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intensamente_dois

Published by editoranaturalistas, 2020-06-22 20:28:29

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Aparecida Merotto Lamas in tensa mente



Aparecida Merotto Lamas in tensa mente



Aparecida Merotto Lamas in tensa mente

Intensamente Produção Editorial Lauro Narciso Revisão Felipe Neitzel Krauzer Capa Roberto Trabach Junior Fotografias Lauro Narciso Helbert Cesarino Participação no poema: Indo Pedro Afonso Merotto Lamas Contato [email protected] Ficha Catalográfica Todos os direitos reservados. A reprodução de qualquer parte desta obra, por qualquer meio, sem a autorização do autor constitui violação do Art. 184 do código penal e da LDA 9610 de 19 fevereiro de 1998. Vitória, 2020

Dedicatória À Francisca, pela herança imaterial.



O ser de que gozais é metade vida, metade morte. Desde o primeiro dia do nascimento, começais a morrer tanto como a viver. Cada momento que vives é roubado à vida; e correu à sua custa. A obra incessante da vida é construir a morte. Estais na vida, porque depois da vida estais depois da morte. Ou, se assim o preferis, estais mortos depois da vida, mas durante a vida estais morrendo; e a morte afeta mais rudemente o moribundo que o morto, e mais vivamente e essencialmente. Se vos aproveitastes da vida, já estais fartos: ide vos embora satisfeitos. E, se não soubestes aproveitá-la, se vos foi inútil, que importa perdê-la? Que mais quereis. Se vivestes um dia, já vistes tudo: um dia é igual a todos os dias. Esse sol, essa lua, essas estrelas, essa disposição, tudo é o mesmo que vossos antepassados gozaram e que há de entreter os vossos tataranetos. (M. S. de Montaigne) BAZZO, Ezio Flavio. Necrocídio: “40 Jours et 52 photographies dans les cimetières de Paris”. Brasília: Da Anta Casa Editora, 1992.

“Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos só de passagem. Nosso objetivo é observar, crescer, amar. E depois, voltamos para casa.” Provérbio Aborígine

Marcéu Rosário Nogueira

PREFÁCIO Madson Moura Batista A Psicologia Cultural evidência uma relação dialética entre linguagem e pensamento. As palavras são as responsáveis por nos diferenciar de todas as outras espécies. As funções psíquicas superiores: abstração, memória seletiva, imaginação, criação, são atingidas, ampliadas e desenvolvidas, através da língua. Imagine o poder da poesia, das palavras metafóricas, cheias de indagações, imaginações, provocações e belezas? Nas poesias e crônicas da autora, vivemos a sua experiência (É possível viver a experiência do outro, através da imaginação, diz Vygotsky). Mais do que isso, relacionamos com as nossas vivências, vamos ao subsolo de nossa alma, mas também, projetamos o futuro “Sem Medida”, pois “se a porta abre, se abre o livro, abre-se um leitor. Abrem-se os olhos, o pensamento, a alma.” Ao adentrar na sua obra percebemos de que lugar ela está falando. Ela mora “num morro, dentro do peito”. Portanto, sua poesia é puro sentimento, nos abraça, nos faz emocionar, chorar e desejar compartilhar as belezas de suas expressões e vocábulos. Demonstra um “amor incondicionado” ao ser humano, a beleza da possibilidade de uma existência compartilhada, porque “Um pouco de amor é muito pouco. Muito amor nunca é demais”. “Quanto infinito, no vazio, das entrelinhas” na busca, constante por “Alguém que divida, que multiplique”. Esse engajamento de discurso, essa tomada de posição no mundo, revelada pelos seus registros escritos, são coerentes com seu labor específico: “Uma bibliotecária de escola pública”. Convivendo com os alunos, alijados do acesso aos saberes historicamente acumulados pela humanidade, despossuídos, muitas vezes, dos bens materiais de uma vida digna, seu trabalho é de não permitir a conformação, de ensiná-lo a resistir, lutar e se emancipar. Sua ferramenta é o livro, alertando cada um deles para que “Não MATE a teima, Não TEMA viver”. Na contramão do ciclo vicioso das famílias que afirmam “Que mania de grandeza desse filho, se encher de desejos, de expectativas, de esperanças, de sonhos!”

Repete na biblioteca, o espaço mais importante da escola, o que viveu quando criança, “ainda criança ao ouvir as histórias que meu avô contava para mim e para os meus primos ao anoitecer”. Conta histórias para os alunos, com os mais diversos recursos, estimula-os a se deliciarem com as obras (“A comida está para a leitura”), promove eventos culturais. Sua prática social, como “Fada Madrinha”, afirma a cada uma das crianças, adolescentes e jovens uma de suas máximas: “Não te dou asas, te ensino a gostar de ler, assim você viaja por onde quiser.” Essa é parte importante de sua “Vida em potência”. Uma opção pelo desafio, por viver intensamente, de não “Dormir acordado, de jeito algum”, de agir com simplicidade, mas com profundidade, visto que “Se raso, não dá pé”. Na poesia, “DISPENSA PARA HOMENAGENS POST MORTEM”, um apelo a necessidade de viver com o outro, “Há quem confunde viver com existir e não convive” e ao mesmo tempo uma crítica aos louvores tardios, Aparecida Merotto Lamas, reitera, porque esse tema é recorrente em sua obra, que “Essa licença somente terá validade se, alguma vez, uma única vez, juntos”: “Dividimos, Partilhamos, Trocamos, Contamos, Observamos e Fizemos”, “Porque se não fizemos nada disso, para que homenagem? Para quem? E se fizemos, É dispensável. Já houve. Que seja in vita! Enquanto há vida!”. Enfim agradeço a licença concedida, só que aqui em pleno vigor de nossas vidas, que me permite a oportunidade de prefaciar essa obra. No breve tempo de nosso convívio, os verbos acima, na primeira pessoa do plural (Não poderia ser diferente!) se fizeram carne. Você consegue “Onde quer que esteja, Ser fonte, Ser remédio, Ser presente, Ser luz, Ser efetivo, Ser afetivo”. Sua obra é uma forma de eternizar-se. Apesar do meu ceticismo sobre o mundo sobrenatural, abro uma exceção e itero sua oração: “Que se der, eu (nós) siga (mos), em paz.”

SOBRE A AUTORA, POR ELA MESMA “Eu cheguei onde cheguei porque tudo o que planejei deu errado”. Rubem Alves Reuni nesse livro o que escrevi sobre o que sinto e o que vejo, sobre o que vivo ou vivi. Apenas pensamentos e sentimentos num papel, uma deliciosa brincadeira com as letras e com as palavras. O primeiro poema foi um desafio, uma ‘ordem’ para escrevê-lo, vinda de um amigo para um coletivo escolar. Fiz e gostei. De tempo em tempo surgiram os outros poemas, depois as memórias, as crônicas e também, os haicais. O que escrevo não são flechas, com objetivos e destinatários certeiros. São bolhas de sabão. Faço bolhas de sabão, sou bolha de sabão. Dulce Magalhães¹ diz que: Uma bolha de sabão surge do sopro, é matéria altamente perecível e impermanente, é translúcida e reflete tudo que está ao redor. Esse parece ser o retrato perfeito de uma existência. Surge do sopro fecundo da vida, vai se modificar e fenecer e assim como reflete tudo que está ao redor, também contém, dentro desta bolha transparente de vida, todas as coisas que espelha. Isto é a realidade. Não é algo que foi, nem algo que será. É esta frágil bolha

de sabão que representa este exato instante. E pode ser puro deslumbramento se formos capazes de compreender quão etéreo e sublime é o momento. Ou será uma triste experiência se quisermos nos apegar a uma determinada bolha. Não dá para armazenar, nem para manter uma bolha de sabão. Só podemos apreciá-la na medida de sua existência fugaz. Viu, viu, não viu, perdeu. E se um dia, a respeito desses escritos, você se perguntar ou lhe perguntarem: o que a autora quis dizer ao escrever? Saiba que ela não sabe. O mais importante é o que você lê, não o que eu quis dizer. No mais, me identifico com esse poema do Luan Jessan²: Dentro e fora Por fora tenho tantos anos, que você nem acredita… Por dentro, doze ou menos, e me acho mais bonita! Por fora, óculos, rugas, gordurinhas, prata nos tintos cabelos… Por dentro sou dourada, imaculada, corpo de modelo! Por fora, em aluviões, batem paixões contra o peito… Paixões por versos, pinturas, filosofia e amigos sem despeito… Por dentro, sei me cuidar, vivo a brincar, meio sem jeito!… Não me derrota a tristeza, não me oprime a saudade, não me demoro padecente… E é por viver contente, que concluo, sem demora: É a menina que vive por dentro, que alegra a mulher de fora! Bom appétit. Boa degustação! 1. MAGALHÃES, Dulce. A existência como uma bolha de sabão. Integrare Editora. Disponível em: <https://integrareeditora.wordpress.com/2015/08/24/ a-existencia-como-uma-bolha-de-sabao-por-dulce-magalhaes/> Acesso em: 02 de maio de 2018. 2. JESSAN, Luan. Dentro e fora. Saia vip, 2019. Disponível em: <http://saiavip.com.br/poema-de-luan-jessan/> Acesso em 30 de nov. de 2019.

SEM MEDIDA Se a porta abre, se abre o livro, abre-se um leitor. Abrem-se os olhos, o pensamento, a alma. Imagens Imagine ação Abre-se o mundo Abrace o universo Abram-se portas palavras pensamentos prazeres paixões poesias Abra Abram-se Abrace sem medo sem medida sempre.

LUGAR ONDE MORO Moro num morro, morro se não morar dentro, liberdade, prisão. Seguro, onde? Moro num morro, cansa chegar, não chega enchente. Enxergo melhor. Moro num morro, quero morar num sonho! Enquanto isso, em idas e vindas, vou morando, dentro e fora. Inquilina vida afora. Moro num morro, à noite aconchego, repouso e paz. Dentro é o sonho. Moro num morro, dentro do peito, vida lá fora. Dentro e afora. Moro até morrer.

Infinito

Medo? De morrer, não. De não viver, sim.

OLIVEIRA, Antonio Amâncio de. Ensino público. Chargistaamancio: blogspot, 2011. Disponível em: <http://chargistaamancio.blogspot.com/2011/08/charge-antiga-da-tn-ensino-publico.html> Acesso em: 30 de ago. de 2016.

O IDEAL, O REAL Ele é uma criança cheia. Cheia de desejo, cheia de expectativa, cheia de esperança, cheia de direitos teóricos. Para satisfazer seu desejo, realizar seu sonho, ele precisa da aprovação da mãe irritada. Irritada porque está cheia. Cheia de esperar. A barriga cheia, esperando. A mão cheia de uma vida que não se dá conta, e que espera também. A cabeça cheia de preocupações com o presente, com o futuro. A vida cheia de vazios, do passado e no presente. Cheia de necessidades. Toda essa fartura preenche uma longa lista de falturas. Assim, o desejo do filho no seu critério de prioridades fica distante, bem distante. Porque distante fica gigante, como o sol ! Que mania de grandeza desse filho, se encher de desejos, de expectativas, de esperanças, de sonhos! Não cabe na realidade de quem está farta.

Vida

Maravilho-te flor, linda! Óvulo e sêmen Vida em potência.

MATEMÁTICA MATE a teMÁTICA MATE a teima MATE uma curiosidade Quanto tempo? Tive 51? Tenho 151? Terei 15? Para a mãe sempre 15 Para o espelho 51 Para a espera sempre é 151 15 por que? 51 quando? 151 pra quê? Não MATE a teima Não TEMA viver MATE o termo Teime viver Até ... Quanto?

AMOR inCONDICIONADO Amor condicionado entristece prende estrangula regula limita exige mata e morre Amor in condicionado transborda ilumina liberta excede aplaude expande cura e começa Um pouco de amor é muito pouco Muito amor nunca é demais

Revelações

A comida está para a leitura, Como a dança e o acasalamento, Como a paz e a vida.

O conheci numa viagem. Um amigo nos apresentou. Não lembro-me da data mas é claro em minha memória o cenário, o ambiente e de, naqueles dias, ter vivido momentos incríveis ao lado desse novo amigo num paradisíaco lugar. Lugar lindo onde tudo começou. Uma vila paradisíaca, digna de cartões-postais, de relevantes manifestações culturais, cujo nome significa pedra preta dado por conta do rio escuro que banha o vilarejo, e além do rio, matas, dunas, mar fazem parte da natureza desse povoado. Nesse ambiente, o ideal é dispensar o relógio. Relógio, só o biológico é utilizado para se conectar ao ritmo do lugar, para deixar que o corpo fique à vontade e assim, pedir para dormir e para acordar quando desejar, para comer quando tiver fome, para contemplar e apreciar a natureza noturna e diurna, livre para conhecer novos sabores, novas pessoas e dançar, dançar e dançar mesmo se considerar que não saiba. Saiba que alguns dias se passaram nessa vila antes de conhecê- CONHECER, lo. Banhos de mar, de chuva, de sol, de poeira, de lua, de rio, nascer e por de sol, estrelas, vento, trilhas na mata, canto dos EXPERIMENTAR, pássaros, músicas, danças. O corpo sendo respeitado, emoções emancipadas, pensamentos largados, caminhadas longas. VIVENCIAR Longas conversas com meu amigo, que não tinham hora para começar e nem pressa para terminar. Os assuntos eram os mais variados e enriquecedores. Os laços de amizade foram se estreitando na medida que nos conhecíamos e a intimidade, respeitosamente, aumentava. Aumentava também o desejo de experimentar as novidades, de viver plenamente, de permitir-se, de se reinventar, de ressignificar e de mudar. As conversas eram terapias, provocações, iluminações, e permitiram reflexões e descobertas, um turbilhão de inquietos sentimentos. Sentimentos aflorados, dança, vida, morte, pessoas, tempo, mente, natureza, filosofia, liberdade, consciência, respeito. Respeito é fundamental em todos os relacionamentos, e foi nesse contexto que meu amigo o apresentou. Recebi como uma delicadeza, um carinhoso presente essa oportunidade. Oportunidade que não dispensei. Mesmo tendo ouvido falar ao seu respeito, do quanto era puro e singular, o primeiro contato foi de estranhamento. Havíamos acabado de acordar, tivemos uma longa conversa e eu estava faminta, afinal é difícil manter

o humor matinal nesse estado. Voltemos ao encontro inicial. Meu amigo ficou nos observando, bastante empenhado em mapear as minhas reações e guardá-las em sua memória. Cada expressão minha foi usada posteriormente para conferir se, o que meu corpo expressou, correspondia às minhas palavras quando esbocei minhas observações sobre aquela vivência afável, especial. Especial presente, presente carinhoso, um marco. Não preciso dizer que passei a almejar por ele, seja pela manhã, tarde ou noite, tornou-se quase um vício. Como me fazia bem. Me aquecia nos dias frios, me animava nos dias cansativos quando precisava de energia extra, me despertava nas manhãs sonolentas, em sua companhia as conversas eram deliciosas, era presença quando me sentia só. Longe de outros sentia até dor de cabeça mas com ele era só bem-estar, mesmo enquanto ansiava senti-lo, mesmo quando sentia sua falta. Falta dizer que por um tempo estivemos longe e eis que um dia, para minha alegria e satisfação, nos reencontramos. Meu amigo proporcionou nova aproximação. E o apresentei a algumas amigas que o acharam o máximo, o melhor que haviam conhecido. Muitos amigos disseram o mesmo. Mesmo com todas as dificuldades, almejei e o levei para uma trilha subindo por cerca de três horas e senti seu gosto a mais de setecentos metros de altura. Peculiar experiência. Suas qualidades foram apreciadas por todos. Todos que tiveram o privilégio de apreciá-lo, quiseram replicar. A maioria soube de que montanhas ele veio, com quais cuidados foi lavrado e como chegou a maturidade. Momento em que foi selecionado e recolhido com cuidado. Cuidado em todos os processos para alcançar o êxito na combinação perfeita, no resultado esperado. E eis que depois de passar pelo calor, após ser esmigalhado, ser banhado em água quente e ser lentamente purificado, foi possível sentir o seu aroma, irresistível como poucos.

Despertar

Dormir é muito bom Acordar, é bem melhor Dormir acordado, de jeito algum.

GRAÇA Não vejo graça em gente sem graça. Vida sem graça não, nem de graça. Não tem graça. Então deixe de graça, faça uma graça, me deixe sem graça que te darei minha graça e terás uma Graça, uma graça cheia de graça. Será uma graça Quanta graça! Quando há graça.



Eternidade

Vi que na lápide rompida, esfarelada, jazia: Saudades eternas. Eternas?

SEJA EU, Meu trajeto no universo da leitura começou antes que eu desejasse seguir minha profissão. OU SEJA Tive contato com a literatura ainda criança ao ouvir as histórias que meu avô contava para mim e para os meus primos ao anoitecer, quando todos se recolhiam e só ficavam as crianças ao seu redor à luz de lamparina, enquanto ele preparava e fumava seu cigarro de palha. Cada etapa desse processo era repetida diariamente e realizada com delicadeza e calma, assim como suas narrativas onde se misturavam suas histórias com as estórias. Era para nós o momento mais esperado do dia. Um momento rico, extasiante, uma cena que perpetuou em minha memória. Fui agraciada durante toda a minha vida escolar com a oportunidade de frequentar bibliotecas escolares e públicas e isso foi muito importante para a minha formação como profissional e como pessoa. Já se passaram quase 300 meses desde a primeira biblioteca que trabalhei. Após a primeira vieram muitas outras. E eu, como um rio, me deixei levar pelos caminhos que Deus escolheu. Vivi experiências incríveis como bibliotecária, principalmente nas bibliotecas escolares. O retorno ao ver um só aluno pegar o gosto pela leitura vale todo empenho, dedicação e esforço. E ao longo desses meses foram muitos os discípulos leitores. Entendo meu papel social enquanto profissional. Fiz, e faço ao longo do meu caminho, o que estava e está ao meu alcance apesar das dificuldades e dos desafios. Posso não ter feito grandes coisas, mas semeei boas sementes. Não sou uma bibliotecária anciã, de óculos, mal humorada atrás de uma mesa ou atrás de um balcão que a todo instante pede silêncio. Também não sou apenas uma guardadora ou entregadora de livros. Na ‘minha’ biblioteca além de livros, tem barulho, tem transformação, tem movimento de usuários, produção de informação e tem consumo. Tem oficina, tem arte, tem história, tem descoberta e muita alegria. Pode até não ter o que eu gostaria de oferecer, pode até não ter o que meus usuários querem ou merecem, mas as portas estão abertas e tudo está organizado com carinho e capricho. Hoje fico triste quando sei que em algum lugar existe uma biblioteca fechada. Que existem livros amontoados, jogados ou

trancados, esquecidos numa sala qualquer. Bom seria que houvesse perto da minha casa, da sua, de todos nós uma biblioteca, mesmo que modesta, de portas abertas e com alguns bons livros. Um lugar simples para ler sem pressa e que fosse tão aconchegante quanto um final de tarde na casa da avó na roça à luz de uma lamparina. Com alguém para nos receber com um sorriso no rosto, que talvez até nos conte uma bela história e que nos ofereça o que uma biblioteca tem de melhor: histórias, estórias, informação, transformação. Oxalá nessa biblioteca, seja eu a Bibliotecária.

Oração

Que o se, não me impeça de ser Que ao ser, eu me dê Que se der, eu siga, em paz.

EU: ? Que tal? Quem ? Onde ? Como ? Por que? Pra que? : ) ; ) :-) ;-) :( Sim, não ou talvez Eis a questão ? Quem sabe ????????? É ou não? Sou, estou ????????? Ou não? E se? ... É? Fui? Eu?! Eu!? Sim. Com certeza! Sou, Eu.



Procura-se

Alguém que divida, que multiplique: ai ai! ooh! ui! uau! he he! eh! aah! uhull!

ACUMULADORA Na caixa guardava Pétalas Bilhetes Fotografias Postais Bibelôs Embalagens de doces Histórias. Pura intenção de conservar O momento O gosto O cheiro O som O toque As memórias. Esforço sublime em perpetuar Experiências Sentimentos Emoções Prazeres O tempo. Vai que um dia precise de lembranças Vai que um dia precise das lembranças Vai que um dia precise.

INDO Louvando eu sigo firme a caminhar Seguindo Te louvo até o fim Louvo seguindo Sigo louvando Louvo e Te sigo até o fim. Com Pedro Afonso

Mergulho

Muitos mundos, muita vida, dentro e fora. Zoooooommmmmm

FADA MADRINHA. Fada ou madrinha? Com uma varinha mágica realizo todos os seus desejos. Com uma única poção curo todas as suas dores e feridas. Dou-te asas para que você viaje por todos os lugares, inclusive no tempo. Nomeei vários guardiões para te proteger e te livrar de todos os perigos. Não posso te dar tudo, faço mágica. Peço a Deus. Ele te dá força, saúde, inteligência, você batalha, estuda, trabalha. Ele te dá coragem Você tem êxito em todos os seus projetos Ele te dá sabedoria, você conquista os seus sonhos. Ele envia anjos ao seu redor, E te protege e te livrar de todo mal. Você segue, segura. Não tenho poções mágicas para curar, tenho colo, abraço, ombros, carinho, beijos que curam um monte de coisas. Não te dou asas, te ensino a gostar de ler assim você viaja por onde quiser. E o tesouro dos tesouros, torço que tenha sempre pessoas queridas ao seu redor e a certeza do amor de Deus em seu coração. No que depende de mim os pedidos foram feitos. No que depende de Deus todos foram atendidos e realizados. Agora é contigo para que a magia, para que os sonhos de Deus para a sua vida, se tornem realidade. Sou sua fada, sou sua madrinha.

A MENINA Se hoje você celebra e comemora o seu aniversário, eu também tenho muitos motivos para me alegrar e agradecer a Deus, GERANDO afinal nossas vidas estão entranhadas, entrelaçadas. Faz 30 anos que pude experienciar um incrível e emocionante UMA MENINA milagre: ter em meus braços o fruto do meu ventre, uma boneca de verdade. Assim que nasceu, abriu imediatamente os Texto postado olhinhos curiosos e foi logo observando minuciosamente todo em rede social. o ambiente, interessada em conhecer o novo mundo. Mas chegou sem manual de instrução e por isso foi minha cobaia. E eu que era menina, tive que amadurecer; e eu que era lenta, tive que me apressar para acompanhá-la; e eu que não sabia, tive que aprender rapidinho; e eu que quase não conversava, tive que dar muitas respostas; e eu quem nem prestava atenção, tive que ficar mais atenta, mais esperta; e eu que levava a vida muito a sério, tive que voltar a brincar. Assim o tempo passou. Fomos crescendo, nos modificando, nos transformando, nos moldando, nos adaptando, nos ajudando, nos aproximando, nos afastando, nos recompondo. E a bebê cativante cresceu, menina esperta! Virou criança curiosa, foi adolescente atrevida, se fez moça inteligente, hoje é mulher admirável, sempre filha sublime e tornou-se mãe primorosa. A menina gerada pela menina forjou na menina uma mulher, uma mãe que ora tinha que ser heroína, ora mestra, ora fada, ora oráculo, ora gigante, ora superpoderosa. Algumas vezes médica, artista, psicóloga, cúmplice, atleta, amiga, parceira, cozinheira, confidente, superstar. Tive que me virar. O que seria de mim não fosse você? Ainda bem que você existe! Graças a Deus que tive a honra de ser sua mãe e ter você por perto! Muitas vezes as pessoas se impressionaram e ainda me perguntam: - Como você deu conta de cuidar e criar cinco filhos? E sempre minhas respostas eram evasivas, pois na verdade nunca soube ao certo o que dizer, não sabia o verdadeiro ‘porquê’, até escrever esse texto. Estou rindo de satisfação, porque agora entendo, porque Deus é perfeito! Quem teve uma filha como você fica PhD em Maternidade. Agora compreendo que, na verdade, a cobaia não foi a filha da menina, mas sim a menina que gerou a menina.

A MENINA Chegou sem manual de instrução. Linda e pequena boneca de verdade. Como funciona? Foi cobaia. GERANDO A menina admirou-se quando sua boneca abriu os olhos, que observou o mundo, quando falou e andou. Era a sua menina, sua UMA MENINA boneca de verdade. Onde encontrar os botões ligar e desligar, como saber se estava com fome, com frio, com dores? A menina teve que aprender, teve que amadurecer para saber cuidar. Era lenta, apressou-se para acompanhá-la, pois a boneca da menina caminhava rápido demais. Não sabia os comandos, teve que aprender rapidinho. Se antes quase não conversava, agora tinha com quem falar, fazia perguntas e dava muitas respostas. Se antes nem prestava atenção no mundo ao seu redor, agora ficava mais atenta, observava os outros, reproduzia os acertos e evitava os erros, tornou-se mais esperta. Se antes levava a vida muito a sério, voltou a brincar. O tempo passou. Foram crescendo, modificando, transformando, moldando, adaptando, ajudando, aproximando, afastando, recompondo. A boneca cativante cresceu menina esperta, virou criança curiosa, foi adolescente atrevida, se fez moça inteligente, hoje é mulher admirável, sempre filha sublime, tornou-se mãe primorosa. A menina que ora fora heroína, ora mestra, ora fada, ora oráculo, ora gigante, ora superpoderosa, algumas vezes médica, artista, psicóloga, cúmplice, atleta, amiga, parceira, cozinheira, confidente, superstar. Viu-se mulher. Transformou-se mãe. O que seria de uma, não fosse a outra? A menina gerada pela menina forjou na menina, uma mulher. Na verdade, a cobaia não foi a filha da menina, a boneca de verdade e sim a menina ao gerar a menina.


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