Putrefação 2O sábio diz então que há um animal selvagem nafloresta, completamente cercado por uma cor negra.Se alguém lhe corta a cabeça, então ele solta todo onegro e aceita a cor branca mais brilhante.Você quer compreender isso verdadeiramente.O negro é chamado a cabeça do corvo.Quando esta desaparecer, a cor branca depressaaparecerá.É precisamente algo que não tem cabeça.Quando a nuvem negra tiver desaparecido,creiam-me, os filósofos se alegrarão com essepresente em sua alma.Eles o ocultam com o maior cuidado, para quenenhum tolo o saiba. A seus filhos, no entanto, porgrandeza de alma, eles revelaram algo desses escritos,o que para eles é certamente um dom de Deus.Assim agindo, eles obtêm esse dom e, portanto,ninguém pode compreender algo se Deus quer queesteja oculto.Quando a prima materia é desnudada e de uma vida inteira de repulsão e Já não estamos no mar, notocada, surge o dragão que a vigia. É o repressão emerge e invade a consciência elemento água. O corpo éestado de putrefactio ou putrefação. do adepto. A fase negra é adentrada agora uma floresta sobre aDevemos cortar a cabeça do dragão com vigor. O sapo que devora nossas terra; este é o elemento terra.enquanto ele dorme, mas ele deve estar “primeiras impressões” antes mesmo O cervo, consagrado à deusasuficientemente acordado, porque a que estejamos conscientes cospe agora Diana, a lua, é a alma, opedra só é nobre se um pouco da alma os quatro elementos com os quais o Mercúrio volátil, a tomada dedo dragão permanece nela, e isso “é alquimista pode trabalhar. Uma multidão consciência, de lembrançaso ódio do monstro que sente que está de imagens, lembranças, relações, ideias, etc.morrendo”. Nesse momento, uma aglomeram-se em nossa consciência.quantidade incrível e impressionante de Mercúrio ainda está muito caótico eestresse e de tensão ligados à história instável e deve ser domado e organizado. 49
No Corpo – a floresta – encontram-se a 3Alma (o cervo) e o Espírito (o unicórnio)Os sábios são enfáticos ao afirmar que há doisanimais escondidos na floresta; um é digno deum hino, belo e ágil: um cervo grande e forte…o outro dizem ser um unicórnio. Os dois estãocompletamente escondidos na floresta.Mas feliz será chamado o homem que os capturarcom uma rede.Os mestres nos dizem claramente que essesdois animais vagueiam aqui e ali na floresta.(Compreenda, no entanto, que a floresta é umacoisa só.) Quando investigamos profundamenteesse tema, a floresta recebe o nome de corpo.Descobrimos também com alguma certeza everdade, que o unicórnio é o espírito. O cervo nãodeseja outro nome senão alma, o qual não lhe serátirado por ninguém. Então, convém que quem querser chamado mestre os leve juntos à floresta paraque eles permaneçam unidos.A ele será atribuído com justiça o velo de ouro,conseguido graças a todos os seus triunfos. E agoraele pode triunfar sobre o próprio grande Augustus.Os chifres do cervo de galhada princípio é simbolizado pelo unicórnio. princípio sólido. O cervo e oamplamente aberta simbolizam a Seu chifre é a concentração orientada unicórnio formam juntos aabertura e a orientação da atenção para para o ponto focal ao redor do qual o primeira fase, ainda volátil,o exterior, e do tornar-se conscientes caos é organizado e serenado. O cervo é do mercúrio: a vista, a visão.mentalmente. Se nada de sólido surge, perseguido pelos caçadores e foge: é otodas as tomadas de consciência princípio volátil, o mercúrio. A capturadesaparecem como em um transe que do unicórnio é feita por meio de umanos oprime e depois é esquecido. É virgem imaculada. Quando se dá contanecessário um centro sólido de atenção, da pureza da virgem, o unicórnio colocade concentração tenaz, em torno do seu chifre no seu colo e adormece. Équal a compreensão e a inteligência se assim que os caçadores o capturam. Oorganizem e possam se concentrar. Esse unicórnio é centrípeto, é o enxofre, o 50 Abraham Lambsprinck
O maior prodígio que há é 4fazer dos dois leões um sóOs sábios ensinam que de fatodois leões podem vagar– um, masculino; o outro, feminino –no horrívelVale das Sombras.Mostram que eles se escondem,e que é uma arte capturá-los,com sua aparência atroz e face feroz,rápidos como são, indomáveis e sanguinários.Quem, mediante sua sabedoria e astúciapuder atraí-los a uma armadilha,conduzi-los e domá-los,e puder fazê-los entrar na mesma floresta,esse obterá, de pleno direito,a coroa e a glória muito antes dos outros:antes mesmo da glória arrebatada pelos sábios daépoca.O efeito de ser liberto da prima mate- emoções, é dissolvida, como se estivesse objetividade as ideias e as re-ria continua mais além na vida afetiva. morta. O que é verdadeiro e faz parte de velações provenientes da faseVemos dois leões representados em uma nós vai se regenerar e germinar de novo. do cervo e do unicórnio.floresta. O leão macho é o leão verme- A antiga vida de sentimentos, que era um A alma é também uma cons-lho, o mercúrio. O leão é o símbolo da vaso cheio de emoções contraditórias, ciência.vigilância, como guardião do portal; torna-se então uma “alma”, um espaçomas, como rei dos animais ele é também silencioso onde se pode verdadeiramen-a honestidade, que tudo vê. Nesse nível, te “sentir”. As emoções nos encerram.a vida dos sentimentos é despojada de Abre-se então um sentido real, comotodas as falsas emoções que herdou das uma fonte de percepção de qualidades,influências do mundo circundante. Toda de conhecimento e de nuanças delicadas.a vida de sentimentos, com todas as suas A alma, então, é capaz de julgar com toda 51
Mortificação, salificação e embebição 5do corpo unido à alma e ao espíritoAlexandre escreve da Pérsia queum lobo e um cão são formados dessa argila.No entanto, os sábios nos explicamque os dois têm a mesma origem.O lobo vem certamente do Lestee o cão tem sua origem no Oeste.Eles estão cheios de ódio,enraivecidos, furiosos e de fato fora de si mesmos.Um priva o outro da vida,e deles emana um grande peixe.Mas se eles retornam à vida,libertam então de si mesmos de fatoo remédio supremo e o melhor contravenenojamais visto na terra,que fortifica os sábios desse tempo,que trará louvor a Deus e o louvará.Mortificação (matar), salificação prezado por seu servilismo. O lobo, ao enorme coragem às vezes é(branqueamento) e embebição (penetração) contrário: é a natureza virgem instintiva necessária!do corpo unido à alma e ao espírito do homem que não pertence a ninguém, O lobo, que vem do les-Mas a ação da prima materia vai ainda que come tudo, até mesmo a terra, se te, onde o sol se eleva, é omais fundo e mais longe. O cão e o lobo tem fome. enxofre; o cão é o mercúrio,representam o nível do instinto e da von- O lobo e o cão por vezes estão violenta- consagrado à lua. O lobo,tade. Outrora, o cão foi um lobo. Mas, mente em conflito um com o outro e por segundo a tradição xamânicacom o correr do tempo, ele foi domesti- isso se batem até a morte. Por vezes o ho- siberiana, é o guardião docado e adaptou-se ao homem, ao mundo mem tem de fazer escolhas devastadoras, gênero humano e foi volun-em que este vive e à sua cultura. Ele é o quando estas vão de encontro a valores tariamente domesticado paraguardião dos bens de seu mestre. Ele é e opiniões das pessoas à sua volta. Para cumprir essa tarefa. As trêsprezado por sua fidelidade, mas des- escolher a favor de sua natureza original, cenas de animais na floresta 52 Abraham Lambsprinck
representam o elemento terra. A floresta Mercúrio, quimicamente 6é o corpo que contém em seu interior sublimadoo espírito e a alma. Os animais formam,em conjunto, a purificação e a prima mate-ria que age sobre três “centros”, três for-mas nas quais o mercúrio se manifesta:o pensamento (o cervo e o unicórnio), osentimento (o leão vermelho e o ver-de), a vontade (o lobo e o cão). Juntos,esses três centros formam também um“mercúrio”. O mercúrio que recebe é opensamento inteligente; o do meio, queorganiza, é o enxofre da alma. A decisãoé registrada no centro da vontade e doinstinto, o sal. Os três centros formam,juntos, um mercúrio autônomo: umhomem que construiu um espaço inte-rior, que edificou um lugar de trabalhointerior ou um templo em si mesmo –que pode funcionar de modo autônomo,desligado das influências do mundo aoredor. Nessa oficina de vida interior épossível romper os selos que foram apli-cados na alma pelos arcontes. Um terrível dragão habita a floresta; tóxico no mais Todos os seus vasos sanguíneos e suas alto nível, ele nada tem. cores são misturados em sua morte; de seu veneno surge um excelente Quando vê os raios do sol e do belo fogo, ele espalha remédio. seu veneno, e seu voo é tão extraordinário que De repente, ele come seu veneno, pois nenhum outro animal permanece vivo diante dele, devora sua própria cauda envenenada. de modo que nem mesmo o próprio basilisco (o rei das serpentes) pode se igualar a ele. É por isso que dele escorre um bálsamo valioso.Todos os sábios Quem tiver aprendido a matá-lo com sabedoria finalmente aprovarão suas forças e, escapará a todos os perigos. surpresos, se alegrarão. 53
Mercúrio quimicamente precipitado do modo justo E o homem prossegue ascendendo por meio da força que interliga as esferas;ou sublimado ao primeiro círculo cede a força para crescer e para diminuir;O ouroboros indica que um ciclo ao segundo círculo entrega a tendência para a malícia e a astúcia, que se tornouestá terminado. Um processo que impotente;certamente deve ser repetido várias ao terceiro círculo abandona a ilusão dos desejos doravante impotentes;vezes, mas sempre de modo diferente. ao quarto círculo abandona a prepotência da obsessão pelo poder, que jáTrata-se de um ciclo que se desenrola não pode ser satisfeita;entre o dragão que cospe fogo e ao quinto círculo, a audácia ímpia e a temeridade brutal;o ouroboros. No gnosticismo, o ao sexto círculo abandona o apego à riqueza, doravante sem efeito;ouroboros era a serpente do mundo, e ao sétimo círculo abandona a mentira sempre ardilosa.o “leviatã” que encerrava o mundo E quando se livrou de tudo o que proveio da força que interliga as esferas, ingressamaterial, ou seja, as esferas dos sete na oitava natureza de posse apenas de sua própria força e canta, com todos que láplanetas conhecidos de nosso sistema estão, hinos de louvor ao Pai; e todos se regozijam com ele pela sua presença.solar que, juntos, formam o mundoda matéria. Fora dele, encontra-se o O evangelho de Tomé, de G.Quispel, p.182, Corpus Hermeticum 1, 63-4.círculo dos doze signos do zodíaco, noqual está localizado o paraíso terrestre A viagem da alma após a morte, através das esferas dos planetas, tornou-se, nado Gênesis, com a árvore da vida no alquimia, uma viagem interior para uma alma durante esta vida, consistindo emcentro. libertar-se dos sete selos planetários.Segundo certos mitos gnósticos, o O ouroboros representa, portanto, a fronteira entre o mundo da sujeição à matéria ehomem foi moldado pelos arcontes o mundo do alto, o círculo do zodíaco e o lugar do Paraíso.dos sete planetas. Eles fabricaram umhumano, um tipo de golem, com distanciar-se das propriedades negativasargila e pó. Esses regentes do mundo dessa esfera, portanto, quebrar o selo.material de baixo não podiam, noentanto, criar Vida. Por isso, eles deviamseduzir estrategicamente o “verdadeirocriador”, o Agatodaimon, para queuma vida gloriosa descesse no golemfabricado por eles. Assim, o homemdespertou para a vida, dominado, noentanto, pelas propriedades atribuídaspelos arcontes. A tarefa do adepto éaprender a distinguir em si mesmoa diferença entre a vida gloriosaverdadeira e as correntes materiais queo mantêm prisioneiro dos arcontes.Esses pensamentos provêm ainda doantigo Egito e dos rituais dos mortos,nos quais a alma do falecido deixava asesferas terrestres atravessando as esferasdos arcontes que guardavam as portasque levavam ao “céu”. A cada porta ocandidato deveria prestar contas. Erapreciso conhecer o nome do guardiãoda porta, saber o que ele representava e 54 Abraham Lambsprinck
Fala-se de dois pássaros 7na florestaNa floresta encontramos dois ninhos, onde Hermestem seus filhos.Um tenta continuamente voar,o outro está satisfeito em ficar no ninhoe não o deixa.O menor impede o maior de tal modoque os dois são forçados a permanecer no ninho,do mesmo modo que um homem é ligadoà sua esposa pelo casamento.Por isso estamos ansiosos todos os momentos,pois teremos parado a águia feminina.Por isso oremos a Deus Paipara que isso possa se realizar de modo feliz.Na primeira representação do elemento O elemento ar abre uma esfera sutil na de intensidade. As coisas quear há uma árvore com um ninho. É a região mental, inteligente. Essa esfera podem ser chamadas “abstra-árvore dos filósofos, a versão alquímica deve ser aberta e explorada antes que tas” no mundo comum, sãoda árvore da vida no paraíso. se possa nela trabalhar. Para penetrar no aí muito palpáveis, diretas eNo ninho há dois pássaros: um pode interior dessa esfera, deve-se, por assim vivenciadas. É uma esfera devoar e se eleva para buscar a inspiração dizer, abandonar o próprio corpo, da inteligência sem palavras. Aínos mundos mais elevados. O outro mesma forma que deixamos os calça- a “linguagem dos pássaros”pássaro permanece no ninho com as asas dos na porta antes de entrarmos em um é compreendida. O caracoltruncadas. Isso faz que o primeiro retor- lugar sagrado. debaixo da árvore simbolizane novamente ao ninho. O pássaro que Para o espírito purificado, assim como novamente a relação: o nívelvoa é Mercúrio, o que fica, o Enxofre. para a consciência límpida, o que aconte- material é como um caracolJuntos eles produzem o “ovo filosófico”, ce nesse lugar é muito palpável e de gran- rastejando sobre a terra.do qual nasce o Filius Philosophorum, o jo-vem Hermes, o novo homem interior. 55
Há dois pássaros 8nobres e preciososNa Índia, encontramos uma floresta muitoagradável na qual dois pássaros estão reunidos,um branco, outro vermelho.Eles se matam reciprocamente… um consumindoo outro.Os dois são, no entanto, transformados em pombasbrancas.Da nova pomba nasce uma Fênix,que repeliu o negro, o mau odor e a morte,a fim de poder, assim, tomar uma nova vida.Nessa imagem vemos dois pássaros em louvando o esplendor do Criador e do teiramente. Nada resta senãoluta: o pássaro vermelho coloca-se acima Sol. Após um período de mil anos, a um tipo de vidro branco,do branco. Aqui o trabalho sobre a pedra Fênix sente que chegou seu tempo de uma lagarta que, depois debranca termina e tem início o grande morrer para se renovar. Ela deixa o Paraí- três dias, se transforma emtrabalho da pedra vermelha. No texto, so e voa para a terra, para um lugar cujo uma nova Fênix. Então elaesses pássaros primeiro se transformam nome se refere a ela: a Fenícia, situada volta para o Paraíso por maisem duas pombas brancas e depois em na atual Síria. Lá ela faz seu ninho na mil anos. A Fênix se move noFênix. As duas pombas brancas simboli- palmeira mais alta utilizando unicamen- elemento ar, mas desenvolvezam a pureza, a espiritualidade, a leveza te ervas aromáticas, depois se deita no a intensidade do elementoe a candura. As pombas não têm vesícula ninho para ali morrer. Esse processo é de seguinte: o fogo.biliar, portanto elas não têm melancolia tal intensidade que ela se inflama numa(bile negra), que liga à terra. As pombas combustão espontânea e se consome in-são, por excelência, habitantes simbólicosdo elemento ar.A Fênix forma a conexão e a transiçãoentre o ar e o fogo. De acordo com Lac-tâncio, a Fênix habita um domínio semdoenças nem morte ou outra fraqueza.Nesse lugar, tudo é sempre verde e a fon-te da vida corre abundantemente.A Fênix, na árvore mais alta, canta dozevezes por dia melodias harmoniosas, 56 Abraham Lambsprinck
O senhor das florestas 9tomou posse de seu reinoPresta ouvido agora para um ato admirável,pois quero te ensinar grandes coisas!Como o rei se eleva acima de seu povo;Escuta, portanto, o que o nobre senhor dasflorestas diz:“Venci meus inimigos,apedrejei o dragão envenenado,sou um grande rei glorioso sobre a terra.Ninguém é maior que eu,dentre todos os viventes,filho de um artista ou mesmo da natureza,posso tudo que o homem pode desejar;eu doo poder e saúde duráveis,ouro também, prata e joias,e a panaceia para os males grandes e pequenos.Primeiro fui de nascimento humilde,até que fosse colocado num lugar elevado.Alcançar esse cume elevadome foi dado por Deus e pela natureza.Assim fui colocado do mais baixo ao mais altosobre este glorioso trono.E graças à minha soberania realme chamam de Hermes, o Senhor das Florestas.O cumprimento dessa parte do trabalho Obra” está terminada, a pedra cúbica macrocosmo, ou com osé simbolizado pelo Rei, o “Senhor das branca está formada. cosmos mais elevados. Elevar-Florestas”, que tomou posse de seu O rei é a figura central do esquema. -se do elemento terra conduztrono. Seus pés repousam no dragão; No mesmo nível estão as duas imagens ao elemento ar, o que éum peixe lhe serve de apoio para o com os pássaros que representam o representado nas figurasbraço; a escada que leva a seu trono de elemento ar. seguintes pelos seres aladosforma cúbica compreende sete degraus, O que se segue é a “Grande Obra” sobre (11 e 12).que representam os metais. O processo a “Pedra Vermelha”. A pequena obra épassou do estado negro para o estado o trabalho de um indivíduo sobre sibranco, passando pelas sete cores da mesmo, o microcosmo. A Grande Obracauda do Pavão: a Cauda Pavonis. Esses sobre a Pedra Vermelha é o trabalhoestados estão concluídos. A “Pequena dentro de um contexto maior com o 57
A Ascensão 10Todas as histórias nos contam que a salamandra Durante essa viagem ela é capturada e espancada, Os sábios consultaram sua ciêncianasceu do fogo, no qual ela encontra seu alimento e para que morra e a vida se escoe com seu sangue. e por isso receberam um presentevive; Ora, isso leva a algo de bom para ela, em todo o celesteisso lhe é dado pela natureza. caso: ela recebe com seu sangue a vida eterna chamado a Pedra dos Sábios, e não pode morrer morte alguma. à qual todas as forças do mundoEla habita, no entanto, numa montanha profunda, inteiro estão submetidas.onde queimam numerosos fogos Seu sangue é o remédio mais precioso que há nanos quais a salamandra se lava. terra. Os sábios nos dão isso por pura Nada pode se igualar a ele, pois seu sangue elimina generosidade,O primeiro fogo é menor que o segundo, toda doença a fim de que sempre nos lembremoso terceiro é o maior, o quarto o mais forte. de todos os metais e de todos os corpos de animais e deles. de pessoas.A salamandra percorre todos, purificando-se neles.Por isso ela se apressa em correr para seu buraco. 58 Abraham Lambsprinck
A intensidade do fogo age sobre cadafibra, cada átomo, cada nível do corpo.O corpo é “renovado”, recriadoA intensidade impetuosa do fogo e sua guezagueiam para o alto e se cruzam emforça penetram tudo em todos os níveis e cada um dos grandes centros psíquicosatravés de todos os veículos. Nós o vemos do sistema simpático, para terminar noaqui representado pela seguinte cena: centro acima da cabeça.um alquimista assa uma salamandra emfogo aberto. No texto está escrito que a Daí em diante, apenas algumas silhuetassalamandra passa por diferentes fogos de humanas aparecem ainda nas imagens,caráter e intensidade diferentes. Quan- mas não mais animais. Um jovem rei, odo chega ao ponto mais elevado, ela é Filius Philosophorum, é ladeado pelo velhomorta. Na alquimia, esse é o símbolo da Rei da Floresta e por um Mercurius Senexfixação ou da precipitação de Mercúrio alado. O antigo Mercúrio quer elevar ono mercúrio (prata-viva). A intensidade jovem Hermes à “mais alta montanha”do fogo age em todos os níveis do corpo, para uma última iniciação. O velho Rei,em cada fibra, cada átomo. O corpo é que ama seu filho “de todo coração”,“renovado”, recriado, ou como é dito na quer impedi-lo de ir até lá. Ele diz:Rosa-Cruz: transfigurado. “Sem você eu morro”. O Filho se libertaPodemos comparar esse processo a uma do Pai, o “Senhor das Florestas”, queúnica coisa, que no Oriente é chamado desempenha então um papel passivo, ede kundalini: a elevação da energia do escolhe, para isso, seguir o guia.chacra básico abaixo da coluna vertebral,sob a forma de duas serpentes que zi- 59
O Pai e o Filho são reunidos 11graças ao guiaO Pai, um velho, originário de Israel, Na força do elemento fogo nasce um O Filho (espírito, enxofre)tem um filho único que ama de todo coração. novo “homem interior”, um “filho dos decide deixar seu Pai (cor- filósofos” e outro fogo, um guia espiri- po, sal) e seguir com o guiaA ele é imposto sofrimento sobre sofrimento tual, torna-se visível. Este conduz o “filho (alma, mercúrio), que opois o guia vai querer dos filósofos” a uma iniciação na der- leva a uma alta montanha econduzir o filho único a todos os lugares. radeira conjunctio oppositorum, a visão mais faz que ele veja as maiores elevada. maravilhas.O guia se dirigiu ao filho com estas palavras:“Vim aqui para conduzir-te a todos os lugares,ao cume mais alto da montanha mais alta,a fim de que aprendas todas as ciências do mundo;a fim de que descubras a grandeza do mundo e domar;e a fim de que experimentes uma grande alegria.Porque vou levar-te ao ponto mais alto,e até às portas dos céus mais elevados”.O filho obedeceu o guia,e subiu com ele.Ele contemplou o trono celeste,que era de magnificência incomensurável.Depois que tinha visto todas as coisas,ele se lembrou de seu Pai e suspirou.Ele sentiu compaixão por seu Pai por causa de suagrande angústia.Foi por isso que decidiu voltar para o seu interior.Os sábios nos dão isso por pura generosidade,a fim de que sempre nos lembremos deles. 60 Abraham Lambsprinck
Outra montanha originária da 12Índia aparece no vasoAqui o filho diz ao guia:“Deixa-me retornar a meu Pai.porque ele não pode ser ou viver sem mim.Ele suplica e me chama sem cessar”.O guia dirige-se ao filho nestes termos:“Não te deixo retornar sozinho.Eu te tirei do seio de teu Pai;Eu vou te levar de volta;para que ele se alegre ainda e viva,a ele vamos dar essas forças”.Sem demora, então, eles se levantarame retornaram à casa do Pai.Quando o Pai viu seu filho se aproximar,ele gritou com voz forte e disse: (p62)Essa situação pode ser comparada com que é de si mesmo. Sei o que desejas A citação é muito significa-o início de Pimandro, o primeiro livro e estou contigo por toda parte’. E eu tiva. O rei pai é o corpo ador-do Corpus Hermeticum, uma compilação de disse: ‘Desejo ser instruído a respeito mecido, tornado passivo. Otextos escritos em grego e atribuídos a das coisas essenciais, compreender sua filho é Hermes, o pensar con-Hermes Trimegisto. Citação: natureza e conhecer Deus. Oh, quanto centrado que contempla, a“Um dia, refletindo sobre as coisas eu desejo entender!’ E ele respondeu: consciência que medita sobreessenciais e tendo o meu ânimo ‘Fixa em tua consciência o que queres um tema, um “pensamento-se elevado, aconteceu que os meus aprender e eu te instruirei’. Com essas -germe”. E o guia é Piman-sentidos corporais adormeceram palavras, o seu aspecto mudou e logo dro, simultaneamente umcompletamente, tal como ocorre com a seguir tudo se tornou imediatamente tipo de vigia da consciênciaalguém que se vê vencido por profundo claro para mim; tive uma visão humana (o guardião) e osono após lauta refeição ou por motivo prodigiosa…”. saber autêntico, a fonte dode grande cansaço físico. E me pareceucomo se visse um ser impressionante,de contornos indeterminados, que,chamando-me pelo nome, me disse: ‘Oque queres ouvir e ver, e o que queresaprender e conhecer em teu Noûs?’Perguntei: ‘Quem és?’E recebi comoresposta: ‘Sou Pimandro, o Noûs, o ser 61
conhecimento verdadeiro presente em O Pai 13cada ser humano e que revela as visões engole o filhofinais à consciência que o pede.O que significa essa visão? EmPimandro, trata-se da criação dosmundos da luz e das trevas. No tratadode Lambsprinck, trata-se de uma últimaconjunctio oppositorum, pois, do topo de suamontanha, o filho e o guia veem tanto oSol quanto a Lua, a luz do dia e tambéma escuridão da noite.Ao filho é revelado e tornado compreen-sível tanto a coesão cósmica como o fatode que tudo depende de tudo; tambémlhe é mostrado o lugar que ele mesmoocupa no interior do cosmo, sendo tudoisso compreendido muito claramente.Podemos ler nos textos herméticos oque vem a ser a visão de Pimandro. Essaspalavras são irrelevantes para nós. Oque importa é o estado em que o jovemHermes se encontra; a possibilidade queele tem de abrir seu espírito e de receberuma perspectiva ou uma visão final.A que se refere essa visão? Indubitavel-mente ao microcosmo e à sua ligaçãocom o macrocosmo:“O que está em cima é como o que está “Oh, filho, durante tua ausência estive como morto,embaixo, a fim de que as maravilhas do e corria grande perigo de morte.Uno se realizem”. Agora que aqui estás, revivo,O Agora é a Eternidade. A intensidade do porque é o teu retorno que me traz alegria”.Agora é atualmente tão grande que seestende até e se converte em Eternidade. Quando o filho verdadeiramenteToda inspiração provém desse momen- adentrou a casa do pai,to derradeiro de iluminação. Com essa este tomou-lhe as mãos,inspiração pode-se preencher milhares e com excessiva alegria o engoliude bibliotecas. Mas o verdadeiro valor pela própria boca.disso é apenas para quem vive realmenteo momento derradeiro. Depois disso, o Pai transpirou abundantemente. 62 Abraham Lambsprinck
A verdadeira tintura 14 dos sábiosO Pai chama o filho de volta para si. A Aqui o Pai sua por causa do Filho. Essa chuva era frutífera eintensidade do momento derradeiro não Ao mesmo tempo, ele pede a Deus, do mais profundo cor de prata.pode durar muito tempo, do contrário o de seu coração, Ela embebeu o corpo do Pai ecorpo físico morreria. O corpo chama de que reconduza seu Filho para fora de seu corpo o tornou macio.volta seus “espíritos vitais”. O pai engole e lhe dê a vida de outrora.o filho completamente. Vemos aqui um Sustenta-nos, ó Deus,tema recorrente: o rebelde, que agiu Deus ouve suas preces a fim de que sejamos penetrados porilegitimamente, está de volta ao “ventre e ordena ao Pai que se deite e durma. tua graça.da velha ordem”, engolido e renascido Durante o sono do Pai, Deus faz cair do céuem uma figura que forma uma síntese uma chuva que se derrama sobre a terra através dasfrutífera e aceitável. Poderíamos também estrelas cintilantes.interpretar o velho rei como a velhatradição que existiu e se tornou estéril. Ofilho do rei solta-se de seu abraço e partepara outras experiências. Assim fazendo,ele transgride rígidos tabus.A seguir, o “filho perdido” retorna nova-mente “ao ventre” de seu pai. Ele retornaà velha tradição, renovando-a; porémagora a partir do interior, de modoque ela seja outra vez frutífera e possacontinuar. Assim se obtém uma síntese.Afinal, para continuar uma tradição deve--se, de modo muito paradoxal, injetá-lae vivificá-la sem cessar, a partir de umavisão realmente nova. Isso porque todaa matéria básica necessária para podertrabalhar encontra-se contida no seio datradição! 63
Aqui o Pai e o Filho são Um 15pela eternidadeAqui o Pai dormita,inteiramente tornado água clara,e pela força dessa água,um grande bem foi conquistado;ao mesmo tempo um novo Pai é criado,forte e belo,que cria, assim, um Filho novo.O Filho permanece para sempre no Pai,e o Pai no Filho.Assim eles produzem muito frutosem coisas diferentes,as quais não perecem jamais.Nenhuma morte poderá fazê-los morrer,eles permanecerão sempre pela graça de Deus,e triunfarão juntos num reinoextraordinário.O Pai e o Filho estão assentados em Um únicotrono;no meio está assentado o velho mestre,vestido com um manto cor de sangue.Inútil dizer que a Grande Obra só pode A prima materia sobre a qual temos falado da glória, pois quem medeacontecer quando a Pequena Obra for diz respeito ao conhecimento autêntico, sua grandeza com as musasantes conduzida a bom fim. ao Noûs em nós. Estar focado na é transformado em corvoA Pequena Obra é o trabalho de um “inspiração” é um processo que pode grasnador.indivíduo sobre si mesmo. A Grande Obra ser aprendido. No entanto, não podemosé o trabalho em escala maior, que ultrapassa aprendê-lo em parte alguma. Medianteas coisas e os interesses limitados de um o desenvolvimento de uma “obra” ouindivíduo. O indivíduo está ligado a uma de um trabalho de vida, o “artista da“rede de inspiração” mais ampla, que vida” deve ele mesmo abrir os justospoderíamos chamar de genialidade. canais e não se deixar levar pela sedução 64 Abraham Lambsprinck
Qual é, então, o resultado da “Grande Obra”?Encontramos a prima materia (figuras da primeira parte: a “Pequena Obra”1 e 2) em nossas mais profundas está terminada, a “Pedra Branca” estácamadas instintivas, lá onde a vida se preparada.“funde” organicamente com o mundo A “Grande Obra” ocorre no domíniocircundante. É uma corrente intensa de do fogo (figura 10). O fogo destrói avitalidade que, pelas transformações matéria e, para adquirir o domínio doparticulares que o alquimista executa, fogo, o corpo – a parte material – precisase converteu em “mercúrio”, uma se tornar passivo, estar “aparentementeconsciência clara que, como uma morto”. Na força do elemento fogo nasce“irradiação” plena de inspiração, lhe um novo “homem interior”, um “Filhodá uma visão da matéria da qual ele e o dos Filósofos” e outro ser de fogo, ummundo são compostos. guia espiritual se torna visível (figuraEsse princípio de abertura de um centro 11). Este conduz o “Filho dos Filósofos”de “ser consciente” e de “consciência a uma iniciação na derradeira conjunctioclara” é repetido muitas vezes. Mercúrio oppositorum, a visão mais elevada (figuraé sublimado na região mental (figura 12). Assim, o Filho comunica novamente3) se precipita, purificado, e abre a vida suas experiências à “parte de baixo”,afetiva (figura 4) e os instintos (figura o corpo (figura 13), que dessa forma5). Com isso, uma parte do trabalho se torna perfeitamente purificado eestá terminada (figura 6). A natureza transformado (figura 14).mais baixa do adepto é purificada e, ao Finalmente, o Pai, o Filho e o Guia,mesmo tempo, ele recebe a compreensão portanto o corpo, a alma e o espírito, estãoe a domina. O alquimista necessita assentados sobre o trono juntos, comodesse domínio sobre sua vontade, seu parceiros de igual valor (figura 15) esentimento e seu entendimento para dar governam seu “reino”, formando juntos oo passo seguinte: o desenvolvimento símbolo de Mercúrio: a “Pedra Vermelha”de uma sensibilidade e de um poder de está preparada.orientação no domínio intuitivo maispuro, o domínio do ar. Aqui também NOTA:Mercúrio se estende até tornar-se um Leitura recomendada: O Tratado da Pedra Filosofal demar de consciência (figuras 7 e 8). Lambsprinck – análise de Patrick Paul.Quando o filosofo hermético dominatambém esse poder, o título de “Rei daFloresta” lhe é outorgado por Hermes(figura 9). Então ele recebe o perfeitodomínio sobre si mesmo e sobre oselementos água, terra e ar. É o fim 65
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símboloA Cruz de TauO T ou Tau é formado a partir do algarismo 7 (vemos aqui um T ou um 7 reto), o algarismo que se refere à vida divina, à vida pelo espirito sétuplo e a Γ (letra grega gamma), que é o símbolo da Terra (Gaia). O símbolo Tau une em si a vida divina e a vida terrena. Se retiramos a parte superior do símbolo da cruz egípcia Ankh, resta acruz em forma de Tau. O Tau pode ser interpretado como a primeira letra do Tufão jácontrolado e superado (filho de Gaia e Tártaro, gigante da mitologia grega, pai dosventos ferozes e violentos): ou seja, a libertação do mal, de “Satanás”.A Cruz de Tau também era popular entre os druidas. O Tau era considerado por eles osímbolo druida de Júpiter. Frequentemente suas cruzes em Tau eram um imponentecarvalho no qual todos os galhos haviam sido retirados, com a exceção dos doismaiores. Eles eram podados de forma que os galhos situados na parte superiordo tronco parecessem dois braços horizontais. Ainda podemos ler que o Tau foiutilizado em áreas druidas para delimitar a fronteira entre duas unidades de governosreligiosos diferentes.Existe ainda outra explicação sobre a Cruz de Tau, que consiste em considerá-la comouma etapa no desenvolvimento da humanidade. A primeira fase ainda não conhecia acruz, mas sim um tronco ou um símbolo fálico. Ela se refere ao desenvolvimento daconsciência pélvica – a fertilidade em estado bruto – no qual a consciência humanaainda se encontraria na fase dos sonhos.Depois dessa fase, o tronco se transforma em um T, uma Cruz de Tau, para significarque as emoções foram despertadas. Mas ainda se trata do desejo ilimitado e dabusca desse desejo, pois não há nenhum direcionamento. O ser humano ainda nãoconseguia controlar seus desejos. Quem olha a Cruz de Tau pode imaginar que estádiante de um homem sem cabeça. Sua interseção é o coração, a sede do sentimento.A cruz que conhecemos possui uma “cabeça”. Ela representa o desenvolvimento daconsciência da cabeça, o indivíduo, no qual as escolhas podem ser feitas. A cabeçapode controlar o desejo ou dirigi-lo. A etapa seguinte é a da “Cruz com Rosas”, naqual a influência da “rosa” ou do “lótus” está enraizada no coração humano.67
colunaSer um peregrinoP rimeiro era o trabalho para se estabelecer bem na é, acima de tudo, a pedrinha em seu sapato: seu ego! vida. Infelizmente o trabalho sonhado, o par perfei- Você está em busca de um caminho – o caminho sobre o to e a boa vida foram superados pelo demônio da qual falam os grandes mestres. Porém só existe o seu cami-realidade. Então ficou para amanhã. Mas o amanhã nunca nho, aquele que você vai abrindo enquanto vai seguindochegou porque o hoje estava no caminho. em frente. E aí você percebe que não se trata de imitarFoi preciso tomar outro rumo: um caminho aqui, outro a vida desses mestres, mas sim de pesquisar o que elesali, e finalmente, você encontrou seu próprio caminho e o encontraram em sua peregrinação.trecho que vai da vida exterior para a interior. Não existe caminho já aberto, mas, surpreendentemente,Seu ego já dizia, ao longo dos anos: quando tudo se aqui e ali existem portais: o Portal do Desapego – porquedissolver, aí estará a paz. A alma sabe: é somente quando algumas coisas são muito pesadas para levarmos conosco noa paz chega ao seu ser que tudo se dissolve! Tanto literal- caminho. O Portal do Autoconhecimento, pelo qual passamosmente quanto no sentido figurado... é isso mesmo que com toda nossa imperfeição, como uma prova de que nãovocê deseja? Você tem coragem? E confiança? temos medo da imperfeição. O Portal da Ligação, pelo qualTudo que está à sua volta repete o conselho: “Mantenha percebemos tanto a dolorosa unidade com todo o gêneroos dois pés no chão!”. Só que esse não é um bom método humano como a alegria da profunda ligação com o Todo!para seguir em frente! Sete portais – sete missões – sete colaborações – sete dádivas.Todos os dias recebemos do Banco da Vida 86.400 uni- Sete espirais que se elevam nessa jornada de peregrino!dades de tempo para usar. E o que não utilizamos nos é Do buscador de si mesmo, do buscador para a Alma, daretirado à noite: tempo é uma coisa que não conseguimos Alma para o Ser.poupar. Além disso, há uma pegadinha: nossa conta noBanco da Vida pode ser fechada a qualquer momento! Milagre: o peregrino que chega já não é o buscador queEntão, o que sobra da história inacabada do “Livro da partiu! O caminho vai se transformando com o caminhar, e o caminho transforma o peregrino. Cada passo em falsoMilagre: o peregrino que chega já vai treinando seus músculos espirituais. Cada ponte sobrenão é o buscador que partiu um desfiladeiro proporciona um panorama espetacular da Montanha da Realização.minha Vida”? Se eu não partir em viagem ela vai ficar noprimeiro capítulo – e isso fui sabendo aos poucos. Por fim, parece que até a própria peregrinação passa porOra... Se o amanhã nunca chega é melhor ir embora agora uma transformação. Depois da fase de busca, de reconhe-mesmo, seguindo a Senda do Peregrino. Com o chapéu cimento do caminho, de obtenção de conhecimento e dada coragem, a mochila cheia de perseverança e a capa de etapa da escolha, vem a fase de estarmos ansiosamente aperegrino tecida com os fios da aspiração. “Na verdade, já caminho – isso nos dois sentidos da palavra. Cada passo énem eu mesmo sei quem sou nem para onde devo ir.”¹ um “deixar para trás”, um largar. E cada largar é um rece- ber. Perdemos nosso mundo e ganhamos o Universo!Ser um peregrino como esse significa “perder-se na direçãocerta” – viver na certeza da incerteza conscientemente acei-ta. E esses não são os maiores impedimentos com os quaispentagramavocê se depara em seu labirinto interior. O maior obstáculo ¹ Frase extraída do texto “Bescheidenheit” (Simplicidade), do poeta austríaco Vridanc ou Freidank, séculos 12-13. Curiosidade: esse pseudônimo significa “livre-pensador”68 Ser um pIenrheoguridno
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VISÕES• O verdadeiro rosa-cruz• No caminho com Paulo• O campo de respiração• O caminho... para onde?• Abraham Lambsprinck: A pedra filosofal• O olho e a testemunha• Nicolau de CusaENSAIO• O belo e o sublimeCOLUNA• Ser um peregrinoSÍMBOLO• A Cruz de Tau 70 Conteúdo
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