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Revista_Você+ Edição 26

Published by Jorge Penedo, 2020-09-24 00:27:14

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EDIÇÃO 026 ANO IV NOVEMBRO 2019 R$ 12,00 Cachoeiro, vivo só pensando em ti... Studio Edgard Baião







editorial Todos somos um só. EXPEDIENTE A razão de publicarmos uma entrevista sobre tema específico – coope- rativas – em uma edição de caráter amplo – homenagem aos valores lendá- Diretor-Executivo: rios de Cachoeiro – justifica-se. É que cooperativas são sinônimo de organi- Renato Ramos Magalhães zação, desenvolvimento, engajamento, ação mútua e cooperação. Tudo de 28 99273-4547 que uma cidade precisa para desenvolver-se e prosperar. Do jeitinho que Textos: Dr. Pedro Scarpi, presidente da OCB-ES, faz... Leiam e concordem conosco. Marccos Leão 28 98804-2803 Antes, porém, uma observação: toda esta edição especial que está em Editoração e Design: suas mãos foi dedicada às incontáveis personalidades e paisagens icônicas Marcelo Mothé que colocaram Cachoeiro de Itapemirim numa condição especial frente a 28 99907-0254 outras cidades do Brasil e, quiçá, do mundo. Como surgiu esta edição? Exa- Reporterfotográfico: tamente para mostrar que nossa cidade tem útero fertilíssimo. Já deu pro- Pedro Junior vas disso um sem número de vezes. No presente e no futuro não haverá de 28 99984-7125 ser diferente. Neste pedaço de chão há espaço para muitos, para todos que Depto. Jurídico/Financeiro: acreditam em si e nos ares que ventam por aqui. Quiseram assim os desíg- Rodrigo Magalhães nios da vida e assim é. 28 99975-4344 Assessoria Contábil: Imaginem, caros leitores, quem viveria sem o trabalho digno e honrado Eraldo Luiz Fonseca dos Santos de profissionais que cito aleatoriamente abaixo, e que são praticamente in- 28 3521 7031 visíveis aos nossos olhos insensíveis. Jornalista Responsável: Renato Magalhães Agora, ao cerne da questão, aos anônimos que não tiveram e provavel- Mtb-3462/ES mente nunca merecerão uma Edição Especial, a não ser a das suas próprias Impressão: vidas. Dedico a eles, com louvor, este Editorial. Gracal - Gráfica e Editora 28 3522-2784 É... amigos, sem eles nossa vida seria uma baita e retumbante merda!!! Contato/Atendimento: Saudemos e valorizemos o varredor de rua, conhecido como gari, como 28 99273-4547 aquele do Rio de Janeiro que entre uma vassourada e outra ensaia seus pas- [email protected] sos de mestre sala; a empregada doméstica que, de sol a sol, vive de limpar e Tiragem: 2.500 exemplares cozinhar; a faxineira, que faz o que a empregada doméstica não teve tempo Novo Endereço: de fazer; o copeiro de zona do baixo meretrício; o desentupidor de latrinas; Rua Mário Romanelli, Nº 67 o que trabalha na boca da fornalha das fundições; o virador de massa nas Bairro Gilberto Machado construções; o guia de cego; o policial, no enfrentamento de rajadas de tiros CEP: 29303-260 - Cachoeiro - ES da bandidagem; o bombeiro militar, peitando chamas e sujeito a desabamen- tos sobre a cabeça; aqueles “fundistas”, que correm quilômetros durante as A Revista Você+ agradece a imprescindí- noites catando lixo por toda a cidade, cantando e brincando; o pessoal de vel colaboração dos renomados fotógra- frente dos hospitais de traumas, urgência e emergência; o “coroinha”, vítima fos José Carlos de Oliveira, Edgard Baião e de assédio de religiosos; o desentupidor de fossas; o vendedor de picolés, João Augusto Faria dos Santos. que “corta” a cidade inteira sob sol a pino para ganhar centavos a cada picolé A Revista Você+ é uma publicação vendido (...e cantam e assoviam, movidos não sei por qual tipo de combus- mensal. Seu objetivo é divulgar fatos tível); o auxiliar de necropsia, vencendo as longas horas de trabalho insalu- e versões relacionados ao interesse de bre nos necrotérios; o eletricista de alta tensão, que lida dia após dia com as Cachoeiro de Itapemirim e região, privi- temíveis “redes vivas”, cabos de alta tensão, energizados, em tempo real; o legiando pessoas, acontecimentos, pers- pectivas e outras temáticas indispen- cuidador de idosos; o maquiador de defuntos; o... o... a... sáveis. Praticamos um jornalismo ético, lista interminável de heróis anônimos que se “se ferram” apartidário, atualizado com o seu tem- dia após dia e horas seguidas para a nossa vida parecer po e, acima de tudo, independente. melhor. A Revista Você+ não se responsabiliza pelos artigos assinados, que são de inteira respon- A galera da VOCÊ+ abraça todos vocês, criando sabilidade de seus autores. aqui, senão a sua Edição Especial, pelo menos a sua Pá- gina Especialíssima, digna de toda honra e glória. Acreditamos em Justiça Divina, na certeza de que os últimos serão os primeiros... Por Renato Magalhães

entrevista Entrevista com Dr. Pedro Scarpi Presidente do Sindicado e Organização das Cooperativas Brasileiras do Espírito Santo (OCB/ES) por Renato Magalhães A revista VOCÊ+ convidou o Dr. Pe- dro Scarpi Melhorim, cachoeirense, nas- cido no ano de 1966 e atual Presidente do Sindicado e Organização das Coo- perativas Brasileiras do Espírito Santo (OCB/ES), para uma rodada de conver- sas sobre o fantástico universo das Coo- perativas. Dr. Pedro Scarpi Melhorim é médico formado no ano de 1992 pela Universi- dade Federal do Espírito Santo. Concluiu sua Residência em Pediatria e Terapia Intensiva Pediátrica no Hospital Infan- til Nossa Senhora da Glória, em Vitória, com títulos de especialista pela Socieda- de Brasileira de Pediatria. Desenvolve as suas atividades em seu consultório e em hospitais de Cachoeiro de Itapemirim. Dono de sólido currículo, Dr. Pe- dro Scarpi é cooperado da Unimed Sul Capixaba desde 1996 e sempre atuou pelo cooperativismo. Acumula institu- cionalmente as funções de Vice-Presi- dente da Unimed Federação Espírito Santo e de Conselheiro da Unimed Sul Capixaba. Na Unimed Sul Capixaba foi Presidente por duas vezes e Dire- tor também por duas vezes, ambos os mandatos de quatro anos cada um. 6

Em termos conceitu- nismo no setor. do que as Cooperativas E qual estrutura orga- ais, qual é o princípio fun- Vale destacar que em geram aproximadamente nizacional suporta e ope- damental que caracteriza 8 mil empregos diretos e racionaliza as Cooperati- uma Cooperativa? 1995, o Cooperativismo 1.360 indiretos. No con- vas em suas mais diversi- brasileiro alçou reconhe- junto, são mais de 1 mi- ficadas atividades? O cooperativismo, cimento internacional lhão de pessoas envolvi- mais do que um modelo com a eleição de Rober- das com o cooperativismo No Brasil, o movi- de negócios, se propõe co- to Rodrigues, ex-presi- no Espírito Santo, se con- mento é representado mo uma filosofia de vida. dente da OCB, e primeiro tarmos que cada coopera- nacionalmente pelo Sis- É uma forma de atuação não-europeu a presidir a do tem família e essas fa- tema OCB, composto que busca transformar o Aliança Cooperativista In- mílias também estão dire- pela Organização das mundo em um lugar com ternacional (ACI). tamente ligadas ao setor. Cooperativas Brasileiras mais oportunidades para (OCB), pela Confedera- todos, justo e equilibrado. Nada melhor do que O Cooperado é real- ção Nacional das Coo- O ato de cooperar aponta números consolidados para mente o fundamento prin- perativas (CNCOOP) e para um caminho no qual expressar o real significa- cipal e essencial das Coo- pelo Serviço Nacional de é possível unir o desenvol- do de determinadas ações. perativas? Aprendizagem do Coo- vimento econômico e so- Sobre as Cooperativas, por perativismo (SESCOOP). cial, produtividade e sus- exemplo, cite dados que Sim, sem sombra de Cada qual com um obje- tentabilidade, individual e possam fundamentar a sua dúvidas! As sociedades tivo específico, mas to- coletivo. real dimensão ao redor do cooperativas têm as pes- dos voltados para o de- mundo. soas como estrutura ba- senvolvimento do coo- Trocando em miúdos, silar de sua constituição. perativismo. como tudo começou no Em todo o seu con- São delas que partem as Brasil? texto, os números rela- principais tomadas de Cachoeiro, através cionados às Cooperativas decisão em uma Coope- da sua gestão à frente da O cooperativismo no impressionam. Senão, ve- rativa, como a eleição da OCB/ES, segue a sua tra- Brasil possui dois marcos jamos: ao redor do mundo Diretoria, a escolha dos dição de gerar valores, li- fundadores. Oficialmen- elas somam 2,6 milhões Conselheiros e a definição deranças que se destacam te, o movimento coope- de unidades; geram 250 da política de distribuição no cenário nacional das rativista teve início em milhões de empregos; dos resultados. Todos po- mais diversas expertises... 1889, em Minas Gerais, estão presentes em 100 sicionamento e decisão com a fundação da Coo- países; congregam, no ge- são obrigatoriamente de- No meu caso espe- perativa Econômica dos ral, 1 bilhão de pessoas; finidos pela Assembleia cífico, não diria assim. Funcionários Públicos de vejam, se as 300 maiores Geral, órgão máximo e so- Apenas integramos um Ouro Preto, voltada pa- Cooperativas do planeta berano composto por to- sistema que não valoriza ra consumo de produtos fossem um país, ele seria dos os Cooperados. Resi- as individualidades. Co- agrícolas. Esta primeira a 9ª economia mundial; de aí o segredo do sucesso mo fartamente demons- cooperativa ensejou a 1 a cada 7 pessoas no sólido e crescente das Co- trado acima, simples- formação de outras nos mundo são associadas a operativas. mente juntamos nossos estados de Pernambuco, Cooperativas. No Brasil, esforços pessoais a uma Rio de Janeiro, São Paulo são 6.887 cooperativas, Estudando um pouco legião de pessoas bem- e Rio Grande do Sul. tendo cerca de 14.6 mi- o fantástico universo das -intencionadas que inte- lhões de cooperados em Cooperativas, percebemos gram e formam o fantás- Mas é de 1902 a coo- seus quadros sociais e com clareza a sua impor- tico universo das Coope- perativa mais antiga e ain- geram aproximadamente tância na Economia de ma- rativas. da em atividade no Brasil, 425mil empregos diretos. neira geral. a Sicred Pioneira. Funda- Em uma única frase da pelo padre suíço The- Como o Espírito Santo Sim, essa realidade seria possível resumir o odor Amstad, a primeira se coloca no ranking do ce- impressiona. Provavel- espírito cooperativista? cooperativa de crédito nário nacional das Coope- mente o leitor não saiba brasileira nasceu em No- rativas? que apenas na área da Sim, parafraseando o va Petrópolis, Rio Grande saúde, por exemplo, apro- senhor Marcio Lopes de do Sul, e é ativa até os dias Temos, hoje, 130 Co- ximadamente 75% dos Freitas, Presidente do Sis- atuais. Já as cooperativas operativas registradas no atendimentos prestados tema OCB: “Sem viabilida- do ramo agropecuário co- sistema OCB/ES. Elas es- na rede pública de saúde de ECONÔMICA, a orga- meçam a se constituir a tão instaladas de norte a do Espírito Santo são de nização cooperativa não partir de 1906, ocupando sul do Estado. Ao todo, há Cooperativas de Especia- existe. Sem viabilidade o espaço na produção ru- aqui aproximadamente lidades Médicas. SOCIAL, uma cooperativa ral e ganhando protago- 447 mil cooperados, sen- não tem razão de ser.” 7







Revista VOCÊ + se declara à lendária Cachoeiro E festeja o seu verdadeiro tesouro em forma de capital humano, assim como expõe todo o potencial da cidade... Famosa por ser mento humano - talvez, conterrâneos. @jcoliveira11 berço de músi- um caso do tipo único no Celebrada por seus cos, escritores, mundo -, Cachoeiro de não se orgulhe, ao men- poetas e de muitos ou- Itapemirim envolve toda grandes artistas em be- cionar a terra natal, ou ao tros talentos em diver- uma mítica que desperta las músicas, versos e te- contemplar um de seus sas áreas do conheci- paixão eterna em muitos las, não há cachoeirense poéticos cartões-postais, que não se emocione, ou como a pedra do Itabira, o Frade e a Freira... O Frade e a Freira João Augusto Faria dos Santos Na atitude piedosa de quem reza 11 E como que num hábito embuçado, Pôs naquele recanto a natureza A figura de um frade recurvado. E sob um negro manto de tristeza Vê-se uma freira tímida a seu lado, Que vive ali rezando, com certeza, Uma oração de amor e de pecado... Diz a lenda - uma lenda que espalharam - Que aqui, dentre os antigos habitantes, Houve um frade e uma freira que se amaram... Mas que Deus os perdoou lá do infinito, E eternizou o amor dos dois amantes Nessas duas montanhas de granito! Benjamim Silva (1897-1954)

Livro tenta explicar fenômeno cachoeirense “Parece que foi on- formar mão de obra espe- Terra entre as serras perdeu espaço na cultura e tem”, livro escrito pelo cializada, passando ainda economia do país. renomado jornalista Sér- por grandes intelectuais, “Parece que foi on- gio Garschagen expõe di- como Gustavo Corção tem” se detém ainda a Para Garschagen, que versas justificativas para - instalou bondes e colo- examinar, com base nas dedicou mais de dois anos o fato de Cachoeiro de cou telefonia na cidade - e teorias dos filósofos pré- ao trabalho de pesquisa Itapemirim, uma peque- até mesmo o grande Sér- -socráticos, como a topo- para produzir a obra, um na cidade do interior, ter gio Buarque de Holanda - grafia acidentada ajuda dos motivos foi a decadên- sido berço de tantas per- militou na imprensa local na formação intelectual cia do sistema educacional, sonalidades de destaque no início da carreira -, Ca- de um povo e como os ha- considerado de alta qua- no cenário nacional. choeiro detinha uma eco- bitantes locais desenvol- lidade até a primeira me- nomia pujante e pulsava veram uma mentalidade tade do século passado. A Isto foi mera coinci- cultura. tão aberta do mundo sem falta de uma universidade dência ou há uma expli- perder o bairrismo ainda - em Vitória, funcionando cação lógica? Garschagen “Sem contar os ir- hoje inerente aos cacho- desde a década de 1950 - mostra na obra, lançada mãos Bernardino e Jerô- eirenses. também contribuiu no pro- em 2010, que há diversas nimo Monteiro que, em- cesso de estagnação. justificativas para explicar bora nascidos na cidade, Educação de o fenômeno. têm origem paulista, e qualidade ZYL-9 ainda os irmãos Fröhlich, Nas mais de 300 pá- que fugiram da Alemanha A História oficial e as O autor, ao abordar o ginas do livro, os fatos nazista e vieram para Ca- histórias singulares e típi- período no qual a cidade comprovam ter sido Ca- choeiro, por ser cidade cas da cidade - relato de obteve expressão nacio- choeiro uma cidade in- de economia forte antes casos envolvendo tipos po- nal na cultura, não se es- dustrial e, primeiramente, da II Guerra. Ambos deti- pulares e personalidades, quece da importância da importadora de talentos, nham conhecimentos tec- como o lendário músico Rádio Cachoeiro (ZYL-9) quando o Brasil inteiro nológicos importantes na Sérgio Sampaio, por exem- na formação de famosos era um país eminente- área de radiocomunica- plo - também têm espaço artistas, como, entre ou- mente rural. ção”, complementa o au- no livro, que ainda explica tros, Roberto Carlos, Sér- tor, que foi homenageado em que momento Cacho- gio Sampaio e Carlos Im- Do engenheiro Flo- com o título de Cachoei- eiro de Itapemirim esta- perial. “Eles aprenderam rentino Avidos, que cons- rense Ausente em 2012. cionou sobre os louros e a se comportar diante do truiu uma das primeiras público lá”, observa. hidrelétricas do país (na Os irmãos Bernardino e Jerônimo de Sousa Monteiro Ilha da Luz), ao casal Au- Identidade rora e Alfredo Herkenho- ff, que perceberam a ne- “O livro ‘Parece que cessidade premente de foi ontem’ é a primeira se implantar uma escola tentativa — e bem-suce- de comércio que pudesse dida, eis que escrita por Sérgio Garschagen, jor- nalista cachoeirense de renome nacional - de ex- plicar por que Cachoeiro é como é, de como se for- mou a identidade Cacho- eirense”, analisa o escritor Marcelo Grillo, diretor da Editora Cachoeiro Cult, responsável pela publica- ção da obra. 12

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A cidade Pedro Junior e sua mítica são celebradas Criado no fim da década de Rubem Braga (1951) e O compositor e cantor Arnoldo Silva recebeu o título de 1930, pelo po- do poeta Benjamim Silva Cachoeirense Ausente no ano de 1987 eta e jornalista Newton (1944). Braga, como forma de des (homenageado em O advogado ainda homenagear os conter- “Cachoeirense quer 1978), Demisthóclides relatou um telefonema râneos que não viviam o mundo” Baptista (Ausente Nº 1 recebido na época de mais no município, mas de 1984), Moema Bap- um amigo, o guitarrista que mantinham vínculos Como bem definiu tista (eleita em 2001), Marcos Levy. Radicado afetivos com a terra na- o advogado José Edu- entre outros. em Portugal, Levy, inclu- tal, orgulhosos da impo- ardo Coelho Dias, que sive, há tempos é citado sição do destino, o título personificou o Ausente “A gente acha até nas listas de cotados pa- de Cachoeirense Ausen- Nº 1 de 2018: “cacho- que não merece, porque ra receber a honraria. te Nº 1 costuma fazer eirense tem essa coisa, cresce alimentando o com que toda a mítica cachoeirense não cabe, imaginário de respeitar Segundo José Eduar- envolvendo a cidade ve- cachoeirense é mais, se o Cachoeirense Ausen- do, o guitarrista brincara nha à tona. expande. Cachoeirense te, ver na figura dele al- que, por conta do longo Alguns dos princi- vai além, é insatisfeito, é guém que pode se espe- tempo na Europa, já nem pais astros locais rece- questionador, não se con- lhar na vida... Confesso falava mais que era brasi- beram a honraria, nin- tenta com pouco... cacho- que nunca tive uma hon- leiro, mas nunca deixava guém menos do que Ro- eirense quer o mundo!”. ra, uma emoção como de dizer que era de Ca- berto Carlos (Cachoei- esta. Talvez a emoção choeiro de Itapemirim. rense Ausente de 1967), Considerando uma que eu possa estar sen- Episódio este que retrata os compositores Raul “honra inigualável” en- tindo aqui é comparável perfeitamente o orgulho Sampaio (1969) e Arnol- trar para o seleto rol de à chegada de um filho”, de ilustres filhos da terra do Silva (1987), os ato- homenageados que en- declarou José Eduardo. espalhados pelo mundo. res Jece Valadão (1971), globa talentos de diver- Carlos Imperial (1973) e sas áreas do conheci- Acacio Moraes Frauches mento humano que Ca- (2017), o cantor José choeiro de Itapemirim Lopes (1999), o pianista exportou, José Eduardo Marcos Resende (1991), se juntou a outras perso- além do “cronista-mor” nalidades locais do ramo da advocacia, como - por exemplo - Sérgio Bermu- Cachoeiro de Itapemirim Prisioneira feliz mas condenada por leis irredutíveis e absolutas a viveres assim encarcerada nesta cadeia de montanhas brutas. Mas que importa se é esplêndida a morada! Pois daqui tudo vês e tudo escutas; E o Itabira te guarda e te vigia, como se fosse eterna sentinela - carcereiro que vela noite e dia. Tudo, afinal, te rende um justo preito, Enquanto um claro rio tagarela Rola, cantando, dentro de teu peito. 14 Benjamim Silva (1897-1954)

Foto: Edsea Bonan A trajetória da Usina Paineiras tem tudo a ver com a principal cidade do Sul do estado: Cachoeiro de Itapemirim. A usina nasceu junto das primeiras indústrias do Sul do estado e assim participa intensamente e cresce, há mais de 100 anos, com o desenvolvimento da região. Uma relação que só se fortalece, gerando benefícios e motivos de orgulho para todos nós. usinapaineiras.com.br

O poeta da paixão O homem que fez Cachoeiro ser cantada pelo Brasil, Raul Sampaio é considerado por muitos o maior compositor vivo do país. Co n s i d e r a d o cantores de todo o Brasil choeiro do ano passado, em parceria com Chico por muitos o em busca de autorização quando estava prestes a Anísio, uma marchinha maior com- para gravar a emocionan- completar nove décadas gravada pela então fa- positor brasileiro vivo, te canção, mantendo viva de vida. mosa banda Vocalistas Raul Sampaio Cocco, o a fama da cidade. Tropicais. Cachoeirense Ausente Carreira Nº 1 de 1969, é um dos O compositor, que Além de Chico Aní- responsáveis pela cidade teve suas principais mú- Raul Sampaio ini- sio, os principais par- natal tornar-se famosa sicas interpretadas por ciou a vida artística na ceiros de Raul Sampaio no país por conta de sua uma legião de ícones da Rádio Cachoeiro, na dé- nas composições foram música “Meu Pequeno MPB - de Vinicius de Mo- cada de 1940, como vo- Benil Santos, Herivelto Cachoeiro”, consagrada raes a João Bosco, pas- calista da dupla Dois Va- Martins, Rubens Silva, na voz do conterrâneo sando por Renato Russo, letes (com Loé Moulin). Ivo Santos, René Bitten- Roberto Carlos. Aos 91 Elizeth Cardoso, Maria Mais tarde, com a entra- court, Marino Pinto, Car- anos de idade, morando Bethânia, Martinho da da de Yolanda (prima de los Nobre, Haroldo Lobo há mais de uma década Vila, Paulinho da Viola, Loé), o conjunto tornou- e Nelson Gonçalves. O na vizinha Marataízes, Clara Nunes, Maysa, Nel- -se o trio Dois Valetes cachoeirense, que tam- após retornar do Rio de son Gonçalves, Orlando e Uma Dama, formação bém é violonista, excur- Janeiro, onde consolidou Silva, Elza Soares, Maria inspirada no consagra- sionou com fluidez por a carreira, Raul Sampaio Bethânia, Erasmo Carlos, do grupo carioca Trio diversos ritmos, desta- até hoje é procurado por entre muitos outros - foi de Ouro, do qual, pos- cando-se nos sambas, o tema da Festa de Ca- teriormente, Sampaio marchinhas, boleros e viria a fazer parte, ao la- sambas-canções. do de Herivelto Martins e Lourdinha Bittencourt “Antes de ser músi- (esposa de Nelson Gon- co, ele é um poeta. Suas çalves), no longo perío- letras são muito bonitas, do em que residiu na ci- são verdadeiros poemas”, dade do Rio de Janeiro. analisa o escritor Evan- O primeiro grande su- dro Moreira, autor da cesso ocorreu em 1955, biografia de Sampaio. O com a música “Guarda- livro, publicado em 2010, -chuva de pobre”, criada foi escrito em parceria com o pesquisador cario- ca Paulo Luna. 1971: emocionado, Roberto Carlos cai no choro ao interpretar “Meu Pequeno Cachoeiro” em sua terra natal e é consolado por Sampaio 16



artigo Casa dos Braga por Alvaro Abreu Francisco de Carvalho Braga veio a Cachoeiro da memória do tempo em que Cachoeiro era a cidade visitar sua prima Graça Guardia e se apaixo- mais importante do Estado. nou por Neném do Frade, filha dos Coelho que Foi de minha irmã Beatriz a ideia de levar de volta viviam na sombra do Frade e da Freira. Rábula e in- para a Casa dos Braga os móveis e objetos que esta- telectual, foi tabelião do cartório e, mais adiante, o vam no apartamento de mamãe, imaginando que ela primeiro prefeito da cidade. Nesse tempo, já tinha iria adorar ver a sala de jantar e o quarto de casal da comprado o chalé espaçoso na Rua 25 de Março e sua casa de sempre, tal como haviam sido por déca- lá se instalado com a família de muitos filhos: Jerô- das. Para Dona Gracinha, era exatamente ali que fica- nimo, o Braguinha, que fundou e dirigiu o Correio va o centro do mundo. do Sul por muito tempo; Armando, que além de fun- Carol, minha mulher, encontrou uma maneira de dador do jornal, foi dono de banco e secretário de mostrar a convivência que o velho Braga tinha com fazenda; Carmosina, que foi a primeira mulher a intelectuais e artistas de guiar automóvel na cida- sua época, mostrando ilus- de; Yedda, que se casou trações de suas crônicas e cedo e mudou para o Rio retratos dele pintados por de Janeiro; Newton, que, gente famosa, legendados professor, tabelião e po- com frases suas sobre essa eta de mão cheia, tantas gente. Dá gosto de ver. fez que inventou a Festa Por todo lado que se anda de Cachoeiro; Rubem, na casa, palavras de Ru- que tendo brigado com bem e Newton ajudam a professor turrão, foi-se contar momentos mar- embora para longe e de lá cantes acontecidos ali. ficou escrevendo sobre o Da janela do quarto onde córrego Amarelo, as Mar- nasci, vê-se o pé de fruta tins, os trovões de anti- pão mais famoso do Brasil gamente, até transformar Cachoeiro na capital se- e, na sua sombra, um lugar creta; e a caçula Anna Graça, a nossa Gracinha, que muito bom para ouvir música, crônicas, poesias e ficou morando na casa, mesmo depois de se casar discursos eventuais das autoridades do dia. No po- com Bolivar, filho de Fernando de Abreu, até se mu- rão, tem elevador para quem precisa e condições darem para Vitória em 1958, levando os cinco filhos. para ensinar e aprender brincando, sempre que A casa abrigou restaurante e colégio antes de ser não houver enchente. desapropriada pela Prefeitura em 1987. Como sede O fato é que a Casa dos Braga, mantida e gerida pela da Biblioteca Municipal, esteve cheia de estudantes Prefeitura, com uma agenda cultural intensa, recupe- animados por mais de 25 anos. Desocupada e sem rou sua condição de testemunho da história de Ca- manutenção, o Governo do Estado resolveu bancar choeiro. E como tal, tem emocionado muita gente. uma grande reforma para transformá-la num lugar Alvaro Abreu, Vitória, outubro de 2019 Escrito para a edição especial da Você + 18



Ricardo Ferraz Athayr Cagnin Evandro Moreira Projeto “Memória Viva” engloba abrangente acervo audiovisual, captado desde o final da década de 80, com personalidades da arte e cultura da região Embrião do Museu da Imagem e do Som Há quase 30 Contudo, aquele que ria e implanta a continu- produção. anos foi lança- é considerado o seu em- ação do registro de nos- Waldir Pingão (mú- da a ideia do brião, o projeto “Memó- so tempo, segundo um Museu da Imagem e do ria Viva” - que engloba dos idealizadores, Gilson sica), Célia Turbay (artes Som de Cachoeiro de Ita- um abrangente acervo Moreira Leão. plásticas), Athayr Cagnin pemirim. E, desde então, audiovisual, captado des- (literatura), Amélia Bar- um pequeno grupo ten- de o final da década de A maior parte do reto (música), Guilherme ta viabilizá-lo, buscan- 80, com personalidades acervo, gravada em fitas Secchin (artes plásticas), do apoio junto ao poder ligadas à arte e à cultura VHS, foi digitalizada, edi- Afonso Abreu (música), público e à iniciativa pri- local - já foi oficialmente tada e transformada em Nelson Sylvan (literatu- vada. Mas, infelizmente, lançado há uma década. vários DVDs, cada um ra), Ricardo Ferraz (ar- ainda não conseguiu efe- sobre uma personalida- tes gráficas), José Lopes tivamente consolidá-lo. O “Memória Viva” de, contando um pouco (música), Zé Nogueira resgata toda esta histó- de sua história de vida e (música), Roberto Pi- mentel (literatura), Evan- dro Moreira (literatura), Projeto Feijoada (mú- sica), Marília Villela de Medeiros Mignoni (lite- ratura), Diego Scarparo (designer), grupo Choro Antigo (música) são al- guns dos retratados. Contemporâneo Uma das principais finalidades do “Memória Viva” é registrar os artis- tas do momento, a geo- grafia da cidade, os locais mais populares, seus ti- pos, sua época. 20



Terra também de craques do futebol O esporte que é pai- ro de Itapemirim. A ci- citar todos os nomes aqui, de futebol cachoeirenses xão nacional não poderia dade também revelou a Revista VOCÊ+ sele- para representar a imen- ficar de fora do celeiro muitos craques de bola. cionou quatro dos mais sa galeria de craques que de talentos de Cachoei- emblemáticos jogadores a cidade formou. Por não ser possível ALCENIR TINTEIRO Artilheiro nato, Alce- José Jorge Fabiano, nir Souza Ramos fez histó- conhecido como Tintei- ria nas décadas de 1950 e ro, que fez história no 1960. Começou a carreira Flamengo entre o fim dos no Cachoeiro Futebol Clu- anos 1960 e início da dé- be e depois também se des- cada de 1970, é um dos tacou no Estrela do Norte. mais lembrados. Autor de centenas de Nascido em 1948 e gols durante a carreira, criado no bairro Arari- Alcenir fazia a alegria dos guaba, em uma casa qua- torcedores e se tornou se que dentro do Estádio uma lenda na região por “Moreira Rabelo”, iniciou conta da técnica apurada e a carreira nos quadros senso de oportunidade. infantil e juvenil do Ca- Sua atuação pelo Estrela, no Sumaré, na histórica choeiro Futebol Clube até ser levado para o Men- partida contra o Botafogo com um dos seus melhores gão por Edlo Mendes Baião, então presidente do times de todos os tempos (Garrincha, Zagallo, Didi, tradicional time cachoeirense. Nilton Santos...), o catapultou ao futebol carioca. Após se profissionalizar, Tinteiro se consoli- Ele fez os únicos dois gols do Estrela e foi contra- dou como um dos maiores nomes do futebol bra- tado pelo América (RJ). O Botafogo venceu o jogo por sileiro na época por conta de sua técnica apurada, goleada, marcando seis vezes. em atuações marcantes como zagueiro ou lateral. JAIR BALA Outro que não sai da memória dos aficionados é Jair Bala, que nasceu em 10 de maio de 1943. Herdou a habi- lidade com a bola do pai, o craque amador Zózimo Félix da Silva, o seu Batata. Logo, ainda bem menino, viria a se des- tacar no Estrela do Norte, descoberto por seu Zezinho. Jair Bala também despontou no futebol nacional a par- tir do Clube de Regatas do Flamengo, nos anos 1960, ain- da como juvenil. O primeiro contrato como profissional só seria assina- do, porém, com o Botafogo. Depois, o cachoeirense abri- lhantou alguns dos principais times paulistas e mineiros, nada menos do que Santos, Palmeiras, Cruzeiro, América Futebol Clube, entre outros. 22

MAXWELL Não demorou muito e o futebol cachoeirense ganhou o mundo, nos anos 2000, com Maxwell Scherrer Cabelino Andrade. O lateral-esquerdo, nascido em 27 de agosto de 1981, atuou na Seleção Brasileira, Cruzeiro, Ajax, Empoli, Internazionale, Barcelona e Paris Saint-Germain, do qual agora é dirigente. Sua impressionante trajetória profissional teve início no Cruzeiro, em Minas Gerais, time que ele ajudou a ven- cer a Copa do Brasil. E com apenas 20 anos de idade, em 2001, foi para a Europa, jogar no AFC Ajax, da Holanda. Maxwell, depois, ainda abrilhantou o futebol italiano, espa- nhol e francês. A eleição como melhor jogador do campeo- nato holandês da temporada 2003/2004 e a conquista dos principais títulos europeus mais que atestam o sucesso do craque cachoeirense. Bom de bola e de história Único jogador coisas e causos do fute- do Estrela do bol cachoeirense”. Norte que foi também campeão pelo Formado em Educa- clube cachoeirense co- ção Física pela Universi- mo técnico, na década dade Federal do Espírito de 1960, Osvaldino Pe- Santo (UFES) e especia- dro Vieira representa a lizado em Planejamen- época de ouro do nosso tos Educacionais, le- futebol. cionou em importantes Não obstante o pas- instituições de ensino, sado glorioso de craque inclusive superior, como de bola, desempenha - por exemplo - Guima- reconhecido trabalho rães Rosa, Liceu Munis como pesquisador, in- Freire, Cristo Rei e na cansável no objetivo de própria UFES. resgatar a rica história do futebol local. Nascido em 1938 Osvaldino já publi- em Ururaí, distrito de cou três livros sobre o te- Campos dos Goytacazes, ma: “Futebol através do iniciou a vitoriosa carrei- tempo”, “Glória do fute- ra futebolística no Norte bol cachoeirense” e “Fu- fluminense, sagrando-se tebol pitoresco”. Atual- bi-campeão campista jo- mente, se dedica à quar- gando no Goytacaz. Pos- ta obra, intitulada “Casos, teriormente, veio morar em Cachoeiro e fez his- tória no Estrela. 23

Em primeiro plano, aparecem o cronista Rubem Braga , João Eurípedes, José Eduardo Moreira e Michel Misse o poeta Benjamim Silva e o jurista Francisco Gonçalves Proeminência em campos variados Desde 1942, Franco (2013), Fernan- A professora universitária PHD Neuza Maria Brunoro Costa o seleto rol do Sérgio de Melo Porti- foi a última pessoa a receber a honraria de homena- nho (2015). geados com o título de Carlos Impeial Jece Valadão Cachoeirense Ausen- Na área da econo- te contempla nomes de mia, há Ernane Galvêas destaque em profissões (1970), Osiris Lopes Fi- variadas. lho (1993), Paulo de Tar- A professora univer- so Medeiros (1995). Na sitária PHD Neuza Ma- da Justiça, o jurista João ria Brunoro Costa foi a Baptista Herkenhoff última pessoa a receber a (1985), e os desembar- honraria, agora em 2019. gadores José Eduardo Entre os mais conhe- Grandi Ribeiro (1990), cidos homenageados Ewerly Grandi Ribeiro não ligados diretamen- (1996), Amim Abigui- te ao mundo das artes nem (2002) e Henrique estão os também pro- Geaquinto Herkenhoff fessores Maria Penedo (2008). (1963), João Eurípedes Franklin Leal (2014), O jornalismo tam- Déa Maria Moreira de bém está representado Medeiros (1998), Mi- com pompa, com Valé- chel Misse (2009); os rio Fabris (1983), Jo- engenheiros Henrique sé Américo Mignone Melo de Moraes (2006), (2005) e Sérgio Gars- José Eduardo Morei- chagen (2012). ra (2016), Luiz Car- los de Freitas “Batata” E, para concluir, não (2010); os médicos Joa- poderia faltar a política, quim Leão Neto (1958), representada por Car- Delta Madureira Filho los Fernando Monteiro (1992), Hércules Silvei- Lindenberg (1989), que ra (2000), José Sérgio governou o Estado, e a classe empresarial: Da- vid Cruz (2003) e Albino Turbay (1975). 24



A genialidade de Waldir Pingão Cachoeiro teve a sorte de alguns dos seus grandes artistas terem decido permanecer morando na cidade, abrilhantando seu cotidiano. É o caso de Waldir de Oliveira, o Pingão. O que dizer mais sobre os dotes musicais do sanfoneiro autodidata considerado por ninguém menos do que Chiquinho do Acordeon e Dominguinhos como um dos cinco melhores do país no seu instrumento? Waldir Pin- da casa. gio do saudoso acordeo- ia para Vitória, para se gão, além Entusiasta da boa nista cachoeirense, fale- apresentar com o céle- de tocar cido precocemente, em bre conjunto capixaba com feras da MPB, sam- música, colecionador de 1997, por conta de um João Virgílio, do qual fa- ba, choro, da música re- discos, Iro Coelho culti- AVC. zia parte. E seu nome gional e seresta, entre vou forte amizade com corria o país... outros estilos, costuma- Waldir. Ele também não “Encontrei com Chi- va trazer alguns dos me- saia do Pingão, pois ainda quinho do Acordeom e Além do João Vir- dalhões para fazer um por cima o lendário bar Dominguinhos em uma gílio, Pingão compunha som no seu bar no bairro era praticamente vizinho tradicional churrascaria com Mozart Cerqueira, Santo Antônio, recorda a de porta de sua residên- de Boa Viagem, lembra- Zé Nogueira e Joel do jornalista e escritora Cé- cia no Santo Antônio. mos do Waldir e Chiqui- Cavaquinho, entre ou- lia Ferreira, frequentado- nho, tido como o maior tras feras, o histórico ra assídua do estabeleci- Iro morou por mui- de todos, falou que ele grupo Regional L9. mento nos anos 80. tos anos no Recife, onde tocava muito. Eu pergun- Era consenso na épo- teve contato com Do- tei: muito quanto? Ele e Iro Coelho conclui ca que o Bar do Pingão, minguinhos e Chiquinho Dominguinhos afirma- destacando uma das face- que funcionou entre as do Acordeon. A capital ram que Waldir estava tas do virtuosismo de Wal- décadas de 1970 a 1990, pernambucana ainda lhe entre os cinco melhores”, dir. “Tocava de ouvido tu- era a verdadeira acade- proporcionou a oportuni- relata. do o que quisesse. Como mia de música da cidade: dade de assistir a shows ele mesmo dizia: entrou acompanhava o mestre de Sivuca, Oswaldinho, O gaúcho Chiquinho na orelha, sai no dedo”. a fina flor de vocalistas entre outros monstros do Acordeom, segundo e instrumentistas locais: sagrados da sanfona. Iro, estava sempre no Zé Geraldo, Adilson Dil- Bar do Pingão, pois mo- len, Mozart Cerqueira Em sua residência, ao rou um tempo em Alegre. Marcos Levy, Gaspar do som de um raro LP de ja- Altemar Dutra, astro da Pandeiro, João Salati, e zz, o qual costumava bo- seresta, também. Ambos muitos outros podiam tar na vitrola para Pingão eram muito amigos de ser considerados prata “tirar de ouvido”, ele con- Waldir. firmou à equipe da Revis- ta VOCÊ+ um episódio Pingão, aos fins de que demonstra o prestí- semana, quase sempre 26



José Roberto Mignone ZYL-9: usina de talentos Primeira emis- mo um dos seus direto- em qualquer lugar”, ga- deria deixar de ser, so- sora da cidade, res ninguém menos do rante Iro. bressaiam profissionais a extinta Rá- que o poeta Newton Bra- de alto nível: Alvino Cabe- dio Cachoeiro (ZYL-9) ga, além de José Améri- A proximidade geo- lino, Miguel Souza, Milton tornou-se lendária não co Mignone. A ZYL-9 foi gráfica de Cachoeiro com Santos, Idelmacir Cesá- apenas por revelar lista fundada por Alceu Fon- o Rio de Janeiro fazia a rio, Danilo Neves etc. interminável de talentos seca, passou pelas mãos informação dos presti- de renome nacional, uma de Wilson Resende, sen- giosos jornalões e dos su- Uma curiosidade re- verdadeira constelação do depois adquirida por plementos musicais das velada por Iro Coelho é estelar, da qual fez parte Idalécio Carone. gravadoras chegar rápi- que o que sobrava em Roberto Carlos, Sérgio do, facilitando o trabalho recursos humanos fal- Sampaio, Arnoldo Silva, Operadores de mesa de toda a equipe. tava em equipamentos. Carlos Imperial, Iris Bru- de som, programadores “Fazíamos porque gos- zzi, Stênio Garcia, Jece musicais, produtores, lo- Dos locutores, Iro távamos muito”, diz ele Valadão, Raul Sampaio, cutores, ou tudo isso ao Coelho lembra de Hélio que trabalhou como ope- Loé Moulin e sua prima mesmo tempo... profis- Carlos Manhães, Paulo rador de som e chegou a Yolanda, Darlene Gloria, sionais, assim como os Garruth, Cliveraldo Mi- ter um programa musical. entre muitos outros me- artistas, que podiam fa- randa, Ruy Guedes, José dalhões... zer bonito em qualquer Roberto Mignone, Luiz Iro teve o privilé- Por trás disso tudo grande centro. Esta era a Noventa, José Carlos gio de atuar na ZYL-9 na havia muita qualidade ZYL-9. Dourado, Heron Kardec, época de Sérgio Sam- envolvida, traduzida no Antônio e Evandro Mar- paio, Ruy Guedes, Zé No- idealismo de profissio- “Na Rádio Cachoeiro tins, Luciano Fuzé... Ain- gueira, Joel, Mozart Cer- nais brilhantes que da- todo mundo era poliva- da dos apresentadores queira, Helvécio Pinheiro vam literalmente voz à lente”, lembra Iro Coelho, Cesar Misse, Zé Nanico e e Waldir Pingão. sua vocação nata, fazen- irmão do destacado jor- Nelson Pereira. do a efervescência cul- nalista Ito Coelho. Am- Ele lembra que Pin- tural de outrora irradiar bos atuaram na emissora. Ornamentavam a gão tinha um programa por toda a região por on- área esportiva, entre ou- diário na rádio e às vezes das radiofônicas campe- “A equipe esporti- tras feras, Elyan Peçanha, levava Altemar Dutra lá ãs de audiência. va - composta por Jose Mauro Roger, Orlando para cantar e tocar quan- A emissora, que fun- Américo, Sabra Abdala, Luiz, William Lima, Da- do o astro aparecia em cionava na Rua Sete de Solimar Cagnin, Oswaldo masceno, Antonio Geral- Cachoeiro. Setembro, esquina com Amorim, Luís Carlos San- do, Carlos de Souza, Her- a Siqueira Lima, teve co- tana, Hélio Carlos Ma- mogênio Volpato e Raul “Naquela época era nhães, Ito Coelho - podia Silva. bom demais, música ao fazer bonito no Rio de vivo, gente da melhor Janeiro ou em São Paulo, Na parte técnica de qualidade. Todo mundo operação, como não po- se dedicava...”. 28



Rio e ferrovia marcam história de desenvolvimento Erguida em vale a poucas dezenas de quilômetros do litoral, Cachoeiro já foi a principal cidade capixaba. Município mais capixaba baseava-se na compreendendo movi- Santo, até então. importante cafeicultura -, Cachoeiro mentado entroncamento O porto de Itapemi- do Estado de Itapemirim, além do ferroviário. do Espírito Santo até o maior colégio eleitoral, rim, no encontro do rio fim da década de 1920 - era o centro financeiro, A partir de 1930, o com o Oceano Atlânti- quando toda a economia político e de transporte, governo federal, exerci- co, era o mais movimen- do por Getúlio Vargas, tado do Estado, preva- Opulência faz intervenção no Espí- lecendo até o início do rito Santo, centralizando século passado. A maior Cachoeiro de Itapemirim, apesar de não ser as decisões político-ad- parte da principal rique- a capital, foi pioneira no Espírito Santo em vários ministrativas em Vitória. za econômica no perío- aspectos. Por exemplo, teve acesso por ferrovia Cachoeiro, fragilizado do, o café, era produzida ao Rio de Janeiro, então capital brasileira, antes por causa da crise do ca- no Sul capixaba, lembra mesmo de Vitória. E também à luz elétrica. fé, não teve como compe- o historiador Luciano tir, explica o historiador Retore Moreno. A evolução econômica da cidade aconteceu José Pontes Schayder. ao longo da era do café, sobretudo com a constru- Cachoeiro, portan- ção da ferrovia (Leopoldina Highway) para escoar O povoamento da to, tornou-se impor- a opulente produção (de todo o Estado, a maior) cidade ocorreu em um tante entroncamento do próprio município e de cidades vizinhas. ponto do vale a poucas ferroviário. A cidade dezenas de quilômetros chegou a ter 14 trens de distância do litoral, diários de passageiros, às margens do princi- além dos cargueiros, na pal recurso natural da primeira metade do sé- região, que forma bacia culo XX, segundo o pes- hidrográfica com mais quisador Paulo Henri- de seis mil quilômetros que Thiengo. quadrados. Toda a produção ex- O Rio Itapemirim, portada ou importada que inspirou o seu nome, por parte de Minas Ge- foi crucial para o surgi- rais e o restante do Espí- mento do vilarejo, que rito Santo passava pelo posteriormente perce- município sulino. O que beria ascensão econômi- significou uma das molas ca, social e cultural sem propulsoras do desenvol- precedentes no Espírito vimento da cidade. 30

Construção da nova sede da Cooperativa de Laticínios Selita Cenário econômico: expectativas e desafios Polo internacional pregos. Sobressaem-se é uma atividade impres- tos da Selita (maior coo- de rochas ornamentais - ainda indústrias dos ra- cindível para a renda da perativa de laticínios do maior centro de benefi- mos de laticínios e me- propriedade. Estado), Unimed Sul Ca- ciamento das Américas, talmecânica dedicada ao pixaba e do grupo educa- Cachoeiro de Itapemi- setor de rochas. Principal centro eco- cional Multivix – abre no- rim é responsável pelo nômico do Sul do Espíri- vas perspectivas e chama abastecimento de 80% A pecuária e a ca- to Santo, Cachoeiro é o atenção para a necessi- do mercado brasileiro de feicultura, porém, con- segundo núcleo mais im- dade de planejamento mármore. Na região, en- tinuam como atividades portante do Estado, só urbano. contra-se uma megajazi- significativas. De acordo ficando atrás da Grande da do recurso mineral. com dados da Secretaria Vitória. “Penso que o cres- Municipal de Agricultu- cimento de uma cidade Os setores de co- ra e Interior, metade dos A expansão da cida- precisa respeitar os limi- mércio e de serviços produtores rurais hoje de em direção às locali- tes estabelecidos pela lei também são expressivos, ainda se dedica ao café. dades de São Joaquim e em relação às margens geram milhares de em- Quando não é a principal, Safra - liderada por pro- dos rios e córregos, áreas jetos de empreendimen- de APP, topos de morros etc.”, avalia o ambientalis- ta João Luiz Madureira Júnior, que desenvolve projetos de arborização urbana, preservação da vegetação de restinga e das falésias da região. Ele alerta: “a imper- meabilização dos solos é grave e a arborização é fundamental para ame- nizar áreas urbanas com focos comerciais e indus- triais. O futuro é o que a gente constrói hoje”. 31





Roberto Vivacqua Vieira, empreendedor visionário Para evocar alguns dos empresários cachoeirenses mais idealistas, Revista VOCÊ+ destaca fundador do Grupo Roberto Vivacqua Vieira Eram reconhe- Com apenas 27 anos no Estado, a partir da dé- que Cachoeiro já teve. cidos seu entu- de idade, em 1946, assu- cada de 1950. Com o Grupo Rober- siasmo, capaci- miu a direção da fazenda dade de trabalho, além de Morro Grande, de 150 Uma das caracte- to Vivacqua Vieira - além da firmeza de objetivo de alqueires. E, poucos anos rísticas de Roberto foi da Morro Grande Agro- racionalizar múltiplas ta- depois, investindo no de- sempre andar um passo à pecuária LTDA -, atuou refas. senvolvimento técnico frente do seu tempo com nos ramos de mecani- Estamos falando de da diversificada lavoura, seus empreendimentos, zação agrícola (Autotra- Roberto Vivacqua Viei- como também pratican- numa época de escassos tores LTDA), concreto ra, oriundo de família das do pecuária de ponta, le- recursos tecnológicos. usinado (Concaprex), in- mais tradicionais da re- vou a grande proprieda- dústria cerâmica (Con- gião, como o sobrenome de a ser considerada uma Atributo este que, capre S/A) e ainda no de entrega. das melhores do gênero posteriormente, o mar- materiais de construção caria como um dos em- (Coplenge). presários mais arrojados Ele assumiu a di- reção da fazenda de Morro Grande com apenas 27 anos, em 1946 34



Quase 120 anos de glamour e cultura Fundado em cos Clube está prestes carnaval, de debutan- Artistas do porte 22 de maio de a completar 120 anos tes, recepções de casa- de Roberto Carlos, Je- 1900, o Ca- de história. Palco de mento e de constantes ce Valadão, Carlos Im- çadores Carnavales- concorridos bailes de e variadas atividades perial, Rubem Braga, culturais até o princípio Marcos Resende e Raul O cantor e compositor Raul Sampaio Cocco ao lado da segunda metade do Sampaio já frequenta- do filho mais ilustre de Cachoeiro de Itapemirim, Roberto Carlos século 20, o clube con- ram seus salões. tinua como um ponto de referência para ce- Inauguração lebrações festivas no centro da cidade. De acordo com re- gistros, Aleixo Américo Desde o início da foi quem propôs o no- década de 1940, o CCC me do histórico clube, abriga o baile oficial da mas o primeiro presi- Festa de Cachoeiro, dente foi Roberto Fer- único evento de gala reira. O grupo que fun- promovido hoje em dia dou o CCC tinha por no Estado, considerado hobby as caçadas de o mais antigo do país a aves silvestres e adora- ser realizado ininter- va o carnaval, o que ex- ruptamente. plica o nome. 36



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artigo Felicidade, amor e terra natal por Jorge Penedo sos de Raul Sampaio. Uma tradição que se destaca especial- mente quando estamos à distância, e que nos faz dizer com Nós, seres humanos, vivemos de amores. O amor nu- especial carinho: “Eu sou lá de Cachoeiro”. tre-se por vínculos, pelopertencimento e pelo senti- Morei 32 anos fora de Cachoeiro e tive a oportunidade de do que se desenvolve em meio ao significadoprofun- retornar recentemente.Um dia eu saí dessa cidade, mas do das realidades e das pessoas em nossa vida. essa cidade nunca saiu de mim. Ao voltar, reencontrei o meu Como disse Antoine de Saint-Exupéry, pelo seu genial pe- lugar em meio a presença atualizada pela memória afetiva. queno príncipe: “Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas Não falo sobre lembrar meramente de “fatos”, falo de uma eu fiz dela um amigo. Ela é agora única no mundo.” memória ainda mais especial: aquela de emoções, de senti- Recebemos na vida um chamado irresistível a sermos feli- mentos, uma memória que nos permite integrar a vivência zes. Embora, muitas vezes, busquemos a felicidade por ca- do hoje com a relação profunda e significativa da nossa his- minhos ilusórios, não há no mundo um só ser humano que busque a infelicidade. Isso porque a felicidade é uma sede tória, de tudo o que vivemos. Uma fundamental da pessoa humana.E memória cheia de amor. para saciar essa sede, recebemos Passear na praça Jerônimo Montei- como principal dom a capacidade ro, observar o rio Itapemirim, con- de amar. templar o Frade e a Freira, reconhe- O amor é fundamental e verdadei- cer a presença imponente do Itabira, ramente o único caminho para a fe- andar pelo comércio do Guandu, licidade do homem, e ele nasce do entrar na catedral de São Pedro, re- encontro, do estabelecimento de visitar o prédio da escola Guimarães um vínculo, do reconhecimento do Rosa, dirigir pelas baiminas, subir a valor, da conciliação de destinos, e serra em direção a Vargem Alta, ou do desejo do bem do outro. passar pela matinha em direção a Amar enche nossa vida de conte- Marataízes... apenas alguns exem- údo, de sentido e de alegria. Sen- plos de experiências simples, mas timo-nos verdadeiramente vivos, carregadas de pertencimento, vín- alimentados pelos significados das culo, significado... e porque não dizer, de vida e de felicidade. pequenas coisas, experimentando beleza e gratidão por Sou grato a Deus por ter tido o dom de nascer por estas ter- cada uma delas. Na verdade, podemos dizer que só estamos ras entre as serras, e Dele ter colocado em meu coração a vivos, de fato, quando amamos. sensibilidade e o desejo de amar de forma especial o meu Nossa felicidade depende em boa medida das relações que lugar no mundo. estabelecemos com as realidades à nossa volta, os afetos Aos meus conterrâneos, fica o convite: descubram os as- que nutrimos, e o jeito que olhamos para aquilo que somos pectos dessa cidade que tocam o seu coração, cultivem convidados a amar. o vínculo com essa terra por meio da memória afetiva, da Ao nascermos, recebemos dois vínculos fundamentais: a sensibilidade e da gratidão. E não se surpreendam, se vocês família de onde nascemos, e o lugar no qual nascemos, nos- forem tocados por um carinho especial de Deus lá no fundo sa cidade natal, possivelmente a cidade em que viveremos da alma, um carinho chamado felicidade. uma parte essencial do desenvolvimento de nossos afetos: a infância.Nossa cidade natal é o berço que nos acolhe, vín- Jorge Penedo é cachoeirense, engenheiro pela UFRJ, MBA culo afetivo fundamental, e a relação que temos com ela pode se tornar uma bonita possibilidade de cultivarmos um em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral e pós gradu- amor especial: o amor pela nossa terra. Nós, cachoeirenses, temos uma natural inclinação a experi- ado em Logoterapia e Análise Existencial pela UCP. Analista de mentarmos a felicidade pela conexão que temos com a nos- sa terra. Ser de Cachoeiro é um presente que recebemos, negócios e empresário com 25 anos de carreira, trabalha com embalado por uma tradição que nos precede que, em meio a versos e prosas, reverenciaram as belezas e singularidades treinamento e educação voltados ao desenvolvimento humano dessa terra, entre eles as crônicas de Rubem Braga e os ver- há 10 anos. Fundador da FATOR H Educação pelo Sentido, mi- nistra palestras e treinamentos visando favorecer a excelência e a realização humana nos âmbitos profissional e pessoal. 39

ANTES 3 ANOS DEPOIS Plantio de árvores embeleza e refresca ruas Os benefícios ção e conservação de dez Mil árvores mais atenção... um ciúme são inúmeros. nascentes do Rio Itapemi- bobo, mas que demonstra Além de re- rim, e de área de restin- Arborização é funda- o carinho que tenho por frescar, as árvores embe- ga castigada pela erosão mental para a melhoria da estas mudas, que podem lezam, reduzem a disper- marinha em Marataízes, qualidade de vida urbana. mudar a cidade”, conclui o são de poeira, purificam o além de proteção a ninhos “Numa mesma cidade, um incansável ambientalista ar, dão mais vida e cor ao de corujas-buraqueiras bairro com muitas árvo- Cachoeirense. ambiente muitas vezes também no litoral. res chega a ter uma dife- inóspito de uma área cen- rença de 5º C em relação Engajamento tral urbana, por exemplo. “É a menina dos olhos a um sem vegetação”, frisa Felizmente, boas nossos. Hoje temos uma João Luiz. O Florestas Urbanas ideias de soluções para brigada que faz manuten- trata-se do quarto pro- proteção ambiental é o ção, amarrando, podan- Por isso, o importante jeto que a Caminhadas e que não falta à ONG Ca- do, recuperando, defen- trabalho da ONG Cami- Trilhas - Preserve desen- minhadas e Trilhas - Pre- dendo... e sempre com o nhadas e Trilhas - Preser- volve com a Fundação serve. O projeto Flores- maior prazer”, diz o pre- ve não pode parar. Para Banco do Brasil, desde tas Urbanas é uma delas, sidente da Caminhadas o próximo ano, segundo 2013. desenvolvido por meio e Trilhas - Preserve, João ele, a intenção é plantar de convênio com a Fun- Luiz Madureira Junior, mil árvores no centro da “Penso que este é dação Banco do Brasil, sobre o Floresta Urbanas. cidade em parceria com a o mais interessante, foi com apoio da Unimed Sul Prefeitura Municipal. destaque na própria enti- Capixaba e as secretarias O corte irregular é o dade”, avalia João Luiz. municipais de Meio Am- principal fator que prati- “Por conta do clima biente de Cachoeiro e de camente faz sumir a co- muito quente, Cachoei- Nos três primeiros Marataízes. bertura verde nas regiões ro precisa reflorestar sua foram restauradas 30 Com o Florestas Ur- centrais das cidades. Pa- zona central com abun- nascentes, com plantio de banas, a ONG e seus ra cada árvore arrancada dância de árvores”, alerta seis mil mudas, adquiridos parceiros plantaram cen- deveria ser exigido o plan- João Luiz. equipamentos, maquiná- tenas de ipês-amarelos tio de pelo menos três rio e um veículo, destina- em locais estratégicos de ou cinco novas mudas de Ele lembra que a do à RPPN Mata da Serra Cachoeiro de Itapemirim. espécies propícias ao am- ONG, mesmo antes do - remanescente de Mata Trata-se de mudas com biente urbano, na opinião apoio da Fundação Banco Atlântica situado em Var- oito anos de idade e qua- do ambientalista. do Brasil, já vinha plantan- gem Alta, autorizado pelo tro metros de altura. do mudas aqui e em Ma- IBAMA para receber ani- O projeto também O ipê-amarelo, por rataízes. mais recuperados para contemplou a recupera- exemplo, que tem a raiz soltura e conservação. profunda, é uma árvore “Era um trabalho de apropriada para ruas e formiguinha... Minhas fi- Mais informações calçadas. lhas até brincam comigo sobre a ONG e seu tra- dizendo que gostariam de balho podem ser conferi- ser árvores para receber 40



das em seu site na inter- Rodrigo, portanto, raízes desempenham es- à natureza, outra forma net (www.caminhadase- planta árvores sozinho se papel, não basta cair de proporcionar vida de trilhas.com.br). na região urbana da ci- água do céu”. qualidade. dade. Beira de rio, calça- “Trabalho de das, nesgas estreitas de E ainda cita aquele “Depois que comecei formiguinha” terrenos etc. fazem parte princípio que aprende- a plantar, aumentou em dos seus alvos. mos no curso primário: mim a percepção de como Apesar do sucesso do as árvores purificam o ar, a fotossíntese é essencial Projeto Florestas Urba- Cada palmo de chão absorvendo gás carbôni- para a manutenção da vi- nas, João Luiz Madurei- de terra que entra no seu co e devolvendo oxigênio da na terra”, filosofa. ra Junior reconhece que radar é uma possibilidade “ainda falta a atitude indi- concreta de ali jogar mu- vidual de cada um”. da ou semente. Quem pode ser con- “As árvores fazem siderado um destes abne- sombra e concorrem para gados, que costumam fa- amenizar o calor. Cacho- zer o que ele considera o eiro é uma cidade muito imprescindível “trabalho quente durante a maior de formiguinha”, é o advo- parte do ano e penso que gado Rodrigo Magalhães, árvores são a maneira morador do bairro Inde- mais barata e talvez a úni- pendência. ca alternativa de reduzir a quentura por aqui”, acre- Os que o conhecem dita Rodrigo, que reforça sabem de sua “paixão os motivos: “elas ajudam a desde criança por flores- reter a água da chuva no tas, pé de planta, um tron- subsolo, são uma necessi- co caído, uma semente dade para a conservação germinando...”. do lençol freático e suas 42

A icônica “Praça Vermelha” simbolizava a democracia A“condição de contribuíram para a miti- da, até mesmo o escritor igualdade” que ficação da Praça Verme- baiano Jorge Amado de- imperava no lha e seu principal ponto ra as caras por lá. local sempre foi exaltada de encontro, o bar CDM, pelos antigos frequenta- famoso território de livre Líderes ferroviários dores. Asseguram que se expressão, que fechou as - categoria articulada e tratava de um espaço real- portas no fim dos anos 90. respeitada na época -, mente democrático, onde jornalistas, políticos, es- todos eram bem chega- Orgulho dos intelec- tudantes, todos boêmios, dos, desde pessoas sim- tuais locais, esse ponto reforçavam o clima de rei- ples a políticos. Não havia, da cidade, que nem é uma vindicação, de contesta- segundo eles, distinção praça realmente, situa-se ção e de oposição ao sis- de classe, de religião, de a poucos metros do início tema, que perdurou até orientação política... da Ponte de Ferro, na re- por aproximadamente Considerado o maior gião central de Cachoeiro uma década depois da re- expoente dos ferroviá- de Itapemirim. democratização do país. rios, Demisthóclides Bap- tista, o Batistinha, “herói Tudo começou na Nas imediações ain- da palavra” no período década de 50 do século da funcionava o então da ditadura militar, foi passado. Frequentavam maior cinema capixaba, umas das personalidades o local pessoas ilustres, o Cine Teatro Broadway, cachoeirenses que mais como os irmãos Braga com capacidade para até (Newton e Rubem), por 1,2 mil expectadores. exemplo. E, reza a len- Com o objetivo de celebrar toda essa his- tória, relembrar os bons momentos - mantendo a tradição da liberdade de expressão, da irreverên- cia e da luta contra a de- sigualdade -, desde 1986 é promovido, por iniciati- va do célebre Batistinha, o Encontro dos Amigos da Praça Vermelha, que sempre acontece duran- te o período da Festa de Cachoeiro. 43

Higner Mansur e as célebres esculturas caricatas produzidas por Gracinha Sabadini Artesanato, patrimônio cultural de Cachoeiro Patrimônio cultural da cidade, o artesanato tradicional local o acesso dos artesãos ao mercado com apresenta produção bem di- a promoção de feiras. Estimulando, além versificada. Pudera, a criatividade dos da economia local, o turismo também. artesãos cachoeirenses é ilimitada, ob- servada em trabalhos manuais como Mansur bordados, tapetes de tiras, crochê e tri- cô. Sobressaindo-se esculturas, pintu- Quem conhece o cronista e verea- ras, panos de prato e de copa, toalhas, dor Higner Mansur sabe do seu traba- caixas, bolsas, chaveiros, bonecas e bi- lho para valorizar a cultura cachoeiren- chinhos de pano, biscuit, suvenires do se. Portanto, o folclore e o artesanato município, entre outras peças únicas. locais e seus personagens não pode- Boa pedida para quem quer fugir riam ficar de fora do seu radar. do lugar comum e oferecer presentes de bom gosto, exclusivos, feitos à mão. Também sempre exalta as riquezas O artesanato de raiz escapa à produção do interior do município, levantando a em série, servindo inclusive para finali- bandeira do agroturismo. dades artística e terapêutica. Em geral, também é sustentável, já que a maior Entusiasta do artesanato, costuma parte é feita com material reciclável. visitar um dos maiores eventos do se- Dominar as técnicas e colocar em tor no país, realizado em Belo Horizon- prática a criatividade na forma dos mais te. Mansur observa, com propriedade, atraentes objetos, porém, demanda que a cena cachoeirense não deixa na- muita experiência. Para diminuir o risco da a desejar ao que de melhor é produ- de desaparecimento dos saberes tra- zido no Brasil. dicionais e promover inclusão social, a Prefeitura Municipal há tempos facilita Ele considera o artesanato “uma das grandes válvulas de escape, uma terapia”, para quem se dedica ao ofício. E, acima de tudo, acredita que “um bom artesão é uma divulgação extraordiná- ria para a cidade”. 44

Saneamento básico: evolução que transforma cada vez mais vidas Em Cachoeiro de Itapemirim os investimentos em saneamento básico são contínuos. São obras e serviços de melhorias que levarão água de qualidade a mais pessoas e garantirão coleta e tratamento de esgoto nas localidades mais distantes da sede do município, contribuindo para promover saúde e preservar rios e córregos. O ciclo de investimento atual (2018-2022) está em curso e totalizará um montante superior a R$ 30 milhões na modernização e na ampliação do Sistema de Abastecimento de Água e do Sistema de Esgotamento Sanitário. CACHOEIRO: orgulho de ser um dos primeiros do Brasil a firmar parceria com a iniciativa privada para enfrentar os desafios do saneamento básico. 0800 771 0001 Facebook Acesse o site brk.ambiental brkambiental.com.br Instagram brkambiental

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Centenária fábrica de pios é sinônimo de qualidade e perfeição Única na América Luz, em Cachoeiro. Esmero de escultor, sensibilidade de músico: o fundador da Latina especia- Através de contatos Fábrica de Pios Maurílio Coelho em ação na década de 1950 lizada em pios de aves, a centenária fá- anteriores com índios, ca- sem muita pretensão, se- publicação “Cachoeiro de brica de pios cachoeirense çadores e mateiros ficou gundo o próprio fundador. Itapemirim - Um municí- foi fundada em 1903 por conhecendo alguns tipos pio em revista”, dirigida por Maurílio Coelho. de pios. Daí surgiu a idéia “Eu era marceneiro, Newton Braga e Ormando Funcionando na Ilha de montar um pequeno gostava de caçar, fazia uns de Moraes. da Luz, produz coleções de torno para iniciar seus ex- piozinhos de taquara. Os pios/apitos de animais da perimentos. amigos viam, encomen- Legado fauna brasileira, especial- davam um, outro, outro... mente aves, cajons, peças Excelência A fábrica foi nascendo”, Com o consequente torneadas e boxes em ma- revelou Maurílio Coelho aumento da demanda pelo deiras de reuso. Seu objetivo era o de em entrevista, em 1952, à produto, tornou-se neces- Os pios são comercia- substituir os pios já exis- sário ensinar a difícil tarefa lizados em coleções de di- tentes de bambu e taqua- aos descendentes. Trans- versos tamanhos e de for- ra, cujo som era pouco efi- mitido de geração em gera- ma individual, no atacado e caz para atrair os pássaros. ção, o trabalho continuou varejo. Realizou exaustivos testes sendo feito com o mesmo e pesquisas, visitando flo- esmero, artesanalmente. História restas em diversas regiões “E ainda hoje é arte à pro- do país, para alcançar a fi- va de testes”, assegura o Filho de lavradores, delidade de som ideal para bisneto que administra o nascido na cidade de Mu- cada pio - fabricado com o histórico empreendimento qui, Maurílio Coelho dei- esmero de um escultor e atualmente, Fábio Coelho. xou o campo para traba- afinado com a sensibilida- lhar no Serviço de Abaste- de de um músico. cimento de Água e Energia - antigo SAAE -, na Ilha da Tal dedicação tornou o seu nome sinônimo de qualidade e perfeição, cul- minando com o prêmio de melhor artesão do país, durante as festas do cente- nário da independência do Brasil, em 1922. Mas tudo começou 48

wwwwww..ooccbbeess..ccoooopp..bbrr AAvv.. NNoossssaa SSeennhhoorraa ddaa PPeennhhaa ((RReettaa ddaa PPeennhhaa)),, 11447777,, BBaaiirrrroo SSaannttaa LLúúcciiaa -- CCEEPP.. 2299005566--224433 VViittóórriiaa--EESS -- TTeelleeffoonnee:: ((2277)) 22112255--33220000


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