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Revista-Ferroria-Ed.180

Published by Jefferson Mendes Silva, 2021-09-05 20:50:34

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EDIÇÃO 180 | ANO 2021 WWW.FERROVIA.COM.BR Rede Metropolitana A E E F S J PALAVRA do Presidente Olhando o FUTURO MEMÓRIA O passado AINDA PRESENTE Está ACONTECENDO Artigo TÉCNICO Novas TENDÊNCIAS O avanço das concessões Palavra do presidente



EDIÇÃO 180 | ANO 2021 - WWW.FERROVIA.COM.BR ASSOCIAÇÃO INFORMA POSSE DA NOVA DIRETORIA Diretoria eleita para o biênio de junho de 2021 à maio de 2023 PRESIDENTE Wellington José Berganton VICE-PRESIDENTE Edson Barbeiro Artibani Giovana Cristina Franco de Oliveira SECRETÁRIO Antonio Rodrigues dos Santos TESOUREIRO Fabricio Matos Souto 2º TESOUREIRO Maria Lina Benini DIRETOR DE PATRIMÔNIO Flavio Marcellini DIRETOR TÉCNICO Raquel MegumiHashiguti DIRETOR SOCIAL Cibele Alves da Silva DIRETOR CULTURAL Dirceu Pinheiro DIRETOR DE ESPORTES Conselho Deliberativo Conselho Fiscal PRESIDENTE Edgar Fressato Carneiro 1º - ELEITO TITULAR (PRESIDENTE) Márcio Machado TITULAR Pedro Kenje Sugai 2º - ELEITO TITULAR João Renato Pepe TITULAR Willy Kurt Leistner Giacon 3º - ELEITO TITULAR Daniel Chiaramonte Perna TITULAR José Fernando Acosta SUPLENTE Roberto César Pacheco João Cipolletta 1º SUPLENTE Paulo Valério Costa 2º SUPLENTE A partir de junho de 2021, a nova diretoria eleita para o biênio de Aos membros da diretoria anterior, nosso muito obrigado pelo trabalho 2021 a 2023 tomou posse. Infelizmente, devido à pandemia causada e apoio. pelo coronavírus, não foi possível a realização de um evento formal, mas apenas documental. Desejamos boas-vindas a todos. Sucesso! Acreditamos que muito em breve teremos a chance de promover nossos encontros presencialmente. Wellington José Berganton EXPEDIENTE A Revista Ferrovia é uma publicação da Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí - AEEFSJ. Tels: 11 3338-0674 e 3353-4291 Conselho Editorial: Edson Barbeiro Artibani, Maria Lina Benini, João Dini Pivoto, José Ignacio Sequeira de Almeida, Daniel Chiaramonte Perna, Pedro Kenje Sugai, Rafael Prudente Corrêa Tassi, Flavio Marcellini, Osvaldo Fonte Basso, Henrique Sperandio Cremm, Eurico Baptista Ribeiro Filho, Wellington José Berganton e Silvestre Eduardo Rocha Ribeiro. Tiragem: 2.000 exemplares - Projeto gráfico, criação, tratamento e edição de imagem: Arthur Catanzaro - e-mail: [email protected] - Comercial: Edilene Ferreira de Oliveira - Cel: 11 96089-0999 - e-mail: [email protected] - Os conceitos emitidos nas matérias assinadas e nas entrevistas são de responsabilidade dos autores e podem não ser os mesmos da AEEFSJ nem da Revista Ferrovia. Envie suas sujestões e comentários para o e-mail: [email protected] Emissão de Anotação e Responsabilidade Técnica - ART - colocar no campo 31 o cód. 104 da AEEFSJ A Revista Ferrovia não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados, que não expressam necessariamente a opinião da revista. 3 Revista Ferrovia ed.180

PALAVRA DO PRESIDENTE Eng.º Edson Barbeiro Artibani Data de 1836 a primeira concessão para a construção de uma estrada de ferro no CONTEÚDO país. Naquela época, a incipiente atividade econômica, que demandava necessida de diminuta de deslocamentos, e a inexistência de mecanismos de incentivos PALAVRA DO PRESIDENTE públicos,que assegurassem retorno financeiro a quem quisesse investir, contribuíram 4 Engº Edson Barbeiro Artibani para o insucesso desse intento. Coube então ao poder concedente, o Império, oferecer meios para atrair capital. OLHANDO O FUTURO A solução foi a promulgação da Lei nº 641 de 1852 que outorgava diversos benefícios 6 Todos sairão ganhando com a renovação ao setor privado para construir e operar estradas de ferro, entre eles a garantia de juros, pagos pelo governo sobre todo o capital investido, a isenção de impostos sobre da concessão da MRS Logística. importação e o estabelecimento de uma zona de privilégios. As condições favoráveis dadas pelo Império e o avanço da lavoura cafeeira interior MEMÓRIA adentro foram fatores preponderantes para a construção, pelas “mãos” da São Paulo 8 O Tramway do Juquery. Railway Co. – SPR, da primeira ferrovia paulista, inaugurada em 1867 entre Santos e Jundiaí e que passava pela capital da Província. O PASSADO AINDA PRESENTE Vencido o principal obstáculo entre o planalto e o litoral - a Serra do Mar, abriu-se 12 SPR - São Paulo Railway Company Ltd. caminho para a construção de outras estradas de ferro, todas elas com capital privado, convergindo para a tecnologia inglesa. Em 1900 dezessete companhias já História e legado para a mobilidade urbana operavam no Estado, sendo apenas uma estatal, a E. F. Central do Brasil, somando no ambiente da CPTM. cerca de 3.300 quilômetros. Acontecimentos de toda sorte culminaram na gradativa transferência do controle ESTÁ ACONTECENDO privado para o Estado que, nos anos de 1950, promoveu uma série de investimentos 16 Ligações regionais: Novos serviços sobre trilhos. no transporte suburbano. A aquisição das primeiras frotas de trens-unidade elétricos, 18 Trem intercidades: Um salto sobre trilhos em São Paulo. tanto pelo governo de São Paulo para a E. F. Sorocabana quanto pelo governo federal 19 A propósito dos trens intercidades. para as estradas de ferro Santos a Jundiaí e Central do Brasil, consolidaram a 20 O Brasil precisa de conexões regionais sobre trilhos. eletrificação das ferrovias,transformando a malha ferroviária existente, que já 21 Do cenário nem-nem ao projeto possível. entrecortava as atuais regiões metropolitanas, em grandes corredores de transporte 22 Trem intercidades: “Crer para ver”. de massa. Nos anos de 1970 e 1980 a completa remodelação do serviço prestado pela antiga ARTIGO TÉCNICO Sorocabana, já incorporada à Fepasa, eliminou a diferença de bitola em relação ao 24 Sistema de controle local - Estações. sistema operado pela RFFSA e abriu caminho para a consolidação de um único 29 Rede aérea de tração autocompensada. sistema de transporte sob a égide da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, nos anos de 1990. NOVAS TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS Observando a formação da CPTM, podemos afirmar que diversas culturas ferroviárias 26 Avaliação do desempenho no transporte foram nela concentradas com absorção, ao longo dos anos, de acervo técnico de grande relevância e expertise intelectual altamente qualificada, fatores esses ferroviário de passageiros. proeminentes para o desenvolvimento metroferroviário. Um grande desafio para a nova empresa foi que os ativos transferidos pelo Governo Federal se apresentavam Revista Ferrovia ed.180 4

degradados pelo mau estado de conservação, tanto em relação às caminho para a concretização da política de parcerias e concessões instalações elétricas fixas e via permanente quanto ao material rodante. no setor. Além disso, os sistemas de sinalização e de telecomunicações estavam Uma nova era abre-se com a concessão das linhas 8 e 9 e espera- desatualizados, contribuindo para os constantes problemas operacionais, se que os investimentos venham para melhorar ainda mais o transporte que resultavam em grandes repercussões na mídia. sobre trilhos e que os estudos se transformem em projetos para a Ao longo de sua trajetória, alimentada pelos investimentos do estado viabilização dos trens intercidades entre a Região Metropolitana de de São Paulo, a CPTM alcançou expressivos resultados, que a tornaram São Paulo e as cidades de Campinas, Sorocaba, São José dos Campos reconhecida como a maior operadora ferroviária no transporte de e Santos. Dentre estes estudos e futuros projetos destaca-se a passageiros em regiões metropolitanas da América do Sul, tendo modernização da linha 7 com seu prolongamento até a cidade de alcançado o recorde de mais de 3,2 milhões de passageiros Campinas. transportados por dia. Esses resultados demonstram a assertividade Iniciam-se, dessa forma, novas perspectivas de investimento privado dos investimentos no transporte de passageiros, demonstrada nos para o transporte ferroviário de passageiros no Estado de São Paulo. benefícios prestados para a mobilidade dos cidadãos. Esse quadro de excelência motivou o Governo Estadual a atrair a iniciativa privada para o transporte ferroviário de passageiros, abrindo Quadro demonstrativo da evolução dos investimentos privados no setor Metroferroviario da Região Metropolitana de São Paulo, evidenciando cerca de 1/3 da malha gerenciada pelo setor. Extensão (km) Operador Setor Linhas Por operador Total CPTM Público 7, 10, 11, 12 e 13 196,2 287,7 Metrô de São Paulo Público 1, 2, 3 e 15* 91,5 ViaQuatro Privado 4* 12,9 ViaMobilidade Privado 5 e 17** 37,6 144,6 LinhaUni Privado 6** 15,9 L8&9 Privado 8 e 9* 78,2 (*) Parte em construção (**) Em construção Operador privado Operador público 5 Revista Ferrovia ed.180

OLHANDO O FUTURO TODOS SAIRÃO GANHANDO COM A RENOVAÇÃO DA CONCESSÃO DA MRS LOGÍSTICA A renovação antecipada da concessão da Investimentos da sua renovação antecipada do transporte sobre trilhos. Uma premissa MRS Logística tem efeitos positivos em de concessão, são bons exemplos: as para viabilizar esse projeto é ter linhas diferentes aspectos. As renovações estão segregações de linhas de transporte de específicas para movimentação de carga sendo estruturadas de modo coordenado, carga e passageiros na Região e de passageiros. Hoje, esses transportes isto é, elas terão desdobramentos para Metropolitana de São Paulo, a construção são feitos em linhas compartilhadas, o que além das atividades das concessionárias, de dois terminais multimodais na capital traz desafios operacionais, limitando a impactando a cadeia logística como um e os investimentos nos acessos ferroviários grade de horários das composições de todo e mesmo os aspectos de mobilidade ao Porto de Santos. carga e de passageiros, entre outros pontos. urbana, ainda que as empresas sejam transportadoras de carga. O Governo do Estado de São Paulo tem Um dos investimentos previstos no Plano um importante projeto de mobilidade de Negócios da MRS para a renovação é O caso da MRS é emblemático nesse urbana: a construção e operação do Trem justamente realizar duas segregações de aspecto. Três projetos previstos para o Intercidades (TIC), iniciativa que prevê linhas férreas em trechos entre Jundiaí e estado de São Paulo, no Plano de interligar Campinas a São Paulo por meio São Paulo e garantir faixa de domínio para Revista Ferrovia ed.180 6

OLHANDO O FUTURO a construção da linha férrea para o TIC, segundo projeções do Governo Federal. concessão para se tornar uma ferrovia de permitindo, assim, que o projeto possa ser Em Santos, há mais exemplos de classe mundial, imagine agora, que esses levado adiante pelo Governo de São Paulo. investimentos estruturantes. Desde 1997, investimentos serão obrigatórios e previstos a MRS já investiu mais de R$ 1 bilhão no em contrato. Todos sairão ganhando com A MRS vai construir quatro polos acesso ferroviário ao Porto de Santos, o a renovação da concessão da MRS”. multimodais, distribuídos nos três estados resultado foi multiplicar em 10 vezes o onde atua (RJ, MG e SP). Na cidade de volume ferroviário que chega ao porto por José Roberto Lourenço São Paulo, serão duas unidades, nos bairros trens (em 1997, eram 5 milhões de Gerente geral de Relações Institucionais da MRS da Lapa e Mooca. Os terminais multimodais toneladas, em 2019, foram 48 milhões). são essenciais para estimular o Após a renovação, mais investimentos para o estado de SP crescimento do transporte de Carga Geral, serão feitos pela MRS, o que vai garantir via ferrovia para que haja uma toda a capacidade ferroviária necessária diversificação ainda maior das cargas que para os próximos 30 anos. circulam pela malha da MRS. Com a segregação das linhas e os polos “Uma breve análise mostra como os multimodais, a empresa vai contribuir projetos ferroviários atrelados à renovação significativamente para a ampliação do antecipada da concessão da MRS foram share da ferrovia na matriz de transportes bem desenhados. Se a empresa já investiu brasileira dos atuais 15% para 36%, pesadamente nos primeiros anos de sua 7 Revista Ferrovia ed.180

MEMÓRIA O TRAMWAY DO JUQUERY A história desta pequena ferrovia trilhos da SPR junto a estação de No governo de José Alvez Cerqueira César, industrial está ligada à história da família “Juquery” (atual Franco da Rocha). em 1892, por indicação do Dr. Franco Beneducci, industriários de grande O material rodante era composto por da Rocha, foi adquirida uma gleba de relevância para a expansão da cidade uma locomotiva de origem Belga, marca terras de 150 hectares na margem do de São Paulo entre fins do século XIX e Couillet, uma automotriz a gasolina, um rio Juquery, estrategicamente próximo começo do século XX. carro de passageiros e algumas à estação homônima, para a construção Beneducci foi um dos pioneiros no vagonetes para transporte dos do novo asilo para alienados (hospital serviço de fornecimento de insumos para paralelepípedos. psiquiátrico), em substituição ao antigo o calçamento das ruas paulistanas nos anos 80 do século XIX e, em sua busca por minérios, no ano de 1886 encontra uma pedreira na região do rio Juquery próximo à linha da São Paulo Railway - SPR numa localidade hoje conhecida por “quarta colônia”. Desta pedreira extraia paralelepípedos de granito, excelentes para seus contratos de calçamento das vias públicas e guias de calçadas da capital através de sua empresa “Beneducci & Malfatti”. Para atender a pedreira, que estava situada a “2 légoas” dali (pouco mais de 9 quilômetros) constrói uma ferrovia industrial de bitola 60cm partindo dos Revista Ferrovia ed.180 Visita do Dr. Franco da Rocha e o Governador de São Paulo ao novo Hospital Psiquiátrico, utilizando-se do tramway do Juquery em 1898. (Coleção Leandro Guidini) 8

MEMÓRIA situado na rua São João, em São Paulo. comprou a ferrovia de Beneducci, Liberdade até a confluência com a A ferrovia de Beneducci era utilizada vendendo-a pouco tempo depois para SP 023, desenvolvendo-se até a tanto para as obras quanto para acesso o governo do Estado pelo valor de localidade da cachoeira da Quarta ao Hospital. Um pequeno ramal 575 contos de réis. Colônia, acompanhando o traçado desta atravessando o rio foi construído para Com o advento das estradas de rodagem mesma rodovia. O ramal para o sanatório esta finalidade, com o uso de um bonde e a expansão da utilização de caminhões derivava na própria estação Juquery, puxado a burros e de uma pequena auto para o transporte de baixos volumes, a saindo para a direita da linha que ia motriz a gasolina. No final da linha, junto pequena ferrovia foi se tornando para a pedreira até chegar às a pedreira, fora construída uma pequena obsoleta. Seu fechamento era inevitável, dependências do complexo hospitalar usina de energia elétrica, que atendia o porém, não foi possível identificar o ano depois de atravessar o rio. Não é sanatório. em que isto aconteceu. conhecido nenhum vestígio físico desta Em 1916 a firma Sestini & Gomabacci, O tramway se iniciava na estação de pequena ferrovia. executora das obras do hospital, Juquery, passando pela atual Avenida A pequena automotriz a gasolina que servia aos serviços de passageiros do sanatório. (Coleção José Parada) A locomotiva a vapor do tramway, uma 0-4-0 belga da marca Couillet. Este tipo de material rodante diminuto era amplamente utilizado em ferrovias industriais e agrícolas pelo mundo todo. (Acervo Nilson Rodrigues) Também para o uso dos passageirosao sanatório, o pequeno bonde puxado a burros. (Coleção José Parada) Leandro Ottoboni Guidini Pesquisador ferroviário e maquinista na Estrada de Ferro Campos do Jordão. 9 Revista Ferrovia ed.180



Trem de passageiros da FEPASA oriundo de São Paulo, partindo de Vinhedo em direção a Campinas. (Vanderlei Zago, 1997)

O PASSADO AINDA PRESENTE SPR - SÃO PAULO RAILWAY COMPANY LTD HISTÓRIA E LEGADO PARA A MOBILIDADE URBANA NO AMBIENTE CPTM I – História Assim, em 26 de abril de 1856 foi editado (Paranapiacaba)/ Rio Grande da Serra/ Cafeicultura no Brasil o Decreto Imperial nº 1759 que “Autorisa Ribeirão Pires/ Mauá/ Santo André (Centro)/ a incorporação de huma Companhia para a São Caetano do Sul/ São Paulo (Ipiranga, Introduzido no Brasil por Francisco de Melo construcção de huma Estrada de Ferro entre Mooca, Brás, Barra Funda, Lapa, Pirituba, Palheta, o cultivo do café no país teve início a cidade de Santos e a Villa de Jundiahy, na Jaraguá, Perus)/ Caieiras/ Franco da Rocha/ na primeira metade do Século XVIII e, em Província de S. Paulo”. Francisco Morato/ Campo Limpo Paulista/ meados do Século XIX, já era uma realidade Em decorrência, em 1859, após gestões junto Várzea Paulista/ Jundiaí. agrícola e começava a tomar o lugar do ao Governo Imperial, o Barão de Mauá Apesar do sucesso da ligação ferroviária, açúcar como principal produto de determinou os estudos para o trecho inicial com o passar do tempo, face ao grande exportação. no Planalto, entre Jundiaí e o Alto da Serra volume de café e demais produtos destinados No interior do Estado de São Paulo as do Mar. ao Porto de Santos, tornou-se imperativa principais áreas de cultivo do café Para vencer a Serra do Mar houve uma nova solução para vencer o gargalo compreendiam as regiões de Campinas, Rio necessidade de apoio técnico de operacional da Serra do Mar. Claro, Araraquara, Mogi Mirim e Ribeirão especialistas estrangeiros. Nesse contexto Assim, em 1895 iniciou-se a construção de Preto. foi contratado, inicialmente, o engenheiro uma nova ligação ferroviária no trecho da Naquela época, os principais produtos de James Brunlees e, posteriormente, o Serra do Mar, denominada, então, “Serra exportação pelo Porto de Santos eram engenheiro Daniel Makinson Fox. Nova”, utilizando o Sistema “Endless Rope” transportados por tropas com centenas de Após os estudos específicos o Projeto previu – Funicular. O Sistema da Serra Nova foi animais que utilizavam, principalmente, a vencer o desnível de cerca de 800 metros inaugurado em 1901. “Estrada Velha de Santos” e a “Antiga Trilha da Serra do Mar em 4 patamares distintos, Tupiniquim”. com comprimentos variando entre 1.780 e Final da Concessão – Nova Realidade da O crescente movimento de exportação dos 3.100 metros e declive de cerca 8%, SPR – São Paulo Railway e suas sucessoras produtos agrícolas produzidos em solo separados por 4 patamares menores, de paulista sinalizava a necessidade de ligação cerca de 75 metros e declives de 1,3%. Em 13 de setembro de 1946 foi encerrado ferroviária até o Porto de Santos para Formatado o Projeto e, após as devidas o Contrato de Concessão da SPR, a qual foi substituir o transporte, até então realizado aprovações, foi criada a empresa “ The São então encampada pelo Governo Brasileiro por tração animal. Paulo Railway Company Ltd” – SPR. e, em 27 de setembro de 1947, foi As obras tiveram início em 15 de março de transformada em EFSJ – Estrada de Ferro O nascimento, a construção e a vida 1860 e, apesar de todas as dificuldades, a Santos a Jundiaí. operacional da SPR – São Paulo Railway conclusão da ferrovia ocorreu antes do prazo Uma década depois a EFSJ seria incorporada Company Ltd. final do contrato que era de 8 anos. à RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A, A SPR foi inaugurada e liberada ao tráfego empresa criada em 16 de março de 1957 Em meados do século XIX alguns brasileiros, no dia 16 de fevereiro de 1867. em decorrência da Lei Federal nº 3115. com destaque para o senhor Irineu A malha férrea da SPR iniciava em Santos Nos anos 1960 o volume de carga aumentou Evangelista de Souza – Barão de Mauá, em Valongo, km 0+000, e chegava em muito e o Sistema Funicular tornou-se sensibilizaram o Governo Imperial do Brasil Jundiaí, na Vila Arens, km 139+000, que obsoleto. a respeito da necessidade de ligação hoje atravessa 14 municípios: Em 1974 foi inaugurado o “Sistema ferroviária até o Porto de Santos. - Santos (Valongo)/ Cubatão/ Santo André Cremalheira – Aderência” no traçado da Revista Ferrovia ed.180 12

O PASSADO AINDA PRESENTE antiga “Serra Velha”, utilizando locomotivas Estações – Trecho Jundiaí a Rio Grande da representam 77% dos ativos hoje em elétricas. Serra operação, sendo que 8 dessas estações são O Sistema Funicular ainda foi utilizado originárias do início da operação em 1867. parcialmente (5ª máquina) por um período, No ambiente operacional da CPTM, o legado A seguir quadro ilustrativo das Estações, e somente por trens turísticos, sendo SPR no que diz respeito a estações, envolve datas de construção/operação. desativado totalmente em 1991. 24 instalações (hoje são 31 estações) que Em 22 de fevereiro de 1984, decorrente do Decreto Federal nº 89.396, foi instituída a Estação Construção/ Construção/ Reconstrução/ CBTU – Companhia Brasileira de Trens Operação SPR (Ano) Operação Reforma (Ano) Urbanos, especificamente para transporte (EFSJ/RFFSA/ de passageiros. Os ativos operacionais da Originária Século XIX Século XX CBTU/ CPTM) (Ano) CBTU foram oriundos de cisão parcial da RFFSA. 1 Jundiaí 1867 Em 26 de maio de 1994, por Protocolo de Cisão, cerca de 97 km (70%) da malha férrea 2 Várzea Paulista 1891 das antigas SPR/ EFSJ/ RFFSA, especificamente o trecho Jundiaí – Rio Grande 3 Campo Limpo Paulista 1881 1979 da Serra, foi transferido da CBTU para a CPTM – Companhia Paulista de Trens 4 Botujuru 1908 1979 Metropolitanos, empresa criada em 28 de maio de 1992 pela Lei Estadual nº 7861. 5 Francisco Morato 1867 2020 Em 1996, decorrente de Processo de Concessão Federal, a malha remanescente 6 Baltazar Fidélis 1955 da RFFSA, cerca de 42 km, especificamente o Trecho Rio Grande da Serra - Paranapiacaba 7 Franco da Rocha 1888 2014 – Santos, foi concedido à empresa privada MRS Logística S/A. 8 Caieiras 1883 II – O Legado da SPR - São Paulo Railway 9 Perus 1867 2000 para a Mobilidade Urbana CPTM 10 Vila Aurora 2013 Malha Férrea 11 Jaraguá 1891 A infraestrutura operacional originária da SPR no eixo Noroeste/ Sudeste, entre Jundiaí 12 Vila Clarice 1955 e Rio Grande da Serra, passou por vários ajustes e melhorias ao longo do tempo e 13 Pirituba 1885 1970 hoje, como legado da SPR, a CPTM garante expressiva prestação de serviços de 14 Piqueri 1960 1975 passageiros. 15 Lapa 1899 1959 16 Água Branca 1867 1976 17 Barra Funda 1892 1988 18 Luz 1867 1901/1951/2004 19 Brás 1867 2003 20 Mooca 1898 1960 21 Ipiranga 1886 1960 22 Tamanduateí 1947 2010 23 São Caetano 1883 1973 24 Utinga 1933 1976 25 Prefeito Saladino 1952 1966 26 Santo André 1867 1979 27 Capuava 1920 1960 28 Mauá 1883 1978 29 Guapituba 1983 30 Ribeirão Pires 1885 31 Rio Grande da Serra 1867 Total 8 13 3 7 21 13 Revista Ferrovia ed.180

O PASSADO AINDA PRESENTE Prestação de Serviços – Passageiros da pandemia do novo Coronavírus, houve de pessoas, 34% da população do Estado Transportados uma redução importante do número de de São Paulo aproximadamente. passageiros transportados, da ordem . Participação no desenvolvimento urbano - Estatística SPR (1867 - 1946) de 40%. de tais municípios, orientando as políticas Desde o início da operação da SPR, ocorrida de uso e ocupação do solo de cada um, em 1867, o transporte de passageiros na - Principais Estações do Trecho Jundiaí – Rio face a malha estrutural de transporte de malha da empresa teve uma evolução Grande da Serra alta capacidade sobre trilhos; bastante expressiva, conforme comprovam A seguir, as estações que apresentaram, em . Participação no desenvolvimento cultural, os números de passageiros transportados 2019, médias diárias superiores a pelas condições de projetos arquitetônicos anualmente, mostrados a seguir: 20.000 embarques: variados, muitos que mereceram tombamento pelos órgãos de preservação, Ano Quantidade de pass./ano (mil) Estação Embarque/dia (mil) com destaque para a Estação da Luz, ícone paulista do transporte ferroviário; 1869 69,0 Francisco Morato 29,0 . Participação expressiva na Mobilidade 1870 75,0 Franco da Rocha 22,0 Urbana garantindo o deslocamento diário 1880 131,0 Perus 23,0 de milhares de pessoas para os mais variados 1890 422,0 Lapa 32,0 destinos, como trabalho, educação, lazer e 1900 1.115,0 Barra Funda 65,0 cultura. 1910 1.859,0 Luz 48,0 . Participação pioneira e exclusiva na 1920 4.586,0 Brás 39,0 formação profissional ferroviária através da 1930 10.768,0 Tamanduateí 73,0 Escola SENAI “Engº James C. Stewart”, 1940 16.290,0 São Caetano 31,0 a qual até hoje prepara mão de obra técnica 1946 24.020,0 Santo André 60,0 especializada para o setor Metroferroviário. Mauá 49,0 Estatística de passageiros CPTM – José Luiz Lavorente Trecho Jundiaí a Rio Grande da Serra Síntese do Legado da São Paulo Railway – Assessor da Presidência Os ativos operacionais e os sistemas oriundos SPR para a Sociedade Paulista CPTM/ Secretaria dos Transportes Metropolitanos da SPR e EFSJ, compuseram a infraestrutura das Linhas 7 e 10 da CPTM, que juntas No que diz respeito ao ambiente operacional transportam cerca de 30% do total de da CPTM, no trecho compreendido entre passageiros da empresa, conforme relatado Jundiaí e Rio Grande da Serra, podemos a seguir. afirmar que a SPR deixou um legado bastante No ano de 2019 a CPTM transportou o total expressivo em diversos setores: de 868 milhões de passageiros, sendo que . Participação ativa no desenvolvimento as Linhas 7/10 transportaram 255 milhões econômico de 12 municípios (Jundiaí/ Várzea de passageiros. Paulista/ Campo Limpo Paulista/ Francisco No ano de 2019 a média dia útil-MDU de Morato/ Franco da Rocha/ Caieiras/ São passageiros transportados foi: Paulo/ São Caetano do Sul/ Santo André/ . CPTM – 2,9 milhões; Mauá/ Ribeirão Pires/ Rio Grande da Serra) . Linhas 7/10 – 835 mil. que juntos totalizam cerca de 15 milhões Cabe ressaltar que em 2020, em decorrência Revista Ferrovia ed.180 14



ESTÁ ACONTECENDO LIGAÇÕES REGIONAIS: NOVOS SERVIÇOS SOBRE TRILHOS É permanente a expectativa pelo retorno da alcançar Jundiaí. na modernização de sua malha e aquisição ligação sobre trilhos entre São Paulo – Jundiaí Entre 1994 e 1996, o transporte de de novos trens. – Campinas. Espera-se um serviço expresso passageiros de longo percurso foi desativado Cabe lembrar que, no meio ferroviário, os para passageiros, com novos padrões de na malha ferroviária federal no Estado de São termos como privatização e concessão qualidade, conforto, tecnologia e, Paulo e o de passageiros urbanos confundem-se com a própria ferrovia que no especialmente, o tempo de viagem que, “estadualizado”. Nesse período, a malha de início do século passado, para responder à quando compreendido como tempo de transporte de cargas foi concedida por região dinâmica do desenvolvimento econômico e deslocamento, o transporte ferroviário é e não por corredor de produção e exportação. urbano no interior do Estado de São Paulo, competitivo. De fato, cabe neste caso, O processo de concessão federal permitiu o encontrou na iniciativa privada o agente comparar a soma de todos os tempos compartilhamento das vias entre passageiros necessário para estimular a circulação de envolvidos, desde a origem até o destino. Se e carga, sem compromissos de segregação. riquezas e pessoas. entre casa e trabalho, por exemplo, O resultado destas ações implicou uma Não por coincidência, a eliminação do abrangendo os tempos consumidos entre “colcha de retalhos” no território ferroviário, compartilhamento do transporte de carga casa – estação 1 – (espera e viagem) – estação sendo parte administrada pelo Estado e parte nas Linhas 8 e 9 da CPTM, facilitaram sua 2 – trabalho, isto é, considerar os pela União. A responsabilidade dominial das modernização, a ponto de as integrarem no deslocamentos para chegar à estação e áreas da União ficou com as operadoras de processo de concessão da Secretaria dos destino após a saída da estação final. carga, com a Secretaria do Patrimônio da Transportes Metropolitanos, com A desativação do serviço entre São Paulo e União e os órgãos federais de proteção e responsabilidade única na gestão e operação, Campinas ocorreu há mais de 20 anos, preservação de bens tombados. Áreas e e sem disputas territoriais ou dominiais. descomprometida com decorrentes impactos instalações dispersas foram ainda alienadas É muito comum a discussão do sobre os benefícios sociais, ambientais e de ou autorizadas ao uso por municípios. compartilhamento de serviços por suscitar desenvolvimento econômico a ele associados. Sob o foco territorial, pode-se ilustrar dizendo paixões, histórias, lembranças e imagens de A agenda atual ainda registra esforços na que predomina para o serviço de passageiros sistemas internacionais, desprovidas de busca de caminhos. metropolitanos operados pela CPTM o embasamento técnico ou apropriação dos Os efeitos do “não fazer” são percebidos no conceito da “sombra do trem ao meio-dia” parâmetros compatíveis com os respectivos imaginário dos antigos passageiros, e a acrescida de algumas áreas laterais às vias serviços modernizados na RMSP. ausência do serviço não encontra justificativa e às estações. Uma terceira via, sob controle O compartilhamento das vias está previsto entre os potenciais usuários. A legislação da operação pelo sistema de passageiros no decreto federal no 1.832 de 1996, que referente à Política Estadual de Mudanças está em disputa entre as partes. ao regulamentar o transporte ferroviário, Climáticas considera a necessidade de rever São Paulo priorizou, justificadamente, a priorizou o transporte de passageiros sobre a matriz energética, e de promover mitigações modernização e ampliação do sistema sobre o de cargas. Compartilhar as mesmas vias dos efeitos ambientais, prioritariamente nas trilhos na Região Metropolitana de São Paulo entre serviços com características e áreas urbanas. (RMSP) com a criação da CPTM, assumindo parâmetros diferentes é possível quando não Em 1992, a Associação de Engenheiros da as linhas da Superintendência de Trens lhes implica ou restringe compromissos de Estrada de Ferro Santos a Jundiaí – AEEFSJ Urbanos – SP (CBTU) e da extinta Fepasa. desempenho. elaborou proposta de expansão dos serviços, A partir da integração tarifária ao sistema do Como exemplo, operar com o intervalo de 3 indicando a predominância do uso da faixa Metrô, implantou-se um grande sistema sobre minutos entre trens, para atendimento a alta ferroviária para o conjunto de serviços e trilhos, sem acréscimo de ônus ao usuário demanda de passageiros, com velocidade soluções distintas, compartilhando a faixa pelo seu uso. Ao mesmo tempo em que comercial resultante de 40km/h em função territorial. Ao longo do tempo, o traçado teve elaboravam estudos e projetos para expandí- das acelerações e frenagens e diversas alternativa de revisão parcial em 25% para la para o interior de São Paulo, investia-se paradas nas estações, teria: Revista Ferrovia ed.180 16

ESTÁ ACONTECENDO . Um serviço expresso com intervalos de 15 advento de proposta para implantação de TIC – Trem Intercidades, e a solução para a minutos e velocidade comercial na ordem de linha de Trem de Alta Velocidade – TAV, renovação do contrato de concessão federal. 160 km/h, sem paradas nas mesmas estações, incorporando em novo traçado a ligação Além desta multiplicidade de agentes como ultrapassar nas mesmas vias para São Paulo – Campinas envolvidos, a disputa política, não garantir o tempo de viagem do serviço Até o momento o TAV não foi estruturado com eventualmente, traz descompasso àqueles expresso? a viabilidade suficiente para equacionar seus encaminhamentos que transpassam governos . O transporte de cargas sobre trilhos com riscos, ou proposto projeto conclusivo, com e períodos eleitorais: os projetos tornam-se características de aceleração e frenagens segurança no volume de aporte de recursos competitivos e não cooperativos, sendo comum diferentes, peso por eixo muito maior, públicos e privados, bem como suas garantias. não integrarem políticas setoriais entre esferas comprimento entre duas e cinco vezes maior Considerando este embricado cenário, pode- de governo, por vezes na mesma que o trem metropolitano e velocidade menor, se entender que alguns aspectos relevantes administração. Um exemplo simples é investir como conviver mantendo o desempenho do permeiam a complexidade deste em determinado modo de transporte sem trem metropolitano? Por que investir em empreendimento, que impactam as agendas integrá-lo a outros, ou aeroportos e portos, superestrutura das vias para trens de municipais, do Estado, da União, e ultrapassam ou polos de tecnologia, logística ou de passageiros com as exigências de tonelagens períodos eleitorais. destacado desenvolvimento específico, com por eixo muito maior em função dos trens de O primeiro item remete aos aspectos soluções adequadas de acesso e ligações carga? territoriais, a serem equacionados e estratégicas. Caberia firmar agendas . A segurança de circulação nas vias se dá regularizados entre os poderes concedentes cooperativas e políticas setoriais articuladas, por meio de um sistema com alta tecnologia, dos transportes sobre trilhos - União e Estado, trazer soluções que viabilizem a consecução automatizado para a operação com intervalos com amparo em soluções técnicas de projeto de outros modos de transporte, mesmo que reduzidos entre trens de passageiros, e de uso racional da faixa dominial, sem viabilizados em tempos diferentes, mas frutos caracterizados por uniformização da dimensão, comprometer a segregação das vias de carga, de planejamentos compromissados e dos parâmetros de aceleração e frenagem de transporte de passageiros e de nova articulados. que impactam no tamanho dos circuitos de infraestrutura para novos serviços. É desafiador! A somatória de esforços para sinalização implantados nas vias. O segundo aponta a complexidade de remoção de obstáculos viabilizará o . Nas vias compartilhadas, a circulação de execução das obras, tendo em vista a ressurgimento desta importante ligação um trem de carga, cujos parâmetros de necessidade de não comprometer a operação ferroviária, assim como ensinará os caminhos desempenho são diferentes do trem de das linhas da CPTM, que exige articulação para integrar as regiões metropolitanas de passageiros, para garantia da segurança, as dos cronogramas das obras a serem assumidas Campinas – Santos – Sorocaba – São José respectivas motrizes, necessariamente, deverão entre operadora de carga e a dos novos dos Campos – São Paulo, a exemplo dos operar com o mesmo tipo de tecnologia de serviços, além da própria Linha 7, com a resultados de desenvolvimento econômico- sinalização ferroviária e, certamente, impactará operação no dia a dia. Esse fator, remete às social de alguns países europeus. no intervalo entre trens do serviço de obras e seus prazos, projetos e convivência passageiros, aumentando o intervalo de na implantação de sistemas que permitirão Silvestre Eduardo Rocha Ribeiro 3 minutos para 15 minutos por exemplo, aumento da oferta dos trens de passageiros Engenheiro com 38 anos na ferrovia, exerceu funções de comprometendo, portanto, a oferta de trens pela tecnologia de sinalização ferroviária, com Coordenador de Planejamento e Gestão na Secretaria de passageiros, tal como acontece hoje! “blocos sinalizados em campo” menores, Em 2004 houve financiamento espanhol a equipamentos de energia para os trens e nova dos Transportes Metropolitanos, Gerente e Diretor de fundo perdido para elaboração de estudo infraestrutura de vias, com remoção de Planejamento e Projetos da CPTM, Secretário de Mobilidade preliminar para a ligação São Paulo – interferências e remanejamentos. Campinas, o Conselho Gestor das PPP´s do Outro aspecto e não menos importante, e Transportes de Jundiaí entre 2017 e 2020. Estado de São Paulo autorizou o compreende os recursos a serem garantidos aprofundamento desses estudos que, pelo orçamento paulista, no suporte aos posteriormente, foram recolhidos com o compromissos pela PPP do chamado 17 Revista Ferrovia ed.180

ESTÁ ACONTECENDO TREM INTERCIDADES: UM SALTO SOBRE TRILHOS EM SÃO PAULO A CPTM conta com uma extensa rede de possível pela articulação do Governo do e permeiam toda a malha férrea, quer seja trilhos na Região Metropolitana de São Estado, com o Governo Federal e operadores de passageiros ou de carga, trazendo Paulo. Nossas sete linhas, com 271 de carga. Além dos benefícios gerados ao melhorias significativas para os serviços de quilômetros distribuídos em 23 municípios, transporte de passageiros, torna-se viável trens. chegam a atender 3 milhões de passageiros o projeto da segregação da operação de O TIC será um marco do desenvolvimento, em dias úteis. Essa malha diversificada de cargas, no âmbito da renovação do contrato ao ampliar a articulação entre as duas transporte público impacta decisivamente da MRS, junto ao Governo Federal. Entre principais regiões metropolitanas do Estado. na economia do Estado, nos empregos e os investimentos previstos, a título de A oferta de transporte sobre trilhos é um na qualidade de vida dos seus habitantes. outorga, estão os necessários para a dos maiores projetos sociais do poder realização desse objetivo. Ao final de todas público. Seu avanço traz reflexo imediato Agora, queremos dar um passo além.Vamos as obras restarão, no máximo, 15 km de na vida das pessoas e nas possibilidades ainda mais longe. Com a coordenação do compartilhamento ao invés dos atuais que elas encontrarão pela frente. A CPTM governador João Doria e do secretário dos 122 km. participa, com orgulho, dessa nova etapa Transportes Metropolitanos,Alexandre Baldy, da mobilidade brasileira. retomamos o desenvolvimento do Trem A utilização de vias exclusivas possibilitará Intercidades - TIC, com um novo enfoque outra novidade, a criação do serviço Pedro Moro de implantação. intrametropolitano, com as mesmas Presidente da CPTM características operacionais da Linha 7, Michael Sotelo Cerqueira Ligação São Paulo a Campinas, não se trata com nove estações à partir de Francisco Consultor do Banco Mundial de uma discussão nova, mas de um anseio Morato em direção à Campinas. Já a ligação de mais de uma década e que, agora, intercidades, com até três paradas começa a virar realidade. O projeto TIC (Campinas, Jundiaí e Barra Funda) será estrutura-se na vanguarda tecnológica, que realizada por trens dimensionados com permitirá ofertar serviços com qualidade, todos os passageiros sentados, oferta de regularidade e conforto. Entre suas serviços de bordo e outras comodidades. principais intervenções, estão a construção O trajeto será percorrido em 65 minutos de novas vias, um novo sistema de (estimados), no sentido prioritário, com sinalização e adequação e modernização velocidade média de 100 km/h, podendo de todas as estações. chegar a 120 km/h. Aqui teremos horários fixos tanto para saída quanto para chegada. O grande diferencial do atual projeto se dá pelo aproveitamento máximo da faixa Os benefícios desse ambicioso projeto não ferroviária existente. Esse arranjo só é se restringem ao seu eixo, mas se espargem Revista Ferrovia ed.180 18

ESTÁ ACONTECENDO A PROPÓSITO DOS TRENS INTERCIDADES As notícias sobre o trem de passageiros agrimensor. Trabalhei na Fepasa, no prédio ou à escola. Havia várias opções, desde ligando São Paulo a Campinas não é nova. da Barra Funda morei em São Paulo os trens que vinham do interior e chegavam Tem se repetido há quase 20 anos. conheci as instalações da empresa na rua a estação de Jundiaí às 5:40 da manhã, A viabilização do projeto parece ter Libero Badaró e no prédio da estação Júlio até os trens de subúrbio, que parava em enfrentado dificuldades administrativas, Prestes. Conheci os ferroviários da todas as estações, passando pela Litorina, além das exigências técnicas e Sorocabana, da Mogiana e da Paulista, que era o trem expresso da época. orçamentárias, que agora podem ter sido todos orgulhosos do seu trabalho. Vi os As viagens de ida normalmente eram superadas. Desta vez vai! É o que desenhos da Estação Júlio Prestes, feitos quietas e sonolentas, exceto no trem de esperamos todos nós que temos torcido sobre tecido, a mão, com tinta nanquim, subúrbios, que ficava lotado já na estação todo esse tempo para a concretização do representando com precisão todos os de Francisco Morato. As voltas, ao projeto, que sonhamos com o Trem detalhes arquitetônicos do prédio. Certa contrário, eram animadas, principalmente Expresso Bandeirantes e que, agora, vez fui encarregado de buscar um desenho no trem húngaro, rápido e confortável. torcemos pelo Trem Intercidades. De fato, que estava no arquivo alojado em algum Era nele que o pessoal de Campinas fazia a ideia é tão boa e tão antiga que uma lugar da Estação Júlio Prestes. Tratava-se o happy hour e voltava para casa jogando hora haverá de se concretizar. Pode ser de seções transversais do projeto de um truco. agora! trecho de ferrovia, desenhadas em tiras Os benefícios às cidades que serão Estas notícias, além da esperança de ver de papel vegetal milimetrado, com 30 interligadas, desde São Paulo até a proposta concretizada, também nos centímetros de altura e comprimento de Campinas, ou Americana, vão muito além trazem lembranças e reflexão. É impossível, vários metros, que eram guardados em do conforto que a obra trará à população, por exemplo, não indagar como é que foi rolos. O funcionário encarregado do dos ganhos econômicos e da retirada de que abandonamos e perdemos tudo aquilo arquivo, ao ver qual era o desenho muitos automóveis das rodovias que tínhamos há cinquenta anos. Porque desejado, consultou um livro e em seguida Anhanguera e dos Bandeirantes. Eles é tão difícil resgatar uma pequena parte pediu para que eu o acompanhasse. incluem o resgate da nossa história, do do sistema ferroviário que funcionou Chegamos a uma grande sala, com longos orgulho de todos aqueles que se durante tanto tempo e foi construído sob corredores ladeados de armários. Enquanto dedicaram e se dedicam ao transporte condições mais desfavoráveis? Por que eu o acompanhava, o funcionário se dirigiu ferroviário no país e, quem sabe, o início permanecemos tão indiferentes, ou pelo a um determinado corredor, deu vários da recuperação de todo o patrimônio menos passivos, diante do ainda abandono passos, parou diante de um dos armários ainda existente no Estado, que tem do patrimônio ferroviário existente em constituído por duas colunas de gavetas resistido ao tempo e ao abandono. todas as cidades que já foram com cerca de sete centímetros de altura atravessadas pelos trens de passageiros cada uma, em uma das colunas contou Sinésio Scarabello Filho entre a Capital e o interior do Estado? as gavetas de cima para baixo, abriu a Gestor da área de Planejamento e Meio Ambiente da Prefeitura O desconforto trazido por tais indagações gaveta escolhida, contou os rolos de de Jundiaí desde 2017. Atua no serviço público desde 1977, é compensado pelas lembranças que desenho da esquerda para a direita, pegou sendo secretário de Obras e secretário de Planejamento e tenho das minhas viagens de trem. Neto o rolo escolhido e me entregou sem Meio Ambiente na Prefeitura de Jundiaí. Foi, ainda, diretor de ferroviário, foi de trem que fui a São precisar conferir. Era o desenho procurado! de Engenharia da DAE Jundiaí e secretário de Água e Esgoto Paulo pela primeira vez. Mais tarde, ao Com a precisão dos trens de então. da Prefeitura de Louveira. Graduado em Engenharia Civil pela concluir o curso técnico, foi na ferrovia Nos anos da década de 1970 eu viajava Universidade de São Paulo, com mestrado e doutorado pela que encontrei o meu primeiro emprego de com frequência de trem, para ir ao trabalho Universidade Estadual de Campinas 19 Revista Ferrovia ed.180

ESTÁ ACONTECENDO O BRASIL PRECISA DE CONEXÕES REGIONAIS SOBRE TRILHOS O Brasil é um país de longa extensão velocidade (100-150km/h), ao setor. No ano passado, o territorial e com grande potencial contribuirá com o desenvolvimento Ministério da Infraestrutura iniciou para linhas ferroviárias de social e econômico das cidades ao as tratativas para a criação de uma passageiros, conectando capitais, longo do seu percurso, pois além dos Política Nacional do Transporte regiões metropolitanas e grandes investimentos advindos das obras, Ferroviário de Passageiros, que visa polos econômicos. Essas conexões deverá impulsionar o mercado regulamentar o desenvolvimento das existiram, principalmente no interior imobiliário e comercial na região. conexões de longa distância em todo de São Paulo, mas foram desativadas Trabalhar nos grandes centros o País. e, hoje, contamos somente com os urbanos e morar em cidades menores Estamos confiantes no andamento percursos de longa distância da é uma realidade em muitos países dessas iniciativas e que, a partir Estrada de Ferro Carajás e da Vitória que implantaram redes ferroviárias delas, outras sejam desenvolvidas a Minas. A grande expectativa é de de transporte. A medida proporciona para transformar a mobilidade que essa realidade possa ser alterada mais qualidade de vida para a brasileira, dotando o País de uma para que o Brasil possa contar, no população, contribuindo com a rede integrada de transporte, futuro próximo, com uma extensa redução dos tempos de garantindo ao cidadão mais uma rede de transporte de passageiros deslocamento, dos escolha de qualidade para os seus sobre trilhos. congestionamentos, dos acidentes deslocamentos rápidos nas cidades O interior paulista já contou com de trânsito e das emissões de e entre elas. uma vasta rede ferroviária de poluentes pelos veículos urbanos. passageiros e agora o Estado A implantação do trem regional de Roberta Marchesi pretende retomar sua infraestrutura São Paulo deve servir como uma Diretora Executiva da Associação Nacional dos com o avanço do projeto do Trem “vitrine” para outras cidades e Transportadores de Passageiros sobre Trilhos Intercidades (TIC), conectando sua regiões, influenciando e (ANPTrilhos), Mestre em Economia e Pós-Graduada capital à Campinas e, posteriormente, impulsionando o desenvolvimento de à Americana. O projeto em novas ligações ferroviárias de nas áreas de Planejamento, elaboração, que prevê uma malha de passageiros e também contribuindo Orçamento, Gestão e Logística. 140 quilômetros, com um sistema para a criação e modernização de moderno de transporte de média políticas e regulamentações voltadas Revista Ferrovia ed.180 20

ESTÁ ACONTECENDO DO CENÁRIO NEM-NEM AO PROJETO POSSÍVEL Era dezembro de 2005. Perante dezenas Paulo – Jundiaí – Campinas; São Paulo eixo rodoviário mais importante da de pessoas eu acabara de expor o – São Roque – Sorocaba; São Paulo – América Latina (Anhanguera- Projeto Expresso Bandeirantes, o trem São José dos Campos; São Paulo — ABC Bandeirantes). Inteligente no sentido de de passageiros entre São Paulo e – Santos. Renascia a sigla TIC: Trem aproveitar ao máximo o espaço Campinas. Ao abrir a palavra à plateia, Intercidades. Todo o processo passa a operacional já existente nos leitos um senhor grisalho foi taxativo: “não ser coordenado pelo então vice- ferroviários que ligam as regiões a serem acredito que isso aconteça. Há 30 anos governador que presidia o Conselho servidas pelo futuro trem regional. Sem fala-se deste trem e até agora nada”. Gestor de PPPs do Estado. esquecer da união e humildade Em rápidas braçadas, o que ocorreu Para ficarmos apenas nos anos pares, transferindo da pauta eleitoreira para a desde então? Alguns meses depois da anos com eleições, passemos para 2014. pauta de Estado este empreendimento palestra, o ano eleitoral (2006) nos Um ano antes as ruas já mostravam a vital para o País, antes que aquele trouxe um novo projeto “mais moderno insatisfação popular e no horizonte havia senhor grisalho nos diga que “há meio e adequado aos novos tempos”: indícios de crise econômica: déficit século fala-se deste trem e até agora o governo federal lança o Trem Bala Rio- primário voltara depois de anos de nada”. São Paulo. Em 2008, novo ano eleitoral, superávits. O cenário NEM-NEM o prefeito de Campinas buscando a prevaleceu. Nem TAV, nem TICs. Jurandir Fernandes reeleição anuncia: “o presidente atendeu O mercado, incluídos os agentes Reitor Universitário, Ex Secretário Estadual nosso pedido: o trem bala virá até financeiros, não se dispunha a investir Campinas e Viracopos”. Em 2010, outro em dois sistemas travestidos de e Executivo da UITP ano eleitoral, agradecendo o empenho complementares. Avaliava-se que o de sua ex-ministra da Casa Civil, o volume de passageiros entre São Paulo presidente lança o termo de referência e Campinas não era suficiente para ao futuro edital do Trem de Alta sustentar dois sistemas sobrepostos (TAV Velocidade (TAV). Meses depois, a ex- e TIC). ministra, agora presidente, cria a O biênio seguinte, 2015-16, foi Empresa de Transporte Ferroviário de catastrófico com quedas de PIBs e de Alta Velocidade S.A. – ETAV, renomeada presidente, aumento de desemprego e em 2012 como Empresa de desesperança. A crise que se seguiu Planejamento e Logística S.A – EPL. aprofundou-se dramaticamente com a O Expresso Bandeirantes morreu e em COVID19 e nos trouxe a necessidade de seu lugar o governo de São Paulo, união e de humildade. A situação NEM- também em 2012, aceita proposta, nada NEM deve ser substituída por um modesta, de uma Parceria Público- PROJETO POSSÍVEL, urgente e inteligente. Privada para a construção de quatro Urgente porque o futuro próximo aponta linhas de trens regionais ligando São para grave situação de saturação do 21 Revista Ferrovia ed.180

ESTÁ ACONTECENDO TREM INTERCIDADES: “CRER PARA VER” Existem dois erros, que cometemos ao analisar sobre os custos da Saúde Pública, redução do alocação de recursos, face a alternativas, boas propostas, que envolvem governos: um é tempo de viagem com mais horas disponíveis inclusive metropolitanas. O repasse para o ente que vai acontecer rápido, outro é que nunca para o trabalho ou necessário descanso, privado de valor equivalente ao déficit da Linha vai acontecer! incentivo ao desenvolvimento econômico e 7 pode ser parte dos fundos disponibilizados Assim começa este despretensioso texto sobre imobiliário no entorno. Destes benefícios, pelo Estado. Também vale lembrar que a o TIC - Trem Intercidades. apenas o aproveitamento imobiliário e segregação dos trens urbanos e de carga, Como todos que me leem sabem, trata-se de urbanístico poderia ser captado pelo investidor necessidade reconhecida há anos e cujas projeto de implantação de trem expresso privado, mas depende de mecanismo de soluções somente operacionais já se esgotaram, ligando o Terminal da Barra Funda na Capital financiamento, que permita gastar anos antes atingirá também a Linha 10, reduzindo a menos a Jundiaí e Campinas. O projeto inclui um trem de captar o resultado. No entanto, é muito de 10% da extensão atual o trecho em que parador no trecho Jundiaí a Campinas. relevante a redução dos congestionamentos carga e trem urbano compartilham vias. Também como todos sabem, para que se nas Vias Anhanguera e Bandeirantes e mesmo A segregação “sepulta” o Ferroanel, vencido elimine, em condições normais, as interferências a migração para o modo ferroviário de parcela pelos custos ambientais e de desapropriação operacionais é necessário construir uma via da carga no trecho. trazidos pelo passar dos anos. exclusivamente para os trens de carga e outra Do ponto de vista do operador privado há Voltando ao tema da segregação é dever exclusivamente para o TIC, no trecho entre pontos positivos e riscos, neste que é um lembrar que grande parte da implantação se Barra Funda e Jundiaí. Além Jundiaí, é possível projeto “brown & greenfield” (não vale lembrar fará com linha paralela em tráfego e que, que duas vias sirvam ao parador e ao TIC. da “Paulista”). Ponto positivo é contar com a mesmo em trechos sem circulação atual, existirá Muitos são os desafios, especialmente para receita da Linha 7 da CPTM, integrada a PPP. impacto entre construções paralelas, quais inscrever tal viário e instalações na faixa Riscos: além dos dispêndios da própria Linha sejam, a segregação pela MRS e a implantação ferroviária existente, com mínima necessidade 7, existe a concorrência do modo rodoviário. do TIC. A reforma e a construção de ferrovia de desapropriação. Os responsáveis Todos que lidam com Planejamento de são fortemente vinculadas a condicionantes praticamente desenvolveram um “mosaico”, Transportes sabem a “impedância”, o técnicas, que implicam parâmetros de projeto, com solução quilômetro a quilômetro, inclusive desestímulo, que o baldeio entre modos traz por exemplo, material rodante, rampas e curvas, um novo túnel em Botujurú. para o usuário. A diferença de tempos de mas também em faseamento de etapas (rede O desafio do viário tem, contudo, condição de viagem, entre o modo rodoviário e sobre trilhos, aérea e via, via e sinalização). Ainda mais, os ser vencido. Parte significativa do custo, qual que não deve ser grande neste caso, pode ser faseamentos das obras da MRS e do futuro seja, a segregação da via da MRS, poderá vir parcialmente neutralizado pelo baldeio, na concessionário devem ser integrados, para que como obrigação da própria MRS pela renovação percepção do usuário. Muitos preferirão mais os serviços sejam oferecidos no menor prazo de sua concessão. 15-30 minutos sentados no carro ou ônibus possível. Os prazos executivos serão Não obstante, valor significativo ainda será do que baldear em Barra Funda. A tarifa, que interdependentes e possivelmente maiores do necessário para completar a infra e viabiliza a PPP, não poderá ser tão baixa, que que seriam em iniciativas isoladas. superestrutura de via, material rodante, reforma “arranque o passageiro do assento rodoviário”. Os proponentes para o TIC terão como referência de estações, sinalização, energia e telecom. O que pode ser vantagem realmente perceptível um anteprojeto, o que coloca a necessidade Este valor inviabiliza a possibilidade de será a maior confiabilidade no tempo de de cooperação entre especialistas da CPTM, concessão e exige uma PPP, com cerca de 50% viagem, o menor desvio-padrão, uma vez que MRS e concessionária do TIC, com mecanismo do total destes itens sendo oferecido pelo os imprevistos na rodovia são muito mais rápido e efetivo de superação de divergências parceiro operador privado. frequentes que sobre trilhos. e definição de especificações. Praticamente no mundo todo, o transporte São diversas as questões ainda a serem ferroviário de passageiros de longa distância vencidas. Não deixa de haver desconfiança de Telmo Giolito Porto é subsidiado, sob visão de contabilidade social, operadores de passageiros e cargas atuais. Prof. Dr. EPUSP, diretor de Telar Engenharia que considera benefícios como a redução de Da parte do Governo Estadual será preciso acidentes e da poluição, impacto favorável decidir se os ganhos sociais justificam a Revista Ferrovia ed.180 22



ARTIGO TÉCNICO SISTEMA DE CONTROLE LOCAL - ESTAÇÕES O SCL – Sistema de Controle Local é uma interfaces que, conectados aos Servidores . Monitoramento e controle de iluminação importante ferramenta de apoio às Àreas do SCL (já contemplados de softwares e tomadas da estação; de Operação e de Manutenção, que desenvolvidos para cada aplicação), . Monitoramento e controle de acesso às permite o automatismo operacional dos executam automaticamente ou bilheterias, salas cofre e demais áreas muitos equipamentos e sistemas remotamente as funções programadas, restritas; existentes em uma estação exibindo os status operacionais e os . Facilidades para integração operacional metroferroviária. Trata-se de uma solução alarmes nas Consoles da SSO – Sala de e automatismos entre equipamentos e tecnológica destinada à execução de Supervisão Operacional.Todas e quaisquer sistemas; comandos, monitoramento, supervisão e ocorrências notáveis são alarmadas, . Customização e gerenciamento dos tipos automatismos de diversos equipamentos registradas/ armazenadas no Banco de de alarmes, podendo definir a exibição e sistemas, focado na melhor oferta de Dados do Sistema, que podem ser destes, de acordo com os critérios de serviços aos usuários e facilidades às consultadas pelas equipes de operação severidade, equipamento, sistema, tempo, equipes operacionais da estação. e ou de manutenção a nivel local ou etc; remotamente. . Customização dos relatórios de O SCL – Sistema de Controle Local abrange Inumeras são as possibilidades de ocorrênicas, segundo critérios pré- o desenvolvimento customizado de gerenciamento e automação dos definidos de acordo com os niveis de hardwares e respectivos softwares que, equipamentos e sistemas da estação, que detalhamento exigidos (niveis gerencial, através de suas interfaces fisicas e lógicas podem abranger desde um simples operação, manutenção, etc; conectadas aos equipamentos e sistemas alarme, até a emissão de avisos sonoros da estação, gerenciam as funcionalidades (SOM) e ou visuais (PDT/Cronometria) na Para a automação/ telecomando de / operacionalidades remotamente, seja estação, emissão de mensagens ao CCO equipamentos e sistemas de estações, à partir da SSO – Sala de Supervisão – Centro de Controle Operacional, emissão cujos equipamentos não são providos de Operacional ou mesmo, a partir do CCO de mensagens SMS / WhatsApp e outros interfaces fisicas e lógicas (legados - – Centro de Controle Operacional (futuro). às equipes de operação, manutenção, aqueles implantados nas décadas de 80, Especificamente para a estação João Dias, segurança, etc..., como diríamos: O CÉU 90,...), necessário um estudo de está sendo implantado um SCL – Sistema É O LIMITE ! viabilidade e definição do nivel de de Controle Local, de caracterísitcas automatismo desejado. A partir destas extremamente robustas, com a utilização PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO SCL – Sistema avaliações, sugere-se a montagem de um de equipamentos / hardware dualizados de Controle Local ”Painel de Interfaces“ para a digitalização operando na configuração Hot-Standby, das funções prioritárias, que serão garantindo elevado nivel de confiabilidade . Monitoramento e controle de todos os interligadas às UTR /Servidor do SCL. e disponibilidade, ou seja, na eventual equipamentos dos Sistemas de falha de um Servidor SCL, Alimentação Elétrica, Auxiliares e automaticamente o segundo Servidor SCL Passagerios / SCAP; assume as funções do primeiro com total . Controle operacional de elevadores, transparência. escadas rolantes, portões de acesso; O SCL - Sistema de Controle Local da . Monitoramento e controle das bombas estação João Dias, executa o da água de consumo/ potável, incêndio, gerenciamento de todos os equipamentos água pluvial, água de reuso, elevatória e e sistemas da estação através de suas recalque de esgoto; Revista Ferrovia ed.180 24

ARTIGO TÉCNICO EQUIPAMENTOS CHAVE Servidor SCL: equipamento computacional que recebe, trata e envia dados aos equipamentos/ sistemas. Trata-se de um Supervisório de Controle e Aquisição de Dados, que ao receber as variáveis (sinais/ informações) dos equipamentos e sistemas, processa os dados recebidos e verifica qual a alteração de processo deve ser acionado, de acordo com os programas (software customizado) instalados neste supervisório. UTR – Unidade Terminal Remota: equipamento computacional que integra painel, fonte de alimentação, módulo I/O, modulo de comunicação, CPU, modem, etc, responsável pela coleta e envio da dados de e para vários equipamentos, sejam sinais analógicos e ou digitais, codificando-os para um formato adequado de transmissão, utilizando-se de diversos protocolos de comunicação. GLOSÁRIO QDBI – Quadro de Distribuição de Bombas - Incêndio SSX – Sistema de Solicitação de Auxílio SAL – Sistema de Alimentação Elétrica; SON – Sistema de Sonorização AUX – Sistemas Auxiliares SMVD – Sistema de Monitoramento de Vídeo Digital SFP – Sistema de Fluxo de Passageiros SCAP – Sistema de Controle de Arrecadação de RTD – Rede de Transmissão de Dados Passageiros STO – Sistema de Transmissão Óptica CRON/PDT – Sistema de Cronometria / Painel de GGD – Grupo Gerador Diesel Destino de Trens SECC – Sistema de Energia em Corrente Contínua SCA – Sistema de Controle de Acesso QDCC – Quadro de Distribuição de Corrente Contínua DGT/DGIP – Distribuidor Geral de Telefonia / QGD – Quadro Geral de Distribuição Distribuidor Geral Internet Protocol SACB – Sistema de Alimentação e Controle de Bombas - Recalque 25 Revista Ferrovia ed.180

NOVAS TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE PASSAGEIROS Sensor óptico - contador de passageiros na transferência entre linhas na estação Pinheiros. O transporte ferroviário de passageiros é responsabilidade de permanente vigilância desempenho operacional, qualquer que seja o particularmente adequado para atender às sobre o desempenho de cada operador desse modal, ou seu vínculo institucional. altas demandas em regiões metropolitanas, complexo sistema, visando produzir mobilidade Para tanto, há que se reconhecer a necessidade figurando como estruturador em vínculo com consistentes resultados nos indicadores de que as avaliações de desempenho do sistêmico com os demais modais, cujo conjunto de qualidade, eficiência e economicidade. sistema obedeçam a critérios técnicos, livres constitui rede de capilaridade física e Na medida em que o interesse comum reside de subjetividade ou discricionaridade, referidos operacional de transporte. A cada degrau na em alcançar-se equilíbrio no atendimento dos a parâmetros pré-estabelecidos, em hierarquia das capacidades dos vários modais, distintos interesses envolvidos, e sendo o foco correspondência à justa medida dos resultados crescem os requisitos técnicos, operacionais e desse interesse o passageiro, consumidor dos almejados. de gestão, de cuja efetividade resultam os serviços, os operadores, públicos ou privados, Assim, na gestão dos serviços, tanto no âmbito padrões de mobilidade social e econômica, devem direcionar seus esforços e competências da produção quanto da fiscalização, Poder locais e regionais. no sentido de prover os direitos de seus Público e Operadores devem estar aparelhados Embora dever do Estado, não importando consumidores, quanto à eficiência, com as melhores técnicas, com apoio de estarem os serviços de transporte sendo confiabilidade, qualidade e segurança no tecnologias de informação, voltadas ao controle realizados de forma direta ou indireta pelo consumo do serviço concedido. da efetividade da política pública aplicada, Poder Público, a este não escapa sua É conjunto, portanto, o dever de zelar pelo bom bem como dos investimentos realizados, Revista Ferrovia ed.180 26

NOVAS TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS revelada pela satisfação dos passageiros quanto estratégico, gerencial ou operacional. Sensor óptico - contador de passageiros à prestação dos serviços no seu sentido mais Dos registros dos carregamentos de cada trem em cada porta do carro. amplo. e em cada estação, medidos ininterruptamente Do ponto de vista da tecnologia, por exemplo, e ao longo de cada sentido da viagem, é possível José Ignácio Sequeira de Almeida para obtenção de dados sobre a movimentação identificar os períodos de pico e as horas-pico, Assesor Técnico - ARC/CPTM dos passageiros há dispositivos e programas com as correspondentes demandas de que instrumentalizam o processo de tomada passageiros, a cada fração de tempo que se de decisão em todos os níveis de planejamento pretenda adequada. Os resultados dessas e de projeto, desde o estratégico ao gerencial pesquisas, permitem analisar, calcular e avaliar e operacional. objetivamente o desempenho do serviço de As contagens automáticas de embarque e transporte, assegurando consistência ao desembarque nos trens e de entrada e de processo de planejamento e de gestão, inclusive saída, nos bloqueios/transferências nas quanto à remuneração dos operadores. estações facilitam e qualificam as análises da movimentação das pessoas, seja nos trens ou nas estações, com informação essencial para orientar as ações de planejamento de caráter 27 Revista Ferrovia ed.180



ARTIGO TÉCNICO REDE AÉREA DE TRAÇÃO AUTOCOMPENSADA A rede aérea de tração é o sistema térmica do cobre, foram desenvolvidos através dos seccionamentos (GAPs) que responsável pela alimentação elétrica equipamentos para a rede aérea com podem ser mecânicos ou elétricos. Nos tramos necessária para a movimentação dos trens capacidade de compensar a dilatação térmica até 800 metros, em uma das extremidades, elétricos. Genericamente ela é composta por em função da variação da temperatura, o cabo mensageiro e os fios de contato são um cabo de cobre denominado mensageiro permitindo que a catenária se movimente ancorados separadamente e de forma fixa de 253mm² cuja função, além de condução conforme a dilatação ou contração do cobre para que a outra extremidade seja equipada de energia, é sustentar os fios de contato mantendo-a sempre rígida e tensionada. com um aparelho tensor para mensageiros (fio trolley) que podem ser duplos ou simples Uma rede aérea autocompensada é formada e outro para os fios de contato. com área de 107 mm² ou 180 mm² e são por tramos sucessivos que são sobrepostos fixados na catenária (mensageiro) por meio de suspensórios articulados. O sistema de catenária e fio de contato é suspenso a uma altura que pode variar, no caso da CPTM, entre 5,50m a 4,90m do topo do boleto (trilho) aos fios de contato através de triângulos articulados que são fixados em estruturas como: vigas de pórtico metálicas, alvenaria de estações e túneis e aos postes que podem ser metálicos, treliçados ou de concreto e que são distribuidos ao longo da via de acordo com o projeto da rede aérea. Todo o sistema está conectado às subestações de tração ao longo da via e que fornecem tensão contínua de 3.000V. A transmissão desta energia elétrica aos trens é realizada através do contato físico entre o pantógrafo das composições e os fios de contato. O maior desafio de uma rede aérea de tração é controlar a dilatação linear do cobre. Esta dilatação ou contração linear em função da temperatura provoca sérios transtornos às estruturas da rede aérea, como por exemplo nos encabeçamentos dos cabos, onde os esforços horizontais são transferidos diretamente para o poste ou na propagação de ondas estacionárias nos fios de contato provocados pelas oscilações mecânicas que o pantógrafo causa no mesmo, podendo ocasionar o seu rompimento. Para solucionar o problema da dilatação 29 Revista Ferrovia ed.180

ARTIGO TÉCNICO Uma rede aérea autocompensada é formada por tramos sucessivos separadamente e de forma fixa para que a outra extremidade seja que são sobrepostos através dos seccionamentos (GAPs) que podem equipada com um aparelho tensor para mensageiros e outro para os ser mecânicos ou elétricos. Nos tramos até 800 metros, em uma das fios de contato. extremidades, o cabo mensageiro e os fios de contato são ancorados O comprimento dos tramos e o número de vãos são definidos em para permitir a estabilidade dos tramos. O ponto fixo evitará que os função da geometria da via para possibilitar o correto funcionamento tramos fiquem flutuantes e se deslocando em ambos os sentidos. dos aparelhos tensores. Para tramos maiores que 800 metros, O ponto fixo ainda garante a integridade do tramo oposto para o caso aproximadamente no meio de cada tramo, são instalados pontos fixos de ruptura do cabo. Revista Ferrovia ed.180 30

ARTIGO TÉCNICO REDE AÉREA DE TRAÇÃO AUTOCOMPENSADA A dilatação térmica linear dos cabos tem como referencial zero a tensores. O referencial é importante para o ajuste final de OffSet para partir do ponto fixo e será crescente no sentido dos equipamentos o correto funcionamento do aparelho tensor, contrapesos e triângulos. EXEMPLO DE TABELA DE OFFSET A compensação da tensão mecânica dos cabos é feita por aparelhos mecânica constante aos condutores da rede aérea permitindo que tensores acoplados a contrapesos dimensionados para manter a mesma se movimente no sentido horizontal conforme a dilatação constante o tensionamento. O aparelho tensor aplica uma tensão térmica linear do cobre que ocorre com a variação da temperatura. 31 Revista Ferrovia ed.180

ARTIGO TÉCNICO

ARTIGO TÉCNICO O conjunto é composto de módulos de ferro fundido com pesos de compensação ora implantados na linha 9 da CPTM. (bolachas) de 40 kg totalizando um contrapeso de até 400 kg (10 Além dos aparelhos tensores também são utilizados triângulos bolachas). Sendo a relação do equipamento tensor de 5:1, ou seja, articulados que sustentam a rede aérea e se movimentam o peso que está na vertical é multiplicado por 5 totalizando a resultante horizontalmente a fim de assegurar a compensação da dilatação na horizontal então de 400 kg (vertical) x 5 (relação do equipamento térmica. Os triângulos articulados são fabricados em tubos de aço tensor) = 2000 kgf de tração do cabo mensageiro na horizontal. Para (ou alumínio), devendo estar isolados eletricamente na extremidade o fio de contato, aplica-se o contrapeso de 320 kg (8 bolachas) de fixação e são compostos de braço tubular incIinado, orientáveI, resultando numa força de 1600 kgf na horizontal. Este conjunto de pontal horizontal ou incIinado ambos com isolamento próximo ao pesos é unido por uma barra guia formando a parte vertical (y). ponto de articulação e um antibaIançante normalmente fixo no braço Atualmente existem os mesmos equipamentos onde se aplicam novas para permitir o deslocamento em ziguezague do fio de contato. tecnologias tais como aparelho tensor com molas, triângulos ou Os triângulos articulados podem ser de quatro tipos: consoles de alumínio, etc, porém, todos com a mesma finalidade de Tração / Compressão / Elevação do Mensageiro + Fios de Contato compensação da dilatação térmica do cobre. Portanto, para esta / Elevação do Mensageiro nossa análise estaremos focados somente nos equipamentos básicos DESENHOS TÍPICOS DE TRIÂNGULOS Tração Compressão Elevação do cabo mensageiro Elevação do cabo mensageiro + fios de contato 33 Revista Ferrovia ed.180

ARTIGO TÉCNICO Também são fundamentais para o bom funcionamento da rede aérea 40 cm para os GAPs elétricos e 20 cm para os seccionamentos autocompensada a correta distribuição dos seccionamentos (GAPs) mecânicos. Na região dos triângulos de elevação é feito um arranjo para a formação dos tramos de rede aérea. Os seccionamentos de de transição dos fios de contato e cabo mensageiro para cabo de modo geral, são realizados em 7 vãos de postes sendo 4 postes para aço 9/16” que são levados até o poste de encabeçamento. os encabeçamentos, 2 postes para fazer a elevação da rede aérea Esse arranjo se faz necessário para facilitar a manutenção em uma tirando-a de serviço e 1 poste para a zona comum ou zona de transição eventual troca de cabos. do pantógrafo. Vale lembrar que essa seria a formatação ideal, porém em casos específicos é possível a configuração com menos postes. O distanciamento das catenárias nos seccionamentos deve ser de DESENHOS TÍPICOS DE TRIÂNGULOS Portanto, podemos concluir que uma rede aérea autocompensada reduzindo os desgastes excessivos dos materiais aplicados na rede além de solucionar os problemas de dilatação térmica do cobre aérea. também contribui satisfatoriamente para a manutenção preventiva Revista Ferrovia ed.180 Elaboração: Engº Ioshinori Tominaga – GEP/DEPI Engº Fabio Henrique Barbosa – GEP/DEPI Engº Ronaldo Bonometti Vallesi – GEP/DEPI Consultoria: Engº Manoel Lyra Engº Juliano Juliani Fonte: Apostila: Manutenção da Rede Aérea – DOFE/CPTM Apostila Treinamento: Rede Aérea Autocompensada – Linha 12 – Energ 34




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