículo começou em 1948, quando Ferdi- avançando 114% sobre o mesmo período de 2009 e atingindo o nand e Ferry Porsche lançaram o 356, primeiro modelo da linha equivalente a 50% do mercado de carros de luxo do país. Para de carros esportivos de luxo que desperta desejo e paixão ao Marcel, essas conquistas significam a consagração das estraté- redor do mundo. gias comerciais adotadas pela Stuttgart. E, mais uma vez, o des- empenho foi impulsionadas pelo lançamento de novos modelos: Marcel é um desses apaixonados, que fez do objeto de desejo Cayenne S Hybrid e novo Panamera. o foco de um grande empreendimento. “Sempre gostei de carro e de comércio”, afirma. Gostar, neste caso, é pouco para definir Híbrido e superveloz o envolvimento com o setor. Há cinco anos ele participa da Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, competição com oito etapas Atração no Salão Internacional do Automóvel realizado este ano anuais que reúne 26 pilotos. O resultado dessa dedicação é a em São Paulo, o Cayenne S Hybrid é o primeiro carro flex pro- conquista de vários troféus. duzido em série pela Porsche. A versão 2011 é inovadora prin- cipalmente porque tem dois motores: um a combustão e outro Da dupla jornada à presidência elétrico, alimentado por uma bateria. Assim, está em sintonia com a sustentabilidade do planeta e de acordo com as regras que limitam a emissão de gás carbônico (CO²) na atmosfera. O preço está em torno de R$ 270 mil. Com 41 anos, Marcel Visconde trabalha desde os 33 na importa- O outro destaque, o Panamera V6, é um dos veículos mais ex- dora que comprou em 2002. No começo, ele dividia a rotina en- clusivos e desejados do mundo. Desde sua chegada às lojas,
“O lançamento bem feito é meio caminho para o sucesso de comercialização de um veículo” 23 | Eurobike magazine
RAZÃO em janeiro, revolucionou o mercado e já vendeu 130 unidades Mas existem coisas que não podem ser modificadas. Quando — número maior do que de todos os concorrentes juntos, segun- Marcel adquiriu a empresa ela já se chamava Stuttgart, cidade do Marcel. Não é para menos, se considerarmos a velocidade da Alemanha onde os carros esportivos da Porsche são produ- máxima de 305 km/h, que chega de 0 a 100 km/h em apenas zidos; os outros modelos são fabricados em Leipzig. Outra coisa 3,9 segundos. O quatro portas mais rápido do mundo custa em que atravessa as décadas sem mudança é a tradição: a pala- torno de R$ 390 mil. vra Porsche, em qualquer lugar do mundo, significa qualidades como menor escala de produção, exclusividade, costumização, Agressividade na medida cores únicas e padrão de acabamento sem igual. E é claro, a garantia de segurança. Antes de sair da fábrica, por exemplo, “O lançamento bem feito é meio caminho para o sucesso de o conversível tem o teto aberto e fechado seis mil vezes numa comercialização de um veículo”, acredita Marcel. Para isso, a câmara climatizada, as janelas 40 mil vezes e as portas 100 mil Stuttgart desenvolve ações adequadas ao perfil dos seus cli- vezes. entes, que são convidados a conhecer os modelos. Sem medir esforços nem investimento, são realizados encontros que reú- Detalhes que não precisam ser contados aos clientes de altís- nem cerca de 1.500 pessoas. Este ano, o lançamento dos no- simo poder aquisitivo, como empresários e profissionais liberais, vos carros foi no Espaço Daslu, onde os detalhes das máquinas que têm prazer em investir até quase um milhão de reais numa Porsche puderam ser conferidos de perto. A festa é a última fase máquina. O que importa mesmo é a certeza de possuir algo úni- de uma série de ações de marketing direto iniciada com pelo co, exclusivo. Muitos esperam até oito meses para receber um menos um ano de antecedência. “Enviamos mala-direta e mate- carro montado sob encomenda, que não terá igual em nenhum rial de divulgação produzido pela empresa na Alemanha”, conta outro lugar do mundo. o empresário. Para manter contato permanente é preciso dar asas à criatividade, oferecendo, por exemplo, objetos inusita- dos, como um pen drive em forma de chave ou um encarte para montagem do carro em várias cores. E quando o cliente chega, ele precisa ter variedade para escolher. “Entramos no mercado de modo agressivo, com um grande número de unidades”, diz. O mailing ativo da Stuttgart Sportcar inclui mais de três mil nomes, garimpados com muito cuidado pelo setor de marke- ting, que classifica e direciona a ação de acordo com cada um. “Procuramos trazer os clientes para perto, os estimulando a frequentarem as lojas”, explica. E tudo de uma forma discreta, sem massificação, porque as pessoas que gostam do Porsche detestam exageros. Caminhos da multiplicação 24 | Eurobike magazine Em oito anos, o quadro de pessoal da Stuttgart Sportcar se mul- tiplicou de dez para 1.590 profissionais. Na capital paulista havia apenas um showroom e hoje são dois, além do centro técnico. O estado de São Paulo responde por 60% da comercialização da Porsche no país. A loja do Rio de Janeiro, inaugurada em 2005 para atender a demanda que já existia na capital carioca, representa 12%. Dois anos depois de chegar em Curitiba, a Stuttgart já conquistou um mercado comprador de 15% do total de suas vendas. Há um ano foi a vez de Porto Alegre integrar a lista de showrooms — e as vendas aos gaúchos representam 10%. Mercados tão diferentes entre si que mereceram atenção específica da empresa. Segundo o presidente, não existe um modus operandi padronizado, mas um trabalho feito com base na observação do comportamento de cada região.
the d r i v e r s w a t c h Nenhum outro relógio é desenvolvido exatamente como um Rolex. O Cosmograph Daytona, lançado em 1963, foi projetado para atender às necessidades dos pilotos de carros de corrida profissionais e rapidamente conquistou seu status de ícone. Com o seu mecanismo de cronógrafo patenteado e luneta com escala tacométrica, ele permite aos pilotos medir os tempos de volta dos circuitos e calcular a velocidade média. O Cosmograph Daytona é apresentado aqui em ouro Everose patenteado da Rolex. the c osmog r ap h day ton a 25 | Eurobike magazine
26 | Eurobike magazineemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã emoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçã
ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo 27 | Eurobike magazine ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoarte: habilidadeemoçãoemoçãoemo ãoemoçãopara fascinar, seduziremoção emoçã ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoção em ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoção ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo ãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemoçãoemo
EMOÇÃO BMW ART CAR COLLECTION (1975 – 2010) Joias de cores e design Por Eduardo Petta | Fotos Carol Da Riva sua arte. A maquete foi levada à Munique, onde o especialista Walter Maurer transferiu com precisão a obra para o projeto. 28 | Eurobike magazine O primeiro carro de arte da coleção BMW data de 14 de junho O carro não foi um sucesso de corrida, mas em maio de 1975 de 1975. Mas é preciso voltar ao ano de 1973, para rastrear já ilustrava o teto de uma exposição no Louvre, em Paris. Foi a ousada ideia do curador de arte e piloto francês Hervé Pou- uma das últimas obras de arte de Calder; ele faleceu em 1976. lain. Apaixonado por velocidade, Poulain sonhou em adicionar E o veículo tornou-se a pedra fundamental de uma coleção “beleza artística às linhas de um objeto já perfeito, como um que ele nem imaginava que poderia prosperar. Mas assim foi. carro de corrida” — e pensou isso no meio da crise do petróleo, Um ano depois, em 1976, foi a vez do nova-iorquino Frank uma época em que o próprio automóvel era vítima de uma visão Stella, outro apaixonado por carros, preencher um BMW com crítica da sociedade. seus padrões digitais matemáticos. Stella foi seguido por uma série de artistas pop: Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Robert Poulain desejava pintar o seu carro para a próxima corrida de Rauschenberg. E com exceção da BMW de Rauschenberg, Le Mans e pediu a ajuda de um amigo, o norte-americano todas estas máquinas participaram da tradicional 24 Horas de Alexander Calder, um dos escultores mais importantes do seu Le Mans. tempo. Àquela época, Calder já era um mestre da arte em movi- mento, com suas esculturas em forma de móbile, que ultrapas- Andy Warhol foi o primeiro a pintar pessoalmente um BMW Art savam a inércia do objeto, e aceitou o desafio. O que faltava Car. “Mande-me as passagens aéreas que irei a Munique pin- era um carro de corrida adequado para tanto. Foi então que o tá-lo pessoalmente”, disse Warhol, que levou exatos 28 minu- ferrarista Jean Todt, na época colega de rali de Poulain, deu a tos vorazes, no ano de 1979, para cobrir o carro com a energia dica ao piloto francês: conversar com o chefe da BMW Motor- de suas pinceladas. “Eu tentei representar uma experiência sport, Jochen Neerpasch, outro entusiasta da arte. Neerpasch real da velocidade. Se um carro é rápido de verdade, todos os curtiu o projeto e deu a Poulain luz verde. Poulain adquiriu um seus contornos e cores ficarão borrados na pista”, disse War- modelo de brinquedo de um coupé de corrida da BMW, o 3.0 hol, que ficou apaixonado pelo carro. “Ele verificou-se ainda CSL, e o enviou a Calder. Diante da maquete, o escultor espa- melhor do que a minha obra de arte.” lhou as cores primárias — vermelho, amarelo e azul — em ge- nerosas doses na carroceria e depois trabalhou-as, compondo a Na década de 1980, a colecção buscou inovar, trazendo ar-
Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Alexander Calder, Frank Stella, Roy Liechtenstein, Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Ken Done, A.R. Penk, Sandro Chia, David Hockney e Jeff Koons tistas de outras nacionalidades e estilos, como o austríaco Ernst Em 2010, o 17º BMW Art Car ganhou vida. O premiado foi o 29 | Eurobike magazine Fuchs, os australianos Michael Jagamara Nelson e Ken Done, mesmo autor de Puppy do Guggenhein de Bilbao, do coelho o japonês Matazo Kayama, o espanhol César Manrique e a sul- de plástico espelhado Brancusi, do chipanzé de chicletes de africana Esther Mahlangu, que trouxeram suas memórias de porcelana e da escultura de ouro de Michael Jackson, o norte- vida para os carros. Na década de 1990, o alemão A.R. Penck americano de York, na Pensilvânia, Jeff Koons. Orgulhoso de pintou sua arte tribal num BMW Z1 vermelho, o italiano San- dar segmento a uma história que nasceu com Calder e cruzou dro Chia imaginou um espelho na superfície de um protótipo e caminho com os mitos da arte pop, Koons desenhou com cores o britânico David Hockey trouxe à tona o interior de um BMW explosivas, na linha comics, o BMW M3 GT2. Numa homena- 850 Csi, onde até Stanley, o seu pequeno cão da raça dachs- gem da BMW à Andy Warhol, o carro alinhou para a lendária hund, foi imortalizado na obra. Ao fechar das cortinas do século prova das 24 Horas de Le Mans em 2010 com o número 79 no 20, em 1999, Jenny Holzer, uma das maiores artistas e críticas capô, o ano em que o maior ícone da cultura pop pintou o seu contemporâneas, desenhou frases conceituais de impacto so- Art Car. bre sexo, velocidade e truísmos nas incríveis linhas brancas de um arrojado BMW V12 LMR. “What urge will save us now that Ao longo destes 35 anos, os BMW Art Cars foram admiradas sex won’t?” ( Qual desejo irá nos salvar agora que o sexo não em vários museus e galerias de todo o mundo: no Louvre, em salvaria?) — imprime Holzer, no local do cockpit onde estaria a Paris, no Palazzo Grassi, em Veneza, no Museu Powerhouse, mente do piloto. em Sydney, e no Guggenheim, em Nova York e Bilbao, para citar apenas alguns. Ditando tendências culturais, juntos, os Art Cars No século 20, apenas mais dois artistas tiveram um BMW em formam um espelho da cultura contemporânea, tão exemplar suas mãos. Intitulada Your mobile expectations (Suas expectati- quanto única. Até junho de 2011, quem for ao moderno BMW vas de mobilidade), o projeto BMW H2R do dinamarquês Olafur Museum, na espetacular cidade de Munique, terá a chance de Eliasson estreou no San Francisco Museum of Modern Art em ver pela primeira vez na história toda essa coleção reunida. Arte 2007. Em sua arte, Eliasson removeu o escudo exterior da BMW tridimensional, ao vivo, a centímetros da íris. Só não é permitido H2R e substituiu-o com uma pele translúcida construído a partir tocá-los. Afinal, essa honraria coube, e caberá, apenas a alguns de malha de aço, painéis de aço reflexivos e muitas camadas dos maiores mestres da arte contemporânea mundial. de gelo.
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Alexander Calder, 1975 BMW Art Car 3.0 CSL motor 6 cilindros em linha 3.210 cc de capacidade cúbica 430 hp 270 km/h de velocidade máxima 31 | Eurobike magazine
EMOÇÃO 32 | Eurobike magazine BMW Art Car 3.0 CSL motor 6 cilindros em linha turbo 3.210 cc de capacidade cúbica 750 hp 341 km/h de velocidade máxima “Precisão!” Frank Stella
Frank Stella, 1976 33 | Eurobike magazine
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Roy Lichtenstein, 35 | Eurobike magazine 1977 BMW Art Car 320 Group 5 motor de 4 cilindros em linha 2.000 cc de capacidade cúbica 300 hp 290 km/h de velocidade máxima “O céu, o sol brilhando. Linhas que seguem. Continuação de paisagens. Experiências da estrada.” Roy Lichtenstein
36 | Eurobike magazine EMOÇÃO Andy Warhol, 1979
BMW Art Car M1 Group 4 motor de 6 cilindros em linha 3.498 cc de capacidade cúbica 470 hp 310 km/h de velocidade máxima “Eu amo esse carro. Ele é ainda melhor do que a arte.” Andy Warhol 37 | Eurobike magazine
EMOÇÃO Robert Rauschenberg, 1986 BMW Art Car 635 CSi motor de 6 cilindros em linha 3.430 cc de capacidade cúbica 185 hp 213 km/h de velocidade máxima “Dar o primeiro passo foi extremamente difícil. Foi como estar sozinho no quarto com uma virgem divina.” Robert Rauschenberg 38 | Eurobike magazine
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EMOÇÃO Ken Done, 1989 BMW Art Car M3 Group A Race Version motor de 4 cilindros em linha 2.332 cc de capacidade cúbica 300 hp 280 km/h de velocidade máxima “Papagaios da minha infância. No movimento das cores, nunca há inércia.” Ken Done 40 | Eurobike magazine
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A.R. Penk, 1991 BMW Art Car Z1 motor de 6 cilindros em linha 2.494 cc de capacidade cúbica 170 hp 225 km/h de velocidade máxima “Arte na arte. Símbolos da natureza no símbolo máximo da cultura ocidental.” A.R. Penk 43 | Eurobike magazine
EMOÇÃO Sandro Chia, 1992 44 | Eurobike magazine BMW 3-Series Racing Touring Car Prototype “Você pode enxergar o carro e a si próprio refletido na superfície. Espelho e encontro de belezas.” Sandro Chia
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EMOÇÃO BMW Art Car 850 CSi motor V12 5.576 cc de capacidade cúbica 372 hp 248 km/h de velocidade máxima “O tudo de dentro para fora.” David Hockney 46 | Eurobike magazine
David Hockney, 1995 47 | Eurobike magazine
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Jeff Koons, 2010 BMW Art Car M3 GT2 motor V8 3.999 cc de capacidade cúbica 500 hp 300 km/h de velocidade máxima “Carros de corrida são como a vida: uma explosão de energia.” Jeff Koons 49 | Eurobike magazine
EMOÇÃO EMOÇÃO A MILHARES DE GIROS 50 | Eurobike magazine Escola de Formação de Pilotos da Eurobike Volvo reúne amantes do automobilismo em Porto Alegre Por Bianca Bassani | Fotos Marcelo Curia Adrenalina, diversão e aprendizado. São essas três palavras que motivam alguém a participar de um curso de pilotagem. Pelo menos foi o que os alunos e instrutores da Escola de For- mação de Pilotos da Eurobike Volvo relataram em seu último evento, que aconteceu no dias 27 e 28 de novembro. Em dois dias de aulas realizadas no autódromo de Tarumã, o grupo formado por clientes Eurobike e amigos de todo o Brasil buscou desenvolver suas habilidades
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