Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense

Published by claudiomacedo1970, 2019-12-06 09:37:02

Description: A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático:
um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense

Search

Read the Text Version

Anexo II – Produção Didático-Pedagógica Ficha de Identificação Tema de Estudo: A construção de Itaipu: Do Vazio demográfico ao vazio no livro Didático: um estudo de caso da questão indígena na região Oeste Paranaense Autor: Adelar José Valdameri Núcleo Regional de Cascavel Educação Colégio Estadual Santos Dumont Escola ou História Departamento da SEED Disciplina/Área: Etapa de ensino a que ( ) Ensino Fundamental se destina (X) Ensino Médio Modalidades: ( )Educação Especial ( ) Educação de Jovens e Adultos ( ) Educação Escolar Quilombola ( ) Educação Profissional ( ) Educação Escolar Indígena ( ) Educação do Campo Formato do Material Didático: Aprendizagem Baseada em Projetos. ABP Ano/Série: Segundo Ano do Ensino Médio Quantidade de aula(s): 6 aulas. Nome da Escola/Município: Colégio Estadual Santos Dumont Orientador EaD da SEED: Professor Ed Carlos da Silva Conteúdo(s) Historiografia e História do Paraná; A questão indígena no Oeste Paranaense; a disseminação da ideia do vazio Público a quem se demográfico para a ocupação das terras onde foi destina: construído a usina de Itaipu Recursos didáticos Segundo Ano do Ensino Médio. Relações Mapas, textos, vídeo aula, cartazes, aparelho de interdisciplinares multimídias, telefone celular. Embora este conteúdo possa estar relacionado a várias outras disciplinas, para esta unidade didática trabalharemos numa relação interdisciplinar com a disciplina de Geografia. Serão trabalhados mapas e mudanças geográficas na região de formação do lago e movimentos migratórios, a Língua Portuguesa perpassa as etapas da produção didática, sobretudo no trato da leitura e interpretação de textos, produção escrita e exposições de ideias.

Justificativa continuação da ficha de identificação Objetivos Resumo: As questões indígenas no livro didático são abordadas superficialmente, considerando o recorte global ou nacional, deixando à margem a história dos povos nativos no Estado do Paraná, principalmente na região de nosso interesse de estudo. As discussões sobre o tema – 2019 – ficaram sob a responsabilidade da Equipe Multidisciplinar, ainda que sem a participação de estudantes. Assim, entendemos que a falta de discussão da temática indígena regional acaba por reforçar a ideia de que no Estado do Paraná na porção Oeste constituía um enorme vazio demográfico. Por essa razão, observando a organização dos conteúdos na Disciplina de História, constatamos uma lacuna no que se refere à presença indígena na costa oeste paranaense, sendo esta de modo geral descrita nos livros didáticos apenas nas terras litorâneas. Tal percepção reforça a necessidade de investigação do tema, bem como a produção de material didático que de subsídio ao professor para o trato da presença nativa no oeste paranaense e desconstituição do imaginário público que ignora essa parte de nossa história. -Analisar a questão indígena na costa oeste paranaense, a partir do discurso de esvaziamento demográfico como justificativa política para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, assim como a ausência deste tema no material didático utilizado na rede Estadual de Ensino. - Pesquisar fontes históricas sobre a presença indígena na região oeste do Paraná; - Compreender o processo de ocupação de terras do Oeste Paranaense antes da inundação pelo lago de Itaipu; - Analisar o processo de desapropriação de terras do Oeste Paranaense para a construção da usina de Itaipu; - Fomentar a discussão sobre a ocupação regional das terras da região pelos povos nativos. - Propor atividades interdisciplinares relacionadas a presença Guarani no oeste paranaense. A região oeste paranaense, por algum tempo, era considerada como uma região de baixíssima densidade demográfica. Assim, as autoridades procuraram ao longo dos anos ocultar a presença nativa, criado artificialmente pelos organismos oficiais um enorme vazio demográfico, justificando a ocupação desta terra por migrantes e imigrantes, excluindo os nativos da mesma. Esta Unidade Didática tem por objetivo fomentar a discussão da temática, a partir do recorte temporal e espacial indicado, bem como dar luz a um conteúdo esvaziado nos livros didáticos de história, contribuindo para minimizar os impactos deste vazio nos conteúdos dos livros didáticos.

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 1 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DO ESPORTE DIRETORIA DE EDUCAÇÃO – DEDUC PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE A construção de Itaipu: Do vazio demográfico ao vazio no livro didático: um estudo de caso da questão indígena na região Oeste Paranaense Salto del Guaíra Guairá Lago de Itaipu Oceâno Atlântico Brasil Paraguay Ciudad Itaipu Binacional del Este Foz do Iguaçu Argentina Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 2 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense PDE na Disciplina de História Cascavel Paraná 2019 ADELAR JOSE VALDAMERI A construção de Itaipu: Do vazio demográfico ao vazio no livro didático: um estudo de caso da questão indígena na região Oeste Paranaense Projeto desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE Orientador EaD: Professor Ed Carlos da Silva CASCAVEL PARANÁ 2019 Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 3 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense SUMÁRIO 04 06 Apresentação 07 07 Ícones das seções 14 Problematização 17 1ª Aula 22 Tema: A presença Indígena na região Oeste do Paraná 27 31 2ª Aula 33 Tema: Reduções jesuíticas, abrigo ou destruição dos povos guaranis? 35 3ª Aula Tema: O vazio demográfico no oeste paranaense; mitos ou verdades? 4ª Aula Tema: Desapropriação de terras indígenas no oeste paranaense para a Construção de Itaipu 5ª Aula Tema: O processo migratório no oeste paranaense 6ª Aula Tema: Produção individual de texto e exposição Avaliação Referências Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 4 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Apresentação Essa unidade didática foi desenvolvida com o objetivo de analisar a questão indígena na costa oeste paranaense, a partir do discurso de esvaziamento demográfico na região, nas décadas de 60 a 80, como justificativa política para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, bem como o reflexo da ausência da temática indígena nessa região no material didático utilizado na rede Estadual de Ensino. As atividades serão programadas para alunos do segundo ano do ensino médio, respeitando o previsto na Base Curricular Nacional. Por essa razão, observando a organização dos conteúdos na Disciplina de História, constatamos uma lacuna no que se refere à presença indígena na costa oeste paranaense, sendo esta de modo geral descrita nos livros didáticos apenas nas terras litorâneas. Tal percepção reforça a necessidade de investigação do tema, bem como a produção de material didático que deem subsídio ao professor para discutir a presença nativa no oeste paranaense e desconstituição do imaginário público que ignora essa parte de nossa história. Nessa Unidade destaca-se também uma série de trabalhos acadêmicos que comprovam a existência dos povos guaranis nesta região do estado e o papel do livro didático para a manutenção das ideias discriminatórios no imaginário público. No mesmo sentido, observando os resultados obtidos nas avaliações externas, Prova Brasil, 2017 e Prova Paraná nas suas duas versões de 2019, percebemos algumas fragilidades em nosso Colégio. Por isso, constatamos que a necessidade de propormos uma produção didática que contribua para o aperfeiçoamento das dificuldades indicadas nas avaliações. Na Prova Brasil, importante indicador do processo de desenvolvimento estudantil em 2017, nosso colégio obteve nota 4,7, o que mostra que a leitura e a interpretação estão bem aquém do esperado, além, é evidente, da falta de apreensão dos conteúdos trabalhados. Já em 2019, na segunda etapa da Prova Paraná observamos os seguintes resultados: Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propagandas, quadrinhos, foto etc.), 83,33% acertos. (D18); reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão, 77,78% acertos; (D09) diferenciar as partes principais das secundárias em um texto, 72,22% acertos; (D15) estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc., 22,22% acertos; (D06) identificar o tema de um texto, 27,78% acertos; (D20), reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema, em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido, 27,78% acertos, obtendo uma média de 52,78%. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 5 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Assim, compreende-se que os alunos, embora com algumas dificuldades, interpretam os textos tendo, portanto, condições de desenvolver o trabalho proposto. Esta unidade pretende colaborar para a melhoria dos índices auferidos até o momento, num trabalho interdisciplinar. Procura-se, assim possibilitar aos alunos uma releitura da história contada até o presente momento, interpretando diferentes textos, ouvindo relatos daqueles que presenciaram ou receberam a informação de um parente próximo, buscando no campo acadêmico artigos que descrevem e questionam os fatos históricos Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 6 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Ícones das Seções Visando auxiliar metodologicamente o professor e contribuir com a participação do aluno, organizamos algumas seções para nortear o trabalho proposto. Estas seções estão ao longo das aulas e indicarão orientações, sugestões ou atividades. Vamos a elas: REFLITA Este é um espaço para o embasamento teórico do conteúdo que está sendo descrito, apontando o que está dito sobre o tema em artigos, livros e periódicos, enfim fortalece o embasamento teórico do assunto. CURIOSIDADE Este espaço está reservado para ações e orientações complementares, ou seja fotos, imagens, links e sites que possibilitam uma reflexão mais aprofundada sobre o tema em questão. EM GRUPO A premissa básica desta proposta é colocar o aluno em função ativa na aprendizagem, desenvolvendo o senso de trabalho em equipe. Por isso, algumas atividades são planejadas para acontecerem em grupo, possibilitando que os alunos possam demonstrar suas habilidades e competências. EM CASA Nesta seção serão apontadas as atividades extraclasse para reforço do aprendizado. INTERDISCIPLINAR Indicação de relações interdisciplinares e sugestões de atividades que conectam as disciplinas escolares com o conteúdo da proposta didática desta produção. AVALIAÇÃO Este ícone indica as atividades avaliativas que serão desenvolvidas durante a aplicação do projeto. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 7 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Problematização O eixo problemático que pretendemos perscrutar para realização dessa proposta de estudo, curso PDE 2019, tem como ideia central a questão indígena na costa oeste paranaense, a partir do discurso de esvaziamento demográfico na região, nas décadas de 60 a 80, como justificativa política para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, bem como a ausência dessa discussão no material didático utilizado na rede Estadual de Ensino. Estudos apontam para a presença indígena antes mesmo da chegada dos europeus ao território que hoje chamamos de Brasil. Ocorre que estes povos nativos tinham prática culturais totalmente diferentes dos espanhóis e portugueses no cultivo com a terra e os seus elementos naturais, não sendo sua prática a compra e venda de território. A terra para eles constituía um espaço sagrado, assim como, não havia para os mesmos a demarcação de fronteiras. Os povos nativos ou, os indígenas, em sua visão de mundo e suas crenças tinham como premissa básica o respeito aos elementos da natureza e não a produção para o excedente, o acúmulo de bens, a organização e o armazenamento de estoques de produtos, deste modo, suas necessidades como povos coletores os fazem ocupar mesmo que sem edificações espaços territoriais mais amplos, sem a demarcação de limites ou fronteiras. Encaminhamentos Metodológicos 1º Aula TEMA: A presença indígena na região oeste do Paraná. Objetivo: Pesquisar fontes históricas sobre a presença indígena na região oeste do Paraná; Duração das atividades: 1 h/aula. METODOLOGIA APLICADA 1. Apresentação do projeto aos alunos; 2. Leitura e debate de textos e mapas, sobre a presença indígena na região oeste do Paraná, aplicação de atividades; 3. Formação dos grupos de estudo (pequenos grupos para o trabalho de pesquisa e repetição dos temas para fomentar os debates sobre o mesmo tema, possibilitando a compreensão do mesmo para a confecção de materiais para serem usados durante a implementação da unidade e que possa ser socializado com outros grupos). Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 8 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense A presença indígena na região oeste do Paraná Para início de conversa: o que você sabe sobre a presença indígena no oeste do Paraná antes da chegada dos colonizadores? Quando se estuda a História do Brasil devemos pensar: haviam moradores nas terras brasileiras antes da chegada dos europeus? Sim. Esta resposta está na carta de Pero Vaz de Caminha, dizendo ao imperador Português Dom Manuel que ao chegarem ao litoral nordestino encontraram os nativos e foram bem recebidos. E o vasto continente brasileiro, também, era habitado? No Estado do Paraná, também haviam moradores em todo o seu território? O que mudou com a chegada dos portugueses? Como se deu a ocupação do oeste paranaense por outros povos? O que mudou a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu para os tupis-guaranis? As condições de vida, respeitando a cultura, as crenças, os hábitos, os costumes dos nativos, são as mesmas que antes da construção da usina? Vamos perscrutar as respostas para estas e outras perguntas que precisam ser melhores abordadas no livro didático, especialmente no que se refere ao Estado do Paraná. Para tanto, iniciaremos analisando a foto de Oscar Pereira da Silva, figura 01 sobre o desembarque de Cabral, que se encontra no Museu Paulista. Figura 01: Chegada dos Portugueses - Reprodução Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/grande-segredo-portugues-brasil-descoberto antes-de-1500.phtml, acessado em 29/11/2019 Esta imagem é uma das muitas que procura descrever o encontro entre habitantes do “velho mundo” com os que aqui habitavam, não sendo poucos os relatos e as descrições deste momento histórico para os europeus, que normalmente eram acompanhados de um escriba em suas viagens. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 9 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense A presença dos povos indígenas em território brasileiro está descrita nos livros que abordam a chegada dos Europeus nessas terras. Assim, autores como Alfredo Boulos Junior em seu livro didático (2015, p. 274), História Sociedade & Cidadania, aponta a presença indígena na retirada da madeira para uma troca chamada escambo com os portugueses “...Eram os indígenas que cortavam e transportavam o pau-brasil até as feitorias. Lá realizava-se a troca:.“ Inicialmente, os mercadores portugueses obtinham o pau-brasil mediante escambo (comércio feito sem o uso de dinheiro) com os Tupiniquim”. Já Boris Fausto (1994, p.42) diz: “Nesses anos iniciais, entre 1500 e 1535, a principal atividade econômica foi a extração de pau-brasil, obtido principalmente mediante troca com os índios”. Deste modo, entendem-se que os índios já viviam aqui muito antes da chegada dos portugueses, sendo que alguns ponderam que mais de cinco milhões de indígenas compunham a população naquele período em todo o território que hoje é o Brasil e, bem como, na porção de terras que hoje constitui o Estado do Paraná. Lazier (2003) destaca que houve violência contra os nativos brasileiros e esta violência, foi extensiva em todas as regiões. Há indicações que apontam as causas da diminuição e quase extinção desta população em algumas regiões, entre elas estando as doenças trazidas pelos europeus, desconhecidas pelos nativos, o trabalho forçado e a violência empregada por meio das armas, numa proporção muito desigual. Os Europeus conquistaram a América utilizando a espada e a cruz. A população ameríndia era superior a cem milhões de habitantes em 1500, sendo cerca de cinco milhões no Brasil, e duzentos mil no Paraná. Diante de um combate desigual entre bacamartes e canhões contra arco e flecha, boa parte da população foi dizimada. No Paraná não foi diferente (LAZIER, 2003, p. 47). Lazier, também, aponta a presença indígenas em terras paranaenses, embora muitas vezes este estudo acaba sendo dificultado pelo fato de serem nômades e não conhecerem fronteiras. Certamente os Tupis-guaranis transitavam pelas terras que hoje compõem, além do Paraná no Brasil, espaços de províncias Argentinas, Paraguaias, Bolivianas e Venezuelanas. Este modo de vida provocou a perda de muitas informações, além da extinção de traços de suas culturas e até de grupos de pessoas. Neste sentido, o antropólogo Leve-Straus afirma que “Toda cultura extinta é a porta que se fecha para o conhecimento”. Pelos relatos de Cabeza de Vaca, Ulrich Schmidel e outros exploradores, em toda a parte do atual Paraná existiam índios. Foram registradas mais de cinquenta tribos, sendo que a grande maioria pertencia a família Tupi- guarani. Romário Martins distingue três famílias principais: Tupi-Guarani, Crem e Ge, onde predominavam os Caigangues ( LAZIER, 2003, p. 47). Figura 02 Fonte:https://www.amazon.com/Cabeza-Vacas-Adventures-Interior-America- ebook/dp/B01MDQFOET. Acessado em 09/11/2019 Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 10 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Segundo Brighenti (2019), somente os guaranis, na chegada dos europeus, tinham uma população de mais de dois milhões de pessoas, eles ocupavam uma extensa área de terras na região oeste do Paraná, mas, circulavam pela Argentina e Paraguai. Grande parte desta população, talvez a maioria fosse dizimada e as que restaram acabaram por perder seu território, sendo excluídos de seus espaços e lançados à lugares muitas vezes insuficientes para a sua sobrevivência, haja vista que sua maneira de conviver com a terra e dela tirar seu sustento era diferente dos povos europeus e seus descendentes. A grande nação Guarani, como chamaram os primeiros europeus que aqui chegaram, e como se definem os Guarani Contemporâneos, é composta por pelo menos 10 línguas (ou dialetos) diferentes. Estima-se que em 1500 havia uma população de dois milhões de pessoas. Devido a violência colonial hoje não passam de 280 mil pessoas unidas por língua e costumes em comum. Ocupam cerca de 1.500 lugares, que eles definem como Tekoha num território que se estende em grandes porções da bacia do Prata e litoral atlântico. (BRIGHENTI,2019, s/p).  Na mesma linha de pensamento, Watson (2003) vai apontar a presença Guarani, quando da chegada dos espanhóis, que vão, de certo modo, negociar com os índios, sendo bem recebidos pelos nativos. Guzmamán cita os soldados saídos de Assunção no Paraguai em direção ao Paraná em 1554, onde encontraram povos indígenas e foram bem recebidos pelos mesmos fazendo contatos e se fixando nestas terras, lembrando que nesta época as terras da região oeste paranaense pertenciam ao governo espanhol, pois, estava em vigor o Tratado de Tordesilhas. O primeiro assentamento no Guairá, chamado de Ontiveros, foi organizado em 1554. Guzmán ([1612] 1882:142), disse o seguinte: [Irala] deu autorização ao capitão Garcia Rodriguez de Vergara para que, com sessenta soldados, fosse estabelecer esta aldeia; e, tomando os apetrechos necessários, saiu de Assunção em 1554, e com bom sucesso chegou ao Paraná; passou para o outro lado onde foi bem recebido pelos índios da região, e considerando o lugar muito apropriado para a construção de uma aldeia, a construiu mais ou menos longe uma légua acima do grande salto no país dos índios sujeitos ao cacique Canindejú, que era muito amigo dos espanhóis. (GUZMÁN 1612, apud WATSON 2003. p. 11).  Ocorre que para a ocupação oficial, pelo novo colonizador, europeu ou descendente de europeus, alguns organismos oficiais ocultaram a presença nativa e criam o ideário de um vazio demográfico na região oeste paranaense, pensando e planejando um perfil determinado de moradores, ou seja, os colonos da terra, também chamados de pioneiros, ou de desbravadores. É importante perceber, todavia que o projeto de colonização, se por um lado, tende a negar a presença de índios e tenta excluí-los insistentemente, por outro, ao não reconhecer sua existência, permite que continuem a transitar pelo Oeste, adaptando e recriando lugares, construindo novos espaços no que resta daquelas terras que dominam até a sobrevinda da conquista contemporânea (RIBEIRO, 2002, p. 42). Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 11 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense  Nesse sentido, observando o processo de organização dos conteúdos na Disciplina de História, constatamos uma lacuna referente à presença indígena na região oeste paranaense. Percebe-se ao estudar o material didático que, em geral, a presença indígena é apontada nos livros em terras litorâneas, mas não se fala dos mesmos no interior do Estado. Como mostra a figura abaixo destacando a localização das aldeias oficiais, é importante lembrar que além das aldeias indígenas regularizadas, no dia de hoje existem vinte e uma aldeias guarani não regularizadas nos municípios de Guaíra, Terra Roxa, Itaipulândia e Santa Helena. Na figura 03 podemos observar a distribuição das etnias indígenas no estado do Paraná Figura 03 Fonte: docplayer.com.br/44711924-O-vestibular-dos-povos-indigenas-e-o-contexto-da- universidade-estadual-de-ponta-grossa-pr.html. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 12 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Ribeiro faz referencia a Motta (1994), para quem os responsáveis pela criação do imaginário das terras virgens, ou seja, terras devolutas ou inabitadas, bem como pelo surgimento do mito do pioneiro colonizador, são agentes determinados da sociedade nacional. Através de discursos e ações, estes homens credenciados junto aos governos têm poderes instituídos, dentre os quais se incluem as companhias colonizadoras, representantes governamentais, os geógrafos dos anos 1930 e 1950 e historiadores desta mesma época, vinculados às Universidades e voltados para a pesquisa de temas paranaenses, estes, fornecem a base que vai tornar legítima a atuação dos conquistadores contemporâneos. Precisamos prestar a devida atenção para o papel desempenhado pelo livro didático no sentido de ser a base para a manutenção do status quo deste mito. O papel do livro didático é central para consolidar a ideia de que existem aqui alguns heróis desbravadores que percorreram e domesticaram esta região que antes deles era um vazio demográfico. Conforme Motta (1994), os responsáveis pela projeção do imaginário das terras virgens, bem como pelo surgimento do mito do pioneiro colonizador, são agentes determinados da sociedade nacional. Através de discursos e ações, estes núncios dos poderes instituídos, dentre os quais se incluem as companhias colonizadoras, representantes governamentais, os geógrafos dos anos 1930 e 1950 e historiadores desta mesma época, vinculados às Universidades e voltados para a pesquisa de temas paranaenses, fornecem o substrato que legítima a atuação dos conquistadores contemporâneos. Conquanto se atende para o papel desempenhado pelos segmentos citados, reputa-se que o elemento basilar na catalisação e centrifugação dessas noções utópicas é o livro didático. A repercussão que esse tipo de material granjeia acaba por reificar para milhares de estudantes a quimera do heroísmo pioneiro e do vazio demográfico (RIBEIRO, 2002, p.130. Seguindo a ideia de Ribeiro, entendemos que o Livro didático é fator de extrema importância para o processo de formação acadêmica intelectual dos estudantes da Educação Básica, não sendo possível aceitar este vácuo de informação sobre estes povos tão importantes para a preservação da memória sobre este espaço territorial. Os apontamentos feitos até aqui são extremamente pequenos em relação a riqueza de material que discorrem sobre este assunto e comprovam a existência dos Tupis-Guarani, especialmente na região oeste paranaense, não faltam materiais para provar a tomada da terra por outros moradores e a gradativa invisibilidade dos povos nativos. É certo que muitos de nós, frutos da mistura de descendentes de nativos, europeus, africanos, orientais entre outros, somos herança de um passado comum vinculados pelo sangue ou a história com exploradores ou explorados. Não é incomum ouvirmos a afirmação “minha avó foi pega no laço”. Tal afirmação, que parece tão simples e natural, esconde a violência do estupro, do casamento forçado, domínio de um povo sobre o outro e da ocultação de culturas e gentes. Pega no laço quer dizer que foi dominada, presa e obrigada a casar com alguém que ela não queria. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 13 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Na figura 04 podemos observar o processo de apropriação de terras em 500 anos. Figura 4 Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2018/09/03/especial-or-a-volta-dos-ava-guarani/ Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 14 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Após a leitura e interpretação do texto, mapas e imagens, responda as questões a seguir. 01 - O que voce sabe da presenca indigena no oeste do Paraná antes da chegada dos colonizadores? 02 - Segundo Boris Fausto entre 1500-1535, a presenca dos indígenas no território brasileiro foi comprovada por meio da atividade comercial da época, qual era o produto extraído do Brasil? 03 - Transcreva a parte do texto de Boris Fausto que confirma a presenca indígena em nosso território nos anos de 1500-1534. 04 - Utilizando o mapa figura 03, descreva os nomes das aldeias indigenas Guaranis do estado do Paraná, suas localizações geográficas e municípios aos quais pertencem. 05 - Observe a figura 04 e recrie a linha do tempo sobre os acontecimentos, que afetaram o cotidiano dos indígenas, desde a chegada do colonizador europeu até os dias atuais. 2º Aula TEMA: Reduções Jesuíticas, abrigo ou destruição dos povos guaranis? Objetivos: discutir a formação das reduções jesuíticas e expropriação das terras guaranis. Duração das atividades: 1 h/aula. METODOLOGIA APLICADA: Leitura de texto e pesquisa orientada sobre a formação e destruição da cidade Real Del Guairá. Reduções Jesuíticas, abrigo ou destruição dos povos guaranis? Diante de extenso material que aborda a presença dos Guaranis na região fica evidente que estes viveram por aqui, antes e durante a presença do colonizador português, mesmo após o Brasil “deixar de ser colônia” estes continuaram por estas paragens. Nos séculos XVI e XVII, a região oeste do Paraná, por força do Tratado de Tordesilhas estava sob o comando dos espanhóis, neste contexto instala-se, em uma região que hoje abrange os Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e parte do atual Paraguai, uma importante Missão Jesuítica. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 15 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Historiadores apontam esta redução como sendo uma das mais importantes reduções jesuíticas daquele período, para a região e para os povos Guaranis, foi a Ciudad Real del Guairá, importante para a região, por ter marcado definitivamente a sua história, sendo a primeira ocupação não indígena no local, e para os Guarani, porque foi construída sobre um aldeamento da etnia provocando o envolvimento de muitas de suas comunidades nesse projeto missionário jesuítico. Os Jesuítas conseguiram estabelecer um relacionamento significativo com os Guaranis, levantando alguns questionamentos entre historiadores, haja visto que outros povos indígenas não aceitaram e nem tão pouco se relacionaram pacificamente com os Padres da Companhia de Jesus. Talvez um fator preponderante para esta boa relação seja o respeito a alguns costumes e a língua Tupi mantida nos rituais religiosos e na comunicação do dia a dia. A forte relação entre especificamente os Guarani e as missões jesuíticas intrigou e gerou hipóteses explicativas entre historiadores e antropólogos, dado que muitos outros povos indígenas resistiram veementemente à presença de missões em seus territórios. De acordo com o historiador José Afonso Oliveira (2006), alguns fatores podem ter colaborado para o que ele chama de “simbiose perfeita entre o europeu e o nativo americano” nas missões jesuíticas, destacando, entre eles, o fato de as “missas” e a comunicação corrente serem na própria língua indígena e de nos aldeamentos haver a prática da agricultura, atividade que também já era própria dos Guarani; além de as regras de trabalho serem suaves – realizadas de modo coletivo e em turnos curtos –, e os jesuítas não se indisporem contra todos os hábitos e costumes indígenas, buscando substituir apenas o poder dos “feiticeiros” e eliminar a poligamia; mas, sobretudo, destaca-se o fato de as missões terem se tornado defensoras da causa nativa e os seus aldeamentos únicos espaços de proteção contra a preação e escravização dos indígenas. Por sua vez, Monteiro (1992), que também analisa o papel das missões na vida indígena no século XIX, reforça, em especial, esse último aspecto em suas análises (ALCANTARA, 2019, p. 2). O sucesso das missões e o forte apego dos Guarani aos Jesuítas provocou sua destruição em 1628 logo após o seu início, devido aos enfrentamentos e conflitos de interesses, espanhóis e bandeirantes paulistas viram diminuir a importante mão de obra escrava, pela defesa que os Jesuítas faziam dos nativos . As missões jesuíticas, contudo, alguns anos após iniciadas, foram atacadas e destruídas, o que se deu, de acordo com alguns historiadores, justamente em razão de o projeto jesuítico reduzir os índios em aldeamentos para catequizá- los e, com isso, impedir que servissem de mão de obra escrava, postura que teria gerado ferrenha oposição ao projeto missioneiro pelos encomenderos espanhóis e pelos bandeirantes paulistas, que partiram ostensivamente para o ataque aos índios e missionários; estes tentaram resistir, mas foram vencidos (ALCANTARA. 2019, p. 29). Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 16 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Assim, com a destruição da Ciudad Real del Guairá os bandeirantes paulistas cumpriam sua missão de expulsar os espanhóis abrindo caminho para novas frentes de expansão portuguesa e acabaram por provocar a migração de parte dos Guarani para outras regiões mais ao sul seguindo sempre a margem dos rios. Deu-se, assim, o desfecho da Ciudad Real del Guairá, destruída parcialmente em 1628 por Antonio Raposo Tavares e Manoel Preto, famosos bandeirantes paulistas que tinham uma dupla intenção: prear indígenas para serem mão de obra em São Paulo e expulsar as frentes de expansão espanhola da região, de modo a abrir caminho para um futuro domínio pela coroa portuguesa. Essa mesma bandeira voltou a atacar em 1631 o povoado da Ciudad Real del Guairá, de Vila Rica e de outras, e com força tal que fez o governo espanhol recuar, evacuando essas e outras povoações ainda existentes e deslocando os sobreviventes pelas margens do rio Paraná, rumo ao sul (ALCANTARA, 2019, p. 29-30). Seguindo as orientações de Alcantara, outros eventos mostram a presença Guarani na região em questão e que novamente serão pressionados pelos colonizadores portugueses, o evento marcante agora passa a ser a Guerra do Paraguai, que terá nesta região a organização de bases militares dispostas a enfrentar os paraguaios. Após o período das missões, foi somente por volta da segunda metade do século XIX que surgiram novas pressões sobre o território e as parcialidades Guarani no hoje oeste do Paraná, afetando o modo como elas o ocuparam. Isso se deu a partir das preparações para a Guerra do Paraguai (1864-1870). Destaca-se que naquele momento a coroa portuguesa buscava consolidar sua presença nessa fronteira colonial, onde a população era composta por poucas famílias de argentinos e paraguaios que atuavam sobre os territórios históricos indígenas, dominando-os economicamente por meio da extração comercial da erva-mate nativa, sendo significativa apenas a população Guarani na região. Com o intento de preparação para a guerra, montaram-se “fortes militares” nas proximidades dos rios que davam acesso a essa fronteira colonial, a exemplo do rio Tibagi e de outros, como forma de abrir caminho e criar as estruturas que permitissem o acesso àquela região fronteiriça por água (AMOROSO, 1998; MOTA, 1994). Alguns desses “fortes militares” foram montados ao lado de aldeamentos criados e conduzidos por missionários, agora capuchinhos, que atuavam em prol da coroa portuguesa, com o fim de pacificar e reduzir os indígenas e de iniciar o povoamento não indígena da ampla região que ia desde o norte até o oeste do Paraná (ALCANTARA 2019, p. 30-31). Ao findar a guerra o governo do Brasil decide intensificar a presença imperial nesta região de fronteira, montando um destacamento, ou uma colônia militar nesta região novamente em terras dos Tupi-Guarani . Com o fim da guerra, tendo vencido o Brasil, houve também a instalação (entre 1890 e 1892) de uma Colônia Militar em Foz do Iguaçu, em local encravado em território de ocupação da parcialidade Guarani ligada à unidade sociológica do Ocoy-Jacutinga. O objetivo dessa colônia militar foi, além de garantir posse real ao império português, coibir a presença de ervateiros e madeireiros argentinos e paraguaios (MYSKIW, 2002 apud ALCANTARA 2019, p. 32). Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 17 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Após a leitura do texto e a compreensão do que eram as reduções jesuíticas e seu funcionamento realizem as atividades a seguir 1- De acordo com os conteúdos apresentados aponte a importância das reduções jesuíticas para a manutenção de traços culturais dos guaranis. 2- Em que as reduções jesuíticas contribuíram para o “trabalho” dos bandeirantes? 3- Na sua opinião, como os indígenas estão sendo tratados hoje pelo Estado brasileiro? 4- Argumente: como deveriam ter sido tratados os indígenas ao longo do tempo em relação ao modo de trato com a terra. 5- No sentido de preservação de saúde e bem-estar social, qual o melhor modo de tratar a terra, o modo dos guaranis ou dos europeus? 3º Aula TEMA: O vazio demográfico no oeste paranaense; mitos ou verdades? Objetivo: Compreender o processo de esvaziamento das terras do Oeste Paranaense antes da chegada dos colonizadores; Duração das atividades: 1 aula mais trabalho de pesquisa extraclasse.  METODOLOGIA APLICADA Leitura de textos sobre o processo de esvaziamento através da ocultação da presença indígena em detrimento aos colonizadores e a construção do lago de Itaipu; Nesta aula, os alunos serão levados ao laboratório de informática e orientados a pesquisar em sites diversos o processo de criação do vazio demográfico no oeste paranaense. Essa pesquisa tem como objetivo fazer com que compreendam a criação de um vazio demográfico através de organismos oficiais. O mito do vazio demográfico no Oeste paranaense Artigos científicos e outros materiais apontam para a existência de grupos da vertente guarani no Estado do Paraná muito antes da chegada dos europeus, especialmente na região hoje chamada de tríplice fronteira, por estar na divisa de terras, brasileiras, argentinas e paraguaias, países que abrigavam povos destas etnias. Do grande lago formado por Itaipu até parte do Parque Nacional do Iguaçu, perpassando por muitos outros espaços na região oeste paranaense, ainda hoje, podemos encontrar vestígios dos povos nativos, embora houve um esforço de Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 18 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense organismos oficiais, por algum tempo, tentando ocultar a presença guarani, que se deslocavam de tempos em tempos para diferentes espaços geográficos. É certo que os guaranis não compreendiam a divisão espacial, constituídas como marcos de divisão territorial entre estados e municípios. Para eles o mais importante é o respeito à terra. Sendo esta sagrada, não poderia ser comprada ou vendida. Para eles a terra é espaço de vida, local para seguir costumes e crenças e estar perto de seus antepassados, razões pelas quais eles saem e voltam para o mesmo espaço territorial. Por certo, no século XVI foram fundadas as primeiras missões jesuítas nas margens do Rio Paraná, conforme podemos observar na figura 05, sendo estas em sua maioria de povos guaranis que passaram a ser facilmente capturados pelos bandeirantes que os farão escravos. Figura 5 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Republica_del_Guayra.jpg A partir de abundantes registros arqueológicos e etno-históricos, podemos afirmar que os Guarani possuem uma presença imemorial no Estado do Paraná, em especial na região da Tríplice Fronteira, evidências que antecedem em muito a colonização europeia e que remontam a 80 d.C. A conquista também testemunha a presença destes povos no sul do Brasil, como nos afirmam os inúmeros relatos de viajantes e jesuítas que perambularam na região ainda no início do século XVI, como o espanhol Cabeza de Vaca e o jesuíta Antonio Ruiz de Montoya. Ainda no final do século XVI são fundadas as primeiras Missões Jesuíticas na faixa que hoje compreende a extensa área que abrange as margens do rio Paraná e seus afluentes, e, das quinze missões fundadas neste território treze são sobre áreas densamente povoadas por comunidades Guarani. No período que compreende os anos de 1610 à 1628, estas reduções são destruídas por bandeiras oriundas de São Paulo, com o objetivo de apresarem os Guarani e levá-los como escravos para a máquina colonial portuguesa (BORGES, 2011. p. 04) Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 19 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense A preocupação em se apropriar de terras indígenas na região é bastante antiga e é peça fundamental na comprovação da existência deste povo na região oeste paranaense e no modo como foram tratados pelo “Estado”. Este “Estado” jamais respeitou suas culturas, seu modo de vida e suas diferenças, pois, seus costumes em relação aos cuidados com a terra e a produção para a subsistência exigem grandes áreas para a coleta de alimentos e vegetais para fazer equipamentos e adornos. Prova disto é que representantes do Estado, na primeira metade do século XX, procuram descaracterizar e desvalorizar a cultura nativa, para propor um novo modelo de uso da terra, como podemos observar na figura 06, tornando a mesma rentável tanto para os “novos habitantes” e para o Estado, que por nada produzir sempre busca no contribuinte uma fatia de sua produção a título de impostos, tributos ou taxas, sendo assim, uma cultura preservacionista e de cuidados com a terra torna-se um verdadeiro estorvo. ... o secretário Mader também argumenta a necessidade de limitar as terras indígenas do estado: “Cremos também na necessidade que uma revisão dessas concessões se impõe, fazendo se reverter ao Estado às terras que não estejam real e efetivamente sendo usufruídas pelos índios, pois sabemos de grandes extensões que lhes foram reservadas e que hoje estão abandonadas ou apenas ocupadas parcialmente ou em pequena parte (...)” ainda segundo o documento, o estado brasileiro havia sido generoso demais com as populações indígenas do Paraná e, devido as hordas colonizatórias era forçoso rever este quadro em favor do colono e a solução defendida era concentração de todos os “índios” – sejam Kaingang, Guarani ou Xetá – em uma única reserva (BORGES, 2011. p. 07). Figura 6 Fonte: http://www.jws.com.br/2019/08/como-era-a-reducao-jesuitica-de-salto del-guayra-no-parana Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 20 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Para o representante do Estado paranaense o uso da terra de modo diferente passa a ser vista como, terra sem ocupação. Nesse sentido, há um nítido desrespeito com a cultura nativa. Mas este “desrespeito” não é por acaso, ele é fruto de uma ação articulada para implantar um novo modelo de ocupação do espaço, ou seja, este chão precisava produzir bens, que dessem resultados financeiros. Um modelo que evitasse o uso intensivo da terra, exatamente, para evitar seu esgotamento, fazendo assim seu manejo em etapas de plantio e repouso, possibilitando um período de descanso para ter sempre boa produção, não era conveniente. Por isso, seria viável ao estado a vinda para a região de colonizadores, todavia desprezando a presença dos guaranis e reforçando a ideia do vazio demográfico. A preocupação em ordenar a ocupação territorial do Paraná já se encontra em 1934 no relatório do então Secretario de Fazenda e Obras Públicas do Paraná Othon Mader, que preocupado com esta questão procurava alertar o governador Manuel Ribas a respeito das terras devolutas e da necessidade de coibir a prática da grilagem. ( Borges, 2011, p. 07). Ocorre ainda segundo Borges que Marder afirmava serem partícipes deste processo de grilagem “inescrupulosos funcionários públicos e serventuários da justiça”. Para Brighenti (2017, p. 05), “Há uma constante no processo de colonização do Brasil, desde o período colonial até o tempo presente, em que os sujeitos presentes no espaço desejado pelo colono são ideologicamente coisificados”. Neste contexto, os seres presentes nos espaços desejados passam a ser invisíveis, portanto, os espaços se tornam vazios e livres para a posse, pois o estado elitizado já havia eliminado os obstáculos existentes mesmo que alguns seres ainda estivessem presentes. O mapa de viação do Paraná de 1901, é um exemplo de documento público que aponta para um vazio demográfico na região oeste paranaense, mas com qual objetivo? Brighenti pontua que este vazio é provido de intencionalidade, “percebe-se que há uma intencionalidade na divulgação de informações de despovoamento”. Para ele o objetivo claro era mostrar um espaço despovoado para uma futura ocupação. Se as fontes indicavam vazio populacional, a lógica era incentivar a colonização deste espaço, especialmente num momento em que o Estado Nacional brasileiro desejava manter uma presença fixa na região de fronteira com receio das investidas dos ervateiros argentinos e paraguaios cada vez mais presentes em terras brasileiras. A madeira era outro produto de luxo extraído ilegalmente das matas brasileiras e transportado pelo rio Paraná para os portos argentinos e uruguaios. Nesse contexto o governo tinha interesse e necessidade de se posicionar de uma forma concreta e direta. Incentivar a colonização foi a maneira mais eficaz que encontraram. A colonização ocorreu por um processo de migração interna, com colonos vindos de outros estados da região Sul e pela nacionalização da população local. (BRIGHENTI, 2017, P. 07). Ainda segundo Brighenti, (2017, p. 09) “A própria historiografia regional, em sintonia com os ideais de progresso e prosperidade, ignorou a presença indígena e as qualificou de paraguaios no sentido de minimizar a responsabilidade pela exploração dessa mão de obra” Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 21 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Encontrem no site: www.oguatupora.com.br, o Artigo: Encobrimento indígena no processo de colonização do oeste do Paraná, Encubrimiento del indígena en el proceso de colonización en oeste del Paraná de Clovis Antonio Brighenti, Rosângela Daiana Dos Santos, com base nele respondam as seguintes questões: 1- Analise no texto o fragmento que explica como se dava a contratação dos nativos, para o trabalho nas empresas coletoras de erva mate. 2- Quem dava a concessão de terras para as indústrias ervateiras? 3- Que tipo de trabalho desenvolviam os guaranis? 4- Em quais aspectos a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional difere dos demais processos de colonização? 5- Como se deu o esvaziamento demográfico segundo os autores? Figura 7 Fonte: http://seguindopassoshistoria.blogspot.com/2013/03/osbandeirantes.html Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 22 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Analisando as figuras 06, planta padrão das reduções jesuíticas no Guayrá, e 07, localização das reduções, descreva a interferência das reduções jesuítas na vida e nos costumes dos nativos? 4º Aula TEMA: Desapropriação de terras indígenas no oeste paranaense para a construção da usina de Itaipu. Objetivo: Analisar o processo de desapropriação de terras do Oeste Paranaense para a construção da usina de Itaipu. Duração das atividades: 1 h/aula. METODOLOGIA APLICADA: Leitura de artigos que abordam a maneira como se deu a desapropriação das terras na região oeste paranaense para a Construção de Itaipu. Figura 8 Fonte: https://www.flickr.com/photos/setequedasvive/1506901619. A primeira imagem da figura 8 mostra como era o Rio Paraná na região de Guaíra, antes da construção da barragem de Itaipu para a geração de energia elétrica. Estas eram as Sete Quedas do Paraná, onde toda esta beleza natural, Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 23 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense que antes era visitada por turistas e pesquisadores do mundo todo, foi submersa conforme mostra a segunda imagem da figura 8, e junto com a sua submersão, também, foi ocultada a história dos Tupi-Guarani que viveram nesta região. Vamos imaginar que uma diferença cultural seja a causa de tamanha mudança, sabemos que há uma grande dificuldade para os descendentes de europeus compreenderem o conceito de terra, seus usos, sua finalidade e o que de fato dela devemos extrair, se comparada aos nativos. A diferença de cultura impõe uma barreira muitas vezes instransponível e que acabou por trazer danos irreparáveis aos povos pré-colombianos das américas, assim como para o ambiente como um todo, imaginemos o que esta mudança provocou na vida de pessoas, animais e plantas. Para os nativos a Terra congrega um conceito cultural sincrético muito mais abrangente que a simples possessão de uma terra com escritura, registro em cartório e espaço para a produção agrícola ou de outros produtos, ela significa o lugar, o meio e o modo de ser guarani. O conceito de terra para o povo indígena Guarani está intimamente relacionado à ideia de terra sem-males. Esta concepção aponta a terra como um lugar no qual se vive o \"bom viver\". Para tanto viver bem não significa produzir muito, ou em grandes quantidades, assim, a terra não é apenas um espaço de produção econômica, mas é um lugar no qual se vive o teko Segundo Deprá (2006) “Como nas palavras dos velhos Guarani – sem tekohá” (lugar para viver – terra), “não há teko” (jeito de ser). Quer dizer, sem a materialidade da terra, não há possibilidade de constituir-se em um ser cultural. Para os Guarani, a terra não pode ser propriedade de ninguém, ela é o bem maior da humanidade, concedido pelo deus Ñanderu. Este foi um fator que complicou as negociações para indenização e traslado, já que eles não conseguiam entender como o homem poderia interferir de maneira tão drástica na terra que é de Ñanderu e no rio Paraná, também tão sagrado. A princípio eles não acreditaram na possibilidade de desvio do leito do rio e de alagamento de suas terras, por isso, organizá-los para reivindicar uma negociação justa foi, para o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), órgão ligado à Igreja Católica, uma tarefa também de educação política (ROCHA, 2018, p. 69-70). Embora, também, usada para o cultivo de diversos produtos alimentícios, os guaranis têm um sentimento de pertencimento para a terra, razão pela qual sempre voltam ou procuram voltar ao mesmo lugar, o seu lugar e de seus antepassados, a terra sendo sagrada não tem valor comercial, portanto não há como vendê-la. Dessa maneira, o tekohá pode ser compreendido como o lugar onde se realiza o teko – sistema, cultura, lei, costumes, modo de ser e de viver específico dos Guarani –, ou ainda “o lugar e o meio em que se dão as condições de possibilidade do modo de ser guarani” (MELIÁ, 1989, p. 336), e fundador de sua identidade. Este lugar específico, para ser viável, supõe uma terra específica, não qualquer terra nem de qualquer tamanho. Tem que ser boa para a agricultura e suficiente para abrigar a/as família(s) extensas com toda sua parentela, tendo, para cada uma, espaço para a roça nova e a antiga, para as casas com seus pátios e, ainda, mata, capoeira ou campo e água. Esta Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 24 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense concepção de terra é o esteio da identidade deste povo cujos princípios vêm sendo negados e inviabilizados pela espoliação de seus tekohá radicionais e pelo confinamento a que estão submetidos (DEPRÁ, 2006, p. 26). Deprá (2006) observa que houve da parte do Estado e até mesmo de veículos de comunicação uma clara tentativa de ocultar a presença Guarani na região Oeste paranaense, visando a futura construção do Lago de Itaipu, embora, naquele tempo não houvessem tantas organizações que pudessem questionar as perdas provocadas a jusante da barragem, mas, havia outro fator. Naquele período no Brasil, sem uma constituição sólida e gerido sob a edição de Atos Institucionais (Ais), vivíamos o governo militar, não havia possibilidade de questionamentos, ampla defesa dos indígenas e nem mesmo das terras e animais que ficariam submersos. Segundo Deprá, é na década de 1970, que se iniciam as discussões sobre a nova Usina Hidrelétrica Binacional, sendo referenciada como “Uma Construção de Gigantes” (O Paraná, 17/4/1987 apud, DEPRÁ 2006, p. 29). Deste modo, esta construção recebe ênfase especial na imprensa regional, sendo tratada como uma obra faraônica de grande importância ao país. Ainda, segundo Deprá o Jornal O Paraná priorizou informações de cunho expansionista, considerando a Itaipu como “uma solução energética para o desenvolvimento de um continente” (O Paraná, 23 abr., 1987, apud DEPRÁ, 2006, p. 29). O projeto de construção de uma grande barragem para uma usina hidrelétrica na região era antigo, mas foi retomado nos primeiros anos do governo militar como parte da política desenvolvimentista anunciada por economistas, como se esta obra fosse planejada unilateralmente para beneficiar a um pequeno grupo em detrimento dos interesses da maioria da população e em especial das classes com menor poder econômico. No início dos anos 80, com a relativa abertura política, as críticas ao modelo de desenvolvimento econômico se ampliaram sensivelmente. O antropólogo Silvio Coelho também vai desenvolver suas críticas, assim como os economistas, ao analisar o impacto da política usada para a construção da barragem sobre as populações indígenas brasileiras. O cenário típico é a definição das prioridades econômicas do governo, em conjunção com os interesses das empresas nacionais e internacionais; os custos sociais, principalmente aqueles que dizem respeito às populações nativas são ignorados; dinheiro estrangeiro é obtido; projetos são iniciados; e só então toma-se conhecimento da presença de índios que se tornam um “problema” que necessita de uma rápida solução em nome do interesse do desenvolvimento. A FUNAI só é chamada a participar do processo no seu final e é dirigida para solucionar um problema criado, ao invés de evitar que problemas surjam. (Coelho, 1982, p.26 Apud, ROCHA, 2018, p.66). Como citado, neste período havia certa dificuldade de articulação, posto que, os militares não eram afeitos ao diálogo. O processo para a posse da terra e implantação Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 25 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense do sistema operacional de geração de energia andou rápido, os “mais fortes” neste caso os agricultores e posseiros, buscam soluções para os seus problemas e uma indenização mais justa para suas casas, terras e roças. Porém, os índios ficaram à margem no início do processo, mesmo sendo removidos de suas terras para a reserva de Laranjeiras, no início deste movimento eles não resistiram, mais tarde é que vão regressar buscando oportunidades de rever sua situação. Aparentemente, não entenderam de imediato a intensidade do problema no qual estavam envoltos, a transferência compulsória foi vista apenas como mais uma atitude de opressão dentro de uma realidade de dominação e arbitrariedade que se iniciara no século XV. Assim, iniciou-se uma preparação do terreno, apagando a presença Guarani dos mapas e estatísticas populacionais. O rastro da presença dos Avá-Guarani sofreu um apagamento devido ao espelho da água formado com o lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que recobre grande parte do território antes ocupado por eles. Simultaneamente, a esse apagamento, foi desencadeada uma outra operação de natureza simbólica, mas também com eficácia de produção de amnésia social: a desqualificação desse grupo e de sua cultura (DEPRÁ, 2006. p. 20). Neste contexto Rocha (2018) faz apontamentos quanto ao perfil do descendente de europeus e seus modos de tratar os nativos de acordo com suas conveniências, para cada momento e de acordo com as necessidades, houve um tratamento diferenciado. Em certo momento o índio é pintado como o herói, o sujeito que é leal ao colonizador, tendo este uma representação baseada em uma mescla de beleza estética fundamentada na nova arte clássica brasileira da segunda metade do século XIX, na qual o indígena é representado em esculturas e pinturas com traços físicos que lembram as esculturas clássicas romanas e gregas valorizando grandemente este personagem. Deste modo, o indígena, quando identificado como elemento fundador da Pátria, está descrito na forma heroica, moralmente superior e belo, enquanto que ao ser identificado como obstáculo ao progresso e à civilização, seria descrito como aquele que não faz seu papel social. Ele se recusa a assumir responsabilidades por seu grupo. É leviano, preguiçoso, nocivo, traiçoeiro, e, por isso, passa a ser um obstáculo para o desenvolvimento da região onde seria Itaipu. ...em todas as épocas existiram, lado a lado, conceitos variados e até contraditórios do gentio da terra, ocupando toda uma escala de imagens: num dos extremos, a ideia do silvícola feroz, traiçoeiro, preguiçoso e estúpido; no outro, a figura idealizada de uma criatura a muitos títulos superior, em seus modos de vida e em sua maneira de ser, ao cristão civilizado (Schaden, 1977, p. 322 APUD, ROCHA 2018, p. 68). Todavia, a questão central era a necessidade de construir a usina, o custo social, para tanto, não importa e o nativo não poderia ser obstáculo. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 26 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Neste contexto, o governo dá por meio de Itaipu sequência a uma política já empregada na região em outras oportunidades, o que é descrita no fragmento a seguir: A proximidade das datas nas décadas de cinquenta e sessenta revela uma política de Estado urdida em benefício das frentes de expansão capitalistas, afinal, 70% das áreas são esbulhadas neste período, demonstrando uma ação metódica e sistematizada, apontando para uma espécie de padrão utilizado pelos órgãos públicos, sendo que parte destas áreas, foram posteriormente inundadas pela hidroelétrica de Itaipu, já no início dos anos oitenta. Os despejos possuíam um modus operandi que se repetia, que, inicialmente se dava com a vinda dos agentes do SPI na tentativa de convencer a comunidade a se deslocar para a A.I Rio das Cobras. E, caso os indígenas resistissem aos apelos dos agentes, estes retornavam acompanhados de policiais e agentes à paisana (possivelmente jagunços a serviço da empresa interessada) e estes ameaçavam os indígenas fisicamente com armas e violência. O argumento era sempre os mesmo, que aquela terra já tinha dono e ele estava “reclamando a área”, como relembra Honório Benitez: “(...) e nesse dia fomos expulsos de Campinas, vieram seguranças armados e gente teve que sair por que o dono não queria que a gente ficasse mais, que “vocês estão invadindo tudo‟, o pessoal do SPI veio com uma carreta e nos deram quatro dias para a mudança, e ainda ficou muita coisa lá”. Em relação ao restante das áreas indígenas, em sua grande maioria, foram atingidas pela barragem de Itaipu ou pela criação do Parque Nacional (PN), e, novamente o estado, por meio do SPI, e agora o INCRA, entram em ação nos despejos destas pequenas comunidades. A grande maioria destas famílias que foram expulsas por ação do SPI teve como destino a A.I. Rio das Cobras, originando nas atuais três aldeias Guarani incrustadas nesta reserva, a Aldeia da Lebre, Água Santa e Espigão Alto, que são comunidades hegemonicamente formadas por indígenas oriundos deste processo de desterro (BORGES, 2011, p. 9-10). Uma das maiores hidrelétricas do mundo, a Itaipu – construída pelo Brasil e pelo Paraguai no início da década de oitenta – parece ter criado um fim do mundo para as 38 comunidades Guarani “inundadas” do lado paraguaio e para a comunidade Guarani do Ocoí, no lado brasileiro...Alguns relutaram até o último momento em deixar sua terra, que seria tragada pelas águas da represa. E sabem o que a Itaipu fez com os mais de 30 tekoha Guarani que ali viviam? Prontificou-se a colocar os índios em caminhões e a leva-los para as duas áreas de mil hectares cada, distantes do longo e das sagradas terras inundadas. Muitos Guarani ficaram perambulando pela região até hoje... Outros saíram das terras nas quais foram confinados, mudando para outras comunidades e sendo perseguidos por fazendeiros. Até hoje perdura essa situação. Em 1996, os índios formaram uma organização para voltar à beira do rio Paraná. A comissão, chamada “Paraná “Rembe'ýpe”, apresentou à Itaipu sua reivindicação de 115 mil hectares à beira do lago da hidrelétrica, próximo às suas terras originárias. Eles sabem que são donos da região ... A empresa respondeu dizendo que já tinha feito a sua parte, indenizando os índios conforme a lei. E que a instituição não tem nenhuma obrigação de compra de terra para os índios. “Não corresponde à Itaipu conceder o solicitado”, respondeu o diretor de direitos jurídico-administrativos, Dr. Roque Pedro Miranda. Os Guarani jamais se conformaram com essa deportação e exílio. Seus diversos movimentos e ações junto às autoridades mostram claramente não apenas seu inconformismo com essa situação, mas a determinação de retornarem para sua região de origem, nas margens do rio Paraná (O Porantim, set, 2005. p. 6 APUD, DEPRÁ, 2006 Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 27 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Após a leitura do texto, realize as atividades propostas a seguir 01- Explique o conceito de terra para os guaranis? 02- Segundo Deprá (2006), qual o principal motivo por parte do estado em ocultar a presença guarani no oeste paranaense? 03- Quais eram as duas formas que os descendentes de europeus tratavam os nativos? Quais os motivos para diferenciar esse tratamento? Acesse o link: hhthtttptpss:://y/yoouuttuu..bbee//ZZ--44NNVVkkaaKKmm55oo, com atenção acompanhe a entrevista do indigenista Paulo Humberto Porto Borges, para a realização das atividades: 01 - Segundo o indigenista Paulo Porto, quais eram os três povos indígenas que habitavam o estado do Paraná? Quais eram as localizações geográficas desses povos? 02 - Por que os guaranis eram conhecidos como povos sem fronteiras? Justifique sua resposta 03 - Qual a personalidade histórica cita a presença dos povos guaranis na região da foz do rio Iguaçu? Transcreva a parte da entrevista em que apareça essa afirmação sobre a presença dos guaranis na região oeste paranaense. 04 - Defina hecatombe. 05 - De acordo com a entrevista com Paulo Porto Humberto Borges, os guaranis sofreram algumas hecatombes. Quais foram as hecatombes sofridas pelos guaranis? 06- Qual o significado de sarambi? Porque esse fenômeno aconteceu com os indígenas? 5º Aula TEMA: O processo migratório no oeste paranaense. Objetivo: Propor atividades interdisciplinares relacionadas a presença Guarani no oeste paranaense. Duração das atividades: 1 h/aula Metodologia Aplicada: Na quinta aula, com os dados em mãos, os alunos começarão a montagem de painel e textos sobre a questão indígena na costa oeste paranaense, baseando-se nos relatos sobre o esvaziamento demográfico como justificativa para construção da usina de Itaipu e a ausência desse tema no material didático utilizado na rede Estadual de ensino. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 28 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Figura 09 - Vista aérea do canion das 7 Quedas em Guaíra - Foto acervo Prefeitura do Município de Guaíra Importante observar que para os nativos o termo migração não existe o que aconteceu para eles se chama “sarambi”, uma grande confusão, que resultou em retirada, esvaziamento do local. Conforme observado nas figuras anteriores, percebemos que com a mudança no relevo regional, ocorreu uma significativa mudança no modo de vida e migração de parte da população da região banhada pelo lago que se formou com a construção da usina hidrelétrica de Itaipu. Além das perdas das terras alagadas, perderam-se, também, sítios arqueológicos, cemitérios, vilarejos, aldeias e uma densa área de produção agrícola, mas as perdas não foram só no aspecto material, cortaram-se vínculos familiares, culturais e religiosos. Parte significativa da população de Guaíra perdeu sua principal fonte de renda, no caso o turismo, haja visto, que com o fim das sete quedas do Paraná(no total eram dezesseis quedas, sete estavam agrupadas) houve o fim de uma fonte de atração turística local e regional, o lago que se formou não conseguiu substituir a força das Sete Quedas, provocando um esvaziamento nas cidades da região e um movimento migratório significativo. A população afetada não conseguiu se reestruturar, os não-índios ao que parece se readaptam com maior facilidade, embora sempre hajam reclamações pelo espaço, bens imóveis e especialmente as relações pessoais que foram cortadas, para os nativos o vazio e o sofrimento ainda é maior pela sua relação com a terra, conforme já citado no texto para eles a terra é local sagrado. Brancos ou vermelhos os casos de pessoas que passaram a viver em favelas não foram poucos, por falta ou por indenizações pagas em desacordo com os valores de mercado, os brancos vitimizados por este processo vivem por aí, inclusos de alguma forma na sociedade regional ou até mesmo foram para outros estados, nem sempre satisfeitos com os acontecimentos, muitos ainda lamentam os fatos. Os índios, invisibilizados pela sociedade e Estado, encontram-se em áreas bem menores a que estavam acostumados, muitas vezes entre nós, nos semáforos tentando comercializar seus artesanatos, dormindo nas calçadas ou marquise de prédios. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 29 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense O processo de “desenvolvimento” do oeste paranaense significava povoar essas terras com descendentes europeus, terras essas que já eram habitadas pela população indígena. Essa população já existente na região tivera seus direitos humanos e culturais violados, como a sua existência, para dar lugar aos novos moradores, para isso disseminaram a ideia que as terras do oeste paranaense eram despovoadas, a única referência que perdurou por muito tempo em relação a presença humana em documentos era a colônia militar de Foz do Iguaçu, colônia essa que muitos guaranis tinham medo, sentiam reprimidos e para fugir dessa repressão migraram para o Paraguai.  Durante o processo de colonização do oeste paranaense essa população foi violentada em todos os sentidos, exploradas e expropriadas, pois suas terras foram entregues para colonizadoras que as loteavam e vendiam para os novos colonos. Para invisibilizar a presença dos guaranis na região, muitos os chamavam de estrangeiros, justificando dessa forma a expulsão desses sujeitos de suas próprias terras. Para tanto, era preciso transformar essas pessoas em “coisas”, subjugando sua cultura, religião, forma de agir e de se relacionar com a natureza, assim eles teriam que ser eliminados, através da destruição de sua cultura e espaço geográfico e muitas vezes eliminação do indivíduo. Sua existência fora negada de muitas formas, até nos mapeamentos, como podemos observar na figura 11, a região oeste aparece como território despovoado. A quem interessava esse vazio demográfico? A quem interessava invisibilizar essa população? Qual o resultado dessa negação sobre a presença dos guaranis na região? Figura 10 - Mapa da ocupação do estado do Paraná no início do século XX Fonte: Arquivo público do Paraná Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 30 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense É sabido que a migração da população guarani para outros espaços geográficos se deu com a presença das colonizadoras que foram invadindo e expropriando suas terras transformando geograficamente, socialmente e historicamente a região. Porém, a migração mais expressiva se deu com a construção da Usina Binacional de Itaipu, onde o projeto para sua construção abrangeu áreas que margeiam o Rio Paraná desde os Saltos de Sete Quedas na cidade de Guaíra até a foz do Rio Iguaçu, na cidade de Foz do Iguaçu. A obra para a construção da usina teve início em 1975 e termina em 1982 data em que as comportas do canal de desvio foram fechadas para a formação do reservatório do lago de Itaipu, dessa forma encobrindo uma área de 1.350 Km2, ocupadas pelos guaranis antes da chegada dos europeus. Muitos foram os motivos da dispersão dos guaranis que viviam no oeste paranaense, chegada dos colonizadores, conflitos com o corpo técnico do INCRA que se utilizavam de violência para fazer com que os índios deixassem o local, e o alagamento das terras pela construção do lago de Itaipu, porém eles nunca desistiram de ter suas terras de volta e continuar a praticar a sua cultura como faziam os seus ancestrais. Hoje em toda a região existem 21 aldeias não regularizadas, que abrigam os nativos que voltam a procura de suas terras, mas, os nativos não são os únicos a sentir os impactos da mudança geográfica causada pelo lago. Para se ter uma ideia, em Guaíra antes desta construção viviam mais de sessenta mil pessoas, hoje são trinta e três mil, cento e dezenove pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE no último levantamento feito em dois mil e dezessete. Já Foz do Iguaçu, onde viviam menos de trinta mil, hoje vivem mais de duzentos e cinquenta e oito mil habitantes. Deste modo mudando completamente a vocação regional e o modo de vida de seus habitantes. Para encaminharmos a conclusão de nossas aulas e deste debate vamos nos organizar para as atividades seguintes. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 31 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Formar dupla e para próxima aula trazer os dados solicitados para realizarmos um debate. Pesquisar no sumário dos livros didáticos da disciplina de História (do sexto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio) temas relacionados aos indígenas. Analise qual o tratamento dado pelos autores a história indígena. Organizando material, para a próxima aula trazer, cartolina, tesoura, cola, fita adesiva. Os Links a seguir mostram em matérias jornalísticas as mudanças ocorridas na região das extintas dezenove quedas que eram popularmente chamadas de Sete Quedas. Acompanhe: https://www.youtube.com/watch?v=S8Ep2SooOpw https://www.youtube.com/watch?time_=4&v=aMcXB7eKUMs&feature=emb_logo 6º Aula TEMA: Produção individual de texto e exposição Na sexta aula que será o encerramento da proposta, os alunos farão produção de material para a exposição no saguão do Colégio, utilizando recortes de revistas antigas com o tema, textos extraídos de sites especializados no assunto especialmente http://www.oguatapora.com.br/, imagens e fotografias. Objetivo: Expor para a comunidade escolar o processo de ocupação das terras do oeste paranaense pelos nativos e sua exclusão da terra. Duração das atividades: 1 h/aula METODOLOGIAAPLICADA: Exposição de trabalhos para a comunidade escolar. Exposição de vídeos, cartazes e textos, sendo estes artigos extraídos de sites acadêmicos e produzidos pelos alunos. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 32 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Guaranis na atualidade Conforme o exposto nas aulas anteriores percebemos que a construção de um vazio demográfico, seja ele intencional ou não, é realidade no interior do Paraná. Fruto de várias frentes de “progresso”, sejam elas portuguesas ou espanholas, alguns movimentos incluem, para a exploração, os nativos da terra, no caso para a retirada da erva mate. Outros os tornam invisíveis e mudam sua cor, sua origem, naturalidade, mhttaps://,wtowdwo.osguaaptaropfouran.dcoamm.bor/ vazio na região e substituem o morador de milhares de anos pelo recém-chegados da Europa. Você pode exclamar, mas isto é passado! Hoje não há mais este problema! No entanto, o problema persiste. Em Cascavel, polo regional em diversos setores da economia – medicina, educação – é frequente a presença indígena e sobretudo, práticas de discriminação e exclusão em relação à eles. Onde encontramos indígenas em Cascavel nos dias de hoje? Imagine uma cena dramática, em pequenas barracas, marquise do terminal rodoviário ou de outros prédios, em semáforos vendendo artesanatos e vitimados pelo álcool e pela violência. Para resolver este problema ou parte dele foi proposto a construção da casa do índio, a ideia era que eles ao chegarem em Cascavel, seriam acolhidos em um local que respeitasse sua cultura e seus costumes. O dinheiro já estava disponibilizado para o município, mas, parte da sociedade se levantou contra. Houve até um presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná que afirmou 'aqui não é lugar de índio, eles que fiquem na floresta”. Mas, se a floresta lhe foi tirada, a terra lhe foi tirada, o sonho lhe foi roubado. O que resta a esta gente então? Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 33 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Avaliação Ÿ Critérios Serão avaliados a apropriação do conhecimento sobre o tema trabalhado durante o desenvolvimento do projeto, com o objetivo que o aluno tenha aprendido sobre a criação de um vazio demográfico em relação a presença dos indígenas na região oeste e como a criação desse vazio também está presente nos livros didáticos Ÿ Instrumentos Para avaliação final sugerimos uma diagnose final, considerando o eixo problemático proposto para essa produção. Assim os alunos deverão escrever um texto critico, destacando seus pontos de vista sobre o tema: A construção de Itaipu: Do Vazio demográfico ao vazio no livro Didático: um estudo de caso da questão indígena na região Oeste Paranaense, que deverá ser comparada com a diagnose inicial proposta na primeira aula. A avaliação, também, será feita de acordo com o desenvolvimento das atividades no cotidiano, envolvimento do aluno com o tema e sua inserção no trabalho em grupo, podendo ser feita por meio de uma-auto avaliação, conforme sugerido na ficha modelo que segue. Anexo 1 Participação do aluno na busca pelo material disponível na escola e em sites especializados; Envolvimento do aluno com a equipe, deu sugestões, buscou informações, em que contribuiu com a equipe; Como foi a participação do aluno no debate para a elaboração do material final, a ser apresentado para toda a comunidade escolar. Como foi a participação do aluno na exposição dos trabalhos para a comunidade escolar. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 34 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Anexo 1. Ficha de autoavaliação do aluno Ficha de autoavaliação do Educando(a) Nome: Instrumentos de avaliação Sim Não Ás vezes Participo das aulas fazendo questionamentos Expresso minhas opiniões Ajudo e respeito meus colegas Participo dos trabalhos em grupo Desenvolvo as atividades propostas Comentários sobre meu desempenho Entendi a imagem como uma fonte histórica Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: 35 um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Referências ALCANTARA. Gustavo Kenner. AVÁ-GUARANI: a construção de Itaipu e os direitos territoriais. / organizadores: Gustavo Kenner Alcântara ... [et al.]. – Brasília: ESMPU, 2019. BORGES, Paulo Humberto Porto. TERRA E MEMÓRIA: OS TERRITÓRIOS GUARANI NO OESTE DO PARANÁ. Artigo publicado no I Seminário Internacional dos Espaços de Fronteira, III SEMINARIO REGIONAL SOBRE TERRITORIO, FRONTEIRA E CULTURA E VII EXPEDIÇAO GEOGRAFICA DA UNIOESTE: ESPAÇOS DE FRONTEIRA – TERRITÓRIO E AMBIENTE. UNIOESTE, Marechal Candido Rondon, 2011. BOULOS, Júnior Alfredo, História sociedade & cidadania, 7º ano/ Alfredo Boulos Júnior. -3ª ed - São Paulo: FTD, 2015. BRIGHENTI, Clovis Antonio, DOS SANTOS, Rosângela Daiana. Encobrimento indígena no processo de colonização do oeste do Paraná. Encubrimiento del indigena en el proceso de colonización en oeste del Paraná. Revista SURES: https://ojs.unila.edu.br/ojs/index.php/sures, Ano: 2017, fev, Número: 9. BRIGHENTI, Clovis Antonio, sobre o povo Guarani. site https://oguatapora.com.br/sobre-o- povo-guarani/, acessado em 10 de setembro de 2019. DEPRÁ, Giseli. O lago de Itaipu e a luta dos Ava-Guarani pela terra; representações na imprensa do Oeste do Paraná (1976-2000). 2006. 159 f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação stricto sensu em História, da Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2006. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp; FDE, 1994. LAZIER, Hermógenes. Paraná: terra de todas as gentes e de muita história. Francisco Beltrão, 2003. RIBEIRO, Sara Iurkiv Gomes Tibes. O horizonte é a terra: manipulação da identidade e construção do ser entre os guaranis no Oeste do Paraná (1977- 1997). 2002. 200 f. Tese (Doutorado em História) PUC-RS, Porto Alegre, 2002. RIBEIRO, Sara Iurkiv Gomes Tibes. Guarani no Oeste do Paraná: Espacialidade e Resistência. Marechal Rondon/UNIOESTE: Revista Espaço Plural. Nº 13, 2005. ROCHA, Elaine Pereira. Canal de desvio: Os Avá-Guarani e a Construção da Itaipu Binacional. Revista de Estudos & Pesquisas sobre as Américas, 2018.h WATSON, Virginia Drew. Ciudad Real: Um sítio Guarani-Espanhol no alto Rio Paraná. Revista Arqueologia, p. 139-155, 2003. Adelar José Valdameri

A construção de Itaipu: do vazio demográfico ao vazio no livro didático: um estudo de caso da questão indígena na região oeste paranaense Adelar José Valdameri