Élida Barbosa Corrêa Antonio Fernandes Monteiro Filho Josely Dantas Fernandes ORGANIZADORES CAMPINA GRANDE | PB 1ª Edição | 2020
Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Agroecologia e Produção Orgânica: Agrobiodiversidade do Semiárido Universidade Estadual da Paraíba Sítio Imbaúba s/n, Zona Rural, Lagoa Seca-PB. CEP: 58117-000. 83 3366-1297 [email protected] /cvt.agrobiodiversidade Copyright texto/imagem © 2020 Os Organizadores (exceto referenciadas) Todos os direitos reservados. A reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio convencional ou eletrônico é autorizada apenas para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Qualquer outra forma de utilização necessita expressa autorização. editor | Linaldo B. Nascimento / projeto gráfico | Plural Editorial AUTORES: Analberto Ian de Oliveira Nascimento – Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia/Universidade Estadual da Paraíba Antonio Fernandes Monteiro Filho – Engenheiro Agrônomo e Cientista Agrário/ Técnico Agrícola da Universidade Estadual da Paraíba Élida Barbosa Corrêa – Engenheira Agrônoma/Professora da Universidade Estadual da PB Josely Dantas Fernandes – Químico e Cientista Agrário/Técnico Agrícola da Universidade Estadual da Paraíba Leandro Justino da Silva – Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia/ Universidade Estadual da Paraíba Maria Amália da Silva Marques – Engenheira Agrônoma /MSc. em Extensão Rural para o Desenvolvimento Local/Rede Borborema de Agroecologia Oliveiros de Oliveira Freire – Bacharel em Agroecologia/ Universidade Estadual da PB Rivaildo da Costa Nascimento – Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia/Universidade Estadual da Paraíba Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S6232 Sistema de produção agroecológico da bananeira orgânica. / Organizadores: Élida Barbosa Corrêa, Antonio Fernandes Monteiro Filho, Josely Dantas Fernandes. - Campina Grande: Plural editorial, 2020. 25.000kb - 72 p. ISBN 978-65-89402-08-4 | Físico ISBN 978-65-89402-09-1 | Digital 1. Agricultura. 2. Bananeira. 3. Orgânico. 4. Ecologia. I. Título. 1. ed, CDD 630 | CDU 63 Linha editorial: escolaplural
AGRADECIMENTOS » Universidade Estadual da Paraíba/Pró-reitoria de Extensão » Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Agroecologia e Produção Orgânica: Agrobiodiversidade do Semiárido » Núcleo de Extensão Rural Agroecológica (NERA) » Embrapa Mandioca e Fruticultura APOIO » Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Chamada Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações/ Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Ministério da Educação/Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário - Casa Civil/CNPq Nº 21/2016).
SUMA´RIO IMPORTÂNCIA DO CULTIVO DA BANANA EM BASES AGROECOLÓGICAS...............................................................9 Élida Barbosa Corrêa Analberto Ian de Oliveira Nascimento CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA ................................................................. 11 Maria Amália da Silva Marques CARACTERÍSTICAS E CULTIVARES DE BANANEIRA...................... 19 Leandro Justino da Silva Analberto Ian de Oliveira Nascimento ESCOLHA DA ÁREA, ESPAÇAMENTO E PLANTIO .......................... 27 Antonio Fernandes Monteiro Filho Josely Dantas Fernandes OBTENÇÃO DE MUDAS E TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO......... 33 Analberto Ian de Oliveira Nascimento Antonio Fernandes Monteiro Filho ADUBAÇÃO E CALAGEM....................................................................... 37 Josely Dantas Fernandes Antonio Fernandes Monteiro Filho TRATOS CULTURAIS............................................................................... 47 Antonio Fernandes Monteiro Filho Josely Dantas Fernandes PRAGAS E SEU MANEJO ECOLÓGICO................................................ 55 Élida Barbosa Corrêa Analberto Ian de Oliveira Nascimento DOENÇAS E SEU MANEJO ECOLÓGICO................................................ 59 Élida Barbosa Corrêa COLHEITA E AMADURECIMENTO............................................................ 65 Rivaildo da Costa Nascimento Oliveiros de Oliveira Freire Referências Bibliográficas............................................................................. 68
APRESENTAC, A~O A cartilha “Sistema de Produção Agroecológico da Bananeira Orgânica” foi elaborada por meio da construção de diversos saberes sobre a temática. O nosso objetivo é dis- ponibilizar material prático e acessível às agricultoras, agri- cultores, estudantes, profissionais e demais interessados em cultivar a bananeira em sistemas agroecológicos de acordo com as normas da legislação de orgânicos do Brasil. A car- tilha compreende atividade do projeto “Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Agroecologia e Produção Orgânica: Agrobiodiversidade do Semiárido (MCTIC/MAPA/MEC/ SEAD - Casa Civil/CNPq Nº 21/2016)” e do projeto de exten- são “Coleção de Bananeira Orgânica como Ferramenta na Formação de Famílias Agricultoras” pertencente ao programa Agroecologia e o Diálogo de Saberes na Universidade: Ações do Núcleo de Extensão Rural Agroecologica em Territórios Paraibanos da Universidade Estadual da Paraíba. A constru- ção da cartilha foi realizada visando principalmente atender as demandas das agricultoras e agricultores que cultivam banana em bases agroecológicas na Paraíba, focando nos principais fatores que levam a diminuição da produção. 7
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IMPORTÂNCIA DO CULTIVO DA BANANA EM BASES AGROECOLÓGICAS Élida Barbosa Corrêa Analberto Ian de Oliveira Nascimento A banana (Musa spp.) é uma das principais frutas produ- zidas e comercializadas no mundo. Os frutos podem ser utili- zados verdes ou maduros, crus ou processados (cozida, frita, assada e industrializada). A banana contém vitaminas (A, B e C), minerais (Ca, K e Fe) e baixos teores calóricos (90 a 120 kcal/100 g) e de gordura (0,37 a 0,48 g/100g). A constituição da banana é de aproximadamente 70% de água, carboidratos (23 a 32 g/100g), proteínas (1,0 a 1,3 g/100g) e gorduras. Fruteira tropical, a temperatura ótima de cultivo é de 28 °C, sendo cultivada na faixa de temperatura de 15 °C a 35 °C. A estimativa de produção de banana pelo Brasil no ano de 2020 é de 6.759.030 de toneladas, sendo o país, um dos principais produtores da fruta. Para o estado da Paraíba, a estimativa de produção para o ano de 2020 é de 140.095 toneladas. O cultivo de banana na Paraíba é muito importante para a segurança alimentar e nutricional; e também como princi- pal fonte de renda para muitas famílias agricultoras. Dentre as variedades de banana cultivadas, uma das principais 9
cultivadas e comercializadas é a Pacovan. A banana orgânica cultivada em bases agroecológicas na Paraíba é comerciali- zada principalmente por venda direta ao consumidor, tendo as feiras agroecológicas grande importância quanto à comer- cialização da fruta. O sistema de produção agroecológico da banana envolve a utilização de variedades adaptadas ao clima da região, con- sórcio e uso de adubos orgânicos e minerais, principalmente os disponíveis na propriedade. O planejamento do plantio é fator muito importante para a produção de banana orgânica, pois visa o desenvolvimento de um sistema de produção que promova a resistência natural das plantas e o controle bioló- gico das pragas e doenças. Quanto ao planejamento, inicia- mos pela escolha da área de plantio, seleção das cultivares (que apresentem boa adaptação a região e resistência as prin- cipais pragas e doenças de ocorrência na região), seleção das mudas vigorosas e sadias, análise de solo – verificar a neces- sidade de calagem e os tipos de adubos orgânicos e fontes minerais naturais a serem utilizados, espaçamento entre as plantas e seleção de espécies para serem utilizadas em con- sórcio. A utilização de consórcios com adubos verdes, como feijão de porco (Canavalia ensiformis), crotalaria (Crotalaria juncea), mucuna preta (Stizolobium aterrimum), feijão caupi/ macassa (Vigna unguiculata), feijão guandu (Cajanus canjan), dentre outros nos cultivos de bananeira é uma prática que promove a biodiversidade funcional do sistema, diminuindo a ocorrência de pragas e doenças e favorecendo o crescimento da bananeira. 10 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA Maria Amália da Silva Marques Para um produto ser considerado orgânico é preciso se adequar à lei de orgânicos do Brasil - Lei nº 10.831/2003. A lei de orgânicos do Brasil é regulamentada e fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Há também o acompanhamento realizado pelas Comissões de Produção de Orgânica (CPOrgs), instaladas nas Unidades de Federação (UFs), tendo a participação de instituições da sociedade civil e poder público, a qual tem responsabilidade de contribuir com o fortalecimento e controle social da produ- ção orgânica no estado. Esta regulamentação estabelece as normas sobre como cultivar, processar, armazenar, transportar e comercia- lizar produtos orgânicos no Brasil. De acordo com a Lei nº 10.831/2003, os sistemas de produção denominados como: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam os prin- cípios estabelecidos por esta Lei, serão considerados como ORGÂNICOS (BRASIL, 2003). Não adianta apenas falar que a banana é orgânica, é necessário comprovar através dos diferentes mecanismos 11
de avaliação da conformidade orgânica, regidos pela Lei de Orgânicos do Brasil, que a produção adotou os princípios da produção orgânica em suas unidades de produção. As atividades de certificação orgânica envolvem registros documentais (Plano de Manejo Orgânico, caderno de campo e elaboração de relatórios), elaboração de mapas da unidade de produção, análises laboratoriais e visitas de avaliação da conformidade orgânica nas unidades de produção. Lembrete: É importante ressaltar que a qualidade orgânica da banana deve ser preservada não somente no campo, mas também, no processo de amadurecimento, embalagem, arma- zenamento, transporte e nos espaços de comercialização. Na legislação brasileira há três formas de garantir a quali- dade dos produtos orgânicos, são elas: Sistemas Participativos de Garantia (SPGs) ou Certificação Participativa, a Certificação por Auditoria e o Organismo de Controle Social (OCS). Cada mecanismo exige procedimentos diferenciados para sua implementação. O Sistema Participativo de Garantia (SPG) é um meca- nismo de certif icação, conhecido popularmente como Certificação participativa. O SPG pode ser composto por grupos ou núcleos de produtores, que se responsabilizam coletivamente pelas atividades de avaliação da conformidade orgânica. Os grupos ou núcleos de produção obrigatoriamente devem ter a participação direta dos agricultores, podendo ter a colaboração de técnicos e consumidores. Para um SPG funcionar é preciso constituir um Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC). 12 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
O OPAC é uma pessoa jurídica que obrigatoriamente deve ser credenciado pelo MAPA. Para credenciar um OPAC é necessário apresentar os seguintes documentos no MAPA: √ Ficha de solicitação de credenciamento de Organismos Participativo de Avaliação da Conformidade; √ Comprovante de inscrição do CNPJ; √ Assinar e apresentar o Termo de compromisso com Garantia da Qualidade Orgânica; √ Listagem das Unidades de produção controladas; √ Declaração de inexistência de unidade de produção controladas (só se existir); √ Atos constitutivos do OPAC (Estatuto Social, regi- mento interno e controle social); √ Manual de Procedimentos Operacionais (este docu- mento apresenta detalhadamente como deve funcionar as atividades do OPAC/SPG. Lembrete: O manual de procedimentos operacionais é um documento obrigatório, que deve ser elaborado seguindo as exigências da regulamentação, respeitando as dinâmicas locais desenvolvidas pelos grupos ou núcleos de produtores. O processo de avaliação da conformidade também pode con- tar com a participação de instituições parceiras e colaborado- res (técnicos, consumidores, estudantes, professores, pesqui- sadores, etc). Para mais informações, verificar a IN (MAPA) nº 19 de 28/05/2009. A certificação participativa permite ao agricultor rece- ber certificado de conformidade orgânica, ter os dados 13
no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) e fazer uso do selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SISorg) para o Sistema Participativo, conforme a figura 1. Figura 1: Selo do SISorg – Sistema Participativo Esse tipo de certificação atende o mercado de venda direta e a comercialização em todo território nacional. Recentemente, os SPG estão sendo aceitos no Chile, através do reconheci- mento mútuo assinado entre Brasil e Chile. Sendo assim, o SPG brasileiro pode exportar produtos orgânicos para Chile. Certificação por auditoria – é um mecanismo de certifica- ção realizado por empresas privadas ou instituições públicas. Para implementar este mecanismo de certificação, o produ- tor contrata os serviços de empresas certificadoras e deve se adequar as normas de certificação da empresa. O processo de avaliação da conformidade orgânica é realizado por meio de visitas de inspeção e auditorias. A certificação por auditoria permite ao agricultor rece- ber certificado de conformidade orgânica, ter os dados no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) e fazer uso do selo do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SISorg) para o sistema de auditoria, conforme a figura 2. 14 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
Figura 2: Selo do SISorg – Certificação por auditoria Esse tipo de certificação atende o mercado de venda direta, a comercialização em todo território nacional e o mer- cado de exportação. Lembrete: O mercado de exportação só poderá ser acessado se a empresa certificadora tiver suas normas reconhecidas no país de interesse na comercialização. O Organismo de Controle Social (OCS) - é um mecanismo de avaliação da conformidade orgânica que faculta o processo de certificação, acessado exclusivamente por Agricultores Familiares. O controle social deve ser assegurado pelos agri- cultores familiares, podendo ter a participação de consumido- res e técnicos. Nesse mecanismo, o produto orgânico só pode ser comercializado através da venda direta ao consumidor, ou seja, nas feiras de produtos orgânicos e/ou agroecológicos, entrega em domicílio, mercados institucionais1, etc. O OCS é uma pessoa jurídica que deve ser cadas- trada no MAPA. Os agricultores familiares devem estar 1Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), compra direta. 15
vinculados/associados ao OCS. O processo de cadastramento e a emissão destes documentos são de responsabilidade da Superintendência Federal da Agricultura (SFA)/ MAPA de cada estado. Para realizar o cadastro do OCS e dos agriculto- res familiares é necessário realizar as seguintes etapas: ✓ Preencher o formulário de Solicitação de cadastro do OCS; ✓ Preencher o formulário de Cadastro de unidades de produção vinculadas ao OCS; ✓ Assinar e apresentar o Termo de compromisso com Garantia da Qualidade Orgânica; ✓ Apresentar descrição do processo de controle da pro- dução e comercialização; ✓ Apresentar a descrição do processo de controle social exercido sobre a produção e a comercialização; ✓ Apresentar a declaração de conformidade com os regulamentos técnicos de produção e comercialização; ✓ Apresentar a declaração oficial que comprove a condi- ção de Agricultor Familiar. Toda documentação citada acima deve ser preenchida e encaminhada para a Superintendência Federal da Agricultura do Estado (SAF/UF). Após o cadastramento, o OCS recebe a Declaração de Cadastro de OCS. E o agricultor familiar recebe a Declaração de Cadastro de Produtor Orgânico Vinculado ao OCS, con- forme apresenta a figura 3. Além de receber a declaração de produtores orgânicos, os produtos e dados dos agricultores familiares são inseridos no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO). 16 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
Figura 3: Declaração de Produtor orgânico Lembrete: Os agricultores familiares devem apresentar a Declaração de produtor orgânico nos espaços de comercia- lização, ou seja, na banca da feira, apresentar no momento de entrega de cestas domiciliares, etc. Esse mecanismo não permite o uso do selo de orgânicos do Brasil. Para mais informações acesse: www.agricultura.gov.br/ assusntos/sustentabilidade/organico/legislacao/portugues 17
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CARACTERÍSTICAS E CULTIVARES DE BANANEIRA Leandro Justino da Silva Analberto Ian de Oliveira Nascimento A bananeira é uma planta monocotiledônea e herbácea, formada por: raízes (fasciculadas), rizoma (caule subterrâneo), tronco ( pseudocaule formado por bainhas foliares), folhas e cacho (engaço, ráquis e coração). As raízes atingem até 10 m, e estão concentradas até 20 cm. O rizoma tem formato esférico; e a partir do rizoma saem as folhas. O tronco ( pseu- docaule) é formado por bainhas foliares, terminando com uma copa de folhas compridas e largas, com nervura central desen- volvida. A bananeira pode emitir de 30 a 70 folhas, sendo as folhas emitidas a cada 7 a 11 dias. O cacho sai do centro da copa, onde das flores são formadas as pencas (7 a 15), pro- duzindo de 40 a 220 frutos por cacho. A multiplicação da bananeira ocorre naturalmente no campo, pela emissão contínua de novos rebentos/mudas. Uma bananeira adulta sempre tem ao seu redor outras bananei- ras em diversos estádios de desenvolvimento, formando uma touceira. As touceiras são formadas por rebentos de primeira, segunda, terceira, etc., gerações de mudas; e que popularmente recebem as denominações de mãe, filha e neta (Figura 4). 19
Figura 4. Touceira de bananeira formada por três plantas. Com o desenvolvimento da planta ocorre a formação do cacho, cujos frutos se desenvolvem, amadurecem e se não colhi- dos caem, tendo em seguida o secamento de todas as folhas. Comercialmente, os frutos são colhidos antes do amadurecimento, pois a banana tem pouca resistência ao transporte quando madura. Após a colheita, o pseudocaule da bananeira é cortado, podendo ser utilizado no próprio bananal como adubo e tam- bém pode ser utilizado para compor a pilha de composta- gem. No entanto, pseudocaules apodrecidos não devem ser 20 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
utilizados como adubos diretamente no solo após a colheita do cacho, pois podem estar contaminados com fungos que causam doenças nas plantas, como o mal-do-Panamá. Quanto as cultivares de banana, nesta cartilha vamos descre- ver a Prata, Prata Anã, Pacovan, Pacovan Ken, Princesa e Tropical. BANANA PRATA A cultivar Prata (grupo genômico AAB) (Figura 5) tem porte alto (4,5 a 5,5 m), produz cachos com média de 14 kg, o número médio de pencas por cacho é de 7 a 8. O espaçamento reco- mendado é de 3,0 x 3,0 m. A cultivar é suscetível a sigatoka- -amarela, sigatoka-negra, mal-do-Panamá, moko; resistente a nematoides e moderadamente resistente a broca-do-rizoma. Figura 5. Cultivar de banana Prata. 21
BANANA PRATA ANÃ A cultivar Prata Anã (grupo genômico AAB) (Figura 6) tem porte médio-baixo, produz cachos com média de 14 kg e o número médio de pencas por cacho é de 7 a 8. O espaça- mento recomendado é de 2,5 x 2,5 m. A cultivar é suscetível a sigatoka-amarela, sigatoka-negra, mal-do-Panamá, resistente a nematoides e moderadamente resistente a broca-do-rizoma. Figura 6. Cultivar de banana Prata-anã. 22 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
BANANA PACOVAN A cultivar Pacovan (grupo genômico AAB), subgrupo prata, tem porte alto, produz cachos com média de 16 kg e número médio de pencas por cacho de 7 a 8. O espaçamento recomendado é de 3,0 x 3,0 m. A cultivar Pacovan (Figura 7) é moderadamente suscetível ao mal do Panamá, suscetível a sigatoka-amarela e a sigatoka negra, medianamente resis- tente aos nematoides e as brocas. Figura 7. Cultivar de banana Pacovan. 23
BANANA PACOVAN KEN A cultivar Pacovan Ken (grupo genômico AAAB), sub- grupo prata, tem porte alto, produz cachos com média de 25-30 kg e o número médio de pencas por cacho é de 7 a 10. O espaçamento recomendado é de 3,0 x 3,0 m. Pacovan Ken (Figura 8) é resistente ao mal-do-Panamá, a sigatoka-amarela e a sigatoka negra. A cultivar é moderadamente resistente ao moleque-da-bananeira e suscetível ao nematoide cavernícola e ao moko. Figura 8. Cultivar de banana Pacovan Ken. 24 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
BANANA TROPICAL A cultivar Tropical (grupo genômico AAAB) produz bana- nas do tipo maçã, tem porte médio a alto, produz cachos com média de 19 kg e o número médio de pencas por cacho é de 7. O espaçamento recomendado é de 3,0 x 2,50 m. Os frutos da cultivar Tropical são maiores e com sabor semelhante ao da cultivar de maçã. A cultivar (Figura 9) é tolerante ao mal-do- -Panamá, resistente a sigatoka-amarela, moderadamente resis- tente aos nematoides e suscetível a sigatoka negra e ao moko. Figura 9. Cultivar de banana Tropical. 25
BANANA PRINCESA A cultivar Princesa (grupo genômico AAAB) produz bananas do tipo Maçã, tem porte médio, produz cachos com média de 16-18kg e o número médio de pencas por cacho é de 7-8. O espaçamento indicado é de 3,0 x 2,0 m. A culti- var (Figura 10) é tolerante ao mal do Panamá e resistente a sigatoka-amarela. Figura 10. Cultivar de banana Princesa. 26 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
ESCOLHA DA ÁREA, ESPAÇAMENTO E PLANTIO Antonio Fernandes Monteiro Filho Josely Dantas Fernandes Quanto a escolha da área, as condições ideais para o cul- tivo da bananeira são as seguintes: i. terrenos planos a levemente ondulados (< 8%), terre- nos com declividade superior a 30% não são indicados; ii. solos que não tenham camada impermeável, pedrego- sos e lençol freático a menos de um metro de profundidade; iii. solos areno-argilosos, férteis, profundos, ricos em matéria orgânica, drenados e com boa capacidade de reten- ção de água. iv. escolher uma área com pouca intensidade de ventos, pois os ventos causam a quebra das folhas e tombamento das plantas ( principalmente de cultivares altas). A precipitação ideal para o cultivo da bananeira é de 1900 mm com chuvas bem distribuídas no ano. Em condições de semiárido, é recomendada a irrigação da cultura, sendo a melhor forma de irrigação a por gotejamento, pela economia de água. Na coleção de bananeira agroecológica do Campus II da UEPB é utilizada a irrigação por gotejamento (Figura 11). 27
Figura 11. Bananeira irrigada por gotejamento. Quanto aos espaçamentos, esses podem variar de acordo com o porte das cultivares utilizadas. Para as de porte baixo como a Nanica o espaçamento pode variar de 2,0 x 2,0 a 2,0 x 2,5m. Para as variedades de porte médio, como a Maçã, o espaçamento pode ser de 3,0 x 2,0 a 3,0 x 2,5m, já para as plantas de porte alto como a Pacovan o espaçamento pode variar de 3,0 x 3,0 a 3,0 x 4,0m. 28 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
As disposições mais comuns dos espaçamentos seguem arranjos em quadrado ou retângulo, entretanto o arranjo trian- gular deve ser preferido, pois permite melhor aproveitamento da luz; o plantio também pode ser realizado em fileira dupla, pois permite introduzir mecanização no cultivo, com diminuição dos custos de manutenção e retirada das mudas (Figuras 12 e 13). Figura 12. Esquema de plantio da bananeira em quadrado em fileiras sim- ples (A) ou em espaçamento de fileiras duplas (B). 29
Figura 13. Esquema de plantio da bananeira em triângulo em fileiras sim- ples no espaçamento 3,0 x 3,0 m entre plantas e 2,60 m entre linhas (A), no espaçamento 4,0 x 4,0 m entre plantas e 3,46 m entre linhas (B) e no espaçamento em fileiras duplas (C). Quanto as formas de plantio, em áreas mecanizadas, reco- menda-se utilizar sulcos de 30 a 40 cm de profundidade. Para o cultivo em solos argilosos, os berços devem ser feitos nas dimensões de 40 x 40 x 40 cm, separando-se a camada dos 30 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
primeiros 20 cm para um lado e os 20 cm mais profundos para o outro. Quando for realizada a adubação de fundação, o solo dos primeiros 20 cm é colocado misturado com o adubo orgâ- nico no fundo do berço, e os 20 cm de solo mais profundo serão utilizados para o fechamento do berço por ocasião do plantio. Tal procedimento é realizado devido a fertilidade do solo na camada superficial ser maior, proporcionando assim, o melhor desenvolvimento da muda. Se o solo for solto as dimensões do berço podem ser reduzidas para 30 x 30 x 30 cm. 31
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OBTENÇÃO DE MUDAS E TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO Analberto Ian de Oliveira Nascimento Antonio Fernandes Monteiro Filho As mudas de bananeira são retiradas de pomares produti- vos, selecionando-se as plantas vigorosas e sadias. De acordo com o tamanho, idade e a forma de utilização do rizoma são denominadas as mudas de: chifrinho ( peso do rizoma de até 1,5kg), chifre ( peso do rizoma de 1,5 a 2,5 kg) e chifrão ( peso do rizoma acima de 2,5kg). Brotações do tipo “guarda chuva” (Figura 14) não devem ser utilizadas como mudas, pois são plantas com pouca reserva e baixo vigor. Os tipos de mudas indicadas para a utilização em um novo pomar estão demons- trados na Figura 15. As mudas do tipo chifrão são as ideais para serem utilizadas nos plantios. 33
→ GUARDA CHUVA Figura 14. Muda do tipo “guarda chuva” que não é indicada para o plantio. 34 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
Figura 15. Mudas indicadas para o plantio. Após a retirada das mudas do local de plantio, recomen- da-se o descorticamento ( retirada de partes necrosadas e solo) e a desinfestação das mudas para a sua limpeza. Os passos para a desinfestação das mudas são os seguintes: 1. Após o descorticamento, lavar as mudas com água sob pressão, para retirar totalmente restos de solo. 2. Coloque as mudas (rizomas) em um recipiente e faça a imersão em uma calda com ação desinfestante para o controle de patógenos/insetos que podem estar associados às mudas. Importante salientar que as substâncias/caldas utilizadas devem ser permitidas pela Legislação de Orgânicos do Brasil. 3. Coloque as mudas para secar a sombra e realize o plantio. 35
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ADUBAÇÃO E CALAGEM Josely Dantas Fernandes Antonio Fernandes Monteiro Filho As recomendações de adubação e calagem devem seguir as orientações de técnicos habilitados, segundo o resultado de análise de solo da área. A recomendação da calagem é realizada 90 dias antes do plantio das mudas. Para o estado da Paraíba utiliza-se a recomendação de calagem do estado de Pernambuco, sendo reco- mendado utilizar, para cultivo de sequeiro, o maior valor calculado pelas seguintes fórmulas: A. NC= f x Al; B. NC = f x [2 – (Ca + Mg)]; Para cultivo irrigado utilizar a seguinte fórmula: C. NC = 2 x Al + [3 – (Ca + Mg)] Em que: NC= Necessidade de calcário em t/ha; f= Os valores utilizados são 1,5; 2,0 e 2,5. Para solos com teores de argila menor que 15% utilize o valor 1,5. Solos com valor de argila entre 15% a 35% utilize o valor 2,0. Solos com teor de argila maior que 35% utilize o valor 2,5. 37
Al= Teor de Alumínio no solo; Ca= Teor de Cálcio no solo; Mg= Teor de Magnésio no solo. Os cálculos da necessidade de calcário são realizados para um calcário com PRNT de 100% (Poder Relativo de Neutralização Total de 100%). Caso o calcário adquirido tenha um PRNT diferente de 100% é necessário fazer a correção da dose a ser aplicada, para isso multiplica-se a necessidade de calcário por um fator que é calculado da seguinte forma: F= 100/PRNTcom Onde: F= fator de correção da dose recomendada; PRNTcom= Poder Relativo de Neutralização Total do calcá- rio comercial Supondo-se uma necessidade de calcário de 1,20t/ha, e o calcário comercial disponível com PRNT de 80%, têm-se os seguintes cálculos: F= 100/80= 1,25 Dose a ser aplicada= 1,20 t/ha x F Dose a ser aplicada= 1,20 t/ha x 1,25 = 1,50 t/ha Durante a calagem, o calcário deve ser distribuído unifor- memente sobre a área a ser plantada e incorporado ao solo. Para a calagem realizada no berço de plantio deve-se calcular a quantidade de calcário para o volume do berço, por exemplo, uma dose de 1500 kg/ha de calcário com os berços medindo 0,4 x 0,4 x 0,4 m: 38 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
Assim: Volume do berço: 0,4 x 0,4 x 0,4m = 0,064m3 ou seja 64 litros. Se a recomendação é de 1500 kg/ha e considerando uma profundidade de 20 cm teremos: 10000m2 x 0,2m de profun- didade, ou seja 2000m3 de solo por ha ou 2000.000 de litros de solo por ha, assim a quantidade de calcário (Qc) por berço será: Qc/berço= 1500 kg de calcário/ha x (volume do berço/ volume de solo/ha); Qc/berço = 1500 kg x (64 L/2000000 L) Qc/berço = 0,048 kg ou 48 g/berço Geralmente o cálculo da calagem é realizado conside- rando uma profundidade de 20 cm. Caso a profundidade seja diferente, o valor calculado com base nos 20 cm deverá ser multiplicado por um fator de acordo com a Tabela 1. Tabela 1. Fator de correção do cálculo de calagem de acordo com a profundidade do solo. 39
Considerando o cálculo anterior, como a profundidade do berço é de 40 cm, a quantidade de calcário calculada deverá ser dobrada, ou seja, 48g/berço x 2 = 96g/berço. Além da calagem na instalação do bananal, essa tam- bém poderá ser feita durante o ciclo de desenvolvimento da cultura, mediante análise de solo que pode ser realizada na área de projeção da copa das plantas. Neste caso o cálculo da necessidade calcário (NC) a ser aplicado na área segue a mesma metodologia já citada, entretanto a aplicação ocorrerá apenas na touceira, desta forma a quantificação será realizada da seguinte forma: Qc/touceira: (3,14 x r2) x NC/10000 Onde Qc/touceira: quantidade de calcário por touceira, kg r: raio de projeção da copa, m NC: necessidade de calcário, kg/ha Exemplificando: Após análise de solo realizada através de amostras cole- tadas na projeção das copas das plantas, calculou-se que a necessidade de calcário da cultura era de 1600 kg/ha, consi- derando-se que as plantas apresentavam um raio de projeção de 0,7m a quantidade de calcário por touceira será de: Qc/touceira: (3,14 x r2) x NC/10000 Qc/touceira: (3,14 x 0,72) x 1600/10000 Qc/touceira: 0,246 kg/touceira ou 246g/touceira 40 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
A prática de adubação em sistemas de produção orgâ- nicos em bases agroecológicas deve compreender práticas conservacionistas do solo ( plantio em terraços/curva de nível e utilização de cobertura viva). Estercos animais, compostos, adubos verdes, tortas vegetais; e também fontes minerais naturais, como fosfatos naturais, pó de rocha e cinza são uti- lizados. A adubação verde da bananeira pode ser realizada utilizando consórcios com leguminosas como feijão de porco (Canavalia ensiformis), crotalaria (Crotalaria juncea), mucuna preta (Stizolobium aterrimum), feijão caupi/macassa (Vigna unguiculata), feijão guandu (Cajanus canjan). No consórcio, é indicado que as leguminosas estejam espaçadas no mínimo 0,50 m da bananeira. A adubação de plantio ou de fundação deve ser realizada com uma antecedência mínima de, pelo menos, 30 dias do plantio, enchendo-se os berços até o nível do solo. As recomendações de adubação para a bananeira devem ser seguidas conforme as Tabelas 2 e 3 a seguir. 41
Tabela 2 – Recomendação de adubação para o cultivo de sequeiro. Fonte: Comissão Estadual de Fertilidade do Solo, Recife, PE, 1982; Comissão Estadual de Fertilidade do Solo, Salvador, BA, 1989. Tabela 3 – Recomendação de adubação para o cultivo irrigado. Fonte: Comissão Estadual de Fertilidade do Solo, Recife, PE, 1982; Comissão Estadual de Fertilidade do Solo, Salvador, BA, 1989. 42 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
Exemplo de cálculo de adubação com fertilizantes orgânicos Recomendação de adubação para cultura da bananeira (N- P2O5- K2O ) segundo análise de solo em g/touceira para a fase de produção considerando espaçamento de 3 x 3 m totalizando 1111 touceiras/ha: 270-120-250. Transformando os valores de g/touceira para kg/ha teremos: 270 g de N/touceira x 1111 touceiras/ha= 300 kg/ha 120 g de P2O5/touceira x 1111 touceiras/ha= 134 kg/ha 250 g de K2O/touceira x 1111 touceiras/ha= 278 kg/ha Fertilizantes disponíveis e sua composição em N-P2O5- K2O em %: Esterco: 1,60; 0,51 e 1,03. Dividindo por 100 teremos: 0,016; 0,0051 e 0,0103 Cinza: 0,0; 2,5; e 10,0. Dividindo por 100 teremos: 0,00; 0,025 e 0,10 Fosfato natural: 0,0; 30,0 e 0,0. Dividindo por 100 tere- mos: 0,00; 0,3 e 0,00 43
Começamos pelo cálculo do N, utilizamos o esterco que é a única fonte disponível deste nutriente nesse exemplo: Assim: 300/0,016= 18750,00 kg esterco/ha O esterco também apresenta em sua composição o P2O5 e o K2O, desta forma calculamos quanto faltam destes nutrientes: De P2O5: 134-(18750,00 x 0,0051) = 38,375kg De K2O: 278-(18750,00 x 0,0103) = 84,875kg Agora usamos a cinza que é fonte de P2O5 e K2O, sabe- mos que ainda temos o Fosfato natural que é fonte de P2O5, então vamos atender agora o que está faltando de K2O: 84,875/0,1= 848,75kg cinza/ ha Sabemos que a cinza fornece também o P2O5 calculamos agora quantos kg faltam para atender à necessidade deste nutriente: 134 - [(18750,00 x 0,0051) + (848,75 x 0,025)] = 17,16kg Para atender estes 17,16kg que faltam de P2O5 usamos agora o Fosfato natural: 17,16/0,3= 57,20 kg Fosfato natural/ha 44 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
Conferindo: N: (18750,00 x 0,016) + (848,75 x 0,0) + (57,33 x 0,0) = 300,00 kg, o nutriente foi atendido. P2O5: (18750,00x 0,0051) + (848,75 x 0,025) + (57,20 x 0,3) = 134,00 kg, o nutriente foi atendido. K2O: (18750,00 x 0,0103) + (848,75x 0,10) + (57,20x 0,00) = 278,00 kg, o nutriente foi atendido. Assim será necessário 18750,00 kg de esterco, 848,75 kg de cinza de madeira e 57,20 kg de Fosfato natural para aplicarmos em 1 ha, ou seja, em 1111 touceiras, sendo adi- cionado por touceira: 16,88 kg de esterco, 0,76 kg de cinza de madeira e 51,49 g de fosfato natural. Nas adubações de cobertura, recomenda-se que sejam feitas em círculo, numa faixa média de 20 cm de largura e 40 cm distante da muda, aumentando conforme a idade da planta. No caso de terrenos inclinados, deve-se fazer a adubação em meia-lua, do lado de cima da cova, incorporando superficial- mente no solo (Figura 16). Se o plantio for muito adensado e em áreas planas, a adubação poderá ser feita entre as filas. Figura 16 – Esterco de curral bem curtido utilizado na adubação em cober- tura da bananeira (A), aplicação de 20 litros de esterco na touceira (aduba- ção de cobertura) (B) e esterco de curral aplicado em toda a touceira a uma distância de 20 a 40 cm da planta (C). 45
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TRATOS CULTURAIS Antonio Fernandes Monteiro Filho Josely Dantas Fernandes Os tratos culturais são práticas extremamente importan- tes para o bom desenvolvimento da cultura e para o manejo de pragas e doenças no bananal. Os principais tratos culturais realizados na cultura da bananeira são o escoramento, elimi- nação do coração, desbaste e desfolha. Escoramento O escoramento da bananeira (Figura 17) é realizado para evitar o tombamento das plantas pela ação dos ventos e peso do cacho. É realizado utilizando-se varas de sabiá ou outra madeira que tenha uma forquilha em uma das extremida- des. Esta prática visa evitar a perda de cachos por quebra ou tombamento da planta, em consequência da ação de ven- tos fortes. Geralmente, o tombamento da planta pelo vento é facilitado pelo peso do cacho associado à má sustentação da planta, devido ao ataque de nematoides e da broca do rizoma ou de práticas culturais inadequadas, como o arranquio desor- denado de mudas dentro do campo de produção. 47
Figura 17 – Planta tombada sem o escoramento (A) e planta escorada com vara de sabiá (B). Eliminação do coração A retirada do coração (Figura 18) visa principalmente pro- porcionar o aumento do peso do cacho, melhorar a sua qua- lidade e acelerar a maturação dos frutos, além de ser uma prática fitossanitária no controle do moko, tripes e traça dos cachos. A prática deve ser realizada até 15 dias após a aber- tura da última penca. Consiste em eliminar, com auxílio de uma ferramenta cortante (podão para bananeira), a parte da planta conhecida como coração ou mangará, logo abaixo da última penca, deixando-se um prolongamento de 10 a 20 centímetros, que servirá como apoio para o manuseio na ocasião da colheita. 48 | SISTEMA DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICO DA BANANEIRA ORGÂNICA
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