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EmbalagemMarca 2-2022

Published by EmbalagemMarca, 2022-06-15 18:02:32

Description: EM 2-2022

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Ano XXII • EM 222 MASTERBATCH EXCLUSIVO PARA SPRAY EM PET SE COLOCA COMO ENTREVISTA: ANDERSON MAIA, DO Mar+Abr 2022 LINHA DE COSMÉTICOS ALTERNATIVA AO ALUMÍNIO INSTITUTO SENAI DE INOVAÇÃO R$ 25,00 BOA NOTÍCIA ATIVIDADE IMPORTANTE PARA O PAÍS AVANÇAR EM DIREÇÃO A UMA ECONOMIA MAIS CIRCULAR, RECICLAGEM DE DIFERENTES MATERIAIS DE EMBALAGEM VEM GANHANDO FORÇA PRÊMIO GRANDES CASES DE EMBALAGEM PROJETA RECORDE DE PARTICIPAÇÕES EM EDIÇÃO MARCADA PARA 18 DE OUTUBRO



EDITORIAL POR QUE ESPERAR? Wilson Palhares, Editor Possivelmente, quando esta edição estiver em mãos dos leitores, a invasão da Ucrânia pela Rússia terá terminado (ou não...), e no “A GUERRA DA mundo inteiro estarão se intensificando as análises e as projeções UCRÂNIA PODERÁ sobre os efeitos daquele conflito. É lamentável, até pecado, pensar em quem terá “vencido” a guerra ou quem dela se tenha beneficiado. Mais ABRIR A QUEM sensato é lembrar que por mais prejuízos que cause a seus inimigos em ESTIVER ATENTO guerras, o lado “vencedor” tem sempre poucos ganhadores, a não ser os OPORTUNIDADES alucinados que as promovem e os que ampliam seu poder e sua riqueza. DE OCUPAR Seria insensato pensar em benefícios que a guerra da Ucrânia possa MERCADOS trazer para os negócios de países que dela não participaram diretamen- ATÉ AGORA te, como é o caso do Brasil. No entanto, é forçoso lembrar que boicotes DOMINADOS POR comerciais, sanções econômicas e quebras de elos da corrente de inter- FORNECEDORES câmbios de mercadorias e da cadeia de suprimentos, acabam por abrir ESTRANGEIROS, vazios que precisam sempre ser preenchidos por outros agentes. QUE CERTAMENTE OUTROS, TAMBÉM Levado a seus termos finais, esse raciocínio pode ser sintetizado no fato de que, acima de intenções de autossuficiência ou de patriotismo DE FORA, econômico, todas as economias afetadas pelo conflito russo-ucraniano TENTARÃO ATRAIR – e pode-se dizer que são praticamente todas, dado o envolvimento em espiral de estados em nível global – terão de substituir importações (e PARA SI” exportações) de itens antes comercializados normalmente. Assim, é aconselhável que governos e empresas de países afetados pela suspensão do fluxo de suprimentos de matérias-primas e outros insumos necessários à produção industrial ou agrícola em seu território de atuação fiquem atentos à possibilidade de produzir e fornecer os itens faltantes à cadeia produtiva. Aí podem estar as oportunidades de ocupar mercados até agora de domínio de fornecedores estrangeiros, que certamente outros, também de fora, tentarão atrair para si. Por que ficar esperando? Caso sua empresa esteja estudando possibilidades nesse sentido, entre em contato conosco. Paz e até a próxima. EXPEDIENTE Publisher: Wilson Palhares ([email protected]) • Chefe de Redação: Flávio Palhares Publicação bimestral da ([email protected]) • Comercial: Marcos Palhares ([email protected]) Bloco Comunicação Ltda. • Diagramação: Departamento de Arte ([email protected] • Administração: Eunice Fruet Rua Carneiro da Cunha, 1192 ([email protected]) • Circulação e Assinaturas: ([email protected]) 6º andar • CEP 04144-001 • São Paulo, SP (11) 5181-6533 • (11) 3805-5930 www.embalagemmarca.com.br Não é permitida a reprodução, no todo ou em parte, do conteúdo desta revista sem autorização. Opiniões expressas em matérias assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista.

EM 2-2022 • mar+abr SUMÁRIO 3 EDITORIAL – Guerra na Ucrânia poderá abrir a quem estiver atento oportunidades de ocupar mercados até agora dominados por fornecedores estrangeiros 6 CUIDADOS PESSOAIS – Embalagens da Quintal Dermocosméticos são produzidas com masterbatch exclusivo 8 MATERIAIS – Garrafas de PET produzidas totalmente à base de plantas ganham escala industrial 10 DECORAÇÃO – Impressão digital direta em garrafas de vidro já é realidade em fábrica da AB-Inbev na Europa 12 E-COMMERCE – Nike desenvolve 14 caixa de transporte que elimina uso de embalagem primária para tênis REPORTAGEM DE CAPA Reciclagem avança no Brasil como braço auxiliar da Economia Circular 23 SUSTENTABILIDADE – Gigante de produtos de luxo lança vinho em garrafa feita com PET retirado dos oceanos 24 AEROSSÓIS – Recipiente de PET é alternativa para marcas de cuidados pessoais e domésticos 25 EVENTO – Movimento forte na abertura das ANUNCIANTES inscrições traz expectativa de casa cheia no Prêmio Grandes Cases de Embalagem CBA................................................ 18 E 19 CLIART.................................................. 34 26 ENTREVISTA – Anderson Maia, coordenador do CONGRAF............................... 3a CAPA Instituto Senai de Inovação, fala dos serviços que GRANDES CASES.................. 32 E 33 a instituição oferece à indústria de embalagens NOVELPRINT....................................... 13 PE LABELLERS.......................4a CAPA 34 ALMANAQUE – Por que o latão de alumínio SIMEI......................................................... 5 tem 473 mililitros – Como funciona o filtro de TPA............................................. 2a CAPA barro – Tônico Bayer era a solução para tudo mar+abr 2022 4



CUIDADOS PESSOAIS CONEXÃO COM A NATUREZ COLEÇÃO DE PRODUTOS PARA OS LÁBIOS DA QUINTAL DERMOCOSMÉTICOS TEM EMB Com inspiração no termo Biofilia, populari- produzidas com PE verde proveniente da cana de zado pelo biólogo norte-americano Edward açúcar, e as caixas dos produtos não apresentam Wilson, conhecido por seu trabalho com laminação com plástico, o que funciona como alter- ecologia, a nova linha da Quintal Dermocosméticos nativa mais consciente e responsável. Também par- propõe “um reencontro íntimo que transcende a ticiparam do projeto das embalagens a C-Pack Cre- volatilidade do tempo e volta o olhar à ligação com ative Packaging, que produz as bisnagas, e a Incom os elementos que foram fundamento da vida humana Packing, que fabrica os potes. no planeta”. Wilson propôs a sua “hipótese da biofi- lia” (do grego bios = vida e philia = amor), que signifi- A linha Biophylica é composta por Seiva Repara- ca literalmente “amor pela vida”. O cientista acredita dora para os Lábios e Polpa Esfoliante para os Lábios. que os seres humanos têm uma ligação emocional inata com outros organismos vivos e com a natureza. O termo “inato” é usado para significar que essa liga- ção emocional deve estar nos nossos genes, ou seja, tornou-se hereditária, provavelmente porque 99% da história da humanidade não se desenvolveu nas cida- des, mas em convivência íntima com a natureza. Com essa orientação, surgiu a linha de produtos labiais Biophylica, da Quintal. Segundo a empresa, “ao propor a reflexão do despertar de uma consci- ência biofílica, a marca traz um Manifesto para reco- nhecer o vínculo intrínseco entre o homem e os ciclos da natureza”. Em resumo: o amor à vida e o resgate da conexão do ser humano com a natureza são os motivos pelos quais nasceu Biophylica. Nos produtos, ingredientes botânicos e biotecno- lógicos são combinados para uma rotina ainda mais consciente, eficaz e responsável com o objetivo de reparar, hidratar e suavizar a pele dos lábios. Outro destaque vai para as embalagens dos produtos. Na linha Biophylica, a Quintal fez uma par- ceria com a Avient, que desenvolveu um masterbatch exclusivo e diferenciado com uma textura que reme- te à polpa de uma pitaya, com fundo branco peroli- zado apresentando pequenas partículas pretas para simbolizar as sementes. As duas empresas – Quintal e Avient – começaram a desenvolver o projeto graças a um encontro que aconteceu no PrêmioGrandes Cases de Embalagem em 2019 (última edição pre- sencial antes da pandemia). As embalagens foram 6 mar+abr 2022

ZA BALAGENS PRODUZIDAS COM MASTERBATCH EXCLUSIVO mar+abr 2022 7

MATERIAIS GARRAFA DE FONTE RENOV EM BUSCA DE ALTERNATIVAS AOS MATERIAIS DE ORIGEM FÓSSIL, COCA-COLA E SUNT Há mais de uma década, quando a The Coca-Cola o desenvolvimento de um substituto à base de plantas Coca-Cola e Suntory (dona da Company anunciou o lançamento da primeira comercialmente viável e de custo competitivo para o marca Orangina) anunciaram garrafa de PET feita parcialmente de plantas, PTA, que exigia o desenvolvimento de paraxileno de protótipos de garrafas produzidas em 2009, muito investimento foi feito para que uma base biológica (bPX), era muito mais longo. 100% à base de fontes vegetais embalagem de PET 100% biológica fosse comercial- mente viável com a mesma funcionalidade como uma A jornada da Coca-Cola sofreu vários desvios antes garrafa produzida à base de petróleo. Várias tentativas que a empresa encontrasse o melhor caminho para de usar bioplásticos – especificamente ácido polilático uma garrafa bPET (biomass PET). Em 2015, após seis à base de milho – para garrafas de bebidas não tiveram anos de PlantBottle no mercado, a companhia apre- sucesso, pois o material não tinha estabilidade e aca- sentou seu primeiro protótipo de garrafa 100% bPET, bava contaminando os fluxos de reciclagem de PET. produzida em escala de laboratório, na World Expo de Quando a garrafa PlantBottle da Coca-Cola, feita par- Milão. A garrafa era feita a partir de duas matérias- cialmente de um bioplástico com propriedades idênti- -primas renováveis: MEG à base de cana-de-açúcar da cas ao PET virgem, incluindo reciclabilidade, entrou em Braskem e bPX feito com açúcar de milho da Virent. O cena, houve grande agitação no mercado. protótipo mostrou que uma garrafa de PET totalmente de base biológica era possível, mas ainda não estava A primeira PlantBottle era produzida com 30% de pronta para comercialização. base biológica, usando etanol de cana de açúcar pro- duzido pela Braskem; os outros 70% usavam produtos Agora com a nova garrafa bPET recentemente químicos à base de petróleo. Na época, a Coca-Cola apresentada, a Coca-Cola passou da cana-de-açúcar, informou que sua meta era continuar inovando para que também é usada para produzir bioetanol, para bio- conseguir uma garrafa feita com 100% de resíduos químicos à base de madeira para produzir MEG de base vegetais, mantendo-se totalmente reciclável. biológica (bMEG). Dana Breed, diretora Global de P&D, Embalagem e Sustentabilidade da The Coca-Cola Com- Em 2012, a Suntory Holdings Limited, com sede pany, explica que “o desafio inerente de passar pelo bio- no Japão, cujas marcas mais conhecidas são Orangina, etanol é que você está competindo com o combustível. Ribena e Lucozade, firmou uma parceria estratégica Precisávamos de uma solução MEG de última geração com a empresa de produtos químicos de origem bio- que abordasse esse desafio, mas também que pudesse lógica Anellotech para desenvolver e comercializar usar matéria-prima de segunda geração, como resíduos uma garrafa de bebidas de plástico 100% de base florestais ou subprodutos agrícolas. Nosso objetivo para biológica. Em 2013, lançou sua própria garrafa de PET o PET à base de plantas é usar produtos agrícolas exce- parcialmente vegetal, com 30% do material derivados dentes para minimizar a pegada de carbono.” de cana de açúcar. A tecnologia por trás da produção do bMEG foi co- Agora, e depois de anos de pesquisa, pilotos e -desenvolvida pela Coca-Cola e pela Changchun Meihe investimentos, tanto a Coca-Cola quanto a Suntory Science & Technology e é baseada em matéria-prima revelaram protótipos de garrafas de PET produzidas que não pode ser usada como fonte de alimento – apa- 100% à base de plantas, cada uma por meio de dife- rentes parcerias e tecnologias. Os dois projetos estão prontos para expansão comercial. O PET consiste em duas moléculas: monoetileno- glicol (MEG) e ácido tereftálico (PTA), que representam respectivamente 30% e 70% do polímero em peso. O PTA é produzido pela oxidação de um produto químico chamado paraxileno. Tanto para a Coca-Cola quanto para a Suntory, o caminho para encontrar um substituto de base biológica para o MEG foi curto. O caminho para 8 mar+abr 2022

OVÁVEL GANHA ESCALA T ORY APRESENTAM EMBALAGENS FEITAS DE PET 100% À BASE DE PLANTAS ras de madeira de lei de serrarias. Segundo a Coca-Cola, matérias-primas não alimentares, como aparas de “a tecnologia pega uma fonte de açúcar e elimina a madeira, evitando a concorrência com a cadeia alimen- etapa de criação de etanol como parte do processo de tar. Em segundo lugar, em comparação com outras tec- conversão para produzir MEG à base de plantas. Isso nologias usadas por outras empresas, inclui um proces- significa que o processo é mais simples do que os pro- so simples de conversão de biomassa em aromáticos, cessos tradicionais e oferece flexibilidade na escolha da como o paraxileno, em uma única etapa. A tecnologia matéria-prima”. também tem uma vantagem competitiva em termos de custo, emissões de carbono e potencial futuro”, diz A tecnologia foi validada em escala de demonstra- TsunehikoYokoi, gerente geral sênior do departamento ção em 2017. Atualmente, a produtora de papel UPM, de embalagens da Suntory Holdings. com sede na Finlândia, está construindo a primeira bior- refinaria do mundo para produzir bioquímicos à base de A Suntory diz que o próximo passo é comercializar madeira usando essa tecnologia. A biorrefinaria utilizará a garrafa o mais rápido possível para atingir sua meta madeira de florestas regionais, bem como resíduos da de usar apenas garrafas PET 100% à base de plantas indústria de serraria, para produzir uma variedade de ou recicladas globalmente até 2030. O que é necessário produtos bioquímicos, incluindo bMEG. A instalação para levar o projeto adiante é uma planta em escala de deverá estar operacional até o final de 2022, com uma produção industrial. capacidade anual total de 220 000 toneladas. SEM RÓTULO, MENOR A porção bPX do protótipo da garrafa é feita com o PEGADA DE CARBONO mesmo material que a Coca-Cola utilizou na garrafa de 2015: o BioFormPX da Virent. A Amcor Rigid Packaging e a Danone lançaram uma garrafa 100% reciclável para a marca de De acordo com a Coca-Cola, estudos de Análise água Villavicencio, produzida exclusivamente de Ciclo de Vida para a produção comercial do bPX da para o mercado argentino. A nova garrafa não Virent indicam uma redução de até 75% nas emissões tem rótulo é feita com 100% de PET reciclado, de carbono em relação ao paraxileno à base de petró- tendo uma pegada de carbono 21% menor na leo, com potencial para alcançar reduções melhores no comparação com garrafas tradicionais rotula- futuro. das. “Nos últimos dois anos, trabalhamos de perto A Alpek Polyester produziu o bPET para as garrafas para produzir uma garrafa que representa protótipo, que foram fabricadas e envasadas dentro totalmente a marca Villavicencio, mantendo os do Sistema Coca-Cola. No total foram produzidas 900 mesmos elementos visuais. Utilizamos mate- embalagens. riais de alta qualidade, ajudando a garantir a segurança do recipiente e do consumidor no Em dezembro de 2021, logo após o anúncio da processo, enquanto fabricamos uma garrafa Coca-Cola, a Suntory revelou que também havia criado que, com a ajuda do consumidor, se tornará com sucesso um protótipo de garrafa bPET, pronta outra garrafa quando reciclada”, explica Juan para escala comercial. A embalagem foi produzida para Cazes, gerente geral da Amcor Rigid Packaging a Orangina, na Europa, e para a água mineral Suntory Argentina. Tennesui, no Japão. O projeto segue o mesmo conceito da água Bonafont, também da Danone, lançada no Bra- A garrafa é o resultado da parceria de dez anos da sil em 2020. Suntory com a Anellotech, na qual a Suntory investiu 25 milhões de dólares. A tecnologia de conversão de biomassa Bio-TCat, da Anellotech, utiliza cavacos de madeira de pinho para produzir o paraxileno necessário para PTA. “Vimos duas vantagens competitivas importantes na tecnologia da Anellotech. Em primeiro lugar, utiliza mar+abr 2022 9

DECORAÇÃO RÁPIDA E COM POUCO RESÍDUO IMPRESSÃO DIGITAL FEITA DIRETAMENTE EM GARRAFAS DE VIDRO JÁ É REALIDADE EM FÁBRICA DA AB INBEV NA EUROPA Enquanto amplos círculos da indústria ainda curando uma inovação que permitisse alcançar três consideram a impressão digital direta em emba- objetivos: criar embalagens personalizadas; produzir lagens uma visão futurista, a Anheuser-Busch pequenos lotes; e minimizar o impacto ambiental. InBev (AB InBev) já construiu uma planta de produção Para Vandecruys e sua equipe, a missão de impressão completa com essa tecnologia em Leuven, na Bélgica. direta começou com muitas perguntas em aberto: A Tattoo Alpha Plant é a primeira fábrica do grupo em Quais são os processos e parâmetros por trás dessa todo o mundo onde as garrafas de vidro são decoradas tecnologia? Como pode ser transferido para um digitalmente em escala industrial. ambiente industrial? E o mais importante: é adequa- do para tornar a AB InBev alinhada com as tendências Tudo começou há sete anos, quando a impres- de embalagem? são digital direta ainda estava dando seus primeiros passos. Os observadores de tecnologia da companhia Para saber se o processo que a Till desenvolveu estavam procurando por inovações em embalagens poderia atender a esses requisitos, a AB InBev o quando sua atenção foi atraída para uma start-up comparou com alternativas disponíveis no mercado. alemã onde “algumas pessoas estavam brincando com “Aspectos de interesse crucial incluíram a estabilida- dois protótipos”, conta Jonas Vandecruys, gerente de do processo, o hardware envolvido e, obviamen- geral da planta de Leuven. A start-up a que ele se te, os custos previstos. Na análise final, a tecnologia refere era a empresa então conhecida como Till, agora da Till emergiu como a mais avançada no cenário uma subsidiária da Krones chamada Dekron. Os dois tecnológico, especialmente porque se baseava em protótipos foram os primeiros antecessores da atual um conceito modular que permitia escalar até uma série de impressoras DecoType. velocidade industrialmente interessante”, diz Van- decruys. A equipe da AB InBev queria explorar mais deta- lhadamente a tecnologia envolvida e, sobretudo, ver Em 2019, a nova tecnologia finalmente foi imple- quais opções ela oferecia para seus propósitos. O mentada na Tattoo Alpha Plant. Enquanto isso, a Till maior conglomerado cervejeiro do mundo estava pro- havia sido assumida pela Krones, passando a se cha- O processo de decoração digital inicia com a aplicação de um primer transparente, que depois é exposto a uma chama 10 mar+abr 2022

mar Dekron. Mas a equipe que apoiava a tecnologia Vandecruys, da AB: “Resíduo por tamente o que vai ver pelo caminho e onde vai parar. permaneceu a mesma. Porém a pandemia de Covid-19 design não é mais aceitável” Quando você vai de carro, por outro lado, você é fle- colocou alguns obstáculos no caminho da equipe na xível: se quiser fazer uma pausa, basta parar. Se você reta final da entrada em operação. “A organização de mudar de ideia no meio do caminho e quiser seguir em tudo ficou mais demorada, graças a medidas como outra direção, isso também não é problema”, afirma o restrições de viagem, regras de higiene e rotinas de executivo. testes”, diz Vandecruys. Graças a esse alto grau de flexibilidade, a impres- Assim, a DecoType só entrou em operação no final são digital direta é uma opção para a produção de de 2021. A máquina está equipada com nove unidades itens individualizados ou sazonais. Ela também pode de impressão e decora até 8 mil garrafas por hora. O ser usada para aplicar artes especialmente dimen- plano é aumentar a velocidade. O desafio que a equipe sionadas e detalhes de superfície engenhosos, como enfrenta agora é abandonar hábitos e pensar além dos estruturas ranhuradas ou em relevo. limites de um rótulo tradicional. “Mude seu design, muito mais vívido para impressão digital, e você terá Além disso, na visão de Vendecruys, a tecnologia garrafas muito mais bonitas”, exorta o gerente da tem um bom potencial ecológico. “Em comparação fábrica. com os rótulos convencionais, a impressão digital direta requer processos de produção e logística sig- Quando compara serigrafia e impressão direta, nificativamente menos elaborados. Basta uma tinta, Jonas Vandecruys apresenta um veredicto bastante ou seja, um líquido, que pode ser transportado com diferenciado. Para ele, ambos os processos têm seus muito mais eficiência do que o papel, por exemplo, e pontos fortes bem definidos, mas estão em campos depois você aplica essa tinta diretamente na embala- muito díspares. E explica seu ponto de vista por meio gem, eliminando processos intermediários”, explica o de uma analogia. “A serigrafia é como viajar de trem, profissional da AB Inbev. “Estamos caminhando para e a impressão digital é como ir de carro. Quando você um mundo em que o ‘resíduo por design’ não é mais escolhe o trem, sua rota é pré-definida, você sabe exa- aceitável.” Em seguida, as embalagens passam pelas estações de impressão, e finalizam o processo de secagem em um túnel mar+abr 2022 11

E-COMMERCE CAIXA ÚNICA PARA ENTREG NIKE CRIA CAIXA DE TRANSPORTE PARA COMPRAS ONLINE QUE ELIMINA NECESSIDADE “Aembalagem às vezes é uma reflexão tar- embalagens tradicionais, a One Box oferece uma redu- Equipe de desenvolvimento de dia”, diz Rich Hastings, o cérebro por trás ção de 51% no desperdício para pedidos on-line únicos, embalagens da Nike, comandada do design de caixas de sapatos persona- independentemente do calçado que esteja dentro. lizados da Nike há mais de vinte anos. “Mas o que as por Rich Hastings, testou vários pessoas acabam não percebendo é que isso pode ter um Isso não significa que a One Box substituirá todas protótipos antes de chegar ao enorme impacto no meio ambiente.” as caixas de sapatos existentes. Milhões de unidades estão sendo produzidas este ano, e esse número só resultado final Esse impacto pode ser notado quando tênis com- deve crescer por meio de testes e refinamentos meticu- prados online – um formato de compra que não para losos. “Ainda estamos no modo piloto. Há oportunidade mar+abr 2022 de crescer no mundo inteiro – chegam em suas caixas, para a One Box evoluir ao longo do tempo – tanto na cercados por outra caixa. “Sabíamos que tínhamos a aparência quanto na quantidade de material que pode- oportunidade de melhorar nosso modelo existente”, mos economizar”, acredita Erica. Algumas ideias que afirma Hastings. surgiram durante a elaboração do projeto, como reduzir a quantidade de papel usada para encher as pontas dos Rich e sua equipe tiveram a chance de fazer exata- sapatos e acabar com as sacolas plásticas que envolvem mente isso quando trabalharam no lançamento de 2020 itens de vestuário individuais. do Space Hippie – uma linha de tênis produzida com uma parcela mínima de material reciclado que varia de 25% a 50%. A embalagem precisava ter baixo impacto para combinar com o design do produto. “O Space Hip- pie foi o ponto de partida”, diz Erica Swanson, diretora de Operações de Produtos Sustentáveis da Nike. “Que- ríamos ter um sistema inovador que enviasse um sapato em sua própria embalagem, em vez de enviar uma caixa dentro de outra caixa.” Assim, quando um par de sapa- tos é comprado pela internet, é possível eliminar uma caixa – a de entrega – do pedido. A solução parece sim- ples, mas exigiu muito trabalho para ser concretizada. “Era para ser um lançamento limitado. Então disse- mos: ‘Vamos ser ousados ​e​ tentar algo que não temos certeza se vai funcionar’”, explica Rich Hastings. “Mas os tênis se tornaram tão populares que tivemos que ganhar escala rapidamente. Recebemos muitos comentários de que a caixa não aguentava os rigores do transporte, então começamos a trabalhar para atualizá-la com base nesses aprendizados”, ele conta. Hastings e sua equipe realizaram uma bateria de exercícios de engenharia, com muitos testes, para garantir que a caixa sobreviveria à jornada até a porta do consumidor. Esses testes ajudaram a equipe a projetar uma embalagem mais resistente, batizada de Nike One Box, desenhada para permitir o transporte de qualquer tênis que a Nike produza. Em comparação com as 12

GA POR DENTRO (E POR FORA) DA NOVA CAIXA DE EMBALAGEM PRIMÁRIA DE TÊNIS A One Box pode parecer decepcionante para Novas caixas de transporte escondem logotipo da fabricante para evitar furtos quem gosta de design gráfico de embalagens – mas esse é o ponto principal. “Foi uma esco- lha estratégica de segurança”, diz Chris Conklin, vice-presidente de design da Nike sobre a caixa sem logotipo. “Não queríamos que a embalagem chamasse a atenção, principal- mente quando é deixada nas casas [algo que pode parecer impensável no Brasil, mas que é um hábito corriqueiro nos Estados Unidos], para evitar furtos.” A tampa da caixa é fixada com uma fita adesi- va strip to cut. No interior da caixa, há outra fita adesiva, para o caso de devolução do produto. “Tentamos usar cores diferentes para gráficos dentro da caixa”, explica Concklin. “Mas quan- do notamos que a tinta poderia sujar solados brancos, mudamos para branco para manter o produto perfeito. E essa tinta branca perma- neceu fiel à missão geral de reduzir o desperdí- cio”. “Queríamos que o design fosse minimalista o suficiente para que pudéssemos manter a pegada geral baixa”, ele conclui. mar+abr 2022 13

REPORTAGEM DE CAPA NEM TUDO VAI TÃO MAL A RECICLAGEM DE EMBALAGENS PÓS-CONSUMO NO BRASIL CRESCE MENOS DO QUE Com tristeza, mas também com alguma alegria, reproduzimos desejável, mas nem tudo é tão ruim. aqui o que registrava em seu parágrafo inicial o Editorial da edi- A nota triste, hoje, é que dois anos depois da realidade acima des- ção de janeiro-fevereiro de 2020 desta revista: “Provavelmente nunca se falou tanto em reciclagem, em coleta seletiva de resíduos, em crita, dos cerca de 30% de materiais com potencial para ser reciclados, economia circular, em sustentabilidade”. A reportagem de capa daquela do total colocado em circulação no País, apenas 3% o são efetivamente. edição questionava, como faz esta: quanto da aplaudida e já provecta Lei O lado positivo da moeda é que, em relação às iniciativas de economia Federal nº 12395/2010, que instituiu o Programa Nacional de Resíduos circular e de sustentabilidade em embalagens, homenageadas na edição Sólidos (PNRS), foi efetivamente implementado no Brasil? de EmbalagemMarca acima citada, vêm crescendo o número e a abran- gência dessas atividades. Como era lembrado então, “o País continua sendo um dos que menos recicla objetos pós-consumo/pós utilização, exceção feita para Alguns desses exemplos, selecionados e apresentados a seguir, latas de alumínio descartadas, em que é líder mundial, e para recipientes podem ser vistos como modelos para outros agentes de negócios no já usados de PET, destacando-se no ranking global de reaproveitamento. Brasil dispostos a contribuir para a melhora ambiental. Deixam de ser Transcorrido pouco mais de dois anos, o quadro não mudou como seria apresentadas outras iniciativas positivas, por falta de espaço, mas isso será feito em futuras edições de EmbalagemMarca. OPORTUNIDADES NA ÁREA DO PLÁSTICO Dentro da complexa abrangência da poluição e da contaminação ambiental causada pelo descar- Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast). Eduardo Berkovitz, diretor de Relações Institucionais e te sem critério de embalagens usadas, um material Compliance do grupo Valgroup, que atua no segmen- atrai a ira dos ambientalistas e as pedradas vindas de to, relata que a valorização do PET reciclado “alterou públicos crescentes no mundo inteiro. É o plástico, em significativa e positivamente o cenário em termos eco- suas múltiplas variedades de resinas (principalmente nômicos da reciclagem do produto no Brasil”. Isso se as derivadas de petróleo), formatos e densidade de dá não obstante o fato de a incorporação do PET PCR embalagens, das rígidas e semirrígidas às flexíveis. (reciclado pós-consumo) nas embalagens ser voluntária A indignação generalizada se justifica, ante a avalan- no Brasil. Significa que sua precificação, no longo prazo, che de reportagens e documentários que mostram a estará alinhada à da resina PET virgem. aterrorizante contaminação do solo e das águas por Entretanto, como explica Simone Carvalho, do resíduos plásticos. Mas já é visível e ganha importância comitê técnico do PICPlast, o custo de produção da a reação de fabricantes de resinas, de transformadores resina PET PCR é muito superior ao custo de produção e de indústrias usuárias a esse quadro, com boas pers- da resina virgem, devido sobretudo às diferenças de pectivas econômicas na atividade de reaproveitamento escala produtiva. Mesmo assim, dados da Associação pós-consumo. Brasileira da Indústria do PET (Abipet) mostram que a O crescente uso de produtos fabricados com resina reciclada, que em relação à matéria-prima vir- plástico reciclado está apresentando oportunidades gem tinha 70% do valor, passou a custar 20% mais em lucrativas para o mercado de reciclagem em âmbito meses recentes. global, e não é diferente no Brasil. Aqui, o PET sobressai A pesquisa informa que das 330 mil toneladas de no conjunto das resinas termoplásticas mais valoriza- PET recicladas naquele ano, 30% resultaram em frascos Reciclagem de das, tendo movimentado cerca de 3,4 bilhões de reais e garrafas para produtos de higiene pessoal e limpeza PET movimentou cerca de R$ 3,4 em reciclagem em 2020, segundo pesquisa anual do doméstica. E tem-se notado forte avanço dessa ativida- bilhões em 2020 PICplast – Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico, da de em recipientes de produtos destinados ao consumo 14 mar+abr 2022

L. UMA PARTE VOLTA SE ESPERAVA, MAS AVANÇA humano, sobretudo refrigerantes. Nesse ramo, o seg- do protagonismo das empresas usuárias de embala- mento bottle-to-bottle – processo que transforma uma gens. Simone Carvalho, do comitê técnico do PICPlast, garrafa pós-consumo em outra nova e pronta para ser lembra que uma desejada conscientização maior do utilizada – é um dos que estão mais em alta, impulsio- público consumidor para auxiliar no processo de coleta, nado principalmente pelas metas de sustentabilidade em que a contaminação por falta de higienização pós- ambiciosas das grandes empresas. A Coca-Cola, por -consumo é muito grande, poderá impulsionar a produ- exemplo, pretende em breve atingir a meta de 100% ção de PET reciclado.”O principal motivo de perda no de seus recipientes de PET reciclados. A mesma meta processamento ainda é a contaminação dos resíduos tem a Pepsico, que se compromete a ter até 2025 todos plásticos com materiais indejados”, ela ressalta. Simone seus recipientes plásticos recicláveis, compostáveis ou se refere a restos de alimentos, recipientes metálicos, biodegradáveis. E a Ambev anunciou recentemente celulósicos e de vidro, além de garrafas coloridas, no que toda a produção de garrafas de PET do Guaraná caso específico do PET, cuja reciclagem é muito mais Antarctica será feita com material 100% reciclado. favorecida quando a sucata é incolor. Fato: em 2020 foram perdidas 128,8 mil toneladas de PET (de todas as A tecnologia empregada na fabricação da embala- resinas, o material mais prejudicado) durante o proces- gem permite que qualquer recipiente de PET, indepen- so de reciclagem. dente de cor, formato ou fabricante, se transforme em uma garrafa de Guaraná Antarctica. Após o descarte O Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza feito pelos consumidores, as garrafas usadas são cole- Urbana (Selurb) calcula que se o plástico – apenas esse tadas e separadas antes de passar por um processo material – descartado fosse plenamente reaproveitado rigoroso de higienização. Depois disso, chega a fase seria possível retornar algo em torno de 6 bilhões de do corte e trituração do material, que será recomposto reais por ano para a economia. em resina de PET reciclada para virar uma nova garra- fa de Guaraná Antarctica. CICLO CADA VEZ MAIS FECHADO “Uma marca que nasceu do coração da Amazônia ADow, em parceria com a Boomera LAR, vem pro- ser a primeira de refrigerantes a alcançar esse feito duzindo industrialmente desde meados do ano no Brasil nos orgulha e, mais do que isso, dita o rumo passado resina feitas totalmente a partir de polietileno do mercado, não apenas da categoria, mas em outros de alta densidade pós-consumo reciclado (PEAD PCR). segmentos também”, diz Juliana Grinberg, diretora de marketing e inovações de refrigerantes na Ambev. Desenvolvida com as tecnologias da Dow, a nova resina PCR pode ser destinada tanto a embalagens A iniciativa também faz parte da meta da Ambev rígidas quanto flexíveis, suportando as metas de incor- de zerar a poluição plástica de suas embalagens até poração de conteúdo reciclado de donos de marca e 2025. “O compromisso com a sustentabilidade de a transição para uma economia circular do plástico. nossos produtos não é de hoje. Sabemos que a nossa Segundo as empresas envolvidas, a nova resina man- meta é ambiciosa, mas ela acompanha o tamanho do tém a processabilidade e o desempenho equivalentes nosso comprometimento em solucionar o impacto da às de embalagens produzidas com resina 100% virgem. poluição plástica no meio ambiente. Nesse caminho, contamos com um trabalho de colaboração com o A nova resina PCR, produzida pela Boomera LAR nosso ecossistema pautado no investimento em ino- em sua fábrica em Atibaia (SP), apresenta mitigação do vação e tecnologia”, afirma Rodrigo Figueiredo, vice- odor inerente à matéria-prima reciclada. Com o bom -presidente de Sustentabilidade de Ambev. desempenho apurado em testes feitos no Pack Studios No entanto, são intenções que não dependem só mar+abr 2022 15

(centro de pesquisas da Dow), o material se soma ao milhões de reais, dividido em três projetos voltados Resina de polietileno PCR portfólio de resinas e compatibilizantes da petroquími- à economia circular. Os outros dois são um Centro de produzida na fábrica da ca voltado à circularidade na cadeia de embalagens. Desenvolvimento de Embalagens Circulares e a primei- Boomera LAR, em Atibaia (SP) ra planta de reciclagem avançada no Brasil. Planta voltada à reciclagem “Acreditamos que é fundamental migrar de uma mecânica de plásticos em Indaiatuba economia linear para uma economia circular e estamos Ainda no primeiro semestre deste ano, a Braskem (SP) é fruto de parceria entre trazendo isso ao mercado através da fabricação de um prevê a abertura do Cazoolo – seu Centro de Desenvol- novo produto circular que chegará a diversas pontas vimento de Embalagens para Economia Circular. Trata- Braskem e Valoren de vários setores. Isto é válido para o plástico e outros -se de hub de inovação, por meio do qual a companhia materiais, pois, quando impulsionamos uma economia estabelecerá parcerias com clientes, brand owners, circular, avançamos e geramos impacto social, ambien- designers, startups e universidades para desenvolvi- tal e econômico”, explica Guilherme Brammer, sócio mento de embalagens mais sustentáveis por meio de fundador da Boomera LAR. melhorias no design e na jornada das embalagens, desde sua concepção até o pós-consumo, visando a cir- Outra gigante na área de plásticos também cularidade e menor impacto ambiental. vem fazendo fortes investimentos em reciclagem. A Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas A instalação de uma unidade de Reciclagem Avan- das Américas, e a Valoren, empresa especializada no çada, também em Indaiatuba, complementa esse ciclo desenvolvimento e operação de tecnologias para a da economia circular. Ela irá transformar quimicamen- transformação de resíduos, inauguraram recentemente te, por meio do processo de pirólise, resíduos plásticos sua primeira planta de reciclagem mecânica de plásti- em matéria-prima circular certificada, que será utilizada cos. Com investimento de 67 milhões de reais, a linha para fabricação de resinas ou insumos químicos. A nova de reciclagem tem capacidade para transformar cerca unidade, que envolve um desembolso conjunto de 44 de 250 milhões de embalagens em 14 mil toneladas de milhões de reais, deverá começar a operar no primeiro resina pós-consumo de alta qualidade por ano. A planta trimestre de 2023 e terá capacidade de produzir seis mil fica em Indaiatuba (SP). toneladas de produtos circulares por ano. Fabiana Quiroga, diretora de Economia Circular da “Após seis anos de pesquisas e desenvolvimento de Braskem na América do Sul, explica que a tecnologia tecnologias inovadoras de pirólise de plástico, ficamos é uma grande aliada para alavancar a reciclagem no muito satisfeitos com essa parceria com a Braskem. Brasil e, consequentemente, o mercado de polímeros Temos diversas sinergias em termos de sustentabilida- pós-consumo. “Os índices de recuperação de resíduos de e inovação, e trabalhando em conjunto em prol da têm crescido gradativamente nos últimos anos e acre- reciclagem integrada seremos capazes de transformar a ditamos que, entre os desafios que o setor ainda possui, reciclagem de plásticos, aumentando significativamen- o aumento de qualidade da resina PCR, que amplia te o índice de reciclagem no Brasil”, afirma Heinz-Peter suas possibilidades de uso, é um fator importante para Elstrodt, sócio e presidente do Conselho da Valoren. seguirmos avançando no desenvolvimento desse mer- cado”, afirma. Os resíduos processados na linha de reciclagem são, em sua maioria, de origem doméstica, consideran- do materiais rígidos de polietileno (PE) e polipropileno (PP), como embalagens de alimentos, materiais de lim- peza, produtos de higiene pessoal e cosméticos. Após processados, originarão resina PCR de alta qualidade. A linha de reciclagem é formada por um complexo modular, ou seja, que integra diferentes etapas do processo. Os resíduos plásticos colocados no início passam pelas etapas de moagem, lavagem, extrusão e homogeneização. O arranjo do projeto é inédito e o maquinário conta com tecnologia europeia de ponta, complementada por equipamentos nacionais. Entre os diferenciais anunciados estão: linha de lavagem de alto desempenho, com selecionador ótico para remoção de contaminantes por coloração e por tipo de material; silos homogeneizadores; sistemas de dosagem de aditi- vos e insumos de alta precisão; e módulo para elimina- ção de odor e de filtração de polímero de alto desempe- nho, o que contribuirá para a qualidade do PCR final. O investimento faz parte de um aporte de 130 16 mar+abr 2022

DESTINAÇÃO PARA RESÍDUOS “SEM DESTINO” Uma iniciativa interessante que visa administrar um problema que se poderia classificar como impasse de resíduos “sem destino” é o Programa AD Circular. Trata-se de ação pioneira da Avery Dennison, criada em 2019, que tem como objetivo promover a economia circular em rótulos e adesivos. A gigante multinacional desse setor tem adotado uma série de práticas que envolvem não apenas as suas operações, mas toda a cadeia produtiva. O resultado é o reaproveitamento dos liners da papel glassine que sobram das aplicações dos rótulos autoadesivos. Por terem uma camada de silico- ne, essas sobras em geral eram destinadas aos aterros sanitários. Com tecnologia desenvolvida pela Polpel, em vez de virarem o pesadelo de não terem para onde ser levados, transformando-se em poluentes do ambien- te, nesse programa são transformados em outros pro- Papel cartão usado nas caixas de Natura Ekos incorporam dutos utilizáveis pela própria empresa em que estão, liner reciclado gerado pela própria Natura em suas linhas como papel toalha e outros itens plásticos. A meta controlem a origem, processos intermediários e é que, até 2025, 95% das operações das empresas finalidade de seus resíduos, recebendo selo oficial e participantes do programa se livrem dos aterros, 75% presença na comunicação do projeto. Os resultados dos resíduos sejam reutilizados e 70% de toda a cadeia do programa têm sido reconhecidos pela mídia e por tenha acesso à reciclagem de liners e esqueletos, setores especializados. Dentre outros prêmios recebi- A iniciativa tem recebido cada vez mais participan- dos, foi agraciado em novembro de 2021, junto com tes. A marca mais recente a unir-se é a Dow, robuste- a Natura, a Polpel, a MD Papéis e a Boomera, com cendo um plantel que conta com nomes como Pernod um troféu do Prêmio Grandes Cases de Embalagem, Ricard, Natura, Ourofino, Sakura e Coty, entre outras. promovido pela The Packaging Academy e apoiado O ingresso no programa permite que as empresas por esta revista. FLEXÍVEIS: UM DESAFIO material que é tratado como rejeito e aumentar a Projeto da Nestlé transforma resíduos remuneração das cooperativas de catadores”, afirma de embalagens flexíveis em paletes Um dos principais desafios da cadeia de embala- Barbara Sapunar, diretora de Sustentabilidade, Comu- gens no quesito reciclagem está justamente nas nicação e Branding da Nestlé Brasil. embalagens plásticas flexíveis, devido à complexidade de materiais envolvidos, e por isso mesmo de difícil Seguindo os critérios de economia circular, os recuperação. Agora, a Nestlé, em parceria com a materiais coletados são tratados e transformados em startup Yattó, especializada em soluções de econo- chapas ecológicas e paletes. “Um de nossos pilares de mia circular e logística reversa, criou um projeto para atuação na Nestlé Brasil é a circularidade. Apoiamos reciclagem desse tipo de invólucro. O projeto piloto e desenvolvemos parcerias com cooperativas e cata- teve início em agosto de 2021 com seis cooperativas e dores de recicláveis, que são agentes fundamentais cinco toneladas desse material recicladas. Atualmen- nessa jornada regenerativa que tem foco na proteção, te, 22 cooperativas de São Paulo fazem parte da inicia- renovação e restauração de nossos ecossistemas, tiva e o objetivo é reciclar 70 toneladas de embalagens comunidades e planeta”, acrescenta a executiva. plásticas flexíveis até o final de 2022. “Além de todo o impacto ambiental positivo, a ini- A iniciativa contempla ainda a estruturação e o ciativa permite que as cooperativas participantes sejam treinamento das cooperativas, que são responsáveis remuneradas não apenas pela venda dos materiais que por manusear e mensurar os itens coletados – o que serão reciclados, mas pelo serviço de retirada, separa- permite avaliar os impactos sociais, ambientais e eco- ção e classificação. Atuamos desde o desvio de rejeito e nômicos da ação. valorização de um material que vai para um novo ciclo econômico, até a transparência nos dados referentes “O projeto está diretamente ligado aos nossos às coletas. E tudo isso sempre buscando a melhoria da compromissos de sustentabilidade, impulsionando a remuneração e das condições de trabalho dos catado- cadeia de reciclagem dessas embalagens e viabilizan- res”, diz Luiz Grilo, Diretor Executivo daYattó. do que os resíduos sejam transformados em novos itens. Ou seja, conseguimos diminuir a taxa desse mar+abr 2022 17





METÁLICAS: UM PROBLEMA (PRATICAMENTE) RESOLVIDO Acadeia de reciclagem de embalagens metálicas completar 10 anos de atuação, reciclou 55 090 tone- se destaca quando se fala de reciclagem. O Brasil ladas latas de aço em 2021, registrando um aumento já é case de sucesso há vários anos quando se fala das de 141% em comparação a 2020.O volume foi 1,86% latinhas de alumínio para bebidas, com índices que superior ao determinado no Termo de Compromisso chegam perto dos 100% de reaproveitamento das firmado pelo segmento de embalagens de aço com o embalagens. Mas mais recentemente, o setor do aço Ministério do Meio Ambiente para atender à Política vem apresentando resultados significativos, com índi- Nacional de Resíduos Sólidos, que estava estipulado ces que estão superando as expectativas. em 54.085,05 toneladas. E neste ano os números são melhores ainda: no primeiro trimestre de 2022, O Brasil reciclou 98,7% das latas de alumínio que foram recicladas 16 013,38 toneladas latas de aço, um foram produzidas em 2021, o que representa cerca de aumento de 79% na comparação ao trimestre anterior. 33 bilhões de embalagens. Os números são Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e pela Associação Brasi- Atualmente, a Prolata conta com 65 cooperativas, leira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas). em 15 estados, totalizando 1.657 cooperados, volume Segundo as entidades, trata-se do maior índice da his- que representa crescimento de 3% em relação ao ano tória da reciclagem de latas no país, desde o início do anterior. Além disso, há 36 entrepostos parceiros e o mapeamento, em 1990, sendo também um dos maio- apoio de 14 fabricantes de latas de aço, 29 fabricantes res do mundo. De um total de 33,4 bilhões de latas de tintas, 10 fabricantes de alimentos, 30 redes de vendidas, cerca de 33 bilhões foram coletadas para o varejo e três grupos siderúrgicos, responsáveis pela processo de reciclagem. Com isso, aproximadamente revalorização e pela reciclagem do material. 1,9 milhão de toneladas de gases de efeito estufa dei- xaram de ser emitidos na atmosfera, de acordo com cálculos das associações. “Há mais de dez anos, o índice de reciclagem de latas de alumínio se encontra em patamares supe- riores a 96%. O Brasil é benchmark no setor para o mundo, graças aos esforços conjuntos de toda a cadeia de suprimento e dos investimentos da indústria do alumínio na modernização do setor e na ampliação dos centros de coleta e reciclagem”, afirma Janaina Donas, presidente da Abal. Se o sucesso é giganta no mercado de latas para bebidas, o aço, que não tem a cadeia de reciclagem tão estruturada quanto o alumínio, dá passos impor- tantes para o reaproveitamento de material. A Prola- ta, associação sem fins lucrativos dedicada à cadeia de logística reversa das embalagens de aço que acaba de PROLATA COMPLETA 10 ANOS Criada em 2012 pela Associação Brasileira de anos de história da associação, foi realizado Embalagem de Aço (Abeaço), a Prolata tem evento que reuniu fabricantes de latas, de tin- como objetivo permitir que as latas de aço tas e de alimentos, representantes do varejo, pós-consumo sejam descartadas de forma siderúrgicas, cooperativas de catadores, par- ceiros e entidades gestoras. correta pelos consumi- A presidente executiva da Associação Brasilei- dores e revalorizadas ra de Embalagem de Aço e diretora executiva em siderúrgicas, trans- da Prolata, Thais Fagury, ressalta a evolução formando-as em novas da entidade em uma década de história. latas ou em outros itens “Foram os associados que acreditaram em que utilizam o aço como todo o processo. Inicialmente, tínhamos quinze matéria-prima. Faz parte parceiros. Hoje, além dos fabricantes de latas, do papel da entidade também temos 29 fabricantes de tintas, trinta unir toda a cadeia de redes de varejo e dez fabricantes de alimen- reciclagem. tos”, ressalta. Em comemoração aos 10 20 mar+abr 2022

MAIS DE UM TERÇO DAS EMBALAGENS DE VIDRO É RECICLADO Aembalagem de vidro, que quase quatro décadas de criarem problemas de transgressão de normas legais atrás instalou o primeiro projeto de reciclagem de confidencialidade, Lucien Belmonte afirma que, “do programada, numa época em a palavra era confundida total de embalagens de vidro produzidas no Brasil, 35% pela maioria das pessoas com a atividade de retorno dos são retornáveis ou de uso secundário”. Estas são as de recipientes usados, ou mesmo com sua reutilização para uso primeiramente destinado a produtos como requei- outros fins que os não originais (ação hoje denominada jão, geleias, legumes e frutas em conserva, que os “uso secundário”), é alardeada por seus produtores consumidores reutilizam como objetos de mesa ou para como “a mais amigável ao meio ambiente”, na expres- guardar outras coisas, como itens diversos, tipo pregos são de Lucien Belmonte, presidente executivo da Asso- e parafusos, ou mesmo alimentos secos. Contando o ciação Brasileira da Indústria do Vidro (Abividro). Aquele reaproveitamento de cacos de vidro plano, diz o presi- programa, que consistia na instalação de coletores em dente daquela entidade, o conteúdo de material recicla- ruas de dezenas de cidades do País, foi desativado gra- do nas embalagens chega a 40% do total produzido. dativamente, na medida em que surgiam outros progra- mas localizados que acabaram por tomar seu lugar. Mas Belmonte não contabiliza nesses índices o volume o volume de vidro reciclado teria aumentado. de produção e de reciclagem das duas fábricas pró- prias de garrafas de vidro da Ambev, que não é asso- Sem apresentar números, devido a eventualidade ciada da Abividro. VIDRARIAS AMPLIAM COLETA À esquerda, iniciativa da Owens Illinois na Bahia para As duas maiores vidrarias que atuam no Brasil, comprometimento das comunidades locais com recolhimento de embalagens Owens Illinois e Verallia, anunciaram recente- o projeto. “Essa participação da sociedade nos mente novas iniciativas para ampliar a coleta motiva a ampliar, ainda mais, nossa atuação vazias. Acima, contêiner de embalagens pós-consumo. para contribuir com a logística reversa do vidro para aumentar a coleta de A Owens Illinois e a startup Solos lançaram no Brasil”. vários projetos de reciclagem. Dois dos mais A Verallia, por sua vez, criou o projeto intitulado vidro pós-consumo recentes foram realizados na praia Ponta de Vidro Vira Vidro, que prevê a instalação de 200 Corumbau, no município de Prado, na Bahia, contêineres de Pontos de Entrega Voluntária 21 onde foram recolhidas 60 mil garrafas, e em (PEV), no eixo São Paulo – Campinas – Mogi Caraíva, também na Bahia, com mais de 100 mil das Cruzes, e que tem como meta alcançar embalagens arrecadadas, em parceria com a cerca de 4 mil toneladas de cacos por ano. Os cervejaria Heineken. primeiros pontos foram instalados e já estão “Na O-I, estamos realmente comprometidos disponíveis para a população. O projeto é feito com a sustentabilidade, com o reaproveita- em parceria com a Massfix, recicladora de mento de materiais e com a destinação correta cacos de vidros. do lixo, que reduz custos com coleta urbana Os contêineres possuem uma tecnologia que e aumenta a vida útil de aterros sanitários”, auxilia na limpeza do coletor. Com isso, é pos- diz Alexandre Macário, especialista no desen- sível fazer uma rota otimizada e organizada. O volvimento da cadeia de reciclagem de vidro projeto vai disponibilizá-los em locais públicos e da Owens Illinois. O executivo salienta que os privados, como postos de gasolina, supermer- excelentes resultados dessas ações são fruto do cados e condomínios. mar+abr 2022

CARTONADAS: AUMENTO DE VALOR DO MATERIAL Osetor de cartonadas assépticas também se mexe tos”, explica Renato Paquet, CEO da Polen. A parceria para aumentar seus índices de reciclagem. Em tem também a intenção de estimular a captação de 2020, a Tetra Pak Brasil reciclou 108 mil toneladas de resíduos em regiões mais distantes do país. embalagens, o equivalente, segundo a empresa, a 43,7% de toda a sua produção. Para que esse número continue Ainda na seara das cartonadas, o Programa crescendo, a empresa anunciou em 2021 o projeto Rede Recicleiros Cidades, que tem a SIG como investidora Longa Vida, um sistema inédito de rastreamento das semente, encerrou o ano de 2021 presente em dezes- caixinhas coletadas e entregues à reciclagem. Desenvol- seis municípios, dos quais onze já em operação plena. vido em parceria com a startup Polen e utilizando a tec- O programa tem o objetivo de integrar os processos nologia do blockchain, o programa inédito visa estimular da coleta seletiva, reciclagem e logística reversa dos a destinação correta das embalagens e a valorização do municípios, e é desenvolvido pelo Instituto Recicleiros trabalho dos profissionais da reciclagem em todo o Bra- desde 2018. sil com créditos financeiros. A iniciativa implanta nas cidades um novo conceito No sistema da Rede Longa Vida, o volume novo de de centrais de reciclagem, viabilizando equipamentos embalagens que não estavam sendo recicladas vale 20% modernos, assessoria técnica qualificada e gestão para a mais que o valor original, adicional que é pago pela melhorar as condições de recuperação de resíduos. Tetra Pak. A tecnologia blockchain é utilizada para o ras- Com isso, são criadas oportunidades de trabalho e treamento das embalagens e para garantir a segurança renda e qualificação profissional para pessoas em está- dos dados. “É um sistema inédito que usa a inovação da gio de vulnerabilidade social e econômica, que passam logística reversa para aumentar as taxas de reciclagem e por um programa de desenvolvimento socioprofissional melhorar a renda e condições de trabalho de catadores e de longo prazo, denominado Academia Recicleiros, que cooperativas”, afirma Valeria Michel, diretora de Susten- objetiva a emancipação econômica e operacional das tabilidade da Tetra Pak Brasil e Cone Sul. novas cooperativas de catadores formadas. Na prática, os catadores coletam as caixinhas, regis- Para Isabela de Marchi, Gerente de Sustentabilida- tram seu volume no sistema e vendem aos aparistas, de da SIG na América do Sul, a parceria com o Progra- que fazem o registro da transação. O programa Rede ma Recicleiros Cidades está alinhada aos objetivos da Longa Vida verifica as notas fiscais, faz o cálculo do estratégia global de sustentabilidade da companhia, valor da tonelada adicional vendida e manda o crédito Way Beyond Good. “Ao investirmos em um programa financeiro ao parceiro cadastrado no sistema. Com isso, sério e comprometido como esse, temos a certeza de à medida que aumenta o volume de material captado, que a cadeia de resíduos está sendo respeitada, porque o valor pago pelo resíduo torna-se maior. “A plataforma cumpre as determinações legais da Política Nacional dá a certeza de que os resíduos coletados efetivamente de Resíduos Sólidos, oferece trabalho digno, com pers- foram reutilizados e se transformaram em novos produ- pectivas para os catadores, e cria um ambiente mais sustentável, com mais qualidade de vida.” PAPEL CARTÃO COM RECICLAGEM CERTIFICADA APapirus, fabricante de papel cartão e maior recicla- dora do material no Brasil, também tem uma par- te da coleta das embalagens já utilizadas e descartadas pelos consumidores finais – tem participação menor. ceria com a cleantech Polen para certificar e catalogar “Nosso objetivo é aumentar a reciclagem, princi- informações referentes à rastreabilidade e à origem dos palmente pós-consumo. Hoje temos capacidade para materiais reciclados recebidos das cooperativas e de aumentar o uso desses materiais na nossa linha de pro- outras fontes. O volume coletado é transformado em dução, e esse projeto vai aumentar bastante a captação créditos de reciclagem, que poderão ser transferidos a de embalagens descartadas”, explica Christian Króes, brand owners para que cumpram suas próprias metas. gerente de Desenvolvimento de Produtos da Papirus. A Papirus é a primeira empresa de papel cartão a “A tendência é o volume de pós-consumo crescer, prin- integrar a plataforma da Pólen, especializada em solu- cipalmente porque este modelo soluciona a falta de ção e valoração de resíduos. Desta forma, fortalece sua estrutura de logística reversa de muitas empresas para estratégia de reciclagem, que já inclui a utilização de coletar e destinar os resíduos das embalagens descarta- fibras recicladas pós-industriais e pós-consumo na fabri- das pelo consumidor.” cação da sua linha Vita. A quase totalidade das fibras Por meio de um QR Code inserido nas embalagens recicladas utilizadas na Papirus é proveniente dos resí- produzidas com os cartões resultantes do programa duos pós-industriais gerados na produção das emba- o consumidor poderá acessar dados que demonstram lagens e no envase nos brand owners. Já o resíduo de os índices de uso de material reciclado da cooperativa, papel cartão pós-consumo – ou seja, aquele provenien- entre outras informações. 22 mar+abr 2022

SUSTENTABILIDADE LUXO RECICLADO MOËT HENESSY LANÇA VINHO EM GARRAFA FEITA COM PET RETIRADO DOS OCEANOS Primeira embalagem de plástico utilizada pela Château Galoupet Agigante do mundo de luxo LVMH Moët Hen- tem formato “flat”, ocupa menos espaço e pesa apenas 63 gramas nessy Louis Vuitton, proprietária de marcas de luxo como Louis Vuitton, Givenchy e TAG Vinho rosé em Heur, e de vinícolas como Château Cheval Blanc, garrafa de vidro Château d’Yquem, Moêt & Chandon, Hennessy e Veuve Clicquot, lança o seu primeiro vinho rosé de com 70% do Provence em garrafa de PET reciclado, com a marca material reciclado Galoupet. mar+abr 2022 O material utilizado na confecção das garrafas é obtido em áreas costeiras, retirado dos oceanos pelo projeto POP – Prevented Ocean Plastic, para que seja reciclado e transformado em resina, retornando então ao ciclo produtivo como novas embalagens. O projeto de sustentabilidade da companhia é mais amplo, e usa as garrafas para dar visibilidade a ações mais profundas realizadas em todo o processo produtivo. A propriedade Château Galoupet adquirida pela LVMH em 2019 e produtora do vinho, tem como objetivo produzir a bebida da forma mais ecológica possível. A vinícola trabalha em projetos para pre- servar a biodiversidade local de Provence, a vida das abelhas na região e tem um trabalho para ser carbo- no positiva, ou seja, retirar mais carbono da atmosfe- ra do que aquele que ela produz. O vinhedo da Galoupet está em conversão para a viticultura orgânica e nem no vinho e nem nas uvas é utilizado qualquer produto químico. A garrafa de PET, fabricada pela Packamama, antiga Garçon Wines, pesa apenas 63 gramas – quase dez vezes mais leve que uma garrafa padrão – e tem um formato “flat”. Por ser achatada, a embalagem é 40% menor espacialmente do que uma embalagem de formato circular, o que a torna mais eficiente para ser transoirtada. Outra novidade da vinícola é a nova embalagem do vinho Château Galoupet Cru Classé Rosé. O pro- duto é apresentado em garrafa de vidro âmbar, feita com 70% de vidro reciclado e pesando 499 gramas. 23

AEROSSÓIS SPRAY EM PET SIDEL APRESENTA NOVO RECIPIENTE DE AEROSSOL DE PLÁSTICO RECICLÁVEL ASidel, fornecedora de equipamentos e serviços Embalagem permite diferentes de embalagens, lançou seu novo recipiente tipos de design, gerando formatos de aerossol de “PET seguro”, o PressureSAFE. Segundo a empresa, a nova embalagem é uma opção personalizados de spray dispensadora ambientalmente sustentável para marcas de cuidados pessoais e domésticos. Base do recipiente melhora o incluindo opções de cinto e texturização e um ombro desempenho da embalagem cônico ou redondo. A transparência do PET também O PressureSAFE, destinado ao uso com produtos oferece aos consumidores visibilidade direta do produ- como perfumes e desodorantes, oferece às marcas por meio do design de to e marketing aprimorado com opções decorativas, uma opção de recipiente pressurizado de plástico, ao pré-forma otimizado como manga de corpo inteiro ou parcial”, explica invés do recipiente de aerossol de metal padrão. Derrien. O executivo afirma ainda que o PET é consi- derado uma alternativa viável dentro da indústria de Aprovado para o fluxo tradicional de reciclagem de embalagens devido às suas características competiti- PET, o PressureSAFE mantém os requisitos de segu- vas e sustentáveis. O preço médio de mercado do PET rança do produto para torná-lo tão seguro quanto os é quase metade do preço do alumínio. “Além disso, o recipientes de aerossol de metal. O design preserva PET tem uma pegada de carbono da matéria-prima a estrutura e protege contra vazamentos e quebras que também é metade do alumínio e é 100% reciclá- durante o transporte e o armazenamento. A base do vel. Esses recipientes de aerossol são reciclados dentro recipiente PressureSAFE melhora o desempenho da do fluxo de PET”, ele conclui. embalagem por meio de um design de pré-forma e nível de viscosidade otimizados. mar+abr 2022 De acordo com a Sidel, a flexibilidade da garrafa de PET para aerossol pode gerar mais opções de design. A transparência do material também oferece visibilidade direta do conteúdo, assim como gera oportunidades adicionais de marketing. O gerente de inovação de embalagens e ferra- mentas da Sidel, Mikael Derrien, diz que a adoção dos recipientes de aerossol PressureSAFE permite que as empresas demonstrem suas credenciais de econo- mia de carbono, refletindo seu próprio compromisso ambiental, ao mesmo tempo em que respondem às demandas de sustentabilidade de seus clientes. “Pega- mos nossos trinta anos de experiência em design téc- nico, inovação e embalagem e traduzimos isso no novo produto PressureSAFE”, ele ressalta. A fabricante argumenta que o recipiente de aeros- sol de PET oferece às empresas maiores oportunidades de design, em comparação com as embalagens metá- licas tradicionais. “A essência do PressureSAFE é seu design exclusivo de base de contêiner, que incorpora estruturas patenteadas específicas da marca. Pode ser personalizado com diferentes designs de corpo, 24

EVENTO O MAIOR DE TODOS COM INSCRIÇÕES ABERTAS, PRÊMIO GRANDES CASES DE EMBALAGEM PROJETA NÚMERO DE PARTICIPANTES QUE SUPERA O DAS QUINZE EDIÇÕES ANTERIORES Desde que abriu o processo de inscrições, no CERIMÔNIA: 18 DE OUTUBRO início de março, tem sido intensa a procura das empresas para submeter projetos ao Os convites para a cerimônia de premiação, que ocorrerá em São Prêmio Grandes Cases de Embalagem deste ano. Paulo, estão à venda, com valores promocionais. Consulte a tabela “Geralmente, temos um bom volume de inscritos logo em www.grandescases.com.br/regulamento e garanta seu lugar. no início, pois há uma tabela diferenciada que assegu- ra valores mais baixos para quem se antecipa”, conta PATROCÍNIO PLATINA Marcos Palhares, diretor da The Packaging Academy, organizadora do evento. “Mas este ano observamos PATROCÍNIO OURO esse fenômeno ocorrer com maior intensidade, o que nos leva a crer que superaremos, no final das inscri- PATROCÍNIO PRATA ções, o número de participantes de 2021, que já havia sido o maior da história da premiação.” Com cerimônia presencial marcada para 18 de outubro, em São Paulo, o aumento no número de inscrições gera a expectativa de casa cheia, após dois anos de afastamento em função da pandemia. “As pessoas querem se reencontrar, voltar à vida normal, e este é o momento de reforçar as parcerias comerciais. No Prêmio Grandes Cases de Embalagem sempre enfatizamos a importância do networking, e por isso só revelamos os ganhadores no dia do evento”, conta Palhares. “Sempre enfatizamos que a festa deve ser um evento de relacionamento, e não um ritual de entrega de troféus.” Os organizadores contam que os preparativos para o evento já estão em curso, com o objetivo de que a festa seja muito acolhedora e cheia de conteú- do. O projeto de ambientação está sendo elaborado por uma equipe de alunos dos cursos de arquitetura e design do Centro Universitário Senac, sob supervisão de um grupo de professores, e promete trazer bastan- te inovação na ocupação do espaço. Também já está caminhando o processo de produ- ção dos troféus que serão entregues aos ganhadores. A cor foi definida com base nos estudos de tendências conduzidos pela Avient, parceira na produção das peças (junto com Braskem, Global Moldes, Plimax e Antilhas), e já está em testes. Mas, como nos outros anos, este é outro segredo que só será revelado no dia da cerimônia. mar+abr 2022 25

ENTREVISTA PORTAS ABERTAS PARA A INOVAÇÃO INSTITUTO DO SENAI OFERECE DIVERSOS SERVIÇOS À INDÚSTRIA DE EMBALAGENS OSenai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, conhecido por sua forte atuação na educação, tem cen- tros de pesquisa e desenvolvimento que ajudam a indús- tria. Em São Bernardo do Campo, em São Paulo, funciona o Institu- to Senai de Inovação em Materiais Avançados e Nanocompósitos – ISI, que tem diversos serviços voltados à cadeia de embalagens, tanto para as indústrias produtoras quando para os end users. No Instituto são realizadas pesquisas e testes de materiais que podem ser incorporados às embalagens trazendo benefícios de perfor- mance e melhorias de propriedades. Nesta entrevista, o coorde- nador de relacionamento com a indústria do Instituto, Anderson Maia, conta quais são os serviços oferecidos e como a indústria pode se beneficiar deles. Anderson Maia, coordenador de relacionamento com a indústria do Instituto Senai de Inovação em Materiais Avançados e Nanocompósitos – ISI 26 mar+abr 2022

Como surgiu a ideia de se criar/instituir o Núcleo? Foi demanda de algum segmento específico “A PARTIR DE da indústria de plásticos? Ou a ideia partiu da própria direção do SENAI? ESTRUTURAS COMUNS, JÁ O Instituto existe há mais de cinco anos, e faz parte de uma rede de 27 institutos CONHECIDAS, de pesquisa. O Senai sempre foi muito conhecido como formador de recursos huma- É POSSÍVEL nos, tanto técnicos como de formação continuada. Por uma determinação da direto- AMPLIFICAR SUAS ria, foi decidida a migração para a parte de pesquisa e inovação para a indústria. Esses PROPRIEDADES” 27 centros estão espalhados pelo Brasil, e a gente responde para o diretório nacional do Senai, que fica em Brasília. Cada um desses centros tem certas características da 27 região onde está instalado. O centro de pesquisa Minas Gerais, por exemplo, é voltado para a área de metalurgia. Aqui em São Paulo nós temos três institutos. Tem o nosso, que é voltado para a área de materiais avançados e nanocompósitos e fica dentro do Senai Mario Amato, em São Bernardo do Campo, e mais dois: um voltado para a área de biotecnologia, no Bom Retiro, e um na de manufatura avançada, em Santo Amaro. O que são os materiais avançados e os nanocompósitos? De uma maneira simplificada, materiais avançados seriam quaisquer materiais cujas características de performance e entrega de propriedades, sua aplicação, vão além de todos os outros materiais que têm o comportamento “comum”. Um material avançado pode conseguir uma excelente propriedade de barreira, por exemplo. Então eu vou ter as minhas estruturas comuns para oferecer barreira, que a gente já conhe- ce, mas eu consigo fazer muitas modificações nessas estruturas e cujas propriedades são amplificadas. Isso é interessante no sentido de que posso caminhar para alguns efeitos que o mundo procura em termos de tendência. Eu posso ter uma redução de espessura, ou seja, consigo utilizar menos matéria prima em uma embalagem e entregar uma propriedade muito melhor que a do material original, justamente por- que estou colocando um material que tem um desempenho muito elevado. Um outro material avançado que a gente vem trabalhando de maneira muito mais madura é quando a falamos de tecnologia voltada à biodegradabilidade. Materiais biodegradá- veis podem ser considerados materiais avançados a partir do momento que ese conse- gue trabalhar em sistemas totalmente diferenciados quanto à própria biodegradação. Lá atrás a gente falava basicamente de resinas oriundas de fontes renováveis. Hoje eu já consigo falar de sistemas de enzimas específicas, que através de técnicas de capsu- lação, de tratamento dessas enzimas, elas podem ter níveis de atividade e provocar a biodegradação de materiais de fontes fósseis. Consigo desenvolver materiais que podem ter atividade sobre alguns poliésteres. Por exemplo, hoje posso desenvolver um sistema de biodegradabilidade para uma garrafa PET. A gente é a favor da recicla- gem, mas isso acaba sendo uma decisão específica de cada projeto. Além da indústria de plásticos o Núcleo atende outros setores da área de embalagem? Entendemos que quando se buscam propriedades de barreira, especificamente falando, você olha muito para o vidro, para metais, para estruturas dos polímeros dos plásticos, e o papel acaba ficando um pouco de escanteio, por não ter propriedades de barreira. Hoje dá para você buscar soluções para propriedades de barreira para papel também. E quando eu falo desse desafio, nós podemos ter melhores propriedades de barreira a gordura, a umidade, até mesmo a oxigênio ou algum tipo de gás que sejas interessante para o produto que está dentro da embalagem. Também é possível fazer estudos de ligas especiais, modificação através de adição de componentes, que podem ser diversos nas estruturas dos metais, que tornam esses metais mais resisten- tes a processos de corrosão, por exemplo. Esse é o caminho quando a gente trata de material avançado. A nanotecnologia vem como uma ferramenta poderosa. Quando você coloca todos esses modificadores possíveis nesses materiais, seja ele plástico, metal, vidro ou celulose, você sai de uma função micrométrica para uma função nano- mar+abr 2022

“PARA NÓS É métrica, aumenta-se muito a eficiência desses aditivos. Então eu vou usar menos aditi- FUNDAMENTAL vos e conseguir performance muito maior. O resultado é muito mais interessante, e ao mesmo tempo bate em uma coisa que para nós é muito importante, que é usar menos OTIMIZAR e entregar mais, o que significa que a gente está atendendo a todas as boas práticas RECURSOS. A de regulatórios. Para nós é fundamental otimizar recursos. A nanotecnologia vem com NANOTECNOLOGIA essa pegada. A gente já tem algumas empresas que desenvolvem nanoaditivos, que já VEM COM ESSA estão disponíveis no mercado, que podem ser aplicados em produtos e em materiais diversos, assim como eu posso fazer todo o processo de síntese de novas estruturas PEGADA” ou até mesmo caracterizá-las especificamente. Como exemplo, o desenvolvimento a partir de nanometais: tem o metal, você transforma em nanometal e aí eu vou para 28 estudos de performance, que pode, por exemplo, ter propriedades antimicrobianas. No mercado já é comum a nanoprata, mas eu posso trabalhar com nanocobre, nano- partículas de ouro, nanopartículas de óxido de titânio. Cada uma dessas estruturas vai ter um determinado tipo de efeito ou de performance. A base da pesquisa da nano- tecnologia não se limita apenas a dizer apenas “eu estou aplicando”. Os processos existentes hoje foram desenhador para a gente atuar com estruturas micrométricas. Se você diminui muito essa dimensão, muito provavelmente esses processos con- vencionais acabam não sendo viáveis. Muitas vezes você tem que acertar esse passo para que se consiga inserir esses aditivos nos estudos dos materiais. Tem a parte de síntese, de aplicação, de processo. A parte de nanotecnologia, pensando como síntese de nanomodificadores que eu vou aplicar nos meus materiais convencionais. Uma vez que eu mudo as características dos materiais convencionais eu posso dar a eles uma série de novos atributos, que vão desde redução de espessura até conferir uma pro- priedade nova que antes esse material não tinha. Aqui no nosso laboratório consegui- mos avaliar se uma nanoestrutura realmente é uma nanoestrutura. Nós temos muitos casos em que se acha que está trabalhando com uma nanoesturtura e não é o caso, e isso pode atrapalhar todo o projeto. Como se dá a integração do SENAI SBC com outras unidades da entidade para desenvolver estudos e projetos? A nossa história é mais voltada ao plástico. Construímos um time que pensa muito bem no quesito polímeros, mas a gente trata muito dos outros materiais. Temos mui- tos profissionais oriundos do mercado de cerâmica e vidro. Ao mesmo tempo, o Senai trabalha em rede. Eu tenho especialistas, por exemplo, que falam com alta clareza sobre celulose, que estão baseados no Paraná, em Telêmaco Borba, onde está o cen- tro de tecnologia da Klabin. A gente tem recursos para desenvolver os nossos projetos no time interno, mas quando precisamos acessamos a rede para construção desses projetos, para ter a melhor entrega para as empresas, para os nossos clientes. Há a possibilidade de trabalhar com todos os materiais para embalagens, sendo que na nossa equipe de São Bernardo do Campo termos uma competência muito grande na área de polímeros. Qual a estrutura do Núcleo? Aqui no nosso centro nós temos mais de oitenta pessoas com dedicação exclusi- va, entre doutores, mestres, especialistas, técnicos. Criamos também todo um apoio administrativo, na área de marketing, de comunicação, de gestão de resultados, no escritório de projetos. A gente orienta as empresas, dá suporte de como elas se inse- rirem nas plataformas de fomento. Além de ser um instituto de pesquisas, nós somos um centro da Empresa Brasileira de Pesquisa Industrial e Inovação – Embrapii. Quando você coloca esse aporte do Embrapii de fomento para a construção de projetos de PD&I é preciso ter todo um arranjo de entrega de todas as fases do projeto dentro de um modelo que a Embrapii preconiza. E a melhor maneira de fazer isso é se ter uma mar+abr 2022

equipe dedicada justamente a fazer a gestão dos projetos. Temos uma equipe que exe- “O SETOR DE cuta e uma equipe que faz gestão para que não haja nenhum problema em termos de EMBALAGENS atraso ou de formas de atuação que estejam fora do que as diversas redes de fomento TEM UM nos orientam a fazer. LABORATÓRIO DE BIODEGRADABILI- Quais serviços o ISI oferece e quais os setores da indústria podem deles se beneficiar? DADE, UM Os nossos 15 laboratórios têm suas entregas específicas. O setor de embalagens NA ÁREA DE MIGRAÇÃO E tem um laboratório na área de biodegradabilidade, um laboratório na área de migra- UM TERCEIRO ção – aquela parte de regulação para contato direto com alimentos, por exemplo –, NA ÁREA DE tem um laboratório na área de propriedade de barreiras, e tem um laboratório bastan- PROPRIEDADE DE te completo na área de caracterização de ciências e biomecânica. Determinada indús- BARREIRAS” tria pode chegar e fazer um teste específico. Essa é uma primeira entrega que eu posso dar. Testes de resistência, por exemplo. Se você precisa saber a força de fechamento de uma tampa, nós fazemos os testes e medições e elaboramos um relatório. Se eu preci- so saber se tem migração de componentes residuais de aldeídos da embalagem de PET para o alimento, vou fazer um teste seguindo o padrão Inmetro, já que a maioria dos ensaios é credenciada pelo Inmetro, e vou entregar as respostas. Agora é diferente, por exemplo, quando se quer trocar uma garrafa PET para água por uma garrafa de papel, mas essa água é carbonatada. Aí não é simplesmente um teste. É necessária uma pes- quisa, então a gente vai desenhar todo o escopo dessa pesquisa, e isso vai ter um valor. Como é feita a remuneração desse serviço pelas empresas interessadas? Existem duas formas de se pagar esse serviço: através de uma contratação direta ou através de um pedido de fomento, que vai para uma plataforma. No caso especí- fico do Embrapii, o financiamento é tripartite. O Senai coloca 33%, a rede Embrapii coloca 33% e a empresa contratante coloca o restante. Então um projeto que custaria um milhão de reais para a empresa vai sair por 330 mil. E o pagamento desse valor é feito da seguinte forma: se o projeto tiver quatro fases, ela sói vai colocar dinheiro a cada início de fase. Se um projeto tiver duração der dois anos, os reembolsos serão mar+abr 2022 29

“TEMOS UMA feitos somente a cada seis meses. Também dá parfa fazer o projeto em conjunto ESTRUTURA BEM entre mais de uma empresa. Voltando ao exemplo da garrafa: o projeto pode ser encomendado pelo fabricante da embalagem e pelo dono do produto em si. Então MODERNA. É aqueles 330 mil podem ser divididos por dois. Mas isso sempre é muito conversado, O ESTADO DA muito detalhado. Resumindo: é um processo extremamente flexível, desburocrati- ARTE. TEMOS zado e ágil. Eu já cheguei a aprovar projetos em 45 dias, entre a empresa solicitar, INVESTIMENTOS a gente colocar no papel, alinhar, aprovar o projeto e iniciar o trabalho. É claro que CONSTANTES EM existe um outro lado, que são as questões jurídicas. Tem uma relação de patentes, EQUIPAMENTOS” de royalties. Numa área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, a gente sabe que todo centro de pesquisa vibra com alguns indicadores, e para nós esse indica- 30 dor é geração de patentes. A gente atende desde pequenas empresas, startups, até grandes empresas, buscando sempre o melhor mecanismo de fomento – em alguns casos pode ser até via Sebrae. Para empresas grandes, onde o PD&I é um fator gerador de custos e tem riscos, o Senai oferece uma ferramenta que são os habitats de inovação, ou seja, a indústria pode ter alguns metros quadrados aqui dentro. Nós também incubamos startups, mas é mais do que isso. Eu estou tra- zendo a gigante, a grande empresa, para ela estar dentro do Senai, a gente dividir recursos humanos e ela aproveitar a estrutura que o Senai já tem. Ao invés de ela comprar um microscópio eletrônico de última geração para utilizar na empresa, ela utiliza o nosso. Qual a estrutura do ISI? Nós temos uma infraestrutura bem moderna. Podemos dizer que é “o estado da arte”. Temos investimentos constantes em equipamentos, todos os anos. O investi- mento mais recente foi justamente para o setor de embalagem. É toda uma infra- estrutura que vem sendo colocada, desde sistemas para testes, essa parte analítica, metrológica, que abrange a parte de biodegradabilidade, de migração, de estudos de barreira, de impermeabilidade, de selabilidade. E temos investimentos na área de equipamentos para a parte de processos, com o extrusoras, periféricos diversos, porque a gente tem cada vez mais uma atividade na área de economia circular. Então temos essa parte de tratamentos dos materiais, como fazer com as condições pós-consumo. É uma quantidade de infraestrutura que está sendo revisitada para que possamos ter a melhor forma de entender o comportamento desses materiais, como processar, que propriedades que ele te dá e como fazer o material voltar para a cadeia de forma mais interessante. Participamos da rede de plásticos da Abiplast, e fizemos uma rodada inicial com treze empresas, justamente com foco na circularida- de da embalagem flexível. A ideia agora é justamente ampliar esses estudos. Vocês têm parcerias fixas com as indústrias ou cada projeto é independente e tem seu pró- prio financiamento? A estrutura que a indústria financia é voltada para a educação. A parte de pes- quisa e desenvolvimento, assim como a parte da rede de metrologia, tem que ser sustentável. São as empresas contratantes que pagam. O nosso modelo de negócio é como o de qualquer outra empresa. Temos que fazer a coisa acontecer. O dinheiro é oriundo ou de contratações diretas ou daquele sistema de fomento. Cada projeto tem seu mecanismo de construção, seu próprio financiamento. De uma maneira mais simples: o instituto tem que buscar a sua sustentabilidade. Não buscamos lucro, mas sustentabilidade. Não vamos trabalhar no vermelho. Poderia citar casos já desenvolvidos? Que empresas foram contempladas? A aplicação de recomendações deu que resultados? Nós temos cláusulas de confidencialidade. O que eu posso dizer é para que mar+abr 2022

caminhos estamos indo. Alguns exemplos: propriedades de barreira de embala- “SOMOS A CASA gens para defensivos agrícolas; melhoria de propriedades de barreira para papel; DO SENAI. AS uso do grafeno, já que nós participamos da Rede Nacional do Grafeno, que reúne PORTAS ESTÃO os maiores institutos do país que trabalham com p material. As soluções vão ABERTAS PARA dentro desse crivo. Eu vou ter desde embalagens para o grande público, como TODOS. A alimentos e bebidas, mas não se restringindo a isso. Vou trabalhar com embala- ESTRURTURA É gens do setor de químicos e também buscar soluções para embalagens de trans- MUITO FLEXÍVEL porte. Eu fiz projetos de embalagens de transporte com sensores para o setor E DESBUROCRA- automotivo. São embalagens que vão e que voltam e o monitoramento é feito TIZADA” por satélite, onde quer que ela esteja. Uma outra questão interessante é quando se fala do desenvolvimento de soluções para melhorar uma determinada cadeia, 31 onde é aumentada não somente a condição de shelf life, mas a qualidade senso- rial de produtos, isso associado à embalagem. Por exemplo, o comportamento específico de embalagens na cadeia do frio, de um setor de comestíveis gelados: no primeiro ponto de entrega, a qualidade do produto é uma. Na décima abertu- ra da porta do caminhão, o aspecto e a qualidade do alimento podem ter se alte- rado. Isso tem impacto na sensorialidade do consumidor. Como vou pensar numa solução de embalagem para isso? Na pandemia, houve um aumento muito gran- de do delivery, e uma das coisas que se aponta nas embalagens o sensorial. É como vamos fazer melhorias nas embalagens para evitar vazamentos, manchas, produtos murchos... Então interagimos com esse setor para fazermos melhorias nas embalagens e entregamos isso em forma de projetos. Qualquer projeto de pesquisa que a gente faça, mais do que uma solução para a empresa, é uma solu- ção para a sociedade. É nesses desafios que vamos pensar, com desempenho, materiais avançados, solução para a indústria e ao mesmo tempo a conveniência para o consumidor e a redução do impacto no meio ambiente. Há algum outro serviço oferecido pelo Instituto? Temos uma área muito forte e uma rede muito interessante para o design. Quando falamos em design, falamos em vivência e experiência em design. A gente não está falando em concepção de forma, mas da possibilidade de materiais alter- nativos. A gente está falando de biomimetismo, de biofilia, ou seja, você estudar um novo material e aplica esse material na sua nova embalagem. A gente vai desde o desenvolvimento do material, desenho da embalagem, simulação, a pro- totipagem e a construção de ferramentas. Quando eu falo de construção de ferra- mentas, isso é muito importante, porque centenas de empresas pequenas podem lançar o produto mais inovador do mundo, mas quando precisa da embalagem, ela não consegue, porque os pedidos mínimos são gigantes, então ela acaba pegando uma embalagem standard em um distribuidor. Estamos criando ferramentas para que essas empresas menores tenham oportunidade de ter uma embalagem mais específica para seu produto. Quem pode utilizar a estrutura do ISI? Como interessados podem entrar em contato? Somos a “casa Senai”. As portas estão abertas para todos. A estrutura é muito flexível e desburocratizada. A remuneração do serviço vem de contratação direta ou por redes de fomento. As parcerias são múltiplas e muito fáceis de ser acessadas. O contato é muito tranquilo. Tem uma equipe de marketing, de vendas e de suporte ao cliente que é bem acessível. Nós recebemos visitas diariamente. É só ligar para agendar. A gente quer ser um centro de referência em packaging. Nós estamos caminhando para isso, e temos recebido investimentos pesados. A própria Fiesp está olhando para isso, para os centros de pesquisa, apostando no crescimento desse novo serviço para a indústria de embalagens. mar+abr 2022





Almanaque PATROCÍNIO Por que 473? Bom para todos O volume exato de 473 mililitros para o latão As propagandas de medicamentos de alumínio para bebidas tem um motivo de no início do século passado pro- ser. Criada nos Estados Unidos, a embalagem metiam verdadeiros milagres. E as lá tem o volume de 16 onças líquidas (16 promessas feitas por fabricantes fl.Oz). Como essa lata fez sucesso no mercado de fortificantes não eram diferen- tes. Nos anos 1930, entre outras norte-americano, os fabricantes propriedades, o Tônico Bayer passaram a produzir a emba- apresentava soluções desde para lagem com esse volume em falta de apetite até para rejuve- outros países. Fazendo-se nescimento. Na época, o produto a conversão para o siste- era vendido em garrafas de vidro. ma decimal, chega-se ao número de 473 mililitros. Pura e fresquinha Não existe documentação que com- hoje, compostas por uma camada Anúncios do tônico Bayer prove a afirmação de que o filtro de cerâmica porosa por fora e, da década de 1930 de barro seja invenção brasileira, na parte interna, uma porção de mas sua ampla presença nos lares carvão ativado e prata coloidal, um ALMANAQUE EM VÍDEO de todo o país podem, quem sabe, poderoso bactericida. A função fil- valer como atestado. O que se tradora começa, portanto, na parte hDtutlpcso:r/a/b: ditr.olyp/semem-dbuallcaodrianhos um a um conta é que, até a virada do século superior do conjunto (por pressão 19 para o 20, a água que a popu- da água), age mais na passagem lação local bebia era carregada de pela vela e se completa na parte inúmeros poluentes naturais. de baixo, a da “água pura e fres- Foi com a chegada massiva de quinha do pote”. imigrantes europeus que as coisas Recentemente, pesquisadores começaram a mudar nesse campo. americanos concluíram que o Eles traziam na bagagem velas fei- sistema é um dos mais eficazes tas de pedras porosas ou de metal em termos de retenção de cloro, para filtrar água, assim como os pesticidas, ferro, alumínio, chumbo potes reservatórios. Foi então que e, claro, bactérias. alguém percebeu que as jazidas de argila do interior de São Paulo serviam para fazer bons potes – e bons filtros. A vela primordial (um disco de cerâmica porosa colado com breu e cera) deu certo desde o início, até chegar às eficientíssimas velas de Filtragem se dá por pressão da água no compartimento superior 34 mar+abr 2022




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