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Memorial Padre Cícero e outras histórias

Published by meucariri, 2019-07-04 09:39:21

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100  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Imagem 90 ANTIGOS CARNAVAIS Carnaval dos anos de 1970, no O primeiro carnaval que aconteceu em Juazeiro foi em 1925, por iniciativa Treze Atlético de Floro Bartolomeu, que, fantasiado de Pierrô, tinha a companhia das Juazeirense, com moças de famílias fantasiada de colombinas. Grande parte das fantasias fora Francisco José dos trazida do Rio de Janeiro por Floro. Albertina Brasileiro, mais tarde reconhe- Santos, conhecido cida como a atriz Marquise Branca, tinha apenas 15 anos de idade e já se fez por Chico Romeiro, presente à brincadeira. conduzindo a rainha do Carnaval. Foram organizados três blocos de rua: o Bloco das Bananas, o Bloco das Mexicanas e o Bloco dos Cavadores. O bloco dos Cavadores era formado por Imagem 89 rapazes vestidos de marinheiros, que desfilavam pelas ruas até em carros de boi, Bloco Bicho munidos de muita alegria. Juazeiro contava, à época, com uma frota de dez carros, do Bicão, em aproximadamente, dentre os quais, dois estavam presentes, no desfile dos blocos. participação no carnaval do Treze. Nos carnavais promovidos pelo Treze, a música embalava quem estava na brincadeira e quem não estava. Escutava-se de longe. O cordão de gente ia passando e as ruas ficavam cheias de fitinhas coloridas de papel, as famosas serpentinas, e os confetes eram jogados de vez em quando, “caindo do céu”. Os carros abertos traziam as beldades que iam dançar no salão. Os rapazes desavisados das presenças femininas ficavam a suspirar quando passavam as rainhas, ficando no ar o lança-perfume a envolver todo mundo. Mascote criou os blocos Diabos Loiros e Garotas Infernais, que eram compostos por rapazes e moças da cidade. Não se deteve aí e criou a Escola Batuqueiros do Samba, que era, inicialmente, um grupo de rapazes com re- co-recos, tamborins, surdos e triângulos. Em suas viagens comerciais ao Rio de Janeiro e a São Paulo, aproveitou para buscar influência e inspiração para ampliar e melhorar a escola de samba, que passou a ser Batuqueiros da Mascote, funcionando até 1984, ano em que seu criador faleceu. Francisco José dos Santos, mais conhecido por Chico Romeiro, diretor do Treze por muitos anos, também foi um grande incentivador, não apenas dos velhos carnavais, mas de outras muitas festas, das quais algumas se tornaram tradicionais, como a Festa das Flores, que acontecia anualmente, reunindo grande parte da sociedade juazeirense. Nos carnavais, Chico Romeiro vestia-se de Rei Momo e participava dos concursos de fantasia e desfiles no salão. Para Saber Mais 101

OS SERVIÇOS MILITARES N os fins da década de 1910, o Padre Cícero fez a doação de uma grande faixa de terra ao Ministério da Guerra. A intenção era instalar as pri- meiras instruções do serviço militar de reserva, fato que só veio a acontecer na década de 1930. De qualquer modo, um documento encaminhado ao Padre Cícero pela Comissão Executiva da Liga da Defesa Nacional, datado de 19 de maio de 1919, agradecia ao sacerdote o comprometimento com a defesa da pátria. A Liga da Defesa Nacional, que bem avalia o concurso que sob esse ponto de vista pode o clero prestar à causa da educação, moral e cívica e preparo militar dos nossos conci- dadãos, não pode deixar de congratular-se com Vossa Reverendíssima, por esse gesto de benemerência, que é uma segura demonstração do seu interesse pelo engrandecimento da nossa Pátria. Por outro lado, denominado o local ‘Campo Marechal Farias’, Vossa Reverendíssima não só prestou justa homenagem ao benemérito Ministro da Guerra, que pôs em execução e Lei o Serviço Militar, de cujo diretório central, sua Exa. é vice Presidente. Assim sendo, faço votos pela felicidade de Vossa Reverendíssima, para que bem possa, agora, como sempre, pôr a serviço da Pátria o seu prestígio de sacerdote de Deus, em prol dos ideais por que se bate a Liga da Defesa Nacional (BARBOSA, 2011, p. 135). Imagem 91 Turma do ano de 1966, sob a regência do Sargento Veras, constituída por Daniel Walker, José Araújo Monteiro, Paulo de Sousa, José Carlos Pimentel, entre outros. 102  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Imagem 92 A fundação de um Diretório Civil (grupo que contou com a presidência Antigo Centro e a vice-presidência de Josias de França e Odílio Figueiredo, respectiva- de Artesanato, mente), em 1932, pleiteou a abertura da primeira turma do Tiro de Guerra8 que tornou-se a em Juazeiro. No mesmo ano, o sargento Paulo Lima assumiu a Chefia de sede do Tiro de Instrução do recém-criado Tiro de Guerra 210. Contudo, mal se abriram as Guerra 210, na portas, o serviço foi suspenso em função da Revolução de 19329. década de 1960, onde permaneceu O serviço militar voltou a oferecer instrução no ano seguinte, 1933, até 1980. constituindo finalmente sua primeira turma: Almino Loiola de Alencar, José Nery Rocha, Sebastião Teixeira Lima, Odílio Figueiredo, Olímpio de Almeida (Pimpim), José de Melo Sobreira, Durval de Sousa, Manoel Inácio da Costa, Otávio Farias, Doca Barbosa, José Leandro de Sousa, José Sebastião da Paixão, José Nobre da Cruz, Mauro Pita, Lauro Pereira de Matos, Benjamim Abraão, José Rodrigues Soares, Plínio Figueiredo e Vicente Ribeiro Sobrinho (Senhorzinho). O segundo Sargento Veras era o responsável pela turma de 51 atiradores, que tiveram uma grande festa de encerramento do serviço militar, com des- taque e entrega de medalhas a José Carlos Pimentel (atirador mais dedicado), Paulo de Sousa (atirador modelo) e José Araújo Monteiro (atirador mais assí- duo). Neste grupo também esteve presente o escritor Daniel Walker. Ainda na década de 1960, o Tiro de Guerra mudou-se da praça das Cacimbas e passou a utilizar as instalações do Centro Municipal de Artesanato, construído para as comemorações do Cinquentenário de Juazeiro do Norte, em 1961, mas com breve funcionamento. Somente nos anos 1980, assumiu outra sede, no atual bairro Triângulo, onde permanece até os dias de hoje, com nova nomenclatura: Tiro de Guerra 10005. 8 O Tiro de Guerra é uma instituição militar do Exército Brasileiro que se propõe a formar atiradores de segunda categoria como reservistas, conciliando a instrução militar com o trabalho. 9 A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório do presidente Getúlio Vargas e convocar uma Assembleia Nacional Constituinte (SOUZA, 1994). Para Saber Mais 103

A LIRA NORDESTINA Imagem 93 Xilogravura de O prédio da Praça do Cinquentenário que abrigava o Tiro de Guerra, José Lourenço após a transferência de sede do serviço militar, passou a ser ocupa- representando o do pela Lira Nordestina, de 1982 a 1984. A Lira Nordestina é o atual nome trabalho da Lira da antiga Tipografia São Francisco, de propriedade de José Bernardo da Silva, um poeta mascate que chegou ao Juazeiro no ano de 1926, Nordestina. em busca da bênção do Padre Cícero. Na década de 1930, comprou sua primeira impressora, que recebeu o apelido de quebra-pedras, pois era Imagem 94 manual e barulhenta. Inicialmente imprimia seus próprios versos e de José Lourenço outros poetas da região. Em 1934, noticiou, em primeira mão, a morte do Gonzaga, xilógrafo Padre Cícero, em verso. da Lira Nordestina. A tipografia ganhou novo impulso em 1949, com a aquisição dos direi- tos autorais do acervo de João Martins de Athayde, que incluía as obras de Leandro Gomes de Barros. Já instalado na Rua Santa Luzia, José Bernardo dá ao cordel a dimensão de negócio. A pleno vapor, a Tipografia São Francisco imprimiu folhetos, orações, novenas e almanaques, alcançando, em meados do século XX, uma produção semanal de 50 mil exemplares, o que lhe rendeu a posição de maior folheteria do país. Ao final dos anos 1960, começa um período difícil. Já se falava muito em desenvolvimento e progresso, que associava manufatura ao atraso. As ven- das caíram. Em 1972, morre José Bernardo. Sem um sucessor preparado para comandar em sua ausência e com um mercado cada vez mais competitivo, a tipografia entra em decadência. Em 1982, encerrou temporariamente suas atividades e teve seu acervo e equipamentos vendidos ao Governo do Estado do Ceará. Ainda no mesmo ano, já sob o nome de Lira Nordestina, voltou a funcionar na Praça do Cinquentenário, por um período de dois anos. Hoje a Universidade Regional do Cariri (URCA) responde pela administra- ção do lugar. José Lourenço e outros xilógrafos trabalham cotidianamente e a produção de xilogravuras supera a publicação de cordéis. Nos dias atuais, funciona também como espaço para visitação de pequenos grupos para in- tercâmbio com os artistas que trabalham no local, em suas novas instalações no prédio do Centro Multiuso (Vapt Vupt). 104  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Para Saber Mais 105

O ESPETÁCULO VAI COMEÇAR! Imagem 95 Picolinos: A lona estendida na praça já chamava a atenção, e muitas pessoas co- Roger Avanzi Filho, meçavam a se aglomerar. Era o circo que chegava! Novidade, diversão. Nerino Avanzi No primeiro momento, só muito trabalho, carregando peso, subindo o e Roger Avanzi. mastro, esticando a lona, desembalando figurinos e pendurando trapézios. Coleção Circo Os olhos se ocupavam sem querer perder uma parte sequer e o coração se Nerino, Acervo enchia de expectativa. Centro de Memória do Circo/ Iluminado à luz de carboreto, o primeiro circo que aportou nas terras do SMC/PMSP. Joaseiro foi o José Bulandim. Era pequeno e tinha como uma das principais atrações o desafio entre duas moças muito bonitas, cada uma representando uma cor (azul ou vermelho). A plateia se dividia, cada lado representando uma das moças. Era a diversão! Em 1918, chegava o circo Jule Hermósio. Em 1922, o circo Fernandes trazia uma grande novidade, diferente do que até ali se tinha visto: seus palhaços des- filavam pelas ruas da cidade em pernas de pau. Era uma sensação, porque, até então, os artistas divulgavam os espetáculos pelas ruas em lombo de animais. A prática das companhias era viajar apenas com a coberta do circo. Geralmente, nas pequenas localidades, alugavam o arame e a madeira para servir de mastro. No caso de Juazeiro, as próprias famílias levavam suas cadeiras e as recolhiam ao final das apresentações. Após a implantação da estrada de ferro, em 1926, facilitou-se a logística de transporte desses grupos até o sul do Ceará. Em 1931, estreia o circo Internacional Stryguine, que trazia em seu elenco acrobatas, trapezistas e equilibristas, apresentando seus números na grande lona armada na Praça da Matriz. Vários circos passaram por estas terras: Fekkete, Leão do Norte, Orfei, Garcia, entre outros, trazendo palhaços con- sagrados como Caboclinho, Serenata, Cricri, Tampinha etc. Entre os circos, um em especial povoa até os dias de hoje o imaginário e as lembranças dos juazeirenses. O Circo Nerino, da família Avanzi, que circulava por todo o Brasil desde 1913, chegou ao Juazeiro, pela primeira vez, em dezembro de 1948. Todos queriam ver o circo, e filas enormes se formavam na Praça São Vicente, onde hoje está o Memorial Padre Cícero. 106  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Para Saber Mais 107

Filho de italianos que integravam uma companhia de ópera, Nerino Imagem 96 nasceu no Brasil, ao fim de uma temporada, depois que seus pais ficaram Cartaz do impossibilitados de voltar à Europa, porque a mãe estava prestes a dar à Circo Nerino, luz. Permaneceram em São Paulo, morando no Teatro Polytheama, no Vale década de 1950. do Anhangabaú, com o apoio da Prefeitura. Nerino cresceu por ali mes- Coleção Circo mo. Mais à frente, acompanhou um dos vários circos estrangeiros que Nerino, Acervo chegavam a São Paulo e começou a trabalhar como palhaço. Anos depois, Centro de conheceu Armandine Ribolá, uma francesa que já era da sexta geração de Memória do Circo/ uma família de artistas circenses. Casaram-se em São José do Rio Preto e SMC/PMSP. a lona do circo abarcava então as duas famílias: Nerino e Felipe Avanzi, além dos irmãos Armandine, Gaetan e Myris Ribolá. Em 1922, nasceu o filho do casal Nerino e Armandine, Roger Avanzi, que mais tarde tornou-se famoso em todo o Brasil, como o palhaço Picolino, personagem já vivido por seu pai e seu tio, anteriormente. Roger casou-se com Anita Garcia, uma importante atriz dramática, filha do casal Agenor e Margarida Garcia, também de uma família de circo. A partir do enlace da filha, eles passam a integrar o Circo Nerino. Os grandes circos apresentavam seus espetáculos em dois momentos. O primeiro com acrobacias, malabares, globo da morte, palhaço, entre ou- tros. O segundo momento, com peças teatrais. O Nerino estreou O mártir do calvário, sua primeira experiência encenada com texto teatral, em 1930. Com os Garcia, passou a ampliar o repertório teatral, incorporando um palco ao interior da lona, tornando-se um grande circo-teatro. A partir de então, as peças deixam de ser majoritariamente sacras e passam a tratar mais do cotidiano, como os textos Ébrio e Compra-se um marido. Em janeiro de 1949, o circo seguia temporada pelo Cariri, fazendo as cidades de Crato, Juazeiro e Missão Velha. Durante esta temporada, a filha do casal Roger e Anita, esta grávida de nove meses, resolve vir ao mundo. Ronita Garcia Avanzi nasce, então, na Casa de Saúde Dr. Gesteira, na cidade do Crato. O circo retornou ao Juazeiro em 1953, quando se registra sua última pas- sagem por aqui. Até os sacerdotes ocupavam as primeiras fileiras dispostas, havendo noites em que se registravam nove padres presentes na plateia, 108  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Imagem 97 prestigiando a apresentação. Muitas histórias se passaram sob essa lona. Apresentação do Conta-se que as moçoilas, empolgadas com um dos artistas, juntaram Circo Nerino em dinheiro entre si e compraram uma joia de ouro pra lhe darem de presente. temporada na cidade de Fortaleza - Filha do casal Lourdes Maria e Georges Le Blum de Vielmond, Renné de CE, em 1953. Coleção Vielmond estreou no Circo Nerino aos cinco meses de idade, em dezembro Circo Nerino, de 1953, num auto de natal. Anos mais tarde, já atriz de cinema e televisão, Acervo Centro de Renné conhece, apaixona-se e casa-se com um rapaz juazeirense, na ci- Memória do Circo/ dade do Rio de Janeiro. Nasce Mariana Vielmond, do enlace entre Renné SMC/PMSP. e José Wilker Magalhães Almeida. O circo Nerino tornou-se uma grande referência na arte circense, per- correndo boa parte do território nacional, durante 51 anos. Em setembro de 1964, apagaram-se as luzes, pararam os trapézios, e o palhaço, que era o verdadeiro dono do riso, guardou o seu nariz vermelho na memória de todos aqueles que passaram por sua alegria. Para Saber Mais 109

E A LUZ CHEGOU! O povo ficava muito nas calçadas conversando. Os mais velhos contavam suas histórias de vida e de trancoso, dizendo que os mais novos abris- sem bem os ouvidos para escutarem. Cada história bonita, às vezes saíam até versos. Quando o sol começava a fechar os olhos, o acendedor de lampião já ia colocando a fagulha de luz nos postes de madeira espalhados pelas ruas. Mas era só até certa hora, depois apagava. E dentro de casa, era o candeeiro a querosene que clareava tudo. No ano de 1925, Dr. Audálio Costa e Joana Tertulina de Jesus (mais conhe- cida como Beata Mocinha) registraram no cartório Machado uma sociedade para fornecer energia na cidade de Joaseiro, a partir de um gerador. A casa de força do gerador foi instalada na Rua São José, próximo à casa do Padre Cícero. O novo serviço se propunha a levar luz, mesmo que de forma privada e limi- tada em termos de horários, às residências e casas comerciais. Inicialmente funcionava no horário de 18h às 21h. Nessa época, o Padre Cícero ocupava o cargo de Prefeito, mas foi com seu investimento particular que a empreitada foi posta em prática. A Beata não dispunha de recursos financeiros para tal, mas era uma boa administradora. Imagem 98 Assembleia Geral de constituição e instalação da CELCA, em 28 de outubro de 1960, onde vê-se compondo a mesa, da esquerda para a direita, Dr. Conserva Feitosa (Prefeito Municipal), Eng. Amaury Alves de Meneses (Diretor Técnico da CHESF), José Parsifal Barroso (Governador do Ceará), Eng. Antônio José Alves de Souza (Presidente da CHESF) e Eng. Gileno Ferreira Gomes (Diretor da CELCA), lendo a ata, em pé. 110  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Em setembro de 1929, a Beata Mocinha fecha contrato com a Prefeitura Municipal para o serviço de iluminação pública. Os velhos lampiões de rua começariam aí a ser recolhidos, pouco a pouco. Em 1938, ela vendeu a empresa para Antônio Gonçalves Pita, que, alguns anos à frente, revendeu novamente para a Beata. Dessa vez, a casa de força passou a funcionar na antiga Rua São Vicente, atual Rua do Cruzeiro, no quarteirão entre as ruas São José e Santa Rosa. Em 1940, a empresa foi arrendada por Expedito Pita e comprada pela Prefeitura Municipal, em 1948, na gestão do Dr. Antônio Conserva Feitosa, que fez investi- mentos e ampliou o serviço de fornecimento e iluminação pública, na década de 1950, passando a alcançar as imediações do mercado público, na Rua Santa Luzia. A cidade seguia com um próspero comércio, que se expandia a cada ano. Indústrias, escolas, grandes sobrados e bangalôs traziam novos ares para Juazeiro. No início da década de 1950, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) intencionava expandir a rede de energia elétrica para o Ceará a partir da usina de Paulo Afonso. Existiam dois caminhos: o chamado Sistema Cariri, plano que trazia a energia iniciando pela região do Cariri; e o Plano Távora, proposto por Virgílio Távora, que pretendia levar energia inicialmente a Fortaleza, por um linhão, via Campina Grande (PB), que se mostrou muito mais caro e demorado. Formou-se, então, em 1954, uma comitiva de juazeirenses, que seguiu para Paulo Afonso, onde se encontrava o Presidente da República, Getúlio Vargas. Na comitiva, estavam o Prefeito Municipal, José Monteiro de Macedo; o Presidente da Associação Comercial, Edmundo Morais; Dr. Hildegardo Belém de Figueiredo; Antônio Corrêa Celestino; Felipe Neri da Silva; José Maria de Figueiredo e José Colombo de Souza. Recebidos pelo Presidente, retornaram exultantes. Já estão bem adiantados os estudos e providências para a pronta realização de uma linha de transmissão que, no sentido norte, atingirá o coração do Ceará na região den- samente povoada do Cariri, cujo desenvolvimento econômico e capacidade industrial têm sido testemunhados pelo progresso do artesanato ali existente10 10 Pronunciamento do Presidente da República, Getúlio Vargas, em referência à eletrificação do Ceará, pelo Sistema Cariri, na solenidade de inauguração de duas novas turbinas na Usina de Paulo Afonso, em 1954 (CASIMIRO, 2017, s/p). Para Saber Mais 111

Formou-se, então, um Comitê Pró-eletrificação do Cariri, com membros Imagem 99 representantes das cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Os tra- Visita da Comitiva balhos seguem com a preparação da infraestrutura, instalando postes e fios. da CHESF, Governo No dia 25 de julho de 1959 é realizada em Juazeiro a Festa do Poste, um mo- do Estado do Ceará e mento simbólico para a instalação do primeiro poste de energia elétrica, que autoridades políticas contou com a presença do Ministro da Guerra, General Henrique Duffles locais à subestação Baptista Teixeira Lott. O primeiro poste que trazia a eletricidade de Paulo da CELCA em Afonso fora afixado na Av. Padre Cícero, nas proximidades da linha férrea. Juazeiro do Norte. Foi feito um marco e afixada uma placa comemorativa. A primeira distribuidora foi a Sociedade de Eletrificação do Cariri (SOELCA), constituída por determinação do Governo Federal, sendo logo substituída pela Companhia de Eletricidade do Cariri (CELCA), fundada como sociedade anônima de economia mista, em 28 de outubro de 1960, em Assembleia Geral. Funcionou por muitos anos. O momento mais esperado acontece, finalmente, no dia 28 de dezembro de 1961, a chamada Festa do Século. Era a celebração da eletrificação do Cariri, a partir de Juazeiro, com as comemorações dos 50 anos da cidade, a inauguração oficial da Praça do Cinquentenário e do Centro Municipal de Artesanato. Muitas autoridades de âmbito nacional, estadual e regional se fizeram presentes. Uma placa comemorativa foi exposta em frente ao Centro de Artesanato e feita uma homenagem póstuma ao Sr. Antônio José Alves de Souza, Presidente da CHESF, que faleceu dez dias antes da inauguração. Na Praça Padre Cícero aconteceram desfiles de carros alegóricos, com os te- mas eletricidade e história de Juazeiro. As comemorações se encerraram com uma festa no Treze Atlético Juazeirense, com Neir Sobreira sendo escolhida, em desfile, a Miss Cinquentenário. Aquele acontecimento mudava muito os rumos do desenvolvimento local e a vida cotidiana da população. A partir de então, as indústrias e o comércio teriam outro ritmo de funcionamento. A luz agora era ininter- rupta. Bens de consumo, como ferro de engomar, enceradeira, geladeira e outros, podiam fazer parte das residências. Os cinemas, que, até então dispunham de uma única exibição às 19h, passaram a oferecer outras duas sessões, às 18h30 e às 20h30. 112  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Imagem 100 Monumento construído na praça do Cinquentenário, local onde aconteceu a Festa do Século, em 1961, na ocasião da eletrificação do Cariri, com a chegada da energia de Paulo Afonso a Juazeiro do Norte. As lojas comerciais da rua São Pedro aderiram à novidade das placas luminosas. Os ci- nemas colocaram vitrines para exporem os cartazes dos filmes, substituindo os velhos cavaletes de madeira instalados nas esquinas das ruas próximas aos cinemas e que tinham os nomes dos filmes e dos artistas principais escritos com tinta a óleo. O Cine Capitólio, localizado onde atualmente existe o Bradesco, foi inaugurado nessa época, com o seu nome estampado num colorido letreiro em néon, como já existia nos cine- mas chics das capitais (MARQUES, 2010, s/p) A vida cotidiana, em várias outras instâncias, estava modificada com a eletricidade vinda de Paulo Afonso, fazendo valer a profecia do Padre Cícero, que dizia que as águas do São Francisco ainda iriam banhar a cidade de Juazeiro. E banharam! Para Saber Mais 113

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A PRIMEIRA FEIRA INDUSTRIAL DO CARIRI (FIC) C om o grande número de oficinas existentes na cidade, iniciadas com o incentivo do Padre Cícero, a partir da máxima “em cada casa um orató- rio, em cada quintal uma oficina”, Joaseiro foi alcançando o desenvolvimento. Ainda em 1902, na antiga Rua do Salgadinho, atual Leandro Bezerra, o comerciante Joaquim Bezerra instalou uma máquina de descaroçar al- godão. Inspirado pelo desenvolvimento industrial, que viu em sua viagem à Europa, o Padre Cícero também logo mandou trazer uma máquina para o mesmo fim. A ideia era valorizar o produto para exportação e atender a demanda artesanal dos pequenos teares locais, além de impulsionar a agricultura com o plantio do algodão, ocupando novas áreas. Na sequência, outras descaroçadeiras também foram compradas por Fenelon Pita, Dirceu Figueiredo e Juvêncio Barreto. Agora é o momento para que os agricultores aproveitem todas as terras para o plantio do algodão. Quem precisar de sementes, me procure. E quem não é agricultor, cuide em adquirir terras e situar algodão, inclusive aproveitando a serra de São Pedro, os baixos e os ariscos. Com essa descaroçadeira, o produto terá preço alto e os galegos vão comprar bastante (Padre Cícero, apud BARBOSA, 1992, p. 123). Imagem 101 A partir de então, a produção de algodão em Joaseiro ganhou novo im- Feira Industrial do pulso. As novas indústrias já faziam parte do dia a dia do lugar. As máquinas Cariri, realizada eram conhecidas como “vapor”, devido ao apito que soava durante o seu em 1967, na sede funcionamento, ou como “bolandeiras”. Os novelos eram feitos a partir do Treze Atlético do algodão em pluma, rodado em fusos manuais e transformado em fios. Juazeirense. Na Assim, aumentava-se a fabricação de redes, lençóis, sacos e cordões. A esse imagem veem-se processo de fabricação artesanal, seguiram-se as modernas usinas Pita & as presenças de Cia., P. Machado, Anderson Clayton, Bezerra de Menezes e Usina Maria João Barbosa, Amélia, que vieram a enfrentar duras crises com a chegada do bicudo nos Eliseu Damasceno, plantios de algodão. Lurdinha Brito, José Wilson, Outras indústrias foram surgindo, o comércio crescia a passos largos, Maria Correia e e Juazeiro tornou-se, ao longo do tempo, um verdadeiro polo industrial e co- Aderson Borges. Para Saber Mais 115

mercial, abastecendo não somente a instância local e regional, mas também Imagem 102 várias cidades do interior do estado do Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Visita do Vice- Norte, Piauí, Maranhão e Paraíba. Governador do Estado do Ceará, A I Feira Industrial do Cariri (FIC) aconteceu em Juazeiro, no ano 1967. General Humberto A iniciativa de João Barbosa tomou corpo a partir da articulação de Aderson Ellery à I FIC, na Borges de Carvalho, recém-chegado do sudeste do país, quando participou sede social do de uma reunião cujo objetivo era organizar uma festa patrocinada pelas Treze Atlético indústrias locais, no Clube dos Doze, que se iniciaria com um desfile para Juazeirense. a escolha da Rainha. A ideia era interessante, mas na minha ótica, sem retorno aos patrocinadores, em ter- mos de eficiência publicitária, por realizar-se num salão, que, elitista, seria inibidor da presença de pessoas, socialmente mais modestas. Sugeri então que déssemos maior amplitude ao evento, partindo para uma mostra onde os expositores fossem indústrias de toda a região, já que estávamos empolgados e ansiosos pelo sucesso do ‘Plano Asimov’11 em incipiente implantação.12 De pronto a sugestão foi aceita e Aderson Borges se tornou Presidente do Comitê de Organização da Feira, acompanhado por Aldemir Sobreira como Secretário e por João Barbosa, na Tesouraria. O Rotary, o Lions e a Câmara Júnior seriam apoiadores, além do Banco do Nordeste, que, informalmente, através da pessoa do gerente Valtemar Aquino, incentivava os industriais, clientes da agência local, a participarem do evento. Os interessados foram chegando e a logística sendo providenciada. O lo- cal era o Treze Atlético Juazeirense. Os convites seguiram para o Presidente da República, Ministros, Governador, Secretários, Deputados, Prefeito etc. Ansiava-se pela presença de importantes personalidades locais e nacionais 11 O Plano Asimov foi realizado na década de 1960, por meio de um convênio de cooperação técnica entre a Universidade da Califórnia e a Universidade Federal do Ceará. O trabalho era construir um plano de diretrizes de ação, dentre as quais se apresentava a consolidação da Universidade Regional do Cariri, um sistema viário estrutural compartilhado pelos três polos principais (Juazeiro, Crato e Barbalha) e o incentivo à industrialização regional. 12 Depoimento de Aderson Borges de Carvalho, postado por Daniel Walker no dia 4 de agosto de 2011, em http://historiadejuazeiro.blogspot.com.br/. Data de acesso: 10/09/2017. 116  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

para prestigiarem a Feira. A notícia já chegava às residências e ao comércio pela voz do rádio. Até na capital do Estado já se sabia. Mas veio a complica- ção: o Delegado do Ministério da Indústria e Comércio, Edgar Damasceno, por telegrama, anuncia ao então prefeito municipal, Mauro Sampaio, que o evento não aconteceria por descumprimento das exigências legais sobre feiras e exposições. Com a colaboração do silêncio do radialista Coelho Alves, que sabendo em primeira mão, ainda na Prefeitura, do conteúdo do telegra- ma, Aderson segue para Fortaleza, intencionando convencer o Delegado da importância da feira para a cidade. Sem muito sucesso na empreitada junto ao Sr. Edgar, mas com o seu consentimento, o Presidente do Comitê Organizacional resolve seguir até às instâncias superiores, expondo a si- tuação de desconhecimento das orientações legais obrigatórias e pedindo consentimento especial para o caso. Atenção dada, o evento é liberado. Seguem os preparativos. A Feira é aberta. Stands com produtos expostos, área de alimentação e programações culturais. Caubi Peixoto e Ângela Maria foram as atrações artísticas da abertura, empreendendo à realização sucesso total. Até uma boate com o nome de Maria Bonita, organizada por Dona Zuíla Morais, fez a alegria de tropas militares que se encontravam na cidade, sob a supervisão do General Dilermando Monteiro. Diversas autoridades políticas se fizeram presentes, assim como a comunidade local. A Feira Industrial do Cariri acabou tornando-se uma espécie de embrião para futuras iniciativas de caráter semelhante, como foi o caso da Feira de Negócios do Cariri (FENEC), realizada pelo SEBRAE em várias edições, alguns anos à frente, em parceria com outras instituições. Para Saber Mais 117

O ARTESANATO LOCAL V ilarejo de Tabuleiro Grande, em 1827. Um pequeno aglomerado de ca- sinhas de taipa e bem poucas de tijolos, nos arredores de uma capela dedicada a Nossa Senhora das Dores. Era um ponto de apoio aos que se dirigiam pela estrada que ligava o Crato a Missão Velha. O lugarejo não teve grande desenvolvimento até que, a 11 de abril de 1872, lá chegou o Padre Cícero Romão Batista, sucessor do Padre Pedro Ferreira de Melo. O pequeno vilarejo contava, então, com 12 casas de tijolos e 20 de taipa e palha, devendo subordinação à cidade do Crato. O jeito simples e carismático do Padre Cícero contagiava a população cada vez mais. Seus conselhos muito contribuíram para o crescimento da cidade. Ele apregoava a máxima: “de dia trabalho, de noite oração”. Após o milagre da hóstia convertida em sangue na boca da beata Maria de Araújo, em 1889, os rumos do povoado começariam a mudar vertigino- samente. O Padre Cícero ganhava cada vez mais fama, e levas de romeiros chegavam fugindo das dificuldades que a aridez do sertão impunha e em busca de novas oportunidades de vida e de trabalho, junto ao lugar que apresentava ares de “terra prometida”. Imagem 103 Obras produzidas pelos artistas do Centro de Cultura Mestre Noza, na cidade de Juazeiro do Norte. 118  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Para Saber Mais 119

Imagem 104 Detalhe de uma obra sendo produzida no Centro de Cultura Mestre Noza, na cidade de Juazeiro do Norte. 120  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Imagem 105 Na virada do século XIX para o século XX, mais gente chegava. As ruas Navio de flandre, ficavam cheias de famílias, que perambulavam e aguardavam um momento feito pelo Mestre com o sacerdote, cujas orientações norteavam, em sua maioria, trabalho e Maurício da Silva. moradia. O Padre Cícero ia identificando as expertises e encaminhando, mui- tas vezes com recursos próprios, os recém-chegados. Alguns se ocupavam Imagem 106 da agricultura, outros da construção ou do comércio. Havia ainda os que se Bule de flandre dedicavam à manufatura de artigos de uso doméstico com matéria-prima produzido em local. Nesse processo, foram surgindo muitos artesãos, que utilizavam os Juazeiro do Norte. mais diversos tipos de materiais. À medida que o povoado crescia, aumentavam as necessidades de consumo. O comércio prosperava. A nascente indústria do artesanato co- meçava a preparar o terreno e erguer as primeiras colunas para se afirmar como principal atividade econômica do lugar. Eram ferreiros, cuteleiros, sapateiros, louceiras, chapeleiros, santeiros, entre outros. As oficinas surgiam nas calçadas e/ou nos quintais, em sua maioria. Algumas com forja de tornos, máquinas de costura ou simplesmente a principal fer- ramenta: as mãos dos artesãos. Eram utilizados madeira, corda, barro, palha, flandre, gesso etc. Os artigos religiosos, como medalhas, crucifixos, escapulários, rosários e imagens de diversos santos, entre eles Nossa Senhoras das Dores, eram fabricados numa infinidade. Uma grande parte desses artesãos de produtos religiosos foram, aos poucos, se transformando em ourives, cuja quantidade se agigantou tanto que rendeu a Juazeiro, anos à frente, a notoriedade de cidade do interior com o maior número desses profissionais no Brasil.­ Além dos artesãos aglomerados em torno do Padre Cícero, outros vieram de lugares diferentes do Nordeste, atraídos certamente pela fertilidade do Cariri e pela fama do taumaturgo. Explica-se, assim, certa especialização da mão-de-obra em tipos de arte- sanato, como a ouriversaria, o fabrico de armas e relógios. Para aquele artesanato que crescia e que passava a constituir o principal setor da economia do município, uma atividade antes aleatória, tornava-se agora permanente. Antes dispersas em milhares de choupanas sertanejas, estava agora concentrada. Antes destinada exclusivamente ao próprio uso de artesãos, visava agora o mercado (SOUSA, 1994, p. 60). Para Saber Mais 121

E O BARRO GANHA VIDA: Imagem 107 A OFICINA SANTA HELENA Helena Vieira dos Santos, Artista Plástica. H elena Vieira dos Santos, juazeirense nascida em 1938, desde criança recolhia matéria-prima para produzir suas primeiras obras às mar- Imagem 108 gens do rio Salgadinho, como boizinhos e panelinhas de argila para brincar. Imagem de Frei Damião, Ao perceber que suas pequenas construções tinham valor econômico, passou construída por Helena a vendê-las na feira, cooperando, assim, para o sustento da família. Vieira, tendo o próprio Frei posado para a artista. Dona Helena, como era conhecida, casou cedo, teve nove filhos e adotou mais uma menina. Inicialmente morava na Rua São José, depois passou a ocupar o endereço da Rua Santa Cecília, esquina com Conceição, no antigo traçado urbano a que as ruas obedeciam. A primeira construção do quarteirão era a Oficina Santa Helena, que ficava conjugada com sua residência, o número 25, seguida por outras sete casas de morada até o Grupo Escolar Padre Cícero. Na dedicação ao seu trabalho, diversos materiais foram sendo utiliza- dos e experimentados pela artista, que, sem oportunidades para o estudo formal, foi autodidata no desenvolvimento e produção das obras que cons- truía. Utilizava argila, gesso, cimento, ferro, concreto, resina e fibra de vidro. Produzia imagens religiosas e de personalidades políticas. Seu trabalho ficou conhecido pelo realismo impresso no semblante das imagens. Geralmente trabalhava a partir de fotografias, dado o longo tempo para a produção da escultura base que serviria para a confecção da forma. Como exceção dessa prática, teve a companhia do religioso Frei Damião que, durante alguns dias, posou para a artista produzir sua escultura, que, nos dias atuais, se encontra exposta no Centro de Tradições Nordestinas, na cidade de São Paulo, assim como outras obras, como Padre Cícero, Luiz Gonzaga etc. Dois dos seus trabalhos mais significativos compõem o acervo pessoal da família: esculturas em tamanho real da beata Maria de Araújo e do Padre Murilo de Sá Barreto. Dispunha de grande estima entre personalidades de notoriedade nacional, como a escritora Raquel de Queiroz, sua amiga pessoal; José Wilker; Antônio Fagundes; Stênio Garcia; Roberto Carlos, entre outros. Falecida em 28 de janeiro de 2007, aos 69 de idade, o veio artístico de Dona Helena não foi rompido. Seu filho Gilson Vieira, numa descoberta quase que 122  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Imagem 109 Detalhe das esculturas da Beata Maria de Araújo e do Padre Cícero, feitas pela artista Helena Vieira. instantânea após o falecimento da genitora, se fez artista plástico e, num caminho ininterrupto, deu prosseguimento ao trabalho da mãe, inclusive con- cluindo obras inacabadas. Gilson produziu sua primeira escultura, um Divino Espírito Santo, inspirado numa experiência extrassensorial, e daí não mais parou. Segue alimentado pelo que considera a maior herança materna, sua força e resiliência. Em Juazeiro, várias esculturas levam a assinatura de dona Helena, como os bustos de Luiz Gonzaga, no Largo do Socorro, e de Floro Bartolomeu, na Av. Dr. Floro, entre tantas outras. Dona Helena reside, por meio de suas obras, em centenas de cidades do interior do Nordeste, de São Paulo e várias partes do Brasil e da Europa, em praças, igrejas e residências. Foi homenageada pelo programa Gente que Faz, uma iniciativa do Banco Bamerindus. Transformou- se em poesia pelas mãos de Seu Lunga13. Mulher, mãe, artista, Helena Vieira escreveu seu nome na história de Juazeiro do Norte. 13 Joaquim dos Santos Rodrigues, nasceu em Caririaçu no ano de 1927. Seu Lunga, como ficou conhe- cido, era poeta e dono de uma sucata na cidade de Juazeiro do Norte. Sua personalidade forte o deixou com fama de pouco paciente, atribuindo-lhe caráter de personagem folclórico conhecido em todo o Brasil. Com a popularização das redes sociais, a fama de Seu Lunga se ampliou. Falecido em 2014, ganhou páginas e comunidades que dispõem de suas famosas frases, além de fotografias e vídeos. Veja: http://plus.diariodonordeste.com.br/lunga-eterno-poeta-cariri/ Para Saber Mais 123

UM NOVO TERRITÓRIO Imagem 110 Lateral do prédio Juazeiro do Norte tem um eixo: Padre Cícero Romão Batista, em torno do qual gravitam as populações sertanejas de todo o Nordeste brasileiro (MALZONI, 1994, p. 115). da Fundação Memorial Padre D ia de sol escaldante. Milhares de pessoas se deslocam pelo centro da Cícero, em 2018. cidade, perfazendo o tão conhecido Roteiro da Fé. São pessoas simples, de condição econômica similar e proprietários de uma fé que os conduz de vários estados brasileiros, sobretudo do Nordeste, para pedir ou agradecer ao Padre Cícero Romão Batista. O sacerdócio e a visão empreendedora entrelaçam-se, norteando as decisões do homem, que como padre acolheu e cuidou, como político en- frentou batalhas e fez conchavos. Sua história é a própria história da cidade de Juazeiro do Norte. O Padre, que não podia exercer sua função religiosa, tinha mais influência do que o Bispo, que o proibiu de celebrar. No centro da cidade, um grande complexo foi construído. À frente da Capela do Socorro, onde está enterrado o sacerdote, avista-se um largo que ampara um prédio de arquitetura modernista: o Memorial Padre Cícero. Na década de 1980, o então prefeito Manoel Salviano Sobrinho foi buscar inspiração para a construção de um lugar que pudesse abarcar simbolicamen- te a história do Padre. A ideia era construir um Museu. Na cidade de Brasília, em setembro de 1981, foi inaugurado o Memorial JK, um projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a pedido de Sara Kubitschek, em homenagem ao ex-presidente e fundador de Brasília, Juscelino Kubitschek. Eis a referência. O Prefeito, então, inicia o projeto, que foi assinado pelo arquiteto carioca Jorge de Souza e levou dezoito meses para ser concluído, com uma área total de 25 mil m²­. O Memorial Padre Cícero foi inaugurado com grande pompa no dia 22 de julho de 1988. A cidade acordou com uma alvorada festiva que anunciava o novo feito. O dia seguiu com muita festividade. Na solenidade de inauguração, o grande largo estava todo ocupado por um mar de gente. Prefeitos da região do Cariri e de outras cidades do Ceará estavam presen- tes. Governadores de todos os Estados do Nordeste, além do Presidente da República, José Sarney, estavam na cidade. Juazeiro estava em festa. 124  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Para Saber Mais 125

Desde a sua inauguração, o Prédio conta com um Museu, Biblioteca, Auditório e salas administrativas. A Fundação Juazeiro do Norte foi a pri- meira entidade mantenedora do Memorial, criada por Lei Municipal nº 1.439, de 9 de maio de 1989. Somente em 20 de março de 1993 é que se tornou oficialmente Fundação Memorial Padre Cícero. O Museu conserva um acervo representativo da trajetória do Padre Cícero. São fotografias, indumentárias, louças, quadros e mobília. A coleção foi inicialmente formada por doações feitas por várias famílias da cidade e o acervo particular dos pesquisadores Daniel Walker e Renato Casimiro. A Biblioteca possui um acervo especializado com 13 mil itens catalogados atualmente, entre livros, revistas, jornais, fotografias, documentos im- pressos e manuscritos, com temáticas relacionadas à história do Padre Cícero, bem como da cidade de Juazeiro do Norte e região do Cariri. A Fundação já realizou diversas ações de formação e discussão sobre temá- ticas que abordam diretamente ou que se relacionam com a história do Padre Cícero e da cidade de Juazeiro do Norte, em parceria com Universidades e instituições afins, entre as quais se destacam os simpósios internacio- nais. Já foram realizadas cinco edições do Simpósio Internacional Padre Cícero. A primeira aconteceu no período de 17 a 20 de abril de 1988, antes ainda da inauguração oficial do Memorial. Realizado com iniciativa da Universidade Regional do Cariri, o I Simpósio teve como tema “O Padre Cícero e os Romeiros de Juazeiro do Norte”, com participação de estudiosos renomados nacionalmente, outros da região do Cariri, além de um grupo de pesquisadores da religião da Universidade de Louvain, Bélgica. O objetivo era contribuir válida e seriamente, para as reflexões e os estudos sobre o taumaturgo do Nordeste, sobre as manifestações salvíficas dos romeiros, suas reci- tações cúlticas, sua visão de mundo e, principalmente, suas implicações existenciais com a realidade total, com a realidade vivida; tudo isso centrado na pessoa daquele que crê (SOARES, 1999, p. 9). Em 1989, acontece o II Simpósio “Juazeiro do Padre Cícero e a Beata Maria de Araújo: um contexto de milagre”. Além da URCA, houve a participação do 126  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

recém-criado Instituto José Marrocos de Pesquisa e Estudos Sócioculturais (IPESC), ligado à Reitoria da mesma Universidade. O III Simpósio “Padre Cícero do Juazeiro: E... Quem é Ele?” aconteceu em 2004 e trouxe mais uma importante parceria, a Diocese do Crato, o que representava mais um avan- ço para a compreensão integral do fenômeno que o Padre representa nos aspectos social e religioso. O IV Simpósio “Padre Cícero e... Onde Está Ele?” trouxe uma proposta de discussão do sacerdote além da dimensão da pes- quisa, adentrando a dimensão sacramental, da gratidão e da confiança dos devotos. Em 2015, acontece a reconciliação da Igreja Católica com o patriarca do Juazeiro e o último Simpósio realizado, a quinta edição, que aconteceu no período de 20 a 24 de março de 2017, sob o tema “Reconciliação... E Agora?”. Outra realização que merece destaque é o Seminário 150 anos de Padre Cícero. A iniciativa foi da Universidade Federal do Cariri, por meio do Centro de Humanidades, em parceria com a Fundação Waldemar de Alcântara, Secretaria de Desporto do Estado do Ceará, Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, IPESC, Instituto Cultural do Vale Caririense e a Casa Amarela Eusélio Oliveira. Aconteceu em dois momentos: nos dias 6, 7 e 8 de junho de 1994, na cidade de Fortaleza, e nos dias 9, 10 e 11 do mesmo mês, no au- ditório do Memorial, em Juazeiro. A ideia central era trabalhar temas da cultura nordestina a partir da figura do Padre Cícero, além de revisitar es- tudos sobre a vida e obra do religioso, que revelaram importantes aspectos de sua personalidade. Em quase trinta anos de existência, a Fundação Memorial Padre Cícero já teve em seu quadro diretor os seguintes Presidentes: Abraão Batista, José Bendimar de Lima, Geraldo Menezes Barbosa, João Batista Barbosa, Maria do Carmo Costa, Renato Casimiro, Altamiro Júnior, Ricardo Lima, Marcelo Fraga, Antônio Chessman, Solange Cruz e, atualmente, Cristina Holanda. Para uns, o Memorial é um espaço-referência da memória de um homem, de um período, de um povo. Para outros é um espaço sagrado que guarda as relíquias de um santo. O lugar acolhe estudiosos e pesquisadores. Bandas ca- baçais e suas sonoras reverências. O turista e o peregrino. Assim, o Memorial Padre Cícero tornou-se um amplo território que agrega símbolos e valores de patrimônio, memória e fé. Para Saber Mais 127

128  Memorial Padre Cícero e Outras Histórias

Relação dos Ítala Magalhães. Servidora da Odorina Reginaldo Tenório. Acervos Entrevistados Fundação Memorial Padre Cícero, Moradora do entorno do Consultados à época da inauguração. Data da Memorial. Data da entrevista: Abraão Batista. Primeiro entrevista 22/09/2017. 02/10/2017. Biblioteca do Memorial Presidente da Fundação Padre Cícero. Memorial Padre Cícero. Data da João Bezerra de Oliveira. Ricardo Lima. Presidente da entrevista: 25/08/2017. Arrendatário do Clube Asa Fundação Memorial Padre Acervo documental e Branca. Data da entrevista: Cícero na gestão municipal de iconográfico do Tiro de Amanda Tavares. Servidora 14/09/2017. Dr. Santana. Data da entrevista: Guerra 10005. da Fundação Memorial Padre 5/10/2017. Cícero, de 1988 a 2017. Data da José Bezerra Rodrigues. Capitão Acervos particulares: Casa Santa entrevista: 29/09/2017. do Exército, Chefe de Instrução Rosângela Maria Reginaldo Helena, Daniel Walker e Renato do Tiro de Guerra 210, na Praça Tenório. Moradora do entorno Casimiro, Eliana Oliveira, Família Ana Lúcia Pinheiro. Moradora do Cinquentenário. Data da do Memorial. Data da entrevista: Menezes Barbosa, Raimundo do entorno do Memorial, entrevista: 19/09/2017. 14/12/2017. Araújo, Tenísia Coimbra. desde 1952. Data da entrevista: 26/10/2017. José Carlos Pimentel. Rosalva Oliveira. Moradora do Acervo virtual: Biblioteca Memorialista e genro da artista entorno e antiga funcionária do Nacional Digital, Memória Eliana Oliveira. Moradora do plástica Helena Vieira. Data da Posto de Puericultura, esposa Fotográfica de Juazeiro de Norte. entorno, filha de Francisco entrevista: 03/10/2017. de Chico Romeiro. Data da José dos Santos, conhecido por entrevista: 12/09/2017. Periódicos Chico Romeiro, Diretor do Treze João Martins. Ex-morador Atlético Juazeirense. Data da do entorno do Memorial e Sidália Maria Quezado Alencar. Jornal Correio de Juazeiro. entrevista: 12/09/2017. proprietário da Banda J. Martins Coordenação de Patrimônio Semanário (1949). Show, grupo que animava as da SEAFIN. Data da entrevista: Estêvão Rodrigues. Servidor serestas no Treze Atlético 19/09/2017. Sites público e editor de jornais Juazeirense. Data da entrevista: que circulavam na cidade na 27/09/2017. Tenente Gledson Uchoa. Chefe colunadeneuma.blogspot.com.br década de 1980 a 1990. Data da de Instrução do Tiro de Guerra colunaderenato.blogspot.com.br entrevista: 13/09/2017. Lurdes Marques. Moradora do 10005, atualmente. Data da www.facebook.com/groups/ entorno do Memorial. Data da Entrevista: 13/09/2017. memoriafotojn Francisco Amorim. Servidor da entrevista: 23/08/2017. historiadejuazeiro.blogspot.com Secretaria de Cultura de Juazeiro Tenísia Maria Coimbra Bezerra. juazeiroanos60.blogspot.com.br do Norte. Data da entrevista: Maria Marlene Balbino. Filha de Antônio Fernandes www.portaldejuazeiro.com 22/08/2017. Moradora do entorno do Coimbra, o Mascote, um dos www.sitededanielwalker.com Memorial. Data da entrevista: fundadores do Treze Atlético www.urca.br/ivsimposiopecicero/ Gilson Vieira. Filho de D. 1/09/2017. Juazeirense. Data da entrevista: historico.php Helena, artista plástica e 28/09/2017. proprietária da Oficina Santa Manoel Salviano Sobrinho. Helena. Data da entrevista: Idealizador do Memorial Padre 19/10/2017. Cícero e Prefeito de Juazeiro do Norte de 1983 a 1989/1993 a 1996. Data da entrevista: 5/9/2017. Para Saber Mais 129

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Este livro foi composto nas fontes Karmina, Karmina Sans, Abril Titling e Abril Fatface, desenvolvidas por José Scaglione e Veronika Burian e distribuídas por TypeTogether. Impresso por Halley S.A. Gráfica e Editora. Publicado em Juazeiro do Norte, Ceará, em julho de 2018.

Muito Antes… era o Quadro Grande, a Feira do Capim. A Capela do Socorro veio ocupando as terras que estavam destinadas ao Cemitério Novo, a partir de uma promessa de Hermínia Gouveia, em intenção à saúde do Padim. Outras edificações foram surgindo nos terrenos por onde o Joaseiro crescia. Os Vicentinos, a saúde, as primeiras letras e o artesanato foram erguendo seus espaços. Em 1988, foi fundado o Memorial Padre Cícero, como um lugar representativo do patrimônio de Juazeiro do Norte. São essas e outras histórias que esta publicação apresenta, como integrantes do Projeto Ponto de Memória Institucional, uma ação da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, por meio de sua Secretaria de Cultura. DO


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