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Revista da Saúde

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Revista Saúde Integrada ISSN 2447-7079 ARTIGO DE REVISÃO ESTUDO DAS INFECÇÕES CÉRVICOVAGINAIS DIAGNOSTICADAS PELA CITOLOGIA STUDY OF INFECTIONS CERVICOVAGINAL DIAGNOSED BY CYTOLOGY Juliana Posser Biomédica. Email: [email protected] Jandaia Pauline Girardi Acadêmica do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] Débora Pedroso Professora do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] Yana Picinin Sandri Professora do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] infecções cérvico-vaginais estão entre os problemas de saúde pública mais confrontados em todo o mundo,tendo em vista que, uma vez instaladas, podem gerar consequências nocivas para saúde. A citologia dePapanicolau é uma das formas mais bem sucedidas para prevenção do câncer do colo do útero, no entantotambém auxilia no diagnóstico de agentes infecciosos do trato genital inferior. Através dela podemos avaliar aintensidade da reação inflamatória, acompanhar a sua evolução e em certos casos diagnosticar o seu agentecausal. O objetivo deste estudo é buscar na literatura estudos que relatam a utilização do exame citopatológicode Papanicolaou como coadjuvante no diagnóstico de infecções cérvico-vaginais em mulheres se submeteramao exame preventivo. Diante disso, foi realizado um levantamento de dados, em bases indexadas tais como,Pubmed, Scielo, Google Acadêmico e também em livros didáticos, no período de outubro a novembro de 2015,usando como palavras-chave, infecções cérvico-vaginais, Papanicolaou e citologia. Em relação ao exame dePapanicolaou ficou demonstrado que além de ser primariamente utilizado para triagem de lesões precursorasdo câncer de colo do útero, também é eficaz para a detecção de agentes infecciosos, representando uminstrumento de grande valia para o diagnóstico. Porém, mais estudos devem ser realizados no sentido deavaliar um número maior dos casos, para que assim sejam obtidas conclusões mais contundentes, inclusivepara a avaliação de outros agentes patogênicos.Palavras-chave: Infecções cérvico-vaginais. Papanicolaou. Citologia.ABSTRACTThe cervicovaginal infections are among the problems faced more public health throughout the world, giventhat, once installed, these infections can lead to negative consequences for health. The Papanicolaou testsmear is one of the most successful ways to prevent cervical cancer, but also aids in the diagnosis of infectiousagents from the lower genital tract. Through it we can assess the intensity of the inflammatory reaction,monitor its progress and in some cases diagnose its causal agent. The aim of this study is to find in theliterature studies reporting the use of the Papanicolaou test as an aid in the diagnosis of cervical-vaginalinfections in women underwent screening. Therefore, a survey was conducted of data in indexed databasessuch as Pubmed, Scielo, Google Scholar and also in books in the period from October to November 2015, usingas keywords, cervicovaginal infections, Papanicolaou test and cytology. Regarding the Papanicolaou test itdemonstrated that besides being primarily used to screen for precursor lesions of cervical cancer, is also

effective for the detection of infectious agents, representing a valuable tool for the diagnosis. But, morestudies are needed to assess a greater number of cases, so that the most striking findings are obtained,including the assessment of other pathogens.Key words: Cervicovaginal Infections. Papanicolaou test. Cytology. Aceito em: 17/03/2016Recebido em: 18/12/2015INTRODUÇÃO A citologia de Papanicolau embora seja a forma mais específica para detecção daslesões cervicais neoplásicas do colo uterino, a t u a l m e n t e t a m b é m v e m auxiliandona detecção de processos inflamatórios e infecciosos do trato genital feminino,possibilitando não só a detecção da infecção como também avaliando a intensidade dareação inflamatória podendo em muitos casos detectar o agente etiológico (CHIUCHETTA etal., 2002; MARTINS et al., 2007; SILVA et al., 2014). Essas infecções são consideradas umasdas queixas clínicas mais comuns entre as mulheres e na prática ginecológica, devido a suaelevada frequência (TAVARES et al., 2007; SÁ et al., 2015). Em 1941, Papanicolau e Traut iniciaram o diagnóstico de alterações citológicas.Através de esfregaços cérvico-vaginais observar as células atípica sem que nãoapresentavam características evidentes de malignidades, mas que julgaram seremmodificações principiantes (BARRETO, 2007). O exame de Papanicolau, como ficouconhecido, consiste no estudo das células descamadas esfoliadas da parte externa(ectocérvice), e interna (endocérvice) do colo do útero e é atualmente o meio mais utilizadona rede de atenção à saúde (VEIGA, 2008). As infecções do Trato Reprodutivo (ITR) estão entre os problemas de saúdepública mais confrontada em todo o mundo, tendo em vista que, uma vez instaladas,essas infecções podem gerar consequências nocivas para saúde, tais como o abortoespontâneo, doença inflamatória pélvica, câncer cervical, infertilidade, gravidezectópica e susceptibilidade ao vírus da imunodeficiência (VALVERDE, 2012). O risco auma infecção do trato genital feminino está relacionado a vários fatores, incluindo idade,atividade sexual, número de parceiros sexuais e a localização anatômica (RIBEIRO, 2007;TAVARES et al., 2007). A região vaginal apresenta uma microbiota extensa de bactérias e fungos, e suacomposição vai se alternando de acordo com a idade (MIMS et al., 2005). Contudo, o tratogenital feminino possui defesas contra infecções como barreiras anatômicas, microbiológicas eimunológicas (VASCONCELOS; MARTINS, 2005). A flora microbiana vaginal desempenha um papel muito importante no surgimentode doenças e na preservação da saúde genital, sendo constituída por lactobacilosprotetores. A microbiota é predominantemente aeróbica, e o equilíbrio vaginal é mantido àcusta dos lactobacilos ou Bacilos de Döderlein, que representam 95% dos micro-organismosvaginais, sendo produtores de ácido lático, peróxido de hidrogênio e outras substânciasprotetoras contra os patógenos, limitando o crescimento de microrganismos potencialmentenocivos ao equilíbrio do ecossistema e mantendo o pH em níveis normais (MIMS et al., 2005;SILVA et al., 2014; RESADOR; SANTOS, 2015). Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

O que determina a microbiologia da vagina são os fatores que afetam a capacidadede sobrevivência das bactérias. Esses fatores incluem o pH vaginal e a disponibilidade deglicogênio para o metabolismo bacteriano. Os lactobacilos causam citólise das célulasescamosas intermediárias que são ricas em glicogênio citoplasmático. O glicogênio éconvertido em glicose pelos lactobacilos. Através da ação da diástase e maltase, a glicose éconvertida em ácido lático, que mantém o pH vaginal ácido, desfavorecendo a colonizaçãopor bactéria patogênica (VASCONCELOS; MARTINS, 2005). Relaciona-se alguns fatores externos a suscetibilidade da microbiota normal perder aação competitiva, dentre eles: uso de antibiótico de amplo espectro; menstruação; pós-coito; excitação (produz transudado que eleva o pH vaginal); imunossupressão porquimioterápicos, glicocorticoides, imunossupressores, HIV; menopausa; Diabetes Mellitusdescompensado; uso de ducha vaginal, dispositivo intra-uterino, roupas justas e sintéticas;uso de absorventes internos, que ultrapassando o tempo preconizado para retirada, causamproliferação bacteriana; hábito incorreto de higiene; gravidez; traumatismo na mucosadevido a relação sexual com pouca lubricarão; contraceptivo hormonal oral de alta dosagem(VASCONCELOS; MARTINS, 2005). Em mulheres em idade reprodutiva, o epitélio escamoso altamente proliferativo daectocérvice serve como uma excelente barreira contra as lesões. Em crianças e mulheresmenopausadas, nas quais o epitélio é geralmente atrófico, essa condição facilita a instalaçãode reações inflamatórias. O epitélio colunar simples da endocérvice e o endométrio sãosuscetíveis à agentes infecciosos (TAVARES et al.; 2007). Quando ocorre um desequilíbrio namicrobiota vaginal a mulher pode desencadear vulvovaginites, cervicites ou vaginosesbacterianas. (MARTINS et al., 2007). Vulvovaginites incluem manifestações infecciosas e/ouinflamatórias do trato geniturinário, já as cervicites são também alterações inflamatórias ouinfecciosas, porém da cérvix uterina. Causadas geralmente por Cândida sp., Trichomonasvaginalis, ambas sintomáticas (HOLANDA, 2007; RIBEIRO et al., 2007;) Quando se trata de vaginose bacteriana observamos um desequilíbrio naconcentração de espécies de Lactobacillus que é substituída por uma alta concentraçãopolimicrobiana, principalmente por bactérias anaeróbias, podendo ser assintomática oucausadora de descarga branca, espessa que adere à parede vaginal e vestíbulo. Representamum risco para infecção do trato genital superior pela ascensão dos agentes microbianos epor provocarem lesões e fissuras que favorecem a contaminação por agentes causadores dedoenças sexualmente transmissíveis, contribuindo para o desenvolvimento de doençasmalignas. Causada frequentemente quando há presença de Gardnerella vaginalis, e tambémpor outras bactérias anaeróbicas (ELEUTÉRIO, 2003; VARGAS et al., 2008; VALVERDE, 2012).1.1. Agentes infecciosos: 1.1.1 Gardnerella vaginalis Um dos agentes infecciosos mais comumente encontrados é a Gardnerella vaginalis,agente patogênico central da condição clínica denominada de vaginose bacteriana (FREITASet al., 2011; VALVERDE, 2012). A Gardnerella vaginalis é um bacilo, Gram negativo, que desencadeia corrimentovaginal excessivo como característica de ser acinzentado ou amarelado, com um odor fétido,fluido e sem apresentar sintomas irritativos locais (MIMS et al., 2005). Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

Esta bactéria vive normalmente na flora vaginal das mulheres em fase reprodutivaque é quando há um desequilíbrio dessa flora, e ocorre um predomínio desta bactéria,resultando numa infeção vaginal denominada de vaginose bacteriana. A relação entre odesequilíbrio e a Gardnerella vaginalis deve-se ao fato da mesma produzir succinato,facilitando a proliferação dos anaeróbios. Uma das características importantes n a a n á l i s ecitológica é a escassa presença de leucócitos (ELEUTÉRIO, 2003; PESSOA et al., 2015). 1.1.2.Cândida sp. Leveduras do gênero Cândida são patógenos oportunistas frequentemente isoladosdas superfícies mucosas de indivíduos normais, mas podem levar ao desenvolvimento deinfecções denominadas candidíases, que variam desde lesões superficiais até infecçõespropagadas (CONSOLARO et al., 1998; ZORATI; MELO, 2009). A candidíase vaginal é uma infecção que ocorre na vulva e na vagina e é caracterizadapor uma inflamação em consequência a uma infecção por microrganismos do gêneroCândida, mais especificamente Cândida albicans, fungos comensais das mucosas vaginal edigestiva, que podem tornar-se patogênica sob determinadas condições que alteram oambiente vaginal (HOLANDA et al., 2007). De acordo com ÁLVARES (2007), tanto fatores predisponentes locais como sistêmicosdo hospedeiro podem contribuir para a invasão por Cândida sp. Sua intensa multiplicação nocanal vaginal é favorecida por uma série de fatores como Diabetes Mellitus,imunossupressão, gravidez e terapias hormonais. Essa infecção é caracterizada por prurido, ardor, dispareunia e pela eliminação de umcorrimento vaginal em grumos, semelhante à nata de leite. Com frequência, a vulva e avagina encontram-se edemaciadas e hiperemiadas, algumas vezes acompanhadas de ardorao urinar e sensação de queimaduras. Na maioria dos casos o corrimento é branco eespesso, inodoro e quando depositado na roupa íntima, tem aspecto farináceo (CONSOLAROet al., 1988). Pode-se também observar nas paredes vaginais e pequenos pontos branco-amarelados no colo uterino e os sintomas se intensificam no período pré-menstrual, quandoa acidez vaginal aumenta. 1.1.3. Trichomonas vaginalis Outra infecção que frequentemente afeta o trato genital feminino é a Tricomoníase,causada pelo Trichomonas vaginalis (COSER et al., 2009). Causador da doença sexualmentetransmissível não viral mais comum no mundo apresenta uma ampla variedade demanifestações clínicas. Os sintomas dependem das condições clínicas individuais, daagressividade e do número de parasitas infectantes (LÓPEZ et al., 2000; ALMEIDA et al.,2010). Esse flagelado vive, principalmente, no muco e na secreção vaginal das mulheres; jáem homens pode colonizar a uretra, a próstata e epidídimo. Tem sido associado atransmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV), à doença inflamatória pélvica, aocâncer cervical, ao parto prematuro e baixo peso de recém-natos de mães infectadas e ainfertilidade (ZORATI; MELO, 2009). A transmissão desse parasito ocorre principalmente pelarelação sexual. Entretanto, outros mecanismos de propagação estão envolvidos, a exemploda veiculação do protozoário através de fômites (de uso pessoal), entre outros, os quais Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

explicam a existência da infecção em recém-nascidos e indivíduos com ausência de atividadesexual (ALMEIDA et al., 2010). Nos esfregaços cérvico-vaginais ele é identificado como uma estrutura arredondada,com formato irregular e de coloração cinza-esverdeada. Costuma produzir alterações nascélulas escamosas, sendo a eosinofilia citoplasmática a mais comum em células escamosasintermediárias e parabasais (KOSS; GOMPEL, 2006). 1.1.4. Clamídia A infecção por Clamídia tem sido considerada uma das principais causas de doençassexualmente transmissíveis. Existe uma diversidade de quadros clínicos causados por ela quevai desde uma doença inflamatória pélvica com esterilidade até complicações ectópicas(MEDEIROS et al., 2007). Segundo GUPTA (1988) a técnica de Papanicolaou pode ser utilizada no diagnóstico daClamídia, desde que sejam evidenciados critérios morfológicos específicos da infecção, como: apresença de células metaplásicas com citoplasma finalmente vacuolizados, com aparência demoth-eaten (‘comido de traça’), sendo esses vacúolos delimitados por membranas finas, bemdefinidas, contendo no interior estruturas puntiformes eosinofílicas, compatíveis comcorpúsculos elementares. Na coleta da amostra é de extrema importância a presença de células glandularesendocervicais e/ou metaplásicas, visto que a Clamídia é um microrganismo intracelularobrigatório, com preferência por estas células (MEDEIROS et al., 2007). O objetivo deste estudo é buscar na literatura estudos que relatam a utilização doexame citopatológico de Papanicolaou como coadjuvante no diagnóstico de infecçõescérvico-vaginais em mulheres se submeteram ao exame preventivo.MATERIAS E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido por meio de uma revisão de literatura. O processo derevisão foi realizado através de uma busca na base de dados eletrônica, como Pubmed,Scielo, Google Acadêmico e em livros didáticos, no ano de 2015, utilizando os descritoresInfecções Cérvico-vaginais, Papanicolaou, Citologia e descritores em inglês: Cervicovaginalinfections. Pap. Cytology, foram encontrados o total de 13.100 artigos, estes passaram poruma análise de título e resumo para então selecionar os que estavam relacionados ao temapesquisado e que foram publicados a partir do ano de 2000. Após essa analise foramselecionados 86 artigos. Após a leitura na integra, foram selecionados 37 artigos. Os demaisartigos, total de 49 foram excluídos por não utilizarem os assuntos focais, por estaremrelacionando a outros assuntos e objetivos de pesquisa ou por terem sido publicados emanos anterior ao ano de 2000.RESULTADOS E DISCUSSÃO O interesse de utilizar a citologia no diagnóstico de algumas infecções cérvico-vaginaisassociadas aos patógenos de transmissão sexual se justifica por essa técnica laboratorial sersensível, barata e altamente reprodutível quando comparadas com outros métodos de Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

investigação (AVILÉS et al., 2001; MARTINS et al., 2007). Segundo Coser (2009) e colaboradores através de seu trabalho evidenciaram-se opredomínio de vaginose por Gardnerella vaginalis em 76% dos casos do Município deEspumoso-RS, ao mesmo tempo Vargas (2008) quando realizou este mesmo estudo nestamesma cidade obtiveram um resultado semelhante, uma prevalência maior (21,57%) deGardnerella vaginalis quando comparado aos outros agentes encontrados. Quadrossemelhante também tem sido encontrado por outros autores em diferentes regiões do Brasile do mundo, sendo a prevalência detectada pelo teste citológico, de 0,7 a 48,4 %, com amaioria dos estudos com índices superiores a 20% (BONFANTI; GONÇALVES, 2010; LEITE etal., 2011). Dentre os artigos publicados referente ao tema, encontra-se o estudo realizado porAdad et al. (2001), onde o objetivo do estudo foi verificar a freqüência dos três principaisagentes causadores de vaginite: Trichomonas vaginalis, Candida sp e Gardnerella vaginalis,em quatro décadas diferentes (1960, 1970, 1980 e 1990). Foi possível através desteencontrar um predomínio de Cândida sp. em suas amostras e quando confrontado comoutros estudos foi possível afirmar que em algumas populações houve um aumentosignificativo no diagnóstico desta patologia, tais resultados foram associados ao uso abusivode antibióticos, contraceptivos orais e alterações nos hábitos sexuais. A Cândida sp é um fungo com preferência por meio ácido desenvolvendo assim aCandidíase. Aproximadamente 50% das mulheres convivem com o fungo, sendo sadias esem apresentarem algum sintoma (GERK, 2009). Tanto fatores predisponentes locais comosistêmicos do hospedeiro podem contribuir para a invasão por Cândida sp. (ÁLVARES et al.,2007). Outro agente infeccioso diagnosticado pelo exame citopatológico é o Trichomonasvaginalis, um protozoário flagelado, comumente encontrado no nível inferior dos órgãosgenitais das mulheres. É a Doença Sexualmente Transmissível não viral mais comum nomundo. Com uma alta prevalência Leite e colaboradores encontraram em seus estudos umaprevalência de 11,5%. Sabe-se que a maior incidência de Tricomoníase nas mulheres éinfluenciada por variações de classe social e pela multiplicidade de parceiros sexuais (PETRINet al., 1998; LIMA et al., 2013). Embora muitos clínicos considerarem a doença mais como um incômodo do que umproblema de saúde pública, a Organização Mundial de Saúde estimou em 170 milhões oscasos de tricomoníase no mundo anualmente em pessoas entre 15 e 49 anos, com a maioriaocorrendo em mulheres (FREITAS et al., 2011). No Brasil, a incidência varia entre 20 e 40%dos casos (ALMEIDA et al., 2008). Outra patologia encontrada nos estudos das infecções cérvico-vaginais é a Clamídia.Estudos realizados no Brasil, em grupos populacionais diversos, por metodologias variadas,mostram uma incidência que oscila entre 2,1% e 31,5% quando investigada uma infecçãogenital. Ao analisarmos essas pesquisas, podemos concluir que embora seja a patologia demenor incidência entre as infeções, a disseminação da Clamídia está aumentando ano apósano. Segundo o Ministério de Saúde há aproximadamente 2 milhões de novos casos por ano.A baixa prevalência de Clamídia identificada nesta revisão pode estar relacionada ao métodode diagnóstico. Sabe-se que há uma baixa especificidade da técnica de Papanicolaou para aidentificação desse agente. Vale salientar que a descrição deste achado na forma de Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

comentário no laudo citológico, a possibilidade de infecção por Clamídia sp. deve serconsiderada clinicamente através de uma nova investigação laboratorial utilizando deexames mais específicos (TAVARES et al., 2007; BRASIL, 2008; MACHADO FILHO et al., 2010;SOUZA; GUEDES; ARAÚJO, 2015).CONCLUSÃO Os índices prevalentes de infecções genitais neste estudo de revisão mostram que háum problema de saúde pública que deve ser controlado e uma necessidade de açãodirecionada a prevenção destas doenças. Alguns estudos não contam com informaçõesreferentes ao perfil sócio-comportamental, ao estado civil e ao número de filhos daspacientes que realizaram o exame de Papanicolau o que nos impede de relacionar apresença desses agentes a alguma variável, dificultando assim a criação de políticaspreventivas na população mais susceptível. Com relação ao exame de Papanicolau ficou demonstrado que o exame éprimariamente utilizado para triagem de lesões precursoras do câncer de colo do útero,porém é eficaz para a detecção de agentes infecciosos, representando um instrumento degrande valia para o diagnóstico. Todavia, não se deve descartar outras vias de investigaçãolaboratorial para confirmar alguma possível patologia.REFERÊNCIAS BARRETO, R. Alterações inflamatórias e processos displásicos do colo do útero e sua relação comoADAD, S. et al. Frequency of Trichomonas Papiloma vírus humano (HPV) em adolescentes evaginalis, Candida sp. and Gardnerella vaginalis in mulheres jovens. Dissertação (Mestrado emcervicalvaginal smears in four different decades. Ciências biológicas). Universidade Federal de OuroSão Paulo Medical Journal. v.119, n.6, p.200-205, Preto – UFOP. Ouro Preto, 2007.2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria deAVILÉS, P. et al. Es útil La tinción de papanicolaou Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST ecomo auxiliar Del diagnostico de algumas Aids. Série G. Estatística e Informação em Saúde.infecciones de transmisión sexual? Revista Brasília: Ministério da Saúde; 2008.Atencion Primaria. v.27, n.4, p.222-226, 2001. BONFANTI, G.; GONÇALVES, L. Prevalência deALMEIDA et al. Tricomoníase: prevalência no Gardnerella Vaginalis e Trichomonas Vaginalis emgênero feminino em Sergipe no biênio 2004-2005. Citopatológicos de gestantes atendidas no HospitalCiência e Saúde coletiva. v.15, n.1, p.1417-1421, Universitário de Santo Maria - RS. Revista Saúde. v.2008. 36, n.1, p.37-46, 2010.ALMEIDA, M. et al. Tricomoníase: prevalência no CHIUCHETTA, G. et al. Estudo das inflamações egênero feminino em Sergipe no biênio 2004-2005. infecções cérvico-vaginais diagnostica das pelaCiência e Saúde coletiva. v.15, n.1, p. 1417-1421, citologia. Arquivo de Ciências da Saúde da2010. UNIPAR. v. 6, n. 2, p.123-228, 2002.ÁLVARES, C.; SVIDZINSKI, T.; CONSOLARO, E. CONSOLARO, L; SUZUKI, E. Bactérias do tratoCandidíase vulvovaginal: fatores predisponentes genital feminino detectadas pela colpocitologia.do hospedeiro e virulência das leveduras. JornalBrasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. v. Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015)43, n. 5, 2007. ISSN 2447-7079

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Revista Saúde Integrada ISSN 2447-7079 ARTIGO DE REVISÃOA ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: DESAFIOS NA FORMAÇÃOTHE BIOMEDICAL PROFESSIONAL PRACTICE IN PRIMARY HEALTH CARE: CHALLENGES IN THE GRADUATION Jéssica PerinazzoAcadêmica do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] Yana Picinin Sandri Professora do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] Emanuelle Kerber Viera Mallet Professora do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] Carine Eloise Prestes ZimmermannProfessora do Curso de Biomedicina- CNEC/IESA. Email: [email protected] a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) a saúde passou a ser concebida como direito de todos e deverdo estado, assegurando acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde. A implantação da Estratégiade Saúde da Família (ESF) garantiu a acessibilidade aos serviços oferecidos pelo SUS. Diante disso a educaçãoem saúde vem se tornando importante para as ESFs, e a educação permanente para os profissionais torna-osqualificados e capazes de atender as necessidades demandadas da sociedade. O objetivo do presente estudofoi discutir a importância e a capacidade de atuação do profissional Biomédico na Saúde Pública, através deuma revisão de literatura com base em artigos científicos, código de ética e legislação. A prática e a vivêncianas equipes de saúde pública são indispensáveis para a aquisição de experiências e vivências na áreacomunitária. Assim, torna-se relevante, estratégias, metodologias e ferramentas que se destinam aodesenvolvimento das habilidades dos profissionais da saúde. Neste sentido enquadra-se o Biomédico, que nãopossui atuação profissional restrita ao laboratório, mas também em ações comunitárias, ministrando palestraseducativas, dialogando através de linguagem simples, para alcançar seu objetivo de alertar, corrigir etransformar as atitudes das pessoas em prol da saúde.Palavras-chave: Biomédico. Saúde Pública. Atenção Primária à Saúde.ABSTRACTWith the creation of the Unified Health System (SUS), health began to be conceived as a right and duty of thestate, ensuring universal and equal access to programs and health services. The implementation of the FamilyHealth Strategy (FHS) guaranteed accessibility to the services offered by the NHS. Thus health education hasbecome important for ESFs, lifelong learning becomes qualified and capable professionals to meet the needsrequired of society. The aim of this study was to discuss the importance and professional performance capacityBiomedical bachelor in the Public Health, through a literature review based on scientific articles, ethics codeand legislation. The practice and experience in public health teams are indispensable for the acquisition ofexpertise in this area and one of the ways is through the traineeship. So it becomes very important strategies,methodologies and tools that are intended for the development of health professionals. In this sense, fits theBiomedical, which has not restricted its activities to the lab, but also ministering educational lectures, talkingthrough simple language to reach your goal warn, correct and transform people's attitudes towards health.Keywords: Biomedical bachelor. Public Health. Health Primary Care.Recebido em: 03/01/2016 Aceito em: 23/03/2016

INTRODUÇÃO No final dos anos 80, o Brasil passou por uma reforma na sua política de saúde, queresultou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual foi declarado na ConstituiçãoFederal de 1988. Com a implantação do SUS e com a reafirmação do direito à saúde, atravésda Lei 8.080/90, instituíram-se os princípios e diretrizes, garantindo acesso universal,integral e equânime à população (BASTOS et al., 2011; BRASIL, 1990a). Desta forma, a saúdefoi concebida como um direito de todos e dever do estado, assegurando acesso universal eigualitário às ações, serviços de saúde, proteção e recuperação da saúde de todos oscidadãos (OLIVEIRA, 2005). Através da construção do SUS visou-se reduzir a lacuna existente entre os direitosgarantidos em lei e a capacidade efetiva de ofertas de ações e serviços públicos de saúde àpopulação. A partir da implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) em 1994,acreditou-se que a acessibilidade aos serviços oferecidos pelo SUS melhoraria (TRINDADE;PIRES, 2013). Em parte, essa afirmação foi coerente, entretanto os benefícios mais visíveisforam vistos a partir de 2003, quando foi lançada a Política Nacional de Humanização (PNH),que veio encorajar novos planos de ações para as políticas públicas (MITRE; ANDRADE;COTTA, 2012). Então com o passar dos anos a ESF fortaleceu a APS, e melhorou o acesso e o alcancedos serviços de saúde. As ESF foram consideradas modelo de inovação tecnológico, poisalém de viabilizar o trabalho em equipe, surgiu para superar o modelo biomédico vigente naépoca (TRINDADE; PIRES, 2013). A equipe multidisciplinar da ESF é composta por no mínimo,um médico generalista ou médico da família, enfermeiro, auxiliar técnico ou técnico emenfermagem e de quatro a seis agentes comunitários de saúde, sua versão ampliada inclui osprofissionais da área de saúde bucal. As variações na composição dessas equipes podem seralteradas pelos municípios, variando de acordo com as necessidades locais (PEREIRA;OLIVEIRA, 2014). Entende-se por atenção à saúde, um conjunto articulado e continuo de ações eserviços preventivos e curativos em âmbito individual e coletivo, exigidos para cada caso, emtodos os níveis de complexidade do sistema. Desta forma os cuidados para com a saúde, nãodevem se encerrar com o ato técnico, mas com a resolução dos problemas em níveisindividuais e coletivos (SOUZA et al., 2005). Levando-se em conta o amplo conceito de saúde, para além da ausência de doença, aeducação em saúde vem se tornando uma ferramenta importante para as ESFs. Sendoassim, torna-se necessário que estas equipes estejam capacitadas para realizar orientações epráticas de educação em saúde (RODRIGUES; SANTOS, 2010). Estudos revelam que oprincipal desafio para o desenvolvimento da educação em saúde é a falta de formação dosprofissionais que fazem parte da equipe (SOUZA et al., 2005). A educação é pertinente nos processos de desenvolvimento e construção de umasociedade, a qual lhe compete instruir os profissionais, tornando-os qualificados e capazesde atender as necessidades demandadas da sociedade, bem como numa atuação dequalidade (COTTA et al., 2007). Aos profissionais da área da saúde, cabe salientar aimportância de refletir, quanto às condições éticas e desempenho no âmbito do trabalho, seestão garantindo atendimento adequado e humanizado a população. Dessa forma, evitar aspráticas mecanizadas, que os limitam a se transformar em pessoas mais críticas e sensíveis(GOULART; CHIARI, 2010). Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

A partir do exposto, observa-se a importância da formação acadêmica dosprofissionais responsáveis pelo cotidiano dos serviços de saúde, como biomédico,enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogo, dentre outros (PEREIRA;OLIVEIRA, 2014). Corroborando Zimmermann e colaboradores (2015) afirmam que aspráticas educativas, incluem-se entre as diversas formas de atuar na saúde na sociedademoderna, sendo uma estratégia fundamental à promoção da saúde e de desenvolvimentode habilidades profissionais biomédicas. Relacionando-se a forma como os profissionais atuam na APS e consequentementena ESF, instiga-se que o profissional Biomédico é uma peça chave para estas equipesmultiprofissionais (SILVA et al., 2014). Tendo em vista que ele pode colaborar para amelhoria da saúde pública do Brasil, atuando principalmente na prevenção, monitoramentodas doenças, bem como na promoção de saúde e na qualidade de vida (COSTA; TRINDADE;PEREIRA, 2010). Assim, a contribuição funcional do Biomédico pode incluir a educação sanitária,coleta e armazenamento de material biológico de análise laboratorial, bem como a pesquisade possíveis agente etiológicos mais frequentes na comunidade. Estas ações devem serdesenvolvidas em um ciclo de padrões pré-estabelecidos, no estudo da saúde, doença e dainteração do homem com o meio ambiente (SILVA et al., 2014). O Biomédico teve sua profissão regulamentada pela Lei 6.684, de 03/9/79 e Decretonº 88.439, de 28/6/83. Esta lei também criou o Conselho Federal de Biomedicina – CFBM eos Conselhos Regionais de Biomedicina – CRBMs, estes que tem o objetivo de orientar,disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Biomédico (BRASIL, 1979; COSTA;TRINDADE; PEREIRA, 2010). As competências do profissional Biomédico vão além das boastécnicas científicas e laboratoriais, ele é capaz de pensar criticamente e analisar osproblemas da sociedade, propondo soluções que consideram o contexto social, econômico,cultural, político, biológico, ecológico e ambiental da população (SILVA et al., 2014). A grade curricular do curso de graduação em biomedicina deve estar relacionada aoprocesso saúde/doença do cidadão, família e comunidade, integrada à realidadeepidemiológica e profissional (RECINE et al., 2012). Já o conteúdo programático do curso,visa dotar os alunos de conhecimentos e habilidades, as quais lhe possibilitem comunicação,liderança, gestão administrativa, tomada de decisões, educação permanente e atenção asaúde. Evidenciando-se atualmente a crescente conscientização, para que as disciplinas doconhecimento estejam integradas em prol do bem comum da sociedade (COSTA; TRINDADE;PEREIRA, 2010). Ética, respeito ao ser humano e rigor científico, são princípios que norteiam a rotinade trabalho do Biomédico, que atua de forma integrada com os demais profissionais da áreada saúde em prol da transformação da realidade, beneficiando a coletividade edesenvolvendo ações para a promoção e reabilitação da saúde, bem como na prevenção dedoenças (SILVA et al., 2014). Assim, percebe-se a ampla área de atuação da Biomedicina eneste sentido, o presente estudo visou discutir a importância e a capacidade de atuação doprofissional Biomédico na Saúde Pública.METODOLOGIA O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura realizada através de artigosacadêmicos/científicos, livros, códigos de ética e legislação brasileira. As informações sobre Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

o material bibliográfico concentraram-se nas publicações da Biblioteca Virtual em Saúde(BVS), nas bases de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde),Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde) e SciELO (Scientific Electronic LibraryOnline). Para a consulta nestas bases de dados, os seguintes descritores foram utilizados:“Biomedicina e Saúde Pública”, “Profissional biomédico na Unidade Básica de Saúde”, “Áreasde atuação do biomédico”, “Sistema Único de Saúde” e “Atenção Primária à Saúde”. Desenvolver uma pesquisa bibliográfica, através de revisão de literatura, constitui-seem parte integral da evolução da ciência e fornece aos profissionais de qualquer área,informação, bem como, proporciona a atualização, sobre o progresso corrente da ciência esua literatura (FIGUEIREDO, 1990, p. 132).RESULTADOS E DISCUSSÃO O campo dos empreendimentos coletivos na área da saúde sofreu impacto ealterações principalmente após a inserção do conceito qualidade de vida, e também daintrodução da integralidade da assistência à saúde, na década de 1990 (PINHO, 2006). Otrabalho em equipe é uma estratégia que visa redesenhar a forma de se trabalhar e depromover a qualidade dos serviços, através do estabelecimento de prioridades,planejamento, comunicação e disciplina entre os profissionais (BREHMER; VERDI, 2010). De acordo Saar e Trevisan (2007) o trabalho em equipe possui relevância técnica ehumanizadora, entretanto é uma prática difícil de ser concretizada. Dividir asresponsabilidades na tomada de decisões, compartilhar informações e como consequênciaobter resultados mais rápidos e consolidados, são características essências de uma equipe(PINHO, 2006). Neste contexto, os profissionais da área da saúde devem desempenhar oexercício de sua profissão através de um processo de trabalho coletivo, praticando o que lhefoi capacitado durante a formação acadêmica (LOCH-NECKEL et al., 2009). Além disso, os autores Loch-Neckel e colaboradores (2009), também afirmam que emtodos os níveis de atenção a saúde se faz necessário o trabalho interdisciplinar e em equipe.Uma vez que a partir deste se deseja alcançar uma abordagem integral sobre os elementosque interferem na saúde da população e consequentemente atingir com maior eficiência eresolutividade, os serviços e programas ofertados a população. Acompanham esse enredo osConselhos Federais e Regionais de cada categoria profissional, os quais se organizam e lutampela inserção dos trabalhadores nos serviços de saúde pública. Para Araújo e Rocha (2007) a maior dificuldade do trabalho em equipe, esta naconcepção sobre o conceito de equipe, que pode ser compreendido como um “conjunto”,ou grupo de pessoas que desempenham tarefas ou trabalhos, não importando os objetivos erelações interpessoais. A equipe pode ser considerada apenas um grupo de pessoas com umobjetivo em comum, onde estes pretendem alcançá-lo de forma compartilhada. Emcontrapartida o mesmo diz que o trabalho em equipe é uma forma competente deestruturar, organizar e aproveitar as habilidades humanas, pois possibilita uma visão global ecoletiva do trabalho. Da mesma forma que avigora o compartilhamento de tarefas e anecessidade de cooperação, para conseguir objetivos comuns. Saar e Trevizan (2007)afirmam que quando não há interação entre os profissionais das equipes, a prática podetornar-se fragmentada, desumana e voltada ao enfoque individualista. Segundo Silva e Trad (2005) estudos demonstram que nas equipes de saúde háausência de responsabilidade coletiva do trabalho e baixo grau de interação entre as Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

categorias profissionais. Consequentemente, este fato prejudica o andamento dasatividades, que devem conhecer as famílias do território de abrangência, identificar osproblemas de saúde e as situações de risco. Além disso, Mello (2005) afirma que tambémcabe a esse grupo, elaborar um plano de ação ou programação de atividades para combateras causas do processo saúde/doença, criando ações educativas e intersetoriais relacionadasaos problemas de saúde identificados, prestando assistência integral no campo na atençãobásica. De acordo com Zimmermann e colaboradores (2015) a prática e a vivência nasequipes de saúde pública são indispensáveis para a formação profissional, pois é nestemomento que ocorre a construção do conhecimento e o desenvolvimento da noção do queé a qualidade de vida. E, o estágio curricular, é uma das formas de concretizar essaexperiência (ZIMMERMANN, 2014). Corroborando, Rodrigues e Santos (2010) relatam que aeducação em saúde é imprescindível à saúde coletiva e deve estar na rotina diária de umserviço de saúde, pois promove mudanças comportamentais, individuais e/ou coletivas, querefletirão nos fatores determinantes e condicionantes da saúde. Corroborando, Pereira e Oliveira (2014) afirmam que um dos maiores desafios éconcretizar a teoria e resultar em práticas de cuidado integral, de alcance universal ehumanizado. Assim, o Biomédico quando inserido na equipe, deve ter discernimento paragarantir o equilíbrio entre o conhecimento e a prática, atuando transdisciplinarmente,propondo estratégias e ações que tenham como objetivo a manutenção da saúde(ZIMMERMANN et al., 2015). Assim, considera-se que a educação em saúde, seja um elopara intervir nos problemas relacionados à saúde da população, pois contribui para odesenvolvimento de novas percepções da qualidade de vida, bem como, da saúde (FLORES;DREHMER, 2003). Às equipes de saúde também compete a prática do acolhimento, a qual se realizaatravés de vínculos de cuidado com o usuário/paciente dos serviços de saúde. Oacolhimento permite ajustar o acesso por meio da oferta de ações e serviços maisadequados, contribuindo para a satisfação do usuário. Schimith e Lima (2004) orientam quenesse caminho deve–se ter bom senso e ética, para com as diversas relações, bem como,tolerância aos diferentes, sempre se comprometendo com a construção da cidadania. ParaSouza e colaboradores (2008) o acolhimento complementa o acesso, e a integralidade docuidado, bem como, a integração entre os membros da equipe e a gestão do SUS, não selimitando ao ato de atender. De acordo com Schimith e Lima (2004) o vínculo construído com os usuários oupacientes, dos serviços de saúde, aumenta a eficácia das ações em saúde, beneficiando aparticipação do usuário durante a prestação de serviços. Por outro lado, compreende-se queneste processo de satisfazer as demandas, também gera consequências aos profissionais, asquais refletem na sobrecarga, pois nem sempre a equipe está completa. O desgastepercebido pode interferir no trabalho diário e consequentemente na forma de atendimento,que muitas vezes não são tão eficientes quanto deveriam ou que não atendem o público deforma universal (SOUZA et al., 2008). A introdução da prática da humanização surgiu para qualificar a atenção à saúde noSUS, especificamente em 2003, com o PNH, onde os seus princípios são completamente deinfluencia humanista: universalidade, integralidade, equidade e participação social(ASSUMPÇÃO, 2007). Estes princípios fazem do SUS o principal sistema de inclusão social doBrasil, e esta “prática” aumenta o vínculo entre o usuário e o profissional, fazendo valer os Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

ideais do SUS, propostos na Lei 8.080/90 e 8.142/90, bem como na CF/88 (RIOS, 2009;BRASIL, 1990b). Frente a estas necessidades é que foi instituído a PNH, pelo Ministério daSaúde, que passa a ser deliberada como uma política, não sendo mais vista como umprograma, dirigindo princípios e modos de atuar no conjunto das relações dos diferentesfrequentadores da rede SUS (SIMÕES et al., 2007). A humanização é fundamentada no respeito e valorização da pessoa humana, ecompõe um processo que tende transformar a cultura institucional por meio da construçãocoletiva de compromissos éticos e de processos para as ações de atenção à saúde e degestão de serviços (MOTA; MARTINS; VÉRAS, 2006). Segundo Rios (2009) humanizar refere-se ao reconhecimento da natureza humana em sua essência e a elaboração de pactos decooperação, de diretrizes de conduta ética, de posturas profissionais condizentes comvalores humanos pactuados coletivamente. Desta forma, são de extrema importância as estratégias, metodologias e ferramentasque se destinam ao desenvolvimento dos profissionais da saúde. Pois se acredita que o atode promover atendimentos genuinamente humanizados, necessita de capacitação eentendimento por parte dos profissionais da saúde, Também é fundamental a criação deações institucionais que tendem ao cuidado e atenção a situações de sobrecarga e estresse,ocasionada pelo próprio trabalho e ambiente de saúde (RIOS, 2009). Além disso, a educaçãopermanente torna-se uma importante ferramenta para o exercício da gestão participativa,que visa a transformação das praticas de formação, atenção e gestão da saúde (SARRETA,2009). Magalhães (2011) afirma que uma das principais causas que dificultam a prática dainterdisciplinaridade no trabalho em equipe é a formação dos profissionais de saúde, quetem como prioridade conhecimentos técnicos e não antropológicos. Consequentemente,acaba afastando os futuros profissionais das práticas na comunidade, a qual irá acolhê-loapós a academia (LOCH-NECKEL et al., 2009). Corroborando, Zimmermann e colaboradores(2015) afirmam que o envolvimento dos acadêmicos com a comunidade é fundamental parao compartilhamento de saberes e experiências, amadurecimento da prática profissional einterdisciplinar, além de permitir o desenvolvimento do compromisso ético-político-profissional. Na percepção de Loch-Neckel e colaboradores (2009) cabe ao profissional da área dasaúde desempenhar suas atividades num contexto do trabalho coletivo, assim como já foraproposto para ser desempenhado nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), comintuito de compartilhar responsabilidades, saberes e decisões. Na prática este contextoexige muita disciplina e apresenta dificuldade de concretização, já que faltam profissionaisqualificados e preparados para o trabalho compartilhado (MADEIRA, 2009). SegundoOliveira, Rocha e Cutolo (2012) os profissionais que fazem parte das equipes dos NASF,possuem um diferencial, pois realizam o apoio as equipes dos ESF. Assim como o fonoaudiólogo, nutricionista, fisioterapeuta, assistência social e outros,o Biomédico pode atuar promovendo a saúde e a qualidade de vida. Pois ele apresentaformação e comprometimento com a transformação da realidade, atuando na educação esaúde da população, melhorando a qualidade de vida e promovendo a saúde. É competênciado Biomédico, auxiliar na realização de visitas domiciliares, em creches e escolas,oferecendo assessoria e orientação, bem como, formar grupos terapêuticos, que visem apromoção da saúde e a prevenção de doenças, discutindo casos clínicos e desenvolvendo Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

projetos terapêuticos com a equipe (OLIVEIRA; ROCHA; CUTOLO, 2012; MATTOS; NEVES,2009). O Biomédico é um profissional que contempla várias características e habilidadespara atuar em equipes de saúde, bem como, em atividades complementares de diagnóstico,e possui um respeitado histórico de luta pela melhoria da qualidade de vida da população,sendo considerado um importante apoio à saúde pública (HADDAD et al., 2006). A formaçãodeste profissional é influenciada pela matriz curricular, que é proposta pelo curso deBiomedicina. Para preparar profissionais com interesse coletivo e para a saúde pública, amatriz deve ter disciplinas que o incentivem a desenvolver uma visão crítica, as quaisfortalecem os princípios da ética e responsabilidade. Também, para desempenhar ações naatenção integral à saúde e na resolução de problemas em âmbito individual ou coletivo,fortalecendo as equipes multiprofissionais.CONCLUSÃO Neste contexto, o perfil dos profissionais da saúde, deve ser moldado e baseado nasestratégias voltadas ao campo de formação e desenvolvimento profissional. Este que deveter embasamento nos princípios e diretrizes do sistema público de saúde, o SUS, efundamentado no amplo conceito de saúde, fazendo-se uso de metodologias de ensino-aprendizagem, que visem à integração entre ensino e serviços de saúde, levando aoaperfeiçoando da atenção integral à saúde da população. Desta forma, faz-se necessário uma qualificação adequada dos profissionais dasaúde, para saber recepcionar, escutar e dialogar, atendendo a exigência de acesso,propiciando um vínculo entre equipe e usuário, para assim ter discernimento nas tomadasde decisões. Da mesma forma que o profissional necessita entender o funcionamento darede pública de atenção a saúde. O curso de Biomedicina que contemplar no projeto pedagógico, disciplinas e práticascomunitárias, aliadas a formação humanizada e relacionada com a saúde pública, irá formarprofissionais preparados para o mercado de trabalho. Sendo capacitado a atuar em equipesde saúde, como gestor, sanitarista, epidemiologista, bem como coordenar e fortalecerequipes, tornando-a apta para intervir na realidade do seu território de atuação. Resultandoem uma relação acolhedora e humanizada, promovendo a saúde nos níveis individuais ecoletivos.REFERÊNCIASARAÚJO, Marize Barros de Souza; ROCHA, Paulo de BASTOS, Gisele Alsina Nader; DUCA, Giovâni FirpoMedeiros. Trabalho em equipe: um desafio para a Del; HALLAL, Pedro Curi; SANTOS, Iná S. Utilizationconsolidação da estratégia de saúde da família. of medical services in the public health system inRevista Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, n. 2, p. 455- the Southern Brazil. Revista Saúde Pública, v. 45, n.464, 2007. 3, p. 475-484, 2011.ASSUMPÇÃO, Patrícia Freitas Schemes. A BRASIL. Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 1979.integralidade em saúde e o debate do serviço Regulamenta as profissões de Biólogo e desocial. Florianópolis, 2007. Disponível em: Biomédico, cria o Conselho Federal e os Conselhoshttps://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/1234 Regionais de Biologia e Biomedicina, e dá outras56789/90811/247034.pdf?sequence=1&isAllowed providências. Brasília, 1979.=y acesso em 20 de outubro de 2014. Rev. Sau. Int., v.8, n. 15-16 (2015) ISSN 2447-7079

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