Chuva de estrelas Jairo Ferreira Machado
Chuva de Estrelas
Jairo Ferreira MachadoChuva de Estrelas Florianópolis, SC 2011
Escrevi este livro pensando nos colocações poéticas, caminhandoperegrinos e nas peregrinas, do Caminho comigo, ou mesmo caminhando lá, node Santiago de Compostela – para desejo de se encontrar, ou mais que isso,aqueles que já o fizeram ou para quem espiritualizar-se.ainda pretende caminhá-lo. Este livro éapenas uma sementinha que germinou Lembre-se, portanto, que caminharaos poucos e aos poucos se transformou o Caminho de Santiago de Compostela,em realidade: a minha realidade. percorrer a sua extensão, vale mais que um milhão de palavras tentando Espero também que cada um viva explicá-lo. Aqui você vivenciará uma sua. resumo, alguns centímetros talvez, do que a realidade de um Caminho como Dei ao livro um conteúdo diferente, aquele pode nos mostrar.com apenas um poema de cem páginas– e se pensa que foi o bastante, engana- Tentei registrar os meus momentosse! Não se pode definir o Caminho ali vividos, contando com a minhade Santiago de Compostela num experiência de peregrino, com alivro: jamais. Qualquer um que lá minha visão de sessenta e oito anoscaminhar, pode vivenciá-lo e descrevê- de vida e com os meus sentimentos elo de mil outras maneiras. Escolhi a entendimentos médicos. minha maneira, por onde você poderá Boa viagem!caminhá-lo, ou refazê-lo, com as minhas **5**Jairo Ferreira Machado
Sempre haverá algo desconhecido quilos – percorrendo os oitocentos eem nós mesmos que o Caminho de poucos quilômetros do Caminho:Santiago de Compostela pode nosrevelar: o que somos, quem somos? E ü na superação de si mesmoa maneira como cada peregrino possa ü no descobrimento da espiritua-se ver e se sentir durante a caminhada: lidadeque nos propõe sair da existência ü no domínio das emoçõescompromissada com os bens materiais, ü no desafio à aptidão físicao ter – um modelo social consumistaque nos mantém escravizados e roubagrande parte de nossas vidas. Você pode descobrir o seu outrolado, o ser, no decorrer dos trintaou mais dias de caminhada – comsuas próprias passadas e os únicospertences numa mochila de oito a dez **7**Jairo Ferreira Machado
Agradecimentos Especialmente à Lígia Becker queme ajudou a tornar o sonho do livrouma realidade mais bonita, ajudando-me a dar sentido e vida às palavras,com a paciência de uma mestra noassunto de literatura. Ao Guido Becker, o meu guia noCaminho, em 2006, que acrescentoulonjuras e conhecimentos a minhacaminhada, tornando-a mais comple-ta. E ao meu compadre Ferreira queme trouxe de lá a concha e me colocouno Caminho Ao Inácio Stoffel que me estimulouna jornada de torná-lo realidade,reconhecendo no livro algo além dotrivial. À convivência saudável com osperegrinos e peregrinas da AssociaçãoCatarinense dos Amigos do Caminhode Santiago de Compostela que pros-segue sendo uma extensão daquelesmeus dias lá vividos. **9** Jairo Ferreira Machado
Dedicatória A minha família que me apoiounessa jornada de engrandecimentoespiritual; em minhas caminhadas. E também as minhas netas DeborahLys e Eduarda Maria e aos demaisnetos e netas que virão mais tarde, seDeus assim permitir. **11** Jairo Ferreira Machado
Em Chuva de Estrelas, a poesia do O caminho em direção a Santiagoescritor Jairo Machado explode em revela a oportunidade de um mergulhocentenas de versos livres que falam no ser-peregrino que se confronta, emdo seu mundo interno enquanto comunhão com a Natureza, com aseus passos percorrem o estupendo sua essência divina, “com seu temploCaminho de Santiago de Compostela, amplo e em inabalável felicidade”.com suas dificuldades e suas dores, Atravessa seu próprio pórtico e celebramas também com suas maravilhas. o ser, “revigorado e renovado”. O menino-Jairo parece despontar E como estrela, encontra sua ‘’luzna singeleza das memórias de infância própria’’ e a certeza que “o Caminhodespertadas pela semelhança de há de continuar ad perpetuum”.algumas paisagens do campo, quandoseu “sangue em mansidão” o conduzia O livro do poeta-peregrino é umada exaustão à vitalidade conquistada leitura rara e agradável que nos tornaem meio às águas dos riachos, da relva coparticipantes da sua jornada, passomacia, das plantações, entre o mugir do a passo, palavra por palavra, em todosgado leiteiro, do som dos soltos pássaros os seus movimentos de sensibilidadee o soar das asas das borboletas. para nos unirmos ao mesmo tempo àquela constelação, na infinidade do A vida escorre e de repente “não espaço e na eternidade dos tempos.é mais menino, tampouco homem, éperegrino”. Ligia Maria **13**Jairo Ferreira Machado
Chuva de Estrelassob as bênçãos de manhãde Santiago de Compostela... o albergue se acordatomara eu possa ser fiel no lusco-fuscoaos fatos de uma solitária luzaos acontecimentos exatos alguém procurae inexatos no escuroaos muitos sentimentos os seus pertencesvivenciados no Caminho... outra lanterna se acendeperegrinos de bicicleta e mais outras clareiama cavalo o interior da pousada...a pé o hospitaleiroos seus passos liga o interruptorplantam rastros pelo chão anunciando a alvorada **15** Jairo Ferreira Machado
mochilas se fecham longe se agigantabotas rangem o chão o amanhecerna boca nos entretons de muitas nuvenso gosto do café coado o gosto do trigo na bocabênção em comunhão... lá vai o peregrinomeus neurônios com suas coisas poucasaos poucos se despertam numa torre de igrejaos primeiros passos um cenário compostoo primeiro dia num silêncio de uma precedezenas de peregrinos agradeço!no calor da harmonia os pés no chãome vou também no chão da minha botana trilha que me convém ponho fésantificados Pirineus... minhas panturrilhas meu segundo coração... **16** Chuva de estrelas
íngreme subida a montanha me acolhesinuosidades no entrevero de um vento frioas pegadas do caminho se vão minhas vestesficam pela estrada tanto quanto minhas pestes...longínquo horizonte... chove!Saint Jean Pied de Port sigo em frenteenvolto em neblinas e me permito colherse mostra vagarosamente sobejos de esperançaou mais precisamente aos olhos do amanhecerse perde na distância escorregosou minúsculo peregrino feliz que tenho o cajadoentre chão e nuvens... fincado ao chão...orgulhoso de mim mesmo crio raízes momentâneastento me desfazer do ter saídase colho no coração de meu terreno corporalum ser de mim desconhecido.. atemporal resplandeço e é somente o começo **18** Chuva de estrelas
o vento dilacera colinas verdes onduladasminha capa de proteção dissimuladas de nuvensfrágil traste humano outras vezese eu me vou refletidas de um azul celestialnas garras dos Pirineus senão nuvens cinzaso calor dá contornos nubladasao meu espírito acanhado... na arranjo de uma chuva mansaouço gemidos de súbitolutas ferrenhas do passado surge de algum lugarobstinados contra os cristãos enigmáticas neblinaslamentos não se sabe donde vêmna minha imaginação tampouco pra onde vão...distante o nevoeiro aparecevai ficando a cordilheira e desaparece brincalhãocordial na menina de meus olhos ...as mil facesde uma abençoada elevação... **19** Jairo Ferreira Machado
França é o país ... Cordeiro de Deusmas tampouco que tirais o pecado do mundoimporta a geografia dai-nos a paz...me abraço aos Pirineus a minha pouca roupaos outeiros inteiros na mochila umedecidano meu imaginar... sou cristãochácaras dependuradas ou quem sabe não?silenciadas nas colinas sou suoralgumas à vista o sagrado sal da vidamuitas camufladas no firmamentoentre arbustos e cerração paira hospitaleiroouço berros um céu desconhecidode ovelhas encurraladas no meu íntimoe tantas outras de obscuridades...ruminam o pastoreio a montanha me acolhenum sublime desjejum com seus enormes tentáculosa santa relva macia sustentáculos de anunciada peregrinação... **20** Chuva de estrelas
o vozeio de uma cachoeira o tempo inexato e friocanção como alcovas sombriasressoando em meus ouvidos vou peregrinome agrego de alma plena na imensidão dos meus passose sentidos vastos dentro do meu sernos percalços do Caminho... há uma enorme avenidaperegrina desconhecida a ser desvendadavai uma joaninha e se possível, conquistadade cores vivazes: o vento sopra imensovermelhas amarelas e abraça a minha inteira fragilidadeasas ponteadas de preto que é nadaflertam comigo na solidão da estradao olhar da altivez... me acalmomeus olhos agradecidos tanto quanto me rendo à sanha nunca satisfeita das contumazes quimeras do ter... **21** Jairo Ferreira Machado
se muito imagino no vão das trilhasé que o tempo passará aos poucos voue as posses se anularão compreendendo as riquezasno pó e sutilezasem que nos tornaremos do meu anonimatoa ventania arranca-me de casulo à borboletao gorro de proteção enfimcomo o quisesse pra si talvez um dia voar...insignificante lembrança minha... mórulasé o primeiro sinal se transformam embriãodos muitos pertences e dar sentidoque nunca foram meus e dom à vidae que agora um escorregãoo Caminho consumirá... dezenas delessuperficialidades somente antes de me levantar novamente e me erguer até o próximo tropeção... **22** Chuva de estrelas
ferimentos um cavalo pastabolhas à beira da trilhatorções então imagino montá-lodores nos pés e galopar com eletendinites num voo de celebraçãobrechas no peito... mas logo recordode propósito preciso andar por mim mesmoa distância se opõe o meu próprio Caminhoao meu feito adiantetudo me parece tão longe... uma rês de tetas leiteirasum pássaro voa e úberes vastosbate as asas reclama um punhado de sal...e me leva com ele leiteno pensamento... deleites no meu pensar eu efêmero passageiro do lugar **23** Jairo Ferreira Machado
dezenas de ovinos virtuosapontuam de branco a Virgem do Caminhoos pastos me acolheà busca do macio capim com o seu olhar de consternaçãotudo se desloca me sacioazáfama da fome corporalou vagarosamente um pão com jamónsem direção presumida... enquanto minha alma se alimentaé a vida: da essência sideraleu, pastor de mim mesmo o universo de minhas coisaso vento se abranda de nada me valemna trégua de uma chuva mansa meus olhos provame assim me vejo gotas de luzesna lassidão da meia-manhã que os céus agora derramam sobre a Terra **25**Jairo Ferreira Machado
longínquos pairam os Pirineus montanhasconglomerado de colinas insetosmergulhadas pássarosna cumplicidade do meu olhar... arbustosno chão terrenos agrestesformigas passam ventos uivantescorredeiras... a cordilheira se transformaperegrinas também no entretom das coresvão ou vêm magistral históriade algum lugar de perdas e amoresnão sei pra onde padecimentose tampouco isso importa e lutasas formigas sabem muitas em vãoo seu caminhar almas desérticas perambulam místicas fluídicos cristãos irrompendo do chão dúvidas em profusão **27**Jairo Ferreira Machado
corvos itinerantes: longe agorapiados curtos vatídicos vão os meus pésdeclinam das árvores na cordilheira entrecortadaem minha direção... de sol e sombras...então me assanho neblinasnum grito saído da garganta: se deslocam alvas– sai pra lá bicho agourento num adeus de momento– da minha carne você não come, sou a alvura delasnão! num plácido anseiouma réstia de água me despeço dos Pirineusnasce de uma cacimba já saudoso de tudolágrimas dadivosas que fica para trássaciando minha sede talvez nunca mais...a montanha chora! e me deixo declinar exultantetrilhas e setas amarelas morros alémnorteiam o meu Caminho... tateando as botas no chão nos algures que me convém **28**Chuva de estrelas
sigo campeando formam passarelasas marcas do passado no meu chãode quem já caminhou por ali de matizes outonaiso bosque aos poucos folhas caídasme envolve num ensaio o húmus cedendo vidade mil incertezas à primaveraa natureza em oferenda que já vem...me dando as boas-vindas... longe insurgeciclistas entre a vegetaçãoentoam velozes Roncesvalleserguendo a mão do coração a força espiritualbradando no âmbito da Colegiata“Buen Camino, peregrino!” vozes longínquasrespondo sopram aos meus ouvidoscom a voz embargada uma voz de acalanto:da cansada garganta... “Força Peregrino”...folhagens úmidas **29** Jairo Ferreira Machado
vou altar de anunciaçãovagarosamente mais peregrinos chegamsem pressa e se atiram como mortosà frente sobre os lençóis límpidossetas amarelas das camas arrumadas...bandeira azul, branco, vermelho... mal têm forçasantiga rota Jacobea para assinalar no caderno de registroquilômetros além o nomedesço a mochila ao chão e o país de origemme descalço por fim antes ainda precisamdas botas sujas de lama carimbar a credencial...tenho os pés livres me banho de corpo inteirofeitos as asas abertas me sacio de almade um gavião num chuveiro mornoplanando no ar abrandando o cansaço da lidao albergue alifirmamento no meu peito **31**Jairo Ferreira Machado
um prato de refeição agorao menu do peregrino durmo o meu cansaçosalutar pão da vida no coloazeite de oliva oliveira de Santiago de Compostela...entrementes outro dia nova jornadauma taça de vinho tinto arrumaçãosegue-se mochilas aos ombrosa esse momento e lá me vouuma bênção de missa como um voo de asasforças supremas às margens do Caminhose apoderam de mim ressurgem da relva dormidanum salmo canção efêmeras neblinaso Caminho se fazendo veredas que se dissipam no espaçono meu sacrário nevoeiros de miragem ...uma harmonia sãsantificada celebração... **33**Jairo Ferreira Machado
nova madrugada pontes medievaisalguém procura o rio Argapelas setas amarelas com suas límpidas águasescondidas driblando os estorvosentre galhos e folhas e os morros do Caminhoo recomeço do Caminho sou um peregrino infanteescorrem de meus olhos em busca de mim mesmolágrimas de contentamento trutasBurguete nadam correnteza acimae seus casarios antigos eu nado com elaspontes e rios meus olhos nascentesdespertam brinquedos de meninoo verde musgo da vegetação nos riachos da minha mente...Viscarret limo de pedras mudez de sombras sombreiam as incertezas os meus moinhos de antigamente **35** Jairo Ferreira Machado
num sereno gracejo Zubirimeus segredos contidos no parapeitoinfinitas águas de uma janeladeságuam de meus poros ao lado de um jornala insensatez do ter há um pão desembrulhadovou à procura imaginode um ancoradouro o quanto a vida ensinaquem sabe me encontrar e faz desaprendero sol se faz intenso o tempo se perpetrame agüento via crucis – caminho da luznão esmoreço luzidio de alma e sonhos...vou de terço em mãos LarrazoãnaConselho da Vila ponte medieval:botas enlameadas de barro passado, presente, futuroos meus descarregos ostentação...e apegosficam em minhas pegadas... **36** Chuva de estrelas
eleva-se do chão não importam as horasabastados marmeleiros... meus olhos se acendemna minha boca num piscar de um pirilampoa marmelada pouca que a escuridão revelalembranças aos poucos me encontrode uma vida criança uma flor do campoArga se emoldura breverio de peregrinos para eu fotografá-laribeirinhos, ribeirões quero levá-la comigoáguas e senões no pensamento – o perfumedia nublado as cores, o momento...nuvens entorpecem o céu no íntimonuma prece de acalanto há muitas coisas a saberdevagar a flor sabededilho o meu rosário e se abre plena hospedeiranum cântico-oração... do meu Caminho... **38** Chuva de estrelas
quer ir comigo mal posso caminharsem arredar pé dali me sustento na fé,adiante Santiago vem me ajudarvagueia uma lesma derrama chuva de estrelasna largueza do Caminho pétalasa sua lentidão... no meu chão de suplícios...ainda outro molusco Rio Argacarrega o próprio casulo campos silvestres(enclausurado em si) Trindade de Arretal eu Villabana minha escuridão Medievo no meu temposão muitos os casulos percorroque preciso a Puente de La Magdalenadeixar pelos Caminhos... me buscando na plenitude de agora **39** Jairo Ferreira Machado
no silêncio das colinas um companheiroimpõe-se impávido touro pede águaprenunciando eu ofereço a minha própria sedea chegada da morte de também comunicar...nos rigores a necessidadeda espada afiada de me sentir humanolembranças jorrandoPamplona, “encierro” clamores de dentroo povo Navarro talvez a vidae seus feitos bizarros... só me quisesse oferecerperegrino de mim mesmo momentos para pensardesfilo o sol branco escaldantea minha cordilheira de sonhos uma sombra acename sento à beira do Caminho... o frescor de um vento brando me convidando a descansar... **40** Chuva de estrelas
o tempo passa célere fantasias, enxurradas de ilusõese nem percebo durmo, ressonoque às vezes flutuo... novamenteum murmúrio tenho os pés no chãode um rio próximo minhas botascorre por meus riachos se fazendo proezasos diachos nas páginas do meu coraçãode uma vida comum pernas descansadasbrada o meu coração espírito rejuvenescidoque propulsa minh’alma se faz maiorpelo vão de minhas correntezas Cizur Menormeu sangue de peçonhas Pamplonaum pouquinho apenas capital de Navarrado muito Catedral românica do século XIVque o rio tem Igreja de Santo Domingopra levar de mim... um só momento em muitos... **41**Jairo Ferreira Machado
matadouros matamouros subida íngremetropeços de cavalos peregrinos se dão as mãoscascos rudes de touros se ajudamàs baldas das manias alguns caemcorro com eles e outros já os levantam...tanto quanto com eles morro pedras escorregadiasAlto del Perdón pedregulhos soltoslá nas alturas tombos à revelia...meus infinitos dolos... monumento de ferroa lenda homenagem que se arvora grandeme arrasta morro acima inda que eu seja pequeno...e alivia provisoriamente tão simplesmente um cosmoo meu fardo de agonia tão somente homemembora não me ache merecedor ou puramente mulher ... peregrinos de nós mesmos **42** Chuva de estrelas
o meu coração em festa paragenso sopro do vento no meu rosto flores brotam do chãosou canção, sou desgosto... desfolhadas e lânguidasperegrinos minúsculos em desérticas pastagenslonge se vão Murizabalde longe vêm Obanoscada qual carregando e seus mistériossua cruz de pecados de Guilherme à Felíciae vêm das matas Santa Maria de Eunatepios de corvos cercada de girassóisno ensejo de uma refeição à sombra dos ciprestesUrtega compondo o santuáriodeixo-me deslizar de bençãomontanha abaixo octogonais arcos medievaisas minhas botas se fazendo trindadeso meu padecer... na arranjo do templo... **44** Chuva de estrelas
miríades de devaneios e se faz poça d’águanas sendas de meus interstícios maraflições espelhando o azul do céuquilômetros de amenidades no meu chão de estrelasse abrindo sou silênciocomo flores de um jardim no coração da Ermitasou semente germinando o meu particular momento...ajoelhado de frente ao altar girassóisSanta Maria de Eunate dobram-se aos meus pésme acolhe encruzilhadano seu berço de benevolência... agora uma setachove única longínqua aponta Santiago de Compostela **46** Chuva de estrelas
Puente de La Reina ciprestes emolduramnovamente o Caminhoo rio Arga me contempla românicas pedras de chãocom sua mansidão vou vagando por alide águas sombrias os meus desígniosminhas angústia refletindo lembrandoas chagas outras vidas perdoadas...incontidas no meu peito... Estella e o rio Egamedieval passa de mansinhohonrada em si verdolengas águasa ponte do século onze refletindo as belezas artesanaisme oferece passagem do Rei Sancho Ramirez...em pleno século vinte e um! paro corpo exausto alma fluídica andrajos humilde contemplação... **48** Chuva de estrelas
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