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Published by engenheir0, 2021-07-16 19:10:58

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ESCRITAS CRIATIVAS TURMA SEMINÁRIO I – PERÍODO 2020.2 Vivian Galdino de andrade (Profa. DE/CCHSA)

AUTORA: NATHIANNY DE BRITO SANTOS APOLO, O CAVALO COLORIDO Era uma vez em uma fazenda, vários cavalos. Cavalos novos, velhos, magros, gordos, altos ou baixos. Cavalos de um jeito ou de outro, cavalos assim ou assado, todos diferentes, todos úteis e da mesma cor. Todos, menos Apolo. Apolo era diferente, colorido. Apolo era amarelo, laranja, vermelho, rosa, roxo, verde, preto e branco. Apolo não era da cor de cavalo. Quando pequeno foi abandonado por sua mãe justamente por conta de sua cor, e encontrou essa fazenda na qual fez sua morada desde pequeno, mas mesmo em sua morada ele era tratado diferente pelas pessoas, e pensava o mesmo dos outros cavalos dali, por insegurança, mas era totalmente o contrário. Apolo era traumatizado e nem percebia o quanto os outros cavalos o admiravam. Para ele tudo se resolveria mudando sua cor, pois seu maior medo era nunca conseguir fazer amigos e não ser útil para as pessoas que ali moravam, como os outros cavalos eram. Ele vivia escondido, tinha medo de mostrar quem realmente era e talvez por isso não percebia a vontade que os outros cavalos tinham de se aproximar. Certo dia chegou um novo cavalo na fazenda, o Flash. Flash era um cavalo mais velho, tinha sido muito famoso quando mais jovem, porém, tinha perdido seu valor por conta da idade. As pessoas o excluíam também, mas ele era diferente e não se importava tampouco com isso, e justamente por isso ele percebeu que devia ensinar o Apolo ser assim também. Ele conseguiu mostrá-lo que os outros cavalos queriam muito serem seus amigos, e que era ele quem fazia os outros rirem mesmo sem saber. Era Apolo que mantinha os outros cavalos felizes, justamente por ser diferente deles. Agora só faltava provar para as pessoas o quanto Apolo era útil. Mas o fato de ter as cores diferentes ainda o incomodava. Certa noite, Apolo não conseguia dormir de tanto pensar, e pensamento era só que ele estava cansado de ser diferente. “Onde já se viu um cavalo colorido?”, ele pensou. De manhã, antes que os outros cavalos acordassem, Apolo saiu pela fazenda. 2

Depois de muito andar, Apolo encontrou o que estava procurando, um grande arbusto. Um grande arbusto carregado de frutas marrons, cor de cavalos normais. Apolo agarrou e chacoalhou o arbusto com toda sua força, para as frutas caírem no chão. Quando o chão se cobriu das frutas, Apolo se deitou e rolou de frente para trás, de um lado para outro, várias vezes. Depois ele pegou cachos de frutas e esfregou no corpo todo, cobrindo-se inteirinho com o suco delas, até não sobrar nenhum pedacinho colorido. No fim, ele estava igual a qualquer outro cavalo. Logo depois Apolo encontrou os outros cavalos, nenhum deles reparou enquanto ele andava no curral. Ele sentia que havia alguma coisa errada, Apolo olhou para eles e os cavalos continuavam totalmente quietos, nunca estiveram tão sérios, parados e silenciosos, mas ele tinha vontade de rir. Finalmente não aguentou, levantou a cabeça e gritou: - Buuuuu! Os cavalos deram um pulo e ficaram surpresos. - Caramba! O que foi isso? - eles disseram. Foi então que viram Apolo caindo às gargalhadas. - Apolo! Só pode ser o Apolo! - Disse Flash. E os outros cavalos começaram a rir também, como nunca tinham rido na vida. Com as risadas a nuvem escura rebentou, e quando a chuva caiu em Apolo, seu colorido foi aparecendo de novo. Os cavalos continuavam a rir, enquanto a água da chuva fazia Apolo voltar ao normal. E disse um dos cavalos: - Oh, Apolo você já nos fez rir muito, mas dessa vez foi a mais engraçada de todas. Não demorou muito para Apolo mostrar suas cores verdadeiras. - Precisamos comemorar essa data todos os anos. Vai ser o seu dia, Apolo! Todos nós teremos que se pintar de muitas cores. E Apolo vai se pintar de “cor de cavalo”. - Disse Flash. E é exatamente isso que eles fazem. Num certo dia do ano, todos se pintam e saem em desfile. Nesse dia, se você ver um cavalo “cor de cavalo”, pode ter certeza que é o Apolo. Com certeza, para ele não importa mais ser útil para as pessoas, o mais importante foi perceber a importância para os seus amigos que não sabia que tinha. 3

Autora: HELLEN FREIRE BARROW, UMA CIDADE ATÍPICA No estado norte americano do Alaska em Barrow a cidade mais norte do planeta Terra com apenas 4 mil habitantes e uma das cidades mais frias do mundo, vive Kristen Consuelo Coppola, uma jovem de 23 anos, graduada em Desing Gráfico na Universidade de Fairbanks, filha única do casal de origem siciliana e espanhola, Robert Franklin Coppola e Mary Katherine Consuelo. Kristen tem olhos castanhos claros, uma pele pálida e aveludada, com algumas sardas na região T do rosto, com cabelos pretos ondulados quase tão escuro quanto uma noite sem estrelas e luar, com uma estrutura corporal mediana para sua idade, com a altura de 1,67 cm, tem os dedos das mãos compridos como os de seu pai, algo que a fez sofrer muito bullying quando criança e no início da adolescência, seu estilo de se vestir é quase que camuflada aos tons de Barrow, se mesclando com os tons frios e cinzentos da cidade, tem uma obsessão por all stars, coleciona desde os 16 anos as coleções mais raras do sapato. Seus dois melhores amigos desde o primário é Anne Lisa Dustin e John Christopher Langford, ambos de 23 anos, sendo eles mais sociáveis e extrovertidos que Kristen, Anne toca bateria numa banda chamada Lemonade e se apresenta com ela em eventos no verão de Barrow, e John é radialista da estação de rádio local chamada greenstation. Tanto Anne como John, costumam a participar do eventos festivos e culturais locais e tem um grupo amigos fora o trio deles, o KAJ (Kristen, Anne e John). Mas Kristen tem uma personalidade diferente, é observadora, misteriosa até para seus conhecidos mais próximos (que eram apenas seus pais e seus dois amigos), intensa, ela costuma a correr todos os dias as 7 da manhã, corre até seu limite cardíaco, até que começa a sentir pontadas no seu coração devido seu sopro cardíaco(uma alteração cardíaca que provoca um som extra durante o batimento cardíaco ocasionado por uma redução em uma das válvulas cardíacas, que dificulta a passagem do sangue para o coração), mas mesmo com esta condição ela tentava todos os dias correr o mais rápido possível, até que não ela mas seu corpo não aguente mais, e suplique para parar. Introspectiva ela trabalha em home office para uma empresa de jogos de Nova York, 4

costuma no fim do expediente a desenhar seus pensamentos e emoções como personagem irreais, desenha até suas emoções mais tenebrosas, gosta de dar rosto aquilo que não podia ver no mundo real. Sua relação com seus pais e amigos é intensa, quando está na presença deles, costuma a desligar seu cérebro de pensamentos avulsos, quer estar 100% presente, quer ouvir eles e memorizar cada momentos juntos deles como uma máquina fotográfica, e raramente fala de seu interior para eles, e sim das coisas cotidianas que ocorre em sua vida, mas em geral costuma a ser ouvinte. Para Kristen, não é necessário falar sobre si pois teria que ser mentirosa e superficial, igual quase todas as pessoas de Barrow, para ela a maioria dos habitantes gosta de se promover como ideal de pessoas boas e perfeitas, exatamente o que Kristen não é, e por isso as pessoas as ignoram, ou não lhe dão atenção como daria se fosse outra pessoa, e desde de criança que Kristen se incomoda com isso, mas recentemente, ao olhar pela janela de seu quarto, e ver um casal de vizinhos discutindo, mas ao perceberem que ela estava olhando, mudarem de expressão indo da raiva para felicidade, ela começou a se questionar: \"- será que Barrow é realmente uma cidade calma e preserva a cultura conservadora? Ou teria Barrow sujeiras tão podres que o tapete que as escondem, não estivesse mais cobrindo tudo? As pessoas são realmente felizes ou são obrigadas a cumprir seu personagem? ...\" . Kristen passou a observar com um olhar mais aguçado a cidade de Barrow e todos os seus habitantes, ela começou a tirar fotos com seu iphone de situações em ela sentia um certa estranheza no ar, a cidade em si era muito estranha para Kristen, já havia viajado para outras cidades ao redor do mundo, já tinha morado dois anos em Nova York, mais nunca tinha sentido o sentimento de que algo estava acontecendo e que a principal suspeita, era a própria cidade. Barrow era uma cidade pacata, com quase nenhuma criminalidade, para Kristen que era designer, a cidade parecia um mundo pós apocalíptico de algum jogo de vídeo game, a cidade era praticamente uma pintura com cores cinzentas e barrosas, e em certos horários do dia não se via nenhum habitante, como se todos se escondessem de algo em algum momento, ou algum ser os perseguia... E por algum motivo ainda desconhecido para ela, durante o dia todo pairava uma nevoa misteriosa na cidade, algo que dava calafrios em Kristen. Pensamentos passavam na mente dela, ela decidiu se abrir com o que sentia com seus 5

melhores amigos, pois em sua mente um pensamento especifico, não saia de cabeça: “– Só eu vejo Barrow com esse olhar ou outros veem mas não se manifestam?! Será que Anne e John também sentem esse mistério que paira Barrow?”. Ela mandou uma mensagem para seus amigos, para que a encontrassem no local onde eles iam para conversar mais isolados, que era um antigo porão que ficava atrás do colégio Courage onde passaram o ensino médio, e pediu para que levassem seus notebooks em suas mochilas, pois ela tinha muitas dúvidas e eles iam pesquisar bastante. Ao chegarem lá, ela explicou para eles a situação estranha que havia presenciado com seu casal de vizinhos e os aspectos estranhos que ela observara em Barrow durante toda a sua vida. Tanto Anne como John disseram que também já haviam sentido esse mistério e essa estranheza em relação a Barrow, como poderia não existir nada de errado? Anne Lembrou de um caso que ocorreu há muito tempo, de um homem que havia surtado e dito que Barrow matava quem não agisse conforme os costumes, e que a cidade se alimentava daqueles que não possuía controle, depois do ocorrido ninguém mais havia visto o homem, e Anne disse que não se lembrava o que tinha acontecido com ele depois disso. Os três começaram a pesquisar no Google informações que os ajudassem a descobrir quem era aquele homem e porque ele havia dito aquilo e mais importante, o que aconteceu com ele depois do ocorrido? ... Depois de passarem a tarde inteira pesquisando em vários sites, Kristen conseguiu hackear o site da polícia local e achou um artigo que havia sido publicado no portal de denúncias e ao lerem o artigo descobriram que o homem na verdade se chamava, Peter Ambrósio Gulliver, e que na época do ocorrido ele havia chegado da floresta que cerca os arredores de Barrow, e tinha entrado correndo em um bar local, gritando que tinha um ser na floresta e que esse ser era a própria cidade, depois disso ele desapareceu e ninguém mais nem citou seu nome em Barrow...como se nunca ele estivesse existido. Um arrepio tomou conta dos três, a boca de Kristen ficou seca como se não tivesse ingerido água há muito tempo, Anne e John ficaram pálidos como uma folha sulfite, e os amigos começaram a pensar sobre o que haviam lido e encontrado... “Será que Barrow realmente era um ser com vida e todos ali eram manipulados para agir conforme a cidade queria? O que havia acontecido com Peter? Porque ninguém mais citara seu nome em Barrow?”. Mesmo com todo medo que estava surgindo neles, Kristen afirmou que ia saber o que 6

havia ocorrido com Peter e que ia desvendar todo o mistério que acometia Barrow, e Anne e John afirmaram que ela não ia desvendar isso sozinha, que eles estavam juntos! E os três começaram a torce para que essa coragem pequena que surgia neles os sustentassem, pois algo dizia a eles que iam encontrar algo muito tenebroso em breve... “-Será que Barrow realmente manipulava seus habitante? Porque a cidade era tão estranha e misteriosa?”, esses questionamentos pairavam a cabeça de Kristen desde sua infância, mas depois de descobrir o caso do desaparecido Peter Gulliver, esses pensamentos passaram a ser mais recorrentes em sua mente. Tanto Anne como John, ajudavam Kristen nas buscas para encontrar Peter, mas já haviam se passado duas semanas e eles não haviam encontrado nada, resolveram então parar de procurar na internet ou em artigos online, pois essa estratégia definitivamente não estava funcionando... resolveram começar a pensar em outras alternativas, que ajudassem a descobrir o paradeiro de Peter. Foram ao parque florestal de Barrow, e ficaram sentados em círculo com um olhar aflito um para o outro, encarando o silencio que os rondava... até que Anne teve um pensamento: “- Se não encontramos nada na internet ...talvez seja porque as respostas para o que aconteceu com o Peter, depois de seu desaparecimento nunca tiveram sidos publicadas na internet...talvez todo o material só exista de forma física! Mas a onde ele estaria...?”. “- Na POLICIA !!! Deve estar arquivado na delegacia”, afirmou Kristen com a respiração ofegante de tanto entusiasmo. Eles se levantaram de forma brusca e foram correndo até a delegacia no centro, onde conseguiram pular o muro da garagem, e ficaram escondidos atrás das viaturas esperando a hora de almoço dos policias que ficavam no deposito de arquivos da delegacia, assim que os policiais foram almoçar eles entraram correndo no depósito ... tinham apenas uma hora para conseguir encontrar os arquivos de Peter, antes que os policiais voltassem. Começaram a revirar todos os arquivos engavetados, procurando o nome de Peter...até que John achou uma pasta com o nome de “Peter Ambrósio Gulliver” que tinha um arquivo dentro, chamou suas amigas e começaram a ler o arquivo juntos. No arquivo falava que havia se encontrado o corpo de Peter Gulliver estirado no meio da floresta, com uma carta manuscrita pelo mesmo em cima de seu peito, na carta dizia que ele havia cometido suicídio e pedia para que quem o encontrasse o enterrasse ali mesmo, no meio da 7

floresta. Eles começaram a se olhar assustados e boquiabertos, quando de repente viram um policial abrir o deposito e começar a gritar: “- O que vocês estão fazendo aqui?!”. Eles começaram a correr pela garagem e os policiais começaram a perseguir eles, ambos conseguiram pular o muro da garagem da delegacia e começaram a correr floresta a dentro... os policias também haviam pulado e estavam se aproximando deles. Kristen mal conseguia respirar devido ao seu sopro cardíaco, seu coração estava doendo de tanto correr ... até que sem ver ela tropeçou em um galho e bateu com a cabeça em uma árvore, ela não viu mais nada desde então. Quando Kristen acordou estava em um lugar cheio de pessoas vestidas iguais, ela não se lembrava desse lugar, nem das pessoas que a cercava, “a onde ela estava?” ela se questionou, ao tentar se levantar da cama, uma enfermeira chegou com duas pessoas que ela reconhecia muito bem ...seus pais! “–Graças a Deus você está bem filha! Porque você fugiu para a floresta ?! Você podia nunca mais ser encontrada ...e ainda parou de tomar seus medicamentos... imagine o que você poderia ter feito...meu Deus nuca mais faça isso!”. Disse sua mãe de maneira aflita e emocionada... Kristen estava perplexa, não entendia o que estava acontecendo. A verdade era que Kristen havia sido diagnosticada com esquizofrenia aos 14 anos, estava internada em uma clínica em Toronto no Canadá, Barrow nunca existiu, não existe registros em todo o Canadá de pessoas chamadas Anne Lisa Dustin ou de John Christopher Langford, eles nunca existiram, ela não tinha um sopro cardíaco, toda a realidade de Barrow só existia apenas em um lugar, na mente de Kristen. 8

Autora: VANESSA CÂNDIDO FERREIRA A RESSURREIÇÃO DE AYA Em um sobressalto, seus olhos abrem-se para a luz. É forte e branca. Suas pupilas demoram a acostumar-se a claridade. Está sentada. Seu corpo pesa uma tonelada. Parece estar envolta por um cobertor de chumbo. Não sente dor. Apenas o peso. Ainda está em seu carro, o contato do acolchoado do banco em suas costas. Não há para-brisa. Cacos de vidro espalham-se pelo carpete. Há uma poça de sangue em seus pés. Ela não está sangrando. Tenta mover um dos braços. O ergue sem dificuldades, embora a pele esteja arranhada. Desprende-se do cinto de segurança. A melodia da música ainda a envolve. Há um cheiro forte de café. Corre os olhos pelo cenário. Seu carro está parado na rua do restaurante, a esquina de seu apartamento. Não é onde ela se lembra estar. As lembranças vão e voltam. Ela sabe que dirigia. Sabe que sofreu um acidente. Se lembra do vermelho. E do barulho. Seus ouvidos apitam. Ela puxa pela memória. Recorda-se de Valentin, dele vindo a buscar. De um abraço quente e um beijo na testa. Se lembra de se deixar adormecer. Das luzes apagando-se, tornando-se pontos coloridos até desaparecem, as ruas de Paris desfocando-se, diluindo-se, e o nada. A ausência de qualquer coisa quando finalmente seu coração para de bater. Está morta. Aya sabe que está. Sente-se morta. Se pergunta se foi para o inferno. Leu sobre isso uma vez, deitada nas pernas de Valentin, no gramado da casa de campo de seus pais na Normandia. O inferno que se apresenta como sua pior lembrança, seu maior tormento em vida, repetindo-se eternamente, sem que possa se fazer nada para impedir. Ela vê o toldo, vermelho e branco, as mesas, o poste. Sente aquele cheiro forte da água e dos grãos fervendo, quase consegue sentir o açúcar das rosquinhas. Está há dois metros do lugar onde ele morreu. Se pergunta se verá a cena acontecer uma e outra vez, seu castigo. Se pergunta por qual pecado será punida. Se lembra de negar a Deus na entrevista que concedeu aquele jovem rapaz na última semana. Sente-se angustiada. Espera pelo segundo em que aquele maldito caminhão descerá a rua, atravessará a porta do restaurante, atropelará as mesas e ela verá Valentin deixa-la. Fecha os olhos. Não pode vê-lo morrer outra vez. Seus lábios sussurram uma oração. 9

— Você não é religiosa. Aya sente o coração congelar. Não ouve a voz dele há mais 600 dias. Ela contou as horas. É rouca, melodiosa. Uma sinfonia em sotaque francês. Não quer abrir os olhos. Não quer vê-lo outra vez, para perde-lo em seguida. Consegue sentir a presença dele como um ímã. Escuta sua respiração. Sabe que ele está ao seu lado. Não pode abrir os olhos. — Está tudo bem, Aya. Não vou embora. Sente vontade de chorar. A angústia de ouvi-lo aperta seu peito, esmagando-o como vidro. Quer desaparecer. Fugir para longe. Valentin recita promessas vazias com sua voz melodiosa. Ela está morta, ele também. Lembra de ouvir sua mãe dizer que a ideia de se reencontrar após a morte não era nada além de uma desculpa de filmes clássicos para sarar a dor da perda. A bíblia dizia, segundo ela, que após a morte, não mais nos reconheceremos. Toda nossa existência terrena seria apagada e tudo o que sobraria de nós seria o espírito. Mas Aya não estava no céu. Apegou-se ainda mais a ideia de ter sido eternamente condenada a reviver o dia em que sua vida perdeu o sentido. Saberia quem era Valentin apenas para perde-lo. Murmurou outra parte da oração. — A minha condição de morto me permite ler seus pensamentos. Você não está no inferno, Aya, nem no céu. Você sequer morreu ainda. Aya sente raiva. Quer dizer para Deus que a condenação era cruel. Que ela salvou vidas, enquanto a sua permanecia esse conjunto de incontáveis dias vazios e tristes. Que quis tirar a própria capacidade de respirar e esmagar seu rosto no travesseiro até que não houvesse mais ar, mas ao invés disso, aguentou toda a sua dor para não o contrariar. No fundo quis acreditar que o poderoso Deus tinha um plano, uma razão para tê-la deixado viva e levado Valentin. Mas era difícil manter a esperança, mergulhada em um mar negro e sombrio da ausência dele, e ela achava que Deus a entenderia, ela achava que Ele conhecia corações. Mas pelo visto, entendia o que queria entender e a jogara naquele castigo eterno porque ela dissera em um momento de profunda dor que não acreditava na existência Dele em sua vida. E como poderia acreditar se mal se sentia existir? Sentiu uma lágrima escorrer pela bochecha. Fina e fria. Não sabia que mortos choravam. Abriu os olhos, verdes como duas esmeraldas, empedrados, fitando o restaurante, esperando o caminhão. 10

— Eu morri há dois anos, quando aquele acidente te tirou de mim. As lágrimas aumentam e Aya sente vergonha por chorar. Aquele sequer é Valentin, só uma criação de sua mente perturbada, da sua vida infernal. Sente-o se aproximar, o perfume doce que ele emanava. Como se ele estivesse vivo, ela consegue sentir o calor de seu corpo, ouvir sua respiração. Sente que não vai aguentar. — É por isso que você está aqui, Aya. Você não está morta, nunca esteve. Precisamos conversar. Minha alma não terá descanso se você continuar presa a mim da forma que está. Algo se aperta dentro dela. Aya se vira para Valentin, transtornada, sentindo o corpo queimar. Não pode acreditar no que ouviu. Ela rezou por dois meses sentada naquela maldita poltrona desconfortável ao lado da cama dele. Pediu a todas as divindades possíveis que o curassem. Na semana que recebeu a notícia que os aparelhos seriam desligados, ela o visitou uma última vez. Observou seu corpo magricela, a perda de peso que deixava as maçãs de seu rosto esmorecidas, a bolsa roxa abaixo dos olhos, a pela pálida. Valentin fora a pessoa mais cheia de vida que ela conheceu, ele iluminava qualquer lugar onde estivesse com suas piadas sem graça e sua risada e estranha e há dois meses ele simplesmente parara de rir. Sua presença quase não mais se notava e tudo que ainda sobrava dele era aquele corpo imóvel. Aya percebeu, naquele dia, que ele estava indo embora há muito tempo, se perdendo mais a cada segundo depois do acidente. Não era justo que continuasse ali, por um capricho dela, achando que ele podia melhorar. Naquele dia, rezou somente para que ele descansasse. Que sua alma encontrasse o caminho da luz que ele foi em vida. Como ele podia? — Eu rezei por você, Valentin. Todos os dias e todas as noites naquele hospital, pedindo para você ficar. E mesmo te amando com todo o meu coração, eu te deixei ir. Eu assinei aquele documento permitindo que eles te desligassem desse mundo. E eu não te deixo descansar? – respiração, suas palavras perdem-se em meio a ira, Aya engasga – Você está morto, Valentin! Morto! Eu não descanso, eu não consigo dormir, eu que tenho que viver sem você! E você não sabe como isso é, porque você não sente mais nada. Mas eu sinto – ela chora, as lágrimas imparáveis, a angústia crescendo em seu peito, quer gritar, esbravejar, faze-lo sumir, mas tudo se resume a soluços – e eu sinto muito. 11

Ele toca sua mão. Ela quer puxá-la, mas o contato com a palma quente e macia é quase reconfortante. Sente falta dele. Tudo o que ela sente nos últimos dois anos refere-se a falta dele. Ele a encara, os olhos azuis úmidos, o cabelo castanho bagunçado com o vento. As lágrimas de Aya não cessam. Ela que abraçá-lo. Ficar com ele para sempre. Nunca mais deixa-lo ir. — Seu corpo está nesse momento na mesa de cirurgia da Victorie, sua colega de trabalho – ele começa devagar, medindo as palavras, quase como se fosse difícil faze-la entender – você sofreu um acidente, um carro colidiu com o seu. Um dos estilhaços do vidro atravessou seu peito, perfurou uma artéria. Eles estão tentando, Aya. Por isso estou aqui. Preciso falar com você antes que meu tempo acabe. — Não estou morta? Ela pergunta, Valentin sorri. — Não. Você não está morta, não como eu. Está dando trabalho para a Vic, mas ela está indo bem. Esse tipo de experiência é o que chamamos de transição, você pode seguir em frente, ou voltar. É uma questão de escolha. Mas esse não é o ponto, preciso que me escute. — Estou ouvindo. Ela diz. — Você disse que estou morto. Eu estou, de fato – ele sorri, Aya quer socá-lo – mas você não está, Aya. E por mais que você acha que não, eu tenho estado com você nesses últimos dois anos. E te visto, sentido o que você sente. Eu sei da sua dor, e da falta que você sente de mim. Sinto de você também, Aya. Sinto muito. Ele respira fundo, uma lágrima grossa escorre por seu rosto belo. Aya sente o coração se partir. — Mas preciso que me deixe ir. De verdade, Aya. Você precisa viver. Não pode continuar existindo em função da minha morte, isso é cruel para você e me impede de seguir meu caminho. Minha alma está presa a terra por conta do seu sofrimento. Sinto que é minha culpa e eles não aceitam culpa no lugar onde devo ir. – ele para, estendendo a mão para secar as lágrimas dela – você é a mulher mais incrível que eu já conheci. Eu amo você com todo o meu coração, por isso preciso que continue, Aya. Que você seja feliz. Que deixe de se fechar na sua solidão e tristeza, as pessoas que te amam estão preocupadas com você e eu não posso carregar o peso de ter te tirado a vida. É pesado demais. — Você está me pedindo para voltar? — Estou te pedindo para ser a Aya que eu conheci. Aquela grande mulher cheia de 12

sonhos e disposta a realizar todos eles. Me apaixonei por você pela forma como você via a vida. Seus olhos verdes tinham sempre um brilho de esperança que me tirava o ar – Aya chora, tudo o que não chorou nos últimos dois anos. As lágrimas escorrem e se perdem. Ela o ama, tanto que parece sufocar – Não posso conviver com o fato de que você simplesmente deixou de ser quem era depois que me fui. Cumpri meu destino, Aya. Não era meu dever ficar. Mas você ainda está lá. Você é amada e tem uma missão. Precisa cumpri-la. — Como farei isso sem você? Questiona, o peito dolorido como se sentisse o vidro que quase a matou. Sua memória reproduz recortes dos últimos meses, os olhares de pena, a tensão que paira sobre sua presença, a preocupação de sua mãe. A ansiedade, a angústia, os rabiscos da terapeuta em uma receita, os antidepressivos, a dor. Estava perdida. Sentia- se perdida. — Você nunca precisou de mim para qualquer coisa, Aya. Nosso amor era livre e você era completa sem mim. Continua completa agora. Amar você me salvou, preciso que deixe meu amor te salvar também. Ele a toca. Primeiro desenhando linhas invisíveis na sua mão, depois correndo os dedos pelo seu braço, finalmente alcançando sua nuca. A puxa para si. Aya sente o ar faltar. Ele a beija. Seu coração se espedaça, para ser montado de novo. Sente uma chama de vida queimar em seu estômago, caminhando por sua traqueia, explodindo em seus lábios. Quer fazer à vontade dele. Voltar a vida e vive-la. Quer deixa-lo orgulhoso. Ser a mulher que ele conheceu, que ele amou e admirou, até o último dia de sua vida. Precisa ser. Valentin sorri em seus lábios. O mesmo sorriso que ele a entregava depois de conseguir fazê-la concordar em retirar as cascas de seu pão. Ainda segura sua nuca, mas se afasta para olhá-la nos olhos. — Obrigado. Ele diz. E Aya sabe que ele está se despedindo outra vez. Mas não sente que o perde. O calor de seu corpo permanece a aquecendo. Ela sente o peito vivo, queimar em amor. — Nunca esquecerei de você. Ela promete. O sente beijar sua testa outra vez. É puxada para longe dos braços de Valentin. O toque dele desaparece. O corpo físico some. Ela continua sentindo sua presença em seu coração. Seu corpo salta na cama. Ela acorda. Abre os olhos para a luz branca do quarto do hospital. Vira-se para encarar a mãe e sorri. Está viva. Como nunca esteve antes. 13

Autora: MARCELA DA SILVA BARBOSA A AMIZADE SEMPRE PREVALECENDO Com Isabella passando todos finais de semanas com Dayane, como combinaram depois de ter passados tantos anos sem se verem, e com seus dias da semanas bem corridos, ela estava vendo muito pouco seu noivo Maicon, e nos finais de semana ele não aparecia nem mesmo durante a noite, sempre dava uma desculpa diferente, Isabella achava que era porque ele estava só querendo respeitar o espaço delas, e um dia teve a ideia de convida-lo para passarem um dia do final de semana juntos os três, irem passear e almoçar no shopping e depois irem para a casa de Isabella assistir um filme. Dayane já sabia oque poderia estar acontecendo, ela foi o grande amor de Maicon aos dezesseis anos e ele o seu, sendo isso um segredo que ela nunca contou para sua amiga, nem mesmo depois de chegarem no Brasil e serem apresentados um para o outro, desde quando Dayane o viu através de fotos lá da França ficou mexida, mais prometeu para ela mesma que não iria fazer nada que pudesse magoar sua amiga, mesmo sabendo que todo aquele amor que sentiu aos dezesseis anos não tinha acabado, decidindo ela que deveria continuar como estava, pois acreditava ela, que Maicon já não a amava mais, e sim Isabella sua amiga, e não valeria apena estragar a amizade e o relacionamento deles. E com o passar do tempo Dayane logo deduziu depois dessas desculpas dadas por ele todos finais de semanas, que talvez ele também tenha ficado mexido, e concordou com a ideia de Isabella em convida-lo para passarem um dia do final de semanas juntos os três, e daí poder tirar suas conclusões. Maicon tentou recursas o convite com outras desculpas mal elaboradas, mas Isabella insistiu muito...E depois de muitas insistências ele aceita o convite. Ao chegar no dia do final de semana, que foi em um domingo, estava lá os três no shopping sentados à uma mesa almoçando, Maicon com a cabeça um pouco baixa e com a cara fechada, Isabella e Dayane conversando e rindo, e então Isabella levantou e falou que iria ao banheiro e já voltava, Dayane falou que iria com ela, respondendo ela rapidamente dando uma piscadinha que não precisava, ao Isabella sair Maicon logo abaixou a cabeça, e Dayane perguntou, o que estava acontecendo? E respondeu ele, que nada, ainda com a 14

cabeça baixa, e ela pede para ele olhar nos olhos dela, ao ele olhar seu coração bate aceleradamente sendo notável na sua blusa. E mais uma vez ela pergunta olhando nos olhos dele, o que está acontecendo? Pode me falar, ele olhando bem dentro dos olhos dela falou que ela ainda mexia com ele. Tudo bem vai passar! Exclama ela. Não vai passar eu sei, pois não tenho mais dúvidas que ainda te amo, e que quero ficar com você, falou Maicon em um alto e bom tom. De repente Isabella chegou de volta à mesa e percebeu que os dois estavam com os olhos cheios de lagrimas, confusa perguntou o que estava acontecendo, querendo uma explicação, Dayane a chama para irem embora, que lhe explicaria tudo quando chegassem na casa dela, ela concorda, e foram os três para a casa de Isabella como tinha sido combinado, no carro todos foram caladas, ao chegar lá Dayane começa falar para ela que Maicon foi seu grande amor aos dezesseis anos e que ainda continuava o amando, mais tinha decidido não interferir pois achava que Maicon lhe amava, e hoje descobri...travada ela, e não consegue terminar de falar. E Maicon continua...Que eu ainda a amo, Isabella foi lindo oque agente viveu, me apaixone pelo seu jeitinho, pelo seu olhar, por cada detalhe em você, você é uma mulher incrível, me desculpa. Mais ainda a amo. E sem falar nada Isabella levanta do sofá onde estava sentada, olha para eles dando o goto seco, com os olhos cheios de lágrimas e vai embora sem falar nada. Depois de ter se passado meses sem as duas se comunicarem, Isabella resolve procurar Dayane, e falou que estava sentindo muito por não ter dado mais notícias, pois ela precisou de um tempo para processar o que tinha acontecido, que estava sentindo muito a sua falta, que não queria perde-la, e intendeu o quanto eles se amam de verdade. Depois de anos que se passaram, Dayane e Maicon se casaram, Isabella encontro um homem que realmente lhe amava de verdade, que não era só paixão, e as duas continuaram passando os finais de semanas juntas, e até mesmo as vezes em quarteto. 15

Autor: WEVERTON DE ARAÚJO RODRIGUES Certa manhã ao acordar e se preparar para a sua caminhada matinal, o moço da rua ao lado recordou a conversa que teve com Esther, então saiu... mas os pensamentos tomavam forma e tamanho. Quando ele terminou sentou em um dos bancos da praça, parou por um tempo, tomou uma água, e com olhar longínquo continuou sentado e pensativo. Decidiu que não iria trabalhar naquele dia, estava prestes a tomar uma decisão radical. Aquela conversa tinha despertado nele sentimentos que o fizeram perceber a insatisfação com o modo em que estava levando a vida, não apreciava mais a vida urbana o estresse do trabalho, o trânsito, a poluição, o barulho, a pressa das pessoas, ele entende que aquele estilo de vida não era mais para ele. No entanto fica muito apreensivo em tomar medidas que mudaria sua vida drasticamente tinha receio e medo da mudança. Ao voltar para casa ele encontra com Esther e comenta com ela a respeito das pretensões que aquela conversa tinha despertado nele: gostaria de voltar para o interior, levar uma vida mais pacata, comprar uma propriedade com um amplo espaço para que eu possa plantar e colher, utilizar energias renováveis, voltar a praticar algumas atividades de outrora, além de estar mais próximo da minha família. Mas tenho medo de Esther tenho medo de largar tudo e não der certo, ou me arrepender. Esther olha nos olhos dele e diz: sabe naquela ocasião eu pude ver o brilho nos teus olhos, a sua descrição vinha do coração, não é loucura da sua cabeça eu te conheço pouco mas já foi o suficiente para saber o quanto aquele lugar é especial para você. Não sinta medo com certeza não é medo que seus olhos expressam! Ele: é... né você tem razão e se der errado quem se importa? eu me arrependeria muito mais se não tentasse. Esther: não vai dar errado eu tenho certeza disso. Ele: eu vou pedir demissão imediatamente. Esther: eu só lamento a sua partida você é um bom vizinho, mas deve seguir em frente! Ele: olha... seja como for, se não fosse por você eu jamais teria parado para pensar nisso, e com certeza não estaria correndo atrás dos meus sonhos. Você de um jeito incompreensível desperta essa vontade de viver em mim Esther muito obrigado! seria uma grande honra para me se você me visitasse um dia desses lá. Você topa? 16

Esther: é mas é claro! Então os dois se abraçam e se olham profundamente nos olhos. Se despedem. Ele: até breve Esther! Ela: mal posso esperar. 17

Autora: JOSEFA DE FATIMA LIMA SOUZA ESTRELA SUPERAÇÃO ATRAVES DA ESCRITA Estrela, uma jovem romântica, esperta mais também bem tímida, que morava no interior nordestino, menina você vai envelhecer antes do tempo! já dizia a sua mãe Ana. Pois essa jovem tinha sorriso farto e olhos brilhantes, mais que não havia aprendido a expressar seus sentimentos com os seus pais, porem eles não tinham culpa, também não haviam aprendido com os pais deles. Foi no início da adolescência que ela se fechei para o mundo, logo após uma grande perda que sofri. Ao mesmo tempo que chorava por horas e horas, ela foi aos poucos se fechando em seu próprio interior na tentativa de fazer com que, àquela dor fosse aos poucos se esvaindo, no decorrer desse caminho o sorriso se tornou escasso e os seus olhos não brilhavam mais com tanta intensidade e aos poucos se tornaram tristes e distantes. Sempre se pegava olhando para o horizonte e pensando como faria para expressar seus sentimentos e pensamentos para com as pessoas, pois isso era uma grande barreira 18

para se comunicar com a família, amigos e colegas. Além de não conseguir viver a experiencia plena do seu primeiro e grande amor, sofria calada e chorava em silencio. Mesmo com todas essas dificuldades ela tinha um sonho de um dia conseguir se expressar e quem sabe, até mesmo para o mundo inteiro, todos poderiam entendê-la. Em uma bela noite de céu estrelado e uma enorme lua, a jovem adormeceu com uma grande tristeza em seu coração, pois Jhon o rapaz pelo o qual ela tinha se apaixonado tinha ido embora, pois estava inconformado por não ter os seus sentimentos correspondidos, no entanto estrela não conseguiu falar o que sentia por ele. Foi nessa mesma noite que Estrela teve um misterioso sonho. Ela estava em baixo de um cajueiro e não conseguia parar de chorar, então apareceu um jovem alto, moreno, com um sinal bem abaixo do seu olho esquerdo, se aproximou e falou para estrela não ficar triste, você vai descobrir uma forma de colocar esses sentimentos para fora e então conseguir se expressa como deseja. Como, Perguntou a jovem? Olhe, não existe apenas uma forma de se expressar, pois além da fala e das expressões corporais, você também pode fazê-la através da escrita, pense nisso, a escrita te da liberdade de expressão e de imaginação, disse o jovem, desaparecendo em seguida. Depois de alguns dias, em uma bela tarde, sentada em baixo de um cajueiro admirando o pôr do sol, surgiu um tímido sorriso no canto da boca que anunciava uma ideia, foi quando Estrela pegou um caderno que estava ao seu lado e começou a escrever as primeiras palavras. Em um primeiro momento ela escreveu seu nome e da sua família e depois, características suas que gostava e alguns sentimentos. No dia seguinte no mesmo horário, embaixo do cajueiro, ela percebeu uma coisa que estava acontecendo com frequência, os sonhos com aquele rapaz moreno eram recorrentes, foi então que ela decidiu escrever sobre as histórias que aconteciam nos seus sonhos, que era diferente em cada sonho. Aos poucos o sorriso tímido foi dando espaço para mais sorrisos e seus olhos estavam cada dia mais brilhantes. A jovem havia se apaixonado pela escrita e por tudo o que a envolvia, todos perceberam a sua mudança. A escrita além de ajudar a jovem a aprender a se expressar, ainda fez com que superasse a grande perda que tinha acontecido no início de sua adolescência, a morte de sua avó mãe, a mulher que a tinha criado desde seus dois anos. Estrela começou a escrever cartas para a sua avó, contando da sua vida, seus 19

sentimentos e de tudo o que acontecia com ela, inclusive de Jhon. A chegada de um rapaz na pequena cidade que ficava, cerca de uma hora do sitio onde mora Estrela, a tinha intrigado, então ela resolveu ir conhece-lo. É você, só pode ser você! O rapaz que aparece em meus sonhos diz a jovem, espantado olhado para o rapaz. Sem entender nada, o rapaz fala, quem!!! Você parece muito com ele diz a jovem, depois de um bom tempo de conversa, o rapaz lhe mostra uma foto, há meu Deus! Não é você, é ele o rapaz da foto e dos meus sonhos! Tenho certeza agora. Esse, é o meu irmão gênio Júlio falecido a algum tempo, éramos idênticos, mas ele nasceu com um sinal e eu não tenho, diz o rapaz, ele era escritor e foi quando o perde que comecei a escrever e esse me deu forças para continuar em frente. Esse foi o motivo que me trouxe a essa aqui, assumi a sociedade que meu irmão tinha em uma editora, não conhecia essa cidade, mais o meu sócio é daqui e temos um projeto. Quando Júnior descobriu que Estrela escrevia alguns textos e que tinha começado por causa do seu irmão, pediu para ler, e ela escolheu alguns e inclusivo o que fala de Jhon. Depois de alguns dias Júnior entrou contato e marcou uma reunião com ela. Gostamos muito do seu texto Estrela, disse júnior, inclusive esse foi o texto que o meu socio mais gosto, vendo que o texto escolhido era o que contava a história do primeiro e único amor de sua vida, ela ficou emocionada e comentou com ele, mais logo a moça perdeu a voz ao ver entre o socio de Júnior, você! pergunta o rapaz a Júnior, essa é a jovem que escreveu aquele texto? Sim, vocês já se conhecem falou júnior, sim essa é a nossa que de quem eu falo pra você sempre, a quem eu nunca esqueci responde Jhon. Estrela realizou enfim o seu sonho, assim com Jhon o mundo também poderia saber dos seus sentimentos, foi através da escrita que ela havia se declarado para Jhon. TOP SHOW COM ARTE: Entrevista com uma artesã em porcelana fria (biscuit). O “Top Show com arte” é um programa que está no ar desde 1980 todos os sábados as 19h, do canal da TV cultura, com estudio em São Paulo, tem como apresentadora, uma das melhores artitas plástico do brasil atualmente e conhecidora de diversas formas de arte,Tarcila, nome dado por sua mãe e grande adimiradora da artista Tarsila do amaral, que foi uma das grandes pintoras Brasileira. É um programa de intrevista, que recebe 20

grades artistas de todo Brasil, desde pintor, escultor, artesãos até escritores. No Top Show de hoje vamos receber uma artista do Nordeste, vem pra cá Laura, seja bem-vinda fale um pouco de você. - Olá Tarsila, é um prazer lhe conhecer, meu nome é Laura tenho 30 anos sou de Jaçanã uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte, mas passei a vida toda em zona rural, cresci com os meus avós, porém a casa dos meus pais era em frente. Somos em seis irmãos, com origem bem simples de família de agricultores, teve uma infância um pouco difícil, mas não trocaria por outra, pois isso me faz ser quem sou e tenho orgulho da Minha origem. Bom Laura me fala como você descobriu a arte, como ela chegou em sua vida. - Olha... foi bem cedo mesmo, acredito que o primeiro contato foi na escola na quarta série, eu tinha mais ou menos uns 10 anos, onde a professora passou uma atividade para cada aluno trazer algo artesanal feito por nós mesmos. Eu resolvi fazer uma panela de barro, pois sempre achei bonito esse tipo de peça, fiz, pintei e apresentei a minha peça, todos gostaram e até se admiraram do resultado que conseguiu entregar por ser uma criança. Desde então aprende vários tipos de artes e que me ajudaram com trabalho que faço hoje, mas jamais imaginei chegar aonde cheguei. Fala um pouco do seu trabalho, como você aprendeu, qual é o material que você usar? - Eu trabalho a 15 anos com a porcelana fria, conhecida aqui no Brasil como biscuit, a massa que uso para modelar as minhas peças é feita com: amido de milho, cola branca e água é uma massa para modelar que seca ao natural. Sempre achei incrível esse trabalho que conheci através de uma prima que morava em São Paul, ela sempre vinha para o Nordeste e um dia sabendo do meu interesse ela trouxe uns materiais e me ensinou a modelar minha primeira peça, a partir desse dia não parei mais, fiz vários cursos e me aperfeiçoei em peças humanizadas e foi através dessa técnica que fiquei bem conhecida na minha área. Então Laura, temos umas pessoas que querem mandar uma mensagem para você, Primeiro vídeo: _Sou Maria a mãe de Laura bem o que posso dizer, Laura sempre foi uma menina meiga, tímida e bem romântica, chorava enquanto assistir filmes, mais também ria de tudo, até em momentos difíceis ela conseguia enxergar um lado positivo. Desde criança eu já percebi 21

essa facilidade que ela tinha com trabalhos manuais ela sempre foi bem criativa e delicada com as coisas que faziam, é uma filha bem amorosa, tenho muito orgulho de você minha filha. Segundo vídeo: _Olá Laura, sou a Marta e faço artesanato a algum tempo, já Participei de um workshop que você deu em minha cidade Manaus. Você foi a minha inspiração para começar a trabalhar com biscuit e até hoje aprendo muito com você, obrigado. Lindas, agradeço a minha mãe que sempre acreditou em mim e a Marta pelo carinho e também a você Tarsila, pelo convite. Obrigado Laura, pela participação em nosso top show com arte de hoje. ENTRE CACTOS E ABRAÇOS Foi nas entranhas do Brasil onde nasci, falo com todo orgulho sou nordestina, me criei em sitio, andei descalça, comi fruta do pé, alegria de criança era tomar banho na chuva, sentir a água cair no corpo e o cheiro da terra molhada, onde as noites eram embaladas pelas cantigas dos sapos na poça d’água. Tempos difíceis de seca, quem é nordestino já enfrentou, mais pode ser um lugarzinho danado de bom para se viver, onde reina o sossego, onde dormimos com as portas abertas e o único medo que temos e que entrassem animais durante a noite em casa, enquanto dormiamos. “Entre serras e campos, no meio da sequidão Surgem os cactos Pontos verdes na imensidão do sertão Símbolo da nossa terra Nossa foça Nossa resistência Símbolo da vida no meio da sequidão Alimento para os animais Em tempos difíceis 22

O homem também come Matando a sua fome E assim vamos vivendo e aprendendo” (Autora: JFLSouza) Acordamos todos os dias com o cantar do galo e o nascer do sol, com raios que atravessam as telhas e iluminam todo o quarto e como já dizia meu avô “ acorde cedo, não deixe o sol passar por cima de você pois faz mal”. Já morei em casa de taipa (feita com varas entrelaçadas e reboco feito de barro), ficavam para fora algumas madeiras onde minha mãe usava para rezar as nossas “ínguas”. Tempo onde os mais velhos eram tratados por senhor, não porque eles eram velhos, mais como forma de respeito, eram vistos como pessoas tomada por sabedoria de vida, repletos de experiência e conhecimento, que herdaram dos seus antepassados, conheciam plantas medicinais que serviam para curar várias doenças, sendo que mais tarde a maioria foi comprovado pela ciência e usada pela indústria farmacêutica na produção de medicamentos. Lembro-me bem quando nos reuníamos ao pôr do sol ao lado daquele rádio de pilha junto com os meus avós para ouvirmos cantiga de viola e quando precisávamos estudar a noite, acordava no dia seguinte com o nariz cheio de tirna, pois usávamos lamparina para clarear as noites e quando olhava o céu estrelado, via as três Marias, os mais velhos já conheciam se naquele ano ia ser bom o inverno isso só em olhar para os astros (céu) e se ia fazer fartura na plantação ou se iriamos enfrentar mais uma brava sequidão onde se perdia a plantação e morria de cedo a criação. Época em que não conhecíamos a tecnologia e onde fazíamos nossos próprios brinquedos, éramos todos unidos, ajudávamos uns aos outros e que bom mesmo depois de muito tempo pode perceber que ainda há um vestígio dessa união, quando fui em uma casa de farrinha onde todos ajudam a raspar a mandioca e depois todos saem com os seus bolos de massa para fazer beiju para a família. Vivemos nos tempos de hoje onde tudo pode ser descartável tanto os objetos quanto as relações, onde cada vez mais consumimos para nos satisfazermos. Tudo passa muito rápido, esquecemos de aproveitar, perdemos tempo demais com coisas que se pararmos para 23

pensar, não tem importância alguma. Quem mora no interior em região de sitio, não temos muita opção de trabalho se não, na agricultura, mais como sempre tive facilidade com trabalhos artesanais, desde cedo já comecei a fazer artesanato como forma de complementar a renda, e depois que fui morar na cidade depois de adulta continuei fazendo com fonte de renda principal. Quando falo de todas essas experiências, há quem diga que sou uma pessoa bem velhinha, mais não, sou jovem, é que no interior nas regiões mais afastada de sitio tudo anda mais devagar, tem seu próprio tempo a onde eram os últimos lugares onde chegavam as coisas como: informações, assistência social tecnologia e até mesmo a violência. O REENCONTRO Laura, também conhecida como Estrela, apelido dado pela sua avó, por ser uma menina bem criativa, tinha duas paixões em sua vida, que á complementavam e uma dava vida a outra: uma era a modelagem em biscuit e a outar a escrita. Foram essas duas paixões que, nessa paisagem de cactos verdes e terras áridas, castigadas pela seca a possibilitaram sonhar, foi através da escrita que Laura superou um trauma de infância e também aprendera a se expressar e ser uma jovem comunicativa, mas ela foi além disso, direto do interior do Nordeste para o mundo com a sua arte. Também foi através dos seus textos que ela reencontrou o seu primeiro e grande amor da adolescência e foi através dos textos que ela escrevia que, conseguiu falar de todos os seus sentimentos mais profundos por aquele rapaz. Jhon enfim viu acontecer uma das coisas que ele mais sonhou em ouvir, ele viu Laura se declarar para ele, em cada palavra que ele lia daquele texto que ela havia escrito, contando a história dos dois e então ele percebeu que aquele amor que achava que não era correspondido por Laura, que tinha feito com que partisse, fez ele se tornar um homem forte, porem inseguro em seus sentimentos, mais feliz em perceber o quando havia sido amado por Laura em silencio todos esses anos. Então Jhon resolveu regressar a morar em sua terra natal, a qual ele sentia imensa saudade desde o momento que partui e a falta que a sua familia e amigos que lá morava, faziam a ele. Após longas conversas, perceberam ainda o quanto era intenso seus sentimentos, 24

mais que já havia passado muito tempo e já eram adultos que não se conheciam mais, porem aquele lindo sentimento ingênuo e uma paixão em comum, a escrita, fizeram com o que se tornassem grandes amigos de confidencias e um sempre apoiava o outo em seus sonhos e aventuras. Porem, todos que os conheciam, percebiam o brilho no olhar dos dois quando se cruzavam, ainda ficavam com as bochechas rosadas, quando um olhar se perdia no outro, com suspiro profundo, mais que de repente ouvia o coração disparar, como era bonito de ver a alegria daqueles dois quando estavam juntos... 25

Autora: GICÉLIA DE SOUZA SILVA A FAMÍLIA Olá, me chamo Clarissa, você deve ter ouvido falar sobre mim, eu sou um dos voluntários do Cantinho Feliz, que a Isabel citou algumas vezes. Essa semana estamos organizando uma ação com ajuda de voluntários de toda parte do mundo, para a doação de alimentos, roupas, sapatos, comidas e muitas festividades para alegrar o coração dessa criançada. Virão no total de 20 voluntários daqui a 10 dias para nos ajudar nessa missão. Passaram-se os 10 dias, chegaram todos os voluntários, e todas as crianças estavam eufóricas, e claro Isabel fez questão de recepcionar eles; ela quis recepcionar eles para que de alguma forma retribuir todo o carinho e disposição que eles estavam trazendo. Então Isabel se posicionou na porta da entrada do abrigo, foi quando vi todos chegarem. Todos eram muito legais, brinquei com todos, eles eram muito amáveis, mas tinha dois em especial a Geovana e o Bruno, eles eram um casal do Brasil, a minha aproximação com eles foi inevitável, quando abri a posta do orfanato, algo me dizia que eu finalmente tinha encontrado minha família, parecia que eu os conhecia de outras vidas. Passaram-se alguns dias eles me procuraram e me falaram que iriam me adotar, fiquei muito feliz. Oi, sou a Geovana, e sou casada com o Bruno, trabalhamos na área de medicina, e também somos voluntários, e o meu sonho é ter uma família, mas não consigo gerar filhos, pois tenho um problema de esterilidade. Viemos para o Cantinho Feliz, pois queríamos dar um pouco do nosso amor fraternal, e já que não temos filhos, queremos distribuir esse amor, para essas crianças. Quando chegamos aqui, me deparei com a Isabel, e quando a vi, soube no mesmo instante que ela era a minha filha, e gerada no meu coração; no mesmo instante olhei para o Bruno e disse a ele que tinha encontrado a minha família, e ele simplesmente olhou para mim e disse, então agora somos pais. E foi assim que começou a história da minha nova família; eles entraram com o pedido de adoção, e hoje sou a criança mais feliz do mundo, encontrei a minha família. 26

Autora: CAMILA VICTÓRIA MARTINS DE OLIVEIRA O MISTÉRIO DE ANNE Alguns dias depois de me reencontrar com minha mãe finalmente pude entender tudo oque de fato havia acontecido com ela, passamos a nos ver sempre que podíamos, eu até a convidei para ir morar comigo, mas ela disse que não poderia aceitar pois não queria invadir minha privacidade. Depois de tudo isso eu já me sentia muito mais leve, por tê-la novamente perto de mim, nós estávamos compartilhando histórias, medos, aprendíamos a nos reconectar. Foram dias de longas conversas, mas também de muito silêncio da parte dela, pude perceber alguns sinais que apontavam nossas diferenças e mesmo com a saudade que estávamos uma da outra, ainda possuía alguns vazios, quero dizer, por exemplo, eu gostava de passar os feriados em família, cresci assim, compartilhar, conversar, a ter um lar, mas minha mãe, não pode ter tudo isso por muito tempo, com isso ela aprendeu a ficar sozinha, ou conviver com pessoas estranhas, não se apegava a ninguém, muito menos podia confiar em qualquer um. Tudo isso era compreensível, não foi fácil tudo o que ela viveu, às vezes a pegava com o pensamento longe, parecia até um pouco aflita. Uma semana antes de começar as aulas na minha faculdade passei no lar de idosos, onde minha mãe ainda trabalhava, para chama-la para um passeio, assim eu fiz, mas chegando lá ela apenas conversou um pouco e recusou o convite em seguida, eu não insisti, voltei para casa, a fim de aprontar minhas coisas. Durante os dias que se passaram minha mãe não entrou mais em contato comigo, eu também não tive tempo de ir até lá, apenas liguei e mandei mensagem, mas ela não me respondia, nem atendia. Decidi então ir até lá na noite anterior ao dia de minha viagem, chegando lá a procurei, mas não via sinal dela, então perguntei a uma enfermeira se ela a tinha visto, a mesma me respondeu que sim, somente na noite passada quando minha mãe havia arrumado suas coisas e indo embora, a enfermeira disse que antes ela havia deixado algo para mim, era uma carta. Enxuguei minhas lágrimas e a li. “Anne querida sinto muito por não ter me despedido de você, não sabia ao certo oque lhe dizer, mas saiba que dessa vez fui embora por opção minha, entenda, eu não consegui ficar, meu sonho sempre foi ter você em minha vida novamente, mas toda essa mudança me apavorou, não sei ainda ser a mãe que você precisa, e depois de tudo que passei, as identidades que precisei fingir, 27

não consigo ser eu mesma ainda, espero que um dia me entenda minha filha e me perdoe, pois ainda há muito oque contar-lhe sobre seu passado, embora eu ainda não saiba quando e como confio que logo nos veremos de novo e eu possa lhe contar tudo. Com amor mamãe!” Quando terminei de ler a carta, sequei minhas lágrimas e fui embora correndo para casa, não sabia ao certo oque pensar, oque fazer, tudo estava desmoronando outra vez. Decide então ir naquela noite mesmo para a universidade, pegaria minhas malas e iria embora, só precisava sair dali. Chegando em casa entro depressa, mas ao chegar na sala me deparo com dois homens, vestindo preto, um mais velho entorno dos cinquenta anos e o outro quase da minha idade, na verdade ele era idêntico a mim, não só na idade. Tentei correr, pedir ajuda, eram homens estranhos que tinha invadido minha casa. Mas ao tentar correr, um deles, o mais jovem me segurou, dizendo: − Olá maninha, pra onde vai com tanta pressa? O sorriso sarcástico em seu rosto me fez estremecer, minha cabeça girava, meu coração parecia que iria sair pela boa. Tentei me soltar, mas já haviam me colocado em um carro, e então como se meu corpo gritasse eu desmaiei. E desapareci. Naquela noite ouvi alguns barulhos, fui até a janela para saber oque havia, mas apenas vi um carro preto saindo da casa da jovem Annelise. Depois de dias a jovem ainda não havia da do sinal, meses... O que será que houve com a pobre Anne? 28

Autor: YTALO ERNANNY AZEVEDO COELHO “UM PERÍODO DE MUITA BRINCADEIRA E APRENDIZAGEM” Essas duas semanas de férias no sítio do avô de Marcelo, foram muito boas e proveitosas, tanto para ele quanto para os seus amigos: Flávio, Juliana e Marina, pois eles realizaram diversas brincadeiras, que não estavam acostumados e também aprenderam muitas coisas novas. Na primeira semana eles realizaram muitas atividades do campo, de manhã eles iam até o galinheiro colher os ovos das galinhas e viram que não era tão fácil quanto parecia, e à tarde subiram nas árvores para colher e comer algumas frutas do pomar. Flávio, já foi até perguntando: - Eu posso levar algumas dessas frutas pra casa, pois os meus avós também moram na cidade, e não estão acostumados a comê-las? - Mas é claro que pode, vou colocá-las em uma sacola pra você levar, tá. - respondeu o avô de Marcelo. O avô também lhes ensinou, como cultivar e colher os vegetais e os legumes da horta e os cuidados que deviam tomar para crescerem fortes e saudáveis, e depois serem consumidos. Juliana, que não era acostumada, acabou achando um passatempo bem interativo, e disse: - Acho que vou pedir a minha mãe, para fazer uma horta no quintal da minha casa, para meu irmãozinho e eu podermos consumir vegetais frescos e saudáveis todos os dias. Quando chegava a noite o avô sempre contava uma estória para as crianças antes de dormir, e na casa só tinha dois quartos o do avô e um quarto para visitas, e como eram muito pequenos eles tiveram que se dividir, Marcelo dormia com o avô no quarto dele junto com o seu melhor amigo Flávio, e Juliana e Marina dormiam no quarto de hóspedes. E durante a segunda semana aconteceram mais atividades prazerosas e educativas. O avô lhes mostrou o estábulo onde guardava os cavalos, e Marcelo já foi questionando: - Vovô podemos cavalgar neles aqui pelo seu sítio? - Claro que podem, meu netinho – disse o avô. E as crianças cavalgaram quase o dia todo, e para Flávio, Juliana e Marina, que 29

nunca tinham andado de cavalo antes, foi uma experiência nova e bem legal. Eles também realizaram brincadeiras novas, das quais não estavam acostumados, como: pega-pega e esconde-esconde e depois foram pescar e tomar banho de rio pela primeira vez na vida. Marina que só havia nadado em piscina, percebeu o quanto era bom e disse toda admirada: - Nossa! A natureza pode nos oferecer muitas coisas boas. Quando eles se deram conta as duas semanas já haviam chegado ao fim, mas eles aprenderam muitas coisas e disseram que nunca iriam se esquecer de todas as coisas boas que aprenderam, e uma delas foi a respeitar os animais que viviam junto com eles e manter distância dos que viviam no mato. Quando eles finalmente chegaram em casa, foram correndo contar como foi divertido lá, tudo que fizeram juntos, tudo que aprenderam e tudo que apreciaram. 30

Autora: MARIA JENNIFER V. GOMES DA CRUZ A LINDA HISTÓRIA DE MARIA ESTER : AMIZADE OU INTRIGA? Lembram que antes eu dizia, ‘’são cenas para o próximo capítulo’’? Pois chegou e com ela o final da nossa história. E aí? Vamos lá? Com o passar do tempo e cada vez ficando mais íntimas, eu e Maria Ester resolvemos morar juntas, já que as outras meninas que moravam com ela estavam perto de se formar e voltar para casa já tinham avisa a ela que não passariam mais dois meses e que ela podia ficar à vontade para procurar outras pessoas para dividir o aluguel e todos os gasto do apartamento. E adivinhe só quem ela chamou? Isso mesmo, ‘’euzinha aqui’’. E é claro que aceitei, já que também estava passando pelo mesmo processo que ela e juntamos o útil ao agradável. Lá pelo mês de agosto quando voltava as nossas aulas do segundo semestre, resolvemos tudo e começamos a morar juntas. Nossa, os primeiros dias foram incríveis, muita conversa, risos, brincadeiras..., mas depois começaram a vim os problemas já que nada é perfeito, tínhamos passado pelas flores e agora estamos nos espinhos. São muitos desentendimentos. Eu com a minha mania de querer tudo organizado, limpo e no seu devido lugar. Já ela um pouco bagunceira, mas fui levando, levando... e formou aquela bola de neve e só aumentando até que, explodi. - Maria, pelo amor de Deus como você consegue ser tão desorganizada? Me vê fazendo tudo aqui dentro e não ajuda em nada, nem a manter a organização. Nós duas já muito cansadas de tudo começamos a discutir feio. E rapidamente ela rebateu, com todo o estresse e ignorância possível em uma pessoa só. - Aaaah, me poupe né? Eu não peço pra você fazer nada, faz porque quer. E eu respondi: - Faço mesmo, porque senão isso aqui vira um lixão nas suas mãos! E eu estou exausta disso tudo aqui, você não me ajuda em nada, não sou sua empregada, não sei como como essas outras meninas suportavam, deviam ser piores que você!’’. 31

Peguei minha bolsa com algumas coisas, minha mochila, abri a porta e saí, já não aguentava mais, fui para casa de uma outra colega que me acolheu e eu fiquei uns dois dias, mas não tive coragem de voltar para casa, ainda estava muito abalada com tudo aquilo tinha acontecido e imaginava, ‘’mas por que isso tudo foi acontecer?’’, passei uns dias fora e ela nem ai, por um momento pensei que ela estava era achando bom já que eu havia saído assim. Mas também eu estava preocupada, ela não mandou uma mensagem se quer. Pedi para que minha amiga que havia me acolhido, perguntasse por ela a alguém e já faziam dois dias que ela não frequentava as aulas dela e que ninguém tinham nenhuma notícia. Fiquei desesperada, saí correndo de volta para o apartamento, chegando lá na porta comecei bater para que ela abrisse e a gritar. - Ester?! Abre essa porta, abre essa porta! E nada dela abrir, corri liguei para o dono perguntando se ele tinha uma chave reserva e ele disse que sim, e eu desesperada pedi para que ele trouxe a chave e graças a Deus ele morava ali perto. Ele chegou e me viu daquele jeito e me perguntava o que estava acontecendo e eu só pedia a chave... Assim que abri corri para procurar, quando cheguei no banheiro ela estava caída e descordada, gritei pelo dono do apartamento, assim que ele chegou colocou ela nos braços desceu as escadas e colocou no banco de trás do carro e eu fui junto com ela, chegando lá no pronto socorro ela ainda desacordada colocaram ela na maca e levaram e eu fiquei lá fora muito aflita, chorando muito, andando de um lado para o outro, até que me pediram os dados dela para fazer a ficha. Logo depois chegou uma técnica de enfermagem procurando a acompanhante dela e me veio com notícias. - Maria Ester, teve uma grande crise de ansiedade, a falta de ar fez com que ela desmaiasse e consequentemente ao cair se machucasse, ela tem alguns cortes e feridas devido isso, logo mais, daqui uns 5 minutos você pode entrar na sala em que ela está. Assim que deu o tempo, a técnica veio me chamar e eu fui correndo lá, cheguei e a primeira coisa que eu fiz foi correr e abraçar e pedir desculpa por ter causado aquela situação em que ela se encontrava, ela medicada e ainda fraca, tomando soro na veia só olhava para mim e no canto dos seus olhos as lágrimas desciam. Ela adormeceu e eu fiquei lá ao lado ela, fazendo cafuné em seu cabelo... 32

Quando ela acordou que liberaram ela para ir para casa, pedimos ao senhor, dono do apartamento que nos levasse de volta para casa e assim ele nos levou, chegando lá fiz um chá para nós e fomos conversar e eu já comecei dizendo: - Desculpa por ter causado tudo isso, por causa de limpeza, meu Deus. Ela ainda um pouco fraca falou baixinho: -Não, não é culpa sua, isso aconteceu infelizmente porque eu não tive coragem de conversar com ninguém e aquilo foi acumulando, crescendo dentro de mim, até que eu tive essa crise, e graças a Deus que você chegou aqui para me ajudar. Essa doença me faz ter isso, a dias que eu já não estava em dias tão bons, com muitos problemas, coisas da universidade para fazer e eu me vendo naquela situação tudo acumulando e eu sem vontade de fazer nada de só ficar ali deitada, como se tivesse vegetando. - Nada que aconteceu é culpa sua eu devia ter falado, conversado com você e nada disso teria acontecido, todos os dias eu peço a Deus que tire isso de mim, que eu não estou aguentando mais Dizia Maria Ester ao desabafar o que estava sentido e o que estava lhe causando tudo aquilo. Eu já quase sem palavras vendo-a chorar abraçava e dizia: -Tudo vai ficar bem, tudo vai ficar bem... Começamos a lembrar de tudo que já havíamos passado, o dia que nos conhecemos, a nossa viagem e que viagem incrível, dias foram passando e tudo cada vez melhor e hoje estamos bem! Lembrem-se amizade é mais importante do que qualquer conflito. Moral da história: Se você conhece alguma pessoa que sofre com crises de ansiedade, não fechem os olhos, essas pessoas tendem a se fechar para o mundo, acumular coisas ruins que estão passando. Não seja aquela pessoa que diz, ‘’a bichinha’’, com ar de pena ou que fale, ‘’ah, isso é frescura, falta do que fazer’’, a pessoa que tem crises ela não escolheu ser assim, ou nascer com isso, ela apenas sofrem e precisam de toda ajuda, de um abraço amigo, de um colo para chorar, por mais que você não saiba porque aquilo está acontecendo, só fato de estar presente já é um remédio para essa pessoa, incentivem a tratar com psicólogos ou até com prescrição médica tomar um calmante natural, enfim não fechem seus olhos, fique atento pode está acontecendo dentro da sua casa e você nem sabe. 33

Autor: WILLIAM SANTOS FELIPE O AMOR BERLINENSE Berlim foi o palco de um olhar, um olhar que iniciaria uma nova história, uma paixão, em um tráfego cruzando o dois lados opostos, um trem que cruzava aquela Berlim, que aliava uma cidade dividida, que transformaria duas vidas distintas em uma só. Aquele 1961 era composto de tensão, de um clima iminente de guerra, o êxodo recorrente de migração entre os lados, os tanques de guerra postos uns contra os outros, tudo aquilo colocava em cheque toda a Guerra Fria, a Berlim como ponto principal do conflito, a Crise de Berlim estava instaurada e as divergências quanto a ocupação Berlinense pelos dois lados estava perceptível. Em meio a todo esse clima, estava aquele trem que irá cruzar a cidade em todo aquele caos. Era Março de 1961, Verena chega a estação. A intenção? Entrar em um trem que irá chegar ao lado ocidental, cruzar a cidade, atravessar aquela cortina de fogo na fronteira. Qual o seu objetivo? O garimpo dos livros para a sua livraria no oriente. Duas estações separaram os lados, Verena está no trem seguindo para o ocidente, encontra-se no fundo, no banco esquerdo, olhando pela janela todo aquele cenário e surpreende-se ao reparar as diferenças entre o ocidente e o oriente. A modernidade dos prédios ocidentais, a arquitetura inovadora para a época, uma cidade totalmente nova em tão pouco tempo, isso causava uma sensação de tristeza, mas também de felicidade na jovem - a tristeza em relação a sua realidade, por uma percepção de um ocidente mais próspero, isso também causava uma sensação de felicidade, justamente por essa prosperidade - e toda essa mistura de sentimentos estava sendo demonstrado durante toda a viagem, perceptível em seus olhos. Quinze anos separavam a nova Alemanha com a Alemanha da Guerra. Mas, em comparação com a Alemanha Oriental, parecia ter décadas de diferenças como se fossem dois mundos antagônicos, mas que ao mesmo tempo eram uma mesma cidade. Mas, aquela não era uma viagem qualquer, era uma viagem que mudaria a vida dela, aquele momento estava reservado para o início de uma nova história. O trem para em uma estação, aquele era o momento, todos aqueles sentimentos descritos e expressados se completariam com um novo, quando um jovem entra naquele trem, e o olhar, aquele olhar, ao se deparar 34

com ele, expressava uma paixão, um amor que ela nunca havia sentido antes, e todo aquele sentimento refletia em seu coração, que acelerava naqueles segundos, e que se aliava com o arrepio, e havia a certeza que esse momento seria único, pois toda aquele sentimento em querer ter aquela sensação para sempre, faz com que ela procure tê-lo por perto e passar o resto de sua vida ao seu lado. Ao entrar no trem, Peterson entra pelos fundos, senta-se no lado direito, naquele banco, o mesmo banco que Verena já vinha em viagem, sentada ao lado esquerdo. Peterson, além de militar, é amante da história, como um britânico recém- chegado a Alemanha Ocidental, buscava entender sobre a história do país, uma situação importante para a sua nova realidade. Durante a viagem carrega consigo um livro que refletia isso, um livro sobre a História Alemã e toda a composição cultural característica daquele país. Verena percebe a leitura, era a chance perfeita para o início de uma conversa, como uma leitora de mão cheia, cita o seu conhecimento sobre o livro: - É uma leitura importante, influente para o conhecimento sobre a história alemã - cita Verena. Perterson destaca a importância da leitura: - Sim, me indicaram a leitura como uma base para o início dos meus estudos sobre o país - responde Peterson. - Você não aparenta ser daqui! Ou estou enganada? - Questiona Verena. - Não, tens razão, sou britânico, cheguei a pouco menos de um ano em Berlim - responde Peterson. - E o que um britânico faz por aqui? - questiona Verena. - Sou militar do exército britânico, atuou por esse lado de Berlim, representando o exército britânico\" - responde Peterson. Essa declaração surpreende Verena, era a primeira vez que se deparava com um militar, mesmo com todo aquele contexto militarista estando presente no seu cotidiano. - Mas como isso iniciou para você? - questiona Verena. - Minha família é composta por militares, isso com certeza me influenciou - responde Peterson. Aqueles poucos minutos de conversa chamaram a atenção de Peterson, a leveza de Verena era apaixonante. E foi ali, naqueles poucos minutos, sintonizaram o começo de uma nova história. Ao chegar em sua estação, Verena precisa partir, mas aqueles minutos foram 35

muito marcantes para ser único, deixará seu endereço registrado naquele livro que uniu os dois, para a história prosseguir. A partir daquele encontro, Peterson e Verena constroem uma história de amor, apesar das dificuldades encontradas. Sucessíveis trocas de cartas, encontros as escondidas que ficariam cada vez mais difíceis com o passar do tempo. Conforme a tensão política presente se intensificava, a paixão entre os dois ardia como fogo. Lutando contra os obstáculos, Peterson e Verena, temiam serem separados pelos interesses distintos daqueles que os governavam. Até que de fato acontece. Nos meses prosseguintes de 1961, a construção de um Muro era quase inevitável. Apesar de seu planejamento ser totalmente secreto e as negações da suspeita de sua construção - disse o líder da Alemanha Oriental (Walter Ubricht) em conferência de imprensa internacional \"Niemand hat die Absicht, eine Mauer zu errichten!\" (Ninguém tem a intenção de construir um muro!). Toda essa tensão era determinante para Peterson e Verena, os encontros passaram a ser cada vez mais raros, e os contatos por cartas bem mais restritos. Era uma situação difícil, ambos não queriam se perder, mas não era fácil, o desespero e a falta que faziam um ao outro era perceptível. Peterson começa a pedir para Verena atravessar, planeja planos para lhe auxiliar, mas a tecnologia cada vez mais avançada conforme prosseguia a construção do Muro diminuíam cada vez mais as chances. Verena relutava sobre uma fuga, principalmente por ter que abrir mão de toda a sua história de vida escrita naquele lado de Berlim. O que fazer com toda aquela situação e a iminência de uma separação? Questionava-se Peterson, o medo e o desespero passaram a ser cada vez mais frequentes e inevitáveis quando a primeira versão do Muro foi totalmente erguida. A partir dali, daquele agosto de 1961, do Muro de Berlim completamente erguido, eles não se viram, não se falaram, uma história interrompida por uma divergência ideológica, pelo extremismo, pela política. Exatos vinte e oito anos que o Muro esteve de pé, ali, separando duas vidas, dois corações, uma história de amor que sintonizou uma só vida. Peterson estava lá, no lado ocidental, o exército e sua vida militar foi tudo o que lhe restou. Mas sua outra metade estava lá, no lado oriental, seguindo sua vida de leitora, escrevendo seus textos e contando histórias. Durante os anos seguintes, Peterson viveu pelo exército, era sua única jornada em meio aquela separação. Verena era inesquecível para ele, o encontro no trem era sua melhor 36

lembrança, as cartas estavam todas guardadas, mas, acima de tudo, ela estava guardada em seu coração. Conforme os anos, as décadas foram se passando, Peterson ganhou experiência, notoriedade dentro de sua vida militar, evoluindo posto a posto na hierarquia militar do exército britânico. Sua vida foi mudando de patamar, seguindo os passos de seus familiares militares, chegando no mais alto escalão do exército, um orgulho para ele, mas lhe faltava algo. Verena encontrou na escrita uma forma de desabafo, seu amor estava do outro lado, também escrevia textos nesse sentido, romances, textos escritos que retratavam isso. A escrita aliada ao seu amor pela leitura, um auxílio para a sua evolução, de pequenos textos a grandes livros, Verena se tornou notória no ramo, mas seu grande amor ainda estava do outro lado, no ocidente, isso lhe atormentava, a falta de Peterson sempre deixava um vazio expresso em seu rosto. Décadas se passaram, o Muro ainda estava lá. A década de 80 inicia-se, um período de reflexão sobre a Guerra Fria, crise econômica na União Soviética que já durava duas décadas, intensificou a perda do controle soviético sobre alguns países, culminando na abertura das fronteiras dos países socialistas, principalmente aqueles que faziam fronteira com a Alemanha Ocidental, todo esse processo gerou um grande número de fugas dos Berlinenses Orientais, utilizando-se dessas fronteiras abertas em outros países. Toda essa situação desencadeou protestos na Alemanha Oriental, onde utilizavam slogans como \"nós queremos sair!\" Uma referência a abertura da fronteira da Alemanha Oriental. Novas lideranças surgiram, Egon Kranz assume a Alemanha Oriental em outubro de 1989, em meio a todo aquele contexto. O número de passagens de berlinenses orientais pelas fronteiras dos países vizinhos aumentava conforme os meses passavam, aumentando ainda mais a pressão sobre o governo oriental. Em uma conferência de imprensa, questionaram Kranz sobre a abertura das fronteiras com uma resposta determinante \"Elas estão abertas agora!\". Essa declaração foi impactante, milhões de pessoas aguardaram 28 anos por ela. Dezenas de milhares de pessoas, residentes da Alemanha Oriental, foram até a fronteira, após aquela declaração. Os guardas de fronteira, estavam a mercê de uma enorme pressão, sem saber o que fazer, tentaram barrar a multidão. E ela estava lá, Verena, aguardando a abertura e passar para o outro lado depois de vinte e oito anos de espera. 37

Peterson, um militar de alto escalão, busca Informações sobre a situação, e ao receber a notícia de que a fronteira seria realmente aberta, vai até lá, na esperança de encontrar o amor de sua vida, que ficou do outro lado por 28 anos. E naquele dia, nove de novembro de 1989, às 22:45 da noite, a fronteira é aberta. Peterson, do outro lado, avista uma mulher, era ela, Verena. Ela, também avista um homem, com o uniforme militar, era ele, Peterson, o abraço foi iminente, o beijo encerrou aquela angústia, a saudade que parecia eterna. Encerava ali, na Queda do Muro de Berlim. 38

Autora: NATHALIA SIMÃO GOMES DE MORAIS AMOR DE FAMÍLIA Era 01/06/2020, um dia lindo, ensolarado, com o cantar do passáros e o “cocoricó” das galinhas, no sítio Juriti, situado no munícipio de Nova Cruz/RN. Sítio este que localizava-se a moradia de Ester, Maria Eloá e boa parte de sua familia, inclusive seus queridos avós. O sexto mês do ano, o mês natalicio da grande Ester, o qual comemora-se também as festas juninas. Os avós paternos de Ester e Maria Éloa tinham um pequeno roçado que cultivavam por trás da própria residência, no pequeno sítio. Plantavam milho com a ajuda de todos os familiares para ser colhido no período junino, a colheita era sempre motivo de grande festa e diversão para Dona Severina, avó das meninas, casa sempre cheia com seus filhos e netos, gratidão e felicidade no coração. Plantio pronto para colheita, Ester e Maria Eloá encarregavam-se de marcar um dia, juntamente com suas tias para fazer comidas típicas, as principais e mais desejadas: Canjica e pamonha. A pequena cozinha de taipa, da dona Severina, tornava-se grande com o tanto de gente que cabia nela, grandes tachos de canjica, muita fumaça e conversa. Comidas prontas, por fim era feita a divisão para toda a familia, sem esquecer da “briga boa” para raspar os tachoes com o restante das canjicas. Com o passar do dias, aproximava-se a data do aniversário de Ester e para surpresa de todos, a irmã mais velha, Maria Eloá organizava-se, com seus pais para fazer uma pequena surpresa. Aconteceu em um sabádo, dia 21/06, Maria Eloá encarregou-se de manter sua irmã em casa, ocupada o dia inteiro e contou com a ajuda de suas primas e seus avós com o preparo das comidas e dos detalhes, que estavam sendo organizados na casa de dona Severina. A festa toda foi tematizada com bandeirinhas, fogueira, balões, coisas típicas de festa junina, a trilha sonora ficou encarregada pelo tio, João que caprichou com uns forrós arretados, preparando até uma quadrilha emprovisada. Enfim, a hora da grande surpresa chegou, os pais das meninas, chamaram Ester para visitar os avós e chegando lá, foi surpreendida com a família toda reunida para comemorar seu aniversário. Teve forró, muita comida e alegria a noite inteira, sem esquecer também dos choveirinhos e quebra pote, na madrugada, para finalizar a noite, Ester 39

agradeceu a grande ideia da irmã e aos demais familiares pela emocionante festa. A família das meninas, sempre foi muito unida e constumavam estar sempre juntos, típico de toda família tradicional. Os dias se passaram e todos voltaram a rotina como de costumee, uns trabalhavam e outros estudavam. Ester e Maria Eloa tinham feito vestibular e esperavam anciosamente pelo resultando, tanto esperaram que o grande dia chegou. Para a surpresa de muitos, Maria Eloa passou para medicina, surpresa essa que trouxe muita alegria e indecisão para seu coração, pois para ingressar na faculdade ela precisava mudar de cidade. Não esquecendo de Ester, ela infelizmente ficou na lista de espera para o curso de psicologia. Dias depois aconteceu uma comemoraçãozinha em família pela conquista de Maria Eloa, até então ela ainda está resolvendo alguns ajustes finais, para conhecer a nova cidade que iria passar a morar e também sua nova residência. Decisão tomada, Maria Eloá viaja com sua tia para a capital, Natal, parecia tudo feliz e tranquilo até que na ida, aconteceu algo trágico e triste... O carro que Maria Eloa e sua tia estavam, foi assaltado e os bandidos a sequestraram, com o intuito de pedir dinheiro em troca. Toda a família se apavorou ao receber a notícia e logo comunicaram a polícia. Este momento de pânico e desespero durou apenas dois dias, os assaltantes ligaram pedindo resgate e no local marcado para receber o valor que eles tinham exigido, a polícia conseguiu resgatar as meninas e prender os assaltantes. Após todo acontecimento, Maria Eloa e sua tia voltaram para casa traumatizadas e só queria ficar juntinho de sua família, sonhos estacionados, pois depois de tudo isso precisavam de um tempo para se reerguer e seguir em frente. Foram acolhidas com muito amor, carinho e gratidão por telas de volta e tudo ficou bem novamente, ao lado de toda família, na simples comunidade, repleta de muita paz. 40

Autora: LUANA PATRÍCIA DE SOUZA QUEM SOU EU? Me chamo Luana Patrícia, tenho 24 anos, moro em uma cidade chamada Ipueira, no interior do Rio Grande do Norte. Pequena na entrada tem uma pista de caminhar, todos os pontos atrativos são na rua principal, dizem que quando entra só ir reto que sai, de tão pequenininha. As ruas dessa cidade são largas, bem organizadas e todo mundo se conhece. Vamos passear no passado? E conhecer um pouco da minha história? Era uma vez há muito tempo atrás, tenho 10 anos, uma menina pequena porém cheia de objetivos. Moro em um sítio chamado Campo Alegre, fica na entrada da passagem molhada perto do calçadão a 5 km de ipueira. Quando passa o mata-burro, tem uma casa que pertence a um homem, passando dessa casa, tem a casa da minha tia paterna, era a casa da minha avó paterna, tem um pé enorme de cajarana todos que passam desejam armar uma rede e ficar descansando embaixo. Passando tem a casa do meu tio paterno, e subindo tem um campo de futebol que acontece jogos. À esquerda ficam 2 casas da minha tia materna e uma da minha mãe. Tem uma árvore chamada \"pé de pereiro\", tem espaço bem amplo, coisas típicas do sítio. Tem cachorros, gatos, galinhas, galos, árvores, matos… Antes do açude, brinco de \"casinha nos matos\". É um lugar tranquilo, gosto de morar aqui não é longe da cidade, sempre pertenceu a minha família passado de geração pra geração. Moro com minha mãe, minhas irmãs e sobrinhos. Minha mãe era casada com meu pai há um tempo, antes do meu nascimento, porém se separaram, ele foi morar com 41

outra mulher. Meu eu do presente se encontra com meu ex do passado: -Oii Luana, como estão as coisas no presente? Realizou tudo que tinha vontade? -Meu eu do presente, responde: As coisas estão indo bem, cursando o curso que sempre quis, mas ser adulto não é fácil como pensei. São muitas responsabilidades, escolhas para serem feitas, mas sigo feliz. Com medo do futuro, mas me esforçando para realizar todos os meus objetivos. -Espero que consiga, sei que amadureceu mais, mas a determinação e não desistência dos seus objetivos não mudou. -Meu eu do presente: Mudei, mas continuo a mesma garota sonhadora, calma, estudiosa e opiniosa, extrovertida, mas pouco tímida e reservada. Adoro sair, viajar e curtir festas junto com minhas amigas que já tenho intimidade. - E seu maior medo? Já conseguiu entendê-lo? Exclama meu meu eu do passado. -Sim, ainda tenho medo de perder as pessoas que eu amo, mas depois que perdi meu pai, comecei a encarar a vida com mais certeza que um dia tudo pode acabar. -As pessoas mais importantes da sua vida, estão juntas com você? Mora com sua mãe? Algo mudou? -Meu ex do presente responde: Sim, as pessoas mais importantes da minha vida continua sendo Deus, minha minha família. Mudou um pouco, estou construindo um romance com alguém especial, adotei um gato que se chama Milú. -Quais as coisas que você mais gosta de fazer? A rotina mudou? -Meu ex do passado: Mudou, cresci e deixei de fazer algumas coisas como os adultos. Algumas coisas que mais gosto são: Estudar, treinar, andar de bicicleta, ir à missa. -Continua na religião católica? -Sim, sou católica, vou à missa todos os domingos. Entrei na pastoral da liturgia, onde sou muito realizada. Já fui catequista, onde me encontrei mais ainda pelo ensinar. -Ainda continua sem gostar de política? Exclama meu ex do passado. -Sim, porém sou contra aos posicionamentos do novo governante, nosso excelentíssimo presidente. Assim as duas continuam a seguir, ao lado da outra. -Olha Luana! exclama meu do presente, Ipueira continua aquela cidade pequena, mas com cara nova. Prédios reformados, gestão nova, pessoas de fora morando, outras morrendo. 42

Continua aquele lugar tranquilo de se morar. Sabe aquela escola que estudei a 9 anos? Hoje eu trabalho lá, tudo anda adaptado com essa quarentena temos que nos adaptar ao novo sistema de ensino. -Que legal, você sempre gostou de lá! Eu do passado. Continua sempre andando em frente pela cidade de Ipueira. Chega a hora do meu eu do passado se despedir do meu eu do futuro. Meu ex do presente continua a caminhar, vai construindo seus objetivos. Anos depois me formo e caso. Algo inesperado acontece, foge dos planos, eu descubro que um serzinho indefeso vem a caminho. Estou grávida! -Exclamou assustada. Os planos mudam de roda, me mudo, vou morar em São Paulo, agora sendo dois, me sinto relaxada. Eu começo a trabalhar na área, mas não desisto do concurso, estudo muito e me dedico total. Depois de 7 meses, Sofia nasce, uma criança saudável e fofa. Ninguém sabia que com o nascimento do bebê, vinha a aprovação no concurso, eram duas alegrias. Termino essa história realizada com todos os meus objetivos alcançados, apesar das surpresas. 43

Autor: LUCAS MARQUES DE OLIVEIRA TODO FIM PODE SE TORNAR UM GRANDE RECOMEÇO Joaquim, Seu Antônio e Dona Eliana, gostavam muito da vida que tinham, do lugaronde viviam. Sempre foram muito unidos, e Joaquim, mesmo não sendo filho biológico do casal, sempre teve um amor muito grande por eles. Estava sempre ouvindo os conselhosque os ´´seus velhinhos`` lhe dava. Dona Eliana, por exemplo, sempre foi uma mãezona, estava sempre falando da importância da educação para Joaquim. E ele sempre a ouvia com muita atenção. Foi Dona Eliana que ensinou Joaquim a escrever, e antes mesmo de ir para a escola o menino já escrevia seu nome completo. O tempo passou, assim como um ´´piscar de olhos``. Joaquim se tornou um homem maduro, entrou para a faculdade, foi o primeiro do sítio a alcançar esse feito. Se formou em pedagogia. Dona Eliana chora de emoção todas às vezes que começa a olhar as fotografias da sua formatura espalhadas pela sala, as recordações daquele dia tão especial. – Sabe Joaquim, eu me orgulho muito de você meu filho. Você conseguiu aquilo que eu não tive a oportunidade de conseguir. E sua conquista é a minha conquista. ̶ Dizia Dona Eliana a Joaquim, com as lágrimas descendo pelo rosto. — Ah minha mãe, se eu cheguei até onde eu cheguei foi por sua causa. Seus ensinamentos, seu apoio, sempre foram muito importantes para mim. Cada vez que eu entro na sala de aula eu me vejo naqueles alunos e tento transmitir para eles um pouco daquilo que você sempre fez por mim e por muitas pessoas desse sítio. ̶ Falava Joaquim. É meu caro leitor, Joaquim se tornou um professor. E fez questão de trabalhar naquela escolinha onde sua mãe trabalhou durante muito tempo, na mesma zona rural onde seus pais biológicos moravam, naquela mesma zona rural onde seu Antônio trabalhou desde criança, naquele lugar de um povo humilde, batalhador, que nunca desiste fácil de nada. A partir do exemplo de Joaquim outras pessoas da comunidade conseguiram ver naeduação uma luz para superar as desigualdades existentes. E ´´cá pra nós``, Joaquim era um ´´baita`` professor! Ele ensinava com alegria e mesmo em tempos de pandemia nuncadeixava de sair cedinho a cada uma vez na semana para ir 44

entregar de casa em casa as atividades semanais para seus alunos. E lembra que Dona Eliana era uma cozinheira de mão cheia? Pois bem, ela e seu Antônio fizeram uma grande reforma na casa antiga que sempre moraram. Agora não eraapenas uma casa marcada por histórias e lembranças do passado. Aquele local também passou a ser um restaurante, muito tradicional por sinal, hoje atendendo apenas por delivery - ´´dêlivri`` como diz seu Antônio - por causa da pandemia provocada pela covid- 19. A fazenda da família virou ponto turístico, comida boa, redes armadas para os clientesdescansarem, pode-se observar os vários animais do sítio… E lá na cozinha, com um toucana cabeça, uma colher de madeira na mão e uma panela no fogo, estava a mãe biológica de Joaquim. Sim, o reencontro aconteceu, hoje a família toda trabalha no restaurante de Dona Eliana. E se engana quem pensa que essa história acabou por aqui, Joaquim, Dona Eliana, Seu Antônio... estão por aí, talvez seja eu, talvez você, essa história se reflete em muitas outras. Esses personagens representam luta, persistência, representam aquelas pessoas que não desistem fácil do que querem e que em meio as adversidades da vida, a falta de recursos e de uma vida bem estruturada, acreditam que tudo pode dar certo. ´´Quando a falta de esperança decidir lhe açoitar, se tudo que for real for difícil suportar... É hora do recomeço. Recomece a sonhar`` (BESSA, 2018)1. Independente do local que você se encontra, da situação que você vive, das dificuldades que você está tendo que enfrentar, quer sejam financeiras, emocionais, etc... NÃO DESISTA! Recomece se for necessário, reinvente-se. 1 Poema ´´Recomece`` de Braulío Bessa. Disponível em: https://www.brauliobessa.com/post/recomece. 45

Autora: MICHELLY FÉLIX DA SILVA ALGUNS DIAS CONHECENDO JÚLIA, SUAS AVENTURAS E SEU AMOR PARA COM OS SEUS. Bom... me chamo Júlia, tenho 25 anos. Nasci em uma cidade do interior da Paraíba. Tive uma infância repleta de aventuras, era uma criança bem ativa e comunicativa. Nos fins de semana e férias passeava no sitio dos meus avos, lá é onde tenho minhas melhores lembranças. Corria, subia nas arvores, comia frutas direto do pé, junto com meus primos e irmãos. Sem contar o carinho que recebia dos meus avós. Ah! Que época maravilhosa! Mas, além de amar ir parao sítio dos meus avós, eu também amava ir para escola. Amava o contato com meus colegas e com os professores. Na minha escola tinha uma pequena biblioteca, era um dos meus lugares preferidos, pois amava ler. Os livros tem umpoder incrível, nos fazem viajar sem sair do lugar, nos fazem conhecer muitas coisas. Cresci e me formei em história. Sou professora em uma escola onde estudei. Fisicamente sou alta, magra, de cabelos escuros e cacheados, tenho olhos escuros e pequenos, sobrancelha levemente arqueada, nariz um pouco arrebitado e a boca media. Quando sorrio minhas bochechas deixam meus olhosquase fechados(risos), eu gosto dessa minha característica. Gosto muito de conversar, ter contato com várias outras pessoas, me considero simpática, amiga, resiliente, independente, protetora, não tolero injustiças e desrespeito. Meu maior medo é perder pessoas que amo, principalmente, meus pais. Eles são minha fonte de inspiração, meu porto seguro. Tenho alguns objetivos, mas o maior deles é levar e incentivar a educação, pois acredito que a educação é capaz de mudar inúmeras coisas no mundo. O pensamento crítico, a busca pelajustiça, são elementos que a educação proporciona e com esses elementos vários aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos podem sofrer mudanças positivas. Minha família e amigos próximos são as pessoas mais importantes para mim.Não tenho inimigos. Gosto de ler, está com minha família, viajar, cozinhar, dançar, ensinar. Contudo, não gosto de lavar louça, passar roupa e resolver problemas burocráticos, acredito que maioria das pessoas também(risos). Tenhoum irmão e uma irmã, Alice e João. Meus pais são Joana e Pedro, namoro o Guilherme. Minha família gosta de falar alto, rir alto, 46

somos bem comunicativos,temos nossos conflitos, mas sempre estamos dispostos a ajudar um ao outro. Sou de uma família religiosa, sou católica e praticante. Minha casa é bem pequena, mas como moro sozinha é suficiente. Na entradatenho um pequeno jardim, com algumas espécies de flores e suculentas e uma espaço com uma mesa e cadeira onde uso para ler e estudar, gosto muito desseambiente. Na sala tem o sofá, tv e uma estante com alguns livros, depois vem acozinha onde tem o fogão, geladeira, armário e pia, todos no mesmo lado. Do outro lado tem a mesa e um bebedouro. No meu quarto fica minha cama, meu guarda-roupas, minha penteadeira e escrivaninha que fica o computador. Em seguida, tem o banheiro e a lavanderia. Em uma manhã ensolarada de domingo fui visitar meus avós. Dona Ana e Seu Antônio moram em um sítio e como estava um dia lindo decidi ir pedalando até a casa deles, assim poderia aproveitar para observar a paisagem que tanto amo.No caminho até o sítio tem lugar que eu adoro, por ter uma vista linda, resolvi parar e observar. Lá dá para ver as cidades vizinhas, as montanhas, tantas árvores, a vegetação bem verde típica dessa época do ano, sem contar no aromadas vegetações, o ar puro, tenho a sensação de liberdade. Continuei a pedalar,encontrei alguns conhecidos e os cumprimentei. Desse modo, fui me aproximando daquela casa branca, com varanda, com várias roseiras, as árvores que eu tanto amava subir quando criança junto de meus irmãos e primos. Toda vez que eu ia aquele lugar parecia que era aprimeira vez era tudo tão encantador. Logo vi meus avós sentados na varandaaguardando-me, logo esbanjaram um sorriso e retribui. A alegria e carinho demeus avós era contagiante. Sentei-me ao lado deles e por alguns minutosficamos conversando. Em seguida resolvi entrar na casa. Era uma casa simples,com móveis antigos, mas que minha avó se recusava a trocar por mais“modernos’, como ela dizia. Ao chegar à cozinha exalava um cheirinho de café. Após o café resolvi passear no sítio. Observei o local, ouvindo os cantos dos pássaros, senti o sol em minha pele. Caminhei até um cajueiro e lembrei de comocom gostava de subir e ficar no topo, observando aquele lugar que tanto me trazpaz. Então resolvi subir para reativar aquela memória de criança. Sentei em uma galha, peguei um caju e degustei. Fui também até a mangueira, as laranjeiras e as bananeiras. Tudo me trazia lembranças de minha infância. Então, após a caminhada fui ajudar minha vozinha na cozinha, foi naquela cozinha 47

e com minha avó que eu tomei gosto por cozinhar desde cedo. Foi no fogão a lenha que fiz meus primeiros pratos. Preparamos o almoço e conversamos. O aroma de comida caseira feita no fogão a lenha exalava naquelelugar. Chegou o restante da família para almoçar conosco. No fim da tarde me despedi de meus avós e voltei para casa. Na volta estava um entardecer lindo. Ao chegar em casa sentei em meu jardim para descansar. Fiquei por ali algumtempo descansando e refletindo o quão é bom ter meus avós, minha família, o sitio que eu tanto amo e o quanto colecionei memórias e sentimentos naquele lugar junto a pessoas que amo. Estava emocionada e o sentimento de gratidão me dominava. Foi então, que lembrei que estava aproximando-se o aniversário de 50 anos de casamento de meus avós e pensei em montar um álbum com fotos e pequenos relatos de momentos que marcaram minha vida ao lado de suafamília para presenteá-los nesse momento tão especial. Coloquei todas as ideias em uma folha, elencando o que fazer primeiro. No outro dia comecei a executar. Busquei fotos de momentos especiais e descrevi o momento em que a foto foi tirada e os sentimentos que ela me trazia. Encomendei um lindo álbum personalizado com uma foto de meus avos na capa.Cada página contém uma foto e um pequeno relato. Na última página uma foto e toda a família e uma carta de agradecimento feita pelos filhos e netos de DonaAna e Seu Antônio. Essa homenagem foi entregue durante um jantar feito pela família para comemorar os 50 anos de casados. Após a festa fui para sua casa, estava muito cansada, tomei banho e fui para meu quarto. Estava extremamente feliz por estar cumprindo meus objetivos e deestar ao lado daqueles que amo. 48

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