pentagrama Lectorium RosicrucianumComo foi preparada a colheita 2013 3númeroUma rosa não pergunta por quêO graal e o cavaloO que é o medo?“Não tenho uma alma... !”, dizia eleSete visões para um caminho espiritualAhura-Mazda, o criador incriado
Editores responsáveisJ.R. Ritman, T. van RooijEditor sêniorA.H.v.d. BrulLinha editorialP. HuisImagem Revista Bimestral da EscolaW.v.d. Brul Internacional da Rosacruz ÁureaRedatoresK. Bode, W.v.d. Brul, A. Gerrits, Lectorium RosicrucianumH. v. Hooreweeghe, H.P. Knevel, F.Spakman, A. Stokman-Griever, G. Uljée A revista Pentagrama dirige a atenção de seus leitores para o desenvolvimento da humanidadeSecretaria nesta nova era que se inicia.K. Bode, G. Uljée O pentagrama tem sido, através dos tempos, o símbolo do homem renascido, do novo homem.Redação Ele é também o símbolo do Universo e de seuPentagram eterno devir, por meio do qual o plano de DeusMaartensdijkseweg 1 se manifesta. Entretanto, um símbolo somenteNL-3723 MC Bilthoven, Países Baixos tem valor quando se torna realidade. O homeme-mail: [email protected] que realiza o pentagrama em seu microcosmo, em seu próprio pequeno mundo, está no caminhoEdição brasileira da transfiguração.Pentagrama Publicações A revista Pentagrama convida o leitor a operarwww.pentagrama.org.br essa revolução espiritual em seu próprio interior.Administração, assinaturas e vendasPentagrama PublicaçõesC.Postal 39 13.240-000 Jarinu, [email protected]@pentagrama.org.brAssinatura anual: R$ 80,00Número avulso: R$ 16,00Números de anos anteriores R$ 8,00Responsável pela Edição BrasileiraM.D.E. de OliveiraCoordenação, tradução e revisãoJ.C. de Lima, N. Soliz, J.Jesus, S.P. Cachemaille, M.M.R.Leite, L.M. Tuacek, L.A.Nepomuceno, M.B.P. Timóteo,M.V. Mesquita de Sousa, M.R.M.Moraes, M.L.B. da Mota,R.D. Luz, F. Luz, R.J. Araújo, U.B.Schmid, J.A.ReisDiagramação, capa e interiorD.B. Santos NevesLectorium RosicrucianumSede no BrasilRua Sebastião Carneiro, 215, São Paulo - SPTel. & fax: (11) [email protected] em PortugalTravessa das Pedras Negras, 1, 1º, [email protected]© Stichting Rozekruis PersProibida qualquer reprodução semautorização prévia por escritoISSN 1677-2253 tijd voor leven 4
pentagrama ano 35 2013 número 3Visões do mundo O homem moderno está no Zhang Xiaogang, Ameixeira em flor, óleo sobremercado do mundo. Certa agitação ainda o movimenta: tela, 2011uma imagem, um odor, uma memória, mas a impressãopermanece vaga, sem direção precisa. Ele vê um mundo de a natureza da verdadeira visãomedo, mas será o seu? Felizmente não, o medo está longe. como foi preparada a colheita 3Há uma visão econômica do mundo, uma visão militar.Shock and wave, violência e terror, são o seu mundo? Em visões do mundo 8-9, 16-17, qual deles estaria a solução? Quanto ao mundo do dinheiro, 30-31, 44-45, 50das finanças, poderia ser esse o seu mundo? Ele sabe queaí tudo é pior do que se pode imaginar. Há igualmente o diretrizes para a vida diária mundo do meio ambiente e da ecologia, cheio de interes uma rosa não pergunta por quê 10ses! Contudo, o universo silencioso das plantas permanecefechado para ele. O homem, infelizmente, não pode senão o graal e o cavalo 18causar-lhe danos. Existe a paleta multicor do mundo puro assim dizia minha avó... 26dos animais. Mas sua pureza desapareceu, pois o homem “Não tenho uma alma... !”, dizia eledegrada tudo o que toca. Aquilo que ele tenta melhorartorna-se risível e reflete a imperfeição de suas intenções. “Não apenas uma, mas duas!” 27Há o mundo da ação: o homem quer empreender e rea os sete cursos do tempo 32lizar operações de grande envergadura. Porém, falta-lhe o o caminho da alma para livrar-se verdadeiro saber. O que ele realiza hoje torna-se, logo emseguida, incompreensível, sim, até mesmo errado. Dizem do medo 37alguns que “não existe religião superior à verdade”, mas o sete visões para um caminho que é a verdade?Outros afirmam: “Jesus salva”, ou ainda: “Não existe outro espiritual 46deus senão Alá, ele é perfeito...” Enquanto isso, no mer ahura-mazda 52cado do mundo, o homem continua a procurar... Ele olha,mas será que ele vê? O que pode ele ver através da veste 11de carne? Será que ele vê o mundo tal como é? E quantosmundos existem? Quererá ele vê-los? Ah, não sei! Existeapenas meu foro interior onde eu O encontro. Eu observo, eu sondo, descubro o brilho em seus olhos e reconheço. Eu aquiesço, sou como Ele.E sempre esperoo Únicoo misericordiosoo infinito
A NAturEzA DA vErDADEirA viSãOcomo foi preparada J. van Rijckenborgha colheitaDiz-se que as manifestações e atividades daGnosis ocorrem periodicamente. Analisandomelhor tal fenômeno, descobrimos, quase deimediato, que a Gnosis, na verdade, nuncadeixou o mundo e a humanidade, mas queapenas ocorreu uma adaptação de suas manifestações e atividades à forma de vida e aocomportamento da humanidade através dosséculos. A necessidade de tais mudanças torna-se imediatamente clara quando se tem emvista que o estado de alma e a consciência dahumanidade, bem como sua capacidade dereação, algumas vezes mudam profundamente ao longo de um século.Essas notáveis modificações são causadas por correntes magnéticas que circulam periodicamente. Elas fazem que nossoplaneta, de tempos em tempos, transite poroutro campo magnético. Devido à respiraçãomagnética, da qual qualquer criatura vive eexiste, todo o reino natural – desde o reinomineral, passando pelo vegetal e animal, atéo humano – vê-se obrigado a reagir a essecampo. O Universo inteiro é uma única estrutura de sistemas estelares interdependentes,maiores ou menores, que consequentemente, atuam em conjunto. É como se todo esseorganismo gigantesco fosse conduzido porcorrentes magnéticas.2 pentagrama 3/2013
J. van Rijckenborgh e Catharose de Petri são os fundadores daEscola Espiritual da Rosacruz Áurea. Nessa escola, utilizando-se muitas vezes de textos originais da doutrina universal, elesexplicaram de várias maneiras a senda da libertação da alma aosalunos, tendo sido um exemplo para eles, pois além de estudarseriamente a senda, realizaram-na em suas vidas.Colheita de cereais na Índia. © Yann, Fotografia com permissão da commons.wikimedia.org
“O que foi, isso é o que há de ser. Já foi nos séculospassados, que foram antes de nós.”Elas dirigem, portanto, a marcha da huma e sobre uma nova que, com gestos convidanidade, tudo o que acontece ou deixa de tivos, busca a aceitação da humanidade. Noacontecer, como se fossem um sistema único entanto, não há nada para pedir ou buscar, ee complicado de ponteiros maiores e menores. ninguém precisa refletir, pois se trata somenPara cada um de nós deve estar claro que os te do surgimento de uma nova condição, emservidores da Gnosis deverão contar com a consequência da qual todo ser humano terámudança dessas energias ou correntes eletro seu inteiro estado de ser transformado.magnéticas se quiserem colher resultados prá Pesquisai com empenho a história mundial eticos em sua luta por encontrar almas perdidas frequentemente ireis defrontar-vos com todae impeli-las ao renascimento. essa confusão e agitação, devido à constanteQuem se orienta pela objetividade não igno mudança dos prados. A cada vez, tudo parecera que um campo magnético, no qual um ser novo, mas não é! “O que foi, isso é o que háhumano respira em determinado momento, de ser. Já foi nos séculos passados, que foramprovoca profundas transformações em todo antes de nós.” Conheceis estas palavras doo sistema de sua personalidade. Isso acon Pregador.tece, em primeiro lugar, no centro da alma Agora podemos perceber claramente ae, portanto, nos três aspectos do ego, isto atuação mundial dos servidores da Gnosis.é, o desejo, a vontade e o pensamento, que Dissemo-vos que, devido à sucessão periódideterminam todas as ações do ser humano. ca na intensidade dos campos magnéticos, éSuponhamos que o nosso planeta entre em inevitável que haja mudanças de alma e, poroutra esfera de influência magnética: então, conseguinte, mudanças de consciência. Portodas as raças, todos os povos e todos os exemplo, quase todos os dias nossa mentahomens reagirão a ela. No início, irrompe lidade é diferente, e também seu funcionaum período muito caótico; porém, em meio à mento. Pode-se dizer que nossa receptividadeavalanche de acontecimentos e reações, logo à Gnosis também é diferente a cada dia, atéserá descoberta certa relação entre eles. O que a alma possa renascer completamente narebanho humano será guiado para outros pra Gnosis. Nesse contexto, é preciso dizer que ados. Inicialmente haverá, de um lado, protes capacidade de assimilação da alma natural eto, resistência, luta; de outro, a atividade dos do ego que dela se origina, está sujeita a todopioneiros. Vemos então como esse jogo é rea tipo de ascensão e queda devido às causas jálizado em todos os patamares da cultura e da mencionadas. Portanto, pode acontecer quevida. Pessoas com inclinações literárias e filo a Gnosis desapareça da vida de uma pessoa esóficas escrevem grossos volumes sobre uma até que esta perca completamente a lembrançaantiga direção, a qual é preciso abandonar, dessa força curadora.4 pentagrama 3/2013
O que aconteceu? A Gnosis e sua corrente consciência que o fogo gnóstico demonstrouda graça continuam as mesmas, somente o ser inextinguível. Quando o archote da novahomem mudou em função da mencionada luz era pisoteado em um lugar, no mesmoinfluência magnética. O que chamamos de momento ele era aceso em outro local, para,Gnosis é uma plenitude de radiações também após alguns anos, tornar a ser inflamadomagnéticas que, contudo, provêm de outro no antigo lugar. Por isso, de forma algumaUniverso, frequentemente chamado na lin devemos adotar a posição de que a Gnosisguagem sagrada de “o reino”, o reino de Deus precisou suspender seu trabalho no mundoque não pertence à nossa natureza. Deve-se por causa dos massacres perpetrados contra osdistinguir, portanto, dois sistemas magnéticos, cátaros pelo Papa Inocêncio III e suas hordas.cada qual com seu próprio processo de circu O trabalho gnóstico entrou em recesso porlação: o da Gnosis e o da nossa natureza. razões muito diferentes. Devemos levar emNo ponto de encontro desses dois processos conta o fato de que todos os éons magnéticoshá momentos em que entidades ou forças de desta natureza prepararam-se para levar a huum sistema podem declarar-se um ao outro. manidade a um novo nadir: o nadir do indiMomentos, portanto, em que o ser anelante, vidualismo exacerbado, da maior densificaçãoo buscador, pode aproximar-se da Gnosis por do corpo racial, do extremo endeusamento domeio da transfiguração, apreendê-la e aden materialismo. Talvez seja do conhecimentotrar a sua realidade. No entanto, se ele não de todos os efeitos desse declínio nas esferasaproveitar essas possibilidades, elas passarão, material e refletora, efeitos que perduram atépois as radiações magnéticas irão afastar-se este momento. Por essas razões, o impulsonovamente. gnóstico precisou suspender sua atividade,Após esta introdução, se lançarmos um olhar pois não conseguia aprofundar-se em suaretrospectivo sobre nossa história, descobrire descida além do que já havia feito. Ele tevemos que, por volta dos séculos 12 e 13, che de esperar por tempos mais adequados, quegou ao fim um desenvolvimento de um forte certamente haveriam de vir. O nadir, cujoimpulso gnóstico, que durou praticamente início ocorreu no final da Idade Média, foidesde o início da nossa era e resultou em uma agora atingido. Portanto, cabe a pergunta: “Ocolheita de milhares de almas. que vai acontecer agora?” A Escola da Rosacruz Áurea parte do prinNesse período, o inimigo clássico da Gnosis cípio de que a humanidade, tomada por umcausou inúmeros derramamentos de sangue, novo impulso eletromagnético, será separadatão devastadores e terríveis que dificilmente em dois grupos. A grande massa caminharápodemos imaginar. Mas conservai em vossa rumo a um novo nadir, sob a liderança das como foi preparada a colheita 5
Não precisamos investigar essas sociedades secretas segundoseu tipo, sua doutrina, comportamento ou algo semelhante.Basta conhecer a força motriz por trás delasciências naturais e de toda a ciência ligada este parecia apto, ele recebia, no devido tema esse processo; esse novo nadir significa po, a missão de encontrar, por sua vez, outrorá o fim total, assim como aconteceu com aluno. Compreendereis que, deste modo,a Atlântida. O outro grupo da humanidade pôde ser forjada uma corrente de irmãos evoltar-se-á novamente para a Gnosis; e terá irmãs muito poderosa, que abarcava toda asucesso, desde que reaja ao Hora est e apro Europa; secreta em sua essência mais profunveite completa e irrestritamente o tempo que da, protegida pela fachada do trabalho burainda lhe resta. guês e profano. Essa fraternidade aqui descri ta tornou-se (e ainda é) a base do modernoConsequentemente pode surgir a pergun gnosticismo. Nos séculos seguintes, muitota: “De onde vai sair esse segundo grupo? foi dito e se especulou sobre isso. Contudo,Como surgirá? O que lhe reservará o fu quem não pertencesse à corrente não tinhaturo?” Se conseguirmos dar uma resposta como saber absolutamente nada, pois os quea essas questões, todos poderemos saber se sabiam calavam-se. A única informação aupertencemos a esse grupo e onde nos situa têntica sobre esse primeiro círculo que nosmos nele. Esse conhecimento é muito im foi permitido conhecer, é a que consta naportante para aprender o que devemos fazer Fama e na Confessio Fraternitatis.para recuperar um possível atraso ou evitar Então pôde ter início a segunda etapa. Aque nos atrasemos. Renascença havia começado, abriu-se camiQuando a tragédia dos cátaros foi consuma nho para a renovação da Igreja. Nessa situada, uma das primeiras consequências foi um ção, não é de admirar que a Europa fossegrande número de irmãos e irmãs espalhados invadida por inúmeras sociedades secretas.por toda a Europa. Não havia país ou região Não precisamos investigar essas sociedadesonde eles não fossem encontrados, em deter secretas segundo seu tipo, doutrina, comporminadas épocas. Eles abriram mão do tipo tamento ou algo semelhante. Basta conhecer ade trabalho gnóstico antigo estabelecido e força motriz por trás delas.muito conhecido e, movidos por sua vocação, O que havia nos bastidores era precisamenteretomaram as atividades, utilizando-se de um a já mencionada corrente de irmãos, responmétodo completamente diferente. sável pelo surgimento de tais sociedades emPrimeiro começaram a desenvolver o chama todos os países, com a ajuda das quais elesdo método individual de divulgação. Cada pretendiam conhecer e testar a opinião púirmão, cada irmã, passou a trabalhar sozinho blica e as possibilidades dos buscadores, sobe, muitas vezes após longa busca e meticulo essas condições completamente novas.sas ponderações, escolher um aluno. Quando Foram surgindo sempre novas sociedades,6 pentagrama 3/2013
de acordo com o gosto de cada um. Pode seu brilho para todos os que pudessem vê-lo.se dizer, com razão, que toda a população Guiados por essas correntes universais, esseseuropeia foi submetida a uma grande inves movimentos cresceram com ideais como o hutigação psicológica. Quando ela terminou e manismo, a filosofia da cultura, o ocultismo ecomprovou-se a nova capacidade de reação, a aspiração geral à cultura, ideais pelos quaistodas essas sociedades secretas foram deixadas a humanidade estava obcecada.pela respectiva corrente de irmãos. Em parte Por conseguinte, duas correntes, cada qualforam fechadas, em parte tornaram-se inati com sua própria orientação, foram mescladas:vas, enquanto os inimigos da Gnosis apropria a corrente universal e a desta natureza! Atéram-se do invólucro vazio de outras para seus uma criança pode compreender qual seria acompreensíveis propósitos. consequência disso, a curto ou longo prazo:Devido a essa investigação psicológica geral, com relação ao aspecto dialético, o homemrealizada conforme descrito, a loja do Pai – ficaria preso a um desses três movimentos, eisto é, o centro invisível, de onde parte um esse seria seu fim. Ele conservaria apenas umimpulso cósmico que atinge a Terra – decidiu núcleo, o aspecto universal. Após essa doloroenviar três grandes impulsos, assim que os sa experiência de primeira mão, porém muitodesdobramentos histórico-materialistas tives valiosa, haveria uma base nova e madura parasem atingido um novo nadir. um movimento gnóstico novo na Europa,Três diferentes impulsos, porém com um úni para um novo reino da Gnosis, apesar da crisco objetivo: levar com mais rapidez ao nadir talização do corpo racial.previsto, mas de forma diferente, o grupo Os três impulsos trabalham – da forma aquida humanidade do qual surgiria a moderna descrita – com vistas à moderna EscolaEscola Espiritual, como um impulso gnóstico Espiritual, a qual nega totalmente o aspectoclaramente renascido. ligado a esta natureza e novamente libera aDeparamo-nos com esses três impulsos nos Gnosis universal no tempo. Assim trabalhammovimentos da maçonaria, da teosofia e da os impulsos, assim os tempos são e serão aceantroposofia, com algumas correntes parale lerados, a fim de que o campo de colheita sejalas e ramificações a eles subordinadas. Esses novamente preparado!três movimentos apoiavam-se na sabedoria O novo reino gnóstico foi fundado na Europa,oriental, mas também levavam claramente e sua Fraternidade conclama todos a particia marca de outras origens, como por exem par do “campo magnético” preparado espeplo, da Bíblia, do budismo, hinduísmo, entre cialmente para elevar o homem a um novooutros, enquanto bem oculta, em segundo campo de consciência e, assim, protegê-lo deplano, a mui antiga Gnosis universal espargia qualquer perigo que o ameace µ como foi preparada a colheita 7
VISÕES DO MUNDO8 pentagrama 3/2013
As representações do mundo são o reflexoda compreensão e do pensamento humano. Um dos mais antigos mapas-múndi é o deEbstorf, desenhado no século 13, e refere-se a conhecimentos anteriores. Ele mostra o mundo conhecido na época com Jerusalémno centro e Cristo como o dirigente, tendoao lado o paraíso, que aponta em direção doOriente: “E o Senhor plantou um jardim da banda do Oriente”. visões do mundo 9
uma rosa não pergunta por quêSegundo o budismo, trilhar o caminho óctuplo e conduzi-lo a um bom fim é a verdadeira missão do homem. Quem percorre essa senda alcança a budeidade. Na Escolada Rosacruz Áurea, os alunos trilham o caminho da endura gnóstica. As duas sendasconstituem as diretrizes para a vida cotidiana de quem deseja aprofundar-se na elevaçãoespiritual não somente na teoria, mas também na prática. Por isso, estudam a doutrina eaplicam-na em sua vida diária e em seu comportamento.Oadepto do budismo torna-se um repouso em um ponto. Nesse ponto floresce e bodhisattva. Ele procura realizar a bu se abre um lótus voltado para cima. Trata-se, deidade para alcançar o objetivo mais na oitava fase, da passagem para uma ligaçãoelevado, o Nirvana. Um aluno rosa-cruz aspira com o Todo, com a Luz, o que simboliza o esa tecer a veste áurea nupcial, o símbolo das tado de iluminação de Buda. A flor está fundanúpcias alquímicas de Christian Rosenkreuz: a mentada sobre um quadrado tríplice encimadounião da alma com o Espírito. por três círculos. Primeiro três vezes um quaAmbos os caminhos, o da senda óctupla e o da drado. Sobre um quadrado se pode construirendura gnóstica, são possíveis porque existe no “de baixo para cima”. O quadrado representacoração do ser humano um ponto de contato os mundos físico, intelectual e espiritual.que o chama e o impulsiona a percorrer esse Depois, temos três vezes um círculo. O círculocaminho. Os rosa-cruzes representam poetica não tem começo nem fim. Isso significa quemente esse ponto de conexão como um botão podemos falar de uma mudança permanente,de rosa, e os budistas, como uma flor de lótus. de desenvolvimento, de renovação no e porEscutar atentamente a voz da rosa ou do lótus meio do coração, da cabeça e das mãos.e obedecê-la influencia o comportamento do • O coração, que reconhece a tarefa espiritual,ser humano empenhado em seguir esse caminho, e provoca uma notória mudança. Ambos crê nela e une-se a ela;tornaram o serviço em prol do mundo e da • A cabeça, que pode entender e explicar ohumanidade a sua causa. O que nos mostra aimagem da flor budista? porquê do caminho mediante o intelecto eVista de modo bidimensional, a flor forma um tem consciência do que compromete a sendatriângulo: larga na base, terminando em pon e do que pode facilitá-la.ta no alto. Ela mostra um desenvolvimento • As mãos, que representam a atividade manisétuplo do lótus, representado por sete anéis de festada na meditação ou reflexão diária, umdoze flores cada um. morrer diário segundo a velha natureza paraEsse desenvolvimento tem início no conhecido que a nova natureza possa nascer, uma atitumundo dos opostos. Assim como o pêndulo de de de vida perceptível, em consonância comum relógio, esse mundo apresenta um movi o elevado objetivo.mento constante da esquerda para a direita, da Em outras palavras, coração, cabeça e mãos; oudireita para a esquerda, e assim por diante. Ao também: amor, conhecimento e ação podemseguir a senda, porém, o movimento pendular atuar conjuntamente em todos os três níveis ediminui paulatinamente até que o resultado se num processo contínuo de desenvolvimento,torna visível na ponta: o movimento tornou-se rumo a um grande objetivo. A mudança é a consequência de um processo de purificação e, portanto, de cura. Sobre essa base é formada a10 pentagrama 3/2013
DirEtrizES PArA A viDA DiÁriALilias Trotter. Do seu livro de esboços “França-Suíça-Veneza”, 1877flor, em sete espirais com doze flores menores de três. Os quatro grupos lembram as quatroem cada uma, tendo no topo a oitava, a flor de nobres verdades budistas:lótus aberta. 1. a nobre verdade sobre a natureza do sofri-As flores menores podem ser consideradas asdoze forças do cosmos. Elas carregam, verda- mentodeiramente, os sete desenvolvimentos com vista Esta verdade diz: “Toda vida é sofrimento”à cura e à unificação: o oitavo! Os sete círcu- e explica a natureza do sofrimento em todoslos podem ser diferenciados em quatro grupos os contextos nos quais ele ocorre durante a vida toda. uma rosa não pergunta por quê 11
Flor búdica; provavelmente um ornamento do 3. a nobre verdade sobre a cessação do sofri telhado de um templo na Indonésia. mento Para pôr fim ao sofrimento, é preciso extin2. a nobre verdade sobre a causa do sofrimento guir todos os desejos. O Budismo explica: todo sofrimento é causado pelo desejo. Isso significa, em 4. a nobre verdade sobre o caminho óctuplo princípio, que toda a vida humana é vivida para a cessação do sofrimento em função do desejo, por exemplo, desejo Este caminho também é chamado de “o no sexual, desejo por coisas materiais. Assim bre caminho óctuplo”: compreensão correta, que tais desejos são realizados, eles são pensamento correto, linguagem correta, ação substituídos por outros: desejo por prestígio, correta, modo de vida correto, atenção cor por exemplo, ou então o desejo de fazer de reta e concentração correta. saparecer o que não se quer, como doenças, deficiências, pobreza. O aluno que trilha o caminho adquire co nhecimento e compreensão ao estudar essas quatro verdades. Mas conhecimento e com preensão não bastam, é preciso aplicá-los na prática e expressá-los em atitude de vida. Somente quando o aluno aplica o conheci mento, a experiência e o que interiorizou em uma “ação” visível ocorrem, de fato, a transformação, a transmutação e, finalmente, a transfiguração. Assim se distinguem sete planos, cada qual com doze tarefas de purificação e renovação, sete degraus, cada qual com doze subdivisões, que conduzem ao oitavo: a unidade, simboli zada de forma radiante pelo lótus aberto no topo da flor. Também podemos ver as doze ta refas como as doze influências zodiacais sobre o mundo e a humanidade. Essas influências – por meio da força espiritual que delas emana – conduzem a humanidade a um caminho de desenvolvimento. Diz-se que o Zodíaco tem início com o signo de Áries e termina com o de Peixes. Essa12 pentagrama 3/2013
Não vivemos em um Universo estático. Como manifestação divina, o Universo é dinâmico, renova-se continuamente e impele asondas de vida a alçarem-se cada vez mais em glória e majestadeinterpretação, porém, é arbitrária, uma vez Retornar à origem significa estar na quietude, que ele não tem começo nem fim. O Zodíaco e estar na quietude significa retornar à verdaexiste como um anel da eternidade, que cir deira vida, a vida eterna. cunda nosso campo de desenvolvimento. Não Denomino retornar à vida ser eternamente.vivemos em um Universo estático. Como Conhecer o que é eterno é ser iluminado. Não manifestação divina, o Universo é dinâmico, conhecer o que é eterno equivale a fazer sua renova-se continuamente e impele as ondas própria infelicidade.de vida a alçarem-se cada vez mais em glória Conhecer o que é eterno é possuir uma grane majestade. Agora, no século XXI, nosso de alma. Ter uma grande alma é ser justo. Ser mundo entrará na era de Aquário. Os aspec justo é ser rei. Ser rei é ser o céu. Ser o céu é tos particulares de Aquário influenciam a hu ser Tao.manidade, e as mudanças provocadas por eles Ser Tao é durar eternamente. Mesmo que o tornam-se cada vez mais nítidas. Pouco antes corpo morra, já não há perigo a ser temido”de sua morte, Buda teria dito a seus discí (Lao Tsé, Tao Te King, capítulo 16).pulos: “Tudo muda continuamente. Tentemconservar apenas o ensinamento do budismo. Os rosa-cruzes conhecem o caminho óctuploMas façam-no sem a menor negligência”. E como a senda da endura. A Rosacruz Áureaassim estamos no hoje vivente, ligados a um explica que o homem pode realizar o procescampo que é eterno. so de renovação com base na força viva daA flor que representa os sete planos (e o oita rosa-do-coração.vo) e as quatro nobres verdades constituem o Utilizando suas capacidades pessoais, é posóctuplo caminho budista. Para quem chegou ao sível chegar até o quinto plano. A partir detopo, vale o seguinte: então, a ascensão torna-se possível quando se“Quem atinge a vacuidade suprema mantém dá espaço à força divina interior, ao trilhar auma quietude eterna. senda para a imortalidade. A Rosacruz ÁureaOs dez mil seres nascem juntos; a seguir, eu os descreve esse caminho da seguinte maneira:vejo retornar novamente. 1. orientação únicaTodas as coisas florescem em profusão; a seguir,cada uma retorna à sua origem. Colocar-se sob a proteção da Fraternidade Universal, por meio de uma profunda fé, uma rosa não pergunta por quê 13
Para o neófito budista ressoa a voz:“Sê amoroso, gentil e segue o caminho do bem” vinda do coração. Ou, nas palavras do budis 3. unidade de grupo mo: sob os iluminados, os budas. A teoria e Ingressar na comunidade dos justificados. o conhecimento racional devem ser subordi nados a eles. 4. disposição para servir2. harmonia no intercâmbio das atividades O anseio por salvar do sofrimento todos os Conhecer a virtude por meio do seu desa seres vivos do mundo. brochar e realizando ações virtuosas como nova atitude de vida. 5. a renovação concreta da personalidade quádrupla A redenção do sofrimento nos corpos físico14 pentagrama 3/2013
Migrantes. Bong Chae Son. Projeto ArtísticoCoreano do Museu Coreano de Arte, Óleo sobrepolicarbonato, 2009-2010 e etérico, a superação da cobiça e do ego “Edifica tua vida com diligência e com rigor. centrismo no corpo de desejos, bem como Mesmo que frequentemente fracasses, jamais a supressão da ignorância no corpo mental. percas a coragem!6. a realização do suprapsíquico (a alma) Se desejas um mundo melhor, não olhes para7. a realização da nova psique (as núpcias os outros. alquímicas da alma com o Espírito). Mantém tranquilo teu próprio ser, ser e8. a ligação completa com a Luz e o ingresso muda-o”. no novo campo de vida. Livre e franco, ele esforça-se para atingir oNa linguagem do budismo: a flor de lótus objetivo: a verdadeira vida divina.aberta, o ingresso no Nirvana. “Todo movi Na Terra, nada o impede de tecer a vestemento encontra repouso em Buda, o Espírito nupcial.do universo”. Quem não teme a ação e confia em Deus,Abre-se, então, a flor áurea maravilhosa. desenvolverá a bela veste áurea de luz deA unidade com Deus tornou-se um fato. outrora.É estar no mundo, sem ser do mundo.E quando a rosa – o lótus – floresce, tudo o A rosa não pergunta por quê.que foi adquirido é dado novamente a todos A rosa floresce porque floresce.e para todos. Porque a rosa e o lótus flores Qualquer explicação reduz esse milagre.cem no amor e na compaixão. Este texto resume as colocações feitas porPARA O NEÓFITO BUDISTA RESSOA A VOZ: três grupos durante o simpósio em Renova“Sê amoroso, gentil e segue o caminho do “Todo movimento encontra repouso embem. Trilha teu caminho com coragem e sem Buda, o espírito do universo” µesmorecer e consagra-te ao objetivo com teuanseio. Vacilar e hesitar não te ajudarão, masa diligência trará segurança. Quando reconheceres a senda, desenvolve-a, para que aencontres e faças tua a senda imortal”.Para o jovem transfigurista ressoa: uma rosa não pergunta por quê 15
VISÕES DO M U N D O A coleção de mapas-múndi de 1569 de Peter Mercator (Edinburgo, Escócia) dá uma ideia do conhecimento preciso e amplo da geografia daquela época. Esses mapas já mostram uma representação racional do mundo como um testemunho precursor tanto do espírito pioneiro ditado pela economia quanto do emergente pensamento racional.16 pentagrama 3/2013
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o graal e o cavaloEra uma vez, no Oriente Médio, um cavaleiro que galopava de aldeia emaldeia no meio da noite acordando os moradores da cidade por onde passavapara perguntar-lhes em tom angustiado: “Os senhores viram o meu cavalo?”A resposta era tão óbvia que ninguém ousava dizer que ele estava montadono cavalo. Ele era o único que não estava consciente disso.Se transpuséssemos essa pequena história perguntaram as Oréiades. “Choro por Narciso”, sufi do Oriente Médio para o “Ocidente disse o lago. “Ah, não nos espanta que você chore Próximo”, para o nosso mundo, talvez por Narciso”, continuaram elas. “Afinal de contas,nosso coração se encantasse ou mesmo risse, apesar de todas nós sempre corrermos atrás dele pelomas a isso sucederia, provavelmente, uma bosque, você era o único que tinha a oportunidade dereação racional como: Ora, você me vem contemplar de perto sua beleza”. “Mas Narciso eracom cada história! Quer me enganar que o belo?”, perguntou o lago. “Quem mais do que vocêcavaleiro não percebe que está montado no poderia saber disso?”, responderam, surpresas, ascavalo? E, assim, o intelecto cria uma imagem Oréiades. “Afinal de contas, era em suas margensmaior, que o coração compreende muito bem que ele se debruçava todos os dias”.e, muitas vezes, reconhece nos outros: “Então O lago ficou algum tempo quieto. Por fim, disse:ele não enxerga isso?!” Não, aparentemente “Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebidonão. que Narciso era belo.A respeito dessa forma de cegueira que é Choro por Narciso porque, todas as vezes que ele sesingular, à primeira vista, encontramos na deitava sobre minhas margens eu podia ver, no fun-literatura bonitas histórias frequentemente ba do dos seus olhos, minha própria beleza refletida”.seadas em mitos universais. A pequena históriaa seguir foi tirada do livro O Alquimista, de O que chama a atenção nesta história é quePaulo Coelho: Oscar Wilde e Paulo Coelho dão um passoO Alquimista pegou um livro que alguém na ca- adiante: o deslumbrado Narciso e o deslumravana havia trazido. O volume estava sem capa, brado lago estão juntos em um mundo, omas conseguiu identificar seu autor: Oscar Wilde. mundo dos contrastes, um mundo no qualEnquanto folheava suas páginas, encontrou uma toda ação termina em uma reação. Fica clarohistória sobre Narciso. O Alquimista conhecia a que o contexto global dessa história tambémlenda de Narciso, um belo rapaz que todos os dias pressupõe a existência de um mundo difeia contemplar sua própria beleza num lago. Era tão rente, o mundo da unidade eterna. Se nosfascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do fixarmos cegamente em Narciso e no lago,lago e morreu afogado. No lugar onde caiu, nasceu algo nos escapa. Afinal, nessa história aindauma flor, que chamaram de narciso. Mas não era está presente um terceiro elemento: as oréiaassim que Oscar Wilde acabava a história. des, que de outro nível de consciência, umaEle dizia que quando Narciso morreu, vieram asOréiades – deusas do bosque – e viram o lago A partida. Uma figura do tarô: “A cavalo e de cabeçatransformado, de um lago de água doce, num cân- erguida estás em vias de entrar em unidade...”taro de lágrimas salgadas. “Por que você chora?”, © G.Olsthoorn, Países Baixos18 pentagrama 3/2013
o graal e o cavalo 19
Parsifal chega ao mosteiro. Quête du Saint Graal, manuscrito do século 15, de Poitiers, França.Biblioteca Nacional da Françaconsciência que não está encerrada no mesmo ta, mas antes, um anelo distante um tantocírculo vicioso, fazem perguntas. doloroso, saudades da pátria, anseio por umPortanto, no homem deslumbrado, que, ape lar. Não é uma dor ou um mal agudo, porémsar de tudo, participa de dois mundos, uma corrosivo, atormentador. Uma lembrança quepergunta insiste em retornar: onde está meu é a voz do remanescente de outro mundo, ocavalo? Imagine que o cavaleiro esteja com átomo-centelha-do-espírito no coração.pletamente esquecido disso. Que ele já nãofaça a pergunta a si mesmo, por que ela já NOSSA BUSCA É CASUAL? Consideremos essanão lhe ocorre, e ele simplesmente continue pequena anedota sufi de maneira um pougalopando pelo mundo. E quando as oréia co mais precisa, mas agora com os olhos dedes lhe perguntassem pelo seu cavalo e se ele nosso coração e com a consciência de ternão poderia conduzir melhor as coisas como reconhecido o anelo. Quantas pessoas abricavaleiro, ele reagiria assim: “Que cavalo? riam para o cavaleiro angustiado quando eleComo... cavalo?” batesse? Quantas pessoas compreenderiamPara o homem que ainda não esqueceu to sua pergunta, sua angústia? Quantas pessoastalmente tudo, parece existir uma espécie de estariam conscientes da resposta que está àlembrança. Não de caráter mental, não uma mão? Será que a resposta está mesmo assimlembrança para a qual o pensamento ou os à mão? O que fazemos quando, angustiados,caracteres dos livros possam dar uma respos no meio da noite, batemos para nós mesmos20 pentagrama 3/2013
com a pergunta: “Onde está meu cavalo?” a Ordem da Fênix, e o enigma do príncipe, e asAbrimos a porta? Compreendemos nossa per relíquias da morte.gunta? O seu tom angustiado? Compreende Outra série é a trilogia O senhor dos anéis commos o significado do cavalo? Afinal, estamos A sociedade do anel, As duas torres e O retornoem busca do quê? Será que ousamos enxer do rei. E, por fim: O código da Vinci e Anjos egar o que fazemos, ousamos perguntar-nos demônios, de Dan Brown. Títulos cheios dequem realmente somos, ousamos conhecer a símbolos e sinais que estão no centro dos filnós mesmos, chegar a um autoconhecimen mes dos contos do rei Artur e, principalmento mais preciso? Ao autoconhecimento de te, nos contos do Graal.nossa existência humana, do sentido da vida, Não há dúvida de que, em nossa época,autoconhecimento de nossos medos e anseios existe interesse pela temática do Graal. Commais profundos? muitos ingredientes fundamentais dessa maté-Ou nos acalmamos com um livro, um filme, ria tradicional – a última ceia, José de Ariuma viagem, lembrancinhas? Será casual mateia, Maria Madalena, a iconografia dosa superabundância de livros sobre viagens primeiros cristãos, as cruzadas e os cavaleirose explorações? Sem falar sobre a enorme templários, o forte contraste ideológico entreoferta de filmes, nos quais os espectadores, os diversos buscadores do Graal – parece quedurante um período de uma hora e meia até nos livros e filmes uma nova procura pelotrês horas, são levados com rapidez vertigi Graal está tomando forma. Sem dúvida, o innosa por aventuras. É como se eles próprios teresse pelo rei Artur e pelo Graal é parte daas vivessem, para depois, em segurança, intensa onda de interesse pela Idade Médialevantarem-se de seu assento e irem para que se propagou desde os anos 1980. Porém,casa. Satisfeitos por um momento, porém, talvez possamos procurar mais profundamenacima de tudo, dominados, sem integração te uma explicação verdadeira. O interessealguma da consciência. No entanto, será pelo Graal e pela mística, que ocorre porque voltam a si, na construção estranha de toda parte, pode ser um sinal da interpreles desconhecida...? tação insuficiente do homem limitado, do Narciso desesperado na busca por seu cavaloMÚLTIPLAS INTERPRETAÇÕES Vamos reunir – uma necessidade que está sendo exploradauma porção de livros e filmes sobre viagens de forma inescrupulosa.extraordinárias, campeões de bilheteria, e O Graal, mesmo cercado por toda espécie deolhar principalmente o título: Harry Potter e enigmas, parece exercer uma força de atraçãoa pedra filosofal, Harry Potter e a câmara secreta, singular sobre tudo o que, com relação a isso,e o prisioneiro de Askaban, e o cálice de fogo, e ficou obscuro na História. Publicações são encontradas em qualquer lugar turístico que evoca mistérios peculiares: Chartres, Vézelay, Glastonbury, Stonehenge, Montségur, Ren nes-le-Château, Odilienburg... Com frequên cia elas falam mais sobre o homem atual e sua obsessão por sensações do que sobre os romances medievais do Graal. Lancemos um rápido olhar sobre uma série de possibili dades de interpretação do Graal como são encontradas na Internet e vejamos como, por suas contradições, elas mostram que não vão o graal e o cavalo 21
Outra ideia bem diferente trata-se aqui, sobretudo, de uma interpretaçãoé a teoria de que o Santo gnóstica. É a corrente à qual a Escola EspiGraal é um conjunto de ritual gnóstica se dedica. Continuaremos adocumentos abordá-la neste artigo.além de um nível de interpretação exterior, MUITAS CABEÇAS, MUITAS IDEIAS Essa misdialético. Diz-se que o Graal é uma taça ou celânea de visões e interpretações do Graalum cálice no qual foi recolhido o sangue de inspirou inúmeros autores para histórias maisCristo na sua crucificação. Em outras histó ou menos turbulentas. Chrétien de Trorias é o cálice usado na última ceia. yes foi o primeiro a mencionar o Graal, noConforme a tradição, José de Arimateia teria século 12, em seu romance sobre a cavalalevado o Graal em segurança para um lugar ria, Perceval. Ele também lhe atribuía forçasdesconhecido. Algumas pessoas acreditam sempre recorrentes nas histórias, tais comoser esse local Glastonbury, na Inglaterra, imortalidade, efeitos medicinais e ligaçãouma possível referência aos celtas clássicos, com Deus. Michael Baigent, Henry Lincolnconhecedores de um vaso ou um caldeirão e Richard Leigh publicaram o livro O Santoque proporcionava a vida eterna ou possuía Graal e a linhagem sagrada, no qual é apreforças mágicas (lembremo-nos de Asterix). sentada a teoria dos descendentes de JesusEssa era bem a intenção da doutrina cristã Cristo. Esse tema foi pesquisado por Lauromana, a utilização de símbolos pagãos em rence Gardner em A linhagem do Santo Graal.sua cristianização. Outras acreditam que o Em seu livro A revelação dos templários, LynnGraal foi levado para o sul da França, para o Picknett e Clive Prince descrevem váriosLanguedoc, onde floresceu o catarismo, mais mitos da francomaçonaria, dos cátaros etarde exterminado por uma cruzada. Presu templários com uma rápida menção a Mariame-se que o Graal se encontrasse no castelo Madalena e João Batista. Conhecido tambémde Montségur, o último bastião dos cátaros. é Otto Rahn por seu livro Cruzada contraA lenda é fortalecida pela informação de o Graal, uma das obras que colocaram emque, pouco antes da queda do castelo, alguns debate Montségur como a cidadela do Graal.dirigentes cátaros teriam escapado. Teriam A série de filmes Indiana Jones apresentou olevado consigo o Graal? Santo Graal para o grande público no filmeOutros ainda afirmam que o nome Graal ou A última cruzada.San Gréal é uma variação de sang real, que, No filme Monty Python – em busca do cálice sa-em verdade, se refere à linhagem de Jesus grado, também encontramos esse tema, emboCristo. E ainda outro grupo de pesquisadores ra de forma mais leve... e já mencionamos asatribui uma origem cito-iraniana para essas séries Harry Potter e O senhor dos anéis. Umahistórias. ideia bem diferente é a teoria de o SantoAlguns afirmam que a procura pelo Santo Graal ser um conjunto de documentos. ElesGraal refere-se à procura pelo divino dentro constituiriam a prova do casamento de Jesusde nós. Com relação à fonte e à temática, com Maria Madalena. Esse casal teria dado origem a Sara. Dan Brown empregou esse tema em seu romance O código Da Vinci, no qual narra uma conspiração da Igreja Cató lica contra o Santo Graal. Os documentos a existência de uma descendência de Jesus vivendo até os dias de hoje, o que derrubaria22 pentagrama 3/2013
Pináculos da Spoulga de Bouan, uma fortaleza medieval nos penhascos de Ornolac, sul da França © pentagramaas bases do cristianismo. o meu cavalo?” Em cada moradia ele fica deEssa curta digressão deixa mais perguntas em novo parado à porta. Em nenhuma ele entraaberto, pois se vemos todos esses filmes, se realmente.lemos O código Da Vinci e Parsifal e as lendas Toda cultura o cavaleiro aceita com o intedo rei Artur, e os livros voltam à nossa estan lecto, mas não se engaja com o coração. Comte, ou se nós mesmos encontrássemos o Graal isso, seu coração permanece vazio e isolae o cálice estivesse em casa sobre a lareira, e do. Esses fatos, histórias e filmes são apenasdaí? O que fazer então? Procurar por alguma informações mentais. Um coração vazio,outra coisa? Por quanto tempo? isolado, é um coração angustiado. Como uma donzela imprudente, ele é suscetível a todoA PROCURA COMEÇA A ansiedade, a bus embuste deste mundo.ca inicial, a saída para a busca, a convicção Esse cavaleiro deveria transformar-se. Code haver encontrado e, por fim, o retorno nhecimento exterior, sem assimilação e realiao mesmo vazio com uma nova história na zação interior, é e continua sendo pessoal ecabeça, história que, talvez, continuemos não dá acesso à verdade universal. O cavaa contar, da qual podemos nos lembrar... leiro fica parado à porta, torna a saltar sobreImaginemos o cavaleiro citado procurando o cavalo e continua galopando angustiado.por seu cavalo. Em uma porta ele recebe um Na Confessio Fraternitatis, a conf issão dalivro de Dan Brown, em outra, a lenda do Fraternidade Rosa-Cruz, livro que apresentarei Artur, em outra porta ainda O senhor dos parte do testamento da Ordem Clássica daanéis, em outra obtém um DVD e em outra Rosa-Cruz, lemos o seguinte: “Assim, aqueporta colocam-lhe nas mãos um graal. Tudo les que fazem deste único Livro o fio conisso ele amarra em sua sela e vai seguindo dutor da sua vida, o objeto mais sublime daadiante no meio da noite, batendo incansa sua aspiração ao conhecimento e à represenvelmente de porta em porta: “Vocês viram tação do Universo, estão muito próximos de o graal e o cavalo 23
A produção deste cálice nupcial das energias da supranatureza (designadas naé, assim, possível a todo ho lenda como Jesus, o Senhor).mem. O Graal está, portanto,oculto em cada homem O GRAAL NO CONTEXTO FÍSICO Aqui vamos citar alguns trechos do livro Anós e são nossos perfeitos semelhantes. [...] Gnosis Universal, de J. van Rijckenborgh eQue [...] seja nossa tarefa testemunhar que, Catharose de Petri, fundadores da Escola dadesde a origem do mundo, o homem não Rosacruz Áurea:recebeu obra mais maravilhosa, mais gran “Anatomicamente, a taça do Graal é indidiosa e mais salutar que a dos livros sagra cada pelos três círculos plexiais já menciodos. Bendito seja aquele que os possui, mais nados: o da laringe, o dos pulmões e o doainda aquele que os lê, e, bem mais, aquele coração. A parte superior da taça sagradaque aprende a conhecê-los em profundidade, corresponde com o sistema da laringe; aenquanto que aquele que os compreende e haste da taça de cristal está erigida nosse põe a seu serviço é, de todos, o que mais pulmões e a base fica na cavidade cardíase assemelha a Deus”. ca. A possibilidade para a confecção dessaCompreender interiormente, e obedecer, taça nupcial encontra-se, portanto, presenteseguir e aplicar, são possibilidades que cada em todo o ser humano. [...] a primeira açãobuscador autêntico possui. No âmbito do libertadora isola completamente o alunosimbolismo do Graal, vamos colocar-nos das inf luências da natureza dialética, emdiante de um quadro importante no qual o se tratando dos efeitos da luz, do som eSanto Graal e a personagem feminina Ma da atmosfera. Ela reduz essas atividades aria podem ser elementos de uma alegoria: a um mínimo biológico. Essa primeira açãodevoção. Quem decide substituir sua incli libertadora conduz o aluno sobre o limiar.nação religiosa por uma prática de vida de [...] Em seguida, ele deverá tornar o santemor a Deus será, de acordo com a palavra tuário do seu coração apto para conservardos rosa-cruzes clássicos, imediatamente essas forças. É assim que, pela utilização das“inf lamado pelo Espírito de Deus”. possibilidades presentes, o Graal é erigido.O grande processo transcorre par a par com [...] Os novos éteres penetram então ao lono declínio do ser anímico nascido da natu go da traqueia, preenchendo todas as cavireza. Nesse sentido a saga do Graal, em sua dades pulmonares, e desse modo atingem asingeleza, mostra perfeitamente os valo cavidade cardíaca; e, após terem executadores gnósticos de que o homem precisa para sua tarefa, retornam em parte para o extecompreender o que é o Graal, como deve rior pela expiração. Na inspiração, o lóbuloser produzido e onde é encontrado. É o pró esquerdo da glândula tireoide é inf luenciaprio homem que pode fazer o Graal! E ele do e, na expiração, o lóbulo direito. Dessefará isso na prática, muito concretamente, modo, os contornos, as linhas de força daem si mesmo, para depois estar em condição taça do Graal são gravadas no santuário dode acolher, transformar e irradiar as eleva coração. Se possuís um pouco de conheci mento anatômico, ser-vos-á claro que esta estrutura de linhas de força efetivamente possui a forma de um cálice. [...] Esta taça sagrada está agora preparada para receber o santo fogo, ou a força cundalini, assim cha mada pelos irmãos do Oriente. [...] Quem24 pentagrama 3/2013
puder suportar o fogo no Graal erigido e no pátio um cavalo branem sua qualidade de José de Arimateia pu co. Galaad montou-o eder conservá-lo, esse levará o cálice sagrado partiu”.assim preenchido para o Ocidente, para o Nas lendas e contos, opaís do poente. Este é o ponto onde o Sol cavalo simboliza umada natureza comum se põe para que o Sol força estelar maior eda nova vida possa erguer-se no horizonte. dinâmica, também denominada força astral,[...] Compreendereis que a fundição da taça e branco é a cor da pureza. Um homem quedo Graal com o mais nobre cristal etérico alcançou o elevado estágio espiritual de umnão é um trabalho que possa ser executado Galaad submeteu-se inteiramente à vontanuma hora vaga e após a execução dos com de divina. Não é ele quem dirige as coisas,promissos sociais ou no pacato viver coti mas, a toda hora, ele segue o caminho quediano. O fundir a taça do Graal, o fundir a força de uma vontade mais elevada prevêo mar de cristal, é uma obra que somente para ele. “O senhor é um cavaleiro expoderá realizar-se depois de muitos fracas traordinário, Galaad”, disse Nimue. “Ondesos e de uma intensa luta”. está seu escudo? O senhor quer iniciar uma grande viagem sem escudo?”QUATRO CAVALEIROS EM BUSCA DO GRAAL “Senhora, esta manhã eu também não tinhaNa lenda do rei Artur e a távola redonda, espada, mas obtive uma sem procurar porfala-se de cavaleiros que partiram em bus ela. Se precisar de um escudo, eu o enconca do Santo Graal. Apenas quatro desses trarei na hora certa.” “E se não o encontrar,cavaleiros foram escolhidos para vivenciar Galaad?” “Então, mesmo sem escudo, buso mistério do Graal. O primeiro, por causa carei o Graal.” “E se também não encontrarde seu estado pecaminoso, vivenciou-o em o Graal?”um sonho. O segundo, por não estar pronto “Senhora, também não me pergunto isso. Fuipara dar um novo passo, teve de voltar ao encarregado de procurá-lo. E isso basta.”mundo para anunciar o Graal. O terceiro,Parsifal, depois de muito cair e levantar-se Era uma vez, no Oriente Médio, um cavaleirona senda, tornou-se o guardião do Graal, o que galopava de aldeia em aldeia no meio da noi-rei do Graal. O quarto, Galaad, o iniciado, te. Esse Galaad, montado em seu cavalo branco,o sábio, o perfeito, entrou na luz do Graal. desperta o coração de cada narciso errante, queCom relação a Galaad, existem descrições lhe pergunta em tom angustiado: “Senhor, tenhonotáveis que fazem referência a seu estado um Graal de pedra na minha sela. O senhor viude vontade, indicando, entre outras coisas, o meu cavalo?” µo seguinte: “Galaad lançou o olhar sobre oscavaleiros reunidos. Ele viu as mulheres, atávola redonda e a cadeira com as luminosasletras douradas: ‘Senhor, sua corte é bonita’, disse ele, ‘mas aqui eu não posso f icar.Lá fora meu cavalo espera por mim. Nãosei aonde ele vai me levar e também nãopergunto isso. Uma missão espera por mime preciso cumpri-la. Não quero pensar emanseios próprios. Adeus, Senhor.’ Quandoos cavaleiros se apressaram a segui-lo, viram o graal e o cavalo 25
Assim dizia minha avó...Minha avó dizia que cada ser humano compreensão profunda das coisas. No entanto, teria dois espíritos. Um deles se identifi isso somente poderia ser realizado com a con caria somente com as necessidades ma dição de que o espírito material se libertasse dateriais do corpo. Ele deveria ser utilizado para cobiça e de coisas desse tipo. A compreensão se-procurar abrigo e alimento. Ela dizia que esse ria ainda maior se nos esforçássemos muito paraespírito é indispensável para, simplesmente, con entender, pois o espírito espiritual cresceria.tinuarmos vivos. Contava que também teríamos Compreensão e amor seriam, naturalmente, aoutro espírito que nada teria a ver com tudo isso mesma coisa. Segundo Vovó, frequentementee afirmava que esse era o espírito espiritual. as pessoas se enganariam. Elas fariam o melhorVovó dizia que, se utilizássemos o espírito ma para dar a impressão de que amam as coisas,terial para alimentar sentimentos de cobiça ou no entanto, não as compreenderiam. E isso nãopensamentos desonestos para tirar proveito dos pode ser. Neste instante tomo a resolução deoutros ou prejudicar alguém, o mundo espiri tentar compreender todos, ou quase todos: nãotual se degradaria até ficar do tamanho de uma quero dar a impressão de ter um espírito do tanoz. Vovó também dizia que no momento em manho de uma noz! Vovó dizia que os cherokeesque o corpo material morria o espírito mate conheciam tudo isso; que eles teriam aprendidorial também morria. E o espírito espiritual de já há muito tempo µquem só havia pensado com seu espírito material encolheria até ficar do tamanho de uma Trecho do livro Arvorezinha, de Forest Carternoz, e somente o espírito espiritual continuariaa viver quando tudo o mais estivesse morto.Além disso, Vovó dizia que quando a pessoarenascesse – algo, aliás, inevitável – perceberiaestar mais afastada do seu lugar de destino doque antes. E estaria com um espírito espiritualdo tamanho de uma noz, ao qual faltaria quasetoda compreensão. Quando o modo de pensarmaterialista se tornasse dominante, o espíritoespiritual poderia reduzir-se ao tamanho de umaervilha e até mesmo desaparecer totalmente.Assim viriam à existência pessoas desprovidasde alma. Vovó achava que elas eram facilmentereconhecidas, porque as pessoas sem alma, aoolhar para os outros, só levariam em conta seusaspectos maus. Assim, por exemplo, observandouma árvore, elas veriam nela material de construção e perspectivas de lucro, mas jamais suabeleza. Quando falava dessas pessoas, Vovó aschamava de mortos ambulantes. Para ela, o espírito espiritual era como um músculo: utilizá-lofazia-o crescer e ganhar força. E esse músculo sópoderia se desenvolver se o utilizássemos para a26 pentagrama 3/2013
“Não tenho uma alma... !”, dizia ele“Não apenas uma, mas duas!”Se você escolher aleatoriamente algumas Ele circula pelo corpo inteiro: caminha pelos pessoas e perguntar “Qual de vocês não capilares e atinge cada átomo, para aí fixar suas tem alma?”, poucas apontarão para si características; faz parte do nosso corpo físico emesmas. E se você perguntasse a essas pessoas constitui o elemento material da alma natural.“Onde está sua alma?”, aconteceria o mesmo: Mas a qualidade daquilo que anima o homemmuito poucos saberiam responder. provém do desejo de seu coração – do desejoAnimação é uma noção bem conhecida, de refletido, baseado na vontade. É por isso que oconotação positiva: quando alguém faz ou diz estado de alma é formado por múltiplos aspec-algo com animação expressa algo que vive tos. A esfera mental, a esfera astral e a energiaem sua alma: seu alcance ultrapassa a simples natural alimentam essa animação.paixão. Apesar de serem muito sutis e imperceptíveisQuem coloca toda a sua alma na ação em- aos nossos sentidos, as substâncias que consti-preendida age com o coração. A animação é tuem essas esferas pertencem a este mundo.um impulso proveniente do sangue. Ele acom- O sangue representa a fase final desse processo.panha o ato que lhe corresponde com o calor, a Graças a ele, o estado de alma da personalida-força e o poder criador dessa alma. O sangue é de irradia e a ação se concretiza: é assim que oo suporte ou um dos suportes da alma. ser, o indivíduo, toma forma.Mhairead MacDonald, 2010© themoonskinjournals.wordpress.com. tempo para viver 27
A procura é uma luta na qual nos batemos constantemen-te contra paredes que não querem nem podem ceder – atéo momento em que suspiramos e nos perguntamos:“E agora, o que fazer?”Quanto mais refinada for, mais a alma dará alma é edificada não é deste mundo.testemunho de sua nobreza. Quando falamos Mas como é possível acontecer um processode uma “velha alma”, de uma “alma sábia”, como esse?trata-se da animação de uma estrutura huma- Como ele se inicia?na com profunda moralidade e grande sabedo- No momento em que nasce e na medida emria, adquiridas ao longo de sucessivas encarna- que aumenta a compreensão do aprisiona-ções que contribuíram para sua formação. mento de nossa alma terrestre, cresce em nósPorém, apesar de sua nobreza, essa alma ain- um imenso anseio por libertarmo-nos destada continua aprisionada à natureza da morte natureza. Como? Em toda parte, em todos ose continua a expressar-se nesta dimensão. domínios o homem busca elevação e verda-Nas escolas de libertação, é comum ouvir-se deira liberdade. Depois de ter-se ferido ema expressão “nova alma”. Essa nova alma não numerosos obstáculos, que surgem de todosé a alma velha melhorada – ou seja, uma os lugares, a alma acaba ficando exausta. Elaalma natural – mas literalmente uma alma suspira: “Já não sei mais nada! Como possototalmente nova. continuar? Qual é o sentido de tudo isso?”Qualificar como nova a alma que é composta Então, com a sensação de abandono, ela sepor elementos da natureza da morte é pura dá por vencida – e seus suspiros chegam aoinsensatez. éter. Surge então a resposta. Sempre! É aA alma que é realmente nova não pode, de resposta que traz a única solução possível: o toque, o alimento que vem de uma força es- modo algum, ser tranha a este mundo. É a chegada consciente proveniente de um chamado: o “batei e abrir-se-vos-á”, de algo que sempre presente, mas ao qual, até esse mo- já existe na mento, o buscador ainda não estava prepara- natureza. do para responder. A matéria da Essa força tem a capacidade de ativar no qual a nova ser humano o ponto de contato com a nova alma, de modo que o sangue possa ligar-se com uma nova substância: à força de re- novação. Essa força não terrestre começa, então, a circular pelo corpo inteiro, tocando Linguagem imagética dos índios comanches e dakotas da América do Norte28 pentagrama 3/2013
o sistema corporal em toda a sua exten- a mesma semente que sesão. Basicamente, a partir desse instante, o desenvolve em mim. Issocorpo humano se constitui no veículo da ajuda você a ser sem-nova alma. A nova substância edificado- pre mais devotado e ara dessa alma, essa força-luz não terrestre, suportar suas mudançaspassa a irradiar e envolve o mundo inteiro. interiores. Você com-Os rosa-cruzes chamam-na de “energia de preende: “Eu te amo,C r i st o.” ó Eterno, e te recebo.E, enquanto a vida terrestre comum segue Aprendi a conhecer-teseu curso, uma alma totalmente nova cresce, quando a Luz me tocou”.ao mesmo tempo em que a consciência que a Agora, essa renovação está sempre emconduz auxilia-a e sustenta-a em seu cres- seus pensamentos e a seu redor. Você des-cimento: o homem abre um lugar para ela perta e adormece com ela e, cheio de grati-em sua vida cotidiana, tanto em seu interior dão, se inclina diante dessa beleza que crescequanto no mundo ao seu redor. em você. Mas continua a viver a vida terres-A nova alma não expressa o eu nem o você. tre comum até o fim natural.Somente existe a vivência da unidade: uma Em você e ao seu redor, a nova alma des-gênese completamente nova da consciência. perta irradia, e nela você se dissolve en-A nova alma jamais se coloca à frente, jamais quanto ela retorna a seu reino: o eterno,briga para conquistar o melhor lugar: ela divino lar µvive fundamentada nos valores da renova-ção. Nascida da força de Cristo, ela é parteintegrante dessa força, é a consciência daunidade.Se você vive nessa nova consciência emcrescimento, muda por completo, porquegradualmente a nova alma passa a iluminare guiar todo o seu sistema corporal. Aí háespaço para verdadeira alegria e renovação.Dessa nova consciência se desenvolve realamor e compaixão pelo próximo. Sua condi-ção abre-se de maneira totalmente diferentepara seu próximo quanto a respeito, com-preensão: o outro também traz dentro de si tempo para viver 29
VISÕES DO Este mapa-múndi modernoproveniente do grupoBilderberg ilustra a distribuiçãodo poder terrestre e o modo comoele se assenta sobre alguns dessespoderes. Inúmeras conexões ligam osprincipais participantes e as empresas queeles dirigem. Esta imagem não difere emnada da representação dos arcontes e doséons descritos de modo surpreendente pelosgnósticos dos primeiros séculos.30 pentagrama 3/2013
MUNDO visões do mundo 31
os sete cursos do tempoÀs vezes ouvimos dizer que, atualmente, vivemos uma espécie de aceleração dotempo, principalmente devido à necessidade de se concluir muito mais tarefasnum determinado período de tempo, como se tudo tivesse de ser executadoduas vezes mais rápido. Nossa existência prisioneira, desse fenômeno, submetese a ele nos menores detalhes. O tempo voa, ultrapassa-nos, arrastando comele o passado. Quando pousamos o olhar além do nosso cotidiano, vemos umdesfile de mundos abraçando numerosos séculos condenados a ser engolidos,mais cedo ou mais tarde. E a humanidade segue o mesmo curso.32 pentagrama 3/2013
D o ponto de vista filosófico-esotérico, planeta e toda vida que o habita através de esse curso através do tempo ocor períodos de milhões de anos. re no ritmo dos períodos, épocas e O homem pensa ser, porque ele pensa.revoluções de milhões de anos, todos múl Como Descartes disse: “Penso, logo existo”.tiplos de sete: sete períodos e épocas, sete Todavia, nos éons da criação, ele é apenasregiões cósmicas, o cosmos terrestre sétuplo, um f lash. Nosso pensamento limitado éo macrocosmo sétuplo, o corpo solar sétu inteiramente prisioneiro do mundo que lheplo, o microcosmo sétuplo, a inspiração e a é próprio, e o resultado é uma consciênciaexpiração sétuplas do Espírito, provenientes isolada e de fato solitária. A ciência tentado Todo-um, o criador. romper esta situação de várias maneiras. OsEm tudo que ocorre no Universo inteiro, em geólogos cavam a terra para estudar formastudo que é criado e destruído ao longo de fossilizadas ao longo de milhões de anos.períodos que ultrapassam nosso entendimen Os arqueólogos desenterram vestígios deto, podemos detectar a presença do criador civilizações extintas, as quais esperam poderinfinito. Correntes de substância original, evocar com sua mente. Os biólogos tentamondas de campos astrais eletromagnéticos desvendar e se apropriar do segredo da vida,atravessam o espaço para inevitavelmente mediante experiências que causam sofrimenatingir sua meta, portadoras de consequên to extremo a animais nos laboratórios. Elescias radicais e desenvolvimentos subsequen manipulam genes e cromossomos e analisamtes. Quatro séculos atrás, os rosa-cruzes clás o DNA, a árvore da vida segundo a visãosicos já afirmavam: “Não há espaço vazio”. moderna. Perscrutando o espaço insondá vel, os astrônomos observam o percurso deSabemos que o Universo está repleto de incontáveis sistemas estelares, suas estrelas ecampos electromagnéticos, de constelações seus planetas. Devido à lei da dialética, elesastrais e oceanos de átomos. Assim como o sabem que o nosso sol se apagará em cercamovimento do eixo da Terra é determinado de cinco a seis bilhões de anos e que a vidapelo eletromagnetismo do sol, toda a vida em nosso planeta deixará de existir: este é,em nossa natureza é determinada pelas ondas de fato, o destino de toda a vida apanhade átomos provenientes do Universo. O mo da pelo tempo na matéria. Como em umavimento de rotação da Terra conduz nosso visão, o olho de nossa mente vê no espaço infinito o primeiro início de toda a matériaVermelho Veneziano. Escultura de filamentos, surgir do caos como um raio. No caos do© Liz Hager, 2008 Universo imaterial, nasce uma nova ordem em virtude de um plano divino. Essa ordem os sete cursos do tempo 33
corresponde ao construtor divino, ao ar No entanto, para muitos a simples palavraquiteto, ao tecton do Universo. Lao Tsé diz “Deus” tornou-se uma miragem. Durantedele: “Antes que céu e terra existissem havia séculos, a religião oficial impunha a invoum ser Indef inido”. Como é maravilhoso cação de Deus, ser insondável que deveriamostrar assim o segredo do Criador infini cuidar de cada criatura, particularmente deto. E Lao Tsé prossegue: “Ele se mantém só, seus sofrimentos e preocupações. No en-em si mesmo, e não se modifica. Não sei seu tanto, Lao Tsé diz: “Não sei seu nome”. Asnome”. escolas espirituais que visam a transfiguHermes Trismegisto também tenta expressar ração sempre se referiram ao Deus interiora causa de todas as coisas, com estas palavras: como centelha do espírito, princípio de vida“Deus não é a razão, mas o fundamento dela; primordial e fundamental. Uma centelha donão é o alento, mas o fundamento dele, não espírito, um núcleo emanado do espírito, oé a luz, mas o fundamento dela. Entenda: ser indefinido que existia antes do apareDeus é o que não pode ser descrito”. cimento do céu e da terra. Esse verdadeiro34 pentagrama 3/2013
O caminho do segredo sétuplo de Isabella Lilias Trotter (1853-1928), que viveu e trabalhou em Londres e Argel. Ela era uma mulher de gran- de talento artístico e literário e de grande força de fé interior, que ex- primia com igual vigor no trabalho concreto. Isabella Trotter escreveu vários livros e também os ilustrou: as Parábolas da Cruz, as Parábolas da vida de Cristo, bem como um livro dedicado a seus amigos sufis argelinos, O caminho do segredo sétuplo, representado aqui ao ladocentro vital do homem é um núcleo que não racterizam a vida, daí a expressão “alento depode ser encontrado pelo mais afiado bistu vida”. A f ilosof ia hindu fala de maha-atma, ori nem medido pelo mais sutil instrumento. grande sopro da vida. O espírito é um fogo.No entanto, hoje, esse centro de vida está Ele é o alento ígneo do Criador único. Essedespertando em muitos homens sob o efeito fogo divino que age na natureza universalde um novo alento espiritual, um impulso é o sopro ardente que desperta o princípioproveniente da “metade desconhecida do original divino no homem.mundo”. A palavra “espírito” religa-nos à Nos mitos antigos, fala-se do trigo sagradoenergia primordial de toda a vida. Ela pode trazido para a terra pelos dragões da sabedoser traduzida ou entendida de formas dife ria, também chamados de “filhos do fogo”,rentes: ar em movimento, vento, sopro. Os “servos do espírito” ou “servos do fogognósticos dos três primeiros séculos usaram celestial. Esses mitos antigos transmitemo termo pneuma, que signif ica tanto “sopro” o propósito e plano do céu, da terra e docomo “espírito’’. O alento, a respiração, ca- homem. Este, em tempos imemoriais, surgiu na Terra num caminho sem fim. Assim, no passado distante, o trigo divino misturou-se à natureza terrestre. Ele estava destinado a se fundir no fogo do espírito, durante o pe ríodo de colheita da criação. Sete raças, sete rondas, sete períodos, assim como o átomo original sétuplo, a rosa de sete pétalas, o cristal refletor perfeito. O HOMEM TERRESTRE E O HOMEM CELESTE Antes da existência do céu e da terra, um ser vago pré-existia. O microcosmo, do qual foi gerado o homem-espírito sétuplo: o dançari os sete cursos do tempo 35
É um ouvir falar, desde a mais tenra idade, sobre o grandemilagre que, com base na rosa, pode realizar-seno, o tocador da lira divina de sete cordas, o como iremos juntos, nós que sabemos sercompositor de uma música surgida de ritmos portadores de centelhas do espírito, preene partituras do espírito sétuplo. O micro cher a página do sétimo capítulo?cosmo sétuplo, nascido da matriz do sétuplo A resposta é que a Escola Espiritual existecorpo solar. para nós, com os seus 12 templos de fogo eEntão, o homem terrestre foi criado, por seus focos templários espalhados no campotador do átomo sétuplo original, o grão de de trabalho mundial, como uma rede nervotrigo divino, a jóia preciosa, a promessa sa ígnea, um fio cintilante de luz estendidosétupla. Assim, o homem traz em si o iní sobre a superfície da Terra, lançado para acio e o fim dos tempos, a temporalidade e colheita.a promessa de eternidade, mas esta corre Na Cabala, o número sete está ligado ao sigo risco de se perder. Também os grandes nificado de templo concluído. Além disso, nomestres-terapeutas do Universo tentam sal tratado simbólico O livro das sete chaves, setevá-la de uma morte prematura. É por essa é o número da vitória sobre a matéria. Napromessa que o fogo do espírito foi aceso. construção sétupla da Escola Espiritual, esseInúmeros têm se referido a essa promessa simbolismo é uma realidade tanto espiritualna esperança de um dia ter acesso ao campo quanto material.do espírito planetário onde foram semeadoscomo sementes divinas, para a manifestação ESPELHO DOS MISTÉRIOS De forma poética,do verdadeiro homem. No entanto, pouco J. van Rijckenborgh e Catharose de Petrilevada em conta, essa promessa permanece escreveram: “A rosa-do-coração, o átomoatualmente oculta no homem. primordial, é um mistério maravilhoso. ElaA história da criação do mundo e da huma é como um espelho, o espelho dos misténidade, desde o início até hoje, compreende rios. Quando o aluno se decide a trilhar suasete capítulos. No entanto, o sétimo capítulo via-crucis das rosas, o caminho da transfiguainda não foi escrito. Pelo simples fato de que ração, o botão de rosa desabrocha nos cálicabe a nós fazê-lo. Enquanto não escrever esse dos raios do sol gnóstico”.sétimo capítulo, o gênero humano continuará Esse mistério sublime é a base para a liberparticipando da escuridão e da ignorância. tação da alma vivente imperecível no caNo interior de nosso próprio microcosmo, minho da rosa. É um privilégio ouvir falar,podemos aprender sozinhos a escrever este desde a mais tenra idade, sobre o grandesétimo capítulo? Podemos receber a força, a milagre que, com base na rosa, pode realicompreensão, e conseguir concluir a criação zar-se, e saber que o homem de luz originalsétupla em nós mesmos? Em outras palavras, pode renascer da centelha original do espíri36 pentagrama 3/2013
to. É importante ref letir, ouvir e falar sobre do aspecto superior do corpo-vivo da Escoisso em conjunto. Examinar atentamente la. Chamado de éter-ígneo, ou éter da alma,esse tema impede de sermos absorvidos epla esse maná de vida desce continuamente sobrevida cotidiana, tal como ela se desenrola, nossa comunidade, como um novo pão delevando-nos a uma completa massif icação. vida para a alma. Esse corpo-vivo pode storDurante a educação escolar, ensinamen nar-se o lar espiritual de quem nele realmentos são gravados até a saturação em nossa te deseja viver. Ele penetra, como aluno, namente, para adquirirmos um lugar em uma câmara dos tesouro da Luz.sociedade praticamente desprovida de va “A senda ao cimolores e conceitos espirituais. No entanto, do monte vai ter!nossa vida deve satisfazer a uma finalidade Se o fiel peregrinoespecífica: permitir o nascimento do homem mantém a coragemde luz no microcosmo. Para isso, deve e segue viagem,mos manter o coração aberto ao chamado ele enfim vencerá.”da Luz. Para quem se esforça e permanecefiel, o sublime mistério ref letido no coração Visto do interior, o caminho serpenteia atérevelará os caminhos interiores que levam a os cumes mais altos da montanha do Espírium encontro consciente com a Luz. to. As primeiras jóias, os poderes preciosos,Na escola da Rosacruz, podemos seguir um inativos e não utilizados no microcosmoaprendizado guiado pelo Espírito: seu grande durante tão longo tempo, tornam-se acesalento, o turbilhão de radiações do Espírito, síveis novamente. Agora, o sétimo capítulosopra no Átrio da Escola Espiritual. Aquele encontra seu epílogo no campo de criação doem quem se desencadeia a tempestade do microcosmo. O Caminho das Estrelas abre-seEspírito, como em Cristão Rosa-Cruz na como um arco-íris esmeralda. Ele conduz àsnoite da véspera de Páscoa, pode penetrar os alturas infinitas da vida da alma-espírito µmistérios da vida espiritual.UM QUINTO ÉTER Quando o turbilhão doespírito atinge o centro da alma, uma transformação toma lugar até o renascimento emum novo campo eletromagnético espiritual,que envolve o aluno como uma nuvem. Essasubstância primordial, essa nova força devida manifesta-se como quinto éter liberado os sete cursos do tempo 37
o caminho da almapara livar-se do medoNossa história pessoal, criada com base em nossa identidade e na importância que damos a nós mesmos, dá um sentido ao medo. Porém, é sinal deinteligência abandonar essa história – aliás, justificada – de maneira que possa ser criado um espaço para um estado de alma que está além das causasdo medo. Desligados de valores exteriores, tornamo-nos seres humanosabertos à inspiração e podemos respirar em uma realidade espiritual.OS SENTIMENTOS mários. Podemos sentir dois tipos de medo. Sabemos que o homem possui dois Primeiro, existe o medo útil, que nos faz fu estados de alma que são o prolon gir quando um cão raivoso escapa da coleira.gamento um do outro: os sentimentos e as Neste caso, trata-se de uma emoção oporemoções. No que se refere aos sentimentos, o tuna. Portanto, não é de se admirar que elamundo ocidental possui para eles nada menos tenha surgido tão cedo no desenvolvimentoque cento e vinte e sete definições. Experi do homem quando, em lugar de um cão, ummentamos os sentimentos e podemos exercer tigre-dentes-de-sabre podia precipitar-se deum controle relativo sobre eles reforçando-os uma moita. E existe o medo, a preocupação,ou enfraquecendo-os quando, por exem a inquietude em relação a todas as coisas que,plo, estamos curiosos, otimistas, nervosos ou na vida, estão prestes a não acontecer comodesencorajados. Podemos, também, ter sen desejaríamos. Trata-se de um tipo de instintotimentos diferentes ao mesmo tempo, como, de sobrevivência do ego, numa luta contínuapor exemplo, estar curiosos e tensos diante de e convulsiva com este mundo. Está claro quealgo novo. Com relação às emoções, porém, é esta segunda forma de medo pode constituirdiferente. As emoções nos possuem. Elas são um obstáculo considerável para o aluno, poismuito menos numerosas, porém, bem mais ela o torna fechado e voltado para si mesmofortes. Se, por exemplo, tristeza, abatimento, e produz um efeito inverso à abertura e à esamargura ou medo, a característica de tais pontaneidade necessárias ao desenvolvimentoemoções é que podemos sentir apenas uma de da alma.cada vez, e exercemos pouco ou nenhum con O medo surge devido a uma perturbação dotrole sobre elas. Em suma, temos sentimentos, ego, da personalidade voltada para a terra,contudo, as emoções nos possuem. num mundo onde as pessoas sabem, em seu íntimo, que nada é permanente, que tudoMEDO Quando se fala de “medo”, está claro perece. O resultado é o sentimento fundamenque esta é uma emoção que nos pode domi tal de inquietação, de ameaça contínua e denar inteiramente. A palavra “emoção” vem do incerteza quanto ao futuro. Incerteza que selatim emovere e significa literalmente: pôr em expressa como: “Será que estou no caminhomovimento. certo? Será que outros não são mais felizes ouOs cientistas descobriram que as emoções melhores do que eu? O que será do amanhã?não dependem tanto do sistema sensorial Terei o suficiente para viver como desejo?”quanto do sistema límbico (nosso sistemaautônomo) no cérebro que, já em tempos Lua descendo no alto dos cumes de Fairplay,pré-históricos, controlavam os instintos pri Colorado. © shelby mcquilkin38 pentagrama 3/2013
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O caminho para uma respiração que traz a paz No livro O Nuctemeron, J. van rijckenborgh dá-nos algumas indicações. Ele diz: “uma purificação e uma ordenação gerais das várias tensões e radiações magnéticas deverão ocorrer nos vários órgãos e esferas do microcosmo. Portanto, devemos dizer que sempre surgem outras relações magnéticas em um microcosmo quando certas tensões magnéti cas importunas e prejudiciais ao ser humano são descobertas, desatadas e dissolvidas. Alguns lutamAUTOSSEGURANÇA E SEPARAÇÃO Desse sen torrendição, engendra de imediato um medotimento decorrem ações e esforços tendo em existencial bastante tangível. E não poderia servista adquirir certa segurança em forma de de outro modo. O ego teme perder sua imporaposentadorias, rendas, seguros, de aumento de tância no sistema. Esse medo ancestral devebens, de proteção do território e até mesmo de ser vencido pelo aluno que quer abandonar-sesua expansão. Mas com tudo isso o homem cria a esse imenso espaço gnóstico que o pequenouma ameaça para “minha visão de mundo, meu ego considera como o Nada absoluto e quedireito e minha felicidade”. Essa visão do mun para a alma é o Todo.do, do modo como a sociedade e a vida deve Esse medo ancestral faz que o ego resista e luteriam ser e todas as conexões engendradas com com unhas e dentes, bem como com todo seuos que partilham ou ameaçam essas convicções, intelecto, contra aquilo que ele considera umatudo isso tem consequências bem mais profun rendição ridícula a algo cujo fim parece bastandas do que possamos imaginar. te incerto e que ele não pode conhecer, nemRegistrado no sistema magnético do ser aural, explorar, nem apreciar de antemão.essa visão provém do inteiro passado do micro A esse respeito, o medo é mau conselheiro nocosmo ao qual o homem está ligado. E a soma caminho da endura. Assim, surge a questão: nado passado microcósmico fala sempre através condição de aluno, como devemos comportardo sistema magnético do cérebro. nos diante de todos esses medos? Como evitarPor isso, cada homem se esforça, por meio de a paralisação que eles provocam? Como escaparseu ego, para manter sua posição nesta natureza de todas as tensões que se acumulam em nossoe dar toda atenção à realização de seu mundo e cérebro devido ao estado do microcosmo, assua felicidade, com base em suas próprias neces quais, interior e exteriormente, causam umasidades terrestres. Assim surgem inevitavelmente luta incessante?os medos e suas consequências diretas: uma lutacontínua, incessante, expressa ou muito sutil. O CORAÇÃO COMO INSTRUMENTO Medo,Por mais incrível que isso possa parecer, o ego se preocupação, temor e insegurança surgem danutre dessa luta adquirindo justificativas e razão importância e da identidade atribuídas ao ego,de ser: ele se torna importante, ganha identi tendo o pensamento como instrumento. Encadade. Não é, pois, de admirar que, às vezes, rá-lo somente é possível em outro nível, o datenhamos pensamentos e sentimentos ligados a alma, sendo o coração o seu instrumento. Ouma situação negativa sem poder eliminá-los. medo é uma forma de energia inferior – uma energia que necessita de uma força considerável.INCERTEZA E ENDURA O aluno que se decide O medo é, em realidade, uma das extremidadespelo caminho da endura, mediante a total au- de uma alavanca de energia em nosso ser. A40 pentagrama 3/2013
desesperadamente contra essas inclinações, mas o ser Não se trata, portanto, de lutar contra as tensões e oshumano é obrigado a obedecê-las. Há apenas uma medos que se apresentam, mas de buscar a solução numsolução para o imenso conflito de consciência: desen- grau muito mais elevado. A luta contra os medos que sevolver forças magnéticas novas e diferentes no campo manifestam é, de fato, algo inútil. A solução para o problemade respiração. realizais isso mediante fé inabalável, as- encontra-se em outro nível. Aceitemos, pois, a ideia de quepiração intensa e dedicação ininterrupta. Se conseguis, o medo é uma emoção inerente a cada homem terreno.o grande campo de respiração mudará para vós. Então Não devemos negá-lo nem condená-lo, nem tampouco lutarjá não assimilareis seu veneno, mas inalareis apenas o contra ele, pois isso seria inútil. Devemos aceitá-lo e consideque serve para vossa paz e saúde e vossa respiração rá-lo com mansidão. A mansidão é a coragem absoluta quemodificar-se-á”. nada força, mas que decorre de um estado interior.outra extremidade dessa alavanca de energia é coisa, por uma vida nova. Nesta, a tensão criao amor. Deixemos o amor crescer, e o medo se da por nossa angústia interior, que se maniesvai. Os botões de comando dessa alavanca de festa mediante a preocupação, a inquietude eenergia são nossas aspirações e nossa confiança. o medo do ego, pode agora tomar uma direDesse modo, a despeito das tensões, criamos ção totalmente diferente, e fornecer a energiaespaço e energia de alma em torno das tensões necessária para alcançar o objetivo. Assim, ado ego; harmonizamo-nos e depositamos nossas inquietude do ego é um bom sinal, ainda queemoções amordaçadoras e dominantes na taça cause desconforto, porque revela uma força deáurea da luz do coração. oposição proveniente do interior e coloca a alaO medo e a insegurança perdem então grande vanca de energia na posição “amor”. O outroparte de sua energia e influência: eles já não nos lado de nosso medo – e que ao mesmo tempodominam nem têm poder sobre nós. E há ainda representa a saída – é quádruplo:outra ajuda em face do medo, da preocupação 1. nossa rendição à alma,e do temor: despojar a situação de seu sentido. 2. nossa aceitação incondicional da insignificânToda situação tem apenas o significado que nósmesmos lhe damos. E assim, nós sempre criamos cia do mundo horizontal,nossa própria realidade. O que nos acontece ou 3. nossa ausência de julgamento, enos inquieta é simplesmente uma situação, um 4. ousar entrar no círculo de nossa ignorância efato, um acontecimento. Retiremos sua importância, e nada restará senão o fato objetivo, sem impotência.afetação. Não deixemos, pois, o ego transformá Então, como alunos, passamos do pensamento-lo em uma tragédia, em uma história de como para a consciência – do ego para a alma.o passado deveria ter sido ou de como gostaríamos que o futuro fosse. Porque o ego tem NÃO NOS PREOCUPEMOS Para concluir, quenecessidade dessa tragédia autoproduzida para remos transmitir o que J. van Rijckenborghjustificar sua existência e dar-lhe importância; escreveu em A Luz do mundo, como umaele precisa disso para sobreviver. Se não há im promessa e uma imagem muito mais vasta,portância, não há tragédia. Sem tragédia não há que pode auxiliar a nos libertar de todo medoresistência. Sem resistência não há energia erra inútil e restritivo. Ele escreve: “Conheceis ada. Sem energia errada não há inquietação. Sem palavra: não vos preocupeis com o dia de amainquietação, resta apenas uma atenção profunda nhã. Trata-se aqui da ação de uma lei divinae silenciosa da alma. que prevalece em todas as regiões da matériaNa atenção profunda e silenciosa da alma, o e do Espírito. É uma lei divina tão poderosa,aluno experimenta um desejo intenso por outra tão sublime e dinâmica que ela se manifesta, tal como um relâmpago, até mesmo em um mundo de ateísmo e de negação a Deus. Tão o caminho da alma para livrar-se do medo 41
Encarei meu medo, e eleO lago © Dion McDermottlogo uma entidade se torne consciente no objetivo, então tudo de que ela necessita paracosmo, isto é, tão logo a centelha espiritual sua manutenção ou para a continuação de suacentral nela se manifeste, e ela, com base nessa tarefa será inteiramente providenciado, nãoconsciência, atice a centelha para que esta se importa em que momento seja. Portanto, preotransforme em chama e, em colaboração com cupar-vos com isso ou com aquilo é extremaseus irmãos e irmãs, mantenha aceso o fogo falta de inteligência. Vossa presença no cosmodo plano de amor de Deus e o conduza a seu tem como consequência vosso amparo. Essa é a42 pentagrama 3/2013
era tão-somente o que eu temera em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça – isto é, preocupai-vos com o mundo original – e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não se trata aqui de ‘atear fogo aos navios’, lançar-se em meio a incertezas. É mais uma questão de trocar um barco a remos por um transatlânti co. Quando um verdadeiro trabalho espiritual é levado avante neste mundo, o que se necessi ta flui de todos os lados. A todos os que sobem a montanha do Espírito é dito: Perdei vossa vontade pessoal, não vos preo cupeis com o desenvolvimento de vossa vida, com as forças e os valores espirituais de que podereis precisar no caminho, pois trata-se da vida mesma, da vida da renovação. Expulsai de vosso ser todo esse egoísmo e medo refinados. Buscai o reino de Deus e sua justiça. Cumpri a lei do amor, a exemplo de Cristo, e o restante virá por si mesmo, pois é o cumprimento de uma lei evidente”.lei, essa é a ordem! O Pai celeste conhece suas Encarei meu medo, e ele era tão-somente o quenecessidades onde quer que ele esteja. Não se eu temera.trata de uma lenda edificante. O fato de que Ele era apenas uma forma inflada, porém semtudo na natureza terrestre é compelido à in substância real, coberta com vestes negras equietação e à preocupação deve fazer o aluno pardacentas, que se retorciam como restos decompreender que ele perdeu o rumo. O Ser não saber e não poder.mão da Montanha é muito claro aqui: Buscai Coloquei-os numa taça de ouro em meu cora ção e sacrifiquei-os ao grande espaço que tudo envolve. E o Grande Espaço transformou esses restos em sabedoria e poder µ o caminho da alma para livrar-se do medo 43
VISÕES DO MUNDO Este mapa dos “pulmões da Terra” mostra como está o crescimento das árvores quanto àsua distribuição por todo o planeta. No mundo ocidental, densamente povoado, já não se vê grandes florestas (na imagem, quanto mais escuro, mais altas são as árvores). A inspiração de um ar mais limpo – de um campo de respiração mais puro! – é da maior importância, tanto em nível macrocósmico quanto em nível microcósmico. Por isso, esses instantâneos tirados pela NASA são indispensáveis para monitorar o crescimento ou a perda de florestas.44 pentagrama 3/2013
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sete visões paraum caminho espiritualEm 1946 surgiu das mãos de J. van Rijckenborgh o livro Dei Gloria Intacta.Esse livro, que ele havia escrito durante a guerra, trazia como subtítulo“O mistério iniciático cristão da sagrada Rosacruz para a nova era”.Durante um serviço templário em Haar Essa introdução detalhada é seguida de profun lem, ele havia abordado diferentes das revelações que dizem respeito ao caminho aspectos tratados nesse livro e, de fato, de vida autolibertador do homem que aborda aa obra dá o tom para um processo de desen “outra vida”.volvimento completamente novo para a Escola Para desenvolver seu texto, o autor toma comoEspiritual. ponto de partida o Apocalipse de João, o perAnteriormente, os dois fundadores do Lec sonagem central, recebe a missão de dirigir-setorium Rosicrucianum, J. van Rijckenborgh às sete comunidades da Ásia.e Catharose de Petri, haviam percebido em Durante os anos sombrios da guerra, J. vanespírito e aceitado como missão o fato de que Rijckenborgh indagou-se qual seria o significaa Escola deveria estar apta a tornar-se uma do desse livro misterioso que é o encerramentoescola de mistérios gnóstico-cristã sétupla, que da Bíblia.colocaria seus alunos sobre a base do estado Enquanto refletia sobre esses aspectos, passavaauto-libertador e em ligação com as forças e por momentos de profundo silêncio interior.energias do ser humano original e do campo de Sobre esse assunto, ele escreve:vida ao qual ele pertence. “Será que os que me guiam estão tentandoO primeiro capítulo do livro – Orientação – me fazer compreender alguma coisa? Será queestabelece uma base que atrai a atenção do lei- gostariam de me esclarecer algo? E, de repente,tor para os múltiplos caminhos que já existiram compreendo, com grande clareza, essa lingua-na senda espiritual, mas que, muito frequen gem silenciosa do Espírito, com a qual os Gran-temente, não conseguiram alcançar o objetivo des sempre falam comigo.proposto ao leitor e ao buscador. Cada religião, desde a fundação do mundo,É por essa razão que o autor, na introdução, tem seu ‘texto dos mistérios’, um testamentooferece uma explicação clara das sete au espiritual a serviço dos que estão no campo detoiniciações possíveis e aonde os resultados força e que, no sentido mais amplo do terlevarão a partir do momento em que o ser mo, estão neste mundo, mas não pertencemhumano começa a percorrer o caminho de a este mundo. Em minha opinião, um textotransfiguração. como este fazia falta ao cristianismo e, por46 pentagrama 3/2013
APRESENTAÇÃO DO LIVRO DeI GlorIa Intactaisso, tínhamos de nos contentar com escrituras almas residem, e ao qual pertence, igualmente,clássicas dos iniciados, a palavra revelada de a personalidade celeste adormecida e esvaziasegunda mão.” da. Esse sublime ser tríplice, ‘que é, que era e“As revelações são dadas aos homens libertos, que há de vir’, emite em cada concentração deiluminados, que correspondem a certas condi substância primordial na qual quer demonstrarções e se encontram em um determinado esta sua majestade, seu amor e sua força, ‘sete cordo espiritualizado.” [...] “A revelação quer dizer rentes de forças dinâmicas que estão diante de‘graça’; a profecia, ‘julgamento’.” seu trono’. Correspondendo a essas sete forças,O título Dei Gloria Intacta é uma das expres há igualmente sete estados de desenvolvimentosões que os irmãos da Ordem da Rosa-Cruz espiritual, sete grupos e sete degraus de inencontraram no túmulo de Cristão Rosa-Cruz, fluências espirituais manifestando-se através doe significa “a glória de Deus é intangível”, ou nome de Ásia, a tríplice divindade. [...] Ora,seja, intocável e intocada, portanto, perfeita. esse mesmo João, em sua luta, se dirige às seteNesse livro, podemos ler: “Ásia chama ime igrejas que estão na Ásia”.diatamente a atenção para o Logos tríplice e Essas sete comunidades fazem parte da Ásia:sua ordem, seu mundo, no qual as verdadeiras elas fazem parte da humanidade que está• Restam à humanidade do mencionado trigésimo de desenvolvimento degenerativo e desapareceterceiro período, da época ariana, cerca de 700 anos rá, finalmente, em sangue e morte. A outra parte,apenas. Durante esses 700 anos será constituído um aquela que se encontra ocupada em se renovar,tipo de homem totalmente novo que abandonará perderá cada vez mais o contato com a outra que segradualmente a forma mortal desta natureza terres cristaliza, e uma separação definitiva porá fim a essetre e residirá na personalidade celeste. Esse processo estado de coisas. O novo tipo humano constituirá ade transmutação da personalidade se desenvolverá, “colheita” do 33º período.também, com diferentes transformações de naturezageológica, magnética e atmosférica, fora e dentro • O homem, cujo ideal fragmentário se quebroude nossa Mãe terra. Sobretudo as modificações contra o duro granito da realidade, torna-se madudas condições atmosféricas e magnéticas, que já se ro para uma revolução espiritual. A aurora dessafazem sentir fracamente agora, serão particular- revolução espiritual já nos alcançou e a humanidademente fatais para a humanidade atual. A porção da encontra-se atualmente nas dores do nascimento dehumanidade que não puder se adaptar estrutural uma época absolutamente nova. Pelo sofrimento,mente a essas mudanças e não estiver em condição morte e caos, certa fração da humanidade é prepade construir a nova personalidade seguirá uma linha rada para tornar-se a colheita futura. sete visões para um caminho espiritual 47
madura para nasce essa consuma renovação ciência celestecom base no tão particular,espírito humano essa figura adorcentral. O autor mecida, que, noquer demonstrar entanto, “é”.que o processo de Na sequência, omudança renovadora livro nos conduz,no homem, orientado passo a passo, pelos dipela energia de Cristo, é um versos círculos sétuplos que,caminho de iniciação de dimensão na senda, circundam a montanha docósmica. espírito. Essa obra tem a particularidade deO processo de renascimento do corpo, da ser sempre atual, pois, à medida que a consalma e do espírito desenvolve-se em três ciência se amplia, seu significado se revelafases, simbolizadas pelos três círculos sétu diante do olhar interior, em uma perspectivaplos, ligados às sete esferas planetárias. Assim cada vez mais vasta.A razão de o santo mistério ter sido até aqui Para fazer surgir o homem celeste, em primeiroguardado e encoberto deve-se ao fato de que a lugar se faz necessária uma mudança fundamenhumanidade, embora houvesse alcançado o nadir tal, a negação básica do velho eu. Não se tratada materialidade segundo a sua manifestação ter de negligenciar a personalidade terrestre, nem arestre, ainda não se chocara completamente e em indispensável vida terrestre. Contudo, temos denúmero suficiente com o obstáculo que a natureza organizar as diferentes bases de nossa vida de talterrestre representa. Essas condições agora se con maneira que disso resulte um comportamento decretizaram e ocasionaram muitas reações cósmicas. vida capaz de promover o verdadeiro objetivo doO período de crise já começou e os véus estão renascimento. A morte diária significa a desagregasendo afastados. ção progressiva da consciência biológica, a extinção da autoconservação e de todos os desejos inferio• No período em que ingressamos, os corpos res e especulativos.celestes deverão ser despertados e os candidatosaos novos mistérios deverão ser capazes de “se • O candidato deve celebrar essa despedida damover na luz de Deus” com o auxílio desses veículos natureza movido por uma necessidade imperiosa deimperecíveis. assim fazê-lo, pois a renúncia mística em relação ao48 pentagrama 3/2013
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