Important Announcement
PubHTML5 Scheduled Server Maintenance on (GMT) Sunday, June 26th, 2:00 am - 8:00 am.
PubHTML5 site will be inoperative during the times indicated!

Home Explore Livro 9 ano

Livro 9 ano

Published by Elizandra Demetrio, 2022-02-01 04:43:40

Description: Livro 9 ano

Search

Read the Text Version

Silvio Wonsovicz SOMOS CIDADÃOS REFLEXIVOS: FILÓSOFOS POR NATUREZA 8.ª Edição Florianópolis (SC), 2022.

Onde viveram os primeiros FIlosofos? [Espaço Filosófico na Grécia Antiga] PHILOS = Amizade, amor SOPHIA / SOPHOS = Sabedoria, sábio Philos + Sophia FilosoFIa = amor pelo saber, amizade à sabedoria, busca do saber. Philos + Sophos Filosofo = sábio que tem amor, amizade pelo saber, que busca a sabedoria.

Onde vivem os FIlosofos?

4 Novo Espaço Filosófico Criativo 9.º ano COLEÇÃO NOVO ESPAÇO FILOSÓFICO CRIATIVO W872c Copyright c 2009, by Editora Sophos Ltda. EDITORA SOPHOS LTDA, Florianópolis, 2022. Rua Cristóvão Nunes Pires, 161 - Centro CEP 88010-120 - Florianópolis - SC Fone (48) 3222.8826 - 3025.2909 www.editorasophos.com.br [email protected] Todos os direitos reservados. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Wonsovicz, Silvio Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza / Silvio Wonsovicz. – 8. ed. – Florianópolis : Sophos, 2022. 96 p.: il. - (Coleção Novo Espaço Filosófico Criativo; 9.º ano) ISBN: 978-85-8037-048-5 1. Filosofia - Estudo e Ensino. 2. Ensino Fundamental. 3. Aprendizagem - Metodologia. 4. Pensamento filosófico e criativo. I. Título. CDU: 1:37 Ficha Técnica Editor: Silvio Wonsovicz Revisão: Rodrigo Brasil e Jaqueline Tartari (Contextuar) Ilustração: Rose Gaiewski e Fransuá de Lima Capa: Fransuá de Lima Projeto gráfico: FK Estúdio Diagramação: FK Estúdio Coleção NOVO ESPAÇO FILOSÓFICO CRIATIVO 1.º ano Vamos filosofar? 8.ª edição 2.º ano Aprender a filosofar com os colegas 8.ª edição 3.º ano Discutir e construir um filosofar vivo 8.ª edição 4.º ano Entender as ideias e filosofar 8.ª edição 5.º ano Tecer as ideias com os outros: filosofando 8.ª edição 6.º ano Filosofar e viver 8.ª edição 7.º ano A Filosofia no nosso dia a dia 8.ª edição 8.º ano Conviver e filosofar com os outros 8.ª edição 9.º ano Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 8.ª edição 2022 Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n.º 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópias e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

Entendendo a estrutura do seu livro de FilosoFIA 6.º ao 9.º ano O filósofo contemporâneo Wittgenstein afirmou que poderia escrever um bom e sério livro de Filosofia utilizando apenas piadas e jogos. Este é um livro com características peculiares, pensado interativamente para qualquer idade, para ser utilizado com adolescentes que fazem Filosofia sistematicamente no Programa Educar para o Pensar: Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens, já que não se pode viver sem filosofar. O autor Quadro de competências e habilidades: Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza - 9.º ano Capítulo 1 - Pelo diálogo: o filosofar e a partilha das reflexões e vivências UNIDADE 1 – Pensar: a expressão da nossa natureza Proposta de trabalho Noções/Conceitos Habilidades 1.1 Com / versar N Distinguir os conceitos de N Estabelecer uma relação conversar, dialogar, dizer a de entendimento do que 1.2 O que precisa haver para palavra. se busca com o diálogo que aconteça o diálogo? em uma filosofia viva. N Conseguir que em todas 1.3 O que queremos nas as aulas aconteça um N Dar condições para que aulas de filosofia e na diálogo. os alunos percebam COM.A.I? a importância de um N Prática forense e prática diálogo que leva para a filosófica. ação. Capítulo 2 - Refletir como condição natural Proposta de trabalho Noções/Conceitos Habilidades 2.1 Conhecimentos míticos, de N Os diversos conhecimentos N Oportunizar a visão do senso comum, científicos e que nos ajudam a entender conhecimento humano filosóficos a realidade. como descoberta prazerosa por meio da investigação 2.2 Posso conhecer? Origem, N Essência e possibilidade do pessoal e coletiva essência e possibilidades do conhecimento. Estimular a observação conhecimento N Realidades, emoções e N atenta do mundo ao redor 2.3 Realidade, cérebro e questões do cérebro. e as perspectivas vindas emoções dos colegas

6 Novo Espaço Filosófico Criativo 9.º ano Capítulo 3 - Pensar logicamente e agir UNIDADE 2 - Pensar bem é a essência da natureza humana Proposta de trabalho Noções/Conceitos Habilidades 3.1 A lógica serve para quê? N Especificidades da lógica N Desenvolver, gradualmente, N Divisão da lógica. 3.2 Uso do raciocínio Dedutivo N Raciocínios válidos e prontidão para a e Indutivo. inválidos. aprendizagem mediante a 3.3 O pensar lógico e as ações N Os destinos da lógica (dar desculpas, justificar...). formulação de hipóteses, a aristotélica. busca de informações e a observação intencional; N Promover diferentes formas de expressão das ideias. Capítulo 4 - Vivo com os outros e tenho ações Proposta de trabalho Noções/Conceitos Habilidades 4.1 A ética no mundo N Existencialismo, pragmatismo N Promover a vivência dos contemporâneo e marxismo valores no grupo 4.2 A escolha do que N Ética Profissional N Organizar atividades queremos ser e fazer individuais, em equipes e e a Ética profissional coletivas N Interagir com as famílias no intercâmbio das atividades Capítulo 5 - Sou cidadão, escrevo minha história UNIDADE 3 - Pensar bem e agir Proposta de trabalho Noções/Conceitos Habilidades 5.1 A organização social, o N O Estado, governo, N Selecionar fatos relevantes poder e a cidadania sociedade e nação sobre a realidade e ligar com 5.2 tO homem como Ser Ético, Ser Político e Ser Estético as ideias trabalhadas N Formas de governo e N Interpretar os acontecimentos cidadania com intenção de mudança de comportamento N O ser político e o ser ético N Investigar, pesquisar e exemplificar ligando os conteúdos a realidade atual

Novo Espaço Filosófico Criativo 9.º ano 7 A estrutura N 1. Este é um livro que faz parte de uma coleção pertencente ao programa filosófico Educar para o Pensar: Filosofia com Crianças, Adolescentes e Jovens. N 2. Esta coleção caracteriza-se por ser interativa, isto é, você também é convidado a ser coautor do livro, por isso ele não está pronto e, em muitas situações, você irá ajudar a escrever o nosso livro, com os seus colegas, na Comunidade de Aprendizagem Investigativa – COM.A.I. N 3. Cada livro do 6.º ao 9.º ano contém três unidades com cinco capítulos – Diálogo Filosófico, Teoria do Conhecimento, Lógica, Ética e Política e Estética. - Diálogo filosófico - Teoria do Conhecimento - Lógica - Ética - Política e Estética 6.º ano 7.º ano 8.º ano 9.º ano N 4. Em cada livro há uma ligação e um aprofundamento entre os conteúdos. Ao final do 9.º ano você terá um conhecimento muito maior dos assuntos filosóficos escolhidos para lhe dar uma base filosófica para o Ensino Médio e uma continuidade de vida como um cidadão consciente. Organização dos livros do 6.º ao 9.º ano N I. No final de cada livro, temos a Avaliação formativa e reflexiva para que você e a sua COM.A.I. possam avaliar o crescimento e o entendimento dos conteúdos e das reflexões filosóficas passo a passo durante o ano. N II. Vamos passar em cada conteúdo e atividade com calma e cuidadosamente. Não há nada tão complicado que um adolescente brilhante não possa acompanhar, ainda mais sabendo que tem junto consigo os seus colegas e o professor, formando a COM.A.I. N III. Não tenha medo de se expor a todo instante. Esteja preparado para o erro, para discutir, investigar e modificar seu modo de pensar, chegar a um consenso. Mesmo com dúvida e principalmente a partir da reflexão, procure buscar ações individuais e coletivas, exercendo o protagonismo juvenil.

8 Novo Espaço Filosófico Criativo 9.º ano N IV. Este livro não vê o aluno como um vaso vazio que precisa ser preenchido com teorias ou doutrinas, mas como um recipiente com muitas ideias filosóficas, passíveis de serem melhoradas (individualmente e no grupo). O foco não está centrado na verdade, mas na opinião, no diálogo, na crença, no erro, na discussão e na investigação. As perguntas podem ser muitas, mas poucas as respostas. Cabe a cada aluno dar suas respostas, saber justificá-las, estar aberto para reconsiderá-las e/ou modificá- las, num processo de reflexão e investigação, assim como o filósofo Sócrates, que, pelo diálogo, fazia as pessoas entenderem que “uma vida que não é examinada não merece ser vivida”. N V. Na introdução e nos capítulos, junto ao conteúdo, você é desafiado, com a sua turma, a participar como coautor nas seguintes ações: Vamos criar Vamos filosofar e filosofar... e criar... Cantar e Curiosidades sobre A lógica filosofar o cérebro e o corpo das piadas Sessão “Acenda Educação Educação as luzes”: Filme financeira para valores Aprender a empreender: Educação afetiva Empreendedorismo social e ética sexual

Unidade SUMARIO Unidade05 Entendendo a estrutura do seu livro de Filosofia – 6.º ao 9.º ano 09 Sumário 12 INTRODUÇÃO: Filosofar? Sim porque somos cidadão reflexivos e por natureza filósofos 1 Pensar: a expressão da nossa natureza Diálogo filosófico - Teoria do Conhecimento 16 CAPÍTULO 1 - Pelo diálogo: o filosofar e a partilha das reflexões e vivências 16 1.1 Com / versar 18 Educação para os valores e a paz: O diálogo e o entendimento mútuo 19 1.2 O que precisa haver para que aconteça o diálogo? 20 Aprender a empreender: Os pais devem ou não deixar os filhos adolescentes saírem com a turma nas noites de sábado? 22 1.3 O que queremos nas aulas de filosofia e na COM.A.I.? 24 CAPÍTULO 2 - Refletir como condição natural 24 Cantar é filosofar: A geração da Luz 25 Reflexão: Os sete sábios 26 2.1 Conhecimentos míticos, de senso comum, científicos e filosóficos 29 Educação afetiva e ética sexual: Os olhos são a janela da alma... 31 2.2 Posso conhecer? Origem, essência e possibilidades do conhecimento 35 Aprender a empreender: Dúvida - Opinião - Crença 37 2.3 Realidade, cérebro e emoções 40 Curiosidades sobre o Cérebro e o Corpo 41 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Percy Jackson e o ladrão de raios” 42 A lógica das piadas 2 Pensar bem é a essência da natureza humana Lógica – Ética 45 CAPÍTULO 3 - Pensar logicamente e agir 45 Cantar e filosofar: Banal 46 Reflexão: Seu maior tesouro 47 3.1 A lógica serve para quê? 47 Educação financeira: Os jogos Olímpicos 52 Aprender a empreender: As áreas do conhecimento e critérios para análises 53 3.2 Uso do raciocínio Dedutivo e Indutivo 58 3.3 O pensar lógico e as ações (dar desculpas, justificar...) 61 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Mãos talentosas - a história de Ben Carson” 61 A lógica das piadas

Unidade62 CAPÍTULO 4 - Vivo com os outros e tenho ações 62 Cantar e filosofar: A estrada 63 Reflexão: Os três últimos desejos de Alexandre, o Grande 64 4.1 A ética no mundo contemporâneo 64 Aprender a empreender: Clarear a consciência 67 Educação para os valores e a paz: Tomar decisão e agir 69 4.2 A escolha do que queremos ser e fazer e a Ética profissional 73 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Tempo de paz” 73 A lógica das piadas 3 Pensar e agir Política – Estética 76 CAPÍTULO 5 - Sou cidadão, escrevo minha história 76 Cantar e filosofar: Quando o morcego doar sangue 77 Reflexão: Quem decide por mim? 77 5.1 A organização social, o poder e a cidadania 81 Aprender a empreender: Participação – Cidadania – Democracia 83 5.2 O homem como ser ético, ser político e ser estético 84 Educação para os valores e a paz: Os desafios; ser ético, político e estético 85 Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Capitalismo: uma história de amor” 85 A lógica das piadas Avaliações 87 Avaliações: formativa e reflexiva 91 Afinal, sou um SER pensante, faço Filosofia no 9.º ano 93 Considerações e critérios sobre a avaliação (somente para os pais e os professores) 94 Lembrete filosófico 95 Aos educadores e aos educandos do século XXI: Construir um filosofar vivo?

NTRODUCAO Filosofar? Sim porque somos cidadãos reflexivos e por natureza filósofos 0

Filosofar? Sim porque somos 0 cidadAos reFLexivos e por natureza FIlOsofos Caro estudante, Estamos iniciando a caminhada para a conclusão de mais um ciclo escolar. Um ano de muitas descobertas e desafios, que não serão diferentes dos enfrentados nos anos anteriores. Só que agora com alguns elementos a mais. Cada um com mais conhecimentos, entendimentos e discernimentos com relação a si mesmo, ao que quer, aos conteúdos que iniciados no descobrir e investigar no 6.˚ ano (e alguns lá no 1.˚ ano) e que nos acompanham por toda a vida... Também neste ano, pessoas mais próximas a nós poderão até dizer que não somos “mais crianças”, que já somos responsáveis por decisões e escolhas... E isso também é verdade! Enquanto grupo de colegas que fazem uma caminhada juntos, formando a COM.A.I., muitas recordações de investigações, descobertas, discussões, enfim, momentos filosóficos que marcaram e marcam a vida de todos. Agora um novo desafio, as conclusões dos entendimentos e conteúdos que foram iniciados no 6.˚ ano (Diálogo Filosófico, Teoria do Conhecimento, Lógica, Ética e Estética). Alguns estarão sendo concluídos ou colocados em desafios para a ampliação dos entendimentos no ensino médio. Você já sabe que filosofar todos nós filosofamos, e sempre. Agora no 9.˚ ano um convite ao filosofar porque somos cidadãos reflexivos e filósofos por natureza. E nessa afirmação a responsabilidade de termos presente que somos cidadãos, que participamos da polis e que é preciso saber posicionar-se e defender os pontos de vista, escutar e dialogar.

Novo Espaço Filosófico Criativo 9.º ano 13 É importante uma reflexão inicial com a frase atribuída ao filósofo existencialista Jean Paul Sartre (1905-1980), dizia ele: “O importante não é o que fizeram de nós, mas o que vamos fazer daquilo que fizeram de nós”. Isso é escolha, é liberdade, é responsabilidade e, cada um é convidado a tomar sua vida nas mãos e seguir em frente. Refletir e agir, agir e refletir, isso em ações pessoais e em COM.A.I., especialmente no 9.˚ ano. O que fazer com aquilo que fazem conosco? Nas situações de mágoas, traição, inveja, ciúme, desrespeito, ...? Podemos nos esquivar peneirando as relações mas, é quase impossível fugir de tudo. Quando pequenos e porque não hoje, situações na escola e na sociedade, quanto as pessoas podem ser cruéis umas com as outras em práticas como bullying, intolerância, preconceitos raciais, sociais, sexuais... Somos filósofos por natureza e em COM.A.I. vamos refletir e, quando possível, socializar as experiências e investigações pessoais para assim fazer uma ligação com outra frase atribuída ao poeta Fernando Pessoa: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia construirei um castelo...” e podemos completar juntos: e se são de pedras em pedras, é que vamos decidindo o que fazer com elas. Bons trabalhos, investigações, debates e conclusões que faremos juntos em COM.A.I. pois, Filosofar? Sim somos cidadãos reflexivos e filósofos por natureza. Silvio Wonsovicz Equipe de Assessoria Filosófica Editora Sophos e Centro de Filosofia Educação para o Pensar Copyright Sfio Cracho. Shutterstock.com

1 UNIDADE PENSAR: A EXPRESSAO DA NOSSA NATUREZA Diálogo filosófico Teoria do conhecimento

0 INTRODUÇÃO pensar: a expressao da nossa natureza PENSAMOS e muito porém, é necessário que esse pensar seja expresso para que a natureza humana venha a ser entendida. O Diálogo Filosófico é um convite para o deixar-se conhecer e também necessário para compreendermos o mundo e o outro. Essa arte precisa ser apreendida a cada aula, a cada dia e em todas as situações. Por isso os conteúdos dessa unidade 1 vêm ao encontro do coroamento de caminhadas anteriores. Um aspecto importante para distinguir sobre o “versar” (dizer a palavra) com alguém. E a pergunta crucial – O que precisa haver para que aconteça o diálogo? Parece que todos esperamos a resposta derradeira e certa. Mas não, aqui uma indagação filosófica na qual temos alguns caminhos e pistas. Essa resposta com certeza será construída pessoalmente na vida de cada indivíduo. Sendo assim, o desafio de que nas aulas de Filosofia, mas também em todas as outras e nos momentos de convivência o questionamento – o que queremos? E o como queremos? Dialogar é a garantia de nos relacionarmos e sermos no mundo, partilhando reflexões e vivências. Pelo diálogo conseguimos o entendimento dos vários tipos de conhecimentos (míticos, senso comum, científicos, filosóficos) e, a possibilidade da análise da origem e essência do conhecimento. Um caminho que precisamos percorrer. Diálogo filosófico Teoria do conhecimento Pelo diálogo: o filosofar e a partilha Refletir como condição natural das reflexões e vivências N Com / versar. N Conhecimentos míticos, de senso N O que precisa haver para que comum, científicos e filosóficos. aconteça o diálogo? N Possoconhecer?Origem,essência N O que queremos nas aulas de e possibilidades do conhecimento. filosofia e na COM.A.I.? N Realidade, cérebro e emoções.

CAPÍTULO 1 1 Pelo diAlogo: o FIlosofar e a partilha das reFLexOes e vivEncias 1.1 Com / versar Vamos iniciar o 9.˚ ano com reflexões, investigações e um filosofar vivo com um texto de Fernando Pessoa, que justifica muito bem a necessidade de dialogarmos sempre: Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado um com o outro. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou que um via um lado das coisas e outro um outro lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro, mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão. Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.1 1. Ficção e Teatro. Fernando Pessoa. (Introdução, organização e notas de António Quadros.) Mem Martins: Europa-América, 1986 - 47.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 17 O diálogo que leva ao filosofar e à partilha de pensamentos e reflexões precisa questionar que tipo de atitude estamos realizando quando conversamos. ! com / versar = com, próximo do outro, em um mesmo nível + versar, dizer a palavra, expressar Vamos pensar como entendemos e praticamos o diálogo? É como: N Competição ou cooperação? N Negação ou aceitação do outro? N Arena ou ágora? N Esperteza ou competência? N Patriarcal ou matriarcal? N Utilitário ou convenção? N Totalitário ou democrático? N Linear ou complexo? N Pirâmide ou rede? N Discussão ou debate? Vamos criar e filosofar... 1. A partir do texto de Fernando Pessoa, discuta com seus colegas onde se enquadram essas questões acima, conforme o entendimento de diálogo. Ao chegar às conclusões, registre as ideias da COM.A.I. abaixo e saiba justificá-las: Vivemos numa grande crise do modelo civilizatório. Há a defesa dos modelos de comportamento e exaltação de valores que vêm da estrutura mecânica da organização social. Temos então, valorizado pela tecnociência: a hierarquia, o controle, a estabilidade, o individualismo, a competitividade, o levar vantagem, a sobrevivência etc. Essa forma de viver tem desencadeado enormes problemas. Os mais graves talvez sejam a exclusão social e econômica que atinge aproximadamente dois terços da população mundial; assim como as mudanças climáticas que ameaçam toda vida na Terra. Toda crise coloca em perspectiva um novo caminho e um novo paradigma, com novos conhecimentos, valores e padrões de comportamentos. Há quem afirme que vivemos uma crise de significado ou “doença do pensamento” – expressão colocada pelo físico quântico David Bohm.

18 Pelo diálogo: o filosofar e a partilha Capítulo 1 das reflexões e vivências Educação para valores e a paz O diálogo e o entendimento mútuo Nesse começo de ano é fundamental que enquanto COM.A.I. do 9.˚ ano possamos ter um entendimento maior dos grandes conflitos e problemas da humanidade. Estamos neste capítulo, buscando pelo diálogo, a partilha das reflexões e vivências, nada melhor do que refletirmos sobre o diálogo com as ideias apresentadas no vídeo https://www.youtube.com/watch?v=er_M1x-AiXc. (56 minutos de uma aula de motivação, valorização do diálogo) – socializadas pelo Dr. Lair Ribeiro. ! A sugestão é que esse vídeo seja assistido em grupo fora da sala de aula e que tragam para a COM.A.I. as seguintes ações: N Qual entendimento do grupo sobre as pérolas colocadas na palestra? N Sobre os três níveis de comunicação, o que ficou marcado para vocês? N Uma síntese do seu grupo do assunto O Diálogo e Entendimento Mútuo. Ressaltando aquilo que mais ficou marcante para vocês. N O que o nosso 9.˚ ano conclui dessa fala do Dr. Lair Ribeiro para a melhora do diálogo mútuo entre todos da COM.A.I? Voltando a ideia “doença do pensamento”, qual a saída dessa crise? A prática do diálogo para superação dos problemas atuais e resgate da convivência entre as sociedades, relacionamentos mais consistentes entre as pessoas. Estamos filosofando, investigando, dialogando e partilhando o que nos é mais essencial – nossa essência enquanto pessoas. Por isso somente pelo diálogo é que: N podemos conhecer as muitas maneiras pelas quais nos interligamos; N entendermos que integramos uma única realidade compartilhada; N percebermos a natureza contínua das mudanças que ocorrem à nossa volta; N compreendermos o significado daquilo que pode parecer uma desordem. Assim com e pelo diálogo poderemos ver os grandes padrões e pensamentos que permeiam nossas vidas cotidianas; N construirmos a Comunidade de Aprendizagem Investigativa (C.A.I.), em sala de aula.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 19 1.2 O que precisa haver para que aconteça o diálogo? Esse exercício de colocar-se “com” os outros requer o desenvolvimento de capacidades e atitudes como: N deixar de fazer julgamento; N aprender a ouvir; N colocar-se em uma postura reflexiva. Como fazer que em todas as nossas aulas o diálogo aconteça? Com algumas atitudes e comportamentos para que a conversação entre nós seja mais criativa e transformadora. Para que com o diálogo possamos formar cada vez mais a C.A.I. em nossa sala de aula: N Pensar e desenvolver o diálogo sob ideias e aprendizagens compartilhadas, possibilitando diversas respostas e colocações criativas. N Aprender a ouvir sem resistência, principalmente os pontos de vista discordantes, assimilando os significados das palavras ditas. N Perceber que a necessidade de resultados pode levar o diálogo para um único resultado e, desta forma, restringir o poder de criação pelo diálogo. N Respeitar as diferenças entre os participantes, isso não pode separar as pessoas. N Entender que os papéis e status dos participantes no diálogo não podem impedir de ouvir e falar abertamente, valorizando assim a contribuição das pessoas. N Compartilhar responsabilidade e liderança no grupo, de modo que todos sejam estimulados a ouvir e falar, garantindo a participação. N Falar ao grupo todo. N Participar, quando estiver realmente confiante, pois sua contribuição será útil ao grupo. N Expressar o que sente e imagina no momento, prestando atenção aos pensamentos dos demais participantes, para buscar ir além da compreensão do grupo. Encontrar o equilíbrio entre o questionamento e a defesa. Ambos são necessários para a sustentação do diálogo e a busca do significado compartilhado. Copyright Andresr. Shutterstock.com Pelo diálogo é que filosofamos, refletimos e partilhamos um pouco de nossas verdades, para estarmos abertos às verdades dos outros. Assim ampliamos a nossa compreensão da realidade e construímos um novo pensamento, capaz de atender às nossas necessidades individuais e coletivas.

20 Pelo diálogo: o filosofar e a partilha Capítulo 1 das reflexões e vivências APRENDER A EMPREENDER: Empreendedorismo social Construir juntos a Comunidade de Aprendizagem Investigativa, exercitando o diálogo e as regras para construir sempre uma nova “inteligência coletiva” e desenvolver o protagonismo juvenil. Os pais devem ou não deixar os filhos adolescentes saírem com a turma nas noites de sábado? Certamente esse tema pode gerar muita polêmica. Nessa atividade – júri simulado - ninguém escolhe o lado, e terá que defender a posição que cair para o seu grupo. Caso alguém caia no grupo que defende a posição contrária à sua convicção, terá que defendê-la mesmo assim. Essa é uma maneira para treinar nossa habilidade de argumentação. Essa prática em argumentar é denominada prática forense (forense = fórum, tribunal), que é a defesa de alguma ideia, como os advogados fazem. Contudo, é justamente esta conotação de jogo e de disputa que distingue a prática forense da prática filosófica. Vamos ver o quadro abaixo e refletir sobre as diferenças: Prática forense Prática filosófica =júri simulado =Comunidade de Aprendizagem Investigativa 1. Há uma busca da invenção daquilo 1. Há uma busca da descoberta do que é o certo. que é o certo. 2. É um jogo. Portanto há o desejo de 2. Não é um jogo. Portanto não há ganhar do outro, não se importando competição. Aqueles que não com a verdade. pensam como eu me enriquecem. 3. Defende-se o lado para o qual fomos 3. Procura-se o compromisso com a designados, não importando qual verdade dos fatos. seja ele, ou se este lado combina com nossas convicções pessoais 4. Não há compromissos cegos com a ou não. defesa das ideias preestabelecidas. Se os fatos comprovarem o 4. O compromisso maior não é com contrário do que se pensava, muda- a verdade, mas com a defesa de se de ideia. ideias estabelecidas anteriormente.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 21 Agora é hora de escolher entre a Prática Forense ou a Prática Filosófica para depois registrarmos as ideias sobre a pergunta: N Os pais devem ou não deixar os filhos adolescentes saírem com a turma nas noites de sábado? N Conclusão com argumentos da COM.A.I do 9.˚ ano sobre esse assunto:

22 Pelo diálogo: o filosofar e a partilha Capítulo 1 das reflexões e vivências O que vem a ser “discussão”? O método de comunicação mais encontrado nos relacionamentos humanos. Vem do latim “discutere”, que significa fragmentar, reduzir a pedaços ou quebrar em partes. A internet está repleta de “fóruns de discussão”, muito embora em alguns casos os participantes queiram mesmo é praticar o diálogo. O uso inadequado da linguagem vem dificultar nossa capacidade de percepção da realidade complexa que nos cerca. Diálogo Discussão/Debate N Ver o todo entre as partes. N Desmembrar questões e problemas N Ver as ligações entre as partes. em partes. N Questionar pressuposições. N Ver distinções entre as partes. N Aprender por meio de N Justificar/defender pressuposições. questionamento e revelação. N Persuadir, vender e dizer. N Criar significado compartilhado N Chegar a um acordo sobre um por muitos. significado. 1.3 O que queremos nas aulas de filosofia e na COM.A.I.? Copyright Ra2Studio. Shutterstock.com Pelo diálogo como um método de reflexão conjunta, conseguir a observação compartilhada da(s) experiência(s) para ampliar a limitada compreensão individual de mundo. Em outras palavras, a maneira como eu vejo é uma perspectiva única de uma realidade mais ampla. Posso ver com os olhos dos meus colegas, e eles podem ver com os meus, assim cada um de nós verá algo que talvez não veria sozinho.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 23 Vamos filosofar e criar... 2. Vamos investigar, pensar, discutir as questões que seguem, registrando cada um a sua resposta: a. As discussões que acontecem nas aulas de filosofia e nas outras aulas, em sua casa e com os seus amigos estão mais para “disputa” ou mais para uma “investigação”? b. Você sabe o que o termo discussão significa? Veja a seguir as distinções entre explicar, discutir e demonstrar: N Explicar é esclarecer uma ideia que não está clara ou que está muito complicada. N Discutir é comparar ideias que parecem antagônicas, diferentes ou conflitantes. N Demonstrar é partir de verdades conhecidas e aceitas para construir outras, é mostrar, por meio de argumentos, que uma coisa é de determinado jeito. Agora pense e registre: qual é a atitude mais comum entre a maioria das pessoas sobre um assunto qualquer? c. Você sabia que a palavra “investigação” deriva da ideia de “buscar os vestígios” de uma verdade? Escreva um exemplo a partir dessa descoberta: Atividade em duplas 3. Vocês deverão dialogar sobre o título do nosso livro de filosofia: Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza. Em seguida criar um texto, em forma de diálogo, fazendo a defesa da ideia:

CAPÍTULO 2 2 ReFLetir como condiCAo natural Cantar e filosofar ! A GERAÇÃO DA LUZ Colocar música em uma cena é como escolher palavras Fonte: SEIXAS, Raul e Seixas, Kika. Intérprete: Raul Seixas. In: Metrô para um poema. Como disse linha 743. Rio de Janeiro: Som Livre, 1984. Arthur Shopenhauer: ‘as palavras expressam a razão Encontre a música no canal: e a música, a emoção’. https://www.youtube.com Vamos refletir e dialogar em COM.A.I. a. A partir da letra da música “A Geração da Luz”, faça uma comparação com o título do nosso livro: Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza O que significa para você a ideia colocada na letra da música: “vivemos esperando o dia em que seremos melhores... melhores no amor, melhores na dor, melhores em tudo”. b. Qual o significado da letra: “Vocês ainda têm a velocidade da luz pra alcançar”? c. A letra da música tem ligação com o título do capítulo – Refletir como condição natural. Escreva um ponto que você percebe na letra da música relacionada com a Teoria do Conhecimento. ! d. Vamos novamente cantar essa música, pensando em sua atualidade e ligação com o diálogo e a teoria do conhecimento. Organizar de forma criativa na COM.A.I. uma maneira de disponibilizar essa música para toda a sua escola.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 25 REFLEXÃO: Os sete sábios Sete sábios, cada um de uma religião, discutiam qual deles conhecia, realmente, a verdade. Um rei muito sábio que observava a discussão aproximou-se e perguntou: - O que vocês estão discutindo? - Estamos tentando descobrir qual de nós é dono da verdade. Ao escutar isso, o rei, imediatamente, pediu a um de seus servos que levasse sete cegos e um elefante até o seu castelo. Quando os cegos e o elefante chegaram ao palácio, o rei mandou chamar os sete sábios e pediu-lhes que observassem o que aconteceria a seguir. O sábio rei pediu aos cegos que tocassem o elefante e o descrevessem, um de cada vez. O primeiro cego tocou a tromba do elefante e disse: - É comprido, parece uma serpente. O segundo tocou-o no dente e disse: - É duro, parece uma pedra. O terceiro segurou-lhe o rabo e disse: - É cheio de cordinhas. O quarto pegou na orelha e disse: - Parece um couro bem grosso. E assim, sucessivamente, cada cego descreveu o elefante de acordo com a parte dele que estava tocando. Quando todos terminaram de descrever o animal, o rei perguntou aos sete sábios: - Algum desses cegos mentiu? - Não! - responderam os sábios em coro. - Todos falaram a verdade. Então, o rei perguntou: - Mas algum deles disse realmente o que é um elefante? - Não, nenhum cego disse o que é um elefante, mesmo porque cada um tocou apenas uma parte dele - disse um dos sábios. - Vocês, sábios, que estão discutindo quem é dono da verdade, parecem cegos. Todos estão falando a verdade, mas, como os sete cegos, cada um se refere apenas a uma parte dela - disse o sábio rei, concluindo: - Ninguém é dono da verdade, porque ninguém a detém por inteiro. Somos donos apenas de parte da verdade. Autor desconhecido Para discutir na COM.A.I. 1. A partir do texto reflexivo, defina primeiro para você o que é o conhecimento? Em seguida vamos discutir sobre os entendimentos. 2. Os sentidos podem nos enganar? Desafio: Procure organizar de maneira criativa, uma forma para que essa reflexão “Os Sete sábios”, possa ser vista por toda a sua escola, principalmente neste começo de ano.

26 Refletir como condição natural Capítulo 2 2.1 Conhecimentos de senso comum, científicos, míticos, e filosóficos Conhecimento de senso comum e conhecimento científico Copyright Unuchko Veronika. Shutterstock.com O conhecimento de senso comum fica no imediato das coisas, caracteriza-se pela subjetividade (opiniões, emoções e valores) e é ditado pelas circunstâncias de quem o produz. N O conhecimento de senso comum: N Não necessita de um parecer científico para que se comprove o que é dito. N É um saber informal, que se origina de opiniões de um determinado indivíduo ou grupo e que é avaliado conforme o efeito que produz nas pessoas. N É um saber imediato, subjetivo, heterogêneo e acrítico, pois se conforma com o que é dito para se realizar. N Utiliza várias ideias e não busca conhecimento científico para ser comprovado. Exemplos de conhecimento de senso comum são ditos populares como: N “quem ama o feio, bonito lhe parece”; N “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”; N “nosso amigo que rouba é cleptomaníaco, já o trombadinha é ladrão”; N “quando se está com o intestino preguiçoso, a receita é ameixa e mamão, pois ajudam no funcionamento”. O conhecimento de senso comum é diferente em alguns aspectos do conhecimento da ciência, pois a ciência busca a verdade em todas as coisas, por meio de testes e comprovações. O pensamento de senso comum é validado antes mesmo de saber se o método empregado traz o que se espera.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 27 N O conhecimento científico: N desconfia das certezas, da adesão imediata às coisas e da ausência de crítica; N vêproblemaseobstáculosnosfatoseacontecimentos; Copyright Pressmaster. Shutterstock.com N busca as leis gerais para os fenômenos; N é generalizador, pois reúne individualidades sob as mesmas leis, sob as mesmas medidas; N aspira à objetividade, enquanto o senso comum se caracteriza pela subjetividade; N preza por uma linguagem rigorosa, com conceitos definidos, de modo a evitar ambiguidades; N busca medidas, padrões, critérios de comparação e de avaliação para coisas que parecem ser diferentes; N tem método rigoroso para a observação, experimentação e verificação dos fatos; N prende-se ao que é racional, deixando de lado o sentimentalismo. Conhecimento mítico Desde sempre o homem procura respostas. Por isso o mito é a forma mais antiga de conhecimento, de consciência da existência, de representação religiosa sobre a origem do mundo, dos fenômenos naturais e da vida. Vem da palavra grega mythos (palavra, narração, discurso). Por meio dos conhecimentos míticos, foi possível à humanidade descrever, lembrar, interpretar todas as origens, seja do mundo (cosmos – cosmogonia), dos deuses (teogonia), de forças e fenômenos naturais (ventos, chuva, relâmpagos, acidentes geográficos). Resumindo, o conhecimento mítico é a primeira manifestação do homem em busca de um sentido para si mesmo, dos outros e do mundo.

28 Refletir como condição natural Capítulo 2 Conhecimento filosófico Partimos da afirmação de que o conhecimento filosófico é muito mais uma atitude, pois: N é racional, baseia-se nas especulações (científicas, de senso comum, teológicas...) em torno do real; N tem como objetivo o encontro da verdade; N é sistemático (não experimental); N vai à raiz das coisas; N tem um rigor lógico; N é investigativo e visa a encontrar os porquês de tudo que existe; N é ativo e coloca o homem à procura de respostas para as inúmeras perguntas que ele pode formular. O conhecimento filosófico trata de compreender a realidade dos problemas mais gerais do homem e sua presença no universo, vem interrogar o próprio saber e transforma-o em problema. Exemplos de questionamentos: N Quem é o homem? N De onde ele veio? N Para onde ele vai? N Qual é o valor da vida humana? N O que é o tempo? N Qual é o sentido da vida? O conhecimento filosófico utiliza o método reflexivo-dedutivo como critério de investigação, diferenciando-se da simples apreensão. O filósofo não apenas pergunta pelas causas do fenômeno, seja de que natureza for, como também investiga sua possibilidade de ser enquanto verdade. Por conseguinte, a filosofia costuma dividir-se em três grandes campos do conhecimento, a saber: Ética, Eidética (encontrar a verdadeiro significado) e Estética. Portanto, estas são chamadas “ciências metafísicas”, porque dizem respeito ao que não é encontrado no imediato da natureza, mas é fruto da elaboração humana, e se aprimora com o passar do tempo. Copyright Hidesy. Shutterstock.com

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 29 Educação afetiva e ética sexual Os olhos são a janela da alma... O conhecimento de algo passa por diversos Copyright Alpha Zynism. Shutterstock.com estágios em nosso organismo e em nossa existência. O ditado “os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo” já vem de muito tempo. Frase atribuída a Leonardo da Vinci Podemos entendê-lo de duas maneiras: N pelos olhos, conseguimos ver o que está no coração do ser humano; N pelos olhos, a alma se liberta do corpo e pode vislumbrar o mundo. Além disso os olhos foram conquistas importante na evolução ao longo de milhões de anos para a sobrevivência e adaptação da espécie humana. O grande desafio hoje para todos nós é enxergar além do que os olhos podem ver. É a busca de outros olhares verificando a verdade dos fatos para chegar a uma conclusão mais próxima da verdade. Esse olhar apresenta-se de diferentes formas no campo social, ambiental, científico, filosófico, moral... requerendo um raciocínio mais apurado. Descubra dois outros ditados, provérbios ou expressões que se utilizem dos substantivos ou verbos que se relacionam com os tipos de conhecimentos. Depois de encontrá-los, dê o seu significado, tendo presente os conteúdos sobre os tipos de conhecimentos. N a. Significado: N b. Significado: ! Procure em revistas fotos e ilustrações que mostrem os tipos de conhecimento vistos nesse começo de capítulo. A partir desse material trazido, vamos organizar cartazes (estilo mosaicos), colocando em uma frase o entendimento dos tipos de conhecimento. Esses cartazes serão espalhados por sua escola.

30 Refletir como condição natural Capítulo 2 Vamos criar e filosofar... 1. Como vimos nesse começo de capítulo, temos tipos de conhecimentos. Um tema polêmico e intrigante é com relação à capacidade do conhecimento entre os animais. Muitos cientistas veem o homem como uma mera parte da ordem física da natureza. Dizem que entre o homem e os outros animais a diferença é de grau. Outros dizem que a diferença é de gênero, ou seja, dos mamíferos para o homem houve um salto que jamais será repetido. Assinale o item que é um fator de distinção entre os homens e os animais. a. Têm postura ereta, separação entre os dedos, capacidade de rotação do braço. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? b. Têm cérebro mais desenvolvido, interligado com o sistema nervoso. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? c. Não transmite os seus conhecimentos de modo fixo. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? d. Por meio do uso de símbolos, emprega uma linguagem proposicional. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? e. Pensa de modo universal e abstrato. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? f. Tem inserido em sua própria natureza o senso daquilo que é certo ou errado (senso ético com uma consciência moral). N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? g. Interessa-se pelo seu mundo interior (é reflexivo). N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? h. Controla a sexualidade e a agressividade. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê?

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 31 i. Adora e presta culto a determinadas forças e divindades que ele considera como seres superiores e transcendentais. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? j. É um ser dotado de emoção estética, adorna a si próprio, cria a moda e faz para si objetos sem nenhum propósito utilitário, cria o belo através da arte. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? k. Promulga leis, estabelece normas e padrões de conduta. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? l. Tem consciência de sua finitude. N Sim ( ) – Não ( ) – Por quê? 2.2 Posso conhecer? Origem, essência e possibilidades do conhecimento O pensar filosófico nasceu em praças, no dia a dia, no convívio humano; embora muitos pensem que ele não tem nada a dizer sobre o mundo prático no qual vivemos. A filosofia continua viva nas questões e atitudes das crianças e dos jovens, e assim você faz filosofia há já alguns anos na escola. Por isso, quando fazemos a pergunta “posso conhecer?” vários estudos e investigações filosóficas nos são apresentados. Os primeiros filósofos ocupavam-se do problema do conhecimento. Na Grécia eles questionaram sobre o mundo (cosmos), sobre o homem (homo sapiens), a natureza, a cidade (pólis), tentaram investigar e encontrar a verdade em um princípio (arché) que explicasse toda a realidade. Os filósofos gregos buscavam explicar o princípio gerador de tudo e defendiam sermos capazes de conhecer o universo e sua estrutura. Defendiam haver uma diferenciação: N entre a mera opinião e o conhecimento verdadeiro; N entre aquilo que percebemos pelos sentidos e o que compreendemos pelo pensamento; N entre raciocínio e reflexão.

32 Refletir como condição natural Capítulo 2 Para eles o conhecimento não era entendido como a mera apreensão particular de objetos (pois isso seria conhecimento de algo), mas pretendido como o modo universal de apreensão (o que é realmente conhecer). A partir do cristianismo, a verdade que os homens poderiam conhecer estava sujeita à autoridade da fé. Na visão cristã, o homem é um ser expulso do paraíso e só por meio da fé poderia compreender o mundo e a si mesmo, alcançando, assim, a verdade. A fé auxilia a razão para que não sofra desvios por conta da vontade e liberdade de uma alma encerrada em um corpo. Na era moderna, a partir do século XVII, com as investigações dos filósofos Descartes (1596-1650) e Locke (1632-1704), e início da ciência moderna, a filosofia procurou questionar a possibilidade e as condições de realização do conhecimento. Temos então a divisão do estudo do conhecimento em quatro partes, sendo que três delas possuem correntes que tentam explicá-lo: N O Conhecimento como problema. N Origem do Conhecimento. N Essência do Conhecimento. N Possibilidade do Conhecimento. Origem do conhecimento N Empirismo: Doutrina que nega a existência de ideias em nossa mente antes de qualquer experiência. Além disso, afirma que tudo que conhecemos tem origem nos dados dos sentidos. Nessa filosofia o objeto determina por suas características o conhecimento do sujeito. O empirismo é então a corrente de pensamento que defende a experiência pelos sentidos como a origem única ou fundamental do conhecimento. Tem origem na Grécia Antiga e foi reformulado na Idade Média e Moderna. Sua tese é de que todo e qualquer conhecimento tem sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados. ! Filósofos defensores: John Stuart Mill (Sistema da Lógica), John Locke (Ensaios sobre o Entendimento Humano).

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 33 N Racionalismo: Doutrina que defende a razão no processo de conhecimento. Os fatos ! não são fontes de todos os conhecimentos e não nos oferecem condições de “certeza”. Filósofos defensores: Aristóteles, Gottfried Leibniz (Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano), René Descartes. N Criticismo: Posição que visa ao mesmo tempo a criticar as anteriores, porém sintetizando-as. Desenvolvida pelo filósofo alemão Immanuel Kant, visa mostrar as condições de possibilidades que um sujeito tem para conhecer um objeto. Para Kant, não podemos conhecer os objetos em si mesmos, mas somente representá-los segundo formas a priori de apreensão da nossa sensibilidade (tempo e espaço). Significa dizer que conhecemos o real não em si, mas como podemos organizá-lo e apreendê-lo segundo modelos esquemáticos próprios do nosso intelecto. Segundo palavras do próprio autor, “os conceitos sem as intuições são vazios; as intuições sem os conceitos são cegas”. Essência do conhecimento N Realismo: A palavra realismo vem do latim res (= coisa). Sua afirmação fundamental é de que nós conhecemos coisas. Em outras palavras, é a independência do sujeito em função do objeto. Há no realismo uma tese de que existe uma adequação da inteligência a “algo” como objeto do conhecimento, de maneira que nós conhecemos quando a nossa sensibilidade e inteligência se conformam a algo exterior a nós. O realismo é subdividido em três espécies: N 1. O realismo ingênuo, também conhecido como pré-filosófico, é aquele em que o homem aceita a identidade de seu conhecimento com as coisas que sua mente menciona, sem formular qualquer questionamento a respeito de tal coisa. É a atitude do homem comum, que conhece as coisas e as concebem tais e quais aparecem. N 2. O realismo tradicional é aquele em que há uma indagação a respeito dos fundamentos, há uma procura em demonstrar se as teses são verdadeiras, surgindo uma atitude propriamente filosófica, seguindo a linha aristotélica. N 3. O realismo cientifico, segundo o qual conhecer é sempre conhecer algo posto fora de nós, mas que, se há conhecimento de algo, não nos é possível verificar se o objeto - que nossa subjetividade compreende - corresponde ou não ao objeto tal qual é em si mesmo.

34 Refletir como condição natural Capítulo 2 N Idealismo: Platão, com as ideias representando a realidade verdadeira, da qual seriam as realidades sensíveis meras cópias imperfeitas, dá início ao idealismo. Como ele dizia, as ideias são o sol que ilumina e torna visíveis as coisas. É a corrente de pensamento que subordina ou reduz o conhecimento à representação ou ao processo do pensamento mesmo, por entender que a verdade das coisas está menos nelas do que em nós, em nossa consciência ou em nossa mente, no fato de serem “percebidas” ou “pensadas”. São três as formas de idealismo: N o psicológico - só conhecemos a imagem das coisas e não elas mesmas; N o subjetivo - não conhecemos as coisas e sim a representação que nossa consciência forma; N o lógico - só conhecemos o que se converte em pensamento ou é conteúdo do pensamento. N Resumindo - na atitude psicológica, ser é ser percebido, e na atitude lógica, ser é ser pensado. Possibilidade do conhecimento N Dogmatismo: Posição que afirma ser nossa razão portadora de capacidades inatas para conhecer o mundo, capacidades estas independentes da experiência ! sensorial. Aqui, o sujeito do conhecimento é valorizado em detrimento da experiência sensível. Filósofos defensores: Descartes, Gottfried Leibniz. N Ceticismo: Posição filosófica que afirma a impossibilidade do homem conhecer seja ! qual for o objeto, negando a verdade do saber e defendendo que tudo em que acreditamos não passa de hábitos. Filósofos defensores: Hume e Augusto Comte. A partir dos desenvolvimentos dos filósofos em discutir e comprovar teorias sobre o conhecimento, continuam ainda hoje as investigações e refutações. A ciência cada vez mais especializada se preocupa não em provar uma teoria, mas em refutá-la ou falseá-la. Os critérios utilizados dependem da ação do homem ao construir seu mundo e não mais em desvendar as leis da natureza.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 35 APRENDER A EMPREENDER: Empreendedorismo social ConstruirjuntosaComunidadedeAprendizagem Investigativa, exercitando o diálogo e as regras para construir sempre uma nova “inteligência coletiva” e desenvolver o protagonismo juvenil. Dúvida – Opinião – Crença Tendo presente os conteúdos vistos no subcapítulo 2.2, responda às questões, dando suas razões e seus exemplos para cada resposta. Ao final, formule uma questão sua. N As pessoas confiam nos outros.... a. Quando acham os olhos confiáveis? b. Por causa da roupa que vestem? c. Pelo sobrenome? d. Pelo rosto? e. Pelos laços familiares? f. Por trabalharem num estabelecimento ou numa empresa? g. Por serem apresentados por amigos? h. Imagine que você faltou à aula ontem, mas ficou sabendo que amanhã não haverá aulas porque a escola irá sediar importantes jogos. Só que o colega que lhe contou é desatento e já entendeu trocado outros avisos. Você, infelizmente, foi dormir sem confirmar a informação com outra pessoa. Agora, você acordou com o despertador no horário de sempre, então: N Se estiver em dúvida, você N Se ficar na opinião, você N Se assumir a crença de que o que seu colega falou é verdadeiro, você N Procure, a partir desse exercício, dizer qual doutrina se encaixa melhor, tendo presente os temas: Origem do Conhecimento. Essência do Conhecimento. Possibilidade do Conhecimento:

36 Refletir como condição natural Capítulo 2 Vamos criar e filosofar... 2. Vamos discutir, investigar e buscar exemplos para as questões abaixo na COM.A.I. e no final, fazer uma relação com os conteúdos teóricos sobre “Os problemas do conhecimento”: a. Somos propensos a dar crédito às palavras ditas por pessoas em quem confiamos? b. É possível aceitar uma noção dita por alguém em quem não tenhamos nenhuma confiança? c. É possível aceitarmos um conjunto de conhecimentos somente dando crédito a noções, por serem lógicas e evidentes, sem que seja preciso confiança em pessoa alguma? d. O que significa a expressão: Eu sei que isso aconteceu. Eu tenho certeza? e. Ter certeza é dar créditos? N Minha relação com o conteúdo estudado: 3. Podemos encontrar crenças em cada uma das áreas do quadro a seguir. Dê exemplos de crenças que sejam limitadoras e crenças que sejam libertadoras. Pense em outras áreas; Crenças limitadoras Crenças libertadoras N Política N Religião N Esporte

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 37 2.3 Realidade, cérebro e emoções Por que continuamos criando a mesma realidade? Desde pequenos fomos levados a crer que o mundo físico e Copyright Andrea Danti. Shutterstock.com externo é mais real que o nosso mundo interno. Mas a ciência moderna vem colocar-nos num caminho contrário - muito do que acontece no nosso mundo interno é o que acontece fora. A grande descoberta é que o cérebro não sabe a diferença entre o que vê no ambiente e o que consegue lembrar, pois os mesmos neurônios são ativados. Então devemos questionar: o que é realidade? Um exemplo são experimentos em que o cérebro de um indivíduo foi ligado a computadores e scanners. Esse indivíduo olhou determinados objetos e partes do cérebro foram ativadas. Logo a seguir, fechou os olhos e imaginou o objeto. Nesse momento, as mesmas áreas do cérebro foram ativadas. As perguntas a esse experimento foram: N O cérebro ou os olhos é que veem os objetos? N O que vem a ser a realidade? N Tudo é visto pelos olhos ou pelo nosso cérebro? O que sentimos é que somos bombardeados a cada segundo por uma grande quantidade de informações que passam por nossos órgãos sensoriais. O cérebro constrói os conceitos por meio de memórias associativas. ! Exemplificando: ideias, pensamentos e sentimentos são construídos e interligados na rede de neurônios e há ligações possíveis. Por isso os conceitos de amizade ou de amor, assim como outros, estão guardados na rede de neurônios. Esses são construídos a partir de muitas outras ideias e vivências. Por isso para algumas pessoas o amor está ligado ao desapontamento, daí experimentam a memória da dor, da mágoa, da raiva... Isso para vermos que criamos modelos de como enxergamos o mundo exterior. E quanto mais informações, mais purificamos nossos modelos, de um jeito ou de outro.

38 Refletir como condição natural Capítulo 2 O que são as emoções? Quem as controla? Para que servem? A palavra “emoção” é derivada do latim emovere, na qual “e” significa Copyright Doggygraph. Shutterstock.com “para fora”, e “movere” significa “passar”. O termo relacionado, “motivação”, também é derivado de movere. Quem controla as emoções na organização fisiológica são as células nervosas que se ativam juntas e ficam conectadas. É o caso de sempre ficar com raiva ou sempre ficar frustrado, ou sempre sofrer e fazer-se de vítima. Esses relacionamentos das células nervosas levam a uma identidade. As emoções, de certa forma, são organizadas para reforçar quimicamente a memória, portanto toda emoção vem da química de imagens gravadas. No cérebro a região chamada de hipotálamo reúne materiais químicos que se combinam com certas emoções. Existem materiais químicos para a raiva, para a tristeza, para o estado de vítima, para o desejo, para todos os estados emocionais pelos quais passamos. As emoções são ruins? Elas não são ruins, ao contrário, são a vida. Dão vida às nossas experiências. O problema é o excesso, que se transforma em vícios. Muitos não percebem que quando descobrem que são viciadas em algumas emoções não é somente vício psicológico, mas também químico. Isso explica por que indivíduos que acham sua vida entediante buscam “emoções” em outros caminhos. Uma pena que nunca tentaram ganhar conhecimentos que as inspirassem. Suas células nervosas estão “viciadas” pelos ambientes, pela mídia, por pessoas que ditam ideias e ações que são desejos de imitação, dificilmente alcançados em termos de aparência física, definições de beleza e valores. Aqui está o ponto que nos diferencia, que faz com que tenhamos a capacidade de fazer perguntas e investigar sobre:

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 39 N Existe algo além do que vivemos ou por que estamos aqui? N Qual é o propósito da vida? N Para onde iremos? N O que acontece quando morremos? No pensamento antigo não podíamos mudar nada, não tínhamos papel na realidade. Ela já estava lá, feita de objetos que se moviam de acordo com certas leis. A matemática, a física etc., determinavam como tudo reagiria em determinada situação, não tínhamos papel algum. Na nova visão quântica, escolhemos a experiência - dessa forma criamos a própria realidade. Quando mudo as ideias, eu mudo as minhas escolhas, e ao mudar as minhas escolhas, a minha vida muda. Mas por que não consigo mudar? Por causa dos vícios? Por que não queremos perder as coisas às quais estamos ligados quimicamente? As pessoas, lugares, eventos com os quais temos ligações químicas, emoções da alegria. Aqui começa o drama humano. Vamos filosofar e criar... 4. Por que pessoas apaixonadas gostam de se olhar nos olhos? ! Dois apaixonados experimentam uma excitação emotiva maior sempre que, olhando-se, suas pupilas se dilatam, ou demonstram depressão quando suas pupilas se contraem. É uma troca secreta de sinais que tem lugar aquém do nível das atitudes e das expressões voluntárias. Esta é uma das razões por que os jovens amantes passam tanto tempo olhando-se nos olhos. Cada um controla inconscientemente as reações pupilares do outro. Quanto mais as pupilas dela se dilatam pela excitação emotiva, mais aumentam as dele, e vice-versa. D. Morris. O homem e os seus gestos. Milão, 1997

40 Refletir como condição natural Capítulo 2 Vamos criar e filosofar... 5. Um tipo particular de emoções são as fobias. N Por que temos calafrios de aversão quando vemos aranhas, cobras e ratos, mesmo sabendo que se trata de uma imagem inofensiva? N Por que não experimentamos nada análogo quando vemos uma arma de fogo? N Por que, quando levamos um susto ou estamos em situação de perigo, sentimos arrepios, calafrios, ficamos com dores no abdômen ou suamos? Agora é hora de elencarmos na COM.A.I. quais são as grandes fobias que temos e por que elas acontecem: ! Filósofos, quando tratam das emoções, sempre têm uma atitude negativa. Platão, que contrapôs a razão às paixões, dizia que a paixão é fonte principal dos comportamentos irracionais do homem. Quem está apaixonado muitas vezes não é capaz de raciocinar friamente. Outro motivo pelo qual os filósofos se posicionam contra as emoções é a estreita ligação que vincula as respostas emotivas a fenômenos fisiológicos. Medo, tristeza, cólera, surpresa, alegria e amor (as seis emoções tradicionalmente consideradas fundamentais) certamente são sentimentos, emoções espirituais da alma, mas estão sempre relacionadas a causas específicas e efeitos físicos, como mudança do ritmo e da profundidade da respiração, aumento da frequência cardíaca e da pressão do sangue, diminuição da produção de saliva e outros sintomas. ! Curiosidades sobre o cérebro e o corpo O cérebro é o órgão mais fascinante do organismo, por isso a importância de sabermos mais sobre essa maravilha com curiosidades sobre o cérebro. A interpretação do que vemos no mundo exterior é uma tarefa muito complexa. Já se descobriram mais de 30 áreas diferentes no cérebro usadas para o processamento da visão. Umas parecem corresponder ao movimento, outras à cor, outras à profundidade (distância) e mesmo à direção de um contorno. Mas o nosso sistema visual e o nosso cérebro tornam as coisas mais simples do que aquilo que elas são na realidade. É essa simplificação que nos permite uma apreensão mais rápida (ainda que imperfeita) da «realidade exterior», que dá origem às ilusões de óptica. Vemos o mundo de acordo com a maneira como o nosso cérebro o organiza. E nem sempre ele faz um bom trabalho…

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 41 Hemisfério esquerdo Hemisfério direito Verbal Não-verbal Analítico Sintético Abstrato Analógico Temporal Não-racional Racional Atemporal Digital Espacial Lógico Intuitivo Linear Holístico Que ‘máquina’ maravilhosa o nosso corpo! N Se uma pessoa usar fones de ouvido durante mais de uma hora, o número de bactérias do ouvido aumenta 700 vezes. N O coração humano bate mais de 100.000 vezes por dia! N Por cada sílaba que o homem fala, 72 músculos entram em movimento. Para sorrir, são utilizados 14 músculos. Para beijar, 29. N Os pulmões contêm quase 2400 quilômetros de vias aéreas e mais de 300 milhões de alvéolos. N Se você mantiver, à força, os olhos abertos durante um espirro, é possível que eles saiam das órbitas. N O músculo mais potente do corpo humano é a língua. Sessão “Acenda as luzes”: Filme “Percy Jackson e o ladrão de raios” Sinopse: Percy Jackson descobre que é um semideus, descendente de Poseidon com uma mortal. Zeus, o todo-poderoso do Olimpo, acha que o garoto roubou seu raio e ameaça iniciar uma guerra caso não seja devolvido. Então, Percy resolve enfrentar os medos do mundo normal e provar a Zeus sua inocência e, com isso, impedir uma guerra. Com nuvens de tempestade sinistras encobrindo o planeta e com sua vida ameaçada, Percy viaja até um enclave especial, um campo de treinamento para mestiços, onde aperfeiçoa seus recém-descobertos poderes para evitar uma guerra devastadora entre os deuses. É lá que ele conhece dois outros semideuses: a guerreira Annabeth, que procura sua mãe, a deusa Atena; e seu amigo de infância e protetor, Grover, um corajoso sátiro cujas habilidades ainda não foram testadas. Grover e Annabeth unem-se a Percy numa incrível odisseia transcontinental, que os leva para 600 andares acima da cidade de Nova York (o portal para o Monte Olimpo) e para o famoso letreiro de Hollywood, sob o qual arde o fogo do Mundo dos Mortos.

42 Refletir como condição natural Capítulo 2 A lógica das piadas O humor é um produto da capacidade humana para criar julgamentos rápidos e intuitivos. Homens e mulheres reagem de maneira diferente à mesma anedota. Em geral, as mulheres (por serem mais intuitivas) podem levar um pouco mais de tempo do que os homens para considerar as piadas como engraçadas ou não. Porém, piadas sendo inteligentes levam todos ao divertimento. Piada epistemológica: Método do tijolo para contratar funcionários O método consiste em: N Colocar todos os candidatos num galpão. Tranque-os lá. N Disponibilizar 200 tijolos para cada um. N Não dê orientação alguma sobre o que fazer. Após seis horas, volte e verifique o que fizeram. Segue a análise dos resultados: 1. Os que contaram os tijolos contrate-os como contadores. 2. Os que contaram e em seguida recontaram os tijolos são auditores. 3. Os que espalharam os tijolos são engenheiros. 4. Os que arrumaram os tijolos de maneira muito estranha, difícil de entender, coloque- os no planejamento, em projeto e implantação ou em controle de produção. 5. Os que estiverem jogando tijolos uns nos outros, coloque-os em operadores. 6. Os que estiverem dormindo, coloque-os na segurança. 7. Aqueles que picaram os tijolos em pedacinhos e estão tentando montá-los novamente devem ir direto a tecnologia da informação. 8. Os que estiverem sentados sem fazer nada ou batendo papo-furado são dos recursos humanos. 9. Os que disserem que fizeram de tudo para diminuir o estoque, mas a concorrência está desleal e será preciso pensar em maiores facilidades, são vendedores natos. 10. Os que já tiverem saído são gerentes. 11. Os que estiverem olhando pela janela com o olhar perdido no infinito são os responsáveis pelo planejamento estratégico. 12. Os que estiverem conversando entre si com as mãos no bolso, demonstrando que nem sequer tocaram nos tijolos e jamais fariam isso, cumprimente-os com muito respeito e coloque-os na diretoria. 13. Os que levantaram um muro e se esconderam atrás são do departamento de marketing. 14. Os que afirmarem não estar vendo tijolo algum na sala são advogados, encaminhem ao departamento jurídico. 15. Os que reclamarem que os tijolos ‘estão uma porcaria, sem identificação, sem padronização e com medidas erradas’, coloque na qualidade. ! O desafio no final deste capítulo é pesquisar outras piadas (inteligentes, é claro) que tratem do(s) assunto(s) do capítulo.

PENSAR BEM É A ESSENCIA DA NATUREZA HUMANA Lógica Ética UNIDADE 2

INTRODUÇÃO 2 Pensar bem é a essencia da natureza humana Copyright Misfire Asia. Shutterstock.com A essência do ser humano é pensar. Porque pensamos, e ouso dizer bem, somos humanos e temos toda diferença sobre tudo o que existe. A lógica deve ajudar a pensar corretamente e a dar um discernimento sobre o agir. Pois quem pensa bem, deveria agir bem também. Sabemos que isso muitas vezes fica somente no discurso pois, na prática há muitos exemplos contrários. O entendimento da organização do correto e bem pensar se justifica na pergunta – A lógica serve para quê? E que tipo de raciocínio é o mais comum? Assim como o pensar lógico que leva para ações e as formas de justificar e dar desculpas muitas vezes pelo discurso não corresponder a prática e vice versa. A ética concluindo nossos estudos nesses quatro anos é uma parcela da visão no mundo contemporâneo pois, seria muita pretensão fazer uma análise ética com tantos acontecimentos e ações da raça humana por todo planeta. Há muitas ações éticas positivas mas situações em que nos envergonhamos por falta de moral e ética nas relações humanas. Também uma passada sobre a questão da deontologia que faz parte da filosofia moral contemporânea e significa “a ciência do dever e da obrigação”. Uma teoria sobre as escolhas dos indivíduos, o que é moralmente necessário e serve para nortear o que realmente deve ser feito. Por isso algumas linhas sobre a Ética profissional no tempo que vivemos. Lógica Ética Pensar logicamente e agir Vivo com os outros e tenho ações N A lógica serve para quê? N A ética no mundo contemporâneo. N Uso do raciocínio Dedutivo e Indutivo. N A escolha do que queremos ser e N O pensar lógico e as ações (dar fazer e a Ética profissional. desculpas, justificar...)

3 CAPÍTULO 3 Pensar logicamente e agir Cantar e filosofar ! BANAL Colocar música em uma cena é como escolher palavras Fonte: MONTENEGRO, Oswaldo e Mongol. Intérprete: Oswaldo para um poema. Como disse Montenegro. In: Aldeia dos Ventos. Rio de Janeiro: Eco Som Arthur Shopenhauer: ‘as Estúdio, 2004. Faixa 09. palavras expressam a razão e a música, a emoção’. Encontre a música no canal: https://www.youtube.com Vamos refletir e dialogar em COM.A.I. a. Estamos estudando lógica desde o 6.˚ ano. O que dizer da letra – “Quero que se dane a estrutura, a coerência que o homem construiu nesse planeta. Olha meu Deus, o pensamento é banal, todo pensamento é banal”? b. Pensar logicamente e agir é aceitar a afirmação de que todo pensamento é banal? c. A partir da letra, dá para concordar com o autor quando diz que a “Lógica é sempre o menor pedaço do que o homem construiu nesse planeta o resto se perdeu”. ! d. A partir do ritmo e da letra dessa música, é importante o estudo do bem e correto pensar? Justifique sua resposta. Organizar de forma criativa na COM.A.I. uma maneira de disponibilizar essa música para toda a sua escola.

46 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 REFLEXÃO: Seu maior tesouro Diz a lenda que, certa vez, um homem caminhava pela praia numa noite de lua cheia. Pensava desta forma: “Se tivesse uma casa grande, seria feliz. Se tivesse um excelente trabalho, seria feliz. Se tivesse uma companheira perfeita, seria feliz.” Nesse momento, tropeçou numa sacolinha cheia de pedras e começou a jogá-las, uma a uma, no mar, enquanto dizia: “seria feliz se tivesse...” Assim o fez, até que a sacolinha ficou com uma só pedrinha, que decidiu guardar. Ao chegar em casa, percebeu que aquela pedrinha tratava- se de um diamante muito valioso. Você imaginou quantos diamantes jogou no mar, sem parar para pensar? Quantos de nós vivemos jogando fora nossos preciosos tesouros, por esperar o que acreditamos ser perfeito ou sonhar e desejar o que não temos, sem dar valor ao que temos perto de nossas mãos? Olhe ao seu redor e, se você parar para observar, perceberá quão afortunado você é. Muito perto de ti está tua felicidade. Observe a pedrinha, que pode ser um diamante valioso. Cada um de nossos dias pode ser considerado um diamante precioso e insubstituível. Depende de nós aproveitá-lo ou lançá-lo ao mar do esquecimento para nunca mais recuperá-lo. Autor desconhecido Para discutir na COM.A.I. 1. Qual é a moral da história que acabamos de ler? 2. Pensar bem e com coerência é um grande tesouro. Todos nós carregamos esse tesouro por toda vida e, algumas preciosidades perdemos pelos caminhos. A partir dessa reflexão, qual a importância de um pensamento lógico? Desafio: Procure organizar junto com a COM.A.I do 9.˚ ano, de maneira criativa uma forma para que essa reflexão “Seu maior tesouro”, possa ser vista por toda a sua escola.

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 47 3.1 A lógica serve para quê? Muitos que estudam um pouco de filosofia a identificam com a lógica. Isso se deve ao fato de que, entre as disciplinas da filosofia, a lógica é a que mais tem utilidade no dia a dia. Quem a ela se dedica, logo percebe a melhora da postura frente à conversação e aos raciocínios. Não apenas seu modo de pensar melhora, mas também sua gramática. Pensar corretamente leva à necessidade de escrever corretamente. Ninguém pode pensar de maneira correta e escrever continuamente de maneira incorreta. Da mesma forma, ninguém pode pensar de maneira incorreta e escrever continuamente de maneira correta. Ambos, pensamento e palavra, estão intimamente unidos. Educação financeira Os Jogos Olímpicos N Objetivos: Desenvolver e/ou permitir aflorar as capacidades de: comunicação e expressão, análise e síntese, o senso de realidade e trabalho em COM.A.I. N N˚ de participantes: todos do 9.˚ ano, divididos em equipes de 8 a 10 alunos. N Desenvolvimento: O professor divide a turma em equipes, dando 10 minutos para discussão do texto “Os jogos Olímpicos”. Em seguida abre- se a discussão informando ao grupo que devem chegar a um consenso sobre a situação. Texto: Os Jogos Olímpicos Os Jogos Olímpicos são um dos eventos mais esperados pelos apaixonados por esportes de superação no mundo todo. Apesar de acontecerem há cada 4 anos, as equipes das várias modalidades se preparam para mais esse grande espetáculo do esporte.

48 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 A “Telesite” foi convidada para ser um dos fornecedores de tecnologia para viabilizar a execução de um dos maiores eventos de interação via Internet já ocorridos no País - canais diretos de interação com os técnicos e jogadores das equipes de todas as modalidades antes do início da competição e durante os intervalos e após cada prova. A participação nesse evento propiciará uma visibilidade internacional para sua empresa, além de um faturamento comparável a 20% de sua receita do ano passado. Não há dúvidas de que estrategicamente e financeiramente é muito importante ser escolhido como fornecedor desse evento. Os dilemas A Telesite é uma empresa de transmissão de dados e voz via cabo. Sua rede vem sendo modernizada nos últimos quatro anos, mas ainda existem áreas nos grandes centros cuja qualidade da operação está limitada em função da antiguidade da rede. No evento da Olimpíada está previsto o volume de seis milhões de pessoas utilizando o acesso 4G para participar dos canais diretos em cada prova olímpica. Em algumas regiões importantes a rede de cabos, fibras óticas e de transmissão ainda não foi restaurada para assegurar qualidade de serviço no volume de acessos que está sendo esperado. A Equipe de Planejamento de Rede realizou estudos e já indicou que, em 40% das regiões onde o volume de acesso deve ser alto, a qualidade da rede não será capaz de suportar e viabilizar o serviço de qualidade. 1. Aceitar o convite e fornecer o serviço de acesso via internet com as equipes olímpicas, sabendo que, nesta alternativa, existe o risco de comprometer a imagem da Telesite em algumas regiões onde o serviço pode ser interrompido. 2. Declinar ao convite, assumindo o prejuízo à imagem e à lucratividade, se ocorrerem problemas no serviço. Observações Você não tem orçamento para restaurar a rede nessas áreas. Qualquer utilização de verba extra para esse projeto implicará em não atendimento do cronograma de manutenção preventiva e corretiva em outras áreas com grande concentração de usuários e com longo tempo de espera. A Telesite passa por um momento financeiro de queda de lucratividade em função da perda de faturamento, especialmente após a entrada de um novo ! concorrente. O que fazer? Quais caminhos são os mais lógicos e éticos para que a Telesite continue com imagem e reputação de ser uma empresa ética e com responsabilidade social?

Somos cidadãos reflexivos: filósofos por natureza 9.º ano 49 A especificidade da lógica Quando procuramos entender a realidade, precisamos de Copyright Peshkova. Shutterstock.com. formas corretas para pensá-la. A lógica é a parte da filosofia que, por excelência, se ocupa do pensamento e da razão. Sua área de interesse é a investigação da validade dos argumentos e o estabelecimento das regras do pensamento correto. Podemos dizer que a lógica é um estágio preparatório, que antecede qualquer área de estudo, pois todo conhecimento precisa ser lógico para ser considerado científico. Nesse sentido, sua função é ampla: oferecer a estrutura pela qual o pensamento deve ser orientado para a procura e demonstração da verdade. Foi a partir de Aristóteles que as leis do pensamento foram estabelecidas com maior amplitude e rigor. Por isso, a lógica aristotélica permanece até nossos dias, tendo percorrido vinte e quatro séculos. A divisão da lógica, segundo Aristóteles N Lógica formal (ou menor): normatiza as operações do pensamento. O raciocínio é considerado válido se as regras forem aplicadas adequadamente. N Lógica material (ou maior): é a parte da lógica que trata das aplicações das operações do pensamento segundo a matéria ou natureza dos objetos a conhecer. Enquanto a lógica formal se preocupa com a estrutura do pensamento, a lógica material investiga a adequação do pensamento à realidade. É também chamada metodologia e, como tal, procura o método próprio de cada ciência. Nós estamos investigando e descobrindo, desde o 6.˚ ano, caminhos da lógica. Raciocínios válidos e inválidos Aquele que pretende ter um bom desempenho com o seu pensamento não pode desprezar o estudo lógico. Entretanto, como é dito na narrativa, a lógica não se ocupa do estudo das questões referentes ao verdadeiro e ao falso. Este estudo é da competência de cada ciência particular. A lógica não ensina verdade alguma sobre coisas, objetos e pessoas. A lógica trata apenas de raciocínios válidos, que podem ser verdadeiros ou não, conforme a escolha que se fez dos fatos. Vejamos alguns exemplos de raciocínios corretos com fatos falsos:

50 Pensar logicamente e agir Capítulo 3 N 1.a premissa: Toda cadeira é uma ave. Toda mulher é volúvel. N 2.a premissa: Este objeto é cadeira. Maria é mulher. N Conclusão: Logo, este objeto é uma ave. Logo, Maria é volúvel. Analisando logicamente, ambas as conclusões são válidas. Não ofendemos nenhuma lei da lógica ao afirmar, como resultado desse raciocínio, que “este objeto é uma ave” ou que “Maria é volúvel” é falso. Consequentemente, a conclusão também será falsa. Se uma das premissas é falsa, a conclusão também será, mesmo que o raciocínio seja válido. Portanto: Ciência Lógica N Verdadeiro N Válido N Falso N Inválido Vejamos alguns exemplos de raciocínios não válidos com fatos verdadeiros: N 1.a premissa: Todo brasileiro é sul-americano. Todo brasileiro é sul-americano. N 2.a premissa: Pedro é paraguaio. Pelé é brasileiro. N Conclusão: Logo, Pedro é sul-americano. Logo, Pelé é campeão de futebol. Nestes raciocínios, é por acaso que a verdade das duas premissas e a da conclusão coincidem com os fatos, mas o raciocínio é defeituoso e inválido do ponto de vista lógico. Não há vínculo lógico entre os termos. Não existe, portanto, validez lógica nessa aparência de raciocínio, mesmo que as proposições sejam verdadeiras. Ao ouvirmos uma palestra em que o orador inicia afirmando uma coisa verdadeira e termina afirmando outra coisa, também verdadeira, mas que não tem nada a ver com o que foi falado no início, temos um exemplo de como o pensar incorretamente, com dados verdadeiros, pode ser incômodo para quem ouve e para quem fala. “Tudo o que ele fala é verdade, mas não fala nada com nada.” “Falou, falou, mas não disse nada.” Essas serão as reclamações. Se o professor vai corrigir um texto em que esse modo incorreto de pensar está diluído em alguns parágrafos, ou se vamos ler uma reportagem que assim se expressa, ficamos sem condições de entendimento, pois o nosso pensamento, para poder acompanhar o que está sendo dito, exige um encadeamento lógico do discurso.


Like this book? You can publish your book online for free in a few minutes!
Create your own flipbook