ESPECULATÓRIO CAPÍTULO II \"À Procura do Horror\" OUTUBRO 2016
Outubro 2016 2 ÍNDICE LITERATURA DE HORROR – AS QUATRO FIGURAS QUE DEFINIRAM UM GÉNERO 23 Páginas que DIÁRIO DE UM INTERNAUTA 29 dão Asas A SOMBRA SOBRE LISBOA 46 Lancem Iniciativas CANTO DOS GMS - AVENTURAS DE TERROR 30 WORSHOP DE PERSONAGENS - VAN HELSING 38 ESCRITA - COMO ESCREVER HORROR? 34 AVENTURAS FANTÁSTICAS 54 Folhas e ENTREVISTA LOUCOS DE LISBOA – COM ISAQUE SANCHES 17 Rabiscos FÓRUM FANTÁSTICO 2016 - NOVAS PRESENÇAS, A QUALIDADE DE Especulando a Realidade SEMPRE 42 Uma Caixa CALENDÁRIO DE EVENTOS 22 Cheia de Peças MISTÉRIO, TRAIÇÃO E 50 VILÕES 12 KICKSTARTER DO MÊS - RUN ZOMBIES RUN! 33 JOGOS NO PAPEL: CRIAR UM JOGO 50 FACTOS E FICÇÕES - PORQUE GOSTAMOS DE FICÇÕES ASSUSTADO- RAS? 4 Outras O TERROR ANDA AÍ 8 Especulações
Ficha Técnica Editorial - À Procura do Horror 3 Especulatório Revista Especulatório – Capítulo 2: À Procura do Horror «The traditional conception of horror Outubro, 2016 emotions, coupled with the popularity of ISSN: 2183-8682 the genre, gives rise to a paradox: why are Proprietários, autores, produtores, editores, audiences attracted to horror if it generates designers…enfim, tudo: Equipa Especulatório emotions that we avoid in real life?» Esta revista foi escrita ao abrigo do antigo Acordo Ortográfico. [The Paradox of Horror: Fear as a Positive Emotion, O conteúdo editorial da revista é da total autoria Katerina Bantinaki] do Especulatório Queremos deixar claro que não estamos afiliados Esta é a pergunta que nos vai guiar este com as entidades que aqui divulgamos nem mês: enquanto leitores, jogadores, fãs, o podemos ser responsabilizados pela qualidade de que nos atrai tanto no género do Horror? eventos exteriores à organização do Especulatório. Porque queremos saber mais sobre o que o Porque reconhecemos a igualdade de género como caracteriza, sobre as diferentes formas em um Direito Humano e queremos promover a sua que podemos experimentá-lo? concretização até na escrita, onde se lê “o” deve São múltiplas as suas facetas, podendo até ler-se “a” sempre que aplicável.. ser considerado como transversal na ficção Contacto: [email protected] especulativa. Mas há algo que, independentemente EQUIPA DO ESPECULATÓRIO do meio, é central – a sua capacidade de despertar em nós imaginários de terror, de Educação para a Cidadania nos fazer experimentar uma emoção das Global ocupa-me 35 horas mais básicas – o medo. semanais, ser geek ocupa-me a E neste mês de Halloween queremos vida toda. Viciada em ler sempre, homenagear o género, e mostrar que o boardgamer ocasional e jogadora medo pode ser aliciante e algo a partilhar. de D&D em breve. Venham connosco nestas viagensMARIA INÊS SANTOS assustadoras, à descoberta do Horror! Programador durante o dia, geek inveterado durante... bem, sempre! Seja com boardgames, RPG’s livros, filmes, series, jogos de computador e consola, vão sempre encontrar-me a fazer qualquer coisa geek! CARLOS ALMEIDA Sou uma Bióloga Evolutiva que tem uma paixão por jogos, livros e RPG’s. Um dos meus projectos é tentar criar um jogo que permita juntar os meus hobbies e a biologia! INÊS FRAGATA Estudei Biologia da Conservação por gosto, trabalho à secretária por necessidade, mas as minhas paixões incluem a escrita, os livros e todo o tipo de jogos.! Viciada em podcasts, webseries e clubes literários. CATARINA SANTOS
Outras EspeculaçõesOutubro 2016 4 FACTOS E FICÇÕES PORQUE GOSTAMO FICÇÕES ASSUSTA Desde o ínicio dos tempos que nós, aos estímulos,dando tempo ao córtex cerebral para processar toda a informação disponível e humanos, gostamos de nos assustar. chegar à conclusão que afinal a ameaça não é Quer através de histórias contadas à volta a sério, é apenas a banda sonora assustadora que o vosso Dungeon Master escolheu. da fogueira, livros e mais recentemente jogos e filmes, sempre houve aqueles que vibraram É nesta altura que é produzido o com a sensação de terror. neurotransmissor ácido gama-aminobutírico (GABA) e o cérebro, e o vosso corpo, relaxam e Mas o que acontece quando vemos, lemos tudo volta ao normal. ou ouvimos algo aterrorizador? Mas, mesmo a ameaça não sendo real, Tudo começa no nosso córtex cerebral, o sinal já viajou até ao hipotálamo, que que processa o que vemos e ouvimos e que, comunica com o nosso sistema glandular, quando confrontado com algo assustador, e as glândulas supra-renais, situadas acima avisa a amígdala de que existe uma ameaça! dos rins, já começaram a produzir a hormona epinefrina ou adrenalina. Entra em acção a produção dos neurotransmissores dopamina e serotonina A epinefrina aumenta a nossa frequência que amplificam as nossas respostas e cardíaca, assim como o volume de sangue por nos ajudam a fugir ao perigo, algo muito batimento cardíaco, eleva o nosso nível de importante quando a ameaça é real. açúcar no sangue,minimiza o fluxo sanguíneo no sistema intestinal e maximiza-o para os Pessoas que controlam melhor a sua resposta ao medo respondem mais devagar
S- Outras Especulações 5 EspeculatórioOS DEADORAS? A epinefrina também estimula a produção de endorfinas que diminuem a nossa resposta músculos das pernas e braços. É a chamada à dor e que também estão associadas à resposta de luta-ou-fuga. sensação de prazer. As endorfinas são também libertadas durante exercício, sexo, ou momentos de antecipação de prazer, o que significa que, desde que a resposta de medo se desligue neste ponto, sermos assustados (desde que na segurança da sala de cinema) pode levar a experiências muito positivas.
Outubro 2016 6 Outras Especulações resposta ao medo, as glândulas supra-renais começam a produzir cortisol, a chamada Então porque é que nem toda as pessoas hormona do stress, e o corpo prepara-se para gostam de coisas assustadoras? o pior, suprimindo os processos metabólicos normais e o dando azo a um desequilíbrio Como já referimos, durante a resposta ao homeostático, o que não é nada confortável. medo é libertada dopamina. Quando se estuda o fenómeno do medo Esta hormona está também associada a chegamos à conclusão que se existem medos mecanismos de condicionamento das respostas mais generalizados,independentes da cultura a a certos estímulos e pode ajudar-nos a produzir que pertencemos,podemos também aprender respostas de luta-ou-fuga consistentes a coisas a ter medo de tudo e qualquer coisa. que já sabemos de que devemos ter medo. Um bom exemplo foi o da experiência Quando as hormonas afluem ao nosso levada a cabo nos anos 20 por Watson e cérebro, receptores, denominados auto- Rayner, em que condicionaram uma criança, receptores, presentes nos nossos neurónios conhecida como “Baby Albert”, a desenvolver avaliam a quantidade de dopamina presente medo de ratazanas brancas, e posteriormente e são responsáveis por regular a sua produção. generalizar para outros animais ou objectos semelhantes (e originalmente fofinhos). Pessoas com menos auto-receptores tendem a procurar mais situações de perigo A criança foi exposta a uma ratazana branca possivelmente porque têm uma maior e foi-lhe permitido que brincasse com ela. No produção de dopamina durante um estado de momento em que a criança tocava no animal medo. um dos investigadores produzia um Nas pessoas mais assustadiças (como eu, som alto atrás dela, batendo um confesso) que não controlam tão bem a sua martelo contra uma trave de ferro,o que causava uma reacção de medo. Após várias repetições apenas era preciso apresentar a ratazana branca ao pequeno “Albert” para que este demonstrasse reacções de medo.
Não entrando pelas questões éticas Outras Especulações 7 Especulatórioenvolvidas numa experiência deste género,torna-se fácil ver que podemos aprender a ter REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASmedo de tudo. _Bocchio M., McHugh, S.B., Bannerman, D.M., Sharp, T. & Capogna, M No entanto, alguns medos são mesmo (2016). Serotonin, Amygdala and Fear: Assembling the Puzzle. Front.culturalmente generalizados. Claro que cada Neural Circuits, 10-24cultura tem os seus monstros mas todos elestêm algumas características em comum. _ Buckholtz, J.W., Treadway, M. T., Cowan, R. L., Woodward, N. D., Li, R., Ansari, M.S., Baldwin, R. M., Schwartzman, A. N, Shelby, E. S., Smith, C. E., Os monstros que nos assombram desafiam Kessler, R. M. & Zald, D. H. (2010). Dopaminergic Network Differences insempre as leis da natureza de alguma forma, Human Impulsivity. Science, 329(5991), 532ou porque são de algum modo não-humanosou semi-humanos, como o monstro de _ Burrows, H. L., Nakajima, M., Lesh, J. S, Goosens, K. A., Samuelson, L.“Frankenstein”,ou então porque regressaram à C., Inui, A., Camper, S. A. & Seasholtzi, A.F. (1998). Excess Corticotropinvida após a morte,como fantasmas ou espíritos Releasing Hormone–Binding Protein in the Hypothalamic-Pituitary-diversos. Adrenal Axis in Transgenic Mice. Clin. Invest, 101(7), 1439–1447 Somos especialmente obcecados com a _Clark, J. (2007). How can adrenaline help you lift a 3,500-pound car?.morte e como tal temos imensos monstros na How Stuff Works Entertainment [http://entertainment.howstuffworks.categoria dos mortos-vivos,sejam eles zombies com/arts/circus-arts/adrenaline-strength.htm]ou vampiros. _ Cohen, J. J. (2006). Monster Theory; Reading Culture. University of Os nomes podem variar,mas as motivações Minnesota Presspor trás dos nossos medos são as mesmas. _ Goosens, K. A. (2011). Hippocampal Regulation of Aversive Memories. Agora que já sabem um pouco mais sobre Curr Opin Neurobiol, 21(3), 460–466os processos por detrás dos nossos medos maisprimais,espero que isso vos ajude na escrita do _ Gu, S., Wang, W., Wang, F. & Huang, J.H. (2016). Neuromodulator andvosso conto de terror ou na escolha do vosso Emotion Biomarker for Stress Induced Mental Disorders.Neural Plasticity,próximo jogo assustador. 2016 Catarina _ Kerr,M.(2015).Scream: chilling adventures in the science of fear.Perseus Books Group _ Kerr, M. (s/d). Why is being scared so fun?[ http://ed.ted.com/lessons/ why-do-we-like-to-scare-ourselves-margee-kerr] _ McLeod, S. A. (2014). Classical Conditioning. [www.simplypsychology. org/classical-conditioning.html] _Phelps, E.A. & LeDoux, J.E. (2005). Contributions of the Amygdala to Review Emotion Processing: From Animal Models to Human Behavior. Neuron, 48, 175–187 _ Scheve,T.(2009).What are endorphins?.How Stuff Works Entertainment [http://science.howstuffworks.com/life/endorphins.htm] _ Steimer, T. (2002). The biology of fear- and anxiety-related behaviors. Dialogues Clin Neurosci, 4, 231-249 _Walker, D.L. & Davis, M. (2002). The role of amygdala glutamate recep- tors in fear learning, fear-potentiated startle, and extinction. Pharmacol Biochem Behav, 71(3), 379-92 _ Watson, J. B. & Rayner, R. (1920). Conditioned Emotional Reactions. Journal of Experimental Psychology, 3(1), 1-14
Outras EspeculaçõesOutubro 2016 8 O TERROR ANDA AÍ... diferentes pessoas são mais passíveis de ter Criar emoções em pessoas que estão a emoções específicas. ler um livro, ver um filme, ver obras de arte O Terror, ou Horror, diferencia-se um pouco ou jogar um jogo é uma tarefa árdua.Para que dos outros géneros porque o criador tem de resulte bem temos de fazer a pessoa que está acertar num balanço difícil de encontrar. De do outro lado ficar completamente imersa no modo a ganhar a audiência o autor tem de mundo ou cenário que estamos a tentar criar. balancear a realidade e a imaginação,de modo Sem contar, claro, que existem emoções que são mais fáceis de criar do que outras, ou que
a que o cenário seja plausível de acontecer, Outras Especulações 9 Especulatóriomas ao mesmo tempo mantenha as pessoascompletamente focadas na história. Não pode Stevenson, “I am not a Serial Killer” do Danhaver aquele pensamento de: ” Isto nunca Wells (que vai agora ser adaptado a filme) e opoderia acontecer!”, porque se houver, o autor “Perfume: The Story of a Murderer” de Patrickperdeu a audiência.A equipa do Especulatório Süskind.Estes livros exploram uma miríade defoi à procura dos livros, RPG’s e jogos que nos cenários para pôr o nosso coração a palpitar epuseram o coração aos saltos, a evitar quartos suores frios a correrem pelo corpo.escuros e a espreitar debaixo da cama à noite. Apesar de não ser fácil criar uma ambiência Não há dúvida que um bom livro de terror de terror normalmente, é fácil de percebervos vai pôr a saltar com as sombras e vos vai que criar um ambiente de terror em jogosdar apertos de coração a cada virar da página. de tabuleiro ou RPG’s é ainda mais difícil.Horror num livro não é só o impacto visual Se pensarem nisso uma das coisas que maisde descrever uma cena sangrenta. Aliás, bom facilmente ajuda à nossa imaginação andarterror pode nem sequer envolver sangue, é à volta é estarmos sozinhos com o vento atudo uma questão de manter tudo no limbo, assobiar lá fora e pequenos sons a destoaremacontecimento atrás de acontecimento, com o do silêncio à nossa volta.É claro que estes pré-leitor sempre com o coração nas mãos.Alguns requisitos são difíceis de conseguir no meio dedos livros que encontrámos são conhecidos e um grupo de pessoas a rir e conversar.reconhecidos por nos proporcionar arrepiosna espinha são: “Dracula” de Bram Stoker, Por isso para além das sugestões de jogos e“Frankenstein”de Mary Shelley,“The Shining”e RPGs que temos para vocês,sugerimos também“Carrie”de Stephen King,“The Fall of the House que usem música ambiente e falem com osof Usher” do Edgar Alan Poe ,“A Sombra sobre jogadores para que o barulho seja reduzido aoLisboa” editada por Luís Corte Real,“Interview mínimo para ser mais fácil os vossos sentidoswith the Vampire” da Anne Rice, “House of começarem a ficar alerta.Leaves” do Mark Z. Danielewski, “The StrangeCase of Dr.Jekyll and Mr.Hyde”do Robert Louis A música ambiente e uma luminosidade mais baixa são dois truques bastante eficazes para uma campanha de terror. E por falar em campanhas que pedem por uma party saudável
O u t u b r o 2 0 1 6 10 Outras Especulações que em vez de se basear em lançamentos de dados,utiliza uma torre de Jenga para ver se os que possa ser alvo de vários ataques cardíacos e jogadores conseguiram fazer a acção ou não. de noites sem dormir damos alguns exemplos: As aventuras neste sistema são normalmente “Carrion Crown”,“Ravenloft”,“Carnival of Tears”, de suspense e permitem (com o GM certo) criar “Hangman’s Noose” e “Tomb of Horrors”. Cada um bom ambiente de terror. uma destas campanhas explora de maneira diferente a ambiência do terror. Enquanto Estivemos a ver também algumas Webséries que o “Carrion Crown” e “Ravenloft” apontam que podem serem interessantes e uma boa mais para o terror gótico, com elementos de companhia para as noites mais solitárias arquitectura e vivência medieval, e com uma nalguma casa abandonada. Por exemplo ambiência mais sombria, “Carnival of Tears” o “Spooked - a Paranormal Comedy”, a apresenta elementos de gore,com um grande “Morganville:The Series”e a curta“Werewolves”, foco na descrição de formas grotescas,tortura do canal Geek & Sundry física e sangue.Por fim“Hangman’s Noose”e o “Tomb of Horrors” exploram o suspense como Existem vários jogos de tabuleiro que se forma de inquietar os jogadores,mantendo-os inserem na categoria de terror, mas talvez os sempre com o coração nas mãos e sem saber mais conhecidos entre eles sejam o “Arkham o que vai acontecer a seguir. Horror”, “Mansions of Madness”, “Betrayal at the House on the Hill”, “Touch of Evil” e “Last Passando para um sistema um pouco Night on Earth”. Uma das características que diferente de Dungeons and Dragons ou quase todos estes jogos têm em comum é que Pathfinder temos também “Vampire, the são maioritariamente cooperativos,talvez para Masquerade” que é passado numa versão emular o sentimento de importância de grupo gothic-punk do mundo moderno, onde os na sobrevivência a seres do outro mundo.Estes jogadores assumem o papel de vampiros a jogos, à semelhança do que vimos nos RPG’s, lidar com caçadores de vampiros, monstros e também exploram diferentes perspectivas do a sua própria natureza bestial. Existe também terror. Enquanto que o “Arkham Horror” e o um LARP (live action RPG) em Lisboa deste “Mansions of Madness”reflectem o lento esvair mundo. Outro sistema também interessante para jogar RPG num ambiente assustador é o Dread,
Outras Especulaçõesda sanidade das pessoas que têm de conviver OUTUBRO 11 E s p e c u l a t ó r i odurante muito tempo com a pressão do terror edo suspense,o“Betrayal”e o“Touch of Evil”são Viagens aojogos mais rápidos, imprevisíveis e apostam Passadomais no terror do cenário e do vilão, do quenuma ambiência dark do jogo. Por fim o “Last 19820 Nasce Frank Herbert,Night on Earth” explora o cenário de fim do autor de \"Dune\"mundo e é um típico jogo de sobrevivência,emque o terror é transmitido através das hordas Ada Lovelace Dayde zombies a aproximarem-se dos heróis que 11 Celebração dotêm de lutar para escapar. Se quiserem ver 19 73 sucesso de todasmais alguns jogos bons para jogarem durante as mulheres nos camposo Halloween podem sempre dar uma espreitada científico-tecnológicosnestas listas de jogos do BoardGame Geek). 12 Publicação de \"The 19 79 Hitchhicker's Guide to the Galaxy\", de Douglas Adams Como podem ver o terror está presente (e 13 Nasce a personagembem representado diga-se de passagem) em Fox Mulder,vários secções do fantástico e da ficção.Sustos, 19 61saltos, gritos de terror e suspense estão aovosso alcance neste Halloween, basta apenas de \"The X-Files\"embrenharem-se num bom livro, juntarem-secom a vossa party preferida e entrarem numa Dia do Molmansão assombrada ou então lutarem contra 23 Comemoração doos zombies durante o apocalipse. Seja qual foro meio, não se esqueçam de explorar todos os número de Avogradocantos, não vá algo apanhar-vos de surpresa... 6.023 e+23 21 Marty McFly Day 20 15 Dia em que Marty McFly \"voltou ao futuro\"!Divirtam-se! 31 Halloween Inês
O u t u b r o 2 0 1 6 12 Uma Caixa Cheia de Peças MISTÉRIO, TRAIÇÃO E 50 VILÕES Tu e os teus amigos estão num carro, numa daquelas estradas de terra batida no campo. Tiveram um dia longo no piquenique, mas a energia ainda está vibrante. Com toda a gente a rir e a falar, nem dão pelos pingos grossos de chuva a cair lá fora, nem pelo o vento a assobiar e nem que o sol se estar a pôr... Até que o carro pára! Começam imediatamente as piadas sobre o condutor e a falta de gasolina, mas depressa percebem pela cara dos dois que estão lá fora, que a situação não é a mais favorável... É claro que, seguindo a lei de Murphy, a chuva intensifica-se, numa cortina de água que não vos deixa ver nada, para além da fraca luz dos faróis do carro. “O reboque vai demorar umas horas a chegar” diz o condutor entrando encharcado no carro “Estamos um bocado no meio de nenhures...” Nesse momento um relâmpago ilumina o céu e à distância vêm um contorno de uma casa. “Que cliché” diz
Uma Caixa Cheia de Peçasalguém no banco de trás “Uma casa velha e decrépita, num monte, num dia de tempestade”. 13 E s p e c u l a t ó r i oApós algum debate e argumentos prós e contras ganha o “Pelo menos não estamos encafuados aqui dentrodo carro e eu preciso de ir à casa de banho!”Debaixo de chuva, sobem o monte penosamente, usando a luz dos telemóveis para dar uma fraca ilumina-ção ao caminho. Batem à porta, mas ninguém responde. “Deve ser uma casa de férias” diz alguém no meiodo grupo de pessoas encharcadas, “Agora só faltava que a porta estivesse só no trinco não era?” e é aí quea maçaneta da porta roda, e vocês conseguem ver o hall de entrada...Um a um vão entrando, os ténis a deixar pegadas no chão de madeira velho e pequenas poças vão-se for-mando onde as pessoas param para olhar em volta...Um trovão ressoa lá fora e a porta fecha-se num estrondo.BEM-VINDOS AO BETRAYAL AT THEHOUSE ON THE HILL! Este jogo é um dos jogos revelação dos habilidades distintas: 2 habilidades físicas – Velocidade e Poder/Força – e 2 psicológicasúltimos anos, com uma legião de fãs bastante – Sanidade e Conhecimento. A velocidade dogrande! Uma das razões para isto acontecer personagem diz quantos dados é que rola paraé que o Betrayal tem um grande nível de ver o número de casas que que pode andarrepetibilidade, o que quer dizer que podemos em cada turno, o poder/força é utilizado emjogar várias vezes sem sentirmos que estamos combates, a sanidade serve para resistir àsapenas a repetir mais do mesmo. Para além visões de terror que vos vão aparecendo dentrodisso também junta diversos tipos de jogos da casa, e o conhecimento para conseguirnum só, ao utilizar diferentes cenários finais. perceber o que é real e o que é uma ilusão.Como? Já vos vou explicar... Cada um destas habilidades vai ser útil aoComo se joga: longo do jogo para poderem ir ultrapassando No início do jogo, toda a gente começa na os diferentes desafios.peça correspondente ao hall de entrada e Durante um turno existem vários passos a cada jogador escolhe uma personagem seguir.Primeiro rola-se o número de dados igual à velocidade da personagem para ver quantospara o representar. Esta personagem tem 4
O u t u b r o 2 0 1 6 14 Uma Caixa Cheia de Peças tiver ainda movimento, pode mexer-se para uma nova casa. movimentos podemos fazer. Depois temos de -Se a peça tiver um símbolo retira-se uma carta decidir se queremos explorar uma zona da da pilhacom o símbolo correspondente. casa que ainda não vimos ou se queremos entrar numa peça que já está no tabuleiro. No Os vários símbolos são: Itens, Eventos e primeiro caso,o jogador tira uma das peças do Omens. monte, que correspondam ao piso onde ele se encontra (a casa tem uma cave,um piso térreo O primeiro (Itens) tem normalmente um e um piso superior).Depois coloca-a de modo a item que pode ser utilizado pelo jogador, que a porta coincida com a porta da outra peça que pode por exemplo, aumentar alguma e tenta ao máximo que faça sentido com as habilidade ou permitir-lhe ver cartas. divisões já colocados e move-se a personagem para dentro dessa divisão. O segundo símbolo (Eventos) corresponde a um acontecimento qualquer naquela divisão Neste momento pode acontecer uma de que vai pôr o jogador à prova e que, caso o duas coisas: jogador seja bem-sucedido, pode no final - Se a peça não tiver um símbolo e o jogador permitir-lhe ganhar um item ou aumentar as
suas habilidades. Em qualquer um destes dois Uma Caixa Cheia de Peças 15 E s p e c u l a t ó r i ocasos o jogador acaba o turno, mesmo quetenha mais movimentos. interessante. Os jogadores vão consultar o livro dos Se o símbolo for um corvo (Omens) entãoo jogo pode mudar radicalmente. O Omen cenários e dependendo da divisão da casaé o conceito central do jogo e corresponde onde o Omen foi revelado e o seu tipo,normalmente a um item ou personagem (não vão ter pela frente um desafio diferente (há 50 no total).jogável) que pode (ou não) desencadear uma Um dos jogadores (normalmente osérie de eventos. Após revelar o seu Omen, que revela o Omen) é o traidor, que foio jogador tem de lançar 6 dados. Se o total finalmente corrompido por uma dasdos dados for igual ou superior ao número de muitas coisas terríveis que estão na casa eOmens que estão em jogo, nada de especial vai tentar matar ou converter ou absorveracontece, o jogador acaba o seu turno e passa os outros jogadores (sim leram bem,ao próximo. absorver!).A missão do grupo principal é pará-lo de alguma maneira, seja fugindo, Mas se o total for inferior,algo de muito mau destruindo o monstro ou mesmo a casa.acontece dentro da casa e os jogadores vão terde descobrir o quê. Cada um destes cenários tem uma mecânica diferente, desde cenários Agora é altura em que o jogo se torna mais
Uma Caixa Cheia de PeçasO u t u b r o 2 0 1 6 16 onde é preciso mais luta até outros onde será MÚSICAS necessária mais estratégia ou mesmo sorte. ATERRORIZADORAS O jogo acaba quando ou o traidor ou os jogadores cumprirem os requisitos de vitória. Como podem ver,com 50 cenários e variação Haunted House Sound Effects: The na altura do jogo em que o traidor é revelado, Haunting Of Spooky Manor - Haunt cada jogo é uma experiência diferente.Porque, Former mesmo quando o cenário é igual, que divisões da casa já foram exploradas ou quantos itens Darkness Descends - Midnight Syndicate já descobriram ou mesmo as personagens que estão a jogar,tudo isto vai fazer com que o jogo MainTheme -StrangerThings Soundtrack se torne diferente. Nocturnal Me - Echo & the Bunnymen O “Betrayal” é um jogo cooperativo e pode ser jogado mesmo por pessoas que não estejam Elegia - New Order habituadas a jogar.Demora entre 40 minutos a 1 hora e é diversão garantida. Creepy Organ Music - Unkown Recomendamos a aproveitarem noites Stone Guardians - Midnight Syndicate especialmente frias, chuvosas e com alguma trovoada à mistura para experimentar este Sonata No 2: Funeral Mach - Frédéric jogo,para darem alguns saltos! Podem sempre Chopin tornar o ambiente mais assustador se baixarem a luminosidade da sala e porem a playlist que Danse Macabre - Camille Saint-Saëns escolhemos para vocês para dar a ambiência certa... Toccata and Fugue in D Minor - Johann Sebastian Bach Boas jogatanas! Ride the Valkyries - Richard Wagner Inês Carmina Burana: O Fortuna e Fortune plango vulnera - Carl Orff
Especulando a Realidade 17 E s p e c u l a t ó r i oENTREVISTA “OSLOUCOS DE LISBOA “ Este mês, que dedicamos ao género do “Os Loucos de Lisboa” é um jogo da minha autoria que tem sido em parte um RPGhorror, falámos com Isaque Sanches, criador (roleplaying game) em formato live-action (osdo jogo“Os Loucos de Lisboa”.Se querem viver jogadores encarnam as suas personagens, emmuitos momentos de angústia e paranoia, vez de as descreverem, como se fosse teatro),percorrendo toda a cidade de Lisboa, este é em parte um ARG (alternate reality game), e poro jogo para vocês. Fiquem a conhecer mais vezes até mesmo um jogo de tabuleiro. Istodetalhes! deve-se ao facto do projecto ser um protótipo para um jogo que se virá a chamar “Madness”, 1) O que é a iniciativa “Os Loucos De e que em princípio será publicado este ano.Lisboa”? Os Loucos de Lisboa tem cerca de 3 anos,as
O u t u b r o 2 0 1 6 18 Especulando a Realidade de informação e nas inteligence agencies do mundo inteiro.Os protagonistas (personagens regras foram mudando quase todos os meses, criadas pelos jogadores), inseridos no meio nasceu de uma ideia ambiciosa e dificílima disto tudo,não sabem se estão a par de eventos de testar com jogadores e, após tanto tempo, que toda a gente desconhece e envolvidos olhando para trás e para os resultados hoje, é inegável que este era o caminho (por mais esforçoso que pudesse ser). em conspirações, ou se simplesmente estão Os Loucos de Lisboa funciona como a enlouquecer. Será que a tua esposa é uma espia do KGB? Será que estás a criar uma uma espécie de campanha de “Madness” fantasia elaborada? Será que queres justificar situada em Lisboa, já que o jogo-mãe pode o facto de ela mentir-te e esconder-te coisas? decorrer em qualquer cidade do mundo Será que o teu filho foi raptado por aliens? Será ou ambiente urbano. A premissa tem base antes que não queres aceitar que morreu? no lado mais angustiante (ou nos medos Será que a esposa de um personagem fingiu coletivos) do mundo contemporâneo (2010’s): a morte do filho de outro personagem porque desinformação em massa, cabalas em cargos ambos trabalham para o KGB? Será que são os de poder, censura científica, vigilância e dois aliens? Os delírios de cada protagonista espionagem digital, corrupção nos orgãos
coexistem todos no mesmo universo. É uma Especulando a Realidade 19 E s p e c u l a t ó r i oespécie de folie à deux mas com imensa gente. do lado psicológico do roleplay e pergunto- Na sua versão actual o jogo está preparado me, se é um estilo de jogo à base de projecçãopara ser jogado tanto como de mesa como em e empatizar com personagens criadas por nós,formato live-action,tem 3 classes e subclasses à base de explorar a nossa cabeça, porque é(9 arquétipos totais), é mecânicamente que se passa tantas horas a matar bicharadacentrado à volta de bluffing e investigação/ com espadas mágicas. Sempre me pareceudedução, e estamos a pensar publicar uma um desperdício. Foi isso que me fascinou comversão grátis com o jogo base e uma versão este projecto: o facto de ser contemporâneopaga (valor simbólico, que isto não foi feito e no geral mais próximo da nossa realidadepor dinheiro) com alguns módulos extra. enquanto jogadores, permite-nos estabelecerAinda assim, “Os Loucos de Lisboa” continua laços mais fortes com os personagens ea existir, e quem estiver interessado em jogar explorar temas diferentes.ou assistir pode contactar a nossa página deFacebook que as sessões continuam gratuitas. 3) Porque escolheram este género de ficção especulativa (já que as estórias que 2) Como surgiu esta ideia originalmente? contam falam de psicose, delírio e paranóia)? Curiosamente tudo isto surgiu de um RPGnicho chamado “Don’t Rest Your Head”. Há uns Na minha opinião há poucos jogos deanos andei a fazer experiências com o formato roleplay baseados em roleplay; não tenho nadalive-action, e na altura achei interessante contra escapismo puro e power fantasy, masadaptar o jogo em questão, que é jogado à metermo-nos na pele de outra pessoa não temmesa com cartas e dados, para algo mais muito a ver com isso. Sou muito próximo de“teatral”. Hoje, passados três anos de trabalho, pessoas com problemas mentais, que sofremembora ainda se intersecte no tema da insónia com os mesmos, e eu também acabei pore da paranóia, o resultado não é remotamente sofrer com estes. Esse lado mais complicadosemelhante, quer na sua estética quer e da mente humana tem uma importânciasobretudo nas suas mecânicas.Gosto bastante pessoal muito forte para mim.Seria impossível explorá-lo em condições sem a possibilidade de o jogo poder existir em live action. Seria também mais taxativo para o jogador imaginar
O u t u b r o 2 0 1 6 20 Especulando a Realidade um mundo substancialmente diferente do para quem vai como para os actores. Pequeno seu (estilo D&D), razão pela qual o setting é tangente: sou da opinião que dentro de poucos contemporâneo.O ponto-chave é envolvência, anos vamos subsituir actores nos filmes por e impacto. O lado mais conspiracional (e no modelos 3D como já acontece nos videojogos caso de “Os Loucos de Lisboa”, de passar- (ver “Uncharted 4”), e dai a gerar ou reutilizar se numa cidade real, acompanhando as animação é um pequeno salto. mudanças reais da cidade) serve o propósito de obrigar os jogadores a entregarem-se às Quem é actor de teatro fá-lo por amor à suas personagens e a encararem esse terror arte, que muitas vezes não tem como pagar psicológico de forma mais plena. a renda. No geral, as pessoas não gostam de entretenimento que as desafie emocional ou 4) Na vossa opinião, o que faz com que o cognitivamente. Não é por acaso que adoro género do horror tenha tantos seguidores? o formato live-action, já que se encontra no extremo oposto do espectro. O RPG é um Não faço ideia. Mas sei que o número de pessoas que foi ver “Don’t Breathe” ao cinema este ano não foi o mesmo que foi ver “The Conjuring 2”. Para mim há fãs de horror que viram 7vezes o“The Shinning”e gostam de ler Poe na praia e há fãs de horror que viram todos os 7filmes da série Saw.Há muito menos gente na primeira categoria (pessoalmente, conheço uma ou duas pessoas) que na segunda - Se a pergunta é porque é que há tanta gente na segunda, não faço mesmo ideia, e nem sei se gostaria de saber. 5) O que vêem no futuro deste género de projecto? O teatro há de ser sempre nicho, tanto
Especulando a Realidade 21 E s p e c u l a t ó r i ojogo concetual (nicho) e teatral (ainda mais elementos.nicho). O RPG em live-action é super-nicho Como é que o dinheiro funciona numdo super-nicho. Em Portugal e países latino-mediterrânicos, esquece. Não é nem nunca mundo que há magia para fazer tudo? Há umserá um movimento.Houve um tempo em que feitiço específico para limpar óculos? Quereu achava que não, mas estou mais céptico. dizer que há um para cada objecto, com uma formulação diferente? Se dá para viajar por 6) Se pudesses conhecer uma personagem lareiras, porque é que existe um comboiode qualquer livro ou jogo do mundo para Hogwarts? Se dá para viajar por lareiras,especulativo (fantasia, ficção científica e/ou porque é que os mochos entram nas lareiras,horror), quem seria? Porquê? não poupava tempo? Se Harry é milionário, porque é que continua a viver em casa dos Albus Dumbledore. Nada no mundo de tios durante vários livros? Porque é que osHarry Potter é consistente com os restantes três miúdos passam o Prisioneiro de Azkaban a correr de um lado para o outro cheio de pressa se têm uma máquina do tempo? Até parece que a autora foi inventando à medida que escrevia livros, não é? De qualquer modo, no meio destas dúvidas existenciais todas e de tantas outras, a coisa mais estranha no universo de Harry Potter é a personagem de Dumbledore. Cresci sem perceber nada do que se passava na cabeça do senhor. E hoje, em retrospectiva, no grande esquema das coisas, percebo ainda menos as suas intenções, motivações, objectivos, etc. - o que é que ele quer? Porque é que faz as coisas que faz? Porque é que dá pistas a crianças de modo a correrem riscos mortais, mas não lhes dá informação suficiente para
O u t u b r o 2 0 1 6 22 Especulando a Realidade 7) Se vivesses no mundo do último livro ou jogo de ficção especulativa que leste/jogaste, que sobrevivam esses mesmos riscos? Foi onde estarias neste momento? assim tão importante que morresse? O Snape ficou infiltrado - boa, e agora? Valeu a pena Se “Mr. Robot” serve, estaria no centro o sacrifício de um feiticeiro poderoso? Que de uma revolução digital ou num espaço lógica teve esse plano? resultante do delírio complexo de uma pessoa com múltiplas personalidades. Resumidamente, adoraria ter duas horas para falar com a pessoa e conhecê-la. CALENDÁRIO DE EVENTOS 7-9 ~ InvictaCon 2016 - 10º Encontro Nacional de Jogos de Tabuleiro e RPG do Porto Universidade Portucalense Infante D.Henrique-das 10:00h de Sexta-feira às 20:00h de Domingo TBLh6e8i2be,i01t~luiE3Ho~rd,tii2aJgesa0,tcenóL,a2tGirsaiM7arbros~uodunadCopioo-sc-nàiADpEssraseuc1pvllot8oadód:çre3raoai0oAdAVholLgemriléethoessarr-ádeedrierimaoaLss–iNv1-Pro6doai:a0tsresa0s1chI1Sod8à4Cne:3shTL01eEuhc6a-e:~à4IrCsU5mh2Lhee0-ilL:aàh3iso0srh0ba9os:0un0ahescGritaam e Conference 2016 Lisboa 281ICPS12eaT,ns-e~tt1Sreo9el2a,xCr27t2ioaa6m6-~Tfºeee~irnrMctaiQaaEedçlunnõaRasescoraso1tml-a8ndas:td0a-r0osddoho1aGàs8Gs:r10dur040uep1:h3po:00ào0hsRdhd0àeoees0l:2Se0BB0á0poob:h3laaaa0rrddhydogegdaraamsmsee1rr5dss:0ed0dehe Lisboa àLs is1b:0o0ah
Páginas que dão asasLITERATURA DE 23 E s p e c u l a t ó r i oHORROR – QUATROFIGURAS QUEDEFINIRAM UMGÉNERO Quando falamos de literatura de horror Bem,no Especulatório,quando começámos a pensar em escrever sobre Horror,começámos acada um de nós pensa em algo diferente: neste refletir sobre quais os nomes que identificamosou naquele autor ou autora, neste ou naquele como mais clássicos…e a lista começou a ficartítulo,mais clássico ou contemporâneo.Sendo grande.Então,decidimos concordar em quatroum género que vai do gótico ao sobrenatural, nomes que para nós eram mais marcantes:com mais mistério ou mais sangue, inclui Mary Shelley, Edgar Allan Poe, Bram Stoker enomes tão conhecidos como “Os Mistérios de H.P. Lovecraft.Udolpho” até praticamente todos os livros deStephen King,passando por milhares de outros Ora pois bem,apresentamos-vos um poucoautores, do mais pequeno ao mais conhecido, da história de vida dos (nossos) pais (e mãe) damais ou menos brilhantes. literatura de horror!
Páginas que dão AsasO u t u b r o 2 0 1 6 24 Nome: Mary Shelley nós conhecemos: “Frankestein”. Nascimento: 30 de Agosto Após o suicídio da ainda mulher de Percy de 1797, em Londres Morte: 1 de Fevereiro de Shelley, Mary e Percy casaram finalmente 1851, em Londres em 1816 e, dois anos depois, em 1818, Algumas obras: “Frankestein”foi publicado,sob autor anónimo Frankestein, The Last Man, e com introdução do próprio Percy. Mathilde Mary e Percy, apesar de tudo, não tiveram Mary Wollstonecraft Godwin, nascida um casamento fácil e despreocupado.Sofreu a em Londres em 1797, era filha do filósofo e perda de muitos dos seus filhos precocemente, escritor político, William Godwin, e da famosa tendo apenas um filho sobrevivido até à idade feminista e escritora Mary Wollstonecraft. adulta,e em 1822 Percy morreu quando viajava Embora nunca tenha recebido uma educação com um amigo. formal, cedo começou a dar uso à biblioteca extensa do seu pai (para nosso grande deleite) Viu-se assim viúva com pouco mais do o que desenvolveu ainda mais a sua grande que 20 anos. Mary passou, a partir desta data, imaginação e o prazer de escrever. a dedicar-se ao seu trabalho, tendo durante quase 30 anos escrito diversas obras, como Em 1814 começou a relação com o então “Valperga” ou “The Last Man” e ao mesmo casado Percy Shelley, aluno do seu pai, mas tempo continuou sempre a promover o nada os deteve de fugir para casar e de viajar trabalho literário do seu marido. pela Europa. Morreu a 1 de Fevereiro de 1851 em Londres, Foi nessas viagens que Mary conheceu, estando enterrada em St. Peter’s Church, junto entre outros, Lord Byron, com quem passavam dos seus pais. o tempo a ler histórias de fantasmas. Num desses dias surgiu uma ideia: porque não Apenas um século mais tarde foi outra todos os membros de grupo escreverem uma das suas obras – “Mathilde” – publicada. Mas história de horror? Estava dado o primeiro “Frankestein” continua e continuará a ser o passo para aquele que seria a obra que todos seu conto mais clássico e memorável (para nós pelo menos). Mais informações aqui.
Páginas que dão Asas Nome: Edgar Allan Poe De coração partido e com uma relação cada 25 E s p e c u l a t ó r i o Nascimento: 19 de Janeiro de vez mais difícil com John Allan, Poe decide 1809, em Boston abandonar Richmond para tentar publicar o Morte: 7 de Outubro de seu primeiro livro, o que alcança com apenas 1849, em Baltimore 18 anos: “Tamerlane and Other Poems” . Algumas obras: The Fall of the House of Usher, The Foi nesta altura que se juntou ao Exército Raven, Tamerline dos EUA. Posteriormente consegue um posto na Academia Militar mas não durou muito Edgar Allan Poe nasceu de pais actores tempo,tendo sido expulso após apenas 1 ano.itinerantes e teve uma irmã e um irmão.Nunca Nesta altura já tinha publicado outro livro depode ter uma relação com os seus pais uma contos.vez que ambos faleceram antes do seu terceiroaniversário. Viveu então com John e Frances Edgar Allan Poe conheceu aquela que viriaAllan, em Richmond. a ser a sua mulher em Baltimore,tendo casado em 1836 (quando ela tinha apenas 13 anos de Foi nesta altura que começou a escrever os idade).Por esta altura ganhou grande reputaçãoseus primeiros poemas, na tentativa de seguir como crítico literário,tendo trabalhado para oas passadas do seu ídolo – Lord Byron – tendo “Southern Literary Messenger”, entre outrossuficientes para publicar um livro com apenas jornais.13 anos (infelizmente para nós foi convencidoa não o fazer). Os anos 1830 provaram ser então anos produtivos, tendo também lançado a coleção Em 1826 começou a estudar na Universidade “Tales of the Grotesque and Arabesque”, ondede Virgínia mas tal provou ser um total fracasso. se inclui um dos seus mais famosos contos –Sem dinheiro suficiente, começou a jogar “The Fall of the House of Usher”– bem comopara pagar as suas dívidas, o que só serviu ter iniciado o género dos contos de detectivespara aumentar ainda mais a soma que devia. e mistério–por exemplo com“The Murders inViu-se forçado a regressar a casa dos Allan em the Rue Morgue”.Richmond onde descobre que a sua noiva –Elmira Royster – tinha formado uma relação Mas Poe só se tornou um reconhecido nomecom outro homem na sua ausência. da literatura de horror com o seu poema “The Raven”, onde explora temas como a morte e
Páginas que dão asasO u t u b r o 2 0 1 6 26 a perda. Infelizmente estes temas mais uma Stoker.Estudou na Universidade de Dublin,em vez voltariam a fazer parte da sua vida. Com a Trinity College,desde 1864,de onde se graduou morte da sua mulher em 1847 Poe sofreu um com honras 6 anos mais tarde com um curso grande choque,o que se reflectiu na sua saúde de matemática. e no seu trabalho. Imediatamente após sair da Universidade Os seus últimos dias continuam a ser um começou a trabalhar no Castelo de Dublin, mistério: foi encontrado a deambular em onde esteve cerca de 10 anos. Baltimore a 3 de Outubro de 1849, tendo sido transportado para o hospital,onde faleceu por Foi aqui que despertou outra grande paixão causas ainda fruto de grande especulação. –a escrita–tendo começado a escrever para o “Dublin Evening Mail”. Ao escrever uma crítica Até aos dias de hoje o nome Edgar Allan Poe de uma produção teatral de Hamlet, Bram continua a trazer-nos imagens de assassinos e Stoker conhece uma pessoa que o influenciará misteriosas mulheres, contos que assustam e e motivará em grande escala: o actor Sir Henry poemas de terror. Irving. Irving oferece-lhe uma posição de gestão no Lyceum Theatre, em Londres, onde Mais informações aqui. Stoker trabalhou por mais de 30 anos. Nome: Bram Stoker O trabalho no teatro permitiu a Stoker viajar Nascimento: 8 de com a companhia, alargando a sua dedicação Novembro de 1847, em às artes.E foi assim que chegou ao seu primeiro Dublin conto de horror–“The Primrose Path”,publicado Morte: 20 de Abril de em 1875 – e nos anos subsequentes outros 1912, em Londres contos se seguiram. Algumas obras: Drácula, The Primrose Path, The Só em 1897 é que surge a sua obra mais Garden of Evil aclamada – “Drácula” . Se foi um sucesso quando saiu,esse sucesso não parou de crescer Abraham (ou Bram) Stoker, nascido em até aos dias de hoje,sendo considerado um dos Dublin em 1847, é um de 7 filhos de Abraham clássicos do Horror. Stoker e Charlotte Matilda Blake Thornley Após este sucesso, Stoker continuou a publicar livros até ao fim dos seus dias,
Páginas que dão Asasincluindo títulos como“The Mystery of the Sea” Tinha um grande interesse por astronomia, 27 E s p e c u l a t ó r i o(1902),“The Jewel of Seven Stars” (1904) e“The tendo publicado artigos sobre a matériaGarden of Evil” (1911). quando era mais velho. Bram Stoker morre em Londres a 20 de Abril Na sua adolescência sofreu um esgotamentode 1912, sete anos depois da morte do seu nervoso, não terminando os estudos formaisestimado colega Henry Irving. O seu estatuto e tendo antes dedicado-se a ler e a escrevercomo um dos grandes autores clássicos do em casa, vivendo quase como um reclusogénero do horror continua e continuará intacto. até 1913, mas sendo reconhecido como um grande auto-didacta. Mais informações aqui Em 1914 começou a sua carreira Nome: H.P. Lovecraft enquanto jornalista do “United Amateur Press Nascimento: 20 de Agosto Association”, tendo lançado a sua própria de 1890, em Providence revista –“The Conservative”. Anos mais tarde, Morte: 15 de Março de em 1917, começou também a apostar na sua 1937, em Providence carreira enquanto escritor de ficção, sendo Algumas obras: The Call of influenciado (como nós) por Edgar Allan Poe. Cthulhu, At the Mountains Casa-se em 1924 com Sonia Haft Greene,mas of Madness o casamento não durou muito tempo. Howard Phillips Lovecraft nasceu em1890 na sua casa de família, em Angell O seu primeiro sucesso surge quando aStreet, Providence, Rhode Island. O seu pai revista de horror“Weird Tales”publica algumasfaleceu quando tinha apenas 9 anos, tendo das suas histórias e em 1928 publica o contodesenvolvido um distúrbio mental,sendo a sua que mais marca a sua carreira enquantoeducação deixada a cargo da sua mãe, tias e escritor de terror sobrenatural – “The Callavô. of Cthulhu”. Para além destas histórias a sua Foi uma criança doente mas precoce: bibliografia contém mais de 60 contos, comorecitava poesia aos dois anos de idade,lia com “At the Mountains of Madness” (1931) e “Thetrês e escrevia com seis. Interessou-se desde Shadow out of Time” (1934).cedo por ficção diferente e estranha, tendo oseu avô fomentado o seu gosto pelo gótico. Os seus últimos anos foram de grandes dificuldades financeiras, tendo morrido em
O u t u b r o 2 0 1 6 28 P á g i n a s q u e d ã o aAssaass vidas, nem desvalorizamos todos os autores que continuam a alimentar os nossos medos 1937 vítima de cancro. No entanto, o seu através da palavra escrita. trabalho nunca foi esquecido, tendo dois colegas com quem se tinha correspondido Mas confiem em nós – se querem conhecer regularmente criado a empresa Arkham House diferentes opções e ler histórias de formatos para promover a sua obra. distintos, porque não começarem com os nossos nomes que marcaram o passo de todo H.P. Lovecraft continua a ser considerado um género? como um autor clássico dos contos de horror, inspirando autores como Neil Gaiman e Leituras assustadoras! Stephen King. Maria Inês Mais informações aqui e aqui Sabemos perfeitamente que estes nomes não mostram tudo o que se faz neste estilo de literatura, reconhecemos que não conseguimos dar todos os detalhes das suas TOP 5 - \"Personagens dos nossos Pesadelos\" 1 2 3 4 5 Cthulhu Alien Illithids ou Mind Pennywise, the Alguém mais Flayers Dancing Clown próximo de ti do que pensas... Monstro que O horripilante ser Para quem joga Terrível palhaço Porque o horror começa, muitas habita no Mundo dos filmes e livro D&D encontrar criado por vezes, na nossa própria mente... criado por H.P. escrito por Alan estes monstros é Stephen King em Lovecraft Dean Foster muito mau sinal... \"It\"
Páginas que dão AsasDIÁRIO DE UM INTERNAUTA PERDIDO NO ESPAÇO ESPECULATIVO 29 E s p e c u l a t ó r i o Continuando a minha viagem pelo espaço na realidade. E não acontece apenas uma vez! Todas as segundas-feiras sai um novoespeculativo dei de caras com uma nova forma episódio no canal do Shipwrecked Comedy ede homenagear Edgar Allan Poe e muitos vamos ficando mais embrenhados no horroroutros autores de renome. e mistério. Falo claro da websérie “Edgar Allan Poe’s Este projecto, cujos episódios começaramMurder Mystery Dinner Party”. Será possível a ser lançados no final de Agosto, foi tornadoaliar o horror à comédia? Esta série prova que possível através de uma campanha lançadasim! no Kickstarter em Fevereiro deste ano e para quem, como eu, já começa a não ser novo Edgar Allan Poe decide convidar um nestas andanças das webséries, traz muitasgrupo de amigos para uma Murder Mystery caras conhecidas.Dinner Party, onde cada um encarnará umapersonagem e em conjunto terão de resolver Aconselhamos a acompanharem estaum crime.Entre este grupo estão autores como #PoeParty na resolução deste(s) crime(s)!H.G. Wells, Mary Shelley e muitos outros. Mas assim que (quase) todos se reúnem Maria Inêsà mesa, algo insólito acontece. O homicídioque supostamente seria imaginado acontece
Lancem IniciativasO u t u b r o 2 0 1 6 30 CANTO Nesta secção, damos dicas a todos os Game Masters, novatos ou experientes, para melhorar os seus jogos. DOS GM’S: AVENTURAS DE TERROR Terror é um dos temas mais uma cena tensa, ou simplesmente distrair-se na altura errada. difíceis para um Game Master (GM). Pôr fantasmas e zombies numa aventura é Felizmente, existe algo que nós, enquanto fácil, mas assustar os jogadores é um desafio GM’s, podemos fazer para garantir uma enorme. aventura de terror com sucesso.Estas aventuras são muito divertidas quando correctamente Noutros meios,o terror depende de um nível executadas e, lá no fundo, quem não gosta de de controlo que o GM não tem.Os realizadores passar a noite acordado graças ao filme de calibram todo o mais pequeno elemento terror que viu nesse dia? do seu trabalho para assustar a audiência, enquanto os autores controlam o andamento OBTENHAM A COLABORAÇÃO DOS da narrativa e usam descrições bem escritas. VOSSOS JOGADORES É difícil usar estas ferramentas enquanto GM, principalmente porque estamos a jogar com Apesar de ser um conselho que se aplica outros humanos em tempo real. Os jogadores a qualquer tipo de aventura, é ainda mais vão fazer piadas em momentos inoportunos, importante em aventuras de terror. vão precisar de ir à casa de banho durante
Desde o início da aventura,devemos alertar Lancem Iniciativas 31 E s p e c u l a t ó r i oos nossos jogadores para o tipo de aventuraque vamos correr, pois não vamos conseguir é facilmente derrotado por dois ou três e, porassustar jogadores que não querem ser consequência, é muito menos assustador.assustados. Isto também é válido mesmo se a party Desta maneira, os jogadores vão afastar-se inteira não conseguir derrotar o monstro.da campanha, porque simplesmente não Existe uma forte razão para o Jason Vorheesgostam de terror, ou vão entrar na aventura não atacar grandes grupos de víctimas, apesarcom a mentalidade de que estão ali para terem de ele não poder ser derrotado. Os nossosmedo, e não para serem super-heróis que vêm cérebros associam grupos com segurança,um shoggoth como nada mais do que um polvo mesmo quando grandes números não fazemmutante. diferença para a sobrevivência. ISOLEM OS VOSSOS JOGADORES Os jogadores vão sentir muito mais o Quando conseguirem que os vossos efeito do medo quando estão sozinhos, e nós,jogadores entrem na mentalidade de terror, enquanto GM’s, devemos tomar partido disso.está na hora de brincar com a mente deles. No sentido prático, isso significa que uma Uma das partes mais importantes das aventura de terror deve ter menos jogadoresaventuras de terror é mexer com o psicológico que uma aventura normal, pois é mais difícildos nossos jogadores, e o primeiro passo para separar mais jogadores.tal é separá-los. Ameaças que podem parecer triviais para MANTER AS AMEAÇAS FRESCASum grupo de aventureiros são muito mais Quando algo funciona, é tentador usá-losérias quando enfrentadas por apenas um outra vez e outra vez e outra vez.deles. Isto funciona assim, em parte, por causa Abusar de elementos é errado em qualquerdas mecânicas do jogo, pois é muito mais fácil tipo de ficção,mas ainda mais em terror.Quantoultrapassar um obstáculo com ajuda do que mais familiar algo é,menos assustador se torna.sozinho. Quando dermos por nós, estaremos a comprar Um monstro que é difícil para um jogador peluches queridos do Cthulu no Etsy... Medo do desconhecido é o que faz o terror
O u t u b r o 2 0 1 6 32 Lancem Iniciativas jogadores relaxarem um pouco antes de serem atirados para a escuridão e sofrimento. funcionar, e com razão. O desconhecido é assustador exactamente porque não sabemos Carlos o que é! Quando algo tem um nome é porque pode ser estudado e derrotado, e isso torna-o menos assustador. Isto não quer dizer que não podemos ter uma grande campanha de terror, mas apenas que devemos dar espaço para variedade. Numa campanha de terror é importante mudar o tema geral, não só os detalhes. Se o inimigo da última sessão foi um fantasma, o desta semana não deve ser uma wraith. Apesar de, tecnicamente, serem monstros diferentes, a ideia por trás deles é a mesma. Às vezes podemos até mudar apenas o tema geral: depois de derrotarem um espírito maligno, os jogadores podem encontrar uma alma torturada que é vítima de algo muito mais sinistro. DESANUVIAR DE VEZ EM QUANDO Terror é desgastante. Por muito que os vossos jogadores gostem de terror,é importante que, de vez em quando, eles possam relaxar um pouco. Hordas de monstros fáceis para a matança, puzzles sem uma ameaça imediata, ou mesmo uma side-quest mais divertida do que assustadora, são boas maneiras para os
U m a PCáagi ixnaa sC hqeuiea ddãeoPAe sç a sKICKSTARTER DO MÊS - RUN ZOMBIES RUN! 33 E s p e c u l a t ó r i o Para quem não sabe, o “Zombies, Run!” quem, roubou o quê e por onde andas. Mas isto sem ser necessário muita atençãoé uma aplicação para o telemóvel que tedá uma ajudinha para começares a correr. ao telemóvel em si, prometem os fundadores.Nomeadamente vai-te contando uma históriade um mundo pós apocalíptico, com hordas Eu costumo usar a aplicação para mede zombies a atacar pequenas comunidades fazer companhia durante as corridas e estoude pessoas, que estão juntas pelo medo e bastante intrigada como será o jogo denecessidade de sobrevivência. tabuleiro.Acombinação entre telemóvel e jogo de tabuleiro parece ser muito interessante,tal Nesta aplicação tu és o Runner 5 e a tua como a ideia de que a maneira como jogas vaimissão é correres para conseguires angariar influenciar por onde a história se desenrola,sobreviventes, provisões, informação e, em tudo isto em tempo real!geral, explorares a área à volta de AbelTownship. Pergunto-me como será que a aplicação se vai lembrar do que os jogadores fizeram e pôr Esta aplicação “nasceu”no Kickstarter e por em prática as mudanças na estória. Será pré-isso mesmo é que os criadores estão agora definido ou existirá algum tipo de algoritmoa recorrer novamente ao Kickstarter para que permite gerar as novas missões? Bem,financiar o jogo de tabuleiro do“Zombies,Run!”. só vamos saber de certeza depois do dia 20 de Outubro, que é quando este jogo vai ser Este jogo promete ser frenético e bastante financiadodivertido. A premissa base é que todos osjogadores são Runners que têm várias missões, Se não conhecem a aplicação do telemóvelque devem conseguir superar,trabalhando em e gostam de correr (ou não gostam e precisamequipa. de um incentivo) recomendo experimentarem. E se gostam de jogos de tabuleiro, dêem uma Uma particularidade interessante é que vista de olhos ao Kickstarter!o ritmo do jogo é marcado pela aplicaçãopara telemóvel, que vai pondo banda sonora, Inêscontando a história, pondo zombies à misturae guardando a informação de quem atacou
PF oá lghi na as se qRuaeb di sãcoo sa s a sO u t u b r o 2 0 1 6 34 ESCRITA: COMO ESCREVER HORROR? Devo prefaciar este artigo por constatar Todos os meses vamos falar-vos de Escrita. Não sendo mestres no assunto, queremos oferecer inspiração e que nunca fui enorme fã do género do Horror motivação a todos os escritores sonhadores que, como e, como tal nunca foi um género especulativo nós, querem passar para o papel as suas ideias. no qual tivesse lido, ou escrito, muito. COMO ESCREVER PERSONAGENS Mas, como o importante na vida é ir PARA HORROR? aprendendo, este mês tentei imergir-me na escrita de horror e ver o que conseguia Uma das coisas que distingue o horror é que descobrir! a personagem principal é pouco qualificada na área em que precisaria de o ser para derrotar o vilão, seja ele um Elder God ou outro qualquer ser sobrenatural. Acho que devo começar por notar o óbvio: Também podemos criar uma personagem o género do horror, como todos os outros aparentemente competente mas que face a géneros de ficção especulativa,é muito variado, um vilão, ou situação, que é tão maior que ela, e pode incluir coisas como Dark Fantasy, Horror vê as suas hipóteses de sobrevivência serem Lovecraftiano, Gótico e Dark Urban Fantasy, e é reduzidas drasticamente. muitas vezes difícil de o separar de géneros como o Thriller ou o Suspense. Ao diminuirmos a competência da nossa personagem face ao horror que enfrentam, Horror pode ser simplesmente uma faceta da aumentamos a probabilidade, e o medo, de vossa história de Fantasia ou Ficção-Científica. ela não sobreviver.
Mas para provocarmos essa reacção P á g iFnoalsh aqsu ee dRãaob iAs cs oa s 35 E s p e c u l a t ó r i ofisiológica nos nossos leitores temos primeirode fazer com que eles se identifiquem com as suas reacções ao que a rodeia. Isso criará umapersonagens que vamos traumatizar ao longo resposta muito maior nos vossos leitores.da nossa história. COMO ESCREVER CENÁRIOS PARA Temos, portanto, que lhes atribuir falhas e HORROR?problemas ditos “normais” com que qualquerpessoa se consiga identificar, para que criem Para aqueles que já são fãs do género, estauma ligação emocional que podemos depois poderá ser a parte mais fácil,já que devem terexplorar. um sem fim de exemplos de livros e filmes para retirarem ideias! Uma boa ideia é criar um conflito emocionalinterno para a nossa personagem,que de algum Mas deixo aqui algumas dicas para aquelesmodo possa até reflectir o conflito externo, que, como eu, não têm tanto conhecimentocentral ao nosso conto. de base. Em termos técnicos, uma história de horror Normalmente as histórias deste géneroterá mais impacto se for escrita na primeira passam-se num qualquer local do qual épessoa. impossível escapar, por forma a obrigar as personagens a enfrentar o elemento de horror No entanto, as regras foram feitas para ser que as aterroriza.quebradas,logo escrevam na terceira pessoa seisso beneficiar a vossa história. Excepto talvez É boa ideia também criar personagenscom um narrador omnisciente, que muito que, por qualquer motivo, não têm muitovos iria dificultar o trabalho de manterem o conhecimento sobre o mundo particular quemistério. as rodeia, e quanto mais descobrem pior fica a sua situação. Não digam que a personagem está assustada.Mostrem a sua expressão horrorizada e as A melhor definição de horror que já li veio do grande Stephen King, que disse uma vez: «Horror is an unknown actress, perhaps the girl next door, cowering in a cabin with a knife in her hands we know she’ll never be able to use.»
O u t u b r o 2 0 1 6 36 FP oá lghi na as se qRuaeb di sãcoo sa s a s uma boa forma de criar terror. Tudo é mais assustador se não soubermos exactamente O isolamento é também muito importante o que está a acontecer e apenas tivermos as para aumentar o nível de ameaça que as vossas reacções das personagens como indício da personagens sentem. situação. Em horror o modo como descrevem as É por esta razão que muitas vezes só vemos situações e os ambientes que envolvem as o monstro no final, se o virmos de todo. É vossas personagens é muito importante. sempre mais aterrorizante não saber. Tentem mostrar o contraste de situações A perda de controlo sobre a situação é descritas como quase normais com aquele também muito importante nas histórias de elemento ligeiramente aberrante e fora da horror. Muitas vezes a situação assustadora norma que mostra que há algo mais por pode ser a vossa personagem ficar louca face detrás da fachada da normalidade, a ameaça ao conflito que enfrenta. escondida na escuridão. Existe um momento catalisador, em que a Usem os vossos medos primitivos como personagem faz algo que despoleta o horror, ponto de partida para a vossa história. Só têm nem que seja ter comprado o objecto errado que pensar sobre o que vos assusta! ou ter entrado na casa errada. COMO ESCREVER ENREDO PARA É comum incluir uma resolução final para HORROR? o vosso conflito em que parece que tudo se resolveu pelo melhor e os vossos protagonistas Aqui uma boa ideia é manter as coisas se safaram. pessoais,criar uma personagem que os vossos leitores vão gostar e fazê-la passar pelo inferno. E depois descobrimos que afinal só tornaram a situação original ainda pior e acaba tudo da A cada passo da resolução do conflito, ou pior maneira possível para eles. mistério,a situação tem que piorar para a vossa personagem. É o chamado“surpreendente mas inevitável”! A falta de informação, quer para a vossa personagem quer para os vossos leitores, é
Mas não se esqueçam de incorporar P á g iFnoalsh aqsu ee dRãaob iAs cs oa s 37 E s p e c u l a t ó r i omomentos de luz que façam crescer aesperança de que as vossas personagens se CONCLUSÃOvão safar no final! Em horror a questão não é se o resultado final será mau ou não, mas que tipo de A calma antes da tempestade pode dar aos desfecho terrível irão vocês criar para as vossasvossos leitores a ilusão necessária de que tudo personagens.vai acabar bem... É aí que podem surpreender os vossos leitores! Para depois lhes destruírem todos os sonhos E lembrem-se: nem sempre a morte é o piore acabarem com caos, morte e destruição. que pode acontecer… Catarina
Lancem IniciativasO u t u b r o 2 0 1 6 38 Nesta secção, analisamos as nossas personagens preferidas pelos olhos de um jogador,desconstruindo e recriando-as através do sistema de RPG’s Pathfinder WORKSHOP DE PERSONAGENS - VAN HELSING Bem vindos à Workshop de Personagens. Para quem não conhece,o Van Helsing é um caçador de monstros, lidando principalmente Com as forças do mal a aproximarem-se, com vampiros e lobisomens. vamos falar do caçador de vampiros por excelência: Van Helsing O Van Helsing que vamos analisar mais a fundo será a versão interpretada por Hugh
Jackman no filme de 2004. Lancem Iniciativas 39 E s p e c u l a t ó r i o Vamos começar então por destilar as bases toca a ataques a distânciado Van Helsing: Multiclasse: Para ser ainda mais focado em Raça: Humano. Classe: Ranger, com o arquétipo Divine crossbows,vamos também por um nível de Bolt Ace Gunslinger para termos um MasterworkMarksman, para retirarmos a magia ao Van Heavy Repeating Crossbow em nível 1.Helsing e dar-lhe umas opções extra no que Ora, vamos às habilidades em si. A arma de excelência do Van Helsing é a sua Tudo na selecção de feats do Van Helsingbesta automática, que no filme mais parece aponta para combate à distância e, com auma metralhadora. ajuda do Snap Shot, podemos fazer ataques de oportunidade usando o nosso crossbow. Em Pathfinder,podemos arranjar uma versãopróxima com o Repeating Crossbow, que nos Na selecção de Favored Enemy, começamosdeixa fazer 5 ataques até termos de recarregar. com Undeads e Shapechangers - que é o tipoAssim, podemos deixar Rapid Reload para trás de criatura dos lobisomens - e, na selecção dee ficar só com Crossbow Mastery,que nos deixa Favored Terrain, escolhermos floresta,pois é umrecarregar o Repeating Crossbow como free tipo de terreno comum o suficiente na alturaaction. dele.
Lancem IniciativasO u t u b r o 2 0 1 6 40 Continuando fortemente a apostar no underground, para podermos combater bem combate à distância, podemos agora fazer até chegarmos ao típico castelo no cume múltiplos ataques de oportunidade por turno da montanha, e para lutarmos em criptas e a uma distância de 15 pés. masmorras contra undeads. Com Point-blank Master, evitamos aquele problema chato-de disparar armas de alcance em combate corpo-a-corpo - chamado ataque de oportunidade. Como novo inimigo escolhemos Monstrous Humanoids, que basicamente engloba quase tudo o que pode ser considerado como um “monstro”. No terreno, escolhemos montanhas e
Lancem Iniciativas 41 E s p e c u l a t ó r i o A maior parte das feats importantes já as ataque à distância - o Van Helsing parececonseguimos antes, por isso vamos apenas ser uma personagem com bastante foco emajudar à sobrevivência de Van Helsing, com roleplaying e bastante divertida de jogar,Iron Will, Improved Initiative e Toughness. especialmente em campanhas de terror,como o Adventure Path Carrion Crown. Ganhamos também mais um inimigo eum terreno, que escolhemos respectivamente Para ajudar a tornar o crossbow maishumanos - todos sabemos que por trás de optimizado, podem sempre considerar osataques de monstros há sempre humanos a encantamentos de arma Huntsman e Holy.tentar lucrar com os mesmos - e urbano - queinclui edifícios e, por extensão, castelos. Carlos CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de não ser o personagem maisoptimizado-pois os power-gamers consideramas bestas inferiores aos arcos no que toca a
O u t u b r o 2 0 1 6 42 EP sá pg ei ncausl aqnudeo daã oR eaaslai dsa d e FÓRUM FANTÁSTICO 2016: NOVAS PRESEN- ÇAS, A QUALIDADE DE SEMPRE Ao entrarmos no recinto que antevê o auditório principal da Biblioteca, somos recebidos por No dia 23 de Setembro entrámos na diversas bancas de livros e outro merchandising, que mal podemos esperar por conhecer. Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras. Diferentes iniciativas portuguesas estão representadas, dando mostra do seu trabalho, Tinha chegado a altura de mais um Fórum como a Imaginauta, o Sci-Fi Lx, a Editorial Fantástico. Divergência ou a Liga Steampunk de Lisboa. Os seus organizadores definem-no como Um óptimo prelúdio para as palestras, um evento que procura «(…) dar a conhecer debates, lançamentos e outras acções que iam, ao público em geral o trabalho de criadores e não tarda, começar. académicos nacionais e estrangeiros na área do Fantástico,assim como incentivar e enriquecer Infelizmente, não conseguimos estar o estudo e o debate sobre o Fantástico em presentes em todos estes momentos, de certo Portugal.». espectaculares. É liderado por Rogério Ribeiro, Safaa Dib, Mas podemos contar-vos o que se passou João Campos e Épica –Associação Portuguesa naquelas sessões onde conseguimos estar. do Fantástico nas Artes. Mesmo sendo poucas demonstraram, mais
uma vez, a qualidade e abrangência do Fórum E s pPeácguilnaansd oq uae Rdeãaol i Ad as da es 43 E s p e c u l a t ó r i oFantástico. da ciência e o seu reconhecimento nada seria Começamos por assistir à sessão “Planetas: possível?Ciência e Ficção”. Com a presença de NunoGalopim (geólogo, jornalista e escritor), Joana Por outro lado, na sessão “Outra história,Lima (astrobióloga) e João Barreiros (um nome outro Portugal” não se falou das ciênciasjá da casa) e moderada por Rogério Ribeiro, exactas mas não deixou de ser ciência eesta sessão foi uma homenagem à ciência e discussão séria.ao seu papel importantíssimo no realismo daficção científica. Com Miguel Vale de Almeida e Miguel Real (ambos escritores) e novamente moderada Como referiu Joana Lima «É desafiante fugir por Rogério Ribeiro e por André Ribeiro, aquiaos moldes da Terra e pensar nos planetas com ouvimos falar da Europa e de utopias tornadasas suas características tão diferentes». distopias. E quantas vezes lemos já livros que se Nos livros destes dois autores (“Euronovela”passam em Marte ou Júpiter ou Mercúrio e e “O Último Europeu” a Europa é central nassentimos o quão inóspitos e diferentes são da histórias e, embora demonstrada de modosTerra? Ou que percebemos que sem o avançar muito diferentes,as opiniões dos seus autores já se tornaram bastante semelhantes. Afinal a ficção acaba por espelhar a
O u t u b r o 2 0 1 6 44 EP sá pg ei ncausl aqnudeo daã oR eaaslai dsa d e espaço de excelência para mostrar o que de bom se faz em Portugal nas áreas do fantástico, realidade europeia, com muros e discursos ficção científica e horror,não deixámos escapar políticos já abertamente distópicos. duas sessões de apresentação de iniciativas a não esquecer. Mas não foi esquecido o potencial da ficção para desconstruir preconceitos e demonstrar o Primeiro, na sessão “To Fandom or not to acaso da forma como vivemos. Fandom”, fomos descobrir os mistérios por detrás de três iniciativas–Sci-Fi Lx,Imaginauta Como referiu Miguel Vale de Almeida e Sustos às Sextas. «A ficção científica permite olhar para coisas parecidas com diferentes olhos, fazer os leitores Com os seus respectivos representantes – ver que coisas que nos são familiares podem ser André Silva, Carlos Silva e António Monteiro estranhas e, por outro lado, aquilo que é exótico – conhecemos um pouco do percurso destas pode ser visto como familiar». iniciativas, das razões por trás de escolhas de locais e datas de realização, mas também das Se isto não demonstra o papel transformador suas opiniões sobre o futuro deste tipo de e o potencial da ficção especulativa, o que eventos. mostrará? Três iniciativas Porém, e porque o Fórum Fantástico é um que iremos continuar a seguir, sem sombra de dúvidas. Por fim, estivemos presentes no lançamento da nova antologia da Editorial
Divergência – Proxy– totalmente dedicada ao E s pPeácguilnaansd oq uae Rdeãaol i Ad as da es 45 E s p e c u l a t ó r i ocyberpunk. Claro que no final da sessão trouxemos o livro Estivemos a conversar com o seu editor – autografado por todos!E assim chegou ao fim,Anton Stark – e com todos os 6 autores dos para nós, mais um Fórum Fantástico.contos que a compõem, nomeadamente: JúliaDurand, José Castro, Vítor Frazão, Carlos Silva, Saímos da Biblioteca Municipal com o coraçãoMarta Santos Silva e Mário Coelho. pesado de não poder assistir às sessões que já são uma referência – como a sessão “Sugestões Um momento muito interessante para de Literatura e Cinema”– mas também aquelasdescobrir um pouco mais sobre cada estória e que foram uma novidade aliciante – como osobre o que inspirou os seus autores. Workshop “Introdução à Impressão 3D”. Foi fantástico ver a Editorial Divergência Mas temos a certeza que na próxima ediçãoa continuar o seu trabalho de excelência os caminhos do Especulatório irão sem dúvidae prometemos que esta antologia será dar de novo a este Fórum Fantástico!certamente objetivo de uma das nossas futurascríticas literárias. Maria Inês
P á g i n a s q u e d ã o aAssaassO u t u b r o 2 0 1 6 46 A SOMBRA SOBRE LISBOA «-Dize-me Eça, notas como as pessoas Hughes, José Manuel Lopes, Yves Robert, andam tensas e irritadas? -(...) É como se Vasco Curado, João Ventura, João Barreiros e pressentissem algo.(...) Fernando Ribeiro - e é editada por Luís Corte - E estas nuvens que não levantam - comenta Eça, Real. deixando-se contagiar pelo mesmo clima de mau agouro - são como uma mortalha opressiva que abafa a cidade. Tenho também que destacar as excelentes De bom grado esfarraparia a alma para com ela esfregar a ilustrações deste volume, criadas por Miguel abóboda celeste, se isto limpasse estas malditas sombras Vieira. que pairam sobre Lisboa.» Antes de me debruçar sobre alguns dos É este o clima sombrio que se estende meus contos favoritos devo confessar que conheço mais do universo criado por H. P. a todos os contos lovecraftianos presentes Lovecraft através de jogos - como “Arkham nesta antologia e nos fala dos segredos Horror” e “Elder Sign”- do que propriamente sombrios entrelaçados pela história da pela escrita da sua própria mão (se quiserem cidade das sete colinas. saber mais sobre o criador de Chtulhu, Azathoth, Yog-Sothoth e outros, espreitem o Esta antologia, publicada pela Saída artigo sobre os Pais do Horror nesta revista de Emergência em 2006, conta com a na página 23). participação de uma excelente lista de autores - Rogério Ribeiro, Safaa Dib, João Isso não me impediu de escolher este Henrique Pinto, Luís Filipe Silva, David livro para a nossa crítica deste mês, nem tão Soares, António de Macedo, João Seixas, Rhys pouco de me divertir imenso com ele (de um modo aterrorizado, claro).
Páginas que dão Asas 47 E s p e c u l a t ó r i o Todos os capítulos da Revista Especulatórioterão um espaço como este, dedicado aapreciações e críticas de livros de todos osgéneros e subgéneros de ficção especulativa.
O u t u b r o 2 0 1 6 48 P á g i n a s q u e d ã o Aa ssaass de Queirós, Antero de Quental e Fradique Mendes (heterônimo colectivo criado, na “AQUELE QUE REPOUSA NA vida real, pelo grupo de escritores Cenáculo, ETERNIDADE “ DE LUÍS FILIPE SILVA. que incluía Eça e Antero), estavam muito enganados! O autor de “O Futuro à Janela” e o Ciclo de “A Galxmente”- editado agora num só volume Um conto com voltas e reviravoltas, - deixa-nos aqui com um dos maiores contos dignas de qualquer mistério, muita acção e desta antologia onde vão encontrar nomes seres sobrenaturais, e as águas do Tejo quase tão reconhecidos como Fernão de Magalhães como uma personagem por si só. e o próprio Howard P. Lovecraft. Aconselha-se vivamente! Uma estória com camadas sobre camadas, que chega às vezes a tornar-se confusa e “A DAMA DO ESPELHO NEGRO” DE desorientante. No entanto, tal sentimento ANTÓNIO DE MACEDO não detraí do conto, antes pelo contrário! Ajuda a criar a envolvência caótica de sonhos Escritor prolífico, cineasta e professor, e episódios separados por séculos, mas que António de Macedo realizou onze filmes, se encontram tão interligados. publicou vários livros de ensaios e outros tantos de ficção científica, tais como “O Sem dúvida uma excelente obra de Luís Sangue e o Fogo”,“A Conspiração dos Filipe Silva a não perder. Abandonados” ou “O Limite de Rudzky”. “AS SOMBRAS SOBRE LISBOA” DE Nesta antologia apresenta-nos uma JOÃO SEIXAS estória talvez mais pequena em páginas e esfera de acção, mas não menos fascinante e Advogado de profissão e escritor envolvente. frequente de ficção especulativa, João Seixas publicou contos em revistas como a “BANG” Um mistério familiar com algo muito mais ou a “Ler”, e foi editor da antologia da Saída obscuro por trás, no meio dos jantares, saraus de Emergência “Com a Cabeça na Lua” e cria e peças de teatro típicas da época de Dom agora um dos meus contos favoritos desta Luís I. antologia. Um maravilhoso conto que muito se Se achavam que zombies, Cthulhu e recomenda! ghoulas nunca se poderiam misturar com Eça
Páginas que dão Asas 49 E s p e c u l a t ó r i o “MASTODON” DE FERNANDO Espero que este pequeno amuseRIBEIRO bouche vos abra o apetite para procurarem esta antologia portuguesa Nome já conhecido de todos os fãs de e se deliciarem com as suas variadasmetal, o vocalista dos Moonspell, autor visões sobre uma Lisboa assombradade dois livros de poesia -“Como escavar pelas entidades cósmicas criadas porum abismo” e “As feridas essenciais”- e a H. P. Lovecraft.preparar o próximo, criou um dos mais curtoscontos desta antologia, que não deixa, porém, Catarinade ser marcante. Quase mais uma música do uma estóriacurta, no sentido normal, é uma visãomitológica e sombria da cidade das setecolinas, e sem dúvida um dos mais poéticosexemplos desta colectânea.
UP ámgai nCaasi xqau eC hdeãioa ad seaPs e ç a sO u t u b r o 2 0 1 6 50 Nes tabule mund JOGOS NO PAPEL: CRIAR UM JOGO
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